Projeto-pedagogico Medicina UFPE Recife

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    Projeto Pedaggico

    PROJETO POLTICO PEDAGGICO DO CURSO DE MEDICINA DA UNIVERSIDADEFEDERAL DE PERNAMBUCORecife 2003

    1.1 - OPORTUNIDADES DE SUPERAO DO MODELO ATUAL

    So vrias as frentes de trabalho que se engajam na luta por um Curso inserido no tempo e nasociedade atuais, sem a perda de sua referncia, entre elas:

    - a de recuperar a sua sede e uma estrutura administrativa que devolva a sua identidadefsica e sua funcionalidade;

    - a de consolidar um novo modelo pedaggico, que se implanta progressivamente, nointuito de formar mdicos bem qualificados, humanos e ticos, comprometidos com asnecessidades da populao;

    - a de se inserir cada vez mais, no SUS, de modo a ampliar o seu campo na produo doconhecimento, de contribuir de forma mais sistematizada s demandas sociais;- a de transpor o trabalho intramuros, criando novos cenrios de aprendizagem, no s

    para alunos, mas para professores e profissionais de sade.- a de se projetar no futuro se adequando s novas exigncias que a sociedade est a

    fazer e com esta formar o novo mdico, mais tico, mais humano e mais comprometidosocialmente utilizando como seu campo de prtica, o Sistema nico de Sade (SUS) o que lhedar a oportunidade de percebe-lo como um sistema construdo socialmente, e cujo modelodescentralizado, princpios de integralidade, universalidade, equidade, estrutura pblica,complementar e privado, representa um dos sistemas de sade mais importantes at ento

    concebido.

    1.2 - POR UM NOVO MODELO PEDAGGICO

    O intenso e acelerado processo de transformao social tem sido uma das caractersticasmarcantes das ltimas dcadas. Novos paradigmas vm se afirmando dando origem amudanas importantes nas sociedades, independentemente do seu regime poltico oudesenvolvimento social e econmico. So mudanas que tm a informao, a comunicao e arevoluo tecnolgica como principais agentes. Para enfrentar essa nova realidade tem seexigido de cada indivduo uma formao continuada ao longo de sua vida de modo que possa

    responder aos importantes e novos desafios colocados.

    Nessa formao para responder com eficcia s questes formuladas pela cincia, pelatecnologia, pela comunicao e pela informao h que se redesenhar as competnciasprofissionais, rever as atitudes e habilidades para o atendimento s necessidades do mercadode trabalho s necessidades polticas, econmicas e sociais.

    Considerando que o conhecimento determina a modalidade de interveno humana, esseconhecimento necessita de um foco ampliado para responder questes complexas, abordartemas amplos, resolver novos problemas com agilidade e enfrentar situaes sem

    precedentes, exigindo competncia, postura tica, humanista, compromisso social, criatividadee versatilidade, e os modelos tradicionais de ensino que proporcionam um conhecimento

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    fragmentado, dificilmente daro conta, a seus detentores, de reconhecerem e enfrentaremproblemas e situaes novas, que emergem em um mundo a cuja complexidade natural seacrescenta a resultante desse prprio conhecimento, transformado pela tecnologia em aoque incorpora, a cada dia, novos fatos realidade (UFPE, 1997).

    So modelos que se baseiam na repetio de procedimentos, de conhecimentos transmitidosde gerao para gerao, por tradio, sem que se conteste as bases que os sustentam. Somodelos que no do mais conta da formao do profissional que a sociedade necessita. Somodelos cujos currculos, cujos profissionais so extremamente tcnicos, e portantorapidamente desatualizados, diante do progresso cientfico e tecnolgico; currculos voltadospara o perfil acadmico, para a teoria e a pesquisa cientfica descontextualizadas, (UFPE,1997).

    Ora, o Brasil vive significativa crise econmica e social, de carter estrutural, acelerada pela

    constante mudana de paradigmas tecnolgicos e de polticas econmicas e sociaisexcludentes. Uma formao de recursos humanos, descontextualizada, que se processe semuma integrao das dimenses cognitiva, afetiva e psico motora, que se d em torno davalorizao individual, da competitividade, da facilidade de acesso a informaes, do domnio ebenefcios isolados da tecnologia e dos benefcios da cincia, acentuar cada vez mais asdesigualdades sociais.

    Como propugnado na nova LDB e nas Diretrizes Curriculares MEC, DOU, nov. 2001, h umanecessidade urgente de mudana de postura em relao ao modo de se elaborar os currculosdos cursos de graduao. Mudana exigida pela necessidade de desenvolver uma

    competncia tcnico-cientfica voltada para a resoluo de problemas, da comunicao e,tomada de decises corretas, do trabalho em equipe, de uma diversidade de cenrios deprtica, alm de uma postura tica, humanista, e de compromisso social.

