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Ano 2, Nº 8 Produzida por Pastores da Igreja Evangélica Luterana do Brasil —Belas paisagens, chuva e seca, p. 60 —Deixar a vida nos levar ou levar a Vida?, p. 25 Desperdícios, p. 77 —Morrer é lucro ou prejuízo?, p. 11 —Obesidade Espiritual, p. 33 —Os nossos planos, p. 78 —Ricos demais, p. 71 —Uma Experiência em 3D, p. 72 —Cenas de um drama chamado: A Paixão de Cristo, p. 26 —Liturgia para Culto Leigo, p. 74 —A liberdade de Ofertar, p. 12 —Ichthys — Resumo do Credo, p. 73 — Sermões, p. 34... — Uma comunidade terapêutica, p. 62 —Aconselhamento Cristão, p. 4

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Ano 2, Nº 8Produzida por Pastores da Igreja Evangélica Luterana do Brasil

—Belas paisagens, chuva e seca, p. 60—Deixar a vida nos levar ou levar a Vida?, p. 25Desperdícios, p. 77—Morrer é lucro ou prejuízo?, p. 11

—Obesidade Espiritual, p. 33—Os nossos planos, p. 78—Ricos demais, p. 71—Uma Experiência em 3D, p. 72

—Cenas de um drama chamado: A Paixão de Cristo, p. 26—Liturgia para Culto Leigo, p. 74—A liberdade de Ofertar, p. 12

—Ichthys — Resumo do Credo, p. 73— Sermões, p. 34...— Uma comunidade terapêutica, p. 62—Aconselhamento Cristão, p. 4

Oferta

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EXPEDIENTEPublicação bimestral de pastores da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB) não oficial. Tem como propósito divulgar textos teológicos/pastorais, inéditos ou não, produzidos por pastores e teólogos da IELB, recuperar textos teológicos escritos no passado e que não estão disponíveis na Internet, divulgar de forma mais abrangente a teologia evangélica luterana confessional e a reflexão teológica na IELB, e ser uma ferramenta prática para as atividades ministeriais em suas diferentes áreas. Os conteúdos são de responsabilidade dos seus autores.

Colaboradores desta edição:David Karnopp; Dieter Joel Jagnow; Fernando E. Graffunder; Horst Reinhold Kuchenbecker; Igor Marcelo Schreiber; Ilmo Riewe; Ismar L. Pinz; Jacson Junior Ollmann; Jarbas Hoffimann; Leandro Daniel Hübner; Marcos Schmidt; Márlon Hüther Antunes; Martinho Rennecker; Valdecir Jair Much; Waldyr Hoffmann

Imagens:As imagens usadas nesta publicação são de livre acesso na Internet, ou foram cedidas pelo proprietário. Caso contrário aparecerá, ao lado da imagem, a referência ao seu autor.

Coordenadores:Rev. Dieter Joel Jagnow (editor)Rev. David KarnoppRev. Jarbas Hoffimann (diagramador)Rev. Mário Rafael Yudi FukueRev. Tiago José AlbrechtRev. Waldyr Hoffmann

Diagramador:Rev. Jarbas [email protected]

Blogue e Leitura On-linehttp://www.revistateologia.blogspot.com

Twitter@revistateologia

Colaborações:Os textos a serem publicados na revista devem ser enviados ao editor

Contato/Editor:[email protected]

A revista Teologia&Prática é uma iniciativa de pastores da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB). Ela não tem caráter oficial. Seu objetivo básico é coletar e compartilhar bimestral-mente, de forma organizada, via Internet, textos teológicos/pas-torais, inéditos ou não, produzidos por pastores da IELB e que regularmente circulam em listas da Igreja. Além disso, procura recuperar textos teológicos escritos no passado e que não estão disponíveis na Internet. Um objetivo subjacente é a intenção de divulgar de forma mais abrangente a teologia evangélica lute-rana confessional e a reflexão teológica na IELB. Além de pos-sibilitar a reflexão teológica, a revista quer ser uma ferramenta prática para as atividades ministeriais em suas diferentes áreas.

Critérios1. A produção da revista é coordenada por voluntários. Um (ou mais) editor

é responsável para que exista um mínimo de organização na diferentes fases do processo.

2. A revista é fechada em PDF e carregada em um depósito da Internet, de onde poderá ser baixada livremente.

3. A revista tem circulação bimestral. Não há um número fixo de páginas.4. Um blogue serve de apoio para as edições, a fim de possibilitar a sua

divulgação pelos mecanismos de busca da Internet.5. A revista é aberta a todos os pastores da IELB interessados em compar-

tilhar seus textos (meditações, estudos homiléticos, sermões, resenhas, ensaios, etc.), inéditos ou não. Cada autor é responsável pelo seu texto (doutrinária, gramática e ortograficamente). Os textos devem ser enviados ao editor.

Nota: O editor pode recusar — ou solicitar que seja revisado — algum texto, caso julgue que ele afronte a doutrina da IELB. Para tanto, se neces-sário, conta com voluntários para a avaliação. Não serão utilizados textos de conteúdo político-partidário, que promovam o ódio ou a discriminação ou que firam os princípios e valores da Igreja.

6. A publicação dos textos enviados não é imediata. Existe uma tentativa de se ter variação de conteúdos em uma edição e em edições subsequentes. O editor informa ao autor a situação de cada texto recebido.

7. Há uma pauta mínima, no sentido de se buscar conteúdos que de alguma forma abordem questões pontuais (exemplo: Reforma, eleições, Natal). A pauta completa é determinada de acordo com as colaborações recebidas, conforme a ordem de chegada.

8. O organograma de produção é este: a) Lançamento: até o dia 25 do segundo mês da edição b) Preparação / Diagramação: do dia 1 ao dia 20 do segundo mês da edi-

ção c) Recebimento dos textos: até o dia 20 do primeiro mês da edição

e-mail: [email protected]: http://revistateologia.blogspot.comtuíter: http://twitter.com/revistateologia

ApresentAção dA revistA

eletrônicA teologiA & práticA

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ArtigosBelas paisagens, chuva e seca, p. 60Conflitos de Natal, p. 32Deixar a vida nos levar ou levar a Vida?, p. 25Desastres, consequência ou castigo?, p. 31Desperdícios, p. 77Direto ao ponto, p. 79Morrer é lucro ou prejuízo?, p. 11Nichos de Natal, p. 24Obesidade Espiritual, p. 33Os nossos planos, p. 78Os visitantes do Oriente (Epifania), p. 23Ricos demais, p. 71Santo Cristo e o Carnaval, p. 61Uma Experiência em 3D, p. 72

Esboço para SermõesCenas de um drama chamado: A Paixão de Cristo, p. 26

LiturgiaLiturgia para Culto Leigo, p. 74

Oferta CristãA liberdade de Ofertar, p. 12

SimbologiaIchthys — Resumo do Credo, p. 73

Sermões1º Domingo após o Natal (Ano Novo) - B, p. 34Epifania do Senhor - B, p. 361º Domingo após a Epifania (Batismo do Senhor) - B, p. 38; Opção 2, p. 402º Domingo após a Epifania - B, p. 423º Domingo após a Epifania - B, p. 444º Domingo após a Epifania - B, p. 465º Domingo após a Epifania - A, p. 486º Domingo após a Epifania - B, p. 50, Opão 2, p. 52Último Domingo após a Epifania (Transfiguração), p. 54Quarta-Feira de Cinzas - B, p. 561º Domingo na Quaresma - B, p. 58

E mais...Uma comunidade terapêutica, p. 62Aconselhamento Cristão (Resumo de Obra), p. 4Devocional: Que alívio!, p. 76

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4 | RT | Dezembro, 2011 e Janeiro, 2012

Collins, Gary R. Aconselhamento Cristão. São Paulo: Socieda-de Religiosa Edições Vida Nova – 1988. pp. 1-48.

Nota Inicial: Por se tratar de um resumo, há mui-tas citações da obra referida, entretando, optamos por colocar apenas a numeração de páginas dos grandes blocos de citação. As demais não aparecem com o número da página, porém são marcadas em itálico e vermelhoo para destacar que são citações diretas.

Parte 1 — Assuntos introdutórios

Capítulo 1 — A Igreja e o Aconselhamento

O Aconselhamento pode ser frustrante.O pastor não escolhe se aconselhará ou não. As pes-

soas vão a ele com seus problemas.“Não é possível evitar tal coisa no ministério pas-toral. A sua escolha não é feita entre aconselhar ou não aconselhar, mas entre aconselhar de maneira disciplinada e hábil ou aconselhar de modo indis-ciplinada e inábil.”1

Há muitas técnicas e usos no aconselhamento. Até os melhores profissionais podem se confundir com elas.

Os aconselhados nem sempre melhoram. Isso pode frustrar.

Há necessidade de aconselhar no ministério.O aconselhamento existe para “ajudar as pessoas” a

“estimular o desenvolvimento da personalidade”.O conselheiro precisa conhecer os problemas

(como surgem e como resolvê-los).“A fim de ser mais eficaz o terapeuta deve ser uma pessoa real, humana... oferecendo um relaciona-mento genuinamente humano... Grande parte da atuação dos terapeutas é supérflua ou não tem relação com sua eficiência; de fato, muito de seu sucesso não tem qualquer ligação com o que fazem

1 p. 11.

Aconselhamento CristãoRev. Jarbas HoffimannResumo de obRa

ou acontecem do que fazem, desde que ofereçam a relação que os terapeutas de opiniões muito dife-rentes parecem fornecer... Trata-se de uma relação que não se caracteriza tanto pelas técnicas usadas pelo terapeuta mas pelo que ele é; não é tanto pelo que ele faz, mas pela maneira como o faz.”2

Jesus usava várias técnicas de aconselhamento.Jesus em seu aconselhamento era...

“absolutamente honesto, profundamente compas-sivo, altamente sensível e espiritualmente ama-durecido. Ele dedicou-se a servir seu Pai celestial e seus semelhantes (nesta ordem), preparou-se para sua obra mediante períodos frequentes de oração e meditação, conhecia profundamente as Escrituras, e buscou ajudar as pessoas necessitadas a se volta-rem para ele, onde podiam encontrar paz, espe-rança e segurança.”3

Jesus ensinou...“a respeito de Deus, autoridade, salvação cresci-mento espiritual, oração, a igreja, o futuro, os an-jos, demônios e a natureza humana... o casamen-to, interação entre pais e filhos, obediência, relação entre raças, e liberdade tanto para homens como para mulheres... assuntos pessoais como sexo, an-siedade, medo, solidão, dúvida, orgulho, pecado e desânimo.”4

Jesus ouvia as pessoas e as aceitava antes de falar o que elas deveriam fazer.

“O conselheiro-professor se coloca à disposição como um instrumento mediante o qual o Espírito Santo pode operar, ajudar, ensinar, convencer ou guiar outro ser humano. Este deve ser o alvo de todo crente — pastor ou leigo, conselheiro profis-sional ou ajudador leigo: ser usado pelo Espírito Santo para tocar vidas, modificá-las e levá-las em direção à maturidade tanto espiritual como psicológica.”5

2 p. 12.3 p. 13.4 p. 13.5 p. 14.

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Aconselhamento CristãoResumo de obRa

A Igreja Como Uma Comunidade Terapêutica

A Igreja pode ser um grupo eficaz de aconselha-mento. Cada cristão é um conselheiro em potencial.

A Psicologia Tem Condições para Ajudar?

A Psicologia tem inúmeras possibilidades de ajudar ao ministério.

Capítulo 2 — O Núcleo do Aconselhamento

Nem todos os conselheiros são eficazes. A maioria é ineficaz.

Os Alvos do Aconselhamento

“O conselheiro que é seguidor de Jesus Cristo tem o mesmo alvo ulterior e abrangente de mostrar às pessoas como ter uma vida abundante e apon-tar aos indivíduos a vida eterna prometida aos crentes.”6

Outros alvos do Aconselhamento Cristão: “Auto--compreensão”, “Comunicação”, “Aprendizado e Modificação de Comportamento”, “Auto-realização” e “Apoio”.

Qualificações dos Conselheiros Eficazes

Os conselheiros eficazes normalmente tem as se-guintes características: “Cordialidade”, “Sinceridade” e “Empatia”.

6 p. 19.

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Técnicas de Aconselhamento

No aconselhamento há o alvo de ajudar ao aconse-lhado.

“O conselheiro tenta remover seus próprios confli-tos, tomar consciência das necessidades do aconse-lhado e comunicar tanto compreensão como sua vontade de ajudar. A ajuda pode ser um processo complicado, impossível de ser descrito em poucos parágrafos. Podemos, porém, resumir algumas das técnicas mais básicas utilizadas numa situação de ajuda.”7

Técnicas que o conselheiro deveria usar: “Atenção” integral ao aconselhado, “Ouvir” atentamente e “Res-ponder” e “Ensinar”.

Esse responder pode ser: “Orientar ou Liderar”, “Re-fletir”, “Perguntar”, “Confrontar”, “Informar”, “Interpre-tar” e “Apoiar e Encorajar”.

O Processo do Aconselhamento

Cada pessoa é única o que implica em cada aconse-lhamento ser diferente. Mas existem estágios que po-dem ser repetidos:

“estabelecimento e manutenção de um relacio-namento entre conselheiro e aconselhado; a ex-ploração de problemas a fim de esclarecer certas questões e determinar como os problemas podem ser tratados; a decisão sobre um curso de ação, o estímulo do aconselhado para que tome uma ati-tude; a avaliação do progresso e decisão sobre ações subsequentes; assim como terminar a relação sem a ajuda contínua do conselheiro.”8

Os estágios nem sempre acontecem na ordem aci-ma e nem sempre são claramente definidos.

Tarefa-de-Casa no Aconselhamento

“Alguns aprendem melhor ouvindo — escutando o que outros dizem. Outros vendo — lendo, as-sistindo filmes e observando diagramas. Existem também indivíduos que aprendem melhor fazen-do — completando projetos, desempenhando pa-péis, ou representando seus sentimentos.”9

A Tarefa de casa7 p. 21.8 p. 25.9 p. 25.

“é a essência do bom aconselhamento. O conselhei-ro que aperfeiçoa a sua habilidade nesse sentido verá a diferença em sua eficácia na ajuda às pes-soas. Aprender como passar tarefa de casa positi-va, bíblica, concreta, que se adapte criativamen-te à situação, exige tempo e esforço, mas produz dividendos.”10

As tarefas servem para manter o aconselhado côns-cio do alvo a ser atingido.

Cinco tipos de tarefas têm sido mais usados: “Tes-tes”, “Discussão e Guias de Estudo”, “Tarefas Comporta-mentais”, “Leituras” e “Discos” (música).

Capítulo 3 — O Conselheiro e o Aconselhamento

O aconselhamento pode ser muito gratificante, mas é uma tarefa árdua e emocionalmente exaustiva.

A Motivação do Conselheiro

Não é fácil aclarar os motivos que levam alguém a aconselhar, mas alguns deles poderiam ser: “Curiosida-10 p. 25.

Resumo de obRa

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de”, “Necessidade de Manter Relações”, “Necessidade de Po-der” e a “Necessidade de Socorrer”.

A Eficácia do Conselheiro

“Segundo a Bíblia, todos os crentes devem ter um interesse compassivo por seus semelhante,s mas não se deduz disso, necessariamente, que todos os crentes sejam ou possam tornar-se conselheiros bem dotados. Neste respeito, o aconselhamento é como o ensino. Todo pai tem a responsabilidade de ensinar seus filhos, mas apenas alguns são profes-sores especialmente dotados.”11

O Papel do Conselheiro

O que pode atrapalhar o aconselhamento é o con-selheiro não ter bem definido seu papel. As áreas em que provavelmente vá ocorrer confusão são: “Visita em Lugar de Aconselhamento”, “Pressa em Lugar de Delibera-ção”, “Desrespeito em Lugar de Simpatia”, “Condenação em Lugar de Imparcialidade”, “Sobrecarregar a Sessão em Lu-gar de Moderar o Aconselhamento”, “Ser Diretivo ao invés

11 p. 29.

de Interpretativo”, “Envolver-se Emocionalmente ao invés de Permanecer Objetivo” e “Atitude de Defesa em Lugar de Em-patia”. Sempre que surgem estas confusões deveríamos nos perguntar o por quê da situação.

O conselheiro deve vigiar para que tais situações se-jam evitadas ao máximo. E quando surjam devem ser eliminadas o mais breve possível.

A Vulnerabilidade do Conselheiro

Poderíamos pensar que todo aconselhado quer ajuda. Mas não é assim. “Alguns aconselhados têm o de-sejo consciente ou inconsciente de manipular, frustrar, ou não colaborar”.

As maneiras em que as pessoas frustram o conse-lheiro são pelo menos duas:

“Manipulação”. Algumas pessoas podem manipular o conselheiro.

“Os conselheiros manipulados geralmente têm pouca utilidade. Os indivíduos que tentam ma-nipular seu conselheiro quase sempre fizeram da manipulação um modo de vida. ... O conselheiro precisa opor-se a essas táticas, recusar-se a ser mo-vido por elas e ensinar meios mais satisfatórios de relacionar-se com outros.”12

“Resistência. As pessoas algumas vezes buscam ajuda por desejarem alívio imediato da dor, mas quando descobrem que o alívio permanente pode exigir tempo, esforço e maior sofrimento ainda, elas resistem ao aconselhamento. ... A resistência é uma força poderosa que quase sempre exige acon-selhamento profissional em profundidade.13.

Ao conselheiro é importante conhecer-se a si mes-mo. Podemos ter mais controle da situação fazendo--nos as seguintes perguntas:

“Por que acho ser esta a pior (ou melhor) pessoa que já aconselhei? Existe uma razão para o meu constante atraso, ou o do aconselhado? Existe uma razão para que o aconselhando ou eu deseje mais (ou menos) tempo do que havíamos combi-nado no início? Minhas reações às palavras deste aconselhado são excessivas? Sinto-me aborrecido quando estou com esta pessoa? O problema sou eu, o aconselhado, ou nós dois? Por que eu sempre concordo (ou discordo) com o aconselhado? Sinto vontade de terminar esta relação ou de apegar-me

12 p. 32.13 p. 33.

Resumo de obRa

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a ela embora devesse terminar? Estou começando a sentir demasiada simpatia pelo aconselhado? Penso constantemente no aconselhado entre as en-trevistas, sonho acordado com ele ou ela, ou mostro mais do que o interesse comum no seu problema? Por quê?”14

A Sexualidade do Conselheiro

No aconselhamento, principalmente entre pesso-as de sexo oposto, há a possibilidade de envolvimento emocional entre as partes. Para evitar isto poderíamos tomar alguns cuidados:

1. “Proteção espiritual” meditando na palavra de Deus,

2. “Percepção dos Sinais de Perigo” como...

14 pp. 33-4.

“a comunicação de mensagens sutis de qualidade mais íntimas (sorrisos, levantar as sobrancelhas, contatos físicos, etc.); o desejo do conselheiro e aconselhado de manterem o relacionamento; an-siedade, especialmente por parte do aconselhado, de divulgar detalhes de experiências ou fantasias sexuais; permissão do conselheiro para que o acon-selhado o manipule; reconhecimento por parte do conselheiro de que ele ou ela precisa ver o acon-selhado (este é um sinal de fracasso); frustrações crescentes na vida conjugal do conselheiro; e o pro-longamento do tempo e frequência das entrevis-tas, algumas vezes suplementadas por chamadas telefônicas.”15

3. “Estabelecimento de Limites”

15 pp. 34-5.

Resumo de obRa

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4. Análise de Atitudes.Não existe proveito algum em negar os seus ins-tintos sexuais. Eles são comuns, com frequência embaraçosos e bastante estimulantes, mas contro-láveis. Lembre-se o seguinte:”16

a. “As consequências sociais”.b. “Imagem Profissional”.c. “Verdade Teológica”. Isto é, adultério.

5. “Proteção do Grupo de Apoio”. Existe proveito em discutir o assunto com uma ou duas pessoas de confiança.

A Ética do Conselheiro

A Bíblia dá o padrão ético para o conselheiro cris-tão.

“O conselheiro cristão respeita cada indivíduo como uma pessoa de valor, criada por Deus à ima-gem divina, manchada pela queda da humani-dade no pecado, mas amada por Deus e objeto da redenção divina. Cada pessoa possui sentimentos, pensamentos, vontade e liberdade para compor-tar-se como achar adequado. Como um ajudador de pessoas, o conselheiro busca sinceramente o me-lhor para o bem-estar do aconselhado e não ten-ta manipular ou imiscuir-se na vida do mesmo. Como servo de Deus, o conselheiro tem a responsa-bilidade de viver, agir e aconselhar de acordo com os princípios bíblicos. Como empregado, ele tenta cumprir as suas responsabilidades e executar seus deveres com fidelidade e competência. Como cida-dão e membro da sociedade, busca obedecer as au-toridades governamentais e contribuir para o bem da cultura.”17

“O conselheiro tem a obrigação de manter em se-gredo as informações confidenciais, a não ser quan-do haja risco para o bem-estar do aconselhado ou de outra pessoa. Em tais ocasiões, o aconselhado deve ser orientado no sentido de transmitir a in-formação diretamente às pessoas envolvidas (polí-cia, empregadores, pais, etc.), e em regra geral, a informação não deve ser divulgada pelo conselhei-ro sem conhecimento do paciente. ... o conselheiro não deve abster-se de administrar ou interpretar testes, dar conselhos médicos ou legais, ou oferecer quaisquer serviços para os quais não esteja treina-do nem qualificado. ... Em toda decisão moral o

16 p. 35.17 p. 36.

conselheiro procura agir de modo a dar honra a Deus, manter-se conforme o ensino bíblico e res-peitar o bem-estar do consulente e de outros.”18

A “Queima” do Conselheiro

Pelas dificuldades do aconselhamento pode surgir “um sentimento de futilidade, inépcia, fadiga, cinismo, apa-tia, irritabilidade e frustração”. Para proteger-se às vezes o conselheiro que acredita “na importância da cordialidade, autenticidade e empatia, tornam-se então ajudadores frios, dis-tantes pouco simpáticos, indiferentes, desgastados”.

O Conselheiro dos Conselheiros

Deus ajuda o ajudador.“O aconselhamento pode trazer satisfação, mas não é um trabalho fácil. Quanto mais cedo isto seja reconhecido e encarado honestamente, tanto mais satisfatório será nosso ministério de ajudar e mais eficaz o nosso aconselhamento.”19

Capítulo 4 — As Crises no Aconselhamento

Muitas crises podem acontecer no aconselhamento. Mudanças podem produzir crises.

“Uma crise é um perigo porque ameaça vencer a pessoa ou pessoas envolvidas. ... As crises, porém, dão às pessoas a oportunidade de mudar, crescer e desenvolver meios de superá-las.”20

A Bíblia e os Tipos de Crise

Três tipos de crise são constantemente identifica-dos:

1. “As crises acidentais ou situacionais”. Relacionada a uma mudança repentina: morte, doença subida, gravidez fora do casamento, guerra, etc.

2. “As crises de desenvolvimento”. Relacionada com as fases naturais da vida humana. Ida à escola, facul-dade, casamento, etc.

3. “As crises existenciais, que quase sempre se sobre-põem às acima, surgem quando somos forçados a enfrentar verdades perturbadoras, tais como a

18 p. 37.19 p. 39.20 p. 40.

Resumo de obRa

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compreensão de que:a. Sou um fracasso;b. Sou velho demais para alcançar meus objetivos de vida;c. Fui ‘deixado para trás’ numa promoção;d. Sou um viúvo agora — novamente solteiro;e. Minha vida não tem propósito;f. Minha doença é incurável;g. Não tenho nada em que acreditar;h. Minha casa e bens se foram por causa do incêndio;i. Estou aposentado;j. Fui rejeitado por causa da cor da minha pele.”21

Intervenção nas Crises

O Aconselhamento em situações críticas tem vários objetivos

1. “ajudar a pessoa a enfrentar eficazmente a situação difícil e voltar ao seu nível comum de comportamento;

2. diminuir a ansiedade, apreensão e outros tipos de insegurança que possam persistir depois de ter passado a crise;

3. ensinar técnicas para a solução de crises, a fim de que a pessoa fique melhor preparada para antecipar e tratar as crises futuras; e

4. considerar os ensinos bíblicos sobre as crises, a fim de que a pessoa aprenda com as mesmas e cresça como resultado dessa experiência.”22

O Conselheiro dos Conselheiros

O conselheiro precisa saber que as pessoas são diferentes. Ele precisa “Fazer contato” pois as pessoas em crise nem sempre chegam a ele. “Reduzir a Ansiedade” própria para tentar reduzir a do aconselhado. “Focalizar os problemas”. “Avaliar os Recursos”. “Planejar a Intervenção”. “Encorajar Ação”. “Instilar Esperança”. “Interferir no Ambiente” e “Acompanhamento” depois de solucionar a crise.

Encaminhamento

Se o conselheiro crê que não pode ajudar na crise, ele faria melhor trabalho en-caminhando o aconselha a um profissional mais capacitado.

O Futuro do Aconselhamento

O aconselhamento é dividido em três áreas: terapêutico, preventivo e educativo. O terapêutico “envolve a ajuda ao indivíduo, a fim de que ele trate dos problemas existentes na vida”. O preventivo “procura impedir que os problemas se agravem ou evitar completa-mente a sua ocorrência”. O educativo “envolve a iniciativa por parte do conselheiro, no sentido de ensinar princípios de saúde mental a grupos maiores”.

Rev. Jarbas Hoffimann — Nova Venécia-ES, pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil, da qual é membro da Comissão de Culto da IELB, diagramador e co-editor desta Revista.

21 p. 42.22 p. 42.

Resumo de obRa

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Dezembro, 2011 e Janeiro, 2012 | RT | 11

Muitas pessoas lutam contra a morte e se esquecem de lutar pela vida. Sim, pois alguns querem viver, simplesmente por

ter medo de morrer.O apóstolo Paulo diz: “Para mim o viver é Cris-

to, e o morrer é lucro. (Fp 1.21). Já se passaram alguns dias da morte de José Alencar. Mas per-maneceu como exemplo a maneira como o ex--vice-presidente lutou para viver, sem ter medo de morrer.

Há casos em que o desejo de viver é meramente egoísta. Mas há também exemplos em que o dese-jo de morrer é mera covardia. Por isso o exemplo do José Alencar comoveu. Afirmava que queria

viver para servir, para trabalhar, para ajudar — mas estava sereno para morrer.

Conheço muitas outras pessoas que serviram de exemplo nesse sentido — talvez até mais apro-priados que o ex-presidente. Porém são anônimos.

A verdade é que a morte procura e encontra. Encontra a todos! Famosos ou comuns. Pois a morte é a maldição sobre o pecado (Rm 6.23). E o pecado, definitivamente está sobre todos.

Cantamos e enfatizamos que “é preciso saber viver” — mas é bem verdade que também é preci-so saber morrer. Jesus veio ao mundo para viver e morrer por nós. Vivendo ele amou, serviu, curou, perdoou, resgatou. Morrendo ele pagou pelos pe-cados e ressuscitando venceu a morte. Na ressur-reição ele nos comissiona a uma vida honrada, a uma vida de serviço.

Em Cristo já não há razão para temer a mor-te. Porém sempre há razões para enfrentar a vida! Por mais pesada e doida que sejam as catástro-fes, as doenças e as aflições. Pois sempre haverá ao nosso redor alguém precisando de ajuda e um sorriso de gratidão quando ajudado.

Não há dúvida: o viver tem sentido absoluto em Cristo, o Deus que se fez homem para servir. Cabe bem o ditado: “quem não vive para servir não serve para viver”. Peço licença para acrescentar: “quem não vive para servir, não serve para viver e encontrariam ‘prejuízo’ no morrer”. Isso porque sem Jesus, fatalmente serão condenados. Mas em Jesus, até mesmo a morte é lucro. Foi Ele quem disse: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá. (Jo 11.25)”.

Rev. Ismar L. Pinz — Pelotas-RS — pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil

Artigo originalmente datado de março de 2011.

Rev. Ismar L. Pinz aRtigo

Morrer é lucro ou prejuízo?

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A Liberdade de Ofertar

Rev. Horst Reinhold KuchenbeckermoRdomia — ofeRta

Introdução1

Mordomia cristã é a responsabilidade individual e em conjunto com os irmãos na fé de administrar

tudo (dons, tempo e bens), conforme a responsabili-dade que Deus concedeu e concede a cada um nas or-dens (família, sociedade e igreja), vivendo, conforme os Dez Mandamentos, para a glória de Deus e o bem do próximo. Visto termos a fé na graça de Cristo em nossa carne corrupta, isto requer luta e o renovar dia-riamente o voto batismal de renunciar o diabo e ser fiel a Deus. Para tanto os fiéis se admoestam e consolam mutuamente.

Nesta luta há fraquezas, há quedas, há o levantar-se pela graça de Deus. Isto se espelha também na história da Igreja Cristã, em cada Comunidade e Sínodo. Tam-bém nossa Igreja Evangélica Luterana tem enfrentado, ao longo de sua história, lutas. Temos enfrentado pro-blemas na manutenção de nossos empreendimentos missionários. Para solucioná-los foram empreendidas campanhas de esclarecimento, mas os problemas per-sistem e requerem sempre novos enfoque e novas lutas.

