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PROFESSORA JULIANA VIEIRA PEREIRA – DIREITO CIVIL A LINDB é uma lei que visa regulamentar as próprias normas jurídicas. É também chamada de norma de sobredireito ou norma sobre normas. A LIND traz como conteúdo: 1. Início da obrigatoriedade da lei (art.1 º); 2. Tempo de obrigatoriedade da lei (art. 2º); 3. Garantia da eficácia global da norma jurídica (art. 3º); 4. Mecanismos de integração da norma jurídica, quando houver lacuna (art. 4º); 5. Critérios de hermenêutica jurídica (art. 5º); 6. Direito intertemporal (art. 6º); 7. Direito internacional privado brasileiro (arts. 7º a 17); 8. Atos civis, praticados no estrangeiro, pelas autoridades consulares brasileiras (arts. 18 e 19). Na verdade, é uma lei de introdução às leis, por conter princípios gerais sobre as normas sem qualquer discriminação. Trata-se de uma norma preliminar à totalidade do ordenamento jurídico 1 . 1. INÍCIO DA OBRIGATORIEDADE DA LEI. Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. O processo legislativo vem a ser um conjunto de fases constitucionalmente estabelecidas, pelas quais há de passar o projeto de lei, até sai transformação em lei vigente 2 . 1 Maria Helena Diniz, p. 74. 2 Maria Helena Diniz, p. 65. Promulgaç ão Publicaçã o Vigência Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (DECRETO-LEI Nº 4.657/42)

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A LINDB é uma lei que visa regulamentar as próprias normas jurídicas. É também chamada de norma de sobredireito ou norma sobre normas.

A LIND traz como conteúdo:1. Início da obrigatoriedade da lei (art.1 º);2. Tempo de obrigatoriedade da lei (art. 2º);3. Garantia da eficácia global da norma jurídica (art. 3º);4. Mecanismos de integração da norma jurídica, quando houver lacuna (art. 4º);5. Critérios de hermenêutica jurídica (art. 5º);6. Direito intertemporal (art. 6º);7. Direito internacional privado brasileiro (arts. 7º a 17);8. Atos civis, praticados no estrangeiro, pelas autoridades consulares brasileiras (arts. 18 e 19).

Na verdade, é uma lei de introdução às leis, por conter princípios gerais sobre as normas sem qualquer discriminação. Trata-se de uma norma preliminar à totalidade do ordenamento jurídico1.

1. INÍCIO DA OBRIGATORIEDADE DA LEI.

Art. 1o  Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada.

O processo legislativo vem a ser um conjunto de fases constitucionalmente estabelecidas, pelas quais há de passar o projeto de lei, até sai transformação em lei vigente2.

Em regra, as fases do processo legislativo são:

A promulgação é o ato pelo qual o Executivo atesta a existência da lei, dando autenticidade, ordenando sua aplicação e cumprimento.

A publicação é o ato pelo qual a nova lei se torna pública e obrigatória, já que possibilita o seu conhecimento pelos seus destinatários.1 Maria Helena Diniz, p. 74. 2 Maria Helena Diniz, p. 65.

Promulgação Publicação Vigência

Iniciativa Discussão Deliberação Sanção Promulgação Publicação

Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro

(DECRETO-LEI Nº 4.657/42)

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A vigência é o período de vida da norma, desde o início de sua obrigatoriedade até a sua revogação.

Nem sempre a data de publicação da lei coincide com a data da sua vigência, que poderá ser postergada para data posterior.

A Lei Complementar nº 95/98, que dispõe sobre a elaboração, a redação, a alteração e a consolidação das leis, prevê em seu art. 8º:

Art. 8º A vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a contemplar prazo razoável para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula "entra em vigor na data de sua publicação" para as leis de pequena repercussão.§ 1º A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subseqüente à sua consumação integral.   § 2º As leis que estabeleçam período de vacância deverão utilizar a cláusula ‘esta lei entra em vigor após decorridos (o número de) dias de sua publicação oficial’ .   

Diante do exposto, podemos concluir que a obrigatoriedade da norma de direito não se inicia na data da publicação, salvo se ela assim determinar.A escolha da data de início de vigência de uma lei compete ao legislador e é totalmente arbitrária.

Cláusula de Vigência é aquela que indica a data a partir da qual a lei entra em vigor.

Resumindo, o início da vigência de uma lei ocorrerá:

1. Na data da publicação: quando o legislador assim determinar de forma expressa.2. Em data posterior à publicação: quando o legislador for omisso (a lei entrará em vigor 45 dias após oficialmente publicada)3. Em data posterior à publicação quando o legislador expressamente mencionar o prazo da vacatio legis.

1.1. Vacatio Legis.

O intervalo que medeia entre a data da publicação e a data da vigência de lei é denominado “vacatio legis”.

Quando houver “vacatio legis”, antes do decurso do seu prazo, a lei não se tornará obrigatória, mesmo que devidamente promulgada e publicada.A LINDB adotou o princípio da vigência sincrônica, ou seja, simultânea em todo o território nacional.

Importante mencionar que a vacatio legis NÃO é obrigatória. Exceções: Artigos 150, III, “c” e 195 § 6º da CF.

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1.1.1. Forma de contagem.

O computo do prazo da “vacatio legis” ocorre da seguinte forma: inclui-se a data da publicação da lei e o último dia do prazo, iniciando a vigência da lei no dia seguinte.

Importa observar que não importa se o início da vigência ocorrer em sábado, domingo ou feriado, pois não se trata de prazo de cumprimento de obrigação, mas sim de início de vigência de lei.

Vamos treinar:

Prova: FCC - 2014 - TRT - 16ª REGIÃO (MA) - Analista Judiciário - Área Judiciária.Uma lei foi elaborada, promulgada e publicada. Por não conter disposição em contrário, entrará em vigor 45 dias depois de oficialmente publicada, data que cairá no dia 18 de abril, feriado (sexta-feira da paixão de Cristo); dia 19 de abril é sábado; dia 20 de abril é domingo; dia 21 de abril é feriado (Tiradentes). Essa lei entrará em vigor no diaa) 19 de abril. b) 21 de abril.c) 20 de abril. d) 22 de abril. e) 18 de abril.Gabarito: E

1.2. Prazo para entrada em vigor da lei brasileira no estrangeiro.

§ 1º   Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada. 

Existem situações em que a lei brasileira poderá ter aplicabilidade em países estrangeiros. Nesse caso, a obrigatoriedade da norma brasileira no exterior, não havendo prazo para sua entrada em vigor, será de 3 (três) meses depois de oficialmente publicada. A obrigatoriedade da lei brasileira em países estrangeiros ocorre nas hipóteses de atribuições dos ministros, embaixadores, princípios e convenções

Vigência

Data da Publicação Legislador menciona expressamente

Data Posterior à Publicação(Vacatio Legis)

Legislador é omisso(45 dias após a publicação)

Legislador menciona expressamente quantidade

em dias ou meses(CLÁUSULA DE VIGÊNCIA)

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internacionais, interesses de brasileiros no que se refere ao seu estatuto pessoal, dentre outros.

