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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE – UERN DEPARTAMENTO DE DIREITO - DED FACULDADE DE DIREIDO - FAD Francisco Richardson dos Santos MONITORAMENTO ELETRÔNICO: Sistema da vigilância indireta das Leis 12.258/10 e 12.403/11 e suas implicações constitucionais 1

Projeto de Monografia - Richardson

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE – UERN

DEPARTAMENTO DE DIREITO - DED

FACULDADE DE DIREIDO - FAD

Francisco Richardson dos Santos

MONITORAMENTO ELETRÔNICO: Sistema da vigilância indireta das Leis 12.258/10 e 12.403/11 e suas implicações constitucionais

Mossoró/RN

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Julho/2013

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE – UERN

FRANCISCO RICHARDSON DOS SANTOS

MONITORAMENTO ELETRÔNICO: SISTEMA DA VIGILÂNCIA INDIRETA DAS LEIS 12.258/10 E 12.403/11 E SUAS IMPLICAÇÕES CONSTITUCIONAIS

Projeto de pesquisa apresentado à disciplina de

Trabalho de Conclusão de Curso de Direito da

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte,

como requisito parcial para obtenção do grau de

bacharel em Direito.

Mossoró/RN

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Julho/2013

SUMÁRIO

1 – TÍTULO _______________________________________________ 4

2 – TEMA _________________________________________________ 4

3 – OBJETIVOS ____________________________________________ 4

3.1 – OBJETIVO GERAL ____________________________________ 4

3.2 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS _____________________________ 5

4 – JUSTIFICATIVA ________________________________________ 6

5 – PROBLEMAS DE PESQUISA _____________________________ 7

6 – HIPÓTESES ____________________________________________ 8

7 – REFERENCIAL TEÓRICO _______________________________ 9

8 – METODOLOGIA _______________________________________ 13

9 – CRONOGRAMA _______________________________________ 14

10 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _____________________ 15

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1. TÍTULO

Monitoramento Eletrônico: Sistema da vigilância indireta das leis 12.258/10 e

12.403/11 e suas implicações constitucionais.

2. TEMA

Monitoramento eletrônico.

3. OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

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Analisar, detidamente, a questão do Monitoramento Eletrônico, também

conhecido como “Liberdade Vigiada”, e suas implicações nos chamados Direitos

Fundamentais, sem olvidar de trazer à baila os aspectos positivos e os aspectos

negativos do instituto, para ao depois, com grandes informações acerca da temática

fazer o sopesamento de interesses.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

3.2.1 Objetivo Específico I – Identificar possíveis violações a alguns dos Direitos

Fundamentais do socializando, notadamente à sua dignidade como pessoa e a sua

intimidade.

3.2.2 Objetivo Específico II – Verificar os pontos favoráveis à liberdade vigiada, bem

como traçar seus pontos negativos, e a partir daí chegar à uma conclusão acerca da sua

viabilidade ou não.

3.2.2 Objetivo Específico III – Reunir ponderações acerca da utilização do instituto

além das previsões legais.

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4. JUSTIFICATIVA

A presente pesquisa mostra-se relevante não apenas sob o enfoque acadêmico

(científico), mas também prático (social). Em assim sendo, busca-se trazer à baila

ponderações que ajudem a aclarar o presente instituto jurídico, para que assim possa ser

aplicado com maior segurança quando for o caso.

Diante da observação concreta da forma que se dá o cumprimento de medidas

ressocializadoras (pena) de alguns sujeitos (aqueles que se encontram no regime

semiaberto), e atento ao presente mecanismo, foi que surgiu o interesse acerca das

situações fáticas e teóricas que o cercam. O estudo é relevante porque busca dissecar a

discussão sobre a inconstitucionalidade deste mecanismo, bem como acerca do modus

que se dá sua concretização.

Banda outra, é fim do presente estudo, mostrando mais uma vez sua importância,

discutir as potencialidades e dificuldades que se acham inerentes ao Monitoramento

Eletrônico, dando ao seu fim balizas seguras para o processo de adaptação,

melhoramento e implantação do mesmo, visto que não é corriqueiro a sua aplicação em

nosso país.

