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 ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PROCURADORIA-GERAL DE JUSTIÇA XL CONCURSO PARA INGRESSO À CARREIRA DO MINISTÉRIO PÚBLICO PROVA DE DIREITO PENAL 1. Faça o correto enquadramento penal do agente, em relação a cada evento, com breve justificativa. “Num acampamento de construtora, tarda noite, Paulão Maula, com uma pistola automática, entrou na cabana onde dormiam Maneco, Bonifácio, Bilia e Anastácio, com o objetivo de matá-los t odos. Surpreendendo-os e tolhendo-lhes qualquer chance de defesa efetiva, Paulão Maula alvejou os quatro, deitados, atingindo-os todos no tórax, produzindo em todos lesões corporais, definidas pericialmente como graves por gerar perigo de vida e, dessarte, aptas a produzir êxito letal. Pronto e ade quad o soc orro médico foi prestado às vít ima s. No entan to, segundo os laudos periciais constantes dos inquéritos, resultaram os seguintes eventos: a) Maneco foi ao óbito cinco horas após o fato, em virtude de choque hemorrágico, já que era hemofílico. b) Bonifácio morreu quatro dias após o fato, em virtude de um incêndio incontrolado na ala do hospital onde estava. c) Bilia também morreu, mas por envenenamento ocorrido antes de atingido pelos tiros. d) Anastácio sobreviveu, para contar -nos a trági ca estór ia, mas restou com paralisia permanente dos membros inferiores". 2. Fazer o devido enquadramento penal dos autores, com breve justificativa. "Para 'resolver' anterior desavença, Atanásio e Bastião pactuaram procurar e agredir os desafetos Castelhano e Dodô, com o preordenado dolo de machucá-los seriam ente (lesõe s graves). Atanás io e Bastião, ao encontr arem as vítimas, de forma si mu lt ânea, at acaram-nas a golpes de ar tes marciais, al ém de socos e pontapé s convencionais. Enquanto estava em desenvolvimento o ataque referido, Evilásio, amigo dos ata cantes, chegou no loc al e interv eio, espontaneamente, aderindo aos agressores, também ba tendo a socos em Castelhano e Dodô. Evilá sio, entr etant o, queria caus ar apenas lesõ es leves nas vít imas. Porém, como sabia que os amigos agressores eram ade strados em ar te s marciais, era-lhe, no caso, previsível que, da ação con junt a daqueles, poderiam resultar lesões graves. Atanásio e Bastião excederam-se conscientemente nos golpes dados nas vítimas, assumindo o risco do resultado mais grave que sobreveio. Com efeito, segundo os exames médico-legais realizados imediatamente após os fatos, Castelhano e Dodô sofreram lesões corporais graves, caracterizadoras do risco de vida em face da ruptura de órgãos int ernos e choque hemor rágico . Embora tenham as vítima s recebido pront o e ade qua do socorro médico, Do morr eu dez dias após o fa to, em decorrência da

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ESTADO DO RIO GRANDE DO SULPROCURADORIA-GERAL DE JUSTIÇA

XL CONCURSO PARA INGRESSO À CARREIRA DO MINISTÉRIO PÚBLICO

PROVA DE DIREITO PENAL

1. Faça o correto enquadramento penal do agente, em relação a cada evento,com breve justificativa.

“Num acampamento de construtora, tarda noite, Paulão Maula, com umapistola automática, entrou na cabana onde dormiam Maneco, Bonifácio, Bilia e Anastácio,com o objetivo de matá-los todos. Surpreendendo-os e tolhendo-lhes qualquer chance dedefesa efetiva, Paulão Maula alvejou os quatro, deitados, atingindo-os todos no tórax,produzindo em todos lesões corporais, definidas pericialmente como graves por gerar perigo de vida e, dessarte, aptas a produzir êxito letal.

Pronto e adequado socorro médico foi prestado às vítimas. No entanto,segundo os laudos periciais constantes dos inquéritos, resultaram os seguintes eventos:a) Maneco foi ao óbito cinco horas após o fato, em virtude de choque

hemorrágico, já que era hemofílico.b) Bonifácio morreu quatro dias após o fato, em virtude de um incêndio

incontrolado na ala do hospital onde estava.c) Bilia também morreu, mas por envenenamento ocorrido antes de atingido

pelos tiros.d) Anastácio sobreviveu, para contar-nos a trágica estória, mas restou com

paralisia permanente dos membros inferiores".

2. Fazer o devido enquadramento penal dos autores, com breve justificativa.

"Para 'resolver' anterior desavença, Atanásio e Bastião pactuaram procurar e agredir os desafetos Castelhano e Dodô, com o preordenado dolo de machucá-losseriamente (lesões graves). Atanásio e Bastião, ao encontrarem as vítimas, de formasimultânea, atacaram-nas a golpes de artes marciais, além de socos e pontapésconvencionais.

Enquanto estava em desenvolvimento o ataque referido, Evilásio, amigo dosatacantes, chegou no local e interveio, espontaneamente, aderindo aos agressores,também batendo a socos em Castelhano e Dodô. Evilásio, entretanto, queria causar 

apenas lesões leves nas vítimas. Porém, como sabia que os amigos agressores eramadestrados em artes marciais, era-lhe, no caso, previsível que, da ação conjuntadaqueles, poderiam resultar lesões graves.

Atanásio e Bastião excederam-se conscientemente nos golpes dados nasvítimas, assumindo o risco do resultado mais grave que sobreveio. Com efeito, segundoos exames médico-legais realizados imediatamente após os fatos, Castelhano e Dodôsofreram lesões corporais graves, caracterizadoras do risco de vida em face da ruptura deórgãos internos e choque hemorrágico. Embora tenham as vítimas recebido pronto eadequado socorro médico, Dodô morreu dez dias após o fato, em decorrência da

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gravidade das lesões sofridas".

3. Resolver, dando o correto enquadramento penal da conduta do autor, seentendida criminosa, com breve fundamentação.

“Cansado de ter seu estabelecimento comercial arrombado durante a noite,

com o conseqüente furto de mercadorias, 'A', pessoalmente, passou a vigiar seus bens,pernoitando no interior da loja, armado com espingarda de canos montados e serrados.Ao alvorecer (06h), ouviu ruídos e conversa, que provinham da porta de

acesso ao estabelecimento. Sem vacilar, nem perguntar quem estava ali, atirou duasvezes contra a porta para atingir quem estivesse atrás dela, na suposição de que fossemladrões que ali estivessem para mais um arrombamento e furto.

Atingiu e matou a esposa dele, que estava chegando mais cedo para trazer-lhe o chimarrão e o café, como fazia todas as manhãs, e ainda produziu lesões graves noirmão dele, que chegava para trabalhar, pois era empregado ali".

4. Fazer o correto enquadramento penal do agente, com breve

fundamentação.“Em 15 de novembro de 1996, em um bairro residencial da Capital gaúcha,'A' adestrado em artes marciais e atleta halterofilista, surpreendeu a vítima, proprietária econdutora de um automóvel importado, diante da casa dela, no momento em que elaabriu o veículo e sentou-se ao volante, impedindo que fechasse a porta, agarrando-a pelobraço.

Embora desarmado, ordenou que a vítima lhe entregasse as chaves doveículo e se afastasse a pé, rapidamente e sem olhar para trás. Desatendido na ordemdada, 'A' empregando apenas força física, arrancou a vítima para fora do carro, empurrou-a para o lado e renovou-lhe as ordens de afastamento. Sentou-se ao volante e deupartida ao veículo, afastando-se do local. Deu a volta da quadra e voltou ao ponto de

partida. Vendo a vítima ainda ali, estática, colocou-a no porta-malas do carro subtraído edeslocou-se até o Município de Esteio, RS. Lá, a intervalos, rodou durante toda a noite,mantendo a vítima imobilizada no bagageiro do veículo. Ela só foi libertada por 'A' aoamanhecer.Ato contínuo, o automóvel foi transportado ao Estado de Mato Grosso e vendido a umreceptador que o havia encomendado”.

