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Universidade do Estado do Rio de Janeiro Centro de Tecnologia e Ciências Faculdade de Engenharia Odair Gonçalves Martins Junior Proposta para Complementação Operacional na fase da Reambulação na Produção Cartográfica Sistemática Rio de Janeiro 2015

Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

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Após séculos servindo a sociedade produtos de altíssima qualidade, a produção cartográfica oficial no mundo se encontra num notável ponto de inflexão, ocasionado pela enorme evolução técnica da sociedade. A reambulação, em especial, se encontra inerte nesse cenário, necessitando de reformulação em suas práticas. Sendo ela uma parte importantíssima do processo de construção do mapa, novas práticas devem ser discutidas, de modo a “trazê-la para o século XXI”, onde a informação é cada vez mais dinâmica e rapidamente produzida e absorvida pelos indivíduos. Assim, esse trabalho propõe uma metodologia operacional através de um estudo de caso utilizando plataformas móveis e o aplicativo EpiCollect, para construção de uma base cartográfica voluntária de postos de combustível da cidade do Rio de Janeiro. A partir dessa experiência, propõe-se a inserção do mapeamento colaborativo na produção cartográfica, mais especificamente na etapa da reambulação.

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Page 1: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Centro de Tecnologia e Ciências

Faculdade de Engenharia

Odair Gonçalves Martins Junior

Proposta para Complementação Operacional na fase da

Reambulação na Produção Cartográfica Sistemática

Rio de Janeiro

2015

Page 2: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

Odair Gonçalves Martins Junior

Proposta para Complementação Operacional na fase da Reambulação na

Produção Cartográfica Sistemática

Projeto de graduação apresentado, como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro Cartográfico, à Faculdade de Engenharia, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Orientador: Cláudio João Barreto dos Santos

Coorientadora: Júlia Célia Mercedes Strauch

Rio de Janeiro

2015

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CATALOGAÇÃO NA FONTE

UERJ / REDE SIRIUS / BIBLIOTECA CTC/B

M386 Martins Junior, Odair Gonçalves. Proposta para complementação operacional na fase da

reambulação na produção cartográfica sistemática / Odair Gonçalves Martins Junior. – 2015.

63f.

Orientador: Cláudio João Barreto dos Santos. Coorientadora: Júlia Célia Mercedes Strauch. Projeto Final (Graduação) - Universidade do Estado do Rio

de Janeiro, Faculdade de Engenharia. Bibliografia p.61-63

1. Engenharia Cartográfica. 2. Informação geoespacial. 3. Mapeamento colaborativo. 4. Reambulação. 5. OpenStreetMap. I. Santos, Cláudio João Barreto dos. II. Strauch, Júlia Célia Mercedes. III. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. IV. Título.

CDU 62:528.9

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Odair Gonçalves Martins Junior

Proposta para Complementação Operacional na fase da Reambulação na

Produção Cartográfica Sistemática

Projeto de graduação apresentado, como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro Cartográfico, à Faculdade de Engenharia, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Aprovada em 15 de julho de 2015.

Banca examinadora:

_____________________________________________

Prof. Dr. Cláudio João Barreto dos Santos (Orientador)

Faculdade de Engenharia - UERJ

_____________________________________________

Prof.ª Dra. Júlia Célia Mercedes Strauch

Faculdade de Engenharia – UERJ

_____________________________________________

MSc. Rogério Luís Ribeiro Borba

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Rio de Janeiro

2015

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DEDICATÓRIA

À Dirceia de Souza Martins

À Odair Gonçalves Martins (in memoriam)

Page 6: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

AGRADECIMENTOS

À Universidade do Estado do Rio de Janeiro, instituição que me proporcionou

memórias inesquecíveis e conhecimento infinito.

Ao Prof. Cláudio João, orientador incansável, pelas discussões e ideias, e

pela confiança no trabalho.

À Prof.ª Júlia e Rogério, pelo incentivo, pelas boas conversas e por

trabalharem por uma cartografia melhor.

Aos professores do curso de Engenharia Cartográfica, pelo respeito e

dedicação, e pela eterna boa vontade em partilhar esse bem tão precioso que é o

conhecimento.

Aos amigos de caminhada, por estarem sempre dispostos a conversar e se

divertir, mesmo nos momentos mais difíceis de nossa trajetória. Em especial a Lia e

Guilherme, pela amizade e confiança construídos.

E, acima de tudo, à minha mãe Dirceia pela vida, pela dedicação e paciência,

por colocar a minha educação em primeiro lugar e por fazer de mim um ser humano

melhor mesmo com todas as dificuldades.

Page 7: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

É impossível haver progresso sem mudanças, e aqueles que não conseguem mudar

suas mentes nada mudam.

George Bernard Shaw

Page 8: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

RESUMO

MARTINS JUNIOR, O. G. Proposta para Complementação Operacional na fase da Reambulação na Produção Cartográfica Sistemática. 2015. 65 f. Monografia (Graduação em Engenharia Cartográfica) – Faculdade de Engenharia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015.

Após séculos servindo a sociedade produtos de altíssima qualidade, a

produção cartográfica oficial no mundo se encontra num notável ponto de inflexão,

ocasionado pela enorme evolução técnica da sociedade. A reambulação, em

especial, se encontra inerte nesse cenário, necessitando de reformulação em suas

práticas. Sendo ela uma parte importantíssima do processo de construção do mapa,

novas práticas devem ser discutidas, de modo a “trazê-la para o século XXI”, onde a

informação é cada vez mais dinâmica e rapidamente produzida e absorvida pelos

indivíduos. Assim, esse trabalho propõe uma metodologia operacional através de um

estudo de caso utilizando plataformas móveis e o aplicativo EpiCollect, para

construção de uma base cartográfica voluntária de postos de combustível da cidade

do Rio de Janeiro. A partir dessa experiência, propõe-se a inserção do mapeamento

colaborativo na produção cartográfica, mais especificamente na etapa da

reambulação.

Palavras-chave: Mapeamento Colaborativo. Reambulação. Mapeamento

Sistemático. Mapeamento Oficial. OpenStreetMap.

Page 9: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

ABSTRACT

MARTINS JUNIOR, O. G. Proposal for Operational Complementation at the stage of Field Survey in Systematic Cartographic Production. 2015. 65 f. Dissertação (Graduação em Engenharia Cartográfica) – Faculdade de Engenharia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015. After centuries serving society high quality products, the official cartographic

production in the world is in a remarkable turning point, caused by the technical

evolution of society. The Field Survey, specially, is inert in this scenario, requiring

reformulation in its practices. Being it an important part of the mapping construction,

new structures must be discussed, bringing it to the XXI century, where information is

dynamic and rapidly produced and absorved by the society. Therefore, this paper

proposes an operational methodology through a case study utilizing mobile platforms

and the EpiCollect application, to build a volunteered cartographic database based

on gas stations in Rio de Janeiro city. From this experience, it proposes the insertion

of collaborative mapping in cartographic production, specifically in the field survey

step.

Keywords: Collaborative Mapping. Field Survey. Systematic Mapping. National

Mapping. OpenStreetMap.

Page 10: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Evolução do Processo Cartográfico Oficial – Fonte: O autor, 2015. ......... 17

Figura 2 - Evolução da Rede Altimétrica do Sistema Cartográfico Nacional - Fonte:

DGC/IBGE. ................................................................................................................ 18

Figura 3 - Evolução da Rede Planimétrica do Sistema Cartográfico Nacional - Fonte:

DGC/IBGE ................................................................................................................. 18

Figura 4 – Estrutura de atribuições e serviços de mapeamento do IBGE – Fonte:

IBGE. ......................................................................................................................... 19

Figura 5 - Informações coletadas para construção de uma base cartográfica - Fonte:

adaptado de Dobson, 2013. ...................................................................................... 20

Figura 6 - Espectro de perfis de voluntários quanto à especialização técnica - Fonte:

adaptado de Coleman et al, 2009. ............................................................................ 29

Figura 7 - Anotações dos Usuários em Folhas Topográficas do USGS - Fonte: USGS

National Map Corps ................................................................................................... 34

Figura 8 - Estados Disponíveis para Edição até Julho de 2014 – Fonte: USGS

National Map Corps. .................................................................................................. 35

Figura 9 - Estrutura do EpiCollect - Fonte: adaptado de Aanensen et al., 2009. ...... 38

Figura 10 – Recorte territorial escolhida para as Coletas de Teste - Fonte: O autor,

2015. ......................................................................................................................... 39

Figura 11 - Distribuição dos postos nas áreas de Coleta de Teste – Fonte: O autor,

2015. ......................................................................................................................... 40

Figura 12 - Esquema da construção da estrutura do questionário - Fonte: O autor,

2015. ......................................................................................................................... 43

Figura 13 - Registros coletados na Primeira Fase/Coleta de Testes - Fonte: O autor,

2015. ......................................................................................................................... 46

Figura 14 - Registros coletados na Segunda Fase de Coletas - Fonte: O autor, 2015.

.................................................................................................................................. 48

Figura 15 - Registros coletados ao final do trabalho - Fonte: O autor, 2015. ............ 50

Figura 16 - Fluxograma de Implantação da Proposta - Fonte: O autor. .................... 54

Page 11: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Características dos Registros da Coleta de Teste - Fonte: O autor, 2015.

.................................................................................................................................. 47

Tabela 2 - Características dos Registros da Segunda Fase de Coletas – Fonte: O

autor, 2015. ............................................................................................................... 49

Tabela 3 - Resultado Final da Coleta - Fonte: O autor, 2015. ................................... 50

Quadro 1 - Exemplos de Atividades de acordo com o Perfil do Voluntário - Fonte:

adaptado de Coleman et al, 2009. ............................................................................ 29

Quadro 2 - Questionário para preenchimento no EpiCollect – Fonte: O autor, 2015.

