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Número 13 – Janeiro/Abril de 2014
Programa de Saúde Vocaldos Professores da Prefeitura
do Rio de Janeiro
A carreira docente é uma das que apresentam o maior risco para o desenvolvimento de um problema vo-cal, também chamado disfonia. A falta de treinamento vocal e o conjunto de condições desfavoráveis do ensino são fatores que predispõem a tal problema.
A promoção de saúde vocal, por meio de ações de orientação e treinamento, e a ação do tratamento das disfonias com objetivo de construir novos comportamentos vocais são maneiras eficientes de cuidar da saúde da voz. Esses princípios balizaram a iniciativa de criar um programa direcionado aos professores na Prefeitura do Rio de Janeiro.
A primeira semente desse trabalho teve início em 1999. Na época, foi implantado o Projeto de Saúde da Voz do Professor no Departamento Geral de Perícias Médicas do Município do Rio de Janeiro (GPM). Naquela ocasião, cinco fonoaudiólogas, lotadas nesse mesmo local, foram as responsáveis pela realização do tratamento dos professores readaptados.
Tal ação motivou, no ano de 2001, a criação do Projeto de Lei n. 599/2001, que buscava instituir, no âmbito
da Cidade do Rio de Janeiro, o “Programa Municipal de Proteção à Voz do Professor”. Seu objetivo era atuar com os professores da rede municipal de ensino em ações de prevenção, orientação e correção dos distúrbios e patologias da voz, bem como de suas consequências no processo ensino-aprendizagem.
Após debates entre fonoaudiólogos, representantes do Conselho Regional e Sindicato de Fonoaudiologia para sensibilização de várias esferas políticas da cidade sobre a importância de se desenvolver um trabalho direcionado ao docente, foi criado o Programa de Saúde Vocal do Professor (PSV) em 23 de junho de 2003 – depois da aprovação da Resolução n.1.104 –, implantado pela Secretaria Municipal de Administração em parceria com as Secretarias Municipais de Saúde e Educação.
Como objetivos iniciais do trabalho: atuar na promoção da saúde vocal e prevenção das disfonias por meio de oficinas e treinamentos para o uso adequado da voz; restabelecer a saúde vocal; criar condições para que o professor exerça suas atividades em sala de aula; e reduzir o número de professores afastados de sala de aula por problemas vocais.
Boletim elaborado pelo Centro de Referência em Saúde do Trabalhador do Estado do Rio de Janeiro (Cerest/Sesdec-RJ) e oExpediente
Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana/Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca/Fundação Oswaldo Cruz (Cesteh/ENSP/Fiocruz). Contato: [email protected] | [email protected]
Presidente da Fiocruz: Paulo Ernani Gadelha Vieira Diretor da ENSP: Hermano Castro Coordenador do Cesteh: Antônio Sérgio Almeida FonsecaFonoaudiólogas do Cesteh: Márcia Soalheiro e Lucelaine Rocha
Designer gráfico: Tatiana Lassance | Revisora: Ana Lucia Normando
Secretário de Saúde: Marcos Esner Musafir Superintendente de Vigilância Epidemiológica e Ambiental: Alexandre Otávio Chieppe Subsecretária de Vigilância em Saúde: Hellen Harumi Miyamoto Divisão de Saúde do Trabalhador e coordenador do Cerest do Estado do Rio de Janeiro: Cyro Haddad
Duas equipes de trabalho foram criadas para
atendimento aos professores da rede municipal;
uma com atuação nas Coordenadorias Regionais
de Educação (CREs) e outra na Gerência de Perícia
Médica (GPM). Os fonoaudiólogos atuantes nas
CREs trabalham com a livre demanda de docentes
realizando treinamentos vocais e tratamentos das
disfonias. Os fonoaudiólogos atuantes na GPM
participam da admissão, concessão de licenças
e readaptações – desvio da regência para outra
função dentro da escola – emitindo pareceres
fonoaudiológicos, com vistas a embasar a conclusão
pericial sobre a necessidade de afastar o servidor
da regência. Realizam também o acompanhamento
periódico, a cada três meses, dos servidores readapta-
dos e/ou em estágio probatório.
