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1 Programa Joaquim Nabuco 1º/2012

Programa Joaquim Nabuco 1º/2012 - STF · 2012. 7. 26. · Cristianne Sarkis Carvalho Maarraoui Supremo Tribunal Federal Brasília - Brasil Figura 1: Expedito Sousa, Cristianne Maarraoui

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Programa Joaquim Nabuco

1º/2012

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PROGRAMA JOAQUIM NABUCO – SEVIDORES 1º/2012 –

1. SUPERVISORA Cyntia Maria Martins Santos Assessoria de Assuntos Internacionais da Presidência E-mail: [email protected] Telefone: (+55 61) 3217-4012 2. COORDENADOR Vinícius Arrais Limongi Miguel Assessoria de Assuntos Internacionais da Presidência E-mail: [email protected] Telefone: (+55 61) 3217- 6505 3. SERVIDOR Cristianne Sarkis Carvalho Maarraoui Nacionalidade: brasileira Tribunal de Origem: Supremo Tribunal Federal Período: 18/06/2012 a 29/06/2012 Alocação: Corte Suprema de Justicia de Chile

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO.......................................................................................................................................................... 5

CHEGADA A SANTIAGO .......................................................................................................................................... 9

VISITA À CORTE SUPREMA DE JUSTICIA .............................................................................................................. 10

SESSÃO DE JULGAMENTO NA CORTE DE APELAÇÃO ........................................................................................... 11

AUDIÊNCIA NA 2ª SALA PENAL DA CORTE SUPREMA ......................................................................................... 13

VISITA AO CENTRO DE MEDIDA CAUTELAR DO 4º JULGADO DE FAMÍLIA ......................................................... 15

VISITA À DEFENSORIA NACIONAL ........................................................................................................................ 17

VISITA À BIBLIOTECA DA CORTE SUPREMA ......................................................................................................... 20

VISITA AO CENTRO JUDICIAL – TRIBUNAL DE GARANTIA ................................................................................... 22

VISITA AO CENTRO JUDICIAL – TRIBUNAL ORAL PENAL ...................................................................................... 23

VISITA AO TRIBUNAL ELEITORAL.......................................................................................................................... 25

VISITA À CORPORAÇÃO JUDICIAL ........................................................................................................................ 28

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INTRODUÇÃO

Brasília, 09 de julho de 2012. Cristianne Sarkis Carvalho Maarraoui

Supremo Tribunal Federal Brasília - Brasil

Figura 1: Expedito Sousa, Cristianne Maarraoui e Rosemary de Almeida na Corte Suprema do

Chile.

O Chile possui uma estrutura judicial menor e, aparentemente, mais ágil se comparada à estrutura do poder judicial brasileiro. No ano 2000 iniciou-se a reforma processual no Chile, a qual foi finalizada em 2005. Essa reforma compreendeu mudanças no código processual de diversas especialidades do direito exceto o direito civil. A reforma judicial no Chile separou as atribuições judiciais das atribuições administrativas. Para cada tribunal existe o perfil do administrador, o qual é responsável, pelos procedimentos judiciais, planejamento, metas, orçamento, recursos humanos. Antes da reforma, essas atribuições administrativas também competiam aos magistrados e após a reforma, os magistrados puderam dedicar-se totalmente às atividades judicantes.

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Não existe, normalmente, um setor de tecnologia dentro dos tribunais. Existe a proporção de um profissional de informática para cada 40 funcionários (usuários) do tribunal. Esses profissionais são responsáveis pelo suporte aos chamados. A Corporação Administrativa do Poder Judiciário é responsável pela organização da área administrativa do poder judiciário de todo o país. Nesse órgão, existe uma área responsável pela informática, a qual compete às definições de processos, padrões, procedimentos, o gerenciamento dos projetos e a gestão dos contratos de terceirização, os quais suportam a informática na operação e no desenvolvimento de sistemas.

Nos vários órgãos visitados, existe uma boa gestão pública, com planejamentos, metas e objetivos estratégicos. Cada órgão possui seu próprio planejamento estratégico, porém, os objetivos de tornar a justiça mais ágil, flexível, transparente e próxima do cidadão são comuns aos vários órgãos do Poder Judiciário. No que se refere à área administrativa, diferente do Brasil, existe uma grande rotatividade nas capacitações e nas execuções das atividades, com o objetivo de ter funcionários multidisciplinares e com capacitação em diversas áreas.

No Chile, no que se refere aos procedimentos judiciais, as audiências são mais simplificadas que no Brasil (em relação à composição das sessões de julgamento, à forma de registro das atas, à forma de distribuição dos processos). O Chile também possui uma maior agilidade e rapidez nos julgamentos dos feitos. Alguns tribunais, de primeira instância, que lidam com matéria penal – Tribunal de Garantia – possuem mecanismos de controle para que se reduza a quantidade de processos que chegam às instâncias superiores. Esses tribunais trabalham em regime de plantão e buscam a otimização (balanceamento) das cargas de trabalho dos magistrados visando à celeridade processual. Além disso, as publicações das decisões dos julgamentos são feita de forma bem ágil.

Quanto à implementação da tecnologia da informação nos tribunais do Chile,

existem várias perspectivas de comparação. Sob a perspectiva da área jurídica, diferentemente do Poder Judiciário do Brasil, todos os processos que entram nos tribunais são digitalizados (de forma ágil) ou recebidos de forma eletrônica (ex: recursos recebidos na Corte de Apelação – justiça de 2º grau).