.................................................................................................................................. 43

Quadro 3 - Padrão de etiquetas utilizadas no OSM para este trabalho - Fonte: O

autor, 2015. ............................................................................................................... 52

Gráfico 1 - Resultado Final da Coleta - Fonte: O autor, 2015. .................................. 51

Page 12: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANM – Agência Nacional de Mapeamento

ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

BCC – Base Cartográfica Contínua

BCIM – Base Cartográfica Internacional ao Milionésimo

C2C – Citizen to Citizen

CIC – Centro de Informações Cartográficas

DSG – Diretoria do Serviço Geográfico

GLONASS – Global Navigation Satellite System

GNSS – Global Navigation Satellite Systems

GNV – Gás Natural Veicular

GPS – Global Positioning System

HOT – Humanitarian OpenStreetMap Team

IG – Informação Geoespacial

INDE – Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais

INFOCAR – Informatização da Cartografia

OSM – OpenStreetMap

PPGIS – Public Participation Geographical Information System

RA – Região Administrativa

RADAM – Radar na Amazônia Brasileira

SIG – Sistema de Informações Geográficas

UCS – User Contribution Systems

UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro

UF – Unidade da Federação

USAF – United States Air Force

USGS – United States Geological System

VGI – Volunteered Geographical Information

Page 13: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................... 13

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ......................................................................... 14

1.1 Objetivo ......................................................................................................... 14

1.2 Organização do Trabalho ............................................................................ 14

2. MAPEAMENTO SISTEMÁTICO E INFORMAÇÃO GEOESPACIAL ............ 16

2.1. Mapeamento Sistemático ............................................................................. 16

2.2. Reambulação ................................................................................................. 21

2.3. Informação Geoespacial............................................................................... 22

3. MAPEAMENTO COLABORATIVO ................................................................ 24

3.1. VGI, Neogeografia e Crowdsourcing .......................................................... 24

3.2. Usuário, Produtor ou “Produsário”? .......................................................... 25

3.3. Experiências de Mapeamento Colaborativo .............................................. 31

3.3.1. WikiMapia ....................................................................................................... 32

3.3.2. Google Map Maker ......................................................................................... 32

3.3.3. The National Map Corps ................................................................................ 33

3.4. OpenStreetMap e EpiCollect ........................................................................ 36

3.4.1. OpenStreetMap ............................................................................................... 36

3.4.2. EpiCollect ........................................................................................................ 37

4. METODOLOGIA ............................................................................................. 39

4.1. Determinação da Área Inicial de Estudo ..................................................... 39

4.2. Elaboração do Questionário ........................................................................ 40

4.3. Programação do EpiCollect ......................................................................... 43

5. ATIVIDADES E ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................... 45

5.1. Coletas de Teste ........................................................................................... 46

5.2. Segunda Fase de Coletas ............................................................................ 48

5.3. Análise Final dos Resultados ...................................................................... 49

5.4. Estruturação e Carregamento da Base Colaborativa no OSM .................. 51

Page 14: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

6. PROPOSTA DE COMPLEMENTAÇÃO PARA A REAMBULAÇÃO ............. 54

CONCLUSÕES .............................................................................................. 58

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 61

Page 15: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

13

INTRODUÇÃO

Após séculos servindo a sociedade produtos de altíssima qualidade, a

produção cartográfica oficial no mundo se encontra num notável ponto de inflexão,

ocasionado pela enorme evolução técnica da sociedade. Muitas outras ciências se

desenvolveram com o avanço tecnológico (principalmente da informática e dos

sistemas de informação). Como exemplo pode-se citar a fotogrametria, que em trinta

anos passou por profundas transformações e o imageamento por sensores orbitais,

que hoje constitui importante fonte para o mapeamento.

Os custos crescentes inseridos em um panorama econômico fragilizado

trazem diversas dificuldades para os órgãos oficiais de mapeamento.

Levantamentos, em geral, tornam-se cada vez mais custosos e demandantes,

apesar de mais rápidos, graças à tecnologia GNSS (Global Navigation Satellite

Systems). Projetos nacionais são cada vez mais raros, visto as altas despesas com

aquisição de dados e a falta de pessoal capacitado para executá-los, o que faz com

que países, especialmente aqueles com áreas muito extensas ou ambiente hostil,

encontrem dificuldades para manter seu território mapeado e atualizado.

A reambulação, em especial, se encontra inerte nesse cenário, com conceitos

datando do século XIX e práticas rígidas. Sendo ela uma parte essencial do

processo de construção do mapa, novas práticas devem ser discutidas, de modo a

atualizá-la e torná-la mais eficiente, em um mundo onde a informação é cada vez

mais dinâmica e rapidamente produzida e absorvida pelos indivíduos.

Uma das soluções discutidas atualmente, e que faz parte da proposta inserida

no contexto do presente estudo, é a integração do conceito de Volunteered

Geographic Information (VGI), proposto por Goodchild (2007), às bases nacionais. A

inserção deste conceito pode trazer mais dinamismo e flexibilidade aos processos,

além de integrar a sociedade como participante na fundamental tarefa de

mapeamento, que é de grande importância para o conhecimento do território de

forma abrangente e também na construção da identidade nacional.

Page 16: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

14

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

1.1 Objetivo

Nesse trabalho é apresentada uma metodologia operacional para a

reambulação utilizando plataformas móveis (smartphones e tablets) e informações

voluntárias dos usuários. De forma a validar essa metodologia, é utilizado um estudo

de caso para coletar dados de postos de combustível e todas as construções

dependentes de parte da cidade do Rio de Janeiro e de sua Região Metropolitana.

Essa coleta foi idealizada devido à necessidade da ANP (Agência Nacional do

Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) de se conhecer as instalações comerciais

de combustível instalados em território nacional.

A partir dessa experiência propõe-se a inserção do mapeamento colaborativo

na produção cartográfica, mais especificamente na etapa da reambulação, de modo

a promover uma atualização dinâmica das bases cartográficas e maior participação

social nos processos de construção do território.

Como objetivo secundário, a base construída será integrada a base do

OpenStreetMap, que, através de serviços livres e abertos, oferece mapeamento de

alta qualidade e de modo essencialmente colaborativo, voluntário e gratuito.

1.2 Organização do Trabalho

No segundo capítulo é apresentado um breve histórico do mapeamento

sistemático, sua importância e seu posicionamento no decorrer dos anos e do

avanço tecnológico. Em seguida será apresentada a Reambulação, estrutura que

será pesquisada neste trabalho. Aliado a isso, vai-se caracterizar o conceito de

Informação Geoespacial, fundamental em todo o processo cartográfico.

No terceiro capítulo são demonstrados os conceitos utilizados atualmente

para caracterizar o mapeamento colaborativo – crowdsourcing, VGI e neogeografia,

Page 17: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

15

bem como aplicações recentes dos novos conceitos e a aplicação utilizada para

desenvolver o trabalho.

No quarto capítulo a metodologia utilizada nas coletas é descrita, bem como

se discutirá a análise dos resultados obtidos e o processo de integração com a base

do OpenStreetMap.

No quinto capítulo, é apresentada a proposta para complementação da

reambulação, baseada nos resultados obtidos e nas pesquisas executadas para

este trabalho.

Em seguida são apresentadas as considerações finais e possíveis

desdobramentos futuros do assunto abordado.

Page 18: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

16

2. MAPEAMENTO SISTEMÁTICO E INFORMAÇÃO GEOESPACIAL

2.1. Mapeamento Sistemático

Historicamente, o conhecimento do território se apresenta em quaisquer

grandes questões que a humanidade se depara. Desde as migrações do Paleolítico

até os assentamentos na Palestina e Israel, o território permeia as decisões tomadas

pelo homem. Por isso, conhecê-lo é essencial (Miceli, 2015).

Já na época das Grandes Navegações as cartas produzidas tinham valor

inestimável para os Estados e eram tratadas como informação secreta nessas

nações. Mas foi apenas no século XVIII que a França Napoleônica padronizou e

sistematizou os métodos topográficos, podendo assim ter conhecimento dos

territórios conquistados e dos que reclamava nas inúmeras guerras do período. Por

consequência da disseminação destes novos métodos, surgiram os primeiros

Serviços de Cartografia Nacional, responsáveis pelo mapeamento territorial,

inicialmente para propósitos militares, mas posteriormente para construção da

identidade nacional das nações que surgiram de modo consolidado a partir daquele

período, o que se ilustra na Figura 1 (Philips, 2003).

Page 19: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

17

No Brasil, em 1890 foi instituída, no âmbito do Ministério do Exército, a

Diretoria do Serviço Geográfico (DSG), que tem a missão de produzir material

cartográfico necessário para a identificação do território e sua defesa. Apenas em

1938, com a criação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o

mapeamento oficial passou a ter estabilidade e ser produzido sistematicamente

através das bases cartográficas contínuas e de outros projetos de mapeamento

especial, como o Radar na Amazônia Brasileira (RADAM Brasil).

A cartografia sistemática, no Brasil, foi então definida pelo artigo 7º do

decreto-lei n.º 243/67, que regulamenta as Diretrizes e Bases da Cartografia e da

Política Cartográfica Nacional como sendo:

“Art. 7º A cartografia sistemática tem por fim a representação do espaço territorial brasileiro por meio de cartas, elaboradas seletiva e progressivamente, consoante prioridades conjunturais, segundo os padrões cartográficos terrestres, náuticos e aeronáuticos (Decreto-lei nº 243, 1967).”

Desde sua fundação, o IBGE vem prestando serviços de qualidade para a

sociedade, construindo suas bases oficiais nas escalas de atribuição oficial e

desenvolvendo diversos projetos fundamentais para o desenvolvimento do país.

Dentre alguns exemplos, destacam-se as redes plani-altimétricas apresentadas nas

Séc. XVIII

•Surgimento dos Serviços de Cartografia Nacional

Séc. XIX

•Início dos Levantamentos Censitários

•Invenção da Fotogrametria

•Integração da Reambulação ao Apoio Fotogramétrico

•Invenção dos primeiros Restituidores

Séc. XX

•Desenvolvimento da Aerotriangulação

•Aprimoramento e Documentação das técnicas de Seleção e Generalização

•Desenvolvimento do Sensoriamento Remoto

•Desenvolvimento dos Sistemas GNSS

Figura 1 - Evolução do Processo Cartográfico Oficial – Fonte: O autor, 2015.

Page 20: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

18

Figuras 2 e 3, respectivamente, e as redes gravimétricas e o Referencial Geodésico

Brasileiro.

O IBGE tem por responsabilidade a cartografia sistemática do país junto coma

DGC. Nesse contexto, as escalas de mapeamento oficial que estão sobre sua

atribuição são: 1:1.000.000 (BCIM – Base Cartográfica Internacional ao

Milionésimo), 1:250.000, 1:100.000, 1:50.000 e 1:25.000. Todas as escalas, exceto a

de 1:25.000 possuem uma base cartográfica contínua estruturada – as chamadas

BCC (Base Cartográfica Contínua) – e qualquer escala maior, a partir de 1:25.000, já

Figura 2 - Evolução da Rede Altimétrica do Sistema Cartográfico Nacional - Fonte: DGC/IBGE.

