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GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO SECRETARIA DE ESTADO DO AMBIENTE SEA INSTITUTO ESTADUAL DO AMBIENTE - INEA 1 Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas DIBAP Gerência de Fauna - GEFAU Gerência de Unidades de Conservação de Proteção Integral GEPRO Serviço de Planejamento e Pesquisa SEPES Diretoria de Monitoramento e Informação Ambiental DIMFIS Gerência de Geoprocessamento e Estudos Ambientais GEOPEA Proposta de criação do Refúgio de Vida Silvestre Lagoa da Turfeira Agosto/2015 Emberizoides herbicola Foto: Geoklok Caiman latirostris Foto: Geoklok Psittacara leucophthalmus Foto: Geoklok

Proposta de criação do Refúgio de Vida Silvestre Lagoa da ... · Refúgio de Vida Silvestre Lagoa da Turfeira Agosto/2015 a Foto: Geoklok s ... Oferecer oportunidades de pesquisa

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1

Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas – DIBAP

Gerência de Fauna - GEFAU

Gerência de Unidades de Conservação de Proteção Integral – GEPRO

Serviço de Planejamento e Pesquisa – SEPES

Diretoria de Monitoramento e Informação Ambiental – DIMFIS

Gerência de Geoprocessamento e Estudos Ambientais – GEOPEA

Proposta de criação do

Refúgio de Vida Silvestre Lagoa da Turfeira

Agosto/2015

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Governo do Estado do Rio de Janeiro Luiz Antônio Pezão Governador

Secretaria de Estado do Ambiente André Correa Secretário de Estado

Denise Rambaldi Superintendente de Biodiversidade e Florestas

Instituto Estadual do Ambiente Marcus de Almeida Lima Presidente

Rafael de Souza Ferreira Vice-Presidente

Paulo Schiavo Junior Diretor de Biodiversidade e Áreas Protegidas - Dibap

Eduardo Ildefonso Lardosa Gerente de Fauna - Gefau

Manuela Torres Tambellini Gerente de Unidades de Conservação de Proteção Integral – Gepro

Fernando Matias de Melo Gerente de Unidades de Conservação de Uso Sustentável - Geuso

Vanessa Conceição Coelho Teixeira Chefe do Serviço de Planejamento e Pesquisa - Sepes

Equipe de Coordenação Eduardo Ildefonso Lardosa Fernando Matias de Melo Paulo Schiavo

Equipe Executiva INEA

Carlos Renato - Gefau/Dibap Diana Levacov – Bióloga - Gefau/Dibap Priscila Diniz – Bióloga - Gefau/Dibap Aline Schneider – Assessora - Gepro/Dibap José Andres – Estagiário – Gepro/Dibap Tais Cabral Maia – Bióloga – Gepro/Dibap Aline Peixoto – Bióloga – Sefau/Gelaf/Dilam Mauro Medeiros - Gelirh/Dilam Gisele Menezes - Gelirh/Dilam Andréa Franco de Oliveira – Bióloga – Gerente - Geopea/Digat Gabriel Freitas de A. Lardosa – Tecnólogo Ambiental – Geopea/Digat

COLABORAÇÃO ESPECIAL Gerência de Geoprocessamento e Estudos Ambientais – Geopea/Digat

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SUMÁRIO 2. Justificativa .................................................................................................... 6

3. Objetivos ........................................................................................................ 8

4.1. Caracterização Regional ....................................................................... 11

4.1.1. Caracterização do Município de Resende .................................... 11

4.1.2. Geomorfologia ................................................................................ 12

4.1.3. Solos ................................................................................................ 13

4.1.4. Hidrografia....................................................................................... 14

5. Refúgio da Vida Silvestre da Lagoa da Turfeira ....................................... 20

5.1. Proposta: ............................................................................................... 20

5.2. Limites propostos ................................................................................. 26

5.3. Estratégia de implantação .................................................................... 29

5.3.1. Planejamento .................................................................................. 29

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1. Introdução

Em 2010, a Prefeitura Municipal de Resende, por meio da Agência do Meio

Ambiente do Município de Resende – AMAR, com o apoio da Superintendência

de Biodiversidade e Florestas da Secretaria de Estado do Ambiente, elaborou um

estudo técnico denominado “Estudo técnico preliminar para constituição de área

protegida no banhado da Kodak”, a fim de subsidiar a criação de uma Unidade de

Conservação na área da lagoa, localizada dentro dos limites do Pólo Industrial de

Resende/RJ.

De acordo com o estudo, a unidade proposta seria denominada Reserva

Particular de Patrimônio Natural - RPPN Banhado da Kodak, contendo vegetação

nativa em excelente estado, fauna diversificada, brejos e lagoa. O estudo indicava

ainda, principalmente, que os estudos científicos realizados na área do banhado

desde 2001, apontam para a ocorrência local de 157 espécies de aves, as quais

estão distribuídas em 42 famílias. Entre as espécies registradas destacam-se

algumas que se encontram em delicada situação de conservação no estado do

Rio de Janeiro sendo, 04 no grupo das espécies vulneráveis e 02 no grupo das

espécies em perigo, segundo a Lista Oficial de Espécies da Fauna Ameaçada no

Estado do Rio de Janeiro. Já em relação à lista da IUCN foi encontrada no local

01 espécie no grupo quase ameaçada. Desse total cabe destacar que 03

espécies são consideradas endêmicas do Brasil.

O início do processo de licenciamento ambiental da nova fábrica da

NISSAN DO BRASIL AUTOMÓVEIS LTDA. em 2011, em área parcialmente

sobreposta àquela indicada para a UC, resultou em denúncias de dano ambiental,

as quais geraram um Inquérito Civil Público junto ao Ministério Público Federal em

Resende/RJ.

Por meio da Notificação GELINNOT nº 01010462, Processo nº E-

7/504121/2012, com data de 17 de agosto de 2012, o INEA apresentou à NISSAN

a exigência de elaboração de Estudos Complementares ao licenciamento

ambiental da nova fábrica, visando à caracterização ambiental da Lagoa da

Turfeira e entorno imediato. Em 15 de outubro de 2012, complementarmente a

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essa Notificação, foi apresentado a Nissan o Termo de Referência para

elaboração desses estudos.

Esse Termo de Referência definiu o escopo dos serviços a serem

contratados para a “elaboração de estudos complementares de caracterização

física e ambiental da lagoa da Turfeira e seu entorno imediato visando avaliar a

viabilidade do estabelecimento de uma Unidade de Conservação”, que indiquem

as ações necessárias à conservação dos recursos naturais ali existentes, em

especial da fauna que utiliza ou depende das áreas alagadas.

Complementarmente deverão ser apresentados parâmetros técnicos para a

recuperação do ecossistema da lagoa da Turfeira e entorno.

O crescimento populacional e a expansão das atividades humanas sobre

áreas nativas causam cada vez mais, o isolamento de áreas protegidas, cercadas

por ambientes modificados (Chape et al. 2003; Rodrigues et al. 2004). Com o

decorrer do tempo, essas áreas podem sofrer impactos negativos, produto da

fragmentação e do isolamento, como por exemplo, maior suscetibilidade a

espécies invasoras e parasitas de espécies nativas, perda de espécies com

maiores requerimentos ambientais, resultados deletérios da endogamia, efeitos

de borda, entre outros (Herrmann 2011).

