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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO PROPOSTA DE DIRETRIZES PARA O PROCESSO DE BENCHMARKING NO REFINO BRASILEIRO RODRIGO BATISTA DE OLIVEIRA ORIENTADOR: PROF. DR. LUIZ FLÁVIO AUTRAN MONTEIRO GOMES Rio de Janeiro, 24 de Fevereiro de 2014

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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM

ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA

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PROPOSTA DE DIRETRIZES PARA O PROCESSO DE BENCHMARKING NO REFINO BRASILEIRO

RODRIGO BATISTA DE OLIVEIRA

ORIENTADOR: PROF. DR. LUIZ FLÁVIO AUTRAN MONTEIRO G OMES

Rio de Janeiro, 24 de Fevereiro de 2014

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PROPOSTA DE DIRETRIZES PARA O PROCESSO DE BENCHMARKING NO REFINO BRASILEIRO

RODRIGO BATISTA DE OLIVEIRA

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissional em Administração como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Administração. Área de concentração: Gestão das Organizações

ORIENTADOR: PROF. DR. LUIZ FLÁVIO AUTRAN MONTEIRO GOMES

Rio de Janeiro, 24 de fevereiro de 2014.

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FICHA CATALOGRÁFICA

L48 Oliveira, Rodrigo Batista de.

Proposta de diretrizes para o processo de Benchmarking no Refino Brasileiro / Rodrigo Batista de Oliveira. – Rio de Janeiro: [s.n.], 2014.

203 f. : il. color. Dissertação de Mestrado Profissional em Administração do

IBMEC. Orientador: Luiz Flávio Autran Monteiro Gomes. Bibliografia: p. 190-198.

1. Benchmarking. 2. Knowledge Based View. 3. Vantagem Competitiva. 4. Refino I. Título.

CDD 658

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho primeiramente a Deus que me acompanha em todos os momentos e passos dessa jornada. À minha mãe, Maria Zenaide, pelo amor infinito e incondicional, e por acreditar que a educação e perseverança são sempre o caminho para nos transformarmos em pessoas cada vez melhores. Aos meus irmãos Rafael Oliveira e Erica Morena por me fazerem perceber que amor não tem quantidade não têm limites e sempre pode ser compartilhado. Aos meus avós, Maria Bendita e José Rodrigues pelo amor e pelo lindo exemplo de vida. Ao meu pai, Romario Rodrigues de Oliveira, pelo grande apoio e patrocínio ao longo deste caminho. Aos meus amigos, de todo Brasil, que sempre me inspiram, fazem aprender e ser ainda mais feliz com a convivência e suas maravilhosas resenhas.

À Bahia, e sua pluralidade, fonte de minha eterna alegria e inspiração, e sempre presente nos momentos mais emocionantes da minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Ao Refino pela oportunidade que me foi oferecida e confiança em mim depositada neste

desafio.

Ao gerente do Planejamento e Controle do Refino, Eduardo Lopes de Sousa, por acreditar no

meu talento e pelo grande apoio e incentivo à realização deste trabalho.

Aos colegas do Planejamento e Controle do Refino e dos Recursos Humanos pela paciência e

apoio nos momentos de maior dificuldade, em especial à Luciana Ayako, pela atenção,

carinho e companhia nas longas horas de estudo pós-trabalho.

Aos colegas do grupo de trabalho de Custos de Manutenção do Refino pela experiência

transformadora e vencedora: Ana Elisa de Aguillar Galli, Andre Aiki Ono, Andre Ricardo

Chaves e Cristiano Camara da Silveira.

A Jose Francisco de Oliveira (o Chiquinho) por ter atuado no verdadeiro papel de um líder,

durante todo projeto, nos inspirando e incentivando a ir cada vez mais longe durante o projeto

Custos de Manutenção do Refino.

Ao meu orientador, professor Doutor Luiz Flávio Autran Monteiro Gomes, pela sua

fundamental contribuição profissional e credibilidade para execução desta pesquisa.

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“Seja a mudança que você deseja ver no mundo”

M. Gandhi

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RESUMO

O trabalho tem como finalidade propor diretrizes para estruturar o processo de benchmarking

na área de refino no Brasil. Durante sua elaboração foi realizada pesquisa bibliográfica, com

enfoque nos principais autores deste tema e a correlação com temas como: indicadores de

desempenho, alinhamento do benchmarking com a estratégia empresarial e criação de

vantagem competitiva. A visão estratégica norteadora é a do Knowledge Based View, que

considera o conhecimento como o mais importante recurso estratégico das organizações. Os

recursos provenientes do Knowledge Based são, geralmente, difíceis de imitar e socialmente

complexos, portanto a capacidade de gerá-los e as bases deste conhecimento heterogêneo são

determinantes para gerar vantagem competitiva e garantir um desempenho superior das

empresas. Sendo assim, o projeto analisará desde a estruturação da empresa para o processo

de benchmarking até a constituição de um modelo de governança, passando pela identificação

das melhores práticas e avaliação das ações de melhoria resultantes. O método adotado foi a

pesquisa-ação, que se caracteriza pela busca efetiva de soluções para um problema por meio

de práticas que geram aprendizado e difundem conhecimento. Os resultados obtidos

permitiram a proposição de um conjunto de diretrizes para a estruturação do benchmarking e

da sistemática de difusão das melhores práticas na área de manutenção industrial de uma

grande empresa nacional.

Palavras-chave: Benchmarking. Knowledge Based View. Vantagem Competitiva. Refino.

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ABSTRACT

This paper aims to propose guidelines to structure the benchmarking process of Brazilian

refining industry. To support this analysis, a comprehensive bibliographical research focusing

not only on the most relevant authors but also on correlated topics (performance indicators,

business strategic alignment benchmarking and competitive advantage creation) was

conducted. The Knowledge Based View, which considers knowledge as the most important

strategic resource of organizations, has been the center of this project. Having an effective

Knowledge Based View enables a company to benefit from its heterogeneous knowledge,

which is currently a key competitive advantage for an organization. Moreover, such

advantage is difficult to copy and socially complex to implement, which makes it a key

element of differentiation for a company. Thus, this project will analyze the four key steps:

structuring the company for the benchmarking process, establishing governance, identifying

best practices and evaluating the results of the process of benchmarking. The method used

was action research, which is characterized by the search for effective solutions to a problem

by learning practices that generate and disseminate knowledge. The results achieved allowed

proposing a set of guidelines for the structuring of benchmarking and systematic

dissemination of best practices in the field of industrial maintenance of a large national

company.

Keywords: Benchmarking. Knowledge Based View. Competitive Advantage. Refining.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Benchmarking e Ciclo do Aprendizado de Dewey ............................................ 29

Figura 2 – Relações entre Competitividade, Inovação e Conhecimento .............................. 30

Figura 3 – O Papel do Especialista no Benchmarking ....................................................... 38

Figura 4 – Ciclo do Benchmarking (PDCA) e Indicadores de Desempenho ........................ 43

Figura 5 – Tipos de Benchmarking quanto ao Conteúdo ................................................... 67

Figura 6 – Modelo de Benchmarking da Xerox ............................................................... 78

Figura 7 – Modelo Benchmarking dos Modelos de Benchmarking ..................................... 80

Figura 8 – Modelo Mental de Benchmarking e Gestão do Conhecimento (PDCA) .............. 82

Figura 9 – Projeção do Desempenho Futuro da Organização .......................................... 111

Figura 10 – Rotina Mensal de Análise de Custos e Gaps ................................................ 156

Figura 11 – Modelo Matricial para Análise de Custos e Gaps ......................................... 157

Figura 12 – Painel de Custos Técnico ........................................................................... 159

Figura 13 – Modelo Plano de Ação .............................................................................. 167

Figura 14 – Ciclo da Melhoria Contínua ....................................................................... 169

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Evolução do Orçamento de Manutenção (Em R$ Milhões) ............................ 146

Gráfico 2 – Representatividade dos Custos de Manutenção no COR ................................ 152

Gráfico 3 – Evolução Histórica dos Custos de Manutenção e Paradas no COR ................. 152

Gráfico 4 – Diferenças de Desempenho entre as Unidades ............................................. 153

Gráfico 5 – Exemplo Comparação de Custo por Destilação (R$/FCM) ............................ 160

Gráfico 6 – Planejamento Plurianual ............................................................................ 165

Gráfico 7 – Redução dos Gaps por Unidade Operacional ............................................... 185

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Plano de Negócios e Gestão 2013-2017 .......................................................... 18

Tabela 2 – Conhecimento Tácito x Conhecimento Explícito ............................................. 32

Tabela 3 – O que é Benchmarking ................................................................................. 51

Tabela 4 – O que é Benchmarking II .............................................................................. 52

Tabela 5 – Os Tipos de Benchmarking ........................................................................... 65

Tabela 6 – Taxonomia dos Modelos de Benchmarking ..................................................... 77

Tabela 7 – Passos comuns nos Processos de Benchmarking .............................................. 79

Tabela 8 – Etapas do Processo de Benchmarking ............................................................. 81

Tabela 9 – Quadro Explicativo do Modelo Mental – Benchmarking (PDCA) ..................... 82

Tabela 10 – Composição de uma Equipe de Benchmarking .............................................. 98

Tabela 11 – Como entender um estudo de Benchmarking ............................................... 107

Tabela 12 – Detalhamento das Etapas do Procedimento de Pesquisa................................ 136

Tabela 13 – Composição do Grupo de Trabalho de Custos de Manutenção ...................... 141

Tabela 14 – Etapas do Processo de Benchmarking ......................................................... 150

Tabela 15 – Principais Capacitadores 2012 ................................................................... 164

Tabela 16 – Comparativo do Modelo de Benchmarking Aplicado com outros Modelos ..... 176

Tabela 17 – Diretrizes para Estruturação de um Benchmarking ....................................... 180

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LISTA DE ABREVIATURAS AHP Analytic Hierarchy Process

COR Custo Operacional do Refino

FCM Fator de Complexidade da Manutenção

FPNQ Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade

KBV Knowledge Based View

MEITM Indíce de Eficiência de Custos de Manutenção

PDCA Plan, Do, Check, Action

PMEs Pequenas e Médias Empresas

UO Unidade Operacional

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 15

1.1 O PROBLEMA ...................................................................................................... 17

1.1.1 Contextualização do problema............................................................................ 17

1.1.2 Formulação do problema ................................................................................... 19

1.2 OBJETIVOS .......................................................................................................... 20

1.2.1 Objetivo final ..................................................................................................... 21

1.2.2 Objetivos intermediários .................................................................................... 21

1.3 RELEVÂNCIA DO ESTUDO ................................................................................. 21

1.3.1 Criando vantagem competitiva através do Benchmarking ................................... 22

1.4 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ............................................................................... 26

2 KNOWLEDGE-BASED VIEW .................................................................................. 27

2.1 CONCEITO E IMPORTÂNCIA .............................................................................. 29

2.2 TIPOS DE CONHECIMENTO ................................................................................ 31

2.3 GESTÃO DO CONHECIMENTO E VANTAGEM COMPETITIVA .......................... 33

2.4 COMO CRIAR, BUSCAR E PROMOVER A INTEGRAÇÃO DO CONHECIMENTO34

2.5 O PAPEL DO ESPECIALISTA NA GESTÃO DO CONHECIMENTO ...................... 36

2.5.1 Abastecimento (“Knowledge Sourcing”) .............................................................. 39

2.5.2 Transferência Interna (“Internal Knowledge Transfer”) ...................................... 39

2.5.3 Transferência Externa (“External Knowledge Transfer”) ..................................... 39

2.5.4 Integração do Conhecimento (“Knowledge Integration”) ..................................... 40

2.6 FORMAS DE PRESERVAR O APRENDIZADO CORPORATIVO ........................... 40

3 INDICADORES DE DESEMPENHO ...................................................................... 41

4 CONCEITOS DE BENCHMARKING ...................................................................... 46

4.1 DIFERENÇA ENTRE BENCHMARKING E BENCHMARK ....................................... 52

4.2 PRODUTOS DE UM BENCHMARKING ................................................................. 53

4.3 VANTAGENS DE UM BENCHMARKING .............................................................. 56

4.4 FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO ...................................................................... 59

4.5 PRINCÍPIOS DO BENCHMARKING ....................................................................... 61

4.6 CÓDIGO DE CONDUTA DE BENCHMARKING ..................................................... 62

5 TIPOS DE BENCHMARKING ................................................................................. 64

5.1 DEFINIR O TIPO E O NÍVEL DO BENCHMARKING .............................................. 68

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6 ALINHAR O BENCHMARKING COM A ESTRATÉGIA ....................................... 72

7 PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO DE UM BENCHMARKING .......................... 76

7.1 BENCHMARKING DOS PROCESSOS DE NEGÓCIOS ............................................ 84

7.2 PLANEJAMENTO DO PROJETO (PLAN) .............................................................. 85

7.2.1 Identificar as oportunidades ............................................................................... 86

7.2.1.1 Priorizar projetos de Benchmarking através de Análise Multicritério ...................... 92

7.2.2 Escolher os parceiros .......................................................................................... 94

7.2.3 Constituir uma equipe e uma governança ........................................................... 96

7.2.3.1 Características da equipe .................................................................................. 100

7.3 RECOLHIMENTO DE DADOS (DO) ................................................................... 101

7.4 ANÁLISE DOS DADOS (CHECK) ....................................................................... 106

7.4.1 Projeção do desempenho futuro da organização ................................................ 110

7.5 IMPLEMENTAR MELHORIAS – PLANO DE AÇÃO (ACTION) ........................... 112

7.5.1 Identificar ações viáveis de melhoria, adaptar e priorizar as práticas. ............... 113

7.5.2 Integrar ao processo de planejamento da empresa ............................................ 117

7.5.2.1 Estabelecer metas para novo nível de desempenho .............................................. 118

7.5.3 Aperfeiçoar o processo e integrar ao modelo de gestão ...................................... 120

8 ESTRUTURAR UM PLANO DE COMUNICAÇÃO .............................................. 121

8.1 COMUNICAÇÃO E TREINAMENTO DA FORÇA DE TRABALHO ..................... 121

8.2 ESTRUTURAR PADRÃO E FERRAMENTAS DE TRABALHO EM

BENCHMARKING ..................................................................................................... 124

8.2.1 Criar um procedimento de Benchmarking ........................................................ 124

8.2.2 Atualizar sistemas físicos e gerenciais ............................................................... 126

8.3 AVALIAR RESULTADOS E DIVULGAR MELHORIAS ...................................... 127

9 MÉTODO DE PESQUISA ..................................................................................... 129

9.1 TIPO DE PESQUISA ........................................................................................... 130

9.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA ....................................................................... 131

9.3 PROCEDIMENTO DE PESQUISA ....................................................................... 135

9.4 ANÁLISE DOS DADOS ...................................................................................... 137

10 DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO ................................................................. 140

10.1 EQUIPE E ORGANIZAÇÃO .............................................................................. 141

10.2 DESCRIÇÃO DO CASO .................................................................................... 143

10.2.1 Introdução ..................................................................................................... 143

10.2.2 Objetivo ......................................................................................................... 145

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10.2.2.1 O problema ................................................................................................... 145

10.2.2.2 A oportunidade ............................................................................................. 146

10.2.2.3 A solução ..................................................................................................... 147

10.2.3 Metologia e aplicabilidade .............................................................................. 148

10.2.3.1 Sistemática de desenvolvimento do trabalho ..................................................... 148

10.2.4 Etapas do Benchmarking ................................................................................ 150

10.1.4.1 Planejamento do projeto (Plan) ....................................................................... 150

10.2.4.2 Recolhimento de dados (Do)........................................................................... 158

10.2.4.3 Análise de dados (Check) ............................................................................... 160

10.2.4.4 Adaptação, melhoria e implementação das constatações (Action) ........................ 166

10.2.5 Aplicabilidade ao modelo de gestão da empresa .............................................. 169

10.2.6 Aplicabilidade aos valores e objetivos estratégicos ........................................... 171

10.2.7 Aprendizado organizacional e possibilidade de multiplicação .......................... 171

10.2.8 Efetividade dos resultados .............................................................................. 173

11 DIRETRIZES PARA ESTRUTURAÇÃO DE BENCHMARKING ........................ 175

11.1 VALIDAÇÃO DO ESTUDO ............................................................................... 177

12 CONCLUSÕES ................................................................................................... 182

12.1 IMPLICAÇÕES GERENCIAIS ........................................................................... 185

12.3 LIMITAÇÕES DO ESTUDO .............................................................................. 187

12.4 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ................................................... 188

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................ ............................................... 190

ANEXO A – CRONOGRAMA DO PROJETO ......................................................... 199

ANEXO B – CALENDÁRIO DE REUNIÕES 2012 ................................................... 200

ANEXO C – MODELO DE COMENTÁRIO (GOVERNANÇA) ............................... 201

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1 INTRODUÇÃO

Ao longo de seu surgimento e evolução o processo de benchmarking passa por quatro

gerações: A primeira geração pode ser fundamentada como engenharia reversa ou análise

competitiva de produto. Durante o período de 1950-1975 muitos empresários americanos

vislumbravam o Japão como um mero copiador e, portanto este não apresentava nenhuma

ameaça uma vez que o mesmo não inventava novas tecnologias. Ao nível macroeconômico

isso podia ser verdade, mas o que Japão aprendeu foi inventar a capacidade de produzir

produtos com desperdício mínimo, como consequência da sua realidade na qual não existe

abundância de recursos e por isso a prática da produtividade é extremamente importante.

A segunda geração do benchmarking caracterizou-se como um estágio da arte.

Constituiu-se em uma síndrome entre os gerentes para a adoção do novo sem uma devida

análise crítica sobre a sua validade ou aplicabilidade. Caracterizou-se por visitas corporativas

sem uma metodologia científica associada para a adoção das melhores práticas.

A terceira geração, a do benchmarking competitivo, foi aprimorada numa ciência

desenvolvida pela Xerox durante a década de 1976-1986, como consequência de uma crise

pela qual a empresa passou e que fez seu retorno sobre patrimônio liquido reduzir de 25 por

cento para menos de 5 por cento entre 1976-1979. O benchmarking competitivo, ao longo do

tempo, extrapolou as comparações orientadas para o produto com a intenção de incluir

também comparações de processos com concorrentes.

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A quarta geração, a do benchmarking de processo, desenvolveu-se a partir de 1992, à

medida que mais líderes de qualidade reconheceram poder aprender mais facilmente com

empresas fora de sua área do que com estudos de concorrentes.

Já a quinta geração referida como benchmarking global, que iniciou em 1996 estendeu

o limite geográfico do método para abranger o melhor processo que pode ser encontrado em

qualquer local e em qualquer negocio análogo (WATSON, 2007).

Apesar deste esquema de evolução, para o benchmarking, proposto por Watson (2007)

ao longo deste estudo ficará evidente que existem também outros tipos de benchmarking além

destes. Além disso, existem diversas definições para cada tipo de benchmarking, não

existindo, portanto, um consenso entre os diferentes autores em relação a cada um (ANAND;

KODALI, 2008).

Quase que em paralelo ao surgimento do benchmarking de processo, os anos 90

determinaram também o nascimento da geração da alavancagem e do capital intelectual sendo

cada vez mais urgente para as empresas aprender a fazer mais com menos, e a trabalhar de um

modo mais inteligente, mais rápido melhor e mais barato. Assim, nesse contexto, o

conhecimento surge como um fluido vital da era da informação e o aprendizado rápido se

caracterizam como uma fonte renovável de vantagem competitiva (BOGAN; ENGLISH,

1997, p. 46-47).

O fato é que quando a cultura organizacional apóia a adoção de idéias dos melhores

como uma abordagem de trabalho, muitas melhorias, pequenas e grandes novídades, são

rapidamente trazidas para uma organização. Esta é o resultado de diversos fatores: ações

gerenciais, políticas, declarações, relatos e sistemas. Assim, essas mensagens codificadas

criam certo tipo de conhecimento organizacional e comportamento habitual que são passados

para sucessivas gerações atuando, portanto, para formar a cultura organizacional (BOGAN;

ENGLISH, 1997, p. 42-44).

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É nesse contexto que Bogan e English (1997, p. 49) afirmam que: “O benchmarking é

um meio para um fim. É uma ferramenta ou catalisador que facilita o aprendizado”.

Assim benchmarking e a estratégia baseada em conhecimento (Knowledge Based

View), são temas que se correlacionam e se complementam na discursão sobre a criação de

vantagem competitiva organizacional. Ficando evidente, portanto, a importância do

desdobramento destes dois temas, de maneira conjunta, no planejamento estratégico das

empresas.

Os conceitos de benchmarking são simples, mas a maioria das empresas possuem

dificuldade para implementá-los de forma eficiente por isso a importância de se estruturar um

modelo, adequado, para que este processo possa extrair o máximo de resultados de um modo

sistemático e contínuo.

Sendo assim o presente trabalho tem como finalidade estudar e propor diretrizes para

estruturar o processo de benchmarking em uma empresa de refino brasileira. Ao longo do

mesmo são descritos diversos tópicos que se inter-relacionam e decorrem deste tema, como:

Knowledge Based View, criação de vantagem competitiva, alinhando o benchmarking com

planejamento estratégico e comunicação de um processo de benchmarking.

1.1 O PROBLEMA

1.1.1 Contextualização do problema

O segmento de refino tem se caracterizado como o segundo maior negócio em

importância para os resultados e investimentos da empresa, referenciada neste estudo, e a qual

denominaremos Refino S/A, atrás apenas da área de Exploração Produção (E&P) e a frente de

negócios importantes como Gás e Energia (G&E) e Petroquímica, conforme Tabela 1.

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Tabela 1 – Plano de Negócios e Gestão 2013-2017

Segmentos Investimentos(Em US$ bilhões)

%

Exploração e Produção (E&P) 147,5 62%

Refino 64,8 27%

Gas e Energia (G&E) 9,9 4%

Internacional 5,1 2%

Biocombustiveis 2,9 1%

Demais Áreas 6,5 3%

Total 236,7 100%

Fonte: Barbassa (2013).

O fato é que com a globalização e a inserção do Brasil em um cenário cada vez mais

competitivo, internacionalmente, surge a necessidade de preparar as refinarias desta empresa

para esta nova realidade.

Outro aspecto importante é que a atual capacidade de processamento das refinarias da

empresa, é de 2.408 mil barris por dia enquanto a demanda do mercado brasileiro é de 3.380

mil barris por dia (BARBASSA, 2013). Sendo assim torna-se cada vez mais importante

aprimorar os processos e as práticas de gestão destas unidades de forma a aumentar o

desempenho da companhia.

É nesse contexto que o benchmarking se torna importante para a busca das melhores

práticas e identificação dos melhores referenciais internos e externos visto que este é um

importante instrumento de capacitação profissional para melhoria de desempenho e mudança

organizacional (OIKO, 2007).

Existem diversas definições sobre benchmarking na literatura, e inclusíve mais atuais,

como será explicitado no decorrer deste estudo, no entanto uma das mais usadas, é que

“Benchmarking é a busca das melhores práticas da indústria que levarão a um desempenho

superior a partir da implementação.” (CAMP, 1989).

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Hoje a difusão das melhores práticas entre as refinarias da organização em análise

acontece de maneira não sistematizada e muitas destas acabam não sendo difundidas como

deveriam. Sendo assim este estudo de estruturação, do processo de descoberta e de difusão

das melhores práticas, contribuirá para a obtenção de melhores resultados pela empresa.

1.1.2 Formulação do problema

De acordo com Ribeiro e Cabral (2006) um processo de benchmarking possui as

seguintes características:

- É um estudo comparativo baseado na estruturação de indicadores qualitativos e

quantitativos para avaliar, comparativamente, o desempenho dentro ou entre organizações;

- Pode ser aplicado a qualquer indústria ou atividade;

- Segue uma abordagem de dentro para fora. Começa com uma profunda compreensão

dos processos internos e, em seguida, os concorrentes, as organizações diferentes ou unidades

diferentes da mesma organização são analisadas comparativamente;

- Se concentra em práticas. A principal proposta é aprender com práticas que

sustentam os melhores resultados;

- É uma metodologia exigente. A avaliação do desempenho atual, a busca por

melhores práticas e o aprendizado e adaptação demandam muitos recursos humanos e tempo;

- É uma ferramenta para o aprendizado e melhoria contínua. As práticas e desempenho

mudam com freqüência. Portanto, as organizações devem adotar o benchmarking como um

processo em curso.

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Identificar e transferir as melhores práticas é um processo complicado e difícil de

implementar (JARRAR; ZAIRI, 2000). Isso é mais evidente nas pequenas e médias empresas

(PMEs), pois estas normalmente possuem restrições de recursos, e conhecimento limitado das

metodologias de benchmarking. Além disso, possuem em muitos casos, uma cultura

organizacional, não propensa a mudar e aprender (RIBEIRO; CABRAL, 2006).

Para promover o aprendizado e implantação de melhores práticas na empresa alvo do

estudo de forma sustentável, é necessário desenvolver coletivamente o entendimento e prática

do benchmarking como um processo sistemático que promove melhoria contínua

organizacional. O benchmarking possui conceitos fáceis, mas é rico em detalhes.

Considerando as características do benchmarking como um instrumento de gestão o

problema deste estudo é estabelecer as diretrizes para estruturação do processo de

benchmarking de uma empresa de refino de petróleo do Brasil. Para isto parte-se do princípio

que o benchmarking é um processo estruturado e que segue passos sequenciais inspirados no

ciclo de melhoria contínua de Deming: planejar (plan), Recolher (do), analisar (check) e

adaptar (action).

1.2 OBJETIVOS

Os objetivos identificam os resultados que se espera alcançar com o desenvolvimento

do estudo. São as respostas esperadas como consequência da aplicação dos procedimentos

metodológicos para solucionar o problema de pesquisa. Para este trabalho são estabelecidos

os objetivos a seguir.

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1.2.1 Objetivo final

Propor um conjunto de diretrizes para estruturar o processo de benchmarking de uma

empresa de refino de petróleo, do Brasil, que chamaremos de Refino S/A.

1.2.2 Objetivos intermediários

De acordo com Carlini e Wanderley (2004) o objetivo ao comparar desempenhos entre

empresas diferentes, por meio do benchmarking, é identificar as potencialidades da empresa

realizadora do estudo para reforça-las e as fragilidades para afastá-las. São objetivos

intermediários deste estudo:

• Propor diretrizes de governança para o processo de benchmarking;

• Correlacionar benchmarking e seu impacto para criação de vantagem competitiva na

empresa;

• Correlacionar benchmarking, gestão do conhecimento e aprendizado organizacional.

1.3 RELEVÂNCIA DO ESTUDO

A estruturação do processo de benchmarking, decorrente do estabelecimento de

diretrizes, permitirá:

• Introduzir novos conceitos de avaliação na organização;

• Melhorar o conhecimento da empresa;

• Identificar áreas que devem ser objeto de melhorias;

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• Estabelecer metas viáveis e realistas;

• Criar critérios de prioridade no planejamento;

• Melhor conhecimento dos concorrentes e do nível competitivo do mercado;

• Aprender com os melhores do segmento.

1.3.1 Criando vantagem competitiva através do Benchmarking

Em um mundo empresarial globalizado e cada vez mais competitivo é fundamental

entender como as organizações podem ampliar sua capacidade de gerar vantagem

competitiva. Daí a importância de estudar a correlação do benchmarking com este tema.

De acordo com Boxwell (1996, p. 21) o benchmarking proporciona à organização uma

vantagem competitiva e um desempenho superior com relação à concorrência.

Benchmarking é um processo positivo, pró-ativo e estruturado que conduz a

mudanças, ao desempenho e à vantagem competitiva. Esse processo busca novas ideias para

métodos, práticas e processos para então adotá-las e praticá-las. É a busca das melhores

práticas na indústria que conduzirão ao desempenho superior e ao alcance da eficácia global

(CAMP, 1993).

Zairi e Leonard (1995, p. 246-248) afirmam que:

A única forma de manter a vantagem competitiva e de atingir superiores níveis de

desempenho é através das comparações externas. [...] O benchmarking refere-se

essencialmente ao atingimento do desempenho superior a longo prazo. A curto

prazo, todavia, ele pode referir-se ao frenético tentar eliminar as lacunas negativas

entre as organizações e seus concorrentes. Este, contudo, não é o fim do

benchmarking, o agir frenético não vai levar a superioridade. As organizações

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devem entender que, uma vez que as lacunas sejam eliminadas, elas devem estar na

posição de suplantar a concorrência e manter a superioridade por longo prazo.

E reforçam que: “benchmarking refere-se à proteção da vantagem competitiva, mas

também à recuperação dos processos fracos, através de seu fortalecimento por meio de novos

aprendizados, novas práticas, novos métodos e novas técnicas” (ZAIRI; LEONARD, 1995, p.

246-248).

De acordo com Leibfried e Mcnair (1992, p. 4):

Superar os concorrentes exige que se olhe para fora da organização, através do

benchmarking e de outras técnicas afins, removendo-se as camadas de ‘diferença’

para fazer comparações válidas com outras organizações, e aprender com elas.

Leibfried e Mcnair (1992, p. 34) ainda reforçam que:

[...] a chave para o sucesso competitivo de longo prazo não esta na paridade, mas na

superioridade. Ainda que a eliminação da lacuna competitiva aumente, no curto

prazo, a capacidade competitiva de uma empresa, a meta final é igualar e, depois,

exceder a melhor prática, em sua forma atual. Em face da competição global, a linha

de base da excelência esta constantemente subindo. Ficar parado equivale a perder

terreno, degenerando em uma queda livre na crise competitiva (LEIBFRIED;

MCNAIR, 1992, p. 34).

Para Leibfried e Mcnair (1992, p. 236), atingir o nível de compreensão dos processos

exigido por um projeto de benchmarking serve de base para o mapeamento da rota da empresa

rumo a excelência. E as mesmas ainda reforçam que:

A integração da organização é o resultado de conhecimentos comuns, crenças

compartilhadas e comunicação aberta entre os individuos. Os conceitos de melhoria

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contínua têm por alicerce essa intergração e a união de indivíduos e tarefas através

das fronteiras tradicionais.

Segundo Watson (c1994, p. 86-87) a capacidade de um sistema empresarial deve ser

balanceada: um processo não deve brilhar a custo de todo o sistema. Se um processo fornece

vantagem competitiva, devem ser realocados recursos para permitir que ele melhore de acordo

com seu domínio competitivo.

Senge (1990 apud NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p. 52): afirma que: “A organização

que aprende tem a capacidade de aprendizado ativo e adaptativo como fontes sustentáveis de

vantagem competitiva”.

Curado (2006) reforça que a aprendizagem organizacional desempenha um papel

importante na sustentabilidade da vantagem competitiva organizacional. Zack (2002)

acrescenta que essa sustentabilidade baseada no conhecimento depende de: conhecer melhor

certos aspectos do que os concorrentes, assim como as limitações de tempo que concorrentes

têm para adquirir conhecimentos semelhantes, apesar da quantidade de dinheiro que eles estão

dispostos a investir para alcançá-lo.

Bogan e English (1997, p. 144) ressaltam que:

O benchmarking para muitos pode simplesmente significar levantamento de

informações. Porém, do ponto de vista gerencial, o aprendizado que não se

transforma em ações de melhoria não deve ser classificado como aprendizado.

Watson (c1994, p. 91) reforça que:

Benchmarking é uma prática de qualidade que não requer grande sofisticação e pode

ser usada por qualquer um que tenha conhecimento das ferramentas básicas de

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qualidade, sua aplicação pode ser difundida, podendo fornecer um estímulo externo

para encorajar um ambiente refletivo de aprendizado contínuo.

Ele também reforça que o benchmarking facilita o aprendizado, pois envolve a

formação de redes – organizações como recursos (conhecimentos) em uma determinada área

que se encontram com outras organizações com necessidades (problemas ou questões) do

mesmo ramo ou não.

Assim o conhecimento é considerado um dos ativos mais importantes para a criação

de vantagem competitiva sustentável (UMEMOTO, 2002).

Os recursos de conhecimento são particularmente importantes para garantir que as

vantagens competitivas de uma organização sejam sustentáveis, visto que esses recursos são

difíceis de imitar eles são a base para a diferenciação sustentável (WIKLUND; SHEPHERD,

2003).

Arie P. de Geus (apud WATSON, c1994, p. 95) afirmam que:

A habilidade de aprender mais depressa do que os concorrentes pode ser a única

vantagem competitiva sustentável. Então as empresas que são bem-sucedidas são as

que cutucam seus gerentes para a revisão de suas visões do mundo.

