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i UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA POLITÉCNICA – ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Curso de Especialização em Administração Industrial FUNDAÇÃO CARLOS ALBERTO VANZOLINI PROPOSTA PARA IMPLANTAÇÃO DE MANUFATURA ENXUTA NO DEPARTAMENTO DE FERRAMENTARIA EM EMPRESAS DE AUTOPEÇAS São Paulo 2006

PROPOSTA PARA IMPLANTAÇÃO DE MANUFATURA … · de reafiação de ferramentas da empresa Mahle Metal Leve, ... Tabela 1 Análise de Competências da Ferramentaria ... Motores, Sistemas

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA POLITÉCNICA – ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

Curso de Especialização em Administração Industrial

FUNDAÇÃO CARLOS ALBERTO VANZOLINI

PROPOSTA PARA IMPLANTAÇÃO DE MANUFATURA ENXUTA NO

DEPARTAMENTO DE FERRAMENTARIA EM EMPRESAS DE

AUTOPEÇAS

São Paulo

2006

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ANTONIO SERRANO BARREDO

CLOVIS PETRECCA DE CARVALHO

GUSTAVO DOGO FREIRE

PROPOSTA PARA IMPLANTAÇÃO DE MANUFATURA ENXUTA NO

DEPARTAMENTO DE FERRAMENTARIA EM EMPRESAS DE

AUTOPEÇAS

Monografia de Conclusão do CEAI – Curso de

Especialização em Administração Industrial da

Escola Politécnica da Universidade de São

Paulo.

Orientador: Prof. Davi Nakano.

São Paulo

2006

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A Deus, pois é quem nos proporciona momentos

como este, de vitória.

Aos nossos familiares, que sempre estiveram do

nosso lado, por compreenderem a necessidade de

dedicarmos nosso tempo nesse projeto.

Aos professores que nos apoiaram no decorrer de

todo o curso.

Aos amigos que compartilharam nesses dois anos

nossa evolução e conhecimento.

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Neste momento tão importante de nossas vidas,

queremos agradecer primeiramente a Deus e a várias

pessoas, que nos apoiaram e nos deram coragem para

seguir adiante nesse processo de grandes exigências, mas

que também tem oferecido grandes recompensas.

Em especial à nossa família, parceira de todas as

horas, que sempre nos mostra que vale a pena continuar,

pois na medida do possível nos proporcionam momentos

de paz e alegria.

A todas as pessoas que se passaram em nossa

trajetória profissional, que fazem a rotina diária ao nosso

lado, companheiras incansáveis, que vão escrevendo a

cada dia uma história de lutas e vitórias, nos mostrando a

necessidade a cada dia da especialização, para que

possamos oferecer sempre o que há de melhor em nós.

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RESUMO

Atualmente o mercado tem exigido das empresas manter um elevado nível de qualidade nos

produtos e serviços oferecidos, com a finalidade de garantir a satisfação plena dos seus

clientes. Com isso, a manufatura enxuta se caracteriza por um modo diferente de produção

onde os recursos são otimizados e os resultados são melhorados, eliminando assim os

desperdícios. Desta forma, o objetivo deste estudo é estudar possíveis melhorias no processo

de reafiação de ferramentas da empresa Mahle Metal Leve, na unidade de São Bernardo do

Campo, identificando os fluxos ineficazes, ao mesmo tempo em que busca avaliar os

processos em andamento e, planejar as possíveis melhorias, inspirados no Lean

Manufacturing e propor uma nova metodologia mais eficaz, adaptando cada família de

ferramentas a um processo que melhor se adapte às necessidades do departamento. Para tanto,

são mostrados os aspectos importantes da manufatura enxuta, os principais conceitos que

envolvem esse processo, a importância da eliminação de desperdício e as ferramentas

utilizadas quando da implantação desse sistema.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Unidades do Grupo MAHLE no Mundo ............................................................ 02

Figura 2 Mahle Metal Leve – São Bernardo do Campo ................................................... 05

Figura 3 Bronzinas produzidas pela Mahle ...................................................................... 08

Figura 4 Fluxo de produção em lotes x Fluxo contínuo de produção .............................. 20

Figura 5 Blank no Processo de Estampar ......................................................................... 35

Figura 6 Representação das ferramentas na face da bronzina .......................................... 36

Figura 7 Representação da ferramenta no Quebra Canto da Bronzina ............................. 36

Figura 8 Representação do Estampa Ressalto/Rebaixo ................................................... 37

Figura 9 Representação do Escareador ............................................................................. 37

Figura 10 Representação do Canal de Óleo ........................................................................ 38

Figura 11 Representação da Brocha na face da Bronzina .................................................. 39

Figura 12 Representação do Mandrilhamento na Aerobore ............................................... 39

Figura 13 Fluxograma atual da movimentação de ferramentas na fábrica ......................... 40

Figura 14 Demanda dos Serviços da Ferramentaria ........................................................... 42

Figura 15 Esforço Operacional da Ferramentaria ............................................................... 43

Figura 16 Foto do quadro de Controle do Fluxo de Ferramentas ....................................... 44

Figura 17 Mapeamento do Fluxo de Processo .................................................................... 49

Figura 18 Diagrama de Causa e Efeito de Ishikawa ........................................................... 52

Figura 19 Estado atual ........................................................................................................ 56

Figura 20 Estado futuro ...................................................................................................... 58

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Análise de Competências da Ferramentaria ....................................................... 42

Tabela 2 Análise dos problemas apresentados pela família de ferramentas ..................... 45

Tabela 3 Família de Produtos ............................................................................................ 46

Tabela 4 Cronograma de implementação do Projeto de Melhoria ................................... 60

Tabela 5 Indicadores ......................................................................................................... 60

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LISTA DE ABREVIATURAS

CAM Computer Aided Manufacturing

CIM Computer Integrated Manufacturing

HD Heavy Duty

JIT Just-in-time

LD Light Duty

LM Lean Manufacturing

PCP Planejamento e Controle da Produção

PDCA Plan Do Check Act (Planejamento – Execução – Verificação – Ação)

PMP Programa Mestre de Produção

STP Sistema Toyota de Produção

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 01

1.1 Grupo Mahle ............................................................................................................ 02

1.1.1 Histórico do Grupo Mahle ........................................................................... 03

1.1.2 Missão .......................................................................................................... 04

1.1.3 Mahle Metal Leve ........................................................................................ 05

1.1.3.1 Principais produtos ........................................................................ 07

1.2 Problema do estudo ................................................................................................. 09

1.3 Objetivo ................................................................................................................... 10

1.4 Relevância do estudo .............................................................................................. 10

1.5 Estrutura do estudo .................................................................................................. 11

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................... 12

2.1 Considerações iniciais ............................................................................................. 12

2.2 A origem da Manufatura Enxuta ............................................................................. 13

2.3 O que é a manufatura enxuta ................................................................................... 14

2.3.1 Conceitos importantes da manufatura enxuta .............................................. 16

2.3.1.1 Desperdício ................................................................................... 16

2.3.1.2 Princípios ....................................................................................... 18

2.3.1.3 Valor .............................................................................................. 18

2.3.1.4 A Cadeia de Valor ......................................................................... 19

2.3.1.5 Fluxo ............................................................................................. 19

2.3.1.6 Produção Puxada ........................................................................... 21

2.3.1.7 Perfeição ........................................................................................ 21

2.4 A necessidade do uso de ferramentas ...................................................................... 21

2.5 Método para a implantação da manufatura enxuta .................................................. 22

2.6 Mapeamento do fluxo de valor ................................................................................ 23

2.6.1 Ferramentas auxiliares ................................................................................. 23

2.6.1.1 Housekeeping ................................................................................ 24

2.6.1.2 Just-in-time .................................................................................... 24

2.6.1.2.1 Tempos de preparação .................................................... 26

2.6.1.2.2 Operador multifuncional ................................................ 27

2.6.1.2.3 Kanban .......................................................................... 29

2.6.1.3 Células de manufatura ................................................................... 32

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3 ESTUDO DE CASO – MAHLE METAL LEVE ............................................................ 34

3.1 Departamentalização da Área Industrial ................................................................. 34

3.2 Processos Produção II – Bronzinas ......................................................................... 34

3.2.1 Chanfradeira ................................................................................................. 36

3.2.2 Quebrar Cantos ............................................................................................ 36

3.2.3 Estampar Ressalto/Rebaixo ......................................................................... 37

3.2.4 Estampar e Escarear Furo ............................................................................ 37

3.2.5 Fresar Canal de Óleo .................................................................................... 38

3.2.6 Brochadeira (Brochar) ................................................................................. 39

3.2.7 Aerobore (Mandrilhar) ................................................................................. 39

3.3 Ferramentaria de Manutenção ................................................................................. 40

3.3.1 O estado atual .............................................................................................. 41

3.3.2 Controle de Fluxo de Ferramentas ............................................................... 43

3.3.3 Análise da situação....................................................................................... 44

4 PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO DA MANUFATURA ENXUTA NO SETOR DE

FERRAMENTARIA ........................................................................................................

47

5 CONCLUSÃO .................................................................................................................. 61

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 62

Anexo 1 Brochas ou Facas e fresas ................................................................................... 65

Anexo 2 Bits e Faca de chanfro ....................................................................................... 66

Anexo 3 Punções de estampar furos e Punções de estampar ressaltos ............................. 67

Anexo 4 Matriz de ressalto e matrizes .............................................................................. 68

Anexo 5 Layout da Ferramentaria de Manutenção e Almoxarifado de Ferramentas ....... 69

Anexo 6 Afiatriz ............................................................................................................... 70

Anexo 7 Retífica Plana e Retífica Cilíndrica interna ........................................................ 71

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1 INTRODUÇÃO

Um sistema produtivo é formado de recursos, ou seja, mão-de-obra, máquinas,

computadores e outros, que, a partir de operações de transformações dos insumos básicos ou

entradas, trabalham em conjunto para o desenvolvimento de produtos.

De acordo com Carvalho et al, (1998), para que esses sistemas possam ser bem

administrados, devem atender às necessidades do mercado, que está cada vez mais exigente e

competitivo. Então é importante a minimização dos desperdícios e custo, de modo a

maximizar o lucro da corporação.

Ao verificar a literatura é visto que, até os anos de 1970, estes sistemas trabalhavam

oferecendo um número limitado de produtos e, para uma demanda maior que a capacidade de

produção. Assim, pode-se dizer que essa questão de planejamento era imediata, pois bastava

identificar o gargalo de produção a partir do qual se estabelecia a capacidade máxima do

sistema.

Então, a partir dessa década, com os avanços dos recursos tecnológicos, esses sistemas

passaram a evoluir modificando essa situação, fazendo com que a capacidade de produção se

tornasse maior que o mercado, passando assim da produção em larga escala de poucos

produtos para a produção em pequenos lotes de produtos diversificados.

Desta forma, o sistema produtivo passou a implantar políticas que atendessem as

solicitações de flexibilidade, com o objetivo de poder atender melhor seu cliente e

consequentemente poder ganhar a competitividade.

Assim, a manufatura enxuta, também conhecida por Lean Manufacturing (LM) é uma

teoria que se baseia na priorização das melhorias da função processo, pela eliminação

contínua e sistemática das perdas do sistema produtivo.

Esse sistema de produção, quando devidamente adaptado e aplicado à empresa para a

qual se destina, propicia excelentes resultados, pois são numerosas as fontes de oportunidades

para a redução e eliminação de desperdício.

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Apesar do Lean manufacturing ser destinado à produção em massa, algumas de suas

ferramentas podem ser utilizadas para a melhoria de todo o processo de reafiação e

aprimoramento do tempo de atendimento e execução de tarefas.

1.1 Grupo Mahle

A empresa estudada é a Mahle Metal Leve, unidade de São Bernardo do Campo. Ela

faz parte do Grupo Mahle. Assim, antes de adentrar especificamente na unidade de São

Bernardo do Campo, destaca-se que o grupo Mahle possui unidades fabris sediadas em

diversas partes do globo terrestre, estabelecendo sociedades e licenças de fabricação com

diversos parceiros em todo o mundo.

A sua gama de produtos divide-se em três grandes sectores: Pistões e Componentes de

Motores, Sistemas de Filtragem e Sistemas de Válvulas, sendo que, no Brasil, a Mahle fabrica

pistões, anéis, bronzinas, bielas, componentes sinterizados, Sistemas de Trem de Válvulas,

filtros automotivos, além de componentes de motores.

Figura 1 – Unidades do Grupo Mahle no Mundo

Fonte: Veiga (2006).

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1.1.1 Histórico do Grupo Mahle

A Mahle iniciou suas atividades em Stuttgart, Alemanha, em 1920, dando partida à

primeira linha de produção em série de pistões de liga leve no mundo em 1929.