Interessante salientar que o Direito não pode estar à margem da tecnologia, uma vez

que esta está aí para agregar. É nesta perspectiva que o estudo também se mostra válido,

pois como já se observa em outros ordenamentos jurídicos, o Monitoramento Eletrônico

vem sendo usado com bastante proveito.

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5. PROBLEMAS DE PESQUISA

A lei 12.258/10 introduziu alterações tanto no Código de Processo Penal quanto

na Lei de Execuções Penais. Em seguida, a lei 12.403/11 também veio à lume, trazendo

modificações para o Código de Processo Penal, notadamente nas chamadas “Medidas

Cautelares”. Acompanhada dessas alterações também vieram alegações de

contrariedade das novas leis em relação à Constituição Federal de 1988, mais

especificamente ao princípio da dignidade da pessoa humana e da intimidade. Em que

pese as críticas, a mencionada lei se mostra apta a amenizar situações até outrora

incontornáveis, como o elevado gasto com presos e sua fuga dos estabelecimentos

prisionais brasileiros.

O Monitoramento Eletrônico – Leis 12.258/10 e 12.403/11 – fere princípios da

Carta Política de 88?

A técnica de ponderação de Direitos Fundamentais é aplicável ao instituto?

A Liberdade Assistida pode ser aplicada a casos outros não previsto

expressamente nas leis 12.258/ e 12.403/11?

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6. HIPÓTES

As leis 12.258/10 e 12.403/11 ultrajam a Constituição de 88, visto que com o

uso pelo socializando de pulseiras ou tornozeleiras os princípios da dignidade da pessoa

humana e da intimidade restam desrespeitados. E mais: a técnica de aplicabilidade de

princípios constitucionais denominada “ponderação de princípios constitucionais” não

deve ser interpretada/aplicada contrariamente aos preceitos superiores da própria

Constituição, digo, seus princípios.

As leis 12.258/10 e 12.403/11 não maculam a Carta Magna de 88, pois sob o

enfoque da ponderação de valores constitucionais, a Segurança Pública, o cumprimento

efetivo das decisões judiciais e a retribuição ao mal cometido à sociedade devem

prevalecer, ainda que uma parte dos Direitos Fundamentais da pessoa em confronto com

a lei penal seja mitigado, e isso é possível porque não há no nosso Ordenamento

Jurídico Direito e/ou Princípios absolutos.

Ainda que não haja previsão expressa, parte da Doutrina entende que o

Monitoramento Eletrônico pode ser utilizado em outras hipóteses além daquelas

previstas nas leis que tratam do instituto. Aduzem que pode o juiz à luz da situação

fática aplicar a liberdade assistida, pois os benefícios para o acusado (expressão

utilizada pela lei 12.258/10) são notáveis, e a lei, in casu, estaria sendo interpretada em

seu favor, o que é permitido em Direito Penal, seja material ou processual.

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7. REFERENCIAL TEÓRICO

O ordenamento jurídico pátrio através das leis nº 12.258/10 e 12.403/11 previu o

instituto do Monitoramento Eletrônico. Estas leis alteraram dispositivos do Código

Penal e da Lei de Execuções Penais, estabelecendo a possibilidade de utilização de

equipamento de vigilância indireta pelo condenado nos casos em que especifica.

De fato, a aludida lei 12.258/10 assim assevera:

Art. 146-B. O juiz poderá definir a fiscalização por meio da monitoração

eletrônica quando:

I - (VETADO);

II - autorizar a saída temporária no regime semiaberto;

III - (VETADO);

IV - determinar a prisão domiciliar;

V - (VETADO);

Parágrafo único. (VETADO).

Com esta previsão passou o ordenamento jurídico pátrio a reger uma espécie de

vigilância sobre o ressocializando que já vinha sendo utilizada por ordenamentos

alienígenas. Países como Estados Unidos da América do Norte, Suécia, Reino Unido,

Escócia, Itália, Alemanha, Andorra etc., já vivenciam esta experiência há alguns anos.

No caso dos EUA a vigilância através do monitoramento eletrônico data da década de

80 (oitenta).

A discussão acerca do uso desta forma de monitoramento ganha em doutrina

uma relevância muito grande, pois se do lodo a favor da medida encontra-se argumentos

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como o da redução com os gastos com o socializando, do outro lado se argumenta que

em nome da economia não se pode mitigar direitos fundamentais como o da intimidade

e o da dignidade da pessoa humana.