    Nesse contexto, cabe ao Curso de Medicina da UFPE se adequar e se posicionar em direoao futuro, e, respeitando sua cultura, romper paradigmas considerados ultrapassados e criaroutros na perspectiva de formar um novo profissional numa nova arquitetura curriculararticulada no projeto de construo da sociedade brasileira mais fraterna, mais humana e maisjusta, sem perder de vista toda a complexidade que conforma a qualificao tcnico - cientficado profissional mdico. Estrutura curricular fundamentada na importncia da relao entre

    conhecimentos terico-prticos especficos da rea Mdica, respaldados nos conhecimentosda cincia e da tecnologia; que utilize metodologias que favoream o desenvolvimento dehabilidades com nfase nas atividades prticas de campo e fundamentos histricos, filosficose sociais da cincia. Assim, o Curso de Medicina da UFPE inicia seus alunos nas atividades depesquisa cientfica fornecendo-lhes oportunidades para realizar experimentaes bsicas eaplicadas que permitam uma maior compreenso das questes que envolvem o processosade e doena e o ambiente.

    A estrutura de curso procura suplantar o estdio da mera informao pelo da construo doconhecimento, mediante a formao do indivduo atravs do desenvolvimento do esprito de

    solidariedade, do despertar do esprito crtico e tico, como forma de superar as aparentescontradies do corpo social. Estrutura de curso onde as relaes se processam de forma

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    democrtica impulsionando a participao na tomada de decises, num trabalho cooperativo eemancipador.

    O Curso incentiva, progressivamente, o dilogo e a comunicao entre o professor e o aluno

    de modo a romper o isolamento professor x aluno, professor x professor, aluno x aluno e apossibilita um processo de participao, cooperao, numa perspectiva de construo coletivado saber, utilizando uma metodologia de ensino aprendizagem centrada no aluno,oportunizando a problematizao e outras tcnicas de aprendizado que estimulem a ao-reflexo-ao. Utiliza diferentes cenrios de prtica, incluindo o da prestao de servios populao como forma de garantir uma formao passvel de possibilitar a insero de seusegressos no mercado de trabalho.

    Nessa perspectiva, de ao e relao social, o Curso de Medicina da UFPE, encontra suaidentidade e expresso, em sua concepo clnica e social da promoo, preveno, proteo

    e reabilitao de problemas da sade dos indivduos.

    1.3 - PERFIL PROFISSIONAL

    O Curso de Medicina da UFPE define como perfil do seu egresso: um profissional de formaotcnico cientfica geral, empreendedor, tico, humanista, crtico, reflexivo e comprometidosocialmente, capaz de promover, prevenir, tratar e recuperar a sade do individuo na suaintegralidade; que valoriza a interdisciplinaridade, autonomia no pensar, decidir e ser capaz deatender as necessidades regionais e nacionais no mbito de sua competncia. Em suaatuao, o futuro mdico dever conceber o ambiente de trabalho como parte integrante do

    sistema organizado de ateno sade e o paciente como sujeito de suas aes, que poderser incentivado na busca de melhores condies de sade. Nessa perspectiva, o mdico deveser capacitado para perceber e transformar, continuamente, essa realidade, gerando novosconhecimentos por meio de pesquisas e de atuao profissional consistente.

    1.4 - COMPETNCIAS

    No mbito das polticas sociais:

    - compreender os determinantes sociais, culturais, econmicos e polticos do processo

    sade-doena e da funo mdica para contribuir na transformao da realidade social;- compreender as relaes entre sade e sociedade, identificando o papel do profissionalde sade como agente educador e transformador das prticas sanitrias:

    - refletir criticamente sobre a realidade histrico-conjuntural em nvel nacional, regional elocal e, em sua rea de atuao contribuindo criativamente com solues para a promoo dasade e o bem estar dos cidados e da comunidade;

    - ter capacidade de atuar em equipe interdisciplinar e multiprofissional, valorizando ascompetncias especficas dos membros da equipe;

    - Engajar-se em projetos e programas de sade voltados para a educao e a prevenode demandas de sade da comunidade

    No mbito tico humanstico:

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    - exercitar atitudes flexveis e de adaptao a situaes adversas no seu cotidianoprofissional, servindo-se de valores ticos e de cidadania,