Os procedimentos eletrônicos são utilizados para os trâmites processuais

(poucos procedimentos não são eletrônicos). As decisões dos julgamentos devem ser publicadas no mesmo dia e o conteúdo das decisões deve ser disponibilizado no portal do poder judiciário para consultas. A consulta disponibilizada no portal abrange os processos de 1º grau, 2º grau (Corte de Apelação) e da Corte Suprema (de forma integrada). Outra diferença entre o Chile e o Brasil, é que existe um centro de documentação responsável pelo processamento digital das decisões e jurisprudências dos tribunais. A consulta à base de jurisprudência é feita pelo portal do poder judiciário e possui um excelente desempenho, pois, as consultas são executadas com operadores lógicos no próprio documento digitalizado. A base de dados é armazenada em um Datacenter.

Outras aplicações da tecnologia à área jurídica são: a gravação de audiências da justiça penal de 1º grau em MP3 e seu lançamento no sistema informatizado juntamente

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com um resumo da audiência. Os áudios passam a fazer parte do processo e servem como prova para ajuizamento de recursos; autorizações judiciais, por exemplo, para quebra de sigilo telefônico, podem ser fornecidas pelo juiz por telefone. A autorização também é gravada e registrada no sistema informatizado. Além disso, nos tribunais de 1º grau é feita uma classificação dos documentos do processo e, de acordo com critérios previamente estabelecidos, é realizado o descarte de documentos físicos, de acordo com critérios de temporalidade.

Sob a perspectiva da área administrativa, comparando com o Brasil, o Chile possui uma maior rapidez na digitalização do acervo da biblioteca digital. Eles possuem um robô que digitaliza uma média de 2.600 folhas por hora. Isso aumenta a produtividade do trabalho de digitalização das obras. Possuem, também, os processos de trabalho da biblioteca digital muito bem mapeados desde a entrada do livro, sua digitalização, seu processamento e disponibilização para consultas.

Porém, ainda não possuem uma integração total com o sistema de

gerenciamento da biblioteca, mas, têm como meta evoluir o sistema para a integração de suas bases de dados. Percebemos, também, que é feita uma boa gestão dos recursos públicos. Como exemplo, temos a utilização do sistema fornecido pela UNESCO denominado CDS for Windows que eles utilizam para a indexação de termos juntamente com o Tesauro. Além da biblioteca digital, vale destacar que os tribunais utilizam uma ferramenta denominada DocFlow.

Essa ferramenta foi adquirida e possui como características a gestão documental

voltada para a automação do fluxo de documentos, abrangendo funções de captura de dados e documentos, protocolo, despachos e encaminhamentos, gerência de fluxo de trabalho, gestão de arquivo e pesquisa de texto. A utilização dessa ferramenta agiliza a tomada de decisões, com maior celeridade processual, velocidade e precisão na localização de informações contidas em documentos e processos e redução de custos e maior agilidade, transparência, audibilidade, segurança e controle dos documentos.

Sob a perspectiva do próprio desenvolvimento, manutenção e operação dos sistemas, como já citado, existem contratos de terceirização que suportam essas atividades. Esses contratos são gerenciados por funcionários judiciais (gestores dos contratos por áreas de negócio – exemplos: área judiciária, área administrativa), os quais são bem rígidos no controle da execução desses contratos. Dessa forma, têm-se um maior aproveitamento dos funcionários judiciais para atividades de gestão e controle e passam-se as atividades mais operacionais às empresas terceirizadas. Assim, têm-se um quadro de funcionários judiciais mais reduzidos.

Sob a perspectiva da capacitação dos usuários dos tribunais, o Chile possui um modelo bem diferente do Brasil e muito eficaz. Os treinamentos nos novos sistemas não são realizados diretamente com os usuários finais. Existe um grupo de funcionários judiciais com formação jurídica que são treinados por um período de três meses. Após esse período, esses funcionários treinados, denominados monitores, irão repassar o treinamento aos usuários dos sistemas nos tribunais. Os monitores, também, realizam os atendimentos aos usuários

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dos sistemas. Esse modelo foi implementado com o objetivo de ter profissionais jurídicos especializados nos sistemas de informática, para facilitar a comunicação e o entendimento com os usuários e tornar essa comunicação produtiva e eficaz.

Por fim, o Chile possui atualmente um sistema judiciário eficiente, bem informatizado e eficaz. A reforma processual concluída no ano 2000 é responsável por esse contexto, pois, com a reforma, houve uma ampla substituição de magistrados e a criação de órgãos como a Defensoria Pública e o Ministério Público, com o objetivo de não levar vícios ou procedimentos desnecessários, oriundos do sistema antigo, para o novo sistema processual, visando à modernidade, agilidade e transparência do sistema. Obviamente, no Chile, ainda existem muitos quesitos a melhorar, tanto no Poder Judiciário (com a implementação da reforma processual civil) como na Defensoria Pública (com mais autonomia em relação ao Poder Executivo), como no Tribunal Qualificador das Eleições (órgão à parte do Poder Judiciário), que necessita de maior informatização e modernização e uma maior centralização das funções de fiscalização das eleições.

Quanto ao aspecto interpessoal e de aproveitamento do intercâmbio, fomos muito bem recebidos por todos os tribunais e órgãos que visitamos no Chile. O programa Joaquim Nabuco proporcionou aos participantes um bom conhecimento interdisciplinar do Poder Judiciário do Chile e uma troca de experiências culturais e profissionais, essas, que podem ser bem aproveitadas no âmbito do STF. A seguir constam as descrições das atividades diárias que foram executadas no período do intercâmbio.

