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SP/P6084/R0801/2013 Rev 1 Produto 3: Análise Integrada Análise Integrada dos fatores bióticos e abióticos dos estudos complementares da Área da Lagoa do Polo Industrial de Resende / RJ NISSAN DO BRASIL AUTOMÓVEIS LTDA. Julho /2014

Produto 3: Análise Integrada Análise Integrada dos fatores ... · refletindo a dinâmica e as interações entre as diversas vertentes do ambiente estudado. Desta forma, a presente

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SP/P6084/R0801/2013 Rev 1 Produto 3: Análise Integrada Análise Integrada dos fatores bióticos e abióticos dos estudos complementares da Área da Lagoa do Polo Industrial de Resende / RJ NISSAN DO BRASIL AUTOMÓVEIS LTDA. Julho /2014

SP/P6084/R0801/2013 rev 1

ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1

2. ANÁLISE AMBIENTAL INTEGRADA .......................................................................... 2

3. DEFINIÇÃO DAS ÁREAS PARA CONSERVAÇÃO .................................................. 10

3.1. Etapas da Metodologia ...................................................................................... 11

3.1.1. Mapa de Uso do Solo ............................................................................... 11

3.1.2. Espacialização e Análise da Importância da Fauna e Flora Aquática ...... 14

3.1.3. Definição do Grau de Importância para a Hidrologia e Áreas de Restrições Ambientais ............................................................................................... 17

3.1.4. Identificação das Pressões Antrópicas ..................................................... 20

3.1.5. Definição das Áreas Sensíveis ................................................................. 22

3.1.6. Áreas Prioritárias para a Conservação ..................................................... 24

3.1.7. Definição da Categoria ............................................................................. 30

3.1.8. Medidas e Intervenções para Restauração, Recuperação e Manejo ....... 36

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FIGURAS Figura 3.1. Fluxograma Figura 3.2. Mapa de Uso do Solo Figura 3.3. Mapa de Áreas Relevantes para a Fauna Figura 3.4. Mapa das Restrições Ambientais Figura 3.5. Pressões Antrópicas Figura 3.6. Mapa de Áreas Sensíveis Figura 3.7 .Mapa de Proposição dos Limites da UC

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1 INTRODUÇÃO O Relatório apresentado constitui o terceiro produto dos estudos complementares de avaliação da viabilidade de implantação de uma Unidade de Conservação na área da Lagoa da Turfeita e entorno do Pólo Industrial de Resende/RJ, conforme indicados no Termo de Referência (TdR) emitido pelo Instituto Estadual do Ambiente – INEA, em 15 de outubro de 2012. Conforme indicado no item 7 do referido TdR, os estudos complementares subdividem-se em quatro produtos, a saber: 1° Produto: Relatório de análise integrada dos dados levantados, caracterizando a complexidade do ambiente e as relações ecológicas existentes na região da Lagoa da Turfeira. 2° Produto: Relatórios das campanhas em campo contendo a descrição da metodologia utilizada, listagem das espécies da flora e fauna identificadas, assim como os demais itens especificados anteriormente. 3° Produto: Relatório contendo uma análise integrada dos fatores bióticos e abióticos relacionados à área de estudos, com proposição de área a ser protegida sob a forma de Unidade de Conservação (mapeamento georreferenciado e identificação das propriedades rurais contidas na área proposta), indicando a categoria mais apropriada, intervenções necessárias à restauração e recomendações de manejo para a conservação do ecossistema da Lagoa da Turfeira. 4º Produto: Programa de monitoramento da avifauna local – escopo, metodologia e duração. O objetivo do presente Produto 3 é, portanto, apresentar uma análise integrada dos levantamentos do meio biótico e físico da área de estudo, contemplados no Produto 2, incluindo os estudos que subisidiaram o licenciamento ambiental da Fábrica da NISSAN no local, relatórios de vistoria de órgãos ambientais e demais fontes secundárias disponíveis, culminando na Identificação de Áreas Prioritárias para Conservação e na proposição dos limites da Unidade de Conservação.

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2 ANÁLISE AMBIENTAL INTEGRADA Este capítulo apresenta a análise integrada ambiental da área de estudo, com base nas informações dos levantamentos realizados apresentados para o atendimento ao Produto 2 do Termo de Referência (TdR), emitido pelo Instituto Estadual do Ambiente – INEA, em 15 de outubro de 2012, indicando quando possível as relações de dependência e/ou sinergia entre os diversos atributos ambentais envolvidos. Ainda, a análise ambiental integrada tem também como objetivo identificar as áreas prioritárias para a conservação da área de estudo, por meio da avaliação das inter-relações dos atributos que compõem o quadro ambiental diagnosticado e a identificação das áreas sensíveis, visando propor áreas para proteção sob a forma de Unidade de Conservação - UC, indicando a categoria mais apropriada para esta UC e as possíveis intervenções necessárias à restauração e recomendações de manejo para a conservação do ecossistema da lagoa da Turfeira. Os estudos realizados na fase anterior que forneceram subsídios para o desenvolvimento da análise integrada e para a avaliação das condições ecológicas estão brevemente elencados abaixo:

Meio Físico: contempla os levantamentos topográfico e fundiário, análise da infraestrutura, o estudo hidrológico e as análises física e química da água e de sedimentos.

Meio Biótico: contempla os levantamentos de fauna terrestre (avifauna e herpetofauna) e aquática (ictiofauna e comunidaes bentonicas) e de flora aquática (macrófitas aquáticas).

Os estudos supramencionados descreveram cada um desses tópicos, todavia, não refletindo a dinâmica e as interações entre as diversas vertentes do ambiente estudado. Desta forma, a presente análise integrada permite uma síntese para caracterização da área de estudo de forma abrangente, contendo as inter-relações entre os diversos meios. Primeiramente, para elaboração desta análise integrada, as informações contidas em cada estudo foram destacadas em quadros, selecionando-se os principais fatores ambientais em cada tema estudado. Em seguida, foi realizada uma interação entre os fatores ambientais selecionados. O resultado deste processo de identificação e caracterização das interações entre os diversos fatores ambientais é apresentado no Quadro 2-1 e Quadro 2-2.

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Quadro 2-1. Análise Integrada e Interações dos Fatores Ambientais do Meio Físico Fator

Ambiental Caracterização Interação com outros fatores ambientais

Topografia

A área de estudo apresenta porções com menor altitude, referentes à lagoa da Turfeira e o rio Paraíba do Sul, com cotas altimétricas em torno de 388 e 385 metros respectivamente, bem como áreas com maior altitude, principalmente nas colinas da AMAN a oeste da lagoa, com cotas altimétrica em torno de 450 metros.

Áreas de Preservação Permanente (APPs) são identificadas tanto nas áreas de menor altitude (lagoa e Rio Paraiba do Sul), como de maior altitude (colinas da AMAN, inclusive nascentes. Tais áreas são ambientalmente mais sensíveis e protegidas por lei.

Além disso, nestas áreas, sobretudo nas áreas de menor altitude, associadas ao Rio Paraíba do Sul, foram registradas os maiores valores de riqueza e abundância para a herpetofauna e avifauna. Esta condição pode estar relacionada a maior disponibilidade hídrica e de áreas úmidas, assim como, maior disposição de alimentos na áreas baixas. Entretanto foi observada a ocorrência de espécies destes grupos tanto nas áreas mais baixas quanto altas.

Desta maneira, entende-se as variações apresentadas na topografia do relevo não configuram compartimentos diferenciados na paisagem, haja as fisionomias e as espécies encontradas nos estudos.