    - operar profissionalmente, em diferentes contextos, com idoneidade e responsabilidade;- consciente do seu papel de mdico e cidado, tico, humanista, crtico, reflexivo e

    comprometido com as transformaes sociais;- ter atitude tica, formao humanstica e conscincia da responsabilidade social, comcapacidade para lidar com os mltiplos aspectos da relao mdico paciente;

    - saber lidar com a diversidade de crenas, comportamento e idias, suportandofrustraes e demonstrando atitude emptica com o sofrimento alheio;

    - ser solidrio com os que o procuram e com sua comunidade;

    No mbito do auto desenvolvimento:

    - desenvolver sua capacidade intelectual e senso de liderana como fator inerente a sua

    atuao individual.- manter-se atualizado, assumindo e incentivando seus colaboradores na adoo de umapostura crtica e de busca de aperfeioamento pessoal profissional;

    - ter conscincia da necessidade de aprimoramento pela educao continuada, como novoparadigma de aperfeioamento profissional;

    - conhecer e entender o processo de investigao cientfica, estando apto a proceder realizao de pesquisas no campo da Medicina, com capacidade crtica para interpretar eaplicar dados;

    - ter embasamento cientifico, para adquirir e produzir conhecimentos, manter-se em dia aolongo de sua vida profissional e utilizar o mtodo cientfico como um instrumento da sua prtica

    diria na identificao e soluo de problemas;- avaliar criticamente a literatura cientfica, manejando bem a lngua portuguesa, osidiomas espanhol e/ou ingls e a informtica bsica. Acompanha e incorpora inovaestecnolgicas (informtica, biotecnologia e novas metodologias) no exerccio da profisso

    - saber comunicar-se adequadamente com o paciente e seus familiares, com seuscompanheiros de trabalho e a comunidade cientfica;

    No mbito tcnico-cientfico:

    - desempenhar tarefas tcnicas em todas as reas de atuao em equipes

    multiprofissionais, seja em empregos formais em instituies pblicas e privadas seja comoprofissional autnomo ou em atividades de ensino, pesquisa e extenso.- elaborar diagnstico e, a partir dele, estabelecendo as etapas de assistncia subsidiadas

    em dados coletados e observados;- ter capacidade de identificar compreender, integrar e aplicar os conhecimentos bsicos

    na prtica clnica;- tem formao geral slida com capacidade para atuar nos diferentes nveis de ateno

    sade desde o primrio ao mais complexo, resolvendo com qualidade os problemasprevalentes de sade, atendendo as urgncias e emergncias;

    - ser habilitado a praticar a clnica mdica na obteno da histria clnica do paciente,

    realizao do seu exame fsico, verificao do seu estado nutricional, mental de formaabrangente, interpretando os achados e demonstrando competncia na realizao de um

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    nmero limitado de procedimentos tcnicos bsicos- usar recursos propeduticos com viso de custo-benefcio solicitando, executando e

    interpretando metodologicamente os devidos exames complementares no diagnstico econtrole evolutivo clnico da demanda;

    - capacitado a diagnosticar os problemas de sade da populao identificando os gruposde risco;- ter capacidade para atuar na promoo, preveno de doenas e promoo da sade

    fsica e mental compreendendo as necessidades individuais e coletivas do ponto de vistabiolgico, psicolgico, familiar, laboral e comunitrio;

    - saber encaminhar de modo adequado os pacientes cujos problemas fogem ao alcance domdico com formao geral;

    - Planejar, supervisionar e orientar intervenes mdicas, de ateno primria, secundriaou terciria de sade

    - Exercer a profisso em instituies de ensino, em atividades de docncia, de pesquisa,

    de administrao acadmica (coordenao de cursos, superviso de estagirios, entre outras),prestando consultorias e administrando servios pblicos ou privados na rea de sade- Emitir laudos, pareceres e atestados

    1.5 OBJETIVOS DO CURSO DE MEDICINA DA UFPE

    Geral: O Curso de Medicina da UFPE tem como objetivo proporcionar a formao de umprofissional que se orienta para a promoo, preveno, preservao, desenvolvimento erecuperao da sade alm da reintegrao do indivduo na sociedade; com viso global doprocesso sade doena a partir da teoria e da prtica direcionadas por princpios ticos,

    bioticos e de respeito ao ser humano e diversidade cultural de indivduos e coletividade;orientado ao estudo independente, na busca da autonomia intelectual, como requisito autonomia profissional ou melhor consciente da necessidade de construir permanentemente oconhecimento e a entender a necessidade de aprimoramento pela educao continuada, comonovo paradigma de aperfeioamento profissional.

