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PRODUTOS QUÍMICOS E OS EFEITOS NA SAÚDE DO TRABALHADOR - UM ESTUDO DE CASO EM SERVIÇOS DE LIMPEZA E CONSERVAÇÃO Maysa Mayara Silva Patriota (UFCG ) [email protected] Maria Betania Gama Santos (UFCG ) [email protected] Este trabalho objetivou estudar os efeitos dos produtos químicos de limpeza na saúde dos trabalhadores de uma empresa prestadora de serviços de limpeza e conservação na cidade de Campina Grande - PB. A metodologia utilizada constou de revissão bibliográfica sobre o tema e a aplicação de questionários mediante a realização de entrevistas com 49 trabalhadores, na qual se buscou investigar os aspectos de utilização dos produtos químicos de limpeza, as principais queixas relatadas pelos funcionários ao utilizar estes produtos no dia-a-dia, a usabilidade de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s), bem como as ações da empresa para preservação da saúde do trabalhador. Após a análise dos resultados, verificou-se descontinuidade com relação à frequência do uso de EPI’s, devido à falta de uma fiscalização e a pouca conscientização dos trabalhadores, e um alto índice de entrevistados relatou sentir dores de cabeça, irritação nos olhos e no nariz durante o exercício do trabalho. Apesar do caráter exploratório, esta pesquisa contribui como um alerta para os riscos que podem existir na saúde dos trabalhadores que estão submetidos diariamente ao contato com os agentes químicos presentes na formulação dos produtos de limpeza. Constatou-se que a convivência com os produtos de limpeza, podem ocasionar incômodos e adoecimentos provocados por agentes químicos, que, aparentemente inofensivos, podem contribuir com aparecimento de doenças ocupacionais. Palavras-chave: Higiene Ocupacional, serviços de limpeza e conservação. XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

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PRODUTOS QUÍMICOS E OS EFEITOS

NA SAÚDE DO TRABALHADOR - UM

ESTUDO DE CASO EM SERVIÇOS DE

LIMPEZA E CONSERVAÇÃO

Maysa Mayara Silva Patriota (UFCG )

[email protected]

Maria Betania Gama Santos (UFCG )

[email protected]

Este trabalho objetivou estudar os efeitos dos produtos químicos de

limpeza na saúde dos trabalhadores de uma empresa prestadora de

serviços de limpeza e conservação na cidade de Campina Grande - PB.

A metodologia utilizada constou de revissão bibliográfica sobre o tema

e a aplicação de questionários mediante a realização de entrevistas

com 49 trabalhadores, na qual se buscou investigar os aspectos de

utilização dos produtos químicos de limpeza, as principais queixas

relatadas pelos funcionários ao utilizar estes produtos no dia-a-dia, a

usabilidade de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s), bem

como as ações da empresa para preservação da saúde do trabalhador.

Após a análise dos resultados, verificou-se descontinuidade com

relação à frequência do uso de EPI’s, devido à falta de uma

fiscalização e a pouca conscientização dos trabalhadores, e um alto

índice de entrevistados relatou sentir dores de cabeça, irritação nos

olhos e no nariz durante o exercício do trabalho. Apesar do caráter

exploratório, esta pesquisa contribui como um alerta para os riscos

que podem existir na saúde dos trabalhadores que estão submetidos

diariamente ao contato com os agentes químicos presentes na

formulação dos produtos de limpeza. Constatou-se que a convivência

com os produtos de limpeza, podem ocasionar incômodos e

adoecimentos provocados por agentes químicos, que, aparentemente

inofensivos, podem contribuir com aparecimento de doenças

ocupacionais.

Palavras-chave: Higiene Ocupacional, serviços de limpeza e

conservação.

XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

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Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

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1. Introdução

De acordo com informações publicadas pela Organização Internacional do Trabalho – OIT

(2013) sobre a saúde do trabalhador estima-se a morte anual de 2,02 milhões de pessoas por

doenças associadas ao trabalho. Os números também são altos com relação às doenças não

letais decorrentes do trabalho: 160 milhões de pessoas. Estes dados são interessantes

principalmente devido à enorme massa trabalhadora existente no mercado atual e que corre o

risco de entrar para as estatísticas. Para redução dessa estatística é importante que as empresas

coloquem em prática medidas de prevenção.