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CHEGADA A SANTIAGO

Brasília, 18 de junho de 2012. Cristianne Sarkis Carvalho Maarraoui

Supremo Tribunal Federal Brasília - Brasil

Chegada à Santiago. Recepção pela advogada e assessora de assuntos internacionais da Corte Suprema Srta. Constança. Recebimento de material sobre a Corte Suprema onde constam informações sobre o Poder Judiciário do Chile.

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VISITA À CORTE SUPREMA DE JUSTICIA

Brasília19 de junho de 2012. Cristianne Sarkis Carvalho Maarraoui

Supremo Tribunal Federal Brasília - Brasil

1ª parte:

Pela manhã fomos à Corte Suprema e fomos recebidos pela Sra. Mariluz (secretária do ministro presidente da Corte Suprema). Conhecemos o presidente interino da Corte de Apelação, Sr. Lamberto Cisternas. Assistimos a uma Sessão de Julgamento dessa corte (sala 01) de feitos civil e penal, onde o Sr. Lamberto Cisternas presidiu a sessão.

A Corte de Apelação é a instância imediatamente anterior à Corte Suprema. A Corte de Apelação é composta por 31 ministros sendo um presidente. A este compete a parte administrativa do tribunal e aos demais compete o julgamento das ações extraordinárias e ordinárias.

Existem 10 casas (turmas) compostas por três ministros cada. Além dos três ministros, cada casa possui um relator (advogado que trabalha no tribunal e é o responsável por analisar o processo e relatá-lo na sessão de julgamento), um escrivão (que faz a ata da sessão) e um ajudante de copa.

Cada casa julga ações de diversas matérias, como penal, civil, trabalhista, direitos humanos. A estrutura é mais simples e ágil. As sessões de julgamento são relativamente rápidas e os advogados têm livre acesso aos magistrados. Após a sessão de julgamento, fomos visitar o presidente da Corte Suprema Dom Hugo em seu gabinete.

Figura 2: Expedito Sousa, Rosemary e Cristianne Maarraoui na Corte de Apelação.

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2ª parte:

Visitamos a biblioteca. A chefe da biblioteca, Sra. Tatiana, nos mostrou o

funcionamento da mesma. Eles possuem todas as decisões cadastradas no sistema por

processo, matéria etc... O acesso a essa base é feito pela internet ou intranet. Pela intranet,

têm-se acesso à biblioteca digital, onde consta o acervo digitalizado do tribunal. Eles

também utilizam um sistema chamado CDS for Windows para indexação de termos do

tesauro. Além dos termos do tesauro, também possuem seus próprios termos de indexação.

Esse sistema é gratuito e foi fornecido pela UNESCO.

Figura 3: Instalações da biblioteca da Corte Suprema do Chile.

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SESSÃO DE JULGAMENTO NA CORTE DE APELAÇÃO

Brasília, 20 de junho de 2012. Cristianne Sarkis Carvalho Maarraoui

Supremo Tribunal Federal Brasília - Brasil

Chegamos à Corte Suprema 08h20minh e fomos recebidos pela secretária do ministro

presidente Sra. Mariluz. Ela nos levou à sala nº 04 da Corte de Apelação. Compete a essa sala o julgamento dos feitos de matéria penal, civil e família. A sala estava composta de 03 ministros, um relator e um digitador.

Nas sessões de julgamento assistimos a causas de matéria penal, as quais, estão de acordo com a reforma processual penal.

Breve descrição de dois processos julgados: 1º – Recurso extraordinário – Medida Cautelar para manutenção de prisão preventiva: o réu é acusado por tráfico ilícito de drogas. O ministério público (fiscal) solicita a manutenção da prisão preventiva (medida cautelar). A defensoria pede a substituição da prisão preventiva por prisão domiciliar total ou parcial. O ministério público alega que o réu sofre quatro condenações por tráfico ilícito de drogas e nesse caso não é possível qualquer benefício. Decisão: A prisão preventiva foi mantida (manteve a medida cautelar). 2º – Recurso ordinário - Recurso de proteção. Um rapaz condenado, cumprindo pena e que possui várias doenças crônicas. O advogado do réu solicita assistência médica especial de imediato no local, pois, o réu não está em condições de se deslocar, devido a doença em estado avançado. Segundo o advogado, a constituição deve garantir a integridade física do preso e de acordo com a convenção americana, os direitos humanos devem ser considerados. A decisão foi favorável ao réu, para que tenha a assistência médica adequada e a concessão de medicamentos.

Figura 4: Recepção pelos ministros da Sala 04 da Corte de Apelação.

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AUDIÊNCIA NA 2ª SALA PENAL DA CORTE SUPREMA

Brasília, 21 de junho de 2012. Cristianne Sarkis Carvalho Maarraoui

Supremo Tribunal Federal Brasília - Brasil

1ª parte:

Assistimos a audiências na 2ª sala penal da Corte Suprema. A sala da sessão de julgamento dessa corte é composta por cinco ministros. Na

ausência de algum deles a substituição é feita por advogados previamente selecionados, os quais podem ser aceitos ou rejeitados pela defensoria ou ministério público.

Breve descrição do processo julgado: Recurso de nulidade – A defensoria solicita a nulidade de decisão de instância anterior.