Segundo Cruceru (2013) a competitividade de uma organização pode ser desenvolvida

de forma sustentada se os gestores estão conscientes de sua necessidade de alcançar metas

econômicas. Esta por sua vez esta relacionada com inovação e o conhecimento organizacional

por meio de um sistema de relações altamente interligado. Portanto, é fundamental que os

gestores tenham habilidade no uso das habilidades do conhecimento e da inovação para

determinar a diferenciação dos produtos e serviços de sua organização.

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Logo, considerando-se que o benchmarking é uma ferramenta que facilita o

aprendizado pode-se dizer que o benchmarking é uma ferramenta que permite às organizações

gerar vantagem competitiva (BOGAN; ENGLISH, 1997, p. 49).

1.4 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Conforme será mais bem explicitado e detalhado adiante este estudo se delimita a

propor diretrizes para estruturar o processo de benchmarking interno, entre as refinarias de

uma empresa brasileira a qual denominaremos Refino S/A, por entender que este é o primeiro

passo a ser considerado em qualquer processo de benchmarking. O período considerado para

esta pesquisa compreende os anos de 2011, 2012 e 2013.

De acordo com Leibfried e Mcnair (1992, p. 117) tornar-se o “melhor dos melhores”

exige a exploração gradual do terreno, ou seja:

Adquirir esses conhecimentos é um processo de aprendizagem que começa pela

análise das práticas existentes (benchmarking interno), prossegue pela comparação

do desempenho de uma empresa com suas concorrentes (benchmarking competitivo

e setorial) e atinge a plenitude quando desempenho de ‘cadeias de valores’

individuais (por exemplo, o atendimento a clientes) é avaliado em relação à melhor

prática daquele papel ou processo (benchmarking de empresas líderes).

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2 KNOWLEDGE-BASED VIEW

Considerando-se que o benchmarking é uma ferramenta que facilita o aprendizado e

por meio deste gera de vantagem competitiva torna-se fundamental para o desenvolvimento

deste trabalho uma revisão literária da teoria do “Knowledge Based View” (BOGAN;

ENGLISH, 1997, p. 49).

Uma organização que aprende rápido institucionaliza sua capacidade para mudar

rápidamente, promover melhoria constante e evolução criativa. (BOGAN; ENGLISH, 1997,

p. 22)

Para Takeuchi e Nonaka (2008, p. 56):

A informação proporciona um novo ponto de vista para a interpretação de eventos

ou objetos, tornando visíveis significados. A informação é um meio necessário para

extrair e construir o conhecimento.

Gestão do Conhecimento é a capacidade de uma empresa criar um novo

conhecimento, difundi-lo na organização como um todo e incorporá-lo a seus produtos,

serviços e sistemas (NONAKA; TAKEUCHI, 1997).

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Makhija (2003) reforça a importância da gestão do conhecimento mencionando que os

recursos físicos podem originar retornos acima da média, mas são os recursos intangíveis,

desenvolvidos através de uma seqüência histórica única e com uma dimensão social

complexa, que são capazes de criar e sustentar a vantagem competitiva de uma empresa.

De acordo com Hall e Andriani (2002):

O processo de benchmarking, como se pretende, é um processo de aprendizagem

que envolve a observação das práticas externas, comparação com as práticas

internas, identificação de lacunas de conhecimento e, finalmente, a decisão: eliminar

as lacunas de desempenho, adquirindo novos recursos ou aproveitando os recursos

internos investindo em melhorias. O resultado deste processo de aprendizagem é

algo novo, decorrente da integração de imputs externos com o conhecimento prévio

interno, e com as lacunas de conhecimento. Além disso, a importância de fontes

externas de conhecimento para o processo de inovação é amplamente reconhecida na

literatura.

Assim pode-se dizer que o ciclo do benchmarking o qual é caracterizado como um

processo de melhoria contínua, e baseado no ciclo de Deming (Plan-Do-Control-Check-

PDCA) e o do aprendizado de Dewey´s se interelacionam e se complementam (WATSON,

c1994), conforme Figura 1:

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Figura 1 – Benchmarking e Ciclo do Aprendizado de Dewey

Observações das Consequência

Descoberta de Novos Conheciment

Produção da Ação

Invenção de Novas Possíbilidade

PLANEJAR

DESENVOLVERCHECAR

AGIR

PLANEJAR

DESENVOLVERCHECAR

AGIR

Adaptar, Melhorar eImplementar Constatações

Planejamento do Estudo

Realização da PesquisaAnálise dos Dados

Fonte: Watson (c1994).

2.1 CONCEITO E IMPORTÂNCIA

A teoria do “Knowledge Based View” (KBV) considera o conhecimento como o

recurso estratégico mais importante de uma empresa, pois os recursos baseados em

conhecimento são normalmente difíceis de imitar e socialmente complexos (GRANT, 1996).

Considera-se o conhecimento um recurso intangível e dinâmico e que é muito especial porque

não deprecia e pode gerar retornos crescentes para as organizações (CURADO, 2006).

O Knowledge refere-se ao estoque acumulado de informações e habilidades

envolvidas com a conexão de novas idéias de valor comercial, com o desenvolvimento de

novos produtos e processos e, sendo assim, com a capacidade de fazer negócios de uma

maneira nova. Este pode ser chamado de “conhecimento para a inovação” ou “conhecimento

inovador”. Embora a inovação seja um processo, o conhecimento consiste nas receitas e

ingredientes a serem processados. Portanto a economia baseada no conhecimento pode ser

definida como a esfera e o nexo de atividades e recursos centrados e orientados para a

inovação. Assim os conceitos de conhecimento, inovação e competitividade externa estão

intimamente associados e interligados (HUGGINS, IZUSHI, 2008), conforme Figura 2.

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Figura 2 – Relações entre Competitividade, Inovação e Conhecimento

Competitividade

Inovação - Criação e distribuição de novas ideias- Transformação de novas ideias em valor comercial- Desenvolvimento de novos produtos e processos

Conhecimento como receitas como ingredientes

Fonte: Huggins e Izushi (2008).

De acordo com Decarolise e Deeds (1999) Winter e Szulanski (1999) as bases do

conhecimento heterogêneo de capacidades entre as empresas são os principais determinantes

da vantagem competitiva e do desempenho corporativo superior.

Para Dierickx e Cool (1989) o conhecimento das empresas, pode ser conceitualizado

em termos de fluxos e estoques. Os estoques constituem ativos acumulados de conhecimento,

enquanto os fluxos são fluxos de conhecimento dentro e entre organismos que contribuem

para a acumulação de conhecimento. Superiores estoques e fluxos são vistos como fontes de

vantagem competitiva sustentada e desempenho superior.

O KBV tem como principal fundamento a aprendizagem organizacional. Segundo

Weick (1991), aprender é um processo pelo qual novas informações são incorporadas no

comportamento dos agentes, alterando seu comportamento e, possivelmente, mas nem sempre

levando a melhores resultados.

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Nonaka e Takeuchi (1995a) mencionam que a aprendizagem organizacional é um

processo de mudança que é influenciado pela experiência passada, focado no

desenvolvimento e modificação de rotinas e apoiado pela memória organizacional.

2.2 TIPOS DE CONHECIMENTO

O conhecimento pode ser analisado sobre diferentes perspectivas: uma delas é o da

gestão científica a qual relaciona o conhecimento da empresa a seleção de indivíduos e outra é

a do processamento das informações que trata as organizações como máquinas que utilizam

regras e rotinas para atender a os requisitos de processamento de informações individuais

causados pelo trabalho independente e incerteza ambiental (SANTOS, 1999).

Em contraste com esta concepção tradicional uma nova visão do conhecimento surgiu

com base na distinção entre conhecimento explícito e tácito (POLANYI, 1962). De acordo

com Kogut e Zander, (1992) e Grant (1996) a distinção entre tácito e explícito passou a ser

particularmente importante na abordagem baseada em conhecimento para a estratégia.

O Conhecimento tácito é revelado através de sua aplicação, se tácito de saberes não

pode ser codificada e só pode ser observado e adquirido por meio da prática, a sua

transferência entre as pessoas é lenta, cara e incerta. Conhecimento explícito é revelado pela

sua comunicação, a facilidade de comunicação é sua propriedade fundamental (KOGUT;

ZANDER, 1992).

Nonaka e Takeuchi (1997) explicam que a diferenciação dos dois formatos

mencionados situa-se no fato de que o conhecimento explícito pode ser articulado na

linguagem formal, inclusive em afirmações gramaticais, expressões matemáticas,

especificações, manuais e assim por diante, enquanto o conhecimento tácito é difícil de ser

articulado na linguagem formal, sendo um conhecimento pessoal incorporado à experiência

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individual envolvendo fatores intangíveis, como, por exemplo, crenças pessoais, perspectivas

e sistemas de valor. A interação entre essas duas formas complementares de conhecimento

resulta na principal dinâmica da criação do conhecimento na organização.

Polanyi (1974) afirma que o conhecimento tácito é o conhecimento que influencia

comportamentos e / ou a constituição de estados mentais, mas normalmente não é acessível à

consciência enquanto que o conhecimento explícito pode ser articulado e transmitido entre os

indivíduos. Segundo Nonaka (1991) os conhecimentos tácito e explícito podem ser

transferidos um para outro, dentro de certos limites.

Essa abordagem identifica o conhecimento tácito como o recurso mais estratégico das

empresas uma vez que este é difícil de imitar e relativamente imóvel, pode constituir a base da

vantagem competitiva sustentada (GRANT, 1996; GUPTA; GOVINDARAJAN, 2000).

Alguns pesquisadores acreditam que o conhecimento tácito pode ser mais explicitado

através de um processo de codificação (KOGUT; ZANDER, 1992), enquanto outros vêem os

conhecimentos tácito e explícito como formas, essencialmente, distintas e complementares do

conhecimento. Enquanto o conhecimento tácito pode ser útil para gerar conhecimento

explícito e vice-versa, um tipo de conhecimento não pode ser convertido num outro (COOK;

BROWN, 1999). A seguir, na Tabela 2, distinção entre o conhecimento tácito e explicito.

Tabela 2 – Conhecimento Tácito x Conhecimento Explícito

Conhecimento Tácito(Subjetivo)

Conhecimento Explícito(Objetivo)

Conhecimento da experiência (corpo) Conhecimento da racionalidade (mente)

Conhecimento simultâneo (aqui e agora) Conhecimento sequencial (lá e então)

Conhecimento análogo (prática) Conhecimento digital (teoria)

Fonte: Takeushi e Nonaka (2008).

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2.3 GESTÃO DO CONHECIMENTO E VANTAGEM COMPETITIVA

Segundo Eisenhardt e Santos (2001) quando o Knowledge Based View (KBV) é usado

como uma teoria da estratégia o conhecimento é visto como algo que pode ser adquirido,

transferido ou integrado para alcançar competitividade sustentada. Lord and Ranft (1998)

ressaltam que quando esse conhecimento é estrategicamente valioso, a transferência irá

melhorar o desempenho organizacional.

Tanto Gupta e Govindarajan (2000) e Brown e Eisenhardt (1998) também

argumentam que o valor estratégico do conhecimento é fundamental para se melhorar o

desempenho alcançado. Esses autores sugerem que os gestores de empresas eficazes devem

concentrar os seus esforços somente sobre a transferência do conhecimento mais

estrategicamente valioso. Ou seja, a busca de conhecimento, transferência, e até mesmo a

integração não é necessariamente vantajosa a menos que o conhecimento seja

estrategicamente importante.

De fato, a transferência de menos conhecimento pode ser mais eficaz do que a

transferência de mais, especialmente em ambientes de alta velocidade em que o tempo de

gestores é limitado (EISENHARDT; GALUNIC, 2000).

Kogut e Zander (1992) ressaltam que a capacidade de replicar o conhecimento

determina a taxa de crescimento de uma empresa, mas que tal replicação também facilita a

imitação pelos concorrentes. Portanto, as empresas são capazes de crescer e deter a imitação

competitiva apenas pela recombinação contínua de seus conhecimentos e aplicação dos

mesmos às novas oportunidades de mercado. Ou seja, em um ambiente competitivo,

desempenho superior só pode ser sustentado através da inovação contínua.

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2.4 COMO CRIAR, BUSCAR E PROMOVER A INTEGRAÇÃO DO CONHECIMENTO

Para Brown e Duguid (1991) o conhecimento significativo é profundamente

relacionado com o trabalho diário, bem como a aquisição de novos conhecimentos (ou seja, a

aprendizagem) é construído socialmente de práticas de trabalho. Essa construção social do

conhecimento ocorre dentro de comunidades informais, onde o conhecimento é livremente

compartilhado através de mecanismos de colaboração, tais como narração e trabalho conjunto.

Os autores também argumentam que essas comunidades de prática são propensas a se

envolver em atividades de inovação porque a sua visão do mundo é constantemente desafiada

pelas exigências de trabalho diário. O caráter informal dessas comunidades e sua associação

fluida facilitam a inovação e reduz a tendência para estagnação de grandes organizações.

Segundo eles essas comunidades devem possuir certo grau de autonomia e legitimidade para

poder superar a tendência à rigidez das empresas e promover a inovação organizacional.

Esta perspectiva sobre a aprendizagem organizacional e inovação implica uma visão

de organizações como múltiplas comunidades de prática. A função de cada comunidade de

práticas é engajar-se em atividades experimentais e interpretativas com o meio ambiente a

partir do qual emerge o senso de fazer, levando a um comportamento adaptativo.

Organizações, assim, evoluem com base nas perspectivas concorrentes de diferentes

comunidades (MARTIN; CARLILE, 1999).

Além disso Grant (1996) menciona um ponto, também enfatizado por outros

estudiosos, que o conhecimento também pode ser integrado externamente, através de redes de

relações que se estendem além do limite organizacional (KOGUT; ZANDER, 1996; KOGUT,

2000). Estas redes oferecem mecanismos eficientes para acessar e integrar novos

conhecimentos.

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Capacidade de absorção, de acordo com Cohen e Levinthal (1990), é a capacidade que

uma empresa tem de reconhecer uma informação externa, assimilá-la e aplicar para fins

comerciais. De acordo com estes autores esta também esta relacionada ao conhecimento

prévio das empresas (que enfatiza a natureza cumulativa dos conhecimentos) e a história ou o

caminho dependente (que enfatiza a importância das decisões anteriores). São fatores

importantes determinantes da capacidade de absorção: os canais de comunicação interna, a

distribuição de conhecimentos no meio ambiente e na empresa, e o padrão das decisões de

investimento em P&D.

Galunic e Rodan (1998) reforçam que a ponte de conhecimento e de saber implica que

menos atenção deve ser dada à idéia da transferência de conhecimento (movendo um pedaço

de conhecimento a partir de um lugar para outro), e mais foco deve ir para os processos de

integração do conhecimento, em que o desenvolvimento do significado e da criação de novos

conhecimentos ocorre através de interações individuais e é afetado por contextos sociais.

De acordo com Falconi (2009, p. 50), depois de esgotados os conhecimentos de seu

pessoal as organizações recorrem a outras fontes de conhecimento:

Recursos externos, como consultores, técnicos, professores (cursos técnicos), análise

da literatura, visita a outras empresas, congressos, entre outros. [...] Prática da

análise e da síntese da informação, utilizando modelos como meio criador de novo

conhecimento específico para a solução dos problemas atacados. A Pesquisa e

Desenvolvimento é um caso particular de análise e síntese.

Falconi (2009, p. 113) também destaca os seguintes fatores básicos que são

importantes para a acumulação do conhecimento:

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Tempo, pois o conhecimento é acumulado por meio do ser humano e este tem uma

certa velocidade de aprendizado característica de cada um; Metas bem distribuídas

para todas as pessoas da empresa que sejam a força motriz para a aquisição do

conhecimento; Cultura de insatisfação e voltada para desempenho e busca contínua

de melhores resultados; Elevada motivação do pessoal; Sistema de padronização

bem estabelecido, pois o padrão é o registro do conhecimento assimilado na prática;

Baixo turnover de pessoal. A mente humana é o registro do conhecimento tácito

(FALCONI, 2009, p. 113).

2.5 O PAPEL DO ESPECIALISTA NA GESTÃO DO CONHECIMENTO

Segundo o princípio da capacidade limitada o cérebro humano tem uma capacidade

limitada para adquirir, armazenar o conhecimento do processo (SIMON, 1991). O resultado é

que a eficiência na produção do conhecimento (e refiro-me à criação de novos conhecimentos,

a aquisição de conhecimento existente e armazenamento de conhecimento) exige que as

pessoas se especializem em áreas específicas de conhecimento.

Para Grant (1996) dados os ganhos de eficiência de especialização, a tarefa

fundamental da organização é coordenar os esforços de muitos especialistas. Segundo ele a

essência de organizações é a sua capacidade para integrar conhecimento especializado

individual e aplicá-la a novos produtos e serviços (GRANT, 1996). Esses recursos são

estruturados hierarquicamente de acordo com o escopo de conhecimento que eles integram.

Os mecanismos para essa integração são as diretrizes e rotinas, e que o problema central é a

organização da coordenação.

Segundo ele são quatro os mecanismos para a integração de conhecimento

especializado: regras e diretrizes, sequenciamento, rotinas, resolução de problemas em grupo

e tomada de decisão.

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Grant (1996) também identifica três características de integração do conhecimento que

aumentam o seu valor estratégico. A primeira é a eficiência de integração, o que é uma função

do conhecimento comum, a freqüência e a variabilidade de tarefas, e uma estrutura que

economiza na comunicação. A segunda é o âmbito de aplicação dessa integração, com um

escopo mais amplo, facilitando a criação e preservação de vantagem competitiva. A terceira é

a flexibilidade de integração para incluir novos conhecimentos e a reconfiguração do

conhecimento existente.

Segundo Grant (1996) são quatro os processos de conhecimento específicos:

abastecimento, transferência interna, transferência externa e integração. E para ele esta

categorização está intimamente ligada com a concepção teórica dominante do “conhecimento

como recurso”, e com a concepção dominante de KBV como a teoria da estratégia em que

estes processos de conhecimento são a fonte de vantagem competitiva sustentada e

desempenho superior.

Considerando que o ciclo do aprendizado de Dewey esta relacionado com o do

benchmarking, conforme exposto anteriormente, e que o PDCA (Plan-Do-Control-Adjust) é

uma metodologia baseada em oito passos no processo de resolução de problemas, considera-

se como atividades do especialista em benchmarking:

(1) Entender o problema (Plan) - Identificar e descrever o problema, mensurando o

desvio do mesmo em relação à norma (benchmark);

(2) Perceber o processo (problema). Observar o problema, perguntar aonde, quando, o

que, como, quanto, etc. Relatando um histórico do mesmo;

(3) Descrever o problema de modo claro, conciso e mensurável;

(4) Agir para identificar as causas por meio de técnicas de análise de causa e efeito,

métodos de brainstorming e outras ferramentas da qualidade;

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(5) Tarefas (Do) - Apoiar na escolha das ações que serão executadas por membros

escolhidos, da organização. A escolha destas deve considerar critérios de baixo custo,

aceitação, impacto direto nas causas e implementação rápida.

(6) Resultados (Check) - Atuar na avaliação dos resultados após as tarefas estarem

completas, a equipe deverá avaliar os resultados recolhendo dados nos atuais processos e

comparando os com dados antes das tarefas terem sido implementadas;

(7) Agir (Adjust) - Standadizar o processo e treinar todos os membros da equipe para

implementar o novo processo e assegurar que todos que fazem o trabalho com o processo

percebam as novas instruções de trabalho;

(8) Reconhecer e partilhar o sucesso com todos que contribuíram.

A seguir, na Figura 3, ilustração do papel do especialista e de suas atividades no

processo de benchmarking.

Figura 3 – O Papel do Especialista no Benchmarking

Fonte: Freitas (2010).

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2.5.1 Abastecimento (“Knowledge Sourcing”)

Para se adaptar a ambientes dinâmicos, os gerentes muitas vezes precisam adaptar a

base de conhecimento da sua empresa (GRANT, 1996). Dada a dispersão do conhecimento

(tanto dentro como fora da empresa) e da incerteza no meio ambiente, o Knowledge Sourcing

é um importante processo de conhecimento pelo qual os gestores identificam e tem acesso ao

conhecimento relevante que está sendo criado no ambiente.

2.5.2 Transferência Interna (“Internal Knowledge Transfer”)

A eficácia da transferência de conhecimento dentro das organizações é a razão

principal para KBV tanto como uma teoria da organização (KOGUT; ZANDER, 1992, 1996;

GRANT, 1996) ou uma teoria da estratégia (GRANT, 1996).

Para Szulanski (1996) as três barreiras mais importantes para a transferência de

conhecimento são a falta de capacidade de absorção do destinatário, a ambigüidade causal do

conhecimento transferido e dificuldade em estabelecer interações pessoais entre a fonte e o

destinatário. Já para Hargadon (1998) as barreiras mais importantes para a transferência de

conhecimento são rotatividade de funcionários, o tamanho da organização, e uma procura

crescente de tempo e eficiência individual.

2.5.3 Transferência Externa (“External Knowledge Transfer”)

Segundo Lorenzoni e Lipparini (1999) as redes emergentes aumentam a capacidade de

se adaptar às mudanças ambientais e de gerenciar das empresas habilitadas para mais

eficazmente manter o ritmo com a evolução tecnológica da indústria.

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Existe uma semelhança significativa entre os processos de transferência de

conhecimento interno e externo. Características do conhecimento como tacitividade

(ZANDER; KOGUT, 1995; LORD; RANFT, 1998), complexidade (HANSEN, 1999;

SIMONIN, 1999), e ambiguidade (SZULANSKI, 1996) afetam a transferência de

conhecimento tanto dentro e entre as organizações.

2.5.4 Integração do Conhecimento (“Knowledge Integration”)

De acordo com Okhuysen e Eisenhardt (2000) intervenções que aumentam interações

do grupo (por exemplo, direções para gerenciar o tempo e questionar outros) são eficazes em

melhorar a integração do conhecimento, enquanto que outras intervenções que criaram uma

auto-foco no conhecimento (por exemplo, direções para compartilhar informações) não são

eficazes.

2.6 FORMAS DE PRESERVAR O APRENDIZADO CORPORATIVO

Abaixo alguns exemplos, segundo (WATSON, c1994, p. 96):

Os gerentes da Merck registram as melhores e as piores de suas experiências de

desenvolvimento de projeto num ‘livro de conhecimento’, que os novos gerentes são

solicitados a ler. [...] A IBM opera uma rede de computador para registrar e

compartilhar informações sobre resultados de estudo de benchmarking. [...] A Xerox

Corporation tem uma rede de informações de MELHORES Práticas para arquivar

estudo de relatórios de viagem e resultados finais.

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3 INDICADORES DE DESEMPENHO

De acordo com John Young, diretor-presidente da Hewlett-Packard Company, para

gerentes em Chevron, 1989 (apud WATSON, c1994, p. 113): “Se você não tem medidas, não

se incomode em começar [em qualidade ou outros programas de aperfeiçoamento comercial].

[...] Não fará nenhuma diferença”.

Leibfried e Mcnair (1992, p. 157) afirmam que: “As medições podem ser quantitativas

(números) ou qualitativas (palavras). Entretanto, referenciais quantitativos e qualitativos para

o benchmarking não são categorias estanques”.

Zairi e Leonard, (1995, p. 116) ressaltam que:

A mensuração de desempenho, se focalizada apenas internamente, pode ter grandes

limitações, dada que pode ser concebida com foco em eficácia, em vez de em

competitividade. Benchmarking assegura que o desempenho estabeleça

competitividade e melhores práticas através de realização de ações corretas, logo na

primeira vez, do ponto de vista do consumidor final.

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De acordo com Leibfried e Mcnair (1992, p. 47):

O enfoque no processo de benchmarking propicia, por si mesmo, às empresas

grandes melhorias de desempenho. Para que esses melhoramentos persistam, e para

que sejam aproveitados, o sistema de medidas tem de mudar o foco dos resultados

para as ações.

Eles reforçam que é preciso mudar o foco dos resultados para os processos, pois estes

constituem a dimensão chave. Nenhuma pressão por resultados consegue remediar um

processo problemático.

Segundo Leibfried e Mcnair (1992, p. 166): “Atualmente, para terem sucesso, as

empresas necessitam de um bom desempenho em quatro dimensões básicas: custo, qualidade

(eficácia), produtividade (eficiência) e fornecimento (tempo)”.

Os autores ainda reforçam que os indicadores financeiros não podem ser diretamente

geridos, mas são causados pelo nível de desempenho nas dimensões de qualidade,

produtividade e fornecimento.

De acordo com Maleyeff (2003) a criação de um sistema de indicadores de

desempenho interdependentes e complementares cria um sistema abrangente que realiza a

tarefa de fornecer informações comprimidas e identificar situações críticas de uma

organização.

Segundo Denkena, Apitz e Liedtke (2006) os indicadores de desempenho são

essenciais para o processo de benchmarking, no entanto, eles não fornecem respostas

completas. Os indicadores de desempenho devem ser usados para identificar as diferenças

entre os parceiros de benchmarking, e as mudanças nas organizações ao longo do tempo. Eles

agem como indicadores para identificar áreas ou tópicos para análises posteriores. Estes

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também reforçam que os indicadores de desempenho permitem o acompanhamento,

julgamento ou avaliação sobre o desempenho de uma determinada organização.

Assim, conforme a Figura 4, os indicadores possuem importância fundamental em um

processo de benchmarking (PDCA) na medida em que: mostram resultados (display),

evidenciam problemas (clear), permitem reconhecer a origem (acnowledge) e assim

encontrar a causa básica (problem finding).

Figura 4 – Ciclo do Benchmarking (PDCA) e Indicadores de Desempenho

Fonte: Dias (2012).

No entanto é importante ressaltar que a realização de um processo de benchmarking

não acontece apenas baseada em dados quantitativos advindos de indicadores, mas também

em dados qualitativos.

Sobre a quantidade de indicadores a serem analisados em um estudo de benchmarking

FPNQ (2005, p. 55) alerta que:

É muito importante que a equipe considere um número adequado de indicadores

para serem comparados. A utilização de um número superior a cinco indicadores

pode fazer com que a equipe perca o foco do estudo.

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Para Schiemann e Lingle (1999) e Manoochehri (1999 apud COSTA, 2003) o excesso

de indicadores impede o entendimento das pessoas quanto ao que deve ser analisado

prioritariamente, além de gastar grande quantidade de recursos para coleta e processamento

dos dados. O foco não deve ser no número de medidas, mas no vínculo destas medidas com

aspectos importantes, como as estratégias, as necessidades do mercado e as expectativas dos

clientes.

De acordo com Costa (2003) os sistemas de medição de desempenho vêm ampliando

seu papel nas organizações, incorporando-se cada vez mais ao gerenciamento do negócio. No

passado, esses sistemas estavam voltados, principalmente, à contabilidade das empresas.

Atualmente, os mesmos tornam-se parte integrante da implementação da estratégia e da

avaliação de desempenho tanto de recursos humanos quanto da competitividade de empresas

em relação ao seu mercado de atuação.

Watson (c1994, p. 70) reforça que indicadores de desempenho e um mapa de processo

ou fluxograma indicam como um processo funciona.

Em relação aos indicadores, em um processo benchmarking, de acordo com a FPNQ

(2005, p. 81):

Identificando que organizações possuem indicadores e resultados similares, mas que

não são diretamente comparáveis, é necessário proceder a uma normalização dos

dados obtidos, ou seja, ajustar os dados, colocando-os numa mesma base de

comparação em relação aos dados da organização, viabilizando, assim, a

comparação. Em outras palavras, a normalização busca assegurar a comparação de

‘laranja com laranja’.

De acordo com Eccles e Nitin Nohria (apud BOGAN; ENGLISH, 1997, p. 59) as

medidas financeiras “representam resultados de processos, apesar de que nem sempre

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proporcionam a melhor informação sobre o que acontece nos bastidores destes processos ou

como estão relacionados com outros numa análise geral”.

Ainda, de acordo com Eccles (apud BOGAN; ENGLISH, 1997, p. 59-60), é normal as

medidas financeiras “representarem resultados dos processos apesar de que nem sempre

darem informação-chave a respeito do que realmente acontece nos seus bastidores ou como

esses processos estão relacionados com outros no quadro geral”.

Bogan e English (1997, p. 67) afirmam que:

As diferenças em medidas de benchmark entre as diversas atividades são, às vezes,

surpreendentes. Essas medidas reforçam a necessidade de cada organização

desenvolver um grupo de medidas de benchmarks que reflita o melhor possível seus

processos e características operacionais.

Para definir benchmarks, quatro elementos de medição são especialmente importantes:

o foco da medição, a perspectiva da medição, o grau de controle da medição e a capacidade de

coletar dados (BOGAN; ENGLISH, 1997, p. 62).

De acordo com Bogan e English (1997, p. 224) os critérios do Prêmio Baldrige atuais

observam o seguinte a respeito do papel que os indicadores de desempenho e os benchmarks

têm na condução das melhorias tanto incrementais quanto radicais:

Os critérios orientados para resultados e as medidas de indicadores-chave não são

obrigatórios, mas focalizam o que deve ser melhorado. Essa abordagem ajuda a

garantir que as melhorias em todas as áreas contribuam para os objetivos gerais da

organização.

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4 CONCEITOS DE BENCHMARKING

Referente ao conceito de benchmarking em um estudo realizado por Anand e Kodali

(2008) foi mencionada uma abundância de definições disponíveis na literatura e de acordo

com Nandi e Banwet (2000), Spendolini descobriu 49 definições para benchmarking.

Segundo Maire et al. (2002) as várias definições propostas expressam os vários estágios na

evolução da análise comparativa sendo que com base nestas definições eles concluíram que o

benchmarking passou quatro fases importantes durante sua evolução. Durante a evolução do

benchmarking, algumas das definições apontadas foram dadas por Bemowski (1991), Vaziri

(1993), Benchmarking Clearing House Comitê Internacional de Design (LEMA; PRICE,

1995), Epper (1999), American Productivity & Quality Centre (1993), Dervitsiotis (2000),

Freytag e Hollensen (2001), Maire (2002), etc, para citar apenas alguns.

De acordo Prašnikar, Debeljak e Ahčan (2005):

Benchmarking é um processo de criação de conhecimento do negócio por meio da

comparação e análise de informações comerciais de outras empresas com o objetivo

de melhorar a qualidade da tomada de decisão.

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Kumar, Antony e Dhakar (2006) definiram benchmarking como:

O processo de identificação, compreensão e adaptação das práticas excelentes de

organizações em todo o mundo para ajudar uma organização a melhorar seu

desempenho. É uma atividade que olha para fora para encontrar as melhores práticas

e de alto desempenho e, em seguida, mede as operações de negócios reais contra

esses objetivos.

Assim Anand e Kodali (2008) analisando as diversas sobre o tema definiu o

benchmarking como:

Uma análise contínua de estratégias, funções, processos, produtos ou serviços,

performances, etc comparando dentro ou entre organizações best-in-class com

obtenção de informações através de um método de coleta de dados adequado, com a

intenção de avaliar os padrões atuais de uma organização e, assim, realizar o auto-

aperfeiçoamento através da implementação de mudanças para melhorar ou exceder

essas normas.

Segundo Prašnikar, Debeljak e Ahčan (2005) as seguintes características podem ser

atribuídas ao benchmarking contemporâneo:

- Ele é usado para recolher vários tipos de informações comerciais sobre outras

empresas;

- Usa esta informação para criar novo conhecimento sobre o negócio através da analise

e comparação das suas especificações com as de outras empresas;

- O conhecimento adquirido é usado pela empresa para tomar melhores decisões de

negócio e, consequentemente, desfrutar de um negócio mais bem sucedido e eficaz.

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Watson (2007) identificou 56 livros escritos, sobre benchmarking, ao longo do período

que começa com seu surgimento, na Xerox, em 1979 até o ano de 2004, referente ao

aniversário de 25 anos da sua invenção. A seguir algumas das principais definições e

características do processo, durante este tempo, segundo diferentes autores e fontes:

Para Watson (c1994) a razão fundamental do benchmarking é aprender como melhorar

os processos empresariais e aumentar a competitividade, sabendo que, mais do que qualquer

outra prática de qualidade, pode trazer retornos mais rápidos para o que é básico na empresa.

De acordo com o Westinghouse Productivity Center (apud WATSON, c1994, p. 3):

“Benchmarking é a busca contínua pela aplicação de práticas significativamente melhores que

levam a desempenho competitivo superior”.

Para Fred Bowers gerente do programa de benchmarking corporativo da Digital

Equipment Corporation (apud WATSON, c1994, p. 3), benchmarking é: “O processo por

meio do qual as organizações aprendem, modelado no processo de aprendizado humano”.

