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Instituto do Ambiente Câmara Municipal de Santa Comba Dão Universidade de Coimbra Projecto de Mobilidade Sustentável – Relatório de Caracterização e Diagnóstico – Coimbra, Agosto 2007

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Instituto do Ambiente

Câmara Municipal de Santa Comba Dão

Universidade de Coimbra

Projecto de Mobilidade Sustentável – Relatório de Caracterização e Diagnóstico –

Coimbra, Agosto 2007

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ÍNDICE1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................5

1.1 ENQUADRAMENTO GERAL DO ESTUDO .......................................................................................51.2 OBJECTO DO RELATÓRIO DE DIAGNÓSTICO.................................................................................7

2 DELIMITAÇÃO DOS PERÍMETROS DE ESTUDO ..................................................................8

3 CARACTERIZAÇÃO GERAL DO MUNICÍPIO DE SANTA COMBA DÃO .......................10

3.1 LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA....................................................................................................103.2 TERRITÓRIO .............................................................................................................................11

3.2.1 Município de Santa Comba Dão.........................................................................................11

4 CARACTERIZAÇÃO DAS INFRA-ESTRUTURAS DE TRANSPORTES.............................14

4.1 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................144.2 TRANSPORTE RODOVIÁRIO ......................................................................................................14

4.2.1 Redes Regional e Nacional.................................................................................................154.2.2 Rede Municipal...................................................................................................................174.2.3 Rede Urbana.......................................................................................................................18

4.3 INFRA-ESTRUTURA FERROVIÁRIA............................................................................................20

5 AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS DE PROCURA DE TRÁFEGO ...................................................21

5.1 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................215.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE A REPARTIÇÃO MODAL .....................................................................215.3 CENTRO DA CIDADE/ÁREA CONSOLIDADA ..............................................................................225.4 ÁREA DE EXPANSÃO ................................................................................................................225.5 ZONAS EXTERIORES .................................................................................................................235.6 OS PRINCIPAIS MOVIMENTOS INTER-ZONAIS E URBANOS........................................................24

5.6.1 Introdução ..........................................................................................................................245.6.2 A procura de Tráfego nas Vias de importância Nacional ..................................................245.6.3 A Procura de Tráfego na Rede Urbana..............................................................................26

5.7 MOVIMENTOS EM VEÍCULO LIGEIRO........................................................................................285.7.1 Período de Ponta da Manhã/Pico Horário ........................................................................28

5.8 MOVIMENTOS DOS VEÍCULOS COMERCIAIS PESADOS ..............................................................295.8.1 Período de Ponta da Manhã/Pico Horário ........................................................................29

6 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DA REDE VIÁRIA ...........................................................29

6.1 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................296.2 CONDIÇÕES DE CIRCULAÇÃO ACTUAIS ....................................................................................306.3 CONDIÇÕES DE FUNCIONAMENTO DO SISTEMA DE ESTACIONAMENTO ....................................31

6.3.1 Introdução ..........................................................................................................................316.3.2 Tipologia e Localização da Oferta e da Procura ...............................................................326.3.3 Avaliação do Desempenho do Sistema de Estacionamento................................................34

6.4 A REDE DE TRANSPORTES COLECTIVOS...................................................................................366.4.1 Introdução ..........................................................................................................................366.4.2 Avaliação da oferta ............................................................................................................366.4.3 Avaliação da procura .........................................................................................................386.4.4 Desempenho da Rede de Transportes Colectivos...............................................................38

6.5 A REDE PEDONAL DO CENTRO DA CIDADE ..............................................................................396.5.1 Introdução ..........................................................................................................................396.5.2 Quantificação/Qualificação da Oferta e da Procura .........................................................406.5.3 O Desempenho do Sistema Pedonal ...................................................................................41

6.6 DESLOCAÇÕES EM BICICLETA..................................................................................................426.7 PRINCIPAIS RESULTADOS DOS INQUÉRITOS À POPULAÇÃO .......................................................43

6.7.1 Introdução ..........................................................................................................................436.7.2 Resultados dos inquéritos...................................................................................................44

6.8 PRINCIPAIS CONCLUSÕES.........................................................................................................46

7 IDENTIFICAÇÃO DAS ÁREAS PRIORITÁRIAS DE INTERVENÇÃO E CORRESPONDENTES PERIMETROS DE ACTUAÇÃO.................................................................47

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7.1 - INTRODUÇÃO .........................................................................................................................477.2 AREAS TEMÁTICAS PRIORITARIAS DE INTERVENÇÃO................................................................47

7.2.1 Rede pedonal ......................................................................................................................477.2.2 Rede Viária.........................................................................................................................487.2.3 Estacionamento ..................................................................................................................497.2.4 Rede Ciclista.......................................................................................................................50

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................................51

ÍNDICE DE FIGURAS FIGURAS 1 – Localização do Município de Santa Comba Dão, a nível nacional e a nível distrital…...…10

FIGURA 2 – Freguesias do Município de Santa Comba Dão……………………………………………...11

FIGURA 3 – Margem direita do rio Dão, nas proximidades do Granjal.………………………………....12

FIGURA 4 – Rede rodoviária nacional de Santa Comba Dão…………………………………………......15

FIGURA 5 – Rua Sacadura Cabral, no centro urbano de Santa Comba Dão……………………………..18

FIGURA 6 – Avenida General Humberto Delgado, na zona mais recente da cidade..................................19

FIGURA 7 – Estação de Caminho-de-Ferro do Vimieiro….........................................................................20

FIGURA 8 – Postos de contagem da JAE no Município de Santa Comba Dão……………………………25

FIGURA 9 – Estacionamento ilegal na Rua Albino Vieira, no centro de Santa Comba Dão……………...33

FIGURA 10 – Estacionamento ilegal na Rua de Santa Columba, no centro de Santa Comba Dão……….33

FIGURA 11 – Parque de estacionamento junto à Igreja Matriz...................................................................33

FIGURA 12 – Estacionamento em cima do passeio na Rua Prof. Luís de Magalhães, junto à Creche…...34

FIGURA 13 – Invasão da Praça do Rossio por veículos estacionados........................................................35

FIGURA 14 – Invasão da Praça do Município por veículos estacionados...................................................35

FIGURA 15 – Veículos estacionados na berma da Rua General Leão.........................................................35

FIGURA 16 – Veículos estacionados na berma da Avenida Sá Carneiro....................................................35

FIGURA 17 – Rua de S. Joaninho, freguesia de Santa Comba Dão............................................................42

ÍNDICE DE TABELAS TABELA 1 – Características espaciais e populacionais do Município de Santa Comba Dão ....................12

TABELA 2 – Indicadores demográficos do Município de Santa Comba Dão no ano de 2004 ..................13

TABELA 3 – Contagens da JAE para os cinco postos do Município de Santa Comba Dão .......................25

TABELA 4 – Distribuição do tráfego pelas várias tipologias de veículos ..................................................27

ÍNDICE DE GRÁFICOS GRÁFICO 1 – Distribuição da população activa pelos sectores de actividade económica.........................13

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SUMÁRIO EXECUTIVO

O presente documento é o primeiro de três relatórios que irão compor um estudo de

mobilidade no Município de Santa Comba Dão. Este estudo insere-se no Projecto de

Mobilidade Sustentável, promovido e coordenado pelo Instituto do Ambiente e que

conta com a colaboração da Associação Nacional de Municípios Portugueses. Pretende-

se com este estudo fazer o levantamento dos principais problemas de mobilidade no

Município de Santa Comba Dão, apresentando propostas para a melhoria dessas

mesmas condições. Neste primeiro relatório, Relatório de Diagnóstico, são apresentadas

as principais conclusões de um trabalho de caracterização e diagnóstico dos hábitos de

mobilidade local, da oferta e procura de transportes, ao nível dos diferentes modos de

transporte disponíveis no referido município.

De acordo com as preocupações apresentadas pelos interlocutores do estudo em

representação da Câmara Municipal de Santa Comba Dão e na sequências das visitas

técnicas efectuadas ao município, concluiu-se que a tipologia dos problemas e as

consequentes necessidades de intervenção ao nível da mobilidade são bastante distintas

consoante se trate do centro da freguesia de Santa Comba Dão ou da área

correspondente ao município. Assim, começou-se por distinguir estes dois perímetros

de estudo.

Sucedeu-se uma caracterização do Município de Santa Comba Dão no que se refere ao

seu enquadramento geográfico e às suas características sócio-demográficas. Prosseguiu-

se com um levantamento da situação actual das infra-estruturas existentes no município

ou com relevância para a mobilidade da população local. Denota-se uma forte

dependência nas infra-estruturas rodoviárias, dado que não existem relevantes infra-

estruturas ferroviárias, fluviais ou aéreas no município. No que se refere às infra-

estruturas ferroviárias, a linha que atravessa o município, Linha da Beira Alta, tem

apenas uma importância residual na mobilidade dentro do município.

Procedeu-se a um diagnóstico da situação dos actuais componentes do sistema de

transportes, avaliando de forma sumária o modo de funcionamento de cada um dos

modos de transporte em operação e identificando os principais problemas de mobilidade

encontrados. Entre os principais problemas detectados apresentam-se aqui alguns em

sinopse:

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- Rede rodoviária: Deficiente estruturação hierárquica da rede viária na Cidade de

Santa Comba Dão, o que se reflecte numa tendencial invasão de espaços nobres da

cidade por veículos automóveis;

- Sistema de estacionamento: Alguma desorganização do sistema de

estacionamento, traduzido, entre outros aspectos, na invasão de espaços nobres e

destinados ao peão;

- Rede de transportes colectivos interurbanos: Falta de um terminal rodoviário;

- Rede de transportes colectivos urbanos: Inexistência de um serviço público

independente do serviço escolar; frequência e trajectos reduzidos;

- Rede pedonal: De forma geral é aceitável, contudo identificam-se algumas

irregularidades que afectam o seu desempenho global, tais como descontinuidade

dos passeios, inexistência de rampas junto às passadeiras, largura útil reduzida, etc;

ocupação de espaços pedonais por veículos automóveis;

- Rede de ciclovias: As condições orográficas são pouco favoráveis ao seu uso, não

existindo actualmente qualquer infra-estrutura de apoio a este modo de transporte.

Na sequência dos principais problemas de mobilidade identificados no âmbito dos

trabalhos de caracterização da mobilidade e diagnóstico do sistema actual de transportes

no Município de Santa Comba Dão, definiram-se aqueles que se pensam constituir as

áreas temáticas prioritárias a desenvolver no âmbito do presente estudo:

- Rede pedonal: Promoção do modo pedonal nos espaços centrais da cidade e nas

ligações deste aos principais pólos de atracção local, designadamente aos

equipamentos escolares, culturais, serviços e espaços comerciais; reafectação de

alguns espaços aos peões, actualmente invadidos e utilizados pelo veículo

automóvel.

- Rede rodoviária: A necessidade de se apostar numa análise integrada do

funcionamento do sistema de transportes, leva a que também a rede viária seja

objecto de estudo. Nesse contexto espera-se, no âmbito do presente estudo,

contribuir para a definição de uma estrutura viária hierarquicamente funcional e

particularmente voltada para a defesa de zonas onde se pretenda sobretudo

beneficiar a circulação por modos suaves. Algum cuidado será também dado ao

tratamento da EN234, particularmente no seu troço de atravessamento da cidade, de

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forma a minimizar o impacto do veículo automóvel na vivência local. Finalmente

importa garantir a existência de troços seguros que liguem os lugares de maior

potencial turístico e todas as freguesias à sede de município;

- Sistema de estacionamento: Será dada particular atenção à organização do

sistema de estacionamento seguindo o princípio de defesa dos espaços centrais,

mediante a introdução de uma política condicionada e/ou restritiva à sua prática.

Tendo por base os problemas de mobilidade diagnosticados e a identificação das áreas

temáticas prioritárias de intervenção, conclui-se que o desenvolvimento do Projecto de

Mobilidade Sustentável aplicado ao Município de Santa Comba Dão tenderá a incidir

sobretudo no espaço urbano da cidade. A inclusão da infra-estrutura rodoviária nas

áreas temáticas prioritárias induz naturalmente ao alargamento deste perímetro até à

área do município. Esta proposta de definição do perímetro de intervenção foi validada

e suportada pelas preocupações de mobilidade apresentadas pelos interlocutores da

Câmara Municipal de Santa Comba Dão.

1 INTRODUÇÃO

1.1 ENQUADRAMENTO GERAL DO ESTUDO

O presente relatório integra uma caracterização de base do Município de Santa Comba

Dão, com especial incidência na caracterização dos hábitos de mobilidade local, da

oferta e procura de transportes, ao nível dos diferentes modos de transporte disponíveis

no município. Integra ainda um diagnóstico da situação actual do sistema de transportes,

através do levantamento da situação actual das infra-estruturas, bem como uma

avaliação sumária do modo de funcionamento de cada um dos modos de transporte

existentes/ou em operação no Município de Santa Comba Dão.

O trabalho insere-se no Projecto Mobilidade Sustentável, promovido e coordenado peloInstituto do Ambiente e com a colaboração da Associação Nacional de Municípios

Portugueses. O referido projecto visa a elaboração de Planos de Gestão de Mobilidade

Sustentável, aplicados a 40 municípios e uma rede de 14 centros/departamentos

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universitários para apoio técnico e científico ao desenvolvimento dos Planos de

Mobilidade de cada uma das áreas urbanas abrangidas e das acções específicas a

promover.

De acordo com o Compromisso de Aalborg (Carta das Cidades Europeias para a

Sustentabilidade, 1994), pretende-se fomentar o desenvolvimento de redes urbanas onde

os diversos meios de transporte possam coexistir, obedecendo às regras e restrições

necessárias à promoção de comportamentos mais sustentáveis, melhorando a qualidade

do espaço e consequentemente a qualidade de vida das populações. No caso concreto

deste estudo, pretende-se estudar e melhorar a mobilidade no Município de Santa

Comba Dão. Para além do Instituto do Ambiente, têm-se como entidades intervenientes

a Câmara Municipal de Santa Comba Dão e a Universidade de Coimbra, representada

pelo Laboratório de Urbanismo e Transportes do Departamento de Engenharia Civil.

Este tem a responsabilidade de apresentar ao Instituto do Ambiente e à Câmara

Municipal de Santa Comba Dão três relatórios que no seu conjunto expõem todo o

estudo realizado. Assim, para além deste primeiro relatório de progresso, que sintetiza

os trabalhos da 1ª Fase, estão previstas mais duas fases de trabalho que resumidamente

envolvem as seguintes tarefas:

- Fase 2 – Definição de objectivos e conceito de intervenção, esta fase fortemente

baseada nas principais conclusões retiradas da Fase 1, será centrada na identificação dos

objectivos específicos a prosseguir em termos de mobilidade sustentável na área de

estudo, a qual abordará, nomeadamente, as questões relacionadas com a acessibilidade

aos seus diferentes níveis; o estacionamento; o espaço público e a sua afectação aos

diferentes modos e funções. Serão identificadas as principais acções a empreender para

a concretização de um conceito multimodal de deslocações ambientalmente

sustentáveis, definindo a sua calendarização, os recursos a afectar e as entidades e

actores a mobilizar na sua realização.

- Fase 3 – Desenvolvimento de Propostas de Intervenção e Programa de Acções, esta

fase engloba o desenvolvimento dos estudos de pormenor e dos estudos prévios

relativos às várias áreas de intervenção, em relação às que foram consideradas

prioritárias e com maior impacte para a prossecução de uma política de mobilidade

sustentável. Nos casos mais complexos, estes estudos deverão seguir-se à elaboração de

um plano de circulação e estacionamento da área de estudo; à definição das redes de

ciclovias e de deslocações pedonais; à definição do serviço de transportes colectivos.