Em 1950, Ernst Mahle se estabeleceu no Brasil, se tornando, ao lado de José Mindlin,

um dos sócios fundadores da Metal Leve, criada em Cambuci (SP), no mesmo ano. A meta

inicial da empresa era fabricar 220.000 pistões/ano. Quando Ernst Mahle voltou para a

Alemanha em 1965, a Metal Leve continuava a atuar como licenciada da Mahle Gmbh da

Alemanha.

Em 1957, a linha de produção de pistões foi transferida para uma nova planta em

Santo Amaro, na qual foi iniciada a fabricação de bronzinas.

Em 1974, a empresa começou a atuar no segmento de sinterizados através de Metal

Leve Produtos Sinterizados e, em 1978, junto à fábrica de Santo Amaro, foi estabelecido um

Centro Tecnológico.

Em 1981, houve nova mudança quando toda a produção de bronzinas foi deslocada

para uma planta em São Bernardo do Campo, município-sede das grandes montadoras.

Em 1989, a empresa adquiriu a Bimetal, empresa do Rio de Janeiro que fabricava

bronzinas, arruelas e buchas. No fim deste mesmo ano a Metal Leve já tinha atingido a

capacidade para produzir, anualmente, 13MM pistões e 130MM bronzinas.

Em 1996, a Mahle adquiriu controle de Metal Leve e no ano seguinte foram alienadas

"a Metal Leve Inc e os ativos vinculados ao negócio de pistões articulados" para a empresa

T&N Piston Group. Estes ativos compreenderam todas as plantas operadas pela Metal Leve

nos Estados Unidos.

Em 1998, após a incorporação de Mahle Pistões e sua fábrica de pistões e bielas em

Mogi Guaçu (SP), o nome da empresa foi mudando para Mahle-Metal Leve. No mesmo ano a

sede social de Metal Leve foi transferida para Mogi Guaçu, sede também da controladora

Mahle Indústria e Comércio.

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Em meados de abril de 2002 foi aprovada a incorporação por Metal Leve de Mahle

Sistemas de Filtração. E, em outubro de 2002 a Mahle MMG, outro investimento importante

de Metal Leve com participação de 30%, foi incorporada por Mahle Valve Train Brasil, como

a alteração da razão social da incorporadora para Mahle MMG Indústria e Comércio.

Com 8 mil funcionários no País, a Mahle vem buscando novas soluções e agregando

tecnologia para satisfazer cada vez mais os seus clientes. A empresa hoje é símbolo de

qualidade em seus produtos, serviços e atendimento, sendo certificada pelas normas ISO/TS

16949, ISO 9001 e ISO 14001.

Com oito fábricas instaladas no Brasil, nas cidades de Mogi Guaçu (SP), Indaiatuba

(SP), São Paulo (SP), São Bernardo do Campo (SP), Mauá (SP) e Itajubá (MG), a empresa

conta ainda com um Centro de Tecnologia em São Paulo (SP) e um Centro de Distribuição,

localizado em Limeira (SP), que atende todo o mercado de reposição nacional e do exterior,

especialmente a América Latina, África e Oriente Médio.

Nos últimos dois anos a Mahle Metal Leve tem tido excelente desempenho

econômico-financeiro. Em 2004, aumentou em 35% as vendas domésticas e 25% as

exportações. Em dois anos, o valor das vendas praticamente duplicou, passando de R$ 738

milhões para R$ 1,5 bilhão.

1.1.2 Missão

Missão é a filosofia adotada pela empresa que expressa a sua razão de existir. Assim,

de acordo com Chiavenato (2000, p. 49), a missão é definida como: “[...] os objetivos

essenciais do negócio. Cada empresa tem a sua missão específica e da qual decorrem seus

objetivos organizacionais principais.”

Neste sentido, a empresa Mahle tem por missão ser uma empresa industrial de

produção de segmentos de pistão e de bronzinas para atender principalmente o mercado

europeu, com os propósitos fundamentais de satisfazer plenamente os seus clientes e atingir

adequada rentabilidade do capital empregue.

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A sua missão consiste em: declarar a finalidade essencial do seu negócio; definir as

relações da empresa com outras organizações; definir os objetivos gerais; enunciar os valores

da cultura empresarial, dedicando especial importância a questões relativas ao ambiente e

qualidade, uma vez que constituem particular preocupação para a gestão das empresas

modernas.

1.1.3 Mahle Metal Leve

A Mahle Metal Leve está localizada na Av. 31 de Março, 2000, no Jardim Borborema

em São Bernardo do Campo, tem uma história em comum, com uniões e separações ao longo

dos últimos 50 anos, conforme mostra a figura 2. A alemã Mahle foi sócia-fundadora da

brasileira Metal Leve, em 1950. Essa união durou mais de 25 anos.

Figura 2 –Mahle Metal Leve – São Bernardo do Campo

Fonte: Arquivo da empresa

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Em 1975, o contrato de tecnologia não foi renovado por ambas as partes e as empresas

tornaram-se concorrentes. Isso durou até 1996, quando a Mahle comprou o controle da Metal

Leve, que passava por uma delicada situação financeira, endividada e sem fôlego para

investir.

A Mahle Metal Leve é a planta responsável em produzir bronzinas para motores de

pequeno, médio e grande porte. Tem como clientes as grandes montadoras do mundo e

atende, também, o mercado de reposição.

Portanto, a Metal Leve atua, diretamente, ou através de subsidiárias, nas três áreas de

negócios do grupo Mahle: Pistões e Componentes de Motores, Sistemas de Filtração e

Sistemas de "Valve Train". Na primeira área, de longe a mais importante, a empresa produz

pistões de ligas de alumínio, bielas, bronzinas e arruelas de encosto para motores de

combustão interna. Os produtos das outras duas áreas de negócios, fabricados por

subsidiárias, incluem filtros de ar, óleo e combustível, além de válvulas e acessórios.

Os componentes são fornecidos tanto às montadoras de automóveis, caminhões,

tratores, etc., quanto ao mercado de peças de reposição e às indústrias de motores para

aviação e motores estacionários.

Assim, a Mahle fornece produtos para as mais conceituadas montadoras, como

Volkswagen, Audi, BMW, John Deere, Porsche, Opel, Toyota, Honda, Ford, General Motors,

DaimlerChrysler, Fiat, Renault, Peugeot, MWM, Cummins, Scania, Volvo, International,

Caterpillar e Perkins, entre outras, e 50% de sua produção é exportada para montadoras nos

Estados Unidos e Europa.

Quanto ao número de colaboradores, a Mahle Metal Leve conta com 1531

funcionários diretos e 149 indiretos.

Já no que se refere ao mercado, a Mahle Metal Leve possui hoje 85% do mercado em

relação aos concorrentes Dana Nakata com 6%, KS Pistões com 5%, Federal Mogul com 3%

e Daido com 1%.

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Com relação ao seu faturamento, a Mahle Metal Leve obteve faturamento anual de 16

milhões de reais e o Grupo Mahle, 80 milhões de dólares (2003).

1.1.3.1 Principais produtos

A estrutura industrial da Mahle Metal Leve de São Bernardo do Campo é composta

por duas plantas distintas, denominadas de Planta 1 e Planta 2.

A Planta 1 é responsável em preparar matéria-prima para a Planta 2, portanto, não fará

parte do projeto de melhoria.

A Planta 2 é responsável pelo processo de transformação. A matéria-prima chega ao

processo em rolo e é encaminhada para a prensa. A prensa executa o processo de corte e

curvamento. As bronzinas, em estado bruto, são encaminhadas para a chanfradeira, passam

pela prensa de estampar ressalto, pela brochadeira, e por fim, pela embalagem.

Existem três setores distintos entre si nas dimensões dos produtos, porém, muito

parecidos nos recursos técnicos e humanos.

O setor da HD (Heavy Duty) é responsável em produzir bronzinas para motores de

grande porte (caminhões, máquinas agrícolas), seu departamento é subdividido em 7 setores,

sendo 3 células de manufatura e 4 setores com máquinas convencionais.

A LD (Light Duty) produz bronzinas para motores automotivos e seu departamento é

subdividido em 9 setores, sendo 3 células de manufatura e 6 linhas com máquinas

convencionais.

O setor de Flanges é responsável em produzir bronzinas flangeadas e toda a produção

é direcionada ao mercado de reposição, pois não se usa mais essa tecnologia nos motores

atuais.

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Figura 3 – Bronzinas produzidas pela Mahle

Fonte: Arquivo da empresa

Atualmente a Mahle encontra-se entre os maiores fabricantes mundiais de bronzinas,

incluindo materiais livres de chumbo, a ampla gama de li gas e tratamentos de superfície são

usados individualmente ou combinados para maximizar as propriedades de funcionamento.

Assim, para melhorar o desempenho e oferecer novas opções aos clientes, a Mahle

está sempre preocupada em realizar constantes atualizações, por meio de pesquisa e

desenvolvimento.

Através de novos estudos, a Mahle tem desenvolvido bronzinas com maior capacidade

de carga, bem como novas composições de materiais para bronzinas bimetálicas e

trimetálicas, com o intuito de melhorar a resistência à fadiga, desgaste e estabilidade térmica.

Os engenheiros da Mahle trabalham em parceria com os clientes para oferecer a

melhor solução, voltada à funcionalidade requerida e baseando-se na capacidade de carga,

velocidade, temperatura, durabilidade e custos.

Desta forma, a Mahle preocupa-se constantemente com a melhoria da sua

competitividade no mercado mundial, focando principalmente na implementação das mais

modernas técnicas e programas de produção, buscando a eficiência das células flexíveis de

produção e logística, obtendo como resultado a agilidade e dinamismo da organização.

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Portanto, a seleção de materiais para bronzinas baseia-se nas condições operacionais e

no compromisso entre ação de superfície, propriedades mecânicas, durabilidade e custo.

As ligas brancas ou “babbitts” são compostas basicamente de chumbo e estanho. Essas

ligas são recomendadas, geralmente, para buchas para as quais as pressões atuantes são

relativamente baixas.

Bronzinas sinterizadas de bronze tem como característica uma alta resistência ao

impacto. As versões bimetálicas e trimetálicas são recomendadas em aplicações que sofrem

condições extremas de carregamento e pressão, pois apresentam elevada resistência à fadiga.

Coberturas específicas obtidas através de galvanoplastia e deposição catódica,

conjugadas por ligas sinterizadas e fundidas de bronze, são excelentes soluções para bronzinas

que necessitam suportar altas cargas nos motores modernos.

As ligas fundidas de alumínio, posteriormente calaminadas sobre uma tira de aço em

versão bimetálica, encontram uma ampla aplicação em bronzinas automotivas para motores

médios e pesados. Estas ligas combinam elementos duros e moles e asseguram um bom

funcionamento com um excelente custo.

1.2 Problema do estudo

Como problema desse estudo tem-se que, devido a ferramentaria vir já há um bom

tempo sofrendo as conseqüências da globalização e da concorrência das empresas do ramo de

auto-peças, a administração, nos últimos anos passou a exigir uma redução significativa nos

custos dos serviços prestados pelas áreas de apoio, com isso, muitas demissões foram

executadas e serviços mandados para terceiros. Então, estes acontecimentos causaram um

impacto negativo no desempenho da ferramentaria como um todo.

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1.3. Objetivo

Esse trabalho tem como objetivo o estudo de possíveis melhorias no processo de

reafiação de ferramentas, identificando os fluxos ineficazes, ao mesmo tempo em que busca

avaliar os processos em andamento e, planejar as possíveis melhorias, inspirados no Lean

Manufacturing e propor uma nova metodologia mais eficaz, adaptando cada família de

ferramentas a um processo que melhor se adapte às necessidades do departamento.

Para atingir esse objetivo foi realizado um estudo de caso da empresa Mahle Metal

Leve, unidade de São Bernardo do Campo, a partir de uma análise de todo o processo de

reafiação, bem como, de um levantamento de dados, identificando falhas, para que se possa

analisar como ocorre o emprego de recursos, registrando assim os possíveis fatores críticos de

cata etapa.

1.4 Relevância do estudo

O fundamento de pesquisa foi inspirado no sistema de Manufatura Enxuta, também

conhecida por Lean Manufacturing que surgiu na década de 50, no Japão, como uma teoria

que se baseava na priorização das melhorias da função processo, pela eliminação contínua e

sistemática das perdas do sistema produtivo. Este sistema visa a otimização do processo

produtivo na fase de prevenção e execução atuando na eliminação dos desperdícios, os quais

prejudicam, não só a eficiência, como também os custos envolvidos no preço final do produto,

que nesse caso é o preço final do serviço.

Assim, escolheu esse tema, pois acredita-se que esse sistema de produção, quando

devidamente adaptado e aplicado à empresa para a qual se destina, propicia excelentes

resultados, pois são numerosas as fontes de oportunidades para a redução e eliminação de

desperdício.

Vale destacar que, apesar do Lean manufacturing ser destinado à produção em massa,

foram utilizadas algumas de suas ferramentas visando a melhoria de todo o processo de

reafiação e aprimoramento do tempo de atendimento e execução das tarefas.

