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1. Introdução A linguagem é um processo mental de manifestação do pensamento e de natureza essencialmente consciente, significativa e orientada para o contacto interpessoal. Apesar do processo da linguagem ser essencialmente consciente, entretanto entende-se que o fluxo e a articulação desta provém de camadas mais profundas e não conscientes, tais como do subconsciente e inconsciente, segundo o esquema de Willian James. 1.2 As falhas na linguagem Pode-se analisar a linguagem relativamente à forma como se processa em circunstâncias absolutamente normais, ou pode ser analisada relativamente às falhas que ocorrem durante o processo de produção e/ou compreensão da linguagem, sendo ela uma modalidade que interage com objectos físicos e sociais. Nos processos normais da linguagem é necessário compreender as suas principais características (a regularidade e a produtividade) e que tipo de regras permitem essa produtividade e regularidade (sintácticas, semânticas e fonológicas). Uma das componentes fundamentais na investigação cognitiva da linguagem é a análise das falhas que ocorrem na produção e na compreensão da linguagem. Falhas essas que muitas das vezes surgem naturalmente ao longo da produção e do processamento da linguagem, pelo que a investigação se realiza diversas vezes com o objectivo de se produzirem artificialmente algumas das falhas na produção e na compreensão da linguagem que acabam por ocorrem naturalmente. Assim, criam-se situações artificiais de produção e de processamento da linguagem à semelhança daquilo que ocorre na investigação em percepção: tenta-se enganar o sistema e observa-se como é que ele reage (com exemplo temos os lapsos linguísticos e as ambiguidades na linguagem). 1.3 Lapsus Linguae Expressão latina que significa erro de língua. Diz-se das distracções que se cometem na linguagem falada. Os lapsos linguisticos é uma área de interesse especial para os psicólogos cognitivos pois diz respeito à produção da linguagem: Muitos autores possuem um interesse específico na produção incorrecta da linguagem (Sternberg, 2002), nomeadamente naquilo que se refere aos lapsos de linguagem, que mais especificamente são erros linguísticos não intencionais, que podem ocorrer em qualquer nível de análise

Psic. Cognitiva - Relatório Linguagem

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Page 1: Psic. Cognitiva - Relatório Linguagem

1. Introdução

A linguagem é um processo mental de manifestação do pensamento e de natureza

essencialmente consciente, significativa e orientada para o contacto interpessoal. Apesar

do processo da linguagem ser essencialmente consciente, entretanto entende-se que o

fluxo e a articulação desta provém de camadas mais profundas e não conscientes, tais

como do subconsciente e inconsciente, segundo o esquema de Willian James.

1.2 As falhas na linguagem

Pode-se analisar a linguagem relativamente à forma como se processa em circunstâncias

absolutamente normais, ou pode ser analisada relativamente às falhas que ocorrem

durante o processo de produção e/ou compreensão da linguagem, sendo ela uma

modalidade que interage com objectos físicos e sociais.

Nos processos normais da linguagem é necessário compreender as suas principais

características (a regularidade e a produtividade) e que tipo de regras permitem essa

produtividade e regularidade (sintácticas, semânticas e fonológicas).

Uma das componentes fundamentais na investigação cognitiva da linguagem é a análise

das falhas que ocorrem na produção e na compreensão da linguagem. Falhas essas que

muitas das vezes surgem naturalmente ao longo da produção e do processamento da

linguagem, pelo que a investigação se realiza diversas vezes com o objectivo de se

produzirem artificialmente algumas das falhas na produção e na compreensão da

linguagem que acabam por ocorrem naturalmente.

Assim, criam-se situações artificiais de produção e de processamento da

linguagem à semelhança daquilo que ocorre na investigação em percepção: tenta-se

enganar o sistema e observa-se como é que ele reage (com exemplo temos os lapsos

linguísticos e as ambiguidades na linguagem).

1.3 Lapsus Linguae

Expressão latina que significa erro de língua. Diz-se das distracções que se cometem na

linguagem falada.

Os lapsos linguisticos é uma área de interesse especial para os psicólogos cognitivos

pois diz respeito à produção da linguagem: Muitos autores possuem um interesse

específico na produção incorrecta da linguagem (Sternberg, 2002), nomeadamente

naquilo que se refere aos lapsos de linguagem, que mais especificamente são erros

linguísticos não intencionais, que podem ocorrer em qualquer nível de análise

Page 2: Psic. Cognitiva - Relatório Linguagem

linguística: fonemas, morfemas ou unidades superiores ao nível da linguagem

(Sternberg, 2002). .