Alega limitação do direito de defesa do réu e questiona as provas apresentadas pelo ministério público. Diz que as provas apresentadas são contraditórias. Pede a exclusão de provas e diz que não há convicção de certeza pelos antecedentes. Solicita a nulidade da sentença. O ministério público, alega que o réu foi condenado a pena de cinco anos em regime fechado por roubo e homicídio. Diz, também, que os direitos de defesa não foram violados e a presunção de inocência foi considerada. Agendada audiência para relatar a decisão do pleito em 11/07/2012. 2ª parte:

Visita ao Centro Documental: O centro documental é um centro de processamento digital dos documentos da corte suprema e dos demais órgãos do poder judicial. São processados decisões, jurisprudências, legislações, códigos, circulares, livros. Como entrada têm-se os documentos em papel, os quais são escaneados por robôs ou scaners menores, transformados em documentos digitais, feito um ordenamento automático (com álgebra booleana) e disponibilizados para pesquisa. As bases de dados (aproximadamente 15) estão centralizadas em um datacenter e o sistema gerenciador de banco de dados utilizado é o oracle. O centro documental alimenta a base do sistema de jurisprudência do poder judicial.

Outras atividades de competência do centro documental são: implementação de Web Conferece para os juízes; capacitação das cortes de apelação no sistema de jurisprudência e capacitação dos juízes. Atualmente também utilizam a ferramenta Dragon Natural Speak Premium (ferramenta de reconhecimento de voz).

O centro documental possui procedimentos exclusivamente digitais. O julgados novos (de acordo com a reforma processual penal) estão no padrão digital.

Conhecemos o sistema de pesquisa de jurisprudência. Após a digitalização e ocerização

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dos documentos, os mesmos são disponibilizados na base de dados para pesquisa. Os documentos podem ser apresentados em diversos formatos como .pdf, .txt, .doc, .html. A pesquisa é feita no próprio texto do documento. Essa pesquisa textual é feita com base em conectores relacionais e pode-se selecionar diversos critérios de pesquisa como pesquisas por tribunal, matéria ou juiz.

A base de dados é oracle e a linguagem de programação utilizada para desenvolvimento foi PHP. Atualmente é possível efetuar uma pesquisa de acórdãos do ano de 1823 até 2012. Existem 800.000 decisões disponíveis, sendo 2% da corte de apelações.

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VISITA AO CENTRO DE MEDIDA CAUTELAR DO 4º JULGADO DE FAMÍLIA

Brasília, 22 de junho de 2012. Cristianne Sarkis Carvalho Maarraoui

Supremo Tribunal Federal Brasília - Brasil

Em reunião com a juíza responsável e sua equipe, conhecemos a competência desse

centro de medida cautelar: julgamento de medidas cautelares, conciliação, audiências de família, violência, seguridade e proteção. Os processos iniciam-se por denúncias ou demanda de causas. O centro recebe um percentual de 70 causas por dia (20% das causas são acolhidas para audiências). Atualmente, existem poucas ações preventivas de violência e poucos abrigos. As causas mais comuns são referentes à violência e ao direito de proteção (abrange os direitos das crianças e menores infratores). Esse julgado possui procedimentos eletrônicos, porém, não cobre todos os procedimentos judiciais como o tribunal de garantia e o tribunal laboral. As causas de denúncia ficam em aguardo pelo período de um ano e quando envolvem menores podem demandar segredo de justiça. Visita ao julgado de família:

Conhecemos o protocolo de petições (que recebe uma média de 300 petições por dia). Todos os pedidos são recebidos e digitalizados no mesmo dia. Em até 48 horas deverá ser tomada a primeira providência relacionada ao processo. Após a digitalização, todos os procedimentos são digitais. Para garantir a segurança da informação, utilizam usuário e senha para autenticação e certificado digital. O julgado de família possui um plano de metas a cumprir, dentre elas a celeridade processual. Para tal, a distribuição de processos é por salas e não por juízes. Existe uma agenda para os juízes que trocam de salas. Isso permite celeridade e flexibilidade nos procedimentos, além de agilizar os procedimentos dos juízes. Esse julgado possui uma padronização de classificação das informações para os julgamentos. O julgado possui metas, controle de custos e programas de qualificação de juízes.

Assisti a uma audiência no julgado de família. Existem três tipos de audiência nesse julgado (audiência preparatória, audiência de conciliação e audiência de juízo).

Breve descrição da audiência:

Audiência preparatória referente à divisão de bem de família devido a ocorrência de divórcio. Não houve conciliação. Remarcada nova audiência de julgamento.

Obs: A lei do divórcio no Chile data de novembro de 2004. Após essa data, foram

registrados vários casos de divórcio.

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Figura 5: Visita ao Centro de Medidas Cautelares e Justiça de Família

Visita à área administrativa do julgado de família:

Reunião com o administrador do julgado. Com a reforma processual Penal (do ano 2000 até 2005) e a reforma processual de família (2005), a parte administrativa dos julgados foi separada da área judicial. Antes, ambas as áreas era de competência do juíz, com a reforma apenas a área judicial continuou de competência do magistrado.

Na área administrativa são escolhidos administradores para tratar das questões administrativas no julgado como plano estratégico, procedimentos, recursos orçamentários, recursos humanos. O administrador deve possuir competências e habilidades de gestão pública. Após a reforma, o julgado de família foi dividido em 04 varas de família ,01 vara de medidas cautelares (causas urgentes) e 02 unidades de cumprimento (varas de execução). O julgado de família possui 13 juízes, 40 administradores, 12 conselheiros técnicos (psicólogos e assistentes sociais que auxiliam nos julgamentos).

A estrutura administrativa do julgado antes da reforma era setorizada, verticalizada. Após a reforma a estrutura passou a ser horizontalizada. Existe um centro de informação (cartório) nessa vara.

