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• José Roberto Sodero Victório
• Advogado
• Pós-doutor em Bioética, Saúde, Direitos Humanos e
Meio Ambiente do Trabalho pela Universidade de Salerno – Itália
• Doutor em Ciências Jurídicas e Sociais pela UMSA – Argentina
• Mestre em Ciências Ambientais pela UNITAU – Brasil
• Pós-graduado em Direito Empresarial pela Unitau – Brasil
• Especialista em Direito e Processo do Trabalho –
Direito e Processo Previdenciário – Direito Administrativo
• Diretor de Relações Institucionais do Instituto Erga Omnes
• Coordenador e Professor de Pós-graduação
• Professor dos Cursos e das Faculdades: Êxito, Damásio de Jesus, LFG, CPJUR, IAPE,
IBDP, Escola Superior da Magistratura do Rio Grande do Sul, Faculdade de Direito de
Franca, Escola Superior da Advocacia OAB/SP, AATSP, UNISAL, etc.
• Parecerista e Autor de vários livros e artigos científicos
Prof. Sodero
A LEI DA REFORMA TRABALHISTA
• A Lei 13.467, de 13 de julho de 2017 em combinação com a MP 808, de 14 de
novembro de 2017, também denominada de Reforma Trabalhista, altera, dentre
outras leis, a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, provocando profundas
modificações nas relações de trabalho no País.
• O texto aprovado sem vetos, mas com as alterações da MP 808, modifica mais
de 100 dispositivos da CLT e provoca impactos em mais de 70 grandes temas
afetos ao Direito do Trabalho e Direito Processual do Trabalho.
Prof. Sodero
DIREITOS ALTERADOS
Direito Individual do Trabalho
Direito Coletivo de Trabalho
Direito Processual do Trabalho
Prof. Sodero
DIREITO COLETIVO PREVALÊNCIA DO NEGOCIADO SOBRE O LEGISLADOO que é lícito negociar (art. 611-A)
Intervalo de 30 minutos
Banco de Horas Anual
Teletrabalho
Modalidade de registro de ponto
Remuneração por produtividade
Prêmios
PLR ou PPR
Prazo: 2 anos
O que é ilícito negociar
Prof. Sodero
DIREITO COLETIVOACABA A OBRIGATORIEDADE HOMOLOGAÇÃO DO TRCT NO SINDICATO OU NO MTE
• Revogação do art. 477, §1º
Prof. Sodero
DIREITO COLETIVOFIM DA OBRIGATORIEDADE DO PAGAMENTO DO IMPOSTO SINDICAL
• Prévia e expressa anuência.
Prof. Sodero
COMO NEGOCIAR APÓS A REFORMA TRABALHISTA?
• Se você nunca enfrentou um impasse ou um conflito difícil na vida, saiba que
está entre uns poucos sortudos. Mas se é como a maioria das pessoas, já
encontrou negociações que pareciam impossíveis e sofreu para responder
algumas perguntas difíceis: como resolver uma situação em que ninguém parece
disposto a voltar atrás? É possível negociar com eficácia quando não se tem
dinheiro nem poder? Se as suas tentativas de negociar em boa-fé estão dando
errado, o que fazer? Como lidar com pessoas que agem de forma agressiva ou
antiética ou que simplesmente não estão dispostas a negociar? Como resolver
conflitos prolongados ou que estão piorando?
Prof. Sodero
• Durante os últimos anos, trabalhei com dezenas de diretores
sindicais, empresários, executivos, gerentes,Ceos. Prestei
consultorias em dezenas de negociações de alto nível, negócios
atravancados, conflitos prolongados. Uma pergunta sempre surge,
em todos esses ambientes, é como aprender a negociar de forma
mais eficaz quando a situação parece perdida?
Prof. Sodero
• Tenho a crença que até os problemas de negociação mais difíceis têm soluções
em potencial. Minha idéia aqui é contar algumas histórias de negociação, as
quais revelam uma série de insigths e princípios, que vocês podem utilizar
independentemente de você estar negociando com um empregador ou marido,
um parceiro estratégico ou um filho, um cliente em potencial ou um grupo
terrorista. Não tenho dúvidas que vocês encontrarão algumas aplicações
relevantes. Espero ao final que nossa conversa os ajudem a resolver conflitos,
superar impasses e produzir resultados melhores em todas as suas negociações,
das simples às complexas, das banais às aparentemente impossíveis.
