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SERVIÇOS TÉCNICOS ESPECIALIZADOS PARA
ELABORAÇÃO, POR MEIO DE PROCESSOS
PARTICIPATIVOS, DOS PLANOS DE MANEJO DE CADA
UMA DAS TRÊS APAS MARINHAS DO ESTADO DE SÃO
PAULO (PROCESSO N.º 0568/2011.SBQ N.º 001/2012)
PRODUTO 2 – DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO
APA MARINHA DO LITORAL SUL
E ARIE DO GUARÁ
CONSÓRCIO:
6 13/11/2014 Incorpora Capítulo ARIEG e Lista de agentes
5 07/10/2014 Incorpora comentários FF
4 11/07/2014 Incorpora comentários FF
3 10/06/2014 Incorpora comentários FF
2 03/04/2014 Incorpora comentários FF
1 19/12/2013 Para validação GTC
VERSÃO DATA COMENTÁRIOS
NE 17823 / DE PMM CD 40.30
ELABORAÇÃO DOS PLANOS DE MANEJO DAS ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL MARINHAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
Consórcio
Diagnóstico participativo – APAMLS / 2
PRODUTO 2 – DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO
APA MARINHA DO LITORAL SUL E ARIE DO GUARÁ
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 4
Processo participativo - Aspectos metodológicos gerais .................................. 6
1 PROCESSO DE MOBILIZAÇÃO ...................................................................... 9
1.1 Elaboração de mapa de agentes ............................................................. 9
1.2 Etapa prévia: reuniões de apresentação ............................................... 10
1.3 Estratégias e material de divulgação para as oficinas de Diagnóstico ... 11
1.4 Mobilização para as oficinas de Diagnóstico ......................................... 14
1.5 Balanço da participação ......................................................................... 16
2 PRIMEIRA RODADA DE OFICINAS DE DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO .. 20
2.1 Objetivos e agenda ................................................................................ 20
2.2 Infraestrutura e logística ........................................................................ 20
2.3 Metodologia ........................................................................................... 21
2.4 Materiais de apoio .................................................................................. 22
2.5 Roteiro das oficinas ............................................................................... 22
2.5.1 Segmento 1: pesca artesanal ................................................................. 22
2.5.2 Segmento 2: outros setores produtivos e usuários ................................. 23
2.5.3 Segmento 3: interesses difusos, poder público e pesquisa .................... 24
2.6 Resultados ............................................................................................. 25
2.6.1 Segmento 1: pesca artesanal ................................................................. 25
2.6.2 Segmento 2: outros setores produtivos e usuários ................................. 40
2.6.3 Segmento 3: interesses difusos, poder público e pesquisa .................... 49
2.7 Avaliação dos participantes ................................................................... 63
3 SEGUNDA RODADA DE OFICINAS DE DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO .. 65
3.1 Objetivos e agenda ................................................................................ 65
3.2 Infraestrutura e logística ........................................................................ 65
3.3 Metodologia ........................................................................................... 65
3.4 Materiais de apoio .................................................................................. 66
3.5 Roteiro das oficinas ............................................................................... 66
3.6 Resultados ............................................................................................. 67
3.6.1 Segmento 1: pesca artesanal ................................................................. 67
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Diagnóstico participativo – APAMLS / 3
3.6.2 Segmento 2: outros setores produtivos e usuários ................................. 77
3.6.3 Segmento 3: interesses difusos.............................................................. 89
3.7 Avaliação dos participantes ................................................................. 100
4 ESCOLHA DE REPRESENTANTES ............................................................ 102
4.1 Segmento 1 .......................................................................................... 102
4.2 Segmento 2 .......................................................................................... 103
4.3 Segmento 3 .......................................................................................... 104
5 ANÁLISE INTEGRADA ................................................................................. 106
5.1 Participação dos segmentos ................................................................ 106
5.2 Metodologia: limites e avanços ............................................................ 107
5.3 Principais resultados ............................................................................ 110
5.3.1 Usos identificados no território ............................................................. 110
5.3.2 Interações ............................................................................................ 120
5.3.3 Principais envolvidos ............................................................................ 129
5.3.4 Áreas de conflito ou potencial conflito .................................................. 129
5.4 Percepções sobre o território ............................................................... 130
5.4.1 Áreas de relevância ambiental ............................................................. 130
5.4.2 Áreas degradadas ou impactadas ........................................................ 132
5.4.3 Áreas vulneráveis ................................................................................. 133
5.5 Problemas apontados .......................................................................... 134
5.6 Potencialidades .................................................................................... 137
5.7 Gestão ................................................................................................. 139
5.7.1 Problemas e desafios ........................................................................... 139
5.7.2 Propostas e recomendações ................................................................ 141
5.8 Lacunas de conhecimento ................................................................... 142
5.9 Propostas e recomendações dos grupos ............................................. 143
5.10 Subsídios para zoneamento ................................................................ 143
5.11 Subsídios para Programas de Gestão ................................................. 146
5.12 Area de Relevante Interesse Ecológico do Guará (ARIEG) ................. 147
5.13 Considerações finais ............................................................................ 150
REFERÊNCIAS ................................................................................................... 151
LISTA DE FIGURAS ........................................................................................... 152
LISTA DE TABELAS ........................................................................................... 153
LISTA DE QUADROS ......................................................................................... 154
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .............................................................. 155
LISTA DE ANEXOS ............................................................................................ 156
FICHA TÉCNICA – EQUIPE PROCESSO PARTICIPATIVO .............................. 157
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INTRODUÇÃO
De acordo com a Lei Federal 9.985 (BRASIL, 2000), que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), o conceito de Unidade de Conservação (UC) é definido como:
espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.
O SNUC estabelece duas categorias principais de UC: as de Proteção Integral, com objetivo básico de preservação da natureza, proibindo o uso direto dos recursos naturais; e as de Uso Sustentável, cujo objetivo básico é compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela de seus recursos naturais.
As categorias denominadas Área de Proteção Ambiental (APA) e Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE), objetos deste documento, são UC de uso sustentável, ou seja, têm como objetivo compatibilizar o uso humano com a conservação.
O Governo do Estado de São Paulo, no ano de 2008, criou três Áreas de Proteção Ambiental Marinhas (APAM) e também duas ARIE na zona costeira, que, em conjunto, estabelecem um regime de proteção ambiental sobre aproximadamente 1,1 milhão de hectares: APAM do Litoral Norte (APAMLN) e ARIE de São Sebastião; APAM do Litoral Centro (APAMLC); APAM do Litoral Sul (APAMLS) e ARIE do Guará.
As UCs criadas pela esfera estadual são administradas pela Fundação para a Conservação e a Produção Florestal do Estado de São Paulo, conhecida como Fundação Florestal (FF), órgão vinculado à Secretaria do Meio Ambiente (segundo a organização da Secretaria que consta do Decreto 57.933/12) e instituído pela Lei Estadual 5.208/86 (SÃO PAULO, 1986). A APAMLS, de acordo com o Decreto n. 53.527 de criação, abrange a região do Litoral Sul de São Paulo, indo desde a divisa entre os municípios de Iguape e Peruíbe, ao norte, até a divisa entre São Paulo e Paraná, ao sul. Dentro desta faixa, a APAMLS vai desde o máximo da preamar1 e adentra o mar até a isóbata2 de 25 metros de profundidade. A região do Litoral Sul abrange os municípios de Iguape, Ilha Comprida e Cananéia,
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Maré mais alta. 2 Linhas utilizadas na cartografia marinha para representar pontos que possuem a mesma profundidade.
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que constituem, de acordo com a setorização do Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro, o setor do Complexo Estuarino-Lagunar de Iguape e Cananéia. Esta denominação faz referência à paisagem única que é encontrada na região, o referido sistema estuarino-lagunar, formado por três ilhas principais (Ilha do Cardoso, Ilha de Cananéia e Ilha Comprida), separadas por canais meandrantes e rios que escoam em direção ao Oceano Atlântico, formando as Barras de Cananéia e do Icapara. A riqueza ambiental da região é marcante, com áreas ainda bem preservadas de Mata Atlântica, floresta baixa de restinga, manguezais e outros ambientes costeiros. O complexo estuarino-lagunar faz parte da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica e é sítio do Patrimônio Mundial, ambos títulos reconhecidos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), além de ser candidata ao título de zona úmida de importância internacional (nos termos da Convenção de Ramsar, 1971). Esses atributos motivaram a criação de várias UC na região que, juntas, cobrem quase a totalidade do território do Litoral Sul. Algumas se sobrepõem em alguns trechos, como é o caso da APA da Ilha Comprida (estadual, administrada pela Fundação Florestal) e a APA Cananéia-Iguape-Peruíbe (federal, administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, ICMBio), formando um extenso mosaico de áreas protegidas e trazendo a necessidade de se pensar a gestão conjunta e integrada de todo a região. A APAMLS é uma das UCs que integram este mosaico de conservação na região do Litoral Sul. De acordo com o Decreto de sua criação, a área desta UC é de 357.605,530 ha. Entretanto, recentemente seus limites foram ampliados pela Lei 14.982, de 8 de abril de 2013 (SÃO PAULO, 2013), que recategorizou e alterou os limites da Estação Ecológica Juréia-Itatins, instituindo o Mosaico de UCs da região e incorporando à APAMLS uma área marinha de, aproximadamente, 11.137 ha. Portanto, a área atual da APAMLS é de cerca de 368.742,53 ha. Dentro do limite da APAMLS, estão presentes duas Áreas de Manejo Especial (AME), a AME da Ilha do Bom Abrigo (com área de 3.127,334 ha) e a AME da Ilha da Figueira-Sul (com área de 1.368,332 ha). As AME não são UCs distintas, são áreas dentro da APAMLS que devem receber um tratamento especial pela gestão da unidade devido às suas características peculiares. O Conselho Gestor da APAMLS é composto por 24 cadeiras, sendo 12 da sociedade civil e 12 de instituições públicas. Cada entidade é representada por um titular e um suplente, de modo que há 48 pessoas envolvidas com o Conselho Gestor da UC. O Conselho Gestor é divido em Câmaras Técnicas (CT), cada uma responsável pela discussão de temas específicos: CT de Pesca, CT de Planejamento e Gestão e CT da ARIE do Guará.
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A CT de Pesca é responsável por discutir propostas de ordenamento da pesca para garantir sua produtividade e sustentabilidade. Como principais resultados dessa CT, estão: a publicação da Resolução SMA 69/2009 (SÃO PAULO, 2009) que proibiu a pesca de arrasto com sistema de parelhas dentro do território da APAMLS e a elaboração de proposta de ordenamento da pesca com rede de emalhe na região. A CT de Planejamento e Gestão é responsável por avaliar estudos de impacto ambiental e propostas de empreendimentos a serem licenciados na região e no entorno; apoiar e desenvolver projetos relacionados ao controle da poluição marinha; elaborar ações de comunicação com a sociedade; acompanhar o Plano de Manejo (PM), entre outros temas. Como principais resultados, estão os pareceres técnicos emitidos sobre os licenciamentos da extração de petróleo e gás na área marinha e que trouxeram atenção para os municípios do Litoral Sul, iniciativas de projetos para controle da poluição das embarcações; auxílio na elaboração do Termo de Referência (TdR) e apoio à análise dos produtos do PM. Por fim, a CT da ARIE do Guará é responsável por divulgar a ARIE do Guará, discutir seus objetivos e acompanhar pesquisas na área. Como principais resultados, destacam-se o monitoramento da população de Guarás e ações de educação ambiental. Outras atividades importantes que já foram realizadas ou apoiadas pela APAMLS incluem a realização de oficina de pesca sustentável, campanhas de divulgação das épocas de defeso, campanhas da Marinha para regularização de barcos da pesca artesanal e ações de educação ambiental. Atualmente, uma das importantes ações da gestão da APAMLS é acompanhar a elaboração do PM da Unidade. De acordo com o SNUC, o PM é o documento técnico que, fundamentado nos objetivos gerais da unidade, estabelece o zoneamento (áreas dentro da Unidade com objetivos e regras específicas) e as normas que devem guiar o manejo dos recursos naturais. O PM deve realizar um diagnóstico abrangente dos atributos físicos e bióticos que existem na APAMLS e dos usos a que serve (por exemplo, pesca, turismo e indústria) e sua importância socioeconômica. Deve também considerar os principais desafios e potencialidades da UC para as propostas de definição de zonas especiais e programas para gestão.
Processo participativo - Aspectos metodológicos gerais
Em 2013, teve início o processo de elaboração do PM em todas as APAMs do litoral paulista. Para isso, foi elaborado um TdR, que definiu, entre outras coisas, as principais etapas de execução: (i) elaboração de Plano de Trabalho; (ii) apresentação pública do processo (Conselho Gestor, Conselho Gestor Ampliado e reuniões de apresentação); (iii) elaboração de Diagnósticos Técnico e Participativo; (iv) Zoneamento; (v) elaboração de Programas de Gestão; (vi) elaboração e edição
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dos documentos Plano de Manejo e Resumo Executivo.
O presente documento foi elaborado com o objetivo de relatar o processo de desenvolvimento do Diagnóstico Participativo.
Um dos principais objetivos de qualquer processo participativo é assegurar a legitimidade das decisões, devendo, portanto, garantir que os diferentes agentes que atuam direta ou indiretamente no território sejam ouvidos em todas as etapas. Desta forma, o TdR que orientou a elaboração do PM definiu três principais segmentos de interesse para participação na elaboração do PM: Segmento 1: pesca artesanal; Segmento 2: demais setores produtivos e usuários, incluindo pesca industrial e
esportiva, aquicultura, atividades industriais e turísticas (turismo náutico, mergulho, entre outras), exploração mineral, transporte, uso e ocupação do solo, além de associações de usuários (vela, esportes náuticos, pesca esportiva etc.);
Segmento 3: interesses difusos, incluindo representantes dos órgãos públicos federais, estaduais e municipais, institutos de ensino e pesquisa, organizações não governamentais (ONG) atuantes na região, grupos de defesa de minorias, dentre outros.
O TdR também estabeleceu que o processo participativo se daria por meio das seguintes etapas: Reuniões de Apresentação: organizadas com o objetivo de divulgar as etapas do
processo de discussão do PM, mobilizar e sensibilizar os diferentes atores. Para a APAMLS e ARIEG foram realizadas oito reuniões em julho de 2013, sendo uma para o Conselho Gestor Ampliado (geral, com todos os segmentos), uma para o Segmento 3 (pesquisadores e ONG), uma para grupos relacionados com a pesca industrial e cinco voltadas para grupos de pesca artesanal, realizadas nas diferentes comunidades. Ao todo participaram 375 pessoas.
Oficinas de Diagnóstico: foram realizadas seis oficinas de Diagnóstico, duas com cada um dos segmentos, no período de 25 a 27 de setembro de 2013 (primeira rodada) e 5 a 7 de novembro de 2013 (segunda rodada), com a participação de 238 pessoas, sendo 161 na primeira rodada e 77 na segunda.
Devolutivas ao Conselho Gestor e aos participantes de modo geral,a serem realizadas em 2014;
Oficinas de Zoneamento: previstas duas oficinas com todos os segmentos juntos, a serem realizadas em 2014.
Oficinas de Programas de Gestão: previstas duas oficinas com todos os segmentos juntos, a serem realizadas em 2014.
Os resultados dos Diagnósticos Participativo e Técnico serão entregues aos participantes através de uma cartilha. Além disso, serão realizadas reuniões com o Conselho Gestor para apresentação e discussão dos relatórios (DP e DT).
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O presente relatório apresenta de forma detalhada o processo de realização das oficinas de Diagnóstico Participativo, desde a fase de mobilização (Capítulo 1), passando pela organização, dinâmicas, metodologias empregadas e sistematização dos resultados (Capítulos 2 e 3). O Capítulo 4 apresenta os representantes escolhidos durante o processo e, por fim, o Capítulo 5 faz uma análise dos resultados obtidos durante as oficinas.
A fim de subsidiar a elaboração do PM, as oficinas foram organizadas de modo a garantir a produção coletiva de informações relevantes sobre o território. Foram utilizadas técnicas baseadas na metodologia de Mapa Falado e de Planejamento Participativo. O conteúdo e os roteiros das oficinas foram definidos em conjunto com a coordenação do PM e da APAMLS. A partir do trabalho realizado foram produzidos mapas, conforme a Tabela 1.
Tabela 1 – Relação de mapas do relatório de Diagnóstico Participativo APAMLS.
Mapa Conteúdo
LS_04_001 Pesca artesanal de arrasto (uso no território)
LS_04_002 Pesca artesanal de emalhe (uso no território)
LS_04_003 Pesca amadora e turismo (uso no território)
LS_04_004 Pesca industrial (uso no território)
LS_04_005 Poder público (percepção do território)
LS_04_006 Interesses difusos (percepção do território)
LS_04_007 Pesquisadores (percepção do território)
LS_04_008 Áreas de relevância ambiental
LS_04_009_1 Conflitos
LS_04_009_2 Vetores de pressão, tensões e pontos de atenção
LS_04_010 Sobreposição de usos
AG_04_001 ARIE do Guará - Áreas de Relevância Ambiental
AG_04_002 ARIE do Guará - Questões relevantes
AG_04_003 ARIE do Guará - Sobreposição de Usos
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
Ressalta-se que a realização de todo o processo participativo contou com a efetiva participação da equipe da APAMLS, inclusive na revisão do presente relatório. É importante salientar que todas as informações contidas nos resultados de cada um dos grupos expressam exclusivamente a opinião dos participantes a partir de sua percepção, muitas vezes contraditórias com a visão de outros grupos e das informações produzidas no Diagnóstico Técnico. Cabe destacar que um dos objetivos de todo processo participativo é justamente levantar as diferentes percepções, dando oportunidade para que todos os grupos se expressem.
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1 PROCESSO DE MOBILIZAÇÃO O processo de mobilização, iniciado em agosto de 2013, visou atingir os seguintes objetivos: Envolver os diferentes agentes (conforme estabelecido no TdR) no processo de
elaboração do PM; Dar visibilidade ao processo de elaboração do PM; Apresentar aos grupos de interesse os objetivos da UC e do PM. A seguir, são apresentas as principais atividades realizadas e uma breve avaliação de cada uma delas. 1.1 Elaboração de mapa de agentes
A primeira atividade desenvolvida foi a identificação dos agentes de interesse e sua organização, conforme os segmentos definidos no TdR. O ponto de partida foram as informações fornecidas pela APAMLS, que foram reorganizadas e atualizadas, por meio de levantamento de informações pela internet, contato telefônico com instituições etc. As informações originadas por esse banco de dados foi a base para a mobilização e contato com os diferentes atores. A atualização do mapa de agentes continuou ocorrendo durante todo o processo de mobilização e durante a realização das atividades. A Tabela 2 mostra como os contatos iniciais da APAMLS foram ampliados de forma significativa no decorrer do processo.
Tabela 2 – Mapa de agentes APAMLS, balanço de número de registros.
Constavam no
mailing da APAMLS Contatos adicionados
desde maio/2013 Total no mapa
de agentes Aumento em relação à
quantidade inicial
Sem segmento 86 1 87 1,1%
Segmento 1 12 285 297 96,0%
Segmento 2 22 67 89 75,3%
Segmento 3 179 109 288 37,8%
Imprensa 5 5 10 50,0%
Comércio - 6 6 100%
Total 304 473 777 60,9%
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
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1.2 Etapa prévia: reuniões de apresentação
As reuniões de apresentação foram organizadas para apresentar o processo de elaboração do PM, mobilizar e sensibilizar os atores para a participação nas etapas subsequentes. Estavam previstas inicialmente seis reuniões, sendo uma com o Conselho Gestor Ampliado (todos os segmentos) e cinco com os atores envolvidos com a pesca artesanal (Segmento 1). Mas, em função da pequena participação na reunião do Conselho Gestor Ampliado (Figura 1), foi tomada a decisão, ainda antes da reunião prevista com o Segmento 1, de realizar reuniões com participação específica do Segmento 3 (pesquisadores e interesses difusos) e do Segmento 2 (pesca industrial).
Figura 1 – Reunião de apresentação, Conselho Gestor Ampliado.
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
Na Tabela 3 pode-se observar o número de participantes de cada um dos segmentos, ressaltando que algumas pessoas participaram de mais de uma oficina.
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Tabela 3 – Participantes das reuniões de apresentação.
Reuniões Participantes
Conselho Gestor Ampliado 42
Pesquisadores e ONG 23
Pesca industrial 38
Segmento 1 – Cananéia 66
Segmento 1 – Pedrinhas 40
Segmento 1 – Icapara 48
Segmento 1 – Pontal do Leste 58
Segmento 1 – Barra do Ribeira 60
Total 375
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
Os números apresentados referem-se ao total de participantes, sendo que vários atores participaram de diversas atividades. A reunião do Conselho Gestor Ampliada, realizada no dia 16 de julho, teve uma participação considerada pequena. Na ocasião, além da apresentação da APA e das etapas do processo de elaboração do PM, foi solicitado aos participantes que fizessem uma avaliação da mobilização realizada até então e dessem sugestões para melhoria da convocação. Houve uma participação significativa do Segmento 1. Uma das razões para esse êxito foi o esforço de mobilização realizado com esse objetivo, além do fato de as reuniões terem ocorrido nas próprias comunidades dos pescadores artesanais – tal e como solicitava o TdR –, facilitando a presença e também demonstrando a importância do segmento para o processo. As reuniões de apresentação com o Segmento 1 também foram usadas para escolher representantes para acompanhamento do processo como um todo, conforme previsto no TdR (ver Capítulo 5). 1.3 Estratégias e material de divulgação para as oficinas de Diagnóstico
No intuito de apoiar o processo de mobilização para as oficinas de Diagnóstico, foram confeccionados cartazes e flyers com as datas e os locais das Primeiras Oficinas, além de um folder explicativo específico sobre o processo do PM. Na APAMLS também foram confeccionadas faixas, colocadas em locais próximos aos locais das oficinas e nos locais de concentração do Segmento 1.
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Figura 2 – Materiais de divulgação da Primeira (A) e Segunda (B e C) Oficinas de Diagnóstico.
A
B
C
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
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Figura 3 – Folder explicativo sobre o PM.
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
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A confecção de cartazes e folders para a Segunda Rodada de Oficinas de Diagnóstico não estava prevista. No entanto, após avaliação da necessidade de reforço da mobilização, ficou acordado que o Consórcio IDOM-Geotec forneceria o layout para novos cartazes e flyers e a APAMLS se encarregou de produzir os materiais. Também foram confeccionadas faixas, afixadas em locais próximos aos de realização das oficinas (Tabela 4).
Tabela 4 – Materiais produzidos para divulgação e mobilização.
Material Quantidade
Cartaz 400
Folder 350
Flyer 500
Faixa 10
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
1.4 Mobilização para as oficinas de Diagnóstico
A fase de mobilização para as oficinas de Diagnóstico teve como objetivo principal sensibilizar os atores dos três segmentos, incluindo aqueles que não tiveram representação ou não compareceram nas reuniões de apresentação. O foco principal, assim como na mobilização para as reuniões de apresentação, foram os pescadores artesanais (Segmento 1). Para tanto, visitas presenciais às Colônias de Pesca foram realizadas, bem como visitas a pontos de concentração de pescadores (locais de embarque e desembarque). Outra estratégia adotada foi o contato com os representantes escolhidos nas reuniões de apresentação, que tiveram papel importante na divulgação da data da oficina e, mais ainda, na sensibilização dos pescadores. Devido à necessidade de organização da logística, com disponibilização de transporte para os pescadores, os representantes e líderes da comunidade pesqueira tiveram um grande envolvimento nessa fase. Listas de participantes foram deixadas com os representantes de todos os municípios e as confirmações de presença foram a eles reportadas. Além das visitas, foram feitos telefonemas aos pescadores que compareceram nas reuniões de apresentação e, também, aos pescadores constantes no mailing. Em relação à pesca industrial (Segmento 2), foram feitos contatos com representantes do setor sediados em outras localidades mas que também enquadravam-se como usuários do território da APAMLS (principalmente Itajaí-SC e Santos-SP). O representante de pesca industrial no Conselho Gestor teve um papel importante nessa articulação. As marinas da região também foram visitadas, mas houve dificuldade de mobilizar esse setor, quer pela ausência de articulação anterior, quer pela dificuldade de definir um interlocutor.
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Para a mobilização do Segmento 3 (ONGs, poder público e instituições de ensino e pesquisa) foram feitas reuniões com representantes das prefeituras de Iguape, Cananéia e Ilha Comprida, além de outros contatos telefônicos e por e-mails. Na mobilização de pesquisadores, tanto a equipe do Consórcio IDOM-Geotec como a da Fundação Florestal realizaram diversos contatos e articulações. Durante o período de mobilização para as primeiras oficinas, houve um envolvimento de lideranças comunitárias que ajudaram na mobilização do Segmento 1 (pesca artesanal), para o qual foram priorizadas atividades em campo, apoiadas nos materiais de divulgação adequados. As principais atividades em campo foram: Conversa com lideranças e líderes das Colônias de Pesca: Cananéia, Icapara,
Iguape e Barra do Una; Visitas a pontos de concentração de pescadores de Cananéia: Cambriú, Barra
do Una e Pedrinhas; Visita às comunidades do sul de Cananéia: Marujá, Ariri, Vila Rápida, Enseada
da Baleia, Pontal de Leste e Barra do Ararapira. O deslocamento para essas comunidades era feito de barco ou carro e, muitas vezes, levava o dia todo, conforme a distância a ser percorrida. Para avaliar o andamento das atividades de mobilização, eram frequentes as reuniões realizadas com a gestão da APAMLS. Para a segunda rodada de oficinas, foi definido que seriam feitas abordagens presenciais com atores-chave previamente definidos e que os demais atores e instituições seriam contatados por telefonemas e e-mail como, por exemplo, os participantes das primeiras oficinas. Em especial, foi definido que seria necessário reforçar o convite ao Segmento 2, particularmente às marinas, e que seria importante um contato com agentes e organizações que pudessem ajudar na mobilização e na organização da logística. Foram definidos como atores-chave prioritários: Representantes e líderes comunitários de pesca artesanal da região central de
Cananéia, Boqueirão Norte e Sul de Ilha Comprida, Pedrinhas, centro de Iguape, Icapara, Barra do Ribeira e Ilha do Cardoso, membros das Colônias de Pesca Artesanal e sindicato da categoria para o Segmento 1;
Representantes da pesca industrial no Conselho Gestor, da pesca amadora e do turismo náutico, de associações de turismo e pessoas ligadas a essas atividades além do contato presencial em todas as marinas de Porto Cubatão e Iguape, para o Segmento 2.
Entretanto, a APAMLS entendeu ser necessária uma ampliação das atividades de campo e contato direto com alguns atores, o que ocorreu parcialmente, visto que a
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mobilização dos Segmentos 2 e 3 ocorreu em grande parte por via secundária (contato telefônico e e-mail). A alteração do calendário de oficinas exigiu um reforço na mobilização, com reenvio das novas datas, o que pode ter prejudicado a participação de alguns em função da agenda. A alteração foi feita por causa da necessidade de finalização dos materiais e da sistematização do ocorrido nas primeiras oficinas. 1.5 Balanço da participação
A Tabela 5 e a Tabela 6 demonstram a quantidade de telefonemas realizados e e-mails encaminhados pelo Consórcio durante a mobilização, assim como a participação efetiva de cada um dos segmentos.
Tabela 5 – Análise da mobilização para as primeiras oficinas.
Segmento Telefonemas 1 E-mail Nº de participantes na oficina
Segmento 1 50 30 70
Segmento 2 9 39 48
Segmento 3 60 118 43
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013. Nota: 1 Número aproximado.
Tabela 6 – Análise da mobilização para as segundas oficinas.
Segmento Telefonemas E-mail 1 Nº de participantes na oficina
Segmento 1 62 93 29
Segmento 2 12 135 22
Segmento 3 83 549 26
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013. Notas: 1 Número aproximado. Três envios: convite, alteração de datas e lembrete.
Entre a primeira e a segunda Oficina de Diagnóstico, houve um crescimento significativo do número de e-mails enviados, graças à ampliação do mailing durante o processo de mobilização e de realização das atividades. No entanto, o controle das ações não foi feito de forma adequada, de modo que os números apresentados não correspondem com exatidão todo esforço realizado. Muitas vezes, eram necessárias mais de uma ligação para que o contato com a pessoa interessada fosse efetivado, e esse esforço não foi registrado. Por fim, não estão computados os contatos realizados pela Fundação Florestal. Na Tabela 7 pode-se observar como foi a participação dos diferentes segmentos durante todas as etapas, com a ressalva de que alguns participantes estiveram presentes em mais de uma reunião de apresentação – principalmente os atores do Segmento 3, que participaram de alguns encontros de pesca artesanal – e em mais de uma Oficina de Diagnóstico, muitas vezes por pertencerem a mais de um segmento.
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Com relação à participação do Conselho Gestor da APAMLS, é possível analisar que foi significativa, principalmente nas reuniões do CGA e nas oficinas de Diagnóstico (Tabela 7). Embora vários conselheiros tenham tido um papel importante em todas as etapas do processo, 25 de um total de 56 conselheiros nunca participaram de nenhuma atividade; 6 das 28 instituições também não estiveram presentes. O destaque positivo é para os representantes da Prefeitura de Ilha Comprida, Instituto de Pesca e da Colônia dos Pescadores Z9, que participaram de três ou mais atividades.
Tabela 7 – Balanço geral de participação no Processo Participativo.
Atividade Data Segmentos Local da atividade Número de
participantes
Número de participação do Conselho
Conselho Gestor Ampliado
16/07/2013
Segmento 1 Associação Comercial e
Empresarial de Cananéia (ACEC) -
Cananéia
2 -
Segmento 2 2 -
Segmento 3 38 -
Total 42 15
Reuniões de apresentação
Pesquisadores e ONG
31/07/2013
Segmento 1 Colônia de pescadores –
Cananéia
8 -
Segmento 2 3 -
Segmento 3 12 -
Total 23 2
Reuniões de apresentação
Pesca Industrial
31/07/2013 Segmento 2
Companhia de Entrepostos e
Armazéns Gerais do Estado de São Paulo
(CEAGESP) – Cananéia
38 4
Reuniões de apresentação
Pesca Artesanal
16/07/2013 Segmento 1 ACEC, Cananéia 66 -
17/07/2013 Segmento 1
Associação de moradores –
Pedrinhas, Ilha Comprida
40 -
18/07/2013 Segmento 1 Salão Paroquial – Icapara, Iguape
48 -
19/07/2013 Segmento 1 Salão Paroquial – Barra do Ribeira,
Iguape 60 -
20/07/2013 Segmento 1 Associação de
Moradores – Pontal do Leste, Cananéia
58 -
Total 272 7
Primeira Rodada de Oficinas de
Diagnóstico Participativo
27/09/2013 Segmento 1 Salão Paroquial –
Iguape 70 -
26/09/2013 Segmento 2 48 -
25/09/2013 Segmento 3 43 -
Total 161 12
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Atividade Data Segmentos Local da atividade Número de
participantes
Número de participação do Conselho
Segunda Rodada de Oficinas de
Diagnóstico Participativo
07/11/2013 Segmento 1 Salão da Igreja -
Iguape 29 -
06/11/2013 Segmento 2 22 -
05/11/2013 Segmento 3 26 -
Total 77 12
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
A Tabela 8 mostra como foi a participação dos diferentes segmentos por município ao longo do Processo Participativo. Destaca-se uma participação maior dos moradores de Cananéia, embora todas as reuniões tenham ocorrido em Iguape. Nas oficinas organizadas para os Segmentos 2 e 3 houve uma participação mais diversa de pessoas de municípios fora do território da APA, conforme esperado em função do perfil das atividades do setor.
Tabela 8 – Participação no Processo Participativo por município.
Segmento Cidade Participantes por município
Total de participantes
1
Não declarado 6
296
Cananéia 129
Iguape 110
Ilha Comprida 49
Itajaí 1
Matinhos 1
2
Não declarado 4
94
Cananéia 61
Itajaí 12
Iguape 9
Ilha Comprida 4
Registro 1
São Paulo 1
Santos 2
3
Não declarado 2
213
Botucatu 1
Cananéia 78
Iguape 48
Ilha Comprida 36
Registro 20
Santos 3
São Carlos 1
São José dos Campos 1
São Paulo 22
São Sebastião 1
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Segmento Cidade Participantes por município
Total de participantes
Comércio Cananéia 5 5
Imprensa Ilha Comprida 1
3 Cananéia 2
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
No Capítulo 5 deste relatório, será apresentada uma análise mais detalhada da quantidade de participantes de cada um dos segmentos.
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2 PRIMEIRA RODADA DE OFICINAS DE DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO Este capítulo descreve os objetivos e a agenda, a infraestrutura e a logística, a metodologia, os materiais de apoio, os roteiros e os resultados das primeiras oficinas, encerrando-se com uma síntese dos principais aspectos da primeira rodada das Oficinas de Diagnóstico Participativo. 2.1 Objetivos e agenda
A realização da primeira Oficina de Diagnóstico, no âmbito da elaboração do Diagnóstico Participativo, tinha como objetivos: Dar legitimidade ao processo, envolvendo os atores usuários do território ou que,
direta ou indiretamente, estivessem envolvidos com a gestão ou com a produção de conhecimento sobre ele;
Contribuir com a elaboração do Diagnóstico Técnico, levantando informações não publicadas que pudessem subsidiar e complementar a construção do PM.
Os objetivos específicos definidos para a primeira rodada de Oficinas, considerando as particularidades de cada segmento, foram: Identificar os usos e atividades que ocorrem no território; Identificar os conflitos e tensões existentes entre os diferentes usuários e as
diferentes atividades; Levantar as percepções que os agentes têm sobre o território, definindo as
áreas de relevância ambiental, impactadas ou degradadas. As oficinas ocorreram no salão paroquial da Igreja Matriz de Iguape, conforme a seguinte agenda: Segmento 1: 27 de setembro de 2013; Segmento 2: 26 de setembro de 2013; Segmento 3: 25 de setembro de 2013. 2.2 Infraestrutura e logística
As oficinas de Diagnóstico Participativo foram organizadas segundo as diretrizes previstas no TdR, segundo o qual as oficinas deveriam ser organizadas prevendo uma participação preferencial de 40 pessoas, podendo chegar a 100. No entanto, o esforço de mobilização realizado atendeu a uma expectativa da coordenação do PM e da APAMLS de uma ampla participação, garantindo que todos os grupos de interesse fossem sensibilizados para participar, considerando que a gestão da APA tinha como meta a participação de 70 a 100 pessoas por oficina.