A maioria dos procedimentos dessa vara são digitais, exceto a primeira citação (que por medida de segurança deve ser pessoal), após a citação, todos os demais procedimentos são digitais.

O julgado possui um controle de temporalidade de armazenamento de processos. Os processos físicos são guardados até seis meses da data de execução. Os processos eletrônicos ficam na base de dados para consultas. Exceção a essa regra: causas de adoção.

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VISITA À DEFENSORIA NACIONAL

Brasília, 25 de junho de 2012. Cristianne Sarkis Carvalho Maarraoui

Supremo Tribunal Federal Brasília - Brasil

Reunião com o defensores públicos Sr. Humberto e Sr. Claudio, um funcionário da

informática e dois funcionários da área administrativa. A Defensoria Pública do Chile foi criada com a reforma penal, que se iniciou no ano 2000, no interior do Chile, sendo concluída em 2005 na região de Santiago. A Defensoria Pública é um órgão vinculado ao poder executivo do Chile e, portanto, possui menos autonomia do que o Ministério Público, o qual é independente e possui mais autonomia. Os defensores públicos são contratados anualmente e são responsáveis pela maioria das causas, dando cobertura às áreas remotas (ex: Ilha de Páscoa). A escolha dos defensores públicos é feita pelo presidente da república. Existem, também, os defensores privados que são contratados via licitação.

A estrutura orgânica da Defensoria Pública é constituída por defensores nacionais e diretores administrativos nacionais; defensores regionais e diretores administrativos regionais; um departamento nacional de estudos (o qual gera insumos para os trabalhos da defensoria). A área administrativa da defensoria é responsável pela área de recursos humanos, controle, estudos e informática. Esta fornece suporte para a defensoria nacional (que possui 97% das causas).

Existe uma quantidade grande de causas de competência da defensoria. Existem grupos de defensores que atuam em diferentes instâncias do Poder Judiciário. Na Corte Suprema, atuam quatro defensores (geralmente com recursos de nulidade e recursos de proteção – que é uma garantia constitucional). Também pertencem à alçada da defensoria as causas de extradição. Essas seguem a Convenção de Direitos Humanos da Dinamarca; a Convenção de Montevideo e um tratado com o Brasil sobre o tema. O Chile é um país que utiliza o sistema interamericano de direitos humanos.

Metade das causas de competência da defensoria resolvem-se na primeira audiência. Existe a cobrança de custas, de acordo com a capacidade de pagamento do cliente, porém, a maioria não possui capacidade de pagamento e são reincidentes. Existem investigações paralelas, que auxiliam o trabalho da defensoria e são realizadas por ex-policiais. Atualmente, a população carcerária no Chile está entre 50.000 a 60.000 pessoas.

A área de informática da defensoria possui 10 funcionários para atender os usuários. Existem contratos de serviço para manutenção do datacenter e do correio eletrônico. De três em três anos é feita uma licitação para a troca dos equipamentos de informática. O principal sistema judicial utilizado na defensoria pública chama-se SIG-DP, foi desenvolvido em linguagem Java, padrão J2EE e possui como servidor de aplicação o Oracle Aplication Server. É um sistema interno do órgão e gera estatísticas. Os recursos e petições de audiências são enviados para os tribunais de garantia (justiça penal) de forma digital por e-mail. A assinatura digital é utilizada para recursos e documentos importantes (ex: certidão de nascimento). Os recursos para a Corte de Apelação (2º grau) e Corte Suprema ainda são

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protocolados de forma física e posteriormente são digitalizados.

O SIG-DP possui distribuição automática de processos para os defensores e registra a periodicidade das visitas que devem ser feitas pelos defensores. Nos casos de visitas não cumpridas o sistema gera alertas. Possui, também, um sistema de controle prisional. O Sr. Humberto nos mostrou o funcionamento do sistema SIG-DP: O usuário (defensor) faz login e se houver atividades pendentes para ele um aviso será mostrado na tela. Menus do sistema: 1) Gerenciamento de causas (atualização e consulta de informações); 2) Registro de reclamações; 3) Indicadores; 4) Deslocamento físico dos processos; 5) Controle penitenciário. O sistema permite pesquisa com o número único de processo, o qual é obrigatório e pode ser utilizado para pesquisas em qualquer instância, com abrangência nacional. Essa pesquisa permite recuperar andamentos, atas, documentos, etc...

Para pesquisas externas, utilizam-se do portal do poder judiciário (http://www.poderjudicial.cl ou http://www.poderjudicial.es). Nesses portais, são feitas pesquisas na Corte Suprema sobre andamentos processuais, decisões, pesquisas por regiões, etc...Todas as decisões da Corte Suprema devem ser publicadas e disponibilizadas no sistema até as 16:30h do dia.

Existe, também, um sistema chamado "Producción" que é um sistema de apoio à gestão judicial. Além do SIG-DP, a defensoria utiliza um sistema de registro de perícia; um sistema de jurisprudência e um sistema de recursos humanos. Existe um intercâmbio de informações entre as áreas de informática da Defensoria Pública, do Ministério Público e do Poder Judiciário. Existe um projeto de intercâmbio de dados entre a Defensoria Pública e a Corporação Administrativa do Poder Judiciário para a troca de documentos via webservices.

Figura 6: Visita à Defensoria Pública do Chile.

Após a reunião e a apresentação do sistema SIG-DP, fomos assistir a duas audiências de leitura de sentença, na Corte Suprema, em que o Sr. Humberto (defensor público) iria atuar.