Ainda segundo Watson (c1994, p. 4) uma definição, desenvolvida no AQPC pela

International Benchmarking Clearing house (IBC) design Steering Committee e que

representa um consenso entre cerca de 100 companhias:

Benchmarking é um processo sistemático e contínuo de medida; um processo para

medir e comparar continuamente os processos empresariais de uma organização em

relação a líderes de processos empresariais em qualquer lugar do mundo a fim de

obter informações que podem ajudar a organização a agir para melhorar seu

desempenho.

Para Kaplan e Norton (1992, p. 74) benchmarking é uma técnica que as empresas

usam para estabelecer metas baseadas em padrões externos:

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A empresa olha para o ramo empresarial a fim de encontrar, digamos o melhor

sistema de distribuição, para outro segmento em busca do processo de folha de

pagamento de menor custo e então forma um composto dos melhores métodos com

o intuito de estabelecer objetivos relativos a seu próprio desempenho (KAPLAN;

NORTON, 1992, p. 74).

De acordo com Spendolini (1993, p. 10) o benchmarking é um:

[...] processo contínuo e sistemático para avaliar produtos, serviços e processos de

trabalho de organizações que são reconhecidas como representantes das melhores

práticas, com a finalidade de melhoria organizacional (SPENDOLINI, 1993, p. 10).

Bogan e English (1997, p. 9) afirmam que:

Pela sua própria natureza, os melhores métodos são dinâmicos e evolutivos. Por essa

razão, o benchmarking das melhores práticas é frenquentemente chamado como um

processo “perene”: regenera a organização cada vez que é executado. Assim sendo,

os defensores das melhores práticas consideram o benchmarking como um processo

empresarial contínuo totalmente integrado para a melhoria contínua das

organizações.

Camp (1996, p. 145) relata que:

Sustentar um processo de benchmarking por um período extenso de tempo, digamos

anos, inclui assegurar assistência externa, desenvolver um manual para os gerentes,

expor os sucessos, modelar funções, inspecionar utilização e reconhecer e

recompensar excelência de benchmarking.

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Boxwell (1996, p. 18) afirma que:

O benchmarking não é um exercício só de números. Estabelecer metas quantitativas,

frequentemente chamadas de medições, por meio do benchmarking é provavelmente

a melhor maneira de se estabelecer metas. Mas tenha em mente que estabelecer

metas comparáveis ou além daquelas das melhores empresas sem entender os

processos subjacentes, que capacitam as empresas a conseguir seus resultados pode

ser inútil ou coisa pior.

Para Zairi e Leonard, (1995, p. 243):

O benchmarking não é um processo em que o sucesso é atingido de uma vez. Ele

refere-se a mudanças incrementais, com o gradual processo de se mover do

melhoramento contínuo para o aprendizado contínuo.

Segundo o FNPQ (2005, p. 87) uma organização que não utiliza o benchmarking torna

seu potencial de melhoria limitado.

Leibfried e Mcnair (1992, p. 271) afirmam que:

O emprego habilidoso das técnicas de benchmarking começa pelo estudo cuidadoso

do que são capazes de realizar pela firma, pela clara explicitação dos objetivos da

análise subjacentes e pela contínua aprendizagem dos dados e do próprio sucesso. A

implementação do benchmarking tem um começo, mas não um fim.

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De acordo com Camp (1996, p. 146):

Benchmarking não é só achar dados e informações sobre as melhores práticas, mas é

também, mais importante ainda, um processo de aprendizagem. Benchmarking é

uma experiência de aprendizagem, não é apenas um esforço de coleta de dados.

Segundo Yasin (2002, p. 220) o benchmarking pode ser visto como "uma técnica de

multi-facetado que pode ser usada para identificar lacunas operacionais e estratégicas e

encontrar as melhores práticas para eliminar estas diferenças".

Spendolini (1993) elaborou uma tabela com a finalidade de melhor distinguir e definir

o conceito de benchmarking, conforme Tabela 3 a seguir:

Tabela 3 – O que é Benchmarking

Benchmarking é Benchmarking não é

- Um processo contínuo - Um evento que ocorre uma única vez

- Um processo de investigação que fornece informações valiosas - Um processo de investigação que fornece respostas simples

- Um processo de aprendizado com os outros, uma buscapragmática de idéias

- Copiar, imitar

- Um processo que leva tempo e dá trabalho, exigindo disciplina - Rápido e fácil

- Uma ferramenta viável que fornece informações úteis paramelhorar praticamente qualquer atividade de negócios

- Uma novídade, uma moda

Fonte: Spendolini (1993, p. 34).

Em uma literatura mais recente Watson (2007) também elaborou uma distinção sobre

o que constitui benchmarking e o que não constitui, conforme a Tabela 4.

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Tabela 4 – O que é Benchmarking II

Benchmarking é Benchmarking não é

- Um processo de descoberta - Um processo de livro de receitas

- Uma metodologia de melhoria - A panacéia para soluções de problemas

- Uma fonte de idéias inovadoras - Algo habitual em um negócio

- Uma oportunidade de aprendizagem - Um modismo de gestão

- Uma análise objetiva do trabalho - Uma teoria subjetiva

- Uma abordagem de aprendizagem baseada em processos - Apenas uma medição de desempenho do processo

- Um meio que gera idéias de melhoria - Apenas uma comparação quantitativa de resultados

Fonte: Watson (2007, p. 21).

A conclusão é que apesar das diversas definições de benchmarking, após a difusão do

conceito, pela Xerox em 1979, a essência do mesmo contínua sendo a mesma: um processo

sistemático e contínuo de comparação com os melhores e que tem como finalidade descobrir e

adaptar as melhores práticas, do mercado, que levarão a um desempenho superior.

4.1 DIFERENÇA ENTRE BENCHMARKING E BENCHMARK

A importância de distinguir os conceitos de benchmarking e benchmark advém da

necessidade de posicionar o primeiro como um processo sistemático e contínuo e que precisa

dos benchmarks para a sua realização.

Sendo assim de acordo com Camp (1996, p. 16-17):

Benchmarking – É o processo contínuo de comparar nossos produtos, serviços e

práticas contra nossos mais duros concorrentes ou aquelas empresas conhecidos como líderes

(Definição da Xerox).

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Benchmarks – Podem ser descritivos, como no relato de uma melhor prática da

indústria. Eles podem ser convertidos em uma medida de desempenho que mostra o efeito de

incorporar ou adaptar a prática.

Bogan e English (1997, p. 57) mencionam que:

Os benchmarks são ferramentas vitais do gerenciamento do desempenho para ajudar

a trazer o foco às oportunidades de melhoria, através da identificação dos pontos

fortes ou fracos. Os benchmarks ainda requerem que seja interpretado o seu

significado. O benchmarking é o processo sistemático pelo qual uma organização

tenta identificar as melhores práticas e implementar aquelas que levam a sua

empresa a um desempenho superior.

Um problema referente ao conceito de benchmarking é que na maioria dos casos as

organizações estão se limitando a copiar produtos e serviços dos concorrentes identificados

como os melhores em um campo particular sem o desenvolvimento de um processo contínuo

de revisão e avaliação do método (CRUCERU, 2013).

4.2 PRODUTOS DE UM BENCHMARKING

De acordo com Watson (c1994, p. 20) um estudo de benchmarking produz dois

resultados:

- Uma medida de excelência que pode ser usada como padrão para comparação de

desempenho.

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- Determinação dos capacitadores de processo que ajudaram a desenvolver o nível de

desempenho observado.

Capacitadores são os métodos que geram um desempenho excepcional, designam-se

também por capacitadores, as atividades que facilitam o aperfeiçoamento do desempenho

observado nas melhores empresas (MADEIRA, 1999, p. 364).

Referente ao conceito de capacitador de processo não existe um consenso entre os

autores, na literatura, sobre este termo e o conceito de melhores práticas. Mesmo Watson

(c1994) na sua obra mais recente conceituou capacitador como a atividade específica, ação,

método ou técnica que estimula o progresso de um processo em relação aos processos

comparativos e levam à identificação de uma melhor prática (WATSON, 2007, p. 16).

Leibfried e Mcnair (1992, p. 19) afirmam que:

O objetivo predominante do benchmarking é identificar a melhor prática. Contudo,

saber não é fazer. Para que essa técnica tenha sentido, ela tem de ser aplicada ao

processo de criação de valor, ajudando a priorizar as oportunidades de melhoria, a

aumentar o desempenho em relação às expectativas do cliente (o que melhora as

vendas) e a evitar o tradicional ciclo de mudança (LEIBFRIED; MCNAIR, 1992, p.

19).

A respeito dos dados gerados Zairi e Leonard (1995, p. 248) ressaltam que:

O benchmarking, todavia, pode gerar dados quantitativos ou dados qualitativos. A

informação é o resultado do exercício. Não se pode, portanto, destinar o exercício de

benchmarking para, somente, gerar informação quantitativa.

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De acordo com Boxwell (1996, p. 118):

Se há um ponto importante sobre a análise de dados que você deve lembrar-se é o de

que à pergunta ‘Como?’ Freqüentemente é mais valioso para seus esforços de

benchmarking do que responder à pergunta ‘Quanto?’ Benchmarking não é apenas

um exercício de números.

De acordo com Camp (1996, p. 136) os produtos de gerência, referentes a um

programa de benchmarking, são expressos como cinco requisitos:

(1) uma declaração de estratégia;

(2) identificação dos principais produtos, serviços e processos submetidos ao

benchmarking;

(3) relatar poucas medidas vitais de desempenho mantidas como benchmarks;

(4) priorização das atividades de benchmarking;

(5) contribuição para os resultados da empresa

Assim, com base na conceitualização da maioria dos autores o benchmarking tem

como principal finalidade encontrar e implantar, adaptando criativamente, as melhores

práticas que irão levar a um desempenho superior da organização. Os capacitadores

constituem os meios como estas práticas serão encontradas.

As melhores práticas podem ser definidas como um conjunto de atividades, tarefas,

recursos, treinamento e métodos que criam o nível de referência observado de desempenho

(benchmark) em um processo de trabalho observado (WATSON, 2007, p. 15-16).

Para Watson (2007, p. 23-24) um benchmarking para ser efetivo deve:

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- ser um processo sistemático, estruturado, que segue uma prática disciplinada e aplica

um método científico;

- tornar-se um processo de aprendizagem contínua, que incentiva a organização a

crescer além de suas capacidades atuais;

- se orientar por dados de forma adequada usando métodos de coleta de dados,

procedimentos de amostragem, análises estatísticas, e comparações gráficas, de modo a

assegurar comparações e conclusões adequadas.

- a busca por melhores práticas não deve parar após o desempenho ter sido alcançado;

- elevar o desempenho além do observado nas organizações de referência. Assim a

aprendizagem não é suficiente é a disciplina de execução que faz a distinção.

4.3 VANTAGENS DE UM BENCHMARKING

De acordo com Hashim e Yusoff (2008) os princípios de benchmarking nas empresas

foram criados para ajudar a melhorar o desempenho, aumentar a capacidade de resposta às

necessidades dos clientes, reduzir o tempo de ciclo, melhorar a qualidade dos bens e serviços

em suas organizações, aumentar a satisfação no trabalho por meio de capacitação dos

funcionários e melhorar os processos de negócios

De acordo com Bogan e English (1997, p. 281): “Se as organizações decidem abordar

o gerenciamento da mudança de um modo sistemático, benchmarking é comprovadamente a

mais ponderosa ferramenta a seu alcance”.

Boxwell (1996, p. 20-21) explicita que o benchmarking:

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- É a maneira mais eficiente de se fazer melhorias – Elimina o antigo processo de

aprendizagem na base da tentativa e erro, pois os gerentes podem usar processos que outros já

provaram ser efetivos.

- Ele ajuda as organizações a fazer melhorias mais rapidamente – Uma competência madura

de benchmarking possibilita que uma organização faça as coisas melhor e de maneira mais

rápida ao trabalhar ao longo do processo de benchmarking em menos tempo.

- Ele tem o potencial para elevar significativamente o desempenho coletivo das empresas

americanas – O benchmarking eleva os processos-chave das empresas a padrões de classe

mundial.

Segundo Zairi e Leonard (1995, p. 50-53) o benchmarking é importante nas áreas de:

- Planejamento da empresa

- Desdobramento de políticas

- Resolução de problemas da empresa

- Melhoria contínua

- Satisfação do consumidor

- Mudança cultural

- Aprendizagem contínua

- Gestão baseada em fatos

- Melhoria do processo da empresa

- Desenvolvimento da estratégia

Boxwell (1996, p. 20-21) adverte que:

Usar benchmarking para estabelecer metas sem oferecer àqueles que devem cumpri-

las o entendimento dos processos fundamentais pode causar frustrações no pessoal

envolvido. Além disso, queimar os recursos da empresa num benchmarking de

qualidade inferior é um desperdício terrível.

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Os benefícios básicos do benchmarking:

[...] são obtidos do atendimento das exigências dos clientes, do estabelecimento de

metas, da medição real de produtividade, da competitividade e da garantia de que as

melhores práticas da indústria estão incluídas nos processos de trabalho (CAMP,

1993, p. 23).

Zairi e Leonard (1995, p. 247) também reforçam que:

O benchmarking é um estimulante do pensamento criativo e também muito útil para

medir as ideias e seu valor. Incentivar as pessoas a fazer o benchmarking

externamente vai melhorar as contribuições criativas dos empregados e, portanto,

levar grandes benefícios a suas organizações.

De acordo com a FPNQ (2005, p. 24):

O benchmarking é uma alternativa à maneira tradicional de se estabelecerem metas e

objetivos. A concentração no ambiente externo como base para essas metas é a única

maneira eficaz para se realizar essa tarefa.

Leibfried e Mcnair (1992, p. 99) afirmam que o benchmarking é o instrumento que

transforma o impreciso processo da melhoria contínua em um plano de ação objetivo.

De acordo com Lopes (2002, p. 28-38) o processo de benchmarking:

- Estimula e desenvolve a competitividade das empresas;

- Acelera o processo de aprendizado organizacional;

- Traz um foco externo que estimula a criatividade e inovação;

- Funciona como um catalisador e desenvolve senso de urgência para mudanças;

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- Fornece referenciais externos para o planejamento e para outras iniciativas como

reengenharia;

- Aumenta a pontuação obtida nas avaliações para os Prêmios Nacionais de

Qualidade.

4.4 FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO

As escolhas mais críticas de um processo de benchmarking normalmente estão

relacionadas com a escolha do nível em que é mais benéfico (estratégico, processo ou outro) e

com as entidades de referência (concorrentes ou empresas best-in-class) com que as

comparações serão feitas para identificar áreas de melhoria (DERVITSIOTIS, 2000).

Leibfried e Mcnair (1992, p. 23) afirmam que:

Antes de se empreender qualquer benchmarking, o objetivo ou meta final tem de ser

entendida muito claramente, e os custos e benefícios potenciais avaliados. Sem essa

análise, o benchmarking não passa de um dreno de recursos, reduzindo o valor para

os investidores.

Ainda segundo estes Leibfried e Mcnair (1992, p. 99) são questões-chave para

alcançar o sucesso deste processo:

- Objetivos claros precisam ser identificados.

- As pessoas precisam ser convencidas de que a mudança é de seu maior interesse

- Barreiras organizacionais precisam ser superadas.

- O enfoque tem que ser expandido para incluir medidas de desempenho externas e

objetivas orientadas por uma clara compreensão das necessidades dos clientes.

- A gerência precisa reforçar a mensagem da mudança contínua e sistematicamente

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- O processo de mudança precisa ser despersonalizado (LEIBFRIED; MCNAIR,

1992, p. 99).

Leibfried e Mcnair (1992, p. 191) ainda complementam que:

[...] na realização de um estudo de benchmarking das empresas líderes, bastante

atenção deve ser dispensada às restrições e aos propulsores sob os quais a firma

opera. Restrições e propulsores podem ser bem difíceis de superar.

Bogan e English (1997, p. 89) alertam para a importância das organizações adotarem

as melhores práticas, adaptá-las ao seu próprio ambiente de trabalho e avançar na execução

por meio de por meio de uma cuidadosa implementação e de um contínuo aperfeiçoamento

destas práticas. Também alertam para outros fatores críticos de sucesso:

- Apoio da alta gerência.

- Treinamento em benchmarking da equipe do projeto.

- Sistemas de tecnologia da informação útil.

- Hábitos culturais que apoiem o aprendizado.

- Recursos, especialmente em forma de tempo, dinheiro e equipamento adequado.

Bogan e English (1997, p. 205-206) ressaltam a importância do compromisso pessoal

dos executivos para o sucesso do benchmarking e ainda reforçam a importância dos sistemas

e ações gerenciais apoiarem e encorajarem o benchmarking e o aprendizado ativo através de

comparações e ações. São exemplos de sistemas gerenciais: recompensa e reconhecimento,

avaliação de desempenho, redes de trocas de informações e processos de planejamento

estratégico.

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Berg (2003) afirma que o benchmarking é uma matéria que abrange diversas

especialidades e devido ao fato de não estar, por si só baseado numa ciência exata, o sucesso

da sua aplicação depende muito do bom senso.

De acordo com Camp (1996, p. 22): “os profissionais do benchmarking entendem que

para obter o maior retorno é necessário concentrar as atividades de benchmarking nos

processos de negócios, e na melhoria desses processos”.

Em pesquisa mais recente Anand e Kodali (2008) explicitam que os artigos mais

antigos sobre benchmarking, em sua maior parte, buscavam inferir sobre os fatores críticos de

sucesso referentes ao processo. Atualmente a literatura mudou com a finalidade de melhor

entender os fatores necessários para a melhoria do processo. Dattakumar e Jagadeesh (2003)

apoiam este fato mencionando que a técnica de benchmarking tem caminhado para um nível

de maturidade, considerando-se a gama de publicações a respeito do tema.

4.5 PRINCÍPIOS DO BENCHMARKING

De acordo com Watson (c1994, p. 53-56) os princípios de benchmarking são:

- Reciprocidade – é uma prática baseada em relações recíprocas.

- Analogia – o processo de trabalho de qualquer empresa pode ser avaliado, desde

que a equipe que realiza o estudo seja capaz de reproduzir o contexto cultural,

estrutural e empresarial da outra empresa em seu próprio contexto.

- Medição – é o princípio de comparação de desempenho entre duas empresas a fim

de compreender porque existem os vários graus de desempenho e como o maior

grau foi obtido.

- Validade – a fim de observar e correlacionar capacitadores de processo com as

medidas de desempenho, deve-se coletar fatos e dados válidos e utiliza-los para

comparações de processo (WATSON, c1994; p.53-56).

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De acordo com Watson (c1994, p. 45) assim como as empresas devem criar seus

próprios processos de gestão da qualidade adaptando práticas adequadas a partir de um

conjunto completo de métodos de qualidade e de gestão o mesmo deve ocorrer para o

benchmarking.

Leibfried e Mcnair (1992, p. 304) também afirmam que:

[...] os estudos de benchmarking precisam atender a um conjunto definido de

critérios, a saber, comparabilidade, objetividade, adaptabilidade e continuidade.

Caso inexista um alto nível de comparabilidade entre as empresas estudadas e a

patrocinadora – conforme difinido e medido pelos propulsores de desempenho e

pelas restrições básicas – o estudo não pode chegar a resultados utilizáveis.

4.6 CÓDIGO DE CONDUTA DE BENCHMARKING

Segundo Watson (2007, p. 278-280) os nove princípios que fazem parte do código de

conduta de benchmarking são:

- Princípio da Legalidade – Lida com a restrição de qualquer análise ou ação que possa

implicar uma limitação de acordos de negócios, de mercado e de localização de clientes,

fixação de preços, arranjos de negociação, manipulação de oferta ou suborno, aquisição de

segredos empresariais ou divulgação da informação dos parceiros.

- Princípio de Troca – Refere-se ao intercambio de informações entre os parceiros de

benchmarking

- Princípio de Confidencialidade – A informação ganha de qualquer parceiro deve ser

considerada como patenteada e confidencial. A divulgação da mesma só deve ocorrer

mediante permissão expressa desse parceiro.

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- Princípio de Uso – A informação de qualquer estudo de benchmarking tem como único

propósito melhorar os processos operacionais dentro de uma empresa.

- Princípio de Primeiro Contato – Os contatos de benchmarking sempre devem ser iniciados

com proprietários do processo parceiro.

- Princípio de Terceira Parte – Nomes dos participantes de uma equipe de benchmarking e da

pessoa de contato de uma empresa só devem ser compartilhados mediante autorização prévia

dos mesmos.

- Princípio de Preparação – É necessário completar todo o trabalho preparatório, para o

estudo, antes de entrar em contato com o parceiro potencial de benchmarking: estudos

internos e comparações, medidas, validação, etc.

- Princípio de Conclusão – Não se deve assumir nenhum compromisso com o parceiro de

benchmarking se não houver a certeza de que conseguirá prosseguir de maneira oportuna e

propícia para realização do mesmo.

- Princípio de Compreensão e Ação – Antes de começar um estudo de benchmarking é

necessário que haja um acordo entre as empresas de como as empresas participantes

gostariam de ver a informação tratada e manuseada (WATSON, 2007, p. 278-280).

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5 TIPOS DE BENCHMARKING

Apesar de Watson (2007) ter estudado e traçado uma evolução para os tipos de

benchmarking. Uma revisão aprofundada da literatura revela que existem diferentes formas de

classificação os mesmos. Outro fator é que existem diferentes definições para cada tipo de

benchmarking, não existindo assim um consenso entre os autores.

Em revisão de literatura recente realizada por Anand e Kodali (2008) identificaram o

esquema de Fong, Cheng e Ho (1998) como uma boa forma de classificação dos diferentes

tipos, conforme mostrado na Tabela 5.

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Tabela 5 – Os Tipos de Benchmarking

Classificação Tipo Significado

Natureza do parceiro de referência Interno Compara dentro de uma mesma organização o desempenho de unidades de negócios similares ou o processo

Competitivo Comparação com concorrentes diretos, a fim de alcançar ou mesmo superar eles desempenho geral

Industrial Comparação com a empresas do mesmo setor, incluindo empresas não concorrentes

Generico Comparação se estende além das fronteiras da indústria

Global Comparação com organizações onde a localização geográfica se estende além das fronteiras do país

Conteúdo do Benchmarking Processo Pertencente a um processo de trabalho e sistema operacional

Funcional A aplicação da avaliação comparativa compara determinadas funções administrativas em duas ou mais organizações

Performance Características do resultado, quantificaveis em termos de preço, velocidade, confiabilidade, etc

Estratégico Envolve avaliação estratégica em vez de questões operacionais

Forma de relacionamento Competitiva Comparação para ganhar superioridade sobre os outros

Colaborativa Comparação para o desenvolvimento de um ambiente de aprendizado e compartilhamento de conhecimento

Fonte: Fong et al. (apud ANAND; KODALI, 2008).

Ainda referente ao modelo de Fong, Cheng e Ho (1998) é importante ressaltar que o

mesmo contempla direta ou indiretamente os diferentes tipos de benchmarking mencionados

por referências na literatura, como: Camp (1989), Leibfried e Mcnair (1992), Watson (c1994)

e Bogan e English (1997).

Ao selecionar um tipo de benchmarking as organizações devem considerar fatores tais

como o grau de interdependência e o número de parceiros do benchmarking. Também deve

ser levado em consideração o grau de confiança mutua e as atividades estratégicas que

norteiam a escolha (FONG; CHENG; HO, 1998).

Referente aos diferentes tipos de benchmarking, após um ampla revisão da literatura,

Anand e Kodali (2008) ressaltaram que:

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Com base em nosso conhecimento de domínio e experiência, gostaríamos de afirmar

que, o benchmarking deve ser classificada como benchmarking interno e externo.

Todos os outros casos como estratégico, produto, processo, funcional, etc, podem

ser listados sob estas duas categorias. Isto porque, como nós gostamos de referência,

precisamos decidir sobre o assunto de benchmarking e o assunto pode ser um

produto, processo, função, estratégia, desempenho ou até mesmo um padrão para um

prêmio como o da Fundação Europeia para a Gestão da Qualidade prêmio de

excelência, etc (ANAND; KODALI, 2008).

A questão do impacto (benefício e a velocidade de obtenção do mesmo) varia de

acordo com o tipo de benchmarking escolhido. O benchmarking de processo se caracteriza

como o mais simples de aplicar e com resultado mensurável logo após a implantação das

medidas recomendadas. Isso já não é tão simples de se visualizar no benchmarking de

desempenho (Performance) ou estratégico. O de desempenho envolve a execução de clínicas

com consumidores, redesenhos e criações de produtos, engenharia reversa e outros processos.

Já o benchmarking estratégico, pode afetar na escolha de segmentos de mercado, preços e

processos de atendimento à demanda, e até na mudança radical do portfólio de negócios de

um conglomerado (TERRA; ALMEIDA, 2008). A relação entre os tipos de benchmarking e a

relação entre impacto e rapidez é mostrada na Figura 5.

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Figura 5 – Tipos de Benchmarking quanto ao Conteúdo

Fonte: TerraForum (2008)

Sem dúvida o benchmarking estratégico é o exercício mais difícil de benchmarking,

isso porque a empresa tem de lidar com um conjunto único diferente de condições internas e

externas, conforme identificado por uma análise SWOT (forças, fraquezas, ameaças,

oportunidades). A análise comparativa a nível estratégico fica ainda mais complicada pela

necessidade de cada empresa ter que mudar a postura estratégica em diferentes épocas, com

base em seu nível de maturidade e em circunstâncias específicas relevantes para o seu

mercado como tecnologias disponíveis e outras mais (DERVITSIOTIS, 2000).

Para Watson (c1994, p. 89):

O objetivo do benchmarking estratégico é sustentar o aperfeiçoamento a longo prazo

dos processos empresariais-chave que fornecem vantagem competitiva para uma

empresa. O processo utilizado para benchmarking estratégico é o mesmo utilizado

para um estudo de benchmarking de processo; o que difere é a natureza comercial

estratégica do processo estudado.

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Camp (1996, p. 35) menciona que a abordagem do benchmarking nos processos de

negócios corrige duas deficiências principais que historicamente têm constituido importantes

problemas para colocar em execução melhorias contínuas ou conseguir produtividade:

A classificação provê uma disciplina e institucionaliza a metodologia da abordagem.

Ela fornece uma base para um plano e a disciplina na execução. [...] A classificação

também institucionaliza a abordagem para a melhoria contínua porque define como

ela deve ser feita, isto é, a melhoria contínua será conseguida melhorando

sequencialmente todos os processos (CAMP, 1996, p. 35).

Tão importante quanto escolher o tipo de benchmarking é aferir a eficácia do modelo.

Sendo assim o sucesso do benchmarking estratégico é medido através de amplos fatores de

desempenho organizacionais, tais como taxa de crescimento anual, mix de produtos e medidas

financeiras. Do de produto, performance, esta ligado à International Standard Organization

(ISO), padrão do produto uniforme, como ISO9002. Já o do benchmarking de processo esta

relacionado com a perspectiva de negócios internos da organização e com o foco em sua

eficácia, eficiência e adaptabilidade (KARI apud GARG; MA, 2005).

5.1 DEFINIR O TIPO E O NÍVEL DO BENCHMARKING

De acordo com Dervitsiotis (2000) o benchmarking interno é uma valiosa fonte de

informação disponível para empresas com várias plantas ou ramos. Tem sido relatado na

literatura que pode haver uma diferença de mais ou menos vinte a trinta por cento para os

indicadores de desempenho críticos entre o melhor e os executantes médios dentro de uma

mesma organização. O benchmarking interno pode fornecer informações valiosas para as

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empresas com muitas plantas de fabricação, grandes empresas de seguros, grandes bancos e

redes de varejo.

Assim os estudos de benchmarking interno tipicamente fornecem uma informação

mais detalhada sobre potencial de aperfeiçoamento de processo, pois as barreiras para

cooperação entre empresas não estão presentes entre os parceiros (WATSON, c1994, p. 103).

Dez razões para começar pelo benchmarking interno de acordo com Leibfried e

Mcnair (1992, p. 57-58):

1 – Para detalhar processos e redes de atividades existentes – estabelecendo linhas

de base

2 - Para identificar diferenças de desempenho entre processos internos similares

3 - Para elevar todas as operações ao nível de desempenho mais alto possível, dadas

as restrições e suposições existentes

4 - Para identificar a primeira rodada de esforços de melhoria – “colher bons frutos”

5 - Para estabelecer práticas e procedimentos comuns

6 - Para abrir linhas de comunicação dentro da organização

7 - Para criar um compromisso organizacional com o benchmarking

8 - Para incentivar o processo total de benchmarking

9 - Para priorizar as oportunidades de benchmarking

10 - Para identificar e classificar os propulsores chaves de desempenho em

categorias inerentes, estruturais e de desempenho (LEIBFRIED E MCNAIR, 1992,

p. 57-58).

Ainda segundo Leibfried e Mcnair (1992, p. 27): “O benchmarking interno constitui o

primeiro passo de qualquer exercício de benchmarking, por fornecer a estrutura para se

compararem as práticas internas existentes com os dados do benchmarking externo”.

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Leibfried e Mcnair (1992, p. 62) destacam que um dos benefícios do benchmarking

interno é a criação de um grupo permanente de apoio à melhoria:

Uma vez identificada a melhor prática interna, os grupos de melhor desempenho

podem orientar os demais participantes na fixação de objetivos realistas para

alcançarem o seu nível. Cada um dos marcos assim estabelecidos reforça o conceito

da melhoria contínua – o movimento lógico na direção da excelência competitiva.

O processo físico de realização das atividades é o material ou a estrutura para a

condução do estudo de benchmarking interno. Pelo exame das atividades existentes, a

empresa obtém as informações necessárias sobre quem esta envolvido nas diferentes partes do

processo, por que estão envolvidos, o que estão fazendo e por que o estão fazendo

(LEIBFRIED; MCNAIR, 1992, p. 52).

Leibfried e Mcnair (1992, p. 116):

Ainda que o benchmarking competitivo e o setorial possam parecer a forma mais

óbvia de se começar, eles inevitavelmente levam ao benchmarking das empresas

líderes. A aprendizagem do benchmarking resulta de sua prática: da aplicação e da

elaboração do conceito dentro de cada organização (LEIBFRIED, MCNAIR, 1992,

p. 116).

De acordo com a FPNQ (FUNDAÇÃO PRÊMIO NACIONAL DA QUALIDADE

2005, p. 20) o benchmarking, na sua essência e com o objetivo de quebrar paradigmas e gerar

melhorias significativas, é tipicamente realizado no âmbito externo. No entato este entende o

benchmarking interno é de grande valor, pelas seguintes razões:

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- Inicia a cultura e a prática do benchmarking na organização;

- Identifica as melhores práticas dentro da organziação;

- Permite a obtenção das informações comparativas de forma naturalmente mais

fácil;

- Facilita a parceria;

- Valoriza o pessoal interno;

- Possui custos menores;

- É geralmente mais rápido (FPNQ, 2005, p. 20).

Assim, tendo como base a revisão de literatura acima, entende-se que o benchmarking

interno deve constituir o primeiro passo para qualquer empresa, que possua as condições

necessárias, e queira iniciar a estruturação de um processo de benchmarking.

Uma vez constituído o benchmarking interno é importante ressaltar que o

benchmarking competitivo e setorial fornece os detalhes para alcançar, e depois ultrapassar,

as empresas que estão competindo pelos seus investidores e lucros (LEIBFRIED; MCNAIR,

1992, p. 108). Ainda segundo estas:

O ponto-chave a ser lembrado é que o benchmarking competitivo tem o seu enfoque

limitado ao desempenho da firma em relação a duas ou três empresas vendendo os

mesmos produtos a mais ou menos os mesmos mercados. O benchmarking setorial é

mais amplo, enfoca tendências em vez de posições competitivas existentes e é usado

no exame do desempenho de sub-sistemas.”

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6 ALINHAR O BENCHMARKING COM A ESTRATÉGIA

Utilizar o benchmarking como uma ferramenta de estratégia empresarial é uma

maneira eficaz de avaliar as opções e escolher entre diferentes alternativas considerando as

implicações estratégicas que podem ser observadas em situações análogas (WATSON, 2007,

p.58).

De acordo com Fischmann e Almeida, (1991, p. 25):

Planejamento estratégico é uma técnica administrativa que, através da análise do

ambiente de uma organização, cria a consciência das suas oportunidades e ameaças

dos seus pontos fortes e fracos para o cumprimento da sua missão e, através desta

consciência, estabelece o propósito de direção que a organização deverá seguir para

aproveitar as oportunidades e evitar riscos.

Sendo assim Carlini e Wanderley (2004) ressaltam que na elaboração de um

planejamento estratégico é importante que se identifiquem os fatores críticos de sucesso para

se atingir os objetivos propostos e que estes devem fazer parte de qualquer estudo de

benchmarking visto que são relevantes para que os resultados das empresas sejam alcançados

e fundamentais para a sobrevivência destas.