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Desta forma, este estudo pretende contribuir para a compreensão dos ganhos que

podem ser obtidos com a utilização do conceito de “pensamento enxuto” e com o

planejamento de melhorias focadas na eliminação de desperdícios, se aplicados em outros

sistemas produtivos, além da produção em massa.

1.5 Estrutura do estudo

Este trabalho está dividido em cinco capítulos. O primeiro faz uma introdução do

tema, mostrando a caracterização da empresa, enfatizando seu histórico, produtos e clientes;

bem como o problema, objetivo, relevância do estudo e sua estrutura. O segundo traz a

fundamentação teórica, abordando a origem da manufatura enxuta; o que significa esse

processo; alguns conceitos importantes, como: desperdício, princípios, valor, a cadeia de

valor, fluxo, produção puxada e perfeição; a necessidade do uso de ferramentas,

características sobre o mapeamento do fluxo, ferramentas auxiliares, como: Housekeeping,

Just-in-time e células de manufatura. O terceiro aborda o estudo de caso da empresa,

descrevendo os processos de produção e o estado atual da ferramentaria de manutenção. O

quarto destaca a proposta de implantação da manufatura enxuta no setor estudado. O quinto e

último mostra a que conclusões se chegou com este estudo.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo busca fazer uma análise, destacando o que dizem alguns autores,

nomeados estudiosos com relação ao tema em questão. Assim serão enfatizados temas como

Manufatura Enxuta, visto que esse é o objeto desse estudo; algumas ferramentas da qualidade

e outros tópicos pertinentes ao tema.

2.1 Considerações iniciais

Para que se compreenda melhor a importância da manufatura enxuta, faz-se necessário

a revisão dos diversos tipos de produção existentes, apenas como uma introdução.

Assim, ao rever a literatura, nota-se que os sistemas de processamentos podem ser

classificados em: intermitentes e contínuos, sendo que, o intermitente sub classifica-se em

“repetitivo em massa”, “repetitivo em lotes ou por projetos” ou “sob encomenda”. Portanto, a

complexidade das atividades de planejamento e controle de produção aumenta na proporção

direta do distanciamento da produção contínua (BRITO, 1996).

O sistema de produção em massa consistia em reduções imensas de custo e aumento

de produtividade e qualidade, tanto nas etapas de montagem quanto no produto final.

Entretanto, apesar desse modelo apresentar inúmeras vantagens, apresentava também algumas

características contrárias a todos os benefícios apresentados.

Segundo Womack et al, (1992, p. 23), “A produção em massa deixava muito a desejar

em termos de competitividade e atendimento aos anseios consumistas emergentes”.

Nota-se que, esse modelo de produção, representado pela fabricação de modelos

padrões tinha poucas alternativas de escolha para o consumidor, pois, na maioria das vezes, a

produção em massa acabava surpreendendo pela grande quantidade de modelos que eram

fabricados frente às condições do mercado, ou seja, ocorria uma superprodução. Além disso, a

tão importante intercambiabilidade de peças, antes tida como característica chave do modelo

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de produção, agora se apresentava como o principal motivo para o alto nível de monotonia

nas fábricas.

É certo dizer então que, todo esse cenário de estagnação na produção em massa norte

americana e européia certamente dever-se-ia ter se estendido indefinidamente, caso não

tivesse surgido uma nova indústria automobilística no Japão, na qual, era desenvolvido uma

nova maneira de produzir, a conhecida Produção Enxuta. Conclui-se então que, a grande

diferença entre o produtor enxuto e o produtor em massa é a constante busca pela perfeição,

seja ela no processo ou produto (BRITO, 1996).

2.2 A origem da Manufatura Enxuta

O desenvolvimento do sistema de Produção Enxuta deu-se após a Segunda Guerra

Mundial, na década de 1950, com a visita de Eiji Toyota e do engenheiro chefe da Toyota

Taiichi Ohno ao modelo de produção da Ford na fábrica de Rouge nos Estados Unidos, na

qual verificaram que a manufatura em massa não funcionaria no Japão (WOMACK et al,

1992).

Vale destacar que, até sua visita, essa unidade fabril parecia ser a mais eficiente em

termos mundiais, mas a partir daí, Eiji percebe que este modelo poderia ser melhorado ainda

mais, utilizando-se algumas estratégias, dando a ele um novo enfoque, nascendo então o

conceito de Produção Enxuta.

Então, com o intuito de garantir a sustentação desse novo modelo enxuto de produção,

tornava-se necessário uma força de trabalho altamente qualificada e motivada, como também

era preciso a eliminação de custos financeiros dos grandes estoques de peças acabadas que os

sistemas de produção em massa exigiam e ao mesmo tempo era preciso que se

desenvolvessem algumas técnicas de troca rápida de ferramentas, eliminando assim todos os

desperdícios.

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2.3 O que é a manufatura enxuta

A manufatura enxuta, também conhecido como Sistema Toyota de Produção (STP),

ou como Lean Manufacturing, ou ainda como Lean Production, Lean Thinking.

Segundo Shingo (1996, p. 35), o STP,

“Esse processo visa levar as empresas ao que se chama de organização enxuta por meio da eliminação de desperdício em toda a cadeia de valor da empresa, alinhando atividades da melhor forma, no sentido de se obter empresas mais flexíveis e capazes de responder efetivamente às necessidades dos clientes.”

Já Womack e Jones (1998, p. 29), conceituam a manufatura enxuta como

“[...] uma abordagem que busca uma forma melhor de organizar e gerenciar os relacionamentos de uma empresa com seus clientes, cadeia de fornecedores, desenvolvimento de produtos e operações de produção, segundo a qual é possível fazer cada vez mais com menos (menos equipamento, menos esforço humano, menos tempo, etc.).”

Na concepção de Slack (1997), seu conceito parte do princípio de que há desperdício

em todos os lugares em uma empresa e que a manufatura enxuta surge como uma nova

“fórmula” para se fazer cada vez mais, com cada vez menos, e sempre com o objetivo de

oferecer aos clientes o que eles realmente desejam no tempo que necessitarem, buscando

tornar as empresas mais flexíveis e capazes de responder efetivamente às necessidades dos

clientes e ainda conseguir desenvolver, produzir e distribuir produtos com menos esforço

humano, espaço, recursos, tempo e despesas globais.

De acordo com Shah & Ward (2003, p. 101),

“A manufatura enxuta é um processo que engloba uma ampla variedade de práticas gerenciais, incluindo just in time, sistemas de qualidade, manufatura celular, entre outros. Ainda de acordo com esse autor, o ponto fundamental da ME é que essas práticas devem trabalhar de maneira sinérgica para criar um sistema de alta qualidade que fabrica produtos no ritmo que o cliente deseja, sem desperdícios.”

Portanto, ao verificar as diferentes concepções sobre a manufatura enxuta, nota-se que

essa filosofia é coerente às suas origens japonesas, pois de acordo com Schonberger (1993),

tem como objetivo criar um sistema de produção por unidades discretas, que se assemelhe ao

máximo possível ao processamento contínuo, reduzindo-se assim a necessidades de

complexos sistemas de planejamento e controle de produção.

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Desta forma, mediante a adoção da filosofia da manufatura enxuta torna-se desejável

um fluxo de produção uniforme e o mais suave possível, pois se pode afirmar que, uma

pequena variação na extremidade final do fluxo produtivo proporciona algumas mudanças nas

operações precedentes, que são amplificadas na proporção direta dos tamanhos dos lotes,

tempos de preparação das máquinas e tempos de espera. Assim, Chase (1998) enfatiza que a

forma de evitar esse problema é a de fazer com que as perturbações no final do processo

produtivo sejam tão pequenas quanto possíveis.

Baseado nesses pressupostos, é certo dizer que, um dos maiores desafios com que se

depara a administração durante a implementação das técnicas de manufatura enxuta é garantir

que ocorram realmente alterações no comportamento e que estas aconteçam em todos os

níveis da organização, pois, mesmo que a equipe gerencial seja mais bem-intencionada, se

não alcançar a adoção das mudanças necessárias, esse processo estará fadado a cair na velha

rotina, pois segundo constata Ghinato (1995, p. 66), “[...] é primordial um sólido programa de

mudanças gerenciais perfeitamente entrelaçado com o projeto de manufatura enxuta, assim

como uma forte liderança, o projeto estará condenado desde o seu início”.

Não se pode negar que, apesar de trazer uma série de benefícios, o termo “manufatura

enxuta” é de certa forma um tanto problemático, pois alguns trabalhadores percebem o termo

enxuto como sendo sinônimo de perda de emprego. Então, quando da adoção desse processo,

exige que a administração identifique e saiba lidar de forma aberta com essas barreiras, pois,

caso, elas não sejam tratadas como importantes, as mudanças reais infelizmente poderão

nunca ser alcançadas. E para isso, exige que os líderes estejam bem equipados para dar as

respostas necessárias através da realização de uma série de treinamento gerencial,

especialmente na área de mudanças.

Tanto é que, Nazareno et al, (2006) chama a atenção dizendo que muitas empresas ao

tentarem implementar projetos de manufatura enxuta, infelizmente não têm alcançado os

resultados esperados, pois têm sido comuns as interrupções no processo de implementação

sem saber ao certo como prosseguir, bem como sustentar resultados obtidos.

Desta forma, Feld citado por Nazareno et al, (2006) descreve algumas razões, que em

sua opinião contribuem para o fracasso dos projetos, como:

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� falta de visão clara de como deve ser o novo ambiente enxuto;

� falta de uma definição da direção a ser tomada e dos passos necessários para tal;

� conhecimento limitado quanto à forma de conduzir a implementação;

� foco direcionado para os mecanismos de funcionamento dos novos processos.

O autor ainda questiona que pouca atenção é dada à questão do impacto dessas

mudanças na organização.

Então, baseado na concepção de Feld citado por Nazareno et al, (2006), ressalta que as

dificuldades de implementação são oriundas de lacunas e limitações em práticas, métodos e

ferramentas, citando como exemplo a adaptação do mapeamento do fluxo de valor para

grande variedade de produtos, a falta de habilidade em tratar os aspectos físicos e a falta de

implementação do estado futuro, devido ao restrito conhecimento técnico da equipe para

colocar em prática as transformações.

2.3.1 Conceitos importantes da manufatura enxuta

Para que se possa compreender melhor o que é a manufatura enxuta, torna-se

necessário conhecer alguns conceitos envolvidos com o tema, sendo estes fundamentais

quando de sua implantação, como: desperdício, princípios (valor, a cadeia de valor, fluxo),

produção puxada e perfeição.

2.3.1.1 Desperdício

O desperdício, também conhecido na língua japonesa por muda, normalmente é

associado ao que se classifica como lixo, porém sua definição vai além disso (WOMACK et

al, 1992). Assim, como verificado, o processo de manufatura enxuta visa a eliminação de

qualquer tipo de desperdício e perdas, existindo assim dois tipos de operação, ou seja, aquelas

que agregam e as que não agregam valor.

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Segundo Werkema (1995), as operações que agregam valor transformam a matéria-

prima, modificando a forma ou sua qualidade. E, as operações que não agregam valor são as

que apenas adicionam custo ao processo de um determinado produto.

Shingo (1996) enfatiza que os desperdícios são classificados como: superprodução,

espera, transporte excessivo, processos inadequados, inventário desnecessário, movimentação

desnecessária e produtos defeituosos.

Já de acordo com Gianesi e Correa (1996) existem sete tipos de perdas:

� Perda por superprodução - entende-se como superprodução a perda por produzir

mais do que o cliente demanda em volume. O sistema de Produção Enxuta prega

que só deve ser produzido aquilo que é necessário, de acordo com a “puxada” do

cliente.

� Perda por Espera - define-se como o tempo que o material fica parado entre uma

etapa e outra do processo. Geralmente a perda por espera está associada com altos

índices de aproveitamento de máquina, pois é formada uma fila de produtos atrás

de uma etapa do processo produtivo.

� Perda por Transporte - busca-se na Manufatura Enxuta a identificação e eliminação

de qualquer atividade que não agrega valor ao produto final. O tempo e o recurso

gastos no transporte de material, seja por ponte rolante, empilhadeira ou qualquer

outro meio de transporte de carga, apenas agregam custo ao produto acabado.

� Perda de Processamento - entende-se como operações desnecessárias, introduzidas

no processo para resolver problemas causados pelo equipamento ou operação,

afetando a qualidade do material. Como já citado, a Manufatura Enxuta busca a

eliminação de qualquer etapa do processo que agrega custo ao produto.

� Perda por Movimento do Operador - é o tempo perdido realizando-se atividades

que não são necessárias ou que poderiam ser feitas em menor tempo.

� Perda por Retrabalho - é a perda com atividades que são feitas para correção de

defeitos nos materiais. A Manufatura Enxuta prega a redução de defeitos e o

contínuo aperfeiçoamento dos processos.

� Perda de Estoques - muitas vezes os estoques encobrem a ineficiência do processo,

os problemas de qualidade, de confiabilidade ou de produção. A perda por estoque

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acaba acarretando outros tipos de perda como a perda por transporte e perda por

retrabalho, indo contra os princípios da Manufatura Enxuta.