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Breve descrição das audiências: 1ª – Assunto: Processo de Extradição. O réu cometeu delito de roubo seguido de morte no Equador e solicita permanência no Chile. Partes: Defensoria Pública (defesa do réu); Ministério Público (que faz o trabalho de investigação de estrangeiros e atua como parte representante do país que solicita a extradição). Decisão: Pela extradição do réu ao país de origem. 2º – Assunto: Processo de Extradição. A ré cometeu delito de roubo simples no Peru e solicita permanência no Chile. Partes: Defensoria Pública (defesa da ré), pede indulto (medida cautelar); Ministério Público. Decisão: Acordo com o Ministério Público, por mérito de antecedentes da ré, a qual, se compromete a não sair do país até decisão final do pedido.

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VISITA À BIBLIOTECA DA CORTE SUPREMA

Brasília, 25 de junho de 2012. Cristianne Sarkis Carvalho Maarraoui

Supremo Tribunal Federal Brasília - Brasil

Participamos de uma capacitação com o diretor de informática da biblioteca da Corte

Suprema, o qual nos explicou o funcionamento dos processos internos de trabalho e do sistema de biblioteca digital.

Atualmente, existe uma equipe de informática dedicada a atender a biblioteca da Corte Suprema, que possui integração com as bibliotecas das 17 Cortes do Chile.

Está sendo feito um levantamento das bibliotecas das Cortes do Chile com o objetivo de centralizar a compra de livros e padronizar via software o gerenciamento das tarefas das bibliotecas. Vem sendo feito um trabalho de digitalização desde o ano de 2010 e atualmente, existe um robô responsável pela digitalização do acervo da biblioteca. Existem prioridades definidas para a digitalização das obras, como o demandante, obra, acervo novo, etc...

A biblioteca digital compõe-se de doutrina, monografias, legislações, dicionários, teses de graduação. Ainda falta implementar uma busca por palavras chaves e a inclusão de anuários e revistas.

O sistema de Biblioteca Digital foi desenvolvido pelo CDPJ (Centro de Documentação do Poder Judiciário). Possui plataforma Web, roda no Internet Explorer e está disponível pela intranet da Corte Suprema. É um portal seguro, disponível para ministros e juízes. Possui informações sensíveis.

O acervo da biblioteca totalizou-se, em junho de 2012, em 14.687 obras, estando 18% digitalizadas. O processo de digitalização passa pelas fases: seleção, escaneamento (robô e OCR), processamento (manual) e publicação (arquivos). A obra digital permite pesquisa indexada, pesquisa por tabelas de conteúdo, mas não há utilização de termos do tesauro.

Como restrição, as obras digitais não podem ser impressas e não podem ser baixadas. Caso o ministro tenha interesse, deve-se fazer uma solicitação de envio por correio eletrônico.

O banco de dados utilizado é Oracle, a linguagem utilizada no desenvolvimento do software é Java e o aplicativo utilizado para a apresentação das obras de forma interativa é o Flipping Book (ferramenta comprada).

O sistema de gerenciamento de tarefas de biblioteca ainda não está integrado com o sistema de biblioteca digital. O primeiro, também gera estatísticas e envia e-mails com solicitações de informação. O cadastro de novos livros deve ser feito em ambos os sistemas.

Existe um percentual alto de ministros da Suprema Corte que utiliza a biblioteca

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digital. Fomos guiados a uma visita às áreas da biblioteca que implementam processos de digitalização de obras:

1º) Existe uma área que recebe o livro e gera uma etiqueta sequencial; 2º) É criada uma ficha de encaminhamento do livro com suas características gerais; 3º) O livro é enviado ao centro de digitalização; 4º) No centro de digitalização o livro é escaneado por um robô; 5º) É feito o OCR do livro e disponibilizado o arquivo para processamento; 6º) Outra área busca o arquivo e gera o índice do livro com seus links; 7º) É utilizado um software que gera a camada de apresentação dinâmica para os livros; 8º) Disponibiliza-se o E-Book no sistema para consultas. O robô possui uma produtividade média de 2.600 páginas escaneadas por hora e custa em torno de U$ 80,000.

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VISITA AO CENTRO JUDICIAL – TRIBUNAL DE GARANTIA

Brasília, 26 de junho de 2012. Cristianne Sarkis Carvalho Maarraoui

Supremo Tribunal Federal Brasília - Brasil

Visitamos o Centro Judicial, onde ficam o Tribunal de Garantia (justiça penal de 1º

grau) e o Tribunal Oral Penal (justiça recursal – 2º grau). Nessa data, assistimos a uma apresentação referente ao Tribunal de Garantia.

O Centro de Justiça é dividido em regiões. Fomos apresentados ao Sr. Marco, coordenador do Centro de Justiça da região de Santiago. Nessa coordenação é feito o gerenciamento das audiências de controle de detenção e a movimentação de juízes nas salas de julgamentos (para equilíbrio da carga de trabalho).

O Tribunal de Garantia, que visa garantir os direitos do acusado, possui 300 juízes, 47 defensores e fiscais (Ministério Público) e é responsável por 40% das causas criminais do país. Preconiza uma justiça moderna, justa e ágil. Existe um túnel subterrâneo para transporte de condenados do centro de detenção transitória para as salas de audiências. Nesse tribunal, existem 152 salas de audiências. O Centro de Justiça possui 15 Tribunais de Garantia e 07 Tribunais Orais Penais que atendem a todo o país. O país é dividido em regiões (ex: região metropolitana de Santiago) as quais são divididas em comunas (ex: comuna de Santiago - Centro, 7º Tribunal de Garantia). A região metropolitana de Santiago possui 202 juízes e a comuna do centro abrange uma população de 400.000 pessoas, sendo 2.000.000 de população flutuante (pessoas que passam pela região).