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Cruceru (2013) reforça essa idéia explicitando que a simples análise de concorrentes

não constitui uma atividade de benchmarking, no verdadeiro sentido da palavra. Para isso é

necessário ter um pensamento estratégico de gestão, porque só através de um planejamento

adequado os resultados poderão ser conseguidos por este método.

De acordo com Camp (1996, p. 15):

No enfoque estratégico, o benchmarking é concentrado nos pontos estratégicos

competitivos fracos e fortes. Ele é usado para compreender e desenvolver estratégias

competitivas de produto e serviço, para estabelecer metas de desempenho de

produto, serviço, níveis de apoio ao consumidor, e índices financeiros; e para

desenvolver as práticas essenciais que levam às metas estratégicas.

Para Watson (c1994; p. 32-36) o estabelecimento de direção estratégica como também

a compreensão sobre a maneira do benchmarking estratégico se encaixa no processo de

planejamento ocorre por meio das ideias de:

- Intenção Estratégica – É a habilidade de uma empresa manter um compromisso em

longo prazo para liderança global em relação a seu arqui-inimigo. É a ação que se segue

através da visão que foi estabelecida (HAMEL; PRAHALAD, 1989; p. 64).

- Competências Principais – é o aprendizado coletivo da organização, sobretudo como

coordenar diversas habilidades de produção e integrar múltiplas correntes de tecnologias

(PRAHALAD; HAMEL, 1990, p. 82).

- Capacidades de Processo – Uma capacidade é um conjunto de processos

empresariais estrategicamente compreendidos. A estratégia de uma empresa é formada por

processos empresariais chaves funcionais e cruzados que garantem valor superior ao cliente

(STALK; EVANS; SHULMAN, 1992, p. 62) (WATSON, c1994, p. 32-36).

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Formam a base para a junção entre benchmarking e planejamento empresarial

estratégico, segundo Watson (c1994, p. 27):

- A escolha estratégica de tópicos de benchmarking e parceiros em potencial para

estudos de benchmarking;

- Integração com outras informações competitivas a fim de fornecer uma imagem

exata das opções disponíveis para desenvolvimento futuro da empresa;

- Exposição à revelação em potencial de propriedade intelectual que deveria ser

cuidadosamente protegida; nem todos os empregados compreenderão o nível apropriado de

revelação ou os critérios para revelação dessa informação para outras empresas;

- Uma necessidade de estabelecer metas razoáveis para o desenvolvimento de uma

empresa e determinar estratégias de implementação de mudança para atingir essas metas.

Ainda, segundo Watson (c1994, p. 36) para serem úteis esses conceitos devem ser

integrados e as lições aprendidas a partir da identificação de uma abordagem integrada à

estratégia devem formar um paralelo com a necessidade de uma abordagem integrada relativa

ao “benchmarking”. Ele ressalta também que a sincronização de atividades e a intenção

estratégica de uma empresa formam o princípio fundamental por trás do benchmarking

estratégico.

De acordo com Zairi e Leonard (1995, p. 246):

O benchmarking para ser efetivo, tem que ser desdobrado estrategicamente e,

portanto, não é algo que possa ser comprado pronto. Ele tem que refletir os medos,

as aspirações, a missão, a visão, os fatores críticos de sucesso etc. da organização.

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Sobre a análise de prioridades da empresa e dos departamentos Camp (1996, p. 26)

afirma que:

[...] equipe de benchmarking deve reunir todos os materiais que são declarações

específicas da missão ou visão e metas ou objetivos. A equipe deve primeiro enfocar

a organização como um todo e depois o departamento ou a divisão em estudo.

Ainda de acordo Camp (1996, p. 28):

É a combinação de metas organizacionais em conjunto com contribuições

específicas dos clientes sobre o atendimento de suas necessidades que fornece a

direção necessária para a equipe de benchmarking. Este processo de priorização é a

verificação definitiva da realidade.

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7 PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO DE UM BENCHMARKING

Desde o surgimento do benchmarking, em 1979, a partir de uma experiência científica

da Xerox, apareceram diversos modelos sugeridos para implementação de um processo de

benchmarking.

Sendo o Benchmarking um processo o mesmo pode incluir uma grande variação de

medidas a serem tomadas de acordo com os envolvidos. Alguns usam trinta etapas e outros

usam apenas quatro. Assim não existe um padrão comum que retoma de como o processo

contínua do inicio ao fim. Por exemplo, Spendolini (1992) identificou um modelo de

benchmarking genérico de cinco estágios. Boxwell (1996) delineou oito etapas para o

processo de benchmarking enquanto Leibfried e McNair (1992) apenas delinearam três

etapas, medição, análise e mudança (ANAND; KODALI (2008).

De acordo com Boxwell (1996, p. 24):

Existem muitas maneiras de se praticar o benchmarking, e a maioria das

organizações que implantou o benchmarking teve como objetivo o processo básico

para satisfazer suas necessidades específicas.

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Em uma revisão de literatura sobre o tema Deros, Yusof e Salleh, (2006) classificaram

os diferentes modelos de benchmarking como:

- Modelos de consultores e especialistas

- Modelos de pesquisadores acadêmicos

O mesmo esquema de categorização foi estendido a posteriori, para incluir os modelos

organizacionais, desenvolvidos ou propostos por empresas, conforme é mostrado a seguir na

Tabela 6 (ANAND; KODALI, 2008).

Tabela 6 – Taxonomia dos Modelos de Benchmarking

Taxonomia Modelos de Benchmarking

Modelos de Consultores e Especialistas Camp (1989)Codling (1992)Vaziri (1992)Boxwell (1994)Spendolini (1992)Watson (1993)Sole and Bist (1995)Balm (1992)Harrington and Harrington (1996)Macdonald and Tanner (1996)Matters and Evans (1997)Pulat (1994)Leibfried and McNair (1992)Maas and Flake (2001)Keehley and MacBride (1997)Finnigan (1996)

Modelos de Pesquisadores Acadêmicos Anderson and Moen (1999)Andersen and Pettersen (1996)Fong et al. (1998)Yassin and Zimmerer (1995)Bateman´s (1989) model (Elmuti and Kathawala, 1997)Freytag and Hollensen (2001)Drew´s model (Carpinetti and de Melo, 2002)Longbotton (2000)Shetty´s model (Lema and Price, 1995)

Modelos Organizacionais Xerox (Finnigan, 1996)NPC India (Nandi, 1995)AT&T (Bemowiski, 1991)ALCOA (Bemowiski, 1991)Society of Manufacturing Engineers (Fridley et al. 1997)Corning Company (Sweeney, 1994)Yellow Pages (Simpson and Kondouli, 2000)The Employment Service (Simpson and Kondouli, 2000)Avon Product´s Benchmarking (Leibfried and Mcnair, 1992)

Fonte: Anand e Kodali (2008).

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Um modelo muito básico e comum de processo de benchmarking é o modelo da

Xerox. Ele inclui cinco fases e, em seguida, diferentes medidas são tomadas em cada fase. As

principais vantagens deste é que a sistemática na sua forma de tentar melhorar o desempenho,

tem uma natureza cíclica, que faz com que seja contínuo e enfatize a criação de metas. A

seguir na Figura 6 o modelo, como é apresentado por Camp (1989) em cinco fases:

planejamento, análise , integração, ação e maturidade.

Figura 6 – Modelo de Benchmarking da Xerox

1 - Identificar o que marcar para referência

2 - Identificar organizações comparativas

3 - Determinar método de coleta de dados e efetuar a coleta

4 - Determinar a "lacuna" competitiva correta

5 - Projetar futuros níveis de desempenho

6 - Comunicar descobertas de marcos de referência e obter aceitação

7 - Estabelecer metas funcionais

8 - Desenvolver planos de ação

9 - Implementar ações especificas e monitorar progressos

10 - Recalibrar os marcos de referência

- Posição de liderança atingida- Práticas plenamente integradas aos processos

Planejamento

Análise

Integração

Ação

Maturidade

Fonte: Camp (1989).

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Realizando um benchmarking de 35 diferentes modelos de benchmarking Anand e

Kodali (2008) identificaram 13 passos comuns em todos os processos, conforme Tabela 7.

Tabela 7 – Passos comuns nos Processos de Benchmarking

Qtde Passos

1 Identificar o objeto de estudo do benchmarking

2 Identificar os parceiros de benchmarking

3 Realizar estudo de benchmarking

4 Determinar diferença de competitividade atual

5 Estabelecer objetivos funcionais

6 Desenvolver planos de ação

7 Implementar de planos de ação para reduzir lacuna

8 Recalibrar o ponto de referência (benchmark )

9 Entender a situação atual através do recolhimento e análise da informação existente sobre o tema a ser aferido

10 Monitorar os resultados das ações implementadas

11 Identificar os fatores críticos de sucesso ou indicadores do assunto a ser aferido

12 Medir o estado actual do assunto a ser aferido em relação aos fatores criticos de sucesso / indicadores

13 Formar uma equipe de benchmarking e identificar o líder da equipe para realizar estudo de benchmarking

Fonte: Anand e Kodali (2008).

Assim, baseado nestes passos em comum e tendo como finalidade aperfeiçoar o

modelo mais tradicional de benchmarking, o da Xerox Anand e Kodali (2008), propuseram o

modelo conceitual de 12 passos para execução de um processo de benchmarking, a seguir na

Figura 7.

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Figura 7 – Modelo Benchmarking dos Modelos de Benchmarking

Constituição da Equipe

Identificação do

Auto Análise

Validação do Cliente

Validação da

Seleção de

Atividades de Pré Aferição

Aferição

Analise de Gaps

Elaboração de Plano de Ação

Implementação

Melhoria Continua

Fonte: Anand e Kodali (2008).

Independente do modelo tradicional proposto por Camp (1989) e do conceitual

proposto por Anand e Kodali (2008), decorrente da analise de 35 diferentes processos, o

benchmarking é essencialmente baseado em quatro passos, que respeitam o ciclo de Edwards

Deming (planejar-desenvolver-checar-agir), como mostra a Tabela 8 (WATSON, c1994, p. 5-

6; WATSON, 2007, p. 64-65):

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Tabela 8 – Etapas do Processo de Benchmarking

ETAPA DESCRIÇÃO

1- Planejamento do Projeto (Plan )Se resume a o questionamento do que deve ser objeto debenchmarking e aescolha da empresa que será estudada.

2 - Recolhimento dos Dados (Do )

É a realização de pesquisas secundária e primária. Consisteem analisar dois tiposde informações: as que são de domínio público, publicadas naimprensa ou emrevistas especializadas, e as provenientes do contato direto com essas empresasatravés de questionários, entrevistas ou visitas.

3 - Análise dos Dados (Check )

Compreende a analise das informações recolhidas segundo dois aspectos: adeterminação das diferenças de desempenho (gaps) e uso de medidas debenchmarking identificadas durante a etapa de planejamento; além daidentificação dos capacitadores de processo (enablers) que possibilitaram osaperfeiçoamentos de desempenho nas principais empresas.

4 - Adaptação e melhoria (Action )

Esta fase é orientada para a ação e envolve os esforços de mudança daorganização para melhorar o seu desempenho de acordo com as conclusões doestudo. Envolve a adaptação, o aperfeiçoamento e a implementação decapacitadores adequados ao processo de benchmarking.

Fonte: Watson (c1994).

Referente à escolha do melhor processo de benchmarking Bogan e English (1997, p.

106) discorrem sobre a grande variação existente em diferentes empresas e mencionam que:

A melhor abordagem reflete o bom senso: adotar o processo de benchmarking que

se adapte à cultura da organização e às iniciativas já existentes para a melhoria da

qualidade. Os praticantes de benchmarking bem-sucedidos constataram que é muito

mais importante começar sobre a base e cultura gerencial existente do que adotar

cegamente processos específicos de outra organização.

Assim, neste estudo, para efeito de revisão de literatura de cada uma das etapas

necessárias a implantação do projeto de benchmarking, considera-se que o modelo básico é o

PDCA (Plan-Do-Check-Action). Outro aspecto importante que também valida essa

abordagem é a forte inserção deste conceito na cultura da organização que será abordada no

estudo de caso.

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Considerando o benchmarking como um processo sistemático e contínuo de melhoria

(PDCA), conforme explicitado anteriormente, e sua correlação com a o ciclo do aprendizado,

a seguir na Figura 8 e detalhado na Tabela 9, modelo mental do processo para eliminar gaps

de desempenho:

Figura 8 – Modelo Mental de Benchmarking e Gestão do Conhecimento (PDCA)

Fonte: Stampf, (2014).

Tabela 9 – Quadro Explicativo do Modelo Mental – Benchmarking (PDCA)

Loop de Ação (B1) e (B2)Representam as ações necessárias a curto prazo para mover a organização de umestado atual para o desejado e consistem em ações com base principalmente em umaaprendizagem anterior.

Loop de Aprendizado (R1)

Representa o aprendizado a partir de ações de curto e médio prazo e avalia a premissade criação de valor, da organização, alargando o estado desejado para a saúde a longoprazo do negócio e, possivelmente, evitando o desaparecimento míope inerente àsorganizações que não repensam seus negócios.

Loop de Melhoria (R2), (R3) e (R4)Representam aprendizado com ações de curto prazo e com a elaboração de ações demédio prazo para realmente estender o estado desejado para além de onde estava,promovendo, assim, um outro nível de progresso dentro do ciclo.

Fonte: Stampf, (2014).

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Para a implantação de um processo de benchmarking Leibfried e Mcnair (1992, p.

266) afirmam que: “Um plano de pesquisa é o primeiro passo desse processo. Trata-se um

plano detalhado definindo o como, quando, onde, o quê, por que e quem do projeto de

benchmarking”.

Após escolhido um modelo de benchmarking é necessário atentar para a abordagem,

do projeto, pois existem diferentes maneiras de abordar este processo dentro de uma

organização a maioria dos processos de benchmarking se situa em uma das três abordagens

(BOXWELL, 1996, p. 159):

- Educativo-Filosófica – Apoia se na disposição mental, no senso de pensamento competitivo

e focalizado para fora, e na consciência do benchmarking pelos membros da organização.

Estudos de fato não realizados.

- Ad Hoc/Cotidiana – Abordagem mais comum com focalização nas áreas “apagando

incêndio”. Baseia-se na ideia de que um primeiro sucesso pode gerar a decolagem e novos

convertidos ao benchmarking. É concedido treinamento de benchmarking para os membros da

equipe.

- Compreensiva – Essa abordagem é tipicamente integrada num TQM ou esforço de melhoria

da qualidade em toda organização com apoio da alta administração. Neste caso o

treinamento/consciência deve ser concedido para toda a organização.

Em relação ao processo de implementação de benchmarking Zairi e Leonard (1995, p.

246) ressaltam que:

Para surgir o necessário grau de conscientização, primeiro que tudo é necessário o

uso de um projeto piloto de benchmarking em uma área específica. É muito

importante também treinar pessoas em metodologia, aspectos de coleta de dados,

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aspectos de parceria e aspectos de relatórios, entre outros (ZAIRI, LEONARD,

1995, p. 246).

Por fim é importante ressaltar que para que o processo de benchmarking seja

estruturado, é importante que haja uma metodologia e um procedimento documentado que

expliquem o passo a passo para se realizarem estudos de benchmarking (FPNQ, 2005, p. 106).

7.1 BENCHMARKING DOS PROCESSOS DE NEGÓCIOS

Considerando que o benchmarking de processos constitui um dos tipos mais realizados

nas organizações, e que o mesmo é o foco do estudo de caso, a seguir seguem algumas

considerações a respeito deste tipo de benchmarking.

De acordo com Camp (1996, p. 29) para a realização de um benchmarking dos

processos de negócios é necessário identificar e classificar os processos de negócios o que

engloba os seguintes passos:

1. Criar uma visão de alto nível, geral da organização. Isto pode ser como o cliente é tratado

do começo até o fim, ou como os produtos são entregues do desenvolvimento até a

disponibilidade no portão da fábrica.

2. Classificar os processos de negócios básicos que apoiam a descrição de alto nível da

organização. Isto pode ser uma descrição progressivamente detalhada na forma de cascata ou

hierárquica.

3. Determinar as medidas críticas para os processos de negócios definidos.

É necessário definir e selecionar unidades de medida e valores numéricos reais

diretamente relacionados a cada processo. O que se deseja não é abrangência, portanto o que é

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necessária é a escolha de poucas medidas vitais que representam corretamente o desempenho

de cada processo (CAMP, 1996, p. 35).

Camp (1996, p. 37) menciona é preciso vincular os processos de negócios às metas

que alavancam as prioridades e para isto, segundo este:

A melhor maneira é visualizar um diagrama de árvore, de lado, com as metas

organizacionais na raiz da árvore. Da raiz parte um número crescente de ramos que

cascateiam para fora em crescentes níveis de detalhe e de compreensão. O

desempenho ou meta desejada na raiz da árvore pode ser expressa em palavras, tais

como satisfação do cliente e suportado por dados numéricos tais como 92% de

satisfação do cliente para a organização e 94% de satisfação do cliente para o setor

ou benchmark.

De acordo com Camp (1996, p. 39-40) com o Diagrama de Árvore é possível

identificar os processos-chave que precisam ser melhorados a fim de atender completamente a

meta prioritária selecionada. E ainda segundo este: “O diagrama de árvore é um resumo

executivo do desempenho geral, da informação de benchmarking e das ligações efetivas às

ações planejadas e aos donos responsáveis”.

7.2 PLANEJAMENTO DO PROJETO (PLAN)

A revisão de literatura a seguir, sobre a etapa de planejamento, tem como base

principalmente o modelo de benchmarking proposto por Watson (c1994, p. 5-6) mas não se

limita ao mesmo considerando que a necessidade de estruturação da governança não surge

como um ponto mencionado explicitamente pelo mesmo, porem por outros autores.

Assim esta etapa será composta por três sub etapas, que remetem a: indentificação de

oportunidades, escolha dos parceiros e estruturação da governança do processo.

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Os estágios do planejamento dos exercícios de benchmarking são cruciais e uma

estratégia comum de coleta de dados acordada por ambos os parceiros sempre levará a

resultados de sucesso (ZAIRI; LEONARD, 1995, p. 244).

De acordo com Boxwell (1996, p. 54) os três erros mais comuns de planejamento num

estudo de benchmarking são:

- Planejar para fazer o benchmarking das atividades erradas – O estudo deve ser

feito para atividades que vão contribuir significativamente para a competitividade da

organização.

- Medir algumas coisas que não sejam fatores-chave – É preciso ter foco nos fatores

chave de sucesso.

- Subestimar as questões de definição de tempo – É preciso planejar para ter alguma

margem de segurança nas questões relacionadas à definição do momento.

Bogan e English (1997, p. 151) advertem que:

Uma coleta de dados cuidadosa não compensa um mau planejamento e uma má

compreensão do processo. Além do mais, os importantes achados e as grandes idéias

produzem resultados de melhoria de desempenho bastante tímidos se os

beneficiarios os rejeitam ou ignoram os relatórios e os projetos de planos de ação.

7.2.1 Identificar as oportunidades

De acordo com Lobato e Laguardia (2011):

[...] ‘tudo’ pode ser copiado e adaptado por uma instituição, mas isto não é garantia

de sucesso, pois além dos detalhes técnicos têm que se considerarem outros fatores

relevantes, como o ambiente interno, a motivação dos colaboradores e a real

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necessidade do que vai ser disponibilizado/implementado (LOBATO;

LAGUARDIA, 2011).

Sobre os fatores-chave a serem medidos no planejamento de um processo de

benchmarking Carlini e Wanderley (2004) ressaltam que:

Quando a empresa se vê diante de escolher os fatores-chave a serem medidos, deve

considerar o custo, a qualidade e a velocidade no atendimento nos diversos

processos que venham representar melhorias significativas. Essa deve identificar os

processos, na qual os seus custos se encontram acima dos de seus concorrentes e

definir este como sendo um fator chave a ser analisado no benchmarking. A

qualidade e a presteza, ou velocidade no atendimento, também são dois importantes

fatores a serem considerados. Ambos são diferenciais competitivos que ajudarão a

empresa na obtenção de parcelas do mercado.

Dervitsiotis (2000) ressalta que cada empresa tem processos críticos de negócio que,

se melhorados acumulam vantagens competitivas significativas. Flexibilidade no uso de

recursos humanos e outros, rápida introdução de novos produtos, redução da produção

defeituosa, tempo de entrega mais rápido e menores custos de produção e de distribuição

(através de uma melhor gestão de estoques e programação) podem contribuir no

desenvolvimento ou manutenção de uma forte vantagem competitiva.

Portanto segundo Watson (c1994, p. 63) como as empresas tem recursos limitados a

dedicar a estudos de benchmarking, gerentes prudentes devem concentrar equipes de

benchmarking em processos empresariais chaves que irão fornecer compensações

significativas e justificarão o tempo e esforço despendidos.

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Assim, segundo Watson (c1994, p. 64-65), é preciso focar nos Fatores Críticos de

Sucesso e dar a os mesmos um definição operacional:

Fatores Críticos de Sucesso (CSFs) são aquelas características, condições ou

variáveis que têm influência direta na satisfação dos clientes com a produção –

produto ou serviço, ou ambos – de processos empresariais específicos, sendo por

conseguinte, essenciais para o sucesso de toda empresa. [...] Uma definição

operacional, descreve o fator crítico de sucesso – em termos de características ou

medições observáveis.

Em definição mais recente sobre os Fatores Criticos de Sucesso (WATSON, 2007, p.

16) explica que:

Estes são quantificáveis, mensuráveis e indicadores do desempenho dos processos e

de sua capacidade nos principais processos de negócios. Eles indicam o nível de

desempenho obtido de forma comparativa para descrição do desempenho dos

negócios em eficácia (qualidade), em eficiência (tempo de ciclo), e economia

(custo). Fatores críticos de sucesso são universais e podem ser usados para

comparações entre organizacionais para um mesmo processo.

Ainda de acordo com Watson (c1994, p. 64):

A lição básica aprendida no movimento de qualidade relaciona o processo e o

princípio de Pareto (a regra de 80/20, ou 20 por cento de toda atividade afeta 80 por

cento de resultados): o enfoque de um processo de benchmarking deve estar

naqueles ‘poucos processos críticos’ que tem maior potencial para ‘retorno em

atenção’. Esses são os processos empresariais chaves; eles produzem rendimentos

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que contribuem direta e materialmente para a operação da empresa (WATSON,

c1994, p. 64).

De acordo com Lincoln e Price (1997, p. 73):

Os fatores críticos de sucesso (FCS) são ‘aquelas poucas áreas-chave nas quais tudo

tem que dar certo para que o negócio prospere’. Os FCS derivam do que é

fundamental para a sobrevivência da empresa: seus clientes, seu posicionamento

competitivo, sua estabilidade financeira, sua estratégia empresarial.

Sendo assim os fatores críticos de sucesso devem fazer parte de qualquer estudo de

benchmarking afirmam que “melhorar em áreas identificadas como críticas para o sucesso

permanente constitui a base dos saltos quânticos de desempenho, ou seja, a derradeira meta”

(LEIBFRIED; MCNAIR, 1992, p. 22).

Leibfried e Mcnair (1992, p. 259) também ressaltam que:

Por sua própria natureza, um estudo de benchmarking tem de ser focalizado: é

impossível querer coletar cada unidade de informação sobre cada tarefa realizada na

própria organização, para não falar nas outras. [...] Sem esse esforço focalizado

dirigido pela comparabilidade, o benchmarking torna-se um dreno de recursos, em

vez de uma fonte de vantagem competitiva. O benchmarking começa, portanto, com

um claro conhecimento de seu objetivo.

A compreensão de como identificar os fatores críticos de sucesso não pode ser gerada

internamente na empresa. Sendo assim é preciso incluir a perspectiva do cliente no processo

de análise estratégica para que a tradição e intuição não dominem o processo de escolha

(LEIBFRIED; MCNAIR, 1992, p. 147).

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Para Zairi e Leonard (1995, p. 107), os exercícios de benchmarking, para serem

usados em seu efeito máximo, devem estar explicitamente ligados à obtenção de prioridades-

chaves da empresa. Isso significa ter um entendimento claro:

- dos objetivos da organização;

- dos pontos que estão contrários a estes objetivos;

- dos fatores críticos de sucesso (FCSs);

- dos processos críticos da empresa que possuem a correlação mais forte com os

FCSs;

- o relacionamento entre os processos (facilitadores) e resultados.

Ainda de acordo com Zairi e Leonard (1995, p. 242), a coisa mais crítica para as

organizações é determinar, desde o início, quais são as vantagens competitivas, quais são as

características distintivas de seus produtos e serviços e onde esta sua excelência, em

comparação com o resto do grupo.

Zairi e Leonard (1995, p. 25-26) definem competências principais (CORE

COMPETENCES):

Competências principais são todas aquelas atividades e níveis de conhecimento e

expertise que forneçam vantagens a empresas na arena competitiva e que

possibilitem a tais empresas manter altos índices de competitividade, tanto em

tempos turbulentos quanto tranquilos.

Boxwell (1996, p. 63) indica a matriz do hiato de competência para analisar potenciais

áreas para benchamarking: nesta as atividades nas quais a organização deve-se superar para

ser competitiva são mapeadas ao longo de duas dimensões – o nível da organização em

comparação com o de seus concorrentes e o nível exigido para a vantagem competitiva.

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Ainda, de acordo com Boxwell (1996, p. 61), algumas empresas determinam as

atividades em que planejam fazer benchmarking baseadas nos resultados da consulta interna a

seus empregados. Essa abordagem faz duas coisas ao mesmo tempo:

- Garante que as áreas que precisam de melhoria efetivamente sejam melhoradas;

- É um bom indicador de que aqueles que serão responsáveis por quaisquer melhorias

impulsionadas pelo benchmarking assumirão o programa de melhoria.

De acordo com Camp (1996, p. 31) a participação dos gerentes de linha na seleção dos

poucos processos vitais para melhoria através do benchmarking geram ao menos algum

comprometimento e envolvimento pessoal com o resultado final do benchmarking.

De acordo com Camp (1996, p. 55) o foco de benchmarking deve estar nos processos

de negócios que suportam diretamente as metas da organização concentrando-se nas poucas

vitais e incorporando as melhores práticas.

Em relação ao foco da investigação Camp (1996, p. 43) ressalta que:

Nos círculos de benchmarking, uma fonte de fracassos muito conhecida consiste em

atacar um projeto grande demais e que certamente será improdutivo. [...] Quanto

mais estreito o foco, maior o sucesso. A experiência mostra que os estudos de

benchmarking com foco amplo tornam-se operações de exploração superficial e

fornecem apenas compreensão superficial.

Este também menciona que imediatamente após o foco estão as fronteiras de

investigação. E que os processos, em uma organização, têm começos e fins e que estes

precisam ser cuidadosamente determinados a fim de otimizar o processo de benchmarking.

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7.2.1.1 Priorizar projetos de Benchmarking através de Análise Multicritério

De acordo com Boxwell (1996, p. 23):

Aplicações de benchmarking são infinitas. Supondo-se, porém, uma quantidade

limitada de recursos a serem aplicados a projetos de benchmarking, a maioria das

organizações faz bem em estabelecer algumas diretrizes para determinar quais

funções, atividades ou processos serão estudados como parte de seus programas de

benchmarking.

Watson (c1994, p. 3) reforça a necessidade de priorização:

Os primeiros sucessos obtidos em benchmarking vêm da seleção de estudos iniciais

adequados – os que “farão uma diferença” na operação da empresa.

Camp (1997, p. 142, 34, 31) ressalta que o papel dos patrocinadores do processo, de

benchmarking, lembrando que:

O patrocinador deve assegurar que os processos da empresa sejam identificados,

classificados em alguma estrutura hierárquica e priorizados para o propósito de

concentrar naqueles com maior retorno ou alavancagem das prioridades

organizacionais (CAMP, 1997, p. 142, 34, 31).

Segundo Zorzi (2007), a tomada de decisões é um ato comum na vida dos indivíduos,

de tal forma que eles sequer percebem que estão praticando este ato. Isso ocorre porque nem

todas as decisões a serem tomadas são relevantes para o decisorio. Contudo algumas delas

exigem analise profunda da situação, além de muita cautela no momento da decisão.

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Chan et al. (2006) e Rafaeli (2009) mencionam o uso do AHP como facilitador da fase

de escolha do benchmark comparativo. Para Chan et al. (2006) o emprego do AHP tem a

vantagem de separar o processo de benchmarking em duas fases: (1) Medir níveis de

desempenho da organização e avaliar seus concorrentes. O AHP pode facilitar o complexo

sistema de medida na hierarquia dos critérios, dando visibilidade aos níveis de desempenho,

no que diz respeito a cada critério individual; (2) Selecionar a melhor alternativa através do

AHP, de modo que cada critério possa ser considerado para encontrar a solução mais

adequada.

Dentre as etapas do método AHP estão: desenvolver uma lista de critérios que serão

dispostos em uma hierarquia, agrupando-se aqueles critérios relacionados. Efetuar

comparações par a par dos atributos e alternativas, tendo como base a escala de Saaty (apud

GOMES, GOMES 2012). Normalização da tabela de pesos obtidos na segunda etapa para

soma e conversão em apenas um único peso. Uso dos pesos para a obtenção dos valores finais

das diferentes alternativas e permitir uma ordenação global e alcance dos valores finais por

meio de um processo de agregação.

Além destas etapas é importante também que seja feita uma análise de sensibilidade,

que permitirá ao agente de decisão examinar o quão robusta é a ordenação e a conseqüente

decisão, quando ocorrem mudanças nas faixas de importância e preferência.

Fisher (apud LOPES, 2002, p. 99) sugere a utilização dos seguintes critérios para uso

do método AHP em um processo de priorização de benchmarking: importância para a

organização (percebida criticamente), técnica atual, tempo necessário para completar a

análise, disponibilidade de recursos, desejo do cliente em participar. Sendo que estes critérios

podem ser alterados dependendo dos interesses da alta administração.

Para julgar cada uma das importâncias relativas previstas, o AHP adota uma escala

proposta por Saaty (1991), que é denominada de escala fundamental, para padronização dos

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jugamentos de valor emitidos pelos decisores. A escala vai de 1 até 9 com o seguinte

significado:

(1) - Igualmente preferível

(2) - Igualmente para moderadamente preferível

(3) - Moderadamente preferível

(4) - Moderadamente para fortemente preferível

(5) - Fortemente preferível

(6) - Fortemente para muito fortemente preferível

(7) - Muito fortemente preferível

(8) - Muito fortemente para extremamente preferível

(9) - Extremamente preferível

A iniciativa de benchmarking que acumular a maior soma ponderada de pontos será a

primeira, seguida em ordem decrescente pelas demais.

De acordo com Lopes (2002, p.100):

Existem softwares comerciais baseados no método AHP, por exemplo, o Expert

Choice, que facilitam a entrada dos critérios e as comparações duas a duas,

fornecendo o ranking final da priorização. Porém, as matrizes de preferências, assim

como as equações de consistência, podem ser programadas com relativa

simplicidade usando o software excel.

7.2.2 Escolher os parceiros

Para Watson (c1994, p. 68): “Em vez de buscar o “melhor dos melhores” pode ser

mais vantajoso buscar um processo que seja considerado exemplo de “sucesso de

desempenho” num processo análogo”.

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De acordo com Boxwell (1996, p. 72) existem quatro grupos de empresas que podem

ser consideradas na escolha de candidatas ao benchmarking:

- Atuais concorrentes diretos do setor

- Concorrentes latentes, inclusive aqueles de seu setor mas que não se encontram

atualmente em seu mercado.

- Os melhores grupos do setor dentro de sua própria organização, benchmarking

interno.

- As melhores empresas do setor de outros setores

Para Zairi e Leonard (1995, p. 246) as visitas industriais, apesar de desejáveis, não

devem necessariamente ser feitas; sempre há alternativas que podem ser usadas com o mesmo

grau de sucesso e que resultam nas mesmas mudanças de qualidade buscadas e necessitadas

pela organização.

De acordo com a FPNQ (2005, p. 59-60) os critérios para seleção de parceiros de

benchmarking podem variar acordo com vários fatores, dentre eles setor de atuação e objetivo

do estudo. São exemplos de critérios que podem ser utilizados para selecionar organizações

parceiras de benchmarking:

- Estar localizado em uma determinada região;

- Possuir prática de benchmarking;

- Utilizar o Modelo de Excelência do PNQ;

- Ser certificada na norma ISO 9001:2000;

- Não ser concorrente;

- Ser de outro ramo de atuação.

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FPNQ (2005, p. 66) também ressalta que:

A escolha de empresas referenciais depende, fundamentalmente, do objeto e dos

objetivos do estudo. Assim, o Comitê recomenda que é mais seguro que a

organização estabeleça a sua própria lista de parceiros.