Para isso, a Higiene Ocupacional estabelece uma relação entre a exposição aos riscos e seus

possíveis efeitos, levando em consideração as particularidades tanto da atividade e ambiente

de trabalho quanto à individualidade do próprio trabalhador (FUNDACENTRO, 2004).

Padovani (2009) descreve os serviços de limpeza e conservação como sendo um serviço

básico realizado por empresas terceirizadas que utilizam de uma mão de obra precária e

negligente no tocante a segurança e saúde dos trabalhadores.

Sendo assim, embora existam normas regulamentadoras que devem ser obrigatoriamente

colocadas em prática, muitas empresas prestadoras de serviços de limpeza mascaram as reais

condições de trabalho e expõe seus empregados a situações críticas.

Ao observar algumas dessas situações de trabalho, não é difícil encontrar trabalhadores

realizando suas tarefas sem usar nenhum tipo de equipamento de proteção individual e sem

nenhum conhecimento sobre os riscos a que estão expostos. Assim como também não é difícil

encontrar empresas que evitam o debate sobre os riscos por acreditar que a informação

despertará no trabalhador o interesse da busca por melhores condições de trabalho, e, por

consequência, poderá resultar em ações judiciais contra a própria empresa.

Logo, este trabalho justifica-se pela carência da exploração do tema higiene ocupacional com

foco no estudo das condições de trabalho em empresas prestadoras de serviço em limpeza e

conservação e também pelo desejo de conhecer a realidade destes trabalhadores, bem como os

impactos que a exposição com os produtos químicos podem trazer para a saúde.

Diante do exposto, este trabalho objetiva estudar a relação entre os produtos químicos de

limpeza e seus efeitos na saúde dos trabalhadores de uma empresa de serviços gerais,

localizada na cidade de Campina Grande – PB.

2. Higiene ocupacional nos serviços de limpeza e conservação

No que concerne aos serviços de limpeza e conservação, pode-se dizer que os trabalhadores

deste setor estão diariamente realizando tarefas que os sujeitam a riscos físicos, químicos e

biológicos e que, aplicando os conhecimentos sobre a Higiene Ocupacional neste contexto,

consegue-se eliminar ou minimizar a exposição a determinados agentes nocivos à saúde e

integridade do trabalhador. Para isso, como ação prevencionista, é de extrema importância a

implantação de uma política de gerenciamento de riscos e como ação mitigadora, a

fiscalização sobre o uso correto e contínuo dos equipamentos de proteção individual e

coletiva.

As normas estabelecidas pela CLT também devem ser aplicadas às empresas terceirizadas,

cabendo a esta: elaborar e cumprir o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional –

PCMSO, com o intuito de detectar e controlar possíveis efeitos nocivos à saúde do

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trabalhador; o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA, avaliando os riscos

ambientais nos postos de trabalho; o Laudo de Insalubridade, com a verificação dos níveis de

intensidade e tempo de exposição do trabalhador a efeitos danosos; e a Comissão Interna de

Prevenção de Acidentes – CIPA, orientando os trabalhadores sobre as medidas de prevenção,

riscos de acidentes, entre outros (PADOVANI, 2009).

Porém, muitas empresas não aplicam medidas de prevenção no dia a dia, restringindo-as à

teoria e pouca ou nenhuma prática. Acreditando que medidas prevencionistas devem ser

utilizadas apenas em empresas com alto potencial de risco e/ou que o custo de prevenção é

maior, essas empresas chegam a desconsiderar que qualquer dano à saúde do trabalhador

possa estar relacionado à atividade laboral, passando assim, a atuar apenas como remediadora.

3. Os efeitos dos riscos químicos na saúde dos trabalhadores dos serviços de limpeza

Na visão de Peixoto (2012), o controle das substâncias químicas é de grande dificuldade

devido aos inúmeros tipos de produtos químicos existentes atualmente no mercado. Além de

suas características inconstantes de volatilidade, toxidade e das diversas formas de penetração

(vias respiratórias, cutâneas ou ingestão, seja pelo tempo de exposição), outro agravo está no

comportamento de cada organismo, pois algumas pessoas apresentam mais sensibilidade a

certas substâncias do que outros que possuem maior resistência.

As substâncias químicas são classificadas pela Higiene Ocupacional em três tipos:

aerodispersóides ou aerossóis (encontradas na forma sólida ou líquida, que embora suas

partículas menores sejam respiráveis, são as que mais causam problemas à saúde dos

trabalhadores devido a sua retenção nos pulmões); gases (moléculas que se espalham no ar);

ou vapores (substâncias que se condicionam dependendo da temperatura). No caso dos

aerodispersóides, esses podem se apresentar em forma de névoa, neblina, poeira, fumaça,

fumos e fibras (PEIXOTO, 2012). Cada um desses tipos acarreta uma gama de efeitos nocivos

à saúde. Estes efeitos acumulam-se a medida do tempo, deixando os trabalhadores que lidam

com essas substâncias cada vez mais vulneráveis. Além disso, essas sustâncias químicas

potencializam seus efeitos em ambientes fechados e quentes devido à volatilização das

substâncias fazendo com que o trabalhador tenha mais contato com o produto (FREITAS;

ARCURI, 2000). Dentro do ambiente de trabalho, os efeitos dessas substâncias podem ser

anulados ou minimizados se houver a utilização correta e contínua de equipamentos de

proteção individual – EPI e se estes produtos estiverem dentro dos limites de tolerância

aceitáveis.

Segundo Nascimento (2014), a manipulação incorreta de produtos químicos de limpeza pode

desencadear doenças relativas à exposição química, que vão desde problemas como irritação

na pele e olhos, doenças respiratórias, doenças do sistema nervoso, rins, fígado até alguns

tipos de câncer.

Logo, é imprescindível que o trabalhador conheça os produtos que estão lidando diariamente.

Uma forma para que isso aconteça é a leitura dos rótulos dos produtos, que embora omitam

informações importantes, constam informações básicas sobre o uso correto e as precauções

para evitar efeitos indesejáveis.

4. Caracterização da empresa

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A empresa em estudo possui atuação no ramo da prestação de serviços desde 2012 em uma

instituição pública na cidade de Campina Grande – PB. Dentre os serviços oferecidos estão a

carpinagem, varrição, limpeza e serviços de mudança dentro da própria instituição.

A empresa possui 114 (cento e quatorze) funcionários. Sendo 2 (dois) deles responsáveis pela

supervisão e 2 (dois) encarregados, responsáveis pela fiscalização dos serviços.

Segundo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE, a empresa tem classe

8121-4, que abrange todos os serviços de limpeza não especializada em residências, fábricas,

prédios públicos, entre outros, desenvolvendo atividades sejam elas comerciais e de serviços.

Sendo assim, conforme anexo da NR-4, referente aos Serviços Especializados em Engenharia

de Segurança e Medicina do Trabalho, a empresa possui grau de risco 3. Levando em

consideração os 110 (cento e dez) funcionários dos serviços de limpeza, decorre que segundo

dimensionamento do SESMT, a empresa deverá ter no mínimo 1 (um) técnico de segurança

do trabalho.

A estrutura organizacional da empresa pode ser observada na Figura 1:

Figura 1 – Estrutura organizacional da empresa

Fonte: Elaboração própria

5. Metodologia

A pesquisa possui caráter exploratório, pois é conhecido pouco sobre o tema a ser

investigado. Pode-se dizer também que seu caráter é descritivo, porque “expõe as

características de determinada população ou de determinado fenômeno” (MORESI, 2004) e

utiliza de técnicas padronizadas de coleta de dados, com a aplicação de questionários.

A pesquisa também é considerada como pesquisa de campo, pois as observações foram feitas

sem que houvesse o isolamento ou controle das variáveis em estudo. Ou seja, os fatos foram

estudados como de fato ocorre (RODRIGUES, 2007).