Muitas vezes nós nos perguntamos: O que há de er-rado com a nossa igreja em relação às ofertas? A julgar pela situação de nossos membros, não deveria ser difícil manter nossos empreendimentos. Quais são, portanto, as rações por que falhamos? Educamos mal? Carece-mos de melhores métodos? Gastamos demais? Alguns

1 Apresentado em Porto Alegre, junho de 1989 e revisado em 24 de outubro de 2011 em São Leopoldo.

Teses, sobre a Mordomia Cristãsão da opinião que o problema está no método, pois as igrejas cristãs que adotaram o método do dízimo ou práticas similares venceram suas dificuldades finan-ceiras e têm certa abundância de recursos materiais; enquanto que as congregações que permaneceram no método da oferta voluntária lutam com dificuldades financeiras.

Notamos também que o assunto “Oferta” é proble-mático em nosso meio, pois toda a vez que o assunto é abordado em conferências, concílios e convenções, desperta acirrados debates, sem chegarmos a conclu-sões convincentes. Enquanto isso, cada congregação busca solucionar o problema a seu modo pelos méto-dos que julgar propício. Isto está trazendo um mal estar aos leigos que pedem uma definição sobre o assunto.

Parece-nos que o problema não está simplesmente na área da teologia prática, o problema é doutrinário. Urge clarificarmos nossa posição doutrinária a este res-peito que deve, por sua vez, orientar a praxe na aplica-ção dos métodos de recolhimento dos frutos da fé. Para tanto convidamos pastores e leigos a refletirem sobre as seguintes teses que visam ajudar a clarificar o assunto:

A Liberdade de Ofertar2

1.0. A LiberdAde de OfertAr é um privilégio dos que renasceram pela fé em Cristo Jesus, aos quais

2 Estas teses são baseadas em parte, de forma resumida e adaptada, no trabalho: Laienbewegung, (Movimento dos Leigos) do Dr. Franz Pieper, publicado em Synodal-Berichte, Sued-Illenois-Distrikt, 1913.

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A Liberdade de Ofertar

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Deus concedeu o privilégio de serem sues cooperadores na proclamação da palavra da reconciliação. E eles participam deste trabalho alegre e volunta-riamente por ser esta, agora, sua principal razão de vida.

2.0. A LiberdAde de OfertAr dos que renasceram pela fé em Cristo pertence à área da santificação que consiste na diária restauração da imagem divina. Esta restauração é parcial aqui na terra, por o cristão possuir ainda sua carne que milita contra o espírito. Isto se reflete, também, na liberdade de ofertar.

3.0. A LiberdAde de OfertAr, dos que renasce-ram pela fé em Cristo acontece em meio a grandes lutas e muitas fraquezas, por isso é preciso ensinar continuamente sobre o assunto, para desvendar as astuciosas tentações de Satanás, alertar con-tra os ídolos deste século que procuram impedir que vivamos vida santificada e proclamemos o evangelho.

4.0. A LiberdAde de OfertAr dos que renasceram pela fé em Cristo, requer ordem e métodos para o recolhimento das ofertas e seu encaminhamen-to. A congregação é livre para adotar os métodos que desejar. Ela terá o cuidado, especialmente em momentos de dificuldades financeiras, de não lançar mãos de métodos que ferem a liber-dade e que são contrários à palavra de Deus.

Teses

1.0. LiberdAde de OfertAr é um privilégio dos que renasceram pela fé em Cristo Jesus, aos quais Deus concedeu o privilégio de serem sues cooperadores na proclamação da palavra da reconciliação. E eles participam deste trabalho alegre e volunta-riamente por ser esta, agora, sua principal razão de vida.

1.1. O HOmem NAturAL — Pela queda em pe-cado, o homem perdeu seu bem-aventurado conhecimento de Deus, sua justiça original

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e sua santidade, e tornou-se totalmente cor-rupto, inclinado para todo o mal e sujeito à eterna condenação. Cf.: Sl 51.1.; Rm 7.18; Gn 5.3; Ef 2.3,5; Rm 5.19. Pecado Original é o pecado que herdamos de Adão, isto é, a com-pleta corrupção de toda a natureza humana, agora provada da justiça original, inclinada para todo o mal e sujeita à condenação.

1.2. SALvAçãO — Em grande amor, Deus teve compaixão da humanidade e providenciou--lhe maravilhosa salvação em Cristo. Vindo a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Fi-lho unigênito, Jesus Cristo que, como Deus e homem, substituto de toda a humanidade, cumpriu a lei, pagou pelos pecados de todos, venceu nossos inimigos: pecado, morte e Sa-tanás e conquistou, assim, perfeita e suficiente salvação para toda a humanidade. (Salvação objetiva). Cf.: Jo 3.15-16; Gl 4.4; 2Co 5.19; 2º Artigo do Credo Apostólico, do Cat. Menor de Lutero.

1.3. meiOS dA GrAçA — Esta salvação Deus ofe-rece, dá e sela aos homens pelos meios da gra-ça, palavra de Deus e sacramentos (Batismo e Santa Ceia), pelos quais o Espírito Santo trabalha poderosamente. Cf.: 2 Co 2.20; Tt 3.5; Mt 22.12-20; Jo 1.12-14; Rm 1.16; 1Pe 3.21; 1Co 11.23-25.

1.4. reNAScimeNtO — Mesmo ouvindo a boa nova da salvação em Cristo, o homem natu-ral não a entende, antes a repudia como lou-cura e busca sua justiça própria pela lei. Por sua própria razão e força o homem não pode vir a Cristo, nem crer nele. Mas o Espírito Santo chama e trabalha sincera e eficazmente em todos os que ouvem sua palavra e aos quais os sacramentos são ministrados, a fim de levá--los a confiarem na graça de Cristo. Assim opera a fé e regenera. Esta graça é resistível e muitos se perdem devido à sua obstinada e contínua resistência. Mas os que creem, rece-bem o que a palavra de Deus lhes oferece, dá e sela: completo perdão dos pecados, vida e sal-vação eterna. Estes renasceram pelo poder de Deus Espírito Santo e têm, enquanto na fé, os benefícios de Cristo: perdão, boa consciência, adoção de filhos de Deus e são herdeiros da vida eterna. Como novas criaturas em Cristo,

atuam em amor (Salvação subjetiva). Cf.: Ef 2.1,5; 1Co 2.14; Jo 1.14; Rm 8.7; 2Tm 1.9; 1Co 12.3; 1Pe 1.5; Jo 15.5; Fp 1.6; At 7.51; 2Co 8.5.

1.5. LiberdAde — Como livres que são, não há, agora, para os renascidos, nenhuma coerção ou dever da lei, mas sem coerção, na quali-dade de filhos de Deus, eles têm prazer na lei de Deus, e Deus lhes confiou o privilégio de proclamarem a salvação. Esta missão tornou-se para eles — quer jovens ou adultos, homens ou mulheres, ricos ou pobres, patrões ou em-pregados, livres ou aprisionados, letrados ou analfabetos — independente do lugar e do momento de sua vida, com os dons e habi-lidades que Deus lhes concedeu, a principal razão de vida. Pois a fé, necessariamente, pro-duz boas obras, não forçada pela lei, mas na liberdade e na força da consoladora graça do evangelho. Cf.: Gl 5.13; Sl 119.32; Fp 1.21; Mt 28.19-20; Mt 6.33.

1.6. OfertAS NO ANtiGO teStAmeNtO — Ao povo de Israel (1250 antes de Cristo a 33 Ano do Senhor), Deus ordenou entre outras leis cerimoniais, uma diversidade de leis sobre ofertas obrigatórias, ofertas de purificações, e também a lei do dízimo, que consistiu em dar anualmente o dízimo (dez por cento) da

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colheita do grão, das frutas, do gado e do reba-nho. Cf.: 27.30-34; Nm 28.1-8; Lv 1-7.

1.7. OfertAS NO NOvO teStAmeNtO — Com-pletada a obra da salvação, a lei cerimonial foi abolida, e Deus não deu para o seu povo do Novo Testamento nenhuma nova lei sobre onde, quando, quanto ou a forma de ofertar. Mas, na qualidade de sacerdotes de Deus, de filhos de Deus, de membros do corpo de Cris-to, de templos do Espírito Santo, guiados pelo Espírito Santo, eles buscam servir a Deus de forma voluntária e livre, mesmo que ainda em muitas fraquezas, buscando servir a Deus no proclamar o evangelho, pois o seu viver é Cristo. Cf.: Cl 3.15; 1Pe 2.9; 1Co 12.27; Rm 12.4-8; Rm 14.33; Mt 6.33; Rm 8.14; Fp 1.21; Rm 13.8.

1.8. AdmiNiStrAçãO — No Novo Testamento, o filho de Deus administra livremente, na confiança em Cristo, seu tempo, dons e bens conforme as responsabilidades que Deus lhe confere na família, pátria e igreja. Para isso analisa, julga, coloca prioridades e toma de-cisões, buscando alcançar sempre melhor a principal razão de sua vida, a saber, a edi-ficação do reino de Deus. Para tanto pede a Deus sabedoria, dons e bens. Cf.: 1Co 2.15; 1Ts 5.28; Lc 26.24; Fp 2.30; 2Co 9.12.

1.9. cONdeNAmOS — Condenamos, por isso, toda tentativa de restringir a liberdade cris-tã, quer pela imposição do dízimo ou cami-nhos similares, afirmando: “O método bíblico é o da oferta proporcional, ou a oferta deve ser percentual, ou dê um dia ao Senhor”; o cristão “não deve comparecer de mãos vazias diante do Senhor, etc... Como livre que é, ninguém tem o direito de lhe dizer que o mínimo já basta, especialmente quando a necessidade é bem maior, ou de lhe impor algo ou qualquer quantia ou percentualidade, ou método.3

1.10. AfirmAmOS — Deus não estabeleceu no Novo Testamento nem forma, nem quanti-dade, nem regularidade, nem percentualida-de, nem métodos para ofertar. Cada cristão é

3 Cf.: 47ª Convenção Nacional da IELB de 1980, resolução da Moção 5/01 e 5/02. Este trabalho foi escrito a pedido da 47ª Convenção Nacional da IeLB, com a colaboração do Prof. Erni Seibert e pastor Daltro Kautzmann, membros da comissão de Mordomia e Evangelismo).

livre para de espontânea vontade, com alegria e voluntariamente decidir sobre como cum-prir melhor sua responsabilidade de filho de Deus em relação à sua congregação e igreja, à sua família e seus deveres sociais, como indiví-duo ou em conjunto com seus irmãos na fé.

2.0. A LiberdAde de OfertAr dos que renasceram pela fé em Cristo pertence à área da santificação, que consiste na diária restauração da imagem divina. Esta restauração é parcial aqui na terra, por o cristão possuir ainda sua carne que milita contra o espírito. Isto se reflete, também, na li-berdade de ofertar.

2.1. A SANtidAde imputAdA — A santificação, isto é, o ato de tornar uma pessoa santa aos olhos de Deus, também chamada de justifica-ção do pecador, acontece pela imputação dos méritos de Cristo que aceitamos pela fé, tor-nando-nos, enquanto na fé, santos aos olhos de Deus (justificação individual ou subjeti-va). Isto é um ato de misericórdia divina no qual somos meramente passivos, sem nenhu-ma cooperação nossa. Cf.: Rm 3.28; 5.1; Ef 2.8-10.

2.2. A LiberdAde dA fé — A fé, necessariamen-te, produz boas obras. Desde o momento em que a justificação pela fé é operada, no ato da regeneração ou conversão, o Espírito Santo, pelos meios da graça, opera também a renova-ção ou santificação que consiste na restituição da imagem divina, no que o homem coopera não de forma coordenada, mas subordinada ao Espírito Santo. Cf.: 1Co 1.30; 1Pe 1.22-25; Ef 4.23-24; Cl 3.10; 2Tm 2.21; 1Jo 3.3.

2.3. A reNOvAçãO Ou reStituiçãO dA imA-Gem diviNA — A renovação ou santificação é a restituição da imagem divina em nós. Isto é, o Espírito Santo efetua a santificação em nós pelos meios da graça, impelindo ao exercício das novas forças espirituais que ele concedeu no ato da regeneração, as quais tam-bém sustenta e fortalece. Assim aplica a lei para nos conduzir ao diário arrependimento e o afogar em nós do velho homem com suas paixões e concupiscências. Aplica o evangelho para fazer ressurgir em nós o novo homem e para iluminar progressivamente nosso en-tendimento para um maior conhecimento

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tanto extensivo como intensivo das verdades divinas e um contínuo renovar da vontade em direção à retidão original numa crescente santificação dos desejos e afeições em direção à pureza primitiva. Cf.: Cl 3.9; Ef 4.23-24; 1.17-19; Cl 1.9; Rm 12.2; 6.12; 1Co 1.5; Fp 2.13; Rm 6.12; Tt 2.14; 1Jo 1.6.

2.4. SANtificAçãO imperfeitA — Pela graça de Cristo temos uma justiça perfeita que acei-tamos pela fé, mas a restauração da imagem divina em nós, enquanto aqui no tempo, de-vido à nossa carne corrupta que não muda, permanece imperfeita e acontece sob forte e dolorosa luta, havendo altos e baixos na vida santificada. Cf.: Rm 7.18; 1Jo 1.8; 1Co 7.1; Fp 3.12; Gl 5.24.

2.5. cONdeNAmOS — Condenamos a teologia da glória que menospreza a força do velho homem na luta contra o novo homem e que sonha, já agora, com a posse, palpável e cons-tante do poder de Deus e ignora que temos todos os bens em fé, que ainda estamos sob a cruz; condenamos também o fato de exigirem de seus membros determinado grau de santi-ficação para poderem desfrutar o privilégio de membros da congregação, sem o que desclas-

sificam a pessoa do seu status de cristãos; ou dividem os cristãos em carnais e espirituais, cristãos e discípulos.

2.6. AfirmAmOS — Cristo vive entre pecadores. No momento em que alguém chega à fé, ele é sacerdote de Deus com todos os privilégios e direitos, mesmo que lute ainda com muitas fraquezas. E enquanto aqui na terra, estamos sob a cruz pela qual Deus nos educa para que demos atenção à sua palavra e cresçamos na fé. Cf.: Rm 7.7-25; Gl 5.16-26; Ef 3.14-21.

3.0. A LiberdAde de OfertAr, dos que renasce-ram pela fé em Cristo, acontece em meio a grandes

lutas e muitas fraquezas, por isso é preciso ensi-nar continuamente sobre o assunto, para

desvendar as astuciosas tentações de Satanás, alertar contra os ídolos

deste século que procuram nos impedir que vivamos vida santificada e proclamemos

o evangelho.3.1. LutAS — A restituição, mesmo

que parcial, da imagem divina na re-generação, resulta, necessariamente, numa

vida cheia de boas obras conforme a vontade de Deus expressa nos Dez Mandamentos e na imitação do exemplo de Cristo. Isto acontece em meio a muitas fraquezas e árduas lutas entre o novo e o velho homem. Daí a neces-sidade de muito ensino e paciência na edifi-cação do reino de Deus, para que o Espírito Santo possa atuar quando e onde lhe apraz. Cf.: 1Ts 4.3; Rm 13.10; Hb 12.1; Rm 7.15-25; Gl 5.24.

3.2. cAuSA dO deSLeixO — As causas das fra-quezas e dos desleixos na liberdade de ofertar são a falta de conhecimento da Bíblia e da fraqueza de fé, o que dá ocasião à nossa car-ne, ao mundo e a Satanás de nos enganarem. Cada pessoa, cada época e cada lugar têm suas tentações próprias. Quem seria capaz de desvendar toda a astúcia de Satanás que se esconde sob a aparência de direito. Nessa luta, o ofertar sofre tentações especiais. Cf.: Gl 5.19; 1Pe 2.11; Tt 2.22.

3.3. A OfertA — É preciso lembrar os renasci-dos, que o não viver decididamente para o rei-no de Deus, traz sérias consequências e pode

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levar à perda do evangelho, como mostram as afirmações que seguem:

3.3.1. O máximO — Conforme nosso novo homem, nós temos prazer em participar com tudo o que temos e somos na edi-ficação do reino de Deus e gostamos de ofertar o máximo, como o fez a viúva pobre, que ofertou tudo o que tinha na confiança daquele que supre as necessi-dades. Mesmo sendo sua oferta, quanto ao valor monetário, pequena, Deus teve prazer na mesma (Mc 12.41-44). Deus valoriza mesmo ofertas insignificantes como o mostra o relato sobre o juízo final (Mt 25.31-46). Mas ai daqueles que ofertam centavos não sendo pobres, tais pessoas usam a liberdade por pre-texto da malícia (1Pe 2.16).

3.3.2. idOLAtriA — Ofertar o mínimo em vez de o máximo é contra a vontade de Deus. (2Co 9.6; 8.2) e revela nossa ido-latria e materialismo (Mt 6.24).

3.3.3. QuALidAde — Ofertar o mínimo em vez de o máximo estraga a qualidade das ofertas, pois revela que não amamos nosso Salvador. Há situações em que as ofertas pequenas têm o seu lugar e sua razão de ser. Mas quando se trata das grandes coisas do reino de Deus: pregar o evangelho, manter seminários, enviar missionários, razão pela qual estamos no mundo, e pela qual Deus mantém o mundo (Mt 24.14), cabe-nos ofertar o máximo possível (Rm 7.6; Ef 6.7).

3.3.4. cOLHeitA — Ofertar o mínimo em vez de o máximo resulta em pouca colheita. Em sua graça, Deus resolveu recompen-sar altamente todas as boas obras (Ap 14.13). Somos salvos, na verdade, pela graça, sem as obras da lei. Mas, Deus resolveu em sua graça recompensar as boas obras. Ele afirma: “Aquele que semeia pouco, pouco também ceifará” (2Co 9.6). Igualmente na parábola dos talentos, Deus deixa isso muito claro (Mt 25.14-30). Somos administrado-res fiéis se administramos os bens, não em busca de nossos prazeres, mas inves-

tindo o máximo no reino de Deus.3.3.5. eScâNdALO pArA Si — Ofertar o mí-

nimo em vez de o máximo resulta em permanente escândalo para si mesmo. Se ofertarmos pouco, nós nos induzimos a permanentes dúvidas sobre a veraci-dade de nossa fé. Pois a fé necessaria-mente produz boas obras. As boas obras são um testemunho externo de nossa fé. Se fraquejarmos, nossa consciência nos acusará, dizendo: Você não é cristão, porque não ama os irmãos. Você não tem o Espírito Santo, porque ainda ama o mundo. O apóstolo Pedro ad-moesta: “Por isso, irmãos, procurai com diligência cada vez maior, confirmar a vossa vocação e eleição (2Pe 1.10).

3.3.6. eScâNdALO pArA OutrOS — Ofertar o mínimo em vez de o máximo resulta em escândalo para os de fora. O mundo ob-serva a vida cristã e a congregação cris-tã. Os incrédulos trazem grandes sacri-fícios (saúde, bens, dons e tempo) para seus ídolos (prazeres, esportes, hobbies, etc.) e se chocam quando percebem que os cristãos ofertam de má vontade para o seu Deus e vêm mendigar junto a eles, os incrédulos, quer de forma direta por livros ouro, listas, ou indiretamente, convidando-os para festas, bazares, chás que têm a clara finalidade de fazer lucro, por isso há rifas, jogos de azar, etc. O dia do juízo mostrará quantos incrédulos foram escandalizados por tal procedimento (Mt 18.7).

3.3.7. prejuízO — Ofertar o mínimo em vez de o máximo traz sérios prejuízos para o ministério. Os pastores devem estar prontos a compartilhar com alegria a pobreza de seus membros. Mas se seus membros têm relativa estabilidade econômica e ofertam pouco, e toda vez que são solicitados a ofertarem murmu-ram, isto desanima os pastores e impede o bom andamento do trabalho (1Tm 5.17).

3.3.8. eNtriStece O eSpíritO — Ofertar o mínimo, em vez de o máximo entriste-

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ce o Espírito Santo que habita nos re-nascidos. Todo o cristão, mesmo o mais fraco na fé, é templo do Espírito Santo (1Co 3.16). O Espírito Santo atua ne-les e quer fazê-los crescer na fé, no amor e em toda a boa obra. Impedir que o Espírito Santo nos instrua não ouvin-do suas admoestações, não seguindo os seus conselhos, o entristece. Muitos que fecharam seus corações às necessidades do próximo e do reino de Deus, perde-ram o Espírito Santo, a saber, a fé.

3.3.9. impede O creScimeNtO — Ofertar o mínimo em vez de o máximo impede o crescimento do reino de Deus. Deus mantém o universo para que sua igre-ja possa cumprir a missão de pregar arrependimento e fé ao mundo (Mt 28.9-12; Lc 24.46-47; Mt 24.14). E Deus adverte: “Maldito aquele que fi-zer a obra do Senhor relaxadamente” ( Jr 48.10). E o apóstolo afirma: “Ai de mim se não pregar o evangelho”. (1Co 15.38) “Sede... sempre abundantes na obra do Senhor. (1Co 15.38)

3.3.10. AtrAi A irA de deuS — Ofertar o mí-nimo em vez de o máximo, atrai a ira de Deus. O profeta Ageu levantou sua voz. Pois o povo de Deus, tendo regres-sado à sua terra, após o cativeiro, pen-sou em primeiro lugar no seu bem-estar e relegou o trabalho da edificação do templo a um segundo plano. O profeta Ageu lhes anunciou a ira de Deus. Tam-bém no Novo Testamento o apóstolo ad-moesta os fiéis que ofertam mal, dizen-do: “Não vos enganeis, de Deus nãos e zomba” (Gl 6.7), pois o juízo de Deus começa pela casa de Deus (1Pe 4.17).

3.3.11. põe em riScO O evANGeLHO — Ofer-tar pouco quando se pode ofertar mais, põe em risco o evangelho. A história nos mostra que ali onde o povo se apegou aos bens materiais e ofertou pouco para o reino de Deus, perdeu a ambos os bens materiais e o evangelho. Isto nos deve servir de advertência. Zelemos, pois, pelo evangelho, ofertando voluntária e

abundantemente para a expansão do evangelho.

3.4. cOmbAte O bOm cOmbAte — Precisamos estar sempre atentos para combater o bom combate da fé e aparelhar nossos membros para tanto. Para isso é necessário:

3.4.1. preGAçãO — Pregar a lei em todo seu rigor, sem tirar-lhe o fio cortante, para desvendar os subterfúgios e enganos de Satanás, para advertir contra os falsos ídolos de nosso tempo, para conduzir ao

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arrependimento; e pregar o evangelho em toda sua doçura para consolar e fa-zer crescer na fé que atua pelo amor, do qual sempre somos devedores. Cf.: 2Tm 4.2; 1Tm 6.6-9; Gl 5.26; Rm 13.8.

3.4.2. pAStOreS — Os pastores devem dar bom exemplo aos membros por vida moderada e pelo ofertar em abundân-cia. Cf.: Fp 4.5; 2Tm 1.7; Tt 2.7.

3.4.3. AdmiNiStrAçãO — Compete a con-gregação zelar para que seus membros sejam instruídos por estudos bíblicos sobre o que significa administrar o tem-po, os dons e bens conforme a vontade de Deus para o crescimento do reino de Deus, confiante na graça do Deus que tudo supre. Cf.: Lc 12.42; 16.2.

3.4.4. iNfOrmAçãO — Informar os membros sobre as necessidades da congregação, do distrito e da igreja. As epístolas nos mostram como os apóstolos informa-ram sobre o trabalho. Orçamentos nos ajudam a descobrir a vontade de Deus nas atividades da igreja. A apresenta-ção das necessidades, em si, não motiva ninguém, mas canaliza as ofertas de amor para as prioridades e os lugares onde são necessárias. Cf.: At 4.32,35.

3.4.5. cOmO tOmAr deciSõeS — Quanto darei? Perguntam os membros. Ou, como vou chegar a uma conclusão sobre o quanto dar? Normalmente ouvimos duas respostas distintas: a) Decida-se por uma proporção do seu ganho; b) analise as necessidades de sua igreja e veja o que você pode fazer. Que cami-nho vamos seguir? Tanto um como o outro caminho não resolvem plena-mente o problema e deixam perguntas em aberto.

A OfertA prOpOrciONAL — Os que defendem a oferta proporcional, afir-mam de forma geral que esta decisão é do foro íntimo da pessoa, entre ela e o seu Deus. A pessoa, conforme o grau de sua fé, tomará sua decisão sobre o quan-to ofertar. Feita a promessa, a congrega-ção aplicará os resultados, distribuin-

do-os. Mas, o que fazer se a necessidade for maior do que as promessas feitas?

OrçAmeNtOS — Os que defendem a análise de orçamentos, afirmam de for-ma geral que o cristão deve analisar as necessidades da igreja (orçamentos) e então tomar sua decisão sobre o quanto ofertar. Mas, o que fazer se a diretoria planeja mal. Faz orçamentos baixos e os membros gostariam, ou pelo menos po-deriam ofertar muito mais?

eQuiLíbriO — Analisando exemplos bíblicos, veremos que nem só pelo cami-nho da decisão interna nem só pelo lado dos orçamentos nos cabe olhar para este assunto.

A viúva pobre (Mc 12.41-44), ao ofer-tar, provavelmente não perguntou por orçamentos. Se bem que não sabemos que sermão ela ouviu no templo. Sua oferta foi fruto de seu amor a Deus e de sua confiança no Deus que supre. Ela ofertou segundo a proporção de sua fé (2Co 8.3). O bom samaritano, sem dú-vida, tinha seu plano de viagem, suas prioridades para o dia, mas vendo a necessidade de seu próximo, o amor o moveu a modificar suas prioridades e ajudar de forma desinteressada (isto é, sem buscar méritos para si), com sa-crifício (ele sacrificou muito e arriscou a própria vida) e com perseverança (in-cansável, até ver uma solução razoável para o problema) Lc 10.25-37.

Ele viu a necessidade e o amor o levou a agir sobre o problema. O apóstolo Pau-lo, ao fazer a coleta para os necessitados (1Co 16.1-4; 2Co 8.1-15) não apresen-tou orçamentos, mas falou das necessi-dades. Como, aliás, o faz muito em suas cartas pastorais, informando a igreja sobre o andamento do trabalho. É evi-dente que “orçamentos não enchem o caixa, mas devem esvaziá-lo” (V. Wer-ning Christian Stewardship, p. 132). Mas, a oferta no Novo Testamento não é cega, ela é objetiva, o que exige cons-tante análise e decisões. Sem dúvida,

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há o perigo de nós nos aproximarmos do assunto “como ofertar” só pelo lado das necessidades e nos colocar a mercê de propagandistas. Há os dois momen-tos. O momento íntimo da fé, o amor ao reino de Deus, fruto da fé. Esta fé deve ser alimentada pela palavra de Deus. Há também o momento da canalização dos frutos, quando olhamos para as ne-cessidades e nossas responsabilidades e tomaremos nossa decisão. Em toda esta nossa administração somos sempre im-perfeitos. Precisamos sempre da luz da palavra de Deus, de aconselhamento e de orientação.

3.4.6. AdmOeStAçãO — Cabe admoestar fra-ternalmente os que ofertam pouco, bem como aconselhar e estimular os mem-bros para que façam sempre melhor uso dos dons que Deus lhes concedeu.

Cabe-nos admoestar, especialmente, os ricos para que não amem o mundo, mas façam o bem. Isto nem sempre é fácil e nem sempre seremos bem sucedi-dos. Cf.: 1Tm 6.9,18; 2Co 12.1-23; Mt 19.16-22; 1Ts 2.12.

3.4.7. mAuS e bONS cOStumeS — Maus costumes no ofertar, arraigados em de-terminadas regiões, provindos de ou-tras igrejas não são fáceis de extirpar. Eles prejudicam a missão. Precisamos de muita paciência e bom censo na im-plantação de bons costumes e métodos.

3.5. QueStõeS báSicAS SObre OfertAr3.5.1. Quem deve OfertAr? — Espera-

-se que todo o cristão oferte, porque ele foi redimido por Cristo para servir em amor, na força do Espírito Santo e com os dons, bens e habilidades que Deus lhe concedeu, “segundo o que o homem tem, e não conforme o que ele não tem” (2Co 8.12). Crianças servem com seus dons e os pais as educarão, dando-lhes tam-bém dinheiro para ofertarem. Também suplicarão a Deus dons e bens, para su-prirem as necessidades em seu derredor. Cf.: Tt 2.14; 2Co 5.15; Tg 1.5; Cl 4.6.

3.5.2. pOr Que OfertAr? — Não movido pela lei, nem por qualquer interesse em conquistar o favor ou a bênção de Deus, mas, como filhos de Deus, que têm pra-zer na lei de Deus e procuram cumprir, com todas suas forças, a ordem de Cris-to de levar o evangelho ao mundo. Nis-to são movidos pelo amor de Deus. Cf.:

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moRdomia — ofeRta

2Co 5.14.3.5.3. O Que OfertAr? — O ofertar perten-

ce ao exercício da fé. Pela fé nos entre-gamos a Deus e renovamos nosso voto batismal diariamente, dizendo: “En-trego-me a ti, ó Deus triúno, para te ser fiel na fé, nas palavras e nas obras até à morte”. Deste propósito brotam as mais diferentes ofertas de dons, bens e tempo. Cf.: Rm 12.1-3; 2Co 8.5; Ef 5.15-16.

3.5.4. pArA Que OfertAr? — É preciso lem-brar que toda a vida dos cristãos com todas suas tarefas (na família, na socie-dade, na igreja) é culto a Deus. Dentro desse contexto, o ofertar para o trabalho específico do reino de Deus ocupa um lugar especial. Como Deus não precisa de nossas ofertas, ele ordenou que as aplicássemos no trabalho do reino de Deus. Por essa razão o cristão oferta ob-jetivamente para a expansão do reino de Deus e procura, também, suprir as necessidades materiais de seu próximo. Cf.: Lc 9.45-50; Mt 28.19-20; At 4.32-35; Tg 2.14-26.