Segundo Camp (1996, p. 60) não existe uma maneira prescrita para determinar com

quem fazer benchmarking, mas existe uma metodologia geral que é:

1 – Desenvolver uma lista de candidatos usando toda e qualquer informação

prontamente disponível e alguma pesquisa preliminar;

2- Reduzir a lista a um número objetivo de empresas através de pesquisa secundária

focalizada na empresa e na função. Um outro foco da investigação é confirmar a

informação junto a tantas fontes quanto possível.

3- Preparar para um contato com a organização alvo e combinar uma visita.

Camp (1996, p. 65) também ressalta que a escolha das empresas parceiras para o

processo de benchmarking deve se adequar ao tipo de benchmarking escolhido que pode ser:

interno, competitivo, funcional ou genérico.

Leibfried e Mcnair (1992, p. 132) afirmam que: “Uma empresa classificada como a

“melhor do ramo” em um critério pode ter um péssimo desempenho em outro”.

7.2.3 Constituir uma equipe e uma governança

A etapa de constituição da equipe de implantação e governança caracteriza-se como

uma das mais importantes de todo projeto. Considerando que o benchmarking constitui um

processo sistemático e contínuo é fundamental que seja investido bastante tempo na escolha

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de pessoas e que elas sejam, preferencialmente, conhecidas como referência na atividade que

executam.

Neste processo vale ressaltar, sobretudo, a necessidade da escolha assertiva do

coordenador do grupo de implantação do benchmarking considerando que o mesmo atuará

proativamente coordenando não apenas as pessoas da equipe de implantação mas os membros

da própria governança, quando necessário. O apoio do patrocinador do projeto neste aspecto é

fundamental.

Uma equipe de benchmarking seja ela um grupo permanente ou um grupo ad hoc para

um estudo específico deve incluir pelo menos (BOXWELL, 1996, p. 65):

Guru de benchmarking – responsável pelo conhecimento do processo de

benchmarking: planejamento, como e onde obter dados, como assegurar a confiabilidade dos

dados e outras questões que surjam durante o estudo.

Pessoa da área operacional – A qual deve ser extremamente preparada sobre a

atividade em que será feito o benchmarking. Uma das potencialidades do benchmarking como

ferramenta gerencial é que ele é praticado por pessoas da área operacional. As pessoas da área

operacional ajudam a superar o ceticismo para que novos níveis ambiciosos de desempenho

possam ser alcançados.

Líder de mudança – pessoa com autoridade, na organização, para garantir que

melhorias sejam realizadas em função dos resultados do estudo.

Boxwell (1996, p. 65-66) afirma que: “Geralmente a equipe deve ter membros

suficientes para permitir a conclusão do planejamento e das fases de coleta e análise de dados

do estudo dentro de 10 a 12 semanas”.

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E complementa que à medida que um estudo leva por volta de três meses ou mais

corre se o risco de:

- Os membros da equipe não estarem presentes para concluí-lo;

- As pessoas perderem o interesse no estudo e ele acabar esvaziando-se;

- Os dados coletados no início ficarem desatualizados ao final do estudo;

- Os membros da equipe ficarem muito ineficientes na execução, em virtude de uma falta de

enfoque.

Para Boxwell (1996, p. 129), identificar um líder de mudança é uma tarefa

fundamental durante a fase de planejamento de um estudo. É importante ter um líder de

mudança como parte da equipe de benchmarking.

Lopes (2002, p. 110-115) realizou uma ampla revisão de literatura sobre o tema e

chegou à conclusão que uma equipe benchmarking, conforme Tabela 10, deve conter:

Tabela 10 – Composição de uma Equipe de Benchmarking

Função Justificativa

Patrocinador do Projeto garantir recursos e acesso da equipe a alta administração.

Coordenador do projeto gestor do projeto de benchmarking

Dono do processo alvo é importante garantir a participação e apoio de quem realmente opera oprocesso.

Especialistas nas disciplinas envolvidas representantes das disciplinas essenciais para o entendimento dasdescobertas.

Apoio para documentação e pesquisa uma investigação debenchmarking requer esforço e busca deinformações.

Consultor experiente em benchmarkingconceitos de benchmarking são simples, mas a maioria das empresas tem dificuldade para implementá-los de forma eficaz.

Fonte: Lopes (2002).

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Bogan e English (1997, p. 149) reforçam que: “Os papéis e as responsabilidades

daqueles que integram o benchmarking mudam durante o projeto. O planejamento é bastante

desafiador devido a esta dinâmica”.

Ferezin (1994) destaca o papel do consultor no benchmarking ressaltando que torna-se

cada vez mais evidente que a grande dificuldade nos dias de hoje não é a obtenção de dados

para benchmarking, mas a capacidade de cada organização na implantação das soluções.

Segundo este, o papel do consultor, neste caso, é auxiliar a organização a analisar os

resultados do benchmarking e identificar quais práticas podem ser mais bem sucedidas,

considerando o ambiente em que a organização esta operando sua estratégia, sua cultura e

seus valores. O consultor identificará em conjunto com empresas a melhor forma de

transformar a organização.

De acordo com FPNQ (2005, p. 106) a coordenação de um projeto de benchmarking

deve ter as seguintes atribuições:

- Definir, avaliar e melhorar o processo de benchmarking;

- Monitorar e corrigir desvios no processo de benchmarking;

- Disseminar a cultura de benchmarking na organização;

- Orientar e apoiar as equipes de estudo de benchmarking;

- Recomendar e apoiar a definição de processos que são passíveis de estudo;

- Consolidar as informações de necessidades de benchmarking, que servirão como

subsídio para o planejamento estratégico;

- Disseminar os resultados dos estudos de benchmarking;

- Atender as solicitações de benchmarking de outras organizações;

- Manter a alta direção informada sobre os progressos obtidos com os estudos de

benchmarking.

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7.2.3.1 Características da equipe

De acordo com Zairi e Leonard (1995, p. 98) uma equipe de benchmarking precisa das

seguintes habilidades e conhecimentos:

- Gestão de projetos;

- habilidades de contato interpessoal;

- habilidade de consultoria e para exercer influência;

- saber ouvir;

- técnicas de fluxogramas;

- habilidade analítica;

- habilidade de apresentação;

- escrita comercial;

- gestão de tempo / planejamento diário;

- planejamento de ação;

- desenvolvimento de questionários;

- saber entrevistar;

- técnicas de telefone;

- habilidade de facilitador;

- resolução de problemas;

- habilidade de venda;

- habilidade de comunicação escrita e verbal (ZAIRI E LEONARD, 1995, p. 98).

Os grupos selecionados para fazer o exercício do benchmarking devem ser de

indivíduos entusiasmados, com habilidade de comunicação, com um completo

entendimento de suas linhas de negócios e das estratégias relacionadas. Eles também

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ter completo entendimento de seus mercados e das mudanças em seus mercados e,

mais importante, uma compreensão muito boa dos processos a ele relativos, tanto

em termos técnicos como gerenciais. Eles também devem ser indivíduos

comprometidos com a mudança, que vão produzir em plano de ação, uma estratégia

para eliminação dos hiatos e para identificar áreas dos processos em que as melhores

práticas tenham sido identificadas (ZAIRI; LEONARD, 1995, p. 248-249).

Segundo Cruceru (2013) os recursos humanos envolvidos em um processo de

benchmarking precisam de habilidades no estudo da concorrência e concorrentes, bem como

uma alta capacidade de análise e síntese de informações e decisões relacionadas com as

estratégias competitivas.

7.3 RECOLHIMENTO DE DADOS (DO)

De acordo com Camp (1996, p. 86-87) as fontes para pesquisa de dados para

benchmarking podem ser:

- Internas – Inclui bancos de dados eletrônicos e públicos

- Externo – Incluem uma ampla gama de peritos no assunto e organizações, que pelo seu

interesse, tem conhecimento especializado dos produtos e serviços.

- Pesquisa original junto a parceiros – É a mais difícil e requer projeto especial,

desenvolvimento, execução e análise. Portanto pode ser demorada e cara.

De acordo com Camp (1996, p. 100), um Relatório Sumário de Visita de Local apoia

na realização de uma pesquisa original. Esse relatório geralmente possui introdução e

esclarecimentos; premissas principais, constatações da investigação, incluindo uma

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comparação das práticas internas e externas, avaliação das oportunidades, implicações

financeiras; recomendações; conclusões e anexos.

Segundo Boxwell (1996, p. 91):

- Comumente é mais fácil obter dados de não concorrentes do que de concorrentes diretos.

- Comumente é mais fácil levantar dados sobre atividades não relacionadas com o negócio da

empresa do que sobre atividades em que se deseja fazer o benchmarking (BOXWELL, 1996, p.

91).

Boxwell (1996, p. 94) também afirma que:

Comumente é mais fácil voltar e medir seu próprio processo, da mesma maneira que

as empresas-alvo medem os seus, do que fazer com que as empresas-alvo meçam

seus próprios processos usando suas medições.

Para Boxwell (1996, p. 96) o processo comum de se obter dados de fontes publicadas,

pesquisa de publicações, embora normalmente apresente apenas 20% a 30% dos dados

necessários para se executar a análise subsequente, o projeto de benchmarking esta condenado

sem esses dados.

De acordo com Boxwell (1996, p. 99), os melhores dados externos tipicamente vem de

fontes “vivas”, que podem ser:

- Empregados atuais de sua empresa

- Clientes do alvo de benchmarking

- Analistas do ramo e outros especialistas do setor

- Distribuidores, agentes e representantes dos fabricantes

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- Acordos de partilha de dados

- Empregados atuais e antigos das empresas-alvo

- Visitas locais (BOXWELL, 1996, p. 99).

Segundo Lobato e Laguardia (2011) são exemplos de fontes utilizadas para

identificação de parceiros de benchmarking:

- Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade;

- Revistas e jornais especializados;

- Associações e sociedades profissionais;

- Publicações técnicas;

- Relatórios anuais e especializados, balanços financeiros;

- Congressos, seminários, feiras e exposições;

- Funcionários experientes/com relacionamento no mercado;

- Clientes, fornecedores e consultores (LOBATO E LAGUARDIA, 2011).

Desenvolver um questionário, um roteiro de entrevista ou uma ferramenta de coleta de

dados semelhante constitui uma atividade importante para etapa de coleta de dados. Os dados

de entrevistas fornecem uma base bem mais rica para análise e as conclusões do

benchmarking (LEIBFRIED; MCNAIR, 1992, p. 261-269).

Ainda sobre o questionário de pesquisa de um processo de benchmarking afirmam que

é importante desenvolver o tipo correto de perguntas (LEIBFRIED; MCNAIR, 1992, p. 266):

Se as perguntas são mal enunciadas, são vagas ou deixam de enfocar as questões

centrais do estudo, dificilmente resultarão nos dados necessários. Além disso

perguntas vagas podem frustrar os bem-intencionados participantes, transformando

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o seu entusiasmo inicial em desânimo e potencial rejeição (LEIBFRIED; MCNAIR,

1992, p. 266).

Zairi e Leonard (1995, p. 97-100) apontam os seguintes pré-requisitos para a coleta de

dados:

- Treinamento – a equipe de benchmarking deve ser devidamente treinada para a execução

das atividades necessárias. O patrocinador também deve saber algo sobre benchmarking, as

expectativas, o período de tempo que o projeto levará etc.

- Comunicação – as pessoas precisam entender o impacto de qualquer mudança planejada

sobre elas – em seu dia-a-dia, em seu perfil de trabalho e em sua vida profissional de maneira

geral.

- Exigências quanto a habilidades – durante o curso do exercício a equipe irá necessitar das

seguintes habilidades e conhecimentos: gestão de projeto, habilidades de contato interpessoal,

habilidade de consultoria e para exercer influência, saber ouvir, técnicas de fluxogramas etc.

- Habilidade de mapear processos – a equipe tem que ser capaz de mapear processo ou

subprocesso exatamente como ele acontece com todas as atividades, os pontos de decisão,

saídas e entradas. Precisa também entender sobre as medidas de desempenho dos respectivos

processos.

- Elaboração do questionário – para obter dados necessários ao estudo de benchmarking, a

equipe necessita entender as questões básicas de como montar um questionário.

Zairi e Leonard (1995, p. 244) também explicitam que:

As organizações sempre querem compartilhar dados, mas os grupos envolvidos em

qualquer exercício de benchmarking devem peneirar as massas de dados, para

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produzir as informações refinadas que vão levar à tomada de decisões e a

consecução de mudanças no processo examinado. A coisa mais crítica a ser feita é

garantir que os indivíduos não se atolarão nas informações e que o processo evita o

‘é bom saber’ e persiste no ‘é preciso saber’ (ZAIRI; LEONARD, 1995, p. 244).

Sobre a preparação de um questionário para coleta de dados, de acordo FPNQ (2005,

p. 73): “O questionário é vital para a obtenção das informações necessárias e ajudará na

definição do escopo e profundidade do estudo e, também, nas atividades de preparação do

parceiro”.

Ainda sobre o questionário Leibfried e Mcnair (1992, p. 42) advertem que:

Empresas convidadas para o benchmarking devem conseguir entender o que esta

sendo comparado e quem deve ser envolvido e, com base no questionário, perceber

o valor do estudo. Com isso o questionário deve ser focalizado, com perguntas

diretas e relevantes apresentadas de forma sucinta. Bons questionários costumam ter

de 10 a 15 páginas, usando tipos e formatos grandes e de fácil leitura e instruções

claras para o participante.

Sobre o tamanho da equipe para a coleta de dados FPNQ (2005, p. 72) ressalta que:

A equipe do estudo é a mesma que deve participar da visita. Contudo, se esta for

grande, deve-se considerar a possibilidade de uma participação seletiva. Não é

interessante que, por exemplo, oito pessoas participem da visita.

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De acordo com Carlini e Wanderley (2004):

Na etapa de recolhimento de dados, as empresas devem ter a preocupação em coletar

dados de natureza qualitativa. No entanto, os dados de natureza quantitativa são relevantes

para a empresa conhecer a sua posição em relação aos seus concorrentes.

Sendo assim o Comitê conclui que três pessoas é um bom número, quatro é aceitável e

cinco, o limite máximo recomendado, dependendo, das características e porte da organização

parceira, número de instalações a serem visitadas, etc. (FUNDAÇÃO PRÊMIO NACIONAL

DA QUALIDADE, 2005, p. 72).

7.4 ANÁLISE DOS DADOS (CHECK)

De acordo com Boxwell (apud LOPES, 2002, p. 193): “O que se deseja na análise da

lacuna é uma avaliação objetiva da sua magnitude, bem como uma explicação de por que ela

existe”.

Boxwell (1996, p. 119) também afirma que:

Antes que se possa realmente começar a analisar os dados que levantou e

transformá-los em informações úteis – informações que lhe dirão ‘como’, você terá

que reduzir os dados de sua empresa-alvo e de sua própria organização a

denominadores comuns ou colocá-los numa base de igualdade.

Para a etapa de análise de dados Boxwell (1996, p. 117), reforça que: “Ter uma ou

mais pessoas da área operacional fazendo benchmarking é aconselhável – É aqui que mais

uma vez elas fazem bom uso de sua experiência”. No entanto existem diferenças controláveis

e não controláveis (BOXWELL, 1996, p. 119-122).

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A análise de dados implica na categorização, medição, computo e integração

focalizados dos componentes quantitativos e qualitativos de uma base de informação

subjacente (LEIBFRIED; MCNAIR, 1992, p. 269).

Conforme Tabela 11 e de acordo com a FPNQ (2005, p. 50-57) o objeto de estudo de

um benchmarking pode ser mais bem entendido por meio de:

Tabela 11 – Como entender um estudo de Benchmarking

Como Descrição

Tem como objetivo dar uma visão geral do processo e proporcionar um entendimento, nonível macro, dos seus clientes, o que é entregue, ou seja, as saídas ou produtos doprocesso, dos seus fornecedores, e o que é fornecido, isto é,as entradas e insumos doprocesso.

Diagrama de Entranda e Saída

Limites do ProcessoEntender onde começa e onde termina o processo é uma informação vital e que se não forentendida ou se definida de forma errada, pode comprometer todo o estudo.

Mapa de ProcessoPermite uma visão detalhada de todas as atividades envolvidas no processo, assim como asequência ou fluxo destas atividades.

Comparabilidade de Indicadores

É importante questionar fatores como: se o indicador escolhido reflete, de forma relevante,o desempenho do processo. A possibilidade de encontrar comparações para ele nomercado, a probabilidade de que um parceiro tenha dados comparáveis e se umconcorrente compartilharia a informação para o indicador escolhido.

Fatores de Comparabilidade

Antes de iniciar a comparação é necessário definir os fatores de comparação, que sãoaspectos que devem ser usados para tornar os resultados dos processos comparáveis. Sãoexemplos de fatores de comparação em uma Central de Atendimento ao Cliente:quantidade de linhas telefônicas e quantidade de atendentes.

Infra-Estrutura

Refere-se as condições de operação do processo a ser comparado. Os principais aspectosrelacionados à infra-estrutura podem incluir: quantidades de pessoas envolvidas noprocesso, lista e especificações do Hardware e Software utilizados na operação doprocesso.

Fatores Humanos e CulturaisEntender principais aspectos humanos e culturais segundo os quais a sua organização opera.Principais fatores incluem a cultura da organização representada por seus valores, missão,políticas, diretrizes e normas, etc.

Fatores Críticos de Sucesso

Um processo também possui um conjunto de aspectos ou atividades que são vitais para oseu sucesso assim é importante conhece-los. Definir e levantar indicadores de desempenhoexistentes e seus resultados é importante para entender o desempenho de um processo,bem como entender todos os parâmetros utilizados para monitora-lo.

Fonte: FPNQ (2005, p. 50-57).

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Referente à etapa de analise de dados FNPQ (FUNDAÇÃO PRÊMIO NACIONAL

DA QUALIDADE, 2005, p. 80) ressalta que:

Para que a identificação do diferencial de desempenho seja precisa e, portanto,

viabilize a análise das causas desse diferencial e permita a implementação de ações

significativas de melhoria, é necessário garantir que os dados sejam válidos,

comparáveis entre si e, caso não sejam diretamente comparáveis, os mesmos devem

ser normalizados.

Segundo FNPQ (2005, p. 84), normalmente, as causas encontradas que justificam o

desempenho superior do parceiro estão associadas a um ou mais dos seguintes fatores:

- Práticas

- Ferramentas utilizadas;

- Métodos de gestão utilizadas;

- Sistemas de informação;

- Tecnologias empregadas;

- Condições físicas e ambientais;

- Infra-estrutura;

- Recursos disponíveis;

- Incentivos;

- Competências e capacitação das pessoas;

- Cultura, clima ou ambiente organizacional;

- Estilo de liderança (FNPQ, 2005, p. 84).

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Ainda de acordo com Fundação Prêmio Nacional da Qualidade (2005, p. 85) as

seguintes ferramentas da qualidade podem ser usadas para identificação das práticas e

condições que geram o diferencial no desempenho do parceiro de benchmarking:

- Gráficos de correlação;

- Mapa de processo;

- Diagrama de causa e efeito (Ishikawa ou Espinha de Peixe);

- Cinco porquês;

- Diagrama de Pareto;

- Brainstorming.

Camp (1996, p. 110) cita as seguintes ferramentas para fins de análise de diferenças:

[...] fluxogramas e documentação de processo; matrizes; diagramas de radar ou teia

de aranha; AHP; e Diagramas Z. Duas destas ferramentas tratam de comparações

processo a processoe três referem-se à apresentação dos dados de medidas.

Grande parte das informações-chave que dão sentido ao processo de benchmarking

consiste de descrições do processo subjacente usado para a consecução da tarefa, de

características e medições qualitativas dos objetos do benchmarking e de evidências

relatadas (LEIBFRIED; MCNAIR, 1992, p. 156).

Segundo estes, apesar dos números fazerem os resultados do benchmarking parecerem

mais “exatos”, estes estão sujeitos a manipulação e contam apenas metade da história

(LEIBFRIED; MCNAIR, 1992, p.156).

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Sendo assim Leibfried e Mcnair (1992, p. 293) advertem que:

[...] ao analisar os resultados do benchmarking, certifique-se de que todos os

indícios, sejam verbais ou numéricos, são plenamente utilizados. Se um diagrama é

desenvolvido em torno de um conjunto de medições quantificadas, anexe a ele as

palavras dos respondentes. Justaponha as percepções verbais aos números e procure

as inconsistências.

Ainda segundo FNPQ (2005, p. 85-86): “Para o estudo do benchmarking, os

problemas são substituídos pelo desempenho superior e, assim, essas ferramentas serão

utilizadas para identificar as causas do desempenho superior do parceiro”.

Ainda, segundo o Comitê, a partir dessa analise é necessário identificar o percentual

do diferencial de desempenho que é causado por aspectos de fácil implementação e quais são

de mais difícil implementação.

7.4.1 Projeção do desempenho futuro da organização

Para Camp (apud LOPES, 2002, p. 199): “A projeção de níveis de desempenho

futuros é uma exigência do benchmarking, especialmente os estudos de benchmarking de

custos”.

De acordo com FPNQ (2005, p. 93):

Caso a decisão tenha sido favorável à equipe do estudo e tenha sido aprovada uma

alternativa de melhoria, a equipe deverá elaborar um plano detalhado de

implementação e rever a projeção do desempenho futuro do parceiro e da

organização.

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Ainda segundo FNPQ (2005, p. 86) é necessário obter informações sobre eventuais

planos futuros do parceiro a fim de projetar tanto as melhorias esperadas no próprio processo

da organização como compará-las com eventuais novos patamares de desempenho do

parceiro. E que não considerar essas informações futuras pode fazer com que a organização

tenha surpresas desagradáveis ao saber que, após incorporar as práticas observadas no

parceiro este já se encontra com um desempenho muito melhor.

Leibfried e Mcnair (1992, p. 296) afirmam que:

Cada grupo afetado deve ser ativamente recrutado, no estabelecimento de metas de

melhoria de longo prazo, para criar planos de ação que levem à paridade com as

empresas de melhores práticas estudadas e para se ampliar o processo de

aprendizagem (LEIBFRIED; MCNAIR,1992, p. 296).

Watson (c1994) sugeriu modelo de projeção, conforme Figura 9.

Figura 9 – Projeção do Desempenho Futuro da Organização

Passo 4:Programação para mudança administrada

Passo 2:Determinação do próprio

desempenho

Passo 3:GAP de

Benchmarking

Passo 1:Selecionar medida de

desempenho de processo

Passo 2: Benchmarking

de desempenho e parceiro

Passo 4:Aperfeiçoamento

objetivado

Passo 3:Desempenho

projetado do parceiro

Agora FuturoTempo

Fonte: Watson (c1994).

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Segundo FNPQ (2005, p. 88):

A comparação do desempenho futuro projetado tem sua importância ligada

diretamente à importância estratégica do estudo de benchmarking para a

organização. Se o objetivo da organização é conquistar a liderança e ser o melhor,

ou seja, atingir a posição de Benchmark, essa etapa é fundamental.

7.5 IMPLEMENTAR MELHORIAS – PLANO DE AÇÃO (ACTION)

De acordo com Leibfried e Mcnair (1992, p. 44): “A implementação de uma nova

idéia começa pela sensação de uma necessidade; chegar a essa sensação pode ser ajudado pela

identificação objetiva de uma lacuna de desempenho”.

Leibfried e Mcnair (1992, p. 270) também afirmam que:

O fator vital que distingue uma implementação bem sucedida de uma fracassada é o

ímpeto: precisa existir uma rota definida de melhoria, com escores visíveis ao longo

dela. Se o esforço é facilmente relacionado a resultados, ele será redobrado. Por

outro lado, se não for reconhecido nem recompensado, o processo de melhoria terá

vida curta. O benchmarking visa a alimentar a melhoria contínua, e não uma

melhoria isolada.

De acordo com Watson (1992, p. 108) é importante registrar os esforços de melhoria

dos processos, pois este registro ajuda a calibrar os esforços contra as melhorias contínuas

feitas na empresa parceira.

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7.5.1 Identificar ações viáveis de melhoria, adaptar e priorizar as práticas.

Bogan e English (1997, p. 143): “O benchmarking que não resulta em melhorias vale

pouco; desperdiça tempo, trabalho e recursos da organização”.

Sobre o processo de adaptação das melhores práticas Camp (1996, p. 72) afirma que:

A dificuldade destas descobertas é que, sem alguma criatividade e vontade de tentar

adaptar a prática, este tipo de comparação será passado como não prontamente

transferível. É ai que a equipe terá o seu maior desafio, mas do mesmo modo, talvez

estejam aí suas maiores oportunidades para melhorias. É a implementação eficaz da

melhor prática que constitui a chave para a vantagem competitiva.

Referente a esta etapa Camp (1996, p. 109) afirma que: “O objetivo deve ser adaptar

criativamente as melhores práticas e implementá-las inovadoramente, não apenas copiá-las”.

De acordo com FPNQ (2005, p. 89):

A fase de adaptação é a que mais exige criatividade da equipe do estudo de

benchmarking. Esse é um momento decisivo, pois o sucesso na incorporação das

lições aprendidas com o parceiro de benchmarking vai depender da capacidade da

equipe em adaptar aquela situação de sucesso a uma realidade, composta de

especificidades culturais e mercadológicas, que na grande maioria das vezes é bem

diferente.

É tarefa de uma equipe de benchmarking avaliar cuidadosamente o que pode ser

mudado, como as mudanças podem ser implementadas e o custo dessas mudanças. Vale

ressaltar também que, algumas empresas fazem teste piloto para testar as alternativas de

mudança, antes de considerá-las viáveis (FPNQ, 2005, p.90).

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Segundo Boxwell (1996, p. 124):

Você concluiu seu levantamento e análise de dados e escreveu um belo relatório

detalhado como sua organização se compara com os concorrentes ou como outras

empresas melhores do ramo na atividade em que você fez benchmarking. A menos

que faça algo nesse ponto, porém, você terá realizado um grande exercício

intelectual com pouco ou nenhum valor acrecentado (BOXWELL,1996, p. 124).

Para Boxwell (1996, p. 126) o desenvolvimento de um plano para atingir ou

ultrapassar a concorrência começa com a análise das empresas alvo em relação à sua

organização.

Ainda, segundo o autor, você saberá onde e quanto melhorar mas o desafio consiste

em calcular como fazê-lo acontecer.

A equipe do estudo de benchmarking deve levar para a reunião, de propostas, duas ou

três alternativas de melhoria para o objeto de estudo. Possuir mais de uma alternativa de

melhoria, além de permitir uma análise mais completa por parte dos responsáveis pela

aprovação, evidencia a maturidade, a visão sistêmica e a preocupação da equipe com as

possíveis limitações de recurso que naturalmente fazem parte da rotina da organização e da

preocupação contínua dos seus gestores (FUNDAÇÃO PRÊMIO NACIONAL DA

QUALIDADE, 2005, p. 92).

É preciso priorizar os projetos a serem implantados conforme (FUNDAÇÃO PRÊMIO

NACIONAL DA QUALIDADE, 2005, p. 93):

Nenhuma organização séria irá adiante com o projeto só porque o benchmarking

pressupõe que a melhoria seja implementada. A decisão a ser tomada é uma decisão

de negócio, como em qualquer outro projeto, independente de ser decorrente de um

estudo de benchmarking ou não.

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De acordo com Boxwell (1996, p. 127-131) as limitações de recursos para

implementação das melhorias de benchmarking podem ser:

- Financeiras – É preciso priorizar as ações tendo como base uma rigorosa análise financeira,

preferivelmente, a teoricamente correta análise do Valor Atual Líquido (VAL).

- Humanas – Os recursos humanos – aqueles que podem realmente influenciar e promover a

mudança são tão escassos quanto os recursos financeiros.

- Tempo – O tempo é um recurso escasso. Classificar os itens de “coisas a fazer”, geradas por

um estudo de benchmarking em sua ordem de importância relativa e exigências de tempo, é

um passo valioso do processo.

De acordo com Bogan e English, (1997, p. 131-132), baseada na análise das

diferenças, a equipe desenvolve uma recomendação para mudança, que pode seguir quatro

estratégias básicas para melhoria de processo:

- Mudança tática imediata;

- Mudança estratégica imediata ou estruturação organizacional;

- Mudanças táticas de longo prazo ou reformas gerenciadas;

- Mudanças estratégicas de longo prazo ou reengenharia do processo.

Bogan e English (1997, p. 132) ressaltam que após a conclusão da investigação

pesquisas, entrevistas telefônicas e visitas, a equipe completa suas obrigações preparando um

relatório das melhores práticas que resume seus achados e recomendações.

Para definir plano de melhoria em benchmarking é recomendada a utilização da

ferramenta 5W2H (What, Why, How, When, Who, Where, How much), conforme

(FUNDAÇÃO PRÊMIO NACIONAL DA QUALIDADE, 2005, p. 94).

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De acordo com Boxwell (1996, p.135-136) um plano de ação de melhorias deve

possuir as seguintes características:

- Ações detalhadas incluindo prazos finais e marcos de referência;

- Responsabilidade pelas metas estabelecidas que foram identificadas por gerentes;

- Metas de desempenho que sejam mensuráveis;

- Revisões de progresso programadas em incrementos suficientemente grandes para que os

resultados sejam vistos, mas pequenos o bastante para que as pessoas não se esqueçam da

tarefa que têm em mãos;

- Recompensas pela implementação bem sucedida, vinculadas a alvos de desempenho;

- Planos de contigência e ações corretivas na eventualidade de as coisas saírem erradas;

- Planos de redimensionamento períodico, a frequência de realinhamento vai variar em função

da taxa de evolução do setor e da natureza do processo que esta fazendo o benchmarking.

De acordo com Fundação Prêmio Nacional da Qualidade (2005, p. 96) são fatores

críticos que devem ser considerados para um planejamento eficaz das mudanças e que devem

ser considerados pela equipe de benchmarking:

- Aceitação das mudanças por todos envolvidos;

- Antecipação das barreiras e resistências;

- Cooperação de todos;

- Definição do melhor momento para implementação das mudanças;

- Considerar a inclusão de um plano piloto para a implementação.

A monitoração das ações e desvios do plano de melhoria, acompanhada da

comunicação dos progressos, além de manter a organização atualizada quanto ao avanço das

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melhorias, promove a ampliação dos efeitos positivos das mudanças e seus resultados (FNPQ,

2005, p. 101).

Conforme FPNQ (2005, p. 97):

Nesta etapa, o comprometimento da equipe do estudo não é suficiente para atigir os

resultados propostos. Como se trata da implementação de planos e, normalmente,

vários setores estão envolvidos, é muito importante o comprometimento pessoal da

alta direção como força propulsora para a viabilização e a própria gestão da

mudança, na qual se buscará reduzir as naturais resistências das pessoas à mudança.

7.5.2 Integrar ao processo de planejamento da empresa

De acordo com Watson (1992, p. 4):

Benchmarking é uma ferramenta que complementa o planejamento estratégico para

aumentar a competitividade da sua empresa. Ao estudar outras empresas e os

métodos que lhes permitam construir o sucesso de negócios em andamento, você

pode tornar-se mais bem preparado para travar uma guerra econômica.

Segundo Zairi e Leonard (1995, p. 69): “O benchmarking é essencial para conversão

de estratégias em metas realizáveis”.

De acordo com Zairi e Leonard (1995, p. 65) o benchmarking é o direcionador chave

do planejamento estratégico pois ele ajuda as organizações a estabelecerem:

- Voz do consumidor – fornece informações sobre as necessidades do consumidor e seus

níveis de satistafação com os produtos e serviços existentes.

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- Voz do processo – as práticas, tecnologias e métodos do benchmarking permitem as

organizações explorar tecnologias e conhecimento de ponta para estabelecer um habilidade

superior de prover serviços excelentes, baseados em qualidade, custo, velocidade e

pontualidade de entregas, habilidades de prover respostas rápidas, entre outros (ZAIRI E

LEONARD, 1995, p. 65).

7.5.2.1 Estabelecer metas para novo nível de desempenho

De acordo com Camp (1993, p. 153):

Um benchmarking completo garante não só uma definição do marco de referência,

mas também descreve como as melhores práticas serão alcançadas. Não se pode

fixar metas com base na extrapolação do passado para o futuro, nem baseá-las em

suposições a respeito de produtividade, inflação e crescimento de mercado. A única

maneira eficaz de estabelecimento de metas é com base nos dados factuais do

mundo exterior – as melhores práticas da indústria.

Segundo FPNQ (2005, p. 94):

Na definição de metas, todas as informações utilizadas na etapa de adequação e

proposição das alternativas de melhoria novamente devem ser observadas para que a

meta seja do tipo SMART (Simples, Mensurável, Atingivel, Razoável e no Tempo

Adequado), isto é, deve ser arrojada e ao mesmo tempo factível.

