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69 ABCD Arq Bras Cir Dig Editorial 2010;23(2): 69-70 PROFESSOR TITULAR Head Professor Alcino Lázaro da SILVA Professor de Cirurgia e Emérito, UFMG ABCD Arq Bras Cir Dig 2010;23(2): 69-70 ABCDDV/699 A Cátedra se foi com a reforma universitária e cada catedrático despediu-se com uma das duas condutas que adotava. Na primeira, havia um comandante que usava do poder conferido pelo concurso e não permitia que os subordinados progredissem, se titulassem e atendessem às suas expectativas ou sonhos. Com relação a esse, a reforma beneficiou a comunidade universitária, liberando-a do pseudointelectual. Na segunda conduta, a comunidade perdeu um grande valor que era o professor real e autêntico, criador de seguidores competentes e progressistas. Usava do poder para fazer crescer os subordinados, sem medo de substituição ou quebra da hierarquia. Com o seu desaparecimento perdeu muito a comunidade universitária. O professor, o mestre! A reforma, desorientada, substituiu a cátedra pela titularidade. Criou o professor titular, sem defini-lo corretamente, como um substituto que não adquiria poder mas deveria cultivar a liderança natural e intelectual. Todos os titulares se vincularam aos departamentos, numa cópia mal inspirada nos do exterior e com uma característica político- administrativa, superior à intelectual ou facilitadora da criação de oportunidade para o crescimento de todos. Professor sem poder e sem a completa formação para fazer outros crescerem. O voto no departamento passou a imperar e substituir a necessária e indispensável hierarquia de competência. A consequência foi dar aos mais jovens, aos oportunistas, ou aos menos competentes, o direito de votar e ser votado o que os levou a candidatar-se às chefias de departamentos colocando o titular no patamar horizontal e bloqueando os que eram e são os formadores de outros professores qualificados. Os jovens não cresceram como deviam e os titulares se desmotivaram na formação de pessoal. A sorte da universidade brasileira foi a pós- graduação, uma grande tábua de salvação, em que se possibilitou o refúgio do titular para ela e a oportunidade dos bons se qualificarem e propiciar o crescimento de seguidores. Nesse emaranhado de voto, demagogia, qualidade e hierarquia sobreviveram os autênticos, remanescendo os formadores de opinião e pessoal e os que possuem criatividade para imperar com o intelecto. Julgo-me intrometido em fazer uma sequência de qualidades que o professor titular deve ter para preservar a universidade, na caminhada em busca da formação de pessoal e crescimento universitário. Substituir o poder pela hierarquia de competência. Professor Titular é aquele que se diferencia dos seguidores ou orientandos pela competência, pelo caráter, pelo progresso profissional e pelo compromisso institucional. Enfim, usa o passado, dinamiza o presente e arquiteta o futuro. O Titular deve aprender, exercitar e transferir: competência, equilíbrio, brio, moral ilibada e humildade para ter ascendência sobre colegas em formação. Só consegue agregar seguidores aquele que cultiva qualidades que, no mínimo, estejam no mesmo nível do grupo dirigido. Quais são essas qualidades, entre outras? Saber para convencer Moral para exemplificar-se Saúde para enfrentar os trabalhos Compostura para evitar críticas Trajar-se discretamente para uniformizar-se ao grupo Falar pouco para reservar-se Admoestar em particular para não desvalorizar o par Conter-se nas atividades físicas para cultivar o equilíbrio Refletir ininterruptamente para estimular o mesmo nos pares Ser cavalheiro para desenvolver o trato pessoal Investigar continuamente para instigar Polidez para humanizar o relacionamento médico- paciente Organizar-se para progredir Amar a instituição para o culto pátrio às atividades e ao patrimônio público Cultivar a bondade para estimular o sentimento caridoso Em sendo caridoso, tornar-se um benfeitor Em fazendo o bem, ser um Médico Três verbos fazem parte do seu trabalho: Ser, Ter e Dever

PROFESSOR TITULAR Com resultados reais. Head Professor Sem ... · Professor sem poder e sem a completa formação para fazer outros crescerem. O voto no departamento passou a imperar

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Page 1: PROFESSOR TITULAR Com resultados reais. Head Professor Sem ... · Professor sem poder e sem a completa formação para fazer outros crescerem. O voto no departamento passou a imperar

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ABCD Arq Bras Cir Dig Editorial2010;23(2): 69-70

PROFESSOR TITULAR

Head Professor

Alcino Lázaro da SILVAProfessor de Cirurgia e Emérito, UFMG

ABCD Arq Bras Cir Dig 2010;23(2): 69-70

ABCDDV/699

A Cátedra se foi com a reforma universitária e cada catedrático despediu-se com uma das duas condutas que adotava.