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Será ainda apresentado um programa de acção para os horizontes temporais de

curto/médio/longo prazo.

1.2 OBJECTO DO RELATÓRIO DE DIAGNÓSTICO

O presente relatório visa expor o resultado do estudo de diagnóstico de

mobilidade/acessibilidade do Município de Santa Comba Dão, realizado pelo

Laboratório de Urbanismo e Transportes do Departamento de Engenharia Civil da

Universidade de Coimbra.

Realizaram-se visitas ao local para conhecimento e caracterização das necessidades e

potencialidades do município em termos de mobilidade. Foram ainda cuidadosamente

estudados os documentos fornecidos pela Câmara Municipal de Santa Comba Dão,

referidos na bibliografia, dos quais se extraiu um conjunto de informações relacionadas

com a mobilidade desta região, desde projectos aprovados e em vias de implementação

a acções em fase de proposta, directivas das entidades competentes, preocupações da

Câmara Municipal e sugestões pertinentes. O conteúdo destes documentos, que de

alguma forma possa ser útil à realização deste estudo, é descrito ao longo deste

relatório.

De acordo com o plano de trabalhos previamente definido, o presente documento

integra as seguintes tarefas fundamentais:

� Identificação dos objectivos do estudo, contando com a colaboração dos

interlocutores para o Projecto do Município de Santa Comba Dão. A opinião dos

habitantes foi também tida em consideração através da realização de um inquérito à

mobilidade;

� Definição dos perímetros de estudo, distinguindo aquele onde se prevê virem a ser

desenvolvidas as principais intervenções e um perímetro mais abrangente, onde as

intervenções serão menos profundas;

� Caracterização da oferta e procura de transportes e do modo como a mobilidade se

exerce, bem como das suas infra-estruturas de apoio;

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� Definição e caracterização das principais condicionantes à evolução da mobilidade

na área de estudo, que podem estar relacionados com as infra-estruturas ou sistemas

viários, aspectos urbanísticos ou aspectos económicos e demográficos, entre outros;

� Identificação e caracterização dos principais problemas que se colocam ao

desenvolvimento de uma mobilidade sustentável, tanto no presente como a médio

prazo;

� Identificação das áreas prioritárias de intervenção no âmbito do presente projecto,

tendo por base os problemas e condicionantes à mobilidade identificados ao longo

do presente relatório e enquadrados nos objectivos centrais de um projecto que

procura promover a mobilidade sustentável.

O relatório agora apresentado assenta, numa primeira parte, na caracterização

geográfica, populacional e económica do Município de Santa Comba Dão.

A segunda parte, centra-se numa avaliação e diagnóstico das formas de mobilidade da

população do município, tendo sido estudados diversos parâmetros de mobilidade,

identificadas as deficiências e potencialidades locais. Com base nestes, foram definidos

os aspectos que devem ser alvo de intervenção futura, no sentido de fornecer a Santa

Comba Dão as conjunturas estruturais que lhe permitam oferecer as melhores condições

de mobilidade a todos os seus habitantes e visitantes.

2 DELIMITAÇÃO DOS PERÍMETROS DE ESTUDO

A definição da área de estudo foi realizada nesta fase de diagnóstico com base em dois

aspectos: por um lado a aspiração de atender à totalidade das deficiências existentes no

município, por outro lado a necessidade de garantir a resolução dos problemas de

mobilidade mais graves e urgentes. Teve-se ainda em atenção a diferente tipologia dos

problemas encontrados, sendo diferenciadas duas escalas de intervenção, a escala

municipal e a escala do centro urbano.

A escala municipal incide essencialmente sobre as ligações entre as diversas freguesias

do município, principalmente entre cada uma das freguesias e a freguesia de Santa

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Comba Dão. A este nível, deve-se garantir que as populações de todas as localidades do

município disponham de boas condições de acessibilidade à sede de município, onde se

concentra a maioria dos equipamentos e serviços. Dar-se-á importância quer às ligações

rodoviárias quer às pedonais, pretendendo-se assim inverter a tendência de isolamento e

desertificação de algumas localidades do município. Também os locais de maior

potencial turístico deverão ser alvo de análise, pois a falta de boas acessibilidades pode

motivar o fracasso de qualquer investimento turístico.

Dada a abrangência desta escala, quer o diagnóstico quer algumas das propostas que se

seguirão serão de índole generalista. Face à impossibilidade de apresentar projectos

concretos para cada um dos problemas existentes, para aqueles que se repetem em

vários locais poder-se-á propor a implementação de determinada medida, sem todavia

dar indicações rígidas relativamente aos seus parâmetros geométricos, materiais, etc.,

deixando esses detalhes para definir numa fase posterior. Logo, à excepção de eventuais

troços/situações a tratar de forma mais particularizada, a maioria das propostas de

intervenção à escala municipal serão apenas recomendações.

A escala do centro urbano é mais restrita em termos de área, correspondendo ao centro

urbano de Santa Comba Dão, onde aliás incidiu grandemente a análise de diagnóstico.

Sendo esta a freguesia com maior densidade populacional e o espaço onde se

concentram os equipamentos e serviços, o que a torna o local do município com maior

procura, é aqui que mais se fazem sentir os problemas derivados da invasão do

automóvel em espaços nobres, assim como as falhas da infraestrutura pedonal.

A esta escala dar-se-á prioridade à melhoria das ligações entre os vários equipamentos,

serviços e pontos de atracção turística, principalmente no que diz respeito ao modo

pedonal. Igualmente importante é a valorização dos espaços nobres, assim como a

requalificação da Ribeira e outros elementos de relevante valor natural, histórico ou

arquitectónico.

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3 CARACTERIZAÇÃO GERAL DO MUNICÍPIO DE SANTA COMBA DÃO

3.1 LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA

O Município de Santa Comba Dão localiza-se na Beira Alta, Distrito de Viseu, no NUT

III do Dão-Lafões. É delimitado a nascente e sul pelo rio Mondego, a poente pelo rio

Criz e é atravessado de nordeste para sudoeste pelo rio Dão, fazendo parte da sua

Região Demarcada. A Barragem da Aguieira, no Município de Penacova, situa-se a 14

km, sendo o município ainda abrangido pela sua albufeira.

Faz fronteira com outros cinco municípios: a norte com Tondela, a leste com Carregal

do Sal, a Sueste com Tábua, a sul com Penacova e a oeste com Mortágua. Situado no

limite entre os Distritos de Coimbra e Viseu, a sua distância a estas duas cidades é

idêntica (ver Figuras 1).

Pode-se dizer que ocupa uma localização central a nível nacional, estando bem situado

quer no que respeita ao eixo norte-sul, quer no que respeita ao eixo litoral-interior.

Figuras 1 – Localização do Município de Santa Comba Dão, a nível nacional e a nível distrital (fontes: http://www.mdn.gov.pt/ e http://www.fisicohomepage.hpg.ig.com.br/dist-viseu.htm)

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3.2 TERRITÓRIO

3.2.1 MUNICÍPIO DE SANTA COMBA DÃO

O Município de Santa Comba Dão é composto por nove freguesias: Couto do Mosteiro,

Nagozela, Santa Comba Dão, São Joaninho e Treixedo (margem norte do Rio Dão) e

São João de Areias, Óvoa, Pinheiro de Ázere e Vimieiro (margem sul) – ver Figura 2.

Figura 2 – Freguesias do Município de Santa Comba Dão (fonte: http://www.cm-santacombadao.pt/)

É caso único do nosso país, dado que a totalidade das freguesias do município são parte

integrante da cidade de Santa Comba Dão, sendo que no seu total formam uma área de

cerca de 113 km2.

O seu território é fortemente caracterizado pela presença dos rios Mondego, Criz e Dão

e ainda pela albufeira da Barragem da Aguieira, o que o torna extremamente rico em

termos hidrográficos. Os vales destes rios têm características bastantes distintas, o que

confere a este território uma diversidade paisagística bastante interessante.

A morfologia do terreno é marcada pela montanha e pelo planalto, sendo o granito e o

xisto as rochas predominantes na morfologia do solo. Tendo associada uma

considerável mancha florestal, pode-se dizer que este município tem bons potenciais

naturais e turísticos (ver Figura 3), destacando-se os lugares da Senhora da Ribeira,

Póvoa de João Dias, Coval, Chamadouro e Granjal.

Apesar de relativamente pequeno, o município apresenta um dos mais altos índices de

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densidade populacional da Região Dão-Lafões. Segundo dados do INE de 2007, os seus

111 hab/km2 aproximam-se bastante da média nacional, a qual se cifra nos 114,8

hab/km2.

A população distribui-se pelo espaço

de forma não muito heterogénea, pelo

que as diversas freguesias apresentam

densidades populacionais não muito

discrepantes entre si, como se pode

observar na Tabela 1. Exceptua-se a

freguesia de Santa Comba Dão, sede

de município, que apresenta uma

densidade populacional bastante

superior às das restantes freguesias. Figura 3 – Margem direita do rio Dão, nas proximidades do Granjal

Tabela 1 – Características espaciais e populacionais do Município de Santa Comba Dão (fonte: http://www.cm-santacombadao.pt/)

Freguesias do Município de Santa

Comba Dão

Área[km²]

População[habitantes]

(Censos 2001)

DensidadePopulacional

[hab/km²]Couto do Mosteiro 15,90 1 275 80,2

Nagozela 7,56 528 69,8

Óvoa 18,20 1 007 55,3

Pinheiro de Ázere 11,14 1 003 90,0

Santa Comba Dão 11,21 3 241 289,1

S. Joaninho 8,66 1 184 136,7

S. João de Areias 21,44 2 283 106,5

Treixedo 13,20 1 104 83,6

Vimieiro 5,23 848 162,1

Total 112 12 473 111

É um município onde a grande disparidade entre a taxa de natalidade e taxa de

mortalidade se traduz num elevado índice de envelhecimento da população, sendo o

mesmo consideravelmente superior ao valor médio nacional, já por si elevado (ver

Tabela 2). Este aspecto é uma das principais justificações da necessidade de adaptar as

infra-estruturas do município, particularmente a pedonal, às necessidades das pessoas de

mobilidade reduzida, nas quais se enquadram os idosos.

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Tabela 2 – Indicadores demográficos do Município de Santa Comba Dão no ano de 2004 (fonte: http://www.ine.pt/)

Ano de 2004 Taxa de

natalidade[permilagem]

Taxa de mortalidade

[permilagem]

Índice de envelhecimento[percentagem]

Município de Santa Comba Dão

(valores de 2004) 6,6 13,9 158,7

Portugal (valores de 2005) 10,4 10,2 110,1

Uma das consequências mais penalizadoras do envelhecimento da população é a

redução da taxa de actividade, que em 2001 se situava nos 41%, bastante abaixo da

média nacional. Quanto às taxas de desemprego, esta é semelhante à média nacional,

sendo que nos Censos 2001 o seu valor era de 6,9%. Esta situação de envelhecimento da

população do Município Santa Comba Dão desenvolveu-se de uma forma

extremamente rápida. Em 1950 a estrutura etária da população era maioritariamente

jovem, sendo a emigração a principal causa desta mudança. Embora durante décadas

este cenário provocasse taxas de decrescimento da população, esta tendência tem vindo

a ser lentamente invertida, em consequência, não do saldo natural que tem permanecido

negativo, mas do efeito dos movimentos migratórios. No período de 1991 a 2001, a taxa

de crescimento natural da população deste município foi de 2,2%.

Segundo os dados dos Censos 2001, nas actividades económicas predomina o sector

terciário no qual trabalha 50,5% da população activa. Segue-se o sector secundário com

42,5% e o sector primário com 7% (ver Gráfico 1).

Actividade económica

7

42,5

50,7

0

10

20

30

40

50

60

Sectores de actividade

Perc

enta

gem

de

activ

os [%

]

Sector primárioSector secundárioSector terciário

Gráfico 1 – Distribuição da população activa pelos sectores de actividade económica (fonte: http://www.ine.pt/)

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Apesar de ser uma zona de características predominantemente rurais, verifica-se que a

maioria dos seus habitantes abandonou o sector primário como fonte de subsistência. De

facto, segundo Vanessa Almeida, 2001, a reduzida área das explorações agrícolas de

Santa Comba Dão dificulta uma agricultura competitiva, uma vez que a área média das

explorações agrícolas do município é de 3,7 hectares e a nível nacional é bastante

superior, de cerca de 12,5 hectares. A maioria das famílias continua a praticar a

agricultura (principalmente a vinicultura) e a pecuária, mas não como actividade

principal.

4 CARACTERIZAÇÃO DAS INFRA-ESTRUTURAS DE TRANSPORTES

4.1 INTRODUÇÃO

Neste ponto faz-se a caracterização das infra-estruturas de transportes, descrevendo as

redes existentes, procurando ainda avaliar a sua adequação face à realidade do

município.

Em Santa Comba Dão, o transporte de pessoas e mercadorias pode-se fazer por rede

rodoviária, ferroviária e ainda fluvial, embora esta última alternativa tenha hoje pouca

relevância, sendo usada praticamente só para fins turísticos. Por este motivo, o

transporte fluvial não vai ser alvo de análise.

Existe ainda a possibilidade do transporte aéreo por motivos de emergência, a partir do

heliporto situado nas instalações dos Bombeiros Voluntários. Quanto ao transporte

aéreo regular, as infra-estruturas mais próximas são o aeródromo de Viseu a cerca de 45

km e o aeroporto Dr. Francisco Sá Carneiro no Porto, a cerca de 132 km.

4.2 TRANSPORTE RODOVIÁRIO

O transporte rodoviário é, de entre todas as alternativas de transporte existentes em

Santa Comba Dão, aquele que representa um papel mais relevante, uma vez que a

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respectiva infra-estrutura abrange uma grande área espacial, possibilitando a realização

de diversos trajectos.

De uma forma geral, pode-se dizer que este município está hoje bem servido de vias

rodoviárias, principalmente no que diz respeito às acessibilidades ao seu exterior.

Quanto à rede rodoviária que faculta a ligação entre as diversas localidades do

município, os problemas existentes prendem-se mais com a sua falta de qualidade do

que propriamente com a falta de ligações.

4.2.1 REDES REGIONAL E NACIONAL

O Município de Santa Comba Dão encontra-se bem servido ao nível da rede rodoviária

nacional, nomeadamente pelo IP3 (rede rodoviária nacional fundamental), IC6, IC12,

EN234 e EN234-6 (rede rodoviária nacional complementar), sendo que esta se resume a

um pequeno troço, tendo o restante sido requalificado dando origem ao IC6 – Ver

Figura 4.

IC12

IC6

Figura 4 – Rede rodoviária nacional de Santa Comba Dão (fonte: http://viajar.clix.pt/com/dormir.php?c=118&lg=pt)

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Estas vias permitem à população de Santa Comba Dão aceder com facilidade aos

concelhos vizinhos e daí para os diversos pontos do país.

O IP3 atravessa todo o município e faz a ligação de Coimbra a Viseu, as duas capitais

de distrito mais próximas de Santa Comba Dão, suportando níveis de tráfego elevados.

Esta via segrega fisicamente a freguesia do Vimieiro da freguesia de Santa Comba Dão,

não existindo nenhuma via local a ligar estas duas localidades, situação que tem vindo a

suscitar a preocupação de se estar a comprometer o desenvolvimento do Vimieiro.

Contudo as condições tendem a ser alteradas, visto que consta do actual Plano

Estratégico do município a construção de um novo traçado com características de auto-

estrada, com um desenvolvimento aproximadamente paralelo ao actual IP3 e que a

prazo permitirá desclassificar este eixo, concedendo-lhe funções de distribuição

regional/local. Aquando da entrada em vigor deste novo troço, o IP3 será

desclassificado e servirá apenas o tráfego local, colmatando a falha hoje existente. A

EN2, embora também permita a ligação a Tondela e Viseu, distribui essencialmente o

tráfego local.