5. Explicitar, fundamentadamente, se, em cada caso. o Estado tinha pretensão punitiva ou executóría.

a) "Em 24/02/90, 'A', com 18 anos de idade, cometeu três crimes de furto

simples, pelo que foi denunciado em 14/09/90, e condenado por sentença publicada em20/09/94, por infração ao artigo 155, 'caput' (três vezes), na forma do artigo 71, ambos doCódigo Penal. A pena privativa de liberdade foi fixada em um ano de reclusão, acrescidade quatro meses, em face da continuidade delitiva, mais quinze dias-multa no valor mínimo para a espécie. O Ministério Público recorreu buscando o aumento da penaprivativa. O apelo foi improvido em 14/04/95. Baixaram os autos para o cumprimento doacórdão”.

b) "Em 07/09/95, mediante acidente de trânsito, 'A' causou culposamentelesões corporais muito graves em 'B'. Remetido o inquérito policial ao Ministério Público

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em 20/12/95, o órgão da acusação pública requereu, em 22/12/95, no que foi atendido, aintimação de 'B' para, se quisesse, no prazo de trinta dias, representar contra 'A' por taislesões. O prazo fluiu 'in albis' ".

c) "Em 04/02/96, em uma briga, 'A' praticou lesões corporais dolosas levescontra “C”. Este não registrou ocorrência na polícia, nem representou a qualquer autoridade, aos efeitos da conseqüente persecução penal. De ofício, a autoridade policial

lavrou termo circunstanciado e o remete a juízo, sendo mandado com vista ao MinistérioPúblico em 20/07/96".d) “Em 12/01/97, 'A' praticou crime contra a ordem tributária, previsto no

artigo 1º da Lei nº 8.137/90, por sonegação de tributo. Foi indiciado em inquérito policial,que, remetido a juízo comum estadual em 24/05/97, foi a exame do Ministério Público. OPromotor de Justiça elaborou a denúncia, assinou-a e encaminhou-a ao cartório judicialem 02/06/97. Aí, antes de formalmente recebida a peça incoativa, foram apresentados,pelo denunciado, documentos emitidos pelo Fisco Estadual, comprovando o pagamentodo débito fiscal e suas incidências”.

PROVA DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

1. Jorge, homem casado (ausente certidão de casamento), foidenunciado por ter raptado Janaína de 6 anos (certidão nascimento anexada) de suaresidência, com objetivo de com ela manter coito vaginal. A genitora da menina, faxineira,representou na forma da lei. O réu foi detido quando saía do mato com a menina, sendopreso em flagrante. Segundo a denúncia, o réu aproximou-se de Janaína, oferecendo-lhebalas, levando-a para um mato próximo. Ali, nos termos da narrativa acusatória, oacusado manteve com ela coito vagínico. Foi dado como incurso no artigo 213 e no artigo219, combinados com os artigos 224, letra 'a', e 226, inciso III, do Código Penal. Nodecorrer do processo, adveio laudo confirmando a ocorrência de lacerações na regiãoanal, bem como ser a menor virgem. O Ministério Público e a defesa receberam vista dos

documentos, silenciando. O magistrado, então, julgou parcialmente procedente adenúncia, desclassificando o crime do art. 213 para o do artigo 214 do Código Penal, soba argumentação de que a perícia não comprovou desvírginamento na vítima, mas simlacerações na região anal, mantido o restante do enquadramento penal. Reconheceu,outrossim, o julgador a agravante de ter sido o crime cometido contra criança (art. 61, II,letra 'h', do CP). Irresignada apelou a defesa, querendo ver o réu absolvido por falta deprovas, ou, no mínimo, afastada a majorante do art. 226, inc. III, porque o réu há muitoestá separado de fato de sua esposa.

Recebendo o processo, em segundo grau, para exame e parecer ministerial,

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como você se manifestaria? Decline, se for o caso, aspectos sentenciais a seremalterados, ou a serem mantidos, justificando suas opções.

2. Jean foi denunciado e pronunciado por homicídio qualificado. Intimado dapronúncia, não recorreu. O Dr. Promotor de Justiça, então, ofertou libelo emdescompasso parcial com a pronúncia. O magistrado recebeu parcialmente o libelo,

ensejando a discordância da defesa, que ingressou com correição parcial, requerendo anulidade do processo a partir deste ato. Diga: a) sobre a possibilidade jurídica do pedido;b) sobre a correção, ou não, do meio utilizado; c) em caso de ato judicial equivocado,indique a solução adequada ao caso. Justifique sua posição.

3. Os irmãos João e Jéferson foram denunciados como incursos no art. 121, §2º, inc. II, e no art. 129, caput, do Código Penal, pela morte de Jean, por disparos derevólver, e pelas lesões corporais de natureza leve em Jorge, também por arma de fogo.Interrogados, João inocentou Jéferson admitindo a participação no crime de morte,explicando que a vítima não quis lhe emprestar dinheiro, seguindo-se encandecidadiscussão entre ambos. Jéferson, embora tenha admitido a parceria criminosa na fase

policial e com ele tenha sido apreendido um revólver cal. 32, em juízo, negou qualquer participação. Instruído o feito, após as alegações do art. 406 do CPP, em 22/9/95, o Dr.Juiz de Direito assim decidiu: a) impronunciou Jéferson com fundamento no art. 409 doCPP, b) afastou a qualificadora, pronunciando João por infração ao art. 121, caput, c/c §1º, do Código Penal, reconhecendo ter ele agido sob domínio de violenta emoção, c)determinou fosse o delito de lesões corporais submetido ao regramento da Lei nº9.099/95, com intimação da vítima para, querendo, ofertar representação no prazo de 30dias.

Como Promotor de Justiça, você interpôs recurso em sentido estrito,inconformado com esta redução na carga acusatória. Quais são os aspectos que podemser apontados pelo Ministério Público em seu recurso, objetivando, se for o caso, a

retomada da acusação inicial. Justifique.4. Juan, argentino, foi definitivamente condenado pela lº Vara da JustiçaFederal de Uruguaiana à pena de seis anos de reclusão, em regime fechado, dado comoincurso no art. 12, caput, c/c art. 18, inc. I, ambos da Lei Antitóxicos. Este réu,reincidente, entrou no Brasil como turista, estando com seu visto vencido na ocasião daprisão. Perante a Vara das Execuções Criminais da Comarca de Uruguaiana,comprovando apenas já ter cumprido 1/3 da pena, requereu a concessão de livramentocondicional, o que foi deferido de plano pelo Dr. Juiz de Direito. Após a liberação doapenado, o Ministério Público tomou ciência desta decisão e de que havia sido decretadaa expulsão do apenado, com publicação oficial do ato, anterior à concessão do livramento

condicional. Objetivando reverter esta situação, recorreu o Dr. Promotor de Justiça.Considerando os fatos expostos, indique o recurso cabível, apresentando a motivação dainconformidade e a respectiva base legal.

5. Joana, funcionária pública do INSS, foi indiciada em inquérito policial por crime de desobediência, vez que, em janeiro de 1996, deixou de atender aos ofíciosexpedidos pelo Dr. Juiz de Direito desta Capital, que determinava providências em açõesem que a autarquia figurava como parte. Remetidos os feitos inquisitivos a juízo. O Dr.

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Promotor de Justiça manifestou-se pela aplicação do art. 76 da Lei nº 9.099/95, sendodesignada, pelo Dr. Juiz de Direito, data para audiência conciliatória. O INSS impetrou'habeas corpus' em favor de sua funcionária, alegando sofrer ela coação ilegalconstrangimento, pedindo, liminarmente, a suspensão da audiência designada e, ao final,o trancamento da demanda penal contra ela instaurada.

Neste contexto: a) diga da possibilidade, ou não, da impetração de

remédio heróico por pessoa jurídica; b) da competência para processar e julgar a pacientepelo crime previsto no art. 330 do CP; c) da possibilidade de aplicação da Lei 9.099/95pela Justiça Estadual; d) da competência para o conhecimento e julgamento do presente'habeas'; c) âmbito da ordem, caso conhecida e deferida. Justifique suas posições.

