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FACULDADE SOCIAL DA BAHIA Teorias e Técnicas Psicoterápicas II Professora: Amanda Raña ferreira Aluno(a): Katiene do Sacramento Suzart Data: 22/11/13 SEGUNDA AVALIAÇÃO DA DISCIPLINA TTP II - 2013.2 Instruções: Leia atentamente as questões antes de respondê-las. Questões respondidas a lápis não serão corrigidas. Procure responder o mais detalhadamente possível cada questão. A interpretação das questões faz parte da avaliação. Construa um caso clínico ou busque em alguma bibliografia (coloque a referência bibliográfica) cujo sofrimento do cliente envolva participações de crenças/cognições/regras e esquiva de eventos privados como pensamentos e sentimentos, e discuta: 1. a interpretação analítico comportamental para crenças/cognições/regras e como se originam no repertório comportamental; 2. a interpretação da FAP e da ACT sobre a importância e possibilidades de envolvimento de crenças/cognições/regras em sofrimentos humanos; 3. o papel das crenças/cognições/regras no caso construído por você e, a partir disso:

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Page 1: Prova Ttp II

FACULDADE SOCIAL DA BAHIA

Teorias e Técnicas Psicoterápicas II

Professora: Amanda Raña ferreira

Aluno(a): Katiene do Sacramento Suzart

Data: 22/11/13

SEGUNDA AVALIAÇÃO DA DISCIPLINA

TTP II - 2013.2

Instruções:

Leia atentamente as questões antes de respondê-las.

Questões respondidas a lápis não serão corrigidas.

Procure responder o mais detalhadamente possível cada questão.

A interpretação das questões faz parte da avaliação.

Construa um caso clínico ou busque em alguma bibliografia (coloque a referência bibliográfica) cujo

sofrimento do cliente envolva participações de crenças/cognições/regras e esquiva de eventos

privados como pensamentos e sentimentos, e discuta:

1. a interpretação analítico comportamental para crenças/cognições/regras e como se originam

no repertório comportamental;

2. a interpretação da FAP e da ACT sobre a importância e possibilidades de envolvimento de

crenças/cognições/regras em sofrimentos humanos;

3. o papel das crenças/cognições/regras no caso construído por você e, a partir disso:

3.1 quais os procedimentos terapêuticos adequados de acordo com a FAP

3.2 quais os procedimentos terapêuticos adequados de acordo com a ACT

4. as possíveis semelhanças e diferenças entre as propostas da FAP e ACT no que diz respeito

a interpretações e intervenções terapêuticas envolvendo crenças/cognições/regras.

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Caso clínico

Julia, solteira, 27 anos, auxiliar administrativo, tem um filho de 16 anos. O pai do filho separou-se dela ainda na gravidez. A cliente procura atendimento psicoterápico porque está se sentindo uma incompetente guiando sua vida, não consegue se quer controlar a tristeza que a invadiu, deseja sentir-se melhor. Nas primeiras sessões relatou ser muito tímida e ter medo de conversar com pessoas com as quais não possui intimidade. Mora com sua mãe e com filho e não tem irmãos. De acordo com Julia, sua mãe sempre foi uma pessoa que acreditou que criança tem que ser criado preso, para que não tivesse más influencias na rua. Além de nunca dar espaço para a filha se expressar. Joanita, mãe de Julia é Evangélica e sempre dizia em casa que “quem cedo madruga, Deus ajuda”, e desde pequena saia para ajudar sua mãe na barraca de frutas e mãe lhe alertava: “Estudo né pra gente não, força temos para trabalhar e ganhar o nosso pão”. A paciente acredita que sua vida está dessa forma porque ela não trabalha tanto como deveria Julia diz não ter conhecido o seu pai, e que a mãe evita falar sobre o assunto, mas sobre os homens a mãe sempre falava “eles só querem usar as mulheres”, nesse sentido Julia diz concordar com a mãe. A paciente lembra que a mãe sempre gostou das coisas do se jeito, era muito controladora, e quando ela fazia diferente, para a mãe era uma falta de respeito, uma afronta, as duas só estavam bem enquanto a filha fazia o que a mãe queria. Julia diz não ter autoconfiança, ser insegura, ter baixa autoestima, não gosta de estudar, sente-se culpada por não gostar de trabalhar, e tem dificuldade de se relacionar com os homens, resumindo sua vida ao trabalho e sua casa. A cliente evita sair para não deixar a mãe sozinha em casa com o seu filho, ainda mais depois que Joanita apresentou um quadro de depressão. Por fim, Julia diz ter muitos pensamentos ruins, estar “fechada para amar” acha-se inferior, feia e infeliz. (Caso criado).