1.4 As Ambiguidades na Linguagem

As ambiguidades são utilizadas para compreender a forma como os sujeitos processam

a linguagem. As palavras possuem um significado dominante, tal como um significado

secundário, então, a ambiguidade é eliminada com a procura e associação de

significados. Esta procura depende da quantidade de significados e da associação e

contextualização de conteúdos.

Na investigação em linguagem existem dois tipos de ambiguidade: a ambiguidade

estrutural (ambiguidade sintáctica) e a ambiguidade lexical (ambiguidade semântica).

� Ambiguidade Estrutural

Exemplo: As avestruzes compraram as armadilhas para os ursos de Peluche.

Tem duas interpretações possíveis: as armadilhas são para apanhar os ursos ou as

armadilhas são para dar aos ursos.

� Ambiguidade Lexical

Exemplo: Simpático é… ter o telemóvel do seu gestor de conta quando

você mais precisa.

Neste caso podemos também interpretar de várias formas: alguém deu o telemóvel do

gestor de conta ao cliente ou alguém deu o número de telemóvel do gestor de conta ao

cliente.

Como podemos verificar as existem imensas frases, que todos nós ouvimos no

quotidiano, que podem ter várias interpretações e diversas maneiras de entender.

2. Método

2.1 Material

� Computador

� Projector de Vídeo

� Cronómetro

� 9 frases para interpretar

� 1 frase para completar

Page 3: Psic. Cognitiva - Relatório Linguagem

� 4 frases para completar

� Folha e Caneta (ou lápis)

2.2 Procedimento

Tarefa 1

O experimentador dá a instrução para que os sujeitos escrevam os comentários relativos

a cada uma das frases que vai ser apresentada. Cada frase é projectada no ecrã e os

sujeitos têm 30 segundos para fazerem os seus comentários/interpretações.

Tarefa 2

Nesta tarefa os sujeitos são reunidos em pares e é-lhes pedido para que completem uma

frase cada um deles. São entregues duas folhas a cada par, ficando cada um dos

elementos com uma folha (virada para baixo). Enquanto um dos sujeitos está a

completar a frase, o outro está a registar o tempo que medeia entre o virar da folha e

completar a frase. As folhas são viradas só quando o experimentador der o respectivo

sinal.

Tarefa 3

Nesta tarefa é entregue uma folha a cada sujeito com 4 frases que os sujeitos têm de

completar. Pretende-se saber quantas interpretações diferentes conseguem os sujeitos

realizar relativamente a cada frase.

Procede-se de seguida ao registo dos resultados e consequente análise e discussão dos

mesmos.

3. Resultados

Vamos então de seguida mostrar os resultados obtidos nas várias experiências feitas, a

um total de 6 sujeitos (N=6).

Tabela 1. Interpretações convencionais e não convencionais das frases apresentadas.

Frequências

Interpretação Convencional 7

Interpretação não Convencional 6,8

Page 4: Psic. Cognitiva - Relatório Linguagem

Analisando a tabela acima, podemos referir que, não existem grandes diferenças na

interpretação de frases ambíguas por parte dos sujeitos

Tabela 2. Diferenças de Tempo para a interpretação de frases com palavras ambíguas e

não ambíguas.

Tempo

Palavras Ambíguas 137 “

Palavras não Ambíguas 91”

Podemos referir acerca da tabela 2 que a diferença entre os tempos foi bastante. Num

total de 137 segundos, para as palavras ambíguas e de 91 para as não ambíguas.

Tabela 3. Frequência de Interpretação por frase.

Frase 1 Frase 2 Frase 3 Frase 4

Interpretações 22 32 26 28

Na tabela acima podemos verificar que quando a interpretação remete para o final da

frase, o número de interpretações é maior e quando remete para o meio é inferior.

4. Discussão

⇒ Verificar se existe confirmação das hipóteses, ou seja, se os resultados

confirmam os resultados experimentais ao nível da ambiguidade do significado

na linguagem – constatar uma grande facilidade dos sujeitos ultrapassarem as

ambiguidades no significado e possuirem maior dificuldade em processar frases

com palavras ambíguas do que frases sem palavras ambíguas.

⇒ Justificar dando suporte teórico para um melhor entendimento dos resultados

obtidos.

⇒ Explicar possíveis resultados inesperados, assim como as limitações do estudo.

⇒ Dar sugestões para futuras investigações e explicar a pertinência do estudo.

Page 5: Psic. Cognitiva - Relatório Linguagem

Referências para consultar

Anderson, J.R. (1995). Cognitive psychology and its implications. New York: Freeman

Eysenck, M.W. & Keane, M.T. (1994). Psicologia cognitiva: Um manual introdutório.

Porto Alegre: Artes Médicas.

Sternberg, R. (2002). Psicologia Cognitiva. São Paulo: Artmed.

Gleitman, H. (1993). Psicologia. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian