Prova de Sentença Civil

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Prova Prática de Sentença Civil - Magistratura

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  • 1 TJSP1304/004-PrPrtica-SentenaCvel

    004. prova prtica de sentenaCvel

    JUIZ SUBSTITUTO

    Tomando exclusivamente por base a descrio feita a seguir, e observando os requisitos do art. 458 do CPC, profira sen-tena no seguinte caso concreto, solucionando todas as questes postas:

    Em 1. de setembro de 2011, Caio e Tcio celebraram com Joo e Maria Contrato de Cesso de Quotas, mediante o qual aqueles adquiriram destes ltimos a totalidade das quotas do capital social do Colgio O Ateneu Ltda., pelo valor de R$ 2 milhes, pagos vista. Alm de Caio e Tcio, como cessionrios, e Joo e Maria, como cedentes, figurou no Contrato a prpria sociedade Colgio O Ateneu Ltda., na qualidade de mera interveniente anuente.

    Das clusulas da avena, interessam questo transcrever as seguintes:Clusula 3.: No obstante firme e vlida a cesso das quotas ora ajustada, e a fim de que o Colgio possa ser conduzido pelos

    cedentes, seus fundadores, at o encerramento do ano letivo em curso, caber exclusivamente a eles administrar a sociedade at o dia 1. de janeiro de 2012, quando s ento os cessionrios tomaro posse e passaro a exercer os seus direitos de scios e gestores.

    Clusula 5.: Os cessionrios no examinaram a contabilidade e nem quaisquer documentos referentes gesto da sociedade Colgio O Ateneu, mas os cedentes asseguram aos cessionrios que (a) a sociedade uma instituio de ensino com 2 000 alunos matriculados no ano letivo de 2011 e (b) que a mensalidade mdia paga ao Colgio de R$ 500,00 mensais.

    Em 20 de janeiro de 2012, Caio, Tcio e Colgio O Ateneu Ltda. ajuzam ao ordinria contra Joo e Maria, alegando que consta-tam que, conquanto verdadeira a informao de que o Colgio tinha 2 000 alunos matriculados, ocultara-se que 400 deles tinham bolsa integral, nada pagando a ttulo de mensalidade, e que a mensalidade mdia de R$ 500,00 s levava em considerao os alunos pagantes.

    Assim, segundo a inicial, a clusula 5. induzia a crer que o faturamento mdio mensal do Colgio era de R$ 1 milho (R$ 500 X 2 000 alunos), quando era de R$ 800 mil (R$ 500 X 1 600 alunos pagantes), e que essa errnea suposio levara os autores a superes-timar o preo justo das quotas adquiridas, o que consistiria vcio redibitrio a justificar a reduo do preo em 20%; ou, se assim no entendesse o julgador, esse engano geraria um dever de indenizar em valor equivalente expectativa de valor por ele frustrada ou seja, os mesmos 20% do preo pago. Ao final, formulam o seguinte pedido:

    Isto posto, seja por conta do abatimento do preo decorrente de vcio redibitrio, seja porque existe dever de indenizar que se justifica no erro ao qual a redao da clusula quinta induziu os autores, assim como no inadimplemento dos termos dessa mesma clusula, pedem sejam os rus condenados a pagar aos autores a quantia de R$ 400.000,00, acrescidos de correo monetria e de juros moratrios desde 1. de setembro de 2011, data do pagamento do preo.

    Citados regularmente, Joo e Maria contestaram tempestivamente a ao, alegando em sntese que: em preliminar (a) a ilegi-timidade ativa do Colgio O Ateneu Ltda.; e, no mrito, que (b) nem em tese se configuraria vcio redibitrio, pois a coisa vendida no foi um colgio com 2 000 alunos pagantes, mas sim quotas de uma sociedade empresria, as quais nem os autores imputaram qualquer defeito ou vcio; (b) ainda que se pudesse falar em redibio, teria se operado em 1. de outubro de 2011 a decadncia; (c) no haveria, de todo modo, nenhum vcio oculto, pois o colgio funcionava perfeitamente, no tendo no negcio qualquer vcio; (d), ademais, a declarao feita na clusula 5. do contrato era verdadeira: a mensalidade mdia paga (que obviamente, s poderia tomar por base os pagantes, no bolsistas) era realmente de R$ 500,00 mensais e tinha 2 000 alunos matriculados, e que se no se declarou a existncia de 400 bolsistas porque isso no se perguntou; e (e) que de indenizao no se poderia tambm cogitar, pois no havia qualquer obrigao contratual de que o faturamento mdio das mensalidades fosse de R$ 1 milho. Por fim, anota que, na hiptese de ficar vencido, no haveria que se condenar os rus nos nus de sucumbncia, j que isso no fora pedido na inicial.

    Concluem a resposta pedindo a extino do processo sem julgamento do mrito quanto autora pessoa jurdica e a improcedn-cia da postulao deduzida pelos dois outros demandantes, impondo-se a todos os autores os nus da sucumbncia e, ainda, as penas da litigncia de m-f por terem deduzido pleito temerrio.

    No saneador, deixou-se a preliminar para ser resolvida na sentena, e se deferiu percia econmico-contbil, sendo dela encar-regado profissional da inteira confiana do sentenciante, e que confirmou a procedncia das afirmativas fticas da inicial: o colgio tinha 1 600 alunos, que pagavam uma mensalidade mdia de R$ 500,00, mais 400 alunos com bolsa integral. Respondendo a quesito dos autores, o perito afirmou que a diferena de faturamento mdio de R$ 1 milho para R$ 800 mil implica a reduo do justo preo do colgio em 20%. Acrescente-se que as concluses do laudo no foram de nenhum modo contestadas pelos rus, embora se tenha cumprido o contraditrio.

    PODER JUDICIRIOTRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DE SO PAULO

    184.O COnCUrSO de PrOvaS e TTUlOS Para IngreSSO na MagISTraTUra