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Para garantir a participação almejada, o TdR previa meios que assegurassem as condições de participação de todos os atores. Considerando a necessidade de um espaço que comportasse no mínimo 100 pessoas, com possibilidade de realização de atividades em grupo, optou-se por realizar todas as oficinas no Salão Paroquial da Igreja de Iguape, embora o TdR recomendasse um rodízio entre os municípios. O TdR também previa que fossem assegurados meios de transporte para as pessoas que precisassem. Junto à coordenação do PM, foi definido que deveriam ser garantidos o transporte para o Segmento 1 e representantes das ONGs. Os demais casos foram analisados mediante solicitação. Assim, para as primeiras Oficinas, foram disponibilizados dois ônibus, um micro-ônibus e uma van, além de recursos para o pagamento de combustível de embarcações, sempre que solicitado com antecedência. Essa organização ocorreu durante a fase de mobilização, sempre com apoio das lideranças comunitárias. Além do transporte, também foi oferecida alimentação (café-da-manhã, almoço e lanche da tarde) para todas as oficinas. 2.3 Metodologia
A organização de uma atividade participativa pressupõe a criação de um ambiente seguro para que os diferentes agentes sintam-se à vontade para expressar suas opiniões. Portanto, é necessário considerar o perfil dos participantes, sua forma de linguagem e expressão e, sobretudo, o potencial conhecimento que cada um tem sobre o território. Para o desenvolvimento dos trabalhos, foi usado um conjunto de técnicas participativas. Dentre as ferramentas utilizadas destaca-se a produção coletiva do mapa de usos e interações, quando os participantes realizaram o mapeamento das atividades que ocorrem no território e as interações que elas provocam. O grupo também teve oportunidade de manifestar a sua percepção sobre o seu território e as dificuldades enfrentadas. Tendo em vista o número de questões e expectativas colocadas pela Coordenação da APAMLS, o primeiro desafio foi elaborar um roteiro capaz de produzir as informações necessárias no tempo disponível e com diversos perfis de participantes, ainda que dentro do mesmo segmento. A solução encontrada foi estabelecer roteiros e dinâmicas distintas para cada segmento e cada grupo. O principal limitador dessa opção foi não conseguir obter resultados homogêneos, ou seja, nem todos os segmentos/ grupos trabalharam os mesmos temas, ou nem todos conseguiram fechar todos os passos previstos em cada roteiro. Ainda com relação a esse ponto, é importante ressaltar que ficou evidente que os diferentes atores dos Segmentos 2 e 3 tinham características muito distintas e,
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portanto, com diferentes potenciais na produção de informação e conhecimento sobre a APAMLS, tornando necessários ajustes nas dinâmicas que, mais uma vez, resultaram em produtos finais diversos. Outra dificuldade foi encontrada ao levantar a percepção dos participantes sobre o território: a heterogeneidade de perfis e diferentes relacionamentos com a APAMLS e com outras UCs fizeram com que as questões colocadas não fossem iguais – por exemplo, o significado de “áreas degradadas” para o setor público e para os pescadores (que receiam novas restrições de pesca) é diverso. Esses pontos poderão ser observados ao longo do relato dos resultados da produção de cada grupo durante as oficinas. 2.4 Materiais de apoio
Para assegurar o desenvolvimento dos roteiros adequados, foram organizados materiais de apoio para as oficinas: materiais didáticos (canetas, pincéis atômicos, cartelas, flipcharts etc.), crachás de identificação e 195 mapas (formato A0). Do total dos mapas produzidos, foram utilizados aproximadamente 50 durante os trabalhos em grupo; os demais serviam como apoio caso fossem necessárias consultas e outros ainda não foram utilizados. 2.5 Roteiro das oficinas
Conforme o TdR, o roteiro das oficinas foi construído de modo a suprir a necessidade de informações para a elaboração do PM, conforme o perfil de cada grupo. Os roteiros das oficinas estão no Anexo 1. Todas as oficinas seguiram o padrão de divisão em três momentos: 1) a plenária inicial com todos os presentes; 2) o trabalho em grupos; e 3) a plenária final, também com todos os presentes. Nos itens abaixo estão detalhadas as atividades realizadas em cada oficina e os seus resultados.
2.5.1 Segmento 1: pesca artesanal
Para o trabalho em grupo, os participantes foram divididos de acordo com as artes de pesca que praticavam: Grupo Arrasto; Grupos Emalhe 1 e Emalhe 2 (assim dividos devido ao grande número de participantes). A divisão dos grupos de emalhe se deu de acordo com o local onde moravam, ainda que pesquem em outros locais. Todos os grupos trabalharam de forma semelhante, conforme estabelecido no roteiro. No entanto, devido às especificidades de cada grupo (linguagem, formas de
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organização, perfil da atividade etc.), os resultados alcançados foram diferentes. A plenária inicial ocorreu da seguinte forma: Abertura: a Fundação Florestal abriu a Oficina, dando boas-vindas aos
participantes; Acolhida dos participantes e pauta do encontro: o moderador apresentou os
objetivos da oficina e explicou quais seriam as atividades e dinâmicas para aquele dia, acordando os horários a ser cumpridos;
Por fim, foram dados esclarecimentos sobre as questões apresentadas. O segundo momento, de trabalho em grupos, foi dividido nos seguintes passos: Identificação dos usos da pesca: o moderador pediu ao grupo para localizar, no
mapa, as artes de pesca desenvolvidas e suas características; também foi preenchida uma tabela com detalhamento das atividades;
Identificação das interações: a partir dos diversos usos identificados no território, o moderador solicitou que os participantes identificassem como é sua interação (positiva, neutra ou negativa) com a atividade pesqueira;
Identificação das percepções sobre o território: o moderador estimulou o grupo, por meio de perguntas, a identificar e mapear as áreas consideradas mais importantes, bem como a existência de estruturas de apoio (como portos de embarque de desembarque, marinas, garagens náuticas, fábricas de gelo etc);
Conclusão: o moderador pediu ao grupo que apontasse quais foram as principais questões discutidas ao longo da oficina; a síntese foi anotada em flipchart.
Por fim, a plenária final teve os seguintes desdobramentos: Apresentação dos resultados dos grupos: o moderador pediu para um
representante de cada grupo apresentar a síntese do trabalho e abriu para discussão;
Encerramento e avaliação: a Fundação Florestal encerrou a oficina e os participantes receberam uma ficha para a avaliação do encontro.
2.5.2 Segmento 2: outros setores produtivos e usuários
Para o trabalho em grupo com o Segmento 2, os participantes foram divididos de acordo com os subsegmentos presentes: Grupo Pesca Industrial; Grupo Turismo, Pesca Amadora e Atividades Náuticas; e Grupo Atividade Industrial. O roteiro dessa oficina ocorreu de acordo com o estabelecido para o Segmento 1, conforme apresentado no item 2.5.1.
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2.5.3 Segmento 3: interesses difusos, poder público e pesquisa
Assim como nos outros dois segmentos, para o trabalho em grupo os participantes foram divididos de acordo com os subsegmentos presentes: Grupo Interesses Difusos; Grupo Poder Público; Grupo Entidades de Ensino e Pesquisa e Pesquisadores. A plenária inicial se desenvolveu também como nos segmentos anteriores, mas foram alterados alguns trabalhos de acordo com o perfil de cada subsegmento. Os grupos Poder Público e Interesses Difusos utilizaram o seguinte roteiro: Apresentação: o moderador pediu para os participantes se apresentarem e
dizerem quais atividades desenvolviam no território da APA. Identificação dos outros usos presentes no território e as relações existentes
entre as atividades, suas interações (se positiva, negativa ou neutra); quando possível, os usos e interações foram mapeados.
Potencialidades e fragilidades: o moderador solicitou ao grupo que fossem levantadas e discutidas as potencialidades e fragilidades existentes no território da APAMLS; o conceito de fragilidade adotado refere-se a pontos frágeis, que merecem atenção e/ ou ação específica; e potencialidades são aspectos positivos presentes no território ou que podem ser desenvolvidos, podendo estar relacionados a aspectos econômicos.
Desafios: moderador solicitou ao grupo que apresentasse os desafios no desenvolvimento de suas atribuições/ atividades.
Encerramento e avaliação: a Fundação Florestal encerrou a oficina e os participantes receberam uma ficha para a avaliação do encontro.
Já para o subsegmento de Entidades de Ensino e Pesquisa e Pesquisadores, o roteiro pode ser sintetizado da seguinte forma: Apresentação: o moderador pediu que os participantes se apresentassem e
dissessem quais eram as atividades desenvolvidas no território. Percepção sobre o território: o moderador levantou com o grupo as áreas
prioritárias para conservação, as áreas impactadas e as áreas vulneráveis, localizando-as no mapa.
A plenária final ocorreu de modo similar aos demais segmentos. Apresentação dos resultados dos grupos: cada grupo apresentou os resultados,
foram discutidas dúvidas e feitos comentários. Encerramento: a Fundação Florestal encerrou a oficina.
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2.6 Resultados
Este item descreve os principais resultados das oficinas de cada segmento.
2.6.1 Segmento 1: pesca artesanal
O credenciamento da oficina foi organizado de modo a oferecer condições para a organização dos trabalhos em grupos por arte de pesca. As listas de presença, base para organização dos grupos conforme seu segmento e subsegmento estão no Anexo 2. Ao todo, estiveram presentes 54 pescadores, com mais 16 pessoas que não se enquadravam como pescadores artesanais (Tabela 9) e que foram orientadas a participarem como ouvinte nos demais grupos.
Tabela 9 – Participantes na Primeira Oficina, Segmento 1.
Arrasto Emalhe Outras artes de pesca Demais
Número de participantes
9 44 1 16
Descrição dos outros participantes
Cerco-fixo
Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita
Filho (UNESP); Fundação Florestal;
Vereador Ilha Comprida; Prefeitura de Ilha Comprida;
Associação de Moradores Comunidade do Marujá;
Prefeitura de Cananéia; Pesca amadora;
Estudante
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
Logo após o credenciamento, os participantes foram estimulados a preencher um painel com suas expectativas em relação ao encontro. Após o café de boas-vindas, foi iniciada a plenária. Depois da abertura pelos representantes da Fundação Florestal, a moderadora fez a leitura do painel de expectativas. “Resolver o problema da invasão de barcos grandes perto da costa”. “Que seja uma reunião produtiva”. “Que ajude aos pescadores”. “Que o PM não atrapalhe as atividades das comunidades tradicionais”. “Que a APA não atrapalhe as atividades dos pescadores tradicionais”. “Que essas reuniões despertem a criticidade sobre esses assuntos”. “Não causar prejuízo aos barcos pequenos que trabalham na costa”. “Falar sobre emalhe”. “Falar sobre tamanho de rede dos barcos grandes”. “Qual critério usado para identificação de quem são os artesanais, os industriais
e os amadores”.
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“Esclarecer limites da APA”. “Fiscalização por causa da pesca predatória porque os pescadores não
respeitam as portarias”. “Melhoramento dos acessos das embarcações nos rios e no mar – a dragagem
atualmente é proibida”. “Limpeza de lixo que vem do rio e cai no mar”. “Que aconteça de fato alguma coisa”. “Que se implante a fiscalização”. “Quer notícias sobre a pesca artesanal e sobre o plano de manejo”. “Saber sobre as distâncias que os barcos grandes podem pescar”. “Lixo proveniente de embarcações”. “Melhorar o local de pescaria”. “Limite dos barcos grandes”. “Proibição do emalhe que é muito utilizado”. “Resolver as questões para o plano de manejo”. “Pescar uma milha fora da praia prejudica a pesca artesanal”. “Problema com traineiras e arrasto feito por pescadores de outros estados”. “Pesca submarina ilegal de outros estados”. “Pesca de manjuba de arrastão”. “Pesca amadora usando rede”. O primeiro exercício do dia, trabalhado com todos os grupos, consistiu na identificação das artes de pesca utilizadas no territorio da APAMLS, com o detalhamento das embarcações utilizadas (com informações de tamanho e potência de motor), comprimento e malhas das redes usadas, espécies-alvo e espécies acompanhantes (aquelas que vêm na rede, apesar de não serem alvo da pescaria, e que podem ou não ser comercializadas), profundidade e período do ano em que mais trabalham. Para tanto, todos os grupos trabalharam com a mesma matriz, preenchendo-a com as informações solicitadas sempre que possível. As informações apresentadas nessas matrizes de identificação representam exatamente aquilo que o grupo disse, podendo não estar necessariamente corretas. Depois de identificar os usos e detalhar as informações, os grupos trabalharam apontando outros usos existentes no território e sua interação com a pesca. Para isso, alguns grupos optaram por trabalhar diretamente no mapa, enquanto outros montaram uma relação das atividades, apontando se a interação era considerada negativa, positiva ou neutra. Como a discussão ocorreu de forma diferente nos grupos, os resultados alcançados não seguiram um padrão, sendo algumas informações mais detalhadas que outras. O resultado desses dois exercícios são apresentados nos itens 2.6.1.1 a 2.6.1.4.
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2.6.1.1 Grupo Emalhe Sul O primeiro grupo de emalhe foi composto por pescadores de Cananéia (Figura 4). O grupo era formado, majoritariamente, por praticantes de emalhe, mas havia também pescadores que, quer como complemento, quer exclusivamente, utilizavam outras artes de pesca, como tarrafa, puçá, feiticeira e arrasto de praia ou ainda praticavam o extrativismo. Essas atividades foram registradas no mapa base durante a oficina, e resultaram no mapa de uso do grupo LS_4_002 (Anexo 3).
Figura 4 – Primeira Oficina de Diagnóstico Participativo, Grupo Emalhe Sul.
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
2.6.1.1.1 Usos e atividades identificados no território
No Quadro 1 está o resultado do primeiro exercício feito com o grupo.
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Quadro 1 – Identificação e detalhamento das artes de pesca, Grupo Emalhe Sul.
Arte de pesca Embarcação
tamanho/ potência do motor
Tamanho da rede/ malha
Espécie-alvo Produto
acompanhante Profundidade Período do ano
Emalhe de fundo e rede feiticeira
Motor de centro 12 a 27 HP ou motor de popa 15 a 40 HP ou sem motor. Barcos de madeira e fibra
8 a 600 m de rede, até 25 panos
Não informado Não informado Não informado Não informado
Malha 7 Pescada-foguete, bagre
Betara, oveva, cação, espada, corvina, bagre, siri, cação
5 a 12 m, em média 7 m
Ano inteiro
Malha 14 5 a 12 m 12 m
Não informado
Superfície Malha 18/ 20 Robalo e pescada Não informado 12 m Não informado
Emalhe superfície (feiticeira)
Malha 10/ 12 Sororoca, tainha, salteira
Não informado 5 a 12 m Inverno: maio, junho, julho
Emalhe (caracol) fora da arrebentação (off shore)
Motor 11 a 18 HP (canoas)
Malhas 7, 8 ou 10 – 60 metros de rede
Pescada-foguete Robalo e betara 5 a 8 m Ano inteiro
Arrastão de praia
Barco a remo (mesmas potências dos outros, não é um barco específico destinado ao arrastão)
Malha 7 a 11 – 5 a 6 panos
Tainha, pescada-foguete, robalo
Pescada
300 m de distância para fora da praia, profundidades variadas
Inverno e verão
Rede estaqueada
Sem motor/ com motor 18 HP
Malha 11 a 20 Robalo Pescada-foguete, corvina
2 m, no máximo
Ano inteiro Rede estaqueada da Ilha Comprida (Boqueirão Norte)
5 a 12 m, mas pode chegar até 20 m
1
Picaré Sem embarcação Malha 7 a 9 Não informado Não informado Não informado Não informado
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Arte de pesca Embarcação
tamanho/ potência do motor
Tamanho da rede/ malha
Espécie-alvo Produto
acompanhante Profundidade Período do ano
Tarrafa Não informado Malha 7 a 9 Peixes diversos Não informado
Depende do comprimento do fiel, mas na APA Sul não é maior que 3 metros
Ano inteiro
Cerco fixo (estuário)
2
Sem motor Estrutura de taquara e moirão
Tainha Parati, robalo, carapeva
Não informado Inverno e verão
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013. Notas: 1 Essa atividade não é comum no território da APA – embora tenha sido registrada dessa forma, pode ter havido um confusão com a rede de fundo. 2 Não há registros oficiais de existência de cerco-fixo no território da APA por se tratar de uma arte de pesca estuarina.
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Os participantes do grupo também relataram realizar atividades como piloteiros para complemento da renda.
2.6.1.1.2 Interações com outras atividades
Com o objetivo de identificar as interações entre atividades, o grupo apontou outros usos que ocorrem no território e como se relacionam com a pesca artesanal. Foram utilizados ícones para representar cada uma das atividades, posteriormente o grupo apontou as características e os locais onde estas acontecem e classificou as interações entre as atividades e a pesca como positiva, neutra ou negativa (Quadro 2).
Quadro 2 – Outros usos existentes no território, suas características e interações com a pesca artesanal, Grupo Emalhe Sul.
Atividade Interação negativa Interação positiva Interação neutra
Pesca subaquática
Não especificado Não especificado Não especificado
Caranguejo (extrativismo)
Vem muita gente de fora, quando feito por locais não há problemas
Não especificado Não especificado
Surf Não especificado Não especificado Não especificado
Aquicultura Não especificado Não especificado Não especificado
Windsurf Não especificado Não especificado Muito raro
Veleiro Não especificado Não especificado Muito raro
Marina Quando o piloteiro é ruim1 Quando piloteiro bom Não especificado
Porto/ desembarque de pescado
Não especificado Não especificado Não especificado
Moto aquática Mata golfinho – perigoso Não especificado Não especificado
Rota de navios Não especificado Não especificado Não especificado
Pesca amadora Quando utilizam petrecho proibido e os piloteiros não respeitam regras
Pode ser positivo Não especificado
Turismo/ passeio náutico
Não especificado Não especificado Não especificado
Nado/ área de banhista
Na temporada quando aumenta o número
Não especificado Não especificado
Mergulho Não especificado Não especificado Não especificado
Mergulho com arpão
Não especificado Não especificado Não especificado
Pesca industrial Não especificado Não especificado Não especificado
Pesca amadora Não especificado Não especificado Não especificado
Arrasto de camarão
Não especificado Não especificado Não especificado
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013. Notas: 1 Os pescadores artesanais indicaram que alguns piloteiros, por não conhecerem a região, muitas vezes destroem as redes ou vão a locais proibidos.
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2.6.1.2 Grupo Emalhe Norte O segundo grupo de emalhe, denominado Emalhe Norte, foi formado por 13 pescadores dos municípios de Iguape e Ilha Comprida (Figura 5).
Figura 5 – Primeira Oficina de Diagnóstico Participativo, Grupo Emalhe Norte.
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
As áreas onde as atividades são praticadas foram transcritas no mapa base, formando um mapa final dos usos identificados, junto com os usos já identificados pelo grupo Emalhe Sul no mapa LS_04_002 (Anexo 3).
2.6.1.2.1 Usos e atividades identificados no território
O Quadro 3 retrata o primeiro exercício realizado pelo grupo, contendo informações sobre os usos que os participantes fazem do território.
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Quadro 3 – Identificação e detalhamento das artes de pesca, Grupo Emalhe Norte.
Arte de pesca Embarcação/ tamanho do
barco
Potência do motor
Tamanho da rede/ malha
Espécie-alvo Produto
acompanhante Profundidade Período do ano
Emalhe 5 a 6 m x 1,5 m Voadeira
15-40 HP Malha 10 Fio 50
Robalo, soroca (no inverno), cação, sassari, pescada, salteira, anchova (no inverno), bagre, oveva, corvina, espada
Gordinha Da costa até a arrebentação
Ano inteiro
Caceio1
6 m x 1,5 m 40 HP Fio 35 e 40 Malha 10-11
Tainha (pescaria vem ficando mais fraca)
Não informado
Da costa até a arrebentação (quando o mar está ruim) Mais para fora (quando o mar está bom)
Maio-junho inverno
Sem barco Não informado
Malha 09 (Britania) Fio 40-50
Tainha Não informado Água na canela
Rede estaqueada (rede de espera)
Sem barco Não informado
30-50 m Malha 9-10, 14-15, até 20
Tainha, pescada, robalo, corvina, robalão, pescada amarela, prejereba, bagre, cação grande
Cação miraguaia (pega também lixo na praia)
Na praia, na maré baixa (água da cintura ao peito)
Ano inteiro
Picaré (arrasto de costa) feito com 2 pessoas
Sem barco Não informado
Picaré Malha 5 a 9
Siri, parati, tainha, betara, pesca bembeca, parati barbuda
Não informado Praia, água da cintura ao peito
Ano inteiro (pesca de subsistência, não comercial)
Emalhe de fundo e superfície poitada (espera)
6 m x 1,5 m Não informado
Fio 50-140 300 a 600 m de rede Malha 14 a 20
Bagre (menos no defeso), robalão, prejereba, cação grande, pescada amarela, caranha
Paru, pampo, sargo, arraia, salteira, miraguaia
Arrebentação até uma milha de distância da costa
Ano inteiro
Extrativismo (marisco branco)
Não informado Não informado
Não informado Não informado Não informado Não informado Não informado
Varejão (pedra/cara)
Não informado Não informado
Não informado Não informado Não informado Não informado Não informado
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Consórcio
Diagnóstico participativo APAMLS / 33
Arte de pesca Embarcação/ tamanho do
barco
Potência do motor
Tamanho da rede/ malha
Espécie-alvo Produto
acompanhante Profundidade Período do ano
Pesca de fundo com rede (em toda a costa)
Não informado Não informado
Malha 7 Pescadinha, oveva, betara, canguanga.
Não informado Não informado Não informado
Tarrafa (com e sem barco)
Não informado Não informado
Malha 8 a 10
Fio 40-60
Na praia
Na canoa
No barco
Várias espécies de tamanho médio (cação e anchova)
Não informado Não informado Não informado
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013. Notas: 1 Esta atividade refere-se ao arrasto de praia
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Consórcio
Diagnóstico Participativo – APAMLS / 34
2.6.1.2.2 Interações
Para preencher o Quadro 4, foram usados ícones representando cada uma das atividades. Posteriormente o grupo apontou as características das atividades e os locais onde acontecem, marcado-as no mapa, como mostra a Figura 6.
Figura 6 – Exercício realizado com mapa durante a primeira oficina, Grupo Emalhe Norte.
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
Quadro 4 – Outros usos identificados no território, suas características e interações com a pesca artesanal, Grupo Emalhe Norte.
Atividade Interação negativa Interação positiva Interação neutra
Caceio Corta a rede esticada (quando as atividades ocorrem próximas uma das outras)
Não especificado Não especificado
Ancoragem dos barcos da pesca
amadora Pode atrapalhar a pesca profissional Não especificado Não especificado
Pesca amadora Deixa de comprar peixe dos pescadores artesanais
Compra isca dos pescadores artesanais/ alugam barcos e contratam piloteiro
Não especificado
Arrasto de praia (pesca amadora)
Pega peixe pequeno Não especificado Não especificado
Pesca industrial Matança de peixes alevinos/ não respeitam os limites/ estragam a rede dos artesanais
Não especificado Não especificado
Pesca industrial de camarão
Descartam muitas espécies (quase 70% do que pescam)
Não especificado Não especificado
Pesca subaquática –arpão
Pescam peixes proibidos, principalmente no Parcel do Una/ normalmente já têm encomendas para revender
Não especificado Não especificado
Estruturas náuticas Estruturas estão em estado precário Não especificado Não especificado
Área de banhista Os banhistas geralmente não atrapalham a pesca, mas na alta temporada podem acontecer acidentes
Turistas compram peixes dos pescadores artesanais
Não especificado
Indústria do petróleo Não especificado Não especificado Sonda passa pela APAMLS
Cultivo de mexilhão1 Não especificado Não especificado Não especificado
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013. Notas: 1 Atividade desenvolvida por mulheres dos pescadores/ subsistência
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2.6.1.2.3 Percepção do território
O grupo não trabalhou este item do modo como havia sido proposto no roteiro. No momento das conclusões, foram apontadas áreas do território que merecem ser mais “cuidadas” (termo utilizado pelo moderador, para facilitar a compreensão do grupo). As áreas identificadas para “maior cuidado” foram: bocas de barra, que servem como entrada e saída dos peixes (passagem/ área
de desova/ maiores concentrações); ARIE do Guará (devido aos ninhais de diversas aves); parcéis (especialmente o Parcel do Una) costões rochosos; pontas da Ilha Comprida; Juréia e manguezais próximos; Foram mencionados como pontos de atenção (impactos): assoreamento das barras de Icapara e Ribeira; alterações da área estuarina devido ao Valo Grande, que prejudica as condições
para pesca (menor quantidade de peixes); poluição do Rio Ribeira de Iguape por agrotóxicos das culturas de banana; existência de muito lixo em todos os locais. erosão na Praia do Leste.
2.6.1.2.4 Conclusões
Como conclusão final do trabalho, foi solicitado aos grupos que identificassem as principais questões do território. Como sugestões, os grupos apontaram: Só deveriam ser permitidas embarcações grandes de arrasto de camarão a
partir de 9 metros da costa; os barcos não deveriam arrastar próximo às bocas de Barra; atividades de capacitação para os pescadores entenderem a legislação devem
ser realizadas; atividades de devolutivas do conhecimento produzido pelos órgãos públicos e
pesquisadores devem ser realizadas.
O grupo destacou como problema: Traineiras que vêm do sul (Santa Catarina) para pesca de cerco aproximam-se
muito da costa.
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2.6.1.3 Grupo Arrasto As atividades realizadas pelo grupo estão descritas abaixo (Figura 7).
Figura 7 – Primeira Oficina de Diagnóstico Participativo, Grupo Arrasto.
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
2.6.1.3.1 Usos e atividades identificados no território
O Quadro 5 foi preenchido pelo grupo para descrever sua atividade pesqueira. Além das atividades de arrasto, o grupo forneceu informações das atividades de emalhe que praticam na época do defeso do camarão. As atividades foram mapeadas no Anexo 3.
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Quadro 5 – Identificação e detalhamento das artes de pesca, Grupo Arrasto.
Arte de pesca Embarcação
tamanho/ potência do motor
Tamanho da rede
Malha Espécie-alvo Acompanhante Profundidade Período do ano
Arrasto de camarão (1 pescador sozinho)
8 m
2,5 de boca
45 HP
2 redes
Altura= 1,5 m
Comprimento= 6 braças
18 mm
Camarão sete barbas
Camarão-branco
Pescada
Linguado
Robalo
Corvina
Camarão-sete barbas: até 10 m
Camarão-branco: até 12 m
Camarão-branco: de março até julho
Camarão-sete-barbas: de outubro a janeiro, sendo que o pico ocorre no final de dezembro. No período de inverno (julho/ agosto) pegam quantidades menores
Arrasto
8 m
1,8 boca
18 HP
2 redes Altura=1 m
18 mm
Camarão sete-barbas
Camarão-branco
Pescadinha
Corvina 3-10 m
Camarão-branco: de março até julho
Camarão-sete-barbas: de outubro a janeiro , sendo que o pico ocorre no final de dezembro. No período de inverno (julho/ agosto) pegam quantidades menores
Arrasto
Espinhel
6 m
2,5 boca
11 HP
1 rede
Comprimento: 6 braças
2 portas
12 kg
15 m de espinhel
Não informado
Camarão
Bagre
Corvina
Cação (menos)
Não informado
Arrasto: 3 m
Espinhel: 2-10 m
(8 m principalmente)
Ano todo
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Arte de pesca Embarcação
tamanho/ potência do motor
Tamanho da rede
Malha Espécie-alvo Acompanhante Profundidade Período do ano
Arrasto
Espinhel
6 m
1,5 boca
9 HP
1 rede
Comprimento: 6 braças
Altura= 1 m
15 m de espinhel
18 mm
Camarão
Bagre
Corvina
Não informado
Arrasto: 3 m
Espinhel: 2-10 m
(8 m principalmente)
Ano todo
Arrasto
(espinhel)*
2,5 boca
8 m
24 HP
2 redes
Comprimento: 6 braças
Altura=1 m
18 mm Camarão Bagre
Corvina
Arrasto: 3 m
Espinhel: 2-10 m
(8 m principalmente)
Ano todo
Arrasto
(espinhel)1
8 m
2 m boca
18 HP
2 redes
Comprimento: 6 braças
Altura=1 m
18 mm
Espinhel – linha de 15 m
Camarão
Bagre
Corvina
Não informado
Arrasto: 3 m
Espinhel: 2-10 m
(8 m principalmente)
Ano todo
Arrasto
(espinhel)1
8 m
2,5 boca
18 HP
1 motor pode chegar até 60 HP
2 redes
Comprimento: 6 braças
Altura=1 m
18 mm
Camarão-sete-barbas
Pouco camarão-branco
Não informado Não informado Não informado
Arrasto
Emalhe2
Arrasto duplo
8 m
2,2 boca
11 HP
2 redes
Comprimento: 6 braças
Altura=1 m
16-18 mm Camarão-de-sete barbas
Emalhe: corvina
Bagre
Pescadinha
Emalhe:
4-12 m Primavera e verão
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013. Notas: 1 Com a mesma embarcação, eles praticam espinhel com 15 m de linha e 8 m de profundidade. 2 Na profundidade de 4 a 12m, praticam emalhe.
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2.6.1.3.2 Interações com outras atividades
A identificação das interações que ocorrem com o grupo foi feita a partir do levantamento de outras atividades realizadas no território. Para isso, do mesmo modo como nos demais grupos, foram utilizados ícones, colocados pelos participantes em um papel vegetal sobreposto ao mapa de usos, usado no exercício anterior. O resultado deste trabalho é apresentado no Quadro 6.
Quadro 6 – Interações da pesca artesanal com outros usos, identificadas pelo Grupo Arrasto.
Atividade Interação negativa Interação positiva Interação neutra
Pesca industrial Prejudica a pesca artesanal Não especificado Não especificado
Pesca submarina Não especificado Não especificado Não especificado
Pesca amadora de vara Não especificado Não especificado Não especificado
Pesca amadora com rede Não especificado Não especificado Não especificado
Traineira na saída da Barra x Redondo
Conflito Não especificado Não especificado
Algumas embarcações classificadas como
artesanais, mas com motor com alta potência (a maioria é de outras
localidades)
Não especificado Não especificado Não especificado
Poitões da aquicultura (estruturas
remanescentes da antiga piscicultura da TWB
próximo à Ilha do Bom Abrigo)
Atrapalham Não especificado Não especificado
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
Ressalta-se que o grupo nem sempre colocou as razões para a classificação de algumas interações.
2.6.1.3.3 Percepção do território
Para identificar a percepção do grupo em relação ao território, o moderador perguntou quais áreas eram consideradas mais importantes e porquê. O grupo identificou as seguintes questões: as barras e áreas próximas à costa são pontos importantes pela concentração
de peixes; a passagem pela Barra de Cananeia é considerada perigosa devido ao calado
do canal; o grupo mencionou ouvir rumores de projetos de recifes artificiais que, se não
forem infundados, podem atrapalhar a atividade do arrasto.
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Diagnóstico Participativo – APAMLS / 40
Quando possível, o grupo mapeou essas questões no mapa de questões relevantes (Anexo 3).
2.6.1.3.4 Conclusões
O grupo não realizou essa atividade prevista de elencar as conclusões, mas identificou algumas questões relevantes durante o exercício sobre as percepções.
2.6.1.3.5 Plenária final
Durante a plenária final, os moderadores fizeram uma apresentação da produção do trabalho do grupo e, em seguida, fizeram alguns esclarecimentos e um convite para que os presentes continuassem participando das próximas etapas do processo de elaboração do plano de manejo. Após o termino das oficinas, o grupo passou um vídeo demonstrando a pesca com traineiras.
2.6.2 Segmento 2: outros setores produtivos e usuários
Durante o credenciamento, foram levantadas informações, a partir das listas de presença (Anexo 2), que permitiram identificar os subsegmentos presentes e organizar os grupos de trabalho em: (i) Pesca Industrial; (ii) Turismo e Atividades Náuticas; e (iii) Atividades Industriais. No total, estiveram presentes 47 pessoas, conforme relacionado na Tabela 10. As pessoas que não faziam parte do Segmento foram orientadas a participarem como ouvintes no grupo que escolhessem.
Tabela 10 – Participantes na Primeira Oficina, Segmento 2.
Pesca industrial
Turismo, marinas, esportes náuticos, pesca amadora
Atividades industriais Demais
11
(arrasto, emalhe e espinhel)
22
Associação de turismo, operadora de turismo, marina, esportes
turísticos, piloteiros, donos de embarcação, turismo e pesca
artesanal, Conselho Municipal de Turismo de Ilha Comprida (COMTUR), escola de surf
2
Associação dos Mineradores de Areia do
Vale do Ribeira e Baixada Santista (AMAVALES),
Pirâmide Extração e Comércio de Areia,
Petrobras
13
UNESP/ pesquisadores; jornalista de turismo, Instituto
de Pesca, Fundação Florestal, pesca artesanal, Prefeitura de
Ilha Comprida, Colônia Z9, Colônia de Pescadores de
Iguape
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
Antes do início das oficinas, logo após o credenciamento, os participantes foram convidados a preencher um painel com as suas expectativas com relação ao
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Consórcio
Diagnóstico Participativo – APAMLS / 41
encontro, transcrito abaixo e representado na Figura 8. “Conhecer os problemas dos industriais e amadores”. “Que seja bom para ambas as partes”. “Que seja bom para os moradores locais”. “Que seja um dia de relevância para os envolvidos na pesca”. “Que realmente o pescador seja ouvido”. “Que as coisas melhorem”. “Que tenha mais perspectivas”. “Fazer com que o trade turístico seja reconhecido”. “Como vai ficar a pesca amadora nas ilhas? ” “Como vai ficar a relação com as redes e a caça submarina nas ilhas? ” “Que a reunião seja proveitosa e que atenda às expectativas do turismo”. “Saber como está o processo do plano de manejo, especialmente para o turismo”. “Que seja cumprida a lei e o reconhecimento das comunidades usuárias da APA”. “Que a fiscalização faça seu papel”.
Figura 8 – Primeira Oficina de Diagnóstico Participativo, expectativas do Segmento 2.
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
A seguir são apresentados os resultados dos grupos.
2.6.2.1 Grupo Pesca Industrial O grupo, composto por representantes da pesca industrial e armadores, demarcou as áreas onde desenvolve suas atividades (Quadro 7), dando origem ao mapa LS_04_004 (Anexo 3).
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2.6.2.1.1 Usos e atividades identificados no território
Quadro 7 – Identificação e detalhamento das artes de pesca, Grupo Pesca Industrial
Arte de pesca/
tamanho do petrecho Origem/desembarque
Embarcação
tamanho/ potência do motor
Espécie-alvo/ acidental ou acompanhante
Profundidade/ período do ano
Emalhe de fundo
As redes de emalhe em geral permanecem na água de 6 a 8 horas e levam em média 4 horas só para serem recolhidas. Vários lances podem ser feitos no mesmo dia
Cananéia
(95% sai de Cananéia e desembarca em Cananéia, 5% sai de Cananéia e
vai para Santos)
70% das embarcações menores que 20AB
Malha 7: pescada oveva, foguete espada, betara maria-luísa, goete, guaivira, pescada branca, corvina
Áreas de Paranaguá até Santos
Profundidade não informada
Ano inteiro – pescada forte no verão
30% das embarcações maiores que 20AB
Malha 11 e 12: corvina, cação, pescada branca, cambucu, cabrinha, sororoca
Ano inteiro
Profundidade não informada
Corvina forte no inverno
Arrasto. O tempo médio de arrasto é entre 2 a 4 horas. Vários arrastos podem ser feitos dentro de um dia de pesca
Vem gente de Santa Catarina e Paraná, 60 a 70%
Todas menores que 20AB
Maioria (70%) são botes
30% são baleeiras de médio porte
Camarão-sete-barbas (mais próximo à costa), camarão-branco (em profundidade um pouco maior). Acompanhantes: pescada, oveva, maria-luísa, betara, espada (normalmente ficam com a tripulação, não são comercializados diretamente)
Ocorre entre 8 a 13 m de profundidade em toda a área
Bertioga até Paranaguá/ 9 meses, exceto nos 3 meses de defeso (camarão-sete-barbas)
Emalhe boiado Maioria de Cananéia Não especificado
Malha 11, 12 e 13, sororoca (inverno), guaivira, cação (verão). Acompanhantes são espada (poucos), galha preta, machote, cambeva
Profundidade não informada
Sororoca no inverno
Guaivira e cação no verão
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Arte de pesca/
tamanho do petrecho Origem/desembarque
Embarcação
tamanho/ potência do motor
Espécie-alvo/ acidental ou acompanhante
Profundidade/ período do ano
Arrasto duplo Bastante gente de Santos Cerca de 19-20 AB
Alvo: camarão-rosa Acompanhantes: espada, abrótea, linguado, corvina, arraia, trilha, cabrinha, porco, emplasto
28 a 120 m – fora da APAMLS
Período não informado
Cerco de traineira Maioria de Santa Catarina – Itajaí, algumas de Santos. Não são de Cananéia
Não especificado Não especificado Após 23 m
Período não informado
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013. Legenda: AB – arqueação bruta
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2.6.2.1.2 Interações com outras atividades
O grupo identificou as atividades que ocorrem no território, no entanto não apontou nenhuma interação negativa que afete a pesca industrial.
2.6.2.1.3 Percepção sobre o território
Em relação à percepção sobre o território, o grupo apontou as seguintes questões: O mar não é muito poluído, mas nas redes está vindo muito material plástico. Ilhas do Castilho e Cambriú (parte da Estação Ecológica dos Tupiniquins) são
áreas importantes para abrigo de embarcações em condições de mar perigosas. A sinalização é muito ruim: o farol do Icapara não funciona, na ponta da Juréia
também seria bom ter um farol, o farol do Bom Abrigo está falhando. A fiscalização muitas vezes é feita com uma abordagem agressiva, quando
exercida por alguns órgãos federais (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA e ICMBio). Os fiscais deveriam ser mais bem preparados para o exercício da função.
