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PROTOCOLO DE RASTREIO DE DISPLASIA DE DESENVOLVIMENTO DA ANCA (DDA) Definição: Alterações anatómicas e/ou funcionais da articulação coxo-femoral (congénitas ou adquiridas). Epidemiologia: A maioria dos recém-nascidos apresenta imaturidade e instabilidade da articulação coxo- femoral que se resolve ao longo das primeiras semanas de vida. - Incidência: Luxação 1-2:1000 recém-nascidos; Sub-luxação 10:1000 recém-nascidos. - Articulação coxo-femoral esquerda é 3 vezes mais afectada que a direita. - A DDA é bilateral em 20% dos casos. Diagnóstico: 1. Pesquisa de factores de risco: Factores de risco Sexo feminino 4-8:1Limitação da mobilidade fetal Apresentação pélvica risco 7x maior (12x ; 2,6x ) Independentemente do tipo de parto Oligohidrâmnios Presença de alterações relacionadas com limitação da mobilidade fetal, tais como torcicolo e plagiocefalia congénitos e/ou deformidades do pé como metatarsus adductus Primigesta, macrossomia e gravidez gemelar (não consensual) História familiar positiva Um irmão – 6%; Um dos progenitores – 12%; Um dos progenitores e um irmão – 36% Síndrome polimalformativa Cromossomopatias Alteração de equilíbrio de força muscular em torno da articulação coxo-femoral (Espinha bífida, Paralisia cerebral) Hiperlaxidão ligamentar (Síndrome de Ehlers-Danlos) 2. Exame Objectivo: - Deve ser desmistificado e explicado aos pais e adaptado à idade da criança - A criança deve estar despida, relaxada e deve ser colocada sobre uma superfície firme Exame objectivo Inspecção Posição e movimento espontâneo dos membros inferiores Sinais de limitação da mobilidade fetal: deformidade dos pés, plagiocefalia e/ou torcicolo congénitos Assimetria das pregas (sinal pouco específico de DDA) Sinais de instabillidade Manobra de Barlow, manobra de Ortolani, limitação da abdução da anca Sinais de assimetria Manobra de Galeazzi Sinal luxação Teste de Klisic DDA bilateral Sinais de instabilidade, alargamento do períneo, limitação simétrica da abdução, encurtamento dos membros inferiores em relação à idade e tamanho da criança 3. Exames complementares de diagnóstico: responsabilidade do especialista em Ortopedia 3.1. Ecografia da articulação coxo-femoral: deve ser realizada às 6-8 semanas de vida e, em qualquer idade até aos 4 meses, se suspeita de DDA 3.2. Radiologia convencional da articulação coxo-femoral: deve ser realizada a toda a criança com mais de 4 meses, se suspeita de DDA

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PROTOCOLO DE RASTREIO DE DISPLASIA DE DESENVOLVIMENTO DA ANCA (DDA)

Definição: Alterações anatómicas e/ou funcionais da articulação coxo-femoral (congénitas ou adquiridas). Epidemiologia: A maioria dos recém-nascidos apresenta imaturidade e instabilidade da articulação coxo-femoral que se resolve ao longo das primeiras semanas de vida. - Incidência: Luxação 1-2:1000 recém-nascidos; Sub-luxação 10:1000 recém-nascidos. - Articulação coxo-femoral esquerda é 3 vezes mais afectada que a direita. - A DDA é bilateral em 20% dos casos. Diagnóstico:

1. Pesquisa de factores de risco:

Factores de risco

Sexo feminino 4-8♀:1♂ Limitação da mobilidade fetal

Apresentação pélvica risco 7x maior (12x ♀; 2,6x ♂) � Independentemente do tipo de parto Oligohidrâmnios ����Presença de alterações relacionadas com limitação da mobilidade fetal, tais como torcicolo e plagiocefalia congénitos e/ou deformidades do pé como metatarsus adductus Primigesta, macrossomia e gravidez gemelar (não consensual)

História familiar positiva

Um irmão – 6%; Um dos progenitores – 12%; Um dos progenitores e um irmão – 36%

Síndrome polimalformativa

Cromossomopatias Alteração de equilíbrio de força muscular em torno da articulação coxo-femoral (Espinha bífida, Paralisia cerebral) Hiperlaxidão ligamentar (Síndrome de Ehlers-Danlos)

2. Exame Objectivo:

- Deve ser desmistificado e explicado aos pais e adaptado à idade da criança - A criança deve estar despida, relaxada e deve ser colocada sobre uma superfície firme

Exame objectivo

Inspecção

Posição e movimento espontâneo dos membros inferiores Sinais de limitação da mobilidade fetal: deformidade dos pés, plagiocefalia e/ou torcicolo congénitos Assimetria das pregas (sinal pouco específico de DDA)

Sinais de instabillidade Manobra de Barlow, manobra de Ortolani, limitação d a abdução da anca Sinais de assimetria Manobra de Galeazzi Sinal luxação Teste de Klisic DDA bilateral Sinais de instabilidade, alargamento do períneo, limitação simétrica da abdução,

encurtamento dos membros inferiores em relação à idade e tamanho da criança

3. Exames complementares de diagnóstico: responsabilidade do especialista em Ortopedia

3.1. Ecografia da articulação coxo-femoral : deve ser realizada às 6-8 semanas de vida e, em qualquer idade até aos 4 meses, se suspeita de DDA 3.2. Radiologia convencional da articulação coxo-fe moral: deve ser realizada a toda a criança com mais de 4 meses, se suspeita de DDA

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RASTREIO DA DDA

Objectivo do rastreio: Detecção e tratamento precoces da DDA. Baseia-se na presença de:

≥ 1 dos sinais de instabilidade da articulação coxo- femoral

1. Manobra de Ortolani positiva

2. Manobra de Barlow positiva

3. Limitação da abdução

≥ 1 dos factores de risco (independentemente do sexo e tipo de parto)

1. Apresentação Pélvica

2. História Familiar Positiva (parente (s) em 1º grau)

3. Oligohidrâmnios e outros sinais de limitação da mobilidade fetal (como deformidade do pé, plagiocefalia e torcicolo congénitos)

4. Síndrome Polimalformativo (musculoesquelético)

*Os “cliques”, quando isolados, não estão associados a DDA, no entanto, se persistirem ou associarem a outro sinal minor como assimetria de pregas, deve-se ponderar referenciação. Notas: - Aos pais de recém-nascidos referenciados à consulta de Ortopedia por presença de factores de risco, devem ser explicados os motivos do pedido de consulta, principalmente quando estão presentes sinais de moldagem fetal (p.ex. malformações do pé). - Avisar os pais que a consulta de Ortopedia será realizada entre as 6 e 8 semanas de vida, antes das quais a consulta não teria qualquer implicação prática ou benefício.

Deve ser realizado a TODAS as crianças, pelo menos até à idade de aquisição da marcha

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Bibliografia:

• American Academy of Pediatrics - Committee on Quality Improvement, Subcommittee on Developmental Dysplasia of the Hip. Clinical Practice Guideline: Early Detection of Developmental Dysplasia of the Hip. PEDIATRICS Vol. 105 No. 4 April 2000

• Kohler R. et al. Dépistage de la luxation congénitale de hanche chez le nourrisson: Un examen clinique systématique rigoureux. Un recours sélectif à l’échographie. Archives de pédiatrie 10 (2003) 913–926 Perry L. Schoenecker and John M. Flynn. Screening for Developmental Dysplasia of the Hip. Pediatrics 2007;119;652a.

• Protocolo de Rastreio de Displasia de Desenvolvimento da Anca da Secção para Estudo de Ortopedia Infantil da Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia

• Scott A. Shipman, Mark Helfand, Virginia A. Moyer and Barbara P. Yawn. Screening for Developmental Dysplasia of the Hip: A Systematic Literature. Pediatrics 2006;117;e557

• Wilkinson A. G., Wilkinson S. Neonatal Hip Dysplasia: A New Perspective. NeoReviews Vol.11 No.7 July 2010

Lea Santos, Margarida Fonseca

Novembro de 2012