O IC6, juntamente com a EN234-6, faz a ligação ao Município a Tábua, enquanto que o

IC12 faz a ligação a Canas de Senhorim, passando por Carregal do Sal. O actual Plano

Estratégico prevê a conclusão do traçado do IC12 em perfil de auto-estrada, entre Canas

de Senhorim e Mangualde (ligação à A25) e entre Rojão Grande (Santa Comba Dão) e

Mira com um nó de ligação à futura A24, acção da responsabilidade do Governo. Estas

últimas ligações são hoje asseguradas pela EN234.

Contudo, e apesar de uma boa cobertura espacial da rede rodoviária nacional no

Município de Santa Comba Dão, podem-se apontar alguns problemas de cariz estrutural

e funcional. Este conjunto de vias integradas no PRN 2000 é, de uma forma geral,

caracterizado por traçados sinuosos, sendo possível observar distintos estados de

conservação dos pavimentos. Nalguns pontos é notória a sua falta de adequação aos

volumes de tráfego, nomeadamente no que diz respeito aos perfis transversais,

geometria dos nós e cruzamentos, situação particularmente penosa para os veículos

pesados (CEIT, 2002). Nalgumas vias de acesso a Santa Comba Dão, estas anomalias

provocam quer situações de insegurança quer de fluidez de tráfego.

É ainda de salientar o facto de as estradas nacionais presentes no município

atravessarem o interior de localidades. Dadas as incompatibilidades entre o espectável

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desempenho de uma estrada nacional e a normal vivência de uma localidade,

considerar-se que esta é uma situação indesejável e responsável pela ocorrência de

conflitos funcionais.

As restantes construções, previstas no PDM, são uma variante que ligue o nó de

Treixedo no IP3 à EN234 e uma via que ligue Carregal do Sal a Tondela atravessando a

freguesia de Nagozela.

Por fim, e de acordo com CEIT, 2002, reconhece-se a necessidade da construção de

uma variante à actual EN234, que possa ser uma alternativa ao IC12 nas deslocações

nascente/poente, mas direccionada para o tráfego local.

4.2.2 REDE MUNICIPAL

A rede rodoviária municipal é composta por uma série de estradas e caminhos

municipais que, de uma forma geral, salvaguardam a acessibilidade/mobilidade dentro

do município, não apresentando grandes falhas ao nível da cobertura espacial.

Os problemas encontrados nesta rede prendem-se sobretudo com o medíocre estado de

conservação das vias. Esta situação, que já por si contribui para a degradação das

condições de segurança rodoviária, é particularmente preocupante quando está

associada a vias de traçado sinuoso e de largura reduzida, como é o caso da grande parte

das vias que compõem a rede rodoviária municipal de Santa Comba Dão.

Apesar de muitas das vias municipais servirem pequenos aglomerados, o investimento

na sua melhoria é de extrema importância para a qualidade de vida dos seus habitantes.

Uma vez que os equipamentos e serviços estão, na sua quase totalidade, concentrados

na sede de município, as viagens das restantes freguesias com destino à freguesia de

Santa Comba Dão são uma necessidade frequente. O investimento na melhoria da

qualidade das estradas e caminhos municipais pode ainda, com toda a legitimidade, ser

encarado como uma aposta no turismo. Grande parte das vias municipais atravessa

locais de grande beleza natural e, por isso, de elevado potencial de atracção de

visitantes.

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4.2.3 REDE URBANA

No Município de Santa Comba Dão, a rede rodoviária com características urbanas

limita-se ao conjunto de vias localizadas na freguesia de Santa Comba Dão. Estas

podem ser separadas em dois conjuntos, de acordo com as suas especificidades. Na zona

mais central de Santa Comba Dão, a rede urbana é aproximadamente radial e pluri-

concêntrica, sendo de destacar como centralidades o Largo do Rossio, o Largo do

Município e o Largo do Balcão. As vias são marcadas por uma estrutura antiga, com

largura reduzida, raios apertados e pavimentos muitas vezes em calçada. As construções

adjacentes começam imediatamente onde termina a via, verificando-se na maioria dos

casos a inexistência de uma faixa de protecção (ver Figura 5). Por tudo isto, e apesar do

seu valor arquitectónico, as ruas do centro urbano do município são, de uma forma

geral, desadequadas às funções que actualmente

desempenham. Foram implementadas numa

época em que o tráfego automóvel era nulo ou

insignificante, situação que se alterou bastante ao

longo dos tempos, sem que a sua geometria se

adaptasse, em parte devido às já referidas

restrições de espaço lateral.

Figura 5 – Rua Sacadura Cabral, no centro urbano de Santa Comba Dão.

É na zona mais antiga da cidade que se encontram

os mais importantes equipamentos, à excepção do

novo posto da GNR, do Centro de Saúde, da

Escola Preparatória e da Escola Secundária, os

quais se situam em zonas de edificado mais

recente.

Nas zonas limítrofes, que constituem a zona mais recente de expansão da cidade,

particularmente a situada a norte da zona mais central, a rede viária apresenta

características claramente diferenciadas. Apesar de não se poder classificar a sua

tipologia como uma rede ortogonal, verifica-se que muitas das suas ruas apresentam

relações de paralelismo e perpendicularidade entre si. As vias são bastante mais largas,

com raios superiores e revestidas por pavimento betuminoso. As construções

desenvolvem-se ao longo das vias e o aglomerado urbano é significativamente menos

denso. Contrariamente ao conjunto de vias mais centrais, a geometria destas vias mais

recentes assegura bons níveis de fluidez e não impõe qualquer condicionante à

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circulação automóvel, designadamente em termos de operacionalidade. Assim, os

maiores problemas a apontar a este conjunto de vias da rede urbana relacionam-se com

o facto de permitirem e incentivarem a prática de velocidades elevadas e, em

consequência, comportamentos desadequados por parte dos condutores. Deste conjunto,

destaca-se a Avenida General Humberto Delgado, uma das mais importantes vias de

distribuição de tráfego da cidade, a partir da qual conflui um vasto número de eixos

viários (ver Figura 6).

Uma das principais deficiências da rede urbana de

Santa Comba Dão é a inexistência de uma

estruturação hierárquica funcional, a qual se traduz

na geração de um conjunto de disfunções, entre as

quais se destaca a falta de protecção das ruas e

praças mais nobres da invasão de veículos

automóveis. No Desenho nº1, apresentado em

anexo, é representada, segundo o ponto de vista

desta equipa de trabalho, a estrutura hierárquica

actual, embora a mistura de funções associadas a

algumas vias dificulte a sua classificação e a

definição de fronteiras claras e inequívocas.Figura 6 – Avenida General Humberto

Delgado, na zona mais recente da cidade.

Sendo Santa Comba Dão uma cidade com múltiplos edifícios históricos e importantes

elementos naturais que interessa preservar e valorizar, o desenvolvimento de uma rede

hierarquizada deverá assentar no princípio de base voltado para a defesa desses espaços

e pelo consequente desvio do tráfego automóvel dos locais de maior interesse turístico,

de modo a devolver esse espaço aos peões, sejam habitantes ou turistas.

É notória ainda a existência de alguns pontos de descontinuidade, especialmente no que

diz respeito às vias que circundam a zona central da cidade. A possível variante à

EN234 tenderá a resolver/atenuar esta deficiência, desviando algum do tráfego de

atravessamento do centro da cidade, embora por si só seja insuficiente para resolver esta

problemática, na medida em que o actual eixo de atravessamento continuará a constituir

o trajecto mais curto para muitas viagens e, como tal, o tendencialmente mais atractivo.

Algumas ruas da zona mais antiga da cidade são de uso exclusivamente pedonal, dado

que a sua geometria não permite a circulação de veículos automóveis. A Rua Mouzinho

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de Albuquerque, cuja geometria permite a circulação de automóveis, foi no entanto

reconvertida para utilização exclusivamente pedonal, sendo um bom exemplo de

requalificação urbanística. Considera-se que a conversão de algumas ruas ou praças

centrais em espaços pedonais, só possível com uma reorganização da hierarquia viária,

poderá constituir uma forte aposta na qualidade urbanística, turística e ambiental.

4.3 INFRA-ESTRUTURA FERROVIÁRIA

O Município de Santa Comba Dão é

atravessado pela Linha da Beira Alta,

cujo traçado vai desde a Pampilhosa a

Vilar Formoso, ligando assim o litoral

do país ao interior. A estação situa-se na

freguesia do Vimieiro (ver Figura 7),

situada a cerca de 3,5 km a sudeste da

sede do município e separadas pelo rio

Dão.Figura 7 – Estação de Caminho-de-Ferro do

Vimieiro.

Para além da frequência do serviço ser limitada, o transporte ferroviário não é mais

utilizado devido à inexistência de ramais que garantam uma maior cobertura de

destinos.

O actual Plano Estratégico do município aponta a adaptação da Linha da Beira Alta para

comboios de velocidade alta (até 240 km/h), do tipo alfa pendular, como uma

intervenção estratégica da responsabilidade do Governo Central com claras benesses

para o desenvolvimento económico deste território.

A Linha do Dão, que ligava Santa Comba Dão a Viseu ao longo de 49,3 km e que

laborava desde 1891, foi desmantelada em 1989.

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5 AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS DE PROCURA DE TRÁFEGO

5.1 INTRODUÇÃO

A avaliação dos níveis de procura de tráfego realizada neste ponto procurou aferir

essencialmente os seguintes aspectos fundamentais: se os volumes de tráfego

verificados provocam ou não situações de congestionamento e demoras e se estão ou

não adequados ao uso do espaço em que se enquadram e à vivência das populações.

A avaliação dos níveis de procura de tráfego baseou-se numa análise qualitativa,

sustentada por observações locais. Contudo, dada a inexistência de quaisquer estudos ou

dados sobre os níveis de procura de tráfego no município que permitissem avaliar o

peso dos fluxos automóveis, optou-se por programar em complemento, com o estreito

apoio do Município de Santa Comba Dão, uma pequena sessão de contagens de tráfego,

a qual incidiu fundamentalmente nas principais vias estruturantes e de entrada na cidade

de Santa Comba Dão.

5.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE A REPARTIÇÃO MODAL

Atendendo a que o Município de Santa Comba Dão não dispõe de qualquer estudo

voltado para a caracterização e estruturação da rede de transportes, não foi possível

apurar com o mínimo de precisão qual a repartição modal patente naquele município.

É contudo possível estimar e aferir com base nas observações qualitativas levadas a

cabo no local, que as deslocações em transporte público são praticamente inexistentes,

assumindo apenas um peso relevante no transporte das crianças e jovens para as escolas.

Tal situação deve-se naturalmente à inexistência de uma rede de transportes públicos

urbanos e à falta de qualidade das carreiras sub-urbanas/regionais (em número e

horário), as quais, para além das deficiências em termos de cobertura espacial,

apresentam ainda deficiências em termos de horários oferecidos.

Também as deslocações em bicicleta são consideradas negligenciáveis face à orografia

do terreno, assumindo apenas algum significado entre a camada juvenil e como

instrumento de lazer.

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O modo pedonal assume particular relevância nas deslocações dentro do espaço urbano,

revelando-se mesmo o modo privilegiado para este tipo de deslocações.

É assim dedutível, que a quase totalidade das deslocações inter-zonais e com

origem/destino no centro urbano, são efectuadas por recurso ao veículo automóvel,

motos e táxis. Esta suposição é, em parte, validada pela pressão de estacionamento

sentida no espaço central, designadamente nas zonas onde se concentram os serviços e

espaços comerciais.

5.3 CENTRO DA CIDADE/ÁREA CONSOLIDADA

Apesar dos volumes de tráfego na área consolidada da cidade, ou seja, na zona mais

antiga e central, não serem muito elevados, pode-se dizer que são desadequados às

características locais. Não existem problemas de congestionamentos ou demoras, uma

vez que para aceder aos espaços centrais existem vários trajectos possíveis,

distribuindo-se o tráfego pelas várias vias de forma relativamente homogénea. Contudo,

verifica-se que os volumes de tráfego existentes prejudicam o ambiente e a vivência nos

espaços nobres, para além de não se apropriarem à geometria de algumas vias, cuja

génese apenas teve em consideração o tráfego pedonal. Por vezes, a presença do

automóvel desenquadra-se da paisagem local, sendo ainda de referir a existência de

espaços que sofrem a intrusão do veículo automóvel (em circulação ou em

estacionamento), designadamente pela invasão de espaços atribuídos ao peão, como é o

caso do Largo do Município ou o Largo do Rossio.

5.4 ÁREA DE EXPANSÃO

À semelhança do descrito para as áreas consolidadas, também nas áreas de expansão

não foram registados problemas relacionados com demoras excessivas ou

congestionamento de tráfego. O tráfego flúi facilmente, realizando-se qualquer trajecto

sem ocorrência de quaisquer dificuldades. Nestas áreas, as vias têm larguras e raios

superiores às da zona mais central e consolidada, o que oferece uma maior facilidade de

operacionalidade dos veículos. Estas vias apresentam características físicas compatíveis

com os volumes de tráfego registados, podendo-se mesmo identificar algumas vias

sobredimensionadas.

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Se por questões de funcionalidade a fluidez de tráfego nas áreas de expansão é

desejável, por outro lado deve-se salientar que a liberdade de comportamentos facultada

pelas características geométricas das vias, associada aos reduzidos volumes de tráfego,

tende a ser potenciadora de comportamentos inadequados por parte dos automobilistas,

como é o caso da prática de velocidades de circulação elevadas.

Outro problema identificado nestas zonas, relaciona-se com a procura significativa de

tráfego de passagem que atravessa estes espaços (muitas das vezes predominantemente

residenciais) e se destina ao centro. Esta particularidade tende a gerar conflitos entre

diferentes utilizadores, sendo que por razões de salvaguarda, quer da segurança dos

utilizadores locais quer da sua qualidade de vida, deverão ser encontradas formas de

minimizar este tipo de impacto.

5.5 ZONAS EXTERIORES

Relativamente às zonas exteriores à freguesia de Santa Comba, têm-se por um lado as

vias pertencentes à rede rodoviária nacional, como o IP3, IC6, IC12, EN2 e EN234, e

por outro lado as vias hierarquicamente menos importantes, como as estradas e

caminhos integrados na rede rodoviária municipal.

Qualquer uma destas vias da rede rodoviária nacional apresenta volumes de procura de

tráfego significativos. Embora não seja comum a ocorrência de congestionamentos,

considera-se que os volumes de tráfego verificados quer no IP3 quer na EN234

ultrapassam já os volumes desejáveis em termos de segurança. Ou seja, a infraestrutura

não possui as características necessárias para albergar nas melhores condições o tráfego

verificado.

Já no que concerne a rede rodoviária municipal, os volumes de procura de tráfego são

bastante moderados a reduzidos. Atendendo a que Santa Comba Dão é caracterizada por

um território de baixa densidade populacional e por uma rede viária municipal

consideravelmente densa, é expectável a inexistência de qualquer congestionamento ou

demoras significativas associadas a estas vias. Deste modo, as deficiências registadas

prendem-se fundamentalmente com a geometria e estado de conservação de algumas

vias da rede municipal, nos espaços sub-urbanos e inter-urbanos, as quais se reflectem,

por vezes, em problemas de segurança.

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5.6 OS PRINCIPAIS MOVIMENTOS INTER-ZONAIS E URBANOS

5.6.1 INTRODUÇÃO

Na sequência da análise qualitativa dos níveis de procura de tráfego apresentada

anteriormente, o presente ponto procura quantificar, com base nas contagens

quinquenais do EP e nos resultados das sessões de contagem levadas a cabo no início de

Julho, alguns volumes de tráfego registados na rede rodoviária do município,

particularmente nos principais eixos estruturantes de Santa Comba Dão.