O Treinamento, realizado em grupo, tem caráter
informativo, educativo e preventivo, direcionado,
preferencialmente, aos professores que não apre-
sentam problemas vocais e ainda estão em estágio
probatório. Seu propósito é orientar e habilitar esses
profissionais a respeito do uso adequado da voz,
padrões corretos de articulação, respiração, postura
corporal, aquecimento e desaquecimento vocal,
uso correto de microfone, mudanças de hábitos, objetivando a manutenção da qualidade vocal e redução dos riscos do
aparecimento da disfonia.
O Tratamento, realizado individualmente, é direcionado ao professor com alteração vocal. O intuito dessa ação é
auxiliá-lo no processo de recuperação vocal por meio da mudança no comportamento vocal, com a utilização de técnicas
vocais, uso correto do microfone, orientações e encaminhamentos a outros profissionais quando necessário.
Fonoaudiólogas do Cerest do Estado do Rio de Janeiro: Cláudia D’Oliveira, Fernanda Torres e Eliane Simões
A lista dos Cerests Regionais do Rio de Janeiro está disponível no endereço eletrônico: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/lista_cerest_0904_rj.pdf
Cerests no Estado do Rio de Janeiro
A evolução desse trabalho possibilitou à equipe
perceber mudanças significativas nos professores
com relação à sua voz. Nota-se que, atualmente, os
docentes estão mais conscientes sobre os cuidados,
utilização da sua voz e importância de buscar o
diagnóstico e tratamento precoces.
Outro grande ganho do programa foi o
aumento significativo de professores utilizando
microfone em sala de aula, além de mais consci-
entes de que esse instrumento colabora para
maior conforto na comunicação e redução dos
impactos negativos em sua voz.
Até o ano de 2013, 3.100 professores foram
atendidos no setor de tratamento das CREs, e
11 mil professores participaram dos treina-
mentos vocais.
Anualmente, são atendidos, em média, 5
mil professores pela equipe de fonoaudiólogos,
cuja função é emitir pareceres nos processos
admissionais, de licenças ou readaptações na
Gerência de Perícias Médicas.
Mais de 80% desses atendimentos beneficiaram os professores regentes. Uma das maiores conquistas do
programa, no entanto, foi a constatação de que, até 2009, 95% dos professores que receberam orientações
preventivas nos treinamentos de voz não solicitaram licença na Gerência de Perícias Médicas.
Ainda segundo pesquisas feitas pelas fonoaudiólogas do programa, em 2012, foi observado que 93,21% dos
professores regentes que realizaram o tratamento permaneceram em regência de turma, não havendo necessidade
de afastamentos por licença ou readaptações. Sobre o número de professores de licença médica e que realizaram o
acompanhamento fonoaudiológico, constatou-se que 53,39% deles conseguiram retornar à sua atividade em sala
de aula. E, ainda, 28,28% dos professores em situação de readaptação por disfonia conseguiram voltar à regência.
Tais dados demostram o quanto as ações fonoaudiológicas fortalecem e valorizam a saúde desse trabalhador.
Atualmente, os principais desafios do Programa de Saúde Vocal são: aumentar a abrangência de
professores beneficiados pelas ações de promoção e prevenção de saúde vocal, incrementar o número de
fonoaudiólogos atuando nesse trabalho, buscar parcerias nos Programas de Saúde existentes, ampliar as
capacitações com o objetivo de aumentar o conhecimento e, assim, tornar cada vez melhor a qualidade
da prestação dos serviços, além de trabalhar pela maior divulgação das ações do programa. Sabemos
que, ao atingir essas metas, iremos colaborar ainda mais para a qualidade de vida e profissional dos
docentes, além de possibilitar economia aos cofres públicos.
Temos um longo caminho a percorrer. No entanto, sabemos que o empenho de cada fonoaudiólogo
que faz parte desse trabalho e a certeza de que estamos na direção certa aquecem os debates sobre
os novos rumos do programa. Hoje, temos a certeza de que aprimorar a voz significa aprimorar a
comunicação, que resultará no fortalecimento do processo de ensino-aprendizagem e valorização do
trabalho docente. Os professores da Prefeitura do Rio de Janeiro são privilegiados por terem à sua
disposição esse serviço, com profissionais empenhados e um objetivo comum, ou seja, zelar pela sua
saúde vocal, pois estão cientes de sua missão de cuidar da saúde integral do ser humano.
Autoras:Ana Paula Rocha Colpas
Luisiana Faro Gonçalves Mol
Isabela de Almeida Poli
Simone Regina Santos Vieira Fernandes da Silva
Thatiana Felgueiras
Lilian Souza
Michele Diniz Pereira