Carlos Roberto Mariath citando Carlos Weis aduz que:

a ideia de se monitorar presos não merece prosperar por violar a intimidade,

por criar maiores entraves para obtenção da liberdade e por afrontar a

presunção de inocência. Em apertada síntese, o professor (2007, p.8) afirma

que o dispositivo constitui meio humilhante de punição, incompatível com o

princípio da reintegração social, expondo o monitorado "ao escrutínio

público, o que viola o direito fundamental do cidadão à preservação da

intimidade, previsto pela Constituição Federal de 1988, que dispõe serem

invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas”. 1

Vê-se, então, que a temática do monitoramento eletrônico não guarda

unanimidade a seu favor na doutrina pátria. Como se viu, o argumento contrário ao

monitoramento instalado pela Lei 12.258/10 é o de que o mesmo fere o princípio da

dignidade da pessoa humana.

Deve ser observado nesta discussão, outrossim, a posição dos que defendem o

instituto. Os argumentos expostos por estes vão desde a economia de recursos até a

diminuição da população carcerária brasileira, que como cediço é extremamente

elevada.

Segundo o professor Carlos Eduardo A. Japiassú:

a vigilância eletrônica afigura-se como uma alternativa interessante, já que

recorre à tecnologia e à experiência comparada, considerando que já se

existem experiências positivas em diversos países do mundo, sobretudo na

América do Norte e na Europa Ocidental2.

1 MARIATH, Carlos Roberto. Monitoramento eletrônico de presos. Dignidade da pessoa humana em foco. Jus Navigandi, Teresina, ano 14, n. 2340, 27 2009. Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/13919>. Acesso em: 27 jun. 2013.

2 NUNES, Leandro Gornicki. Alternativas para a prisão preventiva e o monitoramento eletrônico: avanço ou retrocesso em termos de garantia à liberdade? Disponível em:

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Continua o citado autor dizendo que “trata-se, pois, de medida inovadora,

que busca atenuar os rigores da pena de prisão, consistindo em medida mais adequada à

própria evolução do Direito Penal e um verdadeiro marco em matéria de execução

penal”.

O instituto tem-se mostrado tão atrativo que foi objeto de normatização

em outra lei. Dessa vez coube à lei 12.403/11 tecer considerações sobre a liberdade

vigiada.

A referida lei modificou o artigo 319, inciso IX, do Código de Processo Penal,

inserindo a monitoração eletrônica como uma medida cautelar manejável no curso do

procedimento penal. Sendo assim, inovou ao autorizar a aplicação do monitoramento

eletrônico aos indiciados ou acusados e não apenas, como até então, aos condenados.

Deste modo, o artigo 319 passou a fixar como medidas cautelares diversas

da prisão: a monitoração eletrônica.

Ora, conforme destacado, o monitoramento eletrônico está expressamente

inserido como uma medida de natureza cautelar processual, podendo ser aplicada antes

mesmo do decreto condenatório, ou seja, durante a fase do inquérito policial e, também,

da ação penal, quando verificados os pressupostos legais.

Assim, há quem entenda, depois da introdução das leis citadas, que a

monitoração eletrônica passou a ser substitutiva inclusiva da prisão preventiva.

Félix Araújo e Rebeca Rodrigues são neste sentido:

com a edição da Lei n° 12.403/2011, a monitoração eletrônica foi instituída

como uma medida cautelar substitutiva à prisão preventiva, apresentando-se,

pois, como uma relevante alternativa ao cárcere. No caso em apreço, a Lei n°

12.403/2011 consagrou o monitoramento eletrônico como uma importante

alternativa à prisão preventiva. Tanto é que no §6º do inciso II do art. 282 do

texto normativo, o legislador estabeleceu que “a prisão preventiva será

determinada quando não for cabível a sua substituição por outra medida

cautelar (art.319)” (BRASIL, 2011).

<http://revista.oabjoinville.org.br/artigo/19/> Acesso em: 01 jul. 2013.

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Portanto, o monitoramento eletrônico, conforme instituído, é um autêntico

substitutivo da prisão preventiva. Basta verificar que antes de ser decretar a

prisão preventiva, faz-se imprescindível analisar a possibilidade de aplicação

de medidas cautelares. E entre tais medidas, se encontra o monitoramento

eletrônico3.

