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1 FAGUNDES NETTO, E.B.; GAELZER, L.R.; CARVALHO, W.F.; COSTA, P.A.S., 2005. Prospecção de recursos demersais com armadilhas e pargueiras na região central da Zona Econômica Exclusiva entre Salvador-BA (13°S) e o Cabo de São Tomé-RJ (22°S). In: COSTA, P.A.S.; MARTINS, A.S.; OLAVO, G. (Eds.) Pesca e potenciais de exploração de recursos vivos na região central da Zona Econômica Exclusiva brasileira. Rio de Janeiro: Museu Nacional. p.129-143 (Série Livros n.13). PROSPECÇÃO DE RECURSOS DEMERSAIS COM ARMADILHAS E PARGUEIRAS NA REGIÃO CENTRAL DA ZONA ECONÔMICA EXCLUSIVA ENTRE SALVADOR-BA (13°S) E O CABO DE SÃO TOMÉ-RJ (22°S) 1 EDUARDO BARROS FAGUNDES NETTO, LUIZ RICARDO GAELZER, WANDERSON FERNANDES CARVALHO & PAULO A. S. COSTA RESUMO: Quatro operações de pesca foram realizadas entre Salvador (13°S) e o Cabo de São Tomé (22°S) a bordo do “Av.Pq.Oc.Diadorim” entre outubro de 2000 e novembro de 2001, como parte das pesquisas do Programa REVIZEE no SCORE Central, objetivando inventariar, identificar recursos e avaliar seus potenciais de captura. Foram realizadas 48 estações de pesca constituídas pelo lançamento de duas linhas principais independentes de armadilhas, sendo um conjunto com 04 retangulares, outro com 06 circulares e três pargueiras contendo 30 anzóis cada uma. O tempo de imersão das armadilhas variou de 12 a 24h e o das pargueiras, de 3 a 5h. As estações foram plotadas a partir de perfis perpendiculares à costa entre as isóbatas de 100 e 1.000 m, distantes cerca de 20 milhas náuticas entre si. Foram capturadas 26 espécies, sendo 08 de crustáceos, 01 de mixinídeo, 04 de elasmobrânquios e 13 de teleósteos, totalizando 7.617 exemplares. As capturas renderam um peso total de 1.728 kg, sendo compostas por 41,1% do caranguejo-de-profundidade (Chaceon ramosae), 27,9% de Isopoda (Bathynomus spp.), 23,1% de peixes ósseos, 6,8% de elasmobrânquios e 0,9% de outros crustáceos. Dentre os teleósteos capturados, Urophycis mystacea foi a espécie mais abundante, representando 63,1% seguida pelo batata, Lopholatilus villarii, com 19,8%. Os elasmobrânquios foram representados por quatro espécies de cações, sendo Squalus cubensis a mais abundante, representando 77,6% seguida por Scyliorhinus haeckelii. A distribuição das capturas demonstrou que os rendimentos na área ao sul do banco dos Abrolhos foram 80,4% superiores do que na área ao norte, independente do modelo de armadilha empregado. De um total de 265 peixes, 39,2% foram capturados na área norte e 60,8% na área sul. Em peso, os valores encontrados na área sul do banco de Abrolhos foram 54,8% mais elevados, como resultado das capturas de Scyliorhinus haeckelii, Lopholatilus villarii e principalmente de Urophycis mystacea. A ocorrência de Chaceon ramosae em 87,5% das estações ratificou sua presença na costa central, principalmente ao sul do banco dos Abrolhos onde apresentou rendimentos entre 0,16 e 0,18 kg/arm.h. Os resultados obtidos indicam uma diminuição nas capturas do sul (22°S) para o norte (13°S), sugerindo que os estoques na área do SCORE Central não suportariam as pressões exercidas por embarcações de pesca da frota comercial. PALAVRAS-CHAVE: armadilhas, pargueiras, recursos demersais, ZEE, caranguejo-de-profundidade. ABSTRACT: Demersal resources surveys using vertical longlines and traps between Salvador-BA (13°S) and Cabo de São Tomé-RJ (22°S) – Brazilian exclusive economic zone – central area (Revizee) Four fishery surveys were carried out aboard “Av.Pq.Oc.Diadorim”, between Salvador (13°S) and Cabo de São Tomé (22°S) under different periods from October 2000 to November 2001, as part of REVIZEE research program activities. The main objectives were to identify, quantify fishing ground and to bring out the stock evaluation of that region. The event occurred thanks to forty-eight fishing stations consisting of two main trap lines comprising four rectangular traps and six circular traps each one. Besides those, three small vertical longlines were also launched with thirty hooks each. Immersion periods varied from 12 to 24h for traps and 3 to 5h for vertical longlines. The stations were plotted in perpendicular transects between 100 and 1.000 m depth and 20 NM distant each other. Twenty-six species comprising eight of crustaceans, one Myxinidae, four elasmobranchs and thirteen teleosts totalizing 7.617 individuals caught weighted 1.728 kg. The captures in weight consisted of Chaceon ramosae (41,1%), Bathynomus spp. (27,9%), teleosts (23,1%), elasmobranchs (6,8%) and other crustaceans (0,9%). Among the teleost fishes caught, Urophycis mystacea was the most abundant one, representing 69,1% followed by Lopholatilus villarii with 19,8%. Four different species of elasmobranchs were caught; the most abundant specie was Squalus cubensis (77,6%) and Scyliorhinus retifer. The total catch distribution showed that best yields occurred Southern Abrolhos, being 80,4% higher than in the Northern, no matter the model of trap used. From 265 fishes captured, 39,2% were caught in the Northern area and 60,8% in the Southern. The higher values, about 54,8% found in South were superior than in North due to Scyliorhinus retifer, Lopholatilus villarii and chiefly to Urophycis mystacea catches. The occurrence of Chaceon ramosae in 87,5% stations sealed its presence in the Brazilian Central coast, specially Southern Abrolhos were it presented yields from 0,16 to 0,18 Kg/trap.h. The results showed that captures decreases from South (22°S) to North (18°S) suggesting that stocks in SCORE Central area should not support commercial fishing pressures. KEYWORDS: traps, vertical longlines, demersal resources, EEZ, deep sea crab.

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1 FAGUNDES NETTO, E.B.; GAELZER, L.R.; CARVALHO, W.F.; COSTA, P.A.S., 2005. Prospecção de recursos demersais com armadilhas epargueiras na região central da Zona Econômica Exclusiva entre Salvador-BA (13°S) e o Cabo de São Tomé-RJ (22°S). In: COSTA, P.A.S.;MARTINS, A.S.; OLAVO, G. (Eds.) Pesca e potenciais de exploração de recursos vivos na região central da Zona Econômica Exclusiva brasileira.Rio de Janeiro: Museu Nacional. p.129-143 (Série Livros n.13).