A intensa exploração na Serra da Mantiqueira culmina com a chegada do

café ao Vale do Paraíba, em 1785, quando foi registrado o primeiro plantio no

município de Resende/RJ. O plantio de café na região foi intenso e acelerado,

devastando completamente o vale e avançando pela serra intensamente pela

vertente paulista e fluminense, deixando um rastro de desmatamento, solos

desgastados e intensos processos erosivos nos morros da região (Ministério do

Meio Ambiente, 2005).

A porção da Mantiqueira circunscrita nos estados de São Paulo e do Rio de

Janeiro foi desde a década de 30, fortemente influenciada pela industrialização e

modernização do Vale do Paraíba. A porção mineira, mais isolada pelas

montanhas da serra, sem caminhos e dotada de menor fertilidade em seus solos,

permaneceu com a economia tipicamente pastoril.

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Para se conseguir efetiva e adequada gestão do que restou preservado, é

indispensável que se protejam as áreas remanescentes dentro do imenso espaço

que outrora ocupavam, onde seja possível a continuação de estudos científicos e

técnicos que subsidiem a recuperação e o uso adequado em outras áreas.

O decreto de criação do Refúgio de Vida Silvestre da Lagoa da Turfeira

prevê o processo de co-gestão, para que o município e a sociedade civil

assumam um papel protagonista na tarefa de implementação dessa unidade de

conservação em parceria com o INEA.

Hoje o ICMS ecológico já traz benefícios financeiros para o município, e a

criação do REVIS Lagoa da Turfeira certamente irá proporcionar um aumento

desses. Para validação da proposta de criação do REVIS o INEA irá seguir os

trâmites legais previstos na lei do SNUC.

2. Justificativa

A lagoa da Turfeira, também conhecida como lagoa da Kodak, representa

um dos últimos e mais expressivos remanescentes naturais das áreas úmidas que

outrora se estendiam por toda a várzea do rio Paraíba do Sul. Embora a cobertura

vegetal da região no entorno da lagoa e a própria hidrografia estejam

relativamente alteradas por conta de impactos antrópicos, essa área constitui-se

em importante reduto para a biodiversidade local, especialmente para diversas

espécies de aves aquáticas (Soares et al, 2008).

A lagoa da Turfeira representa um refúgio de nidificação e alimentação

para espécies de aves migratórias e também para algumas espécies

consideradas raras ou pouco conhecidas em âmbito estadual.

Apesar da reconhecida a importância da lagoa da Turfeira para a

biodiversidade local, nas últimas décadas uma das áreas foco da expansão

industrial do município de Resende tem sido justamente a região no entorno da

lagoa, conforme indicado pelo Plano Diretor no município, o que resultou na

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instalação de várias empresas na área. Desta forma, a lagoa da Turfeira vem

sofrendo constantes impactos devido às atividades que são desenvolvidas no seu

entorno, afetando negativamente uma das poucas áreas alagadas remanescentes

na região Sul Fluminense.

Além dos táxons que apresentam algum grau de ameaça, vale ressaltar a

ocorrência local de algumas aves migrantes sazonais, como o maçarico-do-

campo (Bartramia longicauda), maçarico-solitário (Tringa solitária), andorinha-

chilena (Tachycineta meyeni) e triste-pia (Dolichonyx oryzivorus).

As áreas úmidas do Brasil, apesar de serem consideradas de grande

relevância ecológica, abriga uma biodiversidade ainda pouco conhecida, como

atestam recentes descobertas de novas espécies de aves endêmicas nesses

ecossistemas.

A contínua supressão e degradação de áreas úmidas em todo o planeta

vêm ocasionando uma irreversível perda da biodiversidade característica desses

ambientes.

Ao longo da história, as áreas alagadas associadas ao rio Paraíba do Sul

foram alvo de contínua degradação ambiental e da pressão econômica exercida

pelas lavouras e pela industrialização em especial, e não levou em conta a

necessidade de conservação dos ambientes naturais. Nesse entendimento, a

biodiversidade local sofreu esses impactos diretamente, refletidos infelizmente

pela extinção e ou da ameaça de extinção de inúmeras espécies da fauna.

O potencial dessa região de desmedida beleza natural e de grande

vulnerabilidade ambiental aponta cada vez mais para o desenvolvimento

compatível com a conservação (Herrmann, 2011). A sociedade vem

demonstrando crescente preocupação com o desequilíbrio ambiental, e considera

essencial a proteção de remanescentes do patrimônio natural, principalmente

quando a ocorrência desses está próxima de cidades mais populosas.

A seguir é apresentada uma caracterização sucinta que embasa e justifica

a decisão de se criar uma unidade de conservação na área da lagoa da Turfeira e

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entorno, buscando a proteção de refúgios importantes para a fauna, e que

possuem uma relação muito forte com o rio Paraíba do Sul. Este rio possui uma

gama enorme de funções, onde se destaca do ponto de vista social, o

abastecimento de água para boa parte da população fluminense, e do ponto de

vista ambiental, por exemplo, por constituir-se num corredor ecológico para o

deslocamento da fauna.

3. Objetivos

A criação do REVIS Lagoa da Turfeira tem por objetivos:

I. Assegurar a preservação da Lagoa da Turfeira e entorno, bem como recuperar

as áreas degradadas ali existentes;

II. Proteger e preservar populações de animais e plantas nativas e oferecer

refúgio para espécies migratórias, raras, vulneráveis, endêmicas e ameaçadas de

extinção da fauna e flora nativas, garantindo a:

- Conservação da diversidade biológica, e.

- Proteção de local de descanso, alimentação e reprodução da fauna;

III. Contribuir para o fluxo gênico de espécies nativas e ampliação da área de vida

daquelas que necessitam de amplo território para o estabelecimento populacional,

por meio da conectividade de fragmentos e posterior formação de corredores

ecológicos;

IV. Preservar os remanescentes de floresta atlântica e os recursos hídricos – rios

e pequenas áreas brejosas, contidos em seus limites;

V. assegurar a continuidade dos serviços ambientais prestados pela natureza

nestas áreas, a saber:

- Controle de enchentes, recarga de aquíferos e proteção dos recursos

hídricos.

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- Proteção contra a erosão do solo e o assoreamento dos corpos d’água.

VI – Oferecer oportunidades de pesquisa científica, interpretação e educação

ambiental, e visitação;

4. Metodologia

Para fundamentação de propostas de criação e ampliação de uma unidade

de conservação, o INEA estabeleceu critérios relacionados aos aspectos físicos,

biológicos, culturais, socioeconômicos e fundiários da área de interesse. Em

paralelo, também considera aspectos institucionais, buscando atender as bases

legais do Sistema Nacional de Unidades de Conservação.

Levando em conta esses critérios e aspectos institucionais, merecem

destaque:

A representatividade dos ecossistemas presentes na área, no âmbito do Sistema

Nacional de Unidades de Conservação, considerando estudos técnicos e estratégias

voltadas à preservação das diversidades biológica e geológica.

A relevância dos serviços ambientais prestados pela natureza na área em

questão.

O estabelecimento de conectividade entre áreas naturais, de modo a reduzir o

efeito de fragmentação sobre os ecossistemas do Bioma Mata Atlântica.