É importante destacar que o monitoramento eletrônico consiste em um método

eficaz de controle acerca da localização do indivíduo monitorado, consistindo em

importante ferramenta para o Estado fiscalizar o cumprimento de suas decisões judiciais

e, também, para evitar o desnecessário encarceramento de seres humanos.

É certo que o uso do monitoramento eletrônico se constitui em alternativa ao

sistema prisional tradicional. Ocorre que sua aplicabilidade, nas condições atuais, é

extremamente limitada às hipóteses definidas em lei: prisão domiciliar, medida cautelar

processual e permissão de saída no regime semiaberto.

Ora, com o avanço tecnológico, o protótipo da prisão tradicional passa a ser um

instrumento ainda mais obsoleto e decadente. É necessária a ampliação das

possibilidades de utilização do sistema telemático que pode substituir ainda mais a

prisão. Poderia, ainda, manejar tal dispositivo como uma pena autônoma (como

consequência jurídica do delito), como pena restritiva de direitos e, ainda, como

instrumento de apoio às políticas de ressocialização.

O certo é que a vigilância eletrônica é um instrumento que surge com a

perspectiva de substituir as deficientes estruturas penitenciárias tradicionais. Assim, o

monitoramento eletrônico se apresenta como um meio a colaborar com o Estado na

busca por soluções aos grandes desafios como, por exemplo, as mazelas provocadas

pelo cárcere, seu alto custo e a superpopulação.

3 ARAÚJO NETO, Felix; MEDEIROS, Rebeca Rodrigues Nunes. O monitoramento Eletrônico de presos e a Lei nº 12.403/2011. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIV, n. 90, jul 2011. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/revista_artigos_leitura>id=9894> Acesso em jul. 2013.

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8. METODOLOGIA

O presente trabalho de pesquisa será realizado por intermédio de pesquisa

bibliográfica, onde iremos analisar de forma pormenorizada, através de livros, revistas,

artigos, acesso à internet, análise de doutrinas, jurisprudências, Constituição Federal/88,

Código Penal e de Processo Penal, e demais fontes permitidas, a importância do

instituto do Monitoramento Eletrônico, também chamado de Liberdade Assistida.

Em assim sendo, a pesquisa terá objetivo exploratório, com método comparativo

frente à ordenamentos jurídicos alienígenas. Almejamos ainda desenvolver pesquisa

descritiva, trazendo ao trabalho, detalhadamente, os resultados encontrados e as

respostas que visamos alcançar.

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9. CRONOGRAMA

Cronograma

EtapasJun/2013 Jul/2013 Ago/2013 Set/2013 Out/2013 Nov/2013 Dez/2013

Escolha do tema, título, objetivos e hipóteses

X X

Elaboração do referencial teórico e revisão

X X

Apresentação do projeto de pesquisa

X

Coleta e análise dos dados

X X X X

Produção e digitação da Monografia

X X X X X

Levantamento bibliográfico e orientação acadêmica

X X X X X X

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Entrega do Trabalho de Conclusão de Curso

X

Apresentação do Trabalho de Conclusão de Curso

X

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MARIATH, Carlos Roberto. Monitoramento eletrônico de presos. Dignidade da

pessoa humana em foco. Jus Navigandi, Teresina, ano 14, n. 2340, 27 2009.

Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/13919>. Acesso em: 27 jun.2013.

NUNES, Leandro Gornicki. Alternativas para a prisão preventiva e o

monitoramento eletrônico: avanço ou retrocesso em termos de garantia à

liberdade? Disponível em: <http://revista.oabjoinville.org.br/artigo/19/> Acesso em: 01

jul 2013.

ARAÚJO NETO, Felix; MEDEIROS, Rebeca Rodrigues Nunes. O monitoramento

Eletrônico de presos e a Lei nº 12.403/2011. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIV, n.

90, jul 2011. Disponível em: <http://www.ambito

juridico.com.br/site/revista_artigos_leitura>id=9894> Acesso em jul 2013.

BRASIL. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/Msg/VEP-310-10.htm>. Acesso em: 12 jul. 2013.

BRASIL. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12258.htm>. Acesso em 12 jul. 2013.

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