PROVA DE DIREITO CIVIL

1. Considere a seguinte situação:Fúlvio Severo e Agripa Severo ingressaram perante o juízo da 1º Vara

de Família e Sucessões desta Capital com pedido de guarda relativo ao menor impúbere

Caio Lipínio Severo, com 06 anos de idade, filho de Tibério Severo e Acácia LipínioSevero. Aduziram na exordial que são avós paternos do referido infante e que este, juntamente com seus pais, residem na companhia deles, requerentes. Dizem, ainda, queos genitores do menor concordam com o pedido, uma vez que não possuem condiçõeseconômicas para sustentá-lo a contento. Arrematam, estabelecendo a necessidade defixar dependência previdenciária entre o requerente varão, que é funcionário públicoestadual, e o impúbere, pois este necessita levar a efeito tratamento onodôntico.

Estudo social do caso confirmou a veracidade das afirmações contidasna inicial. Os genitores do menor, citados, concordaram expressamente com o pedido. O

 juiz deu vista dos autos ao Ministério Público para parecer. Questiona-se, pois: assisterazão aos autores? Fundamente.

2. Considere a seguinte situação:Empresa loteadora, com sede em Viamão, em 10 de março de 1980,

teve projeto de loteamento aprovado pela referida Municipalidade. Na mesma data, deuinício à comercialização dos lotes, por meio de contrato particular de promessa de comprae venda. Rômulo Sabino, uma semana após o lançamento do empreendimento, adquiriuum terreno com área de 300m2, cujo preço pagaria em trinta e seis prestações mensais esucessivas, imitindo-se, por ocasião do negócio jurídico, na posse do imóvel. Opromitente comprador pagou as primeiras dez parcelas, mas quando foi inscrever noálbum imobiliário o contrato, constatou que o loteamento sequer fora prenotado noRegistro Imobiliário. E mais: ficou sabendo, junto à Prefeitura Municipal, que o terreno

que lhe fora comercializado seria destinado, no projeto aprovado, à edificação de umaescola pública municipal. Diante disso, Rômulo pactuou com Tício Etrusco e sua esposaLívia Etrusco cessão de direitos e obrigações oriundos da promessa de compra e venda(trespasse), por preço inferior ao de mercado em razão da peculiaridade do caso, isso em10 de fevereiro de 1981, imitindo-os na posse do terreno. O casal cessionário não honrouas prestações remanescentes devidas à empresa loteadora e esta quedou-se silente. Em

 janeiro de 1991, ingressaram no Foro da Comarca de Viamão com ação de usucapiãoordinário. Cumpre esclarecer, também, que o casal prescribente, a partir da imissão naposse, sempre residiu no imóvel, à exceção em 1986, em razão de esbulho possessório,

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sendo que, três meses após a perda da posse, houve reintegração.Assiste razão ao casal prescribente? Responda o enunciado de forma

completa.

3. Marco Aurélio Galba ingressou com ação de exoneração de alimentos

contra sua ex-esposa Amélia Lépido. Sustenta o autor que se encontra separado judicialmente da alimentanda há dez anos, ocasião em que se acordou pagamento depensão em prol desta na ordem de 15% dos seus rendimentos líquidos. Diz que seaposentou, percebendo, agora, parcos recursos previdenciários (três salários mínimos).Afirma, ainda, que constituiu nova família, pois vive há mais de cinco anos com umacompanheira. Arremata, estabelecendo que o artigo 5º, inciso I, da Constituição Federalestabelece igualdade entre homens e mulheres. A alimentanda apresentou tempestivacontestação, aduzindo: a) que nunca trabalhou, uma vez que o alimentante, na constânciado matrimônio, não lhe permitia; b) que é mulher quase sexagenária; c) que não temqualquer outra fonte de renda além da pensão alimentícia. A prova carreada aos autosconfirmou a veracidade das afirmações das partes. Os autos vieram com vista ao

Ministério Público para parecer. Questiona-se, pois: Assiste razão ao alimentante?Fundamente.

4. Plínio Sétimo, inventariante dos bens deixados por falecimento de HorácioSétimo e Minerva Constança Sétimo, interpôs agravo de instrumento, uma vez queinconformado com a respeitável decisão interlocutória proferida nos autos do inventáriodos bens deixados pelos referidos extintos, onde o juiz da 1º a Vara da Família eSucessões desta Capital determinou que o ora agravante apresentasse plano de partilhacontemplando o quinhão da menor Érica Sétimo na parte dos bens deixados pelofalecimento de Minerva (ocorrido após 05 de outubro de 1988). Sustenta,resumidamente, o agravante, que a adoção de Seldúcia Sétimo, pré-morta, genitora de

Erica, foi levada a efeito pelos extintos em 20 de agosto de 1963, por escritura públicaratificada em 03 de novembro de 1969 e 08 de fevereiro de 1975. Diz, por isso, que aadoção ora em comento não gerou direito sucessório por força do artigo 377 do CódigoCivil. Arremata, estabelecendo que a decisão interlocutória hostilizada ofendeu àsgarantias constitucionais do direito adquirido e do ato jurídico perfeito. Pergunta-se:assiste razão ao recorrente? Explique.

5. Licia Ramnes, em 10 de outubro de 1996, ingressou com a ação dedissolução de união estável cumulada com pedido de partilha de bens contra CatãoPeloponeso. A autora aduziu que por dois anos (a partir de março de 1975 até abril de1977) manteve com o demandado convívio more uxorio e cum affectio maritalis. Disse,

ainda, que o convivente varão recebera por herança, na constância da união, umapartamento, bem como adquiriu, com o produto de seu trabalho, aparelho telefônico comdezesseis mil ações da CRT. Requer, assim, a procedência da ação, com oreconhecimento da união estável havida entre as partes no período e partilha igualitáriade todos os bens integrantes do acervo, inclusive aquele havido por herança, comfundamento na aplicação do regime de bens vigente à época em que se configurou aunião. Houve tempestiva contestação. A prova coligida no curso do processo confirmouque o casal, no período, viveu como se marido e mulher fossem. Os autos vieram comvista ao Ministério Público.

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Pergunta-se: assiste razão ao convivente virago? Explique.

PROVA DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Examine, ao responder, todas as questões processuais relevantes

1. Em execução de sentença que condenou ao pagamento de prestaçãoalimentícia decorrente de responsabilidade civil, por ato ilícito, o credor, menor, requereua citação do devedor para, em três (3) dias, efetuar o pagamento, provar que o fez ou

 justificar a impossibilidade de efetuá-lo. Citado, o devedor silenciou. Logo após, o credor requereu a prisão civil do devedor, argumentando que o devedor não era insolvente enada justificou quanto à sua inadimplência. Com vista ao Ministério Público, qual seriasua promoção nesta fase do processo ?

2. Carlos, maior, ajuizou ação de investigação de paternidade cumulada com

alimentos, contra o espólio de Marcos, sob o fundamento de que tinha “posse de estadode filho” em relação a Marcos, fato que o leva a crer ser este efetivamente seu pai. O Dr.Juiz de Direito, antes de determinar a citação, deu vista ao Ministério Público, até porquehavia pedido de alimentos provisionais, liminarmente. Qual seria sua manifestação comoórgão do Ministério Público ?

3. Pode a reconvenção ser extinta, sem julgamento do mérito, antes de ser  julgada a ação ?

4. Sendo a Fazenda Pública litisconsorte de outro litigante, tem prazo emquádruplo para recorrer ?

5. Em ação de divórcio direto, o Juiz nomeou o representante do MinistérioPúblico como curador especial, em face da revelia do cônjuge citado por edital. Qualseria sua manifestação ao ser intimado da nomeação ?

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XLI CONCURSO PARA INGRESSO À CARREIRA DO MINISTÉRIO PÚBLICO

PROVA DE DIREITO CIVIL

Questão nº 01:

JOÃO, pequeno agricultor no interior do Estado, retira o seusustento e o de sua família de área que cultiva e na qual mora. Dita área tem 100hectares. A posse de JOÃO sobre a área decorre de ocupação clandestina que se iniciouem 10.03.87. JOÃO não possui nenhum outro imóvel. Em 10.03.88, o proprietário JOSÉdescobriu a invasão mas restou inerte. Em 12.06.90, JOÃO cedeu a posse para JOSÉque continuou na posse, nas mesmas condições de JOÃO. Em 01.03.97, JOSÉ foi citadopara ação de reintegração de posse do imóvel. Na época em que JOÃO ocupou o bem,nada havia edificado no mesmo. JOÃO construiu uma casa que transferiu, junto com aposse, para JOSÉ. Este ainda fez um celeiro e um galpão no local.