    Especficos: O Curso de Medicina da UFPE, define como objetivos especficos:

    - adotar uma prtica pedaggica centrada no aluno;- contribuir para a formao de um profissional de conscincia crtica e reflexiva, visando

    uma prtica mdica participativa e transformadora;- formar o mdico dentro de slidos valores que lhes possibilite exercer a profisso comresponsabilidade, senso crtico, de liderana, conscincia poltica, social e ticaemancipadoras;

    - formar um profissional agente de transformao social mediante iniciativas pessoais oucoletivas;

    - formar um profissional com habilidades nas aes de planejamento, gesto e execuonos rgos de sade pblica e privada;

    - formar um profissional com domnio no processo de interveno teraputica e dafundamentao cientfica de seus mtodos;

    - garantir a estreita e permanente relao entre teoria e prtica, entre conhecimentosistematizado e ao profissional.

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    1.6 - ORGANIZAO CURRICULAR

    1.6.1 - DIMENSO TERICO-METODOLGICA

    O Curso de Medicina da UFPE orienta sua estrutura curricular voltada para atender o perfilprofissional, como especificado no item anterior.Para isto define como estratgias:

    - coordenao, sistematizao e orientao das atividades curriculares, extracurriculares,visando a articulao dos componentes curriculares como elementos indicadores damaterializao do perfil do profissional que se pretende formar;

    - priorizao do ensino e aprendizagem da Medicina, objetivando uma base slida deconhecimentos cientficos, mdicos e filosficos, com vistas construo da conscincia sociale profissional como fatores importantes de cidadania;

    - adoo em todas as instncias (colegiado de curso, clnicas, coordenao pedaggica)da metodologia do planejamento participativo para favorecer a tomada de decises que seimpem;

    - proposio e execuo de um sistema de avaliao permanente para diagnosticar osavanos e recuos como possibilidade de melhoria qualitativa das atividades acadmicas;

    - busca da inter-relao entre a dinmica do curso e o cotidiano do SUS em Pernambucocomo elemento fortalecedor das relaes curso/sociedade;

    - reviso permanente e atualizao dos contedos programticos e das metodologias,tendo em vista o progresso da cincia, as expectativas dos alunos e as exigncias da

    sociedade, integralizando teoria e prtica, instituio e sociedade;- definio das necessidades biopsicossociais de sade dos indivduos e da populao,como orientadores da construo do saber mdico e da conformao da prtica mdica nosservios de sade;

    - integrao entre as diferentes reas biopsicossociais do conhecimento: biologia,morfologia, fisiologia, clnica, cirurgia, comportamento, sade coletiva nas diferentes fases dociclo vital, estruturadas em mdulos;

    - mdulos, cujo ncleo o conhecimento integrado por reas do conhecimento disciplinas, visando a formao geral do mdico, embasada, cientificamente em tecnologiasconvencionais e avanadas, na tica e no humanismo;

    - currculo adotando um campo de prtica diversificado, utilizando no s os hospitais,mas, os servios de sade do SUS, na sua dimenso prpria e complementar, alm de outrosservios possveis como ONGs, servios da comunidade, creches, etc;

    - adoo do saber tcnico cientfico como um importante e essencial insumo, meio,ferramenta, mediante o qual o profissional em formao, sob orientao e vivncia no campode prtica, apreende as necessidades de sade, tanto do indivduo quanto da populao,constri o seu significado e formula as intervenes adequadas sejam individuais e/oucoletivas;

    - adoo de um currculo centrado no aluno, possibilitando o desenvolvimento de umapostura crtica, responsvel e reflexiva, sendo o aluno sujeito do processo ensino

    aprendizagem, do processo de construo do seu conhecimento e do cuidado das pessoas,assumindo autonomia e responsabilizao crescente sobre os mesmos;

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    - docente consciente de seu papel de mediador e motivador do processo ensinoaprendizagem;

    - Estrutura curricular que condiciona a flexibilizao/integrao de contedo e cargahorria, alm de possibilitar a adoo de mtodos e tcnicas pedaggicas diferenciados. Cuja

    integrao responde a prioridades da educao mdica e que figuram nas DiretrizesCurriculares para os Cursos de Medicina, MEC, DOU, 09 de novembro de 2001, baseado emque, conhecimentos, habilidades e atitudes adquiridos em trabalho interdisciplinar ficam retidospor tempo prolongado e sua recuperao em momento oportuno torna-se facilitada.

    Nesta perspectiva, a organizao curricular do Curso assenta-se, pois, em reas temticasterico-filosficas correspondentes a uma perspectiva crtica da Medicina e fundamentalmentecapaz de romper a dicotomia teoria/prtica adotando-se modelo didtico orientado para oprocesso de aprendizagem e, por conseguinte, centrado no profissional em formao.