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Quadro 2-1. Análise Integrada e Interações dos Fatores Ambientais do Meio Físico Fator

Ambiental Caracterização Interação com outros fatores ambientais

Hidrologia

A área da NISSAN está localizada sobre uma antiga várzea do Rio Paraíba do Sul, indicando que no passado a área sofria inundação em épocas de cheia. O Rio Paraíba do Sul sofreu grande transformação em sua hidrologia devido à construção de diversas barragens na sua bacia, resultando na regularização de sua vazão e na eliminação do efeito natural de inundação em alguns trechos. As maiores vazões são verificadas na estação chuvosa, nos meses de novembro a março. Entre abril e setembro as vazões diminuem devido à estação seca. Estudos indicaram que as cheias do Rio Paraíba do Sul, com períodos de retorno de até 25 anos, não acarretam elevações do nível d’água que provoquem inundações do terreno correspondente à área da NISSAN em sua condição natural (topografia original). Desse modo, eventuais acúmulos de água na região norte da área da NISSAN poderiam ocorrer, em decorrência de precipitações diretas sobre a área, associadas às suas características topográficas originais, de pequenas depressões, e às características hidrogeológicas, de baixa permeabilidade e nível freático raso. Em relação à Lagoa da Turfeira, a comunicação do Rio Paraíba do Sul com a referida lagoa não ocorre até o período de retorno 50 anos, indicando que a lagoa não é abastecida pelo rio.

Pode-se dizer que é inviável o estabelecimento de comunidades aquáticas na região norte da área da NISSAN em virtude de enchentes regulares a partir do transbordo do rio Paraíba do Sul. O mesmo é valido para o restante da área, visto que as demais regiões começam a inundar a partir do período de recorrência de 50 anos. Tais comunidades concentram-se efetivamente na lagoa e no próprio rio Paraíba do Sul.

A comunicação da lagoa com o rio Paraíba do Sul, por ocorrer no sentido lagoa – rio e não no sentido rio-lagoa, torna-se uma importante razão do inexpressivo número de espécies de ictiofauna encontradas na lagoa.

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Quadro 2-1. Análise Integrada e Interações dos Fatores Ambientais do Meio Físico Fator

Ambiental Caracterização Interação com outros fatores ambientais

Águas superficiais: qualidade

Os resultados obtidos durante as campanhas de monitoramento realizadas na lagoa da Turfeira foram comparados com os padrões de qualidade estabelecidos pela Resolução CONAMA nº 357/2005 para corpos d’água doce, Classe 2. O oxigênio dissolvido esteve abaixo do padrão mínimo de qualidade em todas as campanhas e pontos avaliados e o pH esteve igualmente em desacordo em algumas campanhas. A turbidez apresentou valor fora do padrão de qualidade em apenas uma campanha, para o ponto da borda da lagoa. Não existem padrões de qualidade ambiental para os parâmetros DQO e temperatura. Além disso, os mesmos não apresentaram uma tendência evolutiva ou relações com os outros parâmetros monitorados.

Os baixos valores de OD e o ambiente ácido podem estar relacionados com a incidência de vegetação por todo o espelho d’água da lagoa.

A água da Lagoa não é utilizada para abastecimento humano, irrigação, lazer e/ou turismo, ainda apenas para dessedentação de animais (finalidade que não deverá ter continuidade). Desta forma, a qualidade da água não oferece riscos diretos à população.

Contudo, a ocorrência de Coliformes Totais, em todas as amostras analisadas, e Coliformes Termotolerantes, em algumas delas, pode estar relacionada ao lançamento de efluente industrial e/ou esgoto doméstico no corpo hídrico, comprometendo assim a qualidade da água.

O levantamento de ictiofauna e fauna bentônica identificou apenas espécies com maior resiliência, o que pode também indicar perturbações significativas (interferências antrópicas) na lagoa.

Sedimentos

Os resultados de ensaios geotécnicos realizados nas amostras de sedimentos coletadas na lagoa da Turfeira Indicaram que a presença tanto de materiais arenosos, que tendem a apresentar maior permeabilidade que os argilosos devido a maior conectividade entre os poros do solo, o que facilita a percolação da água, como de materiais argilosos, que apesar de apresentarem maior porosidade, tendem a reter mais água devido a maior força de capilaridade das argilas e menor conectividade entres os poros. Estas diferenças são verificadas para os respectivos parâmetros nas amostras dos pontos RL-008 e RL-014.

No que se refere à qualidade ambiental, os sedimentos podem acumular eventuais substâncias presentes na água, servindo como um indicador da sua qualidade, como também podem liberar substâncias nele contidas e alterar a qualidade da água superficial.

Os parâmetros solicitados pelo INEA refletem apenas características físicas dos sedimentos e para uma melhor compreensão da interação supramencionada, esses resultados devem ser avaliados conjuntamente com parâmetros físico-químicos, químicos, e bióticos não só do sedimento, mas da água da lagoa.

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Quadro 2-1. Análise Integrada e Interações dos Fatores Ambientais do Meio Físico Fator

Ambiental Caracterização Interação com outros fatores ambientais

Infraestrutura

Está prevista a instalação de uma avenida no entorno da área do empreendimento da Nissan (Ligação Resende – Porto Real), com o objetivo de interligar a fábrica às vias de escoamento da produção e reduzir o trânsito local. Esta avenida será implantada sob responsabilidade do Departamento de Estradas de Rodagem – DER-RJ. De acordo com o projeto, para a instalação da avenida não está prevista a supressão de vegetação.

Entende-se que os impactos à fauna devido à construção da avenida serão baixos, tendo em vista que a paisagem desta área já foi alterada pelas atividades de terraplenagem e instalação da fábrica da NISSAN. A fragmentação do espaço e a circulação de automóveis nos novos trechos desta via podem aumentar o risco de atropelamento da fauna silvestre presente na região e acidentes com os usuários e população, sendo necessária a execução de medidas de prevenção destes impactos, tais como, a sinalização nas vias e o uso de velocidade controlada.

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Quadro 2-2 – Análise Integrada e Interações dos Fatores Ambientais do Meio Biótico Fator

Ambiental Caracterização Interação com outros fatores

Avifauna

Foram realizadas seis campanhas para o levantamento da avifauna. Este estudo revelou 200 espécies, sendo seis espécies enquadradas como ameaçadas e 3 endêmicas. Na área também foram registradas espécies migratórias da região sul do país.

A partir dos dados obtidos no inventário, entende-se que uma maior atenção deve ser dada aos ambientes ribeirinhos (margens do Rio Paraíba) e aos ambientes florestados do entorno da lagoa da Turfeira. Isso se deve ao fato dessas áreas representarem um maior potencial para a conservação dos recursos naturais e manutenção da riqueza de espécies de aves da região.

Apesar da compartimentação da paisagem encontrada na área de estudo, decorrente das variações altimétricas (Rio Paraiba do Sul – Lagoa – colinas da AMAN) e da diferentes fisionomias encontradas (campo, lagoa, mata), os efeitos dessa compatimentação à avifauna são minimizados tendo em vista o deslocamento frenquente pela busca de alimento e abrigo de diversas espécies associada à cada compartimento (ocorrência de certas espécies em partes mais altas e outros grupos em áreas mais baixas).

Herpetofauna

Foram realizadas seis campanhas para o levantamento de herpetofauna. O estudo revelou 22 espécies, sendo apenas uma espécie classificada como em perigo segundo a Lista de Fauna no Estado do Rio de Janeiro.

Foi observado um aumento na riqueza e abundância de espécies nas últimas campanhas e isso pode estar vinculado ao aumento da temperatura e pluviosidade com a chegada da estação chuvosa. O estudo revelou uma maior diversidade nas Áreas Amostrais 2 e 3 possivelmente frente a uma maior heterogeneidade de ambientes, principalmente os ambientes associados a água, o que favorece o encontro de um maior número de espécies de anfíbios. Já a área Área Amostral 4 apresentou também expressivo valor para o índice devido ao registro de répteis, em especial as serpentes.

O fato das margens do rio Paraíba do Sulserem hábitat do jacaré de papo amarelo, inclusive para nidificação, corrobora com a importância de revegetação e proteção das APPs do rio e demais corpos hídricos associados.

Os resultados do levantamento sugerem, dentro de um contexto geral, uma predominância de espécies associadas a áreas abertas e espécies mais resistentes a ambientes mais antropizados.

Tendo em vista a peculiar localização da área, situada no vale do rio Paraíba do Sul e entre dois complexos montanhosos (serra da Mantiqueira e serra do Mar), era esperado como resultado do estudo um número maior de espécies na área, sobretudo endêmicas.