2.3.1.2 Princípios

É fato que, para que se possa implementar o modo enxuto de manufatura, é

imprescindível que se tenha uma mudança na maneira de pensar sobre o fluxo e suas etapas

de processo. De forma interessante, Lindgren (2001, p. 49) cita o que acredita ser o

pensamento enxuto: “[...] é uma forma de especificar valor, alinhar na melhor seqüência as

ações que criam valor, realizar essas atividades sem interrupção toda vez que alguém as

solicita e realizá-las de forma cada vez mais eficaz”.

Godinho Filho e Fernandes (2004), apresentam os princípios mais importantes da

Manufatura Enxuta considerados por eles, como sendo:

� Determinar valor para o cliente, identificando cadeia de valor e eliminando

desperdícios;

� Trabalho em fluxo/simplificar fluxo;

� Produção puxada/just in time;

� Busca da perfeição;

� Automação/qualidade seis sigma;

� Limpeza, ordem e segurança;

� Desenvolvimento e capacitação de recursos humanos;

� Gerenciamento visual;

� Adaptação de outras áreas da empresa ao pensamento enxuto.

2.3.1.3 Valor

Ao falar sobre a manufatura enxuta, o valor deve ser visto como a palavra de ordem,

entendendo que, segundo Black (2001, p. 55), “Valor é tudo aquilo que o cliente está disposto

a pagar”.

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Lindgren (2001, p. 62) diz que “O pensamento enxuto deve começar com uma

tentativa consciente de definir precisamente o valor em termos de produtos específicos, com

capacidades específicas, oferecidas a preços específicos, através do diálogo com clientes

específicos [...]”.

Portanto, é importante que se parta do princípio de que, cada etapa do seu processo

deve, obrigatoriamente, adicionar valor ao seu produto final.

2.3.1.4 A Cadeia de Valor

Segundo expõe Lindgren (2001), a cadeia de valor refere-se a todas as etapas, ações ou

processos específicos que são aplicados ao produto ou serviço, com o objetivo de se

completar as três etapas do negócio: Solução de problemas, Gerenciamento de informação e

Transformação física.

Assim, é importante ressaltar que é primordial se observar o processo por completo e

não como etapas isoladas, pois, o valor e custo geralmente são acrescentados em todas as

etapas e também entre elas.

Alvarez e Antunes Jr. (2001) esclarecem que torna-se comum encontrar oportunidades

de melhorias entre as etapas do processo, pois geralmente entre processo encontram-se

estoques de peças semi-acabadas, peças defeituosas, movimentações de materiais.

2.3.1.5 Fluxo

O objetivo principal da manufatura enxuta é criar e manter um fluxo contínuo eficaz.

E, segundo enfatiza Alonso (2002), um dos grandes desafios é, justamente criar um fluxo

contínuo na produção de pequenos lotes. Desta forma, ao se tomar como foco o produto, ao

mesmo tempo deve-se garantir um fluxo continuo desde seu projeto inicial até sua expedição.

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Produção seqüência em lotes

Produção em fluxo contínuo

Figura 4 - Fluxo de produção em lotes x Fluxo contínuo de produção

Fonte: ALONSO (2002).

Ao analisar a Figura 4 verifica-se que ela mostra exatamente a diferença entre a

produção seqüenciada em lotes e a implementação de um fluxo contínuo de produção no Lead

Time do produto.

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2.3.1.6 Produção Puxada

Brito (1996, p. 123) define a produção puxada como “produzir apenas o que o cliente

quer”, ou seja, ressalta que, “[...] uma etapa do processo só deve ser disparada quando for

solicitada pela etapa posterior e assim por diante”.

Assim, ao se implementar o conceito de produção puxada dentro de uma organização,

o intuito é se obter uma redução de inventário e fluxo de caixa extra., sendo que, é importante

destacar que a produção puxada contribui para a flexibilidade da produção em termos de

configuração final do produto, atendendo assim a demanda dos clientes.

2.3.1.7 Perfeição

Ao analisar o que diz Ohno (2000, p. 77) sobre esse conceito, ele entende que:

“A perfeição é a busca incessante da superação, dentro de uma empresa que tem o pensamento enxuto. [...] Quando uma empresa trabalha focada para agregar valor, cria-se um fluxo contínuo em suas operações, pratica-se a produção puxada com inventários reduzidos, processando-se o material apenas no momento necessário e buscando-se a eliminação de qualquer tipo de perda no seu processo.”

Ao falar sobre perfeição, especificamente neste caso, estar-se-á falando sobre o

atingimento da perfeição em suas operações. Assim, a perfeição, nada mais é do que, a

reavaliação constante do valor entregue aos clientes e do fluxo, com o objetivo de melhorar

processos, reduzir espaço, esforço, tempo, custos e erros e continuar a remover atividades que

não agregam valor.

2.4 A necessidade do uso de ferramentas

Ao verificar os princípios e conceitos abordados anteriormente, nota-se que a força de

transformação da iniciativa enxuta está na especificação correta do valor para o consumidor

final, acabando com a tradicional forma de cada membro da cadeia de valor especificar de

forma diferente; bem como na identificação de todas as ações que levam um produto da

concepção ao lançamento, do pedido a entrega, ma matéria-prima às mãos do cliente no

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decorrer da vida útil do produto; na eliminação das atividades que não agregam valor e na

estimulação de ações que adicionam valor a ocorrerem em um fluxo contínuo e puxado pelos

clientes; e na análise dos resultados e na criação de um novo processo, estimulando-o por toda

a vida do produto.

Assim, torna-se necessário a introdução de metodologias, nas quais sejam capazes de

maximizar resultados, necessidade esta, imposta pelo mercado atual. Portanto, independente

do tipo de mercado que uma empresa atua, existe na manufatura enxuta a possibilidade

quando de sua utilização de ser um diferencial nesse mercado tão competitivo que hoje se

apresenta.

Desta forma, é importante estudar algumas ferramentas que, são comumente utilizadas

para dar suporte na implantação e manutenção de manufatura enxuta, pois algumas delas têm

a função de organizar e, outras a função de apresentar os dados de forma a facilitar o

monitoramento dos mesmos apurados pelo sistema da qualidade.

2.5 Método para a implantação da manufatura enxuta

O primeiro passo para a manufatura enxuta é determinar onde a empresa se encontra

no presente momento, sendo assim, necessário identificar e demonstrar porque a mudança é

necessária. Então, cabe aqui um questionamento: Porque se escolhe mudar para uma

manufatura enxuta e porque isto envolve a participação de todos?

É certo dizer que a respostas para esta questão é necessária para que todos os

envolvidos possam se envolver nesse processo. Monden (2002, p. 66) chama a atenção

dizendo que “Como nós lidamos com as respostas para estas questões é crítico para o sucesso

da mudança. Motivação, tenacidade, liderança são aspectos chaves no sucesso no

desenvolvimento da manufatura enxuta”.

Primeiramente é preciso se fazer uma avaliação, pois ela mostrará a verdadeira

situação da empresa. Ao mesmo tempo ela fornecerá o feedback necessário no que se refere a

onde a empresa demonstra ter uma capacidade corrente, e esta revelará falhas entre como as

coisas são feitas atualmente e o que são consideradas práticas enxutas de manufatura. Assim,

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após a auto-avaliação e a constatação da necessidade de mudança, o passo seguinte será é

determinar quais serão as pessoas responsáveis pelo desenvolvimento do programa de

manufatura enxuta.

Então, é necessária a atenção para algumas regras, considerada importante para

seleção desse grupo:

1) é necessário que este grupo se ocupe o tempo todo apenas com o projeto, caso o

grupo dispense apenas parte do seu tempo terá apenas parte dos resultados, pois,

caso o projeto não seja sério o suficiente para iniciar com toda força é melhor nem

mesmo começar.

2) fazer com que os membros da equipe entendam suas funções e porque eles foram

selecionados para este trabalho. Quando da avaliação dos candidatos ao grupo que

conduzirá o projeto é necessário ter em mente critérios e entender quais os

atributos requeridos, como: ter a mente aberta, efetiva comunicação, auto-

confidente, influente com a organização e capaz de adaptar-se à mudança.

2.6 Mapeamento do fluxo de valor

O mapeamento do fluxo de valor é uma ferramenta que ajuda as empresas à

compreenderem claramente os fluxos de valor inerentes aos seus processos produtivos e

possibilita visualizar a melhor aplicação de todas as demais ferramentas (Kaizen, Poka Yoke

etc) em locais estratégicos. Com isso a organização amplia sua qualidade, agilidade e controle

nos serviços executados à produção.

2.6.1 Ferramentas auxiliares

O mapeamento do fluxo de valor evidencia os pontos em uma cadeia de produtos que

necessitam de melhorias e por meio de ferramentas como housekeeping, just-in-time, kaizen,

TPM, Kanban, e outras, tais melhorias podem ser implementadas, maximizando os resultados

obtidos.

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2.6.1.1 Housekeeping

A experiência demonstra que qualquer programa de melhoria relacionada à produção

deve iniciar-se com a mudança de hábitos dos colaboradores quanto à limpeza e organização

do local de trabalho.

As organizações são organismos vivos e como tal estão sofrendo constantes

adaptações ao meio ambiente. À medida que forças ambientalistas e órgãos de proteção contra

à poluição sonora, visual e ambiental começam a atuar, os reflexos são imediatos nas

empresas. A esse movimento dá-se o nome de housekeeping (GODINHO FILHO;

FERNANDES, 2004).

Para um bom mapeamento de fluxo de materiais e informações existentes em uma

empresa ou departamento, é importante que os conceitos de housekeeping estejam inseridos

no ambiente.

2.6.1.2 Just-in-time

A filosofia JIT surgiu no Japão na década de 1960, sendo aplicada inicialmente na

indústria automobilística, em particular na Toyota Motors Company. Aos poucos, os

princípios gerais dessa filosofia foram se consolidando, e seus conceitos difundidos para o

ramo de autopeças e eletrônicos, em que no Japão passou a ser reconhecido como padrão de

excelência.

Nos anos de 1980, com o avanço da economia japonesa, a filosofia JIT passou a

receber maior atenção dos estudiosos em sistemas de produção e a filosofia foi universalizada

e implantada com sucesso no mundo ocidental.

É importante destacar aqui alguns conceitos do JIT.

� Satisfazer as necessidades dos clientes: segundo Tubino (1997), significa estender

e responder aos anseios dos clientes, fornecendo produtos de qualidade no

momento em que for solicitado. Entendam-se como clientes, tanto os participantes

da cadeia produtiva interna, como os da cadeia externa à empresa. Existem

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algumas maneiras de melhorar o relacionamento com os clientes, podem citar-se

algumas: reduzir os custos internos dos clientes, produzir pequenos lotes com

qualidade, ser flexível, reduzir os estoques do cliente, projetar em conjunto com o

cliente, etc;

� Eliminar desperdícios: significa analisar todas as atividades realizadas no sistema

de produção e eliminar aquelas que não agregam valor ao produto (TUBINO,

1997). A eliminação de tudo o que não agrega valor ao produto implica,

inicialmente, identificar o que acrescenta valor para o cliente do produto

(informações úteis para melhorar o projeto de produção dos bens/serviços) e, em

seguida, o que não acrescenta valor. Uma classificação de desperdícios bastante

usada é a proposta por Shingo (1996), que identifica sete categorias: desperdícios

de superprodução, de espera, de movimentação e transporte, da função

processamento, de estoques, de movimentos improdutivos, de produtos

defeituosos;

� Melhorar continuamente: o princípio da melhoria contínua, conhecido como

Kaizen, significa que nenhum dia deve passar-se sem que a empresa melhore sua

posição competitiva. Todos dentro da empresa são responsáveis por isto, e devem

trabalhar nesse sentido. Dessa forma, um problema, ou um erro, acontecido dentro

do sistema deve ser visto como uma oportunidade de melhoramento. É importante,

sob a ótica do melhoramento contínuo, estabelecer metas bastante otimistas,

mesmo que intangíveis, como forma de direcionar o incremento de produtividade.

As metas do JIT são: zero de defeito, zero de estoque, zero de movimentação, zero

de lead time, zero de tempos de setups e lotes unitários;

� Envolver totalmente as pessoas: segundo Russonamo (1986), praticamente todos

os aspectos relacionados a JIT requerem envolvimento total das pessoas. Mudança

de atitude em termos humanos é solicitada por toda a empresa, principalmente nos

níveis gerenciais. A gerência deve tratar um compromisso pela participação das

pessoas, desenvolvendo treinamentos contínuos em atividades de equipes de

trabalho, com o devido aporte financeiro. É importante deixar claro que as pessoas,

e não a tecnologia, são prioridades da empresa;

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� Organização e visibilidade: a organização e a visibilidade do ambiente de trabalho

é um requisito fundamental da filosofia JIT. Segundo Tubino (1997), é o início da

luta contra os desperdícios e a base para a motivação das pessoas. A organização

do ambiente de trabalho passa pela reformulação dos layouts convencionais, pela

definição de locais específicos para armazenagem de materiais em processo e

ferramentas, e pela própria postura dos funcionários ao seguirem os padrões de

higiene e segurança. A organização leva ao benefício da visibilidade dos

problemas, de forma que qualquer situação anormal seja óbvia.