A pesquisa tem características quantitativa e qualitativa. A pesquisa é quantitativa devido o

uso de questionários com perguntas fechadas que podem ser quantificadas e representadas

estatisticamente. A pesquisa é qualitativa por conter perguntas abertas, onde o entrevistado

fica livre para descrever situações e assim, responder as perguntas de acordo com a sua

observância e particularidade. Estas perguntas abertas serão analisadas indutivamente, ou seja,

a partir da observação das informações coletadas infere-se uma verdade geral (RODRIGUES,

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2007). Também foram feitas perguntas que não estavam contidas nos questionários, mas que

foram necessárias para compreender a atividade estudada.

Para os trabalhadores dos serviços de limpeza e conservação foram aplicados 50 (cinquenta)

questionários, buscando atingir um nível de confiabilidade de 90% (noventa por cento) e um

erro amostral de 10% (dez por cento).

Sendo assim, para o desenvolvimento do trabalho foram respeitados alguns aspectos no que

concerne:

A aquisição e ampliação de conhecimento, através do estudo da problemática acerca

dos produtos químicos e as consequências da exposição em pesquisas bibliográficas,

artigos e normas.

Delimitação das variáveis: trabalhador, serviços de limpeza e produtos utilizados, e

sua relação com a saúde do trabalhador e a exposição aos riscos químicos.

Elaboração e aplicação de questionários com os trabalhadores dos serviços de limpeza

e varrição, buscando informações com relação a: perfil, atividades exercidas, proteção

e saúde e postura da empresa acerca da saúde e segurança, bem como informações

sobre o emprego anterior.

Análise dos dados obtidos e a partir daí, contribui com a proposição de melhorias para

o caso estudado que visem propiciar um ambiente laboral adequado e níveis de

conforto e bem estar através da diminuição das doenças ocupacionais.

6. Resultados e discussões

Alguns aspectos devem ser levados em consideração ao estudar as relações de trabalho e os

possíveis impactos dessas atividades na saúde do trabalhador. Características como o perfil

dos trabalhadores, atividades exercidas diariamente, medidas de proteção e prevenção à saúde

utilizada, são indispensáveis para conhecimento da sua situação atual.

6.1. Quanto ao perfil dos trabalhadores

Na Figura 2 são apresentados os dados gerais dos trabalhadores terceirizados dos serviços de

Limpeza e Conservação.

Figura 2 – Informações gerais sobre os trabalhadores terceirizados dos serviços de limpeza e conservação

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Logo, 50% dos trabalhadores tem faixa etária entre 35 (trinta e cinco) e 45 (quarenta e cinco)

anos, o que os caracteriza como em maior quantidade. Em relação ao estado civil, a maioria

dos trabalhadores declaram-se solteiros e, em segundo lugar aparecem os que alegam ser

casados.

Quanto às observações feitas a respeito do grau de escolaridade de todos os entrevistados,

houve um equilíbrio entre os níveis fundamentais (incompleto e completo), ambos com 28%,

muito embora o grau de escolaridade do nível médio tenha sido o mais citado, com 38%.

Durante a quantificação dos dados, percebeu-se que, o nível de escolaridade médio é mais

destacado entre as mulheres, com 59%. Também há uma maior preponderância de

trabalhadores que afirmam possuir 2 (dois) anos de trabalho, sendo estes funcionários da

empresa prestadora de serviços anterior, que, ao término de contrato, foram “reaproveitados”

pela empresa atual em suas funções.

Com relação ao uso de cigarros, observa-se que grande parte dos funcionários alega não

serem fumantes, muito embora alguns destes já tenham possuído o vício. Como as doenças de

pulmão podem ser confundidas com doenças ocupacionais, é necessário que, o médico

conheça o histórico do paciente sobre o uso de cigarros e outras drogas.

6.2. Quanto às atividades exercidas pelos trabalhadores dos serviços de limpeza

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Na Figura 3 pode ser observadas informações com a relação ao contato com produtos

químicos e/ou poeira, os produtos mais utilizados pelos mesmos diariamente, tempo de

contato com os produtos e a limpeza em ambientes fechados e pouco ventilados.