PROSPECÇÃO DE RECURSOS DEMERSAIS COM ARMADILHAS E PARGUEIRAS

NA REGIÃO CENTRAL DA ZONA ECONÔMICA EXCLUSIVA

ENTRE SALVADOR-BA (13°S) E O CABO DE SÃO TOMÉ-RJ (22°S)1

EDUARDO BARROS FAGUNDES NETTO, LUIZ RICARDO GAELZER,WANDERSON FERNANDES CARVALHO & PAULO A. S. COSTA

RESUMO: Quatro operações de pesca foram realizadas entre Salvador (13°S) e o Cabo de São Tomé (22°S) a bordo do“Av.Pq.Oc.Diadorim” entre outubro de 2000 e novembro de 2001, como parte das pesquisas do Programa REVIZEE no SCORECentral, objetivando inventariar, identificar recursos e avaliar seus potenciais de captura. Foram realizadas 48 estações de pescaconstituídas pelo lançamento de duas linhas principais independentes de armadilhas, sendo um conjunto com 04 retangulares,outro com 06 circulares e três pargueiras contendo 30 anzóis cada uma. O tempo de imersão das armadilhas variou de 12 a 24he o das pargueiras, de 3 a 5h. As estações foram plotadas a partir de perfis perpendiculares à costa entre as isóbatas de 100 e1.000 m, distantes cerca de 20 milhas náuticas entre si. Foram capturadas 26 espécies, sendo 08 de crustáceos, 01 de mixinídeo,04 de elasmobrânquios e 13 de teleósteos, totalizando 7.617 exemplares. As capturas renderam um peso total de 1.728 kg, sendocompostas por 41,1% do caranguejo-de-profundidade (Chaceon ramosae), 27,9% de Isopoda (Bathynomus spp.), 23,1% depeixes ósseos, 6,8% de elasmobrânquios e 0,9% de outros crustáceos. Dentre os teleósteos capturados, Urophycis mystacea foia espécie mais abundante, representando 63,1% seguida pelo batata, Lopholatilus villarii, com 19,8%. Os elasmobrânquiosforam representados por quatro espécies de cações, sendo Squalus cubensis a mais abundante, representando 77,6% seguidapor Scyliorhinus haeckelii. A distribuição das capturas demonstrou que os rendimentos na área ao sul do banco dos Abrolhosforam 80,4% superiores do que na área ao norte, independente do modelo de armadilha empregado. De um total de 265 peixes,39,2% foram capturados na área norte e 60,8% na área sul. Em peso, os valores encontrados na área sul do banco de Abrolhosforam 54,8% mais elevados, como resultado das capturas de Scyliorhinus haeckelii, Lopholatilus villarii e principalmente deUrophycis mystacea. A ocorrência de Chaceon ramosae em 87,5% das estações ratificou sua presença na costa central,principalmente ao sul do banco dos Abrolhos onde apresentou rendimentos entre 0,16 e 0,18 kg/arm.h. Os resultados obtidosindicam uma diminuição nas capturas do sul (22°S) para o norte (13°S), sugerindo que os estoques na área do SCORE Centralnão suportariam as pressões exercidas por embarcações de pesca da frota comercial.

PALAVRAS-CHAVE: armadilhas, pargueiras, recursos demersais, ZEE, caranguejo-de-profundidade.

ABSTRACT: Demersal resources surveys using vertical longlines and traps between Salvador-BA (13°S) and Cabo de SãoTomé-RJ (22°S) – Brazilian exclusive economic zone – central area (Revizee)

Four fishery surveys were carried out aboard “Av.Pq.Oc.Diadorim”, between Salvador (13°S) and Cabo de São Tomé(22°S) under different periods from October 2000 to November 2001, as part of REVIZEE research program activities. Themain objectives were to identify, quantify fishing ground and to bring out the stock evaluation of that region. The eventoccurred thanks to forty-eight fishing stations consisting of two main trap lines comprising four rectangular traps and sixcircular traps each one. Besides those, three small vertical longlines were also launched with thirty hooks each. Immersionperiods varied from 12 to 24h for traps and 3 to 5h for vertical longlines. The stations were plotted in perpendicular transectsbetween 100 and 1.000 m depth and 20 NM distant each other. Twenty-six species comprising eight of crustaceans, oneMyxinidae, four elasmobranchs and thirteen teleosts totalizing 7.617 individuals caught weighted 1.728 kg. The captures inweight consisted of Chaceon ramosae (41,1%), Bathynomus spp. (27,9%), teleosts (23,1%), elasmobranchs (6,8%) andother crustaceans (0,9%). Among the teleost fishes caught, Urophycis mystacea was the most abundant one, representing69,1% followed by Lopholatilus villarii with 19,8%. Four different species of elasmobranchs were caught; the most abundantspecie was Squalus cubensis (77,6%) and Scyliorhinus retifer. The total catch distribution showed that best yields occurredSouthern Abrolhos, being 80,4% higher than in the Northern, no matter the model of trap used. From 265 fishes captured,39,2% were caught in the Northern area and 60,8% in the Southern. The higher values, about 54,8% found in South weresuperior than in North due to Scyliorhinus retifer, Lopholatilus villarii and chiefly to Urophycis mystacea catches. Theoccurrence of Chaceon ramosae in 87,5% stations sealed its presence in the Brazilian Central coast, specially SouthernAbrolhos were it presented yields from 0,16 to 0,18 Kg/trap.h. The results showed that captures decreases from South(22°S) to North (18°S) suggesting that stocks in SCORE Central area should not support commercial fishing pressures.

KEYWORDS: traps, vertical longlines, demersal resources, EEZ, deep sea crab.

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130 E.B.FAGUNDES NETTO, L.R.GAELZER, W.F.CARVALHO & P.A.S.COSTA

INTRODUÇÃO

Dentre os trabalhos que descrevem a pesca de recursosdemersais sobre fundos irregulares na plataformacontinental e no talude superior, as artes de pescanormalmente empregadas são os espinhéis de fundo, asarmadilhas ou covos e os espinhéis verticais, tambémconhecidos como boinhas ou pargueiras.

Além das diferentes espécies de peixes capturadas comos apetrechos constituídos por anzol e linha e pelasarmadilhas, essas últimas são bastante eficientes nacaptura de crustáceos, destacando-se entre eles oscaranguejos da família Geryonidae.

Resultados de levantamentos realizados com espinhel defundo, armadilhas e pargueiras na região Sudeste-Sul,com a finalidade de contribuir para um aumento doconhecimento da ictiofauna, são apresentados porHaimovici et al. (2004) e pelos relatórios provenientesdos trabalhos de prospecção pesqueira do ProgramaREVIZEE (MMA, 1999).

A ictiofauna acompanhante das pescarias realizadas comarmadilhas, cujas espécies-alvo são os caranguejos-de-profundidade, foi descrita, por exemplo, por Perry et al.(1995) a partir dos resultados de pescarias realizadas nogolfo do México e no relatório do Programa REVIZEESCORE Sul (MMA, 1999).

Segundo Pezzuto et al. (2002), os caranguejos da famíliaGeryonidae são amplamente distribuídos em todo o mundo,sendo representados por três gêneros e 24 espécies, dentreelas Chaceon notialis (caranguejo-vermelho) e C. ramosae

(caranguejo-real), que vêm sendo alvos de estudos deavaliação da pescaria no sul do Brasil. Nessa região, Geryon

quinquedens é uma outra espécie capturada comercialmenteentre os paralelos 25ºS e 35ºS, sendo considerado comoum recurso compartilhado com o Uruguai (Lima & Branco,1991). A espécie foi citada pela primeira vez, para as águasda zona de pesca comum Argentino-Uruguaia do Atlânticosul ocidental, por Scelzo e Valentini em 1974 (Defeo et al.,1992), originando vários estudos na região, entre eles osrealizados por Silva (1985), Barea e Defeo (1986), Lima eBranco (1991) e Defeo et al. (1992).