Prof. Sodero
LIÇÃO DE PACIFICAÇÃO
• O Tratado de Kadesh foi um dos primeiros tratados de paz da história, negociado
entre os impérios egípcio e hitita, há mais de 3 mil anos, durante o século XIII
a.C. (faraó Ramsés II e o rei Hatusil III). Grande dificuldade da negociação:
ninguém querida dar o primeiro passo. O primeiro lado a pedir paz pode parecer
fraco em vez de sábio ou magnânimo, um sinal que líder algum pode se
comunicar. Ainda assim, os dois chegaram a um acordo. Apesar de estar escrito
a milhares de anos o tratado traz marcas de acordos mais recentes, incluindo
disposições proclamando o fim do conflito, a repatriação de refugiados, uma
troca de prisioneiros e um pacto de auxílio mútuo caso um dos lados fosse
atacado por terceiros.
Prof. Sodero
• Foi redigido em 2 idiomas: hieróglifos (a tradução egípcia) e
acadiano (a tradução hitita). Essas traduções eram quase
idênticas. Tinha, no entanto, uma única diferença importante: a
tradução egípcia afirma que os hititas foram os primeiros a oferecer
condições para a paz, enquanto a versão hitita afirma exatamente o
contrário. Isso nunca muda em uma negociação: a necessidade de
todos os lados de declararem a vitória!!! Isso é tão antigo como a
história!!!
•
Prof. Sodero
• O Tratado de Kadesh também revela um insight fundamental sobre
negociações e pacificação, uma idéia que serve de alicerce para a
nossa palestra: mesmo conflitos e impasses aparentemente
impossíveis podem ser resolvidos se abandonarmos a premissa
que nossas únicas fontes de alavancagem são o dinheiro ou a
força.
•
• Quando não se tem o poder necessário para impor uma solução, é
preciso adotar uma abordagem diferente e usar outras fontes de
alavancagem.
Prof. Sodero
MANEIRAS DE NEGOCIAR
• Algumas negociações são fáceis. Outras são mais difíceis. E também há
aquelas situações que parecem absolutamente impossíveis, aquelas em
que você não tem muito poder e suas opções são limitadas. São
momentos em que o conflito está se ampliando, o impasse está piorando
e ninguém está disposto a voltar atrás. Essas são as situações em que
as pessoas se comportam de maneira que parecem irracionais ou, pior
ainda, claramente hostis. Como todos que já lidaram com impasses e
conflitos sabem muito bem, algumas das situações mais difíceis de
resolver são aquelas nas quais as suas tentativas de negociar de boa-fé
fracassaram e nas quais você não tem os recursos ou o poder necessário
para produzir uma barganha de sucesso.
Prof. Sodero
• O motivo para se perder a esperança e começar a achar que a situação é
impossível, e que parece que você já deu o melhor de si para resolver o
conteúdo da disputa e parece que o dinheiro e as forças estão
simplesmente esgotados. Mas, e se você tiver outros mecanismos ao
seu dispor?
• Gostaria de enfocar aqui três mecanismos cruciais que os negociadores
costumam ignorar, subestimar ou desperdiçar, especialmente quando
estão acostumados a pensar no poder em termos de dinheiro ou força: 1-
O poder do enquadramento; 2- O poder do processo; 3- O poder da
empatia.
Prof. Sodero
REPENSANDO A “NEGOCIAÇÃO”
• O que é a negociação? Há um pensamento muito estreito sobre o que é
negociação, o que ela envolve e quando ela é relevante. Normalmente
quando as pessoas ouvem a palavra “negociação” as pessoas pensam
apenas em barganhar ou debater, ou então imaginam um bando de
engravatados discutindo as disposições de um contrato. Eles acham que
negociar é algo que se faz de vez em quando. Ou pior, que é um desafio
enorme ou uma tarefa desagradável, a ser evitado sempre que possível.