Figura 3 - Evolução da Rede Planimétrica do Sistema Cartográfico Nacional - Fonte: DGC/IBGE

Page 21: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

19

se enquadra na categoria de cadastro, que é de responsabilidade dos estados e

municípios (Figura 4).

Figura 4 – Estrutura de atribuições e serviços de mapeamento do IBGE – Fonte: IBGE.

Durante toda a sua história o mapeamento sistemático e, mais

especificamente o IBGE, desenvolveu-se de modo exponencial devido ao avanço

tecnológico presenciado no seu período de existência. Em 1962, através da

cooperação com o governo dos Estados Unidos e a United States Air Force (USAF),

pôde-se realizar um dos principais projetos de fotogrametria na história do Instituto.

Outros pontos de inflexão importantes foram o Centro de Informações Cartográficas

(CIC) e o Projeto INFOCAR (Informatização da Cartografia). Ambos na década de

80, que transformaram radicalmente os processos de construção do mapeamento

sistemático, possibilitando a absorção de quantidades cada vez maiores de

informação ao processo e a execução mais rápida dos serviços de mapeamento

(Santos et al, 2013).

Atualmente, o Instituto entrega produtos digitais e físicos à população

referentes ao mapeamento sistemático das bases contínuas das escalas de

Page 22: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

20

atribuição e às folhas brasileiras pertencentes à série BCIM, além do mapeamento

das UFs (Unidades da Federação) e do Censo Nacional.

Os serviços de mapeamento oficial, além das suas atribuições características,

devem sempre estar atentos à evolução tecnológica. Isso se apresenta devido a

crescente demanda por informação geoespacial. A sociedade cada vez mais está

integrada aos serviços de posicionamento e navegação, o que pode ser um desafio

para estas instituições conforme ilustrado na figura 5, onde observa-se que o volume

de informações que devem ser coletadas para a construção de uma base

cartográfica é enorme e diverso. Os altos custos de pessoal, os orçamentos estatais

cada vez mais apertados e a dinâmica da informação são fatores que devem ser

encarados e resolvidos.

Figura 5 - Informações coletadas para construção de uma base cartográfica - Fonte: adaptado de Dobson, 2013.

Page 23: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

21

2.2. Reambulação

Dentre os processos necessários para se atingir o produto cartográfico final,

se encontra a reambulação. Segundo Santos (2008) a Reambulação é:

“...o ato de percorrer determinada porção territorial com o objetivo de coletar, confirmar ou destacar, a partir de entrevistas com a população que lá habita, o nome das feições cartográficas mais destacadas no local, as quais posteriormente constarão, ou serão descartadas, das cartas e mapas, como nomes geográficos que as identifiquem de forma singular.”

As feições mencionadas compreendem-se entre representações de relevo e

outros fenômenos naturais, incluindo estruturas puramente antrópicas. Estas feições

podem ser detectadas através de diversos subprodutos do mapeamento, como

fotografias aéreas, ortofotocartas e até mesmo cartas antigas, caso o objetivo seja a

atualização cartográfica.

O trabalho do reambulador está dividido em duas partes, sendo elas o

planejamento da ida a campo e a ida a campo propriamente dita. O planejamento é

essencial, visto que a reambulação é uma fase de elaboração cartográfica, onde as

denominações que enriquecerão as cartas finais devem ser coletadas com toda a

responsabilidade inerente aos serviços oficiais (Santos, 2008).

O processo de reambulação está intimamente ligado à história do lugar,

desde as suas primeiras ocupações até as sociedades atuais. Muito da memória

local está descrita nos nomes que a compõem e os habitantes são a principal fonte

destas informações (Santos, 2008).

Outro ponto muito importante neste processo é a regionalidade das

informações. O Brasil possui mais de 8,5 milhões de km², divididos em 26 estados e

um distrito federal, com diferentes processos de formação do território, muitas vezes

com auxílio de indivíduos de outras culturas e nacionalidades. Essa integração

produziu uma riqueza linguística e humana que é um fator essencial na identidade

nacional e, portanto, deve ser incluído nos mapas nacionais.

A reambulação tem uma importância única no que se refere à atribuição

judicial que a informação cartográfica pode vir a ter. É somente através dela que a

correta nomeação dos locais pode se dar. Caso não esteja claro nos documentos

Page 24: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

22

oficiais o nome correto de um elemento cartográfico, consequências jurídicas podem

ser imputadas a essa informação.

De importância ímpar, a reambulação foi talvez a única etapa da produção em

que não houve mudanças, nem mesmo integração das tecnologias de informação

recentes. Ao pesquisarem-se os históricos da produção cartográfica, vê-se que a

sua atualização foi essencial para que se pudesse desenvolver cada vez mais a

ciência do mapeamento e, portanto, a reambulação necessita também desse

desenvolvimento.

2.3. Informação Geoespacial

Entende-se por informação geoespacial (IG) aquela que em sua formação

possui um componente espacial que é associado a uma localização em nosso

planeta. De acordo com o Marco Legal da INDE (Infraestrutura Espacial de Dados

Espaciais) (Decreto nº 6.666/08, Diário Oficial da União de 28/11/2008, página 57),

informação geoespacial é definida como:

“...aqueles que se distinguem essencialmente pela componente espacial, que associa a cada entidade ou fenômeno uma localização na Terra, traduzida por sistema geodésico de referência, em dado instante ou período de tempo, podendo ser derivado, entre outras fontes, das tecnologias de levantamento, inclusive as associadas a sistemas globais de posicionamento apoiados por satélites, bem como de mapeamento ou de sensoriamento remoto.”

A informação geoespacial vem se tornando cada vez mais importante ao

longo dos últimos anos, visto que pode ser manipulada por diversos setores, sendo

científicos ou não. Elas estão presentes não somente nas Agências Nacionais de

Mapeamento (ANMs), mas também em áreas tais como segurança pública,

marketing e gestão de desastres humanitários.

Esse tipo de informação é essencial para planejamento, gestão e tomada de

decisão. Segundo Folger (2009) o governo federal dos Estados Unidos estima que

cerca de 80% de todos os dados possuídos por ele tem uma componente

geográfica, e que esta informação é utilizada em todas as escalas da organização

desde Ministérios a Secretarias, por exemplo: registros de propriedade, veículos

Page 25: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

23

públicos, padrões de criminalidade, registros do Sistema de Saúde e gestões de

tráfego, resíduos, espaço aéreo e bacias hidrográficas.

A informação geoespacial se apresenta de diferentes tipos, formas e padrões,

o que contribuiu para seu crescimento. Podendo ser mais flexível e dinâmica que

outros tipos de dados, ela acabou suplantando os antigos registros, mas trouxe mais

complexidade e maiores custos de aquisição e manutenção, visto que necessita de

mecanismos mais avançados de gestão e controle.

Encontrar uma forma de se adquirir informação de modo econômico, mas que

continue sendo confiável é um desafio. O Centro de Tecnologia Governamental do

Departamento de Conservação Ambiental do Governo do Estado de Nova Iorque

estima que, de todos os custos de um projeto SIG, 80% correspondem à aquisição

da informação (Hartman, 1998).

Os crescentes custos podem abrir caminhos para um maior aproveitamento

das experiências colaborativas e para o desenvolvimento de outras, estas com maior

integração Estado-sociedade, o que ainda é um ponto sensível. Um estudo da

revista The Economist de 2008 demonstrou que “os indivíduos estão menos

preocupados em dar suas informações pessoais a uma companhia privada do que

ao governo” e outro estudo, feito pelo centro C2C (Citizen to Citizen), concluiu que

os cidadãos interagem com outros cidadãos de forma mais intensa quando

comparados com interações com o Estado, que chegam por vezes a evitar

(Coleman et al, 2009).

Page 26: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

24

3. MAPEAMENTO COLABORATIVO

3.1. VGI, Neogeografia e Crowdsourcing

Ao se procurar conceituar o mapeamento colaborativo, depara-se com três

definições distintas, mas que apresentam pontos em comum sobre as atividades de

contribuição voluntária. São elas:

VGI, ou Volunteered Geographic Information/ Informação Geográfica

Voluntária, é definida por Goodchild (2007) como sendo informação voluntária

de caráter estritamente geográfico. O termo expressa a vontade dos usuários

de tornar a informação disponível para a comunidade através da aquisição de

dados por grupos grandes e diversos (cada um com suas próprias

especificidades), que em sua grande maioria não tem treinamento

especializado em coleta de dados ou edição do mesmo através de software

especializado (utilizam apenas serviços Web) e não possuem os

conhecimentos técnicos mais especializados dos profissionais que lidam com

as questões relacionadas à informação geoespacial, embora estes

profissionais também participem, porém em quantitativo reduzido em relação

a totalidade dos informantes cidadãos

Neogeografia, segundo Turner (2006), é quando pessoas passam a usar e

criar seus próprios mapas, em seus próprios termos, e combinando elementos

de um conjunto de ferramentas existente. Ela combina as complexas técnicas

de cartografia e SIG e coloca ao alcance de usuários e desenvolvedores.

Crowdsourcing: Howe (2010) derivou esse termo de crowd (multidão, em

inglês) e outsourcing (quando a produção é transferida para locais remotos e

de menor custo). Trata-se do processo de realização de serviços e obtenção

de conteúdos através das contribuições de um grupo grande de pessoas. O

Page 27: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

25

conceito combina os esforços de voluntários, onde cada um contribui para

que se atinja um resultado maior.

Neste trabalho vai prevalecer o conceito de VGI, por se acreditar que ele

agrega as características fundamentais para o desenvolvimento de projetos amplos

de mapeamento colaborativo.

Nota-se que todos os três se utilizam de uma base de dados cuja maioria

provém de fontes conhecidas, como os de tecnologia GNSS, por exemplo, GPS’s

(Global Positioning System) e equipamentos equipados com receptores

GPS/GLONASS (Global Navigation Satellite System) de menor precisão (na

esmagadora maioria smartphones), e ortofotos. De maneira geral, qualquer dado

pode ser utilizado desde que seja georreferenciado ou georreferenciável.

Outra fonte de dados são as coleções de informações anônimas de serviços

de geolocalização. Estas são ricas em informações de rotas e localizações,

entretanto trazem uma série de questões jurídicas, de conduta ética e até de

segurança nacional, relacionados à privacidade do produtor. Exemplos são as bases

de serviços que utilizam a posição do usuário, como o Google Earth/Maps, Waze,

Moovit, etc.

3.2. Usuário, Produtor ou “Produsário”?

O conceito de “conteúdo gerado pelo usuário” não é novo. Coleman et al.