Nesse caso, a lei passará a ser reconhecida pelo direito internacional público e privado após o decurso da “vacatio legis” de 3 (três) meses.

Ora, se, porventura, o comando legal estipular prazo de vacatio legis superior 3 (três) meses, não faz sentido a lei se tornar obrigatória em território estrangeiro sem que tenha iniciado a sua vigência no Brasil. Nesses casos, aguarda-se o início da vigência da lei em território nacional. Exemplo: Lei 12.874/2013.

Obs.: circulares e instruções dirigidas a autoridade e funcionários brasileiros no exterior, convém lembrar que serão aplicáveis assim que chegarem ao conhecimento dessas pessoas de forma oficial.

1.3. Obrigatoriedade da lei revogada durante a “vacatio legis”.

A lei revogada, durante o período da vacatio legis, ainda estará em vigor, pois a lei nova só produzirá efeitos e se tornará obrigatória quando vencer o prazo estipulado na lei. A lei anterior, nesse intervalo, deverá ser observada mesmo que incompatível com a lei nova.

1.4. Lei corretiva.

§ 3º   Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação.§ 4º   As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.

Pode acontecer de uma lei ser publicação com alguma incorreção (erro). Nesse caso, duas são as situações:

1. Lei não entrou em vigor, ou seja, está no prazo de vacatio legis.Após a correção, republica-se a lei e inicia a nova contagem do prazo da vacatio da data da publicação da correção, anulando-se o tempo decorrido.Apenas as partes corrigidas terão prazo de vigência contado da nova publicação.

2. Lei já entrou em vigor.A correção de lei já em vigor é considerada lei nova e o começo de obrigatoriedade se aplica o princípio geral da vacatio legis. Se omisso, 45 dias, ou legislador utiliza-se da cláusula de vigência.

2. TEMPO DE OBRIGATORIEDADE DA LEI.

2.1. Princípio da continuidade da lei.

Art. 2o   Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. 

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Por esse princípio podemos dizer que só LEI revoga LEI. A lei tem caráter permanente. Exceção: LEI TEMPORÁRIA.A lei temporária é a que nasce com termo prefixado de duração ou com um objetivo a ser cumprido. A lei já nasce com um prazo para perder sua vigência.

2.2. Revogação da lei.

§ 1º   A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.

Revogação é a supressão da força obrigatória da lei, retirando-lhe a sua eficácia, o que só pode ser feita por outra lei da mesma hierarquia ou hierarquia superior.

Quanto à extensão a revogação pode ser:

1. TOTAL (AB-ROGAÇÃO). Ex: CC 19162. PARCIAL (DERROGAÇÃO). Ex.: C. Comercial e art. 1.796 CC

Quanto à forma de execução a revogação pode ser:

1. EXPRESSA Lei declara expressamente

2. TÁCITA(ocorre de duas formas)

Lei nova incompatível*é a revogação tácita por incompatibilidade

Lei nova regula inteiramente matéria da lei anterior *é a revogação tácita global

Obs.: - A revogação expressa e a revogação tácita global tem o mesmo efeito (ambas revogam totalmente a lei anterior). - A diferença é que a primeira declara expressamente a revogação a segunda não, mas regula inteiramente a matéria da lei anterior.

VEJA COMO É FÁCIL ENTENDER:

O Código Civil/02 em seu Artigo 2.045 revogou totalmente o Código Civil/16 anterior de forma expressa.Caso esse artigo de revogação expressa não tivesse sido escrito pelo legislador, a revogação ocorreria da mesma forma, porque o CC/02 regulou inteiramente a matéria do CC/16 a revogação ocorreria da mesma forma, só que de forma tácita (global).

2.3. Ineficácia de lei.

Ocorre quando a lei está em vigor, mas deixa de ser aplicada, tornando-se ineficaz.

a) costume contra legem – cheque pré-datado.

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b) caducidade – lei temporária.c) desuso – adultério.d) decretação de sua inconstitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal, cabendo ao Senado suspender-lhe a execução (CF, art. 52, X).e) anterioridade da lei tributária – art. 150, III, b, CF.f) lei que altera processo eleitoral – art. 16 CF.

2.4. Princípio da conciliação.

§ 2º   A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.

Consiste na possibilidade de convivência harmônica das normas gerais com as especiais, que versem sobre a mesma matéria, sempre que possível. Exemplo: Lei nº. 11.804/2008 e artigos 1.694 a 1.710 CC.

*Pode ser promulgada nova lei sobre o mesmo assunto de norma já promulgada, sem que se ab-rogue tacitamente a anterior. 

Para melhor entendimento:- Se a lei nova apenas estabelecer disposições gerais ou especiais, sem conflitar com a antiga, não a revogará.- As leis especiais não revogam nem modificam as leis gerais (Ex.: o CDC/90 não revogou nem modificou o CC/16). - As leis gerais não revogam nem modificam as leis especiais (Ex.: o CC/02 não revogou nem modificou o CDC/90).

2.5. Estudo das antinomias.

As antinomias jurídicas representam o conflito de duas normas válidas emanadas de autoridade competente (lacunas de conflito ou de colisão).

Em casos tais três são os critérios para solução desses conflitos (Bobbio e MHD): cronológico, especialidade e hierárquico.a) critério cronológico.É o mais fraco de todos.

b) critério da especialidade. Em uma visão clássica é o critério intermediário.Obs.: entretanto, é importante salientar que a especialidade consta da segunda parte da isonomia constitucional prevista no art. 5º da CF: a lei deve tratar de maneira igual os iguais e de maneira desigual os desiguais.

c) critério hierárquico. É o mais forte de todos pela organização do ordenamento jurídico.

Classificação das antinomias:

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Se a antinomia envolver um desses critérios, será de 1º grau. Se envolver dois desses critérios será de 2º grau. Se houver solução de acordo com os três critérios a antinomia será aparente. Se não houver solução de acordo com os três critérios a antinomia será real.Antinomia aparente: situação que pode ser resolvida de acordo com metacritérios expostos.Antinomia real: situação que não pode ser resolvida de acordo com os metacritérios antes expostos.

Vejamos:

Norma Posterior X Norma Anterior = Antinomia de 1º grau aparente

Norma Especial X Norma Geral = Antinomia de 1º grau aparente

Norma Superior X Norma Inferior = Antinomia de 1º grau aparente

Norma Anterior Especial X Norma Posterior Geral = Antinomia de 2º grau aparente 1

Norma Anterior Superior X Norma Posterior Inferior = Antinomia de 2º grau aparente

Norma Superior Geral X Norma Inferior Especial = Antinomia de 2º grau real 2

1Obs.: a especialidade é mais forte que o critério cronológico, pois consta da CF/88, enquanto que o último critério consta da LINDB em seu art. 2º.2Em uma visão clássica a norma superior geral prevalece sobre a norma inferior especial, pois o critério hierárquico é o mais forte de todos (Bobbio). Entretanto MHD aponta que esta conclusão pode trazer situações injustas, uma vez que a especialidade também consta da CF/88. Assim a antinomia no último caso é real, sendo duas as soluções possíveis.