Desta maneira, entende-se que a baixa riqueza de espécies encontrada na área de estudo está diretamente ligada ao grau de antropização da área, corroborada pela baixa qualidade da água, a reduzida cobertura vegetal e estratos homogeneizados da paisagem.

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Quadro 2-2 – Análise Integrada e Interações dos Fatores Ambientais do Meio Biótico Fator

Ambiental Caracterização Interação com outros fatores

Ictiofauna

Foram realizadas duas campanhas (seca e chuvosa) para o levantamento da ictiofauna. O estudo revelou oito espécies, sendo que nenhuma foi enquadrada como ameaçada.

Estes resultados são condizentes com o que se espera de ambientes lênticos como a Lagoa da Turfeira, onde a energia disponível se concentra nos níveis tróficos iniciais, não permitindo a realização de cadeias alimentares mais longas.

Os resultados sugerem que a área de estudo, que contempla a lagoa da Turfeira e os canais de drenagem, sustenta uma comunidade íctica ecologicamente funcional, ainda que pouco diversificada e consideravelmente impactada por intervenções antrópicas pretéritas e atuais.

O fato de terem sido identificadas apenas espécies com maior resiliência pode também indicar perturbações significativas (interferências antrópicas) na lagoa, tendo em vista que os resultados mostraram que a concentração média de oxigênio dissolvido nas águas da lagoa apresenta-se muito abaixo do padrão estabelecido pela Resolução CONAMA nº 357/2005.

Tais interferencias podem ter impactado a qualidade das águas da lagoa de tal modo que já não permitiriam o estabelecimento de uma comunidade íctica rica e diversificada.

Comunidades Bentônicas

Foram realizadas duas campanhas (seca e chuvosa) para o levantamento das comunidades benônicas. O estudo registrou a ocorência de sete famílias em 31 individuos coletados. Não foi possível a identificação taxonômica no nível de espécies. O estudo identificou a predominância da ocorrência das familias Oligochaetas e Chironomidae, grupos estes de organismos bentônicos são reconhecidamente tolerantes a ambientes impactados por poluição orgânica e baixa disponibilidade de oxigênio dissolvido.

A predominância de Oligochaetas e Chironomidae e a ausência de espécies mais sensíveis, características de ambientes menos alterados e poluídos, sugerem indícios de uma baixa qualidade das águas da lagoa, o que corrobora com os resultados do monitoramento da qualidade de água da lagoa, o qual apontou valores de oxigênio dissolvido e pH em desacordo com os parâmetros de qualidade ambiental estabelecidos pela Resolução CONAMA nº 357/2005.

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Quadro 2-2 – Análise Integrada e Interações dos Fatores Ambientais do Meio Biótico Fator

Ambiental Caracterização Interação com outros fatores

Flora Aquática

O levantamento florístico da área de estudo realizado em março e setembro de 2013 revelaram a ocorrência de 15 espécies de macrófitas aquáticas. Não foram verificadas alterações significativas entre os resultados obtidos nas duas camapanhas, com exceção somente para os pontos P-04 e P-05 onde a espécie Hydrocleys nymphoides, registrada com relativa abundância na 1° Campanha (março) e na 2° campanha (setembro) não obteve nenhum registro.

A ausência de algumas espécies durante o período de seca, pode estar relacionada a diminuição do volume d’água da lagoa da Turfeira.

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3 DEFINIÇÃO DAS ÁREAS PARA CONSERVAÇÃO Para a identificação de áreas ambientalmente sensíveis e posterior delimitação de áreas prioritárias para conservação, a metodologia utilizada foi baseada na identificação dos atributos mais importantes do ponto de vista da conservação ambiental, considerando o objetivo e dados levantados para o atendimento a TdR. Esta metodologia utilizou como base conceitos contidos na publicação “Avaliação e Ações Prioritárias para a conservação da biodiversidade da Mata Atlântica e Campos Sulinos”, elaborado pelo Ministério do Meio Ambiente (2000). Neste estudo, foram definidas as áreas prioritárias para a conservação a partir da sobreposição de mapas temáticos de estudos bióticos e abióticos, considerando a importância biológica e as pressões antrópicas das diferentes áreas em análise. Foi utilizado também como base metodológica parte dos critérios para identificação de zonas de amortecimento apresentados no “Roteiro Metodológico de Planejamento voltado para Parques Nacionais, Reservas Biológicas e Estações Ecológicas”, elaborado pelo IBAMA (2002). A partir destes conceitos e da reflexão dos conhecimentos da área de estudo, visando a identificação das áreas sensíveis e definição das áreas prioritárias para a conservação, foram analisados e selecionados pontos mais importantes do diagnóstico do meio biótico e físico, incluindo pressões antrópicas. Para o meio biótico, o parâmetro utilizado na definição das áreas para conservação foi a fauna e a ponderação de sua relevância relacionada às áreas, determinada de acordo com a riqueza e o status de conservação de cada espécie. Os atributos relacionados à vegetação ficaram restritos a classificação e a localização das manchas, definidas por meio de sensoriamento remoto. Dentre os itens do meio físico, os parâmetros utilizados nesta metodologia foram as áreas de recarga superficial da lagoa e de inundação do Rio Paraíba do Sul, áreas de restrições ambientais e as classes de uso do solo. De maneira geral, esta metodologia está baseada na integração dos pontos mais sensíveis identificados previamente no diagnóstico, considerando as relações ecológicas da diversidade faunística e da dinâmica do território, da hidrologia e das pressões antrópicas da área de estudo.

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3.1 ETAPAS DA METODOLOGIA As etapas da metodologia serão descritas nos itens abaixo. A Figura 3.1 apresenta o fluxograma da metodologia e suas etapas. 3.1.1 Mapa de Uso do Solo Primeiramente nesta etapa, foi elaborado um mapa temático das principais fisionomias encontradas na área de estudo, a partir da análise de imagens de satélite. A Erro! Fonte de referência não encontrada. apresenta o mapa de uso do solo. Este mapa de uso do solo foi elaborado a partir da interpretação visual da imagem de satélite e do conhecimento da área em campo. Foram delimitados em polígonos os tipos de uso do solo e feições que ocorrem na área de estudo. Por fim, foi realizada a verificação em campo das principais classes de uso do solo mapeadas. Os procedimentos de interpretação das imagens e vetorização dos polígonos foram realizados com o auxílio do software ArcGis. Foram identificadas na área de estudo as seguintes classes de uso:

Corpos d’água: Rio Paraíba do sul, a Lagoa da Turfeira e seu entorno imediato e

demais córregos e nascentes existentes na área de estudo.

Construção civil: áreas destinadas a ocupação humana, tais como, casas, galpões, fábricas e etc.

Solo exposto: áreas desprovidas de qualquer tipo de cobertura, com evidente

exposição do solo.

Pastagem: área antropizada onde a vegetação é constituída predominantemente por gramíneas, plantas graminóides, ervas, arbustos e árvores dispersas, com influência marcante do uso de pastoreio.

Vegetação nativa: fragmentos florestais com espécies de origem nativa.

Reflorestamento: formações florestais artificiais (exóticos), disciplinadas e

homogêneas, constituídas de espécies exóticas dos gêneros Pinus e Eucalyptus.