Nas audiências de controle de detenção, têm-se até 24 horas para decidir o que será feito em relação ao réu que cometeram delitos de até 05 anos e 01 dia. Nos delitos mais graves, com penas maiores, o réu é encaminhado para o Tribunal Oral Penal.

No Tribunal de Garantia, nas audiências de controle de detenção existe apenas um juiz, o qual, faz um filtro do que deve prosseguir para o Tribunal Oral Penal, que possui um colegiado de três juízes. Fizemos uma visita ao centro de detenção provisória que fica anexo ao Tribunal de Garantia.

Em seguida, participamos de algumas audiências de controle de detenção no 7° Tribunal de Garantia. As audiências são relativamente rápidas e não há registro em ata da audiência. Grava-se a audiência em formato MP3 e faz-se um resumo da mesma para lançamento no sistema de informática. Existem aproximadamente 300 audiências por dia e 1.600 audiências por semana (80% dessas furto simples).

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VISITA AO CENTRO JUDICIAL – TRIBUNAL ORAL PENAL

Brasília, 27 de junho de 2012. Cristianne Sarkis Carvalho Maarraoui

Supremo Tribunal Federal Brasília - Brasil

Fomos visitar o 4º Tribunal Oral Penal, responsável pela região de Santiago. Compete a esse tribunal julgar delitos mais graves como roubos com homicídio. Reunimo-nos com o Sr. Cézar, administrador desse tribunal. Atualmente, existe uma alta carga de trabalho, com 450 audiências ao ano e uma média de 3 a 4 audiências por dia.

Existem 15 juízes, divididos em 5 salas (3 juízes por sala). Nesse tribunal, visa-se a otimização dos trabalhos e uma melhor alocação dos juízes nas salas.

O modelo de gestão do tribunal é baseado nos modelos alemão e norte-americano, onde há uma separação das áreas administrativa e judicial. Os administradores são gestores e não podem ser advogados. Primam por eficiência, cumprimento das leis e controle dos prazos (o não cumprimento dos prazos gera nulidade processual).

No Tribunal Oral Penal, as audiências são gravadas em MP3 e é feito um resumo no momento da audiência para posterior lançamento no sistema de informática.

Existe um planejamento estratégico por tribunal, programas de capacitação, aviso automático de tarefas (os funcionários recebem por correio eletrônico até às 12h do dia as tarefas que do dia seguinte que deverão mudar).

Existe um intercâmbio de tarefas entre os funcionários da área administrativa. Com a alteração do código processual penal, houve mudança nos procedimentos judiciais. Esses e as notificações (90%) passaram a ser transmitidos por correio eletrônico. No tribunal, existe uma pessoa da informática para atender 40 usuários.

Os áudios gerados nas audiências do Tribunal Oral Penal são anexados aos recursos que seguem à Corte de Apelação. Isso permite um melhor entendimento da causa. Autorizações de mandado de prisão, investigação, interceptação telefônica, abertura de correspondências e buscas em residências as autorizações são fornecidas por telefone pelos juízes e o áudio é adicionado ao sistema informatizado.

A execução das causas penais sempre se dá pelo Tribunal de Garantia. Após a reunião assistimos a algumas audiências.

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Figura 7: Visita ao Tribunal de Garantia e Tribunal Oral Penal.

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VISITA AO TRIBUNAL ELEITORAL

Brasília, 28 de junho de 2012. Cristianne Sarkis Carvalho Maarraoui

Supremo Tribunal Federal Brasília - Brasil

Fomos visitar o Tribunal Qualificador de Eleições do Chile. Reunimo-nos com a Sra.

Lucia Meza que nos explicou o funcionamento do órgão. Esse tribunal possui 05 ministros, sendo 04 ministros da Corte Suprema e 01 ministro que é ex-parlamentar. A indicação para compor o tribunal é baseada nos requisitos de tempo de exercício no cargo.

São eleitos para o período de 04 anos e acumulam as funções de seus órgãos de origem com as funções desempenhadas no tribunal eleitoral. Este é um órgão autônomo em relação ao Poder Judicial, depende apenas do Fisco. Tem como objetivo garantir a transparência e a probidade das eleições nas quais os cidadãos participam.

O Tribunal Qualificador de Eleições, criado em 1925, é o segundo tribunal mais antigo da América Latina. Tem como competência a qualificação das eleições, o recebimento de reclamações eleitorais e a verificação das eleições de acordo com suas regras (ex: financiamento eleitoral). Sua jurisdição é nacional. O resultado das eleições para presidente deve ser qualificado em até 15 dias e o resultado das eleições parlamentares em até 03 meses.

O processo eleitoral no Chile é manual e a parte operacional (serviço eleitoral) compete ao Ministério do Interior (órgão do Poder Executivo). Utiliza cédulas em papel e é realizado em três escrutínios. Estão implementando uma reforma eleitoral para a próxima eleição, como inscrição automática dos candidatos e voto voluntário. Além disso, pretendem passar a competência de publicar os resultados provisórios das eleições para o Tribunal Qualificador de Eleições. O Chile adere ao protocolo de Quito e UNASUL.

Atualmente, o tribunal eleitoral digitaliza todos os expedientes recebidos e suas decisões e está implementando a tramitação eletrônica de seus atos. Possui um intercâmbio de colaboração com a Corporação Administrativa do Poder Judiciário.

