8
Teorias Contemporâneas da Democracia (3 créditos) Profs. João Feres Júnior e San Romanelli Assumpção Horário: Quinta-feira, das 13 às 16 horas ______________________________________________________________________ ______ Introdução A teoria política contemporânea é uma área em constante evolução e mutação, o que redunda também em expansão do rol de autores relevantes, tópicos e problemas tratados. Na grade canônica dos cursos de teoria, inclusive no IESP, é tradição dedicar a disciplina de Teoria Política Contemporânea (TPIII, no nosso caso) à teoria da justiça e aos debates que dela brotaram, como o reconhecimento, multiculturalismo, direitos de minorias etc. Contudo, o desenvolvimento em décadas recentes de um robusto cabedal de reflexões sobre a democracia torna essa abordagem no mínimo incompleta, no que toca a formação de nossos estudantes. Mas a teoria democrática não é somente relevante para a subárea de teoria política. A ciência política moderna é uma ciência da democracia, como vários autores já notaram. É exatamente por isso que a teoria democrática é, dentre as variedades de teoria política, a que mais contatos e intercâmbios tem com a ciência política de base empírica. Executivo, legislativo, políticas públicas, eleições, comportamento político, praticamente todos os tópicos da ciência política são também objeto de reflexão da teoria democrática. Isto é, nenhum dos lados, teoria ou ciência empírica, pode deixar de levar o outro a sério. Nenhum dos dois lados, teoria ou ciência empírica, pode faltar na formação profissional de um bom cientista político. O presente curso tem por finalidade oferecer um panorama das teorias da democracia contemporâneas. Partindo da discussão sobre o escopo conceitual das teorias da democracia e de panoramas do estado atual dos debates de teoria democrática, esta disciplina debaterá os valores Programa de Pós-Graduação (IESP-UERJ) 1

PROGRAMA - Teorias Da Democracia 2.1

Embed Size (px)

DESCRIPTION

programa

Citation preview

Page 1: PROGRAMA - Teorias Da Democracia 2.1

Teorias Contemporâneas da Democracia (3 créditos)

Profs. João Feres Júnior e San Romanelli AssumpçãoHorário: Quinta-feira, das 13 às 16 horas____________________________________________________________________________

Introdução

A teoria política contemporânea é uma área em constante evolução e mutação, o

que redunda também em expansão do rol de autores relevantes, tópicos e

problemas tratados. Na grade canônica dos cursos de teoria, inclusive no IESP, é

tradição dedicar a disciplina de Teoria Política Contemporânea (TPIII, no nosso

caso) à teoria da justiça e aos debates que dela brotaram, como o reconhecimento,

multiculturalismo, direitos de minorias etc. Contudo, o desenvolvimento em

décadas recentes de um robusto cabedal de reflexões sobre a democracia torna

essa abordagem no mínimo incompleta, no que toca a formação de nossos

estudantes.

Mas a teoria democrática não é somente relevante para a subárea de teoria

política. A ciência política moderna é uma ciência da democracia, como vários

autores já notaram. É exatamente por isso que a teoria democrática é, dentre as

variedades de teoria política, a que mais contatos e intercâmbios tem com a

ciência política de base empírica. Executivo, legislativo, políticas públicas, eleições,

comportamento político, praticamente todos os tópicos da ciência política são

também objeto de reflexão da teoria democrática. Isto é, nenhum dos lados, teoria

ou ciência empírica, pode deixar de levar o outro a sério. Nenhum dos dois lados,

teoria ou ciência empírica, pode faltar na formação profissional de um bom

cientista político.

O presente curso tem por finalidade oferecer um panorama das teorias da

democracia contemporâneas. Partindo da discussão sobre o escopo conceitual das

teorias da democracia e de panoramas do estado atual dos debates de teoria

democrática, esta disciplina debaterá os valores instrumental, intrínseco e

epistêmico das apropriações e reconstruções contemporâneas (1) das noções de

vontade geral, razão pública e vontade da maioria, (2) das potencialidades e limites

postos pelos direitos das maiorias e minorias, (3) das tensões entre democracia,

igualdade política e liberdade política, (4) das potencialidades e limites do

Programa de Pós-Graduação (IESP-UERJ) 1

Page 2: PROGRAMA - Teorias Da Democracia 2.1

autogoverno, e das diversas formas de poder, coerção e dominação política,

econômica e social.

Panoramas da teoria democrática

Dahl, Robert. 1956. A preface to democratic theory. Chicago: The University of Chicago Press, caps 1-3.

Tilly, Charles. 2007. Democracy. Cambridge: Cambridge University Press. [capítulo 1, “What is democracy?”]