Figura 3 – Informações relacionadas às atividades pelos trabalhadores dos serviços de Limpeza e Conservação

Em geral, a maioria dos entrevistados tem contato com produtos químicos e poeira, embora

tal atividade seja mais exercida por mulheres (cerca de 93% das entrevistadas), pois cabe a

elas varrer e higienizar locais como: salas de aula, banheiros, laboratórios, áreas

administrativas, biblioteca, dentre outros. Os homens se concentram mais nas atividades de

varrição das áreas externas no Campus (cerca de 71% dos entrevistados), tendo maior contato

apenas com poeira.

Com relação aos produtos de limpeza usados diariamente, destacam-se o uso de produtos

comuns como detergentes, água sanitária/cloro e desinfetantes, que, apesar de não serem

substâncias potencialmente perigosas, o seu uso continuado, em grandes concentrações e sem

precaução pode resultar em danos à saúde ao longo do tempo. Na empresa estudada, o tempo

de contato com estes produtos chegam a 8 horas diárias, com uma significante porcentagem

de trabalhadores que o utilizam em ambientes fechados e com pouca ventilação, como

laboratórios e áreas administrativas.

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6.3. Quanto à proteção do trabalhador dos serviços de limpeza

Na Figura 4 podem-se observar aspectos relacionados da utilização de EPI, os tipos mais

usados, bem como aspectos de higienização das mãos pelos trabalhadores com a finalidade de

evitar contaminação, após contato com os agentes químicos presentes nos produtos.

Figura 4 – Informações relacionadas à proteção dos trabalhadores terceirizados dos serviços de Limpeza e

Conservação

Apesar do número expressivo de pessoas que dizem utilizar o EPI, quando perguntados sobre

a frequência, muitos afirmaram não usá-los regularmente por esquecimento ou por achar

desnecessário em alguns momentos. Vale ressaltar, que a empresa disponibiliza os EPI’s. Na

Figura 5 e Figura 6 pode ser observada a falta do uso de calçados apropriados para a tarefa

higienização e varrição do Campus.

Figura 5 – Uso de calçados inapropriados nas atividades de higienização

Figura 6 – Ausência de luvas na varrição

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Na Figura 7 pode-se perceber o problema no fardamento não impermeável do responsável

pela limpeza de uma lagoa poluída, assim como o não uso das botas de cano de longo que são

recomendadas para esse tipo de atividade. Durante a aplicação do questionário foi observado

que a calça do fardamento encontrava-se úmida. O trabalhador alegou que, por existir lugares

impossíveis de serem limpos com o uso da canoa, o mesmo é obrigado a entrar em contato

com a água.

Também foi relatado que, apesar da empresa disponibilizar os EPI, após desgastados os

mesmos não são substituídos prontamente, deixando os trabalhadores desprotegidos. A NR 6

– Equipamento de Proteção Individual, no subitem 6.6.1 ressalta que, o empregador deve

substituir imediatamente o EPI quando este for danificado ou extraviado. Outra observação

também foi feita durante aplicação dos questionários. Muitos dos trabalhadores utilizavam

apenas um ou dois tipos de EPI, deixando outras áreas importantes do corpo desprotegidas.

Devido ao grande número de funcionários espalhados em um local de trabalho também de

grandes proporções, a fiscalização sobre o uso contínuo e correto do EPI é deixado a desejar.

Essa fiscalização é feita apenas por 2 (dois) encarregados.

Figura 7 – Fardamento não impermeável do funcionário responsável pela limpeza da lagoa

Observa-se que as máscaras, indispensáveis para evitar que os gases dos produtos químicos

dispersos e o mau cheiro no ambiente sejam inalados, e o protetor de olhos, que protege a

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parte mais sensível do corpo de partículas presentes no ar, assim como os aventais, são os EPI

menos adotados pelos trabalhadores para sua proteção. E que, embora os trabalhadores

afirmem lavar sempre as mãos antes da alimentação, não há local adequado para que o

trabalhador faça suas refeições, cabendo a esses sentarem em calçadas e batentes

6.4. Quanto à saúde do trabalhador dos serviços de limpeza

No que concerne à saúde do trabalhador, a Figura 8 apresenta os sintomas relatados pelos

trabalhadores durante o dia de trabalho:

Figura 8 - Sintomas durante contato com produtos químicos e/ou poeira

As dores de cabeça, irritação nos olhos e irritação no nariz lideram os sintomas mais

frequentes durante atividade laboral. Sabendo que os trabalhadores não fazem o uso frequente

de equipamentos de proteção individual, pode-se relacionar esses sintomas à falta ou a

reduzida utilização de máscaras e óculos de proteção que tem como objetivo impedir que os

vapores dos produtos químicos atinjam as mucosas do nariz e os olhos. A varrição também

tem seus efeitos devido ao pó levantado durante essa atividade que penetra as fossas nasais,

passando pelas vias respiratórias e alojando-se nos pulmões, o que pode causar irritações

devido a sua capacidade tóxica (PADOVANI, 2009).