3.5.5. cOmO OfertAr? — Não por necessi-dade (isto é, por obrigação da lei), mas alegre, voluntária e abundantemente, conforme alguém tem, se possível com regularidade, os primeiros frutos, ca-nalizando as ofertas pelo sistema ado-tado nas congregações. Cf.: 2Co 9.7,9; Lv 7.19; 1Cr 28.9; 2Co 8.3,12; 1Co 15.58; 2Co 8.2; 1Co 16.1-4; Êx 23.19; Nm 18.12; Mt 3.33.

4.0. A LiberdAde de OfertAr dos que renasceram pela fé em Cristo, requer ordem e métodos para o recolhimento das ofertas e seu encaminhamen-to. A congregação é livre para adotar os métodos que desejar. Ela terá o cuidado, especialmente em momentos de dificuldades financeiras, de não lançar mão de métodos que ferem a liberda-de e que são contrários à palavra de Deus.

4.1. Ordem e métodos, quando usados conforme a Bíblia, não são a causa dos frutos, pois estes são operados pelo evangelho. Os métodos vi-sam colher os frutos existentes e canalizá-los, para evitar que se percam ou dispersem. Cf.:

1Co 14.40; 16.1-4; Mt 7.7.4.2. Frequentemente os métodos são usados para

extorquir ofertas. Procura-se criar momentos de entusiasmo, quando são feitos apelos sen-timentais com histórias sentimentais ou ape-los ao orgulho, ou ameaças com a lei para se conseguir ofertas. Isto é contrário à palavra de Deus e fere a liberdade cristã. Cf.: 2Co 9.7.

4.3. A congregação, no exercício de sua liberdade, resolverá sobre a forma de recolher as ofertas. Na maioria de nossas congregações são usados os seguintes caminhos:

a) Coletas nos cultos divinos. Durante o culto ou na saída do culto são recolhi-das as ofertas voluntárias;

b) ofertas regulares (semanais, mensais, trimestrais, por ocasião de colheitas, ou anuais), sinalizadas ou não, previa-mente, por promessas escritas (cartão de promessa) e entregues via envelopes, carnês bancários, pagamentos ao tesou-reiro ou na secretaria da congregação;

c) ofertas especiais de gratidão pelo trans-curso de aniversários, ou outros motivos de gratidão ou para fins especiais, diri-gidas à congregação ou diretamente a outras organizações ou instituições.

É importante lembrar que estas resoluções são conselhos e seria bom se houvesse certa unifor-midade na igreja. Mas, mesmo que alguém resolva ofertar de forma diferente, como por exemplo: uma pessoa prefere colocar sua ofer-ta só no prato de ofertas sem identificação, ou não oferta no prato de ofertas, mas só por carnês bancários, etc, ou se a família resolve ofertar em conjunto, a congregação não de-verá criar problemas para tal pessoa ou famí-lia. Da mesma forma é preciso lembrar que o cartão de promessa tem a simples finalidade de orientar a congregação sobre possibilida-des e individualmente serve para disciplina própria, mas não deve ser usada pela con-gregação para extorquir a oferta por força da lei. (Observação: Muito cuidado na hora da transferência de um membro. Alguns não a dão s a pessoa não regularizou suas ofertas atrasadas. Isto é extorquir por lei).

4.4. A boa ordem recomenda transparência no

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ofertar, para possibilitar agradecimentos e ad-moestações onde necessário. Isto não contradiz o que lemos em Mt 6.3, pois esta passagem ad-verte contra a justiça própria (2Co 8.3-5).

4.5. Pertence também à boa organização que a administração seja transparente. Isto envolve elaboração de orçamentos e informações so-bre os projetos e seus custos e a aplicação das ofertas em âmbito local, distrital, regional, nacional e internacional. Para maior clare-za e compreensão das responsabilidades as-sumidas, dividir as somas por congregações e indivíduos, o que, evidentemente, não deverá ser encarado como taxa média, mas servir de referência para se compreender melhor a res-ponsabilidade.

4.6. É dever dos responsáveis pelo setor na congre-gação, orientar e ensinar os membros para se-rem bons administradores do tempo, dos dons e bens para que possam tomar decisões acerta-das. O apóstolo Paulo fez isto ao recomendar que “separassem logo no primeiro dia da se-mana o que conseguiram poupar”, e os infor-mou sobre a necessidade dos irmãos na Judeia (1Co 16.1-4). Também estimulou os irmãos

pelo exemplo dos irmãos da Macedônia (2Co 8.1-15).

Conclusão

Analisando o problema das ofertas em nossa igreja, veremos que o problema não é um problema de méto-dos, mas de fé que atua pelo amor. E a falta de fé deixa transparecer, se bem que nem sempre, o problema do ministério. Há necessidade de examinarmos nossos sermões e estudos bíblicos, para ver se estamos dividin-do lei e evangelho corretamente, se estamos pregando corretamente sobre fé e santificação, distinguindo cor-retamente entre justificação e santificação e, ao mesmo tempo, mostrando que nunca estão separados, que a fé nunca está sem obras. Confiemos no poder do evan-gelho.

Queira Deus, em sua graça, nos conceder um minis-tério fiel. Homens que se dedicam à palavra e oração, que vivem vida moderada e sejam exemplo para os fi-éis. Queira Deus em sua graça abençoar sua palavra em muitos corações e despertar em muitos a verdadeira fé. E onde há fé, ali a fé atua pelo amor, ali há ofertas em abundância. Cf.: Êx 26.6; 1Cr 29.16,21; Is 60.5; 2Co 8.2.

Rev. Horst Reinhold Kuchenbecker — São Leopoldo-RS, pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil

Bibliografia: Pieper Franz, Christliche Dogmatik, vol II, St. Louis, Concór-

dia Publishing House, 1920Fagenberg, Holsten, Die Theologie der Lutherischen Bekenn-

tnisschriften von 1929 bis 1537. Vandenhoeck&Ruprecht. Göttingen1965

Pieper, Franz, Die Lutherische Lehre von der Rechtfertigung. Seminar Press, St. Louis, 1916.

Pieper, Franz. Laienbewegung. Synodal-Bericht, Sued-Illenois--Distritkt, 1913

moRdomia — ofeRta

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Com o dia 6 de janeiro a Igreja Cristã inicia a celebração da festa de Epifania (manifes-tação, aparição). É o resultado da ação de

Deus em salvar toda a humanidade dos seus pe-cados, incluindo os povos gentílicos (além do povo de Israel). Isto quer dizer que ninguém está fora dos planos de Deus, nem mesmo aqueles que ain-da não crêem. A histórica visita destes homens ao menino Jesus fala por si mesma. E, foi assim:

“Jesus nasceu na cidade de Belém, na região da Judéia, quando Herodes era rei da terra de Israel. Nesse tempo alguns homens que estudavam as es-trelas vieram do Oriente e chegaram a Jerusalém. Eles perguntaram:

—Onde está o menino que nasceu para ser o rei dos judeus? Nós vimos a estrela dele no Orien-te e viemos adorá-lo.

Quando o rei Herodes soube disso, ficou muito preocupado, e todo o povo de Jerusalém também ficou. Então Herodes reuniu os chefes dos sacer-dotes e os mestres da Lei e perguntou onde devia nascer o Messias. Eles responderam:

—Na cidade de Belém, na região da Judéia, pois o profeta escreveu o seguinte:

“Você, Belém, da terra de Judá, de modo ne-nhum é a menor entre as principais cidades de Judá, pois de você sairá o líder que guiará o meu povo de Israel.”

Então Herodes chamou os visitantes do Orien-

te para uma reunião secreta e perguntou qual o tempo exato em que a estrela havia aparecido; e eles disseram. Depois os mandou a Belém com a seguinte ordem:

—Vão e procurem informações bem certas so-bre o menino. E, quando o encontrarem, me avi-sem, para eu também ir adorá-lo.

Depois de receberem a ordem do rei, os visi-tantes foram embora. No caminho viram a estre-la, a mesma que tinham visto no Oriente. Ela foi adiante deles e parou acima do lugar onde o me-nino estava. Quando viram a estrela, eles ficaram muito alegres e felizes. Entraram na casa e en-contraram o menino com Maria, a sua mãe. Então se ajoelharam diante dele e o adoraram. Depois abriram os seus cofres e lhe ofereceram presentes: ouro, incenso e mirra.

E num sonho Deus os avisou que não voltassem para falar com Herodes. Por isso voltaram para a sua terra por outro caminho.” Mateus 2.1-12.

Se todas as pessoas do mundo compreendessem e aceitassem o amor de Deus, tudo seria diferen-te para melhor. Mas, Deus continua a divulgar o seu plano de salvação eterna através daqueles que nele acreditam. Visitar a Jesus, hoje, significa ou-vir a sua Palavra e seguir os seus conselhos – amar a Deus e ao próximo.

Rev. Fernando Emílio Graffunder é pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil em Pelotas-RS

Rev. Fernando E. Graffunder aRtigo

Os visitantes do Oriente (Epifania)

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“Veja qual presente os Reis Magos tem para você”, insistia a propaganda nos meus e-mails. O que me vez lembrar

uma vitrine com a Estrela de Belém que apontava para os produtos “tudo em 10x”. São os atrativos do comércio pegando carona nas histórias sagra-das. E se o merchandising dos negócios terrenos escandaliza os conceitos divinos, por outro, a di-vulgação do Evangelho não deixa por menos. Por isto o lembrete de Jesus: “As pessoas deste mundo são muito mais espertas nos seus negócios do que as pessoas que pertencem à luz” (Lucas 16.8).

Se o reino do poder econômico aproveita o lombo dos camelos e os holofotes de Belém, o rei-no de Deus segue pelo caminho inverso nos mes-mos dromedários. Ele usa os caminhos do ouro, do incenso e da mirra para mostrar o celestial produto. Por isto a Epifania — termo da literatura profana que significa manifestação, aparecimen-to, usado pela igreja para propagandear o Natal. Pouco se sabe quem são estes magos do Oriente lembrados no dia 6 de janeiro. Mas a profecia do Salmo 72 sugere: “Os povos do deserto se curva-rão diante dele... Os reis da Espanha e das ilhas lhe oferecerão presentes, e assim também os reis da Arábia e da Etiópia”. Fica a certeza que é gente

Rev. Marcos SchmidtaRtigo

fora de Israel — de culturas, crenças e costumes diferentes. No dicionário da propaganda, eles são nichos de mercado.

“Nichos de mercado” são segmentos ou públi-cos cujas necessidades são pouco exploradas ou totalmente esquecidas. Fato que a história dos Reis Magos não esconde, conforme Mateus registra. É que o produto divino da manjedoura estava fora da vitrine, escondido na prateleira pelo gerente da loja, apenas de uso interno. Ou seja, os visitantes chegaram à Jerusalém sem nenhum convite, não foram bem recebidos e não obtiveram nenhuma informação dos vendedores. Se não fosse a inter-ferência direta do dono, aqueles homens teriam perdido a viagem. No final, a história destes con-sumidores conduzidos pela Estrela vem nova-mente mostrar que entre o sagrado e o profano, ou vice versa, existem caminhos e o Caminho, e que a propaganda é a alma do negócio.

Rev. Marcos Schmidt é pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil em Novo Hamburgo-RS

Nichos de Natal

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Nesse Ano Novo poderia alguém desejar a morte? O que você pensaria se alguém re-velasse esse desejo? Talvez iríamos imagi-

nar que o sujeito estivesse com depressão ou coisa do tipo.

Porém, certa vez, um cristão olhou para o fu-turo, assim como costumamos fazer na virada de ano, e revelou desejar a morte. Absolutamente não sofria de depressão, antes olhava o amanhã com a Luz da Vida Eterna e ansiava estar junto de Deus no Céu.

Estou falando de Paulo de Tarso, o apóstolo, que escreveu: “Para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro (Fp 1.21)”. Paulo não via nesse mundo um tédio sem fim. Bem pelo contrario, havia muito a ser feito! Ele revela de maneira ainda mais clara afirmando se sentir encurralado — dizia ele que não sabia o que escolher, pois na morte estaria com Deus (v.23), e no viver poderia servir a Deus, amando e ajudando outras pessoas.

Nessa onda de desejos que sempre invade o co-ração humano na virada de ano, as palavras do apóstolo servem de orientação. Ele escreveu: “O meu grande desejo e a minha esperança são de nunca falhar no meu dever, para que sempre, e agora ainda mais, eu tenha muita coragem. E as-sim, tudo o que eu disser e fizer, tanto na vida como na morte, eu poderei levar outros a reco-nhecerem a grandeza de Cristo” (Fp 1.20).

O fato é que muitas pessoas apenas aprendem a viver quando se deparam com a morte. Repete--se que a única certeza da vida é a morte; porém dificilmente se leva a sério essa frase. Somente encarando essa certeza é que podemos nos dar conta de como supervalorizamos coisas passagei-

Rev. Ismar L. Pinz

ras, vaidades e muitas outras coisas sem nenhuma consistência. O sábio rei Salomão já dizia: “é tudo como correr atrás do vento! (Ec 1.14)” O resultado dessa correria é que ao final dos dias, meses, anos, repete-se com chatice um monte de “devia isso... devia aquilo...”

No ano que passou tsunamis, terremotos, aten-tados, enxurradas e muitos outros eventos nos en-sinaram que nessa vida tudo passa! Inclusive nós!

O que fazer diante dessa realidade? Podemos encarar a filosofia do “deixar a vida nos levar”, porém mais sábio e responsável é viver contente em toda e qualquer situação, não deixando a vida nos levar com suas tendências mesquinhas e ba-nais, mas ir “levando a vida”, com responsabilida-de e fé, com olhos fixos em Jesus! Nele nosso ano será iluminado e nosso coração será preenchido com a agradável sensação de viver uma vida que vale a pena, e morrer na certeza de sermos leva-dos para Vida eterna. Seja o que for, com Cristo, estamos sempre no Lucro.

Rev. Ismar L. Pinz — Pelotas-RS — pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil

aRtigo

Deixar a vida nos levar ou levar a Vida?

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Cenas de um drama chamado: A Paixão de CristoCena 1: Procurando pelo Caminho

Texto: João 14.1-9

Tema: Jesus é o CaminhoVamos ver hoje a primeira cena de um drama chamado A Paixão de Cristo. Esta cena vai nos mostrar um ho-

mem procurando por um “caminho” e o Salvador proclamando que ele é o Caminho. Também veremos como nos encaixamos neste cenário. Jesus é o Caminho é o tema da nossa mensagem de hoje.

I. Jesus é o caminho da nossa salvação

1. As dúvidas de Tomé (v. 5) 2. Jesus e o caminho para a cruz 3. Jesus como o caminho para a vida (v. 6) 4. Jesus como o caminho para o Pai (v. 6)

II. Jesus é o caminho para o céu

1. Ele foi preparar um lugar para nós (v. 2) A. Como pecadores, apenas merecemos outro lugar: o inferno B. Como pecadores, não podemos preparar um lugar no céu para nós mesmos. 2. Na casa do Pai há muitos quartos (v. 2) 3. É um lugar maravilhoso: Uma garotinha estava caminhando com o seu pai em uma noite maravilho-

samente estrelada. Ele disse: “Pai, estive pensando que se o lado “errado” do céu já é tão bonito, imagina então o lado “certo”...

Sugestão: Aqui pode entrar uma oração sobre o tema desta cena. Pode ser audível (pelo pregador ou alguma pessoa previamente convidada) ou silenciosa. Esta sugestão é válida para todos os sermões desta série, entre uma das par-tes.

III. Jesus é o caminho para a vida eterna

1. Ele vai voltar (v. 3) 2. Ele vai nos levar com ele, se estivermos na fé (v. 3) 3. Para que possamos estar com ele para sempre (v.

3) 4. Por isso, que nossos corações não ficam angustia-

dos, mas que confiemos em Jesus como nosso caminho (v . 1)

Jesus é o caminho – o único caminho verdadeiro e segu-ro para a salvação e para a vida

eterna. Através do Espírito Santo somos colocados neste caminho. Vamos andar nele!?

Na próxima semana veremos outra cena reveladora: os discípulos de Jesus discutindo quem era o maior. Até lá!

Rev. Dieter Joel Jagnowesboços paRa seRmões

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Cenas de um drama chamado: A Paixão de CristoCena 2: Alguém quer ser o mais importante

Texto: Lucas 22.24-30

Tema: Quem é o maior de todos?Afinal, quem é o maior, o mais importante? Essa interessante pergunta nos coloca hoje em um cenário em que

os discípulos de Jesus estavam discutindo sobre a autoridade ou importância que cada um teria no reino futuro. E isso enquanto Jesus iniciava o seu caminho para a cruz!

Quem é o mais importante: o que serve ou o que é servido? Jesus era o “maior”? Você é o mais importante?

I. O mais importante é quem é servido? Não!

1. A discussão dos discípulos 2. A admoestação de Jesus A. No mundo, quem é servido aparentemente é o mais importante B. No reino de Deus, quem é servido não é o mais importante (v. 26)

II. O mais importante é aquele que serve? Sim!

1. Nossa vida de servos A. Como cristãos, pertencemos ao reino de Deus B. Neste reino, o mais importante é aquele que serve C. A humildade é uma característica fundamental do servo cristão D. Também entre os servos cristãos existem discussões sobre quem é o maior 2. A vida de Jesus como servo A. Ele é o modelo perfeito de servo (v. 27) B. Ele serviu em obediência à vontade do PaiC. Ele serviu a todos os pecadores como o Servo Sofredor (Isaías 52.13-15)D. Ele serviu a nós para que possamos estar em seu reino da glória (cf. 29,30)

E você, é o maior ou o menor? Você serve ou quer ser servido O que precisa mudar em sua vida neste sentido? A próxima cena do drama chamado A paixão de

Cristo será “encenada” na semana que vem. Se você gosta de dormir, não pode perdê-la!

esboço paRa seRmões

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Cena 3: Um encontro com discípulos dorminhocos

Texto: Mateus 26.36-45

Tema: Somos cristãos dorminhocos?Você gosta de dormir? Em nossa cena de hoje veremos três discípulos de Jesus que resolveram dormir – mas

no lugar errado e na hora errada! Mas também veremos que o Salvador, que estava em seu caminho para a morte, estava vigiando e orando. E nós, o que estamos fazendo?

I. O sono dos discípulos

1. Os três discípulos: A. Jesus pediu para que ficassem vigiando (v. 38) B. Mas por três vezes os encontrou dormindo (vv. 40, 43, 44) 2. Os discípulos de hoje: A. Nós também somos solicitados a ficarmos cuidando a. Da nossa fé e da fé dos nossos irmãos b. Dos que ainda não creem em Jesus como seu Salvador c. Do nosso serviço cristão d. Da segunda vinda de Cristo B. Mas nós também “adormecemos” de vez em quando a. Alimentando nosso corpo e esquecendo do espírito (v. 41) b. Dando oportunidade às tentações (cf. 41) c. Colocando nossa salvação em risco

II. O cuidado e a oração de Jesus

1. Ele estava em seu caminho para a morte A. Ele estava sofrendo por nossa culpa (v. 38) B. Ele estava tomando um cálice amargo por

causa de nós (v. 39) 2. Mas ele estava acordado – cuidando e orando (vv

39, 42, 44), preparando-se para concluir seu trabalho reden-tor – e a nossa salvação

Em nossa vida espiritual não podemos ficar cansados e adormecer. É perigoso demais! Felizmente, nosso Salvador não se cansou em sua caminhada para a cruz! Ele em tudo foi obediente à vontade salvadora do Pai.

A nossa série sobre cenas da Paixão continua no próximo culto. Uma importante pergunta será feita. Esteja certo de estar acordado!

esboços paRa seRmões

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Cena 4: A quem estamos procurando?

Texto: João 18.1

Tema: A quem é que queremos?Na nossa cena de hoje veremos soldados procurando por Jesus. Por qual razão? A quem nós procuramos,

queremos?

I. Os soldados queriam a Jesus de Nazaré

1. Para prendê-lo A. Eles foram enviados pelos seus superiores B. Eles foram guiados pelo traidor Jesus (v. 2,3) 2. Para levá-lo à morte A. De acordo com a vontade de Deus B. De acordo com a vontade de Jesus (v. 11)

II. Nós queremos Jesus de Nazaré

1. Precisamos de um Salvador A. Por natureza somos pecadores B. Por natureza estamos sob o julgamento de Deus C. Não podemos nos salvar 2. Jesus é o Salvador A. Ele foi enviado pelo Pai (cf. v. 11) B. Ele foi atestado como sendo Jesus, o Salvador (vv. 5,6,8) C. Ele provou que era o Salvador (vv. 8,9)

Querer a Jesus, buscar a Jesus significa buscar e querer a salvação e a vida eterna. Por isso, ele precisa ser a pessoa mais importante que queremos e buscamos em nossa vida.

A nossa próxima cena será em um tribunal. Haverá perguntas – e respostas. Não perca!

esboço paRa seRmões

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Cena 5: Perguntas e respostas do julgamento de Jesus

Texto: Mateus 27.11-26

Tema: O que é que temos a ver com este homem inocente?Em alguns minutos seremos colocados em um cenário de julgamento. Perguntas serão feitas e respostas serão

dadas. Uma das perguntas é: O que faremos com Jesus?

I. Você é o Rei? (v. 11)

1. A pergunta de Pilatos 2. Sim, Jesus é Rei 3. Sim, Jesus tem um reino A. Seu reino do poder B. Seu reino da graça C. Seu reino da glória 4. Sim, Jesus quer ser o nosso Rei

II. Que crime ele praticou? (v. 23)

1. A pergunta de Pilatos 2. Resposta: seu “crime” foi aceitar ser o Salvador 3. Resposta: seu “crime” foi de voluntariamente morrer pelos nossos pecados

III. O que devo fazer com Jesus? (v. 22)

1. A pergunta de Pilatos 2. A resposta da mulher de Pilatos: não tenha nada a ver com ele 3. As nossas respostas: A. Queremos ter tudo a ver com ele! B. Porque ele é o caminho para a vida eter-

na

Sim, Jesus é Rei. Seu “crime” foi seu amor sacrifical por nós. Por isso, precisamos ter tudo a ver com ele. Ele é a nossa esperança, nossa vida, nosso céu.

esboços paRa seRmões

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Os seguidos desastres naturais e todos os prejuízos, que com eles vem num amargo e triste pacote, parecem não serem mais

novidades em nossos dias. É verdade que chuvas fortes sempre fizeram parte da rotina de muitas cidades e regiões em todos os tempos, porém, ulti-mamente as notícias têm deixado muita gente com o pé na lama, contabilizando o que restou. Basta lembrar os estragos das chuvas do início deste ano (2011) na região serrana carioca, com um saldo de quase 1.000 mortos; ano passado das cidades alagoanas e pernambucanas arrasadas; as quase 300 mortes no início de 2010, no litoral carioca; em 2008 as chuvas do Vale do Itajaí, em Santa Ca-tarina, que surpreenderam, onde não havia regis-tros de tamanha destruição. Sem contar da maior enchente de todos os tempos, em julho passado no Paquistão ceifando mais de 1.700 vidas e mais de 3 mil na China. Em janeiro a Austrália teve uma área maior do que a França e a Alemanha juntas alagadas. Diante de tantos números, seriam estes desastres naturais consequencia ou castigo?

De acordo com pesquisas científicas, publica-das na última semana, é preciso olhar para um provável futuro mais devastador e estar preveni-do. Segundo pesquisadores, o conjunto de gases do efeito estufa está mudando e muito o clima, com tempestades mais frequentes e intensas. Dei-xam o alerta: quem planeja construir ou reformar, precisa considerar a possibilidade de serem rein-cidentes tais desastres.

Aos céticos ou não, o fato é: poucos parecem se preocupar. Não há estrutura, não há fiscalização, não há educação, não há limites. Se a chance de ocorrer entre 20% e 90% mais enchentes, confor-me pesquisa da Universidade de Oxford, deveria no mínimo mobilizar cada cidadão, órgão fisca-lizador, governo, a se prevenirem, evitando-se maiores prejuízos.

Se para cada catástrofe o único culpado é o Criador, então falta conhecimento e razão, somos péssimos administradores dos recursos e sabedo-ria que Ele nos concedeu, afinal “as misericórdias do Senhor, são a causa de não sermos consumi-dos, porque as suas misericórdias não têm fim, renovam-se cada manhã” (Lamentações 3.22,23). Misericórdia significa que Deus não permite que soframos o castigo pelo mal que cometemos. As-sim sendo, também não nos exime a responsabili-dade de tomarmos decisões em prol do hoje e das gerações que estão por vir. Antes de sofrermos as sequelas, de nossos mal pensados atos, o bom seria construir casas e vidas sobre algo sólido, sobre a rocha (Mateus 7.24). Em Cristo, pela sua miseri-córdia, Deus continua permitindo um raio de “sol sobre maus e bons e chuva sobre justos e injustos” (Mateus 5.45). Você pode começar hoje evitando piores saldos. Ainda há salvação!

Rev. Márlon Hüther Antunes — Maceió-AL, pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil

Artigo de 21 de fevereiro de 2011.

Rev. Márlon Hüther Antunes aRtigo

Desastres, consequência ou castigo?

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Rev. Marcos SchmidtaRtigo

Conflitos de NatalNatal, Fim de Ano, época de contradições,

de estranhezas, tempo de alegrias e dissa-bores. De festas e votos de felicidade mes-

clados com sentimentos de frustração, desalento, melancolia. Período que vêm à tona lembranças talhadas na memória, carregado com emoções confusas ascendidas por melodias, imagens, sím-bolos, aromas. Recordações de pessoas amadas que ficaram em álbuns de fotografia e confundem o coração de saudades; de lugares transformados pela modernidade — paisagens bucólicas, tran-quilas, engolidas pelo asfalto e agitação. Sem sub-terfúgio, o dezembro é aquela derradeira folhinha do calendário que evoca tantas coisas, anseios

guardados numa caixinha que se abre despertan-do conflitos e desesperança.

Mas o motivo destes sentimentos vem do pró-prio Natal. Algo parecido com a reação de Maria, “que ficou sem saber o que pensar” (Lucas 1.29) ao receber a notícia de que seria a mãe do Salvador. Ficar confuso ante o Deus encarnado é uma atitu-de coerente. Porque Natal é o mistério dos misté-rios. “Quem pode conhecer a mente do Senhor?” (1 Coríntios 2.16). Cientistas ousam desvendar a “partícula de Deus” – nome dado a suposta partí-cula responsável pelo surgimento da matéria na origem do Universo. Isto é ciência humana, que não explica a partícula de Jesus, “verdadeiro Deus do verdadeiro Deus, gerado, não criado, de uma só substância com o Pai, por quem todas as coisas foram feitas” (Credo Niceno).

Como entender que “No começo aquele que é a Palavra já existia. Ele estava com Deus e era

Deus” (João 1.1)? Inaceitável à luz da sa-bedoria humana. Por isto, “Aquele que é a Palavra veio para o seu próprio país, mas o seu povo não o recebeu” (João 1.11). Mistério rejeitado, descrido, re-fugado. “Porém alguns creram nele e o receberam, e a estes ele deu o direito de se tornarem filhos de Deus” (João 1.12). Mistério recebido, crido, usado. E as-sim na letra do poeta: “Ó tempo santo de Natal, tu tens mensagens lindas! O mundo não tem luz nem paz, mas isto meu Jesus me traz. Ó tempo santo de Natal, tu tens mensagens lindas!”.

Rev. Marcos Schmidt é pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil em Novo Hamburgo-RS

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Rev. Ismar L. Pinz aRtigo

Obesidade EspiritualBasta passar por uma banca e dar uma olha-

da para as capas de revistas para notar que a maioria estampa em letras bem visíveis so-

luções para o problema da obesidade. As revistas são vendidas aos milhares, sinal de que a obesida-de é um problema real.

Duas das principais razões do excesso de peso são: a má alimentação e a falta de exercícios.

Do ponto de vista espiritual, será que exis-te obesidade? Creio que sim. E uma das causas também é a má alimentação. Tem muita gente comendo porcaria espiritual por aí! Tem mui-ta gente criando “igrejas” e servindo a mesa com algodão doce, negrinhos e outros docinhos. Tudo muito atrativo, mas pouco nutritivo.

Um outro grande e destacável problema é a falta de exercícios espirituais!

Ao saber que a Palavra de Deus é o alimen-to vivo e espiritual, preocupamo-nos em que as pessoas se alimentem, afinal, saco vazio não pára em pé. Porém há outra preocupação, quando no-tamos que existem pessoas que comem, comem, comem, mas não praticam (Tg 1.22). Falta o exer-cício e por isso sobra uma gordura pouco saudá-vel. O apóstolo Paulo aconselha exercícios espi-rituais. Ele diz que os exercícios físicos são bons,

mas excelentes e necessários são os exercícios es-pirituais, que são feitos não com flexões, mas sim com reflexões profundas, meditações na Palavra, introspecções, orações e a práticas de boas ações motivadas pelo amor (1 Tm 4.7-8).

Mas os exercícios nem sempre são tão fáceis e atrativos. A grande maioria prefere uma fórmula mágica! Uma pílula que resolva tudo. Dias atrás, medicamentos usados contra a obesidade física foram proibidos. Outros passaram por forte con-trole de segurança, por causa dos efeitos no sis-tema nervoso central, que afetam diretamente o coração.

Espiritualmente acontece o mesmo. São ofere-cidas fórmulas mágicas: passes, sessões, descarre-gos, orações, seguidas obviamente, de dízimos e ofertas. Assim se oferece “medicamentos espiri-tuais” que auxiliam num primeiro momento, mas não mudam os hábitos e por isso acabam igual-mente afetando o sistema nervoso central, ou es-piritualmente falando, o próprio coração; pois es-tão recheados de sabedoria humana e não divina.