Przeworski, Adam. 2010. Democracy and the limits of self-government. Cambridge: Cambridge University Press.

Concepções minimalistas e “explicativas” da democracia

Weber, Max. 1980. “Parlamentarismo e governo numa Alemanha reconstruída: uma contribuição à crítica política do funcionalismo e da política partidária”. In M. Weber, Os Pensadores. São Paulo: Abril, pp. 01-85.

Schumpeter, Joseph. 1961. Capitalismo, socialismo e democracia. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, pp. 288-366.

Przeworski, Adam. 1993. “Democracy as a contingent outcome of conflicts”. In J. Elster e R. Slagstad (orgs.), Constitutionalism and democracy. Cambridge: Cambridge University Press, pp. 59-80.

Teorias econômicas e minimalistas da democracia

Downs, Anthony. 1957. An Economic Theory of Political Action in a Democracy. The Journal of Political Economy, 65(2), pp. 135-150.

Buchanan, James and Gordon Tullock. The Calculus of Consent. 2003. In T. Christiano (org.), Philosophy and democracy. An Anthology. Oxford: Oxford University Press, pp. 195-215.

Riker, William. 2003. “Social choice theory and constitutional democracy”. In T. Christiano (org.), Philosophy and democracy. An Anthology. Oxford: Oxford University Press, pp. 161-194.

Coleman, Jules. 1989. “Rationality and the justification of democracy”. In H. G. Brennan e L. Lomasky (orgs.), Politics and process: new essays in democratic thought. Cambridge: Cambridge University Press, pp. 194-220.

Programa de Pós-Graduação (IESP-UERJ) 2

Page 3: PROGRAMA - Teorias Da Democracia 2.1

Democracia entre explicação e normatividade

Dahl, Robert. 1989. Democracy and its critics. New Haven: Yale University Press. [partes 3 e 4].

Argumentações sobre o valor instrumental da democracia

Dworkin, Ronald. 1987. “What is equality? Part 4: Political equality”. University of San Francisco Law Review, vol. 22, no 1, pp. 1-30.

Elster, Jon. 1986. “The Market and the forum: three varieties of political theory”. In J. Elster e A. Hylland (orgs.), Foundations of social choice theory. Cambridge: Cambridge University Press, pp. 103-132.

Arneson, Richard. 2003. “Democratic rights at the national level”. In T. Christiano (org.), Philosophy and democracy. An Anthology. Oxford: Oxford University Press, pp. 95-115.

Sen, Amartya. Democracy as a Universal Value. Journal of Democracy 10.3 (1999) 3-17.

Argumentações sobre o valor epistêmico da democracia – Parte 1

Cohen, Joshua. “An epistemic conception of democracy.” Ethics, vol. 97, no. 1, 1986, pp. 26-38.

Estlund, David. 2008. Democratic Authority. A philosophical framework. Princeton: Princeton University Press.

Argumentações sobre o valor epistêmico da democracia – Parte 2

Fishkin, James. 2011. When the people speak: deliberative democracy and public consultation. Oxford: Oxford University Press.

Gutmann, Amy & Dennis Thompson. 1996. Democracy and disagreement. Cambridge-Mass.: Harvard University Press.

Programa de Pós-Graduação (IESP-UERJ) 3

Page 4: PROGRAMA - Teorias Da Democracia 2.1

Habermas, Jürgen. 1996. Between facts and norms. Cambridge-Mass.: The MIT Press.

8.

Argumentações sobre democracia e igualdade política

Christiano, Thomas. 2010. The constitution of equality: democratic authority and its limits. Oxford: Oxford University Press.

Beitz, Charles. 1989. Political equality. Princeton: Princeton University Press.

9.

Democracia e justiça – Parte 1 - Estado de Direito

Waldron, Jeremy. 2002. “The constitutional conception of democracy.” In Estlund (org.). Democracy. Oxford: Blackwell.

Waldron, Jeremy. “Participation: the right of rights.” Proceedings of the Aristotelian Society, Vol. 98 (1998), pp. 307-337.

Sejersted, Francis. 1988. “Democracy and rule of law: some historical experiences of contradictions in the striving for good government.” In Elster & Slagstad (orgs.). Constitutionalism and democracy. Cambridge: Cambridge University Press, pp. 131-152.

Holmes, Stephen. 1988. “Precommitment and the paradox of democracy.” In Elster & Slagstad (orgs.). Constitutionalism and democracy. Cambridge: Cambridge University Press, pp. 195-240.

Holmes, Stephen. 1988. “Gag rules or the politics of omission.” In Elster & Slagstad (orgs.). Constitutionalism and democracy. Cambridge: Cambridge University Press, pp. 19-58.