A minimização de conflitos fundiários na definição das áreas a serem

incorporadas no território da UC, dando prioridade à inclusão de APPs, áreas

públicas e outras áreas com restrições legais de uso.

Neste sentido, o estudo mostrou que as áreas propostas para criação do

REVIS Lagoa da Turfeira, em grande parte, encontram abrigo nas seguintes

determinações legais:

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Quadro 1 - Pressupostos legais para criação do REVIS Lagoa da Turfeira.

Instrumento Legal Determinação

Constituição do Estado do Rio de Janeiro, de 05/10/1989.

Art. 268 – define como áreas de preservação permanente: III - as nascentes e as faixas marginais de proteção de águas superficiais; IV - as áreas que abriguem exemplares ameaçados de extinção, raros, vulneráveis ou menos conhecidos, na fauna e flora, bem como aquelas que sirvam como local de pouso, alimentação ou reprodução; V - as áreas de interesse (...) científico, paisagístico (...). Art. 269 - definem as áreas de relevante interesse ecológico, cuja utilização dependerá de prévia autorização dos órgãos competentes, preservados seus atributos essenciais. Dentre elas, encontram-se as coberturas florestais nativas, citadas no inciso I deste artigo.

Lei Federal 11.428, de 22/12/2006 (Lei da Mata Atlântica).

Art. 11 - decreta o veto ao corte e à supressão de vegetação primária ou nos estágios avançado e médio de regeneração do Bioma Mata Atlântica, quando a vegetação: a) abrigar espécies da flora e da fauna silvestres ameaçadas de extinção, em território nacional ou em âmbito estaduais, assim declaradas pela União ou pelos Estados, e a intervenção ou o parcelamento puserem em risco a sobrevivência dessas espécies; b) exercer a função de proteção de mananciais ou de prevenção e controle de erosão; c) formar corredores entre remanescentes de vegetação primária ou secundária em estágio avançado de regeneração; d) proteger o entorno das unidades de conservação; ou e) possuir excepcional valor paisagístico, reconhecido pelos órgãos executivos competentes do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA.

Lei Federal 12.651, de 25/05/2012 (Novo).

Art. 4º – define como Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas: I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural, desde a borda da calha do leito regular (...);

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4.1. Caracterização Regional

4.1.1. Caracterização do Município de Resende

O município de Resende se localiza no extremo oeste do Estado do Rio de

Janeiro (Figura 1), faz parte da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul na

totalidade de seu território e está inserida na região do Médio Vale do Paraíba

Fluminense, que também abrange os municípios de Barra do Piraí, Barra Mansa,

Itatiaia, Pinheiral, Piraí, Porto Real, Quatis, Rio Claro, Rio das Flores, Valença e

Volta Redonda. Divide-se em seis Distritos: Distrito Sede, Agulhas Negras, Pedra

Selada, Engenheiro Passos, Pirangai e Fumaça.

O município tem uma área total de 1.095,3 km2, correspondentes a 17,7%

da área da Região do Médio Paraíba, e 2,50% do território estadual.

Os eixos principais de acesso a Resende, além da BR-116 (Via Dutra),

são: a BR-354, que segue rumo às estações de águas em Minas Gerais; e as

rodovias estaduais em leito natural – RJ-151, correndo paralelo à fronteira norte

com Minas, a RJ-161, que segue rumo sul a Arapeí, em São Paulo, e rumo norte

para Pedra Selada, e a RJ-163 que acessa Penedo, em Itatiaia, e Visconde de

Mauá.

O município de Resende teve sua população fixada em 119.769 habitantes

pelo Censo 2010, com densidade demográfica de 109 pessoas por km2. Os

87.140 eleitores correspondem a 71% da população.

O IDHM de Resende era de 0,768 em 2010. O município está situado na

faixa de desenvolvimento humano alto (IDHM entre 0,700 e 0,799). Entre 2000 e

2010, a dimensão que mais cresceu em termos absolutos foi educação (com

crescimento de 0,180), seguida por longevidade e por renda. Entre 1991 e 2000,

a dimensão que mais cresceu em termos absolutos foi educação (com

crescimento de 0,160), seguida por renda e por longevidade. (TCE-RJ, 2013)

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A Figura 1 Mapa de Localização e vias de acesso à Resende. O círculo laranja indica a área de estudo.

4.1.2. Geomorfologia

Os compartimentos morfológicos que se relacionam com a região são a

Serra da Mantiqueira e o Vale do Rio Paraíba do Sul, compreendido entre as

Serras do Mar e da Mantiqueira.

A Serra da Mantiqueira estende-se de forma escarpada ao longo da

direção NE-SW, apresentando altitudes entre 1.000m e 3.000m, sendo as

diferentes paisagens ao longo do gradiente atitudinal correspondente aos mais

variados processos genéticas.

A Serra da Mantiqueira apresenta acidentes geográficos de grande

importância, como são os Maciços de Passa Quatro e Itatiaia. Em Itatiaia destaca-

se o Pico das Agulhas Negras, com 2.789m de altitude, constituído por uma

Fonte: DER-RJ, 2006

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intrusão de rochas alcalinas, com topografia serrilhada, caneluras de dissolução e

grande quantidade de material colúvio-aluvionar no seu sopé. A drenagem

apresenta-se confusa e, no setor leste, as depressões estão entulhadas de

materiais trazidos pelos altos cursos dos rios que descem para o Vale do Rio

Paraíba do sul. Os vales apresentam forma de “U”, sendo retrabalhados pelo

regime fluvial. Destaque também para o Pico da Pedra Selada com altitude de

1.675m, que mantém natural participação na paisagem municipal.

Já o Vale do Rio Paraíba do Sul está inserido em uma depressão tectônica

(graben), preenchida por sedimentos terciários e quaternários. O relevo

caracteriza-se, em sua maior parte, por colinas convexas com aprofundamentos

de vales que variam entre 40 e 130m, e predominância de densidade de

drenagem fina. O conjunto topográfico e morfológico forma uma paisagem

denominada “Mar de Morros”, cobertos por latossolos vermelho-amarelo, hoje

com vegetação secundária ou pastos.

4.1.3. Solos

Os principais tipos de solos que ocorrem na região são o

Cambissolo e o Latossolo Vermelho-Amarelo (RADAMBRASIL, folha SF 23/24,

1982).·.

a. Cambissolos: dispões de características similares aos latossolos,

entretanto são menos evoluídos, menos profundos, ainda com minerais

primários não intemperizados ou pela atividade de argila que normalmente

é superior a dos latossolos, ou pela presença de minerais amorfos na

fração argila, ou pelos teores de silte mais elevados. Sua textura é média

argilosa e, geralmente, são muito a moderadamente drenados. De caráter

álico com saturação de alumínio superior a 50%.

Sua ocorrência se da em regiões serranas, em relevos ondulados, forte

ondulados a montanhosos. Apresentam pouca utilização na agricultura, devido ao

relevo acentuado e excesso de alumínio. Sendo principalmente recomendados

para uso em pecuária extensiva e reflorestamento.

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b. Latossolo Vermelho-Amarelo: São solos não hidro mórficos com horizonte

“B” latossólico, relação sílica/alumina (Ki) baixa, com coloração variando de

vermelho para amarelo e gamas intermediários. Geralmente são solos

muito profundos a profundos, com sequência “A”, “B” e “C”, com transição

difusa e gradual. São de acentuadamente a bem drenados.