Na primeira, havia um comandante que usava do poder conferido pelo concurso e não permitia que os subordinados progredissem, se titulassem e atendessem às suas expectativas ou sonhos. Com relação a esse, a reforma beneficiou a comunidade universitária, liberando-a do pseudointelectual. Na segunda conduta, a comunidade perdeu um grande valor que era o professor real e autêntico, criador de seguidores competentes e progressistas. Usava do poder para fazer crescer os subordinados, sem medo de substituição ou quebra da hierarquia. Com o seu desaparecimento perdeu muito a comunidade universitária. O professor, o mestre!

A reforma, desorientada, substituiu a cátedra pela titularidade. Criou o professor titular, sem defini-lo corretamente, como um substituto que não adquiria poder mas deveria cultivar a liderança natural e intelectual. Todos os titulares se vincularam aos departamentos, numa cópia mal inspirada nos do exterior e com uma característica político-administrativa, superior à intelectual ou facilitadora da criação de oportunidade para o crescimento de todos. Professor sem poder e sem a completa formação para fazer outros crescerem. O voto no departamento passou a imperar e substituir a necessária e indispensável hierarquia de competência.

A consequência foi dar aos mais jovens, aos oportunistas, ou aos menos competentes, o direito de votar e ser votado o que os levou a candidatar-se às chefias de departamentos colocando o titular no patamar horizontal e bloqueando os que eram e são os formadores de outros professores qualificados.

Os jovens não cresceram como deviam e os titulares se desmotivaram na formação de pessoal. A sorte da universidade brasileira foi a pós-graduação, uma grande tábua de salvação, em que se possibilitou o refúgio do titular para ela e a oportunidade dos bons se qualificarem e propiciar o crescimento de seguidores.

Nesse emaranhado de voto, demagogia, qualidade e hierarquia sobreviveram os autênticos, remanescendo os formadores de opinião e pessoal

e os que possuem criatividade para imperar com o intelecto.

Julgo-me intrometido em fazer uma sequência de qualidades que o professor titular deve ter para preservar a universidade, na caminhada em busca da formação de pessoal e crescimento universitário. Substituir o poder pela hierarquia de competência.

Professor Titular é aquele que se diferencia dos seguidores ou orientandos pela competência, pelo caráter, pelo progresso profissional e pelo compromisso institucional. Enfim, usa o passado, dinamiza o presente e arquiteta o futuro.

O Titular deve aprender, exercitar e transferir: competência, equilíbrio, brio, moral ilibada e humildade para ter ascendência sobre colegas em formação.

Só consegue agregar seguidores aquele que cultiva qualidades que, no mínimo, estejam no mesmo nível do grupo dirigido.

Quais são essas qualidades, entre outras?

Saber para convencerMoral para exemplificar-seSaúde para enfrentar os trabalhosCompostura para evitar críticasTrajar-se discretamente para uniformizar-se ao grupoFalar pouco para reservar-seAdmoestar em particular para não desvalorizar o parConter-se nas atividades físicas para cultivar o equilíbrioRefletir ininterruptamente para estimular o mesmo nos

paresSer cavalheiro para desenvolver o trato pessoalInvestigar continuamente para instigarPolidez para humanizar o relacionamento médico-

pacienteOrganizar-se para progredirAmar a instituição para o culto pátrio às atividades e ao

patrimônio públicoCultivar a bondade para estimular o sentimento

caridosoEm sendo caridoso, tornar-se um benfeitorEm fazendo o bem, ser um Médico

Três verbos fazem parte do seu trabalho: Ser, Ter e Dever

Sem incisões. Com resultados reais.

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TERImaginaçãoReserva no falarPrudência (nas ações)AtitudeRespeito pela InstituiçãoAutoridadeHumildade para mudar ou reverAparência agradávelRiqueza de almaCoerênciaLisura no trato pessoalPaciência nas dificuldades

DEVERDeve:Superar dificuldadesDirigir com equilíbrioAdministrar com honradezCobrar atividadesSugerir ideiasMediar conflitos interpessoais

(incompatibilidade)Doar tempo e sacrifícioOuvir mais do que falarSaber captar recursosExercer a caridade (desprendido)Cumprir o deverConduzir o processo didático-

pedagógico

SERCompetenteCompromissadoPresenteCordialAutênticoÉticoCriativoLíderEnérgicoBondosoIlibadoJusto sem conivênciaTrabalhadorDiscretoSociávelFilantropoCulto sem ostentaçãoPatriota

Enfim, há que possuir o Dom

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Editorial

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