A prospecção de recursos demersais empregando armadilhase pargueiras ou espinhéis verticais na área de abrangênciado Subcomitê Regional da Costa Central (SCORE Central),no âmbito do Programa de Avaliação do PotencialSustentável dos Recursos Vivos na Zona EconômicaExclusiva, foi realizada a partir de campanhas de pesquisaspesqueiras, tendo como objetivos principais levantar eidentificar novos recursos passíveis de explotação no futuro.

O levantamento com armadilhas e pargueiras teve comoalvo as espécies que vivem próximas ou sobre áreas comfundos irregulares e que, muitas vezes, com as tecnologiasde pesca tradicionalmente utilizadas, não podem seramostradas adequadamente.

De maneira geral, os resultados obtidos neste estudopermitiram ampliar os conhecimentos sobre as espécies quehabitam a região e a sua avaliação a partir da utilização deartes de pesca menos elaboradas e de menor custo econômico.

MATERIAL E MÉTODOS

A área de estudo abrangeu uma faixa de cerca de 1.000km de extensão compreendida entre as isóbatas de 100 e1.000 m de profundidade, dentro dos limites do SCORECentral, tendo ao norte a cidade de Salvador/BA (13°S)e ao sul o Cabo de São Tomé/RJ (22°S).

Para o conhecimento prévio da área, foi realizada umaoperação piloto entre o rio Doce (19°S) e o Cabo deSão Tomé (22°S), com o objetivo de realizar otreinamento da tripulação para as operações comarmadilhas e pargueiras e avaliar as condições detrabalho a bordo do “Av.Pq.Oc. Diadorim”.

Os procedimentos metodológicos utilizados na execuçãodeste trabalho seguiram os padrões mínimosmetodológicos para as pesquisas do Programa REVIZEE(MMA, 1994), objetivando padronizar a obtenção deresultados nas distintas regiões (Sul, Central, Nordeste eNorte) e por diferentes equipes de pesquisadores, sendopassíveis de adição, composição e consolidação. Assim,foram adotados os mesmos modelos de apetrechosutilizados na prospecção pesqueira com armadilhas epargueiras no SCORE Sul (MMA, 1999).

Durante este estudo, foram realizadas quatro operaçõespesqueiras a bordo do “Av.Pq.Oc. Diadorim” cobrindotoda a área do SCORE Central. As informações geraissobre as operações, como os períodos, o número deestações realizadas e a área de cobertura de cada umadelas, estão representadas na Tabela 1.

A localização das estações foi realizada a partir de umplanejamento prévio onde foram traçados, em cartasnáuticas (DHN nos 1.100, 1.200, 1.300 e 1.400), perfisperpendiculares à costa entre as isóbatas de 100 e 1.000m de profundidade, distantes cerca de 20 MN entre si.Para o posicionamento adequado da embarcação, antesde dar início aos procedimentos de lançamento dosapetrechos de pesca, foram utilizados um sistema digitalde posicionamento geográfico (GPS) FURUNO, modelo

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PROSPECÇÃO DE RECURSOS DEMERSAIS COM ARMADILHAS E PARGUEIRAS 131

GP-8000, uma ecossonda FURUNO, modelo FCV-552,50 kHz e uma ecossonda FURUNO gráfica, modelo FE-881 MK-II com transdutor de 28 kHz.

A Figura 1 apresenta a distribuição das 48 estações depesca realizadas ao longo da área, a partir doposicionamento geo-referenciado.

Cada estação foi constituída pelo lançamento de doisconjuntos de armadilhas com tempo de imersão variandode 12 a 24 horas e de três pargueiras ou espinhéis verticaiscom tempo de imersão variando de 3 a 5 horas.

Devido à proximidade entre os apetrechos, oposicionamento do conjunto de armadilhas retangularesfoi utilizado como referência para a apresentação dasinformações sobre as estações de pesca (Tabela 2).

Todos os organismos capturados foram separados porespécie, contados, ensacados e etiquetados com lacresplásticos, individualmente ou em pequenos lotes, sendoacondicionados em freezers (peixes e caranguejos) ouconservados em bombonas plásticas contendo álcool a70% (isópodes) para posterior análise em laboratório.

APETRECHOS DE PESCA

Armadilhas

Foram empregados dois tipos de armadilhas: um circulare o outro retangular. Esses apetrechos capturam as espéciespela atração por um determinado tipo de isca colocadaem pequenos sacos de rede presos no interior das mesmas.Os dois modelos se prestam para operações sobre fundoslisos e/ou irregulares, operando em profundidades variadase sendo utilizados para a captura de peixes demersais e,principalmente, crustáceos (lagostas e caranguejos).

As armadilhas foram construídas com armações de ferro,revestidas com panagens de rede de diferentes tamanhosde malha, conforme o modelo, e iscadas com bonito-pintado (Euthynnus alleteratus).

OPERAÇÃO PERÍODO ÁREA LATITUDES Nº. DE ESTAÇÕES

Opar I 20/out-03/nov/00 Vitória – Cabo de São Tomé 19°S a 22°S 09

Opar II 28/mar-18/abr/01 Salvador – Vitória 13°S a 18°S 16

Opar III 12 a 26/set/01 Salvador – Ilhéus 13°S a 17°S 13

Opar IV 16/out-01/nov/01 Ilhéus - Cabo de São Tomé 17°S a 22°S 10

Tabela 1. Informações gerais sobre as operações de pesca realizadas na área de estudo.

Obs.: Os períodos relacionados referem-se aos dias efetivos de pesca.

40°W 38°W 36°W

40°W 38°W 36°W

22°S

21°S

20°S

19°S

18°S

17°S

16°S

15°S

14°S

13°S

12°S

Rio Real

Salvador

Alcobaça

Belmonte

São Tomé

Vitória2000 m

200 m

BA

ES

RJ

Abrolhos

Figura 1. Distribuição de todas as estações de pesca realizadas aolongo da área do SCORE Central.

O número de armadilhas e a distância entre as unidadesna linha principal foram diferentes para cada modelo.No modelo retangular, foram utilizadas quatro armadilhasna linha principal ou linha madre, constituída por umcabo de polipropileno com 14 mm de diâmetro, presaspor cabos com 3 m de comprimento distando 60 m entresi. No modelo circular, foram utilizadas seis unidadesdistando 30 m entre si.

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Tabela 2. Posicionamento (latitude e longitude), data e profundidade das armadilhas retangulares nas 48 estações de acordo com aoperação pesqueira.

OPERAÇÃO ESTAÇÃO DATA LATITUDE LONGITUDE PROF.