(2009) menciona que desde 2008 pode-se identificar uma longa história de Sistemas

de Contribuição do Usuário (SCU/ UCS – User Contribuition Systems em inglês),

tanto ativos quanto passivos no mercado. O mesmo autor ressalta que existem

registros de alguns projetos de participação pública datando de 2002.

O que é diferente, atualmente com a Web 2.0, é o papel mais influente que os

contribuintes têm (Coleman et al, 2009). Budhathoki et al (2008) desenvolveu o

conceito de “produsagem”, ou seja, quando o mesmo indivíduo produz e utiliza as

informações de maneira integrada. Podem-se destacar que a “produsagem”, ainda

de acordo com Coleman et al. (2009), apresentam quatro características:

Page 28: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

26

É baseada na comunidade (todos contribuem independente do grau de

técnica);

Precisa de papéis fluidos (os usuários devem ter total liberdade de

movimento dentro da comunidade – usuário é produtor e vice-versa);

Os resultados estarão sempre incompletos (os trabalhos deverão estar

sempre disponíveis para atualização);

Necessidade de existir uma propriedade comum dos resultados, sem

ignorar o mérito individual.

Outra questão importante é a motivação da contribuição, ou seja, o que leva

um indivíduo a colaborar em projetos colaborativos? Essa questão é até hoje

estudada por projetos abertos como Wikipedia, OpenStreetMap, entre outros. A

partir dessa questão podem-se inquirir diversas outras, como o padrão estabelecido

pelo voluntário ao submeter informação e os fatores que influenciam a qualidade, a

frequência e a natureza destes dados contribuídos, o objetivo da contribuição (para

quê o dado vai servir – algum projeto de mapeamento oficial, geológico ou

demográfico?), a credibilidade dos dados (como analisá-los? Quem vai analisá-los –

a organização oficial, uma comunidade especializada on-line ou qualquer um com

acesso à internet?). Outra questão também relevante é uma vez estabelecida a

iniciativa, como atrair novos colaboradores e manter os existentes, estimulando-os a

contribuir em maior quantidade, frequência e qualidade (Coleman et al, 2009).

As agências de mapeamento oficiais deveriam ser as maiores interessadas

nas respostas destas questões, caso queiram aproveitar a enorme quantidade de

informação disponível e uma comunidade cada vez mais disposta a contribuir.

Entretanto isso não é simples, visto que os órgãos oficiais são estruturas rígidas e

que possuem bastantes responsabilidades, inclusive jurídicas. Adiciona-se a isso a

dificuldade de relação interpessoal entre o mapeamento oficial e a sociedade

(inseridos numa visão maior que é a falta de relação do Estado em geral com a

população).

Uma análise breve dos perfis dos voluntários mencionada por Coleman

(2009) classificou seus perfis em cinco grupos bem caracterizados:

Page 29: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

27

01. Neófitas – quem não tem experiência formal com o assunto, mas tem

acesso à internet, tempo e vontade de contribuir e formar opinião a respeito do

assunto tratado;

02. Amador Interessado – quem descobriu ter interesse pelo assunto, leu a

literatura especializada, discutiu com outros colegas conhecedores do assunto, está

experimentando os softwares especializados e ganhando experiência com o

assunto;

03. Amador Especialista – quem sabe bastante sobre o assunto, pratica-o

como hobby, mas ainda não vive deste trabalho;

04. Profissional Especialista – quem estudou e pratica o assunto,

dependendo dele para viver. Pode responder juridicamente sobre seus produtos,

opiniões e práticas caso estes sejam inadequados ou incorretos;

05. Autoridade Especialista – quem já pratica o assunto durante muito

tempo, tendo reconhecimento de qualidade de suas atividades.

Atualmente, são bem caracterizados quatro contextos nos quais indivíduos

contribuem informação geoespacial para um devido fim (Coleman et al, 2009). São

eles:

Mapeamento e Navegação – o objetivo pode ser contribuir para uma

base de mapeamento pública (órgãos oficiais) ou privada (serviços de

roteamento);

Redes Sociais – a contribuição é feita a websites ou serviços online;

Sociedade Civil/ Governamental – a contribuição serve a algum

cidadão engajado em projetos de alguma cidade ou a membros de

grupos de direitos civis;

Resposta a Emergência – os contribuintes reportam a presença de

acidentes e desastres.

Page 30: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

28

Inserindo os grupos nesses contextos podem-se exemplificar ações visando

uma melhor compreensão dos papéis de cada um no mapeamento colaborativo,

apresentados no Quadro 1.

Mapeamento e Navegação

(Ex.: veículos e equipamentos com receptores GNSS)

Redes Sociais (Ex.: Open Street

Map)

Sociedade Civil/ Governamental

(Ex.: PPGIS (Public Participation GIS)

Resposta a Emergências (Ex: resposta a

desastres)

Neófita

Depende do equipamento para lhe prover direções e segue as instruções para adicionar pontos básicos usando o equipamento.

Já identificou vazios no mapeamento, pois tem familiaridade com o local e possui equipamento GNSS necessário. Interessado em fazer sua primeira contribuição.

Participa de uma audiência pública com mapas em SIG sobre a instalação de uma usina na cidade.

Pode usar seu telefone para adicionar informações básicas detalhando o local de um potencial foco de queimada.

Amador Interessado

Possui um equipamento e o utiliza de maneira extensiva, tendo feito diversas contribuições. Sabe da importância da tecnologia e suas limitações e está ciente dos procedimentos necessários para se atingir uma qualidade maior.

Possui o equipamento e conhecimento de softwares de edição e processamento. Contribui regularmente com dados editados e pode editar outros.

Participa e cria mapas SIG para sugestões ou contrapropostas numa audiência pública sobre o melhor lugar para instalação de uma usina na cidade.

Pode dirigir entre locais afetados por enchentes tirando fotos georreferenciadas que posteriormente serão adicionadas a uma base on-line.

Amador Especialista

É familiar com diferentes tipos de equipamentos, de modo que optou por um após experimentar os outros. Pode corrigir e complementar a contribuição de outros usuários.

Especialista com equipamento de qualidade que edita e avalia regularmente contribuições de outros usuários. Participa no desenvolvimento de especificações e da tomada de decisões relativas à rede.

Completamente familiar com as condições de suas redondezas e com todas as operações de PPGIS.

Conhece o tipo de informação crítica necessária para o trabalho de profissionais de resgate e pode se voluntariar a ir aos locais atingidos para prover essas informações.

Profissional Especialista

Profissionais de Agências Oficiais e outros órgãos que dependem da informação cartográfica.

Profissionais de Agências Oficiais e outros órgãos que dependem da informação cartográfica.

Urbanista em exercício.

Profissional de resposta a emergências que deve mapear toda a área afetada pelo desastre em questão.

Page 31: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

29

Concluindo, a Figura 6 apresenta um espectro unindo informação oficial ao

mapeamento voluntário, de acordo com as características acima apresentadas.

Nessa figura, a comunidade de contribuintes é bastante diversificada, logo suas

contribuições também são. Em geral, poucos usuários realizam a maior parte do

trabalho – na Wikipedia, por exemplo, 2% dos usuários registrados produzem e

editam 75% dos artigos (Wales, 2005).

De um modo geral, algumas conclusões sobre o comportamento dos

contribuintes podem ser feitas. A primeira é que a informação voluntária nem

sempre é informação nova. Na maioria dos casos a informação será uma

Autoridade Especialista

Especialistas que prestam consultoria aos mais altos níveis e desenvolvem novas tecnologias.

Urbanista já experiente com extenso conhecimento sobre desenvolvimento urbano.

Especialista consultado pelos mais altos níveis de governo e que pode desenvolver sistemas de prevenção ou de resposta ao desastre.

Quadro 1 - Exemplos de Atividades de acordo com o Perfil do Voluntário - Fonte: adaptado de

Coleman et al, 2009.

Amador

Interessado

Neófita Amador

Especialista

Profissional

Especialista

Autoridade

Especialista

Mapeamento

Colaborativo

Agência

Oficial

Figura 6 - Espectro de perfis de voluntários quanto à especialização técnica - Fonte: adaptado de

Coleman et al, 2009.

Page 32: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

30

atualização de atributos (uma rua que mudou de nome, por exemplo) ou uma adição

dos mesmos (uma escola que presta outros serviços à comunidade além de

educação, por exemplo). Os serviços de adição de etiquetas geográficas a pontos

de interesse são os mais importantes no USGS (United States Geological Survey)

National Map Corps programa de voluntários do serviço oficial de mapeamento dos

Estados Unidos (Bearden, 2007), que será mais bem descrito na sequência do

trabalho.

A segunda é que os voluntários desejam algum tipo de reconhecimento pela

sua contribuição. Esse reconhecimento vai desde e-mails automáticos agradecendo

pela colaboração, até listas/rankings de contribuintes e metadados incluindo o nome

do produtor. Além de reconhecimento, os contribuintes querem ver seu trabalho

utilizado, e rápido. Um dos motivos da pouca atratividade de projetos de colaboração

oficiais é a falta de capacidade das agências integrarem com rapidez as

atualizações feitas pelos voluntários (Bearden, 2007).

A terceira é que existem meios de avaliar a credibilidade dos contribuintes e,

portanto, validar os dados contribuídos. Por exemplo, uma série de edições feitas

em um mapa cadastral de um município no interior de Rondônia, mas originadas de

um equipamento situado em Porto Alegre, são altamente duvidosas. Isso porque o

conhecimento geográfico é orientado localmente, ou seja, contribuições feitas por

pessoas que residem em determinada área são mais confiáveis que aquelas feitas

por pessoas de fora, ou que estejam apenas passando temporariamente por aquele

local.

Outro critério importante é a data e a hora das contribuições. Através desses

dados pode-se concluir se as contribuições foram feitas por pessoas viajando em

datas específicas ou se um usuário enviou alguma contribuição sobre

engarrafamentos às 03h da madrugada, por exemplo, o que desqualifica a

informação.

De acordo com Coleman et al (2009), a tecnologia atual se encontra em

estado de boa assimilação nas diversas sociedades (independendo de religião,

política ou cultura), o que começa um processo de migração da produção para a

avaliação da qualidade das contribuições. Dependendo do tipo de informação ou

projeto, pode aparecer no futuro uma espécie de intercâmbio de responsabilidades

no tocante ao papel do voluntário, quando alguns serão exclusivamente

responsáveis, e até treinados, para executar o controle de qualidade das

Page 33: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

31

informações recebidas. Em áreas onde existem muitos voluntários engajados já

ocorre uma espécie de auto-validação, onde um usuário tem sua contribuição

cuidadosamente avaliada, e possivelmente corrigida, por todos os outros, gerando

um senso de comunidade e cidadania em todo o processo de contribuição.