Figura 3. 1. Fluxograma

Fauna

Definição de grau de importância para

as áreas onde estão localizadas as

espécies de fauna de acordo com seu

status de conservação

Mapa de áreas de relevância

para a fauna

Hidrologia, Topografia e Restrições Ambientais

Mapa de Restrições Ambientais e

hidrologia da lagoa

Mapa de Áreas Prioritárias para

Conservação

Indicação da categoria de UC

Mapa de Áreas Sensíveis

Proposição de medidas de

restauração e manejo das

áreas

Espacialização da ocorrência das

espécies localizadas na área de

estudo (pontos fixos e trajetos de

fluxos) sob as classes de vegetação e

definição do grau de importância

Sobreposição levantamento

topográfico, estudos de hidrografia e

hidrologia (áreas de inundação), área

de recarga da lagoa, e áreas de

restrições ambientais

Pressões antrópicas

Mapa de uso solo

Infraestrutura

Mapa de Pressões Antrópicas

562000 563000 564000 565000 566000 567000

7517000

7518000

7519000

7520000

7521000

PROJ: 6084Consultoria e Engenharia Ambiental

Figura 3.2. - MAPA DE USO DO SOLO

MG

RJ

SP

Legenda

APP da lagoa

Área de estudodefinida pelo TdR

Área da Nissan

Coordinate System: SAD 1969 UTM Zone 23SProjection: Transverse MercatorDatum: South American 1969

SP/P6084/R0801/2013

PROJ: 6084 JAN/2014

NISSAN

0 325 650 975

Metros

Resende/RJ

GEO-6084-121213-032

Uso do solo

Hidrografia

Construção

Solo exposto

Pastagem

Fragmentos florestais

Reflorestamento

14 SP/P6084/R0801/2013 rev 1

3.1.2 Espacialização e Análise da Importância da Fauna e Flora Aquática Para a atribuição dos graus de importância das áreas definidas no Mapa de Uso do Solo, foi gerada uma matriz de importância considerando a ocorrência dos grupos de fauna e flora aquática nas diferentes feições de uso do solo e vegetação. Os dados utilizados nesta etapa foram subsidiados pelos resultados dos levantamentos de avifauna, herpetofauna, ictifauna, comunidades bentônicas e flora aquática, contemplados no Produto 2, como parte do atendimento ao TdR. Para a elaboração da matriz de importância, foi gerada uma planilha onde foram elencadas e relacionadas as classes de uso do solo e a ocorrência da fauna. Para a definição do grau de importância de cada classe de uso do solo foi considerada a ocorrência da fauna, em que foram definidos critérios e pesos de acordo com seus aspectos mais relevantes. Os critérios utilizados foram o valor da riqueza (entendida como a quantidade de espécies – abundância numérica – em determinada área) dos grupos estudados e a presença de espécies endêmicas, migratórias e/ou classificadas em algum status de conservação, conforme a “Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção” presente na Instrução Normativa nº 003 de 2003 do Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2003) e a “Lista de Fauna Ameaçada do Rio de Janeiro” presente na Portaria SEMA no 001, de 4 de junho de 1998 (RIO DE JANEIRO, 2000)”. Para a análise da riqueza de espécies da Avifauna, Herpetofauna, Ictiofauna, Comunidade Bentônica e Flora Aquática, tomando por base os componentes desta variável, foram atribuídos valores de 1 (um) a 3 (três), de acordo com o valor da riqueza para cada feição analisada. Esses valores foram definidos considerando a média das riquezas encontradas nos levantamentos de cada grupo. Em virtude dos valores de riqueza encontrados para os diferentes grupos ao final dos levantamentos, foram atribuídos diferentes pesos para cada grupo estudado. A descrição destes valores estão descritos na Quadro 3-1 e Quadro 3-2.

Quadro 3-1. Valores Atribuídos a Riqueza de Espécies de Avifauna

Riqueza (n° de espécies) Valor Atribuído 0 – 50 1

51 – 100 2

101 - 150 3

Quadro 3-2. Valores Atribuídos a Riqueza de Espécies da Herpetofauna, Ictiofauna, Bentos e Flora

Aquática

Riqueza (n° de espécies) Valor Atribuído 0 – 8 1

9 – 16 2

17 - 24 3

15 SP/P6084/R0801/2013 rev 1

Com relação ao status de conservação das espécies ocorrentes em cada feição analisada, também foram atribuídos valores de 1 (um) à 3 (três), considerando às ocorrências destas espécies em cada feição analisada. A definição destes valores estão descritos na Quadro 3-3 abaixo:

Quadro 3-3. Valores Atribuídos as Espécies

Valor Atribuído N° de espécies Ameaçada Vulnerável Em extinção Endêmica Migratória

1 0 1 – 2 0 1 1

2 1 3 - 4 1 2 2

3 ≥2 ≥5 ≥2 ≥3 ≥3

O grau de importância foi então determinado por meio do cálculo da soma das pontuações das variáveis para cada uma das áreas, podendo assumir valores inteiros de 10 (menor valor) a 30 (maior valor), que correspondem aos graus de importância baixo, médio e alto, como descrito na Quadro 3-4:

Quadro 3-4. Definição dos Graus de Importância

Graus de importância Pontuação Baixo 0 – 10

Médio 11 – 20

Alto 21 – 30

Cabe ressaltar que estes valores têm caráter categórico e não numérico, e servem para reduzir a subjetividade da análise pela equipe multidisciplinar. A matriz de importância não tem a finalidade de contabilizar aritmeticamente os valores obtidos para cada variável analisada, mas sim pretende fornecer subsídios para hierarquizar estes critérios, a fim de orientar a discussão entre a equipe durante o processo de definição das áreas sensíveis e, posteriormente, das áreas prioritárias para conservação. Considerando que a distribuição das fitofisionomias foi usada como base da distribuição da fauna, o grau de importância de cada feição identificada foi estendido para os locais onde não foi realizada amostragem. Desta forma, este banco de dados númericos foi inserido no banco de dados espacial do Mapa de Uso do Solo, de modo a espacializar o grau de importância destas áreas, gerando o Mapa de Áreas Relevantes para a Fauna, que está apresentado na Figura 3.3. Desta forma foram identificadas áreas de baixa e média importância para a fauna. A área de estudo apresenta-se em grande parte antropizada, com fragmentos reduzidos de vegetação nativa e exótica e extensas áreas de pastagem. Além disso, o entorno da área de estudo é contemplado pelo uso industrial consolidado e em expansão, corroborando para o aumento da pressão antrópica sob esta área.

562000 563000 564000 565000 566000 567000

7517000

7518000

7519000

7520000

7521000

PROJ: 6084Consultoria e Engenharia Ambiental

Figura 3.3. - MAPA DE ÁREAS RELEVANTES PARA A FAUNA

MG

RJSP

Legenda

Área de estudodefinida pelo TdR

Área da Nissan

APPs

Coordinate System: SAD 1969 UTM Zone 23SProjection: Transverse MercatorDatum: South American 1969

GEO-6084-291012-ANEXOH

SP/P6084/R0801/2013

JAN/2014

NISSAN - Resende/RJFigura 3.3.

0 310 620 930

Metros

Relevância para fauna

Baixa

Média

17 SP/P6084/R0801/2013 rev 1

As áreas consideradas como de baixa importância são referentes às áreas de pastagem, solo exposto, e reflorestamento, onde foram registrados os menores valores de riquezas de espécies, assim como também apresentou o menor número de espécies raras. As áreas classificadas como de média importância estão localizadas nas margens do rio Paraíba do Sul, nos fragmentos de vegetação nativa e na área da lagoa de Turfeira. Estas áreas estão mais conservadas, apresentando maior disponibilidade de alimento e abrigo, o que permite a ocorrência de um maior número de espécies. Considerando a comunidade de avifauna, foi observada uma forte ocorrência de espécies associadas as áreas alagadas, e também cobertas por taboas (Typha sp.). A ocupação de aves nas matas ciliares indica uma grande preferência por esse ambiente, tão logo os registros apontaram as matas ciliares como a segunda fisionomia de ocupação deste grupo. Além disso, nas APPs do rio Paraíba do Sul, foi registrada a ocorrência de um conjunto importante de aves. Nestas áreas foram registradas um total de nove espécies classificadas em alguma categoria de ameaça, sendo observada em ambas as áreas citadas, tais como, os biguatingas (Anhinga anhinga), maracanã (Primolius maracana), Gavião-pato (Spizaetus melanoleucus), entende-se que estas espécies podem ser residentes destas áreas. Com relação à herpetofauna, a área da Lagoa e entorno e as áreas próximas ao Rio Paraíba do Sul apresentaram uma maior diversidade de espécies, possivelmente frente a uma maior heterogeneidade de ambientes, principalmente no que se refere aos ambientes associados à água, o que favorece a existência de um maior número de espécies de anfíbios. Vale ressaltar que na área a nordeste da área de estudo, próxima ao rio Paraíba do Sul, foi registrada a ocorrência do jacaré – de – papo – amarelo (Caiman latirostris), indicando a importância das áreas úmidas associadas ao curso d’água. Apesar de terem sido registradas espécies de ictiofauna, comunidade bentônica e flora aquática na área da Lagoa, estas espécies são de ocorrência comum, não ameaçadas de extinção e de ampla distribuição geográfica. Além disso, verificou-se que estas espécies são bastante resistentes, visto que as condições da qualidade da água estão muito abaixo dos padrões de qualidade estabelecidos pela legislação, o que dificulta o estabelecimento de uma comunidade íctica rica e diversificada. Desta maneira, entende-se que as áreas mais importantes para a ocorrência da fauna correspondem às áreas da lagoa e seu entorno imediato, ao rio Paraíba do Sul e suas margens, assim como aos fragmentos de vegetação nativa e córregos e suas margens existentes na área de estudo. Estas áreas apresentam hábitats mais atrativos para a manutenção da fauna.