O mais aconselhável física e espiritualmente, continua sendo o exercício. Dentre todos os exer-cícios possíveis o mais saudável é a corrida, cor-rida para os braços graciosos de Jesus, em todo e

qualquer momento. O jeito é correr e pela graça de Deus, entrar em forma e passar

pela porta estreita do Reino do Céu (Mt 7.13).Rev. Ismar L. Pinz — Pelotas-RS — pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil

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seRmão

1º Domingo após o Natal (Ano Novo) - B1º de Janeiro de 2012

Texto Base: Sl 111Salmo do Dia: Salmo 111Antigo Testamento: Isaías 61.10-62.3Epístola Gálatas 4.4-7Evangelho do Dia Lucas 2.22-40

Queridos Irmãos, o Salmo 111, no seu último versí-culo, fala de Sabedoria. E muita gente confunde sabe-doria com inteligência...

Certo Dia o Rei Salomão teve que resolver um caso muito difícil. Duas prostitutas tinham tido cada uma um filho, mas uma delas rolou para cima do seu filho durante a noite e o matou. Então ela pegou seu filho morto e o trocou pelo filho vivo de sua companheira de quarto. Como as duas discutiam pelo filho, foram até Salomão para que ele resolvesse a questão.

Salomão mandou cortar a criança viva em duas par-tes e dar metade para cada uma. A mãe verdadeira disse que não o cortasse, porque ela entregava seu filho à ou-tra mulher. Já a outra disse:

— Cortem mesmo, se eu não vou ter um filho, ela também não terá.

Salomão não deixou cortar a criança e a entregou àquela que não deixou matar o menino, porque aquela era a mãe verdadeira. Esta história de sabedoria está re-gistrada em 1Rs 3. É uma mostra de Sabedoria.

Sabedoria não é a mesma coisa que inteligência. Tem muita gente muito inteligente que não sabe apli-car seu conhecimento. Salomão não era só inteligente, mas era mais do que isso. Salomão era Sábio. Sua sabe-doria veio do próprio Deus.

Um dia, quando Deus ofereceu o que Salomão qui-sesse ele pediu: “dá-me sabedoria para que eu possa go-vernar o teu povo com justiça e saber a diferença entre o bem e o mal.” (1Rs 3.9).

Todos nós podemos ser extremamente inteligen-tes ou não. Podemos estudar dia após dia e acumular cultura e conhecimento. Podemos chegar a ter todos os diplomas possíveis, mas sabedoria poucos têm. Na maioria das vezes a sabedoria só vem com a experiência de passar por várias coisas.

Mas a verdadeira sabedoria só pode vir de um lugar: de Deus. Só Deus pode nos tornar sábios.

Por exemplo, depois que somos livrados de momen-tos difíceis nós podemos ficar mais sábios, se nestes momentos confiamos em Deus. Nós aprendemos a ter paciência nos momentos de sofrimento. Pois sabemos que Deus nunca nos abandona.

A sabedoria vem de Deus.Deus nos torna sábios para vivermos melhor nossa

vida terrena.O cumprimento dos mandamentos de Deus traz

sabedoria. Porque no cumprimento deles está cumpri-da a vontade de Deus. O Sl 25.8-10 diz: “O Senhor é justo e bom e por isso mostra aos pecadores o caminho que Devem seguir. Deus guia os humildes no caminho certo e lhes ensina a sua vontade. Ele é fiel e com amor guia todos os que são fiéis à sua aliança e que obedecem aos seus mandamentos.”

O Senhor nos ensina a viver melhor nesta terra. A levar uma vida melhor com nosso próximo e com Deus.

Mas é bom não esquecer: nós não estamos mais sob o jugo da Lei. Nós somos livres por causa de Jesus Cris-to e por causa do amor ao próximo nós nos fazemos servos uns dos outros, em amor ao próximo e a Deus. Por causa de Jesus Cristo nós somos livres de tudo. E por causa do amor ao próximo nós cumpriremos os mandamentos de Deus. Até mesmo como exemplo de fidelidade ao Senhor.

Em nossa vida terrena virão as tempestades e os mo-mentos de desespero, mas com Deus nunca seremos abalados porque “o Senhor é o meu pastor, nada me faltará.” (Sl 23.1) E “ainda que eu ande por um vale es-curo como a morte, não terei medo de nada. Pois tu, ó Senhor Deus, estás comigo, tu me proteges e me diri-ges.” (Sl 23.4).

Nesta vida nós podemos até ser feridos, mas jamais seremos destruídos, como diz Paulo: “Muitas vezes ficamos aflitos, mas não somos derrotados. Algumas vezes ficamos em dúvida, mas nunca ficamos desespe-rados. Temos muitos inimigos, mas nunca nos falta um

A sabedoria vem de Deus

Rev. Jarbas Hoffimann

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amigo. Às vezes somos gravemente feridos, mas não so-mos destruídos. Levamos sempre no nosso corpo mor-tal a morte de Jesus para que também a vida dele seja vista no nosso corpo.” (2Co 4.8-10).

Essa é a Sabedoria que Deus dá. Aquela sabedoria de viver segundo a vontade de Deus e assim ter uma boa vida terrena.

Mas a Sabedoria de Deus não é importante apenas para nossa vida terrena, ela vai além. Porque é a Palavra de Deus que pode nos tornar sábios para a vida eterna.

Deus não fica só nas palavras. Ele vem a nós pelo Batismo.

O Sacramento do Batismo nos lava do pecado. O Sacramento do Batismo nos entrega todas as conquis-tas de Cristo na cruz. Mediante o Batismo nós morre-mos com Jesus e “Se já morremos com Cristo, também viveremos com ele.” (2Tm 2.11). E o Batismo é uma vez por todas. Não há necessidade de um segundo batismo.

Para dar perdão e fortalecer a fé frequentemente, Deus nos dá o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo. Parti-cipar da Ceia é um testemunho de que nós cremos em Deus, como diz o apóstolo Paulo: “cada vez que vocês comem deste pão e bebem deste cálice, estão anuncian-do a morte do Senhor, até que ele venha.” (1Co 11.26). Participando da Ceia nós estamos também testemu-nhando nosso Salvador Jesus Cristo.

Viver segundo a vontade de Deus é uma atitude sá-bia. Mesmo que o mundo diga o contrário. Para nosso mundo, ser sábio, ou ser esperto, é passar os outros para

trás. É dar o jeitinho brasileiro. É ser desonesto. Mas para Deus ser sábio é outra coisa. Segundo nosso Deus, ser sábio é ouvir sua Palavra e praticá-la. “Pois toda a Escritura Sagrada é inspirada por Deus e útil para ensi-nar a verdade, condenar o erro, corrigir as faltas e ensi-nar a maneira certa de viver.” (2Tm 3.16).

Isso é sabedoria. A Sabedoria que Deus dá para nós vivermos melhor neste mundo e a sabedoria que dá a vida eterna. Ser sábio é ter fé em Jesus Cristo. Porque Cristo morreu por nós e perdoou nossos pecados. A Sabedoria de Deus vem pelo Batismo, Santa Ceia e sua Palavra. E ele oferece isso a nós todos os dias de nossa vida.

Que Deus nos dê sabedoria para vivermos bem aqui na terra, neste ano que começa e em todos os outros. Para nos prepararmos para o mundo que há de vir. As-sim como fala o último versículo do Salmo 111: “Para ser sábio, é preciso primeiro temer a Deus, o Senhor. Ele dá compreensão aos que obedecem aos seus man-damentos. Que o Senhor seja louvado para sempre!”

E neste ano que começa daqui a 4 dias, possamos sa-ber que Deus trabalha em nós e por meio de nós, para nos trazer sua sabedoria e levá-la a todos. Deus é o que mais precisamos no próximo ano. Porque Deus nos ama acima de todas as coisas e nos quer com ele aqui na terra e na vida eterna.

Amém.Rev. Jarbas Hoffimann — Nova Venécia-ES, pastor da Igreja Evangélica Luterana

do Brasil, da qual é membro da Comissão de Culto da IELB, diagramador e co-editor desta Revista.

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Epifania do Senhor - B6 de Janeiro de 2012

Texto Base: Mt 2.1-12Salmo do Dia: Salmo 72.1-11(12-15)Antigo Testamento: Isaías 60.1-6Epístola Efésios 3.1-12Evangelho do Dia Mateus 2.1-12

Queridos irmãos em Jesus Cristo.Hoje comemoramos a Epifania.Na Epifania comemoramos a visita dos Magos a Je-

sus Cristo. E mais do que lembrar que alguns estranhos foram visitar Jesus, é o momento de lembrar que Je-sus Cristo veio ao mundo para salvar todas as pessoas. Você, eu, nosso vizinho, aquele cara chato que vive nos incomodando. Enfim, Cristo para Todos.

A visita dos Magos representa a manifestação de Je-sus a todas as pessoas. É este o sentido de Epifania, data comemorada pelos cristãos a cada 6 de janeiro.

Aliás, nós moramos na América Latina e desconhe-cemos a importância deste dia em grande parte do con-tinente. Dia 6 de janeiro, Epifania, ou dia de Reis, em boa parte dos países latinos é o dia de trocar presentes. E não o Natal, pois foi na visita dos Magos, que Jesus recebeu presentes. Os magos foram visitá-lo e, com os presentes, reconhecendo sua autoridade, seu poder e o cumprimento da promessa feita na Sagrada Escritura.

Infelizmente, muitos judeus, o povo de Jesus, não o receberam quando ele veio. Mas seria um equívoco dizer que todos os judeus rejeitaram Jesus, pois outros judeus foram ver Jesus, ainda menino. Temos registra-da a visita dos pastores. O canto de Simeão e de Ana, entre tantos que creram na promessa realizada.

Porém os primeiros não judeus a prestar culto a Jesus foram os Magos. Mas eles não foram os únicos, nem os últimos.

A fé em Jesus Cristo, que causava escândalo a tantos judeus, também alcançou muitos fora do “povo esco-lhido”. Alcançou a você e a mim, que hoje estamos nes-ta casa de Deus. E que não somos judeus.

Na história de Jesus, nós seríamos mais parecidos com os judeus que o rejeitaram, ou os magos que o bus-caram? Onde você se encaixa?

Os magos leram a história. Certamente conheciam

as Sagradas Escrituras e a promessa do Messias. Con-fiaram na promessa a ponto de se deslocarem de sua terra atrás de uma promessa. É a mesma promessa que faz os cristãos saírem da sua casa para ir à igreja. A pro-messa de que Jesus salvará os que lhe são fiéis.

Quando não sabiam mais aonde ir, perguntaram, segundo a promessa da Bíblia: “onde está o menino que nasceu para ser o rei dos judeus?”

A fofoca chegou a Herodes. Ele não queria outros para ameaçar sua majestade, mas não podia arrumar encrenca com pessoas importantes, por isso, se fez de humilde pra saber onde estaria Jesus e armava planos pra matar seu futuro concorrente.

Quando perguntou aos sacerdotes, onde deveria Nascer Jesus, ouviu deles: “Você, Belém, da terra de Judá, de modo nenhum é a menor entre as principais cidades de Judá, pois de você sairá o líder que guiará o meu povo de Israel.”

Isto preocupou ainda mais Herodes que chamou os magos e quis garantir que, se tal rei tivesse, de fato, nas-cido, eles informariam. E ele poderia seguir com seu plano de matança.

Os magos foram e acharam Jesus. Ainda confian-tes na promessa do Messias, ofereceram os presentes: ouro, incenso e mirra.

Diz a tradição que seus nomes eram: Belchior, Gas-par e Baltazar, mas é apenas uma tradição. Também não se tem certeza se eram de fato 3, mas isso nem é importante. O importante é que foram, crendo na promessa, seguindo a estrela e acharam o menino Rei ainda bem pequeno. Depois de verem a promessa cum-prida, partiram alegres.

Deus não deixou que eles voltassem pra falar com Herodes.

Talvez o mais interessante na história dos Magos foi o fato de eles se deslocaram por longo caminho, cerca de 1000 quilômetros, sem avião, ou mesmo um ônibus, atrás de uma promessa. Seguindo uma estrela que os le-vou a Jesus Cristo. Eles tiveram fé, enquanto os judeus sábios, sequer se lembraram da estrela prometida...

E você segue a fé que tem em seu coração? Ou já está tão acostumado a ser cristão-luterano, que nem

Siga firme a estrela

Rev. Jarbas Hoffimann

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seRmão

lembra que você está nesta igreja hoje, porque acredita na vida eterna?

O maior exemplo dos magos é a confiança na pro-messa. E quanto a você?

Deus te chamou para ser fiel a Jesus em todos os momentos. Bons e ruins. Fáceis e difíceis.

Deus te chamou da escuridão e te deu a luz de Cris-to.

Te lavou pelo Santo Batismo e te tornou her-deiro da vida eterna.

O Pai te deu fé. Além disto, ele quer você sem-pre junto, para manter a fé, por meio de Palavra e Sacramentos. Ele te chama para estar na sua Casa, onde você é for-talecido e confortado. Onde Deus te mostra, que apesar dos proble-mas, ele está com você todos os dias. Como prometeu, por meio de seu Filho Jesus Cristo.

Quando o caminho parecer confuso, faça como os magos, siga fir-me as promessas de Jesus Cristo. Siga até o fim. Na Dúvida, pergunte à Pa-lavra de Deus, por meio de estudo continuado da Bíblia.

Das dúvidas e triste-zas, Jesus eliminará os so-frimentos e encherá seu coração da alegria verda-deira. Aquela alegria que espera sempre em Deus. Aquela alegria de quem sabe que confia no único Deus verdadeiro. Aquele que promete e cumpre. Aquele que dá perdão, vida eterna e Salvação.

Creia no Senhor Jesus e você será salvo. Amém.

E a paz de Deus, que ninguém consegue entender, guardará o coração e a mente de vocês, pois vocês estão unidos com Cristo Jesus. Amém. (Fp 4.7)

Rev. Jarbas Hoffimann — Nova Venécia-ES, pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil, da qual é membro da Comissão de Culto da IELB, diagramador e

co-editor desta Revista.

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Rev. Ilmo RieweseRmão

Batismo do Senhor / 1º Domingo após Epifania - B8 de Janeiro de 2012

Texto Base: Mc 1.4-12Salmo do Dia: Salmo 29Antigo Testamento: Gênesis 1.1-5Epístola Romanos 6.1-11Evangelho do Dia Marcos 1.4-12

Ao querermos que o nosso filho seja um aluno da nossa escola é preciso fazer a matrícula. Não basta sim-plesmente mandá-lo no dia do início das aulas, e assim estará tudo resolvido. É preciso que alguém responsá-vel ou ele mesmo faça sua inscrição na secretaria para que tenha validade o seu curso.

Na vida do cristão também existe uma matrícula. Existe uma anotação, uma inscrição no rol de membros da Comunidade e da Igreja de Jesus Cristo. Isto acon-tece no dia do Batismo, quando somos matriculados na escola de Jesus Cristo, no colégio do Senhor. O pro-feta Isaías diz isto, falando da chamada que Deus faz: Eu o chamei pelo seu nome, e você é meu. Você agora está matriculado.

Jesus também foi batizado. Jesus também cumpriu a Lei. Jesus também se apresentou a João Batista para o batismo. Não porque tinha necessidade, mas para se colocar no lugar dos homens e mostrar que o batismo é algo que a Deus apraz. Que Deus tem prazer. Nele Deus opera.

E é interessante ver o que acontece quando Jesus é batizado. O céu se abre e o Espírito Santo desce, e Deus fala. Em outro evangelho se fala que o céu se rasgou, destacando o impacto, o peso do batismo de Jesus. O céu está definitivamente aberto, rasgado para todos os que crêem.

Eu te chamei pelo teu nome. Este é o recado que nós recebemos de Deus no dia do nosso batismo. Você está matriculado. Você está inscrito. Você é aluno de Deus. Que bom que a gente teve pais que nos leva-ram ao batismo. Não podemos agradecer o suficiente a Deus por isto.

Se existe algo grandioso na vida é o momento do nosso batismo. É a primeira lição de vida que recebe-mos, a primeira pregação, a primeira mensagem. Antes de sermos qualquer aluno, qualquer funcionário, sou

um filho de Deus. É bom dizer, especialmente aos jovens, que um dia

se vão ir daqui, que não se deixem estar, não relaxem neste aspecto. Batizem os vossos filhos. Outra coisa im-portante é dizer que para nós o céu também se abriu. O céu se rasgou. No dia do nosso batismo aconteceram coisas bonitas no céu. Lá está agora o nosso nome para sempre.

Em Apocalipse nós lemos: Não tirarei o nome dessas pessoas do Livro da Vida. Eu declararei aber-tamente, na presença do meu Pai e dos seus anjos, que elas pertencem a mim. Isto é consolador.

Eu te chamei pelo teu nome. João batista andou no deserto pre-gando, enfatizando o batismo. Ar-rependimento. Mudança na vida. E o povo respondia e se deixava bati-zar. Seus nomes eram inscritos no céu. A importância do batismo está que a partir dele somos objeto do amor de Deus. Somos filhos ama-dos, filhos abençoados pelo favor de Deus.

Quando Felipe foi enviado por Deus a um certo funcionário pú-blico, a primeira coisa que pediu foi para ser batizado. E Felipe per-guntou: Você crê em Deus? Sim eu creio respondeu. Ele é um Filho amado de Deus. Ele estava matricu-lado na escola de Deus.

Eu te chamei pelo teu nome. Tu és meu Filho amado. Segundo Pau-lo o batismo é o lavar regenerador e renovador. Gera novamente. Nas-cer de novo. Afogar o velho homem e faz nascer o novo. Ele nos tira de uma situação e coloca noutra, dife-rentes. Restaura.

Igualmente ele renova. Todos os

Eu te chamei pelo nome

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dias. O batismo é algo que precisa estar sempre diante dos nossos olhos. Diante do pecado, da fé fraca, da an-gustia, da incerteza, ele é consolo, vida e salvação. Ele é poder. Ele é graça. Ele é vida. Ele é paz. Somos objeto do amor de Deus. Nada nos pode afastar do amor dele.

Eu te chamei pelo teu nome. Eu tenho em você pra-zer. Eu tenho alegria em tè-lo como meu Filho. A esco-la tem o dever de tratar bem cada um dos seus alunos. A professora tem de dizer que gosta de todos eles. Deus também diz isto. Eu tenho prazer em vocês. Eu aposto em vocês. Tenho alegria em vocês.

Ao sermos matriculados na escola, não se pode ter

idéia do tipo de aluno que se terá. Só ao longo do ano ou dos anos que as mudanças vão acontecer. Assim na vida de todos nós poderemos obter mudanças na medida em que nós permanecermos nos caminhos de Deus. Não basta estar matriculado, é preciso partici-par. É preciso frequentar. A Igreja é a escola de Deus. O batismo nos faz participar.

Deus espera que os seus alunos na Comunidade Cristo, São Lucas, e São Mateus sejam bons e excelentes alunos neste ano de 2012. Que Deus possa dizer: Estes são meus filhos amados. Neles tenho prazer. Amém.Rev. Ilmo Riewe — Gramado-RS, pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil.

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Batismo do Senhor / 1º Domingo após Epifania - C8 de Janeiro de 2012

Texto Base: Is 43.1-7Salmo do Dia: Salmo 29Antigo Testamento: Isaías 43.1-7Epístola Romanos 6.1-11Evangelho do Dia Lucas 3.15-22

deStAQue: “Para libertar você, entrego nações in-teiras como o preço do resgate, pois para mim você vale muito. Você é o povo que eu amo, um povo que merece muita honra.” (Isaías 43:4)

1. iNtrOduçãO: Querido irmão e irmã na fé em Je-sus, quanto você vale para Deus? Aos olhos do Senhor, qual é o seu valor?

A grande maioria de vocês deve ter vivido a experi-ência de um amor não correspondido. Quem ama faz tudo por amor à pessoa amada, tudo! Dizem que por amor, fazemos loucuras.

2. deSeNvOLvimeNtO: Deus revela o pecado do povo. No texto de Isaías, vemos Deus demonstrando seu amor pelo povo de Israel. Na verdade, um amor não correspondido, pois Israel estava afastado de Deus, mergulhado em pecados. E agora? Israel quebrou a aliança, desobedeceu, traiu... e agora? Deus poderia di-zer a Israel: “Já que você quis assim, arque com as con-sequências.” Seria algo lógico a se fazer. Mas não para quem ama. Deus diz: Para mim, você vale muito!

2.1. Deus possibilita um novo início.a) Essa é a mensagem da Epifania que agora vivemos

como Igreja Cristã: Deus manifesta seu amor eterno e incondicional pela humanidade. Mesmo que o amor de Deus não seja correspondido, Ele não desiste e con-tinua afirmando: Para mim, você vale muito!

O povo de Israel havia sido levado preso, longe da sua terra natal. Aquelas pessoas perderam não somente sua casa, sua terra, mas a relação, o vínculo com Deus. Toda a situação de intenso sofrimento e dor ajudou aquelas pessoas a esquecerem de Deus.

Por incrível que pareça, esse é o “amor” que o povo de Israel prometeu a Deus. Na verdade, um amor não correspondido, pouco duradouro, um amor mera-mente humano e instável. Quando alguém se afasta da pessoa amada, o amor cai no esquecimento, esfria e a pessoa antes amada já não é tão importante.

No âmbito espiritual, em nossa relação com Deus, isso tudo gera surdez e cegueira espiritual. Esse é o amor inconsequente e não correspondido do povo de Deus.

b) Epifania é a manifestação do amor de Deus, es-pecialmente àqueles que não correspondem ao amor divino. Por isso, vemos no texto, Deus intervindo para que esse amor não se acabasse de uma vez. Deus teve que agir para que seu povo, a quem tanto amava, não fosse destruído em seus pecados. Nosso texto começa com Deus dizendo: Mas agora... essas palavras indicam uma mudança no rumo da conversa.

O povo atravessa a profundidade do pecado e o afastamento de Deus e literalmente se afogava no pe-cado. Mas Deus disse: Quando você atravessar águas profundas, eu estarei ao seu lado, e você não se afoga-rá. (Is 43.2a) As pessoas sentiam as chamas do inferno queimando, consumindo sua esperança, alegria e toda sua vida. Mas Deus disse: Quando passar pelo meio do fogo, as chamas não o queimarão. (Is 43.2b) Deus dis-se: Não tenha medo, pois eu o salvarei; eu o chamei pelo seu nome, e você é meu. (v.1) Deus disse: Eu es-tarei ao seu lado! Não tenha medo, pois eu estou com você. (v.2a,5) Para mim, você vale muito!

c) A leitura da epístola nos traz uma palavra mui-to importante. Uma palavra que seria muito útil para aquele povo de Israel. Palavra que vale a pena refletir-mos: Portanto, o que vamos dizer? Será que devemos continuar vivendo no pecado para que a graça de Deus aumente ainda mais? (Rm 6.1)

Como responder ao amor de Deus? Ele manifestou seu amor por toda a humanidade em Jesus Cristo. Por amor, Deus fez a loucura de dar a vida do seu Filho, seu único e amado Filho Jesus. Ele chama a cada um de nós no evangelho e nos trouxe para dentro da sua fa-mília no Batismo. As mesmas palavras ditas a Jesus são para nós quando o Espírito Santo nos vem no Batismo: Tu és o meu Filho querido e me dás muita alegria. (Lc 3.22)

Amado irmão e irmã na fé, para Deus você vale muito!

2.2. Um recomeço precioso.

Você vale muito para Deus

Rev. Jacson Junior Ollmann

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a) Vemos no texto de Isaías que Deus oferece na-ções inteiras como preço do resgate. Ação semelhante Deus fez ao entregar Jesus Cristo para nos resgatar do pecado no qual nos afogávamos. Éramos prisioneiros do pecado e satanás nos mantinha no fogo do inferno até que Deus pagou o nosso resgate.

Esse amor de Deus por nós não permanece em se-gredo. Amor secreto não é amor, mas o sentimento de dois amantes que traem a pessoa amada. Deus manifes-ta, dá provas, comprova e vive imensamente seu amor por cada um de nós. Por que? Porque para Deus, cada um de nós vale muito!

Como responder a esse amor de Deus?b) O Batismo é um novo e precioso recomeço para

nós. No Batismo fomos unidos novamente com esse Deus que nos conhece e chama pelo nome – somos preciosos para Ele.

Só chamava pelo nome quem exercia autoridade, quem era senhor. Deus nos chama pelo nome desde o Batismo porque Ele pagou o preço do nosso resgate e exerce amorosa autoridade sobre nós, é o nosso Senhor e Salvador. Como nos diz em Romanos: Pois sabemos que a nossa velha natureza pecadora já foi morta com Cristo na cruz a fim de que o nosso eu pecador fosse morto, e assim não sejamos mais escravos do pecado. (6.6) Pertencemos a Deus e Ele não esconde seu amor, pois para Ele, somos muito valiosos.

Você se sente amado por Deus? Você se sente envol-vido nesse amor eterno?

O amor de Deus não se baseia na reciprocidade. Sim, para nos amar Deus não espera pelo nosso amor, Ele simplesmente nos ama e comete loucuras por nós.

c) No Batismo, nós fomos enxertados no coração de Deus. Recebemos dele a vida por meio da sua Pala-vra que vivifica e alimenta. Jesus nos acompanha e nos convida a cear com Ele na Santa Ceia, porque somos valiosos para Deus e Ele não quer nos ver passando necessidades, fome e sede espirituais.

Não tenha medo, disse Deus! Não tenha medo do castigo, porque nEle há perdão. Passamos do medo para a confiança; da morte para a vida nos braços do Deus que tanto nos ama e nos valoriza.

3. cONcLuSãO: Vida preciosa com Deus. Com tantas notícias de enchentes, deslizamentos, tragé-dias, mortes, assaltos... o que vamos compartilhar nesse período de Epifania? O que temos para con-tar? Que experiências temos para compartilhar com as outras pessoas?

Vamos compartilhar as experiências da vida com Deus. Por que? Porque para Ele, nós valemos muito! Você é valioso para Deus. Você é digno de honra e gló-ria. Deus derrama sobre a sua Igreja a honra e a glória de Cristo nos meios da graça. Por meio da fé que rece-bemos, que professamos e compartilhamos, tomamos posse dessas bênçãos que Deus nos oferece.

Na caminhada para a salvação eterna ou para a Ter-ra Prometida, muitos desafios e dificuldades existirão. Tentações e momentos de desânimos. Talvez até quei-ramos desistir de tudo e voltar para trás, para o pecado que nos aprisionava. Isso faz parte, são as águas pro-fundas que teremos de atravessar, é o fogo por meio do qual teremos que passar. Mas a promessa é: Não tenha medo, pois eu estou com você. (v.5)

Pois para mim, você vale muito. E Deus nos acompanha na Palavra que nos orien-

ta como andar ou agir, para onde ir. Ele nos prepara e fortalece na Santa Ceia para que nos momentos de afli-ção, saibamos que somos acompanhados por Ele. Não precisamos ter medo porque fazemos parte da família de Deus a partir do Batismo. Fomos enxertados nEle e agora, somos muito valiosos.

Não esqueça disso: Para Deus, você vale muito. Não deixe de responder ao amor de Deus. Não deixe de compartilhar as experiências da sua preciosa vida com Deus. Como tarefa de casa, especialmente nesse tempo de Epifania, seja um instrumento nas mãos de Deus. Fale e manifeste o amor verdadeiro que Deus tem para com todos nós. Pois para Ele, somos muito valiosos. Amém.

Rev. Jacson Junior Ollmann — Florianópolis-SC, pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil.

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2º Domingo após Epifania - B15 de Janeiro de 2012

Texto Base: 1Sm 3.1-10; Jo 1.43-51Salmo do Dia: Salmo 139.1-10Antigo Testamento: 1º Samuel 3.1-10(11-20)Epístola 1º Coríntios 6.12-20Evangelho do Dia João 1.43-51

Estimados irmãos e irmãs no Salvador Jesus.“Vamos dar aquela espiadinha básica!” Neste mês

começa mais uma edição do programa BBB, em que somos convidados a espiar durante alguns meses a vida de um grupo de pessoas fechadas numa casa, onde dis-putam um prêmio milionário (e outros menores, como carros). O apresentador costuma chamar os partici-pantes de “heróis”, como se estivessem passando um grande sacrifício lá dentro.

Na verdade, em minha opinião eles passam verda-deiras férias, com muita festa, diversão, conforto, boa comida, piscina, descanso, algumas tarefas (nada he-roicas) e, é claro, muita apelação sexual.

Somos convidados a ver e ouvir o que fazem e, quem quiser, pode gastar dinheiro ligando e votando para ir tirando um a um da casa “mais observada do Brasil”.

Em nosso mundo é isso o que a maioria das pessoas quer ver e ouvir: gente bonita e sem roupa, intrigas e trapaças, diversão e apelo sexual.

Se o grupo tivesse que disputar o prêmio vivendo num campo de refugiados na Somália, África, por exemplo, onde falta água, comida, remédio e quase tudo para se viver, será que as pessoas ficariam com a TV ligada para assistir? Acho que não...

Venham ver e ouvir! Nossos textos bíblicos de hoje também falam de ver e ouvir. Samuel, um menino que vivia no templo de Deus com o sacerdote Eli, é cha-mado por Deus e responde, dizendo: Fala, pois o teu servo está escutando. Felipe, chamado por Jesus para segui-lo, vai e convida seu amigo Natanael para conhe-cer Jesus. Quando Natanael duvida que Jesus possa ser o Salvador prometido, Filipe lhe diz: Venha ver!