São em sua maior parte de caráter álico, ou seja, saturação com alumínio

superior a 50% atingindo valores próximos a 95%. Apresentam valores de

saturação inferiores a 50%. O intemperismo é avançado, com predominância de

argila tipo 1:1 com baixa quantidade de minerais primários e baixa reserva de

elementos nutritivos para as plantas.

Os dois tipos de solo ocorrem em ambos os lados da bacia de Resende em

relevo forte-ondulado a montanhoso, associados às morfologias anteriormente

citadas “Mar de Morros” ou “Morros Cristalinos”. Estes tipos de solos, apesar de

apresentarem sua ocorrência num relevo bem movimentado, foram muito

utilizados com culturas de café e milho. Atualmente vem sendo utilizados para

pecuária extensiva.

4.1.4. Hidrografia

Todo o município de Resende encontra-se inserido nos limites da bacia do

Rio Paraíba do Sul. Este rio nasce no Estado de São Paulo, atravessa todo o

Estado do Rio de Janeiro e deságua no Oceano Atlântico, no município de São

João da Barra. Todo o seu curso se desenvolve numa extensão de

aproximadamente 1.145 km.

Os principais afluentes do Rio Paraíba do Sul são: Rio Preto, afluente do

Rio Paraibuna, que por sua vez é afluente do Rio Paraíba do Sul no município de

Três Rios, o Rio Preto faz divisa entre os Estados do Rio de Janeiro e Minas

Gerais por um longo trecho. O Rio Preto no município de Resende banha os

núcleos populacionais de Visconde de Mauá, Campo Alegre, Rio Preto, Bagagem

e Jacuba.

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O Rio Preto apresenta suas nascentes próximas ao Pico das Agulhas

Negras a cerca de 2.784m de altitude, com aproximadamente 176km de percurso.

A área de drenagem é de 412km2. Drena e desseca planaltos cristalinos

rebaixados, vindo a percorrer vales estreitos de encostas íngremes, no fundo das

quais aparecem leitos rochosos, que determinam a formação de inúmeras quedas

d’água, como por exemplo, a Cachoeira da Fumaça.

Localizada em torno das coordenadas 22º15’ de latitude sul e 44º20’ de

longitude oeste, a Cachoeira da Fumaça inicia-se na cota aproximada de 920m e,

em seu desenvolvimento de cerca de 1 km alcança a cota de 675m, com um

desnível de 225m, com uma declividade média da ordem de 22.5%.

Outra importante bacia que drena parte da Vertente Sul da Serra da

Mantiqueira localizada no distrito de Pedra Selada e na localidade da Serrinha do

Alambari é o Rio Pirapitinga que apresenta uma área de drenagem de 218km2 e

vazão média de 8.64m/s (FEEMA, 1990), desaguando no Rio Paraíba do Sul, no

município de Resende.

Nesta região hidrográfica situa-se o segundo maior parque industrial da

bacia do rio Paraíba do Sul. Destaca-se também a existência das estruturas

hidráulicas responsáveis pela derivação de parte da água do rio Paraíba do Sul

para o Complexo Hidrelétrico de Lajes e posteriormente, para a bacia do rio

Guandu, na parte fluminense, responsável pelo abastecimento de grande parte da

Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Embora a bacia do Médio Paraíba

possua importante cobertura florestal, é possível observar processos erosivos

relevantes, ainda decorrentes dos diversos ciclos econômicos e da falta de

preservação e conservação do solo. Apesar dos esforços na ampliação da

infraestrutura de saneamento, ainda se observa a degradação ambiental devido

ao lançamento de esgoto doméstico sem tratamento, o que contribui para a perda

de qualidade da água do rio Paraíba do Sul. (INEA, 2015)

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4.1.5. Clima

Segundo a Classificação climática de Köppen-Geiger, o município de

Resende apresenta clima subtropical de inverno seco (Cwa), com temperaturas

inferiores a 18ºC e verão quente com temperaturas superiores a 22ºC.

Quanto à precipitação, é possível observar que entre os meses de

novembro a março as chuvas apresentam níveis mais altos de precipitação,

atingindo valores médios entre 280 mm e 20 mm no intervalo de um ano, Já entre

os meses de maio a setembro estes valores encontram-se reduzidos, podendo

chegar à máxima média mensal próxima a 1 mm de precipitação pluviométrica.

(INMET, ANA, 2014)

A taxa de insolação se mantém relativamente constante durante o ano

todo, com discreto decréscimo entre os meses de junho a agosto, proporcionando

boa condição de luminosidade para o estabelecimento de comunidades vegetais,

incluindo-se o grupo das macrófitas aquáticas.

Os climas encontrados na região do Médio Vale Paraíba do Sul, variando

de mais amenos a mais quentes, propiciam, de maneira geral, ótimas condições

para o uso agrícola do solo e têm abundância de recursos hídricos. O que pode

ser encarado como uma potencialidade, que permite que toda a região do Médio

Vale tenha climaticamente a mesma condição que a da região Serrana e Centro-

Sul Fluminense do estado, angariando assim a possibilidade de produção de

culturas similares e a atração de visitantes que buscam o mesmo tipo de clima.

4.1.6. Flora

A região está inserida em área de ocorrência original do Bioma Mata

Atlântica, com cobertura vegetal predominante do tipo Floresta Estacional Sem

decidual, uma porção do tipo Floresta Ombrófila Densa, e ainda Campos de

Altitude no maciço do Itatiaia, sendo caracterizada pela ocorrência de vegetação

secundária e atividades agrárias em função da intensa atividade antrópica na

região (IBGE, 2004).

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Este bioma compreende um complexo ambiental que incorpora cadeias de

montanhas, vales e planícies de toda a faixa continental atlântica leste brasileiro.

Este é influenciado principalmente pelo maior volume e uniformidade das chuvas,

constituindo o grande conjunto florestal extra-amazônico.

Principais fitofisionomias:

a. Floresta Ombrófila Densa

A ocorrência da Floresta Ombrófila Densa está associada a fatores

climáticos, como por exemplo, média de temperatura relativamente alta

(25ºC) e precipitação elevada e bem distribuída ao longo do ano,

praticamente sem um período biologicamente seco (IBGE, 1992). Pode ser

definida como uma vegetação constituída principalmente por espécies

arbóreas perenes, presença de lianas lenhosas e elevada densidade de

epífitas. Dentre as epífitas, destacam-se as bromélias (Aechmea

nudicaulis, Bilbergia cf. pyramidalis, Tillandsia stricta, Vriesea SP.), que

podem formar populações densas, ocupando todos os galhos das árvores

(Veloso et al. 1991; Silva, 2005).

Em áreas com maior densidade arbórea, destacam-se:

O Ipê roxo (Tabebuia heptaphyla), o Ipê amarelo (Tabebuia serratifólia), o Ipê

tabaco (Tabebuia chryrotricha), as Quaresmeiras (Tibouchina granulosa), o

Angico amarelo (Parapiptademia rigida), a Canelinha (Nectandra megapotâmica)

e a Canela branca (Nectandra rigida), nas áreas ciliares.

b. Floresta Estacional Semidecidual

A presença da Floresta Estacional Semidecidual está condicionada a dupla

estacionalidade climática, com chuvas fortes de verão, seguida de uma estiagem

acentuada e depois outra estiagem sem seca, caracterizada pelo intenso frio com

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temperaturas médias inferiores a 15ºC (IBGE, 1992). Durante o período de maior

estiagem, a porcentagem de árvores que perdem as folhas é de 20 a 50% dos

indivíduos. A presença de lianas é alta, enquanto as epífitas são menos

frequentes que nas formações descritas anteriormente (Herrmann, 2011).