18 SP/P6084/R0801/2013 rev 1

3.1.3 Definição do Grau de Importância para a Hidrologia e Áreas de Restrições Ambientais

De forma a subsidiar a análise integrada e a avaliação da sensibilidade ambiental, além dos fatores bióticos foram considerados também nesta análise as áreas com restrições ambientais, a partir dos resultados dos levantamentos de topografia, os estudos da hidrografia e hidrologia (área de inundação) e área de recarga da lagoa. Uma vez que não existem Unidades de Conservação a menos de 10 km de distância da área de estudo, as únicas áreas de restrição ambiental na área são as Áreas de Preservação Permanente (APPs) de curso d’água e as eventuais Reservas Legais. Desta maneira, as APPs inseridas na área de estudo referem-se ao entorno imediato da lagoa, (com extensão variável, chegando a mais de 100 metros), e às margens do rio Paraíba do Sul (cuja APP possui 100 m de largura). Conforme descrito pela Lei nº 12.651/ 2012 (Novo Código Florestal), entende-se que estas áreas são ambientalmente mais sensíveis por exercerem função ambiental de preservação dos recursos hídricos, da paisagem, da estabilidade geológica, da biodiversidade, além de possibilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. Além das APPs de cursos d’água, o estudo levantou a existência de APPs em topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 (cem) metros e inclinação média maior que 25°, as áreas delimitadas a partir da curva de nível correspondente a 2/3 (dois terços) da altura mínima da elevação sempre em relação à base, sendo esta definida pelo plano horizontal determinado por planície ou espelho d’água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais próximo da elevação; de acordo com o definido pela Lei nº 12.651/ 2012, sendo constatada a inexistência desta categoria de APP na área de estudo. Ou seja, as restrições ambientais na área de estudo referem-se apenas às APPs de curso d’água. Apesar de altamente antropizada, toda a área de recarga superficial da lagoa (além da APP) foi considerada como de alta importância ambiental, em virtude de sua relevância hídrica para a manutenção desse corpo d’água. Todavia, cabe resaltar que, para melhor compreensão da dinâmica de recarga da lagoa, estudos mais aprofundados devem ser elaborados para identificação e maior precisão tanto da recarga subterrânea como da recarga superficial da lagoa. De modo extremamente conservador, todas as áreas passíveis de inundação devido às eventuais cheias do rio Paraíba do Sul no período de retorno de 25 anos (GEOKLOCK 2012 SP/P6084/R0543/2012), foram consideradas, como de média importância. As áreas que não apresentam restrição ambiental (APP), e que não estão inseridas nos limites da área de recarga da lagoa ou de inundação num período de recorrência de 25 anos, foram consideradas, por sua vez, como de baixa importância. A partir do cruzamento destas informações foi elaborado o Mapa das Restrições Ambientais, apresentado na Figura 3.4.

562000 563000 564000 565000 566000 567000

7517000

7518000

7519000

7520000

7521000

PROJ: 6084Consultoria e Engenharia Ambiental

Figura 3.4. - ÁREAS RELEVANTES PARA HIDROLOGIA E RESTRIÇÕES AMBIENTAIS

MG

RJSP

Legenda

Área de estudodefinida pelo TdR

Nascentes

Hidrografia

Área de recargasuperficial da lagoa

Área da Nissan

Período de retorno - 25 anos

Coordinate System: SAD 1969 UTM Zone 23SProjection: Transverse MercatorDatum: South American 1969

GEO-6084-291012-ANEXOH

SP/P6084/R0801/2013

JAN/2014

NISSAN - Resende/RJFigura 3.4.

0 320 640 960

Metros

Relevância ambiental

Baixa

Média

Alta

20

SP/P6084/R0801/2013 rev 1

3.1.4 Identificação das Pressões Antrópicas Esta etapa tem como objetivo identificar e mapear as áreas que exercem pressões antrópicas na área de estudo, em função da vulnerabilidade decorrente das atividades e usos do solo. Para esta análise foram consideradas informações contempladas no Mapa de Uso do Solo e nos levantamentos realizados de Infraestrutura. A área de estudo está localizada no Polo Industrial de Resende, sendo circundada por áreas identificadas no Mapa de Uso Solo como de ocupações habitacionais, industriais, de agricultura, áreas de reflorestamento (silvicultura) e desmatamento. Estas áreas podem ser fontes de poluentes (principalmente efluentes), ruídos e vibração, movimentação excessiva de pessoas e veículos, entre outros, o que poderia culminar em impactos negativos para a área de estudo. Nesse sentido, é prevista a instalação de uma avenida no entorno da propriedade da Nissan, que também poderá gerar maior pressão antrópica para a fauna em função do aumento do fluxo de veículos. De acordo com o Mapa de Pressões Antrópicas, apresentado na Figura 3.5., as áreas mais propícias à ocorrência de pressões antrópicas se localizam na porção sul da área de estudo. Na área da lagoa, especificamente, constata-se inúmeras atividades eventualmente geradoras de pressões antrópicas, tais como a presença de indústrias e do bairro residencial. Corroborando com essa informação, pode-se destacar que durante os levantamentos de fauna foram observadas evidências de destinação incorreta de esgoto vindos das ocupações habitacionais vizinhas a área, localizadas a sudoeste da lagoa. A porção norte da área de estudo apresenta reduzido ponto de pressão antrópica, ligado apenas à presença de solo exposto.

561000 562000 563000 564000 565000 566000 567000

7517000

7518000

7519000

7520000

7521000

PROJ: 6084Consultoria e Engenharia Ambiental

Figura 3.5. - PRESSÕES ANTRÓPICAS

MG

RJSP

Legenda

Rod. Presidente Dutra

Área da Nissan

Ligação Resende -Porto Real (Avenida)

Lagoa

Área de estudodefinida pelo TdR

Pressão de ocupaçãoresidencial/comercial

Pressão de ocupação industrial

Solo exposto

Coordinate System: SAD 1969 UTM Zone 23SProjection: Transverse MercatorDatum: South American 1969

SP/P6084/R0801/2013

JAN/2014

NISSAN - Resende/RJFigura 3.5.