Diante dos dados acima, responda as seguintes questões,

fundamentando, inclusive com citação dos dispositivos legais ou súmulas pertinentes,quando houver. Caso haja, sobre algum ponto, divergência doutrinária ou jurisprudencial,o candidato deve fazer menção às diversas posições, opinando pela que lhe parece maisadequada.

(a) Supondo que os demais requisitos estejam presentes, JOSÉ tem direito ao usucapião pro labore, se optar por restringir sua gleba a 50 hectares, renunciando ao espaçoexcedente?(b) Supondo que os demais requisitos estejam presentes, JOSÉ pode postular ousucapião pro labore, invocando a acessio possessionis?(c) Supondo que não haja condições para o usucapião  pro labore, estão presentes as

condições para o usucapião ordinário?(d) Supondo que não haja direito a qualquer modalidade de usucapião, JOSÉ tempretensão à alguma indenização pela casa, pelo celeiro e pelo galpão?(e) Supondo que estivessem presentes os requisitos para o usucapião  pro labore, poderiao mesmo ser deduzido na contestação da reintegração de posse?

Questão nº 02:

ANTÔNIO e MARIA casaram-se pelo regime da comunhãoparcial de bens em 1975. Para tanto fizeram pacto antenupcial no qual dispuseram que osbens adquiridos com o trabalho da mulher, seriam reservados. O patrimônio anterior ao

casamento era formado por 50% das ações de uma empresa que ANTÔNIO recebera emdoação do pai, bem como um apartamento na praia. MARIA tinha um apartamento nacidade que sempre esteve alugado. Em conjunto, o casal comprou uma casa que lhesserviu de morada. Na constância do casamento, ANTÔNIO vendeu o imóvel da praia parao casal adquirir um sítio. Ao longo dos anos de casamento, ANTÔNIO recebeu comobonificação da empresa mais 10% de ações. MARIA, que sempre trabalhou, adquiriualguns bens móveis, entre os quais um automóvel. Em 1997, o casal separou-se.

Diante dos dados acima, responda as seguintes questões,fundamentando, inclusive com citação dos dispositivos legais ou súmulas pertinentes,

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quando houver. Caso haja, sobre algum ponto, divergência doutrinária ou jurisprudencial,o candidato deve fazer menção às diversas posições, opinando pela que lhe parece maisadequada.

(a) Com o advento da Constituição Federal de 1988, o pacto antenupcial sofreu algumaalteração no que tange ao regime dos bens reservados?

(b) O sítio adquirido na constância do casamento, pode ser objeto da partilha?(c) As ações recebidas na constância do casamento, podem ser objeto da partilha?(d) O patrimônio da mulher adquirido na constância do casamento responde pelas dívidasdo casal?(e) Os valores auferidos no aluguel do imóvel de MARIA eram passíveis de integrar opatrimônio comum?

Questão nº 03:

A doação é, no sistema brasileiro, um contrato. Como todo

contrato, pressupõe que as partes envolvidas sejam capazes. Há porém, algumasrestrições.Diante disto, responda as seguintes questões, fundamentando,

inclusive com citação dos dispositivos legais ou súmulas pertinentes, quando houver.Caso haja, sobre algum ponto, divergência doutrinária ou jurisprudencial, o candidatodeve fazer menção às diversas posições, opinando pela que lhe parece mais adequada.

(a) É possível um dos cônjuges fazer doações sem a autorização do outro?(b) A vedação ao cônjuge adúltero de doar ao cúmplice do adultério, atingeindistintamente o concubinato puro e o impuro?(c) Há impedimento para que os cônjuges façam doações entre si?

(d) A doação feita do pai para o filho, sem consentimento dos demais importa emnulidade?(e) Há diferença entre a doação modal e a doação condicional?

Questão nº 04:

Considerando-se a grande relevância que adquiriu, após oadvento da Constituição Federal de 1988, a indenização por dano moral, respondas asseguintes questões, fundamentando-as, inclusive com citação dos dispositivos legaispertinentes, quando houver. Caso haja, sobre algum ponto, divergência doutrinária ou

 jurisprudencial, o candidato deve fazer menção às diversas posições, opinando pela quelhe parece mais adequada.

(a) A indenização por dano moral determinada por sentença, pode ser feita em parcelasmensais ou deve ser feita em uma única vez?(b) A legitimidade para postular danos morais decorrentes da morte de uma pessoalimita-se às pessoas que tenham vínculo de parentesco?(c) É possível fazer a cumulação do dano moral puro com o dano estético?(d) A pretensão à indenização por dano moral, transmite-se aos herdeiros do ofendido?

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(e) Segundo o art. 1.537 do Código Civil, incisos I e II, a indenização em caso dehomicídio consiste na indenização do tratamento da vítima, das despesas de funeral, e doluto da família, bem como dos alimentos a quem o de cujus devia. Essas verbas limitamou incluem a indenização por dano moral?

PROVA DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL

1ª Questão: Antônio e Benário ingressaram com ação de conhecimento contra Clóvis,visando completar título executivo, buscando sentença de liquidação. Julgadaimprocedente a ação, em grau de recurso, o Tribunal anulou o processo a partir da provapericial. A decisão transitou em julgado. Com base no artigo 485 e seus incisos, doCódigo de Processo Civil, Antônio e Benário ajuizaram ação rescisória visandodesconstituir a sentença, por erro de fato do julgador, este absolutamente incompetente.

Responda: a) Pode ser processada e julgada a ação rescisória

proposta (fundamente)? b) Caso fosse indeferida, de plano, a ação rescisória pelo relator,poderia a parte interpor algum recurso visando a reapreciação da pretensão(fundamente)? c) Havendo recurso, o relator que indeferiu a ação rescisória poderiaparticipar do julgamento rescindendo (fundamente)? d) Há intervenção obrigatória doMinistério Público (fundamente)? e) Como está caracterizado o erro de fato que podeensejar ação rescisória (fundamente)?

2º Questão: O Estado do Rio Grande do Sul promoveu, na Comarca de Guaíba,execução fiscal contra a devedora A. e B. Ind. e Com. de Malhas Ltda. Antes da penhora,a devedora ofereceu exceção de incompetência, alegando que o fato que deu origem à

dívida ocorreu na Comarca de Guaíba, mas que o domicílio da devedora agora é o daComarca de Triunfo. A exceção de incompetência foi acolhida pelo Juiz de Direito daComarca de Guaíba. Inconformado, o Estado do Rio Grande do Sul ofereceu agravo deinstrumento sustentando que a exceção só poderia ser deduzida em embargos e que,para a hipótese, deveria prevalecer a regra do artigo 578 do CPC.

Responda: a) A exceção poderia ser oferecida antes dainterposição dos embargos (fundamente)? b) Cabe recurso de agravo de instrumento paraimpugnar o acolhimento integral da declinatória (fundamente)? c) O acolhimento daexceção de incompetência do juízo suspende o processo de execução fiscal(fundamente)? d) Caso possível a exceção de incompetência e processado o recurso deagravo, poderia ser acolhida a pretensão do agravante (fundamente)? e) Há intervenção

do Ministério Público (fundamente)?

3ª Questão: A Caixa Econômica Federal ingressou com processo de execução contra A.de Souza, residente em Venâncio Aires. Quando da arrematação, A. de Souza ofereceuembargos à arrematação ordenada pelo juízo deprecado da Comarca de Venâncio Aires,alegando ser nula a praça por vício do edital, o qual não observou os requisitos do art.687 do CPC, porque a segunda publicação ocorreu seis dias antes de sua realização e,também, porque a intimação do embargante não obedeceu ao disposto no § 3º do art.