A negociação não depende de uma única moeda de troca. A negociação,
seja qual for o contexto ou questões envolvidas, trata fundamentalmente
sobre interação humana.
Prof. Sodero
• Não importa se o entendimento é firmado entre indivíduos ou
organizações, grupos sindicais patronais ou de empregados. A
negociação gira sempre e fundamentalmente em torno da interação
humana. Às vezes essas interações são fáceis. Em outras, são mais
difíceis. E temos ainda as que parecem impossíveis. O que chamo de
conflitos difíceis são aqueles nos quais as pessoas esbarram em
obstáculos consideráveis para chegarem a um acordo, como falta de
confiança, rancor, complexidade ou um longo histórico de hostilidades.
Prof. Sodero
O PODER DO ENQUADRAMENTO
• Propostas objetivamente idênticas se tornam mais ou menos atraentes se
simplesmente alteramos o modo como são apresentadas. Imaginemos
que ao negociarmos um aumento ou reajuste salarial para o qual
queremos que o índice seja o INPC, sugerirmos um mix de índices
(INPC, IPCA-E, IGP-M), mas com o limite mínimo sendo o INPC,
dispondo tecnicamente sobre as variações desses índices em um período
pretérito.
• O “enquadramento” da negociação é uma lente psicológica, um aparato
que afeta os sentidos e influencia o modo como as pessoas vêem umas
às outras, ou questões em jogo e as opções a seu dispor.
Prof. Sodero
• Quase não há limites para o número e os tipos de enquadramentos que
podem surgir em cada negociação. Os negociadores podem analisar um
acordo, por exemplo, de uma perspectiva financeira ou estratégica, do
ponto de vista de curto ou longo prazo. Não existem enquadramentos
“certos” ou “errados”, mas qual deles se torna dominante, tem
conseqüências importantes para o modo como as partes se comportam e
o que elas estão dispostas a aceitar. Por exemplo, às vezes uma
questão menor, com a qual nenhum dos lados se importa de verdade, é
injetada com tanta importância política ou simbólica que nenhuma das
partes está disposta ou é capaz de ceder.
Prof. Sodero
• É de se observar que os negociadores não estão dispostos a fazer
concessões a supostos adversários, mas estão mais abertos
quando vêem a missão como um esforço colaborativo para a
solução de problemas. Prestar atenção à lente através da qual as
partes enxergam suas opções, e não apenas ao conteúdo do que
está sendo negociado, pode ajudar a romper impasses que antes
pareciam impossíveis.
Prof. Sodero
A IMPORTÂNCIA DE AJUDAR O OUTRO LADO VOLTAR ATRÁS
• Os problemas que os negociadores enfrentam nas fases iniciais
podem ser muito diferentes daqueles encontrados à medida que as
conversas avançam. Vocês verão muitos negociadores logo de
cara dizerem que não tem como atender a nenhum dos pedidos.
Há uma angústia nesses casos, capaz de levar você a abandonar a
mesa de negociações. É por isso que é uma boa idéia mostrar ao
outro lado logo no começo os limites do que você pode negociar e
as áreas nas quais você tem mais ou menos flexibilidade.
Prof. Sodero
• Os negociadores muitas vezes não conseguem fazer isso por
acreditarem falsamente que o outro lado está bem-informado o
suficiente sobre os parâmetros da negociação ou porque teme que
discutir limitações ou restrições possa levantar dúvidas sobre seu
valor como parceiro. Também pode haver falta de confiança, o que
falta de confiança, o que faz com que um lado tenha dificuldade em
acreditar que o outro realmente esteja sofrendo limitações ou tenha
mesmo tão pouco espaço de manobra.
Prof. Sodero
• A questão é como fazer que o outro lado admita que estava
pedindo ou negando mais do que razoável, volte atrás e aceite o
que é possível mesmo. O problema fica pior ainda quando o outro
lado precisará voltar atrás publicamente, pois ele se comprometeu
com posições mais agressivas perante terceiros. É mais fácil eles
entenderem que foram longe demais e que suas posições são
impossíveis, mas muito mais difícil fazer com que reconheçam esse
fato e dêem uma guinada.