Para que seja observado se há uma relação dos sintomas com a atividade exercida, a partir da

Figura 9 pode-se inferir sobre a melhora desses sintomas nas férias e finais de semana e a sua

frequência entre os trabalhadores.

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Figura 9 – Melhora e frequência dos sintomas mencionados pelos funcionários da Limpeza e Conservação

Pode-se observar que há uma predominância de trabalhadores que afirmam sentir sua saúde

bem melhor durante o tempo de descanso e que estes sintomas costumam “sempre” melhorar

durante as férias e finais de semana. Quanto ao aparecimento em certos dias e horários pode-

se dizer que há um certo equilíbrio entre os trabalhadores que dizem ter os sintomas e os que

negam que tal fato ocorra. Já com relação ao aparecimento após alguma tarefa específica ou

uso de produto específico, 70% afirmam apresentar sintomas. Dentre os produtos com maior

reclamação estão o ácido muriático, cloro, a água sanitária e o thinner.

Com base nos questionamentos feitos, pode-se inferir que esses sintomas dependem também

das condições intrínsecas ao trabalhador e não apenas ao produto ou tarefa. Mas, segundo

Algranti (2009), se estes sintomas melhoram em finais de semana e férias, aparecem em

determinados dias e horários e depois do uso de um produto ou tarefa específica,

provavelmente as causas destes problemas estejam no ar respirado no local de trabalho.

Aspectos como a automedicação, mistura de produtos químicos diferentes e a informação

repassadas pelos trabalhadores aos supervisores também foram questionados conforme mostra

a Figura 10:

Figura 10 – Atitudes dos trabalhadores dos serviços de limpeza e conservação em relação à saúde e bem estar

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Verifica-se que 40% dos entrevistados afirmam “sempre” fazer uso da automedicação, logo,

as doenças não são tratadas corretamente e podem estender-se para problemas mais graves se

não forem orientados por um médico.

Há também um equilíbrio entre os trabalhadores que misturam produtos químicos durante os

procedimentos de limpeza. Algranti (2009) ressalta que, substâncias como a água sanitária

acrescida de ácidos gera produto tóxico, o que impactará negativamente na saúde do

trabalhador.

Com relação à comunicação dos problemas de saúde aos supervisores, os trabalhadores que

afirmaram não informar relataram que tal atitude não resolveria a situação, visto que os

mesmos continuariam exercendo as mesmas atividades e usando os mesmos produtos que

causam-lhes dano.

6.5. Quanto à postura da empresa acerca da saúde e segurança

No que se diz respeito às atitudes da empresa em relação ao bem estar do trabalhador, buscou-

se conhecer a opinião dos trabalhadores em relação aos exames admissionais, planos de saúde

e orientação sobre saúde e segurança (Figura 11):

Figura 11 – Atitudes da empresa em relação à saúde e segurança dos trabalhadores dos serviços de limpeza e

conservação

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Vale ressaltar que além dos exames admissionais a empresa tem como obrigação fazer os

exames periódicos (importante no acompanhamento da saúde do trabalhador), de retorno do

trabalho (para detectar doenças adquiridas fora do ambiente de trabalho), mudança de função

(devido aos problemas de saúde oriundos de algumas atividades específicas) e demissionais

(para verificar se houve ou não alguma alteração da saúde do trabalho no decorrer do seu

tempo de trabalho), como previsto pela NR 7 - Programa de Controle Médico e Saúde

Ocupacional.