1ª solução do legislativo – aplicação de uma terceira norma nova dizendo qual das duas se aplica.2ª solução do judiciário – o juiz da causa deverá escolher uma das duas normas buscando o preceito “máximo de justiça”. Para tanto, deverá aplicar os artigos 4º e 5º da LINDB: analogia, costumes, princípios gerais de direito e fim social da norma.

Vamos treinar!Prova: FCC - 2014 - SEFAZ-RJ - Auditor Fiscal da Receita Estadual.A Lei nº 11.441, de 04/01/2007, deu nova redação ao art. 983 do Código de Processo Civil, estabelecendo que o processo de inventário e partilha deve ser aberto dentro de sessenta (60) dias a contar da abertura da sucessão. O art. 1796 do Código Civil em vigor, cuja redação não foi alterada por aquela lei, dispõe que no prazo de trinta dias, a contar da abertura da sucessão, instaurar-se-á inventário do patrimônio hereditário. Considerando o que dispõe a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro,a) o art. 1.796 do Código Civil foi revogado expressamente com a nova redação do art. 983 do Código de Processo Civil.b) o art. 1.796 do Código Civil sofreu revogação tácita.

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c) o art. 983 do Código de Processo Civil e o art. 1796 do Código Civil vigoram concomitantemente, embora dispondo de maneira diversa sobre a mesma matéria.d) o art. 1.796 do Código Civil não foi revogado, porque só se admitiria sua revogação expressa, por se tratar de regra inserida em um Código.e) a nova redação do art. 983 do Código de Processo Civil só entrará em vigor depois de também ser modificada a redação do art. 1.796 do Código Civil.Gabarito: B

2.6. Repristinação.

§ 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.

É a restauração da vigência de uma lei anteriormente revogada em virtude da revogação da lei revogadora.

O fenômeno repristinatório existe no direito brasileiro, porém ele NÃO é automático, devendo vir expresso na lei.

Exemplo:LEI A revoga LEI BLEI B é revogada pela LEI CLei A (revogada) não volta a ter vigência por ter a lei revogadora (B) ter sido revogada (pela C).

3. GARANTIA DA EFICÁCIA GLOBAL DA NORMA JURÍDICA (OBRIGATORIEDADE DAS LEIS)

Art. 3º Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.

Tal dispositivo visa garantir a eficácia global da ordem jurídica, que estaria comprometida se se admitisse a alegação de ignorância da lei vigente.

4. MECANISMOS DE INTEGRAÇÃO DA NORMA JURÍDICA, QUANDO HOUVER LACUNA.

Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.

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O legislador não consegue prever todas as situações para o presente e para o futuro, pois o direito é dinâmico e está em constante movimento, acompanhando a evolução da vida social, que traz em si novos fatos e conflitos.

Existem situações não previstas de modo específico pelo legislador e que reclamam solução por parte do juiz. O juiz não pode deixar de proferir uma decisão alegando que a lei é omissa. Trata-se do Princípio da Obrigatoriedade da Jurisdição.

É o que prevê o artigo 126 do Código de Processo Civil.

Art. 126. O juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo, recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de direito. 

Analogia: aplicação de uma norma próxima ou de um conjunto de normas próximas. Exemplo: aplicação do art. 157, § 2º, para o estado de perigo (Art. 156 CC) – é hipótese de analogia, como reconhece o Enunciado 148 CJF/STJ.

Costumes: práticas e usos reiterados com conteúdo lícito e relevância jurídica. Exemplos: Artigos 13 e 187 CC.

Princípios gerais do direito: são regramentos básicos aplicáveis a um determinado instituto ou ramo jurídico, visando a auxiliar o aplicador do direito na busca da justiça e da pacificação social.

Obs,: os princípios podem ser extraídos nas normas jurídicas, dos costumes, da doutrina, da jurisprudência e de aspectos políticos, econômicos e sociais.

IMPORTANTE: Na prova, essa ordem deve ser respeitada: analogia, costumes e princípios gerais de direito.

NÃO CONFUNDIR: a equidade não constitui meio supletivo de lacuna na lei, sendo mero recurso auxiliar da aplicação desta. Ver art. 127 CPC.

Mecanismos destinados a suprir

as lacunas da lei

Analogia

Costumes

Princípios gerais de direito

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Vamos treinar!

Prova: FCC - 2014 - TRT - 16ª REGIÃO (MA) - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador.Quando, não havendo norma prevista para a solução do caso concreto, o juiz decide utilizando um conjunto de normas próximas do próprio ordenamento jurídico. Neste caso, está aplicando:a) os costumes.b) a analogia.c) os princípios gerais de Direito.d) a equidade legal.e) a equidade judicial.Gabarito: B

Prova: FCC - 2014 - TRT - 2ª REGIÃO (SP) - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador.Em termos de eficácia legislativa, entende-se que a lei é o parâmetro maior para o juiz. Este, porém, na omissão da lei, deverá decidir o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. Este enunciado concerne ao princípio.a) da eventualidade processual. b) da obrigatoriedade da lei.c) da obrigatoriedade da jurisdição.d) do devido processo legal. e) do livre convencimento e o da persuasão racional.Gabarito: C

Prova: FCC - 2014 - TRT - 19ª Região (AL) - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador.João cumpre os requisitos para se aposentar. No entanto, algum tempo depois, é editada lei que amplia em 5 anos o prazo para sua aposentação. João:a) poderá se aposentar, mas apenas se o requerer no prazo de 15 dias do início da vigência da nova lei. b)  terá de aguardar 5 anos para se aposentar, pois a lei nova possui efeito imediato, impondo-se aos fatos passados, pendentes e futuros. c) poderá se aposentar, pois, apesar de possuir efeito imediato, a lei nova deve respeitar o direito que João já havia adquirido. d)  terá que aguardar 5 anos para se aposentar, pois o direito somente é adquirido com o seu exercício efetivo. e) poderá se aposentar, pois, apesar de possuir efeito imediato, a lei nova deve respeitar a expectativa que João possuía sobre o direito, por questão de justiçaGabarito: C

5. CRITÉRIOS DE HERMENÊUTICA JURÍDICA.

Art. 5º   Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.

Hermenêutica é a ciência de interpretação das leis.

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O artigo 5º adotou a interpretação sociológica ou teleológica, que tem por objetivo adaptar o sentido da norma às novas exigências sociais, com abandono do individualismo. Esse artigo é a origem do princípio da socialidade.

6. DIREITO INTERTEMPORAL.

Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.  § 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.  § 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.  § 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso. 

A norma jurídica é criada para valer ao futuro, sendo a retroatividade exceção, somente se prevista em lei eventualmente poderá atingir fatos pretéritos, desde que respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.

Regra: Irretroatividade

Exceção: Retroatividade mínima, mas sempre respeitando o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.

Direito adquirido: é o direito material ou imaterial já incorporado ao patrimônio de uma pessoa natural, jurídica ou ente despersonalizado. Exemplo: benefício previdenciário já usufruído por alguém.