Dependendo da altitude, a Floresta Estacional Semidecidual se divide em

Montana (entre 500 a 1.500m) e submontana (abaixo de 500m) (IBGE, 1992).

Nesta região são predominantes os gêneros neotropicais Tabebuia,

Swietenia, Paratecoma e Cariniana. Os gêneros paleotropicais Terminalia e

Erythrina e os gêneros australásicos Cedrela e Sterculia.

c. Campos de Altitude

Os campos de altitude são os que sofrem maior influência de elementos da Mata

Atlântica e são mais característicos da Mantiqueira (Herrmann, 2011). As regiões

de Campo de Altitude ocorrem nas partes mais altas da Serra da Mantiqueira, a

partir de 2.000 metros até 2.400 metros. Caracterizam-se como locais com

condições muito específicas, com alto grau de endemismo (Joly, 1970; Salimena

ET al. 2006).

Devido às características específicas de solo, clima, e umidade, esses ambientes

campestres são ricos em espécies e endemismos, destacando-se as famílias

Orquidaceae, Velloziaceae (canelas de emas), Asteraceae (compositae) e

Melastomataceae (Silva, 2005).

A paisagem é caracterizada por vegetação baixa onde o capim cabeça de negro

(Cortaderia modesta) e o bambuzinho (Chusquea pinifolia) predominam. As

plantas são adaptadas ao frio, possuindo densa pilosidade e folhas coviáceas. À

medida que o solo se torna mais espesso, gramíneas e outras plantas herbáceas

passam a ocupar a paisagem (Benites ET al. 2003). Os campos de altitude se

tornaram uma ilha de vegetação temperada rodeada pela floresta tropical depois

da ultima glaciação (Ribeiro ET al. 2007 apud Martinelli, 2007). De acordo com

Martinelli (2007) esses campos possuem vários exemplos de adaptações

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históricas, tais como a ocorrência de cactos e bromélias com adaptações

metabólicas locais.

4.1.7. Fauna:

Apesar da fauna da região sofrer com a descontinuidade das extensões

florestais, as áreas revestidas pelas florestas montanas, representam uma

abundante e variada fonte de alimentos, abrigo e reprodução para uma grande

diversidade faunística.

Também para a fauna, considera-se a presença de espécies por faixas de

altitude. Nas áreas baixas ao longo do Rio Paraíba do Sul, nos chamados campos

de cultivo, é encontrada uma fauna adaptada, não nativa, que se tornou

homogênea no Vale. Esta fauna inclui aves como o pardal, o anu branco, o anu

preto, o tico-tico, o gavião e as andorinhas (Höfling et al. 1986), bem como

pequenos roedores, pequenos carnívoros, tatus e gambás.

Nas altitudes montanas, ocorrem aves como: inhambús, jacús, quero-

quero, urús, juritis, a pomba amargosa e o macuco, entre outras. Entre os

mamíferos encontram-se porcos do mato, macacos (bugio, sauás, monos e mico

preto), tamanduás, preguiças, ouriços, furões, gambás, iraras e felinos

(suçuarana, a pintada, a jaguatirica e o gato do mato).

Nos campos de altitude e nos pequenos bosques em regiões acima dos

1.900 metros, destacam-se entre as aves, os abutres, a coruja do mato, o corujão

da mata, a siriema, além dos mamíferos conhecidos como o cachorro do mato, o

quati, o lobo-guará e a paca.

As áreas marginais dos rios da região são freqüentadas por aves aquáticas

ou paludícolas, como garças, siriemas, socós e marrecos irerês. Existe na região

um nível elevado de endemismo faunístico, citando como exemplo o beija-flor

(Stephanoxis lalandi), o minúsculo sapo flamenguinho (Melanophriniscus

moreirae), considerado o símbolo do PARNA do Itatiaia, e a perereca (Thylodes

itatiaie), que ocorre nos brejos elevados.

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A região apesar da imensa influência humana predatória sofrida ao longo

dos séculos, ainda contém ricos ecossistemas, fauna e flora, relíquias e espécies

ameaçadas de extinção que a tornam uma região com um imenso potencial digno

de ser perpetuado.

5. Refúgio da Vida Silvestre da Lagoa da Turfeira

5.1. Proposta:

A lagoa da Turfeira, também conhecida como lagoa da Kodak, representa

um dos últimos e mais expressivos remanescentes naturais das áreas úmidas que

outrora se estendiam por toda várzea do Rio Paraíba do Sul. Embora a cobertura

vegetal da região no entorno da lagoa e a própria hidrografia estejam

relativamente alteradas por conta de impactos antrópicos a área constitui-se em

importante reduto para a biodiversidade local, especialmente para diversas

espécies de aves aquáticas (Soares et al, 2008).

Já em 2010 havia sido elaborada pela prefeitura municipal de Resende/RJ,

com o apoio da Superintendência de Biodiversidade da Secretaria de Estado do

Ambiente-SEA/RJ, a proposta de criação de uma RPPN na lagoa da Turfeira.

Entretanto essa questão, por algum motivo, não foi levada adiante.

A proposta para criação do REVIS La Turfeira ora apresentada é resultado

de um Termo de Ajustamento de Conduta assinado entre o Ministério Público

Federal, Ministério Público Estadual, Estado do RJ, INEA, CODIN, e a Nissan.

“CLÁUSULA 1ª – A NISSAN DO BRASIL AUTOMÓVEL LTDA se

obriga a executar os estudos propostos no documento intitulado “Termo

de Referência para contratação de Estudos Complementares visando

à caracterização ambiental da Lagoa da Turfeira e seu entorno

imediato, no contexto do processo de licenciamento do

empreendimento da Nissan – Resende/RJ” (ANEXO 1), destinados a

subsidiar a criação de Unidade de Conservação - UC, na região

circunvizinha à planta da referida empresa, com o objetivo de proteger, a

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longo prazo, a Lagoa da Turfeira e eventuais áreas úmidas associadas lá

existentes e a serem restauradas e/ou criadas.”

Nessa localidade, a ocorrência de elevado numera de espécies demonstra

a relevância ambiental da biodiversidade encontrada nesse fragmento. Este

funciona como suporte para descanso, alimentação e reprodução de diversas

aves durante seu ciclo de vida, associadas algumas vezes a processos

migratórios inclusive.

Com o objetivo de complementar os estudos já existentes e buscar um

melhor entendimento das interações ambientais no local, foi proposta uma área

de estudos visando à realização de levantamentos complementares. Esses

estudos tiveram como objetivo a elaboração de uma análise ambiental integrada

para subsidiar a identificação de áreas prioritárias para a conservação. Essa

análise contemplou a avaliação das inter-relações dos atributos que compõem o

quadro ambiental do local e a identificação das áreas sensíveis, visando propor

áreas para proteção sob a forma de Unidade de Conservação – UC. Essa análise

buscou identificar ainda a categoria mais apropriada para esta UC, as possíveis

intervenções necessárias à restauração daquele ambiente, e as recomendações

de manejo para a conservação do ecossistema da lagoa da Turfeira.