0 350 700 1.050

Metros

GEO-6084-121213-035

Rodovia Presidente Dutra

22

SP/P6084/R0801/2013 rev 1

3.1.5 Definição das Áreas Sensíveis A partir da análise integrada dos atributos ambientais da área de estudo, com a consolidação e inter-relação do Mapa de Áreas Relevantes para a Fauna, do Mapa de Restrições Ambientais e do Mapa das Pressões Antrópicas, foi possível identificar as áreas de sensibilidade ambiental, e representá-las espacialmente no Mapa de Áreas Sensíveis (Figura 3.6). Este mapa foi gerado, portanto, a partir da sobreposição dos mapas temáticos, de forma a ilustrar os diferentes graus de importância da área de estudo, em termos de biodiversidade e dos principais elementos que compõem a base territorial para as ações de conservação. Desse modo, a delimitação foi categorizada em áreas de alta, média e baixa sensibilidade ambiental. As áreas de alta sensibilidade estão associadas às áreas das APPs do rio Paraíba do Sul e dos pequenos córregos existentes nas colinas na porção oeste e norte da área de estudo, bem como da área da lagoa da Turfeira, sua APP e sua área de recarga superficial, incluindo o fragmento de vegetação nativa à oeste da lagoa. Conforme os resultados do levantamento de avifauna, os ambientes ribeirinhos (margens do rio Paraíba do Sul), bem como a área da lagoa da Turfeira, e seu entorno abrigam a maior parte da avifauna classificada como rara em ocorrência local, endêmica da Mata Atlântica ou ameaçada de extinção. Além disso, estas áreas reúnem o maior número de parâmetros necessários para a conservação dos recursos naturais responsáveis pela manutenção da riqueza de aves da região. Cabe ainda ressaltar que essas áreas (principalmente a lagoa da Turfeira e seu entorno imediato), são alvo de pressões antrópicas, seja em decorrência das industriais e ocupações residenciais, seja devido à futura avenida e pela Rodovia Presidente Dutra, o que potencializa os impactos negativos nessas áreas. As áreas de média sensibilidade ambiental estão associadas aos campos ruderais e de pastagem, próximas ao rio Paraíba do Sul, que apesar de se apresentarem antropizadas, proporcionam habitats para a manutenção da fauna e contemplam valores altos de riqueza de espécies da avifauna e herpetofauna. Ainda, estas áreas correspondem às áreas passíveis de inundação do rio Paraíba do Sul em um tempo de retorno de 25 anos. Apesar dos remanescentes florestais existentes na área de estudo ocorrerem de forma fragmentada e apresentando tamanhos reduzidos, também estão classificados como de média sensibilidade, uma vez que desempenham uma função significativa para a manutenção das espécies, sobretudo de avifauna. As áreas de baixa sensibilidade ambiental correspondem às áreas fortemente antropizadas, sendo utilizadas principalmente como pastagem, com esparsas manchas de cobertura florestal. Nestas áreas foram registrados baixos índices de riqueza da fauna e não estão classificadas como áreas de restrição ambiental.

561000 562000 563000 564000 565000 566000 567000

7517000

7518000

7519000

7520000

7521000

PROJ: 6084Consultoria e Engenharia Ambiental

Figura 3.6. - MAPA DE ÁREAS SENSÍVEIS

MG

RJ

SP

Legenda

Área de estudodefinida pelo TdR

Sensibilidade Ambiental

Baixa

Média

Alta

Coordinate System: SAD 1969 UTM Zone 23SProjection: Transverse MercatorDatum: South American 1969

SP/P6084/R0801/2013

JAN/2014

NISSAN - Resende/RJFigura 3.6.

0 350 700 1.050

Metros

GEO-6084-121213-036

24

SP/P6084/R0801/2013 rev 1

3.1.6 Áreas Prioritárias para a Conservação Com base nos estudos para identificação das áreas ambientalmente sensíveis, que levaram em conta os principais aspectos necessários para a adequada conservação in situ dos recursos naturais, este item trata da definição das áreas prioritárias para conservação e da proposição da delimitação de uma área passível de receber uma Unidade de Conservação (UC). Além disso, é apresentada também uma análise sobre as possíveis modalidades de UCs, com vistas à conservação dos recursos naturais na área do entorno da fábrica da NISSAN, bem como, as orientações estratégicas para a sua implantação sob o ponto de vista da gestão territorial. Além da legislação pertinente, como o Novo Código Florestal (Lei Federal nº 12.651/2012), para o presente estudo foi utilizado como base legal o Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC (Lei Federal n° 9985/2000). No SNUC estão estabelecidas as categorias formalmente vigentes de Unidades de Conservação no Brasil, bem como a base conceitual que fundamenta a formulação das estratégias propostas para sua criação. De acordo com o SNUC, as UCs são definidas como um espaço territorial, incluindo as águas jurisdicionais, cujos recursos ambientais apresentam características naturais relevantes. A instituição desses espaços deve ocorrer legalmente pelo Poder Público, com objetivo de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção. As UCs possuem diversas categorias, as quais estão organizadas em dois grandes grupos: UC de Proteção Integral e UC de Uso Sustentável. No primeiro grupo é admitido apenas o uso indireto dos seus atributos naturais. Já no segundo grupo, é permitida a exploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de forma socialmente justa e economicamente viável (Brasil, 2000). Do ponto de vista da conservação e gestão dos recursos naturais, para definição de uma UC, deve-se observar, dentre outros, um ou mais dos seguintes fatores na área em questão:

Presença de ecossistemas originais;

Presença de espécies silvestres da flora e fauna, ameaçadas ou não de extinção;

Hábitat natural responsável pela sobrevivência ou reprodução de espécies da

flora e fauna, ameaçadas ou não de extinção;

Manutenção de processos geomorfológicos e climáticos;

Proteção dos recursos hídricos;

Manutenção do regime hídrico;

25

SP/P6084/R0801/2013 rev 1

Elementos ligados ao patrimônio histórico e cultural; Presença de Etnias tradicionais ou dependentes da preservação dos recursos

naturais;

Manutenção de processos econômicos e sociais oriundos do manejo da biodiversidade;

Beleza cênica;

Áreas sensíveis com potencial regenerativo ou importantes para a conectividade

ambiental (Mosaicos e Corredores Ecológicos);

Proximidade com outras áreas protegidas. Tais critérios são fundamentais para a definição das melhores estratégias e modelos de gestão territorial, seja na escolha de uma categoria de UC, seja para o estabelecimento de limites territoriais com fins conservacionistas. Áreas relevantes para proteção ambiental De acordo com o Mapa de Áreas Sensíveis (Figura 3.6), é possível inferir que a área de estudo pode ser potencialmente relevante para os seguintes aspectos:

Áreas de sensibilidade ambiental alta: Proteção dos recursos hídricos existentes (área da lagoa da Turfeira e entorno e APPs do rio Paraíba do Sul e córregos existentes) e manutenção das espécies da avifauna e herpetofauna;

Áreas de sensibilidade ambiental média: Manutenção de habitats de espécies da

avifauna e herpetofauna.

Áreas de sensibilidade ambiental baixa: áreas de baixa importância para a fauna, porém com potencial regenerativo.

Pela análise das áreas classificadas como de alta e média sensibilidade, entende-se que há duas áreas que se destacam visando a conservação ambiental e a manutenção dos processos ecossistêmicos locais, como está apresentado na Figura 3.6.

26

SP/P6084/R0801/2013 rev 1

Área A: Área da Lagoa da Turfeira e Entorno Imediato Este polígono identificado como área prioritária para a conservação contempla a área da lagoa da Turfeira e entorno imediato, considerando sua respectiva APP e o fragmento florestal de vegetação nativa à sudoeste da lagoa. Entende-se esta área como prioritária para conservação, em decorrência da alta sensibilidade ambiental identificada. Primeiramente, além da própria exigência legal referente à APP, o entorno próximo da lagoa apresenta um ambiente onde foi verificada a ocorrência de fauna (avifauna e herpetofauna) com altos índices de riqueza, principalmente em sua porção oeste. Além disso, os limites da área de recarga da lagoa são importantes tendo em vista a manutenção deste corpo hídrico, apesar do período de forte estiagem observado durante os trabalhos de campo. Do ponto de vista da avifauna, apesar de haver uma similaridade na ocorrência das espécies em toda a área de estudo, foi observada uma forte associação das espécies mais abundantes com áreas cobertas por taboas, tal qual a área da lagoa e entorno. Além disso, nessa área foram registradas espécies classificadas com algum grau de ameaça, além de espécies raras. Já na feição florestal (fragmento de vegetação) incluída nesta área, foram registradas aves endêmicas da Mata Atlântica. No que concerne à herpetofauna, o entorno na lagoa apresentou um ambiente propício para a ocorrência de espécies. Entretanto, apesar desta área apresentar o segundo maior índice de riqueza das áreas amostrais, as espécies de herpetofauna registradas são comuns e generalistas, indicando o elevado grau de antropização no local. De todo modo, mesmo com essas evidências de antropização, baixa qualidade de água e baixa diversidade de organismos do ecossistema aquático, entende-se que estas áreas abrigam a maior parte da avifauna classificada como rara, endêmica ou ameaçada de extinção. Ainda que esta área possua diferentes estratos da vegetação, que proporcionam a ocorrência de um número maior de espécies.