Ato jurídico perfeito: é a manifestação de vontade lícita, já emanada por quem esteja em livre disposição e aperfeiçoada. Ex.: casamento celebrado pelo Código Civil de 1916.

Coisa julgada: é a decisão judicial já prolatada, da qual não cabe mais recurso.

7. DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO BRASILEIRO (ARTS. 7º A 17).

Esses artigos regulam o chamado Estatuto do Direito Internacional, e é mais comum constarem perguntas sobre os assuntos nas provas específicas dessas matérias (Direito Internacional Público e Privado).

Pelo princípio da territorialidade da lei a regra é que no Brasil somente se pode aplicar a norma jurídica nacional. Os Estados contemporâneos, todavia, têm admitido, em determinadas circunstâncias, a aplicação de normas estrangeiras e de fontes do Direito Internacional Público (tratados e convenções) em seu território, com o intuito de facilitar as relações entre os países.

Dessa forma, nosso país adotou o princípio da territorialidade moderada ou temperada, princípio pelo qual as leis e as sentenças estrangeiras podem ser aplicadas

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no Brasil, observadas certas regras, algumas delas constantes na própria Lei de Introdução.

REGRA: Aplica-se lei brasileira.

EXCEÇÃO: Aplicam-se normas e sentenças de outros países, desde que respeitado os parâmetros da LINDB.

7.1. Principais regras:

Artigo Assunto Lei Aplicável7º, caput“Estatuto pessoal é a situação jurídica que rege o estrangeiro pela lei de seu país de origem”

- Começo e fim da personalidade- Nome- Capacidade- Direito de Família

Lei do país do domicílio(lex domicilii)

Artigo Assunto Regra7º, § 1º Casamento realizado no

BrasilAplica-se lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e formalidades da celebração

7º, § 2º Casamento de estrangeiro(nubentes e autoridade diplomática com a mesma nacionalidade)

Possibilidade de celebração perante autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes

7º, § 3º Validade ou invalidade do matrimônio

- Aplica-se lei do domicílio (lex domicilli)- Domicílios diversos, primeiro domicílio conjugal

Art. 7º, § 4º Regime de bens - Aplica-se lei do domicílio (lex domicilli)- Domicílios diversos, primeiro domicílio conjugal

Art. 7º, § 5º Mudança regime bens - Estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, com anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de naturalização, a adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros e dada esta adoção ao competente registro

Art. 7º, § 6º Divórcio realizado no estrangeiro com cônjuge brasileiro

Homologação no Brasil pelo STJ, não há mais necessidade da espera de 1 ano

Exemplos 7º, § 3º:

- Noivos franceses, domiciliados na França, casam-se no Brasil e o casamento é regido pela lei brasileira. Posteriormente, no Brasil, discutem judicialmente a validade desse

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casamento. Qual lei será aplicável para invalidade do casamento, a brasileira (brasileira ou a francesa)?R. A francesa, pois ambos são domiciliados na França, e nesse caso aplica-se a lex domicilli.

- Noiva domiciliada no Brasil e noivo domiciliado na França, com primeiro domicílio conjugal no Brasil. Qual lei será aplicável para validade ou invalidade do casamento, a brasileira (brasileira ou a francesa)? R. A brasileira, lei do primeiro domicílio conjugal.

- Noivo domiciliado na Alemanha, noiva domiciliada na Itália, e primeiro domicílio conjugal na Itália. Qual lei será aplicável para validade ou invalidade do casamento, a brasileira (brasileira ou a italiana)? R. A italiana, primeiro domicílio conjugal.

Artigo Assunto RegraArt. 7º, § 7º Domicílio chefe de família

(marido e mulher)Estende-se aos filhos não emancipados, salvo no caso de abandono

Art. 7º, § 7º Domicílio do tutor ou curador

Estende-se aos incapazes sob sua guarda, salvo no caso de abandono

Art. 7º, § 8º Pessoa sem domicílio (adômide)

Considerar-se-á domiciliada no lugar de sua residência ou naquele em que se encontre.

Artigo Assunto RegraArt. 8º, caput Bens (móveis ou imóveis) Lei do país onde estão

situados (lex rei sitiae)Art. 8º, § 1º Bens móveis: posse

proprietário ou destinado a transporte

Lei do país em que for domiciliado o proprietário

Art. 8º, § 2º Penhor (direito real de garantia sobre bens móveis)

Lei do domicílio da pessoa que tem a posse (lex domicilii)

Artigo Assunto RegraArt. 9º, caput Obrigações Lei do país em que se

constituírem (locus regit actum)

Art. 9º, § 1º Obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma essencial prevista na lei nacional, será esta observada(Ex.: necessidade de escritura pública (forma especial) para compra e venda de bem imóvel acima de 30 salários mínimos. Art. 109 CC)

Admite-se as peculiaridades da lei estrangeira quando aos requisitos extrínsecos do ato

Art. 9º, § 2º Obrigações resultantes de contrato(contratos internacionais)

Lugar em que residir o proponente

Art. 435 CC Celebração do contrato(contratos nacionais)

Lugar onde foi proposto

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Os artigos 9º, § 2º da LINDB e 435 do Código Civil são exemplos do princípio da conciliação das leis, previsto no art. 2º, § 2º da LINDB, que consiste na possibilidade de convivência harmônica das normas gerais com as especiais, que versem sobre a mesma matéria, sempre que possível.

Artigo Assunto Lei aplicávelArt. 10º, caput Sucessão por morte ou por

ausência Lei do país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens

Art. 10º, § 1º Sucessão de bens de estrangeiros, situados no País

Lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus

Art. 10º, § 2º Capacidade para suceder Lei do domicílio do herdeiro ou legatário

Outros artigos importantes:

Art. 11.  As organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como as sociedades e as fundações, obedecem à lei do Estado em que se constituirem.

§ 1º   Não poderão, entretanto ter no Brasil filiais, agências ou estabelecimentos antes de serem os atos constitutivos aprovados pelo Governo brasileiro, ficando sujeitas à lei brasileira.§ 2º   Os Governos estrangeiros, bem como as organizações de qualquer natureza, que eles tenham constituido, dirijam ou hajam investido de funções públicas, não poderão adquirir no Brasil bens imóveis ou susceptiveis de desapropriação.

§ 3º Os Governos estrangeiros podem adquirir a propriedade dos prédios necessários à sede dos representantes diplomáticos ou dos agentes consulares.

Art. 12.   É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação.

§ 1º   Só a autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações relativas a imóveis situados no Brasil.

§ 2º  A autoridade judiciária brasileira cumprirá, concedido o exequatur e segundo a forma estabelecida pele lei brasileira, as diligências deprecadas por autoridade estrangeira competente, observando a lei desta, quanto ao objeto das diligências.

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Art.  13.   A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira desconheça.

Art. 14.   Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca prova do texto e da vigência.

Art. 15.   Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna os seguintes requisitos:a) haver sido proferida por juiz competente;b) terem sido os partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia;c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no lugar em que foi proferida;d) estar traduzida por intérprete autorizado;e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal. (Vide art.105, I, i da Constituição Federal).