Outros conceitos e técnicas que podem ser citadas segundo Lubben (1989), são:

produção focalizada, produção puxada, nivelamento da produção, redução de lead times,

fabricação de pequenos lotes, redução de setups, manutenção preventiva, polivalência,

integração interna e externa.

São princípios que não são fáceis de serem alcançados, portanto, as empresas que os

alcançarem teriam vantagem competitiva. Além do mais, a própria questão da busca pelo

melhoramento contínuo diferenciará as empresas que chegarem a soluções mais satisfatórias

para seus problemas. O importante é que nos dias de hoje a dicotomia entre o capital e o

trabalho não é tão intensa, e está perdendo espaço para a cooperação e divisão de resultados, o

que tem levado as empresas a aumentar sensivelmente sua produtividade, como conseqüente

ganho para a humanidade como um todo.

2.6.1.2.1 Tempos de preparação

A redução dos tempos de preparação é um dos pontos-chave dos sistemas JIT.

Segundo Lubben (1989), com tempos de preparação mais curtos e um menor número de peças

em processo, o sistema torna-se muito mais flexível às mudanças na demanda do produto

final, já que resultam em menores estoques, menores lotes de produção e ciclos mais rápidos.

Para que se atinjam as condições estabelecidas no mapa do estado futuro, faz-se

necessária a introdução de melhorias no processo produtivo, dentre as quais se verifica a

diminuição dos tempos de setup.

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Assim, o setup pode ser dividido em dois tipos:

1) Setup interno: pode ser realizado somente quando a máquina estiver parada.

2) Setup externo: pode ser realizado com a máquina em funcionamento.

Os objetivos do setup são:

� capacidade de produção econômica em pequenos lotes;

� flexibilidade na introdução de modificações do produto;

� velocidade frente às variações do mercado;

� redução de lead-time.

2.6.1.2.2 Operador multifuncional

O JIT requer não somente habilidade, mas também espírito de equipe e coordenação,

já que estoques não estão disponíveis para cobrir problemas nos sistemas. Sendo assim, o

operador multifuncional torna-se necessário, já que esse deve efetuar as manutenções de

rotina e pequenos reparos na máquina, além de prepará-la e operá-la. Para tanto, é necessário

destacar alguns aspectos importantes, como: layout, qualidade e fornecedores.

Segundo Martins (1999), o layout da fábrica é muito diferente com o sistema JTI, já

que o estoque é mantido no chão de fábrica entre as estações de trabalho. Isso facilita o uso do

estoque nas estações seguintes, sendo normalmente baixo e apenas suficiente para manter o

fluxo produtivo por poucas horas, levando a uma substancial redução dos espaços necessários.

De acordo com Martins (1999), a qualidade é absolutamente essencial no sistema JIT.

Não só os efeitos constituem desperdícios como podem levar o processo a uma parada, já que

não há estoques para cobrir os erros. O JIT, entretanto, facilita em muito a obtenção da

qualidade, pois os defeitos são descobertos no próximo passo do processo produtivo. O

sistema é projetado para expor os erros e não para encobri-lo com os estoques.

O relacionamento com fornecedores é substancialmente, alterado com o JIT. Aos

fornecedores são solicitadas entregas freqüentes diretamente à linha de produção. Mudanças

nos procedimentos de entrega, com maior proximidade são muitas vezes necessárias para que

Page 38: PROPOSTA PARA IMPLANTAÇÃO DE MANUFATURA … · de reafiação de ferramentas da empresa Mahle Metal Leve, ... Tabela 1 Análise de Competências da Ferramentaria ... Motores, Sistemas

28

o fornecedor seja perfeitamente integrado ao sistema JIT. Requer-se, também, dos

fornecedores a entrega de itens de qualidade perfeita, já que estes não sofrem nenhum tipo de

inspeção de recebimento.

Todas as melhorias a serem implementadas no estado atual do processo produtivo

devem ser devidamente identificadas no mapa do fluxo de valor, para tanto, utilizam-se ícones

nos pontos que necessitam de tais melhorias, denominados ícones de necessidade de kaizen.

O melhoramento contínuo não valoriza o tamanho de cada etapa e, sim, a

probabilidade de que o melhoramento continue agindo na empresa. Não importa se os

melhoramentos contínuos são sucessivos, porém é de fundamental importância que em

determinado período um melhoramento de fato tenha ocorrido.

De acordo com Lubben (1989), o melhoramento contínuo favorece a adaptabilidade, o

trabalho em equipe e a atenção a detalhes. Essa ferramenta é aplicada com base na

experiência acumulada e no conhecimento profundo das pessoas que trabalham diretamente

com o processo ou projeto em questão. A mensagem da estratégia do kaizen é que nenhum dia

passe sem que algum tipo de melhoramento tenha sido feito em algum lugar da empresa.

O conceito de melhoria contínua implica literalmente em um processo sem fim, pois

utiliza a técnica de questionar constantemente não apenas os processos que serão realizados,

como também aqueles que já foram concluídos. A natureza repetida e cíclica do

melhoramento continuo é resumida pelo ciclo PDCA (Plan Do Check Act) (LUBBEN, 1989).

O ciclo PDCA começa no estágio “P” (planejamento), que envolve o exame do atual

método ou da área problema estudado. Para tanto, é preciso coletar e analisar dados de modo

a estruturar um plano de ação que tenha como objetivo melhorar o desempenho.

Após o plano de melhoramento ter sido discutido e aprovado, a próxima etapa será o

estágio “D” (execução). Esse é o estágio de implementação, durante o qual o plano de

melhoria é testado na produção.

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29

A terceira etapa é o estágio “C” (verificação), em que a solução nova implementada é

avaliada, para certificar-se que a mudança resultou em um melhoramento de desempenho

esperado.

A última etapa é a etapa “A” (ação). Durante este estágio, a mudança é consolidada ou

padronizada se for bem sucedida e as lições aprendidas são formalizadas antes que o novo

ciclo comece.

2.6.1.2.3 Kanban

O sistema Kanban foi desenvolvido na década de 1960 pelos engenheiros da Toyota

Motors Cia., com o objetivo de tornar simples e rápidas as atividades de programação,

controle e acompanhamento de sistemas de produção em lotes. Foi projetado para ser usado

dentro do contexto mais amplo da filosofia JIT e busca movimentar e fornecer os itens dentro

da produção apenas nas quantidades necessárias e no momento necessário.

O sistema Kanban é caracterizado por “puxar” os lotes dentro do processo produtivo,

enquanto que os métodos tradicionais de programação de produção “empurram” um conjunto

de ordens para serem feitas no período.

Nos sistemas convencionais de empurrar a produção, elabora-se periodicamente, para

atender o Programa Mestre de Produção (PMP), um programa de produção completo, da

compra da matéria-prima à montagem do produto acabado, transmitindo-o aos setores

responsáveis por meio da emissão de ordens de compra, fabricação e montagem, não sem

antes passar por uma etapa de sequenciamento, para adequá-lo às restrições de capacidade

física do processo produtivo. No próximo período de prorrogação, em função dos estoques

remanescentes, programam-se novas ordens para atender a um novo PMP (SILVA;

SACOMANI, 1995).

No sistema Kanban de puxar a produção não se produz nada até que o cliente (interno

ou externo) de seu processo solicite a produção de determinado item. Neste caso,

programação da produção usa as informações do PMP para emitir ordens apenas para o

último estágio do processo produtivo, normalmente a montagem final, assim como para

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30

dimensionar as quantidades de kanbans dos estoques em processos para os demais setores. À

medida que o cliente de um processo necessita de itens, ele recorre aos kanbans em estoques

neste processo acionando diretamente o processo para que os kanbans dos itens consumidos

sejam fabricados e repostos aos estoques.

De acordo com Silva e Sacomano (1995), o sistema kanban, agindo dessa maneira,

simplifica as atividades de curto prazo desempenhadas pelo Planejamento e Controle da

Produção (PCP) nos processos repetitivos em lotes, delegando –as aos próprios funcionários

do chão de fábrica, pois o sistema kanban, uma vez dimensionado com base no PMP, executa

em sua sistemática de funcionamento as atividades de administração de estoques,

sequenciamento, emissão, liberação e acompanhamento e controle das ordens referentes a um

programa de produção.

O sistema kanban funciona no uso de sinalizações para evitar a produção e

movimentação dos itens pela fábrica. Estas sinalizações são convenientes feitas com base nos

cartões kanban e nos painéis porta-kanbans, porém podem utilizar-se de outros meios, que não

cartões, para passar estas informações.

Os cartões kanban convencionais são confeccionados de material durável para suportar

o manuseio decorrente do giro constante entre os estoques do cliente e do fornecedor do item.

Cada empresa, ao implantar seus sistemas kanban, confecciona seus próprios cartões de

acordo com suas necessidades de informações.

Conforme a função que exercem, os cartões kanban dividem-se em dois grupos: os

cartões kanban de produção e os cartões kanban de requisisção ou movimentação. Os cartões

de produção autorizam a fabricação ou montagem de determinado lote de itens. Os cartões de

requisição autorizam a movimentação de lotes entre o cliente e o fornecedor de determinado

item, podendo, por sua vez, serem cartões kanban de requisição interna ou serem cartões

kanban de reuisição externa à empresa ou de fornecedores (SILVA; SACOMANO, 1995).

O cartão kanban de produção, também chamado de kanban em processo, é empregado

para autorizar a fabricação ou montagem de determinado lote de itens, tendo sua área de

atuação restrita ao centro de trabalho que executa a atividade produtiva nos itens.

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31

Segundo Ritzman e Krajewski (2004), o cartão kanban de produção exerce as funções

das ordens de fabricação e montagem emitidas pelos sistemas convencionais de PCP, porém,

em virtude das características da filosofia JIT de produção, na qual se insere o sistema

kanban, o nível de informações contidas nos cartões kanban, é bastante reduzido.

O cartão kanban de requisição interna, também chamado de cartão de transporte,

retirada ou movimentação, funciona como uma requisição de materiais, autorizando o fluxo

de itens entre o centro de trabalho produtor e o centro de consumidor dos itens.

Os cartões kanban de requisição são utilizados quando os centros de trabalho

consumidor e produtor estão distantes um do outro, funcionando como uma autorização

permanente de transporte de itens para reposição no estoque do centro consumidor, desde que

o mesmo empregue o referido lote dos itens no seu processo produtivo. Desta forma, o fluxo

de informações é agilizado e a movimentação dá-se sem interferência do pessoal do PCP.

Deve-se destacar que o sistema kanban tradicionalmente emprega painéis ou quadros

de sinalização, chamados de painéis porta-kanban, junto aos pontos de armazenagem

espalhados pela produção, com finalidade de sinalizar o fluxo de movimentação e consumo

dos itens com base na fixação dos catões kanban nestes quadros.

Estes pontos de armazenagem são chamados de “supermercados” de itens. Cada

supermercado de itens espalhado pelo sistema produtivo da empresa um painel porta kanban

correspondente. Olhando para uma estação de trabalho isoladamente, e a mesma está atrelada

a dois supermercados. Um deles é o supermercado de entrada, onde estão as matérias-primas

e peças necessárias à execução de suas atividades produtivas, com seu respectivo painel porta

kanban de requisição e/ou fornecedor. O outro é o supermercado de saída, com seu respectivo

painel porta-kanban de produção (RITZMAN; KRAJEWSKI, 2004).

O porta-kanban de requisição ou de fornecedor é empregado para sinalizar as

necessidades de reposição dos itens por parte dos fornecedores, internos ou externos, desta

estação de trabalho. Enquanto o painel porta-kanban de produção sinaliza essa estação de

trabalho, quais itens estão sendo consumidos por seus clientes e qual prioridade se deve dar á

reposição destes itens.

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32

Nos painéis porta-kanban existe uma coluna para cada item existente no respectivo

supermercado, essas colunas são subdivididas em tantas linhas quanto forem o número de

kanbans projetados no sistema. A figura 15 apresenta um ilustração desse painel. Geralmente,

como o dimensionamento do número de kanbans correspondente, que está junto ao lote no

contenedor, é afixado, geralmente de baixo para cima, na primeira linha vazia da coluna

correspondente deste item, e o movimentador, ou o produtor, está autorizado requisitar ou

fabricar o lote de itens referentes ao cartão kanban afixado.