Holmes, Stephen. 2003. “Lineages of the rule of law.” In Maravall & Przeworski (orgs). Democracy and the rule of law. Cambridge: Cambridge University Press, pp. 19-61.

Ferejohn, John & Pasquale Pasquino. 2003. “Rule of democracy and rule of law.” In Maravall & Przeworski (orgs.). Democracy and the rule of law. Cambridge: Cambridge University Press, pp. 242-260.

10.

Democracia e justiça – Parte 2 - Democracia, justiça distributiva e poder econômico.

Dahl, Robert. 1956. A preface to economic democracy. Chicago: University of Chicago Press.

Programa de Pós-Graduação (IESP-UERJ) 4

Page 5: PROGRAMA - Teorias Da Democracia 2.1

Post, Robert. 2014. Citizens divided: campaign finance reform and the Constitution. Cambridge-Mass.: Harvard University Press.

Ackerman, Bruce & Ian Ayres. 2002. Voting with dollars: a new paradigma for campaign finance. New Haven: Yale University Press.

Van Parijs, Philippe. 2011. Just democracy. The Rawls-Machiavelli programme. ECPR Press.

11.

Democracia e liberdade de expressão – Parte 1 – Liberdade de expressão e autogoverno

Sunstein, Cass. 1995. Democracy and the problem of free speech. Nova York: The Free Press.

Meiklejohn, Alexander. 1948. Free speech and its relation to self-government. http://digicoll.library.wisc.edu/cgi-bin/UW/UW-idx?type=turn&entity=UW.MeikFreeSp.p0003&id=UW.MeikFreeSp&isize=M&pview=hide

12.

Democracia e liberdade de expressão – Parte 2 – Democracia, liberdade de expressão e meios de comunicação

Holmes, Stephen. 1990. “Liberal constraints on private power?: reflections on the origins and rationale of access regulation.” In Lichtenberg (org.). Democracy and the mass media. Cambridge: Cambridge University Press, pp. 21-65.

Bollinger, Lee. 1990. “The rationale of public regulation of the media.” In Lichtenberg (org.). Democracy and the mass media. Cambridge: Cambridge University Press, pp. 355-367.

Lichtenberg, Judith. 1990. “Foundations and limits of freedom of the press.” Lichtenberg (org.). Democracy and the mass media. Cambridge: Cambridge University Press, pp. 102-135.

Sanford, Ungar. 1990. “The role of free press in strenghteningdemocracy.” In Lichtenberg (org.). Democracy and the mass media. Cambridge: Cambridge University Press, pp. 368-397.

13.

Democracia, liberdade de expressão e a “dificuldade da tolerância”.

Scanlon, Thomas. 2003. “A theory of freedom of expression.” In Scanlon, Thomas. 2003. The difficult of tolerance. Essays in political philosophy. Cambridge: Cambridge University Press, pp. 6-25.

Programa de Pós-Graduação (IESP-UERJ) 5

Page 6: PROGRAMA - Teorias Da Democracia 2.1

Scanlon, Thomas. 2003. “Freedom of expression and categories of expression.” In Scanlon, Thomas. 2003. The difficult of tolerance. Essays in political philosophy. Cambridge: Cambridge University Press, pp. 85-112.

Cohen, Joshua. “Freedom of Expression.” Philosophy and Public Affairs, vol. 22, no. 3, 1993, pp. 207-263.

Michelman, Frank. 1989. “Conceptions of democracy in American Constitutional Argument: the case of pornography regulation.” Tenesse Law Review, vol. 56, no. 291, pp. 291-320.

14.

Democracia e liberdade de associação.

Gutmann, Amy. 1998. Freedom of association. Princeton: Princeton University Press.

Warren, Mark. 2001. Democracy and associations. Princeton: Princeton University Press.

Rosenblum, Nancy. 1998. Membership and morals. The personal uses of pluralism and democracy in America. Princeton: Princeton University Press.

15.

Democracia e representação.

Pitkin, Hanna. 1972. The concept of representation. San Francisco: University of California Press.

Manin, Bernard. 1997. The Principles of Representative Government. Cambirdge: Cambridge University Press.

Urbinati, Nadia. 2006. Representative democracy: principles and genealogy. Chicago: The University of Chicago Press.

16.

Democracia e inclusão minorias políticas.

Phillips, Anne. 1998. The politics of presence. Oxford: Oxford University Press.

Phillips, Anne. 1991. Engendering democracy. Cambridge University Press.

Young, Iris Marion. 2002. Inclusion and democracy. Oxford: Oxford University Press.

Programa de Pós-Graduação (IESP-UERJ) 6

Page 7: PROGRAMA - Teorias Da Democracia 2.1

Programa de Pós-Graduação (IESP-UERJ) 7