Prof. Sodero
PRESTE ATENÇÃO NA PERCEPÇÃO SOBRE O ACORDO
• Não é apenas o que você propõe que importa, mas como propõe.
Muitas vezes, os negociadores pressupõem erroneamente que
acertar o conteúdo do acordo – ou seja, se sua proposta for valiosa
o suficiente para o outro lado – então não é preciso se preocupar
com as aparências, o que chamamos de percepção sobe o acordo.
A questão às vezes não está no valor sobre a mesa, mas sim i
modo como a proposta está enquadrada. O papel da percepção é
especialmente relevante quando há um público.
Prof. Sodero
• Este pode ser composto de trabalhadores, eleitores, concorrentes,
futuros parceiros de negociação, um chefe, a mídia, colegas ou até
amigos e parentes. Normalmente estamos cientes do nosso
próprio público, mas não damos atenção suficiente ao dos outros.
Na verdade, o público deles merece tanta reflexão quanto o nosso,
especialmente se estamos pedindo que voltem atrás ou façam
concessões significativas. Achar que o público deles é “problema
deles” ignora um princípio fundamental das negociações mais
difíceis: não existe isso de problema deles; o que parece ser um
problema dos outros, se não for resolvido, acaba virando problema
seu.
Prof. Sodero
• “Pense sobre como o outro lado vai vender o acordo e
enquadre a proposta com o público dele em mente”.
•
• “Faça com que seja mais fácil para o outro lado pedir
ajuda. Desenvolva a reputação de recompensar a
transparência e não explorar seus momentos de
fraqueza”.
Prof. Sodero
EVITE NEGOCIAÇÕES FOCADAS EM UMA SÓ QUESTÃO
• Temos um problema comum nas negociações: empacar em
uma questão polêmica. Por menos intuitivo que pareça, as
negociações muitas vezes são mais fáceis quando se está
brigando por mais de um motivo. Quando só há uma questão
na mesa e não é fácil enxergar como ambos os lados vão
ganhar o que querem (ou tanto quanto prometeram para os
seus públicos), o resultado é um problema de soma zero no
qual pelos menos um dos dois vai sentir que perdeu ou
parece que perdeu.
Prof. Sodero
• Nessas situações, pode ser útil considerar que você pode
colocar outras questões em jogo, assim ambos os lados
podem voltar para casa com algo. Quando meu filho quer
um brinquedo com o qual um amiguinho está brincando,
muitas vezes meu conselho é trazer outro brinquedo para
facilitar uma troca. Uma briga pelo único brinquedo não
costuma acabar bem.
Prof. Sodero
• “Negocie múltiplas questões ao mesmo tempo para
ajudar a identificar trocas inteligentes e reduzir o risco de
que as concessões não sejam recíprocas”.
•
• ‘Não deixe uma questão ganhar demasiada importância.
Eduque seus públicos sobre como medir o sucesso e
limite a atenção dada a cada questão individual”.
Prof. Sodero
DESMASCARE OS INTERESSES OCULTOS
• O que parece um único problema polêmico às vezes é composto
de múltiplos interesses ocultos. Nessas situações, você pode ser
capaz de superar o impasse quando desmascara os interesses
ocultos. Pense que os trabalhadores estão discutindo um aumento
de salário com o empregador que claramente não está disposto a
concedê-lo. O motivo principal pode ser que o empregador não
acredita que os trabalhadores merecem um aumento tão grande.
Nesse caso, uma opção seria que os dois “se encontrassem no
meio do caminho” e encontrassem uma quantia que ambos
conseguem aceitas.
Prof. Sodero
• Se os dois não conseguirem identificar esses valor, pode ser
necessário dar um fim à relação de trabalho. Mas se o empregador
acha que as exigências dos trabalhadores é justa e o único motivo
para rejeitar o pedido inicial é que seu orçamento daquele ano é
limitado? Nesse caso, em vez de se encontrar no meio do
caminho, uma saída inteligente seria dividir a questão em “salário
este ano” e “salário ano que vem”. Em outras palavras, pode ser
possível que ambos os lados atendam seus interesses ocultos,
mas isso só vai acontecer quando pararem de discutir “o que
querem” e começarem a conversar sobre “por que querem”.