É preciso atualizar constantemente as informações comparativas, de benchmarking,

pelo fato de as mesmas se tornarem desatualizadas. Em algumas situações, essas informações

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desatualizadas podem causar danos à organização, principalmente quando são usadas para

tomar uma decisão estratégica (FNPQ, 2005, p. 102).

De acordo com Watson (c1994, p.85-86) vários tipos de meta podem servir para

ajudar uma empresa através de seu processo de aperfeiçoamento:

Meta de curto prazo – melhorias que se apresentaram no decorrer da auto inspeção do

processo da empresa.

Meta de paridade – são decorrentes das aplicações dos capacitadores do parceiro de

benchmarking.

Meta de liderança – requer aperfeiçoamento além do observado em outras empresas. Decorre

da integração de missões de várias empresas e busca da aplicação sinérgica destas lições a fim

de ultrapassar processos observados em outras empresas.

Falconi (2009, p. 40) destaca algumas práticas gerenciais que devem ser conduzidas

anualmente em todos os níveis da organização para facilitar o estabelecimento de metas:

- Determinação das Lacunas – Todos os Diretores, Gerentes e Supervisores devem

ser treinados para determinar em suas respectivas áreas de trabalho, as suas lacunas.

O valor da lacuna é a base sobre a qual podem ser estabelecidas metas racionais;

- Priorização – Cada chefia deve ter de três a cinco metas prioritárias, nunca mais do

que isto. As prioridades devem ser estabelecidas, dentro de cada nível gerencial, de

preferência por um critério financeiro;

- Desdobramento – A grande maioria das metas em toda organização deve se

originar das metas estratégicas.

Schiemann e Lingle (1999 apud COSTA, 2003) também reforçam que o uso de

medidas orientadas a resultados passados ocasiona desmotivação por parte das pessoas

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envolvidas com o processo de coleta e análise, pois os resultados não auxiliam na melhoria de

desempenho dos processos e estas pessoas acabam coletando dados apenas por exigências da

direção. O uso de medidas que possibilitam identificar resultados futuros tem como principal

finalidade à revisão das estratégias e também, a identificação de que os resultados que estão

sendo atingidos correspondem aos resultados esperados.

7.5.3 Aperfeiçoar o processo e integrar ao modelo de gestão

De acordo com FPNQ (2005, p. 107) o processo de benchmarking deve ser sempre

avaliado e melhorado, ou seja, deve passar por um processo de aprendizado. Sendo assim é

recomendável que exista pelo menos um evento anual no qual sejam discutidos, de forma

estruturada, os seguintes aspectos:

- Resultados de todos os estudos de benchmarking;

- Feedbacks das equipes de estudo quanto à metodologia e o procedimento;

- Acertos e erros cometidos pelas equipes;

- Eficácia dos estudos que pode ser medida, por exemplo, pelo número de ações de

melhoria, implementadas como decorrência do benchmarking (FPNQ, 2005, p. 107).

Bogan e English (1997, p. 206) reforçam a importância dos sistemas e ações

gerenciais apoiarem e encorajarem o processo de benchmarking através de comparações e

ações. Dentre estes sistemas gerenciais estão recompensa e reconhecimento, avaliação de

desempenho, redes de trocas de informações e o processo de planejamento estratégico.

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8 ESTRUTURAR UM PLANO DE COMUNICAÇÃO

De acordo com Camp (1997, p. 68):

Existem muitas considerações a fazer sobre o gerenciamento das atividades de

benchmarking. Por exemplo, é necessário transmitir a ideia do benchmarking a todas

as pessoas na organização – isso pode fazer uma grande diferença, uma vez que o

envolvimento de todos sempre traz melhores resultados.

Nos projetos concluídos com sucesso, o gerente gasta 90% do seu tempo envolvido

com algum tipo de comunicação (formal, informal, verbal, escrita). Este gerenciamento é

composto pelos seguintes processos: planejamento das comunicações, distribuição das

informações, relatório de desempenho e encerramento administrativo (DINSMORE;

CAVALIERI, 2003).

8.1 COMUNICAÇÃO E TREINAMENTO DA FORÇA DE TRABALHO

De acordo com Cruceru (2013) a formação de especialistas em matéria de

concorrência e análise de concorrentes deve ser uma prioridade para as organizações, porque

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rivalidade competitiva é uma realidade do mercado atual. As empresas que souberem se

concentrar na implementação de um processo benchmarking nas atividades de gestão e

marketing irão alcançar maior desempenho e competitividade em relação a os seus

concorrentes.

Segundo Camp (1996, p. 155-156): “O treinamento é essencial para a condução eficaz

das atividades do benchmarking”.

Ainda, de acordo com o mesmo, existem pelo menos três audiências que dele

necessitam. Elas são:

(1) Treinamento de conscientização para gerentes e equipes executivas;

(2) Treinamento de aptidões interfuncionais para os que necessitam dos

conhecimentos básicos de benchmarking;

(3) Treinamento de trabalho em equipe para as equipes comissionadas de

benchmarking (CAMP, 1996, p.155-156).

De acordo com Camp (1996, p. 173), no processo de treinamento, a empresa também

deve utilizar opções de treinamento externo, incluindo conferências, oficinas de trabalho,

seminários, excursões de estudo, missões, facilitação de equipe e consultoria.

De acordo com Bogan e English (1997, p. 94) o grande perigo do benchmarking esta

na sua incrível simplicidade:

O benchmarking não é conceitualmente difícil, mas é muito ‘rico em detalhes’. O

treinamento em benchmarking é a ferramenta que possibilita o sucesso de uma

equipe. Sem treinamento no processo, nas técnicas e na filosofia das melhores

práticas, as equipes estarão bastante limitadas.

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Leibfried e Mcnair (1992, p. 10) afirmam que:

O processo de benchmarking força uma clara comunicação dos objetivos a todos os

envolvidos, a participação ativa de todos os empregados no estabelecimento da

prática corrente e na identificação da melhor prática, e a identificação do tipo de

resultados ou mudança necessários para se igualar e exceder a melhor prática.

Comunicação aberta e confiança separam uma implementação bem sucedida, de um

processo de benchmarking, de uma fracassada (LEIBFRIED; MCNAIR, 1992, p. 47).

Sobre o processo de treinamento Camp (1996, p. 137) afirma que: “Para fazer

benchmarking é necessário que a gerência esteja conscientizada. Os gerentes precisam saber o

que é o benchmarking de modo que haja compreensão consistente em toda a organização”.

O autor ainda reforça que: “As organizações e equipes de benchmarking necessitam de

assistência. Elas podem necessitar de facilitadores ou instrutores consultores e alguém para

ser responsável pelo programa de benchmarking” Camp (1996, p. 137).

Em relação ao treinamento de aptidões de trabalho em equipe Camp (1996, p.143):

“Assim como os gerentes devem compreender o processo de gerência do benchmarking, os

membros da equipe comissionada devem ter o treinamento de habilidades para conduzir as

investigações do benchmarking”.

De acordo com Hashim e Yusoff (2008) um comprometimento organizacional forte

resulta no aumento de esforços para melhorar a extensão da experiência de benchmarking de

uma organização através de um maior comprometimento de recursos para a formação e

retenção de especialistas de benchmarking. Uma maior experiência organizacional por sua

vez melhora a capacidade da organização para identificar as áreas mais adequadas para

aferição, e para empregar uma coleta de informações e métodos de compartilhamento de

modo mais eficaz.

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8.2 ESTRUTURAR PADRÃO E FERRAMENTAS DE TRABALHO EM

BENCHMARKING

8.2.1 Criar um procedimento de Benchmarking

De acordo com FPNQ (2005, p. 36):

[...] é muito importante que a organização que deseja estruturar um processo de

benchmarking, como qualquer outro processo importante para o negócio, e que

todas as suas unidades, departamentos e equipes realizem estudos desse processo, de

forma estruturada, seguindo a metodologia definida, possua um procedimento de

benchmarking que esteja documentado e seja acessível e relativamente simples de se

cumprir.

Segundo FPNQ (2005, p. 40) um procedimento de benchmarking deve conter os

seguintes tópicos:

- Diretriz para benchmarking;

- Objetivos;

- Conceitos;

- Benefícios;

- Metodologia de benchmarking;

- Registros;

- Ferramentas de apoio;

- Código de conduta;

- Fatores para o sucesso do benchmarking;

- Reponsabilidades;

- Glossário,

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- Referências bibliográficas.

Este procedimento de benchmarking pode estar rigorosamente estruturado, como

também pode ser apresentado em formas mais simples, como um fluxograma ou checklist,

desde que os mesmos sejam controlados, garantindo sua integridade e atualização

(FUNDAÇÃO PRÊMIO NACIONAL DA QUALIDADE, 2005, p. 39).

De acordo com Camp (1996, p. 148):

[...] expor histórias de sucesso e as histórias de caso é uma atividade importante para

expandir e intensificar o benchmarking através da organização. Este é um poderoso

meio de reconhecimento e serve para estimular as atividades de benchmarking de

outros.

Ainda, segundo o autor:

Isto inclui catalogar os documentos de benchmarking para consulta de outros, tornar

os resultados disponíveis em alguma forma resumida para consideração e

reprodução por outras funções semelhantes; relatar os resultados em seminários

internos e apresentações externas conforme for apropriado; distribuir comunicações

internas dos relatórios de progresso para revisões formais de projeto; e relatar os

resultados de benchmarking em planos da empresa, planos operacionais, ou revisões

de orçamento e de operações (CAMP, 1996, p. 148).

Para Camp (1996, p. 147) o desenvolvimento de um guia de referência de benchmark

para gerentes é bastante útil. Esse guia deve funcionar como um auxílio para um trabalho

prontamente acessível e deve conter exemplos de o que fazer para conduzir eficazmente o

benchmarking.

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Sobre o guia, Camp (1996, p. 178), afirma que a audiência para o guia deve ser

identificada e que: “Com toda probabilidade a audiência inclui todos os gerentes, todos os

representantes funcionais de benchmarking, e todos os proprietários e operadores de

processo”.

Sobre o processo de benchmarking Neil B. Bunis, gerente de planejamento da DuPont

Co. (apud BOGAN; ENGLISH, 1997, p. 29) afirma que: “O trabalho em redes é crítico. Não

faz sentido reaprender aquilo que alguém na empresa já sabe”.

8.2.2 Atualizar sistemas físicos e gerenciais

Bogan e English (1997, p. 324) afirmam que:

As empresas que alavancam com sucesso a informação sobre as melhores práticas

gerenciam tanto o hardware, ou sistemas físicos que facilitam o intercâmbio da

informação, quanto o software, ou elementos culturais que afetam ao desejo dos

funcionários de compartilhar e aprender com os outros.

Estes ainda reforçam que a solução de software está nos sistemas gerenciais que

desenvolvem uma cultura que apoia e encoraja a troca de informações sobre as melhores

práticas.

Ainda segundo estes: “A educação dos funcionários pode ser uma forte ferramenta

para encorajar direta e indiretamente a busca das melhores práticas como uma estratégia

eficaz operacional” (BOGAN; ENGLISH, 1997).

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8.3 AVALIAR RESULTADOS E DIVULGAR MELHORIAS

De acordo FPNQ (2005, p. 91) os conhecimentos obtidos com a realização do estudo

de benchmarking devem ser compartilhados, pela equipe, com as partes envolvidas e afetadas

pelo mesmo. As principais informações que devem ser compartilhadas são as seguintes:

- Objeto e objetivos do estudo de benchmarking;

- Equipe do estudo;

- Descrição da metodologia e um resumo de como cada etapa foi executada;

- Detalhes do (s) parceiro (s) de benchmarking;

- Resumo das descobertas ou melhores práticas encontradas;

- Oportunidades de melhoria identificadas;

- Recomendações com as alternativas de melhoria;

- Análise de viabilidade técnica e econômica das alternativas;

- Relação das propostas com a estratégia da organização;

- Benefícios e impactos no negócio de cada alternativa.

Ainda de acordo com FPNQ (2005, p. 108) a Serasa comunica os benefícios do

benchmarking por meio dos seguintes mecanismos:

- Benchmarking – Sistema Notes;

- TV Ser Serasa;

- Cafés da Manhã;

- Reuniões de Repasse;

- Correio Eletrônico;

- Mural: Em dia (FPNQ, 2005, p. 108).

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Sobre os métodos para gerenciamento do conhecimento das melhores práticas Bogan e

English (1997, p. 326) ressaltam que:

Não há uma única e melhor abordagem para a gestão do conhecimento e das

melhores práticas. As experiências reais sugerem que cada organização deve fazer

sob medida um sistema que se encaixe com os hábitos de trabalho e preferências

culturais de seus funcionários. Em um estudo sobre sistemas de gerenciamento do

conhecimento das melhores práticas em 11 corporações multinacionais de primeira

linha, o banco de dados apareceu como o método de comunicação mais popular; o

correio eletrônico obteve o segundo lugar (BOGAN; ENGLISH, 1997, p. 326).

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9 MÉTODO DE PESQUISA

“O planejamento de uma pesquisa depende tanto do problema a ser estudado, da sua

natureza e situação espaço-temporal em que se encontra, quanto da natureza e nível de

conhecimento do pesquisador” (KÖCHE, 2007, p. 122).

A definição dos procedimentos metodológicos é uma questão crítica para o alcance

dos objetivos de qualquer trabalho de pesquisa. O método de pesquisa deve estabelecer o

caminho a ser seguido para atingir os objetivos de estudo definidos, de acordo com as

exigências do rigor científico.

De acordo com Yin (2010, p. 28) a escolha da estratégia de pesquisa depende:

- Do tipo de questão de pesquisa proposto;

- Da extensão de controle que o investigador tem sobre os eventos comportamentais

reais;

- Do grau de enfoque sobre eventos contemporâneos em oposição aos eventos

históricos.

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9.1 TIPO DE PESQUISA

A pesquisa a seguir tem como objetivo gerar conhecimentos para aplicação prática e

dirigida à solução de problemas específicos envolvendo verdades e interesses locais, assim,

considera-se a mesma como pesquisa aplicada (PRADANOV; FREITAS, 2009, p. 51).

De acordo com Yin (2010, p. 27-28) uma estratégia de pesquisa pode ser usada para

três finalidades: exploratória, descritiva ou explanatória.

Em relação a pesquisa exploratória Gil (2010, p. 27) define que:

Estas pesquisas têm como propósito proporcionar maior familiaridade com um

problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. Seu

planejamento tende a ser bastante flexível, pois interessa considerar os mais variados

aspectos relativos ao fato ou fenômeno estudado (GIL, 2010, p. 27).

E ainda reforça que: “Embora o planejamento da pesquisa exploratória seja bastante

flexível, na maioria dos casos assume a forma de pesquisa bibliográfica ou de estudo de caso”

(GIL, 2007).

Prodanov e Freitas (2009, p. 52) reforçam explicitando que a pesquisa exploratória

possui planejamento flexível e em geral envolve:

- levantamento bibliográfico;

- entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema

pesquisado;

- análise de exemplos que estimulem a compreensão.

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Sendo assim, considera-se que a pesquisa exploratória é a mais adequada para

desenvolver idéias e estabelecer critérios para compreensão a respeito do problema de estudo

deste trabalho. Fica, portanto, justificada a escolha deste tipo de pesquisa para a realização

deste projeto.

9.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA

Após definido o caráter exploratório do estudo foi necessário definir o tipo da

pesquisa, do ponto de vista dos procedimentos técnicos, a adotar para a coleta, análise das

informações e intervenção sobre o contexto do estudo.

A estratégia de pesquisa escolhida inclui busca de informações em fontes secundárias,

pesquisa bibliográfica, e um estudo de caso combinado com pesquisa-ação. A pesquisa

bibliográfica considerou uma ampla revisão da literatura disponível, considerando os

principais autores e publicações sobre o tema, e com a finalidade de conhecer o atual estágio

dos estudos acadêmicos a respeito do assunto estudado.

A justificativa para a escolha do estudo de caso, como método de pesquisa, decorre do

mesmo possuir uma metodologia classificada como Aplicada, na qual se busca a aplicação

prática de conhecimentos para a solução de problemas sociais (BOAVENTURA, 2004).

De acordo com Pradanov e Freitas (2009, p. 60) o estudo de caso:

É um tipo de pesquisa qualitativa e/ou quantitativa, entendido como uma categoria

de investigação que tem como objeto o estudo de uma unidade de forma

aprofundada, podendo tratar-se de um sujeito, de um grupo de pessoas, de uma

comunidade etc. São necessários alguns requisitos básicos para sua realização, entre

os quais, severidade, objetivação, originalidade e coerência.

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O estudo de caso tem como finalidade o estudo profundo de um ou mais objetos, de

maneira que permita um amplo e detalhado conhecimento (GIL, 2010, p. 37).

Martins (2006, p. 11-12) complementa afirmando que:

[...] ‘como estratégia de pesquisa, um Estudo de Caso, independentemente de

qualquer tipologia, orientará a busca de explicações e interpretações convincentes

para situações que envolvam fenômenos sociais complexos’, e, também, a

elaboração ‘de uma teoria explicativa do caso que possibilite condições para se

fazerem inferências analíticas sobre proposições constatadas no estudo e outros

conhecimentos encontrados’.

Dentre as vantagens do uso de estudo de caso esta o fato deste explorar situações da

vida real cujos limites não estão claramente definidos, descrever a situação no contexto em

que esta sendo feita determinada investigação e explicar as variáveis causais de um

determinado fenômeno em situações muito complexas que não possibilitem a utilização de

levantamentos e experimentos (PRADANOV; FREITAS, 2009, p. 62).

A maior crítica ao método de estudo de caso é a falta de rigor da pesquisa do estudo de

caso, pois muitas vezes o pesquisador deste método é negligente, permitindo se seguir

procedimentos sistemáticos ou a aceitação de evidências equivocadas ou que visões parciais

inflenciem a direção dos seus achados e conclusões. Outra preocupação sobre os estudos de

caso é que eles fornecem pouca base para a generalização científica. Em resposta a estas

críticas vale ressaltar que a parcialidade também pode entrar na condução dos experimentos, e

no uso de outros métodos de pesquisa, como o planejamento de questionários de pesquisas ou

a condução de pesquisa histórica (YIN, 2010, p. 35-36).

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Comparando o estudo de caso com outras formas de pesquisa Yin (2010, p. 28) afirma

que:

[...] o estudo de caso apresenta uma vantagem distinta sobre as outras estratégias de

pesquisa quando faz-se uma questão do tipo ‘como’ ou ‘por que’, sobre um conjunto

contemporâneo de acontecimentos sobre o qual o pesquisador tem pouco ou nenhum

controle.

No estudo de caso que será exposto adiante, neste projeto, os pesquisadores e os

participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo

participativo no estudo logo se caracteriza um estudo de pesquisa-ação.

Thiollent (2011, p. 20) define que o método de pesquisa-ação como:

(...) um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em

estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no

qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema

estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.

A pesquisa-ação busca diagnosticar um problema específico numa situação específica,

com vistas a alcançar algum resultado prático. Diferentemente da pesquisa tradicional, não

visa a obter enunciados científicos generalizáveis, embora a obtenção de resultados

semelhantes em estudos diferentes possa contribuir para algum tipo de generalização (GIL,

2010, p. 42).

De acordo com Thiollent (2011, p. 22-23) entre as principais características da

pesquisa-ação estão:

a) interação entre pesquisadores e pessoas implicadas na situação investigada;

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b) desta interação resulta a ordem de prioridade dos problemas a serem pesquisados e

das soluções a serem encaminhadas sob a forma de ação concreta;

c) o objeto de investigação não é constituído por pessoas, mas pela situação e pelos

problemas de diferentes naturezas encontrados nesta situação;

d) o objetivo da pesquisa consiste em resolver, ou esclarecer os problemas da situação

observada;

e) durante o processo de pesquisa há um acompanhamento das decisões, das ações e

de toda atividade intencional dos atores da situação;

f) os objetivos incluem aumentar o nível de conhecimento dos pesquisadores e das

pessoas e grupos que fazem parte da situação (THIOLLENT, 2011, p. 22-23).

Em termos de aquisição de conhecimentos, Thiollent (2011, p. 49) identifica os

seguintes objetivos potencialmente alcançáveis com a utilização da metodologia:

a) coleta de informação originais acerca de situações ou de atores;

b) concretização de conhecimentos teóricos a partir do diálogo entre os pesquisadores

e os participantes da situação;

c) comparação de modelos mentais, com o cotejo entre saber formal e saber informal

acerca da resolução de diversas categorias de problemas;

d) produção de guias ou de regras práticas para resolver os problemas e planejar as

correspondentes ações;

e) aprendizagem quanto à condução da ação e suas condições de êxito;

f) possibilidade de estabelecer generalizações a partir de várias pesquisas semelhantes

e com o aprimoramento da experiência dos pesquisadores.

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135

Do ponto de vista científico, a proposta metodológica da pesquisa-ação desempenha

um papel importante na medida em que oferece subsídios para organizar a pesquisa de forma

convencional, no nível da observação, do processamento de dados, da experimentação etc.

(PRADANOV; FREITAS, 2009, p. 67).

Sendo assim a segunda etapa da pesquisa constituiu de um estudo de caso, com a

intervenção na situação suportada por uma metodologia de pesquisa-ação.

9.3 PROCEDIMENTO DE PESQUISA

A pesquisa-ação compreende uma ação efetiva na busca de soluções para o problema

de estudo e é acompanhada por práticas que aprofundam e difundem o conhecimento e

facilitam o processo de aprendizagem (THIOLLENT, 2011).

O procedimento de pesquisa, ou seja, o processo de captação da informação empírica

ocorre por meio de: seminários, entrevistas individuais ou coletivas, e reuniões de discurssão

com especialistas e usuários (THIOLLENT, 2011).

A observação participante, característica básica da pesquisa-ação, fornece

oportunidades incomuns de coleta de dados, mas também apresenta alguns problemas. Dentre

as oportunidades esta a facilidade de acesso a eventos e informações sobre a situação,

normalmente não disponíveis no caso da investigação científica, enquanto os problemas estão

na dificuldade de atuação isenta e não tendenciosa durante a pesquisa e no difícil equilíbrio

entre os papéis de observador e participante (YIN, 2010).

Outra característica da pesquisa-ação é que a formulação da hipótese nesta não é

necessariamente de forma causal entre os elementos considerados. A hipótese qualitativa é

utilizada para organizar a pesquisa em torno de possíveis conexões ou implicações não

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causais, mas suficientemente precisas para se estabelecer que X tem algo a ver com Y na

situação considerada (THIOLLENT, 2011, p. 65).

De acordo com Thiollent (2011, p. 55) o planejamento de uma pesquisa-ação é

flexível e não segue uma séria de fases rigidamente ordenadas. Assim, embora não ordenadas

no tempo, a seguir na Figura 12 seguem as etapas que são consideradas neste tipo estudo com

a descrição de como o grupo de trabalho, que desenvolveu o estudo de caso posterior,

procedeu em cada uma delas (GIL, 2010, p. 151-152):

Tabela 12 – Detalhamento das Etapas do Procedimento de Pesquisa

Etapas Descrição

Fase exploratória Fase em que o grupo de trabalho identificou a diferença de desempenho na gestão decustos de manutenção, entre as refinarias, definiu obenchmarking como tema para oestudo e os objetivos da pesquisa: principal e intermédiários.

Formulação do problema

Etapa em que foi definido o problema do estudo: como estruturar o processo debenchmarking e a difusão de melhores práticas entre as refinárias? A relevancia do mesmoé fundamentada pelo impacto da solução nos resultados da empresa e pelo nível dediscussão do tema benchmarking no meio cientifico.

Construção de hipotéses

A formulação das hipóteses permitiu ao grupo de trabalho identificar informaçõesnecessárias ao desenvolvimento do trabalho, evitar dispersão, focalizar determinadossegmentos do campo de dispersão e ajudar a selecionar dados para resolução doproblema da pesquisa. A principal hipótese constituída foisobre o impacto do métodoPDCA, e sua contribuição para o sucesso do modelo de governança no processo debenchmarking da organização.

Realização do seminário

Foram realizadas reuniões entre os membros do grupo de trabalho, destes com gerentesde manutenção, com a equipe de governança do processo na Sedee nas refinarias, e comas áreas de orçamento e contabilidade da empresa. Estes encontros tiveram comofinalidade examinar, discutir e tomar decisões acerca do processo de investigação.

Fonte: O autor (2013).

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Tabela 12 – Detalhamento das Etapas do Procedimento de Pesquisa (Continuação)

Etapas Descrição

Seleção da amostra

Depois de definido o tema, o problema e os objetivos do estudoo grupo de trabalhobuscou identificar as gerências e partes interessadas no projeto e cuja contribuição seriarelevante para o sucesso do mesmo. Assim a seleção da amostraocorreu de modointencional em função da importância e da representatividade qualitativa que as pessoasescolhidas tinham em relação ao assunto.

Coleta de dados

A etapa de coleta de dados, qualitativos e quantitativos, pelo grupo de trabalho,aconteceu a partir da realização de reuniões coletivas e individuais com as partesinteressadas e da coleta de informações de custos das unidades operacionais por meiodos sistemas de gestão. Também ocorreu durante a realizaçãodas auditorias de avaliaçãodo processo nas unidades com a aplicação de questionários.

Análise e interpretação dos dados

A busca de soluções envolveu representantes do grupo de trabalho, especialistas demanutenção e participantes de áreas interessadas no projeto que buscaram chegar a umrelacionamento adequado entre o saber formal, decorrente da pesquisa teorica, e o saberinformal proveniente do conhecimento tácito dos especialistas e gerentes.

Elaboração do plano de ação

Baseado nas hipotéses e na análise e interpretação dos dadospara consecução dosobjetivos, o grupo de trabalho elaborou planos de ação para execução das etapas deestruturação do processo debenchmarking e também para a implementação das açõesprovenientes da quarta etapa do ciclo PDCA.

Divulgação dos resultados

Os resultados alcançados com o trabalho são divulgados mensalmente, para as partesinteressadas, por meio das reuniões de análise critica dos custos e videoconferênciasestabelecidas do modelo de governança. Os seminários semestrais, realizados pelocoordenador do grupo de trabalho com gerentes, especialistas da sede, e das unidadestambém funciona como uma ferramenta para divulgação de resultados.

Fonte: O autor (2013).

9.4 ANÁLISE DOS DADOS

A análise dos dados consiste no exame, na categorização, na tabulação, no teste, ou

nas evidências recombinadas de outra forma, para tirar conclusões baseadas empiricamente

(YIN, 2010, p. 154).

As escolhas da estratégia geral e da técnica específica de análise dos dados são

essenciais para assegurar o tratamento adequado das evidências coletadas, evitar

interpretações alternativas e produzir conclusões robustas, garantindo o rigor científico do

estudo.

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Gil (2007, p. 41) reforça a importância destas definições ressaltando que:

Um dos maiores problemas na interpretação dos dados no estudo de caso deve-se a

falsa sensação de certeza que o próprio pesquisador pode ter sobre suas conclusões.

Embora esse problema possa aparecer em qualquer tipo de pesquisa, é muito comum

no estudo de caso.

De acordo com Yin (2010, p. 154) quatro estratégias analíticas geral são: “contar com

as proposições teóricas, desenvolver descrições de caso, usar dados quantitativos e

qualitativos e examinar as explanações rivais”.

O mesmo complementa explicando que cada uma destas estratégias pode ser usada

para praticar cinco técnicas específicas da análise dos estudos de caso: “a combinação de

padrão, a construção da explanação, a análise de séries temporais, os modelos lógicos e a

síntese cruzada dos casos” (YIN, 2010, p. 154).

Referente à técnica específica para análise do estudo de caso foi utilizada a construção

da explanação como metodologia para análise de dados e também a análise cronológica dos

eventos a qual constitui uma forma especial de análise de séries temporais que examina

questões do tipo “como” e “porque” sobre a relação dos eventos ao longo do tempo (YIN,

2010, p. 175).

Este trabalho usou de proposições teóricas, desenvolvimento e descrições de caso e de

dados qualitativos e quantitativos como estratégias analíticas gerais. Os dados qualitativos

explicitam a aderência do modelo descrito, no estudo de caso, à literatura sobre benchmarking

e a adequação do método as características organizacionais. Já os dados quantitativos validam

a importância dos capacitadores de desempenho encontrados e do estabelecimento de um

processo de benchmarking.

Referente à análise de dados, em um estudo de caso, Martins (2006) explicita que

quando há convergência de diversas fontes de evidências, existe um fato que poderá ser

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tratado como uma descoberta e devida conclusão, ou considerado como uma evidência que

será somada a outras visando uma melhor compreensão e interpretação de um fenômeno.

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140

10 DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO

O estudo de caso de benchmarking a seguir foi desenvolvido no ano de 2012 e teve

como campo de abrangência a área de manutenção de uma grande empresa do ramo

petroquímico nacional. A empresa é uma sociedade anônima de capital aberto que atua nos

setores de exploração e produção, refino, comercialização e transporte de óleo e gás natural,

petroquímica, distribuição de derivados, energia elétrica, biocombustíveis e outras fontes

renováveis de energia.

O procedimento de pesquisa específico para este estudo considerou, além da

metodologia de pesquisa-ação a proposição do problema de estudo (como estruturar o

processo de benchmarking no refino brasileiro), e compreendeu a escolha dos funcionários da

organização participantes no processo de pesquisa, a definição e a programação das etapas do

processo de estruturação da gestão de custos e benchmarking e o procedimento de coleta das

informações decorrentes do processo.

A pesquisa documental como fonte de evidências para os estudos é destacada por Yin

(2010). Neste estudo a pesquisa documental consistiu na compilação de informações sobre o

processo de gestão de custos e os seus resultados ao longo do período de aplicação do

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método. Estas informações foram obtidas por meio de consultas a atas de reuniões, relatórios,

planos de trabalho, sistemas de gestão e outros.

Os dados e informações gerados como decorrência do estudo foram coletados através

do registro escrito e em sistema, comentários dos participantes e experiências durante e após o

período de duração da pesquisa.

10.1 EQUIPE E ORGANIZAÇÃO

Este trabalho foi desenvolvido por um grupo formado por cinco participantes advindos

da área de refino da empresa e com as funções, conforme Tabela 13:

Tabela 13 – Composição do Grupo de Trabalho de Custos de Manutenção

Qtde Formação Função

1 Administradora Pleno Coordenadora do GT

1 Administrador Pleno Profissional de Controladoria

1 Técnico de Manutenção Pleno Profissional de Manutenção

1 Técnico de Manutenção Senior Supervisor de Manutenção

1 Técnico de Manutenção Senior Profissional de Manutenção

Fonte: O autor (2013).

Os membros do grupo de trabalho foram selecionados baseados no envolvimento dos

mesmos no processo de manutenção das principais refinarias, com ênfase no processo de

gestão de custos, e conforme o nível de referência, na organização, como colaboradores

qualificados tecnicamente e com perfil de liderança.

Esses profissionais foram responsáveis pela execução e controle de todas as etapas do

projeto, desde a fase de padronização da apropriação dos custos de manutenção, passando

pela divulgação dos novos processos para a equipe de governança, auditoria, elaboração do

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painel de controle de custos, até a implantação do processo de benchmarking na área de

manutenção.

O grupo contou com o patrocínio do gerente geral da área de manutenção do refino, o

qual apoiou o trabalho:

- Promovendo o engajamento dos gerentes das áreas de manutenção da sede e das doze

unidades operacionais.

- Acompanhando mensalmente e sugerindo melhorias ao projeto desenvolvido pelo

grupo de trabalho de custos e manutenção do refino.

- Disponibilizando recursos financeiros para viagens de trabalho com fins de auditoria

de processo, realização de encontros técnicos para divulgação de procedimentos de

apropriação de custos e treinamento no sistema de gestão de custos e benchmarking.

- Cobrando resultados, decorrentes da implantação do processo, por meio das reuniões

para análise de custos e da incorporação de metas de desempenho, relacionadas ao projeto, na

avaliação de resultados do corpo gerencial.

Referente a constituição da equipe de trabalho é importante ressaltar que a mesma

atendeu, em suas características, a aspectos importantes considerados na literatura sobre

benchmarking, como: a presença de um patrocinador do projeto, coordenador do projeto,

donos do processo alvo e de especialistas nas disciplinas envolvidas.

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10.2 DESCRIÇÃO DO CASO

10.2.1 Introdução

Diante da escalada da competitividade no mercado de derivados de petróleo, e visando

contribuir para a Refino S/A com a melhoria no desempenho de custos do refino, era

necessária a implantação de uma avaliação estruturada dos gastos e definição de metas

adequadas e direcionadas à rentabilidade. Fez se necessária também, como consequência, a

estruturação de um processo de benchmarking que permitisse a otimização dos recursos e

aumento do desempenho das unidades operacionais do sistema.