A sessão de recolha de dados decorreu no dia 13 de Julho de 2007 e incidiu sobre a

ponta da manhã. Apesar da data em que decorreram as contagens ainda se inserir num

período do ano onde se pode considerar estarem salvaguardadas as condições normais

de funcionamento da rede viária, importa referir que os níveis de tráfego tenderão a

estar sub-estimados, particularmente nos espaços de influência mais directa dos

estabelecimentos de ensino, os quais à data da realização das contagens já estavam

encerrados.

O objectivo desta análise é, por um lado, averiguar a necessidade de intervenção

imediata no caso de incompatibilidade infraestrutura-volumes de tráfego e, por outro

lado, dispor de uma base de dados que possa apoiar a tomada de decisões na fase

seguinte do trabalho, mediante o desenvolvimento de soluções que respondam aos

níveis de procura de tráfego reais.

5.6.2 A PROCURA DE TRÁFEGO NAS VIAS DE IMPORTÂNCIA NACIONAL

De forma a não aumentar extensivamente os trabalhos de recolha de informação, optou-

se por basear a avaliação dos níveis de procura nas vias integradas na rede rodoviária

nacional por recurso às contagens quinquenais realizadas pela EP em 2005. Foram

seleccionados cinco postos de contagem inseridos na envolvente próxima ao Município

de Santa Comba Dão, os quais podem ser observados na Figura 8, apresentando-se uma

compilação dos correspondentes TMDA na Tabela 3.

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Legenda:

- posto 350-A (km 86+500 do IP3);

- posto 351-A (km 3+600 da EN234-6);

- posto 351- C (km 1+200 do IC12);

- posto 353 (km 60+300 da EN234);

- posto 354-A (km 76+390 do IP3);

Figura 8 – Postos de contagem da JAE no Município de Santa Comba Dão

Tabela 3 – Contagens da JAE para os cinco postos do Município de Santa Comba Dão TMDA (nº de veículos)

Eixo rodoviário Ligeiros 2 Rodas Pesados BUSIP3 – Norte 8951 14 1386 79 EN234-6 2776 15 287 7

IC2 4475 13 1153 12EN234 4047 94 345 11IP3-Sul 11820 28 2082 106

Da sua análise pode-se concluir que o troço do IP3 nas proximidades da freguesia de

Santa Comba Dão suporta volumes de procura de tráfego bastante elevados (cerca de 10

400 veículos de TMDA), agravado por uma percentagem significativa de veículos

pesados (cerca de 15%) o que se traduz, em alguns períodos do dia numa clara

aproximação do limiar de saturação do seu funcionamento, particularmente nos troços

constituídos por uma só via de circulação. Tal constatação justificou a necessidade de

construção de um novo traçado do IP3, com perfil característico de uma Auto-Estrada, o

qual actualmente já se encontra em fase de estudo. Quanto ao IC12, apesar deste

apresentar volumes de tráfego bastante mais reduzidos do que o IP3, a percentagem de

pesados é ainda superior, aproximando-se dos 21%. Esta realidade é causada pela sua

importância enquanto via de ligação do litoral ao interior (IP3 ao IP5) e, como tal, via

de tráfego internacional de mercadorias.

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Relativamente à EN234 e EN234-6, apresentam volumes de tráfego e percentagem de

pesados significativamente mais reduzidos, como aliás seria previsível face à sua menor

importância hierárquica.

5.6.3 A PROCURA DE TRÁFEGO NA REDE URBANA

A avaliação dos níveis de procura no espaço urbano não pretendeu ser muito exaustiva,

mas simplesmente poder complementar/validar a avaliação qualitativa anteriormente

apresentada. Essa avaliação baseou-se em contagens de tráfego direccionais levadas a

cabo nas principais vias de entrada na cidade de Santa Comba Dão cobrindo ainda

alguns eixos estruturantes.

As visitas técnicas efectuadas ao local, e que antecederam a sessão de recolha de dados,

permitiram confirmar que a hora de ponta da manhã é tendencialmente mais

sobrecarregada/concentrada do que a hora de ponta da tarde, pelo que, por razões de

racionalização de recursos humanos/económicos se optou por apenas realizar contagens

no período da manhã (das 7h00 às 10h00). As contagens efectuadas foram do tipo

direccional, segregadas em 4 classes de veículos fundamentais (2 rodas; veículos

ligeiros, veículos pesados de mercadorias e veículos pesados de passageiros), e

segregadas em períodos de 15min, de forma a permitir identificar, no período de ponta,

o correspondente pico horário. Os postos de contagem localizaram-se nas principais

intersecções de entrada na cidade, tendo sido designados por Posto A, Posto B, Posto C

Posto D e Posto E:

- Posto A: Cruzamento da EN234 com a Rua General Leão;

- Posto B: Largo do Balcão;

- Posto C: Cruzamento da Rua General Humberto Delgado com a Rua de Santo

Estêvão;

- Posto D: Rotunda que intersecta a Rua de Santo Estêvão, a Rua Cabecinha de Rei e a

Avenida Vasco da Gama;

- Posto E: Rotunda que intersecta a EM 629, o CM 1561 e a Avenida Sá Carneiro.

Os postos de contagem, assim como os volumes de tráfego de cada um dos seus

movimentos, na hora de ponta da manhã, encontram-se em anexo. Os valores

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apresentados encontram-se já convertidos para uvle 1(unidades de veículos ligeiros

equivalentes) embora possam ser igualmente retirados das correspondentes tabelas os

níveis de procura em veículos motorizados, bem como a representatividade de cada

classe de veículo. No Desenho nº 2, que também se encontra em anexo, pode-se

consultar o resultado simplificado das contagens de tráfego, onde os volumes de alguns

movimentos foram somados de forma a serem apresentados por secção e por sentido.

Da análise desses valores, pode-se concluir que em todos os postos de contagem os

volumes de tráfego são relativamente reduzidos. A intersecção onde se verifica uma

maior intensidade de tráfego e onde os volumes dos vários movimentos são mais

idênticos é o Largo do Balcão, localizado junto ao centro de Santa Comba Dão e

responsável por distribuir grande parte do tráfego. Apesar disso o fluxo horário de

projecto não ultrapassou os 402 uvle/h associado ao movimento de sentido sudoeste-

nordeste na Avenida General Humberto Delgado.

O troço EN234/Avenida da República/Rua de Santa Columba/Avenida General

Humberto Delgado/Rua de Santo Estêvão, que embora mude de designação ao longo do

traçado, se pode considerar uma única via contínua, é o troço onde os volumes de

tráfego são maiores. Ainda assim, e como os valores máximos registados por sentido se

cifram ligeiramente acima dos 400 uvle/h, está salvaguardada uma reserva de

capacidade ainda muito considerável.

Na Tabela 4 é apresentada a distribuição do tráfego, observados nos cinco postos de

contagem, segregadas pelas várias classes de veículos e que será alvo de análise no

ponto seguinte.

Tabela 4 – Distribuição do tráfego pelas várias tipologias de veículos Posto de

contagemLigeiros

[%]2 Rodas

[%] Pesados

[%] BUS[%]

350-A 85,82 0,13 13,29 0,76 351-A 89,98 0,49 9,30 0,23 351-C 79,16 0,23 20,40 0,21 353 89,99 2,09 7,67 0,24

Posto de contagem da JAE – Rede rodoviária Nacional 354-A 84,21 0,20 14,83 0,76

Posto A 88,70 2,51 8,12 0,67 Posto B 91,19 2,92 5,16 0,73 Posto C 89,15 4,12 5,62 1,11 Posto D 89,27 3,85 5,16 1,72

Posto de contagem na rede urbana

Posto E 92,93 5,47 1,61 0,00

1 No cálculo das uvle/h, foram assumidos factores de conversão de 0,5, 2 e 3 para transformação em veículos ligeiros dos veículos de duas rodas, veículos pesados de mercadorias e veículos pesados de passageiros, respectivamente.

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5.7 MOVIMENTOS EM VEÍCULO LIGEIRO

5.7.1 PERÍODO DE PONTA DA MANHÃ/PICO HORÁRIO

Do ponto anterior, é possível concluir que os movimentos em veículos ligeiros na rede

rodoviária nacional de Santa Comba Dão são bastante intensos, principalmente no troço

do IP3 que atravessa o município. Em contrapartida, a procura é bastante moderada em

toda a rede urbana. Contudo no Posto B, no Largo do Balcão, verifica-se já uma

intensidade de tráfego considerável, embora com ausência de congestionamentos e

demoras. Esta situação advém de esta intersecção ser o principal ponto de distribuição

de tráfego da cidade, estando localizada na zona central e tendo muitos equipamentos

localizados nas suas proximidades. Ao Largo do Balcão acedem os veículos provindos

da EN234, do IP3 (através da Rua José Maria de Matos), da Rua de Santa Columba e da

Avenida General Humberto Delgado. Idealmente a confluência destas importantes vias

ocorreria fora do núcleo urbano, de modo a não perturbar o ambiente e vivência locais.

Apesar da actual ausência de congestionamentos, esta intersecção deve ser olhada com

especial atenção, pois será aqui que as consequências do normal crescimento do tráfego

tendem a fazer-se sentir primeiramente.

A percentagem de veículos ligeiros nos postos de contagem varia de 80 a 90% na rede

rodoviária nacional e de 89 a 93% nos postos de contagem da rede urbana. Saliente-se

que os correspondentes movimentos dizem respeito à grande maioria do transporte de

passageiros, uma vez que a percentagem de autocarros é praticamente negligenciável,

nalguns postos igual ou próxima de zero.

Pode-se ainda concluir que a maioria dos movimentos de entrada na cidade, na hora de

ponta da manhã, se realizam ao longo do eixo EN234/Avenida da República/Rua de

Santa Columba/Avenida General Humberto Delgado/Rua de Santo Estêvão/EN2.

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5.8 MOVIMENTOS DOS VEÍCULOS COMERCIAIS PESADOS

5.8.1 PERÍODO DE PONTA DA MANHÃ/PICO HORÁRIO

A percentagem de pesados nos postos de contagem da EP está compreendida entre 7,7 e

13,3%, e, tal como seria previsível, é substancialmente superior à percentagem de

pesados registada nos postos de contagem urbana. Ainda assim, nos postos A a D

verificaram-se taxas significativas de pesados nalguns movimentos correspondentes ao

atravessamento, donde se pode concluir que as vias do interior da cidade não são usadas

apenas pelo tráfego local, mas também como vias de transporte nacional e internacional

de mercadorias. No movimento de sentido nordeste-sudoeste, registado no posto A, na

Avenida da República, a taxa de pesados atinge mais de 11%. Esta situação colide com

o funcionamento ideal de uma rede de vias urbana e, em particular, com a qualidade de

vida dos moradores e utilizadores da via pública, onde a circulação de veículos pesados

deve ser tendencialmente condicionada.

Para além do impacto ambiental (níveis de poluição e de ruído) e visual derivado da

presença dos veículos pesados, também a fluidez do trânsito e a segurança rodoviária

tenderiam a melhorar significativamente no referido troço caso existissem alternativas

de trajecto dirigidas a este tipo de veículos, de modo a desviá-los e com isso proteger o

centro da cidade de Santa Comba Dão.

6 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DA REDE VIÁRIA

6.1 INTRODUÇÃO

O desempenho da rede viária, quer ao nível da fluidez de tráfego quer da segurança

rodoviária, foi avaliado tendo por base os relatórios disponibilizados pela Câmara

Municipal, as observações levadas a cabo e as contagens de tráfego realizadas no

âmbito do presente projecto. Perante a escassez de dados quantitativos, a análise do

desempenho é maioritariamente qualitativa, embora sustentada pela vasta experiência

adquirida pela equipa de trabalho em estudos desta natureza e aspectos

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normativos/recomendatórios nacionais e/ou internacionais aplicáveis a cada sub-sistema

de transportes.

6.2 CONDIÇÕES DE CIRCULAÇÃO ACTUAIS

A avaliação das condições de circulação actuais na rede viária do Município de Santa

Comba Dão foi dividida em duas partes: avaliação das condições de circulação actuais

na rede rodoviária nacional e avaliação das condições de circulação actuais na rede

rodoviária urbana.

No que respeita a rede rodoviária nacional, como já se referiu, esta possui alguns troços

sinuosos, a necessitar de cuidados de conservação e, por vezes, com características

geométricas e técnicas desadequadas às exigências locais. Tal facto condiciona as

relações espaço-tempo das ligações intra e inter-municipais, encontrando-se situações

de problemas na fluidez do tráfego que acede a Santa Comba Dão, ou que simplesmente

atravessa o município. As deficiências descritas tendem a afectar significativamente as

condições de segurança oferecidas pela infraestrutura. Contudo, e salvo situações muito

particulares, considera-se que o desempenho geral desta rede inter-urbana é razoável,

não se podendo classificar como graves os problemas de segurança detectados na infra-

estrutura, nem existindo situações frequentes de congestionamentos e demoras

prolongadas do tráfego.

Exceptua-se desta análise o IP3, cuja infra-estrutura actual nem sempre responde com

qualidade aos volumes de tráfego que suporta, o que se reflecte já actualmente num

nível de desempenho deficiente. É no entanto expectável que tal situação venha a ser

solucionada com a construção do novo troço com características de auto-estrada que

venha substituir as suas actuais funções.

Relativamente ao desempenho da rede rodoviária urbana de Santa Comba Dão, a

situação é consideravelmente distinta. Em primeiro lugar saliente-se a falta de uma

estruturação hierárquica funcional, e coerente sendo que a função que determinadas vias

desempenham nem sempre está adequada às suas características físicas de base.

Tendo por base a classificação hierárquica apresentada no Desenho nº1, é possível

confirmar que algumas das vias da zona urbanizada mais recente são

sobredimensionadas para os níveis de procura actual e previsível a médio prazo, o que

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se traduz, por um lado, na salvaguarda de níveis de reserva de capacidade bastante

significativos, e por outro lado, no incentivo à pratica de comportamentos inadequados

em resultado da excessiva liberdade de comportamental conferida pelas características

físicas da infraestrutura. Por exemplo, a Avenida General Humberto Delgado, tendo

vias de cerca de 4,3 metros de largura e raios de curvatura muito reduzidos, permite

velocidades excessivas.

As vias da zona mais antiga e central da cidade, pelo contrário, apresentam uma

geometria e estrutura que condiciona fortemente as manobras e velocidades dos

condutores. O seu desempenho é prejudicado pelos conflitos veículo-veículo e veículo-

peão, os quais embora ocorram com pouca frequência, tendem a afectar a qualidade do

serviço oferecido e a atractividade daqueles eixos por parte do peão. Dadas as reduzidas

larguras das vias, a passagem simultânea de dois automóveis (para ruas de dois

sentidos) ou de um peão e um automóvel (ruas de sentido único) é feita com alguma

dificuldade. A forte presença pedonal que se faz sentir em algumas ruas e praças do

centro histórico abre perspectivas à imposição de condicionantes à circulação e

estacionamento de veículos automóveis em benefício da circulação pedonal.

6.3 CONDIÇÕES DE FUNCIONAMENTO DO SISTEMA DE ESTACIONAMENTO

6.3.1 INTRODUÇÃO

Neste ponto procura-se avaliar as condições oferecidas pelo sistema de estacionamento

na cidade de Santa Comba Dão. A avaliação é suportada por uma análise da relação

entre a oferta e procura de estacionamento e pela análise da adequação da localização da

oferta relativamente aos principais equipamentos na sede de município.