Prof. Sodero
• Mesmo quando têm posições contrárias sobre uma
questão, vocês podem ter interesses compatíveis.
Quanto antes parar de discutir posições e passar a
explorar interesses ocultos, mais rápido você determina
se as necessidades de ambos os lados são compatíveis.
Prof. Sodero
FIRME NO CONTEÚDO, FLEXÍVEL NA ESTRUTURA
• Os negociadores eficazes são firmes quando preciso e
flexíveis quando possível. Após avaliar o que cada lado
traz à mesa de negociação e após considerar o que seria
justo exigir, seja tão firme quanto necessário sobre o que
sua categoria merece. Mas a firmeza sobre o conteúdo
não deve ultrapassar os limites e se transformar em
teimosia sobre como suas exigências serão atendidas.
Prof. Sodero
• Quanto menos exigente você for quanto à estrutura exata
do acordo, maior a probabilidade de encontrar um acordo
que funcione para todos. Essa flexibilidade dá mais opções
ao outro lado e aumenta a probabilidade de ele encontrar
algum jeito de atender as suas necessidades. Na minha
experiência, uma mensagem útil que pode ser comunicada
à outra parte durante toda a negociação, tanto em palavras
quanto em gestos, é a seguinte: eu sei onde preciso chegar,
mas sou flexível sobre como vamos chegar lá.
Prof. Sodero
COMECE COM A SUA PRIMEIRA VERSÃO DO ACORDO
• Quando você negocia um acordo ou uma convenção
coletiva de trabalho, quem define o padrão? Onde ele
fica? Em geral nas mãos da parte que redige a versão
inicial do documento ou a parte cujo texto padronizado
você está usando. Há uma vantagem muita clara em ser
a parte que apresenta a versão inicial ou cujo documento
padrão será usado como modelo de negociação.
Prof. Sodero
• Na minha experiência, muitos itens contidos no texto
padronizado, até mesmo disposições importantes, com um
impacto significativo no valor da negociação, muitas vezes
não são questionados ou, por não pertencerem ao documento
padrão, não são negociados com a mesma agressividade que
seriam caso tivessem sido propostos oralmente pelo outro
lado. A tendência natural é pensar que “se está no texto
padrão deve ter um motivo. Quem sabe é o normal.
Provavelmente é alguma coisa que a maioria das pessoas
está disposta a aceitar”.
Prof. Sodero
NÃO PEÇA DESCULPAS PELA SUA OFERTA
• Em todo e qualquer tipo de negociação, se você elaborou sua
proposta com cuidado e a considera apropriada, não peça
desculpas por ela. No instante que adota esta atitude de
vergonha, você dá ao outro lado licença para barganhar. Isso
não significa que você não pode negociar a sua oferta ou
explicá-la, mas quando pede desculpas pela sua oferta, você
está criando um enquadramento que diz que sua proposta é
inadequada e que até você não acha que representa um
ponto de partida razoável.
Prof. Sodero
O PODER DO PROCESSO: TENHA UMA ESTRATÉGIA DE PROCESSO
• Enquanto a maioria das pessoas costuma se preparar para discutir o
conteúdo, entendo que é preciso moldar o processo de negociação, algo
que acaba por determinar se, quando e como as conversas sobre o
conteúdo vão ocorrer. Outro elemento do processo crucial é a regra do
sigilo, instituída para proteger o debate da interferência do público; se
informações importantes sobre negociações ativas em andamento fossem
vazadas no início, alguns representantes teriam dificuldade para continuar
o trabalho. O conteúdo da negociação trata sobre o que as partes querem
fazer. O processo trata sobre como chegarão onde querem a partir de
onde estão hoje.
Prof. Sodero
• Quanto tempo as negociações vão durar?
• Quem estará envolvido e em qual função?
• O que está em pauta e em qual ordem as questão serão
discutidas?
• Quem vai redigir a proposta inicial?
• As negociações serão públicas ou privadas?
• Quando e como o progresso será apresentado para quem está por
fora das negociações?