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687 do CPC. A sentença considerou que, não sendo absoluta a regra do art. 687 do CPC,para obter a nulidade pretendida, o embargante deveria ter demonstrado prejuízo, e

  julgou improcedentes os embargos. A. de Souza ofereceu recurso de apelação ereafirmou as mesmas motivações que o levaram a pedir a tutela jurisdicional. A CaixaEconômica Federal, como preliminar, suscitou a incompetência do juízo de VenâncioAires para proceder a arrematação e, ultrapassada a preliminar, manifestou-se pela

manutenção da sentença hostilizada.Responda: a) As ações em que a Caixa Econômica Federal éparte devem ser propostas, apenas, perante os juízos com jurisdição federal(fundamente)? b) Pode o Juiz de Direito deprecado, mesmo sendo estadual, processar e

 julgar os embargos à arrematação (fundamente)? c) Qual o prazo para a publicação doedital do leilão no jornal de circulação local (fundamente)? d) Pode, no caso exposto, ser aplicado o "princípio da instrumentalidade das formas" (fundamente)? e) Nesta demanda,deve o Ministério Público intervir (fundamente)?

4ª Questão: Maria de Tal ajuizou ação monitória contra Seu Carro, Comércio de Veículos

S.A., objetivando a transferência do veículo descrito na inicial, adquirido pela autora, à ré,o que não ocorreu por estar o veículo em nome do ex-proprietário, falecido, não tendo oespólio providenciado na abertura do inventário. Apresentando a nota fiscal de compra,pediu, ainda, fosse a ré condenada ao pagamento de uma multa no valor de um saláriomínimo por dia de atraso, além de perdas e danos a serem apurados em liquidação. A ré,citada, requereu a nomeação à autoria da viúva do ex-proprietário, o que não foi aceitopela autora. Na contestação, como preliminar, argüiu a ilegitimidade passiva e aimpossibilidade do pedido, denunciando à lide a viúva do ex-proprietário. No mérito,manifestou-se pela improcedência. A denunciada, citada, contestou dizendo que nãoautorizara a venda do veículo. Em acórdão de Câmara Cível do Tribunal de Justiça, asentença que extinguia a ação sem julgamento de mérito foi reformada. Em primeiro grau,

novamente, foi julgada a ação, tendo o julgador afastado as preliminares e condenado aré a transferir a propriedade do veículo à autora, no prazo de dez dias, sob pena de seresolver em perdas e danos. Condenou, também, a ré a pagar indenização pelosprejuízos da não transferência do bem. A ré recorre reiterando as preliminares e que, por não se tratar de obrigação de fazer, o julgador não enfrentou o pedido da autora e,também, a denunciação da lide.

Responda: a) Cabe à autora não aceitar a nomeação à autoriafeita pela ré à viúva do ex-proprietário do veículo (fundamente)? b) A ré, ao contestar,deveria argüir, como preliminar, a ilegitimidade passiva para a ação monitória(fundamente)? c) A ré, ao contestar, deveria, como preliminar, denunciar à lide a viúva doex-proprietário? d) Havendo denunciação da lide feita pela ré à viúva do ex-proprietário,

poderá o juiz, ao julgar procedente a ação monitória, deixar de apreciá-la (fundamente)?e) Deverá haver intervenção do Ministério Público (fundamente)?

 PROVA DE DIREITO PENAL 

1ª Questão

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A sentença do Juiz de Direito da 1ª Vara Criminal julgou procedente adenúncia do Ministério Público e condenou “A” como incurso no art. 157, § 2º, inc. I, doCódigo Penal, e estabeleceu-lhe as penas de oito anos e nove meses de reclusão edez dias-multa, no valor de 1/30 do salário-mínimo.

O fato delituoso está narrado na denúncia, nestes termos:“No dia 30 de janeiro de 1998, por volta das 16hs, na Av. Feitoria, nestaCidade, “A” subtraiu de “C”, para si, um automóvel Gol 1997, mediante grave ameaçacontra a vítima, consistente em mantê-la sob a mira de revólver e ameaçá-la de mortese não lhe entregasse o veículo. O veículo foi avaliado indiretamente em R$ 15.000,00,conforme auto de fl. 32. O revólver não foi apreendido.”

“A” apela tempestivamente para se insurgir contra as penas e o regimeprisional. “A” alega que as penas e o regime prisional são injustos.

A sentença condenatória calculou e estabeleceu as penas, nestes exatostermos:

“O réu tinha plena consciência da ilicitude de seu ato. Quanto aos

antecedentes, o réu é reincidente porque no dia 15 de janeiro de 1998, exatamente 15 dias antes do fato criminoso destes autos, publiquei sentença em que o condenei avinte anos de reclusão e dez dias-multa, no valor de 1/30 do salário-mínimo, pela

 prática do delito previsto no art. 157, § 3º, segunda parte, do Código Penal, conformecópia da sentença (fls. 200-215). A conduta social está abonada. A personalidadesem registros. As circunstâncias são desfavoráveis ao réu porque cometeu o crimecontra o patrimônio, fruto do labor da vítima, com emprego de arma. Asconseqüências do crime são graves para a vítima porque foi-lhe subtraído o automóvel,que não foi recuperado, ficando no total prejuízo. A vítima não concorreu para a

 prática do crime. Assim, fixo a pena-base em cinco anos de reclusão. Considerando areincidência, aumento a pena em seis meses, ficando provisoriamente em cinco anos e

seis meses de reclusão. Em face do emprego de arma para o cometimento do crime,aumento a pena de um terço, ficando a mesma em oito anos e seis meses de reclusão,que torno definitiva em face da ausência de outras modificadoras. O regime prisional será o fechado.”

Solução que se pede:

Com vista ao provimento ou improvimento da apelação, analise as tesesde “A”, com a devida fundamentação.

2ª QuestãoSegundo Relatório do Senhor Delegado de Polícia, no dia 7 de setembro

de 1997, por volta das 14hs, no interior da Reserva Florestal da Fazenda Capivara,neste Município, “X” constrangeu “Y”, com 10 anos de idade (certidão de nascimentode fl. 12), à conjunção carnal, mantendo com ela coito vaginal, mediante violência egrave ameaça. Para conseguir manter conjunção carnal, “X” desferiu socos e tapas norosto da vítima e ameaçou-a de morte com revólver (apreendido, conforme fl. 05), poisela reagiu, gritando e se debatendo.

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O auto de exame de corpo de delito comprova coito vaginal e coito anal(fls. 14-15).

“X” praticou o fato acima descrito com a ajuda de “Z”, sua amiga,conforme haviam combinado dias antes.

Enquanto “X” estava no interior da Reserva Florestal com a vítima, “Z”,armada com uma pistola, apreendida, conforme auto de fl. 06, vigiava as cercanias

para evitar a aproximação de qualquer pessoa.“X” e “Z” haviam feito um pacto de vingarem o fato de o marido de “Z” ter freqüentado um motel, durante três dias, em companhia da mãe de “Y”.

Os fatos até aqui relatados são parte do plano de vingança, pois, tão logo“X” ter mantido coito vaginal com “Y”, mandou que ela se vestisse.

Quando a vítima estava vestida, “X” chamou “Z”, que ingressou naReserva Florestal, momento em que ambos partiram para a execução da outra parte doplano de vingança, que foi matar a vítima “Y”, desferindo contra ela vários tiros de revólver e pistola, conforme positiva o auto de necropsia de fls. 34-35. A ação de matar a vítimafoi cometida por “X” e “Z”, com suas respectivas armas. Para desferir os tiros, “X” e ”Z”seguraram “Y” pelos braços, pois ela tentava fugir.

Após, “X” e “Z” retiraram-se, cada um, para sua casa.Duas horas após, conforme haviam combinado, “X” tinha que retornar àReserva Florestal para verificar se a vítima de fato estava morta. “X” cumpriu ocombinado indo ao local fazer a verificação. Chegando ao local e constatando que avítima estava morta, “X” arrancou-lhe todas peças de vestuário e praticou coito anal.Conforme confessou depois, “X” ficou excitado com a nudez de “Y”.

Os fatos chegaram ao conhecimento da autoridade policial porque o paide “Y”, peão da Fazenda Capivara, registrou a ocorrência e pediu a ação dasautoridades.

Solução que se pede:

Considere os fatos narrados e, em sede de denúncia, dê-lhes a solução jurídica adequada, com a devida fundamentação e enquadramento legal.