A análise baseia-se fortemente num recente estudo da CEIT (2002), disponibilizado pela

Câmara Municipal, centrado no levantamento da oferta e da procura de estacionamento

no espaço central da cidade. Contudo, e no que concerne a procura, esse estudo incide

predominantemente sobre o seu levantamento, sem apresentar qualquer referência às

suas características básicas, designadamente a sua tipologia e sua duração (muito curta,

curta, média ou longa duração).

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Atendendo a que não foi possível realizar, em tempo útil, um levantamento dessas

características, com a entrada no período estival, caracterizado por ser um período de

férias em que alguns dos serviços/equipamentos estão encerrados, optou-se por

apresentar uma avaliação mais generalista e qualitativa da procura, remetendo-se para

uma fase posterior a avaliação da necessidade de aprofundar a sua caracterização. Essa

necessidade será avaliada, na eventualidade de tais dados se virem a julgar necessários

ao estabelecimento dos objectivos e soluções na área da gestão integrada do sistema de

estacionamento.

6.3.2 TIPOLOGIA E LOCALIZAÇÃO DA OFERTA E DA PROCURA

Genericamente o estacionamento pode ser classificado em “estacionamento legal”,

quando feito em local próprio segundo as normas do Código da Estrada, ou

“estacionamento ilegal”, quando praticado em transgressão. A oferta de estacionamento,

que é gratuita na totalidade do município, pode ser ainda classificada em

“estacionamento na via pública” ou “estacionamento em parques”.

Em relação à procura, verifica-se que durante o período nocturno (período das 21h00 às

8h00), existe uma oferta excedentária de cerca 70%. É assim possível deduzir que a

procura de estacionamento no período diurno se deve fundamentalmente a veículos que

entram na cidade durante as horas de trabalho (CEIT, 2002).

A oferta de estacionamento em Santa Comba Dão situa-se predominantemente ao longo

da via pública. Relativamente aos parques públicos, refira-se o parque em frente aos

Bombeiros Voluntários com capacidade para 50 lugares, o do Mercado Municipal

também com 50 lugares e os dois parques adjacentes à Avenida da República: um junto

à Igreja Matriz com capacidade para 19 lugares e outro junto à Casa Alves Mateus com

34 lugares. Para além destes, está a ser construído um novo parque junto à Câmara

Municipal com 49 lugares, dos quais dois para utilizadores portadores de deficiência.

Constata-se que a oferta se concentra sobretudo na zona central da cidade, diminuindo

progressivamente com o afastamento a esse centro.

O mesmo se passa com a procura, que é bastante mais intensiva no centro da cidade,

onde se localizam grande parte dos equipamentos e serviços do município. De manhã

verifica-se um desfasamento de cerca de uma hora entre o período de ponta da procura

na via pública e o período de ponta da procura em parques, acontecendo este último

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cerca de uma hora depois do primeiro (CEIT; 2002). Daqui se denota que os condutores

preferem estacionar na via pública, ainda que muitas vezes em transgressão, só

recorrendo aos parques existentes quando a restante oferta se esgota. De uma forma

geral, as pessoas tendem a estacionar exactamente junto ao local de destino, não estando

dispostas a andar a pé mais uns escassos metros, situação habitual em localidades de

reduzidas dimensões, como a cidade de Santa Comba Dão. Embora na maioria das

zonas seja notória a excedentária oferta de estacionamento relativamente à procura, a

existência de estacionamento ilegal é uma constante por toda a freguesia de Santa

Comba Dão, principalmente na zona mais central (ver Figura 9 e Figura 10).

Figura 9 – Estacionamento ilegal na Rua Albino Vieira, no centro de Santa Comba Dão

Figura 10 – Estacionamento ilegal na Rua de Santa Columba, no centro de Santa Comba Dão

De facto, é frequente encontrar veículos

estacionados em transgressão e lugares

de estacionamento formais livres,

simultaneamente e a escassos metros de

distância. A Figura 11 é um exemplo de

um parque de estacionamento localizado

em espaço central e que permanece

habitualmente livre. Refira-se que este

tipo de comportamentos instaurados

tende a reflectir alguma ineficiência em

termos de fiscalização policial.

Figura 11 – Parque de estacionamento junto à Igreja Matriz

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A tipologia de estacionamento ilegal é bastante vasta, desde invasão dos espaços

destinados ao peão, estacionamento em cruzamentos, no centro de praças e largos, etc.

A transgressão mais frequente é o estacionamento ao longo da via pública, sem que os

lugares estejam formalizados.

É ainda de referir que muitos dos equipamentos colectivos possuem parques de

estacionamento próprios, os quais tendem a servir a quase totalidade dos

correspondentes trabalhadores. São exemplos o parque de estacionamento do Palácio da

Justiça, da Escola EB23 e da Escola Secundária. Todavia, embora sejam uma minoria,

ocorrem também situações de inexistência de lugares de estacionamento legal junto a

alguns equipamentos, o que provoca

um indesejável impacto na fluidez do

tráfego das vias adjacentes. Destaca-se

a escola primária na rua General Leão

e a Creche na Rua Professor Luís de

Magalhães, estando as vias que

circundam estes dois equipamentos

habitualmente invadidas de

automóveis estacionados ilegalmente

(ver Figura 12). Figura 12 – Estacionamento em cima do passeio na

Rua Prof. Luís de Magalhães, junto à Creche.

Embora o estacionamento do Miradouro do Hospital possa ser uma opção de

estacionamento por estar a escassos metros destes estabelecimentos, a sua capacidade

está aquém da procura associada a este local.

É ainda de salientar o reduzido número de lugares de estacionamento, reservados a

pessoas portadoras de deficiência.

6.3.3 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DO SISTEMA DE ESTACIONAMENTO

De uma forma geral, pode-se afirmar que estacionar em Santa Comba Dão continua a

constituir uma tarefa relativamente fácil. Seja qual for o espaço ou equipamento ao qual

se pretenda aceder, há sempre alternativas de estacionamento nas suas proximidades.

A existência de estacionamento ilegal em Santa Comba Dão, com principal incidência

junto a equipamentos, deve-se em parte à sua condição de pequena cidade, o que

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tradicionalmente aumenta a exigência dos condutores quanto à proximidade do

estacionamento relativamente ao ponto de destino.

É notória a falta de sinalização informativa, proibitiva ou restritiva no que diz respeito à

oferta de estacionamento. Encontram-se praças e outros espaços nobres totalmente

invadidos por veículos estacionados e onde, apesar de os lugares de estacionamento não

estarem formalizados, não existe qualquer sinal horizontal ou vertical que classifique o

estacionamento como ilegal (ver Figura 13 e Figura 14).

Figura 13 – Invasão da Praça do Rossio por veículos estacionados

Figura 14 – Invasão da Praça do Município por veículos estacionados

Já nas bermas das vias públicas, apesar de ao abrigo do Código da Estrada ser proibido

aí estacionar, os condutores encaram-nas como lugares de estacionamento disponíveis,

ainda que nalguns casos isso dificulte a circulação dos restantes condutores (ver Figura

15 e Figura 16). Portanto, a falta de sinais de proibição do estacionamento e a falta de

policiamento aliadas à inexistência da marcação de lugares individuais, provocam a

desorganização do estacionamento e a consequente perda de qualidade urbanística.

Figura 15 – Veículos estacionados na berma da Rua General Leão

Figura 16 – Veículos estacionados na berma da Avenida Sá Carneiro

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Por isso, entende-se ser de extrema importância para o município apostar numa política

coerente de estacionamento de forma a, por um lado, restringir a sua oferta em locais

onde se pretenda promover com qualidade as deslocações por outros modos de

transporte e, por outro lado, a formalizar e criar novos parques em locais onde se possa

e deva promover essa oferta.

Haverá ainda situações, designadamente o estacionamento ao longo da via e em lugares

não formalizados cuja prática não assume grandes implicações, nem em termos de

fluidez e segurança do trânsito, nem em termos de impactos urbanísticos relevantes,

devendo, consoante as características e condicionantes locais, ser avaliada a

possibilidade de formalização e ordenamento desses lugares de estacionamento.

6.4 A REDE DE TRANSPORTES COLECTIVOS

6.4.1 INTRODUÇÃO

Uma funcional rede de transportes públicos é encarada nos dias de hoje como parte

fundamental de qualquer sistema de transportes de um núcleo urbano. É um serviço que,

para além de proporcionar condições de equidade social às populações, tal como o

serviço público de saúde e de ensino, por exemplo, contribui de forma activa para o

desenvolvimento de sistemas de mobilidade ecológica e sustentável.

Por tudo isto, sentiu-se a necessidade de integrar nesta análise de diagnóstico o sistema

de transportes públicos no Município de Santa Comba Dão, ferroviário e rodoviário,

procurando identificar a sua área de cobertura e a avaliar as suas principais limitações.

Também, nesta área e pelo facto de não se possuir valores absolutos, optou-se por fazer

uma avaliação qualitativa, capaz de inferir quais os parâmetros negativos e positivos da

sua realidade actual.

6.4.2 AVALIAÇÃO DA OFERTA

Tal como já se referiu, os transportes colectivos de Santa Comba Dão podem ser

divididos, segundo a sua tipologia, em transportes colectivos ferroviários e transportes

colectivos rodoviários.

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A oferta de transportes públicos ferroviários em Santa Comba Dão resume-se

actualmente à Linha da Beira Alta, que permite o transporte desde a Pampilhosa, a norte

de Coimbra, até Vilar Formoso. Portanto, o transporte ferroviário que serve hoje o

município apenas permite a deslocação ao longo de um eixo nascente-poente, que liga o

litoral ao interior. A única estação ferroviária situa-se na freguesia do Vimieiro, pelo

que esta linha apenas serve as deslocações inter-municipais e com uma frequência

bastante baixa. Devido a todas as limitações deste sistema, o transporte ferroviário é

pouco utilizado pela população de Santa Comba Dão.

Quanto ao transporte colectivo rodoviário, este é na sua totalidade operado pela

Transdev. O município encontra-se bem servido ao nível das ligações nacionais e

regionais, sendo possível aceder com facilidade a qualquer região/cidade do país através

de autocarros públicos. O mesmo não se passa com as ligações intramunicipais, que

estão extremamente dependentes das ligações intermunicipais e dos períodos escolares.

De facto, as ligações em transporte colectivo entre as várias freguesias do município são

insuficientes. Fora do período escolar, a população do Vimieiro fica sem qualquer

possibilidade de viajar em transportes colectivos, nem mesmo para aceder à sede de

município, onde estão localizados praticamente todos os equipamentos indispensáveis,

como sejam os serviços municipais e centro de saúde, etc. Situação pouco diferente é a

que se passa em S. Joaninho, onde fora do período escolar os autocarros apenas

circulam à quarta-feira, dia de mercado na freguesia de Santa Comba Dão. Nas restantes

freguesias, os transportes colectivos continuam em funcionamento fora do período

escolar, embora com uma frequência extremamente reduzida. Algumas freguesias, por

exemplo Óvoa, ficam sem alternativas de horário, havendo apenas uma viagem diária de

ida para Santa Comba Dão e outra de volta umas horas mais tarde. As freguesias que

menos sofrem com os interregnos escolares são aquelas cuja localização lhes permitiu a

sua integração nas rotas regionais, como é o caso da freguesia de Treixedo, por onde

passam os autocarros que fazem o trajecto Coimbra-Viseu, permitindo assim o

transporte de passageiros dessa freguesia até Santa Comba Dão.

À quarta-feira, como já referido, realiza-se o mercado na freguesia de Santa Comba

Dão. Se por um lado este é o dia da semana em que algumas freguesias são mais bem

servidas por transportes públicos, existindo um reforço no número de autocarros, por

outro lado é o dia da semana em que outras freguesias sofrem do abrupto aumento da

procura face à inalterável oferta de transportes público de acesso à sede de município.

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Esta é a situação vivida no Vimieiro em que, segundo testemunhos da população, o

número de passageiros que circulam nos transportes públicos chegam mesmo a pôr em

causa a sua segurança. Juntamente com a baixa frequência do serviço, também o nível

do conforto e os constantes atrasos são alvo de críticas por parte dos seus utentes.

Saliente-se ainda a inexistência de um terminal rodoviário, embora este seja referido

como a implementar pelo Plano Estratégico do município.

6.4.3 AVALIAÇÃO DA PROCURA

No que diz respeito ao transporte ferroviário, e como seria expectável face ao número

reduzido de alternativas de trajecto a partir de Santa Comba Dão (não cobre trajectos

intra-municipais), a procura é bastante reduzida. Essa situação é agravada pelo facto de

não existirem carreiras de transportes colectivos rodoviários que sirvam a estação do

Vimieiro. O número reduzido de veículos automóveis que utilizam o parque de

estacionamento da estação é sintomática desse baixo nível de procura.

Relativamente aos transportes colectivos rodoviários, a procura em valores absolutos é

relativamente reduzida. Tratando-se de uma área pouco populosa, tendo apenas cerca de

12 500 habitantes e uma densidade populacional de 111 hab/km2, obviamente a procura

neste município não atinge os valores que se encontram na maioria das cidades

portuguesas. Nos percursos regionais, os destinos mais procurados são Coimbra e

Viseu, assim como as localidades situadas ao longo deste trajecto, essencialmente por

motivos de trabalho, mas também de acesso a estabelecimentos de ensino, serviços e

comércio. Relativamente à área municipal, o destino mais procurado é a freguesia de

Santa Comba Dão, sendo o principal motivo desta procura o acesso às escolas. Há no

entanto uma grande variedade de outros motivos, devido à concentração de todas as

tipologias de equipamentos nesta freguesia.

Considera-se que, face à reduzida taxa de motorização do município, existe um

significativo potencial de procura percentual.

6.4.4 DESEMPENHO DA REDE DE TRANSPORTES COLECTIVOS

Devido às referidas limitações do sistema de transportes colectivos, pode-se afirmar que

este está bastante aquém do desejável e do aconselhável em termos sociais, sendo esta

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falha também responsável pelo isolamento de que sofrem a maioria das freguesias de

Santa Comba Dão, situação agravada pelo facto de muitas famílias aí residentes não

possuírem meio de transporte próprio.

Considera-se que o actual serviço de transportes colectivos não é capaz de dar resposta

às necessidades diárias das populações de todas as freguesias. Por razões infra-

estruturais também o transporte ferroviário não permite uma grande cobertura espacial,

pelo que deveria recair sobre a rede de transportes públicos rodoviária a garantia das

deslocações entre as diversas freguesias, pelo menos entre cada uma das freguesias e a

sede de município, onde se encontram os maiores pólos de atracção de deslocações.

Uma vez que a procura de transportes públicos é reduzida e dispersa por todo o

município, o investimento na melhoria da oferta de transportes colectivos rodoviário

assume aqui uma importância acrescida, devendo o mesmo ser encarado não com a

perspectiva de retorno/lucro financeiro, mas como um investimento de carácter social.

6.5 A REDE PEDONAL DO CENTRO DA CIDADE

6.5.1 INTRODUÇÃO

A rede pedonal é uma das mais importantes componentes de um sistema de mobilidade

sustentável, pois possibilita deslocações ambientalmente sustentáveis, contribuindo

fortemente para a dinamização social das ruas e para o bem-estar físico e psíquico da

população. Esta rede, composta por passeios, praças, passagens de peões e espaços de

lazer, etc., deve permitir, de forma lógica, directa e contínua, o acesso a todos os

equipamentos de interesse público. Associada à rede pedonal tem-se ainda todo o

mobiliário urbano que, para além do seu carácter funcional, tem uma grande

componente estética.

Assim, neste ponto analisa-se o estado e funcionamento da existente rede pedonal,

avaliando a sua adequabilidade às necessidades dos peões, incluindo aqueles com

necessidades especiais de locomoção.