2.6.2.1.4 Conclusões
O moderador solicitou que o grupo indicasse as principais conclusões do dia, tendo sido apontado: Faltam cursos realizados pela Marinha para habilitação de condutores. Existem poucos cursos para habilitar mestres de embarcação. É grande a demora na obtenção da documentação (licenças de pesca e de
embarcação), 95% pescadores estão irregulares em função disso. No arrasto artesanal, cerca de 60% dos pescadores estão irregulares. As normas para o emalhe da IN 12/2012 (BRASIL, 2012) são inconvenientes
para os pescadores de Cananéia.
2.6.2.2 Grupo Turismo e Atividades Náuticas O grupo foi formado por 11 barqueiros, dois representantes de marinas, dois da pesca amadora, cinco de associações que trabalham com turismo e três membros do COMTUR de Ilha Comprida.
2.6.2.2.1 Usos e atividades identificados no território
O Quadro 8 mostra as atividades identificadas pelo grupo.
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Quadro 8 – Identificação e detalhamento das atividades, Grupo Turismo.
Atividades Estruturas náuticas Torneios e eventos Planos de expansão
Piloteiros
Turismo e pesca esportiva
Marina Cananéia, Pousada Juju, Marina Ultamaru, Marujá; Trapiche ( Ilha Comprida), Porto de Cananéia
Festa do pescador embarcado de vara (7 de setembro), torneio “Robalo no Canal”
Não informado
COMTUR Iguape incentiva:
Pousadas
Receptivo local
Hospedagem
Indicações dos atrativos turísticos
Restaurantes
Alimentação/bebidas
Terceiro setor – Associação de bairros
Agência de turismo
Fazem passeios com turistas
Pesca esportiva
Barcos
Escunas
Barqueiros e monitores ambientais
Reveillon –+/- 150.000 pessoas
Carnaval – 5 noites – porém são 10 dias de férias
Férias escolares julho, dezembro, janeiro e fevereiro
Ilha Julina – 03 a 04 dias de festa – mês de julho
Duas marinas com crescimento – começaram com barcos, hoje têm escunas e estão crescendo
Cofen (Comunidade
Feminina Familiar da Barra do Ribeira – Juréia)
Atividade de artesanato
Pousada, flat completo ou para turistas, na alta temporada e feriados prolongados
Atendimento
Turismo
Alta temporada
Festa do Robalo – sempre em novembro, aproveitando o feriado
Não há previsão de expansão
Cofen
Artesanatos
Café para eventos
Loja de artesanato
Não informado
Canoagem (dezembro)
Jogo de futebol (campo – torneio)
Festa do Robalo (Cofen) anual, em 2013 acontece entre os dias 14 e 17/11
Festa Julina (Cofen)
Não há previsão de expansão
Comerciante
Dilma lanches Não informado Não informado
Não há previsão de expansão
Amiltom Xavier
Proprietário da pousada e realiza passeios nas ilhas Cambriú, Bom Abrigo, Figueira, Castilho
Passeios em praias, costões rochosos, trilhas monitoradas pelas praias
Pesca nos costões para sobrevivência e para uso dos recursos naturais como marisco e mudas para plantio
Atividades esportivas
Não informado Não informado Não há previsão de expansão
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Atividades Estruturas náuticas Torneios e eventos Planos de expansão
Associação dos Moradores Itacuruçá e Pereirinha (AMOIP)
Visitação pública
Passeios nas ilhas:
Castilho, Figueira, Bom Abrigo
Passeios nas trilhas, praias, matas – monitor local
Serve refeição/bebidas
Festas da comunidade
Atividades esportivas
Barracas para turistas
Artesanatos locais
Grupo de escolas
Canoas de fibra de pequeno porte para uso pesqueiro
Festas da comunidade
Atividades esportivas: natação, corridas de canoa
Atividades esportivas como surf, pesca, natação, corridas na praia, outros
Festa da Tainha, Festa de São Vito, Padroeiros do Marujá
Não há previsão
Aulas e prática de surf na praia da Ilha Comprida
Eventos de surf
Espaço natural/ Escola de surf
Banana boat
Não realiza outras atividades
Eventos de surf (março a dezembro)
Circuito regional, municipal, surf treino organizado pela Associação de Surf do Vale do Ribeira (ASVR)
Esportes aquáticos como biatlo, triatlo e surf race na Ilha Comprida (eventos para o futuro)
Implantação de escola de surf na Barra do Ribeira (Iguape)
Expedições do Ócio
Consultoria em ecoturismo e meio ambiente à prefeitura de Iguape
Operadora de ecoturismo (pesca, trilhas 4 x 4, à pé), esportes e atividades de aventura
Aluguel de lanchas e barcos para pesca amadora
Guias de ecoturistas
Atendimento a pousadas para ecoturismo
Banana boat
Passeio na orla marítima
Mergulho Ilha do Bom Abrigo
Concessão de 4 píeres ou flutuantes de Iguape
Concessão de 2 flutuantes Ilha Comprida
1 lancha pesca/ passeio 22 pés
1 barco inflável
1 Land Rover para passeios na orla
Festa da Tainha Icapara
Festa do Pescador Pedrinhas
Festa do pescador Rocio
Festa N. Sra. do Rocio
Manjubada Iguape
Revelando SP
Carnaval
Ano Novo
Festa do Robalo – (Barra do Riberia) – 14 a 17 de nov
Torneio de canoagem – (Barra do Ribeira)
Implantação de mais estruturas para embarque e desembarque de passageiros
Projeto de implantação de recifes artificiais
Projeto de identificação do equipamento turístico de Iguape/ponto A Prefeitura
Reconhecimento dos parcéis e pontuais pesqueiros amadores na região
Escola de mergulho
Abertura de dia de flutuação em rio em Pedrinhas
Fiscalização
Prefeitura de Iguape
Vice-presidente COMTUR
Membro da Federação Latino-americana de Cidades Turísticas
7 rampas náuticas
4 píeres
Conselho Ilheense de Turismo (CITUR)
Festa da Tainha
Festa do Robalo
Manjubada
Nossa Senhora do Rocio
Festa do Bom Jesus de Iguape
Festa da colônia dos pescadores
Revelando São Paulo
Festival de Verão
Compra de 14 píeres
Implantação de escola de surf na Barra
Melhora da estrutura de pesca esportiva e turística
Autorização de uso de espaço público para fins turísticos
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
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2.6.2.2.2 Interações com outras atividades Depois da caracterização de suas atividades, o grupo identificou os outros usos no território da APA e apontou conflitos e interações negativas com: Redes de pesca em geral. Pescadores ensinando turistas a pescar com rede. Parelha e pesca de camarão. Lixo nas praias da APAMLS. Arrasto na beira da praia (pesca industrial). 2.6.2.2.3 Percepção do território O terceiro exercício do dia pedia que o grupo indicasse as áreas que mereciam mais atenção ou eram consideradas importantes por razões econômicas ou ambientais. As áreas apontadas foram: Praias, dunas e lagoas. Pontos de mergulho, costões rochosos, Ilha do Bom Abrigo, parcéis. ARIE do Guará. Farol da Ilha do Bom Abrigo, como ponto de interesse turístico. O grupo também indicou o surf e a possibilidade de realizar eventos como uma importante potencialidade. 2.6.2.3 Atividades Industriais O grupo foi formado por representantes da Petrobras e da Pirâmide Mineradora, que caracterizaram as atividades realizadas no território, de acordo com o Quadro 9.
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2.6.2.3.1 Usos e atividades identificados no território
Quadro 9 – Usos e atividades identificados no território, Grupo Atividades Industriais.
Atividade que realiza Plano de expansão
Petrobras: exploração de petróleo e gás; atividades do campo de Merluza (Baixada Santista, 184 km da costa) colocam o Litoral Sul como área de influência, assim como a exploração nos campos de Bauna e Piracaba, que são feitas com apoio de navio-plataforma do tipo Floating Production Storage and Offloading (FPSO)
Não informou
Pirâmide: mineração; desassoreamento Rio Ribeira/área de fundeio Não há muitos planos para expansão
2.6.2.4 Plenária final Para o encerramento, os grupos se reuniram novamente em plenária e fizeram uma apresentação dos resultados dos trabalhos (Figura 9). Um período de tempo foi reservado para considerações e debate. Alguns conflitos entre a pesca industrial e as atividades náuticas ficaram evidenciados, gerando uma grande discussão entre os participantes. Os representantes da pesca industrial, que não apontaram nenhuma interação negativa ou conflito com outras atividades, se sentiram prejudicados pela avaliação do outro grupo, que os consideravam praticantes de atividade “predatória”, que gerava muitos descartes e problemas para as demais atividades. Diante do acirramento do debate, a moderadora solicitou que os participantes se acalmassem e que o roteiro original fosse retomado, ressaltando as próximas etapas do processo e a importância da participação de todos. A oficina foi encerrada com uma fala de agradecimento da gestora da APAMLS.
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Diagnóstico participativo – APAMLS 49
Figura 9 – Plenária de encerramento da Oficina, Segmento 2.
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
2.6.3 Segmento 3: interesses difusos, poder público e pesquisa
Na reunião do Segmento 3, durante o credenciamento, foram levantadas informações a partir das listas de presença (Anexo 2) que permitiram organizar os grupos de trabalho da seguinte maneira: (i) Poder Público; (ii) Interesses Difusos e (iii) Entidades de Ensino e Pesquisa e Pesquisadores (Tabela 11).
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Tabela 11 – Participantes na Primeira Oficina, Segmento 3.
Poder Público Instituições de Ensino e
Pesquisa/ Pesquisadores Interesses Difusos
23
Municipal: Prefeitura Municipal de Cananéia; Prefeitura Municipal de
Iguape; Prefeitura Municipal de Ilha Comprida
Estadual: Fundação Florestal, Secretaria do Meio Ambiente,
Coordenadoria de Fiscalização Ambiental (CFA), Companhia de
Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB, Polícia
Ambiental, CAT
Federal: ICMBio
11
UNESP, Campus Registro, Instituto de Pesca, Instituto de Pesquisas
Cananéia (IPeC), Instituto Florestal, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Instituto Oceanográfico (IO) Universidade de São Paulo
(USP) (aluno de mestrado)
8
Rede Cananéia, Instituto Ambiental, Vidágua, Crescer Para o Futuro, Cooper Cans, Instituto Lassus,
Núcleo de Pesquisa e Conservação da Fauna e Flora Silvestre (NPC)
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
Antes do início da oficina, logo após o credenciamento, os participantes foram estimulados a preencher um painel com suas expectativas em relação ao encontro e, após o café de boas-vindas, começou a plenária de abertura. A oficina teve início com uma fala de abertura feita pelos representantes da Fundação Florestal e, na sequência, a moderadora fez a leitura do painel de expectativas. O primeiro exercício do dia, trabalhado com todos os grupos, consistiu na identificação das entidades presentes. Como os grupos eram heterogêneos, cada um trabalhou uma matriz diferente. O grupo do Poder Público e dos chamados Interesses Difusos detalhou as atividades junto à APA de cada entidade presente, o público-alvo e possíveis projetos futuros. Já o grupo com Pesquisadores trabalhou na identificação da linha de pesquisa dos presentes, qual a relação da pesquisa com a APA, quais as colaborações possíveis para a elaboração do PM e quais os desafios que se prevê enfrentar. Todas as informações representam exclusivamente a opinião dos participantes. O exercício seguinte foi parecido com o realizado nas oficinas dos outros dois segmentos: identificação de usos no território. No entanto, os grupos de Poder Público, Interesses Difusos e Pesquisadores trabalharam as interações que eles identificam na APAMLS, mas que não necessariamente participam delas. Como a discussão ocorreu de forma diferente nos grupos, de acordo com as particularidades de cada um, os resultados alcançados não foram os mesmos, variando o nível de detalhamento obtido. Os resultados desses exercícios são descritos a seguir. 2.6.3.1 Grupo Poder Público As atividades do grupo de Poder Público (Figura 10) são detalhadas neste item.
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Figura 10 –Primeira Oficina de Diagnóstico Participativo, Grupo Poder Público.
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
2.6.3.1.1 Usos e atividades identificados no território O grupo fez o detalhamento das atividades que desenvolve no território, com resultado apresentado no Quadro 10.
Quadro 10 – Identificação de atividades, Grupo Poder Público.
Entidade Atividade (APAMLS) Público-alvo Novos projetos
Coordenadoria de Assistência Técnica
Integral (CATI)
Elaboração de projetos de financiamentos
Pescadores artesanais
Aquicultura
Polícia Militar Ambiental Fiscalização ambiental Prevenção/ repressão
Pescadores e fontes de consumo
Educação ambiental
Prefeitura Ilha Comprida Gestão da orla (praia) Munícipes e
visitantes
Aquicultura marinha, incentivo ao turismo de
esportes e recreio (exemplo: pesca
esportiva)
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Diagnóstico participativo – APAMLS 52
Entidade Atividade (APAMLS) Público-alvo Novos projetos
Companhia de Tecnologia de
Saneamento Ambiental (CETESB) AS Registro
Atendimento emergências Empresários e população em
geral Não informado
Estação Ecológica (ESEC) Tupiniquins –
ICMBio
Gestão, proteção, monitoramento e pesquisa
Sociedade, pesca, turismo,
institutos ambientais e de
pesquisa
Fiscalização
Recuperação
Pesquisa
Coordenadoria de Planejamento Ambiental
(CPLA)
Gerenciamento Costeiro (GERCO) + Ass. Técnica GTC
População, pescadores,
conselho, prefeituras
Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos
Naturais (CBRN)
Projeto de Desenvolvimento Regional
Sustentável. (PDRS) + Centro de Triagem de
Animais Selvagens (CETAS)
Coordenadoria de Biodiversidade e
Recursos Naturais (CBRN)
Ass. Técnica
GTC + Fauna
Coordenadoria de Fiscalização Ambiental
(CFA)
Ass. Técnica
GTC + Gestão fiscalização
Coordenadoria de Fiscalização Ambiental
(CFA) e Sistema Integrado de Monitoramento Marítimo (SIMMar)
planejamento integrado
Fundação Florestal / APA Marinha do Litoral
Sul (APAMLS)
Gestão da UC
Fiscalização
Integração com órgãos públicos
Comunicação com a sociedade
Participação no licenciamento (manifestação)
Usuários (diretos e indiretos)
Pesquisadores
Órgãos públicos
Terceiro setor
Controle do lixo marinho
Recuperação florestal do Bom Abrigo
Prefeitura Municipal de Cananéia –
Departamento de Meio Ambiente e
Departamento de Cultura
Participação no Conselho da APAMLS; campanha de
regularização de embarcações, Circuito Tela Verde, participação
nas Câmaras Técnicas, interlocução entre a APAMLS e
as comunidades pesqueiras (Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF)
Organização do segmento da pesca artesanal como modo de
expressão cultural
Pescador artesanal
profissional
Departamento de Meio Ambiente: manter parceria
com a APAMLS para desenvolvimento de
projetos
Departamento de Cultura: inserção do segmento da
pesca artesanal no Conselho Municipal de
Políticas Culturais: mapeamento, registro,
ações e metas
Prefeitura de Iguape Não informado
Pescador artesanal
Pesca amadora
Não informado
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
2.6.3.1.2 Potencialidades e fragilidades Em seguida, o grupo indicou quais eram as potencialidade e fragilidades presentes no território (Quadro 11).
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Quadro 11 – Fragilidades e potencialidades, Grupo Poder Público
Fragilidades Potencialidades
Deficiência do conhecimento da população (cidades próximas) das regras existentes no território marinho
Infraestrutura para realização de cursos (ICMBio)
Falta de definição dos procedimentos (fiscalização) e capacitação das prefeituras
Implementação do sistema de monitoramento marítimo – SIMMAR (FF + Polícia Ambiental + CFA)
Ausência de sede da Marinha, Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) e IBAMA no litoral sul
Gestão integrada dos funcionários dos órgãos públicos
Pouco poder do órgão gestor na exigência das medidas mitigadoras dos impactos do petróleo
Manutenção e continuidade da equipe gestora da APAMLS desde a sua instituição
Estrutura deficiente dos órgãos públicos (infraestrutura e pessoal)
Integração do zoneamento marinho do PM APAMLS e do GERCO
Articulação interinstitucional Organização dos pescadores artesanais (colônias)
Complexidade do ordenamento marinho Turismo
Infraestrutura: barco, equipamentos, máquina fotográfica, balança etc.
Conservação ambiental (estágio atual)
Faltam recursos humanos para fiscalização, além de equipamentos e capacitação profissional
Continuação do Projeto Marinas
Projeto Marinas (descontinuidade)
Ausência do CETAS na região
Gerenciamento Costeiro não concluído (1988)
Complexidade do licenciamento da maricultura/ aquicultura
Deficiência do fluxo de informação entre órgãos gestores de licenciamento nos processos de licenciamento
Não implantação dos mosaicos de UC
Influência do Rio Ribeira
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
2.6.3.1.3 Interações Na atividade de identificação das interações no território, foram mencionados os conflitos entre a pesca e as atividades turísticas, bem como entre a pesca artesanal e a industrial. O mapa LS_04_005 (Anexo 3) representa a produção dos grupos nos mapas base utilizados como apoio às atividades realizadas. 2.6.3.1.4 Percepção do território Os participantes do grupo trabalharam diretamente no mapa base, identificando as áreas de importância ambiental. Durante esse exercício, o grupo citou a prática de pesca amadora irregular, com fins comerciais e uso de linha e explosivo. No entanto, essa prática acontece fora do território da APAMLS e, por isso, não foi marcada no mapa.
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2.6.3.1.5 Conclusões As principais conclusões do grupo foram: Necessidade de gestão integrada dos funcionários dos órgãos públicos;
multiplicidade de usos e atores; e complexidade de gestão – complementaridade, sobreposição de atribuição, intersecção de papéis.
Necessidade de ampliar a articulação institucional para garantir meios de execução do planejamento.
Deficiência de recursos humanos e infraestrutura levam à morosidade dos processos.
Ausência de mecanismos ágeis de comunicação/ informação. Ausência e descontinuidade da política pública na gestão da UC e necessidade
de planejamento contínuo (GERCO + Plano de Manejo). Conclusão conjunta do Plano de Manejo e do Zoneamento Ecológico Econômico
do Complexo Estuarino Lagunar de Iguape-Cananéia. Insuficiência de fiscalização. Complexidade do licenciamento e pouco poder de decisão da UC. Necessidade de maior contato com o setor pesqueiro. Implementação dos projetos e políticas públicas existentes. O grupo levantou uma dúvida relacionada ao processo de zoneamento e a respeito dos critérios para a delimitação de áreas e foi esclarecido que estas questões serão discutidas nas próximas etapas (Oficinas de Zoneamento e de Programas de Gestão). 2.6.3.2 Grupo Entidades de Ensino e Pesquisa e Pesquisadores A Figura 11 mostra o grupo de Pesquisadores.
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Figura 11 – Primeira Oficina de Diagnóstico Participativo, Grupo Entidade de Ensino e Pesquisa e Pesquisadores.
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
2.6.3.2.1 Usos e atividades identificados no território O trabalho com o grupo de pesquisadores começou com o levantamento das atividades que os participantes desenvolvem no território, apresentadas no Quadro 12.
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Quadro 12 – Usos e atividades identificados no território, Grupo Entidade de Ensino e Pesquisa e Pesquisadores.
Entidade Quais as linhas de pesquisa desenvolvidas no
território da APAMLS e ARIE do Guará? Como sua pesquisa se relaciona com a gestão da UC?
Quais contribuições sua pesquisa traz para o território e/ ou PM?
IO-USP Pesca; manguezais; contaminação por metais;
circulação marinha e conflitos populacionais Circulação marinha; gestão de pesca
Conhecimento da circulação que ajuda na dispersão de
poluentes, nutrientes, organismos pesca; morfologia costeira
UFSCar Ecologia populações e comunidades vegetais;
ecologia humana (manguezais); ecologia animais terrestres e aquáticos
Não tem relação direta
Conservação no entorno; conhecimento para aplicação em uso
sustentável de recursos
IPeC Ecologia e biologia de mamíferos marinhos (cetáceos); ecologia e biologia de tartarugas, aves
marinhas/ costeiras
Ecologia populacional do boto-cinza/ comportamento e interação com aves: levantamento do tamanho da
população e uso na região
Identificando potencialidades e interações
ecológicas que apontam para necessidade de conservar a região
Instituto de Pesca - Secretaria de Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA)
Gestão pesqueira; etnoecologia Diagnóstico e monitoramento pesqueiro; aspectos da ecologia humana e atividade pesqueira
Informações contínuas da atividade pesqueira; análise e diagnósticos da atividade pesqueira; identificação e estudo de comunidades pesqueiras do Litoral Sul
UNESP Registro Ecologia de cetáceos; etnoecologia; ecotoxicologia; dinâmica populacional
Estudos com peixes e pescadores Conhecimento sobre diversidade, distribuição e
uso de peixes
Instituto Florestal
Conservação de cetáceos (IO/IPEC/IF); conservação tartarugas marinhas; ordenamento
pesqueiro (Instituto de Pesca IP/FF); monitoramento de UC (UNESP/IF); dinâmica
costeira: circulação/ sedimentação (IO)
Conservação de cetáceos; políticas públicas; análise TED tartarugas marinhas; produção pesqueira/ legislação;
monitoramento UC pelos monitores ambientais;conservação e manejo UC
Políticas públicas voltadas ao manejo e conservação: atividades para programas
de manejo do PM
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Entidade Quais as linhas de pesquisa desenvolvidas no
território da APAMLS e ARIE do Guará? Como sua pesquisa se relaciona com a gestão da UC?
Quais contribuições sua pesquisa traz para o território e/ ou PM?
UNESP Registro Batimetria; Rio Ribeira de Iguape e mar interno Levantamento de dados dos rios, lagos, mar Mapa e dados
Instituto de Pesca Microbiologia: coliformes e maricultura; efeitos de poluentes: metais e organoclorados; bioecologia
de aves marinhas; genética de populações; ecofisiologia - maricultura
Subsidia com dados técnicos Além de dados técnicos, um projeto de mestrado com dois trabalhos a serem
publicados ocorreu na ARIE do Guará
Fundação Florestal Aves marinhas insulares; tartarugas marinhas; PM ESEC Tupiniquins; guará vermelho
Indicação dos habitats críticos das aves marinhas insulares e aquáticas
Bioecologia de aves marinhas insulares, colônias
e áreas de forrageo
Colônia Guará
UFSCar
Projeto Parcelas Permanentes do Biota/FAPESP – dinâmica da vegetação; dinâmica de populações
de Tapieira guianensis na área do biota; associação positiva entre xaxim (Dicksonia
sellowiana) e espécies de restinga para estruturação da vegetação; distribuição espacial de sementes por hidrocoria nas praias e bancos de areia; distribuição espacial de Callophylum
brasiliensis a partir da linha de maré na vegetação de duna da Praia do Itacuruçá
Distribuição de sementes pode ajudar a entender o aporte de sementes na vegetação das praias como recurso na
área no entorno; distribuição do Callophyllum brasiliensis pode ajudar a entender processos de retração da
vegetação de duna; minha pesquisa “Associação positiva entre xaxim e outras espécies de restinga” pode ajudar na conservação de áreas do entorno da APAMLS indicando
possíveis áreas de atenção a essa espécie e para os ecossistemas
Conservação do entorno das espécies e ecossistemas de
duna e restinga
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
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2.6.3.2.2 Interações Foi solicitado ao grupo que identificasse as atividades que ocorrem na área da APAMLS e suas interações, sintetizadas no Quadro 13. Além do preenchimento do quadro, o grupo também fez o mapeamento das atividades.
Quadro 13 – Interações presentes no território da APAMLS, Grupo Entidade de Ensino e Pesquisa e Pesquisadores.
Conflitos Tensões
Pesca ilegal
Arrasto em locais proibidos
Redes fora da especificação e fora da área
Pesca grande porte x pesca pequeno porte
Pesca artesanal x pesca amadora
Necessidade de divulgação e educação
Fiscalização
Captura incidental
Pesca amadora: falta de licença e uso de equipamentos não permitidos; ocorre mortalidade dos reprodutores mesmo depois da soltura
Juréia: pesca sub ilegal, esforço elevado e pouco olhar da gestão
Pesca de tubarões, raias e serranídeos
Falta de documentação dos pescadores
Boqueirão Sul: concentração de pesca amadora
Problemas sociais e de condições de vida e trabalho da tripulação da pesca industrial
Falta de comprometimento dos órgãos gestores
Processos participativos
Regionalização
Lixo marinho e fauna
Especulação imobiliária e urbanização
Conflito de turismo de sol e mar na Ilha Comprida
Aquicultura/ maricultura
Projetos off shore
Espécies exóticas
Projetos para dispositivos antiarrasto na Ilha Comprida
Recifes artificiais
ARIE do Guará
Aquicultura
Pressão imobiliária
Turismo
Valo Grande
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
2.6.3.2.3 Potencialidades e fragilidades O grupo identificou as potencialidades e fragilidades mostradas no Quadro 14.
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Quadro 14 – Potencialidades e fragilidades, Grupo Entidade de Ensino e Pesquisa e Pesquisadores.
Potencialidades Fragilidades
Áreas de pouso de aves
Pesca amadora é muito forte economicamente no estuário
Base de apoio para pesquisa
Atrativos para mergulho na APAMLS
Bird watching
Ilha da Figueira com potencial de pesca amadora ordenada
Pesca amadora ordenada na praia (Ilha Comprida)
Turismo para veleiros (falta infraestrutura)
Turismo de base comunitária (integrado e fomentado)
Encalhes de animais marinhos e falta de locais para destinação com condições adequadas
Educação ambiental
Parcelamento de atividades de ONG ambientais (falta articulação)
Gestão de pesquisa na área da APAMLS
Problemas na Ilha do Bom Abrigo devido à sobreposição de gestão federal/ estadual, falta de conservação do patrimônio histórico, áreas com erosão, introdução de espécies domésticas e lixo
Projeto recifes artificiais
Falta pesquisa para subsidiar possível recategorização da Ilha do Bom Abrigo
Poluição
Frota náutica gera impactos com o descarte de óleo, tinta anti-incrustante e lixo
Água de lastro dos navios que passam pelo entorno da APAMLS
Rejeitos de pesca
Lixo e óleo
Efluentes de lavagem de porão/ convés
Esgoto doméstico
Contaminação por organoclorados e chumbo(natural)
Contaminantes já foram encontrados nos tecidos de aves, botos e bagres (bagre-congo)
ARIE do Guará: sofre impactos devido à contaminação do Rio Ribeira
Lixões
Petróleo
Porto de Paranaguá
UC nem sempre é inserida nos processos de licenciamentos
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
2.6.3.2.4 Percepção do território Durante o exercício para identificação das áreas consideradas prioritárias para conservação e/ou restauração, o grupo preferiu levantar alguns pontos que poderiam ser utilizados como critérios. Consideraram a possibilidade da definição se basear em área (ou seja, limites
geográficos). Destacaram a necessidade de considerar aspectos biológicos das espécies que
habitam certos ambientes, como, por exemplo, o ciclo de vida longo e a fragilidade de algumas espécies de peixes que habitam costões rochosos.
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Definir quais espécies seriam alvo dos critérios de zoneamento. Por exemplo, áreas de concentração de serranídeos e outras espécies de ciclo de vida longo podem demandar um zoneamento diferenciado nos costões e parcéis, visto que a idade reprodutiva dessas espécies é tardia e, por isso, a taxa de repovoamento ou de manutenção das populações é baixa. Dessa forma, indicaram costões e parcéis importantes para essas espécies.
Considerar o ciclo de vida das espécies, levando em conta quais locais são utilizados para desova até chegarem na idade reprodutiva e garantir que os estoques serão repostos.
Considerar legislação pesqueira e normas marinhas, ao propor novo zoneamento; considerar as áreas de exclusão ou restrição de pesca já existentes, como, por exemplo, para o arrasto de camarão, pois o camarão ocorre dos 7 aos 20 metros de profundidade. Já existe limitação de área pela legislação (1,5 mn para arrasto motorizado, isso no LS já cai próximo dos 10 metros), portanto sobraria ainda uma área para o arrasto após os 10 metros de profundidade, o que já atenderia em parte as reivindicações dos próprios pescadores (pescadores de emalhe sugeriram uma área de limitação da pesca industrial, principalmente arrasto).
Considerar as normas de navegação e segurança da Marinha. Considerar os impacto gerados por possível alteração, nos aspectos
socioeconômico devido ao zoneamento, por exemplo: regulamentação de áreas onde ocorrem muitas atividades turísticas (qual seria o impacto do zoneamento na economia).
Considerar o zoneamento em áreas em que a atividade turística é muito intensa. O grupo trabalhou a percepção do território diretamente no mapa LS_04_007 (Anexo 3). 2.6.3.2.5 Conclusões Ao termino dos trabalho, o grupo levantou algumas questões que podem influenciar a elaboração do PM: De quem é a responsabilidade da gestão das praias? Da Prefeitura de Ilha
Comprida, da APA Ilha Comprida ou da APAMLS? Ordenamento da APAMLS: quais os limites para criação de normas restritivas,
considerando que é uma UC de Uso Sustentável? Essas questões foram levadas para discussão na plenária final. No entanto, não foi feita uma síntese conclusiva sobre todo o conteúdo discutido durante o dia. 2.6.3.3 Grupo de Interesses Difusos A Figura 12 mostra o grupo desenvolvendo trabalhos.
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Diagnóstico participativo – APAMLS 61
Figura 12 – Primeira Oficina de Diagnóstico Participativo, Grupo Interesses Difusos.
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
2.6.3.3.1 Usos e atividades identificados no território As atividades desenvolvidas por este grupo foram detalhadas no Quadro 15.
Quadro 15 – Usos e atividades, Grupo de Interesses Difusos.
Entidade Atividade (APAMLS) Público-alvo Novos projetos
Associação Rede Cananéia
Apoio para as atividades da Colônia Z-9;
Facilitação de coletivo de valorização da pesca artesanal
Fortalecimento de organizações do terceiro setor (localizadas em Cananéia)
Campanha da pesca artesanal
Moradores do município de Cananéia ligados às organizações sociais e grupos organizados
Pescadores
Grupos associados na Rede
Campanha para comercialização e valorização da pesca artesanal
Projeto de empreendedorismo comunitário
Assessoria para a colônia de pescadores em políticas públicas e comunicação
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Diagnóstico participativo – APAMLS 62
Entidade Atividade (APAMLS) Público-alvo Novos projetos
Lassus – Instituto Laços para Soluções Sustentáveis
Geração de negócios sustentáveis
Valorização da cultura caiçara
Turismo sustentável
Promoção da arte caiçara
Comunidades caiçaras
Foco ao longo da estrada que liga Iguape à Barra do Ribeira
Toca do Bugio/ Icapara/ Vila Nova/ Aquários
Caiçara em cena
Crowdfunding – restaurante caiçara na Vila Nova
Espaço cultural Galpão das Artes
Culinária caiçara
Eventos de promoção da cultura caiçara
Arte caiçara
Instituto Ambiental Vidágua
Membro do conselho da APAMLS
Recuperação de áreas degradadas (Rio Ribeira)
Educação ambiental
Comunidades ribeirinhas e produtores rurais
Crescer para o Futuro
Membro do conselho da APAMLS e da APA Ilha Comprida
Filhos de pescadores
Ações educativas
Ações na área ambiental/ uso da APAMLS
Ações na área de turismo
Crianças e jovens em situação de risco
População residente
Turista com informações
População em geral
Oficina de Luthier (construção e consertos de instrumentos musicais)
Ampliar a visão do mundo
Resgate de cultura
Oficina de educação ambiental
Monitores mirins
Camerata de Rabeca
Cidadania
COOPER Canes Coleta de material reciclável (mar)
Catadores de Cananéia
Coleta de material retirado do mar
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
2.6.3.3.2 Interação e Percepção
O grupo identificou as diferentes interações que ocorrem no território, de acordo com Quadro 16 e o mapa LS_04_006 (Anexo 3).
Quadro 16 – Interações de uso, Grupo ONG.
Conflitos Tensões
Pesca subaquática com uso de cilindro Atividades da Petrobras (testes de sísmica, trânsito de embarcações, derramamento de óleo etc.)
Pesca artesanal e pesca industrial Esgotamento dos pescadores artesanais
Pesca com explosivo e carbureto Aumento dos animais marinhos mortos
Marginalização da cultura caiçara e da atividade de pesca
Fechamento da barragem do Canal do Valo Grande (questionam se deve ser feito)
Necessidade de destinação correta dos resíduos sólidos
Conflitos entre pesca artesanal e amadora
Conflito entre pesca amadora e turistas/ banhistas
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
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Diagnóstico participativo – APAMLS 63
2.7 Avaliação dos participantes
Ao final de cada oficina, os participantes receberam uma ficha de avaliação (Anexo 4), com questões de múltiplas escolha (ótimo, bom, ruim) e um espaço para contribuições. Os resultados, em números absolutos, são apresentados abaixo. De modo geral, o Segmento 1 avaliou positivamente todos os itens, com destaque para aspectos de logística, como mostra a Figura 13.
Figura 13 – Avaliação dos participantes, Segmento 1.
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
Do mesmo modo, o Segmento 2 também avaliou positivamente a oficina, conforme Figura 14.
Figura 14 – Avaliação dos participantes, Segmento 2.
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
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Diagnóstico participativo – APAMLS 64
De igual maneira, a avaliação do Segmento 3 foi positiva (Figura 15).
Figura 15 – Avaliação dos participantes, Segmento 3.
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
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3 SEGUNDA RODADA DE OFICINAS DE DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO Este capítulo descreve os objetivos e agenda, a infraestrutura e logística, a metodologia, os materiais de apoio, o roteiro e os resultados da Segunda Rodada de Oficinas. 3.1 Objetivos e agenda
A realização da Segunda Rodada de Oficinas de Diagnóstico, no âmbito da elaboração do Diagnóstico Participativo, tinha como objetivos: Apresentar aos grupos os resultados das Primeiras Oficinas para dar
continuidade ao trabalho. Apresentar aos participantes os dados preliminares do Diagnóstico Técnico. Aprofundar temas relevantes que foram tratados nas Primeiras Oficinas:
problemas, potencialidades e lacunas de conhecimento. As oficinas ocorreram conforme a seguinte agenda: Segmento 1: 7 de novembro de 2013. Segmento 2: 6 de novembro de 2013. Segmento 3: 5 de novembro de 2013. 3.2 Infraestrutura e logística
Assim como na Primeira Rodada de Oficinas de Diagnóstico Participativo, foi oferecido aos pescadores artesanais transporte para que pudessem comparecer à oficina em Iguape, onde as reuniões foram realizadas. A escolha por Iguape, conforme já explicitado, deveu-se à necessidade de um local que comportasse no mínimo 100 pessoas e com espaço para trabalhos em grupos. Para o Segmento 3, transporte e reembolso de combustível também foram disponibilizados, assim como na Primeira Oficina. Também foram assegurados café-da-manhã, almoço e café-da-tarde para todos os participantes. 3.3 Metodologia
Para essa Segunda Oficina, foi possível construir um roteiro mais homogêneo para os três segmentos. A metodologia adotada buscou detalhar os problemas e as potencialidades presentes no território, buscando sempre manter relação com o zoneamento – próxima etapa do processo –, de modo a subsidiar a elaboração de cenários futuros, a proposta de resolução de problemas e o estímulo às potencialidades. Os grupos foram organizados da mesma forma que na primeira rodada de oficinas.
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Diagnóstico participativo – APAMLS 66
Conforme descrito no item 3.6.3, o Segmento 3 não concluiu as atividades previstas no roteiro inicial. Isso porque a plenária inicial, em função das discussões que ocorreram, teve um tempo de duração maior do que o previsto, tendo em vista o debate provocado durante as apresentações dos dados preliminares do DT e do DP, bem como pelas limitações da metodologia adotada. Sendo assim, os exercícios previstos para os trabalhos em grupos não foram concluídos e a plenária final não ocorreu. Com o objetivo de concluir os exercícios, em janeiro de 2014 foi enviado a todos os participantes uma tabela para que preenchessem as matrizes que não foram concluídas. As matrizes que retornaram preenchidas estão no Anexo 5. 3.4 Materiais de apoio
Para assegurar o desenvolvimento dos roteiros adequadamente, foram organizados materiais de apoio às oficinas. Além de material didático (canetas, pincéis atômicos, cartelas, flipcharts etc.), foram produzidos 130 mapas (formato A0), dos quais aproximadamente 30 foram utilizados pelos participantes nas oficinas e os demais serviram como fonte de consulta para os organizadores e reserva de material. 3.5 Roteiro das oficinas
No Segmento 2, o trabalho em grupos foi feito com: (i) Grupo Atividades Industriais, Estruturas Náuticas, Turismo/ Esportes Náuticos, Pesca Amadora; e (ii) Grupo Pesca Industrial. No Segmento 3, os grupos foram compostos por: (i) Grupo Poder Público; (ii) Grupo Entidades de Ensino e Pesquisa, Pesquisadores e Interesses Difusos. As Segundas Oficinas foram, como as Primeiras, divididas em três momentos: abertura, apresentação do Diagnóstico Técnico e sistematização da oficina do Diagnóstico Participativo; trabalho em grupos; e plenária final (Anexo 1). A plenária inicial das oficinas ocorreu da seguinte forma: Abertura e apresentação do roteiro das atividades: após uma fala inicial da
gestora da APAMLS, o moderador apresentou os objetivos da oficina, explicou quais seriam as atividades e dinâmicas e acordou os horários com o grupo.
Apresentação dos resultados das primeiras oficinas e do diagnóstico técnico: foi feita uma apresentação com os resultados das oficinas de diagnóstico participativo e com os dados preliminares do diagnóstico técnico. Em seguida, foi aberta a palavra para comentários dos participantes.
O trabalho em grupos para aprofundamento dos temas previa:
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Diagnóstico participativo – APAMLS 67
Apresentação e discussão de mapas, elaborados a partir da sistematização das informações das Primeiras Oficinas.
Elaboração das matrizes de problemas e potencialidades: o moderador apresentou uma relação de problemas e potencialidades identificados na Primeira Rodada e, a partir dela, o grupo realizou correções e complementações, especificamente em relação a questões que poderiam estar envolvidas mais diretamente com o futuro zoneamento da APAMLS. Depois de listar potencialidades e problemas, foram desenvolvidas duas matrizes. Na matriz de problemas foram trabalhadas as seguintes questões: por que o tema era considerado um problema, suas consequências, aonde o problema ocorria e quais os atores envolvidos. Na matriz de potencialidades foram trabalhadas as seguintes questões: por que a potencialidade existe, suas limitações e quais os atores envolvidos.
A plenária final contou com as seguintes etapas: Apresentação dos resultados dos grupos: foram apresentadas as matrizes de
problemas e potencialidade e, em seguida, feito um debate. Discussão dos próximos passos: o moderador apresentou os representantes
eleitos na primeira fase e foi feita uma discussão sobre as próximas etapas. Avaliação e encerramento: o moderador solicitou que cada participante
avaliasse, em uma palavra, como foi o dia de trabalho. Todos os grupos trabalharam de forma semelhante, seguindo o roteiro estabelecido. 3.6 Resultados
Os resultados da Segunda Rodada de Oficinas são apresentados, por segmento, nos itens seguintes.
3.6.1 Segmento 1: pesca artesanal
A oficina para o Segmento 1 foi realizada no dia 7 de novembro de 2013, no salão paroquial da Igreja Matriz de Iguape. Estiveram presentes 29 pessoas, de acordo com a Tabela 12. Os participantes foram divididos de acordo com as artes de pesca que praticam: Grupo Arrasto e Grupo Emalhe.
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Figura 16 – Plenária inicial da Segunda Oficina de Diagnóstico participativo, Segmento 1.
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
Tabela 12 – Número de participantes por arte de pesca.
Emalhe Arrasto Outras artes de pesca Outros Total de participantes
17 6 -
6
(Prefeitura de Ilha Comprida, Fundação
Florestal, pesca amadora e Associação do Marujá)
29
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
3.6.1.1 Abertura Foi feita uma apresentação com o resumo das informações do Segmento 1 produzidas na Primeira Oficina. Em seguida, os grupos foram divididos. 3.6.1.2 Grupo Arrasto As atividades desenvolvidas foram de validação dos mapas e de elaboração da matriz de potencialidades e problemas. 3.6.1.2.1 Validação dos mapas Foi feita uma apresentação da sistematização do trabalho da primeira fase e o grupo
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Diagnóstico participativo – APAMLS 69
fez considerações diretamente no mapa (Anexo 3) sobre atividades que realizam enquanto não realizam arrasto, tais como o lanço de praia para capturar tainha entre o Boqueirão Sul e Foles. No entanto, indicaram também a possibilidade de haver quem praticasse o lanço de praia até a Barra de Icapara, mas não estavam certos para afirmar. 3.6.1.2.2 Matriz de potencialidades e problemas A partir das questões apontadas pelo grupo na Primeira Oficina, foi apresentada uma lista de problemas e potencialidades, discutida e validada pelo grupo. Em seguida, o grupo completou o exercício de acordo com o Quadro 17 e o Quadro 18.
Quadro 17 – Matriz de potencialidades.
Potencialidades Por quê? Limitações Atores envolvidos
Maior cuidado com as barras
Entrada de espécies para desova
Risco - dragar o canal atrapalha a entrada de peixes (Barra de Cananéia)
Pesca industrial
Petrobras
Governo/ Meio Ambiente
Dragagem permitiria entrada de barcos maiores e aumentaria o esforço pesqueiro na Barra
Marcio França – deputado
IBAMA/ICMBio
Ilhas como locais de proteção ao pescador
Área de abrigo das espécies Falta de farol e manutenção dos que já existem
Pescadores – todos
Comunidade do Cambriú
Abrigo para descanso do pescador (principalmente a Ilha do Bom Abrigo)
Cambriú e Castilho – na área de 1 km ao redor das ilhas é proibido pesca/ ancoragem
ESEC de Tupiniquins
Turismo Náutico
Maior cuidado com as áreas de costa
Áreas de abastecimento de estoques (espécies encostam nos 5 m de profundidade antes de entrar na barra)
Pesca industrial arrasto perto da costa – feita por grandes embarcações
Pescadores
Em algumas épocas do ano é área de crescimento do camarão-sete-barbas (dezembro)
Pesca de lanço redondo Meio Ambiente/ Governo
Turismo sustentável
Incentiva a conservação da região (precisa manter atrativos)
Falta de incentivo de outros atrativos
Prefeituras
Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP)
Sobrecarga de turismo – infraestrutura da cidade
Pescadores
Quiosques
Geração de emprego e renda
Falta de planejamento Escolas
Turistas
Falta de educação ambiental
Empresários (mercado, venda etc.)
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Potencialidades Por quê? Limitações Atores envolvidos
População como um todo
Pesca amadora de vara
Gera renda pela compra de iscas, locação de barcos, piloto/ roteiro
Pouca captura com vara e próximo às praias
Pescadores amadores
Barqueiros
Marinas
Fiscalizadores
Não afeta o ambiente Falta de embarcações estruturadas para o turismo de pesca
Piloteiros
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
Quadro 18 – Matriz de problemas.
Problemas Por quê? Consequências Onde está
localizado? Atores envolvidos
Pesca amadora com redes (ilegal)
Atrapalha a atividade do artesanal (lanço, caceio, estaqueada)
Tira a renda e o ponto de pesca do pescador de emalhe
ARIE do Guará
Moradores que não tem carteirinha
Alguns pescadores que levam turista para pescar
Abandonam as redes que causam pesca fantasma
Boca de manguezal
Turistas de fora
Captura mais pescados sem critérios/ sem conhecimento adequado
Peixe foge das redes abandonadas pelos pescadores amadores
Praia Ilha Comprida
Órgãos fiscalizadores
Poitões de aquicultura - 4 estruturas
Não está sinalizado e está desativado
Perda de equipamentos de pesca
Fora do Costão do Bom Abrigo
TWB (empresa que realizava criação de bijubira parambiju)
MPA
Grande investimento sem cumprir objetivo/ retorno para comunidade
Causa acidentes de navegação
Pescador
Redondo (caracol) Industrial
Captura peixe ovado (industrial e artesanal)
Diminui a manutenção da criação de peixe
Perto da costa, dentro dos 2 m até os 10 m de profundidade
Donos dos barcos de pesca industrial
Outros pescadores
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Problemas Por quê? Consequências Onde está
localizado? Atores envolvidos
Esforço de pesca é maior - tempo/ equipamento Acaba com peixes da
área
Fiscalização
Pesca em local de alta produtividade
Marinha do Brasil
Traineira
Esforço de pesca muito grande
Não deixa a tainha chegar
Em toda a APAMLS, onde estiver o cardume grande
Donos de barcos
Deputados- políticos
Mestre do barco
Uma vez um lanço pescou mais que toda a produção dos municípios em 4 anos
Marinha
Pesca a tainha desde a saída no RS (Lagoa dos Patos)
Pesca muita coisa de uma vez
Mais problema quando próximos da costa. Devia atuar para fora dos 15 m
IBAMA
Barcos equipados e muitos barcos
Perseguem cardumes e acabam com o peixe
Empresários
Pesca subaquática
Pescam espécies proibidas e em locais proibidos
Diminuem peixes
Ilhas – Figueira, Bom Abrigo, Castilho, Cambriú Costões da Ilha do Cardoso ao Cambriú
Mergulhadores
Piloteiros
Pescam a matriz e espantam peixes
Parcéis - de frente para a Barra, perto do Bom Abrigo entre 35 e 37 m de profundidade
Marinas
Fiscalização
Atuneiros (pescando isca viva)
Pesca peixe miúdo Não deixa os peixes criarem
Ilha do Bom Abrigo
Barcos desconhecidos
Fiscalização
Donos dos barcos
Empresas
Políticos
Estrangeiros
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
3.6.1.3 Grupo Emalhe O Grupo Emalhe também validou os mapas produzidos nas Primeiras Oficinas e
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Diagnóstico participativo – APAMLS 72
trabalhou na matriz de potencialidades e problemas. 3.6.1.3.1 Validação dos mapas Após a apresentação de todos os mapas produzidos na Primeira Oficina, o grupo fez uma série de observações. Solicitaram incluir: Prática de arrastão de praia, em toda área, de 0 a 10 m de profundidade. Caceio: de 5 a 12 m, “em cima” da arrebentação – incluir na porção sul da APA,
em toda a costa, incluindo o costão rochoso. Extrativismo: costões e praia (coleta de pegoava; marisco branco e corrupto para
subsistência e isca). Arrasto de praia (corrico): de 0 a 3 m ou de 0 a 5 m (há dois tipos de corrico). Solicitaram, ainda, corrigir: Unificar as legendas de “emalhe de fundo” (da arrebentação até uns 7 m de
profundidade) com a de “emalhe de fundo e superfície”; o grupo disse que raramente chega aos 12 m.
Espinhel: concordam com a região norte, mas é preciso checar a região sul. Arrastão: de 0 a 5 m. Organizar a legenda de acordo com as artes de pesca, por profundidade
(incluindo a faixa utilizada, por exemplo de 0 a 5 m). Linha de mão: o grupo não teve um entendimento do que foi chamado de “linha
de mão”, sugeriram trocar por catueiro. Rede estaqueada: na costa inteira (evitam locais com muitos banhistas), de 0 a
3 m; rede estaqueada de beira de praia também se pesca do tombo para a praia (sentido inverso).
Rede estaqueada/ poitada: poitada, de 5 a 12 m, em toda a costa. Estaqueada + picaré: deixar somente “picaré” e colocar em toda a praia (usado
para subsistência, pesca tainha e parati). Varejão: vara, no costão da Juréia (é menos praticada pelos caiçaras). Tarrafa: Barra do Ribeira e Marujá estão corretos; incluir as bocas de barra para
dentro e a ARIE do Guará toda. Venda de peixe para turista: Barra do Ribeira e Boqueirão Norte e Sul. Usos na ARIE do Guará: caceio, tarrafa, pesca amadora, pesca de manjuba
(com manjubeira e corrico, sendo que o último é proibido, mas acontece); linhada de mão; vara de caniço/ molinete; rede de fundo (espera) com malha grande para pesca de robalão e pescada amarela; Jerivá para pitu (para isca); extração de caranguejo e bicho do lodo (muçum/ mossorongo). Todas as artes de pesca ocorrem em toda a área, não havendo locais específicos.
As informações estão representadas no mapa LS_04_001 (Anexo 3).
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Diagnóstico participativo – APAMLS 73
3.6.1.3.2 Matriz de potencialidades e problemas O grupo, após validar as potencialidades, organizou-as por prioridade por meio de votação, conforme apresentado no Quadro 19.
Quadro 19 – Priorização das potencialidades, Grupo Emalhe.
Potencialidade Número de votos
Maior cuidado com área de 0 a 1 milha (12 m de profundidade) 9
Maior cuidado com as barras 8
Pesca amadora responsável 5
ARIE do Guará 4
Recifes artificiais 3
Pontas da Ilha Comprida 3
Juréia e manguezais da Juréia 2
Costões 1
Maricultura 1
Parcéis (Parcel do Una) 0
Pesca esportiva (cota zero) 0
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
Após o processo de levantamento de potencialidades e priorização através de votação, o aprofundamento da discussão sobre as potencialidades produziu as informações vistas no Quadro 20.
Quadro 20 – Matriz de potencialidades, Grupo Emalhe.
Potencialidades Por quê? Limitações Atores envolvidos
Maior cuidado com área da praia até a primeira milha (12 m de profundidade)
Área da pesca artesanal
Pesca industrial e
pesca feita por embarcações com motores potentes
Órgãos fiscalizadores e gestores (Marinha, ICMBio, FF, MPA e outros)
Onde o peixe se concentra Usuários (pescadores)
Garante a manutenção do estoque Prefeitura
Mantém a atividade artesanal
Maior cuidado com as barras
Entrada e saída de peixes para reprodução, criação e desova (no estuário)
Clima
Governo (todas as esferas)
Concentração de cardumes
Pesca na barra, inclusive pesca com vara (mesmo sendo proibido)
Área de mistura de águas havendo mais alimento para os peixes
Assoreamento e estreitamento, prejudicando a entrada de peixes
Ministério do Meio Ambiente
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Potencialidades Por quê? Limitações Atores envolvidos
Pesca amadora responsável
Atrativo turístico
Controlar a cota para pescar
Fundação Florestal
Fonte de renda alternativa para o pescador
Secretaria do Meio Ambiente
Ajuda a preservação de espécies
Ainda existe falta de preparo dos piloteiros, fazendo-se necessária capacitação
Outros órgãos fiscalizadores, marinas, piloteiros, clubes de pesca
ARIE do Guará
Ninhais: presença de aves migratórias, atrativo turístico, potencial para visitação, observação de aves com passeio monitorado
Turismo desordenado Agentes de turismo
Barulho Órgãos de fiscalização
Poluição química e lixo Prefeituras
Valo Grande influencia negativamente Guias e pessoas que
trabalham com turismo
Omissão dos órgãos públicos (prefeituras e secretarias)
Voo de ultraleve
Secretarias de turismo das prefeituras
Ausência de capacitação para guias de turismo
Costões Extração de mudas de mexilhão para subsistência
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
Em seguida, o grupo priorizou os problemas listados na Primeira Oficina (Quadro 21) e elaborou uma matriz para aprofundar a discussão . Vale mencionar que, ao priorizar os problemas para trabalhar na matriz, muitos quiseram escolher como problema principal a dificuldade de obter documentação das embarcações. Porém, os moderadores orientaram os participantes a escolher temas relacionados ao zoneamento (descartando temas como fiscalização, lixo e documentação).
Quadro 21 – Priorização dos problemas, Grupo Emalhe.
Problema Votos
Pesca de arrasto, feito por pescadores industriais
Pesca com motor com maior potência (industrial ou artesanal) 3
9
Pesca industrial – emalhe 6
Traineiras 6
Moto aquática em alta velocidade 4
Valo Grande 3
Poluição do Rio Ribeira de Iguape 2
Acesso da embarcação ao mar na alta temporada (banhistas) 1
Falta de sinalização para navegação 1
3 Os dois itens tiveram o mesmo número de votos.
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Problema Votos
Pesca amadora desordenada 1
Assoreamento das barras 0
Pesca subaquática com cilindro 0
Pesca de lagosta nas ilhas 0
Lixo Não permaneceu na matriz final
Diminuição do recurso pesqueiro Realocado
Falta de fiscalização Retirado (gestão)
Dificuldade de conseguir documentos Retirado (gestão)
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
Quadro 22 – Matriz de problemas, Grupo Emalhe.
Problemas Por quê? Consequências Onde? Atores?
Pesca industrial – arrasto
Pesca com motor com maior potência (industrial ou artesanal)
Pode estragar redes da pesca artesanal; é predatória; acontece muitas vezes em local proibido; pesca muito próxima à costa
Rejeito de pescado; diminuição do pescado; gera conflito entre as categorias de pescadores; destrói a rede do artesanal; descarte dos rejeitos de pescado
Toda a costa, a partir da arrebentação, mas é pior de Pedrinhas até Juréia (divisa com a APAMLC)
Polícia Ambiental; Marinha; Fundação Florestal; ICMBio; pescadores industriais, principalmente dos Estados de SC e PR (as embarcações de Guaratuba são as maiores); pescadores não industriais mas com barco potente; IBAMA; Ministério da Pesca
Pesca industrial – emalhe (caracol)
Destrói a rede do artesanal; pesca muito próximo à costa; redes muito grandes e esforço de pesca intenso; trabalham 48 h direto
Rejeito de pescado; diminuição do pescado; conflito entre categorias; desperdício de peixe, pois a quantidade pescada não cabe no barco, não conseguindo recolher
Toda a costa de Pedrinhas até Juréia; toda a costa, 3 m de profundidade
Polícia ambiental; Marinha; Fundação Florestal; pescadores industriais; pescadores não industriais mas com barco potente; IBAMA; Ministério da Pesca
Cerco de traineiras
Lance na boca da barra; pescam toneladas em um lance; equipamentos modernos (sondas) para localizar os cardumes; perseguem os cardumes
Diminuição do pescado; conflito entre categorias; pesca predatória
Na costa inteira Polícia Ambiental; Marinha; Fundação Florestal; pescadores industriais; IBAMA; Ministério da Pesca
Moto aquática em alta velocidade
Causa acidentes; bagunça cardumes; imprudência; andam de forma errada
Conflito entre usuários; espanta as aves da ARIE do Guará; desfazem cardumes
Em todo estuário; Bom Abrigo; ARIE do Guará; praias
Polícia ambiental; Marinha; Fundação Florestal; IBAMA; Ministério da Pesca; fiscalização de outras UC; proprietários de jet ski; prefeituras, veranistas
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Problemas Por quê? Consequências Onde? Atores?
Valo Grande Depreda os filhotes de alevinos que chegariam à costa; assoreamento do estuário e das barras; mudou a salinidade e fluxo da água; desvio do Rio Ribeira; erosão da Praia do Leste (que já não existe mais)
Assoreamento; alterou vida marinha para de água doce; manguezais foram prejudicados; prejudica a maricultura; capim/ braquiária exótica/ aguapé substituindo mangue; atrapalhou a pesca; prejudicou o estuário do Lagamar (berçário); trouxe mais poluição pelo Canal do Valo Grande
Rio Ribeira e Valo Grande; ARIE do Guará; todo o estuário; barras; costa
Governo do Estado; CETESB; Ministério Público; órgãos fiscalizadores (todas as esferas); órgãos de gestão; bananeiros; mineradores; todos os órgãos de monitoramento da área
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
Durante a discussão dos problemas, o grupo levantou as seguintes questões: Os cercos industriais não devem chegar mais perto que os 8 m de profundidade,
mas seria melhor ainda se não se aproximassem mais que os 10 m de profundidade.
A Marinha é considerada envolvida com o problema relacionado à prática de atividades irregulares, pois o cadastro e regularização das embarcações nem sempre são feitas adequadamente ou no tempo correto, o que faz com que muitas embarcações operem sem estarem regularizadas, ou enquadradas erroneamente com permissão para atuar em locais mais próximos da costa do que deveriam. uma vez que há embarcações que realizam a prática do redondo e não estão cadastradas adequadamente, por isso atuam mais perto do que deveriam.
Apesar da proibição, atuneiros capturam sardinhas filhotes e também pescam outros peixes miúdos perto da costa e, principalmente, ao redor da Ilha do Bom Abrigo para fazer de isca para a pesca de atum; esses barcos vêm de fora do litoral sul, supostamente de Santos e Paraná, e muitas empresas exportadoras de atum estão envolvidas.
Deveria haver maior fiscalização pelos órgãos competentes. 3.6.1.4 Plenária
Após a apresentação dos grupos, foram realizadas as seguintes discussões: Quando o Grupo Arrasto apresentou o problema dos poitões de aquicultura
desativados, o Grupo Emalhe fez uma observação de que não há apenas quatro, mas sim nove deles e que esse problema já foi discutido no Conselho, mas para a Marinha a presença dos poitões não apresenta problema.
Há necessidade de limitação de redes dos barcos, mas houve entendimento de que esse tipo de proposta deve ser discutido na oficina de Programa de Gestão.
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Falta passar informação sobre o processo do PM para deixar claro que o trabalho não está limitado apenas às oficinas de Diagnóstico.
Houve o pedido de registrar que, para os presentes, os problemas na obtenção de documentação e os problemas enfrentados com a fiscalização são muito relevantes, e só não foram priorizados em função da metodologia adotada.
Foram feitos alguns esclarecimentos sobre as próximas etapas do PM e lido os nomes dos representantes escolhidos durante as reuniões de apresentação. Considerando que vários representantes não estavam presentes, ficou combinado que, na próxima oficina, será feita a validação deles e, caso necessário, escolhidos novos representantes.
3.6.2 Segmento 2: outros setores produtivos e usuários
A oficina do Segmento 2 contou com a participação de 22 pessoas, conforme a Tabela 13.
Tabela 13 – Participantes na Segunda Oficina, Segmento 2.
Pesca Industrial Turismo/Pesca
amadora/Esportes náuticos/Marinas
Atividades Industriais
Demais
Número de participantes
8 10 1 3
Descrição dos participantes
Sindicato dos Armadores de Pesca do Estado de São Paulo - SAPESP
Federação Paulista de Pesca Esportiva
Petrobras Jornal Regional
Donos de embarcação de pesca
Piloteiros Coletivo Fórum Caiçara
COMTUR Fundação Florestal
Marina Utamaru
Associação Vivamar
Associação AMOMAR
Associação de moradores de Cananeia
Diretoria de Turismo
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
3.6.2.1 Abertura Após a apresentação dos resultados preliminares do Diagnóstico Técnico e da sistematização dos resultados das Primeiras Oficinas, foram feitos alguns esclarecimentos aos participantes.
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Diagnóstico participativo – APAMLS 78
3.6.2.2 Grupo Atividades Industriais, Turismo e Pesca Amadora A oficina do Segmento 2 (Figura 17) teve a participação dos grupos Atividades Industriais, Turismo e Pesca Amadora.
Figura 17 – Segunda Oficina, Grupo Atividades Industriais, Turismo e Pesca Amadora.
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
3.6.2.2.1 Validação dos mapas Após a apresentação dos mapas produzidos, a partir das informações obtidas nas Primeiras Oficinas, o grupo fez as seguintes observações: Pesca subaquática: marcar o ponto do naufrágio “Tutóia”, na Ilha Comprida;
aparentemente, existe uma equipe de pesca que sai do Rocio para praticar pesca subaquática no local; incluir a modalidade também na Barra do Ararapira e na Ilha do Castilho.
Mergulho: incluir ilhas Castilho e Figueira pois, segundo os participantes, são os locais onde mais ocorre a atividade.
Pesca amadora desembarcada: ocorre em toda a extensão da praia, com maior concentração no Vilareggio, a 9 km da saída do Boqueirão Sul para o Norte. Nas praias da Ilha do Cardoso não ocorre tanto, pois o acesso é mais difícil; nos costões da Ilha do Cardoso, a atividade ocorre principalmente para subsistência dos moradores locais, embora alguns turistas também pesquem em menor
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Diagnóstico participativo – APAMLS 79
intensidade; além disso, a atividade também ocorre na Barra do Ribeira, Barra de Icapara e na Juréia, a até 3 km do costão.
Pesca amadora embarcada: Parcel do Una, naufrágio “Tutóia”, sendo o Boqueirão Norte o ponto de partida; incluir ilhas do Cambriú, Castilho e Figueira, região entre a Barra de Cananéia e o limite sul da APAMLS, costões de Foles e do Marujá; há vários parcéis que não estão indicados no mapas (ex. Parcel do Moleque, na direção da saída da Barra de Cananéia, aproximadamente na isóbata de 5 m) onde também ocorre a atividade.
Trilhas: existem duas trilhas na Ilha do Bom Abrigo (trilha do farol e da antiga armação baleeira); Trilha do Marco do Itacuruçá até o costão (Ilha do Cardoso); Trilha do Prelado até o costão da Juréia; Trilha do Juruvaúva (praia/ contorna as dunas/ praia).
Turismo de sol e mar: faltaram vários pontos importantes no mapa, incluir praias da Ilha do Cardoso e ponta norte da Ilha Comprida (ARIE do Guará).
3.6.2.2.2 Potencialidades e problemas O grupo inicialmente fez uma listagem das potencialidades a partir das informações produzidas nas Primeiras Oficinas: Eventos e esportes náuticos. Passeio ciclístico pela praia. Passeio de quadriciclo pela praia (Ilha Comprida). Ecoturismo. Widsurf, surf, kitesurf, carro à vela. Ilhas da Figueira, Castilho, Cambriú, Bom Abrigo. Parcéis. Barras. ARIE do Guará. Praias. Mergulho. Turismo pedagógico/ estudo do meio (na ARIE do Guará). Turismo de base comunitária. Fortalecimento do artesanato local. Recifes artificiais. A partir da listagem produzida, o grupo priorizou as potencialidades para detalhamento, de acordo com o Quadro 23.
Quadro 23 – Matriz de potencialidades.
Potencialidades Por quê? Limitações Atores envolvidos
Eventos de esportes náuticos e pesca esportiva
Atrativos naturais da região
Necessidade de novos ordenamentos Operadores e agências de turismo
Regulamentação marítima
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Potencialidades Por quê? Limitações Atores envolvidos
Geração de renda
Formação de monitores capacitados Órgãos públicos de gestão e fiscalizadores (Marinha, SMA, Polícia Militar Ambiental, outros)
Necessidade de conservação dos atrativos
Mensurar/ valorar – produzir dados econômicos para a atividade
Federação Paulista de Pesca (para capacitar pessoal para prestação de serviços e dar selos de pontuação para hotéis e pousadas para incentivar a pesca esportiva)
Dificuldade de obter linhas de crédito para desenvolver a atividade
Proximidade das capitais
Falta de fiscalização Pescadores artesanais locais que migram para a atividade, passando a trabalhar na pesca esportiva
Capacitação de pessoal para operar
lhas
Remanescentes de atrativos naturais
Necessidade de novos ordenamentos Operadores e agências de turismo Necessidade de monitoramento nas
trilhas do Bom Abrigo
Regulamentação marítima Órgãos públicos de gestão e fiscalizadores (Marinha, SMA, PMA, outros)
Falta de fiscalização
Necessidade de conservação dos atrativos Operadoras de
ecoturismo Falta de informação – turistas/ locais
Estudar a capacidade do local/ PM para o turismo
Federação Paulista de Pesca Trilhas no Bom
Abrigo Capacitação
Mergulho contemplativo
Mensurar/ valorar – produzir dados econômicos
Operadoras de mergulho Atrativo para pesca amadora (cota zero – pesca e solte, caso o local seja proibido)
Monitoramento das trilhas
Observação de aves marinhas e baleias (fauna em geral)
Formação de monitores Pescadores locais que migram para outras atividades
Abrigo náutico no Bom Abrigo
Inventário/ levantamento de coisas de interesse para o turismo
Piloteiros
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Potencialidades Por quê? Limitações Atores envolvidos
Barra
Remanescentes de atrativos naturais
Necessidade de novos ordenamentos Operadores e agências de turismo Regulamentação marítima
Passeios pelas barras
Falta de fiscalização Órgãos públicos de gestão e fiscalizadores (Marinha, SMA, PMA, outros)
Necessidade de conservação dos atrativos
Pesca amadora (cota zero)
Assoreamento Operadoras de ecoturismo Valo Grande (modifica o local)
Bom lugar para turismo pedagógico
Inventário/ levantamento de coisas de interesse para o turismo Federação Paulista de
Pesca Formação de monitores capacitados
Mensurar/valorar – produzir dados econômicos
Pescadores locais que migram para outras atividades Capacitação
Parcéis
Remanescentes de atrativos naturais
Necessidade de novos ordenamentos Operadores e agências de turismo
Formação de monitores capacitados
Órgãos públicos de gestão e fiscalizadores (Marinha, SMA, PMA, outros)
Inventário/ levantamento de coisas de interesse para o turismo Pescadores locais que
migram para outras atividades
Mergulho
Regulamentação marítima
Mensurar/valorar – produzir dados econômicos Operadoras de mergulho
Pesca amadora com limitação de número/ peso de peixes
Falta de fiscalização
Estudar a capacidade do local/ PM para o turismo Federação Paulista de
Pesca Necessidade de conservação dos atrativos
Recifes artificiais
Mergulho
Mensurar/ valorar – produzir dados econômicos/ custo para implantação
Operadoras de turismo
Pesca amadora
Órgãos públicos de gestão e fiscalizadores (Marinha, SMA, PMA, outros)
Aquicultura Necessidade de mais pesquisas Instituições de pesquisa
Coibir arrasto Legislação Operadoras de mergulho
ARIE do Guará Remanescentes de atrativos naturais
Necessidade de novos ordenamentos Operadores e agências de turismo
ELABORAÇÃO DOS PLANOS DE MANEJO DAS ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL MARINHAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
Consórcio
Diagnóstico participativo – APAMLS 82
Potencialidades Por quê? Limitações Atores envolvidos
Falta de fiscalização
Necessidade de conservação dos atrativos
Pesca amadora Falta de informação – turistas/ locais
Operadoras de ecoturismo
Órgãos públicos de gestão e fiscalizadores (Marinha, SMA, PMA, outros)
Observação de aves
Inventário/ levantamento de coisas de interesse para o turismo
Federação Paulista de Pesca
Esportes náuticos (canoagem, caiaque, banana boat)
Mensurar/ valorar – produzir dados econômicos
Lideranças
Geração de renda Necessidade de ordenamento Comunidades e moradores tradicionais
Proximidade das capitais
Poluição sonora causando interferência sobre as aves
Pescadores locais que migram para outras atividades
Turismo de base comunitária
Remanescentes de atrativos naturais
Falta de fiscalização Operadores e agências de turismo
Valorização da cultura local
Necessidade de conservação dos atrativos
Órgãos públicos de gestão e fiscalizadores (Marinha, SMA, PMA, outros)
Proximidade das capitais
Falta infraestrutura de serviço Operadoras de ecoturismo
Socializar a renda Falta de incentivo/ fomento Lideranças
Geração de renda
Falta de informação – desconhecimento da UC por turistas e falta de reconhecimento dos próprios moradores locais quanto ao potencial da atividade
Associações
Formação de monitores capacitados Comunidades e moradores tradicionais
Mensurar/ valorar – produzir dados econômicos
Pescadores locais que migram para outras atividades
ELABORAÇÃO DOS PLANOS DE MANEJO DAS ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL MARINHAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
Consórcio
Diagnóstico participativo – APAMLS 83
Potencialidades Por quê? Limitações Atores envolvidos
Esportes – surf, kitesurf, windsurf
Geração de renda
Necessidade de novos ordenamentos
Operadores e agências de turismo
Regulamentação marítima
Necessidade de conservação dos atrativos
Regulamentar áreas/ normas
Órgãos públicos de gestão e fiscalizadores (Marinha, SMA, PMA, outros)
Proximidade das capitais
Mensurar/valorar – produzir dados econômicos
Operadoras de ecoturismo
Praia – carro a vela na praia, passeio ciclístico, passeios motorizados
Remanescentes de atrativos naturais
Necessidade de novos ordenamentos Operadores e agências de turismo
Regulamentação marítima
Necessidade de sinalização Pescadores locais que migram para outras atividades Falta de fiscalização
Características naturais
Mensurar/ valorar – produzir dados econômicos Operadoras de
ecoturismo Necessidade de conservação dos atrativos
Capacitação
Órgãos públicos de gestão e fiscalizadores (Marinha, SMA, PMA, outros)
Estudo do meio/ turismo pedagógico
Remanescentes de atrativos naturais
Educar com os atrativos da região
Geração de renda
Valores das futuras gerações para conservação
Proximidade das capitais
Preservação
Educação ambiental
Necessidade de novos ordenamentos
Falta de fiscalização
Falta infraestrutura de serviço para receptivo
Formação de monitores capacitados para o local
Mensurar/ valorar – produzir dados econômicos
Necessidade de conservação dos atrativos
Órgãos públicos de gestão e fiscalizadores (Marinha, SMA, PMA, outros)
Operadoras de ecoturismo
Liderança
Comunidades e moradores tradicionais
Escolas
Operadores e agências de turismo
Pescadores locais que migram para outras atividades
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
A listagem dos problemas apontados pelo grupo foi consolidada da seguinte forma: Pesca subaquática irregular. Arrasto próximo à costa.
ELABORAÇÃO DOS PLANOS DE MANEJO DAS ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL MARINHAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
Consórcio
Diagnóstico participativo – APAMLS 84
Arrastão de praia envolvendo turistas. Pesca durante o defeso. Traineiras em área proibida. Parelhas (menos intensidade). Lixo/ lixo internacional (despejado de navios). Credenciamento de pescadores e piloteiros. Falta de capacitação. Pesca de emalhe próxima à praia e nas barras. Pré-sal: risco de óleo na costa. Em seguida, o grupo produziu a matriz de problemas, conforme Quadro 24. Dentre os problemas trabalhados na matriz, o grupo escolheu os mais importantes e/ou urgentes. Os votos estão descritos também no Quadro 24.
Quadro 24 – Matriz de problemas.
Problemas Por quê? Consequência Onde está localizado
Atores envolvidos
Lixo (4 votos)
Falta de educação
Impacto ambiental
Orla da Ilha Comprida
Órgãos fiscalizadores
Secretaria Meio Ambiente
Contaminação Mar (lixo despejado dos navios)
Órgãos gestores
Atrapalha o turismo Foz do Ribeira (vem
do Rio)
CETESB
Impacta o ambiente
Contaminação do lençol freático
População em geral
Interação com a fauna
Praia da Barra do Ribeira
Pescadores
Falta de interesse público
Praias da Ilha do Cardoso
Marinha
Arrasto quando feito fora da área permitida (2 votos)
Em área imprópria, prejudica o desenvolvimento dos alevinos/ juvenis
Extinção e mortalidade de espécies
Áreas costeiras
Órgãos fiscalizadores
Impacto ambiental
Atrapalha a própria atividade de pesca
Pescadores – toda a categoria – e colônias de pesca
Esforço de pesca maior do que a capacidade de reposição do estoques de peixes
Ruim para o turismo de pesca
Órgãos gestores
ELABORAÇÃO DOS PLANOS DE MANEJO DAS ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL MARINHAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
Consórcio
Diagnóstico participativo – APAMLS 85
Problemas Por quê? Consequência Onde está localizado
Atores envolvidos
Traineiras perto da costa (1 voto)
Em área imprópria, pois é local de desenvolvimento dos juvenis
Extinção, mortalidade
Áreas costeiras
Órgãos fiscalizadores
Esforço de pesca maior do que a capacidade de aproveitamento dos peixes
Atrapalha a própria atividade de pesca
Pescadores – toda a categoria – e colônias de pesca
Ruim para o turismo de pesca
Órgãos gestores
Arrastão de praia (1 voto)
Turistas fazendo arrastão sem credenciamento
Atrapalha os pescadores artesanais
Todas as praias menos na Ilha do Cardoso
Órgãos fiscalizadores
Pesca na época errada
Colônias de pesca
Pega peixes ovados
Órgãos gestores
Falta de divulgação/ informação sobre credenciamento para pesca amadora
Diminui os estoques
Moradores locais, pescadores artesanais
Falta de fiscalização
Turistas
Emalhe artesanal irregular (1 voto)
Local proibido
Extinção, mortalidade Bocas de Barra Órgãos fiscalizadores
Atrapalha a própria atividade de pesca
Orla marítima Pescadores – toda a categoria – e colônias de pesca
Ruim para o turismo de pesca
Costões Órgãos gestores
Pesca subaquática irregular (0 votos)
Pesca muito direcionada, sem defesa para o peixe Predação
Costões, Ilhas (principalmente Ilhas da Figueira e Castilho) e parcéis
Órgãos fiscalizadores
Órgãos gestores
Pesca de espécies ilegais
Praticantes do RJ e Paranaguá
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
3.6.2.3 Grupo Pesca Industrial As atividades desenvolvidas foram as mesmas do outro grupo: validação dos mapas (Figura 18) e discussão das potencialidades e problemas.