É importante reiterar, por fim, que a área de recarga superficial da lagoa (indicada como de alta sensibilidade ambiental), não foi incluída como área prioritária para conservação unicamente devido à ausência de informações detalhadas acerca da hidrogeologia específica da área da lagoa, o que permitiria uma melhor compreensão da dinâmica hídrica de recarga da lagoa, tanto subterrânea como superficial.

27

SP/P6084/R0801/2013 rev 1

Área B: APPs (Rio Paraíba do Sul e Demais Córregos) e Fazenda Piquete (PREIT) Estes polígonos identificado como áreas prioritárias para a conservação contemplam as APPs do rio Paraíba do Sul e dos demais córregos existentes na área de estudo, bem como parte a área da fazenda Piquete (PREIT) inserida na área de estudo. No que concerne especificamente à área da Fazenda Piquete (PREIT), entende-se esta área como prioritária para conservação em decorrência da alta sensibilidade ambiental identificada na faixa de APP do rio Paraíba do Sul e da composição da fauna encontrada nos campos abertos. Além disso, parte dessa área coincide com área de inundação do rio num período de retorno de 25 anos. Em relação à avifauna observada nesta área, constatou-se a ocorrência de significativa abundância e riqueza de espécies na APP do rio Paraíba do Sul, sendo a segunda fisionomia ocupada por este grupo na área de estudo. Na área, a APP do rio Paraíba do Sul possui fragmentos longitudinais de florestas remanescentes paralelas ao curso d’água, que proporcionam abrigo e alimento para essas espécies. Cabe ressaltar que a grande maioria das espécies de avifauna é insetívora, sendo assim beneficiada nestes ambientes de mata ciliar.

Além da alta riqueza e abundância de espécies, esta área apresentou ao longo do ano, em diversas campanhas, a ocorrência de espécies que apresentam algum grau de ameaça, indicando a possibilidade destas serem residentes da área. Já em relação à herpetofauna, esta área apresentou o maior índice de riqueza entre as áreas amostrais. Além disso, foi registrada nas áreas alagadas dos campos abertos a presença de jacarés-de-papo–amarelo (Caiman latirostris), espécie em perigo segundo a “Lista de Fauna Ameaçada do Rio de Janeiro” presente na Portaria SEMA no 001, de 4 de junho de 1998 (RIO DE JANEIRO, 2000)”. No levantamento realizado, essa foi a única área em que esta espécie foi observada. Apesar destas áreas se apresentarem antropizadas, foram identificadas populações viáveis desta espécie (com filhotes e ninhos). Proposta de Limite de Unidade de Conservação Com base no exposto acima, entende-se que a Unidade de Conservação a ser criada no local deve abranger, no mínimo, toda a área da lagoa da Turfeira, sua respectiva APP e o fragmento florestal existente à sudoeste da mesma. Entretanto, considerando que uma faixa à leste/noroeste da lagoa é de propriedade do Estado do Rio de Janeiro por meio da CODIN (tendo sido inclusive parte dessa faixa abdicada pela NISSAN, com o propósito específico de conservação da lagoa), entende-se que toda essa faixa igualmente pode ser abrangida pela Unidade de Conservação. Desse modo, sugere-se, como limite da UC o polígono apresentado na Figura 3.7.

28

SP/P6084/R0801/2013 rev 1

Cabe novamente reiterar que, apesar da área de recarga superficial da lagoa ser uma área de alta sensibilidade, e por isso, ser considerada como área contida na UC, optou-se, por conservadorismo e rigor científico, excluí-la nesse momento. Esta exclusão baseia-se na ausência de dados hidrogeológicos específicos da área da lagoa, que permitam uma maior compreensão da dinâmica de recarga, assim como a delimitação das áreas de recarga (superficial e subterrânea) da lagoa, as quais poderão ser incluídos nos limites da UC. Portanto, conclui-se que a criação de uma UC é uma tarefa factível na região analisada e que, se adotada a área indicada, considerando ainda, o papel das áreas a serem reflorestadas nas adjacências, haverá uma melhor manutenção dos recursos ambientais locais.

561000 562000 563000 564000 565000 566000 567000

7517000

7518000

7519000

7520000

7521000

PROJ: 6084Consultoria e Engenharia Ambiental

Figura 3.7. - ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA CONSERVAÇÃO

MG

RJ

SP

Legenda

APPs

Área proposta para UC

Hidrografia

Área de estudodefinida pelo TdR

Área de recuperação florestal

Área da Nissan

Coordinate System: GCS WGS 1984Datum: WGS 1984

SP/P6084/R0801/2013

JAN/2014

NISSAN - Resende/RJFigura 3.7.

0 350 700 1.050

Metros

GEO-6084-121213-037

30

SP/P6084/R0801/2013 rev 1

3.1.7 Definição da Categoria Para orientar as discussões acerca da categoria de UC mais adequada à área definida no Item anterior, a Quadro 3-5 apresenta os objetivos e aplicabilidade de cada categoria possível, conforme definido no SNUC. Após identificação e aplicabilidade de cada categoria de UC, foi elaborada uma matriz para discussão considerando a situação dominial atual da área. Os benefícios ecológicos e sociais bem como as potencialidades e fraquezas, oportunidades e ameaças de cada categoria aplicável (Quadro 3-5). Considerando os aspectos apresentados na Quadro 3-6 entende-se que é viável a adoção dos critérios ecológicos para a definição das áreas que comporão a Unidade de Conservação, bem como, os limites estabelecidos para a criação da UC apresentada na Figura 3.7. Ainda, recomenda-se a criação de uma UC de domínio público nas categorias de Parque Municipal ou REVIS, uma vez que a possível área a ser destinada para a criação de uma UC já está inserida, em sua maior parte, em área de domínio público.

31

SP/P6084/R0801/2013 rev 1

Quadro 3-5 .Categoria de Unidade de Conservação Objetivo Aplicabilidade

TIPO DE USO CATEGORIA DE UNIDADE DE CONSERVAÇÃO OBJETIVO APLICABILIDADE

PROTEÇÃO INTEGRAL

Estação Ecológica Preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas.

Aplicável, desde que comprovado interesse e relevância para a realização de pesquisas científicas no local

Reserva Biológica

Preservação integral da biota e demais atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou modificações ambientais.

Não aplicável, a área em questão esta inserida em uma zona industrial e apresenta já uma alta interferência humana e modificações no ambiente;

Parque (Nacional, Estadual ou Municipal)

Preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico.

Aplicável em escala municipal, desde que realizados investimentos em restauração dos ecossistemas e infraestrutura para visitação, turismo, educação e recreação;

Monumento Natural Preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica

Não aplicável, a área em questão além de já ter sido fortemente modificada pelo uso antrópico, esta inserida em uma zona industrial e não apresenta o caráter de rara beleza cênica;

Refúgio da Vida Silvestre Proteger ambientes naturais onde se asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória

Aplicável, desde que comprovado através de estudos específicos o caráter mencionado

32

SP/P6084/R0801/2013 rev 1

TIPO DE USO CATEGORIA DE UNIDADE DE CONSERVAÇÃO OBJETIVO APLICABILIDADE

USO SUSTENTÁVEL

Área de Proteção Ambiental Proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais

Não aplicável, são áreas em geral extensas, utilizadas para gestão de grandes áreas com um certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas;

Área de Relevante Interesse Ecológico

Manter os ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da natureza

Não aplicável, a área além de já ter sido fortemente modificada esta inserida em zona industrial com forte ocupação humana;

Floresta Nacional

Uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas nativas

Não aplicável, a área proposta não caracterizasse como floresta nativa.

Reserva Extrativista

Proteger os meios de vida e a cultura de populações tradicionais e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade

Não aplicável, a área proposta não é utilizada por populações extrativistas tradicionais;

Reserva de Fauna Estudos técnico-científicos sobre o manejo econômico sustentável de recursos faunísticos.