Requisitos para execução de sentença proferida no estrangeiro

- proferida por juiz competente- terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado a revelia- ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para execução no lugar em que foi proferida- estar traduzida por intérprete autorizado- ter sido homologada pelo STJ

Art. 16.   Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei.

Art. 17.   As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes.

8. ATOS CIVIS, PRATICADOS NO ESTRANGEIRO, PELAS AUTORIDADES CONSULARES BRASILEIRAS.

Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascido no país da sede do Consulado.  § 1º   As autoridades consulares brasileiras também poderão celebrar a separação consensual e o divórcio consensual de brasileiros, não havendo filhos menores ou incapazes do casal e observados os requisitos legais quanto aos prazos, devendo constar da respectiva escritura pública as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns e à pensão

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alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou à manutenção do nome adotado quando se deu o casamento. § 2º   É indispensável a assistência de advogado, devidamente constituído, que se dará mediante a subscrição de petição, juntamente com ambas as partes, ou com apenas uma delas, caso a outra constitua advogado próprio, não se fazendo necessário que a assinatura do advogado conste da escritura pública.”

Art. 19. Reputam-se válidos todos os atos indicados no artigo anterior e celebrados pelos cônsules brasileiros na vigência do Decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942, desde que satisfaçam todos os requisitos legais. Parágrafo único. No caso em que a celebração desses atos tiver sido recusada pelas autoridades consulares, com fundamento no artigo 18 do mesmo Decreto-lei, ao interessado é facultado renovar o pedido dentro em 90 (noventa) dias contados da data da publicação desta lei.

Neste ponto, sugiro a leitura dos artigos 1º até 69 do Código Civil.

1. DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE.

Código Civil

Das Pessoas Naturais

Da Personalidade e da Capacidade

Dos Direitos da Personalidade

Da AusênciaDas Pessoas Jurídicas

DAS PESSOAS

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Personalidade jurídica: aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações na ordem civil.

Capacidade: é a medida da personalidade.

Prevê o art. 1º do CC que toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.

Art. 1o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.

“Ordem civil” traz a idéia de socialidade (Miguel Reale).

O dispositivo consagra a capacidade de direito que toda pessoa tem sem distinção. Há ainda a capacidade de

fato, que é aquela para exercer direitos e que algumas pessoas não têm (os incapazes dos artigos 3º e 4º do CC).

Capacidade de direito: Aptidão genérica para titularizar direitos e obrigações inicia com nascimento com

vida.

Capacidade de fato: Capacidade para exercer pessoalmente os atos da vida civil inicia aos 18 anos (art. 5º).

A capacidade não se confunde com os seguintes conceitos:

a) personalidade – soma de caracteres da pessoa, ou seja, o que a pessoa é para si e socialmente.

b) legitimidade – capacidade processual específica, nos termos do art. 3º do CPC, uma das condições da ação.

Exemplo: art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e

reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.

Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista

neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o

todos seres humanosPessoas naturais

nascimento com vidaPersonalidade jurídica

morteTérmino

Capacidade de Direito

Capacidade de Fato

Capacidade Civil Plena

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quarto grau.

OBS.: Aqui o artigo utilizou-se da expressão incorreta. Por ser uma norma processual, deveria

ser legitimidade e não legitimação.

c) legitimação – capacidade especial para celebrar determinado ato ou negócio jurídico. Exemplos: outorga

conjugal (uxória ou marital), art. 1.647 CC e art. 580.

Obs.: a falta da outorga para esses atos ou negócios gera anulabilidade. Exemplos: vender imóvel, hipotecar,

fazer doação, prestar fiança.

Vamos treinar! (Prova: FCC - 2009 - TJ-PA - Analista Judiciário - Área Judiciária / Direito Civil )

Sendo o ser humano sujeito de direitos e deveres, nos termos do disposto no art. 1º do Código Civil, pode-se afirmar

que:

a) capacidade se confunde com legitimação.

b) todos possuem capacidade de fato.

c) capacidade é a medida da personalidade.

d) não existe mais de uma espécie de capacidade.

e) a capacidade de direito é sinônimo de capacidade limitada.

Gabarito: c

1.1. Início da personalidade civil.

Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a

salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.

A personalidade jurídica plena inicia-se com o nascimento com vida, ainda que por poucos instantes.

Prevê o artigo 2º do CC que a personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida (TEORIA

NATALISTA); mas a lei põe a salvo desde a concepção os direitos do nascituro (TEORIA CONCEPCIONISTA).

Nascituro é aquele que foi concebido, mas ainda não nasceu.

Quanto à situação jurídica do nascituro, sempre existiu divergência e o art. 2º do CC/02 deixa dúvidas, pois

utiliza as expressões “nascimento” e “concepção”.

Duas são as correntes quanto ao nascituro:

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a) teoria natalista: o nascituro não é pessoa humana, pois a personalidade começa com o nascimento com vida,

tendo apenas expectativas de direitos (Silvio Rodrigues, Caio Mario, Washington de Barros Monteiro, Clovis

Bevilacqua, Venosa). É A ADOTADA PELO CÓDIGO CIVIL.

b) teoria concepcionista: o nascituro é pessoa humana, pois tem direitos da personalidade desde a concepção,

teoria que prevalece na doutrina atualmente (Rubens Limongi França, Silmara Chinelato, Pablo e Pamplona,

Maria Helena Diniz, Renan Lotufo), ou seja, o nascituro é pessoa humana e tem reconhecidos em lei os direitos

existenciais de personalidade (Flávio Tartuce).

Essa última corrente também tem prevalecido no STJ podendo ser citado o Resp 399028/SP em que se entendeu

pela possibilidade de danos morais ao nascituro, pela morte de seu pai ocorrida antes do nascimento.

A teoria concepcionista é confirmada pelo art. 5º da Lei nº. 11.105/05 (Lei de Biosegurança), pelo qual, em regra,

não é permitida a utilização de células embrionárias, salvo alguns requisitos.

1.2. Incapacidade.

Absolutamente incapazes (art. 3º) Relativamente incapazes (art. 4º)

I - menores de 16 anos

(menores impúberes)

I - maiores de dezesseis e menores de

dezoito anos

(menores púberes)

II - os que, por enfermidade ou

deficiência mental, não tiverem o

necessário discernimento para a prática

desses atos

II - ébrios habituais, os viciados em

tóxicos, e os que, por deficiência mental,

tenham o discernimento reduzido

III - os que, mesmo por causa transitória,

não puderem exprimir sua vontade.

III - excepcionais, sem desenvolvimento

mental completo

IV - pródigos.

(Interditado)

Diferenças

Representados Assistidos

Nulidade (art. 166, I) Anulabilidade

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Obs.:

1. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial. Lei nº. 6.001/73.

2. Surdo-mudo: poderá ser considerado relativamente incapaz, absolutamente incapaz ou plenamente capaz.

Dependerá da analise pessoal de cada pessoa.