3.3. Experiências de Mapeamento Colaborativo

Atualmente, com a popularização dos sistemas móveis na sociedade,

diversas iniciativas exploram o potencial que os usuários destes sistemas têm em se

transformar em verdadeiros sensores inteligentes (Goodchild, 2007).

Experimentações envolvendo crowdsourcing aparecem de modo frequente,

especialmente no mundo acadêmico, onde estas podem interagir com diversos

outros ramos, como medicina e turismo (Mooney et al, 2014). Podem-se citar como

exemplos a Wikipedia e o Christmas Bird Count, dentre outros.

Outro tipo popular de aplicação são aquelas de controle de rota e navegação,

como Waze e HD Traffic, que funcionam através da coleta da posição de uma base

imensa de usuários, podendo então efetuar cálculos de velocidade, que identificam

engarrafamentos e outros problemas como acidentes e problemas na pista. Serviços

como o Moovit oferecem cálculo de rotas de transporte público, tudo através da

colaboração dos usuários, que informam mudanças de trajeto e avaliam a qualidade

dos referidos serviços, gerando dados de controle que podem ser enviadas aos

órgãos de trânsito das cidades cobertas pelo serviço.

Dito isso, iniciativas colaborativas que envolvam o mapeamento não são tão

comuns. Mais raras ainda são aquelas envolvendo as ANMs (Agências Nacionais de

Mapeamento), com apenas um projeto tendo sucesso em sua atividade.

O caso de maior sucesso é sem dúvida nenhuma o do OpenStreetMap, que

será melhor detalhado no próximo capítulo. A seguir, serão destacadas outras

iniciativas competentes em seus objetivos de mapeamento.

Page 34: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

32

3.3.1. WikiMapia

O serviço se define como sendo um mapa colaborativo, multilinguístico e de

fonte aberta, onde qualquer um pode criar etiquetas locais e contribuir com seu

conhecimento. Tendo como objetivo a descrição do mundo inteiro, o WikiMapia

compila qualquer informação válida sobre objetos geográficos (ruas, rios, florestas,

prédios, etc.) e os disponibiliza de modo gratuito e de domínio público. A dinâmica

de atualizações é um dos pontos fortes do serviço, cujo mapa está constantemente

mudando para adequá-lo a realidade (Wikimapia, 2015).

Através do envio de fotografias e links descritivos, os usuários podem

executar as edições on-line, adicionando características às diversas categorias de

objetos. O serviço se utiliza de uma dinâmica de experiência, onde voluntários mais

experientes tem acesso a ferramentas de edição mais avançadas, como marcações

de rios, ferrovias e linhas de balsa.

Lançado em maio de 2006 em Moscou, o serviço conta hoje com mais de 24

milhões de etiquetas geográficas (última contagem em 18 de julho de 2015) e

usuários em diversas partes do mundo (Wikimapia, 2015).

3.3.2. Google Map Maker

Lançado em junho de 2008 pela Google, o serviço foi idealizado devido ao

fato de existirem algumas dificuldades na integração de dados de mapeamento em

certos países que preferem não disponibilizá-los. Através dele, usuários podem de

modo voluntário, adicionar, editar e validar dados geográficos, inicialmente em

algumas regiões do planeta (Google, 2015).

O Google Map Maker tem o propósito de integrar a base já existente do

serviço de mapeamento da Google, o Maps. Deste modo, as atualizações dos

usuários no Map Maker, após serem revistas e aprovadas pelos moderadores do

Google, são integradas no Maps. Os contribuintes podem desenhar feições

geográficas (rodovias, ferrovias, rios, edifícios e serviços) diretamente no mapa, nas

áreas liberadas para edição. O serviço utiliza as três primitivas geográficas (ponto,

Page 35: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

33

linha e polígono) nas ferramentas de edição, possibilitando uma vasta gama de

edições aos usuários (Google, 2014).

Uma crítica ao sistema é que ele depende da qualidade das imagens orbitais,

que, em locais onde não há consistência nestas imagens, as edições se tornam

mais raras e esparsas.

Outra crítica é o tipo de contrato que o contribuinte está sujeito. Para registrar-

se no serviço, deve-se fornecer ao Google “uma licença perpétua, irrevogável,

mundial, isenta de royalties e não exclusiva para reproduzir, adaptar, modificar,

traduzir, publicar, executar publicamente, exibir publicamente, distribuir e criar obras

derivadas do Material do Usuário” (Google, 2014). Isso significa que, uma vez

registrada a edição, não há garantia de retorno, download ou publicação em material

próprio do usuário.

Feições criadas por usuários novatos são moderadas por aqueles mais

experientes antes de serem adicionadas à base do Maps. Conforme se cria

confiança, estas edições passam a ser muito menos moderadas, até chegar ao

ponto de serem incluídas automaticamente na base do Maps.

Atualmente, apenas algumas partes do planeta não estão disponíveis para

serem editadas (Argentina, Chile, Colômbia, China, Japão, Indonésia, Tailândia,

Israel, Líbano, Jordânia, Irlanda, Espanha, Portugal e no enclave de Gibraltar), mas

devido a problemas com os protocolos de segurança e revisão das edições, o

serviço está suspenso desde 12 de maio de 2015 (Google, 2014).

3.3.3. The National Map Corps

Única grande iniciativa pública de mapeamento colaborativo, o projeto

realizado pelo USGS foi iniciado em 1994 com o nome de Earth Science Corps.

Naquela época, os usuários podiam informar ao USGS possíveis revisões nos

mapas topográficos impressos, através de anotações a mão nos mesmos. Após seis

anos, mais de 3.300 voluntários realizaram edições em até 300 mapas por ano.

Já em 2001, o projeto foi renomeado para The National Map Corps, tendo por

definição uma base geográfica disponibilizada online, feita por voluntários portando

receptores GNSS e coletando informações sobre estruturas geográficas nos Estados

Page 36: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

34

Unidos. Para isso, os voluntários são instruídos em como realizar as coletas e

atribuir classes às feições coletadas. Entre 2003 e 2006, mais de 1.000 voluntários

enviaram quase 22.800 informações distribuídas entre formulários, e-mails e até

notas escritas à mão, conforme ilustrado na Figura 7.

Figura 7 - Anotações dos Usuários em Folhas Topográficas do USGS - Fonte: USGS National Map

Corps

No período de 2006 a 2008 foi desenvolvida uma ferramenta baseada na

web, que foi utilizada por 401 voluntários coletando 3.847 pontos que foram

armazenados em base de dados. Nesse período, o programa obteve maturação,

formando comunidades de usuários ativos e integrados, que disseminaram o projeto

para professores de todo o país.

Em 2008, devido à crise mundial que afetou principalmente a Europa e os

Estados Unidos, o programa foi suspenso devido a limitações do orçamento, sendo

reestruturado e relançado em 2012, através da liberação do mapeamento no estado

do Colorado e, posteriormente, em 2013, em outros 15 estados (Figura 8).

Page 37: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

35

Figura 8 - Estados Disponíveis para Edição até Julho de 2014 – Fonte: USGS National Map Corps.

Atualmente, o projeto além de caracterizar-se por ser a única iniciativa pública

de sucesso que envolva mapeamento colaborativo, está também se integrando ao

OpenStreetMap (Wolf et al, 2011). Diversos workshops e sistemas estão sendo

desenvolvidos entre as duas organizações visando a integração dos dados

voluntários.

Page 38: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

36

3.4. OpenStreetMap e EpiCollect

3.4.1. OpenStreetMap

Em sua própria definição, é um mapa gratuito e editável do mundo, que está

em permanente construção de modo voluntário e disponibilizado sob uma licença

aberta, o que protege o projeto de uso malicioso por terceiros.

Tendo seus servidores instalados na University College London, o projeto é

suportado pela empresa britânica Bytemark, que oferece ferramentas para os

desenvolvedores e os responsáveis pela manutenção dos dados.

Fundado em 2004, o OpenStreetMap foi desenvolvido para mapeamento do

Reino Unido, devido às restrições de acesso oferecidas pela ANM local – o

Ordnance Survey – e as de outros países. Em 2006, foi criada a OpenStreetMap

Foundation, com o objetivo de disseminar as práticas de produção, desenvolvimento

e distribuição de dados livres em outros países e comunidades. No início, os

usuários podiam editar a base com os seus próprios pontos retirados de dispositivos

GNSS e imagens aéreas de domínio público. Em dezembro de 2006, o Yahoo!

liberou sua base de imagens orbitais para uso dos produtores. Já em 2008, o projeto

desenvolveu ferramentas para usuários de receptores GNSS poderem atualizar seus

mapas internos, substituindo os pré-carregados (proprietários), que tem atualização

mais lenta. Em 2010, o Bing, serviço da Microsoft, liberou suas imagens aéreas para

os produtores realizarem edições.

Atualmente, o serviço é composto de um editor online com interface intuitiva,

que fica liberado após o usuário criar uma conta particular para edições. Também

está disponível um pacote de instalação, este com ferramentas de edição avançada,

semelhantes a qualquer software de SIG disponível.

Um dos diferenciais do projeto são as chamadas “mapping parties”, que são

workshops locais, visando o aumento da cobertura e do detalhamento do serviço

nas áreas onde são realizados para atrair novos voluntários (Perkins et al, 2008).

Haklay (2010) destaca que a parte mais expressiva do projeto é a rapidez de

coleta e integração dos dados à base. Em um curto espaço de tempo, um terço do

território da Inglaterra já havia sido mapeado por uma equipe de 150 participantes

Page 39: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

37

auxiliados pontualmente por outros 1000. Após a integração da base de imagens de

alta resolução do Yahoo!, o processo se refinou ainda mais, chegando aos atuais 6

metros de acurácia média e quase 100% de mapeamento da infraestrutura de

transporte em diversas partes do mundo, incluindo o Reino Unido, a Alemanha, a

França, os Estados Unidos, o Canadá, o Japão e todas as capitais estaduais do

Brasil e o Distrito Federal.