A seguir são destacadas, por fatores ambientais, as principais indicações

resultantes da análise integrada dos dados, e que subsidiam a proposta de

criação de uma UC na área em tela:

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Topografia:

Caracterização Interação com outros fatores ambientais

A área de estudo apresenta porções com menor altitude, referentes à lagoa da Turfeira e o rio Paraíba do Sul, com cotas altimetrias em torno de 388 e 385 metros respectivamente, bem como áreas com maior altitude, principalmente nas colinas da AMAN a oeste da lagoa, com cotas altimetria em torno de 450 metros.

Áreas de Preservação Permanente (APPs) são identificadas nas áreas de menor altitude (lagoa e margens do rio Paraíba do Sul), como de maior altitude (nascentes e córregos nas colinas da AMAN e vizinhanças). Tais áreas são ambientalmente mais sensíveis e protegidas por lei. Além disso, nestas áreas, sobretudo nas áreas de menor altitude, associadas ao rio Paraíba do Sul, foram registradas os maiores valores de riqueza e abundância para a herpetofauna e avifauna. Esta condição pode estar relacionada à maior disponibilidade hídrica e de áreas úmidas, assim como, maior disposição de alimentos nas áreas baixas. Entretanto foi observada a ocorrência de espécies destes grupos tanto nas áreas mais baixas quanto Altas. Desta maneira, entende-se que as variações apresentadas na topografia do relevo não configuram compartimentos diferenciados na paisagem, haja vista as fisionomias e as espécies encontradas nos estudos.

Hidrologia:

Caracterização Interação com outros fatores ambientais

A área da NISSAN está localizada sobre uma antiga várzea do Rio Paraíba do Sul, indicando que no passado a área sofria inundação em épocas de cheia. Estudos indicaram que as cheias do Rio Paraíba do Sul, com períodos de retorno de até 25 anos, não acarretam elevações do nível d’água que provoquem inundações do terreno correspondente à área da NISSAN em sua condição natural (topografia original). A Lagoa da Turfeira, não é abastecida pelo rio Paraíba do Sul, pois a mesma encontra-se em cota altimetria superior. Esse aporte de água só ocorre num período de retorno de 50 anos.

Pode-se dizer que é inviável o estabelecimento de comunidades aquáticas na região norte da área da NISSAN em virtude de enchentes regulares a partir do transbordo do rio Paraíba do Sul. O mesmo é valido para o restante da área, visto que as demais regiões começam a inundar a partir do período de recorrência de 50 anos. Tais comunidades concentram-se efetivamente na lagoa e no próprio rio Paraíba do Sul. A comunicação da lagoa com o rio Paraíba do Sul, por ocorrer no sentido lagoa – rio e não no sentido rio-lagoa, torna-se uma importante razão do inexpressivo número de espécies de ictiofauna encontradas na lagoa.

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Águas Superficiais: qualidade

Caracterização Interação com outros fatores ambientais

Os resultados obtidos durante as campanhas de monitoramento realizadas na lagoa da Turfeira foram comparados com os padrões de qualidade estabelecidos pela Resolução CONAMA nº 357/2005 para corpos d’água doce, Classe 2. O oxigênio dissolvido esteve abaixo do padrão mínimo de qualidade em todas as campanhas e pontos avaliados e o pH esteve igualmente em desacordo em algumas campanhas. A turbidez apresentou valor fora do padrão de qualidade em apenas uma campanha, para o ponto da borda da lagoa. Não existem padrões de qualidade ambiental para os parâmetros DQO e temperatura. Além disso, os mesmos não apresentaram uma tendência evolutiva ou relações com os outros parâmetros monitorados.

Os baixos valores de OD e o ambiente ácido podem estar relacionados com a incidência de vegetação por todo o espelho d’água da lagoa. A água da Lagoa não é utilizada para abastecimento humano, irrigação, lazer e/ou turismo, mas apenas para dessedentação de animais (finalidade que não deverá ter continuidade). Desta forma, a qualidade da água não oferece riscos diretos à população. Contudo, a ocorrência de Coliformes Totais, em todas as amostras analisadas, e Coliformes Termotolerantes, em algumas delas, pode estar relacionada ao lançamento de efluente industrial e/ou esgoto doméstico no corpo hídrico, comprometendo assim a qualidade da água. O levantamento de ictiofauna e fauna bentônica identificou apenas espécies com maior resiliência, o que pode também indicar perturbações significativas (interferências antrópicas) na lagoa.

Sedimentos:

Caracterização Interação com outros fatores ambientais

Os resultados de ensaios geotécnicos realizados nas amostras de sedimentos coletadas na lagoa da Turfeira Indicaram que a presença tanto de materiais arenosos, que tendem a apresentar maior permeabilidade que os argilosos devido a maior conectividade entre Os poros do solo, o que facilita a percolação da água, como de materiais argilosos, que apesar de apresentarem maior porosidade, Tendem a reter mais água devido a maior força de capilaridade das Argilas e menor conectividade entrem os poros.

No que se referem à qualidade ambiental, os sedimentos podem acumular eventuais substâncias presentes na água, servindo como um indicador da sua qualidade, como também podem liberar substâncias nele contidas e alterar a qualidade da água superficial. Os parâmetros analisados refletem apenas características físicas dos sedimentos e para uma melhor compreensão da interação supramencionada, esses resultados devem ser avaliados conjuntamente com parâmetros físico-químicos, químicos, e bióticos não só do sedimento, mas da água da lagoa.

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Avifauna:

Caracterização Interação com outros fatores ambientais

Foram realizadas seis campanhas para o levantamento da avifauna. Este estudo revelou 200 espécies, sendo 06 espécies enquadradas como ameaçadas e 03 endêmicas. Na área também foram registradas espécies migratórias da região sul do país. A partir dos dados obtidos no inventário, entende-se que uma maior atenção deve ser dada aos ambientes ribeirinhos (margens do Rio Paraíba) e aos ambientes florestados do entorno da lagoa da Turfeira. Isso se deve ao fato dessas áreas representarem um maior potencial para a conservação dos recursos naturais e manutenção da riqueza de espécies de aves da região.

Apesar da compartimentação da paisagem encontrada na área de estudo, decorrente das variações altimetrias (Rio Paraíba do Sul – Lagoa – colinas da AMAN) e das diferentes fisionomias encontradas (campo, lagoa, mata), os efeitos dessa compartimentação na avifauna são minimizados tendo em vista o deslocamento frequente pela busca de alimento e abrigo de diversas espécies associada a cada compartimento (ocorrência de certas espécies em partes mais altas, e (outros grupos em áreas mais baixas).