3. Ausência: não é mais causa de incapacidade, mas sim de inexistência da pessoa natural por morte presumida.

4. Os maiores de 16 anos e menores de 18 podem praticar alguns atos sem assistência: aceitar mandato (art.

666), ser testemunha (art. 228, I), fazer testamento (art. 1.860, parágrafo único), celebrar contrato de trabalho,

ser eleitor.

1.3. Emancipação.

É a aquisição da maioridade civil antes da idade legal.

Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à

prática de todos os atos da vida civil.

Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:

I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento

público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o

tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;

II - pelo casamento;

III - pelo exercício de emprego público efetivo;

IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;

V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego,

desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia

própria.

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n

1.4. Extinção da pessoa natural.

A morte é o fim da existência humana. O CC no art. 6º dispõe que termina a existência da pessoa natural com a

morte (obviamente observado à luz do cadáver humano), quando não há necessidade de reconhecimento

judicial desse fato. No entanto, em casos excepcionais, pode ocorrer a morte real sem cadáver (ou como

menciona o art. 7º, morte presumida sem ausência) ou também o caso de ausência como presunção de morte.

Em ambos os casos, haverá necessidade de decisão judicial para declarar-se a morte, conforme esquema abaixo:

Espécie de emancipação

Voluntária:é a concedida pelos pais se o menor tiver 16 anos

completos

- concessão de ambos os pais, em decorrência de ato

unilateral destes- ou por um deles na falta do

outro, devidamente justificada- divregência entre os pais,

será dirimida pelo juiz- instrumento público

- irrevogável- anulável se não for de

interesse do menor

Judicial: é a deferida por sentença, ouvido o tutor, em

favor do tutelado que já completou 16 anos.

- menor sob tutela que já completou 16 anos

- procedimento judicial de jurisdição voluntária

- sentença judicial

Legal: é a que decorre de determinados fatos previstos

na lei.

- casamento - exercício de emprego público

efetivo- colação de grau em curso de

ensino superior- estabelecimento civil ou comercial ou relação de

emprego, que gerem econômia própria

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Observações sobre ausência (artigos 22 até 39 do Código Civil):

Morte ficta com decretação de ausência.

a) curadoria dos bens do ausente.

- nomeação de curador com a seguinte ordem de preferência, caso o ausente não tenha deixado representante:

cônjuge, pais do ausente, descendentes, curados ad hoc (nomeado pelo juiz).

b) sucessão provisória

- um ano após a arrecadação dos bens do ausente e da nomeação do curador, abre-se sucessão provisória.

- se deixou representante, após três anos da arrecadação de bens do ausente.

- se não houver interessado, cabe ao MP requerer.

- a sentença de sucessão provisória produz efeito 180 dias de publicada na imprensa.

- após a sentença transitada em julgado, ocorrerá a abertura de testamento (se houver) e deve ser instaurado

inventário e partilha, como se o ausente falecido fosse.

- herdeiros ficam na posse provisória dos bens do ausente e se o ausente aparecer ou provar existência, depois

de estabelecida posse provisória, cessarão as vantagens dos sucessores nela emitidos.

c) sucessão definitiva.

Extinção da pessoa natural

Morte real

- paralisação da atividade encefálica- atestado de óbito

Comoriência: modalidade de morte real quando duas pessoas falecem na mesma ocasião não podendo averiguar qual morreu primeiro.Consequência: presumem-se simultaneamente mortos.Relevância: não há transferência de bens e direitos sucessórios entre os comorientes.

Morte presumida

com decretação de ausência

- pessoa desaparecida que não deixou representanteFases:- curadoria dos bens do ausente- sucessão provisória- sucessão definitiva: 10 anos depois da sentença que decretou a sucessão provisória ou 80 anos e cinco anos desaparecido

sem decretação de ausência

- extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida- desaparecido em campanha ou feito prisionerio, não for encontrado até dois anos após o término da guerra- sentença fixa provável data do falecimento

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- dez anos depois de passado em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória, poderão os

interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas (artigos 30 e 36).

- ausente com 80 anos de idade e 5 anos de desaparecido, poderão os herdeiros requerer a sucessão definitiva

antes do prazo de dez anos.

- regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, terá ele direito somente em

relação aos bens ainda existentes, no estado em que se encontrarem, ou aos bens sub-rogados (necessita de

prova).

- após o prazo de dez anos se não regressar os bens arrecadados serão definitivamente dos herdeiros.

- não retornando o ausente e não tendo herdeiros os bens serão declarados vagos, passando ao domínio do

Estado (Município ou DF ou União em caso de territórios federais).

1.5. Direitos da personalidade (artigos 11 a 21 do CC).

Conceito de direito da personalidade: são os direitos inerentes à pessoa e à sua dignidade. Relacionam-se com

os seguintes ícones principais protegidos no CC: vida, integridade física/psíquica, honra, nome, imagem,

intimidade.

Classificação:

a) vida e integridade física (corpo vivo, cadáver, voz);

b) integridade psíquica e criações intelectuais (liberdade, criações intelectuais, privacidade, segredo);

c) integridade moral (honra, imagem, identidade pessoal).

Observação: essa relação não é taxativa, pois não exclui outros direitos que podem ser colocados a favor da

pessoa humana.

Direitos da Personalidade

Instransmissíveis Irrenunciáveis

- Direito ao corpo (artigos 13, 14 e 15 CC)- Direito ao nome (artigos 16 a 19 CC)- Direito aos escritos, transmissão da palavra e imagem (artigos 20 e 21 CC)

- Tutela da pesonalidade (art. 12)

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Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são

intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.

Em regra os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo seu exercício sofrer

limitação voluntária.

Intransmissibilidade e irrenunciabilidade: não podem seus titulares deles dispor, transmitindo-os a terceiros,

renunciando ao seu uso ou abandonando-os, pois nascem e se extinguem com eles, dos quais são

inseparáveis. Evidentemente, ninguém pode desfrutar em nome de outrem bens como a vida, a honra, a

liberdade, etc.

Apesar da menção legislativa existe uma parcela desses direitos que é destacável, envolvendo o aspecto

patrimonial.

Aspecto Patrimonial

Exemplos:

direitos patrimoniais do autor e uso de imagem de atleta profissional.

abuso na veiculação da informação.

Um dos aspectos da função social do contrato em sua eficácia interna (entre as partes contratantes) é a

proteção dos direitos da personalidade, como reconhece o Enunciado 23 das Jornadas de Direito Civil3.

Exemplo: o programa BBB em si não constitui lesão à direitos da personalidade, pois a pessoa pode exibir a sua

intimidade. Entretanto é nulo o contrato celebrado entre participante do programa e emissora em que o

primeiro renuncia danos morais em decorrência da edição de imagens (objeto ilícito, art. 166, inciso II, CC).

Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e

reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.

3 Enunciado 23. Art. 421: a função social do contrato, previsto no art. 421 do novo CC, não elimina o princípio da autonomia contratual, mas atenua ou reduz o alcance desse princípio quando presentes interesses metaindividuais ou interesse individual relativo à dignidade da pessoa humana.