3ª Questão

“D” é filho de pai e mãe moçambicanos e freqüenta a Faculdade deDireito. No dia 15 de julho de 1998, por volta das 15hs, foi à Faculdade para buscar oseu boletim de desempenho acadêmico para efetuar a matrícula para o 2º semestreletivo. Ao chegar na portaria da Faculdade, viu-a fechada. Perguntou ao guarda os

motivos do fechamento da portaria antes do horário previsto, que é 20hs. O guardarespondeu ao “D”, referindo-se à origem étnica do mesmo: “Aqui não tem banana,macaco doutozinho.” “D” respondeu: “O que é isso, seu guarda?” O guarda retrucou:“Teu lugá é no mato com os teu. Vai lá procurá teu rabo.” Diante da situação criada,“D” foi queixar-se a “R”, professor da Faculdade, que acabara de chegar ao local deestacionamento de veículos automotores, distante uns 20 metros da portaria. Quandoo guarda ouviu a queixa de “D”, sacou do revólver e, fazendo pontaria, desferiu contraele vários tiros, logrando atingi-lo com um dos disparos no ombro direito. Quando oguarda começou a efetuar os disparos de revólver contra “D”, “R” gritou: “Cuidado que

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ele vai atirar!” Com o grito, “D” começou a jogar-se de um lado para outro na tentativade desviar-se dos tiros. Diante do acontecido, “R” tratou de socorrer “D”, levando-o aoHospital de Pronto Socorro, em seu automóvel. No caminho para o Hospital, “R”, naurgência de socorrer “D”, trafegando a uns 90km/h, em auto-estrada, luzes externas doveículo acesas e acionando a buzina, passou por um cruzamento estando vermelho osinal do semáforo e atropelou a vítima “G”, que cruzava a faixa de pedestres. Em

conseqüência do atropelamento de “G”, “R” perdeu o controle de seu veículo e colidiucontra um poste da rede elétrica. Da colisão contra o poste resultou politraumatismoem “D”, que, com o rompimento do fígado, teve hemorragia interna, vindo a falecer nolocal, conforme auto de necropsia de fls. 34-35. A vítima “G” também faleceu no localdo acidente em conseqüência de hemorragia interna aguda causada pela ruptura dofígado, baço e pulmão esquerdo, conforme auto de necropsia de fls. 40-41.

Solução que se pede:

Ante os fatos narrados, individualize as condutas, com a devidafundamentação e enquadramento legal, com destaque especial para aspectos

doutrinários.

4ª Questão

Fazer uma análise doutrinária comparativa sobre o seguinte tema:“CRIME DE CORRUPÇÃO ATIVA e CRIME DE CORRUPÇÃO PASSIVA”.

A análise deverá destacar apenas os seguintes aspectos: bem jurídico,sujeitos, tipo objetivo, tipo subjetivo, consumação e tentativa, classificação.

PROVA DE PROCESSO PENAL

1.- No dia 30 de dezembro de 1997, cerca de 5h30min, no interior daBoate Papillon, sita na Vila Ituim, em Vacaria, o denunciado Tinoco da Silva,inconformado pelo fato de a vítima Crisântemo dos Santos ter sentado à sua frente e comisso dificultando-lhe a visão do espetáculo que estava sendo apresentado naquela casanoturna, e sem que tenha havido qualquer discussão entre ambos, sacou o revólver,marca Taurus, calibre 38, e, “animus necandi ” desferiu-lhe um tiro, acertando, porém, napessoa de Tibúrcio de Oliveira, que se interpusera entre eles, tentando evitar o homicídio,

resultando, este, ferido no ombro, tudo consoante faz certo o auto de exame de corpo dedelito de fls.Ato contínuo, o co-denunciado Malaquias da Silva, pai de Tinoco, interveio

e desfechou dois tiros em Crisântemo, dos quais um deles transfixou-lhe a veia aorta,causa do êxito letal, conforme se vê do auto de necropsia de fls.

Considerando que Tinoco da Silva e Malaquias da Silva forampronunciados pelos fatos acima descritos, ofereça libelo acusatório apenas quanto aoprimeiro deles (Tinoco da Silva).

Preencha a qualificação pessoal com dados fictícios.

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2.- Tinoco da Silva foi preso em flagrante e denunciado pela prática deatentado violento ao pudor, com violência real contra duas menores, ambas contando 10anos de idade, eis que após surrá-las com o emprego das mãos, lesionando-as de formadisseminada pelo corpo, constrangeu-as à prática de felação.

Sem a prévia oitiva do (a) representante do Ministério Público, o juizda causa concedeu ao réu liberdade provisória, mediante termo de comparecimento atodos os atos do processo.

Na condição de Promotor (a) de Justiça, ofereça petição de recursocom sua fundamentação legal e deduza as razões de tal inconformidade.

3.- Tinoco da Silva foi denunciado por incurso nas linhas do artigo 121,parágrafos 3º e 4º, do Código Penal, porque, manuseando arma de fogo de formaimprudente e imperita, matou Tibúrcio dos Santos, fugindo, ao depois, sem prestar socorro à vítima.

Conclusos os autos ao Dr.Pretor, propôs este ao réu a suspensão doprocesso por 3 (três) anos, mediante condições a serem estabelecidas e designando datapara a realização da audiência, visando à apreciação da proposta.

Na condição de Promotor (a) de Justiça, identifique o meioimpugnativo a essa decisão, bem como apresente as razões de tal inconformidade.

4.- Com os fatos abaixo, formule a denúncia correspondente, indicando,ainda, o número máximo de testemunhas que, na qualidade de Promotor (a) de Justiça,você pode arrolar com a peça inicial. Complemente o que for necessário com dadosfictícios.

a) Os fatos se passaram no dia 20 de agosto de 1998, cerca de3h30min, na Rua Perdigão, em frente ao nº 480, área da cidade jurisdicionada pelo ForoRegional Alto Petrópolis;

b) João dos Anzóis e o menor inimputável José Biguá, já corrompido,acometeram a vítima Plotina da Silva, subtraindo, para si, a quantia de R$ 2.000,00 (doismil reais) e um relógio, avaliado este em R$ 200,00 (duzentos reais);

c) Durante a ação empreendida, o menor José Biguá, empunhando umrevólver, intimidou a vítima Plotina, dizendo tratar-se de um assalto, enquanto que Joãodos Anzóis a despojava dos bens acima descritos;

d) João dos Anzóis foi preso em flagrante, de posse do dinheiro, por força da ação de circunstantes que passavam pelo local;

e) José Biguá conseguiu evadir-se, sem perseguição, sendo, porém,detido uma hora mais tarde, quando, na cidade de Alvorada, envolveu-se em briga de rua.Nessa ocasião, efetuou-se a apreensão do relógio.

ESTADO DO RIO GRANDE DO SULPROCURADORIA-GERAL DE JUSTIÇA

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XLII CONCURSO PARA INGRESSO À CARREIRA DO MINISTÉRIO PÚBLICO

1º PROVA ESCRITA

DIREITO CONSTITUCIONAL

1. O Município poderia adotar o sistema de governo parlamentar em face daConstituição vigente? Explique cabalmente a resposta, citando, se for o caso, dispositivosconstitucionais e infraconstitucionais, sem, contudo, transcrevê-los.

2. O STF, guardião da Constituição, produziu, nos últimos anos, copiosa  jurisprudência exigindo a   pertinência temática como requisito específico para quedeterminados órgãos ou entidades possam manejar a ação direta deinsconstitucionalidade. Qual é o significado da expressão   pertinência temática?Governadores de Estado estão sujeitos a esse requisito específico quando impetram açãodireta? Explique rigorosamente as respostas, citando artigos de lei ou da Constituição,

sem transcrevê-los.

3. Governador de Estado que sancionou, expressa ou tacitamente, projeto deIei aprovado pela Assembléia Legislativa, poderá, depois, ajuizar ação direta deinsconstitucionalidade, sob o argumento de que aquela lei — que ele sancionou — éinconstitucional? Explique satisfatoriamente a resposta, sem transcrição de dispositivoslegais e constitucionais.

DIREITO PENAL

4. Para obter livramento condicional por fato cometido antes de entrar em vigor a Lei dos Crimes Hediondos (Lei n° 8.072/90), mas depois nela enquadrado, o agente teráque se sujeitar, dentre outras condições, também à regra do artigo 83, V, do CódigoPenal? Explique.