Contudo, esta análise será feita apenas para a freguesia de Santa Comba Dão, visto ser a

única que possui uma rede pedonal com cobertura espacial significativa.

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6.5.2 QUANTIFICAÇÃO/QUALIFICAÇÃO DA OFERTA E DA PROCURA

O centro urbano de Santa Comba Dão é dotado de uma infra-estrutura pedonal que, não

obstante algumas irregularidades pontuais, se pode classificar como razoável. Apesar de

nem todas as ruas possuírem passeios, o tráfego pedonal processa-se sem grandes

dificuldades. No Desenho nº 3, que se encontra em anexo, é apresentada uma avaliação

qualitativa dos passeios da freguesia de Santa Comba Dão.

A inexistência de uma infra-estrutura pedonal em muitas das ruas mais antigas deve-se

ao facto da largura das vias ser exígua e não permitir a sua formalização. Nesses locais

aposta-se numa partilha das vias por veículos e peões, e pelo facto das características

geométricas das vias não permitirem a prática de velocidades elevadas e o tráfego

automóvel ser bastante reduzido, os conflitos veículo-peão têm uma gravidade muito

diminuta.

Por outro lado, as ruas mais recentes possuem passeios e passadeiras e a sua geometria é

caracterizada por raios de curvatura e larguras elevadas, o que permite a adopção de

velocidades elevadas por parte dos condutores, sendo os existentes conflitos veículo-

peão de maior gravidade do que os existentes na zona antiga da cidade. Esta situação é

agravada pela existência de estacionamento ilegal em cima do passeio, o que obriga os

peões a invadirem a via e a permanecerem momentaneamente num espaço de domínio

exclusivo do veículo, aumentando a sua exposição ao risco.

A zona situada a noroeste do centro de Santa Comba Dão, ou seja, a área que inclui uma

das escolas primárias, a creche, o lar de idosos da Santa Casas da Misericórdia, etc., é

uma zona urbana onde se denota uma forte carência ao nível da infra-estrutura pedonal.

Para além das condições orográficas que, por si só, são um entrave às deslocações

pedonais deste espaço, a inevitabilidade da circulação pedonal se realizar na via

rodoviária, contornando os veículos ilegalmente estacionados, torna a circulação de

peões bastante desconfortável, e, por vezes, insegura.

A zona central, que abrange o Largo do Balcão, Largo Alves Mateus, Largo do Rossio e

Largo do Município, é a área de maior procura pedonal, devido à grande concentração

de equipamentos e serviços aí existente. Com o afastamento a esse centro, a procura

pedonal vai diminuindo, havendo pequenos focos de concentração pedonal junto aos

restantes equipamentos afastados do centro, como o Centro de Saúde e as escolas.

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No Desenho nº4, que se encontra em anexo, é apresentada a localização dos

equipamentos e serviços, em simultâneo com a identificação dos principais percursos

pedonais que permitem a realização de viagens directas entre eles.

O tráfego pedonal de ligação entre as diversas freguesias e destas para a sede do

município é praticamente nulo, o que se deve tanto à extensão dos percursos como à

inexistência de redes pedonais nos respectivos troços.

6.5.3 O DESEMPENHO DO SISTEMA PEDONAL

De uma forma geral e avaliada à luz das necessidades da maioria dos cidadãos, os

problemas de circulação pedonal no centro urbano de Santa Comba Dão não são muito

significativos.

Todavia, a circulação pedonal de cidadãos com dificuldades de locomoção, como idosos

e deficientes, em muitos locais deste município dificultada pela orografia, é nalgumas

ruas impossibilitada quer pelas características da infra-estrura pedonal quer pelo seu

tipo de ocupação. As irregularidades encontradas devem-se essencialmente à falta de

rampas em passadeiras, à reduzida largura dos passeios, às descontinuidades na rede e à

ocupação inadequada da via pública, (seja por sinalização, postes de iluminação,

árvores, veículos estacionados, etc.) o que, por vezes, reduz significativamente a largura

útil dos passeios.

Nas ruas mais recentes e afastadas do centro, onde existem passeios e passadeiras, a

maior debilidade do sistema pedonal são os atravessamentos da via. Uma vez que

apenas as passadeiras localizadas junto ao largo do Balcão são semaforizadas, e tendo

em consideração a importância hierárquica de algumas destas vias onde os condutores

praticam velocidades elevadas, o atravessamento pedonal da via é sempre alvo de um

indesejável risco, assumindo esta questão particular relevância face a peões com

mobilidade reduzida. Um dos exemplos mais notáveis é o da Avenida General

Humberto Delgado, onde os volumes de tráfego e as velocidades praticadas pelos

veículos automóveis se traduzem em situações de clara insegurança pedonal.

No que diz respeito às ruas mais antigas, onde por restrições de espaço lateral a

introdução de uma infra-estrutura pedonal fica impossibilitada, embora a reduzida

circulação automóvel não seja um obstáculo relevante à circulação pedonal, o

estacionamento indevido/ilegal é o principal opositor ao bom funcionamento do sistema

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pedonal. Para além no estacionamento na via, bastante penalizador devido à reduzida

largura das mesmas, a invasão de praças por veículos estacionados impede que os peões

desfrutem da qualidade urbanística, histórica e arquitectónica daquele espaço.

6.6 DESLOCAÇÕES EM BICICLETA

As deslocações em bicicleta, que são reconhecidas como um dos principais modos de

deslocação ecológicos e sustentáveis, são praticamente inexistentes no município de

Santa Comba Dão, não se tendo observado um único ciclista nas visitas realizadas ao

local. O principal motivo desta realidade é a orografia acidentada do terreno, que torna

as viagens em bicicleta fisicamente muito exigentes, inviabilizando mesmo a utilização

da bicicleta em alguns trajectos. A Figura 17 exemplifica um desses casos, na zona

noroeste da freguesia de Santa Comba Dão, bastante próxima da zona mais central.

Apenas pequenas áreas do município são relativamente planas, como acontece com a

zona central da cidade, áreas essas que pela sua dimensão são perfeitamente

compatíveis com o modo pedonal, o que é mais um motivo para a fraca adesão à

bicicleta.

Na totalidade da área do município não existe

qualquer infra-estrutura destinada a este modo

de transporte, pelo que a circulação de

bicicletas tem de se processar na via rodoviária,

juntamente com os veículos motorizados. Esta

situação não é particularmente preocupante na

maioria das vias que cobrem o município, onde

os volumes de tráfego são reduzidos e as

elevadas velocidades automóveis são

impossibilitadas pelas suas características

geométricas. Exceptuam-se as vias

hierarquicamente mais importantes, como a

EN234 e a Avenida General Humberto Delgado,

onde se considera que o volume e

Figura 17 – Rua de S. Joaninho, freguesia de Santa Comba Dão.

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comportamento do tráfego pode colocar em risco a segurança dos ciclistas.

A fraca qualidade do pavimento das estradas e caminhos municipais, que permitem a

ligação entre os vários aglomerados do município, é também um desincentivo às

deslocações em bicicleta, uma vez que as irregularidades verticais do pavimentos são

bastante mais perceptíveis pelos ciclistas do que por quem circula em automóvel.

As zonas com maior beleza natural poderão beneficiar da implementação de ciclovias,

embora a sua viabilidade económica seja à partida questionável, devendo o seu estudo

ser enquadrado com as restantes intervenções turísticas programadas. Há alguns anos, e

da parte de várias entidades, tem vindo a ser defendida a viabilidade da construção de

uma Eco-pista no traçado da antiga linha do Dão, voltada essencialmente para percursos

turísticos de bicicleta e actividades de lazer.

6.7 PRINCIPAIS RESULTADOS DOS INQUÉRITOS À POPULAÇÃO

6.7.1 INTRODUÇÃO

O recurso à consulta pública tem vindo a assumir-se como um potencial instrumento de

auscultação da opinião dos interessados locais e uma forma de aumentar

consideravelmente a aceitabilidade das políticas e intervenções locais. Nesse contexto e

no âmbito do presente projecto, optou-se por, com o estreito apoio do Município de

Santa Comba Dão, realizar um inquérito à população, o qual procurou, por um lado

apoiar a caracterização dos hábitos de mobilidade local e, por outro lado, avaliar a

sensibilidade dos moradores/utilizadores locais da via pública para a promoção de

modos de deslocação suaves, dando-lhes ainda a oportunidade de identificarem aquelas

que consideram ser as áreas temáticas prioritárias de intervenção no município.

Deste modo foi possível conhecer as opiniões de quem diariamente utiliza o sistema de

transportes local, de modo a entender quais as suas principais preocupações e

expectativas de mobilidade.

As questões colocadas incidiram sobre a problemática da circulação automóvel, do

estacionamento, deslocações pedonais e em bicicleta e transportes colectivos

rodoviários e ferroviários. O inquérito pode ser consultado em anexo.

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O inquérito foi enviado a diferentes instituições locais, tendo-se solicitado a colaboração

de algumas dessas entidades no sentido do mesmo ser alargado aos seus funcionários e

utentes que procurassem esses serviços, sendo que a Câmara Municipal de Santa Comba

Dão assumiu aqui um papel central e fundamental.

Atendendo que, até à data de conclusão do presente relatório não foi possível reunir um

número muito significativo de inquéritos de forma a constituir uma amostra

representativa da opinião dos habitantes deste município, optou-se por incorporar desde

já uma análise se “sensibilidade” das opiniões mais consensualmente defendidas,

remetendo-se a análise mais detalhada e estatística da amostra para apresentação

posterior. Tal pressuposto permite ainda aumentar o período de recepção de inquéritos o

que certamente permitirá aumentar consideravelmente a dimensão da amostra e com

isso a robustez dos resultados.

6.7.2 RESULTADOS DOS INQUÉRITOS

Conseguiram-se reunir, até agora, cerca de 15 inquéritos preenchidos por membros da

direcção de associações e entidades do município. Com o estrito apoio da Câmara

Municipal de Santa Comba Dão, o inquérito foi alargado aos munícipes que se

dirigiram aos diferentes serviços da Câmara e que o procuraram preencher durante os

tempos de espera. Foram já recepcionados 28 inquéritos por via dessa fonte. Foram

ainda preenchidos 13 inquéritos pelos colaboradores nas contagens de tráfego.

De uma forma sucinta, são expostas de seguida as opiniões preponderantes dos

habitantes de Santa Comba Dão, extraídas na análise sumária dos referidos inquéritos.

De uma forma geral, os inquéritos revelam a existência de um grupo de populares que

consideram que a cidade responde maioritariamente às necessidades de mobilidade

local, referindo-se à situação nos seguintes termos:

- Não há congestionamentos de trânsito;

- Não existe falta de passeios e a sua qualidade é razoável/boa;

- Não existe falta de passadeiras;

- Existem alguns cuidados infra-estruturais para com as pessoas com mobilidade

reduzida;

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Outro grupo populacional evidencia alguma falta de sensibilidade, e possivelmente de

aceitação, para a aplicação de medidas restritivas à circulação automóvel, sendo

frequentemente feitas as seguintes observações:

- Existe alguma falta de segurança nas estradas, por vários motivos;

- Existe alguma falta de oferta de estacionamento no centro da cidade;

É porém particularmente notória a preocupação de outro grupo populacional com a

qualidade de vida e a promoção dos modos de deslocação ambientalmente sustentáveis,

tendo sido coligidas algumas respostas que defendem:

- Algumas pessoas usam a bicicletas, essencialmente por motivos de lazer/desporto e

deslocação para as escolas. No entanto a bicicleta não é mais usada principalmente por

comodidade e por falta de pistas para ciclistas;

- Há falta de transportes colectivos rodoviários (mais respondido por residentes fora da

freguesia de Santa Comba Dão);

- Os autocarros existentes sofrem atrasos e são pouco cómodos.

Relativamente às áreas temáticas e possíveis acções consideradas pelos munícipes como

prioritárias, as respostas são bastante divergentes, apontando-se as seguintes:

- Não é importante criar mais vias rodoviárias de acesso ao centro do município;

- É muito importante melhorar o pavimento das vias rodoviárias;

- Não é importante/é prejudicial cobrar o estacionamento nas zonas com menos lugares

disponíveis;

- É muito importante/importante criar parques de estacionamento;

- É muito importante/importante colocar barreiras para não estacionarem nos passeios;

- É muito importante/importante aumentar o estacionamento;

- É muito importante/importante implementar mais passeios e passadeiras;

- É muito importante/importante criar condições às pessoas de mobilidade reduzida;

- É muito importante/importante promover o uso da bicicleta;

- É muito importante/importante criar pistas para ciclistas;

- É muito importante/importante alterar/aumentar o trajecto dos autocarros/carreiras;

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- É muito importante/importante aumentar a frequência dos autocarros/carreiras;

Parece ser desde já relevante cruzar estas respostas com o local de residência dos

inquiridos, já que, em alguns casos, as propostas de intervenção parecem desde logo

segregar aquela que é a preocupação distinta do morador local que utiliza e usufrui

diariamente da cidade e, como tal, tende a defendê-la e preservá-la, e o cidadão que vê a

cidade enquanto local de concentração de serviços, onde importa promover o fácil

acesso e estacionamento do veículo automóvel.

De forma a não se desviar a qualidade e rigor das respostas, a análise detalhada dos

inquéritos será levada a cabo posteriormente prevendo-se a sua apresentação, em forma

de adenda a este relatório, e a anteceder o relatório final da definição dos objectivos da

intervenção.

6.8 PRINCIPAIS CONCLUSÕES

Da análise e comparação dos pontos anteriores, conclui-se que um dos aspectos centrais

e mais problemáticos à escala do centro urbano em Santa Comba Dão é o

estacionamento, não no que diz respeito à sua relação oferta/procura mas sim à sua

distribuição e desorganização pela cidade.

O estacionamento indevido é também um dos principais factores perturbadores da

circulação pedonal a qual, em relação à realidade da maioria das cidades portuguesas,

não se confronta com graves problemas infraestruturais. Ainda assim, é possível

identificar algumas incorrecções na infra-estrutura pedonal, nomeadamente algumas

descontinuidades nos passeios, inexistência de rampas em passadeiras, e alguns passeios

de reduzidas larguras úteis, cuja resolução permitirá melhorar significativamente a

qualidade/conforto/segurança da circulação pedonal bem como a qualidade de vida dos

moradores locais.

Um dos principais aspectos prejudiciais aos peões, aos habitantes em geral, e à própria

cidade de Santa Comba Dão enquanto potencial pólo turístico, é a invasão dos espaços

nobres pelo automóvel.

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À escala municipal, as mais relevantes deficiências de mobilidade devem-se à fraca

qualidade dos pavimentos e às características geométricas de grande parte das vias e

ainda à escassez e fraca qualidade do serviço de transportes públicos.

7 IDENTIFICAÇÃO DAS ÁREAS PRIORITÁRIAS DE INTERVENÇÃO E CORRESPONDENTES PERIMETROS DE ACTUAÇÃO

7.1 - INTRODUÇÃO

De acordo com os problemas de mobilidade encontrados na fase de caracterização da

mobilidade existente no Município de Santa Comba Dão e diagnóstico do modo de

funcionamento dos diversos sub-sistemas de transporte, optou-se por restringir, com o

estreito apoio e anuência do Município de Santa Comba Dão, a definição de objectivos

e desenvolvimento de propostas de intervenção a domínios restritos de actuação, aqui

identificados como prioritários.

A selecção dessas áreas temáticas teve ainda por base aqueles que são os objectivos

centrais do Projecto Global, designadamente a promoção de uma mobilidade sustentável

para o Município de Santa Comba Dão.

7.2 ÁREAS TEMÁTICAS PRIORITARIAS DE INTERVENÇÃO

7.2.1 REDE PEDONAL

O sub-sistema pedonal foi considerado como a primeira área temática a ser estudada e

objecto de propostas de intervenção. Dadas as características de base da cidade,

nomeadamente a sua pequena dimensão e orografia plana associada ao espaço central,

importa promover o modo pedonal de forma a que este se revele capaz de cativar a

maioria das deslocações de curta distância. O atingir de tal objectivo passará

naturalmente por procurar ultrapassar as deficiências anteriormente identificadas e

promover a circulação pedonal de forma contínua, cómoda, segura e sobretudo de forma

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aprazível. Como já referido, a rede pedonal embora assegure um desempenho razoável

nos espaços mais centrais, apresenta ainda diversos problemas, quer nas ligações aos

espaços mais periféricos, quer na sua resposta às pessoas com necessidades de

mobilidade especiais. Importa criar uma rede lógica e contínua, que de forma eficiente

cubra os locais onde se situam os principais pólos de atracção.

Tal passará pela introdução de rampas nas passadeiras, o alargamento e/ou desobstrução

de alguns passeios, o restauro do pavimento dos passeios mais degradados e a

eliminação de descontinuidades nesta rede. Para além disso, de acordo com o referido

nos pontos anteriores, estudar-se-á a viabilidade de aplicação de medidas restritivas quer

á circulação automóvel quer ao estacionamento nalguns locais mais nobres, de forma a

atribui-lo ao peão para que este possa usufruir do património que a cidade possui.

Procurar-se-á ainda valorizar os percursos ao longo da ribeira que atravessa a cidade, a

qual constitui actualmente uma das preocupações da Câmara Municipal.

Os principais percursos pedonais, que permitem a realização de viagens mais curtas

entre os vários equipamentos e serviços, devem ser alvo de uma especial atenção neste

estudo.

7.2.2 REDE VIÁRIA

A necessidade de se apostar numa análise integrada do funcionamento do sistema de

transportes, leva a que também a rede viária venha a ser objecto de estudo. Os

objectivos prioritários de intervenção diferem consoante a escala, tendo em comum o

facto de passarem pela correcção/adaptação da infra-estrutura existente e não pela

construção de novas vias.

À escala municipal, o objectivo centra-se na garantia de ligação de cada freguesia do

município até à freguesia de Santa Comba Dão, através de um acesso que assegure boas

condições de geometria, pavimento e iluminação, e que, nas localidades mais próximas,

integre medidas de apoio à circulação do peão e/ou ciclista.. O mesmo objectivo será

aplicado em relação às vias de acesso aos locais de maior potencial turístico. Refira-se

que este objectivo vai de encontro ao Plano Estratégico do município, no qual consta a

intenção de beneficiar e rectificar traçados de estradas de ligação entre freguesias.

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À escala do centro urbano, pretende-se tornar a rede viária compatível com as

actividades contíguas e com os modos de deslocação suaves e sustentáveis, em

particular o pedonal. Nesse contexto espera-se, no âmbito do presente estudo, contribuir

para a definição de uma estrutura viária hierarquicamente funcional e particularmente

voltada para a defesa de zonas onde se pretenda sobretudo beneficiar a circulação por

modos suaves.

Ir-se-ão estudar as vias distribuidoras principais da freguesia de Santa Comba Dão mais

permissivas a comportamentos desadequados por parte dos condutores, de modo a aferir

a viabilidade da introdução de medidas de acalmia de tráfego. Nesta óptica, será dada

especial atenção ao tratamento da EN234, particularmente no seu troço de

atravessamento da cidade, de forma a minimizar o impacto do veículo automóvel na

vivência local.

Será analisada a possibilidade de alterar a estrutura da rede viária mais central, com o

objectivo de libertar da presença de veículos alguns espaços centrais e nobres,

nomeadamente o Largo do Rossio e o Largo do Município. Na medida do possível, esta

análise procurará incluir medidas e acções já previstas no âmbito do Plano Estratégico

de Santa Comba Dão.

7.2.3 ESTACIONAMENTO

O sistema de estacionamento na cidade de Santa Comba Dão constitui uma outra área

de intervenção eleita. Não no sentido de se procurar adaptar a oferta às necessidades da

procura, mas essencialmente como forma de possibilitar uma análise integrada da

problemática dos transportes no espaço central da cidade.

A promoção do modo pedonal passará naturalmente pela reafectação de alguns espaços

nobres a este modo de transporte, o que poderá passar pela adopção de medidas de

condicionamento/restrição ao estacionamento, de forma a libertar esses espaços para o

peão. Esta filosofia de base, deverá ser devidamente coordenada com as acções

previstas no Plano Estratégico de Santa Comba Dão, o qual prevê a construção de

alguns novos parques de estacionamento, alguns dos quais em espaços semi-periféricos,

particularmente atractivos para o tráfego de entrada na cidade.

Não é objectivo do estudo proibir o estacionamento no espaço central, mas apenas

condicioná-lo ou restringi-lo consoante as situações, devendo estar sempre presente as

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necessidades ligadas aos moradores locais, à sustentabilidade económica dos espaços e

naturalmente à prática de cargas e descargas. Nesse sentido será feito um esforço para

que alguns dos lugares ilegais mas frequentemente ocupados, e que não causam

impactos negativos no restante sistema viário, possam vir a ser formalizados. Todos os

lugares que se definam como legais deverão ser evidenciados, reforçando a sua

formalização e por sua vez a adopção de medidas, preferencialmente físicas, que

evidenciem a transgressão dos estacionamentos ditos ilegais.

7.2.4 REDE CICLISTA

A rede ciclista não foi constituída, à partida, área temática prioritária de intervenção

dada a irregularidade orográfica do terreno nos espaços envolventes à cidade. Contudo e

dada a necessidade de sensibilizar a população para a utilização crescente deste modo

de transporte, nomeadamente nas zonas onde o mesmo se revele praticável, optou-se por

inclui-lo como área temática complementar ao estudo.

Embora existam alguns espaços relativamente planos, estes são espacialmente tão

pequenos, e por isso tão facilmente percorríveis a pé, que não se justifica a

implementação de uma infra-estrutura destinada a ciclistas. Todavia, o cumprimento de

qualquer um dos dois objectivos enunciados no campo da infra-estrutura viária assume

necessariamente repercussões favoráveis para as deslocações em bicicleta.

Indo de encontro às pretensões da Câmara Municipal de Santa Comba Dão, será

estudada a viabilidade da criação de uma ciclovia, enquadrada num projecto voltado

para a promoção turística local e a inserir na antiga linha ferroviária do Dão.

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8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Almeida, Vanessa – Dão-Lafões. Uma Caracterização Estatística, Instituto Nacional de

Estatística, 2001

Candidatura ao PRAUD-GTL (Programa de Recuperação de Áreas Urbanas

Degradadas – Gabinete Técnico Local), Câmara Municipal de Santa Comba Dão, 2006;

Carta das Cidades Europeias para a Sustentabilidade, Conferência Europeia sobre Cidades Sustentáveis, Aalborg, Dinamarca, 27 de Maio de 1994.

Costa, Hélder – O Turismo como Motor de Desenvolvimento do Concelho de Santa

Comba Dão, Câmara Municipal de Santa Comba Dão, 2006;

Figueira, Monteiro; Sarafana, Jorge; Sousa, Vanda - Estudo de Circulação e Segurança

Rodoviária de Santa Comba Dão – 1º Relatório, CEIT - Consultores Engenheiros em

Infraestruturas de Transportes, Lda., Dezembro de 2002;

Figueira, Monteiro; Sarafana, Jorge; Sousa, Vanda - Estudo de Circulação e Segurança

Rodoviária de Santa Comba Dão – Relatório Final, CEIT - Consultores Engenheiros em

Infraestruturas de Transportes, Lda., Junho de 2003;

Plano estratégico para o concelho de Santa Comba Dão 2007-2013, Câmara Municipal

de Santa Comba Dão;

Regulamento do PDM do Concelho de Santa Comba Dão (revisão), Câmara Municipal

de Santa Comba Dão, 2002;

Tráfego 2005, Rede Nacional do Continente, Estradas de Portugal

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http//www.ine.pt/

http//www.cm-santacombadao.pt/

http://www.mdn.gov.pt/

http://www.fisicohomepage.hpg.ig.com.br/dist-viseu.htm

http://viajar.clix.pt/com/dormir.php?c=118&lg=pt

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Coimbra, 07 de Agosto de 2007

Professora Ana Maria César Bastos Silva (Coordenadora)

Eng.ª Carla Sofia Azambuja Galvão (Técnica Responsável)

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ANEXOS

1 – CONTAGENS DE TRÁFEGO;

2 – INQUÉRITO À MOBILIDADE;

3 – PEÇAS DESENHADAS

Desenho nº 1 – Hierarquia Viária de Santa Comba Dão;

Desenho nº 2 – Resultado Simplificado das Contagens de Tráfego;

Desenho nº 3 – Classificação da qualidade dos passeios;

Desenho nº 4 – Localização dos equipamentos e serviços e identificação dos

principais percursos pedonais.

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1 - CONTAGENS DE TRÁFEGO

Localização dos postos de contagem:

Figura A.1 – Postos das contagens realizadas no âmbito deste trabalho, em Santa Comba Dão.

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Figura A.2 – Posto de contagem A: Cruzamento da EN234 com a Rua General Leão

Figura A.3 – Posto de contagem B: Largo do Balcão

Figura A.4 – Posto de contagem C: Intersecção da Avenida General Humberto Delgado com a Rua de

Santo Estevão

Figura A.5 – Posto de contagem D: Intersecção da Rua de Santo Estêvão com a Rua Cabecinha de Rei

e a Avenida Vaso da Gama

Figura A.6 – Posto de contagem E: Intersecção da EM 629, o CM 1561 e a Avenida Sá Carneiro

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Tabela A.1 – Resultados das contagens no Posto A Movimento 1 Movimento 2 Movimento 3

Hora

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7:00-7:15 14 0 0 0 14 0 0 0 0 0 7 0 3 0 13 7:15-7:30 17 1 3 0 24 2 0 0 0 2 19 1 5 0 30 7:30-7:45 20 1 1 0 23 6 3 0 0 8 33 0 10 0 53 7:45-8:00 33 0 5 0 43 6 0 0 0 6 39 0 3 0 45 8:00-8:15 41 1 2 0 46 6 0 0 0 6 32 1 1 0 35 8:15-8:30 44 2 4 0 53 7 0 0 0 7 24 2 4 0 33 8:30-8:45 36 0 2 1 43 10 0 0 0 10 52 0 4 1 63 8:45-9:00 37 0 2 1 44 6 0 1 0 8 57 2 5 0 68 9:00-9:15 34 0 5 1 47 17 0 0 0 17 53 0 8 1 729:15-9:30 40 0 5 0 50 7 0 0 0 7 43 3 6 1 60 9:30-9:45 34 1 4 0 43 4 0 1 0 6 44 1 2 0 49 9:45-10:00 45 2 2 1 53 12 0 0 0 12 35 3 6 0 49

Movimento 4 Movimento 5 Movimento 6

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7:00-7:15 0 0 0 0 0 1 1 0 0 2 3 1 0 0 4 7:15-7:30 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 7 0 0 0 7 7:30-7:45 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 9 1 0 0 10 7:45-8:00 1 0 0 0 1 1 0 0 0 1 10 0 0 0 10 8:00-8:15 2 0 0 0 2 1 1 0 0 2 9 1 0 0 10 8:15-8:30 4 0 0 0 4 1 0 0 0 1 7 0 1 0 9 8:30-8:45 2 0 0 0 2 3 0 0 0 3 14 1 1 1 20 8:45-9:00 4 0 0 0 4 2 0 0 0 2 14 0 0 0 14 9:00-9:15 1 0 0 0 1 3 0 1 0 5 14 0 0 0 149:15-9:30 2 0 0 0 2 0 0 0 0 0 9 0 0 0 9 9:30-9:45 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 7 0 0 0 7 9:45-10:00 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 10 0 0 0 10

Maior volume verificado (soma de todos os movimentos): 624 uvle/hora

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Tabela A.2 – Resultados das contagens no Posto B Movimento 1 Movimento 2 Movimento 3

Hora

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7:00-7:15 6 0 0 0 6 5 0 0 0 5 0 0 0 0 0 7:15-7:30 10 0 6 0 22 10 4 2 0 16 0 0 0 0 0 7:30-7:45 24 1 5 0 35 23 2 3 0 30 0 0 0 0 0 7:45-8:00 23 0 2 0 27 31 0 0 0 31 0 0 0 0 0 8:00-8:15 28 1 0 0 29 18 0 1 0 20 0 0 0 0 0 8:15-8:30 18 1 1 0 21 19 1 0 0 20 0 0 0 0 0 8:30-8:45 35 0 3 1 44 35 2 0 0 36 0 0 0 0 0 8:45-9:00 34 1 1 0 37 56 1 2 0 61 0 0 0 0 0 9:00-9:15 24 0 1 0 26 52 0 3 1 61 1 0 0 0 19:15-9:30 24 3 0 0 26 45 0 2 1 52 0 0 0 0 0 9:30-9:45 24 1 0 0 25 45 2 1 0 48 0 0 0 0 0 9:45-10:00 14 0 0 0 14 19 0 0 0 19 0 0 0 0 0

Movimento 4 Movimento 5 Movimento 6

Hora

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7:00-7:15 6 0 3 1 15 0 0 0 0 0 4 1 0 0 5 7:15-7:30 6 0 4 0 14 0 0 0 0 0 8 3 2 0 14 7:30-7:45 16 0 3 0 22 0 0 0 0 0 13 0 1 0 15 7:45-8:00 18 1 0 0 19 1 0 0 0 1 20 3 0 0 22 8:00-8:15 8 1 3 0 15 0 0 0 0 0 20 0 4 0 28 8:15-8:30 30 0 0 0 30 0 1 0 0 1 33 0 6 0 45 8:30-8:45 45 3 1 1 52 1 0 0 0 1 36 1 0 0 37 8:45-9:00 31 0 0 0 31 0 0 0 0 0 35 1 1 0 38 9:00-9:15 33 3 1 1 40 0 0 0 0 0 26 0 2 0 309:15-9:30 42 1 2 0 47 0 0 0 0 0 30 0 0 0 30 9:30-9:45 38 0 1 0 40 0 0 0 0 0 24 0 0 0 24 9:45-10:00 15 0 1 0 17 0 0 0 0 0 23 0 1 0 25

Movimento 7 Movimento 8 Movimento 9

Hora

Lig

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7:00-7:15 1 0 0 0 1 5 0 0 0 5 7 0 2 0 11 7:15-7:30 0 0 0 0 0 9 0 0 0 9 3 0 1 0 5 7:30-7:45 0 0 0 0 0 8 1 0 0 9 9 1 0 1 13 7:45-8:00 0 0 0 0 0 22 0 1 0 24 3 1 2 0 8 8:00-8:15 0 0 0 0 0 36 2 0 0 37 6 0 1 0 8 8:15-8:30 0 0 0 0 0 28 0 0 0 28 12 0 1 0 14 8:30-8:45 0 0 0 0 0 29 0 0 1 32 9 0 1 2 17 8:45-9:00 0 1 0 0 1 37 0 3 0 43 9 0 1 1 14 9:00-9:15 0 0 1 0 2 59 1 3 1 69 9 0 3 0 159:15-9:30 0 0 0 0 0 47 1 1 0 50 9 0 1 0 11 9:30-9:45 0 1 0 0 1 48 3 0 0 50 7 1 1 0 10 9:45-10:00 0 0 0 0 0 24 0 0 1 27 4 0 0 0 4