O OSM (OpenStreetMap) se destaca também por servir a situações de

emergência humanitária, como terremotos, epidemias, entre outros. Em 2010, uma

semana após o terremoto que atingiu o Haiti e deixou 100.000 mortos, quase todo o

país estava mapeado, incluindo rodovias, localidades e estruturas de serviço. Para

isso, milhares de usuários do mundo inteiro contribuíram com seu tempo para o

mapeamento, se utilizando de imagens orbitais e receptores GNSS. Um dos casos

recentes e de grande movimentação no projeto foi a epidemia do vírus Ebola na

África Ocidental (especificamente na Libéria, Serra Leoa, Guiné, Mali e Nigéria). Em

três dias, foi feito um grande esforço para mapeamento de todas as grandes

concentrações humanas atingidas, entre cidades e vilas, passando por estradas,

prédios e até rios. Após um mês todos os países citados tinham bases completas e

feitas de modo absolutamente voluntário.

Pensando nisso, o OSM criou o HOT (Humanitarian OpenStreetMap Team/

Equipe Humanitária do OpenStreetMap), que se encarrega do planejamento e

coordenação de atividades pós-desastre. Além disso, o HOT também vai incentivar

o mapeamento de áreas onde há potencial de catástrofes, como proximidades de

vulcões e áreas de alto tectonismo, grandes concentrações populacionais com

pouco ou nenhum acesso a saneamento básico e serviços de saúde, e regiões com

grande estresse militar.

3.4.2. EpiCollect

A aplicação móvel EpiCollect é uma ferramenta de coleta de dados que

permite ao usuário coletar e cadastrar informação georreferenciada em um website

de projeto através de plataformas móveis (com sistema Android ou iOS). Todos os

dados sincronizados podem ser visualizados e manipulados com liberdade no

Page 40: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

38

website do projeto correspondente ou no próprio aparelho responsável pelo registro,

como representado na Figura (Aanensen et al., 2009).

É um projeto de código aberto, desenvolvido no Departamento de

Epidemiologia de Doenças Infecciosas na Imperial College London com fundos do

The Wellcome Trust. Através do smartphone, todos os dados podem ser enviados

para qualquer servidor (sendo que os fornecidos pelo Google AppEngine são

oferecidos por padrão e de modo gratuito) a qualquer momento em que haja

conexão com a internet. Em áreas remotas, onde as redes de telecomunicações são

precárias ou inexistentes, o aplicativo consegue armazenar todos os dados

coletados e cadastrar coordenadas do receptor GNSS do aparelho para,

posteriormente já com internet, estas poderem ser enviadas ao servidor

responsável.

Figura 9 - Estrutura do EpiCollect - Fonte: adaptado de Aanensen et al., 2009.

Page 41: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

39

4. METODOLOGIA

4.1. Determinação da Área Inicial de Estudo

Inicialmente foi realizada uma consulta espacial na base do OSM referente

aos estabelecimentos comerciais de postos de combustível na cidade do Rio de

Janeiro. Verificou-se então que a região que compreende as RAs (Regiões

Administrativas) de Jacarepaguá (XVI RA) e da Barra da Tijuca (XXIV RA),

representadas na Figura 9 possuem postos em um bom número e bem distribuídos.

Aliado a isso, a facilidade de locomoção na região, a boa infraestrutura de transporte

e a relativa segurança encontrada nesses locais foram fatores determinantes para a

escolha dessas regiões como área de estudo.

Figura 10 – Recorte territorial escolhida para as Coletas de Teste - Fonte: O autor, 2015.

Page 42: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

40

A consulta espacial resultou em 65 postos registrados na base do OSM na

área delimitada, sendo 31 na RA da Barra da Tijuca e os outros 34 na RA de

Jacarepaguá (Figura 10).

4.2. Elaboração do Questionário

Para que fossem coletados os dados necessários para a realização deste

trabalho, optou-se pelo modelo de questionário, ou seja, os voluntários deveriam

responder a perguntas previamente definidas e que trouxessem as respostas

necessárias para que se atingisse o objetivo do projeto, que é de construção de uma

base voluntária de postos de combustível. Esse questionário seria preenchido

através da aplicação móvel, o EpiCollect, que foi apresentado anteriormente no

capítulo 3.4.2.

Figura 11 - Distribuição dos postos nas áreas de Coleta de Teste – Fonte: O autor, 2015.

Page 43: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

41

Para elaborar o questionário determinou-se o conjunto de informações

necessárias para a caracterização de um posto de combustível e os serviços

oferecidos por ele. São eles:

Operador – empresa que realiza a operação do posto e é, portanto, a

responsável legal por ele;

Loja de Conveniência – estabelecimento comercial dependente do

posto e que comercializa itens diversos;

Caixa Eletrônico – equipamento que realiza transações bancárias e

que é comumente encontrado em postos de combustível;

Combustível – são quatro tipos mais comuns, sendo eles: gasolina,

diesel, etanol e GNV (Gás Natural Veicular);

Serviço de Lavagem – podendo ser de dois tipos, automático (quando

é realizado por máquinas automatizadas) e manual (quando é

realizada por funcionários do posto);

Estacionamento;

Serviços Mecânicos – são inúmeros, mas para este questionário

determinaram-se os mais comuns e relevantes para a pesquisa, sendo

eles: borracharia, calibração dos pneus, troca do extintor de incêndio,

troca da palheta do vidro e troca do óleo do motor;

Itens Vendidos na Loja de Conveniência – foram considerados itens

relevantes à pesquisa: refrigerantes, bebidas alcoólicas, sorvetes e

presentes em geral. A escolha da inclusão do item “bebidas alcoólicas”

foi motivada pela Lei Estadual nº 3.193, de 15 de março de 1999, que

dispõe sobre a proibição da venda e do consumo de bebidas alcoólicas

nas redes de postos de combustíveis no estado do Rio de Janeiro.

Para que se passasse à elaboração das perguntas do questionário, houve a

necessidade de se determinar o público-alvo que iria ser envolvido no projeto. Foram

escolhidas então turmas do curso de Engenharia Cartográfica e de Geografia, por

serem áreas de estudo que estão mais próximas da informação geoespacial e que

dela dependem, tendo real consciência de sua importância.

Page 44: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

42

Prosseguiu-se então para a elaboração das perguntas, que deveriam ser de

interpretação fácil e direta. Além disso, deveriam ser imparciais e diretas com os

coletores, evitando-se assim perguntas ambíguas ou que poderiam ter interpretação

diferente daquela idealizada (Chagas, 2000). Foi incluída uma pergunta para que o

usuário contribuísse com comentários ou sugestões sobre o projeto, de modo a

possibilitar uma participação mais inclusiva no projeto. O Quadro 2 representa o

questionário elaborado e que foi posteriormente carregado no EpiCollect.

Perguntas Respostas Possíveis

Qual o operador do

Posto? Petrobras BR, Ipiranga, Shell/Esso, Ale ou Outros.

O posto oferece caixa

eletrônico?

Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Itaú, Bradesco,

Santander, 24 Horas, Outros ou Não Possui.

O posto oferece loja

de conveniência?

Bob’s, Subway, BR Mania, Mc Donald’s, AM/PM, Outros ou Não

Oferece.

Quais os tipos de

combustível

vendidos?

Gasolina, Etanol, Diesel e GNV.

O posto oferece

lavagem? Sim, do tipo Manual; Sim, do tipo Automático; Não Oferece.

O posto oferece

serviços mecânicos?

Borracheiro, Calibrador, Troca Extintor, Troca Palheta do Vidro,

Troca Óleo e Não Oferece.

O posto oferece

estacionamento? Sim ou Não.

Dos seguintes itens,

algum é vendido no

posto?

Refrigerantes, Bebidas Alcoólicas, Sorvetes, Presentes ou Não

Vende Nenhum dos Itens.

Existe algum curso

d’água próximo ao

posto?

Sim ou Não.

Page 45: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

43

Comentários ou

sugestões? Resposta Livre.

Quadro 2 - Questionário para preenchimento no EpiCollect – Fonte: O autor, 2015.

4.3. Programação do EpiCollect

Foi feita então efetuando o carregamento do questionário elaborado no

aplicativo EpiCollect, para que este fosse disponibilizado para a coleta. Para isso

criou-se um projeto de coletas no aplicativo, nomeado de “PostosRJ”, onde os

usuários deveriam enviar as informações registradas. Neste trabalho, para o

recebimento e armazenamento das informações se utilizou o servidor padrão

oferecido pelo aplicativo, que é o Google AppEngine (Aanensen et al, 2015). Através

de um sistema point and click, montou-se a estrutura para inclusão do questionário,

como representado na Figura 12.

Figura 12 - Esquema da construção da estrutura do questionário - Fonte: O autor, 2015.

Page 46: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

44

A partir daí foram realizadas as coletas propriamente ditas, que serão

descritas, bem como seus resultados, a seguir.

Page 47: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

45

5. ATIVIDADES E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Para que fossem atingidos os resultados decidiu-se separar as coletas em

duas fases. A primeira, de testes, para melhor assimilação dos resultados e da

dimensão das contribuições, e que seria realizada na área delimitada anteriormente.

A segunda e última, mais livre, onde se disponibilizaria o aplicativo para outros

contribuintes, não havendo limite na área de estudo.

O registro ideal deveria conter fotografia do posto, coordenada geodésica

aferida pelo receptor GNSS do aparelho celular e questionário preenchido com todas

as questões respondidas. Os problemas que poderiam ser encontrados são

justamente a falta dessas informações em algum registro, sendo a falta de

coordenadas e de fotografias as mais graves, pois nesse caso fica inviabilizada a

verificação visual realizada na análise dos resultados.

Assim, realizou-se a programação do processo de coletas e de análise de

resultados, representado a seguir:

1) Criação de um tutorial e exposição do projeto para a turma responsável

pela Coleta de Testes;

2) A turma realiza as coletas e sincroniza os resultados com o servidor;

3) Análise dos resultados das Coletas de Teste;

4) Divulgação do projeto para outras turmas;

5) As turmas realizam as coletas e sincronizam os resultados com o servidor;

6) Análise dos resultados de todas as coletas;

7) Realização da estatística descritiva dos resultados.

A seguir, são descritos as coletas e os resultados, bem como as análises dos

mesmos.

Page 48: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

46

5.1. Coletas de Teste

A exibição do projeto e seus objetivos à turma responsável pelas coletas de

teste foi realizada durante a aula do dia 27 de novembro de 2014. Neste mesmo dia

foi realizada também a exposição do EpiCollect e sua configuração, para que os

coletores pudessem enviar as informações para o servidor do projeto. Como a turma

era composta de 16 alunos, foram feitas as divisões da área de estudo em quatro

partes e da turma em quatro grupos de quatro alunos cada. Estes grupos foram

alocados para cada parte de acordo com o conhecimento local de cada um, que é

um fator determinante para bons resultados (Coleman et al, 2009).