Deus chamou Samuel e outros profetas. Jesus cha-mou Filipe, André, Pedro, Tiago e muitos outros. Fo-ram chamados a ver e ouvir a Palavra do Senhor, pala-vra de salvação em Cristo Jesus, morto e ressuscitado

por todos nós. Eles viram e ouviram. Seguiram a Jesus e então levaram seu Evangelho de salvação a muitas ou-tras pessoas.

Hoje, Deus chama eu e você. O mundo também nos chama, nos convida a ver e ouvir o que ele nos ofe-rece, como no BBB, por exemplo.

Quem nós vemos? A quem nós ouvimos? Num mundo com tanto para se ver e ouvir, com tantas vozes tentadoras e tantos apelos agradáveis aos olhos, quem você tem visto e ouvido no seu dia a dia? A voz de Deus consegue espaço para ser ouvida na sua casa, família e na sua vida pessoal?

Você consegue ver Jesus, ou Ele é apenas como um comercial de TV, que passa rápido, de vez em quando e quase não damos bola? Ou talvez é como o programa “Fantástico” ou “Domingo Legal”, isto é, só o vemos nos domingos?

Deus nos chama e convida: venham ver e ouvir, ve-nham ver e ouvir a salvação que eu ofereço de graça!

Não é preciso disputa-la com outros, não é preciso cumprir tarefas ou fazer votação. Basta apenas ouvir a voz amorosa de Deus e lhe responder: fala, pois o teu servo está escutando.

Deus está chamando você a ver e ouvir, meu irmão e irmã. Em cada leitura da Bíblia, em cada devoção do Castelo Forte ou 5 Minutos com Jesus, em cada sermão ou estudo bíblico com a Palavra de Deus, Ele quer falar a você, orientar, consolar, ajudar e fortalecer na fé que salva, a fé em Cristo.

Ver e ouvir o mundo pode ser tentador e até pra-zeroso, mas leva ao afastamento de Deus, como diz o apóstolo João: Não amem o mundo, nem as coisas que há nele. Se vocês amam o mundo, não amam a Deus, o Pai (1Jo 2.15). E isso leva à condenação eterna.

Ver e ouvir a voz de Deus pode trazer dificuldades e espinhos à nossa vida, como vemos na vida dos pro-fetas, dos apóstolos e do próprio Jesus. Mas ver, ouvir e seguir a Jesus é a única maneira de sermos salvos e levados aos braços do Pai, sobre quem o salmista diz hoje: LER Sl 139.9-10.

Quem vê e ouve Jesus e crê nele como seu Salvador, tem a promessa do próprio Cristo no evangelho de

Venham ver e ouvir!

Rev. Leandro Daniel Hübner

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hoje: Vocês verão o céu aberto e os anjos de Deus su-bindo e descendo sobre o Filho do Homem ( Jo 1.51).

Então, vamos dar aquela espiadinha básica? Não, não no BBB. Vamos dar uma espiada no céu, quando recebemos a Palavra e Santa Ceia, que são amostras da felicidade eterna que nos aguarda lá, onde de fato have-rá só alegria, sem disputas nem apelação.

La no céu sim, estaremos numa casa perfeita, que Jesus prepara para nós, onde vamos passar “férias” per-feitas e eternas com nosso verdadeiro herói, o herói da salvação – Jesus!

Venham ver e ouvir Jesus! E enquanto fazemos isso, vamos ser cada um de nós um Filipe na vida das pessoas ao nosso redor, convidando-as a ver e ouvir Jesus, para que elas também recebam o grande prêmio da salvação eterna.

Venham ver e ouvir Jesus. Ele está de olho em todos nós com todo o seu amor, 24 horas por dia e eterna-mente! Amém.

Rev. Leandro Daniel Hübner — Rio Branco-AC, pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil.

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3º Domingo após Epifania - B22 de Janeiro de 2012

Texto Base: Mc 1.14-20Salmo do Dia: Salmo 62Antigo Testamento: Jonas 3.1-5, 10Epístola 1º Coríntios 7.29-31(32-35)Evangelho do Dia Marcos 1.14-20

QueridosEstimados irmãos e irmãs no Salvador Jesus. Neste mês de janeiro nossa presidente Dilma con-

vidou várias pessoas para recompor seu ministério de governo. No fim deste ano teremos eleições municipais e muita gente será chamada para trabalhar nas campa-nhas, e os vencedores vão depois chamar e convidar pessoas a fazer parte de suas equipes de trabalho.

Nós também já fomos convidados ou chamados em vários momentos de nossa vida, às vezes para coisas boas, como um casamento, aniversário ou batizado, ou para um cargo ou função melhor em nosso trabalho, e às vezes para coisas não tão agradáveis, como um enter-ro, um trabalho na hora de folga, para um hospital ver alguém acidentado ou doente, etc.

A Bíblia também tem várias situações de convites e chamados. Não de políticos, mas de Deus, o Criador e Rei supremo. Deus chamou líderes como Abraão, Noé, Moisés, Samuel; chamou profetas como Isaías, Je-remias, Oséias e Jonas; chamou discípulos e apóstolos como Pedro, João, Mateus, Paulo e outros.

Deus chamou todos eles para uma missão, que ao fi-nal tinha sempre o mesmo objetivo, tanto no AT como no NT: pescar gente, isto é, salvar pessoas da condena-ção eterna. Hoje Deus ainda chama pessoas para pescar gente — Deus nos chama para pescar gente.

E qual a nossa resposta? Nos textos de hoje temos dois chamados de Deus que nos ajudam a avaliar como estamos respondendo ao chamado do Senhor em nos-sas vidas.

Na leitura do AT Deus chama Jonas para pregar sua Palavra em Nínive, uma cidade inimiga do povo de Deus. Jonas vai, prega e o povo se arrepende. Só que isso só aconteceu na 2ª vez que Deus chamou Jonas.

Na 1ª vez o profeta não apenas recusou o chamado de Deus, como ainda fugiu num navio que ia na dire-

ção oposta de Nínive. Só depois de ser jogado no mar e engolido por um grande peixe é que Jonas lembrou-se de Deus e, chamado pelo 2ª vez, aceitou sua missão.

No evangelho Jesus está iniciando sua missão, pre-gando o arrependimento e fé no Evangelho do Reino de Deus. Andando na praia do lago da Galiléia, Jesus viu e chamou 4 homens: Simão, André, Tiago e João. Vemos que a resposta deles foi imediata: Simão e An-dré largaram logo as redes e foram com Jesus; Tiago e João deixaram Zebedeu, seu pai, e os empregados no barco e foram com ele.

Hoje, Deus nos chama a pescar gente. Qual a nossa resposta? Assim como chamou Jonas e os discípulos, Deus também nos chama. Ele chamou cada um de nós em nosso batismo, quando fomos chamados da escu-ridão para sua maravilhosa luz, da morte para a vida que temos em união com Cristo, como dizem Pedro e Paulo.

E desde o batismo até hoje, Deus nos chama a viver diariamente essa nova vida, dizendo a cada um de nós: “Venham comigo e eu ensinarei vocês a pescar gente”. E qual é a nossa resposta ao chamado de Deus?

Se cada um de nós examinar a fundo sua vida, com sinceridade e humildade, vamos descobrir que muitas vezes a nossa resposta ao chamado de Deus pode ter sido assim:

—Eu não vou. Afinal, de que adianta levar a Palavra de Deus para essa gente ruim e cabeça dura de hoje em dia, que não querem saber de nada? — Foi assim que pensou Jonas quando Deus o chamou — ele não que-ria assumir compromisso!

—Eu até posso aceitar, mas tenho algumas condi-ções que quero colocar primeiro. — Esta resposta é como a de muitos políticos, que não querem deixar de lado certas coisas para aceitar um cargo.

Não é assim que fazemos muitas vezes — dizemos que aceitamos o chamado de Deus, mas nos enchemos de condições e desculpas: “não tenho tempo, não pos-so assumir compromissos, não tenho dinheiro ou re-cursos, vou ver se os outros vão fazer primeiro, estou muito cansado para me envolver com coisas da igreja, não sei fazer nada”, ou, “aceito, mas não misturo igreja

Deus nos chama a pescar gente

Rev. Leandro Daniel Hübner

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e fé com meus negócios, meu trabalho, minhas amiza-des, minhas escolhas de diversões e vida particular...”

Ou quantas vezes dizemos “sim” para Deus com a boca (por ex., na confissão de pecados e antes da Santa Ceia), mas na prática dizemos “não” com nossas atitu-des, comportamento e maus exemplos; enfim, nossa vida muitas vezes não mostra aos outros que somos seguidores de Jesus, pessoas diferentes e pescadores de gente!

Às vezes em vez de atrair os peixes — as pessoas — a Jesus, nós os espantamos e afastamos com nossas pala-vras e atitudes...

Deus nos chama a pescar gente. Que resposta da-mos? A resposta dos discípulos foi radical e corajosa — eles deixaram tudo para seguir Jesus: as redes, o barco e a família! Ele não ficaram em cima do muro, não foram superficiais em sua resposta e atitudes, não fugiram ao chamado de Jesus. E nós, meus irmãos?

Nossa resposta ao chamado de Deus também pode ser radical e profunda. E isto não quer dizer que Deus exige que nós abandonemos nosso trabalho e família e nos tornemos todos pastores, diaconisas ou freiras ou missionários ambulantes!

Você pode ser um bom pescador de gente. E na ver-dade é para isso que Cristo chama a cada um de nós através da fé que recebemos no batismo e que é fun-damentada em nós na Palavra e Santa Ceia. O segredo está em duas coisas que os discípulos fizeram: largar as redes e seguir Jesus.

Responda ao chamado de Deus largando as redes, isto é, não ficando de longe ou apenas obser-vando Jesus, mas bem de perto, andando ao seu lado dia a dia, atra-vés do estudo da Pala-vra, da comunhão com Ele e da oração. Res-ponda ao chamado no lugar e na situação em que você está — como pai ou mãe, filho ou fi-lha, patrão ou emprega-do, pobre, rico ou classe média, com diploma ou sem muito estudo, como jovem, velho ou criança, enfim, onde e

como Deus colocou você.Responda ao chamado de Deus seguindo Jesus

como fizeram os discípulos: com total confiança de que aquele que os chamou e os guiava sabia o que era melhor, conhecia o melhor caminho e tinha o melhor objetivo para as suas vidas.

Deus nos chama a pescar gente. Qual a nossa res-posta? A nossa resposta radical, profunda, comprome-tida e que agrada a Deus não depende, e ainda bem!, das nossas próprias forças. Lembrem-se de que é Jesus quem diz: venham comigo, que eu ensinarei vocês a pescar gente!

É Ele mesmo que nos leva ao arrependimento e nos faz crer no Evangelho e também é Ele, que nos dá a missão, quem também nos dá as forças, a capacidade, os dons, os recursos e a vontade de segui-lo, de aprender dele e assim pescar gente para a salvação eterna, como nos diz Paulo em Fp 2.13: Deus está sempre agindo em vocês para que obedeçam à vontade dele, tanto no pen-samento como nas ações.

Que a nossa resposta ao chamado de Deus seja ver-dadeira, alegre e profunda, motivada pelo amor de Jesus a nós, para que, fundamentados na fé, possamos dizer com o salmista de hoje:

Somente em Deus eu encontro paz; é dele que vem a minha salvação. A minha salvação e a minha honra dependem de Deus; ele é a minha rocha poderosa e o meu abrigo (Sl 62.1,7). Amém.

Rev. Leandro Daniel Hübner — Rio Branco-AC, pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil.

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4º Domingo após Epifania – B29 de Janeiro de 2012

Texto Base: Dt 18.15-20Salmo do Dia: Salmo 111Antigo Testamento: Deuteronômio 18.15-20Epístola 1º Coríntios 8.1-13Evangelho do Dia Marcos 1.21-28

Autoridade, importância!Quem não gostaria de ser distinguido por uma des-

sas qualidades? Nós procuramos não só estar perto de pessoas importantes, que tem autoridade, mas quere-mos nós próprios sermos assim. Quem hoje é a pessoa mais importante no mundo? Será que é o mais rico? Ou o mais influente? Quem sabe o mais bonito?

Muitos nomes famosos podem fazer parte dessa lis-ta: O Líder mundial Barak Obama, O premio Nobel da paz, outros...

Todos os seres humanos buscam a quem seguir... buscam autoridade, segurança, convicção e firmeza... o problema é onde encontrar e aonde buscam muitos...

No texto de Dt 18.15-20 vemos Deus prometendo um profeta muito importante, o mais importante. Um profeta que viria do meio deles, ou seja, um israelita (15), que falaria em nome de Deus, com Palavras de Deus (18) teria conhecimento sobrenatural do futuro (22), sua mensagem seria conforme o que já tinha sido revelado por Deus (Dt.13) Está escrito: “Do meio de-les escolherei para eles um profeta que será parecido com você. Darei a esse profeta a minha mensagem, e ele dirá ao povo tudo que eu ordenar”. (18)

De acordo com Lutero: Essa é uma passagem prin-cipal em todo o livro e uma expressa profecia de Cristo com o novo mestre.

A promessa messiânica se cumpriu em Jesus.Estamos no Quarto Domingo da Epifania, época

em que vemos o importante profeta prometido por Deus, Cristo sendo anunciado a todo o mundo.

“A autoridade do recém nascido abrange toda humanidade. Jesus é apresentado ao mundo pa-gão para mostrar que o Menino veio para a sal-

vação não só dos judeus, mas de todas as pessoas. Os magos, estes homens experimentados e sábios se prostram diante daquele Menino e, num ato de fé, reconhecem seu senhorio e sua autoridade. Ex-pressaram tal reconhecimento no simbolismo dos presentes dados ao Salvador: Com a mirra, reco-nheceram nele homem sofredor; sua realeza, ma-nifestada no ouro e a sua Divindade, manifestada pelo incenso.”

P. Ervino Schmidt

No evangelho de hoje vemos mais uma vez o cum-primento da promessa feita em Deuteronomio 18. Je-sus ensinando com autoridade. Ele não se apoiou em outros profetas para ensinar, como faziam os mestres da lei, ele ensinou com sua própria autoridade. Ainda a confirmou com seus atos, fazendo calar-se o Demônio e o expulsando.

As pessoas se admiraram com a novidade da prega-ção de Cristo. Mas será que realmente era algo novo pregado pro Jesus? Na realidade não. Era algo tão an-tigo quanto a queda do homem em pecado, mas tinha se deixado de lado ou esquecido, por isso parecia ser algo novo, quando na realidade não era. Jesus pregou a salvação pela graça de Deus mediante a fé em Cristo.

Jesus é a autoridade a quem devemos seguir e, se-guindo sua pregação chegaremos a autoridade, segu-rança, convicção e a firmeza que tanto procuramos.

Onde você tem procurado a liderança para sua vida?“em nossos dias, por desejo de obter saúde, alcançar felicidade, ou por simples curiosidade não poucos cristãos se entregam práticas de astrologia, espiri-tismo, umbanda e outras mistificações. Este texto de deuteronômio (18) ganha uma renovada atu-alidade. Deus já fez conhecer a sua vontade nos mandamentos. Por meio de Jesus Cristo, que ensi-nava com autoridade (Mc 1.27) traçou o caminho da felicidade nas bem aventuranças do Evangelho. A mensagem de Cristo é sempre de novo atuali-

Autoridade, segurança, convicção e firmeza

Rev. Igor Marcelo Schreiber

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zada pelos legítimos pastores e pregadores de sua igreja. É na vontade de Deus assim expressa que o cristão deverá buscar as orientações para sua vida, e não nos falsos tipos de profetismo.”

L. Garmus, O.F.M (Petrópolis, RJ)

Amados irmãos, o Salmo de hoje diz: “Na reunião do povo eu louvarei a Deus, o Senhor, como todo o meu coração, junto com os que lhe obedecem!” (Sl 111.1)

Hoje, em nossas reuniões de Povo de Deus (cultos, noites de oração, estudos bíblicos, etc.) queremos, com

todo nosso coração, louvar a Jesus nosso Deus. Deus que tem autoridade tanto para condenar aos que não crêem e cumprem seus mandamentos quanto para dar a salvação a todos quantos crêem nele.

Vamos, acompanhados pelo amor de Deus e, tendo a certeza que Cristo tem autoridade para nos dar força (Fp 4.13) realizar nossa missão como igreja e como cris-tãos individualmente. A nossa maior missão enquanto estamos neste mundo é essa: fazer Jesus ser famoso, e ser seguido por muitos, para que muitos sejam salvos.

Amém.Rev. Igor Marcelo Schreiber — Uruguaiana-RS, pastor da Igreja Evangélica

Luterana do Brasil..

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5º Domingo após Epifania - A5 de Fevereiro de 2012

Texto Base: 1Co 2.1-12Salmo do Dia: Salmo 112.1-9Antigo Testamento: Isaías 58.3-9aEpístola 1º Coríntios 2.1-12(13-16)Evangelho do Dia Mateus 5.13-20

Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus, nosso Se-nhor e Salvador.

Aproximadamente 2% da população mundial é considerada superdotada, tendo assim um QI acima da média, sendo considerado uma pessoa de grande inte-ligência. Temos exemplos de superdotados que tem um conhecimento ainda maior. Crianças que com 2 anos de idade já falavam como adultos. Outro exemplo de uma criança de 2 anos que ouviu uma música num res-taurante, quando chegou em casa, sentou no piano e tocou a música sem errar uma só vez.

São pessoas de grande inteligência. Porém, mesmo com tanta inteligência, com tanta capacidade de racio-cínio, ainda existe uma sabedoria muito maior, que é a sabedoria de Deus, revelada a nós na Escritura Sagrada. Essa sabedoria vai além do entendimento, além da ca-pacidade de compreensão humana. A palavra de Deus diz: “Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens”. 1Co 1.25.

Deus é mais do que superdotado, tem o maior QI de todos, na verdade Deus é a sabedoria como um todo. “Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou no coração humano o que Deus tem prepa-rado para aqueles que o amam”. 1Co 2.9. Nenhum ser humano é capaz de conhecer a Deus completamente, pois vai além do nosso entendimento. Somente conhe-cemos Deus pela sua revelação a nós.

Na verdade existem dois tipos de sabedoria. A sabe-doria humana e a sabedoria divina. Ambas são impor-tantes, porém tem funções diferentes em nossa vida e são distintas.

A sabedoria humana tem um valor muito grande. É importante que essa sabedoria seja ressaltada e ela está ligada também a Deus que dota a cada um com habilidades diferentes. Como é importante o desenvol-

vimento da medicina, médicos que são considerados verdadeiros gênios. Técnicas que ajudam as pessoas, que salvam vidas.

A tecnologia como facilita a vida das pessoas, como ajuda em muito na medicina, na educação, no desen-volvimento humano. A sabedoria do ser humano deve ser usada para o benefício do ser humano.

Porém, sabemos que grandes descobertas cientifi-cas, de pessoas com grande sabedoria foram e são usa-das para prejudicar as pessoas. Por isso precisamos ver quem é verdadeiramente sábio.

Quem é sábio hoje? Aquele que é esperto, que con-segue as coisas, que se dá bem na vida, que consegue o prêmio nobel da paz. Sábio é aquele que faz muito di-nheiro! Descobre a cura de uma doença! A palavra diz: “...se alguém dentre vós se tem por sábio neste século, faça-se estulto para se tornar sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura para Deus”. 1Co 3.18.

O problema hoje é que a sabedoria está se tornando um fim em si mesmo. Ela é considerada suficiente para a vida do ser humano. Dentro da sua sabedoria o ser humano está encostando Deus de lado. Deus diz, para aquele que pensa ser muito sábio, que precisa deixar a sabedoria do mundo para ser sábio em relação a Deus.

Assim nós vemos que muitos pensam que a fé é re-sultado da sabedoria e do conhecimento. Na verdade, o conhecimento a respeito de Deus, a fé, são resultados da sabedoria de Deus em nossa vida. A fé não se apóia em sabedoria — a fé não é fruto da nossa sabedoria — a fé é dom de Deus — “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus”. Ef 2.8.

A sabedoria humana não leva ao conhecimento de Deus. Nenhum ser humano, por mais superdotado que seja vai conhecer a Deus por sua própria inteligência. A sabedoria humana não revela Deus. A sabedoria humana até tem a capacidade de saber que existe um Deus, mas essa sabedoria vai revelar um Deus que jul-ga, condena, e não o Deus do amor que é anunciado e revelado a nós pela Sabedoria de Deus em sua palavra.

Você é sábio? Para responder essa pergunta usamos o exemplo Bíblico de Salomão. Salomão diante de um

Somos salvos pela sabedoria de Deus

Rev. Valdecir Jair Much

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grande desafio que era reinar todo o Reino de Israel, pediu a Deus sabedoria e Deus o fez. Concedeu sabe-doria a Salomão.

“Deu também Deus a Salomão sabedoria, grandís-simo entendimento e larga inteligência como a areia que está na praia do mar”. 1Rs 4.29. Salomão tinha uma sabedoria além de todos. Sabedoria para escrever, sabedoria para construir. Edificou o Templo. Toda a sua sabedoria o fez adquirir muitos bens, mulheres e acabou caindo na idolatria.

Salomão não soube usar a Sabedoria que Deus lhe havia revelado e dado. A sabedoria do mundo foi colo-cada acima da sabedoria revelada para a Salvação. Salo-mão abandonou a Deus, construiu santuários a falsos deuses e a ira de Deus veio sobre Salomão.

Qual a sabedoria que está dominando a sua vida? A sabedoria divina ou a sabedoria humana falha e pe-cadora.

Deus revela a sua sabedoria a nós. Diz a palavra: “Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito”. Ou seja, “Mas foi a nós que Deus, por meio do Espírito, revelou o seu segredo”. 1Co 2.10. Deus na sua sabedoria revela a nós o segredo da Salvação e do seu amor por meio do Es-pírito Santo.

Deus na sua sabedoria chama cada um de nós para a Salvação. Deus na sua sabedoria envia o seu filho Je-sus para morrer por nós. Aquilo que é loucura para o mundo, é sabedoria para nós. É salvação. Não se deixe iludir pela sabedoria do mundo achando que não precisa da sabedoria de Deus.

Essa é a sabedoria “que nenhum dos po-derosos deste século conheceu”. 1Co 2.8. A mensagem da cruz é loucura para a sabedoria humana, pois qual, por mais sábio que seja, iria entregar o seu filho para morrer por outras pessoas?

Deus na sua sabedoria entrega Jesus, o Seu Filho, para morrer por nós e garantir assim a vida que não termina. Essa sabedoria Deus concede a nós por meio do seu Espírito San-to. “Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, e sim o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente”. 1Co 2.12.

Deus envia o seu Filho Jesus para pagar o preço da nossa salvação. Deus nos escolheu. Deus revelou a sua sabedoria a nós. Tudo o que sabemos, acreditamos e o que vamos her-

dar nós devemos a sabedoria de Deus. Pessoas sábias falam da sabedoria de Deus. A mãe

e avó de Timóteo falaram das sagradas letras desde a infância. Paulo não falou do seu conhecimento da Pa-lavra do seu testemunho de vida, mas falou de Cristo para as pessoas. Para a maioria de nós, se não todos nós, podemos ser gratos a Deus que revelou a sua sabedoria a nós por meio de fieis avós, pais, irmãos, tios que fize-ram com que a sabedoria de Deus fosse revelada a nós pelo Espírito Santo, por meio da palavra. Pessoas fieis que falaram de Jesus para nós. Essa é a nossa responsa-bilidade, mostrar a sabedoria de Deus ao mundo.

Nos mundo existem os superdotados. Nós talvez não sejamos superdotados no conhecimento humano, nas ciências, na música, na matemática, mas podemos ser superdotados do conhecimento, da sabedoria de Deus, pois Deus não se cansa de nos revelar a sua sabe-doria por meio da palavra.

A sabedoria de Deus transforma a nossa vida, pois essa sabedoria nos mostra o que os olhos não viram, nos fala o que os ouvidos não ouviram, faz penetrar em nosso coração aquilo que não havia sido revelado, e mostra para nós aquilo que Deus tem preparado por-que ele nos ama.

Essa é a sabedoria de Deus que nos salva. Amém.Rev. Valdecir Jair Much — Catanduvas-SC, pastor da Igreja Evangélica Luterana

do Brasil.

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6º Domingo após Epifania – B12 de Fevereiro de 2012

Texto Base: Mc 1.40-45Salmo do Dia: Salmo 30Antigo Testamento: 2º Reis 5.1-14Epístola 1º Coríntios 10.19-11.1Evangelho do Dia Marcos 1.40-45

1. Há um motivo — situação de cura 2. Há uma consequência — testemunho

Estamos acostumados a ver os jornais, as noticias, sejam elas televisivas, online (internet) ou escrita (jor-nais e revistas). Algumas nos chamam a atenção; outras apenas olhamos por alto. Umas nos atraem; outras não são interessantes. Desta forma nos informamos e fica-mos por dentro do que está acontecendo. Antigamente elas vinham especialmente pelas ondas do rádio; hoje as percebemos simultaneamente. É a comunicação que faz a sua história a fim de que todos sejam informados dos acontecimentos. Mas, quais são aos efeitos em nós quando tomamos conhecimento das coisas? Há aque-les que permanecem apáticos como se nada tivesse acontecendo. Outros, porém, ficam antenados, divul-gando para os amigos ou parentes, ou seja, partilham da informação. E você? Quais são suas atitudes após receber as notícias? Especialmente a maior notícia de todas: sua salvação eterna. Queremos refletir um pou-co sobre este tema.

Toda noticia tem um motivo. As reportagens são escritas ou motivadas a partir do motivo que levou a elas. Ex.: um acidente gera noticia; um show gera noti-cia; um problema de falta d água ou chuva são motivos para noticiais. No evangelho de hoje a cura do leproso foi o motivo da noticia. Imediatamente toda àquela re-gião sabia do ocorrido. Aquele que fora curado se en-carregou doe repassar a quem encontrava a respeito do que lhe aconteceu. Era um leproso. Agora está curado por causa da ação de Jesus. Diante daquela maravilha ele não conseguiu ficar calado, guardar em segredo, umas ele abriu a boca e todos ficaram sabendo da noti-cia. A ação de Jesus em sua vida foi o motivo da noticia.

E era para ser uma grande noticia mesmo. Se fosse nos dias atuais imaginamos as manchetes nos jornais.

Reportagens, correspondentes do mundo inteiro averi-guando sobre o assunto. A lepra era considerada doen-ça contagiosa. O indivíduo era retirado do seu conví-vio social. As famílias sofriam muito. Ainda, a própria religião considerava o leproso um imundo, impuro, ou seja, eram pessoas renegadas da sociedade. Com aquele leproso não era diferente.

É exatamente neste contexto que Jesus entra em cena: É sensível àquela necessidade. Teve compaixão daquele individuo renegado pela sociedade e o cura, restabelecendo por completo sua saúde. Ele o reintegra à sociedade, à família. Foi tremendamente importante para aquele rapaz. A presença de Jesus no lugar certo e na hora certa faz toda a diferença.

Assim ele continua lidando conosco. Diariamente temos o conhecimento do seu amor por nós. Cremos que sua ação em nós e por nós é contínua. Como seres humanos somos miseráveis pecadores e estamos envol-vidos numa série de coisas erradas. Construímos, in-clusive, nossa desintegração na sociedade. Somos mui-tas vezes, egoístas, materialistas e carregamos em nós outro tipo de lepra, também muito contagiosas, a nos-sa natureza pecaminosa. Precisamos da cura espiritual, de sermos reintegrados novamente à fé crista, à igreja crista. E isto só é possível quando acreditamos na obra de Jesus por nós, na cruz. Ele já nos salvou de todos os pecados. Deu-nos uma nova chance e este é um motivo para uma grande noticia.

Ah! Pastor, isso já sei. Não é novidade. Entretanto podemos conhecer pessoas que não sabem disso e que ninguém que já lhe tenha dito. Grandes coisas o Se-nhor faz diariamente conosco. Ex.: Seu vizinho sabe que você foi promovido (abençoado); ou que tem um novo carro (benção material), que você estava doente (ou algum amigo seu) e que agora está bem? Então, estas são bênçãos, grandes notícias para todos. A nos-sa tarefa, portanto é tornar conhecido de todos estas grandes noticias, e em especial a maior de todas, a nos-sa salvação em Cristo Jesus.

Partimos de um motivo. Este nós temos. A conse-quência é o testemunho. Falar da nossa fé, do quanto

Todos ficaram sabendo da notícia

Rev. Waldyr Hoffmann

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temos sido abençoados. Isso faz a diferença para os ou-tros. Desta forma a igreja primitiva foi crescendo. Mui-ta gente queria ouvir a respeito de Jesus. Talvez esteja-mos tão habituados (de braços cruzados) que não nos inspiramos a testemunhar de nossa fé cristã, inclusive começando entre nós mesmos. Semana após semana nos alimentamos da Palavra e Deus. Fortalecemos a nossa fé. Temos boas notícias dão reino para partilhar. Vamos testemunhar! Cotamos com a ajuda de Deus. Amém.

Rev. Waldyr Hoffmann — Joinville-SC, pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil, co-editor desta Revista.