Maior volume verificado (soma de todos os movimentos): 972 uvle/hora

PROJECTO MOBILIDADE SUSTENTÁVELANEXOS – RELATÓRIO DE CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO MUNICÍPIO DE SANTA COMBA DÃO

Tabela A.3 – Contagens no Posto C

Movimento 1 Movimento 2 Movimento 3

Hora

Lig

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UV

LE

7:00-7:15 4 0 0 0 4 0 0 0 0 0 8 2 4 0 17 7:15-7:30 8 1 4 0 17 4 0 0 0 4 8 0 0 0 8 7:30-7:45 20 0 4 0 28 5 0 1 0 7 7 2 1 0 10 7:45-8:00 42 1 2 0 47 10 1 0 0 11 17 2 0 1 21 8:00-8:15 16 0 2 0 20 6 0 0 0 6 28 3 3 0 36 8:15-8:30 28 1 0 1 32 11 0 0 0 11 28 0 1 2 36 8:30-8:45 34 1 0 2 41 1 0 0 0 1 24 1 1 2 33 8:45-9:00 81 2 4 0 90 14 1 1 0 17 41 2 2 3 559:00-9:15 53 6 3 2 68 4 1 4 0 13 30 1 5 0 41 9:15-9:30 43 0 1 0 45 6 0 1 0 8 40 1 2 1 48 9:30-9:45 40 2 1 0 43 15 0 0 0 15 37 1 2 0 42 9:45-10:00 40 0 6 0 52 9 0 0 0 9 28 2 1 0 31

Movimento 4 Movimento 5 Movimento 6

Hora

Lig

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7:00-7:15 6 0 0 0 6 2 0 0 0 2 6 0 0 0 6 7:15-7:30 7 1 0 0 8 5 0 0 0 5 4 0 1 0 6 7:30-7:45 4 2 2 0 9 0 1 0 0 1 7 0 0 0 7 7:45-8:00 6 2 0 0 7 8 0 0 0 8 9 0 1 0 11 8:00-8:15 8 2 0 0 9 4 1 0 0 5 9 0 0 0 9 8:15-8:30 5 1 0 0 6 3 0 0 0 3 9 0 0 0 9 8:30-8:45 8 0 1 0 10 9 0 0 0 9 15 1 0 0 16 8:45-9:00 25 0 1 0 27 9 0 2 0 13 8 0 2 0 129:00-9:15 12 2 1 0 15 13 1 0 0 14 11 0 0 0 11 9:15-9:30 21 0 0 0 21 6 0 1 0 8 8 1 1 0 11 9:30-9:45 22 0 1 0 24 13 1 0 0 14 13 1 1 0 16 9:45-10:00 21 1 0 0 22 12 0 0 0 12 8 0 0 0 8

Maior volume verificado (soma de todos os movimentos): 854 uvle/hora

PROJECTO MOBILIDADE SUSTENTÁVELANEXOS – RELATÓRIO DE CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO MUNICÍPIO DE SANTA COMBA DÃO

Tabela A.4 – Contagens no Posto D Movimento 1 Movimento 2 Movimento 3

Hora

Lig

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LE

7:00-7:15 17 0 0 0 17 2 0 2 0 6 0 0 0 0 0 7:15-7:30 9 0 4 0 17 1 1 0 0 2 0 0 0 0 0 7:30-7:45 23 0 4 0 31 2 1 0 0 3 0 0 0 0 0 7:45-8:00 40 0 2 0 44 7 0 0 0 7 1 0 0 0 1 8:00-8:15 16 1 1 0 19 4 0 0 0 4 0 0 0 0 0 8:15-8:30 26 1 0 1 30 10 0 0 0 10 0 0 0 0 0 8:30-8:45 30 1 0 1 34 11 1 0 1 15 0 0 0 0 0 8:45-9:00 10 1 4 0 19 20 1 0 0 21 0 0 0 0 0 9:00-9:15 37 3 1 2 47 12 1 1 0 15 0 0 0 0 09:15-9:30 27 0 2 0 31 6 0 0 0 6 1 0 0 0 1 9:30-9:45 19 0 3 0 25 5 0 0 0 5 0 0 0 0 0 9:45-10:00 26 0 5 0 36 6 0 0 0 6 0 0 0 0 0

Movimento 4 Movimento 5 Movimento 6

Hora

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LE

7:00-7:15 0 0 0 0 0 17 0 1 0 19 0 0 0 0 0 7:15-7:30 1 0 0 0 1 10 2 2 0 15 0 0 0 0 0 7:30-7:45 0 0 0 0 0 8 2 1 0 11 0 0 0 0 0 7:45-8:00 4 0 0 0 4 16 3 0 1 21 0 0 0 0 0 8:00-8:15 4 0 0 0 4 30 4 0 0 32 0 0 0 0 0 8:15-8:30 4 2 0 0 5 26 0 1 4 40 0 0 0 0 0 8:30-8:45 2 0 0 0 2 27 1 2 1 35 0 0 0 0 0 8:45-9:00 12 1 1 0 15 56 0 1 3 67 0 0 0 0 0 9:00-9:15 11 0 0 0 11 46 4 7 1 65 0 0 0 0 09:15-9:30 6 0 0 0 6 54 0 1 1 59 0 0 0 0 0 9:30-9:45 6 0 0 0 6 55 0 3 0 61 0 0 0 0 0 9:45-10:00 1 0 0 0 1 26 1 1 0 29 1 0 0 0 1

Movimento 7 Movimento 8 Movimento 9

Hora

Lig

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BU

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LE

7:00-7:15 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 7:15-7:30 2 0 0 0 2 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 7:30-7:45 3 1 0 0 4 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 7:45-8:00 8 0 0 0 8 3 0 0 0 3 0 0 0 0 0 8:00-8:15 8 1 1 0 11 2 0 0 0 2 0 0 0 0 0 8:15-8:30 10 1 0 1 14 2 0 0 0 2 0 0 0 0 0 8:30-8:45 5 0 0 0 5 5 0 0 0 5 0 0 0 0 0 8:45-9:00 10 1 0 0 11 3 0 0 0 3 0 0 0 0 0 9:00-9:15 6 0 0 0 6 4 0 0 0 4 0 0 0 0 09:15-9:30 7 0 0 0 7 3 0 0 0 3 0 0 0 0 0 9:30-9:45 4 2 0 0 5 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 9:45-10:00 2 0 0 0 2 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0

Maior volume verificado (soma de todos os movimentos): 588 uvle/hora

PROJECTO MOBILIDADE SUSTENTÁVELANEXOS – RELATÓRIO DE CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO MUNICÍPIO DE SANTA COMBA DÃO

Tabela A.5 – Contagens no Posto E Movimento 1 Movimento 2 Movimento 3

Hora

Lig

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BU

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7:00-7:15 7 0 0 0 7 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 7:15-7:30 4 0 0 0 4 1 1 0 0 2 0 0 0 0 0 7:30-7:45 2 0 0 0 2 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 7:45-8:00 10 1 0 0 11 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 8:00-8:15 5 0 0 0 5 2 0 0 0 2 0 0 0 0 0 8:15-8:30 6 0 0 0 6 2 1 0 0 3 2 0 0 0 2 8:30-8:45 14 2 0 0 15 2 1 0 0 3 1 0 0 0 1 8:45-9:00 18 0 1 0 20 5 1 0 0 6 1 0 0 0 19:00-9:15 19 0 0 0 19 1 1 0 0 2 1 0 0 0 1 9:15-9:30 19 0 0 0 19 3 0 1 0 5 1 0 0 0 1 9:30-9:45 11 0 2 0 15 2 0 0 0 2 2 0 0 0 2 9:45-10:00 9 0 0 0 9 0 1 0 0 1 2 0 0 0 2

Movimento 4 Movimento 5 Movimento 6

Hora

Lig

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7:00-7:15 1 0 0 0 1 2 0 0 0 2 0 0 0 0 0 7:15-7:30 1 0 0 0 1 3 0 0 0 3 1 0 0 0 1 7:30-7:45 1 0 0 0 1 2 0 0 1 5 0 1 0 0 1 7:45-8:00 3 2 0 0 4 6 0 0 0 6 1 0 0 0 1 8:00-8:15 1 0 0 0 1 9 2 0 0 10 1 0 0 0 1 8:15-8:30 3 0 0 0 3 8 0 1 0 10 1 0 0 0 1 8:30-8:45 3 0 0 0 3 10 0 0 0 10 1 0 0 0 1 8:45-9:00 5 2 0 0 6 16 2 1 0 19 2 0 0 0 29:00-9:15 2 0 1 0 4 11 1 0 0 12 1 0 0 0 1 9:15-9:30 4 0 0 0 4 11 0 1 0 13 1 1 0 0 2 9:30-9:45 4 0 0 0 4 10 0 0 0 10 1 0 0 0 1 9:45-10:00 2 0 0 0 2 6 1 0 0 7 1 0 0 0 1

Movimento 7 Movimento 8 Movimento 9

Hora

Lig

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7:00-7:15 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 7:15-7:30 1 0 0 0 1 2 0 0 0 2 0 0 0 0 0 7:30-7:45 6 1 0 0 7 4 0 0 0 4 0 0 0 0 0 7:45-8:00 5 0 0 0 5 3 0 1 0 5 0 0 0 0 0 8:00-8:15 11 1 0 0 12 5 0 0 0 5 0 0 0 0 0 8:15-8:30 11 0 0 0 11 6 0 0 0 6 0 0 0 0 0 8:30-8:45 7 0 0 0 7 3 1 0 0 4 0 0 0 0 0 8:45-9:00 21 0 0 0 21 5 0 0 0 5 0 0 0 0 09:00-9:15 7 0 0 0 7 5 0 0 0 5 0 0 0 0 0 9:15-9:30 10 1 0 0 11 2 0 0 0 2 0 0 0 0 0 9:30-9:45 7 2 0 0 8 2 0 0 0 2 0 0 0 0 0 9:45-10:00 5 0 1 0 7 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0

Maior volume verificado (soma de todos os movimentos): 318 uvle/hora

PROJECTO MOBILIDADE SUSTENTÁVELANEXOS – RELATÓRIO DE CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO MUNICÍPIO DE SANTA COMBA DÃO

2 – INQUÉRITO À MOBILIDADE

Inquérito à Mobilidade no Município de Santa Comba DãoCâmara Municipal de Santa Comba Dão e Universidade de Coimbra - Projecto Mobilidade Sustentável

Circulação automóvel

Como classifica o seu município em termos de estradas? Bom Mau

Se não respondeu "bom", diga porquê:

Há congestionamentos de trânsito? Sim, muitos Não

Se sim, diga onde:Acontecem durante longos períodos? Sim Não

Há falta de segurança nas estradas?Se sim, devido a:

Qual(is)?

Estacionamento

Há falta de estacionamento?

Se sim, diga onde:

Há estacionamento ilegal? Sim, muito Sim, algum

Se sim, de que tipo:

Peões

Há falta de passeios?

Como classifica a qualidade dos passeios?

Há falta de passadeiras? Não

As existentes estão bem localizadas? Sim

Existem cuidados, tais como rampas para apoio a pessoas de mobilidade reduzida (idosos, pessoas em cadeiras de rodas)? Sim, muitos

Outro(s) problema(s)? Sim Não

Se os passeios não têm uma boa qualidade, quais os problemas?

Vire, por favor

Razoável

Sim, alguns

Sim, muita Sim, alguma Não

(se o entender, escolher várias das alternativas)

Sim, muita Sim, alguma Não

Não

Sim, muita Sim, alguma Não

Se sim, dê exemplos de locais:

Boa Razoável Má

Sim, algumaSim, muita

Algumas sim

Sim, alguns

Outro(s)

Estacionamento em segunda fila

Outro(s) Qual(is)?

São estreitosMau estado de conservaçãoMal iluminados

Se sim, qual(is)?

Em locais onde é proibidoInvasão de praças

Em cima do passeio

Más condições da estradaMá sinalizaçãoErros dos condutoresFalta de iluminação pública

Não

Não

(se o entender, escolher várias das alternativas)

Se sim, dê exemplos de locais:

Bicicletas

Há pessoas que usam a bicicleta? Não/quase ninguém

Se sim, com que objectivos:

Qual(is)?

Se não são muitas as pessoas que usam a bicicleta, porquê?

Sim, muitas Sim, algumas

(se o entender, escolher várias das alternativas)

Deslocação para o local de trabalhoDeslocação para as escolasMotivos de lazer/desportoOutro(s)

Por comodidadeInclinações acentuadasFalta de pistas para ciclistasClimaFalta de segurança

(se o entender, escolher várias das alternativas)

Por uma questão de prestígio/imagem pessoal

Qual(is)?

Há pessoas que se deslocam a pé? Não/quase ninguémSim, muitas Sim, algumas

Se sim, com que objectivos:

Qual(is)?

Se não são muitas as pessoas que se deslocam a pé, porquê?

(se o entender, escolher várias das alternativas)

Deslocação para o local de trabalho

Deslocação para as escolasMotivos de lazer/desportoOutro(s)

Por comodidade

Porque as ruas não estão adaptadas às necessidades dos peões

ClimaFalta de segurança(se o entender, escolher

várias das alternativas)

Outro(s) Qual(is)?

Outro(s)

Dados pessoais

Idade: Sexo: F M Freguesia de Residência:

Transportes colectivos rodoviários

Há falta de autocarros ou outras carreiras? Não

Se sim, diga onde:

Como classifica o funcionamento dos autocarros/carreiras? Bom Razoável

Se respondeu "razoável" ou "mau", porquê?

Qual(is)?Outro(s)

Transporte ferroviário

Há pessoas que usam o comboio? Sim, algumas

Poucos comboiosPoucas ligações/ramais

Qual(is)?Outro(s)

Classifique as acções seguintes consoante a sua importância para a promoção da acessibilidade/mobilidade dos cidadãos no seu município. Sempre que achar necessário explique o porquê da sua resposta e diga-nos onde cada acção deve ser implementada.

Sim, muita Sim, alguma

Existem poucosSão pouco cómodosHá poucas paragensSofrem atrasosPreço elevado dos bilhetes

Sim, muitas

Difícil acesso à estaçãoFalta de estacionamento na estação

Preço elevado dos bilhetes

Não/quase ninguém

Mau

Se não são muitas as pessoas que usam o comboio, porquê?

(se o entender, escolher várias das alternativas)

(se o entender, escolher várias das alternativas)

1. Tornar algumas ruas de sentido único.

Muito importante Importante Não é importante Prejudicial/Nãodeve ser feito

2. Criar mais estradas de acesso ao centro do Município.

Porquê? Onde?

3. Proibir o trânsito automóvel nalgumas ruas e praças.

4. Melhorar o pavimento das estradas.

5. Cobrar o estacionamento nas zonas com menos lugares disponíveis.

6. Criar parques de estacionamento.

7. Colocar barreiras para não estacionarem nos passeios.

8. Aumentar o policiamento.

9.Colocar mais passeios e passadeiras.

10. Criar condições às pessoas de mobilidade reduzida.

12. Criar pistas para bicicletas.

13. Alterar/aumentar os trajecto dos autocarros/carreiras.

14. Aumentar a frequência de autocarros/carreiras.

15. Aumentar o estacionamento junto à estação da CP.Porquê?

16. Aumentar a frequência de comboios.Porquê?

Obrigado pela sua colaboração

11.Promover/publicitar o uso da bicicleta.

Porquê? Onde?

Porquê? Onde?

Porquê? Onde?

Porquê? Onde?

Porquê? Onde?

Porquê? Onde?

Porquê? Onde?

Porquê? Onde?

Porquê? Onde?

Porquê? Onde?

Porquê? Onde?

Porquê? Onde?

Porquê? Onde?

3 – PEÇAS DESENHADAS