Prof. Sodero
LISTO APENAS ALGUNS DOS ELEMENTOS DO PROCESSO QUE VOCÊS DEVEM CONSIDERAR E TENTAR MOLDAR:
• Dada a presença de múltiplas partes ou questões, a negociação
será centrada ou ramificada?
• Todas as partes estarão na mesma sala ao mesmo tempo?
• As negociações serão presenciais ou mediadas por tecnologia?
• Quantas reuniões serão marcadas?
• Quantos grandes impasses ou outros problemas serão
gerenciados?
• Haverá observadores ou mediadores externos?
Prof. Sodero
• Haverá prazos? Eles serão fixos e vinculantes?
• Quais marcos podem ajudar a criar um impulso e manter o
processo voltado para a direção certa?
• Se as negociações terminarem sem um acordo ser fechado,
quando e como as partes podem reengajar?
• Quem são as partes que precisam ratificar o acordo e quanto apoio
é suficiente para a aprovação?
Prof. Sodero
PROTEJA A SUA CREDIBILIDADE, POIS ÀS VEZES ELA SERÁ SUA ÚNICA FONTE DE ALAVANCAGEM
• Na minha experiência existe uma maneira de sinalizar o seu
compromisso com o processo que está presente em todas as
negociações: sempre cumpra sua palavra, mesmo quando for caro.
Os melhores negociadores e diplomatas levam muito a sério as
promessas e compromissos que fizeram junto ao outro lado, seja,
elas grandes ou pequenas. Não é apenas a coisa certa a se fazer;
é também um instrumento muito poderoso nas negociações.
Prof. Sodero
• Especialmente em conflitos difíceis e prolongados, nos quais a
negociação em si pode ser considerada arriscada ou inútil, muitas
vezes a única fonte de alavancagem que você tem para trazer o
outro lado para a mesa de negociações é a sua credibilidade. E
depois que vocês estão à mesa, a desconfiança quase sempre é o
maior obstáculo às trocas e intercâmbios necessários para o
progresso, pois muitas das concessões que ambos os lados se
comprometem em fazer não podem ser realizadas imediatamente.
Se não estabeleceu uma reputação de credibilidade, você não está
preparado para negociar nessas situações.
Prof. Sodero
O PODER DA EMPATIA
• O erro que muita gente comete é achar que a empatia é o que
usamos quando queremos ser simpáticos, ou então que ela é um
instrumento dos mais fracos. A idéia reflete uma falha grave e
perigosa de entendimento. Para os negociadores, o motivo para
demonstrar empatia com o inimigo não é que essa seria uma
abordagem “simpática” ou “liberal” ou “esclarecida” para lidar com
pessoas más. Precisamos de empatia porque ela aumenta nossa
probabilidade de atingir nossos objetivos.
Prof. Sodero
• A empatia expande o conjunto de ações ao seu dispor
para resolver o conflito e chegar a um acordo. A empatia
é mais necessária com aqueles que parecem menos
merecê-la. Quanto mais intolerável for o seu
comportamento, maior o benefício potencial de entendê-
lo. A empatia não garante o sucesso, mas a falta de
empatia quase sempre garante o fracasso.
Prof. Sodero
CUIDADO PARA NÃO ACABAR EM UMA SINUCA DE BICO
• Não dê ultimatos se não planeja cumpri-los.
Mesmo se planeja, procure outras maneiras
de exercer sua influência sem sacrificar a
flexibilidade estratégica.
Prof. Sodero
IGNORE ULTIMATOS
• Avaliar objetivamente todas as explicações possíveis para o
comportamento hostil do outro lado e ter a paciência para trabalhar
o corpo como um todo não é fácil, e fica especialmente difícil
quando o outro lado está lançando ameaças e ultimatos junto com
ações e exigências agressivas. De vez em quando, em
negociações grandes e pequenas, encontramos um ultimato:
afirmações como “Nós nunca vamos....”, “Não podemos jamais....”,
“Vocês precisam.....” ou “Isso é impossível.....”.