Não aplicável, a área proposta não possui recursos faunísticos manejáveis;

Reserva de Desenvolvimento Sustentável Proteger áreas naturais que abrigam populações tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos naturais.

Não aplicável, a área proposta não é utilizada por populações tradicionais;

Reserva Particular do Patrimônio Natural Conservar áreas particulares com relevante diversidade biológica.

Aplicável, desde que a proponente possua domínio sobre a área preterida.

33

SP/P6084/R0801/2013 rev 1

Quadro 3-6.Matriz de Análise de Aplicabilidade de Cada Categoria de UC.

ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS (cf. Brasil, 2000)

CATEGORIA DE UC

ESTAÇÃO ECOLÓGICA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL PARQUE MUNICIPAL REFÚGIO DA VIDA

SILVESTRE

SITUAÇÃO DOMINIAL Público Privado Público Público ou Privado

BENEFÍCIOS ECOLÓGICOS (UC) Alto Alto Alto Alto

BENEFÍCIOS SOCIAIS (UC) Médio (público restrito a pesquisadores)

Alto Alto Alto

POTENCIALIDADES

Unidade de Conservação de proteção integral com forte apelo ambiental e abertura para parcerias com entidades públicas e universidades

Manutenção do caráter privado da área; Facilidade nos procedimentos técnicos de criação; Autonomia na gestão e implantação do plano de manejo da UC; Ausência de zona de amortecimento.

Unidade de conservação de grande versatilidade (proteção dos recursos, educação ambiental, turismo etc.) aplicável em escala municipal

Flexibilidade quanto à possibilidade de Manutenção da natureza privada da área ou de concessão para domínio público. Em caso de concessão para domínio público evita-se gastos com manutenção em longo prazo; Em caso de domínio privado, autonomia na gestão e implantação do plano de manejo da UC

34 SP/P6084/R0801/2013 rev 1

ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS (cf. Brasil, 2000) CATEGORIA DE UC

FRAQUEZAS

Unidade conservação de grande restrição de uso para atividades que extrapolem a pesquisa científica e pode ser utilizada ainda para educação ambiental, e turismo com fins educativos e científicos.

Custos com restauração das áreas incorporadas à RPPN

Depende exclusivamente de interesse público para sua criação

Necessidade de ampliação de compra ou desapropriação das áreas circundantes à lagoa e adjacentes ao terreno da NISSAN para adquirir expressividade territorial e melhoria cumprimento dos objetivos ecológicos da unidade

Depende exclusivamente de interesse público para sua criação

As propriedades deverão ser patrimônio privado.

Se REVIS de posse e domínio público, há dependência do poder público para sua criação;

Necessidade de ampliação das áreas circundantes à lagoa adjacentes ao terreno da NISSAN para adquirir expressividade territorial e melhoria no cumprimento dos objetivos ecológicos da unidade

35 SP/P6084/R0801/2013 rev 1

ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS (cf. Brasil, 2000) CATEGORIA DE UC

OPORTUNIDADES

Estudo e pesquisa científica ligada a áreas protegidas

Potencial educativo recreacional para proprietário e comunidade de entorno

Aproveitamento das áreas da CODIN para criação de uma REVIS estadual

Criação de alguma infraestrutura ou plano de manejo para a constituição da UC

Marketing institucional e relação positiva com os moradores das proximidades e o município

Se REVIS particular, Marketing institucional e relação positiva com os moradores das proximidades e o município

Criação de infraestrutura para visitação pública, plano de manejo ou outra atividade como contribuição do proprietário

Criação de uma base de pesquisa e manejo como contribuição da Nissan

AMEAÇAS

Proibições ecológicas no entorno se identificado algum padrão prejudicial para a sobrevivência de processos ecológicos ou espécies

Dificuldades com aquisição das terras para implantação da RPPN

Dependência da iniciativa pública

Dificuldades com aquisição das terras para implantação da REVIS (se REVIS particular)

Dependência da iniciativa pública que pode atravancar processos de criação

Dificuldades burocráticas na etapa de criação, quando optado por REVIS de domínio público

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3.1.8. Medidas e Intervenções para Restauração, Recuperação e Manejo Após os estudos de diagnóstico do meio biótico e físico, análise integrada e a proposição da área para conservação ambiental, entende-se que medidas de recuperação destas áreas devem ser realizadas visando potencializar a conservação das áreas definidas como prioritárias para a conservação, assim como, recuperar áreas degradadas no entorno. Diante do cenário da área de estudo, caracterizada por intensa fragmentação da vegetação e antropização, propõe-se como medida de recuperação prioritária o regeneração das APPs existentes na área de estudo (lagoa da Turfeira, rio Paraíba do Sul e demais corpos d’água). A conservação das matas ciliares é fundamental para a manutenção dos recursos hídricos, uma vez que a proteção do solo exercida pela cobertura vegetal ao longo das margens dos cursos d'água evita a ocorência de processos erosivos e o consequente assoreamento. As APPs proporcionam também a infiltração e a drenagem pluvial, contribuindo para a recarga dos aqüíferos e diminuindo a ação das águas na dinâmica natural, evitando enxurradas, inundações e enchentes. Além disso, vegetação ciliar funciona como hábitat e zona de abrigo para espécies animais. Para a regeneração das matas ciliares das APPs indica-se o reflorestamento heterogêneo, utilizando-se somente espécies nativas típicas em sua composição. No que concerne à área contígua à APP do rio Paraíba do Sul (trecho da Fazenda Piquete (PREIT)), em função de sua relevância para a fauna, recomenda-se igualmente a revegetação e manutenção. Como medida, também recomenda-se, uma avaliação detalhada da situação do esgotamento sanitário da comunidade local e das indústrias ao sul da lagoa da Turfeira, bem como da drenagem de águas pluviais da Rodovia Presidente Dutra, a fim de identificar a origem da contaminação da água da lagoa identificada nesse estudo. Além disso, foi elaborada uma proposta de implantação de um cinturão verde da Nissan e a adaptação do canal de ligação da lagoa da Turfeira com o rio Paraíba do Sul, com o objetivo de aumentar a conectividade e restaurar os ambientes do entorno da fábrica. Esta proposta está sob análise técnica, conforme previsto no TAC (INEA, Ministério Público e NISSAN), e assim que estiver finalizado, o projeto será apresentado. As duas áreas indicadas como relevantes para conservação (lagoa e entorno imediato e as APPs) apresentam configuração e objetivos convergentes aos chamados corredores ecológicos, que são estratégias de conservação de ambientes fragmentados, que beneficiam a conectividade estrutural da paisagem, considerando os aspectos físicos, e a conectividade funcional, que considera a interação da paisagem e dos organismos nela contemplados.

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De acordo com o SNUC, corredores ecológicos são porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades de conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das unidades individuais. Cabe ainda ressaltar que foi elaborada uma proposta para a implantação de um cinturão verde no entorno da propriedade da NISSAN e para a adaptação do canal de ligação da lagoa da Turfeira com o rio Paraíba do Sul, com o objetivo de aumentar a conectividade e restaurar os ambientes do entorno da fábrica. Esta proposta está sob análise técnica, conforme previsto no Termo de Ajustamento de Conduta - TAC firmado junto ao Ministério Público (Protocolo nº PRM-RSO-RJ-00002294/2014 e celebrado entre a NISSAN, INEA, CODIN e Ministério Público, e assim que estiver finalizado, o projeto será apresentado. Estas medidas têm como objetivo, portanto, aumentar a cobertura vegetal de modo a proporcionar à fauna maior disponibilidade de abrigos, alimentação e refúgios. Além disso, a conectividade entre os fragmentos beneficiará a movimentação da fauna, garantindo a permeabilidade, o fluxo e a manutenção destas espécies.

São Paulo, 04 de julho de 2014.

Paulo Henrique Cordeiro Biólogo/Ornitólogo

Museu Nacional/ UFRJ

Mariana Adas Bióloga

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Fernando Lobo

Geógrafo

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Vinicius Ambrogi Gerente Técnico

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