Opar I 1 21/10/00 20º 00,029'S 39º 42,494'W 700 m Opar I 2 21/10/00 19º 45,310'S 39º 27,377'W 580 m Opar I 3 22/10/00 20º 19,692'S 39º 48,959'W 671 m Opar I 4 25/10/00 18º 51,719'S 37º 50,940'W 744 m Opar I 5 26/10/00 19º 26,373'S 38º 14,659'W 770 m Opar I 6 27/10/00 19º 36,205'S 38º 51,340'W 655 m Opar I 7 01/11/00 20º 40,625'S 39º 40,074'W 625 m Opar I 8 02/11/00 20º 57,700'S 40º 07,243'W 662 m Opar I 9 03/11/00 21º 17,268'S 40º 12,850'W 734 m Opar II 10 28/03/01 13º 10,300'S 38º 30,230'W 621 m Opar II 11 29/03/01 13° 28,196'S 38º 40,966'W 711 m Opar II 12 30/03/01 13º 48,491'S 38º 43,669'W 663 m Opar II 13 31/03/01 14º 08,519'S 38º 48,824'W 719 m Opar II 14 01/04/01 14º 27,654'S 38º 51,130'W 730 m Opar II 15 02/04/01 14º 48,398'S 38º 50,999'W 708 m Opar II 16 03/04/01 15º 07,864'S 38º 45,724'W 587 m Opar II 17 07/04/01 15º 30,548'S 38º 37,821'W 687 m Opar II 18 08/04/01 15º 47,430'S 38º 35,872'W 694 m Opar II 19 09/04/01 16º 08,008'S 37º 53,598'W 757 m Opar II 20 10/04/01 16º 27,995'S 38º 27,160'W 728 m Opar II 21 12/04/01 16º 47,156'S 38º 39,681'W 652 m Opar II 22 15/04/01 17º 27,619'S 38º 17,614'W 632 m Opar II 23 16/04/01 17º 45,068'S 37º 23,258'W 646 m Opar II 24 17/04/01 18º 15,851'S 37º 15,815'W 571 m Opar II 25 18/04/01 18º 14,421'S 37º 37,729'W 715 m Opar III 26 12/09/01 13º 08,642'S 38º 24,825'W 665 m Opar III 27 13/09/01 13º 28,537'S 38º 41,770'W 555 m Opar III 28 14/09/01 13º 48,251'S 38º 43,834'W 630 m Opar III 29 15/09/01 14º 08,161'S 38º 48,952'W 663 m Opar III 30 16/09/01 14º 27,449'S 38º 51,311'W 703 m Opar III 31 17/09/01 14º 51,435'S 38º 51,435'W 673 m Opar III 32 22/09/01 15º 06,969'S 38º 45,663'W 689 m Opar III 33 23/09/01 15º 26,446'S 38º 37,253'W 691 m Opar III 34 24/09/01 15º 47,080'S 38º 36,232'W 718 m Opar III 35 25/09/01 16º 07,898'S 37º 57,700'W 728 m Opar III 36 26/09/01 17º 07,042'S 38º 36,905'W 671 m Opar III 37 26/09/01 16º 47,533'S 38º 39,711'W 612 m Opar III 38 26/09/01 16º 28,106'S 38º 27,539'W 660 m Opar IV 39 16/10/01 17º 43,900'S 37º 28,322'W 593 m Opar IV 40 17/10/01 18º 01,624'S 37º 16,280'W 268 m Opar IV 41 18/10/01 18º 14,596'S 37º 38,219'W 650 m Opar IV 42 19/10/01 19º 10,982'S 37º 53,540'W 688 m Opar IV 43 20/10/01 19º 25,855'S 38º 14,154'W 691 m Opar IV 44 25/10/01 19º 44,212'S 39º 24,468'W 680 m Opar IV 45 26/10/01 20º 00,636'S 39º 43,564'W 640 m Opar IV 46 29/10/01 20º 19,452'S 39º 48,865'W 670 m Opar IV 47 30/10/01 20º 58,268'S 40º 07,622'W 679 m Opar IV 48 31/10/01 21º 17,261'S 40º 15,881'W 661 m

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PROSPECÇÃO DE RECURSOS DEMERSAIS COM ARMADILHAS E PARGUEIRAS 133

As armadilhas retangulares mediam 1,60 x 0,80 m, tendouma entrada lateral em forma de funil com uma boca de30 cm de diâmetro e uma janela do lado oposto, poronde os organismos eram retirados, sendo revestidas poruma panagem de rede com malha de 60 mm entre nósopostos (Figura 2a).

As armadilhas circulares, com um perfil cônico,apresentavam uma base com 80 cm de diâmetro e umaboca circular com 30 cm de diâmetro na sua face superior,sendo revestidas por uma rede com malha de 30 mmentre nós opostos (Figura 2b).

Como as armadilhas são artes de pesca que atuam demaneira pontual, uma garatéia pesando 20 kg foicolocada em cada uma das extremidades da linhaprincipal. O cabo de arinque, de polietileno com 14 mmde diâmetro, foi fixado numa das extremidades da linha

principal, junto a uma das garatéias, e, na superfície, numflutuador, bombona plástica de 200 litros, e numa bóiamenor com uma bandeira para sinalização, além delanternas pisca-pisca utilizadas durante as operaçõesnoturnas. O comprimento do cabo de arinque foi de nomínimo 2,5 vezes a profundidade local.

A Figura 3, adaptada do relatório do SCORE Sul (MMA,1999), apresenta o esquema geral para uma linha dearmadilhas segundo a metodologia padrão constantenaquele relatório.

Pargueiras

As pargueiras, também conhecidas como espinhéisverticais ou boinhas, são uma arte de pesca que atuaderivando conforme a direção e a intensidade dascorrentes e dos ventos superficiais.

Figura 2. Modelos de armadilhas utilizados: a) retangular e b) circular.

Figura 3. Esquema geral de uma linha principal com um conjunto de armadilhas, segundo relatório do SCORE Sul.

b)a)

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134 E.B.FAGUNDES NETTO, L.R.GAELZER, W.F.CARVALHO & P.A.S.COSTA

Da mesma maneira que as armadilhas, as pargueirasutilizadas foram baseadas no modelo empregado porpesquisadores nos trabalhos do SCORE Sul, sendocompostas por 30 anzóis número 13 (Mustad, TunaCircle) distantes 2,5 m entre si e fixados em alças nalinha principal (PA, 3 mm) por grampos ou “snappers”com linhas secundárias de 1,5 m de comprimento. Paramanter os anzóis próximos ao fundo, uma poita ou lastropesando 10 kg foi colocada na extremidade da linhaprincipal e outra menor, com 5 kg, na extremidade ligadaao cabo de recolhimento (PP, 4 mm), cujo comprimentovariou em função de profundidade local, respeitando-se uma proporção de 1,5:1 (Figura 4a).

A isca utilizada foi lula resfriada (Loligo plei) pescada naregião de Cabo Frio ou o calamar argentino (Illex

argentinus) congelado. A utilização dos grampos, parafixar as linhas secundárias com anzóis às alças do caboprincipal, facilitou as etapas de iscamento, lançamento erecolhimento das pargueiras.