    Nesse contexto, percebe-se o currculo como conjunto articulado de atividades que propiciam aconstruo do conhecimento mediante diversos procedimentos metodolgicos, pedaggicos eacadmicos adequados a seus contedos. A inter-relao do ensino terico e prtico alcanada pela total e permanente integrao do contedo programtico, quando aspectostericos so oferecidos subsidiando a abordagem prtica quer seja laboratorial, ambulatorial oucoletiva, de forma concomitante e contnua na quase totalidade dos mdulos que compem aestrutura curricular. Aliado a isso identificam-se os objetivos da carreira do Mdicoconsiderando as mltiplas reas do saber que constituem os contedos das matrias denatureza biolgica, humanas e sociais, biotecnolgica e mdica, necessrias formao e aoexerccio da profisso.

    Procura-se, tambm, estabelecer uma convergncia entre os objetivos definidos para o curso,o perfil traado para orientar a formao do egresso e aquele que o principal lastro aconform-los, a saber: as peculiaridades de condies socioeconmicas, culturais e de sadedo municpio e do Estado; a demanda e a suposio de que, dentro da realidade em quevivemos, a promoo, preveno, a cura e a reabilitao ainda no constituem uma evidncia.

    1.6.2 - ESTRUTURA CURRICULAR

    O Curso est estruturado em 12 semestres, tendo cada perodo a durao de 18 semanas.

    Desses 12 perodos 04 so destinados ao Estgio Supervisionado - Internato.

    Na nova estrutura optou-se por uma estrutura modular desde que entre outros: a mesmafacilitaria a racionalizao de carga horria com vistas a implantao de um Internato de 24meses e a expanso de outras prticas em servios de sade; racionalizaria a exposio decontedo considerando a necessidade de superar a sua superposio; facilitaria aimplementao de uma integrao progressiva de disciplinas, conforme j visvel na estruturaproposta; otimizar a compreenso dos estudantes dos contedos abordados uma vez quesero discutidos em bloco por diferentes reas do conhecimento; A estrutura modular tambmcria a possibilidade de uma avaliao mais racional, evitando o stress indesejvel a que os

    alunos, habitualmente so submetidos, pela proximidade de provas em vrias disciplinas, quese desenvolvem de modo paralelo e dissociado.

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    Assim, o contedo obrigatrio est contido em eixos longitudinais, verticais e no Internato. Ocontedo complementar ser oferecido por disciplinas ou mdulos eletivos. O Curso ter adurao de 12 perodos correspondente a 12 semestre e no mximo de 18 perodoscorrespondendo a 18 semestres.

    1.6.3 - EIXOS E MDULOS

    Os eixos so reas do saber que se desenvolvem ao longo do curso. Esses eixos solongitudinais e verticais, sendo dois os longitudinais: o de desenvolvimento tico e humanista eo do desenvolvimento profissional - social, e um eixo vertical o da preparao tcnico cientfica.Esses eixos se confundem no seu desenvolvimento. A sua explicitao se d por umanecessidade de exposio e organizao didtica.

    Os mdulos so reas de conhecimento formados por uma cadeia de conceitos, selecionada

    de reas de conhecimento que se integram com esse fim e em funo dos objetivos definidospara o Curso/Perodo, tendo como referncia o conhecimento a ser construdo e a prticaprofissional no desenvolvimento de habilidades e atitudes que devero conformar o perfil doprofissional egresso embasado na dimenso terico metodolgica descrita no item anterior.

    1.6.3.1 - EIXOS LONGITUDINAIS

    Embora perpassem todo o Curso sub reas do conhecimento sero desenvolvidas em cadaperodo por mdulos. Ao longo do Curso esto previstos: os eixos de DesenvolvimentoPessoal, relativos tica e ao Humanismo, e o de Desenvolvimento profissional - Social,

    relativos ao desenvolvimento de prticas, Sade Coletiva e Ateno Bsica.

    Os mdulos dos eixos longitudinais tm uma pequena carga horria semanal (quatro a oitohoras), mas durante todas as semanas de todo o Curso, de modo a garantir um contatopermanente do aluno com estes temas, e com os servios extra - muros, de forma contnua,consistente, articulada internamente e com as outras atividades do Curso, favorecendo a suaprogressiva incorporao para a vida profissional.

    O Eixo de Desenvolvimento Pessoal: relativo tica e ao Humanismo, tem por objetivoestimular nos alunos o desenvolvimento das habilidades, atitudes e o compromisso com a

    defesa da vida, a partir de valores e convices ticas, morais, favorecendo uma prtica ticahumana e comprometida socialmente.

    Este Eixo compreende conhecimentos de deontologia, de diferentes cincias, de naturezascio-humansticas que visam subsidiar o entendimento do ser humano na sua dinmica social,material e intelectual, acerca do processo sade/doena em suas mltiplas determinaes einclui a integrao de aspectos psicossociais, culturais, filosficos, antropolgicos eepidemiolgicos norteados por princpios deontolgicos.

    No seu desenvolvimento esto previstas atividades semanais, vivncias, oportunizando aos

    alunos a expresso dos seus interesses, dificuldades, motivaes, dvidas e de proposiesde temas que possam ser debatidos oportunamente.

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    Os objetivos propostos extrapolam os limites do perodo, da o seu carter de horizontalidade,pois, perpassa todo o curso de medicina, razo pela qual integram este mdulo todos osprofessores do Curso, atentos s oportunidades para o aprimoramento da formao tica,psicolgica e humanstica dos alunos.

    O Mdulo de Desenvolvimento Pessoal integra as seguintes reas temticas: EvoluoHistrica, Cientfica e tica da Medicina; Psicologia do Desenvolvimento Humano; Sade,Cultura e Sociedade; Psicologia Mdica; Biotica e Cidadania; Psicopatologia; SadeComunitria; Medicina Legal e Deontologia Mdica. No Internato sero realizados seminriosde Biotica, jris simulados, Grupo Balint e outras atividades similares, para discusso desituaes ou assuntos relacionados Prtica e tica Mdicas.

    O Eixo de Desenvolvimento Profissional e Compromisso Social: Agrega temas relacionados Sade Coletiva e Ateno em Sade, objetivando o conhecimento da realidade

    scio-econmico-cultural da populao, relacionada ao processo sade - doena. A essesconhecimentos esto incorporados contedos relativos s polticas de sade, trabalho eadministrao, necessrios ao desenvolvimento de habilidades do aluno para o exerccioprofissional que, por sua vez, encontram suas referncias em abordagens filosficas,scio-antropolgicas, psicolgicas, de tica e deontologia, epidemiologia e sade coletiva.Apreendendo e se habilitando paralelamente em prticas ticas e humanistas, odesenvolvimento da viso coletiva do problema sade doena, possibilitar aos alunos umaviso de parceria com os indivduos em busca da sade e de uma sociedade mais saudvel ejusta.

    O objetivo deste eixo tornar o mdico um cidado comprometido com as transformaes dasociedade, privilegiando a prtica mdica nos nveis primrio e secundrio de ateno sade,em integrao com o Sistema nico de Sade na sua dimenso prpria e complementar.

    semelhana do eixo de Desenvolvimento Pessoal, tambm extrapola os limites de cadaperodo, perpassando todo o Curso de Medicina.

    O Eixo de Desenvolvimento Profissional Social integra as seguintes reas temticas:Fundamentos da Prtica e da Assistncia Mdica; Diagnstico de Sade da Comunidade;Epidemiologia e Bioestatstica; Medicina Preventiva; Ateno Sade da Criana e do

    Adolescente; Ateno Sade da Criana e da Gestante; Assistncia Sade do Adulto e doIdoso; e Internato em Sade Comunitria.

    1.6.3.2 - EIXO VERTICAL

    O Eixo Vertical constitudo de mdulos verticais que se desenvolvem seqencialmente emcada perodo, conforme a sua programao. So delimitados por reas temticas, masapresentam a mesma concepo de serem ncleos de conhecimentos afins de uma mesmarea temtica. Dizem respeito ao conhecimento das cincias biolgicas e da medicina. Emborasejam delimitados no perodo, a sua aplicao cumulativa, uma vez que vai sendo

    incorporado ao conhecimento, s atitudes e s habilidades da prtica mdica que vo seprocessando, durante o curso. Possibilita a incorporao contextualizada do conhecimento,

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    com crtica e reflexo sobre a ao.

    A lgica de exposio dos mdulos a da complexidade de entender o ser humano, enquantoser biolgico, psicolgico e social de forma integrada.

    Estes mdulos tm carga densa, de vinte a vinte e quatro horas semanais, com um totaldefinido para cada mdulo, segundo a complexidade do tema abordado. Os laboratrios dascincias bsicas, de informtica, de habilidades, sero o seu campo de prtica. Odesenvolvimento das atividades em pequenos grupos, supervisionadas por professores,monitores ou auto dirigidas, facilitar a assimilao dos temas mediante o contatopermanente do aluno com atividades prticas, de forma contnua, consistente, articuladainternamente e com as outras atividades do Curso, favorecendo a sua progressivaincorporao para a vida profissional.