5. João, usando revólver, dispara um tiro contra Pedro, com a intenção dematá-lo. Tal ação pode ter os seguintes desdobramentos:1°) Mata Antônio, que passava pelo local;2°) atinge Antônio, que fica apenas ferido;

3º) atinge Pedro e Antônio, ferindo-os;4°) atinge Pedro e Antônio, matando-os;5º) mata Pedro e fere Antônio.

Diante do enunciado, responda as seguintes indagações:

1º) Qual a denominação latina do instituto penal em que o sujeito, pretendendo atingir fisicamente uma pessoa, ofende outra?2º) Nesta situação, o sujeito fica isento de pena?

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3º) Em cada um dos exemplos, qual a responsabilidade penal de João?(Quais as infrações cometidas?)4º) E se João, prevendo a possibilidade de, errando o alvo, vir a atingir Antônio, ferindo-oou matando-o, aquiesce na produção desses resultados?Explique sucintamente.

6. Paulo, desconfiado que sua mulher Joana o traíra com José, acaba por  matá-la a tiros de revólver. Joana estava grávida de 7 meses e levada ainda com vida aoHospital, onde acabou morrendo, os médicos constataram que apesar da morte da mãe, ofeto ainda estava vivo. Feita cesariana, a criança não resistiu e acabou morrendo. Ante oexposto, responda as seguintes indagações:

1º) Qual o crime ou crimes praticados por Paulo?2º) A morte da criança constituiu homicídio, aborto ou infanticídio?3º) E relevante a circunstância de a criança haver morrido fora do ventre materno?4º) No caso de haver dois crimes, a hipótese é de concurso formal ou material? Expliquesucintamente.

DIREITO PROCESSUAL PENAL

7. Petronildo foi condenado à pena de 15 (quinze) anos de reclusão, pelaprática de homicídio qualificado (motivo torpe), relativamente a fato ocorrido no dia 03(três) de março de 1997. Foi previsto, na sentença, o regime inicial fechado, tendo adecisão transitado em julgado nesses termos. No decorrer da execução, após cumprir 1/6(um sexto) da pena, postulou o apenado, através de defensor constituído, que fosseprocessado o pedido de progressão prisional, realizando-se os laudos respectivos(Criminológico e da Comissão Técnica de Classificação).

O Ministério Público se pronunciou no sentido do indeferimento dapostulação, ao argumento exclusivo de que a Lei 8.072/90 impede a almejada

progressão. O magistrado acolheu integralmente a manifestação ministerial, indeferindo opedido e, via de conseqüência, impedindo a passagem para o regime semi-aberto.Tal decisão, ensejou tempestivo recurso da defesa, com supedâneo no art.

197 da Lei das Execuções Penais e sob o fundamento de que o indeferimento maltratou oart. 1º da Lei 7.210/84 e que assegura aoapenado direito à integração social, o que, in casu, foi inviabilizado. O Dr. Promotor deJustiça contraminutou o agravo, ratificando a posição anterior.Mantida a decisão pelo magistrado, os autos, ascenderam, então, à lnstânciaSuperior.Diante desse quadro, qual a decisão adequada a ser conferida à espécie? Justifique.

8. Ao decretar a prisão preventiva de Tício, a requerimento da autoridadepolicial e pela suposta prática de homicídio biqualificado (motivo fútil e mediante recursoque dificultou a defesa da vítima), o magistrado respectivo fundamentou a constrição daseguinte forma: “Havendo indícios da autoria e prova da materialidade, decreto a custódiaprovisória, a fim de se garantir a ordem pública.”

O indiciado, em petição do próprio punho, impetrou ordem de habeascorpus, afirmando que, embora a existência de prova da materialidade e oreconhecimento da autoria, agiu, porém, sob o pálio da legítima defesa putativa. Isto

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porque, segundo a sua versão, efetuou dois disparos de arma de fogo em função de quea vítima levou a mão da cintura, dando a nítida impressão de que pretendia sacar algo,fato que adquiriu maior verossimilhança em função da inimizade notória que mantinham.Hostiliza, ainda, a declaração da única testemunha dita presencial, eis que irmã delavítima. Por fim, alega, genericamente, que o magistrado não fundamentou de formaadequada a necessidade da segregação cautelar.

Diante desse quadro, a ordem deve ser concedida? Justifique.

9. O Ministério Público Estadual, com base em inquérito policial, denunciouPércio Ambrósio, qualificando-o da seguinte forma: brasileiro, branco, solteiro, semprofissão definida, nascido em 18 (dezoito) de março de 1972 (ut certidão de nascimentoacostada aos autos), filho de Pércia Ambrósio e Tibúrcio Ambrósio e residente na rua Y,n° 13.

Segundo a narrativa posta na inicial, o acusado, no dia 20 (vinte) de janeirode 1993, cerca de 9h00min, na Comarca X, interior do Estado do Rio Grande do Sul,subtraiu, para si, da empresa onde trabalhava, cerca de 15 (quinze) pacotes de cigarros,

contendo, cada pacote, cinqüenta carteiras das mais diversas marcas, sendo avaliadosindiretamente em R$ 825,00 (oitocentos e vinte e cinco reais). Na oportunidade, segundoainda a exordial acusatória, o acusado em questão, aproveitando-se de um descuido deum empregado que deixou o depósito aberto, ingressou no recinto, retirando dali a res,colocando-a, ato contínuo, dentro de três sacolas plásticas, saindo depois do interior daempresa. Na capitulação, contudo, ao invés do furto, foi tipificado o crime de roubosimples (art. 157, caput, do Código Penal).

A denúncia foi recebida em 03 (três) de março de 1995.O acusado foi interrogado, ocasião em que, na presença de advogado por 

ele constituído, negou a imputação. Apresentou, a seguir, defesa prévia, fazendo-o noprazo legal e arrolando três testemunhas abonatórias.

O proprietário da empresa respectiva postulou sua habilitação comoassistente de acusação, o que foi deferido.No decorrer da instrução, colheu-se a declaração de Petrúcio e que foi

arrolado, pela denúncia, na condição de vítima, já que responsável pela guarda dodepósito, procedendo-se a oitiva, também, das testemunhas indicadas pela defesa. Oprimeiro (Petrúcio), antes de prestar as declarações respectivas, solicitou a retirada do réuda sala de audiências, no que foi atendido pelo douto magistrado, embora o protesto dadefesa. A seguir, asseverou que o autor do fato foi efetivamente o acusado. Na ocasião,segundo a sua narrativa, o réu, utilizando-se de uma faca, obrigou, a ele Petrúcio, queabrisse o depósito, o que fez diante da ameaça de morte realizada pelo acusadosupracitado. Afirmou, outrossim, não ter feito esse relato na fase administrativa em função

de várias ameaças feitas pela réu, daí porque, atemorizado, resolveu silenciar naquelafase policial.No prazo do art. 499 do Código de Processo Penal, nada foi requerido pelas

partes.Nas alegações finais, o Ministério Público postulou pela procedência da

ação penal, nos termos da capitulação posta na inicial, tendo a assistência ratificado opedido e preconizado, ainda, o reconhecimento da majorante do emprego de arma.

A defesa técnica, a seu turno, alegou insuficiência probatória, objetivando,com isso, sentença absolutória.

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O magistrado sentenciante acabou condenando o réu nas sanções do art.157, caput, do Código Penal, fazendo-o, especialmente, com esteio na declaração judicialde Petrúcio, considerando-a firme e convergente. Em decorrência, foi apenado com 4(quatro) anos de reclusão, acrescido de multa, nas margens mínimas (10 dias-multa eestimados, unitariamente, em 1/30 do salário mínimo vigente à época do fato) e previsto,ainda, o regime inicial semi-aberto. A sentença foi publicada no dia 03 (três) de setembro

de 1999, oportunidade em que o defensor constituído, inclusive, tomou ciência dadecisão, o mesmo ocorrendo com o acusado.Irresignada, apelou a defesa técnica, dizendo, apenas, que a prova é

insuficiente para a condenação, eis que lastreada tão-só em declaração de um dosempregados da empresa, invocando, assim, o brocardo testis unus, testis nullus. Houve,ainda, recurso do assistente de acusação, almejando aumentar a pena do réu emdecorrência da majorante do emprego de arma (faca) e que não foi reconhecida nasentença.