O custo com manutenção industrial e inspeção de equipamentos, especificamente,

apresentava um histórico de aumento contínuo nos últimos anos. Porém os dados, da forma

como eram disponibilizados até então, não permitiam análise adequada de causas básicas

pelas refinarias e governança pela Sede. Foi necessário também criar uma sistemática de

benchmarking e gestão do conhecimento estabelecida para compartilhamento de melhores

práticas entre as unidades.

Assim, em novembro de 2011, foi criado um grupo de trabalho com o objetivo de

aprimorar o processo de apropriação e gestão dos custos de manutenção e inspeção,

concentrando-se nos fatores necessários para:

• garantir a comparabilidade entre as refinarias;

• disponibilizar as informações com profundidade de desdobramento e em interface

amigável ao gestor;

• sistematizar a análise crítica;

• formar uma comunidade de especialistas do Refino referência no assunto;

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• Estruturar o processo de benchmarking na área de Manutenção.

A missão do projeto foi contribuir para o posicionamento das unidades da Refino S/A

entre as refinarias mais eficientes do mundo, utilizando para tanto um referencial de

benchmark internacional (SOLOMON, 2010) e através da estruturação de um processo de

benchmarking e de difusão da melhores práticas entre as refinarias do sistema.

O período completo do ciclo do estudo ocorreu entre novembro de 2011 e o inicio do

2º semestre de 2013. Nesse período foram realizadas diversas reuniões de pequeno porte, do

grupo de estudo com gerentes e especialistas em gestão de custos e manutenção, com o

objetivo de debater sobre diversos aspectos relacionados ao projeto. A escolha dos membros

de cada reunião foi pautada de acordo com o assunto específico em análise.

Além disso, foram realizados encontros, de maior porte, fisicamente ou por meio de

videoconferências, como objetivo de:

- Capacitar as unidades operacionais no processo de gestão de custos e prática do

conceito de benchmarking;

- Avaliar, por meio de auditorias, a aplicação dos procedimentos estabelecidos para

apropriação e análise de custos;

- Realizar a análise de custos comparativa entre as unidades e acompanhar a

implantação dos capacitadores de desempenho monitorados por plano de ação e seguindo a

metodologia (5W2H);

- Discutir melhorias no processo com os membros da comunidade de custos de

manutenção do refino.

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10.2.2 Objetivo

10.2.2.1 O problema

O refino é o segundo maior negócio em relevância para os resultados e investimentos

da Refino S/A, ficando atrás apenas da área de Exploração Produção (E&P), e a frente de

atividades importantes como Gás e Energia (G&E) e Petroquímica.

O custo de refino (COR) caracteriza-se como o principal indicador de desempenho das

refinarias, e é disponibilizado periodicamente para o mercado financeiro, que usa o mesmo

para avaliar a performance da empresa e tomar decisões de compra e venda de ações e de

disponibilização de recursos para financiar suas operações.

Os custos de manutenção e inspeção constituem a segunda maior parcela do COR.

Porém, apesar da relevância nos resultados da empresa, que influenciam decisões de

investimento do mercado, os mesmos não vinham apresentando coerência entre refinarias de

porte semelhante (Gaps de desempenho), nem aderência ao orçamento planejado, constituindo

um problema que carecia de um processo bem estruturado de gestão, para apuração de causas

básicas e reversão da tendência desfavorável, conforme Gráfico 1.

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Gráfico 1 – Evolução do Orçamento de Manutenção (Em R$ Milhões)

0

200

400

600

800

1.000

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

planejado realizado

Fonte: O autor (2013).

Assim, a pergunta que formula o problema foi:

Como estruturar o processo de gestão de custos de manutenção e benchmarking da

Refino S/A, de maneira a contribuir para tornar a empresa mais competitiva no cenário

mundial?

10.2.2.2 A oportunidade

A primeira atividade do projeto, coordenado pelo grupo de trabalho, consistiu na

definição do assunto focal, ou seja, na especificação e explicação detalhada da situação de

interesse a ser objeto da pesquisa.

Considerando o cenário problemático descrito, a área de Equipamentos e Serviços, ao

definir seu modelo de gestão, aplicável às manutenções, inspeções e engenharias das

refinarias, estabeleceu como meta o posicionamento do refino no primeiro quartil do Índice de

Eficiência de Custos de Manutenção (MEITM) do Estudo Solomon até 2014, o que representa

um MEITM de 200 (indicador adimensional).

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O Estudo Solomon é bianual realizado em anos pares, porém a gestão de custos e

benchmarking é contínua. Assim, buscando um indicador para acompanhamento mais

frequente da meta, foi encontrada alta correlação entre os resultados de MEITM e o indicador

R$/FCM (fator de complexidade de manutenção), já utilizado pelo refino.

Essa correlação foi de fundamental importância para o monitoramento mensal dos

resultados alcançados com o projeto e a aderência dos mesmos ao plano plurianual

estabelecido em umas das etapas do processo de estruturação do modelo de benchmarking da

empresa Refino S/A.

10.2.2.3 A solução

Uma solução rápida e barata para reverter o cenário negativo anteriormente

caracterizado e aproveitar a oportunidade de otimização de custos acima descrita seria

comparar as refinarias, através da estruturação de um processo de benchmarking, para

identificar boas práticas e disseminá-las às unidades com pior desempenho. Porém não havia

padronização na apropriação dos custos (ao longo do tempo cada refinaria adequou sua

apropriação às suas particularidades e características locais de gestão), inviabilizando a

comparabilidade. Assim entre as questões inicialmente levantadas pelo grupo como

representativas para o projeto e o atingimento desta meta estabelecida, destacou-se a

necessidade de padronização do modelo de apropriação de custos de manutenção pelas

unidades operacionais como um pré-requisito para o desenvolvimento das demais etapas

referentes ao projeto.

Além da possibilidade de comparação para identificação de benchmarks, identificação

e compartilhamento de boas práticas, outra solução da qual o refino carecia era uma estrutura

para suporte à elaboração de ações de melhoria pelos gestores e governança pela sede:

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especialistas que pudessem investigar esses custos em profundidade, realizar estudos de gaps,

identificar capacitadores de desempenho e gerar plano de ação para a redução ou eliminação

dos desvios.

Outra necessidade também foi estruturar um painel gerencial para facilitar a

comparabilidade de custos entre as unidades operacionais e disponibilizar desdobramentos

das informações de custos de manutenção e inspeção por processo. Foi também necessário o

estabelecimento de uma sistemática padronizada de análise crítica dessas informações por

meio da governança.

10.2.3 Metologia e aplicabilidade

10.2.3.1 Sistemática de desenvolvimento do trabalho

Para analisar, estruturar e implementar as possíveis soluções apontadas, foi constituído

um grupo de trabalho, coordenado pela área de manutenção da sede e com representantes das

áreas de manutenção e inspeção de algumas refinarias (mais avançadas na organização do

processo de gestão de custos) e da área de planejamento e controle do refino.

O grupo de trabalho iniciou suas atividades, em novembro de 2011, elaborando, um

procedimento para padronização da arquitetura de custos das áreas de manutenção e inspeção

nas refinarias, e para padronização da apropriação dos custos dentro dessa arquitetura. Essa

etapa foi fundamental para possibilitar a comparação de custos entre as unidades, viabilizando

a identificação de benchmarks e compartilhamento de boas práticas, e a definição de planos

para otimização de custos.

Para estruturar o padrão de apropriação de custos a equipe coordenadora do estudo,

buscou entender inicialmente a forma como vinham sendo apropriados os custos pelas

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149

unidades, analisar as diferenças de procedimento entre as mesmas e, em seguida, definir um

modelo ideal de apropriação tendo como base o diálogo estabelecido internamente na equipe e

também desta com as diversas partes interessadas: gerentes de manutenção, gerência de

contabilidade, gerência de orçamento e outros membros interessados do corpo funcional da

empresa. Este processo finalizou em dezembro de 2011.

Após o estabelecido um procedimento de apropriação de custos seguiu-se a definição

de um modelo para estruturação do processo de benchmarking na empresa. Para isso o grupo

procurou levar em consideração os seguintes fatores:

- Aspectos culturais da organização;

- Facilidade de treinamento, implementação e adesão pelos funcionários e corpo

gerencial;

- Possíbilidade de incorporação simples do modelo às práticas gerenciais já existentes

na empresa.

Considerando que o conceito do PDCA (Plan, Do, Check e Action) é altamente

difundido na organização, por meio das práticas de gestão já existentes, algumas advindas das

certificações de qualidade recebidas pela empresa, e somando se a isso a facilidade de

treinamento e adesão dos funcionários à prática do conceito, optou-se pela escolha de um

modelo de benchmarking totalmente aderente a esse modelo. Assim, foi facilitada e garantida

a incorporação mais fácil do modelo às práticas de gerencias já existentes na empresa,

permitindo tornar o benchmarking um processo sistemático e contínuo conforme definido

pelos principais especialistas no assunto.

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Definido isso, e tendo como base, todo o referencial teórico estudado, pela equipe,

durante o planejamento do projeto foram estabelecidas as seguintes etapas para

implementação do modelo, conforme Tabela 14.

Tabela 14 – Etapas do Processo de Benchmarking

ETAPAS DA ESTRUTURAÇÃO DO BENCHMARKING

1.0 - Planejamento do Projeto (Plan )

1.1 - Definir o objeto de Benchmarking (O que?)

1.2 - Empresa que será estudada (Quem?)

1.3 - Estruturar Equipe de Benchmarking (Governança)

2.0 - Recolhimento de Dados (Do )

2.1 - Dados Quantitativos

2.2 – Dados Qualitativos

3.0 - Análise de Dados (Check )

3.1 - Determinação dos Gaps

3.2 - Indentificação dos Capacitadores (Enablers)

3.3 - Integrar Metas de Benchmarking no Planejamento Plurianual

4.0 - Adaptação, melhoria e implementação das constatações (Action )

4.1 - Elaborar plano de ação

4.2 - Integrar ao modelo de gestão e aperfeiçoar o processo

Fonte: O autor (2012).

10.2.4 Etapas do Benchmarking

10.1.4.1 Planejamento do projeto (Plan)

A primeira etapa do projeto com início em janeiro e finalizada em fevereiro de 2012 se

caracterizou por três subetapas: definir o objeto de benchmarking, empresa que será estudada

e estruturar a equipe de benchmarking.

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Essa fase de planejamento foi de fundamental importância para o estudo por se

caracterizar como a origem do ciclo do PDCA, estabelecendo o foco e parte da metodologia

necessária para atingir os resultados almejados com a estruturação do processo de

benchmarking. A seguir, maior detalhamento de cada uma das etapas decorrentes desta fase:

- Definir o objeto de Benchmarking (O que?)

A escolha correta do indicador desempenho é de fundamental importância para o

sucesso de um projeto de benchmarking. O indicador escolhido para realização do processo

foi o R$/FCM (fator de complexidade de manutenção) em função do mesmo ser considerado

como um dos fatores críticos de sucesso para a empresa, de sua relevância financeira e da

correlação do mesmo com a disponibilidade operacional das unidades possibilitando assim a

otimização da produção de derivados de petróleo.

O indicador R$/FCM representa um percentual de 16% do custo operacional de refino

(COR), anual, o qual se caracteriza como o principal indicador de gestão orçamentária das

refinarias, e é disponibilizado periodicamente para o mercado, conforme Gráfico 2. A

evolução do indicador R$/FCM evidenciou uma oportunidade de redução dos custos de

manutenção e inspeção de aproximadamente R$ 157 milhões até 2014, para atingir a meta

estabelecida pela gerência de manutenção.

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Gráfico 2 – Representatividade dos Custos de Manutenção no COR

Insumos 16%

Outros15%

Manutenção de Rotina

16%

Paradas Programadas

de Manutenção

16%

Pessoal Próprio; 37%

Fonte: O autor (2012).

Outro fator importante que foi evidenciado para a escolha deste indicador foi a

evolução histórica dos custos de manutenção e parada percentualmente, no COR, no período

de 2006 a 2011 e a falta de aderência na realização destes custos em relação ao planejado

anual, como mostra o Gráfico 3.

Gráfico 3 – Evolução Histórica dos Custos de Manutenção e Paradas no COR

16,5%

24,4%

29,3%

23,0%

32,6%

27,9%27,1%26,5%

27,2% 26,6%28,2%

29,6%

33,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

prev

real

Fonte: O autor (2012).

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153

Além disso, a área de manutenção, de uma refinaria, é de extrema importância para a

mesma, pois está atrelada à necessidade de manter está funcionando pelo maior tempo

possível, sem interrupções e com produção otimizada, maximizando assim, a produção de

derivados importantes, para seu lucro operacional, como Diesel e Gasolina.

- Empresa que será estudada (Quem?)

Em função da maior parte da literatura de benchmarking considerar o benchmarking

interno como a primeira etapa em qualquer processo de benchmarking o grupo de trabalho

optou pela realização deste tipo de benchmarking.

Uma característica importante da organização e que também reforçou a escolha desta

opção é o fato da mesma possuir 12 refinarias as quais constituem fontes relevantes para

identificação e disseminação das melhores práticas. As diferenças de desempenho na gestão

de custos de manutenção, entre as mesmas no Gráfico 4, reforçam a assertividade da escolha.

Gráfico 4 – Diferenças de Desempenho entre as Unidades

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

UO 1(PP)

UO 2(PP)

UO 3(GP)

UO 4(MP)

UO 5(MP)

UO 6(PP)

UO 7(MP)

UO 8(GP)

UO 9(MP)

UO 10(GP)

UO 11(MP)

UO 12(PP)

4,1

3,4

5,2

1,91,5

2,2

2,92,6

2,3

5,2

2,8 2,6

Real 2011 (R$/FCM)

Fonte: O autor, (2012).

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154

Dentre outras razões para a escolha do benchmarking interno estão:

- Permitir o aprendizado, mais fácil, dos conceitos de benchmarking entre os

integrantes da força de trabalho;

– Detalhar processos e redes de atividades, internas, existentes nas unidades

operacionais;

- Identificar diferenças de desempenho entre processos internos similares;

- Elevar todas as refinarias ao nível de desempenho mais alto possível, dadas às

restrições e suposições existentes;

- Estabelecer práticas e procedimentos comuns entre as unidades;

- Criar um compromisso organizacional com o benchmarking;

- Difundir a cultura do benchmarking na organização por meio das práticas;

- Para identificar, classificar propulsores chaves de desempenho e difundi-los no

sistema.

- Estruturar equipe de Benchmarking (Governança)

A estruturação de uma equipe e de uma governança é um fator fundamental para o

sucesso de um projeto de benchmarking. Assim, em janeiro de 2012, foi constituída, pelo

grupo de trabalho, uma Comunidade de Custos de Manutenção e Benchmarking com um

representante de cada refinaria e um representante de cada área especializada da sede,

desempenhando o papel de defensores do conceito dentro de suas respectivas unidades e

sendo os responsáveis pelo desdobramento e cumprimento local das diretrizes corporativas

que o grupo de trabalho coordenador do projeto viesse a estabelecer.

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155

A seleção dos membros da comunidade foi realizada tendo como base o envolvimento

dos mesmos no processo de manutenção das suas respectivas unidades, o conhecimento

adequado para atuar no processo de gestão de custos e benchmarking, e o nível de referência,

na organização, como colaboradores qualificados tecnicamente e com perfil de liderança.

Importante ressaltar que além do apoio total do gerente geral de manutenção da

empresa para execução das suas atividades, os membros da comunidade ainda contam com o

apoio irrestrito do gerente de manutenção das suas respectivas unidades para o cumprimento

das suas atividades.

Ao todo a comunidade de custos de manutenção foi composta por:

- 1 representante para cada refinaria, totalizando 12 representantes;

- Representantes para cada área especializada da sede (Rotina, Tanques, Cívil e

Inspeção). Considerando que a área de Rotina, de cada unidade, possui três atividades com

características diferentes (equipamentos estáticos, dinâmicos e instrumentação), o grupo da

sede é constituído por 6 pessoas no total.

Após a criação desta comunidade algo que se mostrou fundamental foi a necessidade

de efetuar um encontro técnico, com a mesma, visando:

- Difundir o padrão de apropriação de custos de manutenção desenvolvido pelo grupo

de trabalho;

- Informar aos membros da comunidade sobre o projeto, a motivação para sua criação

e seus objetivos;

- Dar ciência aos integrantes, das refinarias, do papel e da contribuição necessária de

cada um para o sucesso do trabalho;

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156

- Treinar os representantes das unidades operacionais nos conceitos de gestão de

custos e benchmarking;

- Divulgar rotina mensal de análise de custos e gaps.

Visando manter um canal constante de comunicação entre esses analistas de custos e

benchmarking, foi criada ainda uma comunidade virtual, onde materiais didáticos são

disponibilizados, fóruns de discussão são conduzidos e as melhores práticas divulgadas entre

os membros. Os gerentes competentes também são membros desta comunidade virtual. A

comunidade virtual é de fundamental importância por caracterizar-se como um importante

instrumento para disseminação do conhecimento entre os membros da comunidade.

Além de treinar e desenvolver os membros da governança para a execução das

atividades de gestão de custos e benchmarking o principal desafio do grupo de trabalho foi

tornar este processo sistemático e contínuo, prerrogativa para se estabelecer um processo de

benchmarking. Para isso o grupo de trabalho estruturou um modelo mensal de análise de

custos e gaps, com reuniões de análise nas refinarias; seguidas de videoconferências entre as

unidades e a sede; e culminando numa reunião de custos na Sede que prepara a área de

Manutenção para a reunião com a gerência executiva da empresa, conforme Figura 10.

Figura 10 – Rotina Mensal de Análise de Custos e Gaps

Reunião

Manutenção Sede

Vídeo

ConferênciaSede + UOs

Análise dos GAPs

de custo nas UOs

Fechamento

Contábil

Reunião

com Gerência Executiva da Sede

Consolidação de

Resultados

3ª semana 4ª semana3ª sexta-feira 4ª sexta-feira 1ª semana

Fonte: O autor (2012).

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157

É importante ressaltar que toda essa rotina de análise é uma sequência e tem como

prerrogativa o fechamento contábil das informações de custos das refinarias. Como este

geralmente acontece na segunda semana, de cada mês, as demais etapas ocorrem nos dias e

semanas subsequentes e de acordo com o calendário mensal e com Figura 11. Assim foi

estabelecido um cronograma mensal para análise das informações de custo e gaps entre as

unidades.

Porém para que a Rotina Mensal de Análise de gaps pudesse acontecer foi necessário

criar mais dois produtos para sustentação do modelo:

1) um padrão de comentário de custos e gaps de manutenção com foco em

comparatividade entre as unidades operacionais, para garantir completude e profundidade das

análises enviadas para a Sede (Anexo C);

2) uma abordagem matricial para análise e comentário dos custos, em que o analista da

Sede abrange somente sua rubrica de orçamento (especialidade) para todas as refinarias, e o

analista da refinaria abrange todas as rubricas de orçamento somente para sua unidade (Figura

11).

Figura 11 – Modelo Matricial para Análise de Custos e Gaps

ROTINA TANQUES CIVIL INSPEÇÃO

UNDADE I

UNIDADE II

UNIDADE XII

Análises enviadas pelas Refinarias para a ES, seguindo modelo pré-definido:

• Indicadores de Eficiência (Real e Projeção)

• Planos de ação..

Gestor:ES/TEE Gestor:ES/EN Gestor:ES/TIEGestor:ES/TED/TEE

/TAIE

REUNIÃO DE CUSTOS DA MANUTENÇÃO

Fonte: O autor, (2012).

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158

Assim, o modelo matricial de governança e de comentário padrão, de gaps,

estabelecidos caracterizou-se como de fundamental importância para viabilizar a rotina

mensal de análise de gaps das refinarias e tornar o processo de benchmarking nas unidades

sistemático e contínuo.

10.2.4.2 Recolhimento de dados (Do)

Esta segunda etapa do projeto, com início em fevereiro de 2012, constituiu

principalmente no recolhimento de dados quantitavos e qualitativos a serem usados na etapa

de análise de dados.

A principal característica desta etapa é que o modelo pré-estabelecido, de Rotina

Mensal de Análise de Custos e Gaps, transformou o recolhimento de dados quantitativos e

qualitativos em um processo contínuo e que ocorre mensalmente após o fechamento contábil

da empresa.

- Dados Quantitativos e Qualitativos

Uma vez definido um modelo mensal de governança foi preciso proceder com o

recolhimento dos dados primários para análise de custos e gaps. Para isso foi desenvolvido

um painel de custos de manutenção, conforme Figura 12, que desdobrasse os custos entre suas

diversas camadas de composição até o nível das atividades desempenhadas por cada gerência

da refinaria, e que disponibilizasse as informações numa interface gerencial (a interface

disponível até então era mais útil para analistas que para gestores) que pudesse ser utilizada

diretamente nas reuniões para mensurar gaps e identificar os capacitadores de processo

(enablers).

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159

Figura 12 – Painel de Custos Técnico

Fonte: Refino S/A, (2012).

Uma característica importante referente ao painel é que o mesmo é atualizado

mensalmente, e de acordo com o fechamento contábil, de modo a subsidiar a rotina mensal de

análise de gaps estabelecida no modelo de governança e tornar o benchmarking um processo

sistemático e contínuo e inserido na rotina de trabalho.

A comparabilidade dos processos entre as refinarias é o principal foco do painel o qual

permite identificar e quantificar as distorções entre as mesmas, em termos de desempenho,

como mostra exemplo no Gráfico 5.

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Gráfico 5 – Exemplo Comparação de Custo por Destilação (R$/FCM)

U-1250

UO IU-39

UO II

U-220

UO III

U-220

UO IV

U-220 A

UO V

R$

R$/FCM

12.00016.000 16.000

12.000

16.000

3,0

3,23,1

3,93,6

Fonte: O autor, (2012).

Uma vez quantificados os gaps os respectivos dados qualitativos podem ser obtidos

através do formulário padrão para comentário dos processos o qual é preenchido pelos

membros da comunidade nas refinarias, durante a execução da rotina mensal para análise de

custos e gaps e sustentados pelo modelo de governança matricial para análise e comentário

dos custos.

10.2.4.3 Análise de dados (Check)

Assim como na etapa de recolhimento de dados, a análise de dados caracteriza-se

como um processo contínuo e que também ocorre mensalmente baseado no modelo rotineiro

de análise de gaps definido na etapa de governança.

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- Determinação dos Gaps

De posse dos dados quantitativos e qualitativos adquiridos, após o fechamento

contábil, por meio do painel de custos técnico e do preenchimento dos formulários de análise

de gaps pelos 12 membros das unidades operacionais os representantes das áreas

especializadas da sede procedem com a consolidação das informações em um único relatório

para análise.

Assim cada um dos integrantes das áreas especializadas da sede atua como consultor

no processo, promovendo:

- Apoio metodológico e participativo no estudo de gaps entre as unidades;

- A troca de informações e de melhores práticas entre as especializadas das unidades

por meio das videoconferências, encontros técnicos e redes virtuais;

-O desenvolvimento de soluções em conjunto com os membros da comunidade;

- Introdução de novos conhecimentos na organização adquiridos por meio de cursos de

especialização e encontros técnicos externos;

- O monitoramento dos planos de ação para execução das estratégias;

- Avaliação dos resultados alcançados pós-implantação dos capacitadores de

desempenho.

A determinação dos gaps é sempre realizada tendo como base o indicador de custos

para o processo de manutenção R$/FCM uma vez que o mesmo atua como um normalizador,

permitindo a comparabilidade entre unidades de processo similares. Este processo é

automático e fornecido diretamente pelo painel de técnico de custos cuja atualização é

mensal.

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- Indentificação dos Capacitadores

A identificação de boas práticas caracteriza-se como umas das fases que mais

demandam dedicação em um benchmarking. É uma etapa em que o questionamento e

investigação dos “porquês” dos gaps se faz mais do que necessário para que haja a

maximização dos resultados alcançados com o processo.

Vale ressaltar que o benchmarking não se caracteriza pela simples cópia de idéias, mas

por um processo de aprendizado, com outras organizações, que visa buscar adaptar

criativamente as melhores práticas. Foi tarefa do grupo de trabalho e dos gerentes envolvidos,

no projeto, estimular essa visão nos especialistas e nos membros da governança.

A busca dos capacitadores se deu principalmente por meio de ferramentas que

possibilitam o aprendizado e disseminação do conhecimento, dentre elas:

- Videoconferência;

- Comunidade virtual;

- Reuniões de análise de custos e gaps;

- Encontros técnicos e seminários.

É importante destacar, em específico, a videoconferência e a sua inserção na rotina

mensal de análise de gaps como um importante recurso neste processo. Participam da mesma

todos os membros da governança (Sede+Refinarias) e gerentes das áreas responsáveis pela

manutenção.

Outro fator importante foram as auditorias realizadas, pelo grupo de trabalho, para

averiguar a conformidade das unidades operacionais ao padrão de apropriação de custos de

manutenção definido no início do projeto. Durante as mesmas foram identificou-se diversas

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163

práticas que a posteriori foram difundidadas para as demais unidades via videoconferência,

por encontros técnicos e seminários.

Destaca-se também na busca por capacitadores o uso das mais diversas ferramentas de

qualidade, dentre elas:

- Gráficos de correlação;

- Mapa de processo;

- Diagrama de causa e efeito (Ishikawa ou Espinha de Peixe);

- Cinco porquês;

- Diagrama de Pareto;

- Brainstorming.

Por fim, vale ressaltar a importância da contribuição do ciclo mensal para análise de

gaps e identificação das melhores práticas visto que a frequência do mesmo possibilita um

questionamento constante a respeito dos procedimentos de manutenção e das melhorias

necessárias.

Ao longo de 2012 foi alcançada uma economia de R$ 157 MM, a seguir na Tabela 15

os principais capacitadores encontrados:

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Tabela 15 – Principais Capacitadores 2012

Capacitadores Encontrados em 2012 Ganho no Ano (R$ Milhões)

Renegociação e padronização de contratos entre as unidades 91,2

- Refinaria A: novo contrato de equipamentos estáticos 79,6

- Refinaria A: novo contrato de andaimes 2,6

- Custo do contrato de manutenção de equipamentos estasticos, na unidade operacional B, elevado em relação a demais unidades, gerando a necessidade de negociação dos valores de prestação de serviços

8,0

-Contrato de andaimes da unidade C previa o uso de materiais e serviços da contratada enquanto nas demais UO´s o contrato só previa o uso de serviços

1,0

Otimização de recursos complementares: andaime, plataforma elevatória, caminhão a vácuo 8,0

-Número de caminhões a vacuo era bastante desigual entre as refinarias gerando a necessidade de padronização do processo

5,0

-Aluguel de equipamentos de guindastes desnecessariamente na refinaria C. Foi revisto o procedimento e autorizada a compra de guindastes para essa refinaria tendo como base a experiência de outras refinarias

3,0

Outros capacitadores 57,8

Total 157,0

Fonte: O autor (2012).

- Integração de metas em um Planejamento Plurianual

Foi realizado um planejamento plurianual com metas orçamentárias para o indicador

R$/FCM para o período de 4 anos (2012-2016) e tendo como base o referencial internacional

de benchmark Solomon, como mostra o Gráfico 6.

O objetivo desta etapa foi o acompanhamento dos valores realizados após a aplicação

dos capacitadores de desempenho e a evolução dos gaps de desempenho em relação a os

principais concorrentes internacionais.

Outro aspecto importante e que evidência a necessidade do planejamento plurianual é

que ele esta atrelado ao conceito do processo de benchmarking como algo sistemático e

continuo. Ou seja, a redução de gaps de desempenho entre as unidades internas da companhia

e destas com os benchmarks internacionais ocorre gradativamente e não em uma única vez.

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Gráfico 6 – Planejamento Plurianual

Evolução R$/FCM

Estudo Solomon 2010 (Média 09-10)

Objetivo 2016 (Média 15-16)

2,2

3,2

Ganho projetado 2011-2012(R$0,57/FCM x FCM 274.804)

R$ 157 MM

Ganho planejado 2011-2013(R$0,90/FCM x FCM 284.921)

R$ 256 MM

Extrapolando...

Ganho planejado 2011-2014

R$ 347 MM

Fonte: O autor (2012).

Do ponto de vista de gestão de custos o planejamento plurianual implantado reforçou a

negociação de metas orçamentárias plurianuais para as áreas de manutenção de cada uma das

refinarias da empresa, e resultou na expectativa de que os planos de ação em andamento

contribuissem para que o refino gastasse menos em 2012 que no ano anterior pela primeira

vez, conforme projeção e potencializando o posicionamento da Refino S/A entre as refinarias

mais eficientes do mundo até 2016.

O estabelecimento de meta plurianual para cada uma das refinarias, para redução

gradativa de gaps de desempenho, no benchmarking interno, atrelado a um planejamento

plurianual total do refino reforça o controle para que os objetivos estabelecidos sejam

alcançados com aderência a meta global. O modelo de análise de custos realizados, cuja

atualização é mensal, também contribui para eliminar descolamento entre a realização e meta

definida visto que os valores plurianuais são desdobrados em metas mensais para cada uma

das unidades.

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166

10.2.4.4 Adaptação, melhoria e implementação das constatações (Action)

A quarta etapa da sistemática de implantação do benchmarking se caracterizou,

principalmente, pelo monitoramento da implantação das boas práticas encontradas na etapa

anterior e pelas medidas para integração do processo no processo de gestão da organização.

- Elaborar plano de ação

Os planos de ação advindos da análise de gaps são atualizados e controlados

mensalmente por meio das:

- Reuniões internas em nível de refinaria

- Videoconferência entre a sede e as refinarias

- Reuniões da área de manutenção da sede

- Reuniões da manutenção com gerência executiva do refino.

Logo, o monitoramento das ações ocorre como decorrência do modelo definido como

rotina mensal para análise de custos e gaps.

Um fator importante é a metodologia para priorização das ações a qual leva em

consideração a análise financeira de custo x retrono das alternativas, os recursos humanos

disponíveis e o tempo necessário para a implementação. Já o controle da execução acontece

por meio do modelo 5W2H (what, why, where, when, who, how, how much).

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Figura 13 – Modelo Plano de Ação

Fonte: Refino S/A (2013).

- Integração ao modelo de gestão e aperfeiçoamento do processo

Além de estruturar todo o processo de benchmarking e difundir a cultura na

organização um dos maiores desafios do grupo de trabalho foi integrar tudo que foi realizado

ao modelo de gestão da empresa. Para isso o grupo de trabalho voltou seus esforços para

desenvolver um modelo de auditoria presencial nas refinarias para avaliar a aderência à

estrutura e processo padronizados de gestão dos custos e gaps. Os integrantes do grupo

começam respondendo remotamente a lista de verificação que será aplicada na refinaria, a

partir dos sistemas de informação da empresa, dos comentários mensalmente enviados à Sede,

e das participações da unidade nas reuniões do modelo de governança. Os potenciais desvios

apurados, de procedimentos ou valores, nessa auditoria remota são enviados antecipadamente

à refinaria que será visitada, para que esta se prepare. Na visita, os desvios são analisados em

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168

conjunto com os gerentes e analistas de custos da refinaria. O relatório final produzido pela

equipe de avaliadores e entregue à unidade visitada é então divulgado para todas as outras

refinarias na videoconferência do mês seguinte, de forma a compartilhar as boas práticas e

oportunidades de melhoria encontradas, permitindo às demais unidades realizarem análise de

abrangência, e acelerando assim o processo de adequação da empresa como um todo.

Outro fator importante e que garante a integração ao modelo de gestão é o caráter

permanente do líder do grupo de trabalho e, de pelo menos dois dos membros deste a fim de

manter o estoque de conhecimento já assimilado com o processo. Ficando, portanto, como

atividade permanente do coordenador:

- Garantir a realização da rotina mensal de análise de gaps;

- Identificar melhorias constantemente no processo por meio dos seminários e

encontros técnicos com especialistas da sede e refinarias;

- Apoiar e sugerir treinamentos técnicos e para o desenvolvimento dos membros da

governança;

- Inserção dos especialistas, alternadamente, no processo de auditoria a fim de

disseminar o conhecimento do processo para os demais membros da governança;

- Ser ponto focal para questionamentos e ajustes de procedimento necessários.

A baixa rotatividade dos membros da governança, da sede e refinarias se caracteriza

como um fator fundamental para o aprimoramento dos procedimentos e assimilação da

cultura de benchmarking pelos membros da organização. Valendo ressaltar também o

patrocínio da alta liderança neste processo, garantindo recursos e atrelando as metas de

desempenho dos membros da governança ao procedimento definido.