ELABORAÇÃO DOS PLANOS DE MANEJO DAS ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL MARINHAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
Consórcio
Diagnóstico participativo – APAMLS 86
Figura 18 – Apresentação e discussão dos mapas, Grupo Pesca Industrial.
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
3.6.2.3.1 Validação dos mapas Durante a apresentação e discussão dos mapas, os participantes confirmaram as informações apresentadas, sem qualquer alteração (ver mapa LS_4_004, Anexo 3). 3.6.2.3.2 Potencialidades e problemas O grupo fez questão de frisar que os problemas relacionados com a dificuldade de obtenção das carteirinhas são os mais importantes, mas concordou em trabalhar com os diretamente relacionados ao Zoneamento. As potencialidades e problemas foram detalhados conforme o Quadro 25 e o Quadro 26.
Quadro 25 – Matriz de potencialidades.
Potencialidades Por quê? Limitações Atores envolvidos
Ponta Sul: criar diversas áreas para reprodução de camarão/ peixe (exemplo: recifes artificiais)
Área explorada durante o defeso por pescadores de fora do estado
Pesca artesanal na área (comunidades locais)
Institutos de pesquisa, universidades, ESEC Tupiniquins/ ICMBio, Fundação Florestal, Instituto de Pesca, Instituto Florestal, sindicatos
Área que ajudaria na reprodução do peixe/ camarão
Pesca industrial
ELABORAÇÃO DOS PLANOS DE MANEJO DAS ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL MARINHAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
Consórcio
Diagnóstico participativo – APAMLS 87
Potencialidades Por quê? Limitações Atores envolvidos
Pesca amadora
Número de marinas Regularização
- impedir a pesca de peixes pequenos
- limitar a quantidade
IBAMA, Fundação Florestal, MPA, Capitania, Marinha, Instituto de Pesca
Atividade tradicional na região
Turismo:
- ilhas (principalmente)
- observação
Desenvolver a atividade econômica
Legislação (no caso do turismo nas ilhas)
Prefeituras, órgãos gestores das UCs, Capitania, Secretaria de Turismo do Estado de São Paulo, Marinha, monitores ambientais, associação comercial, marinas, agências de turismo
Belezas naturais da região
Infraestrutura
Pesca responsável
Potencial socioeconômico da região
Falta de conscientização sobre a prática
Pescadores, Marinha, órgãos públicos, associações comerciais, armadores de pesca Porque a atividade já
acontece assim
Falta de conhecimento sobre a legislação
Falta de incentivo dos órgãos públicos
Pesca industrial
Movimenta a economia da região da APAMLS
Infraestrutura Limitadores: MPA, Marinha
Capacitação dos pescadores
Facilitador: Colônia de Pesca
Cananéia tem tradição na pesca e o pescado é reconhecido pela qualidade
Demora na obtenção de documentos:
- carteirinha de pesca
- licença
Sindicato dos Armadores, Sindicato dos Pescadores de Santos, armadores de pesca e pescadores, trabalhadores em geral envolvidos nas atividades
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
Quadro 26 – Matriz de problemas.
Problemas Causa (porque essa questão é um problema?)
Consequências Onde está
localizado? Atores
envolvidos
Muitas áreas de proibição de pesca
Limita as áreas de pesca
Super-exploração na mesma área (autorizada)
Toda a área onde há a proibição para emalhe dentro de 3 milhas náuticas a partir da costa para barcos de 20 AB (mudariam para 30 AB).
MPA, IBAMA Pescam onde tem menos peixe
Maior gasto no deslocamento e menos produção
Proibição de ancorar nas ilhas da ESEC Tupiniquins
Legislação sem considerar o ponto de vista do usuário
Risco de morte aos pescadores
Nas ilhas Órgãos gestores das UCs Compromete a
segurança da navegação
ELABORAÇÃO DOS PLANOS DE MANEJO DAS ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL MARINHAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
Consórcio
Diagnóstico participativo – APAMLS 88
Problemas Causa (porque essa questão é um problema?)
Consequências Onde está
localizado? Atores
envolvidos
Traineiras:
- pescam peixes não permitidos
- pescam fora da área permitida
Falta de conscientização
Acabam com os recursos dos pescadores de emalhe
Em toda a extensão, mas principalmente na Barra do Icapara, na Figueira e na Barra de Cananéia
Órgãos gestores e órgãos de fiscalização
Vão atrás de onde veem peixes (têm radar que rastreia peixes no entorno de 1.800 m do barco)
Falta de sinalização nas barras e ilhas (navegação)
Farol não funciona Compromete a
segurança da navegação
Bom Abrigo (farol) Marinha e Secretaria de Transportes do estado
Não há boias de sinalização
Barras (boias)
Figueira
Limpeza do rio Ribeira polui o mar (vegetação): Barra de Icapara e Cananéia
Limpeza mal feita (dispersaram no rio)
Compromete a segurança da navegação
Barra de Cananéia Prefeitura de Iguape. As prefeituras de Ilha Comprida e Cananéia sofreram as consequências
Sujeira na praia Barra do Icapara
Diminui área de pesca
ARIE do Guará
Praias (Boqueirão Norte e Sul)
Concentração de lixo nas proximidades/ bocas das barras
Lixos domésticos gerados nas cidades
Compromete a segurança da navegação
Na saída das Barras (Cananéia, Icapara, Ararapira) População,
prefeituras, ONG (campanhas)
Suja a praia
Espanta os peixes Principalmente no fundo do mar Sujeira na rede
Lixo produzido por turistas: Boqueirão Norte, Sul e Pedrinhas
Falta infraestrutura (lixeiras, limpeza)
Sujeira Boqueirão Norte e Sul
Prefeituras, órgãos ambientais, pescadores, turistas, moradores
Falta de educação ambiental
Poluição visual Pedrinhas
Turismo desordenado
Doenças Cambriú
(nas praias e, principalmente, no fundo do mar)
Espanta os peixes e diminui a reprodução
Sujeira na rede
Lixos de outros barcos e navios (principalmente) espalhados na área da APAMLS
Descarte de lixo
Impacto ambiental
No caso dos navios, principalmente na rota entre os portos de Paranaguá e de Santos
Marinha, Fundação Florestal, CETESB, Prefeitura de Ilha Comprida
Morte dos peixes
Falta de conscientização
Compromete a segurança da navegação
Atrapalha áreas de pesca
ELABORAÇÃO DOS PLANOS DE MANEJO DAS ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL MARINHAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
Consórcio
Diagnóstico participativo – APAMLS 89
Problemas Causa (porque essa questão é um problema?)
Consequências Onde está
localizado? Atores
envolvidos
Pescadores de fora (Paraná e Santa Catarina) pescam na região sul da APAMLS durante o defeso do camarão
Desrespeito à legislação vigente
Diminuição dos recursos pesqueiros
Sul da APAMLS
Pescadores do Paraná e de Santa Catarina, órgãos de fiscalização, órgãos gestores, sindicatos
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
O grupo apontou como sugestão que fosse alterada a legislação (federal) de arrasto de camarão sete-barbas – deveria permanecer com restrição de 1,5 mn da linha de costa. Para auxiliar no diagnóstico da pesca da região, foi perguntado aos presentes se saberiam dizer quantos barcos com mais de 10 AB existiam em Cananéia. Foi indicada a existência de cerca de 20 embarcações de arrasto e cerca de 40 de emalhe, considerando as que trabalham e descarregam em Cananéia.
3.6.3 Segmento 3: interesses difusos A oficina para o Segmento 3 foi realizada no dia 5 de novembro de 2013, no salão paroquial da Igreja Matriz de Iguape, e estiveram presentes 43 pessoas, de acordo com a Tabela 14.
Tabela 14 – Participantes na Segunda Oficina, Segmento 3
Poder público Pesquisa ONG Demais
Número de participantes
23 11 8 1
Descrição
Municipal (11):
Prefeitura Municipal de Cananéia, Prefeitura Municipal de Ilha Comprida, Prefeitura Municipal de Iguape
Unesp Instituto Ambiental Vidágua
Estadual (11):
Fundação Florestal, Secretaria de Meio Ambiente, CFA, CETESB, Polícia Ambiental, CATI
UFSCar Crescer para o Futuro
Federal (1)
ICMbio
Fundação Florestal
Associação Rede Cananéia
Instituto de Pesca
Instituto Lassus
IPeC
NPC
Instituto Florestal
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
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Consórcio
Diagnóstico participativo – APAMLS 90
3.6.3.1 Abertura Após a abertura e a apresentação dos principais resultados das Primeiras Oficinas, o grupo fez uma série de considerações sobre a sistematização do Diagnóstico Participativo, para melhorar a apresentação a ser realizada para os outros dois segmentos, que seriam nos dias posteriores. Além disso, foram apontadas algumas questões de interesse para a elaboração do Diagnóstico Técnico: Confirmar os dados a respeito da economia de Iguape pela CATI e órgãos
locais; por exemplo: o plantio de mandioca não é tão forte na região, mas há plantação de hortaliças e criação de búfalos.
Rever algumas fontes sobre abastecimento de água e esgoto nos municípios da APAMLS.
Revisar dados de esgoto de Ilha Comprida, pois consideraram que as informações do Sistema Nacional de Saneamento estavam equivocadas.
Considerar as fontes de poluição de Registro, incluir esses dados de contribuição de esgoto pelo entorno.
Verificar dados oficiais da CETESB e incluir ano de referência dos dados. Considerar a precariedade – e não a ausência – do sistema viário de Ilha
Comprida, pois há vias urbanas no centro. Verificar os dados apresentados quanto ao número de pescadores inscritos no
Registro Geral da Pesca. Em relação a este ponto, representante do MPA esclareceu que o aumento de
embarcações não é tão significativo quanto o aumento do número de pescadores nos últimos anos, sendo o emalhe o que mais aumentou.
Fazer uma comparação entre os gráficos de tamanho de embarcações, quantidade, área e esforço pesqueiro.
Incluir nos mapas de atividade do Programa de Rastreamento de Embarcações Pesqueiras por Satélite (PREPS) a legislação pesqueira e as referências e verificar a vigência da normativa de emalhe.
Considerar que há uma relação direta entre a preservação do manguezal da ARIE do Guará com as atividades pesqueiras. A conservação do manguezal de Iguape é essencial para sustentar o ecossistema como um todo, e a salinidade nessa região é baixa em função do Valo Grande.
Aprofundar as questões abordadas, por exemplo a abertura do Valo Grande: é necessário enfatizar a importância dos manguezais do entorno, entre outros aspectos relevantes, para a gestão da APAMLS.
Prever cenários e dinâmicas futuras, como elevação no nível do mar e o mapa de sensibilidade ambiental do MMA publicado em 2008.
Fazer uma análise cruzando os dados sobre o porte das embarcações com o esforço de pesca de cada tipo de embarcação, para ter uma visão mais realista da atividade. O Instituto de Pesca tem esses dados, porém ainda não estão publicados. Foi sugerida uma consulta à instituição e também à Universidade do
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Consórcio
Diagnóstico participativo – APAMLS 91
Vale do Itajaí sobre o levantamento para a região e para a frota de fora (Itajaí, Navegantes, Santos, etc.) que também desenvolve a atividade na APAMLS.
Considerando que a APAMLS não tem zona de amortecimento, seria mais interessante focar nas questões do entorno que tenham relação mais direta com a gestão da UC, não somente fazer uma caracterização.
Revisar a compilação de legislação federal, a caracterização enfatizou mais a esfera estadual.
Rever alguns pontos da apresentação, tais como erros de redação e digitação e algumas informações que estavam equivocadas; foi colocado que alguns dos erros podem ter sido causados por problemas de interpretação dos moderadores acerca daquilo exposto pelos pescadores, por exemplo: foi informado na apresentação que uma atividade da pesca artesanal utiliza tamanho de malha de rede de 2 m, o que não teria sido informado por pescadores.
Incluir informações do Mapa SAO (Ministério do Meio Ambiente, 2008). Em relação à apresentação, foram feitas as seguintes observações: Durante a apresentação, evitar fazer interpretações ao que foi colocado, como
ocorreu na apresentação dos resultados da pesca industrial. Criar algum tipo de diferenciação dos grupos (por cores, por exemplo) para
facilitar o entendimento de quais informações estão sendo tratadas por cada grupo.
Revisar os termos conflitos e interações para não haver confusão de entendimentos.
Criar um padrão de classificação: consolidar termos semelhantes em um único para evitar problema.
Incluir as referências e ano das publicações consultadas nos slides e figuras. A seguir, os presentes foram divididos em dois grupos: Poder Público e Entidades de Ensino e Pesquisa, Pesquisadores e Interesses Difusos. 3.6.3.2 Grupo Poder Público O grupo do poder público desenvolveu as atividades (Figura 19) e os resultados são relatados abaixo.
ELABORAÇÃO DOS PLANOS DE MANEJO DAS ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL MARINHAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
Consórcio
Diagnóstico participativo – APAMLS 92
Figura 19 – Segunda Rodada de Oficinas, Grupo Poder Público.
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
3.6.3.2.1 Validação dos mapas O grupo fez considerações em relação aos mapas apresentados, apontando as seguintes considerações: Toda pesca subaquática na região tem fim comercial (correção feita na legenda
do mapa). Inserir como conflito “trânsito de veículos na Barra do Ribeira e na Juréia”. Inserir como áreas relevantes: todos os manguezais, os ninhais, área de
forrageio em frente à ARIE do Guará, todas as praias. 3.6.3.2.2 Potencialidades e problemas Foi feita a retomada e validação das potencialidades já discutidas na Primeira Oficina, complementando-as com novos pontos que também foram entendidos como potencialidades. Estava previsto, conforme realizado nos demais segmentos, o preenchimento da matriz, mas, em função do pouco tempo, o grupo apenas listou e validou os problemas e potencialidades. As potencialidades elencadas pelo grupo foram:
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Consórcio
Diagnóstico participativo – APAMLS 93
Forte tradicionalidade no uso dos recursos ambientais, diversidade de artes de pesca e conservação associada ao uso tradicional da pesca.
Área de grande potencial pesqueiro. Integração do zoneamento marinho do PM da APAMLS e GERCO. Estágio atual da conservação ambiental da região. Várias áreas são criadouros/ berçários para espécies de importância ambiental e
econômica. Turismo de observação de fauna (aves, animais marinhos). Forte apelo para conservação nas áreas utilizadas por aves marinhas. Vários atrativos para turismo na Ilha do Bom Abrigo. Alguns bons pontos para mergulho contemplativo. Ordenamento para pesca amadora e turismo de caça submarina. Prática de esportes náuticos e aquáticos, bem como esportes nas praias. Turismo náutico/ lazer, turismo educacional e turismo de base comunitária. Desenvolvimento da maricultura. Foram considerados problemas: Áreas de encalhe de fauna. Falta de ordenamento de atividades turísticas (esportes) nas praias. Turismo desordenado. Desmatamento da Ilha do Bom Abrigo. Carência de ordenamento das atividades que ocorrem na Ilha do Bom Abrigo. Construções irregulares na Ilha do Bom Abrigo. Ordenamento de atividades turísticas no entorno da ARIE do Guará. Derrubada do mangue para acesso ao estuário na ARIE do Guará. Ocupação no entorno da ARIE do Guará. 3.6.3.2.3 Lacunas de conhecimento A partir dos problemas e potencialidades levantados, foram indicadas as seguintes lacunas de conhecimento sobre o território: Mapeamento qualitativo e quantitativo do setor pesqueiro. Falta de conhecimento sobre a pluma do Rio Ribeira (qualidade da água). Falta de conhecimento sobre sedimentação. Falta de conhecimento sobre a ecologia da fauna marinha no território.
3.6.3.3 Grupo Entidades de Ensino e Pesquisa, Pesquisadores e Interesses Difusos Este grupo desenvolveu as atividades, como mostra a Figura 20, e os resultados são relatados abaixo.
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Consórcio
Diagnóstico participativo – APAMLS 94
Figura 20 – Segunda Rodada de Oficinas, Grupo Entidades de Ensino e Pesquisa, Pesquisadores e Interesses Difusos.
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
3.6.3.3.1 Validação dos mapas Após a apresentação e discussão dos mapas produzidos na Primeira Oficina, o debate originou algumas sugestões além das propostas. O grupo fez as seguintes considerações adicionais: Verificar pontos de maricultura e estudos de recifes artificiais no site Mar Brasil. Existem projetos para extração de areia na área da APAMLS, a serem
considerados como uma tensão. Incluir pesca subaquática (com fins comerciais ou com compressor) nas ilhas e
parcéis, no Parcel do Una. Em relação à pesca amadora, foram feitas as seguintes indicações: Corrigir no mapa: ocorre nas praias arenosas também e não só nas ilhas e
costões, como colocado originalmente. Indicar pesca de cação no Parcel do Una. Atividade concentra-se também no costão da Juréia; barra do Rio Una; ARIE do
Guará (turistas que se hospedam em Iguape); Ariri (foz da Ararapira); ilhas (parte sul da APAMLS).
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Diagnóstico participativo – APAMLS 95
Outras considerações sobre o mapa produzido na Primeira Oficina foram: Substituir áreas de enchentes como áreas de erosão, pois são áreas onde, na
realidade, a maré invade as ruas devido ao grande processo erosivo que ocorre ali. Incluir a poluição por organoclorados. Incluir vazamento de esgoto doméstico na região do Boqueirão Norte. Incluir voos de ultraleve na ARIE do Guará, pois espantam as aves. Turismo náutico em todas as ilhas. A Ilha do Bom Abrigo é a mais degradada. Processo erosivo intenso na região da ARIE do Guará. Levantar projetos em fase de implantação/ licenciamentos ambientais (consultar
CETESB; IBAMA; prefeituras) para pensar em ordenamentos no PM. Além das considerações sobre o mapa, o grupo apontou o que segue em relação à pesca amadora na região: A pesca amadora de maior concentração é do tipo desembarcada e se realiza
ao longo da Ilha Comprida. Diminuição da pesca amadora no costão da Juréia, pois não é mais possível
chegar de carro devido à dinâmica da praia. Atividade econômica usa as infraestruturas das comunidades tradicionais da Ilha
do Cardoso. Algumas questões sem consenso no grupo foram: Estrada Pedrinhas/ Boqueirão Sul: o grupo não teve consenso ao julgar a
construção da estrada como conflito ou potencialidade, pois passaria a impactar menos a praia, mas impactaria a duna e a restinga (onde estão planejando implantá-la).
Recifes artificiais: parte do grupo considerou uma potencialidade (pois pode diminuir o impacto causado pelos barcos de arrasto) e outra parte considerou uma tensão, pois a implantação desses recifes pode alterar a dinâmica de praia e interferir nos processos naturais, já que as características da área em questão não são compatíveis com os ecossistemas de recifes.
Foram indicadas como áreas de relevância ambiental (mapa LS_4_008, Anexo 3): Todas as ilhas. Costões e parcéis (cuidar para que atividades de subsistência não sejam
inviabilizadas no Zoneamento). Áreas rasas próximas à costa: uma ressalva feita por um dos participantes foi
que as embarcações de pesca, nesse caso, são pequenas e, na maioria, de emalhe (não pescam camarão) – o que deve ser evitado é o fomento dessa atividade, devendo se manter estável para não haver impacto.
Birdwatching: colocar como potencial em toda extensão de praia e dar ênfase nas barras e ilhas.
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Diagnóstico participativo – APAMLS 96
Potencial para turismo de base comunitária: a comunidade do Cambriú, além de Pontal de Leste, Marujá e Enseada da Baleia, Prelado, Viareggio, Ubatuba, Juruvauva, Pedrinhas, Juréia e Barra do Una.
Áreas de maior concentração de turismo de sol e mar: acrescentar Boqueirão Norte, Boqueirão Sul e Barra do Ribeira.
Ninhais de outras espécies de aves, além o guará-vermelho: a Ponta da Juréia, a própria ARIE do Guará e a Barra do Ribeira.
O grupo também fez algumas propostas para o Zoneamento: Fazer o zoneamento da atividade de arrasto. Realizar zoneamento conjunto da região norte da APAMLS (Juréia e Rio Una)
com a APAMLC. Consultar o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) para checar
projetos que estejam aprovados. Considerar a criação de um microzoneamento mais detalhado nas áreas de
AME (ilhas). Fazer um ordenamento para não sobrecarregar as áreas das praias rasas e
arenosas – berçários de camarão, onde ocorrem pescas de emalhe e arrasto de praia.
Outra questão apontada foi que a ARIE do Guará não se configura mais como um habitat para o guará. Segundo eles, a espécie utiliza a área apenas para descanso pois, devido à perda de território, como diminuição dos manguezais, as aves estão migrando para o sul. 3.6.3.3.2 Potencialidades e problemas Os problemas e potencialidades levantados na Primeira Oficina foram apresentados com o objetivo de validar e aprofundar as questões: Esgoto no Boqueirão Norte (Ilha Comprida): na temporada, o esgoto da rede da
SABESP transborda, pois o sistema não atende à demanda. Marinas são fonte potenciais de poluição. Conflito entre banhistas e prática de caceio ao longo de toda a Ilha Comprida. Turismo de massa: Boqueirão Norte; Barra do Ribeira; tensão no Viareggio e no
Boqueirão Sul (presença de grilagem). Pesca subaquática e amadora na Ilha da Figueira, quando praticada de forma
ilegal. Falta de articulação entre ONGs e pesquisadores. Conforme já exposto anteriormente, devido à duração das discussões que ocorreram após a plenária inicial, o grupo não teve tempo de concluir todo o exercício previsto.
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Consórcio
Diagnóstico participativo – APAMLS 97
Ressalta-se que, posteriormente, foi enviado uma planilha aos participantes para que o exercício fosse completado, porém não houve um retorno significativo. Estas informações constam no Anexo 5. Foram levantadas as potencialidades da região e foi feito o preenchimento da matriz proposta, conforme o Quadro 27.
Quadro 27 – Matriz de potencialidades, Grupo Entidades de Ensino e Pesquisa, Pesquisadores e Interesses Difusos.
Potencialidades Por quê? Limitações Atores envolvidos
Ecoturismo Vários atrativos naturais e culturais na APAMLS e região
Possíveis entraves legais e de documentação, como habilitação para condução de embarcação, documentação e restrição de áreas
Moradores locais treinados/ capacitados para a atividade (guias)
Mão-de-obra capacitada Secretaria municipal de turismo
Infraestrutura e serviços Secretaria estadual de turismo
Construção de roteiros EMBRATUR
Inserção no mercado Turistas
Necessidade de garantir a segurança de navegação, em especial nas barras
Instituições que oferecem capacitação
Falta de linhas de crédito MMA
ONG
Turismo de base comunitária
Vários atrativos naturais e culturais na APAMLS e região
Possíveis entraves legais e de documentação, como habilitação para condução de embarcação, documentação e restrição de áreas
Moradores locais treinados/ capacitados para a atividade (guias)
Alternativa econômica viável para as comunidades tradicionais
Mão-de-obra capacitada Secretaria municipal de turismo
Infraestrutura e serviços Secretaria estadual de turismo
Construção de roteiros EMBRATUR
Inserção no mercado Turistas
Necessidade de garantir a segurança de navegação, em especial nas barras
Instituições que oferecem capacitação
Falta de linhas de crédito MMA
ONG
Turismo náutico
Vários atrativos naturais e culturais na APAMLS e região
Possíveis entraves legais e de documentação, como habilitação para condução de embarcação, documentação e restrição de áreas
Moradores locais treinados/ capacitados para a atividade (guias)
Alternativa econômica viável para as comunidades tradicionais
Mão-de-obra capacitada Secretaria municipal de turismo
Arrecadação de renda Infraestrutura e serviços Secretaria estadual de
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Consórcio
Diagnóstico participativo – APAMLS 98
Potencialidades Por quê? Limitações Atores envolvidos
para os municípios turismo
Construção de roteiros EMBRATUR
Inserção no mercado Turistas
Necessidade de garantir a segurança de navegação, em especial nas barras
Instituições que oferecem capacitação
Falta de linhas de crédito MMA
Adversidades ambientais sazonais ONG
Marinha
Atrativos para mergulho
Atrativos naturais
Possíveis entraves legais e de documentação, como habilitação para condução de embarcação, documentação e restrição de áreas
Secretaria estadual de turismo
Mão-de-obra capacitada EMBRATUR
Infraestrutura e serviços Instituições que oferecem capacitação
Construção de roteiros
Empresas/ operadoras de mergulho
Inserção no mercado
Necessidade de garantir a segurança de navegação, em especial nas barras
Adversidades ambientais sazonais
Pesca amadora
Atrativos naturais
Possíveis entraves legais e de documentação, como habilitação para condução de embarcação, documentação e restrição de áreas
Secretaria Estadual de Meio Ambiente
Presença de espécies-alvo
Necessidade de garantir a segurança de navegação, em especial nas barras
Polícia Militar Ambiental
Pesca amadora concentrada no estuário já tem infraestrutura razoável
Adversidades ambientais sazonais Empresários do setor, clubes de pesca, marinas etc.
Ordenamento específico da pesca amadora
Manutenção dos recursos pesqueiros
Envolvimento dos pescadores
Possíveis entraves legais e de documentação, como habilitação para condução de embarcação, documentação e restrição de áreas
MMA
Existência de várias UC
Tragédia dos comuns (interesses econômicos individuais)
Secretaria Estadual de Meio Ambiente
Maior densidade populacional dos recursos pesqueiros
Fiscalização ineficiente Mosaico LAGAMAR
Condições ambientais favoráveis
Falta de comunicação entre gestão e usuário
Pesca industrial e artesanal
Subsídios técnicos (pesquisa)
Secretaria da Agricultura e Instituto de Pesca
Presença de grandes extensões de
MPA
Universidades e
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Diagnóstico participativo – APAMLS 99
Potencialidades Por quê? Limitações Atores envolvidos
manguezais conservados no estado de SP
institutos de pesquisa
ICMBio: integrar APA CIP com ARIE do Guará
Pesca responsável
Envolvimento dos pescadores
Possíveis entraves legais e de documentação, como habilitação para condução de embarcação, documentação e restrição de áreas
Moradores locais treinados/ capacitados para a atividade (guias)
Pesca responsável
Existência de várias UC
Mão-de-obra capacitada Secretaria municipal de turismo
Maior densidade populacional dos recursos pesqueiros
Infraestrutura e serviços Secretaria estadual de turismo
Condições ambientais favoráveis
Inserção no mercado EMBRATUR
Subsídios técnicos (pesquisa)
Inexistência de linhas de crédito Turistas
Presença de grandes extensões de manguezais conservados no estado de SP
Falta de informação e apoio, conscientização
Instituições que oferecem capacitação
Agregação de valor na pesca, valor social e valor cultural
MMA
Manutenção dos recursos pesqueiros
ONG
Marinha
Secretaria Estadual de Meio Ambiente
Polícia Militar Ambiental
Empresários do setor, clubes de pesca, marinas etc.
Pesca industrial e artesanal
Secretaria da Agricultura e Instituto de Pesca
MPA
Universidades e institutos de pesquisa
ICMBio: integrar APA CIP com ARIE do Guará
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
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Diagnóstico participativo – APAMLS 100
3.7 Avaliação dos participantes
Ao final de cada oficina, os participantes receberam uma ficha de avaliação (Anexo 4), com questões de múltiplas escolha (ótimo, bom, ruim) e um espaço para contribuições. Os resultados, em números absolutos, são apresentados abaixo. A avaliação do Segmento 1 foi positiva, estando em sua grande maioria entre bom e ótimo, como podemos ver na Figura 21.
Figura 21 – Avaliação das Segundas Oficinas, Segmento 1.
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
Já a avaliação do Segmento 2 foi “ótima” para a grande maioria dos participantes, tendo empatado com “bom” apenas no item sobre o alcance dos resultados. As respostas dadas na avaliação podem ser vistas no gráfico da Figura 22.
Figura 22 – Avaliação das Segundas Oficinas, Segmento 2.
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
O Segmento 3, no entanto, avaliou a Oficina como boa no geral, sendo que a maioria dos participantes apontou que foi “ruim” apenas a questão do alcance dos
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Diagnóstico participativo – APAMLS 101
objetivos, visto que os grupos não terminaram o último exercício dado. Na Figura 23 podemos ver o resultado das avaliações integralmente. Ressalta-se que apenas 05 participantes responderam a ficha de avaliação
Figura 23 – Avaliação da Segunda Oficina, Segmento 3.
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
Na ficha de avaliação o grupo também apontou os seguintes aspectos:
“A escolha dos representantes foi caótica, rolou confusão. Proponho abertura de votação logo de início”.
“Excesso de representantes do Poder Público. Pouco partidário”.
“Nada a declarar por hora”.
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Diagnóstico participativo – APAMLS 102
4 ESCOLHA DE REPRESENTANTES O TdR estabelece que as oficinas de Zoneamento e Programas de Gestão deverão ocorrer com a participação de no máximo 40 pessoas. No decorrer do processo ficou definido que seriam escolhidos 45 representantes, ou seja, 15 para cada segmento, conforme descrito abaixo. 4.1 Segmento 1
Os representantes do Segmento 1 foram pré escolhidos ainda nas reuniões de apresentação. O critério para escolha, a princípio, foi que cada comunidade/município sempre que possível, deveria indicar 5 representantes que seriam validados na primeira Oficina de Zoneamento, estando claro que o número total de representantes do segmento pesca artesanal será 15. Em algumas comunidades foi escolhido um número maior de representantes, combinando que, quando da seleção final, este número seria reduzido. Todos os nomes escolhidos para representação serão validados na primeira Oficina de Zoneamento. Os escolhidos estão na Tabela 15, a seguir.
Tabela 15 – Representantes eleitos, Segmento 1.
Nome Arte de pesca Cidade Escolhido em
Ademir do Santos Teixeira Ilha Comprida Pedrinhas (Ilha Comprida) 17/07/2013
Alexandre da Silva Ilha Comprida Pedrinhas (Ilha Comprida) 17/07/2013
Amilton Xavier Emalhe Cananéia Pontal do Leste 20/07/2013 – Marujá
André Aguiar Ribeiro Iguape Icapara 18/07/2013
André das Neves Turismo/Pesca Amadora Cananéia Pontal do Leste 20/07/2013 – Marujá
Carlos Lacerda Nunes Arrasto Cananéia Cananeia 16/07/2013
Carlos Pereira de Melo Emalhe Iguape Icapara 18/07/2013
Célio Roberto Pereira Ilha Comprida Cananeia 16/07/2013
Dauro Marcos do Prado Iguape Barra do Ribeira 19/07/2013
Dejalma Teófilo G. da Cruz Arrasto Cananéia Cananeia 16/07/2013
Denis Ricardo Martins Arrasto Iguape Barra do Ribeira 19/07/2013
Dilson Mario Martins Arrasto Iguape Barra do Ribeira 19/07/2013
Edmilson Luz Cananéia Pontal do Leste 20/07/2013 - Ararapira
Ezequiel de Oliveira Cananéia Pontal do Leste 20/07/2013 – Marujá
Feliciano Cunha Emalhe Cananéia Pontal do Leste 20/07/2013 – Pontal
Gilmar Leocádio Iguape Icapara 18/07/2013
Haroldo dos Santos Pires Arrasto Cananéia Pontal do Leste 20/07/2013 – Pontal
Jerson da Cunha Emalhe Cananéia Pontal do Leste 20/07/2013 – Pontal
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Diagnóstico participativo – APAMLS 103
Nome Arte de pesca Cidade Escolhido em
João Rosa Rodrigues Cananéia Pontal do Leste 20/07/2013 – Marujá
José Mario de Souza Fortes
Arrasto Iguape Barra do Ribeira 19/07/2013
José Roberto Domingues Iguape Barra do Ribeira 19/07/2013
Laurentino Timoteo das Neves
Diversificada costeira: cerco, malha
Cananéia Pontal do Leste 20/07/2013 – Marujá
Luciano Gomes Silva Arrasto Cananéia Cananeia 16/07/2013
Luiz Carlos Teixeira Arrasto Iguape Icapara 18/07/2013
Márcio José Luiz Pontal do Leste 20/07/2013 - Ararapira
Mozart Haruo Takahiro Arrasto Iguape Icapara 18/07/2013
Paulo Pontes Júnior Emalhe Ilha Comprida Cananeia 16/07/2013
Roger R. Ilha Comprida Pedrinhas (Ilha Comprida) 17/07/2013
Sérgio Carlos Neves Cananéia Cananeia 16/07/2013
Waldecir Donizete da Cunha
Cananéia Pontal do Leste 20/07/2013 – Pontal
Valdir de Almeida Arrasto Iguape Barra do Ribeira 19/07/2013
Wagner de Lara Maciel Emalhe Iguape Icapara 18/07/2013
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
4.2 Segmento 2
Os representantes do Segmento 2 (Tabela 16) foram escolhidos em dois momentos. Os representantes da pesca industrial foram definidos durante a primeira reunião de apresentação, voltada para este segmento. Os demais, na Segunda Oficina de Diagnóstico Participativo. Todos os nomes escolhidos serão validados na primeira Oficina de Zoneamento.
Tabela 16 – Representantes eleitos, Segmento 2.
Nome Instituição Atividade Cidade Escolhido em
Alex de Oliveira Xavier
Turismo/Pesca Amadora
Cananéia -06/11/2013 – Iguape
Amilton Xavier AMOMAR Cananéia -06/11/2013 – Iguape
André das Neves Turismo/Pesca Amadora
Cananéia 06/11/2013 – Iguape
Cleide de Andrade Martins
COFFEN Turismo Iguape 06/11/2013 – Iguape
Cristiano José Machado
Cananéia 31/07/2013 – Cananéia
Elizabethe Candeira
AMOIPE 06/11/2013 – Iguape
Fábio Tetsuo Utamaru
Marina Utamaru Prestação de Serviços Náuticos
Cananéia 06/11/2013 – Iguape
Flavio Nunes Prestação de Serviços Náuticos
Cananéia 06/11/2013 – Iguape
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Diagnóstico participativo – APAMLS 104
Nome Instituição Atividade Cidade Escolhido em
Frederico Landre Expedições do Ocio Operador de turismo Iguape 06/11/2013 – Iguape
Ismael Coelho "Helinho"
SAPESP - Sindicato dos Armadores de Pesca do Estado de São Paulo
Sindicato Cananéia 31/07/2013 – Cananéia
Jânio Martins Vitório
Turismo/Pesca Amadora
Cananéia 06/11/2013 – Iguape
João Carlos Nicola Perucello
CONTUR - Conselho de Turismo
Ilha Comprida
06/11/2013 – Iguape
Jocilio da Costa Associação Terminal Pesqueiro
Pesca industrial Cananéia 31/07/2013 – Cananéia
Nereu Ramos Caldeiro
Itajaí 31/07/2013 – Cananéia
Paulo Pereira dos Santos Junior
Cananéia 31/07/2013 – Cananéia
Rosa Maria Ceravolo Incrocci
COFFEN Turismo Iguape 06/11/2013 – Iguape
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
4.3 Segmento 3
Procurando garantir que todos os subsegmentos com atribuições diversas estivessem representados, a escolha dos representantes para o Segmento 3 foi acordada da seguinte maneira: Pesquisadores e Instituições de Pesquisa: 4 representantes ONG: 2 representantes Poder Público: 9 representantes No total 18 representantes foram escolhidos dentre os participantes da Segunda Oficina de Diagnostico. As ONGs deverão indicar seus representantes na Primeira Oficina de Zoneamento. Todos os nomes escolhidos para representação (Tabela 17) serão validados na primeira Oficina de Zoneamento.