Direitos da

Personalidade

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Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida

prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou

colateral até o quarto grau.

O artigo 12 trata da tutela da personalidade, consagrando 2 princípios:

1. Princípio da prevenção com a possibilidade de tutela específica, caso da multa ou astreintes (art. 461 CPC).

Exemplo: retirar do mercado uma biografia não autorizada.

2. Princípio da reparação integral dos danos.

O próprio STJ já consolidou entendimento de que a cumulação é tripla: danos materiais + danos morais + danos

estéticos.

Direitos de personalidade do morto: legitimidade dos lesados indiretos, que sofrem o “dano em ricochete”.

Exemplo: inscrição indevida do nome do morto em cadastro de inadimplentes.

Art. 12, parágrafo único Art. 20, parágrafo único

Direitos da Personalidade (geral) Direito de Imagem (especial)

Cônjuge, ascendentes, descendentes, colaterais

até 4º grau;

Cônjuge, ascendentes, descendentes;

Direito ao corpo(artigos 13, 14 e 15)

Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do

próprio corpo, quando importar diminuição permanente da

integridade física, ou contrariar os bons costumes

O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma

estabelecida em lei especial.

É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição

gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da

morte

O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer

tempo

Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a

tratamento médico ou a intervenção cirúrgica

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Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo,

quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons

costumes.

Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na

forma estabelecida em lei especial.

Este artigo é dedicado à proteção do corpo vivo (estrutura básico-fisiológica do corpo + forma natural da

pessoa, com seus defeitos e limites).

Exemplo de exigência médica: amputação em caso de diabetes.

Tatuagem e piercing: é uma modificação estética permitida após 18 anos completos (indisponibilidade dos

direitos da personalidade).

Prática de esportes: gera responsabilidade civil se os danos foram provocados pela inobservância das regras

esportivas.

Transplante: a Lei nº. 9.434/97 disciplina a disposição GRATUITA de tecidos, órgãos e partes do corpo humano,

em vida ou post mortem, para fins de transplante e tratamento.

Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio

corpo, no todo ou em parte, para depois da morte.

Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo.

A disposição deve ser GRATUITA e somente para fins científicos ou altruísticos, sendo vedada a venda de órgãos,

podendo ser revogada a qualquer tempo.

Os artigos 13 e 14 dirigem-se à proteção da vida e do corpo humano, englobando tanto o corpo vivo, como

também o corpo morto, estendendo-se a proteção às partes suscetíveis de separação e individualização, tais

como órgãos e tecidos.

Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento

médico ou a intervenção cirúrgica.

Nenhuma intervenção médica pode ser imposta a paciente que depois de ser devidamente esclarecido sobre a

patologia a que está acometido, decide, de modo livre e consciente, recusar tratamento oferecido pelo médico.

Essa afirmação não pode ser afirmada em caráter absoluto, em especial nos casos de eminente perigo de vida. O

direito à recusa deve ser analisado em razão das circunstâncias.

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Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o

sobrenome.

Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou

representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção

difamatória.

Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial.

Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao

nome.

O nome é o sinal que representa pessoa perante a sociedade que envolve matéria de ordem pública.

Todos os elementos do nome estão protegidos:

Prenome simples ou composto;

Sobrenome patronímico ou nome de família;

Partícula de, dos, da;

Agnome expressão que visa perpetuar o nome anterior (Junior, Filho, Sobrinho, Neto);

O Código Civil também protege o pseudônimo (nome atrás do qual se esconde o autor de uma obra intelectual,

cultural ou artística) art. 19 do Código Civil e art. 24, inciso II4, da Lei nº. 9.610/98.

4 Art. 24. São direitos morais do autor:

DIREITO AO NOME(toda pessoa tem direito ao

nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome)

O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em

publicações ou representações que a exponham ao desprezo

público, ainda quando não haja intenção difamatória

Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial

O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da

proteção que se dá ao nome

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Em regra o nome é imutável, conforme artigo 585 da Lei nº. 6.015/73 (Lei de Registros Públicos).

Entretanto, em alguns casos, justifica-se a sua alteração:

1. substituição do nome que expõe a pessoa ao ridículo, inclusive casos de homonímias (nomes iguais). Ex.:

Décio Pinto.

2. alteração nos casos de erro de grafia. Ex.: Craudio.

3. adequação de sexo.

4. introdução de alcunhas ou cognomes. Ex.: Luiz Inácio Lula da Silva, Xuxa.

5. introdução do nome do cônjuge ou companheiro.

6. introdução de sobrenome havendo reconhecimento de filho ou adoção.

7. proteção de testemunhas.

O artigo 56 da6 Lei de Registros Públicos prevê prazo decadencial de um ano a contar da maioridade para

alteração do nome. O STJ não tem aplicado esse prazo havendo motivos suficientes para alteração do nome,

havendo lesão à dignidade humana, por exemplo. STJ Resp 538187-RJ.

Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à

manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a

publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a

II - o de ter seu nome, pseudônimo ou sinal convencional indicado ou anunciado, como sendo o do autor, na utilização de sua obra;5 Art. 58. O prenome será definitivo, admitindo-se, todavia, a sua substituição por apelidos públicos notórios. Parágrafo único. A substituição do prenome será ainda admitida em razão de fundada coação ou ameaça decorrente da colaboração com a apuração de crime, por determinação, em sentença, de juiz competente, ouvido o Ministério Público.6 Art. 56. O interessado, no primeiro ano após ter atingido a maioridade civil, poderá, pessoalmente ou por procurador bastante, alterar o nome, desde que não prejudique os apelidos de família, averbando-se a alteração que será publicada pela imprensa.

PORIBIDA divulgação de escritos, transmissão da

palavra e publicação, exposição ou utilização da

imagem

HONRA BOA FAMA RESPEITABILIDADE FINS COMERCIAIS

Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção

da ordem pública

A seu requerimento e sem prejuízo da indenização que

couber

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seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a

boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.

Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para

requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.

Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do

interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato

contrário a esta norma.

O artigo 20 cuida da tutela da imagem, divulgação de escritos, transmissão da palavra. Salvo se autorizadas,

poderão ser proibidas mediante requerimento, além de indenização por eventual prejuízo ou destinação

comercial.

A imagem pode ser assim classificada:

a) imagem retrato. O que a pessoa é fisicamente.

b) imagem atributo. O que a pessoa é socialmente.

As duas modalidades de imagem estão protegidas no dispositivo. Em regra, a utilização de imagem alheia

depende de autorização do seu titular, com duas exceções:

1) se o fato interessa à administração da justiça. Ex.: solução de crimes.

2) se a pessoa interessar a manutenção da ordem pública.

O dispositivo (art. 20) é insuficiente e, segundo a doutrina, não pode excluir o direito a informação e a liberdade

de imprensa, nos termos do art. 5º, IV7, IX8, XIV9, todos da Constituição Federal.

Nesse sentido, o Enunciado 27910 das Jornadas de Direito Civil fala em ponderação com valores constitucionais,

privilegiando-se medidas que não restrinjam a divulgação de informações.