Quando questionados sobre o oferecimento de planos de saúde pela empresa, todos os

trabalhadores responderam que isso não ocorre. Ou seja, cabe ao próprio funcionário custear

suas despesas médicas, mesmo que os danos à saúde sejam provocados no exercício do

trabalho.

No que concerne às informações repassadas pela empresa sobre saúde e segurança a seus

funcionários, a maioria dos funcionários alegam não receberem informações pelos

supervisores. As informações repassadas aos trabalhadores são indispensáveis para que os

mesmos sejam conscientes dos riscos a quem estão sendo submetidos e assim, também

previnam-se contra problemas futuros.

6.6. Proposição de melhorias

Diante dos resultados obtidos, pode-se sugerir a adoção de medidas preventivas com o intuito

de reduzir ou minimizar os impactos dos produtos químicos de limpeza na saúde do

trabalhador:

Adotar políticas de conscientização sobre o uso de EPI através da realização de

palestras, distribuição de informativos e etc;

Aumentar o número de agentes de segurança para fiscalização e apoio. Tal atitude

inibirá a prática do não uso de EPI’s, assim como reforçará o uso de todos os

equipamentos de proteção necessários para a atividade;

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Disponibilizar roupa impermeável, bota com cano longo e joelheira para o trabalhador

responsável pela limpeza da lagoa;

Umidificar os locais de varrição para evitar que a poeira fique concentrada no ar;

Substituir produtos como o thinner, o ácido muriático e o ácido clorídrico por outros

menos agressivos;

Colocar os produtos químicos em embalagens adequadas e rotuladas de forma que o

trabalhador possa identificá-lo;

Respeitar as datas de vencimento dos produtos químicos para que os mesmos não

causem reações alérgicas nos trabalhadores que os manipula;

Disponibilizar ao trabalhador condições de higiene adequada para que o trabalhador

possa fazer suas refeições, conforme estabelece a NR -24, referente às condições

sanitárias e de conforto nos locais de trabalho;

Viabilizar o acesso a FISPQ por parte dos supervisores e da empresa contratante.

7. Considerações finais

Pode-se constatar, no decorrer do estudo, que existe uma precarização nas atividades nos

serviços de limpeza e conservação, devido ao grande número de trabalhadores que declaram o

aparecimento de sintomas quando expostos aos produtos químicos de limpeza utilizados

diariamente. Muitos desses sintomas, como irritação nos olhos e no nariz podem estar sendo

causados pelo uso de produtos químicos como ácido muriático, cloro e água sanitária, pois

são os produtos químicos de maior queixa. Devido à quantidade de trabalhadores que

executam suas atividades em locais fechados e pouco ventilados, os sintomas podem vir a

agravar-se.

As relações entre melhora, aparecimento e frequência dos sintomas também reforçam que o

problema está no ar respirado por esses trabalhadores, seja este contaminado pela presença de

substâncias ou pelas partículas de poeira presentes no ambiente.

Conclui-se também que a insuficiência de informações repassadas ao trabalhador aliado à

reduzida fiscalização abrem portas para que estes trabalhadores deixem a prevenção em

segundo lugar e trabalhem sem a utilização dos equipamentos de proteção recomendados.

A não realização do exame admissional torna-se mais difícil para a empresa reconhecer quais

danos podem ter sido provocados por ela e quais são decorrentes de empregos anteriores.

Lembrando que no trabalho anterior houve bastante queixa em relação ao uso do hipoclorito

de sódio, um produto corrosivo e que libera gás tóxico ao reagir com ácido ou amônia. Os

trabalhadores afirmaram que esse produto era distribuído sem diluição e causavam-lhes

grandes transtornos, chegando muitos a passarem mal ao usá-lo.

Sendo assim, diante do que foi exposto, fica evidente a necessidade da colocação em prática

de medidas prevencionistas como forma de não apenas reduzir os riscos à saúde, mas de

garantir aos trabalhadores dos serviços terceirizados de limpeza e conservação o que é de

direito e conquista de todos: um trabalho digno e decente.

Page 15: PRODUTOS QUÍMICOS E OS EFEITOS NA SAÚDE DO …abepro.org.br/biblioteca/TN_STO_209_242_26682.pdf · e a aplicação de questionários mediante a realização de entrevistas com 49

XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção

Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

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