Na condição de Promotor de Justiça que recém assumiu a Comarcarespectiva, elabore as contra-razões recursais, face o recurso da defesa.

Considere ainda, na interpretação da questão, que os recursos são

tempestivos e que o assistente de acusação tem legitimidade para recorrer buscandoelevar a pena originariamente imposta ao réu. Considere, outrossim, que o prazo paramanifestação acerca do apelo da assistência, só era aberto, para acusação pública edefesa, após oferecimento dessas contra-razões.

2º PROVA ESCRITA

PROVA DE DIREITO ADMINISTRATIVO

1. Paulo, servidor público que havia sido investido no cargo de motorista,promoveu ação contra o município em relação ao qual se vincula, visando a concessão degratificação pelo exercício de atividades insalubres. Isso sob o fundamento de que, aotempo em que estava em atividade (trata-se de servidor aposentado desde 1990), exerciaas funções do cargo de operador de máquinas, cuja insalubridade veio a ser reconhecidapor lei vigente a partir de 1992, atribuindo uma gratificação de 40% sobre seusvencimentos. O autor tem direito ao que postula? Justifique a resposta com concisão.

2. Antes do término do estágio probatório, Luís foi considerado inapto para asfunções de seu cargo, razão pela qual foi sumariamente exonerado. Inconformado,

impetrou mandado de segurança para invalidar tal ato, alegando que não Ihe foiassegurado o contraditório e a ampla defesa. Luís tem razão no seu pleito? Justifique aresposta com concisão.

3. Alceu, trafegando pela Avenida lpiranga em Porto Alegre, foi flagrado pelosensor eletrônico de velocidade. Efetivamente havia ultrapassado o limite no local. Emvirtude disso, foi de pronto notificado pelo DETRAN para pagar a multa ou interpor recurso administrativo. Qual o pleito que poderia formular em juízo na defesa de seuinteresse? Responda com concisão.

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DIREITO CIVIL

4. “A”, produtor de tomates, mantinha relação com a indústria “B”, que Iheadquiria o produto para industrialização. Durante vários anos (1990-1997) a indústria “B”,forneceu ao produtor “A” as sementes para o plantio das safras. Esse procedimento eraadotado com outros produtores da região. Na safra 98/99, a indústria, muito embora tendofornecido gratuitamente as sementes para o plantio, deixou de adquirir o produto porquenão iria exercer a atividade de industrialização dos tomates naquele ano. Em face disso, oprodutor “A” promoveu ação de indenização contra a indústria “B”, buscando indenizaçãopelos danos sofridos com a perda da produção, pois não teve a quem vender os tomatescolhidos naquela safra. A indústria “B” contestou, aduzindo não ter assumido qualquer compromisso de adquirir a produção, tendo apenas doado sementes à “A” e para algunsprodutores da região, não havendo, por isso, dever de indenizar. Isso posto, quanto à

existência ou não do dever de indenizar da indústria “B”, definir, fundamentadamente,pela procedência ou improcedência da ação indenizatória proposta.Observação importante: a fundamentação da solução dada é extremamente importante,devendo conter, obrigatoriamente, os conceitos pertinentes devidamente explicitados.

5. Analisar as questões relacionais ou não-relacionais entre a invalidade e aeficácia dos negócios jurídicos ou atos jurídicos stricto sensu, explicitando as hipóteses deeficácia e ineficácia do nulo e as hipóteses de eficácia e ineficácia do anulável,discorrendo, por fim, sobre a hipótese de compra e venda a non domino.

6. Venda de bens de ascendentes para descendentes, sem o consentimentodos outros descendentes. Dissertar a respeito, informando se a hipótese é de validade ouinvalidade, considerando a) o negócio jurídico direto entre ascendentes e descendentes eb) o negócio jurídico entre ascendentes e descendentes indireto, mediante interpostapessoa, explicitando, caso a hipótese exigir, a) o prazo, b) o termo a quo do prazo e c) anatureza do prazo para ajuizar a ação cabível.Observação importante: cada afirmativa ou conclusão deverá ser, obrigatoriamente,seguida por suficiente e precisa fundamentação. Caso haja posições doutrinárias ou

  jurisprudenciais conflitantes sobre algum dos pontos a serem enfrentados, as mesmasdevem ser expostas, filiando-se o candidato a alguma delas.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

7. Considerando que o § 3° do artigo 273 do Código de Processo Civil remetea execução da tutela antecipada, no que couber, para o regime da execução provisória(art. 588, incisos II e III), indaga-se:(a) é possível exigir-se caução para o deferimento da antecipação de tutela, apesar docitado § 3º não referir o inciso I do art. 588 do CPC?

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(b) o autor que se beneficia da tutela antecipada, responde objetivamente pelos danoscausados, caso a antecipação não se confirme ao final, tal qual o autor da cautelar responde por força do art. 811 do CPC?

Caso haja posições doutrinárias ou jurisprudenciais conflitantes sobre algumdos pontos a serem enfrentados, as mesmas devem ser expostas, filiando-se o candidatoa alguma delas.

8. Em se tratando de relação de consumo, tem o Ministério Públicolegitimidade para a propositura de ação coletiva para a proteção de direitos individuaishomogêneos?

Caso haja posições doutrinárias ou jurisprudenciais conflitantes sobre algumdos pontos a serem enfrentados, as mesmas devem ser expostas, filiando-se o candidatoa alguma delas.

9. João ingressou, em 10 de março de 1998, com ação indenizatória peloprocedimento ordinário contra o Município X. Sustentou na inicial que o Município, ao

proceder a abertura de pavimentação de uma rua no ano de 1990, invadiu área de umterreno de sua propriedade, com isto praticando uma desapropriação indireta que Ihe dádireito a indenização pela perda da propriedade.

Citado, o Município contestou. Primeiro promoveu a denunciação da lide daempresa Construtora Ltda. que foi a empresa responsável pela obra, eis que esta seria aresponsável pelo suposto avanço na propriedade do autor. Como preliminar alegou aprescrição da ação eis que entre o fato e o ingresso da demanda teriam decorrido mais decinco anos. No mérito, negou que houvesse a desapropriação indireta, o que ficariademonstrado na fase probatória.

Recebida a contestação, o julgador negou a denunciação, o que foi objetode agravo retido interposto pelo Município.

Após a réplica, em decisão saneadora que determinou a realização daperícia, o julgador indeferiu a preliminar de prescrição. Esta decisão não foi objeto derecurso pelo Município.

Transposta a fase probatória, com realização de perícia e audiência,sobreveio sentença. Nesta, o julgador, revendo a decisão saneadora, entendeu queefetivamente se dera a prescrição e, assim, julgou improcedente a demanda com base noinciso IV do art. 269 do Código de Processo Civil.

O autor João apelou alegando que não era licito ao juiz reexaminar amatéria da prescrição pois ocorrera a preclusão em relação a ela e, no mérito, pedia que,superada a prescrição, já fosse efetivado o julgamento de mérito eis que a perícia teriasido favorável a sua tese.

O Município, em contra razões, além de sustentar a tese sentencial,requereu, sucessivamente, para o caso de provimento do apelo, que fosse examinado oagravo retido quanto à denunciação da lide.

Os autos vêm para parecer do representante do Ministério Público,considerando o interesse público envolvido haja vista a presença de pessoa jurídica dedireito público de existência necessária na demanda.

Considerando que se trata de exame de processo civil, napresente questão o parecer deve enfrentar as seguintes questões:

(a) era Iícito ao juiz rever a decisão do saneador acerca da prescrição contra

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a qual não foi oposto recurso de agravo?(b) houve prescrição da ação?(c) se fosse constatada a inexistência de prescrição, poderia o tribunal julgar 

o mérito da demanda imediatamente?(d) sendo provida a apelação seria possível prover o agravo retido por ser 

caso de denunciação da lide?

O parecer deve ser fundamentado, inclusive com citação dos dispositivoslegais cabíveis ou enunciados de súmulas pertinentes, o que será objeto de avaliação.Caso haja posições doutrinárias ou jurisprudenciais conflitantes sobre algum dos pontos aserem enfrentados, as mesmas devem ser expostas, filiando-se o candidato a algumadelas.