Cada linha das colunas desses painéis porta-kanban é pintada com uma cor para

facilitar a visualização da urgência em se requisitar ou produzir este item. Normalmente,

emprega-se a cor verde para indicar condições normais de requisição ou produção, a cor

amarela para indicar “atenção” com este item, e a cor vermelha para sinalizar urgência na

requisição ou produção deste item. Quanto mais perto da faixa vermelha, maior a prioridade

para repor o item. O somatório das linhas verdes, amarelas e vermelhas de cada coluna

corresponde ao número total de cartões kanban, bem como contenedores e lotes de itens,

projetados para a operação do sistema.

2.6.1.3 Células de manufatura

Segundo Martins (1999), os agrupamentos que ocorrem através de sistemas de

classificação ou da matriz de processos, visando melhorias nos processos produtivos, levam

ao conceito de células de manufatura. Assim, famílias de peças que precisam ser fabricadas

com uma certa freqüência e em lotes são fortes candidatas a manufatura celular, ou seja, um

conjunto de maquinas é fisicamente segregado para produzi-las. Esse conjunto de maquinas

define uma célula de manufatura.

A estrutura formada por células de manufatura possui várias vantagens, segundo Brito

(1996) pode-se destacar:

1) aumentam a densidade de máquinas, minimizando a distância no fluxo de

produção, reduzindo os custos de manuseio e o número de contêineres ou de

bancadas;

2) se as máquinas são agrupadas em forma de “U”, como é o caso mais comum,

diminui a distância percorrida pelos operadores;

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33

3) a alimentação da célula pode ser feita por gravidade, tanto na entrada quanto na

expedição;

4) um operador atende várias máquinas. Aumentando a demanda, pode-se chegar a

um operador por máquina. A capacidade produtiva da célula torna-se flexível;

5) facilitam a utilização de dispositivos visuais ou sonoros para notificar a ocorrência

de problemas na célula, facilitando sua solução;

6) melhoram devido à proximidade, o relacionamento entre os colaboradores,

facilitando o trabalho em equipe;

7) facilitam o retrabalho, pois, em razão das pequenas distâncias, torna-se mais fácil

recolocar peças não conformes no local onde devem ser retrabalhadas;

8) não formam corredores de passagem de pessoas e material, que usualmente

ocasionam a desatenção dos operadores;

9) facilitam a distribuição de ferramentas de trabalho;

10) facilitam a ligação com outras células;

11) simplificam a toca da seqüência de maquinas entre lotes diferentes, reduzindo

custos e preparação, com o conseqüente aumento da capacidade produtiva;

12) como trabalham com famílias de peças, reduzem a variação das tarefas e encurtam

o período de treinamento e adaptação;

13) tornam os roteiros de produção mais direto, implicando planejamento e controle da

produção mais simples, produção mais rápida, menor espera em processo, menores

estoques intermediários e antecipação da expedição;

14) como as peças seguem, em geral projetos similares, os operadores se especializam

e ficam especificamente treinados para fabricá-las, o que melhora a qualidade;

15) com menor variação das operações, há maior facilidade para automação. É um

passo intermediário para automação por meio da implementação de sistema

CAM/CIM (Computer Aided Manufacturing/ Computer Integrated

Manufacturing);

16) aplica-se tanto as fábricas pequenas, de menores volumes, como as grandes, de

maiores volumes de produção;

17) fornecem excelente roteiro para a redução de custos em a necessidade de grandes

investimentos.

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3 ESTUDO DE CASO – MAHLE METAL LEVE

Como verificado, a empresa escolhida foi a Mahle Metal Leve. Para tanto, este

capítulo mostra as observações feitas na empresa, demonstrando-se todo o processo de

reafiação, bem como, o levantamento de dados realizado e ao mesmo tempo identificando as

falhas ocorridas nesse processo, para que se possa analisar como se dá o emprego de recursos

e assim, registrar os possíveis fatores críticos de cata etapa, para que, no capítulo posterior se

possa sugerir possíveis melhorias no processo de reafiação de ferramentas. Os passos a seguir

fazem referência ao processo produtivo e as ferramentas que executam todo o processo.

3.1 Departamentalização da Área Industrial

Existem três setores distintos entre si nas dimensões dos produtos, porém, muito

parecidos nos recursos técnicos e humanos.

O setor da HD é responsável em produzir bronzinas para motores de grande porte

(caminhões, máquinas agrícolas), seu departamento é subdividido em 7 setores, sendo 3

células de manufatura e 4 setores com máquinas convencionais.

A LD produz bronzinas para motores automotivos e seu departamento é subdividido

em 9 setores, sendo 3 células de manufatura e 6 linhas com máquinas convencionais.

O setor de Flanges é responsável em produzir bronzinas flangeadas e toda a produção

é direcionada ao mercado de reposição, pois não se usa mais essa tecnologia nos motores

atuais.

3.2 Processos Produção II - Bronzinas

O processo de fabricação será explicado de forma detalhada, pois esta informação será

necessária para o entendimento da proposta.

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35

A ferramentaria é responsável pelo processo de transformação. A matéria-prima chega

ao processo em rolo e é encaminhada para a prensa. A prensa executa o processo de corte e

curvamento. As bronzinas, em estado bruto são encaminhadas para a chanfradeira, passam

pela prensa de estampar ressalto, pela brochadeira, e por fim, pela embalagem.

Figura 5 – Blank no Processo de Estampar

Fonte: Arquivo da empresa

A prensa é uma máquina especial de esforço mecânico, na qual são montadas

ferramentas (estampos) especiais e específicos para cada tipo de peça. Nesta operação, a

prensa executa o corte na tira e carimbo.

A operação de cortar e carimbar são de precisão, pois depende dela o sucesso das

operações subseqüentes, sendo ela a responsável por separar da tira o blank (peça estampada e

carimbada) onde as medidas de comprimento, largura e posição do carimbo devem estar

dentro do campo de tolerância especificados nas fichas de controle, além de averiguar a

dureza, espessuras de aço e liga que compõem a peça.

Esta operação é realizada em prensas excêntricas de 250 a 500 toneladas de carga.

No processo “curvar sucessivo” a chapa é cortada em segmentos, formando os blanks,

numa máquina e depois estes são curvados numa outra máquina. Já no processo “curvar

progressivo” a chapa é cortada e curvada numa mesma máquina.

O ferramental utilizado no processo, sucessivo é mais simples e barato que o utilizado

para o processo progressivo. Em termos de produtividade o processo convencional também é

inferior do progressivo.

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3.2.1 Chanfradeira

Chanfradeira é uma máquina especial para usinar as faces laterais das bronzinas, além

de chanfrar o diâmetro interno e externo das mesmas. A usinagem das faces laterais da

bronzina se torna necessário para que a largura fique dentro das especificações do desenho e

também para obter uma perfeita perpendicularidade entre face e diâmetro externo com a

finalidade de conseguir uma perfeita montagem no motor.

Os chanfros são necessários para um perfeito assentamento da peça de alojamento e

também para evitar o contato com o raio do eixo virabrequim. Consiste no faceamento dos

laterais da bronzina e na usinagem dos chanfros, atingindo-se assim a especificação final da

largura e a eliminação dos cantos vivos ao longo do raio da bronzina, tanto na superfície

extrema (aço) quanto na interna (liga).

Figura 6 – Representação das ferramentas na face da bronzina

Fonte: Arquivo da empresa

3.2.2 Quebrar Cantos

Esta operação é feita através de fresas, destinada a eliminar os cantos vivos, formados

no corte de blank, na região entre o encosto e a lateral da bronzina.

Figura 7 – Representação da ferramenta no Quebra Canto da Bronzina

Fonte: Arquivo da empresa

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3.2.3 Estampar Ressalto/Rebaixo

A prensa de estampar ressalto/rebaixo e furo é uma máquina especial de esforço

mecânico, colocada na posição inclinada para facilitar a saída das peças, na qual são montadas

os conjuntos de estampos especiais e específicos para cada tipo de peça.

Figura 8 – Representação do Estampa Ressalto/Rebaixo

Fonte: Arquivo da empresa

O ressalto é essencial devido ser através dele que garante a localização axial e radial

da bronzina no alojamento do mancal e também ajuda a fixar a mesma, não permitindo que

esta gire danificando o motor. Realizado numa prensa, de 50 toneladas de carga, esta operação

destina-se a formação do ressalto.

3.2.4 Estampar e Escarear Furo

A operação de estampar furo é feita em uma prensa inclinada para facilitar a saída das

peças na qual é montada um conjunto de ferramentas especiais e específicas para cada tipo de

peça, sendo que, o escareado é feito em seqüência também com ferramentas especiais.

Figura 9 – Representação do Escareador

Fonte: Arquivo da empresa

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O furo na bronzina é necessário, porque é através dele que se faz a lubrificação na

região das bronzinas para evitar engripamento do eixo, e com isso, garantir o perfeito

funcionamento e a durabilidade do motor. Também realizada numa prensa de 50 toneladas de

carga, esta operação, destina-se a execução de um ou mais furos.

3.2.5 Fresar Canal de Óleo

Esta operação é realizada em uma concepção de fresadora, onde por sistema de um

eixo excêntrico transmite-se movimento translativo a fresa cilíndrica, além do movimento

rotativo dado pelo motor elétrico.

Figura 10 – Representação do Canal de Óleo

Fonte: Arquivo da empresa

O movimento de avanço e retorno da mesa obedece a um sincronismo de determinado

pelo movimento translativo (em circulo) da ferramenta, ou seja, no momento do início da

fresagem , a mesa avança com a peça deixando-a firme por pressão aos encostos e no término

da fresagem a mesa retorna extraindo a peça usinada e a substituindo por outra através do

alimentador, vindo a executar o mesmo ciclo ao retorno da ferramenta ao ponto de início de

fresagem.

A operação de fresar canal de óleo é de precisão, pois depende dela a obtenção das

medidas finais de posição e profundidade do canal de óleo dentro dos campos de tolerância

especificados nas fichas de controle. Realizado numa fresadora adaptada a usinagem de

bronzina, esta operação executa o canal de óleo.

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3.2.6 Brochadeira (Brochar)

A operação de Brochadeira consiste em corrigir as irregularidades superficiais e

dimensionais dos encostos provenientes das operações anteriormente realizadas. A operação

de brochar encosto é de precisão, pois depende dela a uniformização da face de encosto das

flanges, o acabamento e a obtenção das medidas dentro do campo de tolerância especificados

nas fichas de controle. Esta operação visa dar o acabamento e atingir a especificação correta

da altura de encosto.

Figura 11 – Representação da Brocha na face da Bronzina

Fonte: Arquivo da empresa

3.2.7 Aerobore (Mandrilhar)

A operação da aerobore consiste em corrigir as imperfeições deixadas pelas operações

anteriores, com a utilização de ferramentas específicas, levando em consideração, neste caso,

as dimensões do diâmetro interno, altura de encosto, comprimento e espessura da saída.

Figura 12 – Representação do Mandrilhamento na Aerobore

Fonte: Arquivo da empresa

A operação de mandrilhar é de grade precisão, pois é proveniente dela a uniformidade

da parede i

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nterna, o grau de rugosidade, magnetismo e a obtenção das medidas dentro dos campos de

tolerância especificados nas fichas de controle. Responsável pelo acabamento final da

superfície interna da bronzina, esta operação remove um sobremetal de liga de

aproximadamente 0,2mm e garante uma precisão na espessura total da parede da ordem de

0,005mm.

3.3 Ferramentaria da Manutenção

A ferramentaria é responsável em prestar serviços para toda a fábrica, porém sua

maior demanda é proveniente da HD, LD e Flanges.

Como pode ser observado, no processo de produção das bronzinas são utilizadas

diversas ferramentas de corte e usinagem, sendo que estas precisam ser supervisionadas e

analisadas pelo departamento de ferramentaria.

Figura 13 – Fluxograma atual da movimentação de ferramentas na fábrica.

Fonte: Os autores

Ferramentaria

Ferramenta Afiada?

Produção Almoxarifado de Ferramentas

Sim

Não

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No processo atual todas as ferramentas ficam disponíveis no almoxarifado de

ferramentas. As ferramentas são encaminhadas para o almoxarifado e o profissional avalia a

necessidade de reafiação da mesma. Caso haja necessidade, o profissional preenche uma

solicitação simples, em duas vias e encaminha para a ferramentaria, caso contrário, esta é

armazenada no almoxarifado. Esse profissional também é responsável em separar as

ferramentas que entrarão na produção com o auxilio da ficha de processo que fica disponível

no arquivo físico local.

Cada setor tem um abastecedor de ferramentas e esse profissional também pode

solicitar serviços diretamente a ferramentaria, porem deve preencher a solicitação disponível

no setor.

3.3.1 O estado atual

O setor vem sofrendo mudanças nos últimos anos devido à competitividade acirrada

entre as indústrias de autopeças e as exigências das montadoras com relação a custos dos

produtos oferecidos, sendo que, a redução no quadro de profissionais e terceirização de alguns

serviços pode ser dada como exemplo.

Como conseqüência a ferramentaria ficou desorganizada no que diz respeito ao

esforço de trabalho aplicado pelos profissionais, isto é, somente sabem da prioridade de uma

ferramenta quando o processo de produção está praticamente parado ou quando um cliente diz

que tal serviço deve ser executado com prioridade. Não existe um processo que determine,

por si só, se o serviço é prioritário ou não.