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6º Domingo após Epifania – B12 de Fevereiro de 2012

Texto Base: Mc 1.40-45Salmo do Dia: Salmo 30Antigo Testamento: 2º Reis 5.1-14Epístola 1º Coríntios 10.19-11.1Evangelho do Dia Marcos 1.40-45

Os versículos anteriores aos do nosso texto mostram que Jesus havia saído secretamente de Cafarnaum. Lá ele tinha expulsado o demônio de um homem e curado a sogra de Pedro. A notícia se espalhou rapidamente e na mesma noite uma multidão se colocou na frente da casa de Pedro esperando curas e milagres. No dia seguinte, bem cedo, uma nova multidão se formou diante da casa de Pedro. Mas Jesus tinha levantado de madrugada e ido para um lugar solitário no deserto. Ele estava evitando aqueles que o procuravam apenas para verem resolvidos seus dilemas pessoais. Jesus tinha vindo para um propósito bem maior do que ser apenas um mero solucionador de problemas humanos. Diz o texto que ele foi por toda Galiléia. Galiléia era uma re-gião maior, da qual Cafarnaum fazia parte. A sua fama já havia se espalhado por toda região. Por onde passava, já havia gente esperando por ele. No caminho um ho-mem leproso aproximou-se de Jesus e disse: “Senhor, eu sei que o senhor pode me curar se quiser” V.40.

Nos tempos do ministério terreno de Jesus a lepra, além de altamente contagiosa, era difícil de curar. E o pior, era progressiva. Os leprosos tinham que ficar fora da cidade, em lugares isolados e longe das pessoas. Seu destino era morrer na solidão. O tipo mais comum na época era aquela que causava feridas na pele. Hoje a lepra é conhecida também por outros sintomas. Tam-bém é conhecida por “hanseníase” em homenagem ao médico norueguês Gerhard Hansen, que descobriu o bacilo da lepra e descreveu a doença.

O leproso do nosso texto sentia na pele o drama da lepra. Ele apenas via diante de si um destino cruel. Para sua esperança e felicidade o Senhor Jesus estava ago-ra passando pelo seu território solitário. E num gesto de humildade se ajoelha diante de Jesus (V. 40). Ele já tinha compreendido que o verdadeiro propósito de Jesus não era o de ser médico do corpo. Mas também

já sabia do coração amoroso do Senhor e de que o Se-nhor podia curá-lo. E Jesus, deixou seu coração falar e estendeu-lhe a mão, o tocou e lhe disse: “Sim! Eu que-ro. Você está curado” V. 41.

Agora ele estava curado. Era um homem feliz, reno-vado, livre da doença que, de outra forma, dificilmen-te teria cura. Qual seria sua atitude de vida a partir de agora? O que ele deveria fazer depois de curado?

Jesus recomendou que ele não falasse nada para ninguém sobre a sua cura. Mas por que não falar de uma coisa boa? É que Jesus não queria ser visto como um curandeiro ou um milagreiro. Ele veio para ser o Salvador e queria ser conhecido como tal. Mas diz o V. 45 que este homem deu com a língua nos dentes. Por causa deste falatório, Jesus teve de ficar fora das cida-des, porque as pessoas vieram procurá-lo por objetivos que não eram para os quais ele realmente tinha vindo. Podemos até compreender a situação do curado, da sua alegria de estar curado. O problema é que nos falató-rios foi enfatizado o milagre, e não o autor do milagre. A função de Jesus foi desvirtuada. As pessoas vinham em multidões para resolverem seus problemas de do-ença. Não viam nele o prometido Salvador do mundo.

Notícias mal divulgadas podem ser mal interpreta-das. Falar aquilo que não pode ser falado, gera confu-sões. Se hoje muitas pessoas procuram o Jesus curan-deiro, o milagreiro e não o Jesus Salvador certamente porque foi lhes dada a mensagem errada sobre a missão de Jesus.

É certo que todos podem trazer para Jesus seus problemas, suas doenças, seus dilemas. E podem ter certeza de sempre encontrar em Jesus um coração aco-lhedor. Mas, lembremos que, lá em Cafarnaum, nem todos foram curados. Da mesma forma, a igreja não tem solução para todos os nossos problemas. A função da igreja não é exatamente resolver problemas. A igreja tem a função de falar da causa, da origem de todos os problemas, que é o pecado e que o pecado é a doença que nos afasta de Deus. E a igreja também tem a função de falar de que, em Jesus Cristo, está a cura para a doen-ça do pecado. Assim, a resposta e a solução que todos

Jesus nos mostra a sua compaixão

Rev. David Karnopp

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mais precisam, estas a igreja sempre tem. Por isso, o propósito para o qual Jesus realmen-

te veio, não pode ser desvirtuado. Seu ministério e sua obra não podem ser enfatizados de modo errado. Quando as igrejas de hoje lotam por pessoas que sim-plesmente vem buscar a solução dos problemas físicos, sem buscar o Jesus Salvador a função de Jesus está sen-do desvirtuada. O Jesus Salvador do pecado é coloca-do de lado e no lugar é procurado o suposto Cristo da prosperidade, da cura.

Jesus quer que a ênfase esteja no lugar certo. Ele quer que falemos daquilo que ele fez em nosso coração.

Que pelo perdão gratuito ele nos deu nova vida. Ele não quer que divulguemos qualquer coisa que ajunte multidões, mas não levam nada de edificação na graça. E a mensagem mais importante a ser divulgada é que ele é o Cristo para todos. É o Senhor que se compade-ce do pecador arrependido e confiante, oferecendo-lhe cura para a pior de todas as doenças, o pecado. Jesus continua manifestando verdadeiro amor e compaixão para com todos. Amém.

Rev. David Karnopp — Vacaria-RS, pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil, co-editor desta Revista.

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Transfiguração do Senhor / Último Domingo após Epifania - A19 de Fevereiro de 2012

Texto Base: Mt 17.1-9Salmo do Dia: Salmo 2.6-12Antigo Testamento: Êxodo 24.8-18Epístola 2º Pedro 1.16-21Evangelho do Dia Mateus 17.1-9

1. iNtrOduçãO: Testemunhas são importantes em muitos casos. Quando homem e mulher se casam, pre-cisa de testemunhas. No Batismo, as testemunhas tam-bém são requeridas. Quando acontece um acidente no trânsito ou um crime, as testemunhas podem ser peças--chave para se chegar à conclusão dos casos.

2. deSeNvOLvimeNtO:2.1. Ver Jesus e sua glóriaa) No texto do evangelho de hoje, Jesus chamou

três dos seus discípulos para serem testemunhas de algo importante. A crucificação de Jesus estava se apro-ximando e os três discípulos seriam preparados para este acontecimento, pois seriam testemunhas de Jesus.

O que aconteceu naquele monte não foi uma visão sobrenatural, mas de fato eles viram Jesus mudar de aparência, ser transfigurado. Suas vestes ficaram bran-cas, mais do que qualquer alvejante poderia deixar e o rosto de Jesus ficou brilhante como o sol. Jesus não estava recebendo luz e brilho, mas isso tudo era dEle próprio, sinais da sua santidade.

Assim como no texto do Antigo Testamento, a nu-vem aparece aqui como sinal da presença de Deus. A voz que veio da nuvem, afirmou: “Este é meu filho que-rido, que me dá muita alegria. Ouçam o que Ele diz.” (v.5)

b) As testemunhas foram importantes nessa oca-sião, não somente os três discípulos, mas a presença de Moisés e Elias que serviu para testemunhar que o Anti-go Testamento apontava para esse Jesus que estava ali: Ele é o Salvador prometido.

Moisés era o representante da Lei, pois foi com ele que Deus conversou no meio da nuvem, no monte Si-nai, para dar as duas tábuas contendo os Dez Manda-mentos. Elias é representante dos profetas, cujas men-sagens apontavam para a promessa da salvação.

Isso quer dizer que Cristo é o centro de toda a pre-gação desde os tempos antigos. Deus quis mostrar que

a Lei e os Profetas estavam apontando para o mesmo Jesus, o salvador da humanidade. Por isso, Deus afir-mou: “Este é meu Filho querido, que me dá muita ale-gria. Escutem o que Ele diz.” (Mt 17)

Pedro, Tiago e João não sabiam direito o porquê dessa visão, mas depois da ressurreição de Jesus, tudo seria compreendido.

c) A visão e o sentimento antecipado de se estar no céu, na presença de Jesus, Moisés e Elias eram tão bons que Pedro disse: Como é bom estarmos aqui, Senhor! Se o senhor quiser, eu armarei três barracas neste lu-gar: uma para o senhor, outra para Moisés e outra para Elias. (Mt 17.4) Os discípulos foram testemunhas e o desejo era de morar ali mesmo.

2.2. Ouvir Jesus na Palavraa) Amados, Deus faz uso dos nossos sentidos para

mostrar o seu plano salvador. Os discípulos viram, con-versaram com Jesus e ouviram a voz de Deus: “Escutem o que Ele diz.” (v.4b) Vale ressaltar a importância de colocarmos nossos sentidos em submissão a Deus.

Nossos olhos precisam ver Deus. Nossos ouvidos precisam escutar o que Ele diz. Nossa boca precisa fa-lar a respeito. Mas, onde podemos ver a Deus senão nos Sacramentos? Nossos olhos precisam focar além dos olhos físicos, precisam aprofundar para os olhos espi-rituais, os olhos da fé para que de fato, possamos ver e compreender como Deus age no Batismo e na Santa Ceia.

Onde escutar Jesus senão na Palavra? Temos Palavra nos cultos, nos estudos em grupos, cursos e nas devo-ções em casa.

Meus irmãos e irmãs, em Cristo o céu é aberto para nós. Não podemos deixar de ver, de escutar e de falar do que temos visto e ouvido, pois somos testemunhas disso.

b) Nessa ocasião em que Jesus foi transfigurado, ve-mos que Deus foca Cristo como o centro da fé e da sal-vação, a imagem da santidade divina. Este é meu Filho querido!

O ser humano busca meios próprios de estar em paz com Deus. Fazemos coisas para tentar agradar a Deus, como Pedro: Como é bom estarmos aqui, Senhor! Se o

Em Cristo, o céu está aberto para nós

Rev. Jacson Junior Ollmann

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senhor quiser, eu armarei três barracas neste lugar: uma para o senhor, outra para Moisés e outra para Elias. (Mt 17.4) Tentamos buscar a aprovação de Deus pela nossa aparente bondade e obediência aos mandamentos.

A presença de Moisés naquele momento em que Je-sus foi transfigurado, prova que a Lei de Deus aponta para a solução em Cristo, não na bondade humana ou no cumprimento da Lei. Tanto que Deus interrompeu a fala de Pedro para dizer: “Este é meu Filho querido, que me dá muita alegria. Escutem o que Ele diz.” (Mt 17)

Existe o perigo de acreditarmos em profecias e en-sinamentos que não estão de acordo com a vontade de Deus. Orientam ações aparentemente alegres e descen-tes, mas que conduzem direto ao inferno. Deus quer manter nossos olhos e ouvidos espirituais atentos.

Vejam que, após terem ouvido Deus dizer: “Este é meu Filho querido, que me dá muita alegria. Escutem o que Ele diz.” Os discípulos ficaram com tanto medo, que se ajoelharam e encostaram o rosto no chão. Jesus veio, tocou neles e disse: — Levantem-se e não tenham medo! Então eles olharam em volta e não viram nin-guém, a não ser Jesus. (v.6-8)

Diante da nossa cegueira espiritual e fraqueza, só Jesus permanece porque Ele é o centro, o foco, o pró-prio Salvador. Jesus permanece porque Ele vem ao en-contro do pecador caído e com medo, para tocar com seu perdão e dizer: Levante-se e não tenha medo!

c) Em Cristo, o céu permanece aberto para nós e temos acesso ao seu perdão. O céu fechado é a maior desgraça, pois a pessoa fica sozinha, à mercê de satanás que como um leão que ruge, procura alguém para de-vorar. (1Pe 5.8) Mas o Bom Pastor Jesus mantém o céu aberto para que Deus olhe para nós e diga: Tu és o meu filho querido! Tu és a minha filha querida!

3. cONcLuSãO: Servir Jesus no Reino

É importante lembrar que acima de toda e qualquer testemunha está a Palavra de Deus. Ela é, por assim di-zer, a testemunha das testemunhas, pois nela está es-crito a vontade de Deus, cujo centro é Cristo. “Este é meu Filho querido, que me dá muita alegria. Escutem o que Ele diz.” (v.5) O mesmo apóstolo Pedro disse na epístola de hoje: Vocês fazem bem em prestar atenção nessa mensagem. (2Pe 1.19)

Como é bom estarmos aqui, Senhor! – podemos acompanhar essas palavras de Pedro. No Batismo, na Palavra e na Santa Ceia, estamos próximos a Jesus e do seu perdão. Na Igreja, nos cultos, temos a oportunida-de de estar, antecipadamente no céu, na presença do nosso Salvador Jesus.

Não precisamos subir um monte para estar mais perto de Deus. Jesus subiu o monte chamado Calvário para lá ser crucificado e morto em nosso lugar, a fim de que fôssemos feitos filhos de Deus, mediante a fé nEle. Importa que inclinemos nossos olhos um pouquinho para observar que na cruz, Jesus abriu o céu para nós. Por isso, Deus afirmou: “Este é meu filho querido, que me dá muita alegria.” (v.5) A alegria de Deus é porque Jesus garantiu a nossa salvação.

Mas é importante que desçamos o monte com Jesus para testemunhar nossa fé. É bom estarmos na presen-ça de Jesus, melhor é agir em nome de Jesus, para que o céu aberto seja visto pelas pessoas. Para que reconhe-çam Cristo como Salvador e ouçam o que Ele diz na Palavra. E assim, outros poderão juntar-se conosco no exército de testemunhas que proclamam o céu aberto por meio de Jesus.

Assim, permaneceremos em Cristo e ouviremos constantemente a afirmação de Deus: “Este é meu filho querido, que me dá muita alegria.” Alegria pelo perdão e a salvação testemunhados por nós. Amém.

Rev. Jacson Junior Ollmann — Florianópolis-SC, pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil.

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Rev. Jarbas Hoffimann

Quarta-Feira de Cinzas - A22 de Fevereiro de 2012

Texto Base: Mt 6.1-6,16-21Salmo do Dia: Salmo 51.1-13(14-19)Antigo Testamento: Joel 2.12-19Epístola 2Co 5.20b-6.10Evangelho do Dia Mateus 6.1-6,16-21

Queridos irmãos e irmãs em Jesus Cristo.Hoje começamos o período de Quaresma.É um período de 40 dias até o Domingo de Ramos,

que inicia a Semana Santa. É o período que recorda-mos o grande sofrimento de Jesus até sua morte...

Muita gente se pergunta: “porque se marca a Qua-resma logo depois do Carnaval?”

Na verdade é justamente o contrário: o Carnaval é marcado antes do início da Quaresma.

Não se pode generalizar todas as festas que hoje são chamadas de Carnaval, mas a ideia original por traz do Carnaval é: O Carnaval é “uma festa repleta de orgias e fantasias grotescas que originou-se no Egito e foi trazida para Roma na época do Império. Batizada de carnevale, que significa ‘despedida da carne’, consistia em aproveitar ao máximo os dias que antecediam a Quaresma e, após o início desta, não se permitiam mais manifestações de alegria. O carnevale homenageava Momo, o deus grego da zombaria e do sarcasmo.” Conforme publicado em Mensageiro Luterano.

A ideia original é aproveitar ao máximo pra pecar bastante, porque o período de Quaresma é um período de tristeza e de sacrifício.

E muitas pessoas agem desta forma: obedecem aos anúncios que dizem: use preservativo, esquecem de que Deus ordenou: não cometerás adultério. Passam dias atrás da folia, mas não “Santificam o dia do Se-nhor”. Adoram a Momo e suas orgias e esquecem que Deus disse: “Eu sou o Senhor teu Deus, não terás nem adorarás outros deuses.” Bebem até cair e levantam pra beber novamente, esquecendo que matando o corpo estão desobedecendo ao “Não matarás”. E assim se pen-sa “aproveita a vida”.

Passada a folia... Hora de voltar pra casa cheio de dí-vidas, talvez com doenças mortais, talvez com a família desfeita... É hora também de lembrar que a vida deveria

continuar... Daí a Quaresma seria o momento pra pe-dir perdão por todos os pecados cometidos... Mas só até o próximo Carnaval. É claro!

Queridos irmãos...A Quaresma é sim um momento todo especial de

reflexão sobre o sofrimento do Salvador, mas ela não me dá o direito de pecar conscientemente, pensando em pedir perdão depois.

A Quaresma é o momento de reconhecer as falhas na vida cristã e procurar corrigir. Melhorando a cada dia. É o momento de buscar ser fiel a Jesus Cristo em Palavras e obras e é hora se dedicar mais à oração e à Palavra de Deus.

Porém Jesus alerta: “Tenham o cuidado de não prati-carem os seus deveres religiosos em público a fim de serem vistos pelos outros.”

Nós não vivemos a Quaresma pra mostrar pros ou-tros. Vivemos com a intenção de honrar o Senhor com nossa vida, com nosso tempo, com nossos dons e talen-tos. Honramos o Senhor com tudo que somos e temos. Isto é Quaresma.

No restante do texto de Mt, Jesus faz ainda várias orientações práticas para a Quaresma: “Quando você der alguma coisa a uma pessoa necessitada, não fique contando o que fez, como os hipócritas fazem nas sinago-gas e nas ruas.” Não que você precise ajudar aos outros em segredo, mas a ajuda ao próximo é algo natural ao cristão e não algo para aparecer, como fazem canais de TV de nosso país. Ou algumas igrejas que fazem pro-paganda na TV dizendo: “A Igreja que ajuda o Brasil”. Jesus diz: “Eles fazem isso para serem elogiados pelos ou-tros. Eu afirmo a vocês que isto é verdade: eles já recebe-ram a sua recompensa.”

Se alguém tiver que te elogiar, este será o Senhor, no dia da sua vinda final. Não os seres humanos...

Sobre a oração Jesus disse: “Quando vocês orarem, não sejam como os hipócritas. Eles gostam de orar de pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas para serem vistos pelos outros.”

O Cristão não ora para aparecer, mas fala com Deus, porque Deus escuta, responde e atende. Nesta

Quaresma é tempo de refletir

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certeza podemos orar em qualquer lugar, tanto em pú-blico como em segredo. E Deus saberá atender.

O texto de Mateus também fala de Jejum. O Jejum era uma lei dos judeus, mas ele não é nem ordenado, nem proibido aos cristãos. Os primeiros cristãos ti-nham seus dias de jejum. E nós podemos ter também. O Catecismo Menor sugere que antes de participar da Ceia deveríamos jejuar. Mas é apenas uma sugestão.

Se vocês quiserem honrar o Senhor abstendo-se de comida, lembrem que o importante não é a comida e sim a atitude do cristão que agrada a Deus.

O dia de jejum deve ser dedicado ao Senhor e deve ser um dia de oração e meditação na sua Palavra. Não para aparecer aos outros, mas para se aproximar de Deus pela oração, meditação e tentar lembrar como foi o sofrimento de Jesus. O jejum por si só não vale nada e desagrada a Deus. Mas se for um período de oração, agradará ao Senhor.

Quaresma é também o tempo de refletir sobre mi-nhas ofertas de bens, dons e talentos à obra do Senhor.

E Jesus nos alerta: “Não ajuntem riquezas aqui na terra, onde as traças e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e roubam. Pelo contrário, ajuntem riquezas no céu, onde as traças e a ferrugem não podem destruí-las, e os ladrões não podem arrombar e roubá-las. Pois onde estiverem as suas riquezas, aí estará o coração de vocês.”

Jesus lembra que as bênçãos materiais devem ser usadas para o bem da igreja, do próximo e para nosso próprio bem. Se as estamos usando apenas para nós, estamos falhando.

Pensem em quanta coisa mais a Igreja poderia fazer se todos os membros fossem fiéis ofertan-tes...

Deus não nos tem deixado faltar nada, mas nós esquece--mos de agradecer com as ofer-tas.

Com ofertas sinceras po-deríamos ajudar mais ao pró-ximo...

Poderíamos ter mais pasto-res trabalhando para liderar o povo na missão... Poderíamos abrir mais Igrejas...

Só pra citar algumas coisas.

Enfim, irmãos...Quaresma é período para refletir sobre como anda

nossa vida cristã... Mudar o que está errado e melhorar o que já está no bom caminho do Senhor.

O Salvador Jesus Cristo sofreu o inimaginável, para que você tenha a vida eterna. Ele abençoará tudo que você fizer para a honra e glória dele. É este o sentido de viver a Quaresma.

Creia no Senhor Jesus e você será salvo. Amém.

E a paz de Deus, que ninguém consegue entender, guardará o coração e a mente de vocês, pois vocês estão unidos com Cristo Jesus. Amém. (Fp 4.7)

Rev. Jarbas Hoffimann — Nova Venécia-ES, pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil, da qual é membro da Comissão de Culto da IELB, diagramador e

co-editor desta Revista.

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brando o Domingo de Ramos.Mais tarde, algumas igrejas abandonaram o costu-

me das cinzas para enfatizar a alegria e não a tristeza.Por fim, o dia que hoje conhecemos por carnaval,

na Europa era marcado como um dia de despedir-se da fartura de comida, pois começaria o período de absti-nências. Talvez seja essa a razão por que muitos ainda chamam a terça-feira antes da quarta-feira de cinzas de “Terça-feira Gorda”.

É bom conhecer esta história.Mas agora deixemos a história de lado e vamos fa-

lar do evangelho de hoje. Que é a história da Salvação. Evangelho de Marcos, capítulo 9, versículos 9 a 15.

No evangelho Jesus aparece primeiramente sendo batizado. Nesse batismo ele é reconhecido, pelo pró-prio Deus, como seu filho. O Pai diz: “Tu és o meu Fi-lho querido e me dás muita alegria.” (v. 11).

Em seguida Jesus vai ao deserto e é tentado por 40 dias. Lucas e Mateus contam como foi difícil o jejum e as tentações que Jesus passou. Mas ele não fraquejou. Não se exaltou, nem cedeu aos ataques de Satanás. Muito pelo contrário, sempre respondia usando a Pa-lavra de Deus, lembrando ao diabo que o mais impor-tante era fazer a vontade de Deus.

Depois da tentação Jesus começa o seu trabalho na Galileia. Diz o evangelho:

“Depois que João foi preso, Jesus seguiu para a região da Galiléia e ali anunciava a boa notícia que vem de Deus. Ele dizia: — Chegou a hora, e o Reino de Deus está perto. Arrependam-se dos seus pecados e creiam no evange-lho.” (vv. 14-15).

Agora estava tudo claro. Jesus veio para anunciar o Reino de Deus. Chamando os pecadores ao arrepen-dimento.

Esta é também uma das ênfase do período de Qua-resma: “Arrependam-se e creiam no evangelho”. Aliás esta é uma ênfase do testemunho cristão: “arrependa-se e creia no evangelho”.

A vida cristã passa pelo arrependimento. Pois todos nascemos pecadores. Como bem lembra o Salmo 14.3: “todos se desviaram do caminho certo e são igualmente

seRmão Rev. Jarbas Hoffimann

1º Domingo na Quaresma - B26 de Fevereiro de 2012

Texto Base: Mc 1.9-15Salmo do Dia: Salmo 25.1-10Antigo Testamento: Gênesis 22.1-18Epístola Tiago 1.12-18Evangelho do Dia Marcos 1.9-15

Queridos irmãos em Jesus Cristo.Estamos no período da Quaresma.Muita gente nem mesmo sabe o que é a Quaresma

ou o que ela significa de fato.A Quaresma surgiu assim:No primeiro século era um período de 40 horas.

Para lembrar as 40 horas em que o corpo de Cristo es-teve na sepultura. O período terminava com o culto Pascal às 3 horas do domingo.

No 3º século, soma-se mais 6 dias às 40 horas. En-tão surge a Semana Santa. Que era um período de abs-tinência logo depois da Páscoa.

No 4º século, a Semana Santa foi antecipada à Pás-coa. E neste período se observava cada dia com culto referente a lugares significativos da paixão de Cristo. Domingo: entrada em Jerusalém. Segunda: purifica-ção do templo. Terça: discurso no Monte das Olivei-ras. Quarta: Judas prepara a traição. Quinta: Ceia Pas-cal. Sexta: Calvário e Sábado: sepultura fechada.

No 5º século, já se comemorava não 6, mas 36 dias, era 10% dos 365 dias do ano.

No ano de 731 foram acrescentados mais 4 dias, completan-do os 40 dias, que lembram o tempo que durou: a tentação de Cristo no deserto; o jejum de Moisés no Monte Sinai; o jejum de Elias a caminho do monte Gade e o número de anos de Israel no deserto.

Os domingos não são parte do período. Por isso, fala-se em domingo na quaresma e, não, da Quaresma.

Até 1099, o primeiro dia da Quaresma era chama-do de “Início da Quaresma”. Então o papa Urbano II o chamou de “Quarta-feira de Cinzas”.

Era um dia especial de arrependimento simboliza-do pela cinza. Os sacerdotes espalhavam cinzas sobre a cabeça dos fiéis e diziam: “Lembre-se de que você é pó e ao pó tornará.” As cinzas eram preparadas com as folhas que tinham sido espalhadas na semana anterior, lem-

Arrependa-se e creia no Evangelho

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corruptos. Não há mais ninguém que faça o bem, não há nem mesmo uma só pessoa.”

Não há justificativas. Enquanto não reconhecemos que somos pecadores, o evangelho ainda não achou campo fértil para florescer em nós. E estamos conde-nados.

A este respeito fala João, em sua primeira carta: “Se dizemos que não temos pecado, estamos nos enganando, e não há verdade em nós. Mas, se confessarmos os nossos pecados a Deus, ele cumprirá a sua promessa e fará o que é correto: ele perdoará os nossos pecados e nos limpará de toda maldade. Se dizemos que não temos cometido peca-dos, fazemos de Deus um mentiroso, e a sua mensagem não está em nós.” (1Jo 1.8-10)

Jesus veio anunciando: “Arrependam-se dos seus pe-cados e creiam no evangelho.” Esta não é uma mensagem para os outros. É uma mensagem para todos. Para os de Cristo e para os outros.

A mensagem aos incrédulos é:Se vocês não se aproximarem de Jesus, serão conde-

nados, mas se crerem em Cristo, serão salvos.E a voz de Jesus ecoa:“Arrependam-se dos seus pecados e creiam no evan-

gelho.” Porque o Senhor está à procura dos pecadores, para os salvar.

Para os que já são de Cristo, este período é uma lem-brança que enquanto estamos no mundo ainda somos pecadores. Mas o pecado já foi derrotado. A salvação foi completada por Jesus Cristo ao morrer na cruz e ressuscitar no terceiro dia.

Este é um período especial para meditar sobre o sofrimento do Salvador por nós. Sobre quão preciosos somos para Deus, a ponto de dar seu filho por nós.

Jesus se entregou à morte para que nós tenhamos perdão, vida eterna e salvação.

Esta mensagem é para mim e para você. Mas é tam-bém uma mensagem para todos. Pois Deus quer salvar a todos.

Vivamos a Quaresma, não com a tristeza da derro-ta, mas com a certeza da vitória. Pois Cristo venceu por nós. E todos aqueles que creem no Salvador têm o per-dão dos pecados e a vida eterna. Amém.

E a paz de Deus, que ninguém consegue entender, guardará o coração e a mente de vocês, pois vocês estão unidos com Cristo Jesus. Amém. (Fp 4.7)

Rev. Jarbas Hoffimann — Nova Venécia-ES, pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil, da qual é membro da Comissão de Culto da IELB, diagramador e

co-editor desta Revista.

seRmão

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Em todos os estados brasileiros existem belas paisagens. Os turistas ficam encantados com montanhas, planícies, praias, campos e la-

vouras. Para dar um toque magistral, não podem faltar o sol, algumas nuvens e o azul do céu. Tudo é contemplado com admiração e nos faz pensar no criador destas maravilhas. “Que variedade, Se-nhor, nas tuas obras! todas com sabedoria as fi-zeste; cheia está a terra das tuas riquezas.” Salmo 104.24.

Para contrastar com as belas paisagens esta-mos vendo cenas terríveis causadas pelo excesso de chuva e até, pela falta dela. No primeiro caso, vidas são ceifadas, casas são destruídas pela água e pelo deslizamento de terra. A seca também causa enormes prejuízos aos agricultores e poderá tra-zer desconforto aos que vivem nos grandes cen-tros.

Ainda descrevendo as criaturas de Deus, o sal-mista diz: “Todos esperam de ti (Senhor) que lhes dês de comer a seu tempo. Se lhes dás, eles o re-colhem; se abres a mão, eles se fartam de bens. Se ocultares o teu rosto, eles se perturbam; se lhes cortas a respiração, morrem, e voltam ao seu pó.” Salmo 104. 27-30.

Porque Deus esconde o seu rosto? Por qual mo-tivo o Criador deixa de contemplar as suas criatu-

ras? Quando acontece a desobediência. Deus não tolera o pecado. Ama o pecador e quer salvá-lo da condenação eterna mediante a fé em Cristo. Mas, com a desobediência o ser humano atrai a ira de Deus.

O que fazer? Obedecer a Deus. Ele não está sendo respeitado. Quantas pessoas você conhece que de fato seguem a vontade de Deus? Quantas pessoas você conhece que buscam a orientação de Deus para as suas atitudes? Ir a uma igreja, em si, nada resolve. Quer dizer que todas as pesso-as que sofrem com a chuva ou com a seca estão sendo castigadas por Deus? Não necessariamente, porque os fiéis a Deus também são atingidos. A verdade é que não podemos descartar esta possi-bilidade.