Tabela 17 – Representantes eleitos, Segmento 3.
Nome Organização Atividade Cidade Escolhido em
Domingos Garrone Neto
UNESP - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"
Pesquisa Registro Iguape - 25/09/2013
Edison Barbieri Instituto de Pesca Poder Público Cananeia Iguape -- 25/09/2013 -
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Nome Organização Atividade Cidade Escolhido em
Fátima Lisboa Collaço
Prefeitura Municipal de Ilha Comprida
Poder Público Ilha Comprida
Iguape - - 25/09/2013 - Poder Público - Márcia Suplente
Fernanda Ribeiro de Franco
Instituto Ambiental Vidágua Interesses Difusos Ilha Comprida Iguape -- 25/09/2013
Francielle Paulina Jeremias
Prefeitura Municipal de Iguape - Secretaria de Meio Ambiente, Divisão Meio Ambiente
Poder Público Iguape Iguape - 05/11/2013 - Poder Público
Gustavo Queiroz Lima de Vila
CFA - Coordenadoria de Fiscalização Ambiental/Secretaria do Meio Ambiente
Poder Público São Paulo Iguape - 25/09/2013
Heraldo Ramos Associação Pedrinhas Interesses Difusos Ilha Comprida Pedrinhas (Ilha Comprida) -17/07/2013
Isadora Le Senechal Parada
CPLA - Coordenadoria de Planejamento Ambiental/Secretaria do Meio Ambiente
Poder Público Cananeia Iguape - 25/09/2013
Jocemar Tomazino Mendonça
Instituto de Pesca Pesquisa Cananeia Iguape - 25/09/2013
Juliana Greco Yamaoka
Associação Rede Cananeia ONG Cananeia Iguape - 25/09/2013
Luiz Fernando Netto
ESEC Tupiniquins ICMBio Poder Público Itanhaém Iguape - 25/09/2013
Marcos Bührer Campolim
Instituto Florestal Poder Público Cananeia Iguape - 25/09/2013
Paulo Adriano Viana da Silva
Balneário Dois Mares Interesses Difusos Ilha Comprida Pedrinhas (Ilha Comprida) - 17/07/2013
Roseli Célia Hilberath Hoppen
Crescer para o Futuro ONG Ilha Comprida Iguape - 25/09/2013
Socrates Portelo Policia Ambiental Poder Público Cananeia Iguape - 25/09/2013
Talita Ariela Sampaio e Silva
UFSCar - Universidade Federal de São Carlos
Pesquisa Cananeia Iguape - 25/09/2013
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5 ANÁLISE INTEGRADA O objetivo deste capítulo é sistematizar e analisar os resultados de todas as oficinas, avaliando a participação dos diferentes segmentos mobilizados para o processo. Os resultados apresentados refletem as percepções e informações fornecidas pelo público participante das oficinas, sem a preocupação de coerência com o Diagnóstico Técnico ou com a opinião dos responsáveis pela produção do presente relatório. O item 5.1 foi estruturado a partir da leitura dos dados sobre a participação dos diferentes agentes, os objetivos e esforços de mobilização realizados. Para a avaliação da metodologia (item 5.2), o desenho inicial, os objetivos e os resultados alcançados foram elementos analisados. Para analisar os conteúdos (itens 5.3 a 5.12), foram feitas sistematizações e avaliação dos resultados, conforme pode ser observado nas tabelas do Anexo 6, aportando ao longo do capítulo importantes subsídios para as etapas subsequentes do Plano de Manejo. Todas as informaçoes coletadas foram sistematizadas e organizadas de forma a permitir a produção de dados quantitavos e uma análise dos resultados. A sequencia dos itens seguem a sequência dos conteúdos trabalhados nas oficinas. Os usos foram classificados seguindo as tipologias indicadadas no TdR, distinguindo a pesca profissional artesanal da pesca profissional industrial. 5.1 Participação dos segmentos
Conforme demonstrado na Tabela 7, o Segmento 1 (pesca artesanal) teve, em números absolutos, a maior participação. Os números refletem a estratégia de valorização da pesca artesanal com a criação de um grupo específico para ela, da mobilização que priorizou o contato direto com pescadores em seus locais de trabalho e do apoio das Colônias de Pescadores. As reuniões de apresentação, realizadas com o objetivo de divulgar o processo de elaboração do PM, foram realizadas nas diferentes comunidades de pesca. Ao todo, as atividades voltadas para o Segmento 1 tiveram 296 participantes, considerando que muitas pessoas participaram de mais de uma atividade e também em outros segmentos, o que fortaleceu o ponto de vista dos pescadores artesanais. Na fase inicial do processo, foi identificada uma necessidade de maior esforço de convocação dos Segmentos 2 e 3. O Segmento 2, foi o grupo com menor participação em termos numéricos (94), mas é preciso considerar que os grupos que compõem esse segmento têm atividades de natureza distinta dos grupos do Segmento 1, com pouca ou nenhuma articulação prévia. Outro aspecto a ser considerado é que a participação por representação é
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Diagnóstico participativo – APAMLS 107
uma característica desse segmento, considerando a sua forma de articulação institucional e a dinâmica das relações trabalhistas que envolvem as atividades do setor. Diferente dos pescadores artesanais, cujo horário de trabalho é gerido pelo próprio pescador, na pesca industrial a disponibilidade para participação das oficinas, em horário comercial, depende da flexibilização dos donos de embarcação ou interesses do setor. Nesse caso específico, a mobilização visava atingir principalmente os armadores (proprietários dos barcos). A dificuldade de definir a quem deveria ser dirigida a convocação e qual a melhor estratégia de abordagem foram parcialmente responsáveis pela baixa participação das marinas, apesar dos esforços realizados: contatos telefônicos, visitas, envio de e-mails. A estratégia adotada não obteve os resultados esperados, indicando a necessidade de uma avaliação estratégica das reais possibilidades de alcance, bem como definição de linguagem e abordagem adequadas para esse subsegmento. Para a pesca industrial, o contato foi feito inicialmente por e-mails e telefone com as organizações representativas. Depois de realizada a Reunião do Conselho Gestor Ampliada, com baixa participação desse subsegmento, e da avaliação da gestão da APAMLS, foi realizada uma reunião específica para a pesca industrial, no dia 31 de julho de 2013, em Cananéia. A reunião contou com a participação de representantes do setor de outros municípios e estados, tendo a convocação sido apoiada diretamente pelo representante da pesca industrial no Conselho Gestor e pela equipe da APAMLS. O esforço deu resultados não apenas nas atividades da APAMLS, mas também nas demais APAM. O Segmento 3 teve 213 participantes ao longo do processo, com representantes de diferentes setores e organizações. Houve um esforço conjunto de mobilização, com destaque para as ações realizadas pela gestão da APAMLS na convocação e sensibilização dos setores e para as reuniões realizadas com o Grupo Entidades de Ensino e Pesquisa, Pesquisadores e Interesses Difusos durante o período das reuniões de apresentação, além de reuniões com representantes das três prefeituras. 5.2 Metodologia: limites e avanços
No início do processo de elaboração do PM, foi acordado com a Fundação Florestal que o Diagnóstico Participativo seria realizado simultaneamente ao Diagnóstico Técnico, conforme representado no fluxograma abaixo (Figura 24).
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Diagnóstico participativo APAMLS / 108
Figura 24 – Fluxograma do Processo Participativo.
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
ETAPAS DO PROCESSO DO PLANO DE MANEJO
Diagnóstico Técnico
Diagnóstico Participativo
Oficinas
Devolutiva Conselho
Gestor
Avaliação
Estratégica
Plano de manejo
Devolutiva Conselho
Gestor
Zoneamento
Oficinas
Programas de Gestão
Oficinas
Plano de Trabalho
Reuniões de apresentação
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Diagnóstico participativo – APAMLS 109
A proposta de metodologia, bem como os conteúdos de cada uma das oficinas, foi discutida com a coordenação do processo e os gestores das APA em duas reuniões convocadas especialmente para isso. As reuniões foram importantes para a construção de objetivos, conteúdos e métodos de trabalho comuns. Os conteúdos definidos para as Primeiras Oficinas foram: Usos e atividades presentes no território. Interações entre atividades e atores (segmentos/ subsegmentos). Identificação de áreas de relevante interesse ambiental, frágeis, impactadas etc.
(tratado posteriormente no item 5.5). Na segunda rodada das Oficinas de Diagnóstico, foi feita uma apresentação dos resultados preliminares do Diagnóstico Técnico e da sistematização dos resultados das Primeiras Oficinas de Diagnóstico Participativo. Foram definidos os materiais que seriam disponibilizados durante as oficinas: seriam produzidos mapas base e mapas com resultados das Primeiras Oficinas. Também durante a fase de preparação, foram feitas várias propostas de roteiros que foram sendo adaptadas, considerando as demandas específicas da APAMLS. Em relação aos objetivos propostos, considera-se que, nas Primeiras Oficinas, eles foram cumpridos de forma parcial, tendo em vista que os resultados dos grupos foram bastante desiguais – embora isso seja comum em processos como este, é possível que o conteúdo tenha sido mal dimensionado para o tempo disponível, além de alguns moderadores terem optado por deixar o grupo trabalhar mais livremente, enquanto outros eram mais rigorosos no controle das atividades. Além disso, alguns grupos não quiseram responder ou não tinham informações sobre as questões apresentadas. Na Segunda Rodada de Oficinas, os objetivos iniciais foram cumpridos, considerando que os roteiros eram similares para todos os grupos e os conteúdos mais factíveis de serem abordados no tempo definido. Também é necessário considerar que o número de participantes da segunda fase foi bem menor, o que facilitou o desenvolvimento do trabalho nos grupos. O mapeamento das atividades foi feito a partir de uma adaptação da metodologia de Mapa Falado, sendo os grupos convidados a localizar onde realizavam suas atividades e, na sequência, a identificar os demais usos. Para isso, foram produzidos ícones que representavam cada uma das atividades. A identificação das áreas de relevância foi, em parte, prejudicada pela dificuldade de um conceito homogêneo e de fácil interpretação por todos os diferentes atores. Alguns participantes receavam pela possibilidade de criação de novas áreas de proibição de pesca, caso apontassem áreas de relevância ambiental.
A seguir apresenta-se uma avaliação dos resultados alcançados, considerando as
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Diagnóstico participativo – APAMLS 110
escolhas metodológicas e as condições objetivas para a realização do trabalho.
5.3 Principais resultados
Neste tópico são apresentados os principais resultados do Diagnóstico Participativo, já expostos em detalhes nos capítulos anteriores, e uma análise integrada que tem como foco as próximas etapas de elaboração do PM, com destaque para o Zoneamento e os Programas de Gestão.
5.3.1 Usos identificados no território
Os usos do território identificados pelos diversos grupos trabalhados na elaboração do Diagnóstico Participativo foram especificados nos capítulos anteriores. Para a organização da análise os mesmos foram organizados de acordo com sua tipologia (Tabela 18) .
Tabela 18 – Usos identificados no território da APAMLS
Uso do território Segmento 1 Segmento 2 Segmento 3
Pesca profissional artesanal X X X
Pesca profissional industrial X X X
Pesca amadora X X X
Extrativismo - - -
Atividades náuticas: mergulho e esportes náuticos X X X
Atividades industriais X X X
Pesca submarina X X X
Fonte: Oficinas de Diagnóstico, 2013.
Com exceção do extrativismo, citado apenas pelo Segmento 1, todas as tipologias de uso foram identificadas pelos três segmentos trabalhados ao longo das ações do Diagnóstico Participativo.
A citação da maior parte das tipologias por todos os segmentos indica uma convergência de percepção dos usos do território, o que pode ser favorável para a elaboração do PM, à medida que a maioria dos grupos sociais trabalhados reconhece outras atividades e outros grupos no mesmo território. Todas as tipologias de uso foram caracterizadas e são apresentadas em seus detalhamentos. Todas estas formas estão localizados nos mapas de uso do território elaborados nas oficinas e no mapa de sobreposição de uso. Ressalta-se que, durante as oficinas, embora não possam ser classificadas como um uso, as estruturas náuticas foram citadas pelos grupos. Dependendo do perfil dos profissionais, as embarcações que se originam das marinas foram apontadas
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Diagnóstico participativo – APAMLS 111
como algo que atrapalha as atividades, principalmente da pesca artesanal, quando os piloteiros não possuem o treinamento adequado e quando não conhecem as atividades que ocorrem na região. 5.3.1.1 Pesca profissional artesanal Ao longo das ações do Diagnóstico Participativo, foram identificadas e detalhadas 18 diferentes artes de pesca usadas pelos pescadores artesanais da APAMLS, todas citadas pelo próprio grupo (Segmento 1), de acordo com a Tabela 19.
Tabela 19 – Caracterização da pesca artesanal por segmento.
Arte de pesca Segmento 1 Segmento 2 Segmento 3
Geral* X X X
Emalhe fundo / fixo X
Arrasto X
Arrasto duplo X
Feiticeira X
Tarrafa X
Arrasto de praia / lance de praia X
Espinhel X
Redondo / caracol X
Rede de espera X
Picaré X
Rede estaqueada X
Cerco fixo X
Linha de mão X
Catuero X
Caniço X
Caceio / emalhe superfície / Corrico de praia X
Gerival X
Varejão X
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013. *A pesca artesanal foi citada de maneira geral, principalmnete pelos representantes dos demais segmentos, sem especificação da a arte de pesca.
A localização do uso das artes de pesca acima citadas foram identificadas e apresentadas nos mapas de uso do território de cada grupo trabalhado no Segmento 1 (Grupo Arrasto e Grupo Emalhe). Os referidos mapas representam as marcações realizadas durante as oficinas. Entre as diversas artes de pesca artesanal citadas, a maior parte é utilizada na área costeira e as modalidades mais presentes são o emalhe e o arrasto, esta última ocupando a área da APAMLS mais próxima de Cananéia, uma vez que a grande maioria das embarcações de arrasto artesanal concentra-se neste município. Quanto à extensão e utilização da área da APAMLS pela pesca de emalhe, destacam-se as práticas realizadas com auxílio de embarcação (motorizada ou não), como a
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pesca com rede de fundo e superfície, que é realizada a uma profundidade média de 7 m; o caceio (redes de deriva) pesca realizada na costa em profundiade não especificada; e a prática chamada de lance redondo ou caracol, uma pesca ativa que visa cercar cardumes de peixes, realizada a uma profundidade média de 6 m. Além destas, a arte de pesca conhecida como arrastão-de-praia (também chamado de lance de praia pelas comunidades da Ilha do Cardoso; município de Ilha Comprida e comunidade da Barra do Ribeira, em Iguape) é feita normalmente com auxílio de embarcação a remo, mas ocorre numa faixa ainda mais próxima à praia do que os outros tipos de pesca de emalhe (cerca de 300 m de distância da faixa de maré). As redes também são usadas em artes de pesca que podem ser realizadas sem embarcação, como a rede estaqueada, o picaré, a tarrafa e o corrico de praia (outro tipo de caceio). Devido às suas características, essas artes de pesca também ocupam faixas estreitas do mar a partir da praia. A pesca com rede estaqueada é exceção, feita por algumas comunidades da Ilha Comprida (principalmente no Boqueirão Norte), comunidade da Barra do Ribeira (Iguape) e comunidade do Pontal de Leste, que realizam a colocação de redes com auxílio de embarcações e uso de poitas na área marinha, podendo ultrapassar a faixa dos 10 m de profundidade. Segundo os resultados das oficinas, os principais recursos visados pelas artes pesqueiras que usam redes como instrumento são: anchova, bagre, betara, cação, caranha, corvina, espada, oveva, parati, parati barbuda, pescada, pescada bembeca, pescada amarela, pescada foguete, pescadinha, prejereba, robalo, robalão, saltera, sassari, siri, sororoca e tainha. Sobre a pesca de arrasto, foi apontado que o arrasto de fundo para pesca do camarão-sete-barbas, principal recurso visado pela atividade, concentra-se na faixa dos 3 aos 10 m de profundidade. De acordo com as informações obtidas nas oficinas de Diagnóstico, parte dos pescadores que pratica o arrasto também pratica outros tipos de pesca (emalhe e espinhel) durante o defeso do camarão ou quando julgam que a pesca do camarão não se mostra rentável. Como já comentado, os pescadores que praticam o arrasto artesanal usam a região costeira mais próxima de Cananéia – do sul da Ilha Comprida até o sul da Ilha do Cardoso. De acordo com os pescadores, no entorno das ilhas do Cambriú, Castilho e Bom Abrigo o arrasto não é praticado por causa de normas que proíbem a pesca nessas áreas. Entretanto, os pescadores utilizam as ilhas para fins de abrigo, procurando locais mais seguros em condições de mar adverso. Não é possível garantir a veracidade da declaração dos pescadores de arrasto quanto à não utilização do entorno das ilhas para a pesca, uma vez que a pesca de arrasto de camarão-sete-barbas foi identificada por outros grupos com ocorrência em toda a faixa costeira. E também pelo fato de alguns pescadores citarem os poitões de aquicultura – situados próximo à ilha do Bom Abrigo – como estruturas que atrapalham a atividade, indicando que a mesma é realizada no local. No entorno da APAMLS, a pesca artesanal concentra-se na região estuarina e nas
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áreas de manguezal. De acordo com os pescadores, as principais artes de pesca empregadas nessa região são as com redes de emalhe, como caceio e redes de fundo. Também foram destacados o emprego de redes manjubeiras e corrico para a pesca da manjuba-de-Iguape, além da pesca de camarões com gerival para utilização como iscas vivas, normalmente vendidas aos turistas que praticam pesca amadora. No entorno da ARIE do Guará são utilizadas as artes: tarrafa, linha de mão, pesca com caniço, coleta de caranguejos e outras formas de extrativismo nas áreas lodosas. O desembarque da produção pesqueira artesanal concentra-se em alguns pontos preferenciais, como as peixarias de Cananéia, Iguape, Ilha Comprida, os entrepostos pesqueiros do CEAGESP e a empresa Miami Pescados (Cananéia), que recebe principalmente a produção da pesca de arrasto artesanal. Desembarques também ocorrem de forma mais dispersa pelas praias da região próximas às comunidades de pescadores. Nesse último caso, é comum a praia funcionar como ponto de saída e entrada de embarcações, podendo receber estruturas semelhantes a ranchos de pesca. Exemplos dessa situação podem ser observados nas comunidades da Ilha do Cardoso, Ilha Comprida, Iguape (Barra do Ribeira) e Juréia. O comércio de pescado é realizado nos mesmos locais de desembarque. O comércio por intermediários é o mais comum e pode ocorrer com a participação das peixarias locais (no caso, o intermediário é normalmente denominado “peixeiro”) para venda e consumo na região ou, ainda, ser transportado para centros consumidores, principalmente para o mercado de peixes do CEAGESP na capital, São Paulo. Os pescadores presentes nas oficinas relataram que a venda direta para o consumidor final normalmente ocorre com maior intensidade nas épocas de alta temporada, estando fortemente relacionada com a presença de turistas na região. Os turistas muitas vezes são os consumidores finais, que buscam comprar o pescado diretamente do pescador no intuito de obter um produto mais barato (uma vez que os lucros dos intermediários deixam de compor o preço do produto) e também de melhor qualidade (peixe fresco, não mantido congelado ou processado). Nesses casos, é comum que as negociações para compra e venda dos produtos aconteçam diretamente nas praias. 5.3.1.2 Extrativismo A atividade do extrativismo foi citada e detalhada pelo Segmento 1 (pescadores artesanais), grupo que pratica essa atividade, em adição à pesca com as artes já detalhadas. As espécies citadas como alvos foram marisco, caranguejo e mexilhão (Tabela 20).
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Tabela 20 – Caracterização do extrativismo.
Espécies-alvo Segmento 1 Segmento 2 Segmento 3
Marisco x
Caranguejo x
Mexilhão x
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
A atividade de extrativismo não foi detalhada por não ser muito expressiva na área da APAMLS, mas os resultados mostram a necessidade de investigar a presença e ampliar a participação dos extrativistas exclusivos – pessoas que vivem prioritariamente do extrativismo. As áreas destinadas ao extrativismo foram identificadas e apresentadas nos mapas de uso do território da pesca artesanal. 5.3.1.3 Pesca profissional industrial A pesca industrial sediada na região do litoral sul paulista concentra-se totalmente em Cananéia, único município da região com estrutura para embarque e desembarque da frota industrial. De acordo com os participantes das oficinas do Diagnóstico Participativo, em geral os barcos saem de Cananéia e voltam para desembarcar o pescado também em Cananéia. Os portos de desembarque de Cananéia também recebem barcos de Santa Catarina, Santos e, com menor frequência, de outras regiões como Rio Grande do Sul que, inclusive, podem realizar a pesca dentro dos limites da APAMLS. Foram levantados três pontos de desembarque da pesca industrial: o entreposto do CEAGESP, a empresa Miami Pescados e o trapiche da Marina Golfinho Azul (atualmente comprada pela Miami), todos na região urbana do município. Ao longo das atividades de Diagnóstico Participativo foram identificadas e detalhadas seis diferentes artes de pesca utilizadas pelos pescadores industriais da APAMLS (Tabela 21). A maioria foi citada pelo próprio grupo de pescadores industriais (Segmento 2), com exceção do arrasto e cerco de traineira, citados também pelos pescadores artesanais (Segmento 1). Esses resultados indicam a importância de ter abordado os pescadores industriais como um grupo particular, o que possibilitou um maior conhecimento de suas atividades na APAMLS.
Tabela 21 – Caracterização da pesca industrial.
Artes de pesca Segmento 1 Segmento 2 Segmento 3
Cerco de traineira X X
Redondo / caracol X
Emalhe de superfície X
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Artes de pesca Segmento 1 Segmento 2 Segmento 3
Emalhe fundo / fixo X
Arrasto X X
Arrasto duplo X
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
A pesca de arrasto (simples) tem como foco o camarão-rosa e, de acordo com os pescadores participantes do Diagnóstico, ocorre fora dos limites da APAMLS, em águas mais profundas. Já o arrasto duplo tem como foco o camarão-sete-barbas, e ocupa a área costeira da APAMLS, atuando na faixa de 8 a 13 m de profundidade. A pesca de cerco realizada por traineiras industriais não é praticada por barcos de Cananéia. A frota de traineiras que atua na região tem origem principalmente nos portos de Itajaí e Santos. Foi criticada pelos pescadores locais, mas apontada como um tipo de pesca industrial presente na APAMLS e que, portanto, merece atenção para os debates acerca do Zoneamento e Plano de Manejo. O emalhe, tanto de fundo quanto de superfície, pode ocupar praticamente toda a área da APAMLS e, inclusive, regiões mais profundas fora dos limites da UC. As espécies focais citadas durantes as oficinas foram: cambucu, corvina, espada, goete, guaivira, maria-luísa, oveva, pescada branca, pescada foguete e sororoca. A localização das artes de pesca acima citadas foram identificadas e apresentadas no mapa de uso do território da pesca industrial. 5.3.1.4 Pesca amadora Na categoria de pesca amadora (Segmento 2) se observam a modalidade embarcada e a desembarcada. Nem todos os praticantes de pesca amadora embarcada são proprietários de embarcações, recorrendo assim ao aluguel de barcos e à contratação de piloteiros e guias de pesca nas diversas marinas que existem na região, especialmente aquelas localizadas em Porto Cubatão, no município de Cananéia. A pesca amadora embarcada é muito forte na área do estuários de Cananéia, Iguape e Ilha Comprida, na área marinha tais atividades não são tão expressivas, embora existam serviços especializados para a pesca embarcada no entorno das ilhas da APAMLS. A pesca amadora desembarcada é praticada de forma dispersa em todas as praias, principalmente da Ilha Comprida, Iguape e Barra do Ribeira, que podem ser facilmente acessadas de carro. Os pescadores amadores são, em sua maioria, turistas que fazem viagens ao Litoral Sul com a família ou amigos, movimentando a economia local por meio de despesas
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no comércio local, hospedagem, além de muitas vezes comprarem camarões de pescadores artesanais locais para utilizá-los como iscas vivas. Apenas anzol e linha foram citados como artes de pesca deste subsegmento. Os pescadores artesanais (Segmento 1) citaram outras três artes (vara, arrasto de praia e rede) utilizadas pelos pescadores amadores (Tabela 22).
Tabela 22 – Caracterização da pesca amadora por segmento.
Arte de pesca Segmento 1 Segmento 2 Segmento 3
Geral* x x x
Anzol e linha x
Vara x
Arrasto de praia x
Rede x
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013. * O termo “Geral” refere-se à pesca amadora, quando citada sem qualificação de arte ou petrecho pelos grupos
As espécies citadas como alvos principais da pesca amadora foram: pargo, pescada, robalo, sororoca, cavalinha, anchova e cioba. Os robalos e as pescadas são as espécies-alvo no interior dos estuários. Na área marinha, a pesca amadora, quando praticada com uso de embarcação, ocorre de forma mais concentrada em alguns pontos ou pesqueiros específicos. Segundo os participantes das oficinas, os pesqueiros ficam no entorno de todas as ilhas incluídas nos limites da APAMLS, nos costões rochosos do Marujá, Foles e Juréia, parcéis do Una e dos Moleques, e também na região do naufrágio do navio Tutóia. Nessas áreas, as espécies mais procuradas são a sororoca, a cavalinha, o pargo, a anchova e a cioba, entre outros. A localização da atuação da pesca amadora foi apresentada no mapa de uso do território dos grupos Pesca Amadora e Turismo. Foi destacado por alguns subsegmentos, principalmente pescadores artesanais e pesquisadores, a necessidade de que os pescadores amadores estejam cientes de todas as regras envolvidas na atividade como, por exemplo, as cotas de captura, tamanho mínimo de captura, e conhecimento sobre as áreas de restrição à pesca. De fato, os poucos estudos disponíveis sobre pesca amadora na região do Litoral Sul que abordaram a questão das normativas evidenciaram que grande parte dos praticantes de pesca amadora desconhece essas normas e alguns sequer portam a licença para pesca amadora expedida pelo Ministério da Pesca (MPA). Além da boa conduta e cumprimento das normas por parte dos pescadores amadores, parte da responsabilidade pelo desenvolvimento correto da atividade também foi atribuída aos guias de pesca e funcionários das marinas, que funcionam como apoio à pesca amadora. Durante as oficinas foi bastante ressaltada a
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necessidade de que os guias de pesca sejam devidamente capacitados e demonstrem condutas responsáveis com o ambiente e com os outros usuários.
5.3.1.5 Pesca subaquática A pesca subaquática foi um uso citado por todos os segmentos trabalhados no Diagnóstico. Foi relatado que muitas vezes é realizada com auxílio de cilindro ou compressor, o que caracterizam métodos de sustentação artificial, práticas proibidas pelo Decreto de criação da APAMLS e pela Resolução SMA 69, de 28 de setembro de 2009, que:
Define os parâmetros técnicos que estabelecem a proibição da pesca de arrasto, com utilização de sistema de parelha de barcos de grande porte, e a pesca com compressor de ar ou outro equipamento de sustentação artificial nas Áreas de Proteção Ambiental Marinhas do Litoral do Estado de São Paulo, criadas pelos Decretos nº 53.525, 53.526 e 53.527, todos de 8 de outubro de 2008, e dá outras providências.
A pesca subaquática não ocorre de forma dispersa no espaço marinho, concentrando-se nas ilhas (principalmente na Ilha da Figueira e Castilho, incluindo as ilhas que integram a Estação Ecológica dos Tupiniquins), costões rochosos (os da Juréia são os mais procurados), Parcel do Una e, eventualmente, na área do naufrágio do navio Tutóia. Ainda segundo os participantes das oficinas, a prática da pesca subaquática na região muitas vezes não é de caráter amador, uma vez que tem fins comerciais (sendo, portanto, considerada ilegal) e ocorre de forma direcionada para a captura de algumas espécies, em especial garoupas e outros serranídeos. Aparentemente já existe um mercado definido para esses peixes, na maior parte transportados para venda fora da região, embora a comercialização dos produtos não seja a mais comum. Também foram reconhecidos pelos participantes dois grupos principais de pescadores subaquáticos (com fins comerciais): o primeiro, aparentemente liderado por pessoas originárias do Rio de Janeiro que formaram uma equipe com pessoas de Iguape para atuar na região dos costões da Juréia e Parcel do Uma (com fins comerciais); o segundo, composto por paranaenses que atuam nas Ilhas da Figueira e Castilho. Desse modo, é importante aprofundar o conhecimento acerca da pesca subaquática para direcionamentos do Zoneamento e Programas de Gestão do PM.
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5.3.1.6 Atividades náuticas: atividades de apoio e manutençao das embarcações e turismo
As atividades náuticas, mais especificamente as voltadas ao turismo, foram citadas por todos os segmentos trabalhados no Diagnóstico Participativo, sendo destacado o turismo recreativo (Tabela 23), principalmente de banhistas, citado por todos os segmentos.
Tabela 23 – Caracterização do turismo.
Segmento 1 Segmento 2 Segmento 3
Geral* X X X
Turismo recreativo X X X
Marinas X
Turismo Náutico X X
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013. *O termo “ Geral” refere-se á prática de turismo identificada pelos participantes das oficinas sem especificar qual tipo.
Foi constatado nas oficinas que o turismo náutico na área da APAMLS não é muito praticado e se relaciona ao transporte de turistas que contratam serviços de barqueiros locais para visitar algumas praias da Ilha do Cardoso ou a Ilha do Bom Abrigo. Havendo também algumas embarcações que quando contratadas por turistas, os levam para passar o dia no Bom Abrigo. Existindo na Ilha Comprida uma escuna que faz passeio da Ilha Comprida para Cananéia, estando em seu roteiro uma parada na Ilha do Bom Abrigo. Esses resultados indicam a importância de trabalhar esse grupo e a relevância do turismo em geral para a região. Citado diversas vezes, como ator ora de interação positiva e ora de negativa, causando problemas ligados principalmente à geração de lixo. A presença de marinas, muitas vezes relacionada com atividades de turismo e de pesca amadora, também foi citada como fator relevante, porém é também muitas vezes indicada como fonte de poluição. Os grupos não indicaram ao certo quantas infraestruturas de apoio náutico existem na região, mas quando possível, indicaram locais de concentração. Convêm lembrar que houve uma baixa participação dos representantes das marinas durante as oficinas, sendo que a maioria ds informações foram prestadas pelos demais subsegmentos ou segmentos. A prática do turismo e suas diversas modalidades foram localizadas no mapa de uso do território dos grupos Pesca Amadora, Turismo, Atividades Náuticas e Industriais. 5.3.1.7 Atividades náuticas: mergulho e esportes náuticos Os esportes náuticos (Tabela 24) ocorrem pouco na região, apesar do potencial declarado pelo setor de turismo durante as oficinas, restringindo-se a poucos eventos de surf nas praias da Ilha Comprida e à prática ainda pouco difundida da
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vela (citada por todos os segmentos) e, eventualmente, de canoagem na região estuarina, sobretudo próximo à ARIE do Guará. Também foi relatada pelos participantes das oficinas a ocorrência de mergulho autônomo. Entretanto, essa é uma atividade que ocorre esporadicamente e que é praticada por grupos de fora da região que têm condições de transportar equipamentos próprios, já que não foi constatada a existência de estruturas de apoio e nem operadoras de mergulho nos municípios. É importante destacar que, durante as oficinas, foi informado que o mergulho normalmente está associado à pesca subaquática em apneia realizado por turistas em algumas ilhas da APAMLS.
Tabela 24 – Caracterização das atividades náuticas.
Segmento 1 Segmento 2 Segmento 3
Mergulho X X
Canoagem X
Surf X X
Banana boat X
Moto Aquática X
Vela X X
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
A localização da prática do mergulho e de outros esportes naúticos citados foi identificada e apresentada no mapa de uso do território dos grupos Pesca Amadora, Turismo, Atividades Náuticas e Industriais. 5.3.1.8 Atividades industriais As atividades industriais destacadas na Tabela 25 foram citadas por todos os segmentos trabalhados no Diagnóstico Participativo como atividades que influenciam a APAMLS. Em particular o setor petrolífero foi destacado, tendo ainda sido citada a movimentação de embarcações por causa de atividades de exploração e produção de petróleo, localizadas fora da área da APAMLS.
Tabela 25 – Caracterização das atividades industriais.
Segmento 1 Segmento 2 Segmento 3
Exploração e produção de petróleo
X X X
Rota de navios X
Extração de areia X
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
Também foi citada a extração de areia para construção civil como uma atividade influente que, ainda que ocorra fora dos limites da APAMLS, pode trazer consequências para a UC.
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Nenhuma caracterização ou particularidade do setor petrolífero ou de outra atividade industrial foi citada, mas a menção por todos os segmentos, muitas vezes como uma atividade com interferência negativa, indica a importância de seguir com a participação de representantes da indústria, principalmente do setor petrolífero, nas discussões sobre o PM. Durante as oficinas foi manifestada, sobretudo pelo Grupo Interesses Difusos, uma preocupação com uma possível expansão das atividades petrolíferas na região.
5.3.2 Interações
Conforme já exposto para elaboração deste capítulo, todas as informações produzidas nas oficinas foram organizadas de modo a produzir dados quantitativos e qualitativos. Desta forma os tipos de interações (positiva, negativa ou neutra), foram organizadas permitindo a análise que segue abaixo: Os grupos foram questionados sobre as interações das suas atividades e usos, e também sobre outras interações observadas no território da APAMLS. Dentre todas as interações citadas (Figura 25), a maioria (78%) foi de interações negativas, seguidas das positivas (11%) e neutras (11%). Em relação às interaçõe neutras, cabe mencionar que durante as oficinas muitas vezes os grupos identifcavam outras atividades, sem contudo especificar se havia ou não uma interação entre elas e foram classificadas como neutra, quando na verdade trata-se de uma ausência de interação.
Figura 25 – Interacões entre grupos.
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
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O segmento da pesca artesanal é o que tem maior quantidade de interações, inclusive com apontamentos dentro do próprio grupo. Isso é retratado na rede de interações da Figura 26, elaborada a partir da sistematização e classificação de todas as atividades citadas e suas interações (a tabela que gerou a figura encontra-se no Anexo 6). A espessura das linhas representa a quantidade de interações, ou seja, quanto mais grossa, mais interações presentes, enquanto as cores representam o tipo de interação (negativa, positiva ou neutra). Destaca-se também a quantidade de interações negativas presentes entre os grupos de pesca artesanal e pesca industrial. A pesca profissional também foi citada pelos participantes das oficinas, sem diferenciá-la como industrial ou artesanal.
Figura 26 – Rede de interações.
Atividades náuticas
Extrativismo
Atividades industriais Turismo
Pesca profissional
Pesca amadora
Pesca industrial
Pesca subaquática
Esportes náuticos
Segmento 1
Segmento 2
Pesca profissional
Positiva
Neutra
Negativa
Interação
Pesca artesanal
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
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Para elaboração deste mapa, optou-se por agrupar todas as modalidades de turismo, considerando que várias modalidades foram citadas uma única vez, mas representam um grande grupo, dentre essas modalidades ressalta-se: o turismo de observação de aves (ARIE do Guará), banhistas, o turismo recreativo e o turismo ecológico. Da mesma forma, as atividades de lazer que utilizam embarcações foram consideradas dentro de uma única categoria, atividades náuticas, tais como moto aquática e mergulho. Foram considerados como esportes náuticos o surf e os campeonatos de canoagem, informados nas oficinas realizadas. As principais interações e seus agentes são detalhados abaixo.
5.3.2.1 Interações positivas Interações entre grupos ou interações de uso foram identificadas no Diagnóstico Participativo, sendo qualificadas como positivas as que beneficiam pelo menos um dos usos ou grupo envolvidos, conforme relato dos participatnes. Diversas interações positivas foram citadas ou apontadas pelos diferentes grupos trabalhados, conforme tabela geral das interações positivas (Anexo 6), a Figura 27, foi elaborada considerando o número de vezes que a atividade foi citada pelos diferentes grupos. Nota-se que houve destaque para a pesca artesanal, principal subsegmento com interações positivas, pois foi o único grupo a apontar interações positivas no território. Nesta caso, cabe destacar que a pesca artesanal foi o segmento com maior número de participantes, tendo uma oficina voltada especificamente para sua atividade.