1. Na interpretação analítico comportamental crenças/cognições/regras são comportamentos, logo, são adquiridos e mantidos devido às consequências da comunidade verbal que estão inseridos e recebem o nome de comportamento governado por regras. Esse tipo de comportamento é modelado desde a infância do individuo, recebendo instruções, ameaças, leis, enfim, tatos e mandos, os especificam comportamentos necessários e contingências. Nesse sentido, crianças que receberam muitas instruções e não tiveram a oportunidade de desenvolver a autonomia, não sendo expostas a situações novas, podem tornar-se adultos insensíveis às contingências, ou seja, seguem as regras sem entrar em contato direto com o ambiente. Dessa forma, podemos dizer que a maioria dos problemas apresentados pela paciente são dessa natureza, onde ela permanece seguindo regras cuja origem no seu repertório comportamental se deu a partir da sua mãe.

2. A FAP considera que crenças/cognições/regras possuem grande influência em sofrimentos humanos, uma vez que estes podem formular autorregras disfuncionais, a uma causa e um efeito entre respostas e eventos

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inexistentes, levando o indivíduo a interagir de forma inadequada com a realidade, tornando-se insensível às contingências naturais. Dessa forma, esses indivíduos que sofrem por seguirem regras que não correspondem à realidade apresentam o desenvolvimento de medos, ansiedades, inseguranças e rituais. A ACT atribui também grande valar a esses fenômenos, localizados no campo B, assim, o objetivo é apresentar argumentos lógicos, fazer um questionamento das evidências utilizadas pelo indivíduo e dar instruções para que ele mude as crenças, ou seja, oferecer regras ao cliente. Em suma, podemos dizer tanto a FAP como a ACT atribuem um valor importante às crenças/cognições/regras em sofrimentos humanos. No caso da cliente acima, podemos afirmar que suas crenças, pensamentos e regras têm uma grande importância no seu estado de sofrimento.

3. 1. Na FAP, inicialmente, é realizada uma análise funcional, a qual possui o objetivo de demonstrar as variáveis que o comportamento é função. Nesse sentido, o cliente é levado a romper com o sistema através do qual os seus problemas estão sendo mantidos, a parar com o controle que procura ter com seus pensamentos e expor-se mais às contingências naturais de reforçamento. Assim, muitos dos problemas apresentados pela cliente vieram do ambiente aversivo, coercitivo e não reforçador que conviveu durante tanto tento, o que faz Julia viver esquivas experienciais, ou seja, não vive um contato direto com seus sentimentos e experiências. Desse modo, é preciso fazer com que a paciente estabeleça um distanciamento compreensivo, passando a não achar que ela é seus pensamentos ruins, emoções ou corpo. Assim, Julia acredita que para ser aceita deve se submeter aos outros, sem questiona-los, deve trabalhar bastante porque só isso pode torna-la realizada; acredita que os homens só a querem para usar e etc. Por fim, é preciso quebrar esse sistema de regras e crenças, deixar a paciente mais exposta às contingências de reforçamento naturais.

3. 2. Na ACT os procedimentos realizados vão no sentido de fazer o paciente entender que o seu sofrimento se dá devido às suas próprias opiniões. Aqui, as foco é voltado para o contexto sócio-verbal do paciente, o qual é o gerador de problemas psicológicos. Assim, seu objetivo é alterar a forma como as relações verbais funcionam, acreditado que não é o comportamento problema que precisa ser modificado, mas o contexto verbal que ele está inserido. Desse modo, o trabalho realizado com a paciente seria voltado para alterar os pensamentos de insegurança, baixa autoestima e tristeza.

4. Podemos dizer que a possível semelhança entre FAP e ACT está no fato de que ambas observam e atribuem importância a um fenômeno similar: o pensamento, apesar de usarem termos diferentes para descrevê-lo, já que na FAP pensamento é comportamento. Ainda no campo conceitual, existe uma diferença entre o comportamento modelado por contingências, o qual é uma entidade

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comportamental, e o as estruturas cognitivas, as quais não são entidades comportamentais. Essa diferenciação faz com que ACT dê muito atenção aos processos comportamentais, fazendo com que terapeutas cognitivistas não reconheçam o papel do reforçamento. Dessa forma, podemos dizer que os cognitivistas negligenciam as contingências. E por fim, enquanto a ACT volta o seu enfoque para o contexto sócio verbal, na FAP teremos a identificação dos estímulos antecedentes, as respostas emitidas a partir desses estímulos e as consequências, e finalmente, entender as variáveis das quais o comportamento é função.