Tanto as belas paisagens quanto a agonia das mesmas apontam para o Deus Criador. Mas so-mente por meio das Escrituras Sagradas podemos conhecê-lo de fato. A fé doada por Deus faz acei-tá-lo e compreendê-lo. Além da obediência que traz benefícios, também precisamos orar. Preci-samos interceder junto ao Pai Celestial em nossas necessidades e aguardar para que a sua vontade aconteça. Queira Deus nos conceder belas paisa-gens com chuva e sol na medida certa.

Rev. Fernando Emílio Graffunder é pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil em Pelotas-RS

Belas paisagens, chuva e seca

Rev. Fernando E. GraffunderaRtigo

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Santo Cristo e o Carnaval

Rev. Marcos Schmidt aRtigo

A fuga da realidade segue por outros aspectos da vida humana, não só no profano, tam-bém no religioso. Se o reinado do momo é a

festa da carne, tem a festa do espírito que procura em vão a mesma coisa: anular a dureza das des-venturas terrenas. Em vão, porque usa um “santo Daime” — chá com poderes alucinógenos — ofe-recido num cenário fantasiado com promessas que entorpecem a mente e o coração. Este “carna-val” tem nome e endereço, um espetáculo da gló-ria que esconde a cruz nos bastidores e mantém o sofrimento humano fora das passarelas. Doenças, pobreza, miséria, dor? Isto foi anulado em nome de Jesus –—pregam eles. Puro analgésico que mascara a real enfermidade.

Entre fantasias e adereços, neste Domingo do

Carnaval1 os cristãos celebraram a Transfigura-ção do Senhor (Mateus 17). Num retiro, três dis-cípulos puderam ver o trailer da glória celestial onde uma luz intensa resplandeceu do corpo de Jesus. Não eram efeitos especiais. Era a realidade do esplendor celestial. Deslumbrado, Pedro quis armar barracas e ficar ali mesmo. Esqueceu que precisava descer do monte, pegar a sua cruz e voltar para o vale da sombra e da morte.

É preciso descer e ter os pés no chão. Como? Para os enlutados das 27 vítimas de Santo Cristo2, só mesmo Cristo, o Santo. Até o Carnaval foi sus-penso nesta cidade, pois a morte não usa másca-ras. Restou apenas a quarta-feira de cinzas. Mas o que este Cristo pode fazer? Pedro, em outro episó-dio, depois que muitos seguidores abandonaram Jesus porque os milagres haviam cessado e restava apenas a cruz — foi enfático: “Quem é que nós vamos seguir? O senhor tem as palavras que dão a vida eterna! E nós cremos e sabemos que o senhor é o Santo que Deus enviou” (João 6.68-69).

Na marchinha de Carnaval “Pastorinhas”, Noel Rosa cantava que “a estrela d’alva no céu des-ponta”, para depois lamentar “meu coração não se cansa de sempre, sempre te amar”. Triste can-ção de um amor não correspondido num mundo

cheio de desilusões. Por isto o hino do amor que sempre correponde e não ilude, amor daquele

que disse: “Eu sou a brilhante estrela d’alva” (Apocalipse 22.16).

Rev. Marcos Schmidt é pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil em Novo Hamburgo-RS

1 Artigo publicado originalmente, em outros meios, pelo autor, em março de 2011.

2 Tragédia contemporânea ao artigo, na cidade de Santo Cristo--RS

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Uma comunidade terapêuticaRev. Martinho Rennecke

Muitas igrejas hoje estão paradas ou estão até per-dendo seus membros porque elas não encontram

formas eficazes de se fazerem presente na vida de seu povo em momentos de sofrimento, de dor, de conflitos e de perdas.

Pessoas que não experimentam a solidariedade da Igreja em situações cruciais de sua vida acabarão du-vidando da capacidade desta mesma Igreja de ser soli-dária com elas. Participar da mesa do Senhor implica partilhar também do sofrimento daqueles com quem se comunga. Cuidar bem do outro faz bem a todos os membros. Igreja verdadeira é aquela igreja que é solidá-ria, onde um consola o outro, caso contrário, não passa de farisaísmo, tão condenado pelo Senhor.

O ex-presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), Dr. Gottfried Brake-meier, citando um pastor chinês, critica uma igreja somente de ativismo interno: “A igreja, em vez de cres-cer e se estabelecer, devido às muitas atividades não tem sido realmente promotora da fé, mas, no máximo, promotora da própria igreja. Nesse sentido, é uma mãe que tem filhos para depois comê-los”.1

O termo aconselhamento pastoral não se restringe à tarefa do pastor, apesar do adjetivo “pastoral”. É um direito e um dever de toda congregação a consolação e o questionamento mútuos, como se vê no tema do sacerdócio geral de todos os crentes. Ser comunidade terapêutica significa ser comunidade solidária em si-tuações de crise pessoal, doença, perdas, dificuldades e relacionamento familiar ou nas crises características que acompanham a vida.

Não há nada mais terapêutico do que relações hu-manas sadias. As pessoas devem ser capazes de se re-lacionarem com os outros, especialmente com os que sofrem. O aconselhamento e a ajuda devem levar as pessoas a se relacionarem de forma genuína.

Este aconselhamento deve mediar algo do amor divino não só através da palavra falada, mas também através do gesto e da postura da pessoa; a palavra de Deus precisa ser encarnada.

1 Gottfried BRAKEMEIER, Mercado religioso e religião de mer-cado, p. 79.

Mútuo colóquio

Cada um é um ministro, é um dos temas que Kent R. Hunter, teólogo luterano, desenvolve no assunto do crescimento da igreja. Numa de suas citações fala da necessidade de mudanças estruturais na igreja para que os cristãos possam praticar seu chamado:

O sacerdócio de todos os cristãos permanecerá um documento de papel até que as imagens comuns da igreja e suas estruturas institucionais sejam modi-ficadas, para capacitar os membros da igreja como discípulos e missionários para colocarem em práti-ca seu chamado cristão em todos os setores da vida e da sociedade.2

Em um de seus artigos sobre os leigos, Lothar Car-los Hoch, renomado teólogo luterano da área da Teo-logia Prática, faz referência à doutrina de Lutero sobre o sacerdócio geral dos crentes de que não existe instân-cia humana com função mediadora entre Deus e o cris-tão, exceto o próprio Cristo e sua Palavra. Ali afirma que é negada a existência de uma instância de tutela da fé e de monopólio da interpretação da Escritura.3 Pes-quisando o Novo Testamento é bem enfático:

Não existe posição privilegiada, seja de poder, seja de monopólio da pregação, de qualquer membro do Corpo de Cristo em relação aos demais. (...) O NT não conhece um termo equivalente ao que hoje chamamos de ‘ministério’... O conceito funda-mental na teologia paulina (...) é ‘carisma’.4

Georg Friedrich Vicedom, (*8.8.1903, Unterrim-bach bei Burghaslach, Bayern, +13.10.1974, Neuen-dettelsau, Bayern), missionário luterano nas tribos de Nova Guiné (1929-1939), faz um comentário inte-ressante sobre a questão do ministério descrito em 2º Coríntios 3-5. Ele entende que ministério é primeiro ministério da palavra de Deus e somente a partir desta função básica pode se dividir em ministérios segundo a finalidade. Só existe um único ministério que prega

2 Kent R. HUNTER, Fundamentos para o Crescimento da Igre-ja, p.59.

3 Lothar C. HOCH, O Ministério dos Leigos: Genealogia de um Atrofiamento, p.261.

4 Ibid., p. 258.

missão CRistã

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Uma comunidade terapêuticaa reconciliação e que pode ser exercido pela Igreja de dois modos: primeiro por meio do sacerdócio geral dos cristãos e depois pelo envio de missionários.5

Na sua Exortação ao Sacramento, o reformador da Idade Média, Martinho Lutero defende que a Ceia seja “o mesmo e igual sacramento, tanto dos sacerdotes como dos leigos. E os sacerdotes não tenham nada de melhor nem de diferente nem a mais do sacramento que os leigos, assim como não tem batismo nem evangelho melhor, senão aquele que deles se recebe”.6

Lutero ressalta este aspecto da igualdade também nos Artigos de esmAlcAlde, terceira parte, capítulo IV, onde fala do Evangelho, cita o ‘mutuum colloquium et consolationem fratrum’7 como uma maneira pela qual

5 Georg VICEDOM, A missão como obra de Deus : introdução à teologia da missão., p.114.

6 Martinho LUTERO, Exortação ao Sacramento do Corpo e Sangue do Nosso Senhor, p. 272,273.

7 Martinho LUTERO, Os Artigos de Esmalcalde, p. 332. “mútuo colóquio e consolação dos irmãos.”

Deus exuberantemente é rico em dar a sua graça. Se o mutuum colloquium é um veio de conhecer mais

a Deus, então é um lugar do fazer teológico, onde lei-gos e pastores mutuamente se edificam e consolam e refletem teologicamente sobre a ação de Deus em suas vidas.

Dentro do urgente e atual tema da necessidade de contextualização do evangelho, a teologia não pode es-tar limitada a alguma linguagem técnica e a uma cultu-ra em particular. Para que isto aconteça, a tarefa teoló-gica não pode ser considerada como tarefa de um setor da igreja, mas de toda comunidade cristã. O próprio Jesus escolheu seus seguidores, não da classe sacerdo-tal, mas entre leigos, quebrando assim com a tradição judaica.

Howard J. Clinebell, conselheiro pastoral, fale-cido em 13 de abril 2005, criou em 1957, um centro de aconselhamento pastoral na Primeira Igreja Meto-dista Unida, em Pasadena, Califórnia, e em sua obra,

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também indica maior eficiência oriunda do trabalho dos leigos: “a evidência disponível indica que programas de treinamento leigos têm sido mais eficientes no que tange ao demonstrativo de mudança baseado em índices que medem mu-dança construtiva da pessoa auxiliada”.8

Esta eficiência comprovada tem como uma das suas causas o fato do leigo estar contextualizado e envolto nas situações mais diversas do mundo. Neste sentido a teologia cristã tem o seu valor, capacitando o leigo a viver o seu chamado, a sua vocação. É este ‘fazendo que se aprende’ que traz renovação na vida e na teolo-gia da igreja através da prática dos leigos, do sacerdócio de todos os crentes. Esta prática se dá no dia-a-dia, no profano, nos conflitos, na história de cada um.

Este conceito é novo, pois por muito tempo deu-se a influência do modo grego de ver a verdade, qual seja, adequação da mente à realidade, através do conheci-mento, da teoria. Este modo sobrenaturalista de reli-gião desembocou num desprezo do profano, no igno-rar dos conflitos, insistindo na harmonia do mundo, numa ênfase na alma e na lei natural e não na realidade material e condição histórica.

Por sua vez o modo judaico-cristão entende que a verdade reside na pessoa; para o homem bíblico, é ver-dadeiro quem dá o que promete, quem é fiel. É a prá-tica o critério verificador da verdade. Neste contexto é preciso encontrar o sentido real da teologia, da voca-ção dos leigos e da tarefa dos clérigos, pois na função adequada de cada uma das partes se produzirá a cari-dade efetiva, a união e a solidariedade entre os homens.

James A. Scherer, teólogo luterano, diz em uma de suas teses: “Precisamos estudar mais a questão de como o evangelho é compreendido em contextos culturais diferentes, au-mentando assim nossa compreensão da riqueza da revelação de Deus”.9 É possível que os sinais da presença do reino do amor de Deus se manifestem nos outros em forma de linguagem diferente ou não-verbal, e que muitas vezes não são captados e nem reconhecidos pelas linguagens e culturas tradicionais.

O Vaticano II também trouxe um sinal de luz verde que tem influenciado outras denominações, “O corpo de fiéis, como um todo, ungidos pelo Santo que são (1 João 2.20-27) não pode errar em matérias de crenças”.10 É onde o povo está que Deus está atuando e se revelando; o

8 Howard. J. CLINEBELL, Aconselhamento Pastoral : modelo centrado em libertação e crescimento, p. 386.

9 James A. SCHERER, Evangelho, Igreja e Reino, p. 177.10 Apud Vilson SCHOLZ, A Igreja como Sacerdócio Real, p. 16.

sujeito da teologia é o crente que se debate por com-preender sua fé e viver em contínua conversão.

O encontro e o confronto das pessoas com Deus dá-se também através de relacionamentos e experiên-cias; é na troca diária de suas histórias e visões de fé que cada um tem elucidada e fortalecida sua fé, e isto sempre em comunhão, mediante a Palavra. Nesta ca-minhada compartilhada, guiando e sendo guiado em resposta à ação do Reino de Deus, cada um é um men-digo dizendo ao outro onde encontrar o pão.

Paulo Freire, cientista da educação no Brasil, em sua obra Pedagogia do Oprimido, ressalta este respeito e necessidade da integridade do outro: “esse diálogo não pode ser reduzido ao ato do ’depósito’ de idéias, (...) nem pode tornar-se simples troca de idéias a serem consumidas. (...) Tão pouco deve ele ser uma argumentação polêmica (...) com impo-

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sição de sua própria verdade”.11 Esta coleção de estórias irá se mostrar também suficientemente rica para abrir pro-fundezas de sentido em meio aos fracassos e às perdas.

Este é o grande papel dos leigos em uma comuni-dade terapêutica, este modo de traduzir a Palavra de Deus ao mundo de sua experiência, com a convicção de que a mensagem evangélica tem sentido para cada um em referência a sua situação atual. O conhecimen-to tem nestas bases outra estruturação, outro tipo de aprendizado. Trata-se duma via de conhecimento re-lacional, reflexiva e experimental e, combina assim o saber nascido da experiência vivida presente com o que era conhecido pelos cristãos até aqui, antes de cada in-divíduo atual.

Esta contextualização do evangelho, através da re-flexão teológica a partir de dentro de uma situação his-tórica concreta, é o sustento da fé na sociedade com 11 Paulo FREIRE, Pedagogia do Oprimido, p. 93.

toda a problemática que a vida coloca. Freire apresenta um vívido resumo dos requisitos para esse tal diálogo: “(...) um profundo amor pelo mundo e pelos homens (...) hu-mildade (...) intensa fé no homem (...) de criar e recriar (...) em mútua confiança. (...) O diálogo exige esperança ativa, mas não impaciente, (...) e, por último, (...) pensamento crítico”.12

Neste sentido Clinebell destaca uma das contribui-ções das mulheres na comunidade: “integrar o melhor de nossa tradição bíblica com as contribuições potencializadoras da espiritualidade feminista pode dar-nos uma teologia mais integral para o ministério e, em particular, para a terapêutica e o aconselhamento pastoral”.13

A ação pastoral era entendida como uma aplicação prática de uma teologia universalmente válida, dando primazia ao conhecimento. Hoje deve dar-se mais peso à ação, ao compromisso, onde as idéias devem ser ava-liadas segundo seu efeito prático na vida das pessoas. Isto se dá especialmente na prática do aconselhamento pastoral que é uma síntese do que deveria acontecer diariamente entre as pessoas.

Clinebell ainda afirma que “no aconselhamento, as ver-dades bíblicas são iluminadas ao serem aplicadas e testadas na arena das lutas e do crescimento humano”.14 Um relacio-namento eficaz torna-se parte da encarnação contínua do Espírito de Deus criador, nas vidas das pessoas que sofrem e esperam.

Pode-se concluir daí que não há prática ideal a ser repassada às gerações; há cristãos em prática, em ação que refletem teologicamente a partir da prática exis-tente. Em seu artigo sobre Aconselhamento, Hoch vai mais além e diz: “o/a agente precisa morrer no seu saber poimênico antecedente e estar disposto à troca de saberes com aqueles junto aos quais pretende atuar”.15 Isto pode pos-sibilitar que os sinais da presença de Deus nos outros possam ser identificados.

O discernimento que emerge da vida de fé vivi-da das pessoas que não pertencem nem aos teólogos nem à hierarquia, tem sido freqüentemente esquecido como fonte de ensinamento. Por seu batismo, têm os fiéis o Espírito Santo a guiá-los. Clinebell sublinha este momento precioso assim:

Reflexão teológica pelo grupo, pode ajudar seus in-tegrantes a captar os aprendizados potencialmente disponíveis naqueles preciosos momentos em que

12 Ibid., p. 96,97.13 Howard J. CLINEBELL, op.cit., p. 59.14 Ibid., p. 47.15 Lothar C. HOCH, Aconselhamento Pastoral e Libertação, p.

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as verdades teologicamente implícitas, em todos relacionamentos íntimos, se tornam mais transpa-rentes – momentos em que o tempo pára e se perce-be que pisamos chão sagrado.16

Revendo os pressupostos desta prática teológica dos leigos vê-se que ela é hermenêutica, pois interpre-ta a realidade humana atual segundo a dinâmica da fé, à luz do evangelho. Ela também é confessional, pois toma a prática da comunidade cristã como ponto de partida para sua própria reflexão.

De uma forma mais ampla, quanto mais encontros houver entre os próximos, mais aspectos de Deus pode-rão ser conhecidos. O Deus mascarado entre as pessoas irá se mostrando gradativamente. Para isto é necessário que as linguagens sejam dinâmicas, abertas e despren-didas para poderem captar as diferentes manifestações destes sinais. Cada cristão é um é o ponto de encontro entre Deus e o próximo. Especialmente em momentos de crise e fraqueza das pessoas, poderá haver encontros que despertam o potencial divino ali presente e gere forças para superar a situação, participando assim da missio Dei no mundo.

Vicedom insiste com toda a ênfase que Deus ha-bilita todo cristão para o testemunho e o orienta para professar sua fé:

Se o sacerdócio geral tivesse sido praticado, o evan-gelho teria se difundido mais rapidamente entre os povos e às missões teriam sido poupados muitos problemas que surgiram com a penetração da des-crença ocidental. A realização do sacerdócio geral traria consigo outra compreensão de missão e teria por conseqüência uma transformação da prática missionária, algo que se pretende alcançar hoje na missão através do serviço cristão dos leigos.17

Nesta série de encontros, o Espírito do Deus cria-dor se encarna nas mais diversas situações da vida. Neste encontro de culturas, linguagens, tradições, pro-blemas e fraquezas, ambos se fortalecem e crescem na comunhão de um com o outro e com Deus. O cristão fortalece a sua fé através da prática do amor, e vê com seus próprios olhos o poder de Deus em ação, transfor-mando vidas. A pessoa em crise que é auxiliada, tam-bém vê nesta série de encontros o renascimento dos fundamentos de seu ser; encontra novos significados e

16 Howard J. CLINEBELL, op. cit., p. 400.17 Georg F. VICEDOM, op. cit., p. 113.

sentidos para sua vida, através do aconchego do amor de Deus revelado e compartilhado pelo seu próximo.

Nesta caminhada conjunta, guiando e sendo guia-do em resposta à ação do Reino de Deus, cada um é um mendigo dizendo ao outro onde encontrar o pão. Po-dem surgir nestes encontros um despertamento, uma conscientização e uma verbalização do Cristo presente de formas distintas em ambos. Isto acontece através do mútuo colóquio e consolação fraterna.

Consolação fraterna

A Igreja e o mundo fazem parte do mesmo barco, o Reino de Deus, e precisam buscar uma relação ampla e profunda. Respeitando a diversidade cultural e religio-sa de cada um, a Igreja busca servir ao mundo em suas necessidades essenciais de solidariedade e comunhão.

Questionando elementos de alienação no caminho da libertação do ser humano, busca levá-lo ao compro-misso com a justiça, como diz Hoch no seu artigo A curA como tArefA do AconselhAmento pAstorAl: “O aconselhamento pastoral curativo sempre há de exercer uma função crítica frente às injustiças sociais e às ideologias que as sustentam”.18 Desta forma o amor de Deus se faz presente, através da Igreja, que identifica a Sua presença em cada ser sofredor carente de realização, como sinal de que Deus quer a caridade e a complementaridade de um para com o outro.

A Igreja é chamada a compartilhar do sofrimento de seu Mestre, expondo-se ao sofrimento do outro, sendo Cristo um para o outro, como diz S.Paulo aos Gálatas 6.2: “Ajudem uns aos outros e assim estarão obede-cendo a lei de Cristo”. Normalmente um gesto fala mais que mil palavras.

O aconselhamento deve descobrir com as pessoas, em diferentes situações de sua vida com crises e con-flitos, o significado da liberdade cristã, cujo direito de viver e a auto-aceitação vem da graça de Deus. Deve ajudá-las para que vivam sua relação com Deus, con-sigo e com os outros de forma consciente e adulta. Neste sentido as pessoas precisam ser capacitadas para assumirem suas responsabilidades de cidadãos e que se engajem em favor da melhora das condições de vida de cada um.

Hoch ressalta que “o termo terapêutico implica na cons-ciência de sermos pessoas carentes: de relações humanas sig-

18 Lothar C. HOCH, A cura como tarefa do aconselhamento pastoral, p. 25.

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nificativas, de atenção e afeto, de complementaridade”.19 Cli-nebell entende que isto implica que participar de uma comunidade terapêutica é participar da solidariedade nas mais diversas situações de crises do outro, sejam psicológicas, físicas ou espirituais. Sendo assim, o acon-selhamento pastoral passa a ser uma forma reparadora de poimênica, que procura proporcionar superação às pessoas que sofrem de disfunção e quebrantamento in-duzido por uma crise.20

A poimênica passa a ser a práxis do evangelho na forma de auxílio aconselhador e curador para a vida, tendo como objetivo a libertação do homem da neces-sidade concreta de suas respectivas condições de vida em todas as dimensões de seu sofrimento. É aconse-lhar com informações importantes para a solução de problemas na vida atual e, com informações terapêu-ticas de como aprender a conhecer os lados escuros do próprio eu, aceitá-los e integrá-los. Aqui pode surgir também o momento oportuno para o testemunho ex-

19 Lothar C. HOCH, Comunidade Terapêutica, p. 28.20 Howard J. CLINEBELL, op. cit., p. 43.

presso da graça, pois aí a pessoa está à disposição da outra; somente o falar ou o agir podem ser apenas con-siderados aspectos parciais da comunicação.

A visitação como meio terapêutico

A igreja vai onde o povo está! Hoch em seu artigo comunidAde solidáriA (Visi-

tação) chama a atenção que a visitação é uma das mar-cas pelas quais se conhece o discípulo de Cristo. Lem-brando os evangelhos diz que no grande julgamento haveremos de ser perguntados se damos de comer aos famintos, se vestimos os nus e se visitamos os enfermos e os presos. Cita Tiago que diz que a verdadeira religião consiste em visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribula-ções. Ele faz uma pergunta inquietante e importante:

Como pode a Igreja se fazer presente na vida das pessoas e chegar mais perto delas quando enfren-tam situações difíceis como doença, morte, luto, velhice, pobreza, problemas matrimoniais, alcoo-

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lismo, deficiência? Uma coisa está clara: ela não pode ficar esperando que as pessoas a procurem nessas horas. ... Jesus não centralizou sua ação no templo. Pelo contrário, se misturava no meio do povo e compartilhava do seu dia-a-dia. Desta for-ma Jesus toma conhecimento das pessoas e está pró-ximo de sua doença e do seu sofrimento. Sua ação não está centralizada numa espécie de ‘paróquia’ como a temos hoje.21

A Igreja vai onde o povo está. Lutero quando citou Mateus 18.20 nos Artigos de Esmalcalde, destacou que uma das formas de servir é o diálogo mútuo e a conso-lação fraterna; a visitação é uma das formas em que essa solidariedade cristã se manifesta.

As crises são oportunidades concretas de solida-riedade e complementaridade, tanto de um como de outro. Ambos nestas ocasiões se defrontam com suas limitações e falências, que abrem caminho para uma nova desenvoltura ancorada no amor de Deus pelos povos e na esperança, encarnada em Cristo, de restau-ração e crescimento espiritual e humano.

Portanto, é papel fundamental da igreja identificar estas ocasiões e de se fazer presente, para assim promo-ver uma sociedade fraterna e unida, não em suas forças, mas especialmente em suas fraquezas.

É fundamental a continuidade do aconselhamento, já que é iniciada a ajuda breve por pessoas não profis-sionais, como leigos de comunidade religiosa; torna-se importante a integração do indivíduo a um grupo de apoio ou comunidade terapêutica. Para o desenvolvi-mento da fé há necessidade da pessoa de recentralizar suas imagens de valor e poder, adotando um novo con-junto de estórias mestres em uma nova comunidade de interpretação e ação. Faz-se necessário que a pessoa receba ajuda pastoral de tal forma que possa se inserir numa comunidade maior; grande parte dos problemas das pessoas é de distúrbios das relações com o meio que a cerca.

O objetivo passa a ser a integração do homem na comunidade como emancipação em relação à mesma. Nesta fase é fundamental um posicionamento crítico face às tradições herdadas, não arrancando o homem das algemas do seu eu e levando-o ao outro cativeiro do grupo.

Dentro do grupo maior, Clinebell sugere que, se o pastor descobre dois ou mais com problemas comuns,

21 Lothar C. HOCH, Comunidade Solidária (Visitação), p. 7,3.

ele pode reuni-los para compartilhar o que aprende-ram; quando alguém passa por crises semelhantes pode ser indicado a estes que já cresceram com uma crise.22

Há liderança leiga em potencial nas congregações que cresceram com a crise, e com certo assessoramen-to, aprendem habilidades e a liderar grupos de ajuda. Hoch em seu artigo AlgumAs considerAções teo-lógicAs e práticAs sobre A pAstorAl de AconselhA-mento, salienta que poimênica é a solidariedade dos fracos:

É a solidariedade daqueles que partilham uma caminhada espinhosa, na certeza de que, ao esta-rem juntos a caminho, o Cristo está no meio deles como na história dos discípulos de Emaús (Lc 24)” e “Poimênica não significa trazer o outro ao estado de perfeição na qual eu me encontro, mas significa suportar a situação do outro, onde ele se encontra. Em certas circunstâncias, isto pode levar o pastor a emudecer e a não saber o que dizer.23

Esta situação pode se aplicar também ao leigo du-rante a visitação e as experiências tem demonstrado que, muitas vezes o visitador sai mais consolado em sua própria situação do que possa ter ajudado.

Neste sentido Hoch ressalta que:o leigo não é ajudante do pastor e, sim, de Jesus Cristo. É Dele que vem o seu ministério. Faz parte da tarefa do pastor ajudar o leigo a executar este seu ministério. (...) Os leigos que se deixam tocar pela Palavra de Deus sabem que Deus vai suprin-do suas deficiências e que vão crescendo na fé à

22 Howard J. CLINEBELL, op. cit., p. 390.23 Lothar C. HOCH, Algumas considerações teológicas e práticas

sobre a pastoral de aconselhamento, p.96.

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medida que vão servindo”. Mais adiante ressalta que “o objetivo último da visitação é a vida em co-munhão, a fraternidade, o encontro em pequenos grupos e a celebração comunitária. A visitação está a serviço da edificação de comunidade”.24

É costume e, muitas vezes, parece ser obrigação des-pejar um monte de palavras às pessoas as quais se tenta levar algum conforto e ajuda em momentos de crise. Muitas pessoas ficam ausentes em funerais exatamente por não terem palavras para dizer aos enlutados.

É preciso desmistificar esta prática como salienta Hoch “pregar a palavra de Deus a uma pessoa em crise não pode consistir apenas em recitar versículos bíblicos, (...) A pre-gação da palavra de Deus é sempre um ato que envolve toda a pessoa do pregador, tanto o seu testemunho verbal, como também a atitude e a postura global”.25

O uso exagerado de palavras pode trazer uma grave dicotomia entre fé e experiência, “se declara ao homem

24 Id., Comunidade Solidária, p.6, 7, 10.25 Id., Algumas considerações...,p. 90.

que Deus o aceita assim como ele é, sem que este chegue a ex-perimentar de forma concreta esta aceitação”, ou então “uma preocupação exagerada em pregar a Palavra de forma verbal pode ter um efeito contrário ao entendido e, ao invés de tornar o Evangelho mais transparente, vir a ocultá-lo”.26

Carl Ferdinand Wilhelm Walther, teólogo lutera-no, em sua obra Lei e Evangelho, defende 25 teses da correta aplicação da palavra de Deus, e em sua tese 10 condena a aplicação da Palavra pelo pregador se este dá a entender que uma mera aceitação passiva de cer-tas verdades justifica e salva diante de Deus; na tese 13, condena a prática de fazer um apelo à fé ao invés de criar a fé no coração de alguém apresentando as pro-messas do evangelho.27

Vicedom chama a atenção a esta prática do exage-ro no uso da Palavra na intenção de erigir os sinais do reino e estabelecer de forma rápida uma comunidade:

(...) transmitiu-se aos gentios a Palavra, sem que estes compreendessem, (...) Colocou-se em suas mãos a Palavra, sem que alguém se preocupasse com sua correta interpretação (...) Encontra-se aí o equívoco de que a palavra de Deus atuaria por si só e que o Espírito Santo falaria aos gentios através da Palavra. (...) No entanto, resta a questão: há consciência de que aqui se está defendendo uma concepção mágica da Palavra, que de forma algu-ma pode ser justificada a partir da Escritura?28

Dietrich Bonhoeffer, pastor luterano martirizado na Alemanha, durante a II Guerra Mundial, em sua ou-tra obra, Discipulado, critica severamente este prose-litismo corrente nas práticas comumente de visitação:

O discípulo de Jesus não tem o direito nem o poder de impingir a palavra da graça a qualquer um a qualquer hora. Toda insistência, correr atrás do outro, o proselitismo, toda tentativa de convencer o outro por força própria, tudo isso é vão e perigo-so. (...) Pois não passam de servos e instrumentos da Palavra e não podem querer ser fortes quando a Palavra é tão fraca. Se a todo custo e com todos os recursos quiserem impor ao mundo a Palavra, estariam transformando a Palavra de Deus numa idéia, (...) esta Palavra fraca, que sofre a oposição dos pecadores, é a Palavra forte e misericordiosa que converte pecadores do fundo do coração. Sua

26 Ibid., p. 93,94.27 Carl Ferdinand Wilhelm WALTHER, Lei e Evangelho, p. 42,52.28 Georg VICEDOM, op. cit., p. 81.

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força está oculta na fraqueza;29

Ele retoma a idéia de que nós somos um ponto de encontro entre Deus e o próximo, pois vê o discípu-lo não como alguém que toma uma posição a partir da qual atacará o outro; na verdade, a partir do amor de Jesus, aproxima-se do outro com a incondicionada oferta da comunhão: “o discípulo vê o outro como alguém ao qual Jesus está chegando. Encontra-se com o outro somente porque, na companhia de Cristo, vai de encontro ao outro”.30

O inter-relacionamento humano torna-se o lugar onde a graça e o amor de Deus se tornam transparentes ou como cita Hoch:

Ele estará sendo a palavra encarnada, o verbo que se faz carne, o Imanuel ou o Deus presente. Com a sua presença e solidariedade vivida de forma con-creta, o pastor estará abrindo a possibilidade para que o seu interlocutor consiga dar crédito àquele Deus que prometeu estar ao lado do homem que sofre. ”Se Cristo diz estar conosco até aos confins do

29 Dietrich BONHOEFFER, Discipulado, p.112. 30 Ibid., p. 110.

mundo, então o nosso gesto de estar com o outro, na verdade, é a concretização, quase poderíamos dizer, a realização desta promessa”.31

O sentir-se aceito por uma outra pessoa naquelas áreas onde se tem dificuldade de se aceitar a si mesmo, capacita a pessoa a compreender melhor a aceitação de Deus e a encoraja a aceitar-se a si mesma assim como ela é. Um gesto fala mais que mil palavras.