Após o lançamento dos anzóis, um cesto constituídopor uma armação de ferro e um flutuador feito combóia de resgate (salva-vidas) (Figura 4b), contendono seu interior parte do cabo de arinque, era lançadoao mar tendo um flutuador de 50 litros e uma bóiasinalizadora com vara de bambu e bandeira amarrados a ele.

PROCESSAMENTO DO MATERIAL

Todo o material biológico coletado foi transportado para

o laboratório de Recursos Vivos do Instituto de Estudosdo Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM) em Arraial doCabo, onde foi triado, identificado e processadoconforme o grupo.

Os peixes foram identificados segundo os trabalhos deCervigón et al. (1993), Figueiredo e Menezes (1978,1980), Fischer (1978), Menezes e Figueiredo (1980, 1985),Mincarone (2000), Nelson (1984) e Smith e Heemstra(1986) e comparados com exemplares fixados,provenientes das comissões de prospecção com espinhelde fundo realizadas na mesma região (Costa et al., 1996),medidos (CT - mm), pesados (PT - g) e eviscerados pararegistro do sexo e dos estágios de desenvolvimentogonadal de acordo com os procedimentos descritos emVazzoler (1981, 1996).

Os crustáceos foram examinados e identificados por P.S. Young2 e cedidos ao Departamento de Invertebradosdo Museu Nacional/UFRJ, sendo as espécies de isópodesclassificadas segundo Magalhães e Young (2003).

O caranguejo-de-profundidade (Chaceon ramosae) tevesua identificação confirmada por Tavares3 e todos osexemplares capturados foram medidos em comprimentoe largura da carapaça (mm), pesados (g) e sexados. Algunsexemplares foram depositados em coleções no MuseuNacional/UFRJ e no IEAPM.

Os isópodes foram medidos (mm), pesados (g) econservados em álcool a 70%, sendo parte do materialenviado para o Museu Nacional/UFRJ.

b) a)

2 Young, P.S. (in memoriam).3 Tavares, M.D.S.: Universidade de São Paulo/USP.

Figura 4. a) Esquema geral de uma pargueira segundo relatório do SCORE Sul e b) cesto utilizado para o lançamento ao mar.

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PROSPECÇÃO DE RECURSOS DEMERSAIS COM ARMADILHAS E PARGUEIRAS 135

ANÁLISE DOS RESULTADOS

Os resultados foram analisados a partir da distribuiçãoda captura total obtida, empregando-se os três tipos deapetrechos de pesca (armadilhas circulares, retangularese pargueiras) e para cada um dos modelos de armadilhasseparadamente. Além disso, a composição das capturase a contribuição em peso das espécies mais importantesem relação às três artes de pesca também foram avaliadas.

Devido à sua importância comercial, as capturas docaranguejo-de-profundidade tiveram os rendimentos(CPUE=kg/arm.h) avaliados separadamente, de acordocom o modelo de armadilha utilizado e a distribuição porfaixa de profundidade.

Apesar da ocorrência de algumas espécies de peixes devalor comercial como o cherne-verdadeiro, o namorado,o batata e alguns cações, o pequeno número de exemplarescapturados não permitiu uma avaliação detalhada dacaptura dessas espécies, sugerindo, para análise, aformação de dois grupos: elasmobrânquios e teleósteos,capturados principalmente por meio das pargueiras.

O cálculo do esforço de pesca para as armadilhas foirealizado multiplicando-se o número de armadilhas utilizadaspelo tempo de permanência do aparelho no fundo, durantecada lançamento do apetrecho (circular ou retangular). Paraas pargueiras, o esforço de pesca foi calculado multiplicando-se o número de anzóis de cada pargueira pelo tempo efetivode pesca, contado a partir da liberação do cesto flutuante edo flutuador com a bandeira de sinalização.

Todos os modelos de aparelhos utilizados tiveram a capturapor unidade de esforço (CPUE) definida como a soma dacaptura em peso dividida pelo tempo de imersão em cadaestação ou lançamento. A CPUE foi então calculada por faixade profundidade segundo os seguintes agrupamentos:elasmobrânquios, teleósteos e o caranguejo-de-profundidade.

A comparação entre os rendimentos (CPUEs) dosdiferentes modelos de armadilhas (circulares eretangulares) e das pargueiras foi realizada separadamenteentre gradientes batimétricos e latitudinais utilizando-seo teste não paramétrico de Mann-Whitney a um nível designificância P<0,05 (Zar, 1984).

RESULTADOS

CAPTURAS E RENDIMENTO PESQUEIRO

As capturas totais das 48 estações de pesca, realizadascom o lançamento de duas linhas principais de armadilhas

(circular e retangular) e três pargueiras, por estação,renderam um peso total de 1.728 kg, sendo compostaspor 41,1% de caranguejo-de-profundidade, 27,9% deisópoda, 23,1% de peixes ósseos, 6,8% deelasmobrânquios e 0,9% de outros crustáceos.

Na área ao norte do banco dos Abrolhos, entre 13-18oS,foram capturados 6.104 exemplares pertencentes aoscinco grupos mais representativos, correspondendo a 80%do total em número e a 46% do peso total capturado nasquatro operações. Esse aumento em número é explicadopela captura de três espécies de crustáceos isópodespertencentes ao gênero Bathynomus, mais abundantesao norte da área pesquisada. Na área ao sul do bancodos Abrolhos, entre 18-22oS, foram capturados 1.513exemplares, representando cerca de 20% da captura totalem número e 53% da captura total em peso nas quatrocampanhas realizadas, observando-se o maior rendimentorelativo do caranguejo-de-profundidade nessa área.

O número total de indivíduos capturados por espécie e asua ocorrência por faixa de profundidade e latitude estãorepresentados nas Tabelas 3 e 4. Ao todo, foramcapturadas 26 espécies, sendo 08 crustáceos, 01mixinídeo, 04 elasmobrânquios e 13 teleósteos,totalizando 7.617 exemplares.

Dentre os teleósteos capturados, a abrótea (Urophycis

mystacea) foi a espécie mais abundante, representando63,1% (n=108) e tendo sido registrada entre 100 e 700m de profundidade. Entretanto, sua ocorrência foi maior(n=51) entre 600 e 700 m, com distribuição concentradanas estações ao sul do banco dos Abrolhos (18°S) e sendocapturada pelos três apetrechos utilizados. Ao norte dosAbrolhos, nas 28 estações de pesca realizadas, foramcapturados apenas dois exemplares dessa espécie.

O batata (Lopholatilus villarii) foi a segunda espécie deteleósteo mais abundante, correspondendo a 19,8%(n=34) dos peixes ósseos capturados. A maior ocorrênciada espécie (50%) foi entre 200 e 400 m. A espécie foiregistrada ao longo de toda a área, porém as capturas aosul do banco dos Abrolhos representaram 67,6% donúmero total de indivíduos capturados.

Os elasmobrânquios foram representados por quatroespécies de cações, sendo Squalus cubensis (n=52) a maisabundante (77,6%), seguida por Scyliorhinus haeckelii

(n=13). Das quatro espécies capturadas, apenasScyliorhinus haeckelii ocorreu nos três tipos de apetrecho.As capturas de S. cubensis entre 300 e 400 mrepresentaram 55,7% do número total da espécie e suadistribuição esteve restrita ao norte do banco dosAbrolhos, sendo mais abundante entre 16 e 17°S.