Prof. Sodero
• Minha regra pessoal para lidar com ultimatos, na grande maioria
das situações, é bastante simples. Independentemente do tipo de
negociação e de quem fez o ultimato, minha resposta mais
provável é ignorá-lo. Não peço ao outro lado para esclarecer o que
quis dizer. Não peço para que repita o que disse. Também não é
provável que eu responda ou reaja ao ultimato em si. Em vez
disso, me comporto como se a frase nunca tivesse sido dita.
Prof. Sodero
• O motivo é o seguinte: um dia depois, uma semana depois, ou
talvez meses ou anos depois, o outro lado pode perceber que
aquilo que disseram que nunca poderiam fazer é algo que
precisam fazer, ou aquilo que nunca iriam querer fazer de verdade
é de seu interesse. Quando esse dia chega, a última coisa que
quero é que eles lembrem de terem dito que nunca o fariam, ou
que se preocupem que eu vou lembrá-los de terem dito!! Para o
outro lado, é muito mais fácil mudar de idéia e evitar cumprir o
ultimato se eu nunca dei nenhuma importância ou atenção a ele.
Prof. Sodero
• Não quero acabar na posição de forçar o outro lado a
escolher entre defender seu ultimato e fazer o que é
melhor para si (e para mim). É possível que o ultimato
seja real? Claro!! Não seria perigoso ignorá-lo? Não
muito, se o ultimato for real, ele vai ser repetido várias e
várias vezes, em inúmeros contextos e nas mais diversas
formas. Aí eu posso avaliar melhor.
Prof. Sodero
EXPRESSE OS ULTIMATOS DE UM JEITO DIFERENTE
• A estratégia de “ignorar ultimatos” tem uma outra variação
que pode ser bastante útil. Às vezes, antes de ignorar o
ultimato, eu faço um pequeno esforço para re-expressar o
ultimato de modo a não ser mais um ultimato. Por
exemplo, se alguém diz “X é impossível para nós”, minha
resposta seria mais ou menos assim: “Eu entendo como,
dada a situação que temos hoje, isso seria difícil para
você...”.
Prof. Sodero
• Dessa maneira, transforma uma afirmação totalmente
rígida em uma frase ligeiramente mais flexível. Agora o
outro lado tem pelo menos duas saídas caso decida que
X seria uma opção inteligente. Ao reconhecer que eles
estão limitados “dada a situação que temos hoje” (não
para sempre) e que adotar essa medida seria “difícil” (não
impossível) para eles abrimos a opção de fazer X em
uma data futura ou sob condições ligeiramente diferentes.
Prof. Sodero
NÃO EXISTEM GRANDES TÁTICAS, APENAS GRANDES PRINCÍPIOS
• É comum me perguntarem se determinada estratégia ou
tática é boa. Essas indagações normalmente assumem a
seguinte forma: Seria uma boa idéia fazer ______ em
uma negociação? O problema é que pouquíssimas
estratégias podem ser aplicadas universalmente. Talvez
nenhuma. É raro que eu consiga responder uma dessas
perguntas sem saber sobre a situação, sem incluir
ressalvas ou sem especular sobre condições limítrofes.
Prof. Sodero
• A melhor estratégia ou tática é necessariamente uma função
da análise realizada. O segredo é focar nos princípios. Nós
conversamos sobre isso hoje: controlar o enquadramento, ser
consciente nas percepções, ajudar o outro lado a preservar o
seu orgulho, ter uma estratégia no processo, negociar o
processo antes do conteúdo, permanecer na mesa,
demonstrar empatia, buscar maior entendimento, etc... Veja
antes de negociar quais os princípios que você pode utilizar
naquela negociação em específico.
Prof. Sodero
CONCLUSÃO
• Sempre digo aos meus filhos que todo problema quer ser
resolvido. Isso é especialmente verdade nas negociações.
Você pode não resolvê-lo hoje, ele pode nem ser resolvível
hoje, mas você vai resolvê-lo mais cedo se lembrar que todos
os problemas de negociação são, fundamentalmente,
problemas de interação humana. Assim, os serem humanos
têm a capacidade de resolvê-los. Minha esperança é que os
princípios apresentados aqui os ajudem a ter mais sucesso
com isso no futuro!!
Prof. Sodero