Concluímos com Hoch, que faz o seguinte desafio: “Priorizando o relacionamento pessoal e a presença solidária em momentos cruciais da vida, o aconselhamento pastoral pode se constituir numa ponte entre a Igreja e uma considerável par-cela de pessoas que está afastada dela ou decepcionada com a mesma”.32 É uma oportunidade especial de crescer atra-vés do mútuo colóquio e da consolação fraterna.

Rev. Ms. Martinho Rennecke — Caxias do Sul-RS — é pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil e coordenador do Projeto Macedônia - CxP 195, 95.001-970 ([email protected]).

31 Lothar C. HOCH, op. cit., p.91.32 Id., A cura como tarefa..., p. 26.

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São Paulo : Paulinas, 1987. 427 p.FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 7. ed. Rio de Janeiro : Paz e terra, 1979. 220 p.HOCH, Lothar C. A crise pessoal e sua dinâmica. Uma abordagem a partir da Psicologia Pastoral. Palestra proferida em São

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17-40._______Algumas considerações teológicas e práticas sobre a pastoral de aconselhamento. Estudos Teológicos. São Leopoldo:

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missão CRistã

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Rev. Marcos Schmidt aRtigo

Um casal idoso do Canadá não

conseguiu se adaptar à vida de milionário e resolveu doar 98% dos 19 milhões de reais que ganhou numa loteria. A doação foi feita para organizações de caridade, instituições sociais e também para hospitais onde a esposa fez tratamento contra um câncer. Semana passada1 o estranho gesto despertou o in-teresse dos jornais. Numa entrevista, o casal expli-cou: “Ninguém entende por que demos o dinheiro, mas nós não precisávamos daquela fortuna”. Al-guém pode pensar: “Já estão no final mesmo”. Sim, mas não seria a oportunidade para aproveitar o que resta da vida, conhecer o mundo, usufruir intensamente os prazeres do conforto, da tecno-logia, sobretudo neste período quando a velhice gera inúmeras limitações?

Histórias assim impressionam. Afinal, vivemos tempos marcados pelos “prazeres da modernida-de”. Dias atrás encontrei o seguinte destaque numa revista eletrônica sobre moda de roupa: “Glamour e hedonismo podem ser adquiridos a preços aces-síveis”. Chamou-me atenção a palavra hedonismo. É uma filosofia da Grécia antiga que considera o prazer a finalidade da vida. Jesus usou esta pala-vra na parábola do Semeador, ao dizer que “as se-

1 Artigo datado de 2010.

mentes que ca-íram no meio dos

espinhos são as pessoas que ouvem a mensagem.

Porém as preocupações, as ri-quezas e os prazeres (hedonón no

grego) desta vida aumentam e sufo-cam essas pessoas. Por isso os frutos que

elas produzem nunca amadurecem” (Lucas 8.14). Os frutos da fé nele, bem sabemos, são o

amor ao próximo, um amor maravilhosamente exemplificado em outra parábola, a do bom sa-maritano (Lucas 10.25-37).

E não é preciso ser milionário para obedecer o que Jesus diz no fim da história bíblica “vá e faça a mesma coisa”. A cada dia, cada hora, no nosso caminho surge alguém “assaltado” por problemas e necessidades. Para ajudá-lo, teremos que sair do conforto de nossa rotina, dos trilhos de nossa comodidade. Mas, como disse este casal bondoso, eles se consideravam felizardos apenas por esta-rem vivos, e tinham um ao outro. Algo parecido quando Paulo escreveu: “Pois para mim, viver é Cristo e morrer é lucro. Mas, se eu continuar vi-vendo, poderei ainda fazer algum trabalho útil” (Filipenses 1.21-22).

Rev. Marcos Schmidt é pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil em Novo Hamburgo-RS

Ricos demais

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Uma experiência em

A tecnolo-gia em 3D tem sido a

grande sensação em salas de cinema de todo mundo. Ela torna uma cena muito mais real e ní-tida. Quem já assistiu um fil-me em 3D sabe que só pode ser visto com os óculos certos. Sem estes, a imagem se torna embara-çada e sem graça. Não há nitidez, nem cenas reais. Caso falte informa-ção, pode-se concluir que sem elas, tempo e dinheiro foram perdidos.

Como uma tecnologia 3D, Deus se manifestou e se deu a conhecer em dimen-sões/maneiras diferentes. O ser humano que não o vê com os óculos certos se resume a medo, vergonha, e tem seu tempo e vida dados como perdidos.

Os óculos certos para ver a manifestação de Deus, sua vontade, seu maravilhoso projeto, foram quebrados há muito tempo, com o pecado. Por este motivo, vê-se um Deus moralista, que aponta para a necessidade de que se faça algo para lhe agradar, ou tentar reconstruir de maneira arcaica os ócu-los. Mas isso é impossível! Somente o “fabricante” o pode fazer.

O Apóstolo João em sua 1ª Epístola, verso 1 usa um testemunho em três dos maiores sentidos, ele viu, ouviu, tocou/comprovou. Ele não está com-partilhando com as novas gerações algo novo, mas apresentando em 3D o verbo que se fez car-ne! Ver Deus em 3D só se tornou possível, porque Deus restaurou os óculos certos. Porque Ele veio no Verbo que se fez carne, e que expressa o desejo do

Rev. Márlon Hüther AntunesaRtigo

Criador: “Ele quer todos sejam salvos e venham a conhecer a verdade” (1º Timóteo 2.4); Conceden-do óculos certos, a fim de não se perder nenhuma cena!

Por isso Jesus firmou: “felizes são os que não vi-ram, mas creram (João 20.29). Quando Deus res-taura os olhos da fé, a perspectiva é outra. Negar a necessidade de óculos é negar existência e o pe-rigo do pecado — pode ser uma armadilha e tan-to — é negar o fato, a importância e o motivo da manifestação de Deus. Por isso, a atitude para com

o pecado não é negá-lo, mas evitá-lo, admiti-lo e receber o perdão que Deus tornou possível

pela sua manifestação.Ter os óculos certos é estar unido com Jesus, ter clara a promessa de

provisão e socorro, daquele que nos defende. “como dizem as

Escrituras Sagradas: “O que ninguém nunca viu nem

ouviu, e o que jamais alguém pensou que

podia acontecer, foi isso o que

Deus pre-p a r o u

p a r a

aqueles que o amam” (1º Coríntios 2.9).Estes olhos apresentam Deus numa nova di-

mensão. O revelam numa experiência em 3D, mas apontam para algo muito maior, inimaginável: o que há de vir na eternidade, uma realidade muito além do 3D, quem sabe em 6D: Eu escrevo estas coisas a vocês que creem no Filho de Deus, para que vocês saibam que têm a vida eterna” (1º João 5.13) e que “a alegria seja completa” (1º João 1.4b).

Rev. Márlon Hüther Antunes — Maceió-AL, pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil

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ICqUSO Resumo do CredoO peixe, ivcqu,j em grego, é o símbolo para o Sal-

vador Jesus Cristo. Este foi muito usado já no primeiro século, não necessariamente porque os peixes desempenharam um papel importante na vida de Jesus, ou porque ele chamou seus apóstolos para serem pes-cadores espirituais usando a rede do Evangelho, mas porque ichthys poderia ser usado como um acróstico, a partir do qual pode-se fazer uma declaração de fé.

A palavra consiste de cinco letras do alfabeto grego: i-ch-th-y-s. Quando estas cinco letras são usadas como iniciais para cinco palavras, nós obtemos a declaração cristã: “Iesous Christós Theou Riós Sotér” (VIhsou/j Cristo,j Qeou/ Ui`o,j Swth,r), que traduzindo signifi-ca: “Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador.

Muito provavelmente, o símbolo ichthys foi usado como um sinal pelo qual os primeiros cristãos encon-travam e identificavam um ao outro, especialmente em tempo de perseguição. Quando era rabiscado na pa-

Rev. Jarbas Hoffimann Pesquisa e Adaptação

simbologia

rede, ou no chão do mercado, ou junto de uma fonte onde as pessoas se reuniam, este dava, aos cristãos que por ali passavam, a oportunidade de saber que a sua fé tinha chegado a esta comunidade. Uma cena em um fil-me religioso mostra um homem apresentando-se a ou-tro ao rabiscar o símbolo do peixe na areia à sua frente.

O conceito de ichthys foi explicado como um resu-mo do credo: Jesus Cristo é o Filho de Deus e o Salva-dor do mundo. João escreveu em sua primeira epístola: “E nós vimos e anunciamos aos outros que o Pai enviou o Filho para ser o Salvador do mundo.” (1º João 4.14).

Hoje nós podemos testemunhar nossa fé por meio do símbolo do ichthys, talvez como uma jóia ou co-locando este como um enfeite de porta. Quando as pessoas nos perguntarem o que o desenho do peixe sig-nifica, nós teremos uma oportunidade de ouro para ex-plicar quem é Jesus Cristo e o que ele significa para nós.

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Rev. Jarbas Hoffimann

Liturgia para Culto dirigido por LeigosVeja uma sugestão de liturgia para culto dirigi-

do pela Liderança Leiga. É uma liturgia pensada, especialmente, para quando o pastor não esteja presente.

Para que funcione adequadamente é preciso que aqueles que vão oficiar o culto se reúnam para definir as tarefas de cada um no culto, escolher os hinos, o sermão do dia e as leituras, escrever ou procurar as orações.

Logo esta mesma liturgia estará no blog Litugia Luterana, nos formatos para projetor multimídia e num mais adequado para a impressão.

Nas férias, aproveite para ver Jesus também.

1. Prelúdio e entrada do(s) Oficiante(s):

Entram os dirigentes do culto, conforme for o costume da congrega-ção. Se pela porta principal ou vindo da sacristia. Mas a recomenda-ção é que venham pela porta principal. Vão até o altar e fazem uma reverência, voltando logo para o local onde permanecerão sentados durante o culto. Preferencialmente sentados nos primeiros lugares para facilitar o deslocamento. Aquele que vai começar o culto, faz a reverência e já permanece para a saldação. Vira-se para a congregação e segue:

2. Saudação/Acolhida (___________):O.: Bom dia! Sejam todos bem vindos ao culto! Que o nosso Deus nos acolha, perdoe e oriente! E que cada um de nós se sinta em casa aqui na

casa de nosso Pai. Que o bom Deus dirija nosso culto.

Gostaria ainda de informar que as partes da li-turgia, que normalmente a congregação canta, hoje serão todas faladas.

Cantamos agora o hino: ________Senta-se para o cantar do hino.

3. Hino: __________

4. Invocação (_____________):Depois do hino, se levanta e diz para a congregação:

O.: Iniciemos o nosso culto em nome de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.

C.: Amém

5. Confissão e Absolvição dos Pecados:

O.: Confessemos a Deus os nossos pecados.Se ajoelha, se este for o costume da congregação, e “puxa” a confis-são:

T.: Ó Deus de toda misericórdia e amor, nós te con-fessamos que, por natureza, somos pecaminosos e impuros e que temos cometido pecados contra ti, por pensamentos palavra e ações, tanto pelo que fizemos, como pelo que deixamos de fazer. Merecemos, por isso, a tua eterna condenação. Ó Deus, por amor de Jesus Cristo, não nos con-denes. Tem misericórdia de nós. Dá-nos o teu perdão. Consola-nos com o teu Espírito Santo.

Se levanta e diz de frente para a congregação, que permanecerá de joelhos até o final da absolvição, caso seja o costume da congregação:

O.: O Deus de toda misericórdia, entregou o seu o seu próprio Filho a morte, e por amor dele, per-doou todos os nossos pecados. E aos que nele confiam, Deus reconhece e declara filhos e her-deiros da vida eterna e, lhes concede o Espírito Santo. Concede-o, Senhor, a todos nós.

C.: Amém!Aqui pode assumir outro oficiante, ou permanecer o mesmo. Os dirigentes decidem isto, em reunião prévia ao culto.

6. Leitura do Salmo do Dia (__________):

De frente para as pessoas, diz:

O.: Vamos ler o Salmo de hoje que é o Salmo _____. A leitura será feita alternando-se entre os versículos. Eu leio o primeiro versículo, a congregação o segundo e assim por diante.

Espera alguns momentos para que as pessoas encontrem. Vira para o altar e “puxa” a leitura. Terminada a leitura, a congregação dirá:

C.: Glória ao Pai e ao Filho e ao Santo Espírito, como era no princípio, agora é e por todo o sem-pre há de ser! Amém.

Terminado o Glória, vira para a congregação e diz:

O.: Vamos orar:

litúRgiCa: peRíodo de advento

Legenda:

O Oficiante de pé

C Congregação sentados

T Todos ajoelhados

|: Repetir o canto entre :| cantar

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litúRgiCa: peRíodo de advento

7. Coleta (Oração do Dia):Vira novamente para o altar e faz a oração:

O.: Ó Senhor, tu nos recebes sempre e queres sem-pre que estejamos contigo. Aqui estamos Se-nhor, perdoados dos pecados, por tua miseri-córdia. Obrigado pelo perdão.

Em teu Filho Jesus recebes todas as pessoas, mas as pessoas podem não querer estar contigo. Por isso, Senhor, pedimos: não permita que as coisas deste mundo nos afastem de ti. Conserva nosso coração junto contigo e que as bênçãos materiais que tu nos dás jamais nos afastem de ti.

Continue sendo o nosso Bom Pastor. Em teu nome, ó Jesus Cristo, amém.

Terminada a oração, vira para a congregação anuncia a primeira leitura.

8. Leituras Bíblicas:O.: A primeira leitura para hoje está registrada em

_________________________.Espera as pessoas encontrarem. Pelo menos a maioria. Passa a palavra ao leitor, previamente escolhido, para que faça a leitura.

Primeira Leitura:Depois que terminar a leitura, o oficiante diz:

O.: Diz o Salvador Jesus: Eu sou a videira, e vocês são os ramos. Quem está unido comigo e eu com ele, esse dá muito fruto porque sem mim vocês não podem fazer nada.

Então anuncia a segunda leitura:

O.: A segunda leitura para hoje está registrada em _________________________.

Espera as pessoas encontrarem. Pelo menos a maioria. Passa a palavra ao leitor, previamente escolhido, para que faça a leitura.

Segunda Leitura:Depois que terminar a leitura, o oficiante diz:

O.: Pela graça de Deus vocês são salvos por meio da fé. Isto não vem de vocês, mas é um presente dado por Deus. Aleluia!

C.: Aleluia! Aleluia! Aleluia!Depois dos aleluias, anuncia o hino:

9. Hino: __________Aqui, novamente, é uma oportunidade para que outro oficiante assuma a direção do culto, mas isto precisa estar acordado antes do início do culto.

Depois do hino, de frente para a congregação, o oficiante diz segue com a leitura do:

10. Evangelho do Dia:O.: O Evangelho do dia está escrito em: _________ _________________________.C.: Glórias a ti, Senhor!Faz a leitura do Evangelho do Dia

Leitura do EvangelhoTerminada a leitura, diz:

O.: Assim termina a leitura do Evangelho.C.: Glórias a ti, ó Cristo!Segue-se a:

11. Confissão de Fé:Credo Apostólico (p. 38 HL): Oficiante diz à congregação:

O.: Confessemos em conjunto a nossa fé.C.: Creio em Deus Pai, Todo-poderoso, Criador

do céu e da terra. E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, o qual foi concebido pelo Espírito Santo, nasceu da virgem Maria, pa-deceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu ao inferno; no terceiro dia ressuscitou dos mortos, subiu ao céu e está sen-tado a mão direita de Deus Pai Todo-poderoso, donde há de vir a julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo, na Santa Igreja cris-tã, a comunhão dos santos, na remissão dos pe-cados, na ressurreição da carne e na vida eter-na. Amém

Diz:

O.: Agora cantamos o hino: ______________

12. Hino:Pode sentar-se para o cantar do hino. Aquele que vai dirigir o ser-mão pode preparar-se e, na última estrofe do hino, se dirige ao local de onde será feita a pregação. É aconselhável que o pregador do dia, se dirija primeiro ao altar e faça uma oração pedindo a orientação do Espírito Santo.

13. Mensagem (Sermão):Lê o sermão conforme recebido. Pode usar um dos vários sermões publicados nesta revista. Ou ainda buscar subsídios junto à Concórdia Editora, que publica sermões há muitos anos. Terminado o sermão diz:

O.: Enquanto trazemos nossas ofertas, cantamos o hino: _____________

14. Momento das ofertasCanta-se o próximo hino:

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“Oh Jesus, que és meu dese-jo, teu Natal, assim festejo, entra no meu coração, faze nele habi-tação.” Quero fazer das palavras desta música o desejo da minha vida. Limpa-me de todos os pe-cados e me conduz à tua Casa, ó Pai de amor. Por Jesus Cristo, o bom Salvador, amém.

15. Hino: _________Enquanto o hino é cantado e as ofertas entregues, pode sentar-se. Terminado o hino, diz:

16. Oração Geral da Igreja:O.: Vamos orar.Terminada a Oração geral, “puxa” o Pai-Nosso, como segue:

17. Pai Nosso em conjunto:T.: Pai nosso que estás nos céus. Santificado seja o

teu nome. Venha o teu reino. Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dá hoje. E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também per-doamos aos nossos devedores. E não nos deixes cair em tentação. Mas livra-nos do mal. Pois teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém.

Logo, diz:

O.: Vamos cantar o hino: ____________

18. Hino: ____________Durante o hino pode sentar-se.

19. Oração Final:Terminado o hino diz para a congregação:

O.: Vamos orar.Vira-se para o altar e faz a oração:

O.: Senhor, tu nos trouxeste, e tu nos levarás em se-gurança. Graças te rendemos por mais este cul-to e por tu seres nosso Bom Pastor. Protege este teu rebanho hoje e sempre. Em nome de Jesus. Amém.

Logo, diz para a congregação:

O.: Vamos orar a bênção em conjunto.Vira-se, novamente, para o altar e puxa a bênção.

20. Bênção em conjunto:T.: O Senhor nos abençoe e nos guarde. O Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre

nós e tenha misericórdia de nós. O Senhor, sobre nós, levante o seu rosto e nos dê

a paz.Logo, vira-se para a congregação e diz:

O.: Vamos cantar o hino: 85

21. Hino Final: ____________

22. Comunicações, convites e despedidas:

Se apresenta os avisos das próximas atividades. Chama todos bem-vindos, lembrando que os visitantes são sempre bem-vindos também.

litúRgiCa: peRíodo de advento

Que alívio! “Feliz aquele cujas maldades Deus perdoa e cujos pecados ele apaga!” (Salmo 32.1)

Você tem algum rancor que traz e não consegue se livrar? Você traz alguma mágoa contra al-guém? Livre-se disto. Isto torna as pessoas mais amargas. Sentimentos assim, afastam os amigos e aprisionam a alma que

poderia estar livre em Jesus Cristo.“Feliz aquele cujas maldades Deus perdoa e cujos pecados ele apaga!” Que coisa boa e linda! Felizes aqueles que

encontraram paz em Jesus Cristo. Estes têm a verdadeira paz. Não apenas no Natal e Ano Novo, mas em cada dia do ano que começará se Deus quiser.

São pessoas que também cometem pecados... Também ofendem e são ofendidas... Também sofrem... Mas elas têm algo diferente. Elas tentaram não pecar e, quando caíram, recorreram ao Salvador para buscar o perdão que ele ofereceu na cruz. Elas não ofendem as outras pessoas in-tencionalmente, mas quando ofendem pedem perdão e buscam a paz. Quando ofendidas, perdo-am, não por serem melhores, mas porque Jesus as perdoou primeiro. Quando sofrem, sabem que em Jesus há es-perança para este mundo e para a vida eterna e esperam o prêmio da vida com Deus, onde nenhum mal as tocará.

Esta é a mensagem de Natal: Jesus veio para trazer a paz entre os irmãos e paz com Deus. Compartilhe com todos esta bela mensagem. Deus, que aque-ceu o seu coração, quer aquecer o mundo inteiro como uma mãe aquece o filhi-nho com frio. Com Jesus Cristo todos teremos o ver-dadeiro Natal. Ele perdoa maldades e apaga pecados que nos sobrecarregavam. Amém.

DEVOÇÃO - Rev. Jarbas Hoffimann

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Dezembro, 2011 e Janeiro, 2012 | RT | 77

DesperdíciosVisualizar os números da fome é constran-

gedor para qualquer um que consegue co-mer bem todos os dias. Cerca de 900 mi-

lhões de pessoas estão em estado de subnutrição!Duplamente constrangedor é observar os nú-

meros do desperdício. Li que só no Brasil o des-perdício acumulado desde a colheita, transporte, armazenamento e comércio, chega a 11 milhões de toneladas de alimento por ano.

No entanto, ouvir a óbvia conclusão dos es-tudiosos e palestrantes de Fóruns Sociais de que a maior culpa do desperdício está na ganância e corrupção ultrapassa a linha do mero constran-gimento.

Na Bíblia, em João 12, lemos que Judas Isca-riotes, o discípulo que traiu Jesus, encheu a boca em um discurso para criticar o desperdício. Acon-tece que Maria de Betânia derramou sobre Jesus um frasco de perfume valiosíssimo. O valor do bálsamo era correspondente a um ano inteiro de trabalho. Judas então disse que seria convenien-te ter vendido, pego o dinheiro e ter ajudado os pobres. Mas na verdade ele, que era o tesoureiro do grupo, pegava o dinheiro para si. O curioso é que mesmo no grupo de Jesus a corrupção já acontecia. Não so-mente a corrupção, mas também os dis-cursos hipócritas.

Será que também censuraríamos a mulher? Talvez sim. No entanto, Jesus a defende e elogia. Diz o Mestre que aque-le perfume não era desperdício, pois era para perfumar o seu corpo que logo seria morto.

aRtigoRev. Ismar L. Pinz

Se Jesus está no centro de nossas ações, nada é desperdício, por outro lado “o amor ao dinheiro é a raiz de todo mal (1º Timóteo 6.10).”

Judas criticou a atitude da mulher, enquanto em uma relação econômica, planejava entregar Jesus por trinta moedas de prata. Logo, logo es-queceu os pobres. Dessa vez o esquecimento não foi devido a ganância, mas devido ao desespero jogou as moedas aos pés dos sacerdotes.

Judas acusou a mulher de desperdício enquan-to ele mesmo desperdiçava a vida eterna. Que, ao contrário de Judas, administremos tudo, não com a esperteza desse mundo, mas com a sabedoria do Céu, que nos faz privilegiar os valores eternos e sentir fome de justiça.

Jesus, aquele que não poupou nem mesmo o seu sangue para resgatar a humanidade, promete: “Bem aventurados os que têm fome e sede de jus-tiça, porque serão saciados” (Mateus 5.6).

O amor que Deus oferece em Jesus, não pode ser desperdiçado!

Rev. Ismar L. Pinz — Pelotas-RS — pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil

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Os nossos planos...O que fazer quando os planos de Deus são

diferentes dos nossos? Ficar bravo? Es-pernear? Descontar nossa frustração nos

outros? Ou nada disso?Nesta manhã de domingo acordamos bem

cedo. E não foi para ir ao culto, o culto foi na noi-te de sábado. O domingo estava livre e, por isso, pensamos em aproveitar para ir à praia. Moramos há pouco mais de uma hora do litoral.

Então ontem fizemos nossos planos. Minha fi-lha mais velha pegou o caderno e fez uma lista de tudo que faríamos ao chegar à praia. Uma lis-ta muito grande, aliás. O dia seria pequeno para tantos planos...

Nós planejamos como e onde tomaríamos as refeições, se as levaríamos de casa ou se comería-mos por lá mesmo — coisas assim. Arrumamos as malas e fomos nos deitar.

Às 6 e meia da manhã deste domingo já está-vamos nos levantando. Mas havia uma surpresa: estava chovendo...

A decepção, especialmente das crianças, é grande. Nossos planos foram jogados por terra. Talvez aqui fosse a hora de ficar bravo, espernear. Descontar nossa frustração nos outros...

Ou nada disso.É hora de lembrar que “As pessoas podem fazer

seus planos, porém é o Senhor Deus quem dá a última palavra.” (Pv 16.1).

Assim é em tudo na vida. Nós planejamos, nos organizamos e queremos que tudo aconteça do jeito que planejamos. Então vem uma doença, a perda do emprego, não passar no vestibular...

Rev. Jarbas HoffimannaRtigo

Aí sim, certamente é hora de: ficar bravo, es-pernear. Descontar nos outros...

Não, nada disso.Na verdade, é hora de lembrar que do Senhor

dependem todos os nossos planos e, muitas vezes, não temos sucesso porque dizemos: “eu farei isso, eu farei aquilo”. Quando o que deveríamos dizer, em espírito de oração, é: “Se Deus quiser, eu farei isso eu farei aquilo.”

É comum ficar triste quando nossos planos não dão certo. Mas é também o momento de chegar perto do Senhor e entregar todos os nossos pla-nos em suas amorosas mãos. Afinal, quem não se negou a oferecer seu Filho para a nossa salvação, também não vai se negar em nos guiar o caminho.

Lembre-se: “As pessoas fazem muitos planos, mas quem decide é Deus, o Senhor.” (Pv 19.21).

E o Senhor sempre decide para o bem de seus filhos. Seja um dia de praia, seja qualquer plano da vida. Afinal “sabemos que todas as coisas tra-balham juntas para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles a quem ele chamou de acordo com o seu plano.” (Rm 8.28).

Rev. Jarbas Hoffimann — Nova Venécia-ES, pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil, da qual é membro da Comissão de Culto da IELB, diagramador e

co-editor desta Revista.

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O desastre com o Costa Concordia assusta também os que estão em terra firme. A imagem do “Titanic” italiano, rendido nas

rochas, com seu colossal tamanho, luxo e tecno-logia, choca e aterroriza a todos que têm consci-ência das incertezas no mar da vida. Por isto as lições desta tragédia. E a primeira que sobressai é a atitude irresponsável e covarde do comandante. Saiu da rota por motivos fúteis, abandonou o na-vio quando deveria ser o último, e ainda mentiu para a capitania dos portos. Insensatez, desatinos, e falsidade, no entanto, são marcas que caracteri-zam a sociedade moderna. O mundo está carente de bons navegadores na família, na política, na economia, nos meios de comunicação, nas esco-las, nas polícias, e pior, nas religiões. Todas as ins-tituições estão afundando. Deveriam estar “vento em popa” pela ciência. Mas, quanto mais a hu-manidade avança na tecnologia, mais regride nos valores éticos e morais.

E assim a atitude deselegante das pessoas na hora de abandonar o navio. A frase “mu-lheres e crianças primeiro” não foi respeitada. Passageiros rela-tam que muitos de-sacataram este

Lições do naufrágio

Direto ao Ponto

regulamento na hora de entrar nos botes salva--vidas. Cavalheirismo, respeito e consideração naufragaram faz tempo. Creio que estamos pre-senciando aquilo que diz o texto sagrado, que as pessoas serão egoístas, desobedientes, sem amor, incapazes de se controlar e atrevidas (2º Timóteo 3.1-4). Percebe-se isto no trânsito, nas filas, ou em qualquer situação que exige renúncia. A teoria evolucionista da seleção natural, dos mais fortes que abatem os mais fracos, pode ser a explicação, mas não justifica. A sociedade precisa urgente-mente da fé na criação e recriação divina, que tem outra teoria: “Quem ama é paciente e bondoso... Quem ama não é grosseiro nem egoísta” (1º Co-ríntios 13.4,5).

Mas o mundo tem saída. Igual ao navio que re-quer uma operação dispendiosa, mas capaz para chegar ao estaleiro e ser refeito. Intervenção que já começou quando a Bíblia afirma: “Um dia o próprio Universo ficará livre do poder destruidor”

(Romanos 8.21). Até porque não tem como pular fora...

Rev. Marcos Schmidt — Novo Hamburgo, é pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil

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Editora Concórdia