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136 E.B.FAGUNDES NETTO, L.R.GAELZER, W.F.CARVALHO & P.A.S.COSTA

A distribuição dos rendimentos totais (Figura 5a) e dosobtidos de acordo com o tipo de armadilha (Figuras 5b e5c) demonstra que os rendimentos mais elevados (1,0-3,0 kg/arm.h) foram registrados com maior freqüênciaao sul da região de estudo em latitudes superiores a 18oS,relacionados ao aumento nas capturas de C. ramosae ,S. haeckelii, L. villarii e U. mystacea.

Devido ao maior número de armadilhas circulareslançadas em cada operação de pesca (n=06), a somado esforço de pesca para esse modelo de apetrecho deacordo com a faixa de profundidade foi sempre superiorao das armadilhas retangulares (n=04). Entretanto, adistribuição dos rendimentos das armadilhas

retangulares foi sempre maior em comparação aosobtidos com o modelo circular em todos os estratos,exceto entre 700-800 m.

As somas do esforço de pesca em horas, de acordocom o número de armadilhas lançadas em cada linhaprincipal, e dos rendimentos totais em kg/arm.h porfaixa de profundidade das capturas obtidas com cadamodelo estão representadas nas Figuras 6a e 6b,respectivamente.

COMPOSIÇÃO DE ESPÉCIES

Nas capturas com armadilha circular, Chaceon

PROFUNDIDADE (m)

TÁXON 100-

200

200-

300

300-

400

400-

500

500-

600

600-

700

700-

800

800-

900

Total

Crustáceos Acantephira spp. 6 6

Bathynomus giganteus 8 188 479 401 18 1094

Bathynomus miyarei 98 828 1281 1212 26 3445

Bathynomus obtusus 224 236 767 231 1458

Chaceon ramosae 11 73 465 97 5 651

Heterocarpus sp. 72 144 233 193 39 681

Munida sp. 6 9 15

Rochinia sp. 1 1 2

Agnatos Eptatretus menezesi 5 10 12 27

Elasmobrânquios Mustelus canis 1 1

Scyliorhinus haeckelii 1 3 8 1 13

Scymnodon obscurus 1 1

Squalus cubensis 6 10 29 2 5 52

Teleósteos Ariosoma opistophthalmus 2 3 5

Epinephelus niveatus 4 1 5

Etelis oculatus 1 1

Genypterus brasiliensis 2 2

Gymnothorax sp. 1 1

Gymnotorax ocellatus 4 1 5

Helicolenus lahillei 1 1 1 3

Lopholatilus villarii 1 7 17 8 1 34

Mycteroperca interstitialis 1 1

Polymixia loweii 1 1 2

Pontinus corallinus 1 2 3

Pseudopercis numida 1 1

Urophycis mystacea 2 2 7 30 16 51 108

Total geral 21 21 56 467 1.502 3.314 2.148 88 7617

Tabela 3. Número total de indivíduos capturados por faixa de profundidade.

Page 9: PROSPECÇÃO DE RECURSOS DEMERSAIS COM ARMADILHAS E

PROSPECÇÃO DE RECURSOS DEMERSAIS COM ARMADILHAS E PARGUEIRAS 137

ramosae (57,3%), Batynomus giganteus (26,5%) e B.

miyarei (10,3%) foram as espécies mais abundantesem peso e representaram 94,1% da captura total(Figura 7a). Nas capturas com armadilha retangular,as mesmas espécies representaram 51,9%, 24,6% e8,4% respectivamente, somando 84,9% do peso total(Figura 7b).

Nas capturas com as pargueiras, três espécies de peixesconstituíram 70,6% do peso total capturado, sendorepresentadas por Lopholatilus villarii (35,6%), Squalus

cubensis (22,3%) e Epinephelus niveatus (12,7%). As15 espécies restantes representaram juntas 29,4% dopeso total das capturas (Figura 7c).

RENDIMENTOS DO CARANGUEJO-DE-PROFUNDIDADE (CHACEON

RAMOSAE)

O caranguejo-de-profundidade (Chaceon ramosae)ocorreu em 87,5% das estações realizadas em toda aárea de estudos. Das 48 estações, 58,3% foramdistribuídas na área ao norte do banco dos Abrolhos,entre 13 e 18°S, obtendo-se 100 exemplares (155,7 kg),o restante, 41,6%, na área ao sul do banco dos Abrolhos,entre 18 e 22°S, onde foram capturados 551 exemplares(641 kg). Vale ressaltar, que as seis estações onde C.

ramosae não ocorreu estavam localizadas na área nortee que 327 exemplares (50,2%) foram capturados ao suldos Abrolhos, entre 20 e 21°S.

Tabela 4. Ocorrência das espécies segundo a arte de pesca (C = armadilha circular; R = armadilha retangular e P = pargueira) enúmero de indivíduos capturados por faixa de latitude.

LATITUDE (oS)

TÁXON C R P 13-1

4

14-1

5

15-1

6

16-1

7

17-1

8

18-1

9

19-2

0

20-2

1

21-2

2

Total

Crustáceos Acantephira spp. X X 5 1 6

Bathynomus giganteus X X 253 222 344 85 51 28 39 34 38 1.094

Bathynomus miyarei X X 583 561 1.205 352 361 97 131 125 30 3.445

Bathynomus obtusus X X 192 428 293 145 273 85 26 15 1 1.458

Chaceon ramosae X X 4 14 5 41 36 56 127 327 41 651

Heterocarpus sp. X X 69 55 26 101 287 127 12 4 681

Munida sp. X X 3 3 6 2 1 15

Rochinia sp. X X 1 1 2

Agnatos Eptatretus menezesi X X 6 12 4 1 4 27

Elasmobrânquios Mustelus canis X 1 1

Scyliorhinus haeckelii X X X 1 7 1 4 13

Scymnodon obscurus X 1 1

Squalus cubensis X 4 12 10 26 52

Teleósteos Ariosoma opistophthalmus X X 1 2 2 5

Epinephelus niveatus X 1 1 2 1 5

Etelis oculatus X 1 1

Genypterus brasiliensis X 2 2

Gymnothorax sp. X 1 1

Gymnotorax ocellatus X 1 1 2 1 5

Helicolenus lahillei X 1 1 1 3

Lopholatilus villarii X 3 3 2 2 1 4 9 8 2 34

Mycteroperca interstitialis X 1 1

Polymixia loweii X 1 1 2

Pontinus coralinus X 2 1 3

Pseudopercis numida X 1 1

Urophycis mystacea X X X 1 1 16 82 8 108

Total geral 1.126 1.310 1.892 763 1.013 419 368 600 126 7.617

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138 E.B.FAGUNDES NETTO, L.R.GAELZER, W.F.CARVALHO & P.A.S.COSTA

Figura 5. Distribuição dos rendimentos (em kg/arm.h) para as estações realizadas na costa central. a) rendimentos totais, b) armadilhascirculares, c) armadilhas retangulares.

Figura 6. Distribuição do esforço de pesca (a) e dos rendimentos médios totais em kg/arm.h (b) por faixa de profundidade para ascapturas com armadilhas circulares ( ) e retangulares ( ).