    Os mdulos verticais relativos ao conhecimento da Biologia, Biotecnologia e da Clnica Mdicae Cirrgica so conformados por reas temticas sobre a constituio, a estrutura e ofuncionamento do organismo humano as alteraes que nele se processam e a suarecuperao, direcionando-os, aplicando-os a possveis situaes com que o egresso do cursoir se defrontar em sua prtica profissional. Esses conhecimentos no se esgotam em cadamdulo. A sua aplicao crescente.

    Pela complexidade que conhecer o corpo e a psique humana os mdulos sero organizadoslevando-se em conta a psique e os sistemas orgnicos, reprodutor, nervoso, digestivo,locomotor, cardaco, respiratrio, renal, hematolgico, utilizando as reas especficas e j bem

    estruturadas do conhecimento da Anatomia, Histologia e Embriologia, Gentica, Bioqumica,Farmacologia, Fisiologia, Biofsica e, Patologia Geral, Anatomia Patolgica e as diferentesreas da Clnica e Cirurgia e da Biotecnologia. Esses conhecimentos integraro cada mdulo,segundo a complexidade do sistema. Mesmo tendo a lgica do enfoque do morfofuncional, datecnologia e da clnica em toda a sua expresso no dever ser perdido de vista a integraodo contedo e dos problemas mais presentes na regio sob o enfoque da determinao socialdo processo sade doena, nem a preocupao com o enfrentamento tico e humanstico decada caso.

    Os conhecimentos que embasam a incorporao das novas tecnologias pesquisa e prtica

    da clnica mdica sero apreendidos nos fundamentos na biofsica, na informtica aplicada sade, nos mtodos e tcnicas do trabalho cientfico.

    Os conhecimentos mdicos hoje concentrados em ncleos de saberes de diferentes reasclnicas e cirrgicas tm o propsito de prover o aluno dos instrumentos conceituais emetodolgicos para aquisio das habilidades e atitudes necessrias ao exerccio da profisso.Dever ser resultante da assimilao de conhecimentos na rea de formao Mdica queenvolve fundamentos, histria, tica, aspectos filosficos e metodolgicos da prtica mdica eseus diferentes nveis de interveno.

    1.6.3.3 - MDULOS ELETIVOS

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    Projeto Pedaggico

    Os mdulos eletivos abordam contedos complementares e garantem a necessriaflexibilidade ao Curso, conforme preceito das diretrizes curriculares do MEC. A amplitude detemas a serem propostos depende exclusivamente do potencial do corpo docente do Curso deMedicina da UFPE, podendo se estender a reas de interesse alm da Medicina. Nesses

    mdulos, a carga horria, e a metodologia sero determinadas em funo das condies deinfra-estrutura e objetivos determinados. Constituiro dos mdulos eletivos: os mdulos cujosgrupos de professores responsveis ofeream ou as disciplinas que atualmente so oferecidascomo optativas ou outras que por acaso venham a ser oferecidas, como Informtica, EducaoFsica, Acupuntura, Homeopatia, Oncologia, Alergia e Imunologia Clnicas, etc.

    1.6.4 - HORRIO LIVRE

    Durante todo o Curso, com exceo do Internato, esto previstos, por semana, dois perodoslivres, de 04 horas cada, para que os alunos possam se dedicar ao estudo e a atividades

    acadmicas, objetivando evitar o stress, sobrecarga de trabalho e o absentesmo.

    1.6.5 - O INTERNATO

    O Estgio Supervisionado Internato, ser realizado nos quatro ltimos perodos letivos.

    Estudos realizados pela CINAEM, mostram que nesse perodo que o aluno demonstra maiordomnio do conhecimento. nesta etapa onde as habilidades e atitudes, do fazer mdico, soaperfeioadas. Nesse Estgio o aluno aprofunda o seu aprendizado a sua vivncia, na relaocom os indivduos, que necessitam os cuidados mdicos, seja no plano individual ou coletivo,

    apreendendo/entendendo o seu sofrimento, dando-lhe um significado segundo a suacompreenso e sob orientao docente, o aluno, define os planos de interveno e os aplicanum processo de construo da sua autonomia profissional.

    Nesse Estgio, pelo processo de se assumir enquanto mdico, na busca de sua autonomia, huma maior aproximao do aluno com profissionais mdicos e de outras reas afins, porquevisualiza com mais clareza as suas limitaes e passa a entender que necessita de apoio pararesolver os complexos problemas que envolvem o processo sade doena.