Exemplo: o TJ/SP no caso Daniela Cicarelli, por maioria, e em sede de antecipação de tutela, entendeu que o

direito a imagem prevalece sobre o direito a informação relacionada a pessoa notória. A decisão esta na

contramão do teor do enunciado 279 CJF/STJ.

7 IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;8 IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;9 XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;10 Art. 20: A proteção à imagem deve ser ponderada com outros interesses constitucionalmente tutelados, especialmente em face do direito de amplo acesso à informação e da liberdade de imprensa. Em caso de colisão, levar-se-á em conta a notoriedade do retratado e dos fatos abordados, bem como a veracidade destes e, ainda, as características de sua utilização (comercial, informativa, biográfica), privilegiando-se medidas que não restrinjam a divulgação de informações.

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O art. 21 protege a intimidade ao prever que é inviolável a vida privada, aplicando-se os princípios da prevenção

e da reparação integral dos danos (art. 5º, X11, CF).

A intimidade não é absoluta, pois deve ser ponderada com outros valores constitucionais.

Exemplo: o TST entendeu que o empregador pode fiscalizar o e-mail corporativo colocado a disposição do

empregado, pois o direito a propriedade prevalece sobre a intimidade.

2. PESSOAS JURÍDICAS (artigos 40 a 69 do Código Civil).

2.1. Conceito.

Pessoa jurídica é um conjunto de pessoas ou bens dotados de personalidade jurídica para consecução de fins

comuns e constituída na forma da lei. A pessoa jurídica não se confunde com os seus membros, tem

personalidade diverso dos indivíduos que a compõe (teoria da realidade orgânica).

2.2. Espécies.

O art. 44 do CC prevê que são pessoas jurídicas de direito privado: as associações, as sociedades, as fundações,

as organizações religiosas, os partidos políticos e as empresas individuais de responsabilidade limitada.

11 X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

Pessoas Jurídicas

Direito público

Interno

I - a União;

II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;

III - os Municípios;

IV - as autarquias, inclusive as associações públicas;

V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.

Externo Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público

Direito privado

I - as associações;

II - as sociedades;

III - as fundações.

IV - as organizações religiosas;

V - os partidos políticos;

VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.

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PESSOAS JURÍDICAS

Direito Público Direito Privado

I - a União;

II - os Estados, o Distrito Federal e os

Territórios;

III - os Municípios;

IV - as autarquias, inclusive as associações

públicas;

V - as demais entidades de caráter público

criadas por lei (fundações públicas,

associações públicas, agências reguladoras,

agências executivas).

I - as associações;

II - as sociedades;

III - as fundações.

IV - as organizações religiosas;

V - os partidos políticos.

VI - as empresas individuais de

responsabilidade limitada.

Observação importante Observação importante

- Salvo disposição em contrário, as pessoas

jurídicas de direito público, a que se tenha

dado estrutura de direito privado, regem-se,

no que couber, quanto ao seu funcionamento,

pelas normas do Código Civil.

- As pessoas jurídicas de direito público interno

são civilmente responsáveis por atos dos seus

agentes que nessa qualidade causem danos a

terceiros, ressalvado direito regressivo contra

os causadores do dano, se houver, por parte

destes, culpa ou dolo.

- Começa a existência legal das pessoas

jurídicas de direito privado com a inscrição do

ato constitutivo no respectivo registro,

precedida, quando necessário, de autorização

ou aprovação do Poder Executivo, averbando-

se no registro todas as alterações por que

passar o ato constitutivo.

- Decai em três anos o direito de anular a

constituição das pessoas jurídicas de direito

privado, por defeito do ato respectivo,

contado o prazo da publicação de sua inscrição

no registro.

Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição

do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou

aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar

o ato constitutivo.

Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas

de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua

inscrição no registro.

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a) associações;

É o conjunto de pessoas que se organizam para fins não econômicos, não havendo entre os associados direitos e

obrigações recíprocos. Exemplo: sindicatos.

Diante da isonomia ou igualdade substancial em regra os associados tem direitos iguais, mas o estatuto poderá

instituir categorias especiais (art. 55).

Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins

não econômicos.

Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos.

Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida

em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no

estatuto.

b) sociedades;

Conjunto de pessoas que se unem para fins econômicos, podendo ser assim classificadas:

b1) sociedades simples (antigas sociedades civis), aquelas que não têm finalidades mercantis ou empresariais.

Exemplo: cooperativas. Enunciado 69 CJF/STJ. São sujeitas a inscrição na JUCESP.

b2) sociedades empresárias, aquelas que têm finalidade mercantil ou empresarial nos termos dos arts. 966 e

seguintes do Código Civil. Exemplo: SA.

c) fundações;

Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou

testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e

declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.

Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, morais,

culturais ou de assistência.

São os conjuntos de bens arrecadados com finalidade específicas, previstas no art. 62, parágrafo único do Código

Civil: fins religiosos, morais, culturais ou de assistência.

Segundo o art. 66, CC, velará pelas fundações o MP do Estado onde situadas (curadoria das fundações) – a

fundação tem interesse público e social.

Se as fundações estenderem suas atividades por mais de um Estado caberá o encargo de cada um deles ao

respectivo MP (art. 66, § 2º, CC).

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*Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de outro modo não dispuser

o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante.

d) corporações sui generis ;

São as organizações religiosas e os partidos políticos.

e) empresa individual de responsabilidade limitada.

É a mais nova pessoa jurídica introduzida pela lei no rol do art. 44 do Código Civil.

2.3. Dano moral da pessoa jurídica.

Prevê a Súmula 227 STJ que a pessoa jurídica pode sofrer dano moral, quanto a sua honra objetiva, já que a

pessoa jurídica não tem sentimento (STJ/Rui Rosado de Aguiar).

Essa ideia foi confirmada pelo art. 5212 CC pelo qual aplica-se as pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos

direitos da personalidade.

2.4. Desconsideração da personalidade jurídica.

Como já exposto, a pessoa jurídica não se confunde com seus membros, o que constava do art. 20 do CC/16,

representando a aplicação do conceito de realidade técnica.

Entretanto, como a pessoa jurídica passou a ser utilizada como instrumento de abusos e de fraudes, surgiu a

teoria da desconsideração da personalidade jurídica ou da penetração na pessoa física (disregard of the legal

entity).

Como a desconsideração consta da lei, não se pode mais utilizar a expressão “teoria”.

Portanto, pela desconsideração da pessoa jurídica, bens dos sócios ou administradores passam a responder por

dívidas da empresa.

Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de

finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou

do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e

determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos

administradores ou sócios da pessoa jurídica.

Em resumo:

Desconsideração da personalidade jurídica = abuso da personalidade jurídica (desvio de finalidade ou confusão

patrimonial).

Quem pode requerer:

12 Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.

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Parte interessada;

Ministério Público quando lhe couber intervir.

Consequências:

Obrigações da pessoa jurídica são estendidas aos bens particulares dos administradores ou sócios da

pessoa jurídica.