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

40

0-5

00

50

0-6

00

60

0-7

00

70

0-8

00

80

0-9

00

Profundidade (m)

So

ma

do

esfo

rço

(h

) a)

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

40

0-5

00

50

0-6

00

60

0-7

00

70

0-8

00

80

0-9

00

Profundidade (m)

CP

UE

(kg

/arm

.h)

b)

Salvador

Rio Real

Vitória

Belmonte

40°W 38°W 36°W

22°S

21°S

20°S

19°S

18°S

17°S

16°S

15°S

14°S

13°S

12°S

Salvador

Belmonte

Vitória

Salvador

Rio Real

Vitória

Belmonte

40°W 38°W 36°W

Salvador

Belmonte

Vitória

Salvador

Rio Real

Vitória

Belmonte

40°W 38°W 36°W

Salvador

Belmonte

Vitória

kg/arm.h 0-0,30,3-1,01,0-3,0

kg/arm.h 0-0,30,3-1,01,0-3,0

kg/arm.h 0-0,30,3-1,01,0-3,0

BA

ES

RJ

BA

ES

RJ

BA

ES

RJ

a) b) c)

Page 11: PROSPECÇÃO DE RECURSOS DEMERSAIS COM ARMADILHAS E

PROSPECÇÃO DE RECURSOS DEMERSAIS COM ARMADILHAS E PARGUEIRAS 139

Figura 7. Composição em peso (kg) das principais espécies capturadas em relação às artes de pesca: a) armadilhas circulares, b)armadilhas retangulares e c) pargueiras.

Figura 8. Distribuição dos rendimentos (kg/arm.h) de Chaceon ramosae por tipo de armadilha: a) armadilha circular, b) armadilharetangular.

kg/hora 0-0,30,3-1,01,0-3,0

40°W 38°W 36°W

40°W 38°W 36°W

22°S

21°S

20°S

19°S

18°S

17°S

16°S

15°S

14°S

13°S

12°S

Rio Real

Salvador

Alcobaça

Belmonte

São Tomé

Vitória2000 m

200 m

BA

ES

RJ

Abrolhos

b)

kg/hora 0-0,30,3-1,01,0-3,0

40°W 38°W 36°W

40°W 38°W 36°W

22°S

21°S

20°S

19°S

18°S

17°S

16°S

15°S

14°S

13°S

12°S

Rio Real

Salvador

Alcobaça

Belmonte

São Tomé

Vitória2000 m

200 m

BA

ES

RJ

Abrolhos

a)

kg/arm.h 0-0,30,3-1,01,0-3,0

kg/arm.h 0-0,30,3-1,01,0-3,0

C.ramosae B.giganteus

B.miyarei

outros

a) Circular

C.ramosaeB.giganteus

B.miyarei

outros

b) Retangular

outros

E.niveatusS.cubensis

L.villarii

c) Pargueiras

Page 12: PROSPECÇÃO DE RECURSOS DEMERSAIS COM ARMADILHAS E

140 E.B.FAGUNDES NETTO, L.R.GAELZER, W.F.CARVALHO & P.A.S.COSTA

0102030405060708090

100110

90-9

4

95-9

9

100-1

04

105-1

09

110-1

14

115-1

19

120-1

24

125-1

29

130-1

34

135-1

39

140-1

44

145-1

49

150-1

54

155-1

59

160-1

64

165-1

69

170-1

74

175-1

80

Comprimento da carapaça (mm)

N.ind

Fêmeas

Machos

b)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0,1

0

0,2

5

0,4

0

0,5

5

0,7

0

0,8

5

1,0

0

1,1

5

1,3

0

1,4

5

1,6

0

1,7

5

1,9

0

2,0

5

2,2

0

2,3

5Peso (kg)

N.ind

Fêmeas

Machosa)

Figura 9. Distribuição do número de indivíduos capturados em relação ao peso (a) e comprimento de carapaça (b) para machos efêmeas de Chaceon ramosae na costa central.

kg/hora 0-0,30,3-1,01,0-3,0

40°W 38°W 36°W

40°W 38°W 36°W

22°S

21°S

20°S

19°S

18°S

17°S

16°S

15°S

14°S

13°S

12°S

Rio Real

Salvador

Alcobaça

Belmonte

São Tomé

Vitória2000 m

200 m

BA

ES

RJ

Abrolhos

a)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

100-2

00

200-3

00

300-4

00

400-5

00

500-6

00

600-7

00

700-8

00

Profundidade (m)

Captu

ra (

kg)

c)

0102030405060708090

100

<10

10-2

0

20-3

0

30-4

0

40-5

0

50-6

0

60-7

0

70-8

0

80-9

0

90-1

00

100-1

10

Comprimento total (cm)

No ind.

Teleósteos Elasmobrânquios

b)

Figura 10. Distribuição dos rendimentos em kg/hora das capturas de peixes com pargueiras ao longo da costa central (a), capturas emnúmeros de indivíduos por classe de comprimento (b) e capturas totais (em peso) por faixa de profundidade (c).

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PROSPECÇÃO DE RECURSOS DEMERSAIS COM ARMADILHAS E PARGUEIRAS 141

Considerando-se todos os lançamentos dos dois modelosde armadilhas, durante as quatro operações, o rendimentomédio do caranguejo-de-profundidade com as armadilhasretangulares (0,176 kg/arm.h) foi cerca de 10% superiorao obtido com as armadilhas circulares (0,159 kg/arm.h),porém sem apresentar diferença significativa, segundo oteste de Mann-Whitney (P=0,4729). A distribuição dosrendimentos do caranguejo-de-profundidade foisignificativamente maior ao sul do banco dos Abrolhos(Lat>18oS) para os dois tipos de armadilhas utilizadas.No caso das armadilhas retangulares, os rendimentosvariaram entre 0,3 kg/arm.h e 0,8 kg/arm.h (P<0,0053) eos das armadilhas circulares entre 0,09 e 0,99 kg/arm.h(P<0,0001) ao norte e ao sul do Banco dos Abrolhos.

A distribuição de freqüência dos pesos individuais de C.

ramosae (n=651) para sexos separados (Figura 9)demonstra que os machos capturados na região atingemtamanhos (90-180 mm CC) e pesos mais elevados (0,1 e2,5 kg) que as fêmeas (100-134 mm CC e 0,4-0,8 kg).Nos machos, as classes de peso mais freqüentes estiveramcompreendidas entre 1,0 e 1,6 kg, enquanto nas fêmeasatingiram no máximo 1,1 kg, sendo as maiores freqüênciasrepresentadas entre 0,4 e 0,8 kg (Figura 9a). A distribuiçãode freqüências de comprimento da carapaça dos machosfoi bimodal, com as modas representadas entre 100 mme 140 mm CC. Já as fêmeas apresentaram distribuiçãounimodal, centrada entre 115-119 mm CC (Figura 9b).

RENDIMENTO DAS PARGUEIRAS

As maiores capturas com pargueiras foram registradasao sul do banco dos Abrolhos, sendo determinadas porScyliorhinus haeckelii, Lopholatilus villarii e,principalmente, Urophycis mystacea. Na área ao nortedo banco dos Abrolhos, Squalus cubensis (n=52) foi aespécie que mais se destacou.