Figura 27 – Interações positivas citadas no Diagnóstico.
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
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As interações positivas da pesca artesanal com a pesca amadora referem-se à compra de isca (camarão) pelos pescadores amadores diretamente dos pescadores artesanais, e à contratação dos últimos como piloteiros. As interações positivas da pesca artesanal com o turismo e a pesca amadora são consideradas devido ao aumento da venda de pescado para estes visitantes. Em relação à interação da pesca artesanal com as atividades náuticas, esta foi considerada positiva quando o piloteiro das marinas é considerado “bom”, pois atende às atividades de navegação sem causar a destruição de redes ou acidentes ambientais que possam inviabilizar a atividade pesqueira, além de promover um turismo náutico responsável, movimentando a economia local através da compra de pescado diretamente do pescador artesanal. As interações positivas da pesca artesanal com a pesca industrial se devem à declaração de que a pesca industrial gera empregos para a região, quando respeita o espaço dos pescadores artesanais.
5.3.2.2 Interações neutras Muitas interações entre grupos e usos diversos foram destacadas apenas pelo fato de determinadas atividades coexistirem no mesmo espaço, sem que uma interfira de forma positiva ou negativa na outra. Essas interações foram denominadas neutras e estão retratadas na Figura 28. Destaca-se, com mais interações neutras, a pesca artesanal.
Figura 28 – Interações neutras citadas no Diagnóstico.
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
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As interações neutras do grupo da pesca artesanal nem sempre foram qualificadas, pois representam apenas a coexistência das atividades ou usos. No entanto, foi destacado, em relação às atividades industriais, que embora as “sondas” (de prospecção sísmica na indútria petrolífera) passe no território da APAMLS, esta não interfere na atividade da pesca artesanal. Embora classificada como neutra, a atividade petrolífera foi apontada como algo a ser observado com atenção, uma vez que o aumento de sua ocorrência na APAMLS pode vir a gerar problemas similares aos que ocorrem em regiões onde este tipo de atividade existe com maior intensidade, como mortandade de mamíferos e peixes.
5.3.2.3 Interações negativas Foram qualificadas como interações negativas aquelas que em ao menos um dos usos ou grupos envolvidos se sente prejudicado. Essas interações são de grande relevância para elaborar o Zoneamento e o PM da APAMLS, pois podem representar conflitos de uso de espaço ou disputa por recursos. Diversas interações negativas foram citadas ou apontadas pelos diferentes grupos trabalhados (Anexo 6 e Figura 29). Deve-se lembrar que a pesca profissional abrange tanto a pesca artesanal como a pesca industral, no entanto alguns grupos citaram a pesca profissional sem definir a qual se referia. Dentre todos os apontamentos feitos pelos grupos, destaca-se que a pesca artesanal teve o maior número de interações consideradas negativas. Esse destaque pode ser consequência do enfoque metodológico dado para esse grupo, que compôs um segmento específico de trabalho, e da diversificação do uso do espaço apresentado, com a utilização de variadas artes de pesca, cada uma com suas particularidades em relação à localização e espécie-alvo. As citações contabilizadas referem-se tanto àquelas em que a pesca artesanal foi citada quanto as que ela citou as outras atividades. Deve-se lembrar que a pesca profissional abrange tanto a pesca artesanal como a pesca industral, no entanto alguns grupos citaram a pesca profissional sem definir a qual se referia. As interações negativas entre as diferentes atividades foram qualificadas e estão representadas na Figura 29.
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Figura 29 – Interações negativas citadas no Diagnóstico.
29%
21%
9%
10%
5%
5%
5%
5%
5%
2% 2% 2%
Pesca artesanal x pesca industrial
Pesca artesanal x pesca amadora
Pesca artesanal x pesca subaquática
Pesca artesanal x turismo
Pesca artesanal x atividades náuticas
Pesca artesanal x pesca artesanal
Pesca amadora x turismo
Pesca Industrial x turismo
Pesca prof issional x turismo
Pesca artesanal x extrativismo
Pesca industrial x atividades náuticas
Pesca industrial x pesca industrial
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
As interações negativas com a pesca industrial referem-se principalmente ao descarte de pescado pela pesca industrial de camarão que, de acordo com os pescadores artesanais, diminui o estoque pesqueiro; ao fato dos pescadores industriais destruírem a rede dos pescadores artesanais, justificativa que se deve aos acidentes quando as pescarias são realizadas na mesma área; e à disputa genérica pelo recurso. Além disso, o porte das embarcações, assim como a potência do motor e a tecnologia adotada pela pesca industrial, estão entre os fatores que justificam as interações negativas, pois a capacidade de captura e autonomia dessa frota são maiores que a artesanal, o que permite que atuem em locais mais distantes da costa, onde os artesanais não conseguem chegar.
As interações negativas da pesca artesanal com a pesca amadora se devem principalmente à competição por recursos. Os pescadores artesanais citam que os amadores pescam com rede e com petrechos proibidos. Também há disputa por espaço, tendo sido apontado que os pescadores amadores passam por cima das redes de pesca artesanal, além de ocorrer ancoragem de barcos de amadores em locais que atrapalham a pesca artesanal.
As disputas por espaço podem ser observadas no mapa de sobreposição de uso, que apresenta manchas de sobreposição entre essas atividades ao longo de toda área da APAMLS.
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As demais interações negativas da pesca artesanal, citadas pelos pescadores são: Pesca artesanal x atividades náuticas: interação negativa não justificada, mas
com envolvimento do setor de mergulho. Pesca artesanal x atividades náuticas4: se refere a piloteiros “ruins” que
atrapalham a pesca, por não conhecerem a região, colocando em risco as atividades da pesca artesanal.
Pesca artesanal x extrativismo: não justificada, mas foi citado que a interação negativa ocorre principalmente com as “pessoas de fora” que praticam extrativismo na região indiscriminadamente.
Pesca artesanal x pesca artesanal: disputa por recurso e espaço entre as atividades de arrasto e emalhe, pois o primeiro infere nas redes do segundo e captura juvenis.
Pesca artesanal x pesca subaquática: interações negativas se devem ao fato de a pesca subaquática capturar, segundo os pescadores artesanais, peixes proibidos e de alto valor.
Pesca artesanal x turismo: banhistas atrapalham a atividade pesqueira na alta temporada (pois dificultam o acesso à praia) e muitos turistas praticam o arrasto de praia, atrapalhando o pescador artesanal.
A pesca industrial foi a segunda mais citada como envolvida em interações negativas, não apenas pela pesca artesanal, como pelos demais subsegmentos, conforme citado abaixo: Pesca industrial x turismo: arrasto da pesca industrial realizado próximo à costa,
bem como a atividade de parelha atrapalha o turismo. Pesca Industrial x atividades náuticas: interação negativa apontada, mas não
detalhada. Pesca industrial x pesca industrial: interação negativa observada no próprio
grupo que se deve a pesca de cerco de traineira que diminui os recursos pesqueiros.
Sobre a pesca amadora, as principais interações negativas citadas ou apontadas se referiram ao grupo da pesca artesanal e já foram relatadas, restando as interações negativas com o grupo do turismo, qualificadas como: anzóis da pesca amadora oferece risco aos banhistas e conflitos em geral (não especificados) entre pesca amadora e banhistas. Avaliando-se as interações negativas citadas ao longo do Diagnostico Participativo e, principalmente as áreas de uso do território marcadas nos mapas durante as oficinas, pode-se definir áreas de sobreposição de atividades e qualificar as interações negativas como disputa por recurso ou espaço.
4 Conforme já exposto, os grupos citaram as marinas como responsáveis pelos passeios turísticos. Neste caso, o piloteiro, funcionário das marinas, era o maior agente destas interações.
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5.3.2.4 Exploração dos recursos e uso do espaço Além de identificadas e caracterizadas, as interações negativas também foram classificadas, quando justificadas, como exploração de recurso ou espaço, conforme Figura 30. A exploração do mesmo local teve destaque, representando 39% das interações negativas, seguidas muito de perto das disputas por recursos (33% das citações).
Figura 30 – Interações negativas, relacionadas à exploração dos recursos e do espaço.
39%
33%
5%
23%
Exploração de espaço
Exploração de recurso
Exploração de espaço e recurso
Não justificado
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
5.3.2.5 Intensidade de exploração dos recursos A intensidade de exploração dos recursos foi analisada por meio da observação das interações negativas que destacavam a exploração de um mesmo recurso como fator negativo das interações. A maior parte destes citações envolveram a pesca artesanal e a pesca industrial e subaquática. A exploração de recursos envolvendo a pesca industrial se deve principalmente à pesca do camarão, com consequente redução dos estoques pesqueiros devido à grandes quantidade de fauna acompanhante que é descartada, e à grande potência dos barcos industriais, que capturam uma quantidade expressiva de pescado frente à pesca artesanal. Considerando as espécies-alvo e a fauna acompanhante citada pela pesca industrial de arrasto e de emalhe, pode-se apontar como recursos em disputa entre pesca artesanal e pesca industrial: betara, cação, camarão-sete-barbas, camarão-branco, corvina, espada, oveva, pescada, pescada foguete e sororoca. A exploração de recursos envolvendo a pesca subaquática foi justificada pelos
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pescadores artesanais pelo fato de a primeira capturar peixes proibidos e de alto valor econômico, atrapalhando a atividade artesanal. As espécies-alvo da pesca subaquática não foram apontadas com detalhes e, portanto, não é possível verificar quais as principais espécies exploradas. Foi citado apenas que os peixes da família dos serranídeos são alvo preferencial destes pescadores. Visando uma melhor avaliação e conhecimento dos recursos mais explorados na APAMLS, foi elaborada uma matriz com todas as espécies citadas como alvo e acompanhante, pelos diferentes grupos e de acordo com as artes de pesca utilizadas. As espécies-alvo foram valoradas com valor dois (2) e, as acompanhantes, com um (1). A valoração permitiu classificar as espécies em uma escala de 1 a 10, definindo as classes de 1 a 3 como exploração leve, de 4 a 6 como exploração moderada e de 7 a 10 como exploração intensa, conforme a Tabela 26.
Tabela 26 – Classificação das espécies de acordo com a exploração dos recursos.
Espécies Valor Exploração
Corvina, pescada, robalo, tainha 10
Intensa Cação 8
Pescada foguete 7
Bagre, betara, espada, sororoca 6
Moderada Oveva 5
Anchova, camarão-sete-barbas, camarão-branco, pescada amarela, prejereba
4
Cabrinha, maria-luísa, parati, pescadinha, siri 3
Leve Arraia, camarão rosa, cambucu, caranguejo, caranha, cavalinha, cioba, garoupa, goete, guaivira, linguado, marisco, mexilhão, miraguaia, parati barbuda, pescada bembeca, pescada branca, robalão, saltera, sassari
2
Abrótea, cambeva, carapeva, galha preta, gordinho, machonete, pampo, paru, porco, sargo, trilha
1
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
Os resultados observados apontam para as espécies pescada, corvina, tainha e robalo como as mais disputadas, seja pela pesca artesanal e industrial, ou pela pesca amadora, e que, portanto, merecem uma maior atenção na elaboração do PM da APAMLS. No entanto, essa avaliação está baseada apenas nas informações coletadas durante as oficinas de Diagnóstico Participativo, e nem todos os grupos forneceram informações completas sobre a exploração dos recursos e, por isso, esses valores podem estar subestimados. A pesca amadora, por exemplo, não apontou espécies como alvo, apenas o grupo de serranídeos, e portanto, o robalo pode ser alvo de disputa ainda mais intensa. Além disso, espécies classificadas com valor de exploração leve, como a garoupa, poderia ser classificada como moderada em cenários de maior atividade.
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Assim, há necessidade de um maior acompanhamento da atividade pesqueira para uma avaliação mais técnica das espécies que, de fato, são mais exploradas na APAMLS. Deve-se também considerar os estoques de cada espécie para o direcionamento das ações de manejo.
5.3.2.6 Intensidade de uso do espaço As questões relacionadas com o uso do espaço para o desenvolvimento das atividades envolvem, principalmente, a sobreposição entre áreas utilizadas pela pesca artesanal, a pesca industrial e o turismo. Entre a pesca artesanal e a pesca industrial, a disputa por espaço se deve ao fato da última, segundo os pescadores artesanais, não respeitarem os limites para a atividade e ao fato dos pescadores industriais “destruírem” a rede dos artesanais. A disputa do turismo com a pesca em geral (industriais, amadores e artesanais) se deve principalmente à presença de banhistas em locais usados para pesca, fato que pode gerar acidentes e que é mais observado nos períodos de alta temporada. Essas áreas onde há sobreposição de usos nem sempre foram localizadas e muitas vezes foram citadas de forma genérica, mas podem ser mais bem observadas nos mapas conflito e de sobreposição de uso, que mostram onde são realizadas as atividades envolvidas nessa disputa.
5.3.3 Principais envolvidos
As interações negativas identificadas e todas as análises realizadas indicam como principal envolvido nos conflitos, a pesca artesanal, grupo onde foi citada a maior quantidade de interações negativas. Também se destacam a pesca industrial, a pesca amadora e o turismo, apontando para a necessidade de uma maior atenção.
5.3.4 Áreas de conflito ou potencial conflito
A identificação dos usos do território permitiu visualizar sobreposições entre as diversas atividades apontadas. E o levantamento das interações negativas pelos diversos grupos ao longo do Diagnóstico Participativo permitiu a visualização dos conflitos no território. Muitas atividades realizadas no território da APAMLS, com destaque para turismo, pesca artesanal e pesca industrial, ocorrem nas mesmas áreas ou em áreas muito próximas. Nesse sentido, foi ressaltado que em alta temporada os banhistas atrapalham a atividade pesqueira e citado pelos pescadores artesanais que os industriais atuam próximo à costa, área de atuação do primeiro grupo.
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Considerando isso, durante as oficinas de diagnóstico com o Segmento 1, foram feitas duas propostas pelos participantes para um possível zoneamento pesqueiro. A primeira seria a delimitação de uma área costeira de exclusão de pesca para os “barcos grandes” (barcos da frota industrial ou aqueles cujo motor tem potencia de industrial) e, a segunda, a delimitação de uma área ainda mais estreita, por volta de 200 metros a partir da costa, para exclusão de pesca motorizada. O Segmento 1 ainda sugeriu que, para qualquer proposta de ordenamento da atividade pesqueira, o critério para definir a pesca com “barcos grandes” seja diferente do critério da Política Nacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pesca e Aquicultura (que define como pertencentes à frota industrial os barcos com arqueação bruta acima de 20 AB), uma vez que essa definição é insuficiente ao considerar que a potência do motor é fator relevante na avaliação da capacidade de pesca dos barcos, independente do tamanho. Outras áreas muitas vezes apontadas como conflituosas durante as oficinas foram as ilhas, onde são desenvolvidas atividades como pesca amadora, mergulho, pesca subaquática, turismo, além de serem usadas como abrigo pelos pescadores. Dentre elas, destaca-se a Ilha do Bom Abrigo. Em geral, ilhas, parcéis e costões rochosos são áreas conflituosas porque foram apontados como áreas de concentração de usos de pesca amadora e pesca subaquática, em desacordo com a legislação vigente. Outra área citada é a ARIE do Guará, onde a falta de ordenamento e acordos com o setor de turismo e outras atividades relacionadas ao trânsito de embarcações, além dos loteamentos que existem no entorno da unidade, geram conflitos. 5.4 Percepções sobre o território
Durante a Primeira Rodada de Oficinas para elaboração do Diagnóstico Participativo, foram identificadas as percepções dos diversos grupos sobre o território. O levantamento abordou: áreas de relevância ambiental, áreas degradadas ou impactadas e áreas vulneráveis. Nem todos os grupos identificaram áreas nas três categorias, sendo feita uma síntese analítica a seguir.
5.4.1 Áreas de relevância ambiental
A identificação de áreas e aspectos de relevância ambiental pelos participantes é um importante subsídio para as propostas de zoneamento que deverão ser discutidas nas fases posteriores do processo de elaboração do PM. Para o levantamento de áreas de interesse ambiental foram utilizadas diferentes denominações nos grupos de trabalho, dependendo do público e da disposição que
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os participantes demonstravam para a discussão. Por exemplo, para os pescadores, muitas vezes foram utilizados termos como “maior cuidado com a natureza” ou, então, quando os participantes declaravam que toda a área da APAMLS deveria ser conservada, era utilizado o termo “área prioritária para conservação”. Independente do termo usado como recurso para fomentar a discussão e garantir a realização do exercício, os moderadores sempre procuraram deixar claro que o objetivo era a delimitação de áreas que apresentavam atributos naturais e socioambientais mais importantes. Dentro dos limites da APAMLS e da ARIE do Guará foram listadas como áreas de grande interesse ambiental as seguintes localidades: Barra de Ararapira. Barra de Cananéia. Barra de Icapara. Barra do Ribeira. lha do Bom Abrigo. Ilha do Cambriú. Ilha do Castilho. Ilha da Figueira. Costão entre Marujá e Lajes. Praia da Ilha Comprida. Parcéis (principalmente o Parcel do Una). Costão da Praia de Foles. Costão entre Lajes e Foles. Costão ao sul de Cambriú. Costão entre Ipanema e Itacuruçá. Costão ao norte de Cambriú. Costões na área da Juréia. Área marinha na primeira milha náutica da APAMLS. Área produtiva para o camarão-sete-barbas (entre a barra de Cananéia e sul da
Ilha Comprida). Possíveis áreas com novos ninhais de guará (próximos à ARIE do Guará, mais
Perto do Rocio, em Iguape). Praias em geral. As áreas citadas pelos diversos grupos trabalhados estão apresentadas no mapa de áreas de relevância ambiental. Dentre elas, foram citadas por mais de um segmento: ARIE do Guará, áreas próximas à costa, barras e “bocas” de barras, costões rochosos, ilhas (com destaque para a Ilha do Bom Abrigo), parcéis e praias. A importância de tais áreas para a reprodução, alimentação e abrigo de espécies de peixes e crustáceos foi a justificativa mais colocada pelos participantes. A manutenção dos estoques pesqueiros é um pré-requisito para a o desenvolvimento sustentável da pesca, a conservação dos estuários, costões e áreas mais rasas
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próximas à costa, aparecendo como uma questão importante a ser considerada dentro dos instrumentos de zoneamento do PM da APAMLS. Além dessas áreas, ilhas, praias e manguezais (no caso da ARIE do Guará) também foram colocados como áreas importantes para a conservação de aves costeiras, uma vez que esses animais usam tais locais como áreas de nidificação, descanso e/ou alimentação. As ilhas e barras também apareceram como locais importantes para outros animais ameaçados, como cetáceos e tartarugas. A llha do Bom Abrigo foi destacada como área de relevância ambiental e merece atenção, pois além de sua gestão envolver diferentes órgãos, foram apontados diversas questões que ocorrem no local, a saber: áreas de erosão, introdução de espécies domésticas, desmatamento, sobreposição de gestão (estadual e federal), construções irregulares, carência de ordenamento das atividades, necessidade de conservação do patrimônio histórico e lixo. As diversas citações à Ilha do Bom Abrigo como área de relevância ambiental e os problemas que nela ocorrem, a torna área focal para as discussões de zoneamento e para as propostas de programas de gestão focadas no PM da APAMLS. Praticamente todos os grupos reconhecem que as atividades desenvolvidas na APAMLS dependem da qualidade e conservação do ambiente. Por exemplo, a pesca, tanto a profissional quanto a amadora, requer a manutenção dos recursos pesqueiros; o turismo tem a natureza conservada como o principal atrativo. As áreas apontadas como de maior interesse ambiental durante as oficinas de Diagnóstico Participativo devem ser consideradas como prioritárias para a conservação no PM da Unidade, contemplando também a sua vocação econômica e de usos. Por exemplo, os pescadores industriais, em geral, expressaram a necessidade que têm por áreas de abrigo nas ilhas, e os pescadores artesanais mostraram sua dependência de áreas costeiras rasas, principalmente para as pescarias de baixa mobilidade.
5.4.2 Áreas degradadas ou impactadas
Uma das características diferenciais da APAMLS em relação às outras duas APAs Marinhas paulistas é a menor ocorrência de áreas impactadas ou degradadas. Porém, não se pode desconsiderar que existam impactos e riscos, como os associados a acidentes decorrentes da atividade de exploração de petróleo que ocorre no entorno marinho, e das rotas de navegação para os portos de Paranaguá e de Santos, além de tensões e incertezas sobre a poluição, uma vez que existem evidências de contaminação por poluentes químicos no estuário e incorporação desses pela fauna de cetáceos, peixes, quelônios e aves. Os grupos participantes das oficinas apontaram o canal do Valo Grande como área de destaque, pois afeta todo o sistema estuarino pela introdução de grande quantidade de
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água doce, ocasionando mudanças na dinâmica sedimentar e favorecendo o estabelecimento de macrófitas aquáticas em detrimento dos manguezais. Foi colocado que os manguezais da região de Iguape se encontram em declínio devido às alterações históricas promovidas pelo Valo Grande; também foi citada a substituição das espécies de peixes no local devido à alteração de salinidade, com consequente mudança na dinâmica da atividade pesqueira e impossibilidade de desenvolvimento da aquicultura na região estuarina próxima ao Valo Grande. Os efeitos do Valo Grande afetam mais diretamente o território da ARIE do Guará, já que a unidade compreende uma área estuarina. No entanto, dada a conectividade e importância dos manguezais e estuários para a APAMLS, em especial para manutenção de diversas espécies que apresentam alternância de habitats em seu ciclo de vida, o Valo Grande pode ser considerado um vetor de pressão também para a área marinha, conforme apontado na análise dos problemas ligados aos recursos naturais. A ARIE do Guará também foi citada como impactada devido ao intenso processo erosivo, apontado pelo Grupo Pesquisadores. Outra área mencionada como degradada ou impactada é a Ilha do Bom Abrigo, AME da APAMLS, o que poderia abrir a possibilidade para propostas mais focadas e avançadas de gestão dos usos e conservação. Foi levantado pelos participantes das oficinas que a Ilha do Bom Abrigo é um local de grande interesse, pois concentra uma diversidade de usos, como a pesca no seu entorno (considerando a restrição de pesca a 300 metros da ilha), visitação e utilização como abrigo para embarcações. O Rio Ribeira também foi apontado pelos pescadores artesanais como impactado pela poluição por agrotóxicos. As áreas apontadas como impactadas devem ser avaliadas em sua relevância socioambiental para posterior planejamento específico que objetive a recuperação, quando possível.
5.4.3 Áreas vulneráveis
As áreas consideradas vulneráveis não foram abordadas em todos os segmentos e grupos de discussão devido à diferente condução das oficinas, que seguiram a dinâmica de cada grupo, conforme explicitado no item 5.2. A partir do trabalho dos grupos, foi possível elencar as áreas apontadas como vulneráveis, ou seja, as que necessitam de atenção para conservação e, principalmente, para planejamento de uso e que, portanto, devem ser destacadas nas discussões do zoneamento e PM: Barra de Icapara, Barra do Ribeira e praias de Ilha Comprida. As primeiras foram citadas devido ao processo erosivo que vêm sofrendo, de acordo
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com os pescadores artesanais; a última foi citada pela pressão sofrida pelo turismo de massa, que gera muitos resíduos. Barras e praias também foram apontadas como áreas de relevância ambiental, uma vez que as barras, de maneira geral, são locais de passagem de cardumes de diversas espécies para áreas de reprodução e criação de alevinos e praias são importantes áreas para descanso e forrageio de aves residentes nesse sistema e aquelas migratórias, fatos que ressaltam a importância desses ambientes para as discussões do Zoneamento e Plano de Manejo da APAMLS. O exemplo da extinção da Praia do Leste é um fator que ressalta a importância da abordagem sobre a dinâmica das praias nas discussões do zoneamento e PM. 5.5 Problemas apontados
Ao longo do Diagnóstico Participativo, principalmente durante as Segundas Oficinas, os grupos foram questionados sobre os problemas observados na APAMLS. Diversos problemas foram citados e categorizados conforme critérios apresentados no Quadro 28. Foram considerados internos os que ocorrem dentro da APAMLS e externos, os de fora da área geográfica da APA ou da sua governança. As tabelas para cada categoria de problemas estão no Anexo 6 e foi elaborado um mapa com a localização dos principais problemas.
Quadro 28 – Problemas apontados.
Categoria Abrangência Descrição
Pontos de atenção Interna Questões que no futuro podem causar tensões ou conflitos
Tensão Interna Incômodos causados por atividades ou ações que podem se transformar em conflitos futuros
Conflito Interna Atividades e/ ou ações que causam impactos negativos nos recursos ambientais, comunidades ou atividades
Vetores de pressão Externa Ações ou atividades de influência localizada fora da área da APA ou da sua governança
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
Dentre as categorias elaboradas, a de maior destaque foi a de “Vetores de Pressão”, a maior parte relacionada com a questão dos recursos naturais e sua degradação. Essa expressiva citação dos “Vetores de Pressão” como problemas da APAMLS evidencia que questões “externas” são de grande relevância e influência para gestão da Unidade de Conservação. Os fatores externos representam 47% dos desafios da APAMLS, que aponta para necessidade de articulação com outros atores e instituições. Também se destacou a categoria “conflitos”, ou seja, atividades e/ou ações que causam impactos negativos nos recursos ambientais, comunidades ou atividades.
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Os conflitos mencionados dizem respeito, em sua maioria, à degradação dos recursos naturais e à atividades pesqueira. “Pontos de atenção” e “tensões” também foram citados (Figura 31), em menor quantidade.
Figura 31 – Categorias dos problemas citados.
47%
36%
14%
3%
Vetores de pressão
Conflitos
Pontos de Atenção
Tensão
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
Para todas as categorias definidas, as citações foram dividas em temas. O tema de destaque foi recursos naturais, que apareceu na maioria das categorias e em grande quantidade na categoria “Vetores de Pressão”, a mais expressiva (Tabela 27).
Tabela 27 – Temas dos problemas citados
Temas Pontos de atenção
Tensão Conflito Vetores de
pressão TOTAL
Aquicultura 2 - 1 1 4
Setor petrolífero - - - 1 1
Barragem do Valo Grande - - - 1 1
Capacitação 1 - - 1 2
Cultura tradicional - - 1 - 1
Embarcações - 1 - - 1
Especulação imobiliária - - - 2 2
Estudos e projetos - 1 - 1 2
Infraestrutura 2 - - 2 4
Pesca - - 9 - 9
Pescadores - 1 1 - 2
Recifes artificiais 3 - - - 3
Recursos naturais 4 1 17 32 54
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Temas Pontos de atenção
Tensão Conflito Vetores de
pressão TOTAL
Traineiras - - 1 - 1
Turismo - - 1 - 1
Visando uma melhor análise e entendimento dos problemas citados ao longo do Diagnóstico Participativo, o tema recursos naturais da categoria vetores de pressão foi detalhado: os subtemas mais encontrados foram poluição e lixo (Figura 32). O subtema poluição despontou devido, especialmente, à poluição no Rio Ribeira de Iguape, além da originária de embarcações e da presença de contaminantes já identificados na região. As questões relacionadas ao lixo têm indicação de sua presença em diversos locais da APA, oriundo de embarcações e das atividades turísticas na região.
Figura 32 – Vetores de pressão citados, relacionados aos recursos naturais.
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
Os demais subtemas de recursos naturais como vetores de pressão se referem a: Água de lastro dos navios descartada na região. Assoreamento de Valo Grande e das barras, em geral. Derrubada do mangue e ocupação do entorno da ARIE do Guará. Impactos nos recursos decorrentes da atividade de exploração do petróleo. Impactos nos recursos decorrentes da atividade do Porto de Paranaguá.
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O tema de recursos naturais também foi apontado nas demais categorias (pontos de atenção, tensão e conflitos) e, devido à sua importância para a elaboração do PM, abaixo estão detalhadas as menções feitas: Pontos de atenção: assoreamento das barras de Icapara e Ribeira; poluição e
alterações na área estuarina devido ao Valo Grande. Tensão: impactos na ARIE do Guará devido à grande quantidade de usos que o
local abriga. Conflitos: redução do estoque pesqueiro por influência de diversas atividades,
erosão, lixo, introdução de espécies exóticas e domésticas no meio ambiente e pesca acidental.
Além dos “Vetores de Pressão”, a categoria de “Conflitos” também foi apontada de maneira relevante e nesta categoria, como já citado, o destaque foi para o tema “recursos naturais”, que versou principalmente sobre a redução dos estoques pesqueiros por diversos motivos. No entanto, o tema “pesca” também teve citações expressivas que se referiram a: Pesca ilegal, com citações da pesca com utilização de explosivos e carburetos e
pesca subaquática com cilindro. Captura incidental. Rejeitos de pesca. Pesca de lagosta nas ilhas. Pesca na Ilha da Figueira. Pescadores de fora utilizam o litoral sul do Estado de São Paulo para pescar
durante o defeso da sua região. Além dos problemas categorizados também foram feitas observações sobre o aumento do número de animais marinhos mortos na região e sobre o esgotamento da pesca artesanal. A expressiva menção de impactos nos recursos naturais como um problema latente na APAMLS demonstra a consciência dos grupos que participaram do Diagnóstico de que suas atividades e usos dependem de um ambiente saudável e mostra, ainda, que esses grupos têm um entendimento sobre o que é uma APA e qual a função do PM, objeto final das discussões realizadas. 5.6 Potencialidades
Ao longo do Diagnóstico Participativo, principalmente durante as Segundas Oficinas, os grupos foram questionados sobre as potencialidades observadas na APAMLS. Para melhor análise, as potencialidades foram categorizadas. Destacaram-se as categorias ligadas ao turismo, à atividade pesqueira e aos recursos naturais que, juntas, representaram a maior parte das citações (Figura 33).
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Figura 33 – Potencialidades citadas.
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
As potencialidades ligadas ao turismo se devem, principalmente, ao desenvolvimento do turismo com base comunitária, turismo náutico, turismo educacional, turismo para observação de fauna (aves e animais marinhos), ecoturismo e turismo em locais especificados, como Ilha do Bom Abrigo e ARIE do Guará. O potencial está relacionado aos recursos naturais existentes na APAMLS. O turismo é considerado potencialidade se realizado de forma ordenada e sustentável; o turismo existente é considerado desordenado, sendo apontado nas interações negativas e como agente de problemas ligados ao lixo na APAMLS. Foi colocado pelos participantes que, para o desenvolvimento da potencialidade turística, são necessárias ações de capacitação de funcionários e comunidades, divulgação de roteiros, estudos de mercado e melhorias na infraestrutura de locais interessantes para visitação, especialmente de recepção de turistas nas comunidades. Essas ações precisam do envolvimento de diferentes atores, como as próprias comunidades locais, empresas e agências de turismo, governos municipais e estadual, entre outros.
As potencialidades ligadas à atividade pesqueira se referem à pesca em geral, realizada de forma responsável, e à pesca amadora, desde que realizada de maneira ordenada, incrementando a economia local. Atualmente, a pesca amadora é considerada como uma prática muitas vezes em desacordo com a legislação vigente, citada, nesse sentido, nas interações negativas, em particular a pesca subaquática. Foram citados também como potencialidades eventos de pesca amadora e a pesca industrial, que movimenta a economia local.
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A menção à pesca amadora lhe confere uma característica de turismo voltado para a pesca e, nesse sentido, ambos aparecem como potencialidades e nas interações positivas, indicando sua importância para a APAMLS, principalmente em relação ao aspecto econômico: esses temas são considerados relevantes no incremento de renda dos pescadores profissionais (compra de isca, aluguel de barco, serviço de pilotagem).
As potencialidades ligadas aos recursos naturais se referem aos atrativos naturais presentes na APAMLS e região, que podem ser de interesse de diversas atividades, e também ao estágio de conservação atual e composição ambiental da região, importante para manutenção e conservação da biota.
Isso avaliado junto com o apontamento de impactos ambientais como problemas mais citados indica que os grupos vislumbram a necessidade de conservação dos recursos e do ambiente em geral, mais especificamente daqueles preservados, como importantes para a APAMLS. As demais categorias de potencialidades citadas se referem a: Desenvolvimento da aquicultura, mais especificamente a maricultura. Forte tradicionalidade no local, principalmente em relação à pesca. Educação e conscientização da comunidade. Potencialidade para prática e realização de eventos de esportes náuticos. Existência de infraestrutura para estudos, pesquisas e projetos na APAMLS. APAMLS possui bons pontos e atrativos para a prática de mergulho. Potencialidade para instalação de recifes artificiais na APAMLS. Esse é um tema polêmico, ora apontado como potencialidade, justificada pela criação de atrativos para o mergulho e a pesca amadora, favorecimento das populações de peixes e coibição da pesca de arrasto (ONG e pesca artesanal de emalhe); e ora como tensão, pelas incertezas do projeto e necessidade de mais estudos (pesquisadores). 5.7 Gestão
A gestão não foi especificamente abordada nas discussões e oficinas de elaboração do Diagnóstico Participativo, mas foi incluída neste documento porque, ao longo do processo, foram observadas diversas citações referentes a este tema. As menções à gestão surgiram ora como problemas e desafios, ora como propostas e recomendações, sendo apresentadas neste item de acordo com essa classificação.
5.7.1 Problemas e desafios
Ao longo do processo e durante o apontamento de desafios e problemas na Segunda Rodada de Oficinas do Diagnóstico, diversos pontos sobre a gestão da
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APAMLS foram levantados, sendo aqui organizados por tema para uma melhor análise (Figura 34).
Figura 34 – Problemas relacionados à gestão.
32%
20%
19%
10%
6%
4%
4%
2%
1% 1%1%
Fiscalização
Articulação
Ordenamento
Infraestrutura
Documentação
Educação ambiental
Legislação
Plano de Manejo
Comprometimento
Estudos e projetos
Patrimônio histórico
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
A fiscalização foi o tema de destaque entre os problemas ligados à gestão da APAMLS, com a maioria das citações, seguido pelos temas de articulação e de ordenamento. Em relação ao tema da fiscalização, foram citadas diversas atividades que estão sendo realizadas, segundo os participantes das oficinas, fora dos padrões legais. Além disso, foi comentado que a fiscalização realizada é insuficiente, a abordagem não é adequada e faltam infraestrutura, recursos humanos e definições de procedimentos aos órgãos fiscalizadores de todas as esferas governamentais. A falta de articulação entre os diferentes órgãos responsáveis pela gestão do território foi bastante discutida, ainda que se reconheça o comprometimento e esforço realizado por gestores e técnicos dos diferentes órgãos (prefeituras, governo estadual, órgãos de fiscalização etc.). Essa questão também envolve as ONGs e pesquisadores. Sobre ordenamento, os problemas apontados no que tange à gestão foram: falta de ordenamento para o turismo e setor pesqueiro em geral, bem como a não implantação dos mosaicos das UCs e gerenciamento costeiro não concluído. As demais citações e sua classificação temática podem ser observadas no Anexo 6 e estão sintetizadas na listagem abaixo:
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Falta de comprometimento dos órgãos gestores. Demora e dificuldade para conseguir documentação de regularização da
atividade pesqueira: segundo os pescadores, esse é o maior problema da categoria, mas saiu do foco de discussão para dar lugar aos demais problemas ligados ao PM da APAMLS, uma vez que a documentação não tem interface direta com a APA.
Falta de educação ambiental na APAMLS. Falta de estudos e projetos para subsidiar possível recategorização da Ilha do
Bom Abrigo. Falta de infraestrutura: sinalização, ausência de CETAS e falta de infraestrutura
em geral. Legislação: proibições ligadas ao desenvolvimento da atividade pesqueira. Problemas de conservação do patrimônio histórico na Ilha do Bom Abrigo. Plano de Manejo: conclusão conjunta do PM e do Zoneamento Ecológico
Econômico do Complexo Estuarino Lagunar Iguape-Cananéia e necessidade de informar sobre o trabalho de elaboração do PM da APAMLS.
5.7.2 Propostas e recomendações
Durante o apontamento das propostas e recomendações e potencialidades nas oficinas do Diagnóstico Participativo, diversos pontos sobre a gestão da APAMLS foram levantados, estando aqui organizados por tema (Figura 35).