    Assim, o aluno estar voltado para assegurar um ncleo bsico de competncias que permitam

    a sua insero em diferentes contextos institucionais e sociais, de forma articulada comprofissionais de reas afins.

    O Estgio ser dividido em I, II, III e IV momentos, e realizado nos quatro ltimos perodosletivos. Ser supervisionado por preceptores, com uma carga horria de 3.840 (trs miloitocentas e quarenta) horas, envolvendo as 5 reas consideradas bsica em Medicina como aClnica Mdica, Cirurgia Geral, Pediatria, Ginecologia e Obstetrcia e Medicina Social em seusdiferentes nveis de atuao, quer seja hospitalar, ambulatorial ou unidades bsicas de sade,em rea urbana e urbana rural metropolitana, servios de vigilncia sanitria e CAPS, entreoutros. Alm disso, esto contempladas 04 semanas de frias no segundo ano do estgio.

    1.6.6 METODOLOGIA

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    Ser estimulada uma progressiva utilizao da metodologia da problematizao, com vistas, aestimular a capacidade do aluno para sua atuao crtica e reflexiva enquanto agente detransformao da prtica em servio, sensibilizado para detectar problemas reais e buscarsolues viveis e criativas Modelo pedaggico baseado na educao de adultos, onde o

    indivduo responsvel pela construo de seu prprio conhecimento.

    Progressivamente espera-se adotar a problematizao para a identificao dos pontos deestrangulamento, seus determinantes e a confrontao da realidade com a teorizao paraentendimento e busca da formulao de hiptese para soluo do problema em foco.

    Na prtica, sero formados pequenos grupos e o professor assumir o papel de facilitador. Ostemas sero desenvolvidos com base em casos/situaes reais ou simulados.

    O processo ensino aprendizagem ser construdo em sala de aula, laboratrios de habilidades

    utilizando-se recursos adequados, assim como os espaos dos servios de sade, com vistasa uma interao com as necessidades sociais da populao e o desenvolvimento de aes desade, desde a promoo, recuperao do processo sade doena.

    A avaliao ocorrer ao longo de todo o processo ensino aprendizagem, nos domnioscognitivo, de habilidades e de atitudes. Cumprindo os objetivos da avaliao, esta serconstante e continua levando em conta o domnio dos aspectos tericos, das habilidades e dasatitudes no processo ensino aprendizagem previsto no curso. Assim sero consideradas:

    Avaliao Diagnstica: Momento no qual se identificam os conhecimentos prvios necessrios

    compreenso dos temas a serem desenvolvidos em cada mdulo da programao medianteuma sistematizao de respostas a perguntas orais, escritas tipo pr-teste e tempestade deidias, possibilitando o relacionamento dos conceitos existentes com os dos temas a seremapresentados.

    Avaliao Formativa: No decorrer de cada um dos temas centrais dos mdulos sero feitasavaliaes orais e escritas individuais ou em grupos. A participao dos trabalhos em grupo eprticas, permitir observar se a execuo est correspondendo tanto s estratgiasdesenhadas, quanto aos objetivos formulados. A correo dos exames e prticas ser umaretroalimentao constante ao planejamento do processo ensino aprendizagem.

    Faz-se necessrio ressaltar que sero desenvolvidas oficinas sobre tecnologia educacional,com os professores, assim como a preparao dos alunos para a adoo de metodologiasinovadoras.

    Avaliao somativa: No final de cada mdulo sero feitas avaliaes escritas que serviro paraacompanhar o progresso do estudante e o conhecimento acumulado por ele no decorrer docurso

    1.6.7 - ATIVIDADES PRTICAS

    As atividades prticas devem ser enfatizadas e constituir a base para a aprendizagem,

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    evitando-se a teorizao das mesmas. Faz-se necessria uma infraestrutura laboratorial e deatendimento ambulatorial adequada. Novos espaos devem ser buscados, junto ao SUS nasua dimenso pblica e complementar, especialmente tendo-se em vista a necessidade de seoferecer treinamento nos nveis primrio e secundrio de ateno sade.

    1.6.8 AVALIAO DA IMPLANTAO DO PROJETO

    A implantao do projeto pedaggico, como um processo dinmico, em permanenteconstruo, pressupe a adoo de um sistema de avaliao que possibilite oacompanhamento e aperfeioamento do currculo.

    1.6.9 ACOMPANHAMENTO DO EGRESSO

    A acompanhamento do egresso ser feita atravs de informaes obtidas do prprio egresso

    por meio de um banco de e-mails, informaes obtidas das secretarias municipais e estaduaisde sade e dos COREMES.

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