As coletas do grupo de teste foram realizadas entre 28 de novembro de 2014

e 18 de janeiro de 2015, totalizando 114 registros e cerca de 80 postos diferentes

coletados, representados na Figura 13. Para efeito de verificação dos

procedimentos, foi feito o acompanhamento de toda a coleta realizada por um dos

grupos, sendo esse o responsável pela área da Barra da Tijuca a leste da Avenida

Ayrton Senna.

Figura 13 - Registros coletados na Primeira Fase/Coleta de Testes - Fonte: O autor, 2015.

Page 49: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

47

Prosseguiu-se então com a análise dos resultados das coletas. Do total de

114 registros, apenas cinco estavam sem fotografias, nenhum sem coordenadas,

apesar de 57 não apresentarem seus questionários completos. Notou-se que

informações como produtos vendidos, presença de caixa eletrônico e proximidade

de curso d’água não foram respondidas de forma satisfatória, com apenas 18

registros dentre os 57 mencionados tendo respostas para essas questões. A tabela

3 reúne as características dos registros da fase de testes.

Ocorrência Total Proporção (%)

Registros sem Coordenadas 0 0

Registros sem Fotografias 5 4,39

Registros sem Bandeira do Posto 36 31,58

Registros sem Caixa Eletrônico 39 34,21

Registros sem Loja de Conveniência 39 34,21

Registros sem Tipos de Combustível 39 34,21

Registros sem Lavagem 39 34,21

Registros sem Serviços Mecânicos 39 34,21

Registros sem Estacionamento 39 34,21

Registros sem Itens Vendidos 39 34,21

Registros sem Curso d’água 39 34,21

Total de Registros 114 100

Tabela 1 - Características dos Registros da Coleta de Teste - Fonte: O autor, 2015.

Concluiu-se então que as coletas foram relativamente satisfatórias, com

aproximadamente 65% dos registros válidos para o projeto. Prosseguiu-se então

para a segunda fase de coletas.

Page 50: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

48

5.2. Segunda Fase de Coletas

Foi feita a divulgação do projeto para outras turmas do curso de Engenharia

Cartográfica da UERJ e também para a turma de Cartografia Básica e Temática, do

curso de Geografia da mesma universidade.

Como dito, as coletas foram realizadas desta vez sem limitação de área,

desde que estivessem dentro do município do Rio de Janeiro e nos municípios

vizinhos. Essa etapa se iniciou em 05 de abril de 2015 e transcorreu até 02 de maio

do mesmo ano.

Verificaram-se nessa etapa 30 registros e todos em postos distintos. Os

registros ocorreram em diversas áreas do Grande Rio, sendo a maioria na Zona

Norte da cidade (bairros da Vila da Penha, Irajá, Benfica e Bonsucesso), mas com

ocorrências também no Centro, na Zona Sul (bairros do Catete, Flamengo e

Laranjeiras) e nos município de Niterói e São Gonçalo (Figura 14).

Figura 14 - Registros coletados na Segunda Fase de Coletas - Fonte: O autor, 2015.

Page 51: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

49

Feita a análise dos registros, pôde-se concluir que as coletas foram muito

satisfatórias, com apenas dois registros sem fotografias e nenhum sem coordenada.

Em adição a isso, nenhum registro estava incompleto. A análise desta fase da coleta

está a seguir na Tabela 4.

Ocorrência Total Proporção (%)

Registros sem Coordenadas 0 0

Registros sem Fotografias 2 6,67

Registros sem Bandeira do Posto 0 0

Registros sem Caixa Eletrônico 0 0

Registros sem Loja de Conveniência 0 0

Registros sem Tipos de Combustível 0 0

Registros sem Lavagem 0 0

Registros sem Serviços Mecânicos 0 0

Registros sem Estacionamento 0 0

Registros sem Itens Vendidos 0 0

Registros sem Curso d’água 0 0

Total de Registros 30 100

Tabela 2 - Características dos Registros da Segunda Fase de Coletas – Fonte: O autor, 2015.

Concluiu-se que as coletas foram muito satisfatórias, com apenas 7%,

aproximadamente, de registros descartados. Apesar do número menor de registros

observados na Segunda Fase, a qualidade das informações contribuídas foi

excelente. Pôde-se então prosseguir a análise final dos resultados.

5.3. Análise Final dos Resultados

Foram coletados 144 registros, distribuídos pelo município do Rio de Janeiro,

Niterói e São Gonçalo. O resultado final das coletas se encontra na Figura .

Page 52: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

50

De posse dos dados das duas coletas, efetuou-se a análise final do trabalho.

A Tabela 5 e o Gráfico 1 a seguir demonstram os resultados das duas fases de

coleta em conjunto, além da estatística descritiva dos dados.

Ocorrência Total Proporção (%)

Registros sem Coordenadas 0 0

Registros sem Fotografias 7 4,86

Registros sem Bandeira do Posto 36 25

Registros sem Caixa Eletrônico 39 27,08

Registros sem Loja de Conveniência 39 27,08

Registros sem Tipos de Combustível 39 27,08

Registros sem Lavagem 39 27,08

Registros sem Serviços Mecânicos 39 27,08

Registros sem Estacionamento 39 27,08

Registros sem Itens Vendidos 39 27,08

Registros sem Curso d’água 39 27,08

Total de Registros 144 100

Tabela 3 - Resultado Final da Coleta - Fonte: O autor, 2015.

Figura 15 - Registros coletados ao final do trabalho - Fonte: O autor, 2015.

Page 53: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

51

Em pelo menos 36 casos (25% dos registros) não houve nenhuma informação

coletada exceto coordenadas e fotografias. Em outros três casos apenas a bandeira

do posto foi informada. Em geral, aproximadamente 73% dos registros estão

completos, o que demonstra que as coletas tiveram um bom resultado e que os

dados coletados tem uma boa qualidade.

Prosseguiu-se então para a adaptação dos registros para o padrão OSM e o

carregamento dos mesmos na base do serviço.

5.4. Estruturação e Carregamento da Base Colaborativa no OSM

Para se integrar os registros que passaram pela análise final, deve-se

primeiro esclarecer que o padrão de informações utilizado pelo OSM é bastante

livre. Através do sistema de etiquetas onde qualquer usuário tem permissão de criar

novas, editar já existentes ou se utilizar daquelas criadas por outros usuários, as

informações vão sendo carregadas e atualizadas. Isso a princípio pode ser

interessante para o propósito do mapa aberto e colaborativo, mas no que concerne

os padrões de dados utilizados pelas ANMs, ele se torna difuso e pouco rígido, o

que deixa de ser atrativo. Um dos principais pontos de discussão na possível

Registrossem

Coordenadas

Registrossem

Fotografias

Registrossem

Bandeirado Posto

RegistrossemCaixa

Eletrônico

Registrossem Loja

deConveniê

ncia

Registrossem

Tipos deCombustí

vel

Registrossem

Lavagem

Registrossem

ServiçosMecânico

s

Registrossem

Estacionamento

Registrossem ItensVendidos

Registros sem

Curso d’água

Total 0 7 36 39 39 39 39 39 39 39 39

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

me

ro d

e O

corr

êcn

ias

Gráfico 1 - Resultado Final da Coleta - Fonte: O autor, 2015.

Page 54: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

52

integração entre USGS e OSM, já mencionada anteriormente, é justamente o padrão

de dados.

Por isso, para este trabalho, estabeleceu-se um padrão de etiquetas

específicas para representação de cada aspecto do dado coletado. São elas:

Etiqueta Possíveis Respostas

amenity (amenidade) fuel (combustível)

brand (marca) Petrobras, Ipiranga, Shell, Esso ou Ale.

name (nome) Marca antecedido da palavra “Posto” (ex. Posto Ipiranga).

operator (operador) Petrobras, Ipiranga, Shell, Esso ou Ale.

atm (caixa eletrônico) Banco do Brasil, Caixa Econômica, Itaú, Bradesco, Santander

e 24 Horas.

shop (loja) convenience (conveniência)

shop_name Bob’s, Subway, BR Mania, Mc Donald’s, AM/PM ou Outros.

type_of_fuel (tipo de

combustível) gasoline, ethanol, gnv e diesel.

service (serviço)

tyres (calibrador/borracheiro), fire extinguisher (troca de

exintor), oil (troca de óleo), glass reed (palheta de vidro),

manual washing (lavagem manual) e auto washing (lavagem

automática).

parking (estacionamento) surface (superfície/descoberto) ou undergound (subterrâneo).

shop_items (itens

vendidos)

soft drinks (refrigerantes), alcoholics (bebida alcoólica), gifts

(presentes) e ice creams (sorvetes).

Quadro 3 - Padrão de etiquetas utilizadas no OSM para este trabalho - Fonte: O autor, 2015.

Deve se esclarecer que se utilizou a língua inglesa para nomear as etiquetas

apenas para propósito de adequação ao sistema do OSM, cuja língua original é o

inglês.

Outra importante observação é a de que as etiquetas “amenity”, “brand”,

“name”, “operator” são obrigatórias para qualquer registro. A etiqueta “shop” e

“shop_name” se tornam obrigatórias quando existir informação sobre loja de

conveniência.

Page 55: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

53

Todos os registros foram então incluídos na base do OSM seguindo o padrão

estabelecido, atingindo-se assim, o objetivo secundário proposto no início deste

trabalho.

Page 56: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

54

6. PROPOSTA DE COMPLEMENTAÇÃO PARA A REAMBULAÇÃO

Completado o estudo da qualidade das informações voluntárias, propõem-se

cinco pontos para a sua implantação nas atividades de reambulação dos órgãos

oficiais. A seguir, na Figura 12, está o fluxograma proposto, sendo cada etapa

melhor desenvolvida na sequência.

Figura 16 - Fluxograma de Implantação da Proposta - Fonte: O autor.

E. Desenvolvimento de workshops nos moldes das "mapping parties" do OSM

Os workshops são essenciais para atração e estímulo da participação da população. Os próprios reambuladores são peças fundamentais nessa fase.

D. Integração com bases colaborativas já consolidadas

As bases de clubes de montanhismo ou de trilhas são bem estruturadas e consolidadas. Pode-se buscar também integração com o OSM, nos moldes do projeto que o USGS já desenvolve.

C. Criação de equipes oficiais de reambuladores que serão encarregadas da validação

No contexto oficial, não se pode criar estruturas de confiança como as de projetos privados. Isso diminui a possibilidade de corrupção da informação.

B. Divulgação do aplicativo e do projeto de mapeamento colaborativo

O público alvo deve priorizar a faixa etária de 15 a 30 anos, de modo que estes indivíduos tem maior participação em projetos comunitários e integração com as novas tecnologias.

A. Desenvolvimento do aplicativo oficial para cadastro das informações

Deve ser utilizado o cadastro de cada usuário, de modo que os mesmos possam ser identificados para recompensas futuras.

Page 57: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

55

A seguir o desenvolvimento de cada etapa da proposta e as suas

particularidades.

A. Desenvolvimento de um aplicativo oficial para a coleta de informações

pela população. Uma das exigências na criação do aplicativo é a

utilização de um cadastro de cada usuário, podendo esse ser feito

através das redes sociais existentes, como o Facebook. Desse modo,

os usuários podem ser recompensados, por exemplo, através da

publicação de seus nomes nas listas de contribuintes do órgão oficial.

B. Divulgação do aplicativo e do serviço para a população, visando

principalmente às redes sociais e outras mídias digitais. O público alvo

é variado, entretanto deve-se priorizar a faixa etária de 15 a 30 anos,

vista a alta participação desses indivíduos em outros projetos e a sua

integração com as novas tecnologias.

C. Criar equipes de reambuladores nos órgãos oficiais que serão

encarregadas de validar todas as informações que chegarem. Nesse

caso, não se pode criar estruturas de confiança, como aquela utilizada

pelo Google Map Maker, devido ao alto grau de confiabilidade que a

informação poderá ter no futuro. Isso também diminui a possibilidade

de corrupção da informação, o que já aconteceu com o serviço do

Google.

D. Buscar maior integração com bases já consolidadas, como as de

clubes de montanhismo ou de trilhas, e outras organizações que

possuam bases voluntárias que podem ser absorvidas no mapeamento

oficial. Um exemplo dessas bases é a que reúne nomes de alguns

acidentes geográficos (montanhas e picos), que, em geral, reúne muita

informação considerada essencial para os mapas oficiais (Santos,

2008).

Outro modelo de integração pode ser feito nos moldes do que o USGS

vem fazendo com o OSM, adaptando as bases oficiais para

recebimento destas informações e posterior adição delas no mapa

nacional dos Estados Unidos (Wolf et al, 2011).

Page 58: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

56

E. Adaptação das chamadas “mapping parties”, que são desenvolvidas

pelo OSM e que promovem a interação entre a comunidade e o

conhecimento do espaço geográfico pela mesma. No caso das

agências oficiais, esses encontros podem ser promovidos para

estimular a coleta em determinada região onde se faz necessário um

maior volume de informações. A ida dos próprios reambuladores e de

outros profissionais técnicos dos órgãos oficiais pode aproximar a

população do processo de construção do território e desenvolver uma

nova cultura, já presente em outros países, de participação pública

mesmo em áreas pouco próximas do público em geral, que é o caso da

cartografia oficial.

De modo geral, a proposta visa promover a discussão para um maior

aproveitamento das bases já existentes e que estão sendo constantemente

atualizadas num ritmo muito superior àquele das bases oficiais. Para isso, a inclusão

dos profissionais da reambulação no processo de integração é fundamental, pois

apenas eles conhecem as características inerentes do serviço que prestam, e

podem facilmente observar um registro mal coletado, ou então com informações

prestadas que não condizem com a experiência acumulada ao longo de anos de

trabalho. Vale ressaltar que, no caso de dados que apresentem conflito entre si,

apenas o reambulador tem a competência de sanar esse problema, através de sua

ida ao local duvidoso e cadastrando a informação verdadeira.

Deve-se esclarecer também que, no caso de demandas judiciais, apenas as

informações coletadas pelos reambuladores são válidas para a resolução da

questão que se apresenta.

Quanto à recompensa, como foi dito anteriormente, o usuário quer ver sua

contribuição utilizada e o mais rápido possível, de modo que diversas formas de

recompensa podem ser instituídas no projeto, as mais comuns sendo e-mails

automáticos, listas ou rankings de contribuições e até inclusão do nome do

voluntário nos metadados finais da base oficial. Bearden (2007) menciona a falta de

capacidade das agências oficiais integrarem com rapidez as atualizações feitas

pelos voluntários, o que faz com que os contribuintes se afastem destes projetos.

A questão da interação Estado-Sociedade também deve ser considerada,

visto estudos feitos pelo instituto C2C (Citizen to Citizen) – que concluiu que os

Page 59: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

57

cidadãos interagem com outros cidadãos de forma mais intensa quando comparados

com interações com o Estado, que chegam por vezes a evitar – e pela revista The

Economist, que demonstrou que “os indivíduos estão menos preocupados em dar

suas informações pessoais a uma companhia privada do que ao governo” (Coleman

et al, 2009).

Segundo Haklay (2010), o objetivo não é comparar as coletas voluntárias com

as dos profissionais, mas sim entender que os contribuintes são suportados por uma

infraestrutura profissional e desenvolvem, eles mesmos, habilidades

tradicionalmente técnicas, através da interação crescente com o projeto.

Diferente do que aconteceu com os levantamentos na última década, quando

os processos tradicionais e os profissionais que os dominavam foram sendo

substituídos pelos sistemas GNSS de alta precisão e operadores que não

necessitavam de muito treinamento, a integração do mapeamento colaborativo na

reambulação traria uma maior importância para a área. O potencial que as

informações têm de dinamizar e atualizar as bases de dados é enorme, resolvendo

assim, parte de grandes problemas enfrentados pelas ANMs, que são a atualização

cartográfica e a dinâmica ultrapassada em que se encontra o mapeamento oficial.

Page 60: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

58

CONCLUSÕES

Este trabalho teve por finalidade principal propor uma atualização para a

etapa do mapeamento oficial, a reambulação. Em um contexto maior, espera-se que

essa discussão se estenda para toda a ciência cartográfica.

Atualmente a colaboração entre pessoas em prol de um bem coletivo tem se

mostrado cada vez mais imprescindível para a sociedade tornando-a

computacionalmente habilitada e interconectada oferecendo novos serviços ao

cidadão. A cartografia é justamente um destes bens coletivos importantíssimo para a

sociedade e que mais tem se popularizado com os avanços tecnológicos sendo

disponibiliza a cada dia novos serviços onde o mapa é fundamental para o cidadão.

Num mundo de mais de sete bilhões de habitantes, onde cada um produz e

armazena quantidades enormes de informação durante toda a vida, como nomes

locais, rotas, redes de transporte, informações de relevo e clima, etc. deve-se incluir

esses indivíduos rapidamente no mapeamento (Goodchild, 2007). Eles são talvez a

fonte de informações mais dinâmica e assertiva que existe.

As ANMs tem responsabilidade de sempre prestar serviços de qualidade e

atualizados de acordo com a demanda da sociedade. O que se vê atualmente é que

a sociedade civil no Brasil pouco está integrada com os órgãos oficiais, preferindo

utilizar serviços privados como o Google Maps ou o HERE Maps. Isso traz uma

disparidade entre a realidade rígida e ultrapassada que a agência está inserida, e

aquela mais dinâmica e funcional que os usuários se encontram.

Atualmente, apenas o USGS está discutindo como realizar a transição para

um modelo mais participativo, no caso, através do OSM (Poore, 2012). Outras

agências também deveriam estar interessadas nessa transição, escolhendo o

caminho que acharem melhor, mas cujo objetivo seja uma integração Estado-

Sociedade crescente e eficiente. Entretanto, o processo está longe de ser simples

ou ter respostas universais a todas as perguntas que se apresentam.

Alguns órgãos oficiais – destacando-se os canadenses – há 40 anos

começaram a adotar uma postura de privatização das funções de mapeamento em

suas jurisdições, passando a realizar um trabalho extensivo de controle de qualidade

Page 61: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

59

e de filtragem. Essa discussão não foi concluída de modo fácil. O controle que as

organizações detinham sobre o mapeamento era muito grande e dividi-lo foi um

ponto de incômodo para a maioria delas. No caso atual, da integração com os

serviços voluntários, não é diferente. Oferecer controle e responsabilidade pode ser

uma questão muito sensível para muitas agências (Coleman et al, 2009).

Outra questão a se considerar é a recompensa às contribuições. Já se sabe

que a proporção 90:9:1 é verdadeira para a maioria dos projetos colaborativos. Isso

significa que 90% dos contribuintes apenas consomem a informação, 9% contribuem

ocasionalmente e apenas 1% da comunidade tem envolvimento ativo com a

contribuição voluntária de informação (Heipke, 2010). Recompensar usuários

diferentes de formas diversas é uma solução, mas como classificar os mesmos de

modo a mantê-los motivados a contribuir? Essa pergunta ainda está em aberto e

respostas pouco conclusivas vem sendo dadas até então.

Para estarem inseridas no ambiente do VGI, as ANMs precisam aceitar que a

comunidade impõe suas próprias regras, têm seus próprios preceitos e papéis e não

aceitaria nenhum tipo de ação autoritária por parte das agências. Deve-se também

atentar para o fato de que o dado voluntário está em permanente atualização, de

modo que, ao se entregar um produto proveniente dele à sociedade, este estará

imperfeito. Algumas organizações percebem isso como sendo um risco a sua

reputação e a legitimidade do trabalho que fazem, o que se torna em um dos

maiores obstáculos para a integração (Coleman et al, 2009).

Para as agências oficiais desenvolverem-se mais profundamente em um

mundo onde cada vez mais cedo se começa o processo de integração do ser

humano com a tecnologia, então elas precisam primeiramente olhar para si mesmas

e perceber que existe a necessidade de reformulação de seus métodos e

procedimentos, tornando-os mais abertos e integradores, mas também visando

eficiência e qualidade melhores para seus produtos, mantendo a sua tradição.

Depois, devem olhar para fora, para as mídias sociais, como Facebook, Twitter e

Foursquare, onde milhões de usuários a cada segundo compartilham suas

informações de posição, aspectos culturais e físicos dos locais em que se

encontram, etc. Devem olhar para projetos como o OpenStreetMap e WikiMapia,

que em poucos anos, já possuem bases comparáveis às oficiais, que levaram

décadas para chegarem ao estado atual. Por fim, devem olhar para o aspecto social

Page 62: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

60

que a cartografia tem, e não apenas o das técnicas e fórmulas, que são

fundamentais, mas que não se sustentam quando se esquece de que a maior

interessada no serviço prestado é a população, que deve sempre ser respeitada e

acolhida no processo de construção da boa cartografia.

Page 63: Proposta Para Complementação Operacional Na Fase Da Reambulação Na Produção Cartográfica Sistemática

61

REFERÊNCIAS

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