Muitos serviços são executados e ficam um longo período no almoxarifado de

ferramentas aguardando seu uso. Ferramentas ficam muito tempo no processo aguardando por

reafiação, acumulando-se sobre as bancadas. Esses fatores caracterizam desperdício de tempo

e de ferramentas no processo.

A figura 14 mostra a demanda que cada setor proporciona à ferramentaria, segundo

estatística dos meses de maio, junho e julho de 2006.

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42

Demanda de serviços

HD35%

FLANGES23%LD

42%

Figura 14 – Demanda dos Serviços da Ferramentaria

Fonte: Arquivo da empresa

Observa-se que a maioria dos profissionais está capacitada a exercer várias funções,

isto é, são multifuncionais e essa característica é de extrema importância para a realização dos

tipos de serviços que a ferramentaria executa e, principalmente, estudar uma possibilidade de

modificar o processo de reafiação.

Tabela 1 – Análise de Competências da Ferramentaria

Competências 1º Turno 2º Turno 3º Turno

Profissionais 9 7 3

Retificador Universal 1 1 1

Retificador Plana e Cil. Interna 3 3 1

Fresador Convencional 2 1 2

Fresador CNC 1 1 1

Torneiro Mecânico 2 1 1

Operador de Eletroerosão 1 0 1

Afiador de Brocas 3 1 1

Afiador de Facas 3 2 1

Afiador de Bits 3 2 2

Afiador de Fresas 2 1 2

Afiador de Diamantes 1 1 0

Afiador para Ressaltos 2 1 1

Fonte: Os autores

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Pode-se verificar que os recursos operacionais são satisfatórios, se comparados com a

quantidade de funcionários em cada turno de trabalho. Assim, com o objetivo de analisar as

competências dos profissionais de cada turno, a tabela 1 demonstra a quantidade de

funcionários e as habilidades dos mesmos distribuídos pela demanda técnica da ferramentaria.

Já no que se refere ao esforço operacional da ferramentaria pode-se analisar a situação

atual conforme mostra a figura 15.

Atendimento em manutenção de ferramentas Esforço Operacional

Op. Bancada21%

Op. Retífica28%Op. Afiadora

Diamantes7%

Op. Afiadora29%

Op. Torno2%

Op. Fresa CNC / Convencional

13%

Figura 15 – Esforço Operacional da Ferramentaria

Fonte: Arquivo da empresa

Ao observar a figura 15, nota-se que a maior demanda operacional está concentrada na

bancada, afiadoras e retíficas, sendo que, a operação de bancada já possui um processo bem

definido e eficaz, com o acompanhamento de uma ficha técnica para cada estampo.

3.3.2 Controle de Fluxo de Ferramentas

Quando as ferramentas chegam a ferramentaria o processo que controla, ou que pelo

menos tenta controlar, os serviços é unificado, ou seja, qualquer ferramenta que entra na

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ferramentaria, independente de onde, é registrada no painel denominado, erroneamente,

Kanban de serviços de ferramentas.

A figura 16 apresenta a imagem do quadro implantado no ano de 2006, com o objetivo

de controlar as ferramentas que tramitam pela ferramentaria. Para tanto, a ferramenta chega

acompanhada de uma solicitação em duas vias, uma via fica no quadro, enquanto a outra via

acompanha a peça por onde ela estiver.

Figura 16 – Foto do quadro de Controle do Fluxo de Ferramentas

Fonte: Os autores

3.3.3 Análise da situação

Como já citado, a Ferramentaria enfrenta hoje algumas dificuldades para iniciar o

estudo de uma proposta de melhoria. Para tanto, foi feito um diagrama de causa e efeito para

que se identificasse onde implantar esta proposta, no qual verá mais adiante.

Das muitas ferramentas que a ferramentaria retrabalha foram selecionadas as que mais

causam problemas no processo de reafiação e que representam a maior demanda, como

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brochas ou facas e fresas (Anexo 1), bits e facas de chanfro (Anexo 2), punções de estampar

furos e punções de estampar ressalto (Anexo 3), triz de ressalto e matrizes – superior e

inferior (Anexo 4).

A tabela 2 demonstra os principais problemas que os produtos apresentam.

Tabela 2 – Análise dos problemas apresentados pela família de ferramentas

Família Qtde Itens

Esforço Técnico/

Operacional Execução Atual Problemas Identificados

Fresa 315 1- Afiatriz

Afiam-se as fresas que ficam acumuladas na afiatriz e as que forem solicitadas pelo almoxarifado de ferramentas ou pelos abastecedores.

� Excesso de peças no processo � Tarefa mal definida � Falha no abastecimento � Estoque mal definido � Média rotatividade

Bits

195

1- Afiatriz

Afiam-se os bits que ficam acumuladas na afiatriz e os que forem solicitados pelo almoxarifado de ferramentas ou pelos abastecedores.

� Excesso de peças no processo � Tarefa mal definida � Falha no abastecimento � Estoque mal definido � alta rotatividade

Punção de estampar

furo

375

1- Afiatriz 2- Retífica Plana

Aguarda-se juntar uma boa quantidade de punções para reafiá-los ou quando há uma situação crítica na produção.

� Excesso de peças no processo � Tarefa mal definida � Estoque mal definido � Baixa rotatividade

Matriz de ressalto

1058

1- Bancada 2- Centro de Usinagem 3- Retífica Plana 4- Retífica Cilíndrica 5- Afiatriz

Dá-se início ao processo de reafiação assim que a matriz chega ao setor.

� Matrizes espalhadas pelo setor

� Tarefas mal definidas � Descontrole no processo � Matrizes paradas no processo � Média rotatividade

Punção de estampar ressalto

360

1- Afiatriz 2- Retífica

Aguarda-se juntar uma boa quantidade de punções para reafiá-los ou quando há uma situação crítica na produção.

� Excesso de peças no processo � Tarefa mal definida � Estoque mal definido � Baixa rotatividade

Faca de chanfro

20

1- Retífica Aguarda-se juntar uma boa quantidade de facas para reafiá-los ou quando há uma situação crítica na produção.

� Excesso de peças no processo � Tarefa mal definida � Estoque mal definido � Baixa rotatividade

Brochas / Facas

62

1- Afiatriz Maior problema da reafiação. Afiam-se itens definidos de brochas para ficarem disponíveis no almoxarifado enquanto outros itens aguardam reafiação.

� Excesso de peças no processo � Tarefa mal definida � Falha no abastecimento � Estoque mal definido � Média/Alta rotatividade

Matriz de estampo Sup/Inf

760

1- Retífica Cilíndrica 2- Retífica Plana

Demanda de retrabalho com alta criticidade por se tratar ferramenta de prensa. Existe muita quantidade em estoque para satisfazer a demanda.

� Excesso de peças � Tarefa mal definida � Estoque mal

definido/distribuido � Alta rotatividade

Fonte: Os autores

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Vale mencionar que as brochas ou facas são responsáveis em acertar as bases das

bronzinas. Elas são usadas, principalmente nas máquinas chamadas brochadeiras que são

encontradas nos três principais clientes da ferramentaria. A ferramentaria não comporta a

demanda de facas que a fábrica necessitada, conseqüentemente as ferramentas se acumulam

nas bancadas, empresas externas são contratadas e reclamações são constantes vindas de todos

os setores. Já as fresas são responsáveis em fazer canais de lubrificação nas bronzinas e são

usadas em todos os setores da área fabril.

Através da análise do layout da ferramentaria de manutenção e almoxarifado de

ferramentas, conforme mostra no Anexo 5, foi feita uma demonstração da família de produtos

estudada, conforme mostra a tabela 3. Destaca-se que os produtos estão mostrados em anexo,

junto com as ferramentas, ou seja, matrizes superior e inferior e afiatriz (Anexo 6), retífica

plana e cilíndrica (Anexo 7).

Tabela 3 – Família de Produtos

Máquinas

Ferramentas Afiatriz Retífica

Plana

Bancada Centro de

Usinagem

Retífica

Cilíndria

Família

Fresa X 1

Bits X 1

Punção de

estampar furo

X X 2

Punção de

estampar

ressalto

X

X

2

Faca de

chanfro

X 3

Brochas/Facas X 1

Matriz

Sup/Inf

X X 3

Matriz de

ressalto

X X X X X 3

Fonte: Os autores

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47

4 PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO DA MANUFATURA ENXUTA NO SETOR DE

FERRAMENTARIA

Por meio das informações aqui relacionadas com relação ao que diz a literatura sobre a

manufatura enxuta verifica-se que, com sua inserção veio acrescentar em qualidade e

produtividade em todo mundo, seja ele produtivo ou de serviços.

Graças à desenfreada procura em satisfazer cada vez mais exigente o mercado

consumidor, o mundo todo ganhou com as mudanças nos sistemas produtivos, tornando os

bens manufaturados mais acessíveis a vários níveis de clientes.

Para tanto, a manufatura enxuta tem comprovado que qualquer empresa pode

implementar a eficiência da produção, principalmente com a redução dos desperdícios, baixos

níveis de estoques e melhoria das técnicas de produção, pois certamente vem permitindo às

empresas sobreviverem em períodos de baixo crescimento, originando assim uma nova idéia

de melhoria contínua.

Desta forma, ao verificar os problemas apresentados pela empresa Mahle Metal Leve

nota-se que realmente existe uma grande dificuldade dos gestores em definir um sistema

confiável e com processos bem definidos para as áreas de apoio dessa empresa,

principalmente por ser uma indústria de autopeças.

Ficou demonstrado que as áreas de apoio dessa empresa, em especial, não conseguem

atender com absoluto controle e eficácia os serviços executados para a produção,

principalmente, as que demandam de maior especialidade e tempo, como a ferramentaria de

manutenção.

Notou-se que este problema ocorre devido à falta de uma metodologia dos processos

na prestação dos serviços, pois não existe um estudo de demanda para que se possa elaborar

um planejamento de acordo com as ocorrências incorridas, ou mesmo, não existe também um

histórico para auxiliar a elaboração de uma demanda programada. Enfim, percebeu-se que,

todos os serviços são executados de acordo com que eles aparecem.

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48

Como é sabido, devido às áreas de apoio ser setores que prestam serviços a vários

outros setores do departamento industrial, deveriam existir em cada departamento

determinados processos que possam ir de encontro a seus interesses e dos objetivos da

organização, convergindo assim, tais processos entre si.

Assim sendo, com a proposta da manufatura enxuta o objetivo é fazer com que as

áreas de apoio sejam perfeitamente formatadas, conforme as necessidades de cada cliente, no

que diz respeito aos seus processos, aquisição, distribuição e controle dos recursos.

Como verificado, apesar da ferramentaria da Mahle ser responsável em prestar

serviços para toda a fábrica, sua maior demanda é proveniente da HD, LD e Flanges.

Nota-se que esse setor sofre a cada dia alterações em vista da competitividade acirrada

entre as indústrias de autopeças e também proveniente das exigências das montadoras com

relação a custos dos produtos oferecidos.

Como demonstrado isso tem levado o setor de ferramentaria ficar desorganizado

quanto ao esforço de trabalho aplicado por seus profissionais, pois somente tomam

conhecimento da ferramenta que deveria ser a prioridade quando o processo de produção para

ou quando um cliente solicita determinado produto e verificam que ele não se encontra no

estoque.

Observa-se que muitas ferramentas ficam aguardando no almoxarifado o processo de

reafiação, acumulando-se sobre as bancadas, causando assim um sério desperdício de tempo e

de ferramentas no processo.

O que se notou também, que é um ponto a favor para a empresa é a profissionalização

de cada funcionário que é considerada muito boa e, também que, os recursos operacionais são

satisfatórios para a implantação da manufatura enxuta, sendo necessário apenas um

treinamento mais adequado, de acordo com as necessidades do processo a ser implementado.

Como comentado, a Mahle Metal Leve presta serviços em ferramentas de prensas e de

máquinas operatrizes. Desta forma, a figura 17 mostra como o fluxo de processo foi

mapeado.

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Assim, ressalta-se que inicialmente foi identificada a área a ser estudada, em seguida

foi feito o mapeamento do fluxo de processo identificando os principais problemas, conforme

mostrou a tabela 2, que mostrou a análise dos problemas apresentados pela família de

ferramentas.

De acordo com Martins (1999), uma família é um grupo de produtos que passa por

etapas semelhantes de processamento e utiliza equipamentos comuns nos processos.

Para tanto, foram detectados os principais problemas, como:

� gargalo na entrada das solicitações;

� controle ineficiente e ineficaz no trâmite das solicitações;

� confusa definição quanto aos objetivos a serem alcançados;

� dificuldade de liderar a equipe;

� dificuldade em obter dados de controle/

� distorção dos indicadores relacionados à produtividade e custo;

� metas mal definidas;

� ambiente poluído;

� atraso na entrega das ferramentas;

� clima desfavorável entre os colaboradores.