E por último, é válido destacar o papel da rotina mensal de análise de gaps que gera

um ciclo virtuoso de melhoria contínua e assimilação do processo de benchmarking pela

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169

organização, como mostra a Figura 14. O mesmo caracteriza-se como um processo de PDCA

constante na medida em que, mensalmente, ocorre um ciclo de análise de informações com

planejamento de ações que serão executadas e controladas para corrigir os desvios entre as

unidades operacionais.

Figura 14 – Ciclo da Melhoria Contínua

Fonte: Justa (2010).

O processo de PDCA permite tornar o bechmarking da empresa um processo

sistemático e contínuo, que promove melhorias, e evita a deterioração da organização.

10.2.5 Aplicabilidade ao modelo de gestão da empresa

Os produtos entregues pelo desenvolvimento deste trabalho (comunidade,

procedimento de padronização da arquitetura e da apropriação dos custos, painel, modelo de

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170

governança e auditoria de aderência nas refinarias) atendem aos critérios de excelência do

modelo de gestão da empresa nos critérios de:

Conhecimento: o procedimento criado registra o conhecimento. A comunidade formalmente

estabelecida compartilha o conhecimento, tanto via comunidade virtual, quanto (e

principalmente) nos eventos previstos pelo modelo de governança implantado.

Processos: o trabalho de estruturação do processo de estruturação do processo benchmarking

de custos de manutenção e inspeção suporta o processo Gerir estratégia e desempenho, da

Cadeia de Valor da organização. Todos os produtos deste trabalho são ferramentas para

contribuir para a otimização de uma parte relevante do COR, que é o indicador desse

desempenho para o refino.

Excelência: os eventos do modelo de governança estabelecido nesse trabalho, bem como as

auditorias nas refinarias, cumprem as etapas de controle e ação do PDCA, garantindo o

aprimoramento contínuo dos processos rumo à excelência.

Estratégia: a otimização de custos viabilizada pela disseminação de boas práticas nas

auditorias e nas reuniões de análise de custos liberam recursos para os investimentos previstos

no Plano de Negócios da companhia.

Resultados: o trabalho desenvolveu ferramentas (comunidade, procedimento, painel, modelo

de governança e auditoria) para a otimização de custos no refino, contribuindo para o alcance

de resultados financeiros pelo Abastecimento.

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171

10.2.6 Aplicabilidade aos valores e objetivos estratégicos

O projeto de estruturação da gestão de custos e benchmarking esta relacionado com os

seguintes valores e objetivos estratégicos da companhia:

Desenvolver e fortalecer competências técnicas e de gestão: ocorre pela troca de

experiências entre os membros da comunidade formal de custos de manutenção e inspeção. E

ocorre também pelo suporte à decisão que o painel e o modelo de governança possibilitam.

Garantir disciplina de capital: a padronização da apropriação dos custos garante que cada

rubrica da estrutura orçamentária coleta todos os custos a ela relacionados (e somente esses

custos!). As reuniões previstas no modelo de governança buscam que o orçamento planejado

seja cumprido, sendo essa a essência da disciplina de capital: não realizar nem menos nem

mais que o orçamento planejado. As auditorias reforçam o papel disciplinador do

procedimento e das reuniões de avaliação de custos e benchmarking.

Ter custos competitivos: o presente projeto implantou ferramentas exatamente para apoiar a

meta de aumentar a competitividade internacional do refino.

10.2.7 Aprendizado organizacional e possibilidade de multiplicação

A acumulação, preservação e multiplicação de conhecimento permeou todas as etapas

de desenvolvimento do novo processo de gestão de custos e benchmarking.

Comunidade de Custos: garante multiplicação de conhecimento pelo compartilhamento de

experiência entre seus membros durante as reuniões do modelo de governança, nos fóruns de

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172

discussão da comunidade virtual, ou ainda nos seminários dessa comunidade (entre Dez/11 e

Ago/12 já foram realizados 4 seminários da Comunidade).

Padrão de Apropriação de Custos: garante a acumulação e preservação do conhecimento

por ficar registrado em sistema oficial corporativo para fins de gestão do conhecimento.

Painel de Custos: ao permitir a comparação entre refinarias distintas, potencializa a

investigação e disseminação de melhores práticas. Assim, utiliza-se o tamanho da Refino S/A

em favor próprio, já que há 12 oportunidades de benchmarking interno (12 refinarias).

Modelo de Governança: potencializa a multiplicação de conhecimento por aumentar as

oportunidades de comunicação dentro da comunidade (incluindo a liderança). Promove um

processo sistemático e contínuo de melhoria, através de benchmarking entre as unidades,

baseado no modelo PDCA.

Auditorias: aumentam a acumulação de conhecimento na medida em que são momentos de

investigação mais profunda das práticas da refinaria. E garantem a multiplicação de boas

práticas e oportunidades de melhoria quando ocorre a divulgação dos resultados para as

demais unidades, permitindo análises de abrangência.

Além da manutenção e inspeção, o novo processo de gestão de custos já está sendo

alvo de aprendizado e difusão para outras áreas da Refino S/A. Está em andamento sua

replicação na área de Insumos (catalisador, produtos químicos, energia elétrica, águas e outros

custos e utilidades).

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10.2.8 Efetividade dos resultados

Os principais resultados desse trabalho e sua efetividade foram:

Comunidade de Custos de Manutenção: a formalização de uma comunidade e

disponibilização da mesma em ambiente virtual estimulam o compartilhamento de

conhecimento e a cultura de gestão de custos e benchmarking, disciplina de capital e foco em

resultado.

Estruturação e Apropriação de Custos das Atividades de Manutenção: a padronização da

apropriação dos custos divulgada e validada no 1º Seminário da Comunidade de Custos em

16/12/2011. Todas as unidades iniciaram 2012 trabalhando seus custos já de maneira

uniforme. A padronização está possibilitando o processo de benchmarking, melhorando os

planos para otimização de custos, além de subsidiar o planejamento do orçamento 2013.

Painel Técnico de Custos de Manutenção: O painel permite o desdobramento da análise dos

custos de manutenção em níveis mais profundos e com uma interface mais gerencial (gráfica),

aplicável diretamente nas reuniões e no painel os custos das refinarias, de suas especialidades

de manutenção e das atividades inerentes a cada especialidade são comparados em termos

absolutos e normalizados (por complexidade (R$/FCM), por capacidade de refino (IM –

US$/EDC), por carga procressada (CREF – R$/bbl), e por horas trabalhadas (tarifa – R$/Hh)).

Modelo de Governança: implantadas a partir de Fev/12 rodadas mensais de reuniões de

Custos e análise de Gaps nas refinarias, entre elas e a Sede, e na Sede, preparando a área de

manutenção para as reuniões de análise de custos e Gaps com a Gerência Executiva. Foi

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174

implantado também um padrão de comentário para envio das análises à Sede. Esse modelo de

governança organizou e agilizou o fluxo de informações, potencializou a disseminação de

boas práticas entre unidades, aumentou a profundidade de análise e garantiu seu reflexo nos

comentários, e tem integrado a comunidade (incluindo a liderança).

Auditoria do Processo de Gestão de Custos nas Refinarias: a primeira auditoria foi

realizada em 17 a 19/07/2012 em uma unidade piloto, e as boas práticas e oportunidades de

melhorias divulgadas na videoconferência da comunidade em 23/07/2012. Após o piloto,

foram priorizadas as unidades de maior relevância no orçamento da Refino S/A e

notadamente mais necessitadas de organização da gestão de custos. Os resultados das

auditorias são sempre divulgados em videoconferência mensal com as demais unidades.

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175

11 DIRETRIZES PARA ESTRUTURAÇÃO DE BENCHMARKING

Apesar de possuir conceitos fáceis, o benchmarking é rico em detalhes e estruturar um

processo de benchmarking é não apenas necessário como fundamental para qualquer

organização nos dias atuais. O objetivo principal deste estudo foi propor diretrizes para

estruturação do processo de benchmarking de uma empresa da área de refino.

Para isso, buscou-se uma ampla compreenssão sobre os principais conceitos de

benchmarking através de livros e artigos escritos pelos maiores especialistas no assunto. Foi

necessário também estabelecer um entendimento referente às principais etapas necessárias

para estruturar um processo de benchmarking, dos diferentes modelos propostos pelos

diferentes autores e dos fatores críticos de sucesso para implantação de um modelo um

processo sistemático e contínuo de melhoria organizacional.

A seguir, na Tabela 16, comparativo do modelo aplicado com outros referenciados na

literatura.

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Tabela 16 – Comparativo do Modelo de Benchmarking Aplicado com outros Modelos

ETAPAMODELO XEROX

(Camp, 1989)MODELO PDCA(Watson, 1994c)

MODELO BENCHMARKING THE BENCHMARKING

MODELS(Anand e Kodali, 2008)

MODELO REFINO S/A

1- Planejamento do Projeto (Plan )

Planejamento

- Identificar o que deve ser aferido;- Identificar empresas para comparação;- estabelecer os metodos para coleta de dados.

Planejamento

- Definir o objeto de benchmarking ;- Escolher a empresa que será estudada.

Planejamento

- Constituição da equipe;- Identificação do assunto;- Validação do cliente;- Validação da gerência;- Auto Análise- Seleção de parceiros;- Atividades de pré aferição.

Planejamento

- Definir o objeto de benchmarking ;- Escolher a empresa que será estudada;- Estruturar a equipe de benchmarking (Governança).

2 - Recolhimento dos Dados (Do )

Execução

- Pesquisa primária;- Pesquisa secundária.

Execução

- Aferição

Execução

- Recolhimento dos dados quantitativos;- Recolhimento dos dados qualitativos.

3 - Análise dos Dados (Check )

Análise

- Determinar diferença de desempenho atual; - Projetar níveis de desempenho futuro.

Análise

- Determinação dos Gaps;- Identificação dos Capacitadores (Enablers).

Análise

-Análise de Gaps;

Análise

-Determinação dos Gaps;-Identificação dos Capacitadores (Enablers);- Integrar metas de benchmarking no Planejamento Plurianual.

4 - Adaptação e melhoria (Action )

Integração - Comunicar os resultados de benchmark e ganhar aceitação; - Estabelecer objetivos funcionais.

Ação

- Desenvolver planos de ação; - Implementar ações específicas e monitorar o progresso; - Recalibrar benchmarks ; - Usar os resultados.

Ação

- Elaborar planos de ação; - Adaptação e aperfeiçoamento do processo.

Ação

- Elaborar planos de ação; - Integração ao modelo de gestão eaperfeiçoamento do processo;- Recalibrar benchmarks .

Ação

- Elaborar planos de ação; - Integração ao modelo de gestão e aperfeiçoamento do processo;- Recalibrar benchmarks .

Fonte: O autor (2013).

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177

11.1 VALIDAÇÃO DO ESTUDO

A qualidade de uma pesquisa que permitiu estabelecer as diretrizes para estruturação

de um processo de benchmarking pode ser medida através dos seguintes tipos de validade:

externa, interna, dos constructos e das conclusões.

Validade Externa

Tem como finalidade entender até que ponto os resultados alcançados com a pesquisa

podem ser generalizados para outras situações. A mesma depende basicamente dos critérios

de amostragem utilizados no estudo.

Ao contrário da pesquisa tradicional, a pesquisa-ação não tem como finalidade obter

enunciados científicos generalizáveis, embora a obtenção de resultados semelhantes em

estudos diferentes possa contribuir para algum tipo de generalização. O estudo de caso

explicitado anteriormente foi desenvolvido na área de manutenção industrial de uma

organização do setor petroquímico e apresentou resultados qualitativos e quantitativos, no

entanto por se tratar de pesquisa-ação, a expansão da solução para outras empresas não é

certeza de sucesso.

O benchmarking não é um processo que se caracteriza pela existência de um único

modelo. Assim, conforme explicitado por alguns especialistas a escolha do melhor tipo

depende das características de cada organização.

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Validade Interna

Visa confirmar a precisão, acurácia e exatidão dos dados encontrados. O que decorre

da análise da precisão das relações entre as variáveis dependentes e independentes, do

entendimento dos fatores que influenciaram no resultado do estudo e do design do mesmo.

Na pesquisa-ação a formulação da hipótese não é necessariamente de forma causal

entre os elementos considerados. A hipótese qualitativa é utilizada para organizar a pesquisa

em torno de possíveis conexões ou implicações não causais, mas suficientemente precisas

para se estabelecer que X tem algo a ver com Y na situação considerada.

A pesquisa realizada foi embasada em um forte conteúdo teórico e é possível

estabelecer que exista uma relação entre a estruturação do processo de benchmarking e os

resultados qualitativos e quantitativos obtidos como decorrência da mesma. No entanto,

podem ter existido outros fatores que também influenciaram nos resultados do trabalho o que

não deixa de caracterizar o mesmo como um modelo de pesquisa-ação e portando não

inviabiliza os resultados obtidos.

Validade dos Constructos

Depende da coerência entre os objetivos, a forma como foram medidos os conceitos e

o nível no qual os dados foram coletados. Tem como objetivo medir a ambiguidade dos

conceitos estabelecidos e se o que foi medido no estudo era realmente o que deveria ter sido

analisado.

Conforme revisão de literatura realizada o benchmarking se caracteriza como um

processo sistemático e contínuo em que são realizadas comparações entre parceiros escolhidos

com a finalidade de identificar e implantar boas práticas para melhoria de resultados e

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179

processos. No estudo de caso mencionado a coerência dos constructos decorre da aplicação

sistemática do método em 10 etapas, da caracterização do modelo escolhido como promotor

da melhoria contínua como consequência do modelo de governança escolhido, e dos

resultados qualitativos e quantitivos obtidos após a estruturação do modelo.

Validade das Conclusões

Analisa se os dados coletados na pesquisa e se a forma como foram analisados permite

fazer inferências referentes à relação entre as variáveis e as relações de causalidade na

conclusão.

A pesquisa-ação apresentou resultados qualitativos e quantitativos como decorrência

dos 10 passos implantados para a estruturação do processo de benchmarking na organização,

assim é possível inferir que entre as variáveis existem conexões ou implicações

suficientemente precisas para se estabelecer que exista relação entre as mesmas.

Assim, a pesquisa teórica e aprendizagem decorrente da prática da pesquisa-ação,

conforme Tabela 17, possíbilitaram definir diretrizes para cada uma das etapas da estruturação

de um processo de benchmarking:

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Tabela 17 – Diretrizes para Estruturação de um Benchmarking

Etapas Descrição das Diretrizes

Definir o objeto de Benchmarking (O que?)

A escolha do objeto deve considerar principalmente:

- Fatores Criticos de Sucesso - Obenchmarking deve estar relacionado com oplanejamento estratégico organizacional e com os aspectoscríticos para o sucessodo negócio; - Facilidade de recolhimento dos dados - É preferivel aplicar o metodo comempresas que possibitem facilidade de recolhimento dos dados. Deve-se levar emconsideração nesta análise a distância geográfica também;

- Possibilidade de comparação entre unidades internas ou com outras empresasexternas - O objeto deve permitir comparabilidade.

Empresa que será estudada (Quem?)

A literatura recomenda que obenchmarking interno seja o primeiro escolhido parainiciar o processo em uma organização, a fim de gerar auto-conhecimento eorganizar as bases para prática posterior dobenchmarking competitivo e generico.Essa diretriz se mostrou adequada para a empresa estudada emfunção da mesmapossuir 12 unidades internas e com forte potencial para desenvolver um estudo debenchmarking interno.

Estruturar a Equipe de Benchmarking (Governança)

Criar uma equipe debenchmarking é uma das diretrizes mais importantes para aestruturação do processo. Porém, antes de constituir a mesma, é necessário que sejaconstituído um grupo de trabalho que será responsável por: escolher, treinar edesenvolver os membros desta equipe para a execução das suas atividades.

O grupo de trabalho também deve ser responsável por implantar e garantir aexecução de cada umas das etapas escolhidas para a estruturação do modeloescolhido pela organização.

Recolhimento de Dados (Quantitativos)

Para o recolhimento dos dados quantitativos os sistemas de gestão da empresadevem ser adequados de modo a atualizar e disponibilizar os dados normalizados(indicadores), periodicamente, para identificação dos benchmarks pelos membros dagovernança. A facilidade de acesso aos dados é um aspecto fundamental paragarantir a aplicabilidade do método e assim tornar o mesmo umprocesso sistemáticoe contínuo.

Recolhimento de Dados (Qualitativos)

Para o recolhimento dos dados qualitativos é necessário estabelecer um formulariopadrão o qual deve ser usado pelos membros da governança debenchmarking (Sede+refinarias), para análise periodica e sistemática dos desvios. No mesmodevem estar destacados os benchmarks referentes a cada um dos processos alvo debenchmarking .

Determinação dos Gaps

O uso de uma ferramenta gerencial customizada para determinação dos benchmarkse gaps é importante para tornar obechmarking um processo ágil, sistemático econtínuo. Esta deve permitir uma fácil e precisa visualização dos gaps, por processo,a cada período de apuração do indicador escolhido para análise.

Identificação dos Capacitadores

Realizar o processo de identificação dos capacitadores de desempenho, em umaúnica análise, nem sempre é possível pois isso depende da complexidade doprocesso alvo do estudo e também do conhecimento acumulado em relação aomesmo. Assim é importante estabelecer um ciclo de governança, periódico, com umprocesso sistemático e contínuo de análise pois isso permite um entendimento maiordo processo e das melhores práticas a cada ciclo de análise.

Fonte: O autor (2014)

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Tabela 16 – Diretrizes para Estruturação de um Benchmarking (Continuação)

Etapas Descrição das Diretrizes

Integrar Metas deBenchmarking no PlanejamentoPlurianual

Integrar metas debenchmarking em um planejamento plurianual é importante paracontrolar, os resultados alcançados com o processo e garantir a aderência com asmetas planejadas de curto, médio e longo prazo da organização. No mesmo devemestar explicitados os gaps a serem perseguidos e o desafio a ser cumprido no finaldo planejamento.

Elaborar Plano de Ação

As descobertas e aprendizados decorrentes de cada ciclo debenchmarking devem ser convertidos em ações e controlados sistemáticamente por meio da metodologia5W2H. Os planos de ação devem ser revisitados, controlados ecobrados a cadauma das reuniões períodicas de análise de resultados da organização. O plano deação pode conter ações de curto, médio e longo prazo e as mesmas devem serselecionadas levando em consideração diversos fatores, dentre eles: economicos ede pessoal.

Integrar ao Modelo de Gestão e Aperfeiçoar oProcesso.

Para tornar o ciclo debenchmarking um processo sistemático e contínuo é precisoque o mesmo seja integrado ao modelo de gestão da empresa por meio deferramentas e práticas gerencias. Para isso é preciso inserir o mesmo na rotina diáriapor meio de ferramentas de gestão de custos, de indicadores,e de criação de metasde desempenho individual e coletivo. A elaboração de um calendário e definição deuma metodologia para análise das informações em reunião também são aspectos quefacilitam essa integração.

Fonte: O autor (2014).

Todas as diretrizes acima descritas são de fundamental importância para a implantação

de um processo de benchmarking, no entanto, a etapa de constituição da equipe e governança

caracteriza-se como uma das mais importantes de todo projeto. O benchmarking constitui um

processo sistemático e contínuo assim, é fundamental que seja investido bastante tempo na

escolha de pessoas e que elas sejam, preferencialmente, conhecidas como referência na

atividade que executam.

Neste processo vale ressaltar, sobretudo, a necessidade da escolha assertiva do

coordenador do grupo de implantação do benchmarking considerando que o mesmo atuará

proativamente coordenando não apenas as pessoas da equipe de implantação mas os membros

da própria governança, quando necessário. O apoio do patrocinador do projeto neste aspecto é

fundamental.

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12 CONCLUSÕES

Este tópico tem como objetivo responder aos objetivos e situação problema propostos

no estudo, analisar o cumprimento dos objetivos propostos pelo projeto e propor sugestões

para trabalhos futuros.

A principal proposta do estudo foi propor diretrizes para estruturar o processo de

benchmarking da área de manutenção indústrial de uma empresa brasileira. Vale ressaltar a

importancia da organização estudada e sua relevância como influenciadora da gestão na

cadeia produtiva de petróleo e gás no Brasil em razão da sua dimensão e market share no

mercado nacional.

A metodologia para execução deste projeto, sustentada pelo Knowledge Based View,

incluiu o entendimento e a escolha de um fator crítico de sucesso da Refino S/A, a escolha do

parceiro de benchmarking, o estabelecimento de um modelo de governança, a forma de

recolhimento de dados e todas as demais etapas necessárias à estruturação de um processo de

benchmarking. O método PDCA, aplicado à metodológia, também constituiu uma importante

ferramenta a qual garantiu a implantação de um processo sistemático de melhoria contínua

para a organização.

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O estudo de caso explicitado anteriormente atende a todos os pré-requisitos de uma

pesquisa-ação na medida em que posssui as seguintes etapas: fase exploratória, formulação

do problema, seleção de amostra, realização de seminários, construção de hipotéses, coleta de

dados, análise e interpretação dos dados, elaboração de plano de ação e divulgação de

resultados.

A implicação teórica e aprendizagem são características presentes na pesquisa-ação.

Em relação a primeira para o desenvolvimento deste estudo foi realizada uma pesquisa

bibliográfica com os principais autores e especialistas no assunto definido. Assim o

conhecimento teórico norteou as ações dos envolvidos no projeto durante os seminários e

demais etapas.

Referente à aprendizagem, a pesquisa-ação como método investigativo consiste no

relacionamento de dois tipos de objetivos: prático e de conhecimento. Em relação a ambos o

projeto, utilizado como referência no estudo, além de consistir na aplicação prática de um

modelo de benchmarking promoveu o aprendizado organizacional atravês da estruturação de

um processo permanente, decorrente da colaboração entre pesquisadores e participantes, que

permite a identificação e difusão das melhores práticas, de um modo sistemático e contínuo

entre as refinarias da empresa.

Além do aprendizado decorrente da implementação do processo, é importante ressaltar

também o conhecimento adquirido através da difusão das melhores práticas entre as unidades

e que resultaram em um ganho de R$ 157 milhões no período de 2011-12.

Os integrantes do grupo de trabalho, responsável pela pesquisa e execução do projeto,

foram membros da área de manutenção da empresa, o que possibilitou aos mesmos uma

aplicação prática das propostas surgidas através do estudo.

Referente ao objetivo geral e aos objetivos específicos propostos pelo projeto pode-se

inferir que foram totalmente cumpridos:

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a) Foram propostas diretrizes para estruturar o benchmarking em uma organização na

área de refino brasileiro (ver capítulo 11) baseado nas quatro etapas e dez

subetapas determinadas e detalhadas para a estruturação do processo nesta

companhia;

b) Foram propostas diretrizes de governança para o processo de benchmarking que

permitem a descoberta e disseminação das melhores práticas em um processo

sistemático e contínuo (ver capítulo 11);

c) O conceito de benchmarking foi detalhado e correlacionado com a criação de

vantagem competitiva organizacional (ver item 1.3.1 e capítulo 2);

d) Os temas benchmarking, gestão do conhecimento e aprendizado organizacional

foram correlacionados. O benchmarking caracteriza-se como uma ferramenta

promotora das melhores práticas e que fortalece o aprendizado organizacional (ver

capítulo 2).

Em relação à contribuição do estabelecimento de diretrizes para o processo de

benchmarking da organização há que se considerar que o mesmo pode ser avaliado em termos

qualitativos e quantitativos. A avaliação qualitativa ocorre por meio das percepções e

avaliações dos gestores diante da aplicação de boas práticas pelas unidades, enquanto a

quantitativa se reflete na redução dos gaps de desempenho entre as unidades operacionais,

conforme Gráfico 7.

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Gráfico 7 – Redução dos Gaps por Unidade Operacional

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

UO 1

(PP)

UO 2

(PP)

UO 3

(GP)

UO 4

(MP)

UO 5

(MP)

UO 6

(PP)

UO 7

(MP)

UO 8

(GP)

UO 9

(MP)

UO 10

(GP)

UO 11

(MP)

UO 12

(PP)

4,1

3,4

5,2

1,91,5

2,2

2,92,6

2,3

5,2

2,8 2,6

3,5

2,5

4,7

2,5

1,72,2

1,8

2,5

2,0

4,5

2,9

1,2

2011 (R$/FCM) 2012 (R$/FCM)

Fonte: O autor (2013).

Ao implantar um modelo de benchmarking a área de manutenção da empresa Refino

S/A criou uma oportunidade para posicionar as suas refinarias entre as mais competitivas do

mundo. A metodologia pressupõe após a redução dos gaps internos, entre as refinarias,

comparar as mesmas com referenciais internacionais em uma etapa futura.

12.1 IMPLICAÇÕES GERENCIAIS

Referente ao objeto da pesquisa conclui-se que o esforço empreendido na estruturação

e implantação de um novo processo de gestão de custos de manutenção e benchmarking no

refino já começou a gerar ganhos materiais, e aponta para apoiar o posicionamento da Refino

S/A entre os atores de maior destaque em eficiência no mundo melhorarando assim a

rentabilidade da empresa.

Outro aspecto importante é que este modelo de benchmarking pode ser facilmente

replicado para outras áreas da empresa uma vez que não pressupõe nenhum tipo de

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investimento financeiro e caracteriza-se apenas pela realocação e organização dos recursos já

existentes na organização.

Os ganhos estimados pela implantação do modelo correspondem a uma economia de

R$ 157 MM em eficiência (R$/FCM) no período 2011-12.

O processo de comparação e analise de custos também permitiu a implementação de

diversos capacitadores de desempenho, por meio dos planos de ação.

Outros ganhos obtidos com a estruturação do processo de benchmarking foram:

• Disciplina de capital e otimização de custos:

• Comunidade de custos (física e virtual).

• Estruturação dos procedimentos de apropriação dos custos de manutenção.

• Painel técnico de custos para análise de gaps

• Avaliação mais capacitação da gestão de custos e benchmarking nas UOs.

O estabelecimento de diretrizes também gerou inovação organizacional, para a

organização, por meio da quebra de paradigmas, como:

• Orçamentação plurianual (Projeção de gaps 2012-14)

• Meta orçamentária baseada em referencial internacional (Benchmark)

• Evolução do modelo de responsabilização por desembolso para o modelo de

responsabilização pelo custo total da atividade.

• Sistematização da comparação entre as unidades através do indicador R$/FCM ↔

MEITM.

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As diretrizes estabelecidas para estruturação do processo de benchmarking também

permitiram estabelecer um processo contínuo e sistemático na medida em que foram

realizados até Junho/13:

• Dezesseis ciclos completos da sistemática de análise crítica, de custos e benchmarking

com todas as unidades mais áreas especializadas Sede.

• Dez ciclos completos de avaliação mais capacitação da gestão de custos e análise de

gaps nas UOs. Mais 5 agendados até o final de 2013. Contemplando todas as UO’s no

biênio 2012-13.

• Cinco ciclos completos de seminários presenciais com a comunidade de custos.

Tratou-se de um esforço concentrado de um setor, mas cujo aprendizado já esta em

expansão para outra área da empresa Refino S/A também caracterizada como fatores críticos

de sucesso: a Eficiência Operacional.

12.3 LIMITAÇÕES DO ESTUDO

A maior limitação do estudo é referente ao metodo do estudo de caso o qual foi

adotado para a execução da mesma. O mesmo é criticado pela falta de rigor na sua

metodologia, pela possibilidade de atuação tendenciosa do pesquisador e pela dificuldade em

propiciar generalizações científicas.

A pesquisa realizada foi prática e buscou a implantação de um modelo teórico na

organização por meio do entendimento detalhado das suas especificidades o que foi

decorrente de reuniões e seminários realizados, pelo grupo de trabalho, com gerentes e

colaboradores bem como do levantamento de informações diversas advindos dos sistemas

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gerenciais. A mesma difere de uma pesquisa acadêmica, voltadas ao estudo de conceitos e da

relação entre eles, onde é necessário o controle de variáveis, precisão das medidas, e

capacidade de generalização.

Outras limitações decorrentes do desenvolvimento prático da pesquisa foram:

a) A diversidade e riqueza das percepções e contribuições, no projeto, ficaram limitadas

às experiências e conhecimentos do grupo de estudo;

b) A escolha do modelo de benchmarking a ser implementado foi influenciado pelo

modelo mental dos membros do grupo de trabalho;

c) Precisa ser aprodundada a metodologia para aplicação do benchmarking competitivo

na organização o qual deve ocorrer após a realização e consolidação do processo de

benchmarking interno;

d) A expansão do modelo para outras áreas da empresa pode requerer possíveis

especificidades, não contempladas pelo grupo de trabalho, para a adequação do

mesmo.

12.4 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Esse projeto permitiu a identificação de oportunidades para a realização de pesquisas

futuras no âmbito da empresa:

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a) Como realizar a prática do benchmarking competitivo e setorial após a conclusão e

consolidação do processo de benchmarking interno pela empresa;

b) Avaliar um modelo para formular o processo de benchmarking no âmbito

estratégico;

c) Estudar a relação entre a estruturação de um processo de benchmarking e os

ganhos de produtividade pela empresa.

No âmbito acadêmico podem ser apontados como temas de interesse:

a) Estudar a correlação entre estrutura organizacional e difusão de melhores práticas;

b) Investigar como integrar a coexistência do benchmarking estratégico, tático e

operacional no âmbito das empresas.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXO A – CRONOGRAMA DO PROJETO

ETAPAS DA ESTRUTURAÇÃO DO BENCHMARKING jan/12 fev/12 mar/12 abr/12 mai/12 jun/12 jul/12 ago/12 set/12 out/12 nov/12 dez/12

1.0 - Planejamento do Projeto (Plan)

1.1 - Definir o objeto de Benchmarking (O que?)

1.2 - Empresa que será estudada (Quem?)

1.3 - Estruturar Equipe de Benchmarking (Governança)

2.0 - Recolhimento de Dados (Do)

2.1 - Dados Quantitativos

2.2 – Dados Qualitativos

3.0 - Análise de Dados (Check)

3.1 - Determinação dos Gaps

3.2 - Indentificação dos Capacitadores (Enablers)

3.3 - Integrar Metas de Benchmarking no Planejamento Plurianual

4.0 - Adaptação, melhoria e implementação das const atações (Action)

4.1 - Elaborar plano de ação

4.2 - Integrar ao modelo de gestão e aperfeiçoar o processo Processo mensal e contínuo

Processo mensal e contínuo

Processo mensal e contínuo

Processo mensal e contínuo

Processo mensal e contínuo

Processo mensal e contínuo

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ANEXO B – CALENDÁRIO DE REUNIÕES 2012

Análise dos desvios (Refinarias e Sede)

Videoconferência da Manutenção (Sede + Refinarias)

Consolidação dos Resultados

Reunião de Custos da Manutenção da Sede

Reunião com a Gerência Executiva do Refino

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ANEXO C – MODELO DE COMENTÁRIO (GOVERNANÇA)

PREVISTO NO MÊS X REALIZADO NO MÊS

ItemU-1250UO I

U-39UOII

U-220UO III

U-220 AUO IV

U-220 BUO V ����R$ mil ����% Comentário

Rotina de Manutenção ED 0,00 100%

Rotina de Manutenção EE 0,00 100%

Rotina de Manutenção EI 0,00 100%

Rotina de Manutenção Total MI 0,00 100%

Inspeção de Equipamentos 0,00 100%

Manutenção Civil 0,00 100%

Manutenção de Tanques Esferas 0,00 100%

Rotina 0,00 0,00 0,00 100%

PREVISTO ACUMULADO X REALIZADO ACUMULADO

ItemU-1250UO I

U-39UOII

U-220UO III

U-220 AUO IV

U-220 BUO V

����R$ mil ����% Comentário

Rotina de Manutenção ED 0,00 100%

Rotina de Manutenção EE 0,00 100%

Rotina de Manutenção EI 0,00 100%

Rotina de Manutenção Total MI 0,00 100%

Inspeção de Equipamentos 0,00 100%

Manutenção Civil 0,00 100%

Manutenção de Tanques Esferas 0,00 100%

Rotina 0,00 0,00 0,00 100%

PREVISTO ANO x PROJEÇÃO

ItemU-1250UO I

U-39UOII

U-220UO III

U-220 AUO IV

U-220 BUO V

����R$ mil ����% Comentário

Rotina de Manutenção ED 0,00 100%

Rotina de Manutenção EE 0,00 100%

Rotina de Manutenção EI 0,00 100%

Rotina de Manutenção Total MI 0,00 100%

Inspeção de Equipamentos 0,00 100%

Manutenção Civil 0,00 100%

Manutenção de Tanques Esferas 0,00 100%

Rotina 0,00 0,00 0,00 100%

PLANO DE AÇÃO

Responsável Prazo StatusAções