Figura 35 – Propostas relacionadas à gestão.
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
O ordenamento foi o tema de destaque, com sugestões de ordenamento da atividade pesqueira, do turismo e das praias visando à conservação ambiental e à
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redução de conflitos e disputas, principalmente por espaço. As demais citações e sua classificação temática podem ser observadas no Anexo 6 e são, em síntese: Áreas costeiras: não foi especificada proposta, mas foi ressaltado que deve
haver maior cuidado com as áreas costeiras. Articulação: gestão integrada dos funcionários e órgãos públicos e integração do
zoneamento marinho do PM da APAMLS e do GERCO. Barras: não foi especificada proposta, mas foi ressaltado que deve haver maior
cuidado com as barras. Equipe: manutenção e continuidade da equipe gestora da APAMLS desde a sua
instituição. Fiscalização: implantação do sistema de monitoramento marítimo – SIMMAR
(integração entre Fundação Florestal, Polícia Ambiental e CFA). Patrimônio cultural: conservação e recuperação do patrimônio cultural da Ilha do
Bom Abrigo. Recursos ambientais: conservação e recuperação do patrimônio ambiental da
Ilha do Bom Abrigo. Essa avaliação demonstra a importância do Processo Participativo, não apenas na construção do PM da APAMLS mas também na sua gestão e indica, previamente, a necessidade de um plano de comunicação abrangente para divulgação do PM da APAMLS quando estiver concluído. 5.8 Lacunas de conhecimento
As lacunas de conhecimento para elaboração do PM não foram levantadas por todos os grupos trabalhados. Em especial, faltou essa abordagem no Grupo Pesquisadores (Segmento 3), público que poderia ter fornecido grandes contribuições ao tema, de modo que esse levantamento deverá ser retomado com esse público.
No Grupo Poder Público, algumas lacunas do conhecimento foram apontadas, de forma discreta, identificando os temas do Quadro 29.
Quadro 29 – Lacunas de conhecimento.
Tema Questão apontada
Setor pesqueiro Mapeamento qualitativo e quantitativo do setor pesqueiro
Rio Ribeira de Iguape Falta de conhecimento sobre a pluma do Rio Ribeira (qualidade da água)
Sedimentação Falta de conhecimento sobre sedimentação
Fauna marinha Falta de conhecimento sobre a ecologia da fauna marinha no território
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
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Essas lacunas foram abordadas de forma superficial e, por esse motivo, há necessidade de aprofundamento do tema. No entanto, as lacunas apontadas se referem principalmente aos recursos naturais e atividade pesqueira, pontos primordiais para decisões sobre o zoneamento e PM da APAMLS. 5.9 Propostas e recomendações dos grupos
Durante a elaboração do Diagnóstico Participativo, foram ouvidas propostas e recomendações diversas dos grupos. A maioria delas se referiu à gestão da APAMLS e foram apresentadas no item 5.7.2. As restantes são aqui apresentadas de forma categorizadas para uma melhor análise (Quadro 30).
Quadro 30 – Propostas e recomendações.
Categoria Descrição
Estudos e pesquisas Devolutivas do conhecimento produzido pelos órgãos públicos e pesquisadores para os pescadores
Infraestrutura Na ponta da Juréia seria bom ter um farol
Pescadores Capacitação dos pescadores para que entendam a justificativa das leis e normas existentes
Planejamento urbano Implantação dos projetos e políticas públicas existentes
Fonte: Consórcio IDOM-Geotec, 2013.
Foram citadas apenas quatro propostas e recomendações que não versavam sobre gestão e observa-se que estão relacionadas a problemas apontados e até mesmo a propostas feitas para gestão da APAMLS, a saber: maior participação, necessidade de sinalização e articulação. 5.10 Subsídios para zoneamento
O zoneamento da APAMLS deve considerar, além dos seus objetivos, a legislação vigente, os aspectos ambientais e socioambientais da UC, com foco nos usos do território e nas áreas definidas como de relevância ambiental, além daquelas indicadas como vulneráveis, impactadas e degradadas. Parte dessas informações foi trabalhada no Diagnóstico Participativo e poderão subsidiar o referido zoneamento. No entanto, é essencial a observância da avaliação técnica sobre as características ambientais e socioeconômicas da APAMLS, que embasará todo o processo de zoneamento. No que tange aos usos do território, o Diagnóstico Participativo fornece subsídios pela caracterização e identificação geográfica dos usos feitos pelos diversos grupos trabalhados. Os mapas de sobreposição de usos devem ser inicialmente avaliados do ponto de vista técnico ambiental, de modo a fornecer informações acerca da relação exploração/ capacidade suporte dos habitats. Em seguida, devem ser observadas as interações entre os grupos sociais, em especial os conflitos
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apontados e identificados. O Diagnóstico Participativo aponta principalmente disputas por espaço entre pesca artesanal e pesca industrial e turismo com diversos atores; as disputas por recursos entre pesca artesanal e pesca industrial e pesca subaquática. Com relação à definição das áreas da APAMLS consideradas de relevância ambiental, degradadas ou impactadas e vulneráveis, o Diagnóstico Participativo apontou ilhas, barras, parcéis, costões e praias como pontos de atenção no que tange à conservação. Apontou também que a comunidade participante demanda o ordenamento das atividades visando à conservação ambiental, ponto importante para as discussões sobre zoneamento e elaboração do PM. A comparação dos apontamentos do Diagnóstico Participativo com o Diagnóstico Técnico indicará a congruência ou falta dela em relação à percepção da comunidade e as áreas que tecnicamente são consideradas de relevância ambiental, vulneráveis ou degradadas. Essas congruências e incongruências devem nortear as discussões sobre o zoneamento, visando esclarecer e entender a respeito das áreas de restrição de uso geral ou restrição de usos específicos. O Diagnóstico Participativo aponta, principalmente, disputas por espaço entre pesca artesanal, a pesca industrial e o turismo com diversos atores; e as disputas por recursos entre pesca artesanal e pesca industrial e pesca subaquática. Além disso, o DP identificou problemas e desafios que, muitas vezes, podem ser resolvidos ou minimizados pelo zoneamento, levantando propostas que podem ser consideradas. Os problemas ambientais que afetam os recursos pesqueiros e a poluição em geral se destacaram, bem como as propostas e sugestões voltadas à conservação dos recursos e ordenamento territorial. Em relação a essas propostas, algumas sugestões específicas e até direcionamentos para o zoneamento já foram apontados e deverão ser avaliados técnicamente. São eles: Realizar um micro zoneamento nas ilhas, visando maior detalhamento do
zoneamento nessas áreas, especialmente na Ilha do Bom Abrigo; Considerar a área costeira como área de exclusão da pesca industrial; Considerar a área de até 200 metros da costa como área de exclusão da pesca
motorizada; Ordenar a pesca de arrasto; Ordenar a pesca profissional; Avaliar o ordenamento para não sobrecarregar as áreas das praias rasas e
arenosas; Ordenar o conjunto da região norte da APAMLS (Juréia e Rio Una) com a
APAMLC; Ordenar a área de praia (Ilha Comprida e Juréia); Ordenar o turismo;
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Todas as informações apresentadas devem ser consideradas, mas critérios para o zoneamento da APAMLS serão definidos ao longo das oficinas com essa finalidade. No entanto, é possível apontar alguns direcionamentos para as propostas de zoneamento a partir dos principais resultados observados. Deve-se considerar ilhas, barras, praias, costões e parcéis como locais para preservação e conservação, visto a importância desses habitats para a reprodução, abrigo e alimentação de diversas espécies e consequente sobrevivência dessas populações. Da mesma forma, devem ser consideradas ações de proteção dos rios e manguezais do entorno para minimizar os impactos na APAMLS, pois também são habitats de reprodução de espécies pesqueiras importantes para a economia local, cuja degradação pode impactar a taxa de reposição de estoques. Considerando o objetivo de criação da APAMLS de garantir a sustentabilidade em seu território, os focos principais do zoneamento devem ser de recuperar e renovar os estoques pesqueiros visando a garantia da manutenção da biodiversidade pesqueira local e da atividade pesqueira na região, através de proteção dos bercários das espécies marinhas, mais especificamente as de interesse do setor pesqueiro, visando garantir a continuidade da atividade pesqueira com rentabilidade. A definição de zonas deve disciplinar o uso e ocupação da APAMLS em geral, de maneira que os impactos ambientais decorrentes das atividades possam ser minimizados, principalmente na faixa costeira, de utilização por diversos grupos de interesse. Nesse sentido deve-se pensar também em manter a integridade dos atrativos naturais que incentivam a atividade turística e portanto contribuem com a economia local. O zoneamento deve ainda disciplinar as atividades visando a redução de conflitos, criando regramentos específicos para cada classe de usuário: atividade pesqueira, visando a redução de conflitos entre pescadores artesanais, industriais, amadores e o turismo que utiliza as praias e outros locais importantes para a pesca artesanal. Além disso, é importante possibilitar o desenvolvimento de pesquisas científicas nos locais apontados como prioritários para a conservação como áreas de controle de qualidade ambiental, permitindo comparações futuras entre áreas de maior restrição com as menos restritivas. Avaliar a necessidade de microzoneamentos em área de grande interesse para conservação, como como exemplo, o ordenamento das atividades na Ilha do Bom Abrigo, como um espaço particular dentro do amplo zoneamento da APAMLS devido sua importancia para manutenção da biodiversidade e a alta intensidade de uso e sobreposição nesse local.
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E, finalmente, atentar para áreas impactadas que são de relevância socioambiental, porque necessitam de pronta recuperação, incluindo patrimônios históricos e culturais que possam garantir a manutenção da cultura local de pesca artesanal.
As informações produzidas durante a realização do DP poderão, na fase subsequente, fornecer mais insumos para a justificativa para criaçao do zoneamento e definiçao dos critérios de modo a compatibilizar as informaçoes técnicas, com os apontamentos dos usuários do território da APAMLS.
5.11 Subsídios para Programas de Gestão
A definição dos Programas de Gestão da APAMLS deverá considerar os aspectos socioambientais da UC, com foco nos problemas e potencialidades observados na área e, também, para as lacunas de conhecimento identificadas. Parte dessas informações foi trabalhada no Diagnóstico Participativo e poderá subsidiar o desenho de Programas de Gestão. No entanto, é essencial a observação da avaliação técnica sobre as características socioambientais da APAMLS.
Em relação aos problemas, a questão ambiental teve destaque, principalmente a poluição e o lixo que, mesmo quando ausentes no interior da APAMLS, têm efeitos danosos em sua área, principalmente nos recursos pesqueiros. Sobre as potencialidades, o turismo ordenado foi apontado como uma atividade importante, além da atividade pesqueira e dos recursos naturais, diretamente relacionados com o primeiro.
As lacunas do conhecimento foram identificadas de maneira muito discreta, faltando a contribuição do Grupo Pesquisadores. No entanto, pontos levantados versaram sobre a necessidade de maior conhecimento dos sistemas ambientais e da atividade pesqueira.
O Diagnóstico Participativo também deu ênfase à questão da gestão da APAMLS, analisando problemas e propostas e recomendações dos grupos trabalhados, fatores que devem ser avaliados em conjunto com os problemas e potencialidades citados para a APAMLS. O maior problema apontado em relação à gestão foi a fiscalização, com ênfase para a necessidade de ampliar e qualificar a fiscalização na APAMLS devido a usos atuais que são realizados fora do padrão legal. Sobre as propostas para gestão, o destaque foram as ligadas ao ordenamento do território. Uma avaliação conjunta dos pontos acima permite identificar as seguintes propostas para melhoria da gestão:
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Questões para elaboração de Programas de Gestão
Questão Gerencial
Articulação: gestão integrada dos funcionários e órgãos públicos, bem como integração de instrumentos e políticas, como o zoneamento marinho do PM da APAMLS e do GERCO;
Fortalecimento, direcionamento e integração das atividades de Fiscalização: implantação do sistema de monitoramento marítimo – SIMMAR (Fundação Florestal, Polícia Ambiental e CFA); capacitação e atualização de agentes fiscalizadores;
Ampliação e continuidade da equipe gestora da APAMLS desde a sua instituição;
Conservação e recuperação do patrimônio cultural da Ilha do Bom Abrigo;
Maior aproximação da gestão da APAMLS com a comunidade pesqueira e com a comunidade usuária como um todo;
Ampliação da comunicação com a comunidade usuária, do entorno e do setor pesqueiro;
Divulgação da APAMLS na região, visando à colaboração comunitária na manutenção da UC e à difusão de seus regramentos e de sua importância;
Divulgação da legislação ambiental relacionada à APAMLS e seus usos, bem como o PM, após sua conclusão, principalmente para o setor pesqueiro;
Integração e realização de estudos socioambientais na APAMLS;
Integração com demais UC e áreas protegidas da região.
Questão Ambiental
Conservação e recuperação do patrimônio ambiental da Ilha do Bom Abrigo;
Implementação de programa de educação ambiental e melhoria dos mecanismos de fiscalização, visando a proteção das Barras e das áreas costeiras;
Estabelecimento de regras e ordenamentos específicos das atividades nas áreas costeiras, visando maior proteção;
Promoção de educação ambiental com a comunidade usuária e do entorno, principalmente no que tange à questão dos resíduos sólidos.
Questões sobre o Meio Socioeconômico
Estimular o turismo ordenado e sustentável por meio da criação de programas, inclusive de turismo de base comunitária;
Fortalecimento do artesanato local;
Implementar programas de capacitação para pescadores;
Valorizar a cultura tradicional local, com enfoque na pesca artesanal;
Incentivo ao desenvolvimento de esportes náuticos e organização de eventos do setor.
5.12 Area de Relevante Interesse Ecológico do Guará (ARIEG)
Como demonstrado nos capítulos anteriores, a ARIE do Guará foi citada pelos grupos durante o processo participativo. Através das informações obtidas foi possível elaborar mapas referentes às questões levantadas para o território da ARIEG e apontamentos específicos para a gestão da UC. A ARIEG foi citada pela sua importância na manutenção dos recursos pesqueiros e biodiversidade da região (Mapa AG_4_001, de áreas de relevância ambiental). Tal
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relevância deve-se fundamentalmente à presença do fragmento de manguezal na abrangência da UC, levantada principalmente pelos grupos de pesca artesanal de emalhe, pesquisadores e representantes de ONG, devido. Esse ecossistema foi considerado imprescindível para uso de espécies marinhas de peixes, aves e crustáceos como área de berçário, ou seja, do qual depende a reposição de indivíduos às populações. Além disso, a área foi considerada um importante ponto de repouso de aves migratórias, que muitas vezes a utilizam também para construção de ninhais. Essa informação ressalta a necessidade de avaliar essa área e implantar um monitoramento dos ninhos já existentes (guará e outras espécies relevantes), de modo que possa ser elaborado estudo de viabilidade de incorporação à ARIEG ou a outra UC a fim de conservar trechos mais representativos de manguezal. Deve-se destacar também que embora não estejam incluídas no território da ARIEG, as desembocaduras dos rios que formam a Barra de Icapara foram citadas nas oficinas pela necessidade de conservação, uma vez que representam área de transição entre ecossitema marinho e continental. Essa relevância ocorre devido ao fato das espécie que utilizam o manguezal inserido na UC como berçário migrarem pela Barra nos períodos reprodutivos, e portanto, representarem maior impacto em caso de captura de indivíduos ovados. Em se tratanto de usos do território, foram identificadas atividades relacionadas à pesca artesanal e ao turismo e lazer (Mapa AG_4_003). A área é usada pelo grupo de emalhe para uso de diversos petrechos, tais como tarrafa, que se utiliza de toda a área para dentro da Barra de Icapara, incluindo o trecho estuarino pertencente à ARIEG. Nessa parte é praticada também pesca de vara e caniço, caceio, e pesca de manjuba com rede manjubeira. Ressalta-se que esta última foi citada também por ser praticada com corrico, apesar de ser proibida. Eventualmente também podem ocorrer emalhe com rede de fundo, com malha grande para pesca de robalo e pescada amarela, bem como gerival para captura de pitu (para uso como isca). Na parte de manguezal ocorre também extrativismod e caranguejo e bicho do lodo (muçum/mossorongo). Deve-se lembrar que embora não tenha partido do grupo de pesca amadora, a atividade foi citada como conflitante. Segundo os participantes das oficinas, a pesca amadora é praticada por turistas hospedados em Iguape, muitas vezes causando prejuízos aos pescadores artesanais. Da mesma forma, o turismo foi apontado por representantes do município de Ilha Comprida, ONG, pesquisadores, agentes de turismo e pescadores. Essa área também é utilizada para atividades de remo e moto aquática na parte estuarina, e por ultraleves no trecho arenoso. Essas atividades foram apontadas também como problemas (Mapa AG_4_002), uma vez que podem comprometer o equilíbrio ecológico da ARIEG. Quanto à pesca amadora o problema se refere à pratica ocoorrer de maneira irregular, com auxílio
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de redes, atrapalhando a atividade do pescador artesanal de caceio, rede estaqueada e lanço, uma vez que tiram o ponto de pesca de quem tem registro de pescador profissional. Em relação ao turismo os problemas se devem aos acidentes gerados pelas motoaquáticas em alta velocidade e ultraleves, bem como o barulho envolvendo os equipamentos, que muitas vezes espantam cardumes e aves dos ninhais, respectivamente. Ainda se tratando de turismo foi levantada a ocorrência de barcos de turismo náutico, que buzinam ao redor da ARIEG propositalmente para provocar a levantada de aves dos ninhos para que os turistas possam fotografar. Entre os motivos levantados para tal prática está a falta de capacitação dos agentes de turismo na região para práticas de mínimo impacto ambiental. Além disso, cabe lembrar que o turismo foi considerado uma ameaça à ARIEG por ocorrer de maneira desordenada, sem controle de acesso, e, muitas vezes, envolver a derrubada de manguezal para acesso ao estuário. Além dessas atividades, outros fatores que indicam a vulnerabilidade da ARIEG podem ser observados no mapa AG_4_002. Entre eles destacam-se a poluição vinda pelo Rio Ribeira, a influência do Valo Grande, a alta dinâmica sedimentar, e a pressão pela ocupação urbana no entorno. Todos os fatores podem alterar as características físico-quimicas do estuário, comprometendo por sua vez a consolidação das áreas de manguezal e consequentemente afetando a reprodução de espécies pesqueiras. Apesar de representarem ameaças se praticados de maneira desordenada e irregular, algumas atividades também representam potencialidades para a gestão e usos sustentável da ARIE, devido às características ambientais e demanda das práticas que podem ser observadas, desde que adotados hábitos de baixo impacto. Neste sentido pode-se citar a prática de ecoturismo, seja de base comunitária, para práticas de esportes ou com fins educativos e pedagógicos. Também cabe considerar que a aquicultura foi levantada como uma possível pressão à ARIEG, sendo necessário realziar estudos de viabilidade para implantação de projetos na área. Em resumo, considerando as características de relevância ambiental, demanda de usos e pvetores de pressão no território da ARIEG, é necessário estabelecer um ordenamento adequado para as diferentes atividades, incluindo o extrativismo, pesca artesanal, pesca amadora e turismo. Para tanto é importante que os usuários e prestadores de serviço sejam cadastrados e capacitados para adoção de práticas adequadas, visando a manutenção de sua atividade econômica dependente da ARIEG. Também se faz necessário garantir que a qualidade local seja mantida, através da articulação com os órgãos competentes pela gestão territorial da Ilha Comprida, tais
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como Secretaria de Turismo, Educação, e participando diretamente na regularização das ocupações nas áreas limítrofes da UC. Além disso é importante atuar nas discussões regionais sobre o futuro do Valo Grande e no incentivo às práticas agrícolas livre de defensivos e combate à poluição. Neste sentido se torna relevante o relacionamento direto com a Prefeitura Municipal de Iguape. 5.13 Considerações finais
De acordo com o TdR, o Diagnóstico Participativo tinha como objetivo identificar os
“usos, potencialidades e conflitos, as oportunidades e os vetores de pressão relacionados à APA, de forma a subsidiar a proposta de zoneamento e de programas de gestão e ampliar assim o diagnóstico técnico realizado”, bem como “identificar e sistematizar outros dados existentes para a região e que não são de fácil acesso ou que não estão publicados ou disponíveis em suas versões oficiais/definitivas”.
O público-alvo da ação era composto por representantes da sociedade civil, de organizações públicas e privadas, atuantes tanto dentro quanto no entorno da APA.
O presente Diagnóstico trabalhou com um público amplo, dividido em segmentos conforme metodologia indicada, e conforme já detalhado neste relatório. O processo de mobilização foi realizado e todos os segmentos tiveram uma expressiva participação, o que gerou informações relevantes para a elaboração do PM. Todos os pontos indicados no TdR como importantes para o Diagnóstico Participativo foram abordados de forma satisfatória. Para a identificação das lacunas de conhecimento na APAMLS, no entanto, não houve tempo suficiente. Isso será solucionado com uma nova abordagem ao longo das demais oficinas previstas para elaboração do PM. Assim, considerando os objetivos do Diagnóstico Participativo, o público-alvo indicado e as informações contidas no presente relatório, verifica-se que o Diagnóstico Participativo da APAMLS cumpriu os objetivos propostos, à medida que as análises realizadas permitiram elaborar direcionamentos para o Zoneamento e Programas de Gestão.
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REFERÊNCIAS BRASIL. 2000. Lei Federal 9.985, de 18 de julho de 2000. Institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC). BRASIL. 2012. Instrução Normativa nº 12, de 6 de junho de 2012. Ministério da Pesca e Aquicultura, República Federativa do Brasil. CONVENÇÃO DE RAMSAR. 1971. Convenção de Ramsar - sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional, especialmente como Habitat de Aves Aquáticas. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/images/arquivos/biodiversidade/biodiversidade_aquatica/zonas_umidas/texto_convencao_ramsar.pdf>. Acesso em: dez/2013. SÃO PAULO. 1986. Lei Estadual 5.208, de 1.º de julho de 1986. Autoriza o Poder Executivo a instituir Fundação denominada "Fundação para a Conservação e a Proteção Florestal do Estado de São Paulo SÃO PAULO. 2008. Decreto Estadual 53.527 de 8 de outubro de 2008. Cria a Área de Proteção Ambiental Marinha do Litoral Sul, e dá providências correlatas. Casa Civil do Estado de São Paulo, São Paulo, 8 out. 2008. SÃO PAULO. 2009. Secretaria Estado Meio Ambiente. Resolução SMA 69/2009, de 28 de setembro de 2009. Define os parâmetros técnicos que estabelecem a proibição da pesca de arrasto, com utilização de sistema de parelha de barcos de grande porte, e a pesca com compressor de ar ou outro equipamento de sustentação artificial nas Áreas de Proteção Ambiental Marinhas do Litoral do Estado de São Paulo. SÃO PAULO. 2012. Decreto Estadual 57.933, de 2 de abril de 2012. Reorganiza a Secretaria do Meio Ambiente e dá providências correlatas. SÃO PAULO. 2013. Lei 14.982, de 8 de abril de 2013. Altera os limites da Estação Ecológica da Juréia-Itatins na forma que específica, e dá outras providências.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Reunião de apresentação, Conselho Gestor Ampliado. ................................................................ 10
Figura 2 – Materiais de divulgação da Primeira (A) e Segunda (B e C) Oficinas de Diagnóstico. ................ 12 Figura 3 – Folder explicativo sobre o PM. .......................................................................................................... 13 Figura 4 – Primeira Oficina de Diagnóstico Participativo, Grupo Emalhe Sul. ................................................ 27 Figura 5 – Primeira Oficina de Diagnóstico Participativo, Grupo Emalhe Norte. ............................................ 31 Figura 6 – Exercício realizado com mapa durante a primeira oficina, Grupo Emalhe Norte. ........................ 34
Figura 7 – Primeira Oficina de Diagnóstico Participativo, Grupo Arrasto. ....................................................... 36 Figura 8 – Primeira Oficina de Diagnóstico Participativo, expectativas do Segmento 2. ............................... 41 Figura 9 – Plenária de encerramento da Oficina, Segmento 2. ....................................................................... 49 Figura 10 –Primeira Oficina de Diagnóstico Participativo, Grupo Poder Público. .......................................... 51 Figura 11 – Primeira Oficina de Diagnóstico Participativo, Grupo Entidade de Ensino e Pesquisa e
Pesquisadores. ................................................................................................................................. 55 Figura 12 – Primeira Oficina de Diagnóstico Participativo, Grupo Interesses Difusos. .................................. 61
Figura 13 – Avaliação dos participantes, Segmento 1. ..................................................................................... 63 Figura 14 – Avaliação dos participantes, Segmento 2. ..................................................................................... 63 Figura 15 – Avaliação dos participantes, Segmento 3. ..................................................................................... 64 Figura 16 – Plenária inicial da Segunda Oficina de Diagnóstico participativo, Segmento 1. ......................... 68
Figura 17 – Segunda Oficina, Grupo Atividades Industriais, Turismo e Pesca Amadora. ............................. 78 Figura 18 – Apresentação e discussão dos mapas, Grupo Pesca Industrial. ............................................... 86
Figura 19 – Segunda Rodada de Oficinas, Grupo Poder Público. .................................................................. 92 Figura 20 – Segunda Rodada de Oficinas, Grupo Entidades de Ensino e Pesquisa, Pesquisadores e
Interesses Difusos. ........................................................................................................................... 94
Figura 21 – Avaliação das Segundas Oficinas, Segmento 1. ........................................................................ 100 Figura 22 – Avaliação das Segundas Oficinas, Segmento 2. ........................................................................ 100
Figura 23 – Avaliação da Segunda Oficina, Segmento 3. .............................................................................. 101
Figura 24 – Fluxograma do Processo Participativo. ........................................................................................ 108
Figura 25 – Interacões entre grupos. ............................................................................................................... 120 Figura 26 – Rede de interações........................................................................................................................ 121 Figura 27 – Interações positivas citadas no Diagnóstico. ............................................................................... 122
Figura 28 – Interações neutras citadas no Diagnóstico. ................................................................................. 123 Figura 29 – Interações negativas citadas no Diagnóstico. ............................................................................. 125
Figura 30 – Interações negativas, relacionadas à exploração dos recursos e do espaço........................... 127 Figura 31 – Categorias dos problemas citados. .............................................................................................. 135 Figura 32 – Vetores de pressão citados, relacionados aos recursos naturais. ............................................. 136
Figura 33 – Potencialidades citadas. ................................................................................................................ 138 Figura 34 – Problemas relacionados à gestão. ............................................................................................... 140 Figura 35 – Propostas relacionadas à gestão. ................................................................................................ 141
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Relação de mapas do relatório de Diagnóstico Participativo APAMLS. ......................................... 8
Tabela 2 – Mapa de agentes APAMLS, balanço de número de registros. ....................................................... 9 Tabela 3 – Participantes das reuniões de apresentação. ................................................................................. 11 Tabela 4 – Materiais produzidos para divulgação e mobilização. .................................................................... 14 Tabela 5 – Análise da mobilização para as primeiras oficinas. ........................................................................ 16 Tabela 6 – Análise da mobilização para as segundas oficinas. ....................................................................... 16
Tabela 7 – Balanço geral de participação no Processo Participativo. ............................................................. 17 Tabela 8 – Participação no Processo Participativo por município. .................................................................. 18 Tabela 9 – Participantes na Primeira Oficina, Segmento 1. ............................................................................. 25 Tabela 10 – Participantes na Primeira Oficina, Segmento 2. ........................................................................... 40 Tabela 11 – Participantes na Primeira Oficina, Segmento 3. ........................................................................... 50
Tabela 12 – Número de participantes por arte de pesca. ................................................................................. 68 Tabela 13 – Participantes na Segunda Oficina, Segmento 2. .......................................................................... 77 Tabela 14 – Participantes na Segunda Oficina, Segmento 3 ........................................................................... 89
Tabela 15 – Representantes eleitos, Segmento 1. ......................................................................................... 102
Tabela 16 – Representantes eleitos, Segmento 2. ......................................................................................... 103 Tabela 17 – Representantes eleitos, Segmento 3. ......................................................................................... 104 Tabela 18 – Usos identificados no território da APAMLS ............................................................................... 110
Tabela 19 – Caracterização da pesca artesanal por segmento. .................................................................... 111 Tabela 20 – Caracterização do extrativismo.................................................................................................... 114
Tabela 21 – Caracterização da pesca industrial. ............................................................................................ 114 Tabela 22 – Caracterização da pesca amadora por segmento. .................................................................... 116 Tabela 23 – Caracterização do turismo. .......................................................................................................... 118
Tabela 24 – Caracterização das atividades náuticas. ..................................................................................... 119
Tabela 25 – Caracterização das atividades industriais. .................................................................................. 119 Tabela 26 – Classificação das espécies de acordo com a exploração dos recursos. ................................. 128 Tabela 27 – Temas dos problemas citados ..................................................................................................... 135
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LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Identificação e detalhamento das artes de pesca, Grupo Emalhe Sul. ....................................... 28 Quadro 2 – Outros usos existentes no território, suas características e interações com a pesca artesanal,
Grupo Emalhe Sul. ........................................................................................................................... 30 Quadro 3 – Identificação e detalhamento das artes de pesca, Grupo Emalhe Norte. ................................... 32
Quadro 4 – Outros usos identificados no território, suas características e interações com a pesca
artesanal, Grupo Emalhe Norte. ..................................................................................................... 34 Quadro 5 – Identificação e detalhamento das artes de pesca, Grupo Arrasto. .............................................. 37 Quadro 6 – Interações da pesca artesanal com outros usos, identificadas pelo Grupo Arrasto. .................. 39 Quadro 7 – Identificação e detalhamento das artes de pesca, Grupo Pesca Industrial ................................ 42
Quadro 8 – Identificação e detalhamento das atividades, Grupo Turismo. ................................................... 45 Quadro 9 – Usos e atividades identificados no território, Grupo Atividades Industriais. ................................ 48
Quadro 10 – Identificação de atividades, Grupo Poder Público....................................................................... 51 Quadro 11 – Fragilidades e potencialidades, Grupo Poder Público ................................................................ 53 Quadro 12 – Usos e atividades identificados no território, Grupo Entidade de Ensino e Pesquisa e
Pesquisadores. ................................................................................................................................. 56
Quadro 13 – Interações presentes no território da APAMLS, Grupo Entidade de Ensino e Pesquisa e
Pesquisadores. ................................................................................................................................. 58
Quadro 14 – Potencialidades e fragilidades, Grupo Entidade de Ensino e Pesquisa e Pesquisadores. ..... 59 Quadro 15 – Usos e atividades, Grupo de Interesses Difusos. ....................................................................... 61 Quadro 16 – Interações de uso, Grupo ONG. ................................................................................................... 62
Quadro 17 – Matriz de potencialidades.............................................................................................................. 69 Quadro 18 – Matriz de problemas. ..................................................................................................................... 70
Quadro 19 – Priorização das potencialidades, Grupo Emalhe. ....................................................................... 73 Quadro 20 – Matriz de potencialidades, Grupo Emalhe. .................................................................................. 73
Quadro 21 – Priorização dos problemas, Grupo Emalhe. ................................................................................ 74 Quadro 22 – Matriz de problemas, Grupo Emalhe. .......................................................................................... 75 Quadro 23 – Matriz de potencialidades.............................................................................................................. 79 Quadro 24 – Matriz de problemas. ..................................................................................................................... 84
Quadro 25 – Matriz de potencialidades.............................................................................................................. 86 Quadro 26 – Matriz de problemas. ..................................................................................................................... 87 Quadro 27 – Matriz de potencialidades, Grupo Entidades de Ensino e Pesquisa, Pesquisadores e
Interesses Difusos. ........................................................................................................................... 97 Quadro 28 – Problemas apontados. ................................................................................................................ 134
Quadro 29 – Lacunas de conhecimento. ......................................................................................................... 142 Quadro 30 – Propostas e recomendações. ..................................................................................................... 143
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ACEC Associação Comercial e Empresarial de Cananéia AMAVALES Associação dos Mineradores de Areia do Vale do Ribeira e Baixada Santista AME Área de manejo especial AMOIP Associação dos Moradores Itacuruçá e Pereirinha APA Área de proteção ambiental APAM Área de proteção ambiental marinha APAMLC Área de Proteção Ambiental Marinha do Litoral Centro APAMLS Área de Proteção Ambiental Marinho do Litoral Sul ARIE Área de relevante interesse ecológico ASVR Associação de Surf do Vale do Ribeira CATI Coordenadoria de Assistência Técnica Integral CBRN Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais CEAGESP Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo CETAS Centro de Triagem de Animais Selvagens CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental CFA Coordenadoria de Fiscalização Ambiental CITUR Conselho Ilheense de Turismo COFEN Comunidade Feminina Familiar da Barra do Ribeira – Juréia COMTUR Conselho Municipal de Turismo CPLA Coordenadoria de Planejamento Ambiental CT Câmara temática DNPM Departamento Nacional de Produção Mineral ESEC Estação ecológica FF Fundação Florestal GERCO Gerenciamento Costeiro IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade IO Instituto Oceanográfico IP Instituto de Pesca IPeC Instituto de Pesquisas Cananéia MPA Ministério da Pesca e Aquicultura NPC Núcleo de Pesquisa e Conservação da Fauna e Flora Silvestre ONG Organização não-governamental PDRS Projeto de Desenvolvimento Regional Sustentável. PM Plano de Manejo PREPS Programa de Rastreamento de Embarcações Pesqueiras por Satélite PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar SAA Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo SABESP Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo SIMMAR Sistema Integrado de Monitoramento Marítimo SMA Secretaria de Meio Ambiente SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza TdR Termos de referência UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura UC Unidade de conservação UFSCAR Universidade Federal de São Carlos UNESP Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho USP Universidade de São Paulo
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LISTA DE ANEXOS
Anexo 1 – Roteiros da primeira e da segunda oficina Anexo 2 – Listas de presença Anexo 3 – Mapas Anexo 4 – Fichas de avaliação Anexo 5 – Matrizes da segunda oficina, Segmento 3 Anexo 6 – Tabelas de análise Anexo 7 – Apresentação realizada na segunda oficina Anexo 8 – Lista de agentes
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FICHA TÉCNICA – EQUIPE PROCESSO PARTICIPATIVO
IDOM
Coordenador Geral do Projeto Pedro Muradás Engenheiro Florestal e Ambiental Coordenação do Processo Participativo Juliana Ting Arquiteta e Urbanista Coordenação Regional Diego Martinez Biólogo-Mestre em Ciências-Programa de Ocenografia Equipe Técnica Mariana Corá Oceanógrafa-Mestre em Planejamento Urbano e Regional Heloísa Barbeiro Arquiteta e urbanista Bárbara Banzato Oceanógrafa-Mestre em Ciência Ambiental Débora Gutierez Oceanógrafa-Especialização em Gerenciamento Ambiental Aida Fernández Graduada em Ciência Ambiental-Cartógrafa
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GEOTEC
Coordenador Executivo Fernando Kertzman Geólogo-Doctor em Geografía Física Equipe Técnica Juliana Narita Bióloga-Mestre em Ecologia Amanda S. Ohelmeyer Bióloga-Pós-graduada (Latu sensu) em Bioecologia e Conservação Danilo Silva Biólogo-Mestre em Ecologia e Recursos Naturais Tiago Sousa Graduado em Administração-Mestre em Gestão e Tecnología Ambientais-Cartógrafo Daniel Ruffato Oceanógrafo-Mestre em Oceanografía Física
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DIAGONAL
Coordenadora do Projeto
Marisa Rodrigues Sociologa
Equipe Técnica
Carolina Bio Poletto Bióloga Daniel Carvalho Analista de Sistemas Larissa Laviano Internacionalista Tatiana Mendonça Andressa Marques Siqueira Bióloga Gleice Guerra Economista
Moderadoras
Auxiliadora Reis Economista Helena Faro Correa Pedagoga
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Anexo 1 – Roteiros das oficinas
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Anexo 2 – Listas de presença
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Anexo 3 – Mapas
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Anexo 4 – Fichas de avaliação
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Anexo 5 – Matrizes da segunda oficina, Segmento 3
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Anexo 6 – Tabelas de análise
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Anexo 7 – Apresentação realizada na segunda oficina
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Anexo 8 – Lista de agentes