A nível regional, existem 16 tribunais eleitorais regionais (órgãos de 2ª instância). Esses são independentes e responsáveis pelas eleições municipais.

Exemplo de um caso de anulação de eleições pelo Tribunal Qualificador Eleitoral: Uma eleição na qual existiam mais eleitores em uma comunidade do que seu número de habitantes. Fizemos uma visita pelas dependências do tribunal e conhecemos a sala de julgamentos.

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Figura 8: Visita ao Tribunal Eleitoral no Chile.

Almoço com o presidente da Corte Suprema

Fomos almoçar com o presidente da Corte Suprema, juntamente com 02 funcionários do poder judicial do Chile, 03 professores da Universidade do Chile, 01 professor da Universidade Alberto Hurtado (Chile) e 01 professora da UNB. Esses são responsáveis pelo programa de intercâmbio estudantil – Programa Teixeira de Freitas.

No almoço, considerado pelo presidente como a primeira reunião entre as várias partes interessadas nos programas de intercâmbio das Cortes Supremas do Mercosul e as universidades do Chile e UNB.

Foram debatidos temas referentes aos programas Joaquim Nabuco e Teixeira de Freitas. Como um intercâmbio maior de informação entre as áreas profissionais e as áreas acadêmicas (ex: possibilidade de cursos nas universidades do Chile durante o período de intercâmbio a trabalho). Foram sugeridas novas possibilidades para os programas de intercâmbio, como cursos de pós-graduação e ampliação dos países participantes do programa.

Concluindo, haverá em agosto de 2012, uma reunião em Brasília, com a participação dos diversos interessados, para tratar dos programas de intercâmbio.

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Figura 9: Almoço com o presidente da Corte Suprema.

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VISITA À CORPORAÇÃO JUDICIAL

Brasília, 29 de junho de 2012. Cristianne Sarkis Carvalho Maarraoui

Supremo Tribunal Federal Brasília - Brasil

Fomos visitar a Corporação Administrativa do Poder Judicial do Chile. Reunimo-nos

com a subdiretora de informática e computação. A Corporação Administrativa é formada por um Conselho Superior composto de 5 ministros da Corte Suprema, um diretor, uma assessoria jurídica, uma controladoria interna e várias subdiretorias (finanças, aquisições e manutenções, infraestrutura, desenvolvimento institucional, informática e computação, recursos humanos, planejamento e coordenação).

A Corporação Administrativa é uma organização dedicada à administração de recursos e prestação de serviços do Poder Judiciário, facilitando a otimização de sua função jurisdicional e o acesso da comunidade à justiça. Suas ações estão fundamentadas em valores como as pessoas e uma busca permanente de uma gestão proativa e de excelência.

A subdiretoria de informática possui duas áreas: operação e desenvolvimento. A operação terceiriza os serviços de telecomunicação, hardware e datacenter. Os equipamentos (juntamente com licenças, manutenções e antivírus) são arrendados por três anos. Atualmente existem 11.000 usuários de informática no Poder Judiciário do Chile e existe 01 funcionário da TI para cada 50 usuários. Setores que possuem menos de 50 usuários, utilizam o CallCenter da empresa terceirizada.

A plataforma de tecnologia atual possui 22 servidores e 09 sistemas em todo o Chile (exemplos: Corte Suprema, Corte de Apelação, Tribunal de Garantia, Tribunal Oral Penal, Tribunal de Família, Tribunal Civil e Tribunal do Trabalho).

Existe um datacenter (arrendado da Intel), profissionais DBA's, monitoramento relacionado à segurança da informação e às bases de dados (utilizam o sistema gerenciador de banco de dados Oracle 11g) e uma alta disponibilidade de 99%. Tudo sob a responsabilidade de empresas terceirizadas e sob a supervisão e gestão dos gestores dos contratos.

Na gerência de projetos utilizam como referência o Pmbok. Existe o perfil do chefe de projetos, o qual é responsável pela administração dos contratos. Esse, efetua também a gestão de novas demandas, definição de procedimentos, aplicação de multas e verificação de qualidade.

O desenvolvimento e a manutenção dos sistemas é terceirizado, porém, o código pertence à corporação. Possuem ambiente de desenvolvimento, teste, qualidade e um ambiente pré-produtivo (ambiente idêntico à produção onde fazem a gestão de configuração). Neste, é realizada a capacitação dos usuários e a homologação dos sistemas.

O desenvolvimento é especializado por áreas, existem gerentes de projeto

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responsáveis por sistemas judiciais e gerentes de projeto responsáveis por sistemas corporativos.

Existe um grupo de técnicos jurídicos (pessoas com conhecimento na área de negócio jurídica) que são capacitados por 03 meses e são os responsáveis pelo treinamento dos usuários. Esse treinamento dura em média de 2 a 3 semanas. O atendimento de 1º nível é feito por 14 técnicos jurídicos (pelo call center ou por correio eletrônico) e são realizados por região (ex: Santiago). Os atendimentos de 2º a 4º nível são feitos por profissionais da área de informática.

A base de dados do portal do Poder Judiciário é um espelhamento da base de dados do ambiente de produção e é carregado diariamente à noite. Os advogados podem acessar o portal para fazer petições na justiça do trabalho e justiça de família.

A corporação utiliza, internamente, a ferramenta DocFlow para controle de documentos administrativos. Existe, também, um sistema de agendamento das pautas utilizado pela Corte Suprema, de responsabilidade da corporação. As aplicações são desenvolvidas em linguagem Java e o portal Web é desenvolvido em PHP.