Através desse mapeamento pode ser detectado também o local onde o estoque se

acumula. Sendo que, o acúmulo ocorre nas bancadas, causando assim um sério desperdício de

tempo e de ferramentas nesse processo.

Um outro ponto importante que se notou foi no mapeamento do fluxo de informações,

que conforme se viu na figura 16, que mostra o Quadro de Controle do Fluxo de Ferramentas,

é um quadro utilizado de forma errada, apesar de dizer que é Kanban – Serviços de

Ferramentas está organizado erroneamente, dificultando todo esse processo.

Como é sabido, existem alguns passos importantes que devem ser dados para que se

analise o estado atual da empresa. Um deles inclui os processos e ferramentas para a obtenção

de um entendimento abrangente da questão "onde nós estamos agora?".

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O primeiro passo nesta etapa é a definição da estrutura de negócios da organização, ou

seja, é preciso representar o estado atual da organização, relacionando os processos internos

de negócio, a visão da organização, promovendo assim a clarificação, desenvolvimento,

comunicação e consensualização da burning platform na organização, a formalização da

visão, a definição dos objetivos estratégicos e a definição do sistema organizacional,

composto pelo conjunto dos processos gerenciais, operacionais e de suporte que serão

envolvidos na mudança.

Então, diversas ferramentas podem ser utilizadas com este intuito, ou seja, para que

seja efetuado um diagnóstico do levantamento de problemas. E, neste caso, os autores deste

estudo, em comum acordo sobre o problema que acreditavam que a empresa apresenta

escolheram a ferramenta gráfica diagrama de causa e efeito de Ishikawa, certos de que,

analisando a literatura é uma técnica utilizada justamente para resolver problemas, pois

possibilita analisar os problemas complexos que parecem ter muitas causas inter-relacionadas.

Martins (1999) também acrescenta que é uma ferramenta muito utilizada em

ambientes organizacionais quando se pretende localizar causas de dispersão de qualidade no

produto e no processo de produção, como foi o caso da Mahle Metal Leve, que apresenta

problemas no setor de ferramentaria. Sem contar que, é uma ferramenta que explora mais o

lado da percepção que cada indivíduo tem da organização e de seus problemas.

Deste modo, o objetivo da utilização dessa ferramenta foi utilizá-la como um

instrumento que ajudasse a analisar os fatores que determinariam os resultados que os autores

pretendiam obter, como: processo, desempenho, oportunidade e, diagnosticar as causas de

problemas que a empresa precisa evitar, que são os defeitos, as falhas, a variabilidade.

A figura 18 mostra o diagrama de causa e efeito projetado para a empresa em questão.

Sendo assim, por meio da utilização dessa ferramenta, pode-se detectar onde o projeto

de melhoria deveria ser implantado. Sendo que, ainda seria necessário realizar uma análise da

situação atual da empresa, ou seja, traçar um panorama correto de como a empresa,

especificamente o setor de Ferramentaria se encontrava.

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53

Desta forma, escolheu-se uma outra ferramenta, a partir desses dados, acreditando que

seria útil para que pudesse se chegar ao estado atual, de fato, que é a ferramenta de

Mapeamento da Linha de Valor, geralmente utilizada num contexto como este, mais amplo,

onde pode ser estabelecido também um outro procedimento de análise e diagnóstico da

situação atual do processo, confirmando o que o diagrama de causa e efeito de Ishikawa

mostrou.

A partir daí, verificou-se que, a utilização desta ferramenta poderia ser fundamental

para guiar a definição das iniciativas a serem tomadas e das ações de melhoria a serem

sugeridas.

Então, para que se pudesse compreender como foi realizado o Mapeamento da Linha

de Valor é demonstrado como esta ferramenta deve ser utilizada.

TransMeth (2006) esclarece que esta ferramenta é aplicada para obter uma visão não

aprofundada da operação da organização. No entanto, esta visão é suficiente, em muitos casos

para entender essas operações dos processos, sendo esta, basicamente uma ferramenta de

comunicação, que deve ser também divulgada no painel de comunicação do processo de

transformação, garantindo visibilidade do escopo e fronteiras deste processo.

Destaca-se ainda que, muitas metodologias utilizadas são genéricas, pois ajudam a

definir toda a infra-estrutura necessária ao processo de mudança e quais os tipos de ações de

integração, ou projetos específicos que uma empresa deve adotar. Entretanto, nos casos que

envolvem empresas de manufatura, que é o caso da Mahle Metal leve, existe uma linha de

ação específica para transformação dos processos de produção conhecida como Lean

Production, que, conforme mencionou a literatura aqui estudada, é uma visão muito similar

ao conceito de JIT, com a diferença que ela introduz novas ferramentas, que trabalham

integradas ao elenco tradicional de ferramentas do JIT.

Assim sendo, uma ferramenta bastante interessante introduzida pela Lean Production

é a de Mapeamento da Linha de Valor (Value Stream Mapping), introduzida por Mike Rother

e John Shook, que, segundo os autores, é um método de modelagem de empresas com um

procedimento para construção de cenários de manufatura, pois esta modelagem leva em

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54

consideração tanto o fluxo de materiais como o fluxo de informações e ajuda bastante no

processo de visualização da situação atual e na construção da situação futura.

Conforme Rother e Shook (1999), a linha de valor é o conjunto de todas as atividades

que ocorrem desde a obtenção da matéria prima até a entrega ao consumidor do produto final,

podendo incluir todo o fluxo de um sistema produtivo, desde a entrada de material na fábrica

até a entrega do produto final, até atividades de fornecedores e distribuidores, e em alguns

casos o desenvolvimento de produtos.

Esta técnica apresenta um conjunto de ícones a serem utilizados na modelagem.

Outros ícones específicos podem ser ainda criados e incluídos pela equipe, para representar

detalhes de situações peculiares ao processo. Desta forma, a figura 19 exemplifica alguns

destes ícones pré-definidos para a técnica de Mapeamento da Linha de Valor.

Figura 19 – Técnica de Mapeamento de Valor

Fonte: TransMeth (2006).

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55

Percebe-se que, nesta técnica o processo é modelado no sentido inverso ao fluxo, a

partir da entrega do produto ao cliente e indo à direção dos fornecedores, mostrando um

retrato instantâneo da situação atual de produção.

Devido ela ser orientada para o trabalho em grupo tem o objetivo de auxiliar a

visualização de todo o ciclo produtivo, identificando os desperdícios e suas causas, criando

um mecanismo de comunicação a respeito dos processos de manufatura e ao mesmo tempo,

permitindo a definição de melhorias a serem realizadas. Para tanto, permite a identificação

não só do fluxo de materiais, mas também o fluxo de informações necessárias à produção.

Como nesta técnica os processos são representados em caixas de dados proporciona

identificar os processos e suas características, mostrando também o fluxo entre fornecedores e

clientes. Sem contra que, a representação desse processo permite também a indicação do lead-

time, através de uma linha de tempo, que mostra o tempo aplicado nas atividades que agregam

valor e o tempo desperdiçado em atividades e esperas, que não agregam valor à produção.

O método permite ainda a representação da cadeia mais completa, mostrando a cadeia

de suprimentos e os processos de distribuição integrados ao processo de manufatura.

Então, aplicando-se essa técnica, proporcionou que enxergássemos alguns dados

importantes, levando-nos a detectar o verdadeiro estado atual da empresa, pois:

� não há fluxo contínuo de material;

� há fluxo de pessoas (operador não fica preso a máquina);

� o volume de serviço é instável;

� não há um processo definido para o serviço;

� não se trabalha no “tart time”;

� há excesso de produtos no processo;

� muitos serviços são enviados para terceiros.

Assim, analisando-se a figura 19 pode-se verificar o estado atual da empresa.

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56

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57

Em vista de todas as informações adquiridas e das análises elaboradas foi possível

enxergar a necessidade de mudanças e da importância da manufatura enxuta na empresa

Mahle Metal Leve com o intuito de se eliminar os desperdícios que até então, a empresa vem

apresentando, bem como inúmeros outros problemas que foram detectados, que estão aqui

mencionados, sendo que, este mapeamento trouxe a oportunidade de alinhar as atividades da

melhor forma, no sentido de se obter uma empresa mais flexível e capaz de responder

efetivamente às necessidades dos clientes.

Verificou-se que, para a Manufatura Enxuta ser bem sucedida na empresa em questão,

um dos mais importantes de seus princípios foi a realização do mapeamento da cadeia de

valor que proporcionou a obtenção de transparência e visibilidade de seu fluxo e fazer com

que pudesse ter sido exposto seus reais desperdícios.

Para os autores, ficou claro que este princípio é de fundamental importância se uma

empresa tem como objetivo que a gestão da cadeia de suprimentos ocorra eficientemente, pois

certamente viabiliza a redução de desperdícios no setor estudado.

Constata-se ainda que, a manufatura enxuta pode trazer uma série de benefícios para a

Mahel Metal Leve, principalmente se colocar em prática tudo o que está sendo proposto, ou

seja, o setor de Ferramentaria passará a ter:

� um fluxo contínuo de material;

� não haverá mais um fluxo desnecessário de pessoas;

� o volume do serviço passará a ser estável;

� haverá processos que serão definidos para determinados serviços;

� não mais haverá o excesso de produtos no processo;

� muitos dos serviços não mais serão enviados a terceiros.

Sem contar que, o processo de reafiação será integrado, havendo assim um melhor

gerenciamento do mesmo, o trabalho será organizado em equipes, com poucos níveis

hierárquicos, pois proporcionará equipes polivalentes dedicadas à eliminação de atividades

que não agregam valor, e o mais importante ocorrerá a integração de todos nesse processo.

Então, em posse de tudo o que foi verificado obteve-se o estado futuro, mostrado na figura 20.

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59

Para tanto, elaborou-se um cronograma no sentido de se determinar as datas para a

previsão da implementação desse projeto de melhoria até seu término, com a remoção dos

problemas, conforme visto na tabela 4.

Tabela 4 – Cronograma de implementação do Projeto de Melhoria

TAREFA Medida Resp. Mar/07 Abr/07 Mai/07 Jun/07 Avaliação Revisão Treinamento introdutório

Processo piloto

Treinamento abastecedores

Supermercado Produto Acabado

Kanban de Sinalização

Puxada Seqüenciada

Programação “vá ver”

Reposição de peças

Remoção dos problemas

Fonte: Os autores

Por último, menciona-se os indicadores, conforme demonstrado na tabela 5.

Tabela 5 - Indicadores

LEAD TIME REAFIAÇÃO ESTOQUE EM PROCESSO

ATUAL 7,03 240

META 2,33 2

Fonte: Os autores

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5 CONCLUSÃO

Ao analisar o que diz a literatura abordada neste estudo, conclui-se que a

implementação dos conceitos de manufatura enxuta em uma empresa representa inúmeros

benefícios e melhorias para a mesma, podendo ser assim uma forma de garantir a

sobrevivência e competitividade dessa empresa no cenário atual dos negócios extremamente

competitivos e globalizados.

Espera-se que com este trabalho tenha ficado claro que a implementação do modelo de

manufatura enxuta não é simplesmente um modelo diferenciado de produção, e sim, uma

mudança significativa em toda a cultura de uma organização, principalmente se esta for

aplicada de maneira consistente, pois certamente só haverá resultados positivos se essa cultura

for entendida e aceita pelas pessoas responsáveis por sua disseminação.

No entanto, deve-se ressaltar que, cada empresa deverá adotar o processo de acordo

com suas necessidades, adaptando-o de forma a atingir os objetivos da empresa.

O que se sugere é que cada empresa que for aderir à manufatura enxuta busque na

literatura existente sobre o tema o respaldo teórico, pois é ele quem possibilitará saber quais

os passos corretos a serem seguidos, proporcionando assim que, possa eliminar e prevenir os

desperdícios, através da análise das diferentes plantas existentes, conhecendo aquela que mais

está de acordo com as necessidades e problemas de sua empresa, pois somente assim poderá

obter os resultados esperados.

Então, espera-se que tenha ficado claro que através da proposta para implantação de

manufatura enxuta no departamento de Ferramentaria da empresa Mahle Metal Leve pode-se

haver a eliminação do desperdício, que como visto tem consumido recursos e não tem

adicionado valor.

Para tanto, é importante que todas essas ações sugeridas sejam tomadas pensando

realmente de forma enxuta. Certamente, os processos tornar-se-ão mais ágeis e as operações

mais competitivas.

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ANEXO 1

Brochas ou facas

Fresas

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ANEXO 2

Bits

Faca de chanfro

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ANEXO 3

Punções de estampar furos

Punções de estampar ressaltos

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ANEXO 4

Matriz de ressalto

Matrizes

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ANEXO 5

Layout da Ferramentaria de Manutenção e

Almoxarifado de Ferramentas

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ANEXO 6

Afiatriz

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ANEXO 7

Retífica plana

Retífica Cilíndrica interna