A distribuição dos rendimentos totais das pargueirasapresentou valores semelhantes, sem padrão latitudinalaparente (Figura 10a), não apresentando diferençasignificativa quando comparada entre as regiões norte esul do Banco dos Abrolhos (P=0,9631).

A composição de tamanhos capturados (Figura 10b) indicouque os anzóis selecionaram uma maior amplitude decomprimentos para os teleósteos (10-100 cm CT), com maiorfreqüência entre 40-50 cm CT, enquanto os elasmobrânquiosestiveram mais bem representados entre 50-60 cm CT.

As capturas (em kg) dos peixes por grupo e faixa deprofundidade (Figura 10c) estiveram concentradas entre300 e 500 m, sendo o peso total de teleósteos superior

em relação aos elasmobrânquios até os 500 m. Entre 500-600 m os elasmobrânquios representaram a maior partedas capturas em peso. Os valores mais altos para ascapturas de teleósteos até 500 m foram devidoprincipalmente à ocorrência do batata (L. villarii) e daabrótea (U. mystacea). As presenças de Squalus cubensis

e Scyliorhinus haeckelii entre 500 e 600 m superaram ascapturas de U. mystacea nessa faixa de profundidade.Entretanto, nas faixas mais profundas, U. mystacea foipredominante em relação às demais espécies entre 600 e700 m de profundidade.

DISCUSSÃO

Segundo Paiva (1997), as produções médias anuaisrelativas à área por nós estudada, compreendendo osestados da Bahia e do Espírito Santo representam cercade 4,0 e 1,7%, respectivamente, da produção das regiõesNordeste e Sudeste, indicando baixas contribuições nasproduções de pescado. Ao abordar as pescarias de linhana região de Abrolhos e Mar Novo podemos observar odestaque para o batata (L. villarii), com uma média anualde 23,8% dos desembarques (Paiva, 1997). Nossosresultados indicaram que essa espécie representou 35,6%das capturas realizadas com pargueiras, sendo maisabundante entre 300 e 400 m de profundidade e ao suldo banco dos Abrolhos, demonstrando sua importâncianas capturas desde a faixa costeira até águas maisprofundas.

Ainda com relação à contribuição do batata (L. villarii)nas capturas realizadas com espinhel de fundo entre oCabo de São Tomé (RJ) e o Rio Doce (ES), Costa et al.(1996) observaram rendimentos de até 0,175 kg/anzolentre 300 e 400 m de profundidade e, segundo ostrabalhos de prospecção pesqueira demersal com espinhelde fundo na região Sudeste-Sul (Haimovici et al., 2004),a espécie foi considerada como a mais abundante nasregiões de Rio Grande e Ilha Grande entre 200 e 400 mde profundidade.

Além de L. villarii, E. niveatus, P. numida e U. mystacea,que possuem um maior valor econômico, as demaisespécies capturadas também apresentaram uma ampladistribuição ao sul da região estudada, sendo citadas emdiferentes trabalhos realizados ao longo da costa Sudeste-Sul (Ávila-da-Silva et al., 2002; Bernardes et al., 2002;Haimovici et al., 2004; Paiva, 1997; MMA, 1999).

Neste estudo, os valores mais elevados do esforço depesca das armadilhas circulares em relação àsretangulares foram devido à diferença no número de

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142 E.B.FAGUNDES NETTO, L.R.GAELZER, W.F.CARVALHO & P.A.S.COSTA

armadilhas em cada uma das duas linhas principais,sendo seis circulares e quatro retangulares, durante umtempo médio de imersão de doze horas cada uma.Entretanto, para o cálculo de rendimento total por faixade profundidade, a CPUE (kg/arm.h) foi calculada pelamédia do número de armadilhas de cada modelo,demonstrando que as retangulares tiveram uma maioreficiência nos rendimentos nas diferentes faixas deprofundidade, exceto entre 700 e 800 m.

A seletividade dos apetrechos de pesca utilizados refletiuno baixo número de espécies capturadas, sendo que osdois modelos de armadilhas capturaram 100% das espéciesde crustáceos e 27,7% das espécies de peixes, incluindo-se aí Eptatretus menezesi, o cação Scyliorhinus haeckelii etrês espécies de teleósteos, Ariosoma opistophthalmus,Genypterus brasiliensis e Urophycis mystacea.

A ocorrência do caranguejo-de-profundidade (C.

ramosae) em 87,5% das estações ratificou sua presençana costa central, principalmente ao sul do banco dosAbrolhos onde apresentou rendimentos entre 0,16 e 0,18kg/arm.h para as armadilhas circulares e retangularesrespectivamente. Considerando valores médios de 0,196kg/arm.h apresentados por Athiê e Rossi-Wongtschowski(2004), podemos observar que nossos resultados foramcompatíveis com os encontrados para as médias naregião Sudeste-Sul.

Tendo em vista as informações disponíveis para ascapturas comerciais de C. ramosae na região Sudeste-Sul (Athiê & Rossi-Wongtschowski, 2002a) quedemonstraram uma redução pela metade dosrendimentos obtidos em relação às capturas registradasem 1984, com valores médios de 3,82 kg/arm, taisresultados ainda foram superiores aos obtidos no trabalhorealizado na área do SCORE Central.

Segundo Pezzuto et al. (2002), a partir de uma avaliaçãoda pescaria no Sul do Brasil, o estoque do caranguejo-real, Chaceon ramosae, pode ser considerado comopertencente à Zona Econômica Exclusiva brasileira, tendosido recomendado para o ano de 2003 uma capturamáxima permissível de 593 t.

Uma análise das capturas comerciais de caranguejos-de-profundidade do gênero Chaceon realizadas a partir dascapturas do “N/P Kinpo Maru nº 58” foi realizada porAthiê e Rossi-Wongtschowski (2004), revelando um valormédio do estoque potencial para a região Sudeste-Sulde 23.614 t e sugerindo uma captura máxima de 2.700 t/ano, o que permitiria a atuação de no máximo duasembarcações com características semelhantes às do“Kinpo Maru”.

Considerando o caráter experimental e preliminar dasoperações desenvolvidas a bordo do “Av. Pq.Oc.Diadorim”, torna-se inviável comparações dosrendimentos de C. ramosae obtidos no presente trabalhocom aqueles originados em pescarias comerciais decaranguejos-de-profundidade, atualmente emdesenvolvimento por uma pequena frota de embarcaçõesarrendadas que operam na região Sudeste-Sul do Brasil(Pezzuto et al., 2002).

Ainda com base nos resultados do SCORE Sul (Athiê, 1999;Athiê & Rossi-Wongtschowski, 2002b, 2004), queapresentaram dados comerciais obtidos entre Caravelas(BA) e o Chuí (RS), podemos observar o mesmo gradientedecrescente nas capturas do sul, Cabo de São Tomé (22°S),para o norte, Abrolhos (18°S) sugerindo que os estoquesna área do SCORE Central não suportariam as pressõesexercidas por embarcações de pesca da frota comercial.

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