Herpetofauna:

Caracterização Interação com outros fatores ambientais

Foram realizadas seis campanhas para o levantamento de herpetofauna. O estudo revelou 22 espécies, sendo apenas uma espécie classificada como em perigo segundo a Lista de Fauna no Estado do Rio de Janeiro. Foi observado um aumento na riqueza e abundância de espécies nas últimas campanhas e isso pode estar vinculado ao aumento da temperatura e pluviosidade com a chegada da estação chuvosa. O estudo revelou uma maior diversidade nas Áreas Amostrais 2 e 3 (AA2 - Área brejosa inserida em matriz de pasto-OESTE, ÁA3 Área brejosa na margem esquerda do Paraíba do Sul-LESTE) possivelmente frente a uma maior heterogeneidade de ambientes, principalmente os ambientes associados a água, o que favorece o encontro de um maior número de espécies de anfíbios. Já a área

O fato das margens do rio Paraíba do Sul serem hábitat do jacaré de papo amarelo, inclusive para nidificação, corrobora com a importância de revegetação e proteção das APPs do rio e demais corpos hídricos associados. Os resultados do levantamento sugerem, dentro de um contexto geral, uma predominância de espécies associadas a áreas abertas e espécies mais resistentes a ambientes mais antropizados. Tendo em vista a peculiar localização da área, situada no vale do rio Paraíba do Sul e entre dois complexos montanhosos (serra da Mantiqueira e serra do Mar), era esperado como resultado do estudo um número maior de espécies na área, sobretudo endêmicas. Desta maneira, entende-se que a baixa riqueza de espécies encontrada na área de estudo está diretamente ligada ao grau de antropização da área, corroborada pela baixa qualidade da água, a reduzida cobertura vegetal e estratos homogeneizados da paisagem.

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Amostral 4 (Área brejosa na margem direita do Paraíba do Sul – NORTE) apresentou também expressivo valor para o índice devido ao registro de répteis, em especial as serpentes.

Tais indicações, associadas a outras informações contempladas nos estudos,

subsidiaram a proposição dos limites para essa unidade de conservação,

Cabendo destacar:

Meio Biótico:

Mapa de Uso do Solo e Cobertura Vegetal

Mapa de Áreas Relevantes para a Fauna e Restrições Ambientais

Meio Físico:

Mapa de Áreas Relevantes para Hidrologia

Áreas de inundação – períodos de retorno de 2, 5, 10, 25 e 50anos

Área de contribuição hídrica da lagoa

Mapa de Áreas Sensíveis

Modelo Digital de Terreno

Socioeconomia

Mapa de Pressões Antrópicas

Mapa de Levantamento Fundiário

Análise Integrada

Mapa de Áreas Prioritárias para a Conservação

O destaque para a fauna presente na área objeto de estudos por si só já

seria suficiente para justificar a criação de uma unidade de conservação, bem

como empreender esforços para a recuperação da sua qualidade ambiental.

Entretanto, a de se considerar o fato da área estar inserida, em parte,

dentro do distrito industrial de Resende. Esses antagonismos constituem uma

situação de certa forma corriqueira em diversos municípios brasileiros, o que

indica a necessidade de um maior aprofundamento dos estudos que balizam a

definição dos diversos usos do solo nesses municípios.

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É importante ressaltar a função que o REVIS Lagoa da Turfeira irá exercer

na preservação e conservação da fauna silvestre da região, integrando e

consolidando Corredores Ecológicos, ampliando a proteção da biodiversidade

regional e, restituindo os serviços ambientais.

5.2. Limites propostos

A fim de compatibilizar os interesses de conservação ambiental e

econômico reduzindo-se os conflitos, buscou-se incorporar na área proposta para

a UC, aqueles trechos que já possuem restrições legais de uso, bem como áreas

que já são de posse do poder público.

Dessa forma, a proposta de limites para o Refúgio da Vida Silvestre Lagoa

da Turfeira é constituída pelas seguintes áreas:

ÁREAS 1 e 2 - Áreas da CODIN

Áreas adquiridas pela CODIN e que não foram utilizadas pelo

empreendimento em face de restrições ambientais identificadas.

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ÁREA 1 - localizada a oeste da Nissan constitui grande parte da lagoa da

Turfeira com aproximadamente 94 hectares, e

ÁREA 2 - localizada às margens do rio Paraíba do Sul, a leste da Nissan,

com aproximadamente 28 ha.

A inclusão no REVIS considerou a relevância ambiental e o fato de

constituir-se em área pública, reduzindo-se assim os conflitos de uso e os custos

com desapropriação.

ÁREA 3 - Área da CIAFLU

Localizada ao sul da Nissan, com aproximadamente 74 ha, foi indicada nos

estudos como área de contribuição hídrica para a lagoa da Turfeira.

Possui relevância significativa para a manutenção desse corpo hídrico uma

vez que não há aporte de água do rio Paraíba do Sul para a lagoa.

Outra característica que justifica sua incorporação à unidade proposta é a

existência de um remanescente de floresta que abriga diversos exemplares da

fauna terrestre que ali ocorre.

ÁREA 4 - Área da AMAN

Localizada a oeste da área da CODIN, com aproximadamente 42ha, foi

indicada nos estudos como área de contribuição hídrica para a lagoa da Turfeira.

É composta basicamente por áreas de encosta, e não tem atualmente uso

econômico significativo. Entretanto, vem sendo afetada pela instalação de

processos erosivos diversos como ravinas e voçorocas comprometendo ainda

mais a sua conservação, em especial a de alguns fragmentos de floresta ainda

existentes.

Além da perda de solo e matéria orgânica, o carreamento desse material

pelas chuvas acaba provocando o acúmulo de sedimentos nas partes baixas

aumentando o risco de assoreamento da lagoa a Turfeira.

Essas características justificam a sua incorporação à unidade de

conservação proposta, associado ainda ao fato de tratar-se de área pública.

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ÁREA 5 – Área particular sem informação de titularidade

Localizada a oeste a área da CODIN, com aproximadamente 3 ha, é

composta basicamente por encosta e não tem atualmente uso econômico

significativo. Entretanto, vem sendo afetada pela instalação de processos erosivos

diversos como ravinas e voçorocas comprometendo ainda mais a sua

conservação.

Além da perda de solo e matéria orgânica, o carreamento desse material

pelas chuvas acaba provocando o acúmulo de sedimentos nas partes baixas,

afetando parte de um fragmento de floresta ainda existente, e aumentando o risco

de assoreamento da lagoa a Turfeira.

A princípio trata-se de área particular, sendo, entretanto, desconhecida sua

titularidade.

Sua incorporação à unidade de conservação proposta justifica-se pelos

riscos potenciais à conservação ambiental da área, identificados nos estudos.

ÁREA 6 - Área de propriedade da empresa Lopes Moço

Localizada a norte da área da Nissan, com aproximadamente 27 ha, é

composta basicamente por encostas e não tem atualmente uso econômico

significativo. Entretanto, vem sendo afetada pela instalação de processos erosivos

diversos como ravinas e voçorocas comprometendo ainda mais a sua

conservação, em especial a de alguns fragmentos de floresta ainda existentes.

Além da perda de solo e matéria orgânica, o carreamento desse material

pelas chuvas acaba provocando o acúmulo de sedimentos nas partes baixas.

Esse trecho possui papel estratégico na constituição da unidade de

conservação, uma vez que irá complementar o corredor ecológico entre a lagoa

da Turfeira e o rio Paraíba do Sul, ambos indicados nos estudos como relevantes

para a fauna, com alta restrição ambiental e, portanto, prioritárias para a

conservação.

Sua incorporação à unidade de conservação proposta justifica-se pelos

riscos potenciais à conservação ambiental da área, identificados nos estudos.

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Trata-se de uma propriedade particular.

5.3. Estratégia de implantação

5.3.1. Planejamento

Tão logo seja criada a unidade de conservação o Inea irá iniciar o processo de im

plantação da mesma contemplando quatro linhas de atuação, a saber:

1. Conselho consultivo, o qual irá atuar conforme previsto na legislação e de

acordo com a prática que vem sendo desenvolvida nas demais unidades d

e conservação administradas pelo Inea.

2. Plano de manejo, o qual deverá considerar a disponibilidade de recursos fi

nanceiros oriundos da Nissan, conforme previsto na cláusula 12° do TAC; a

categoria proposta; as dimensões reduzidas da unidade; a quantidade de d

ados e informações já disponíveis tanto para a área quanto seu entorno e;

a necessidade de produção de um documento prático, objetivo e de implem

entação imediata.

3. Restauração florestal, a qual deverá contemplar de imediato as áreas púb

licas cedidas pela CODIN ao INEA, e na sequencia àquelas que forem sen

do incorporadas ao patrimônio público ou aquelas que, mesmo permanece

ndo na posse de particulares sejam objeto de autorização específica para i

nício da restauração. Cabe destacar que atualmente já existe uma demand

a por áreas para restauração florestal de cerca de 900 ha, decorrentes de c

ompromissos ambientais vinculados ao licenciamento ambiental de empree

ndimentos na região hidrográfica do Médio-Paraíba.

4. Regularização fundiária, a qual deverá ter início simultaneamente a elabo

ração do plano de manejo, uma vez que aproximadamente 50% da área pr

oposta para a unidade de conservação demanda essa providência.

Em relação à estruturação da unidade de conservação a seguir são

apresentadas as propostas de curto prazo, ressaltando que a indicação das ações

e estratégias para implementação da unidade será contemplada no seu plano de

manejo.

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Infraestrutura física - Considerando as peculiaridades da categoria de

unidade de conservação proposta, o Inea entende que não devam ser investidos

recursos significativos na construção de sede administrativa, posto de fiscalização

e centro de visitantes. Por se tratar de uma área destinada prioritariamente à

preservação da vida silvestre, pesquisa cientifica e restauração dos ambientes

naturais, podendo haver visitação pública de acordo com regulamento específico,

propõe-se a instalação de uma pequena estrutura de apoio a essas atividades em

área ainda a ser definida. A perspectiva é que na elaboração do plano de manejo

essa questão seja analisada com mais detalhe, orientando a providência mais

adequada a ser adotada.

Pessoal - Da mesma forma, em relação à equipe da UC sugere-se, de

imediato, que o monitoramento e a fiscalização da área fiquem a cargo das

equipes do INEA lotadas na Superintendência Regional do Médio-Paraíba -

SUPMEP e do Parque Estadual da Pedra Selada - PEPS. Essas equipes, em

articulação com a gerência de unidades de conservação - GEUC e a gerência de

fauna - GEFAU, da diretoria de biodiversidade e áreas protegidas - DIBAP do Inea

irão desenvolver essas atividades de forma coordenada, realizando visitas à área

no mínimo três vezes por semana. O plano de manejo também deverá indicar a

estrutura organizacional e funcional a ser adotada para a gestão da unidade de

conservação.

Monitoramento e fiscalização – complementarmente à presença física

das equipes do Inea na área e buscando o monitoramento mais eficiente sugere-

se a instalação de duas câmeras com boa qualidade de imagem e alcance de

cerca de 2 km, em estruturas elevadas localizadas no estacionamento existente

nas instalações da NISSAN. Esse equipamento deverá contar com o recurso de

acionamento remoto permitindo que as câmeras possam ser acionadas

diretamente das sedes do INEA por um dispositivo semelhante a um joystick

permitindo direcionar as câmeras para pontos de interesse, e ainda aproximar e

afastar a imagem (função zoom).

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O objetivo principal dessas câmeras é monitorar a ocorrência de incêndios,

possibilitando o acionamento rápido das equipes para o combate mais eficiente,

evitando assim perdas ambientais significativas.

Zona de amortecimento – já no decreto de criação da unidade de

conservação será estabelecida uma zona de amortecimento provisória, até que a

proposta dos limites definitivos para a mesma seja indicada no plano de manejo.

Essa zona provisória devera contemplar as diversas áreas de preservação

permanente-APP existentes no entorno, em especial aquelas inseridas na Área

de Estudos, localizadas as margens do rio Paraíba do Sul, e que possam ser

objeto de restauração florestal, passando a funcionar como corredores

ecológicos, ampliando assim a oferta de abrigo e alimentação para a fauna local.

Em relação aos futuros empreendimentos a serem licenciados nas áreas

localizadas na zona de amortecimento ou próximas a essa, deve-se priorizar

aquelas atividades com menor potencial poluidor, respeitadas as características

da zona industrial. Isso deverá ser objeto de especial atenção, uma vez que a

redução de eventuais acidentes e vazamentos de efluentes e outros produtos

químicos pode comprometer todo o processo de implementação da unidade de

conservação ora proposta.

Restauração florestal – a proposta do Inea consiste no direcionamento de

ações de recomposição florestal relativas a medidas compensatórias de

empreendimentos licenciados na região hidrográfica do médio Paraíba do Sul.

Como mencionado anteriormente a demanda de empreendedores por áreas para

restauração florestal na região é fato concreto.

Além das áreas públicas que serão incorporadas à unidade de

conservação, é possível iniciar esse trabalho em alguns trechos das propriedades

particulares como, por exemplo, as áreas de preservação permanente do rio

Paraíba do Sul e da lagoa da Turfeira. Os proprietários dessas áreas de

preservação permanente poderão ser sensibilizados a autorizar essa

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recomposição uma vez que as mesmas só poderão ser ocupadas por florestas.

Caso isso não aconteça nesse momento às áreas terão que ser restauradas pelos

proprietários na ocasião do licenciamento de futuros empreendimentos, o que

torna essa proposta bastante atraente seja do ponto de vista ambiental quanto do

econômico.

Por fim, cabe ainda ressaltar o benefício social dessa ação uma vez que o

processo de restauração dos cerca de 200 ha irá gerar diversos postos de

trabalho na região, os quais poderão ocupar essa força de trabalho por quatro a

cinco anos aproximadamente.

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Referências Bibliográficas Alves M.A.S.; Pacheco, J.F.; Gonzaga, L.A.P.; Cavalcanti, R.B.; Raposo, M.A. Yamashita, C.; Maciel, N. C. & Castanheira, M. 2000. Aves. In: Bergallo,H.G.; Rocha, C.F.D.; Alves, M.S.A.; Van Sluys, M. (orgs.) A fauna ameaçada de extinção do Estado do Rio de Janeiro. Ed. UERJ, Rio de Janeiro. p. 113-124. Machado, A.B.M.; Martins, C.S. & Drummond, G.M. 2005. Lista da fauna brasileira ameaçada de extinção: incluindo as espécies quase ameaçadas e deficientes em dados. Belo Horizonte: Fundação Biodiversitas, 160 p. TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Estudos Socioeconômicos dos Municípios – Edições 2001 a 2013. Disponíveis no sítio http://www.tce.rj.gov.br.

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