Psicologia da Saúde eSaúde Pública: convergência histórica · Contributo da Psicologia da Saúde para a Saúde Pública: 1) Temáticas emergentes relacionadas com comportamentos

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Margarida Gaspar de MatosPsicóloga

Profª. FMH/UTL , Investigadora CMDT/UNLJunho, 2004

Psicologia da Saúde

e Saúde Pública: convergência

histórica

AVENTURA SOCIAL & SAAVENTURA SOCIAL & SAÚÚDEDEFMH /UTL 1987- 2004

1- Conceitos, polémicas - Saúde /bem estar

2- Psicologia da Saúde e Saúde Pública ;

convergência histórica

3- “Revoluções” na Saúde

4- A mudança de comportamentos em Saúde

5- Reflexões para intervenção e investigação em

Saúde








Saúde


“A saúde não vem nos comprimidos

Nem se salva com a faca de cirurgião

A saúde não é ausência de doença

Mas a luta por uma vida plena”

( Piet Hein )

Psicologia da Saúde e Saúde Pública

“Saúde positiva”/ bem-estar ( Alma-Ata, 1978, Ottawa 1986)

Saúde física

Saúde psicológica

Saúde social

Saúde ambiental

Saúde política


PAPEL DOS PSICÓLOGOS

Investigação e intervenção na área da SAÚDE, em colaboração com outros profissionais da Saúde

1) Necessidades das pessoas na Saúde,

2) Necessidades das pessoas na Doença,

3) Problemas dos e com os técnicos de Saúde,

4) Investigação e Inovação no Sistema de Saúde

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MUDAR COMPORTAMENTOSMUDAR ENVOLVIMENTOS

Palavras-chave (Ottava, 1986):

• Perspectiva multidisciplinar• Acção na comunidade• Competência e Participação dos indivíduos• Saúde positiva/ bem-estar• Ambiente protector• Reorganização dos serviços de saúde


Abordagem multidisciplinar da problemática da saúde:

1) Dimensão demográfica• Descida de mortalidade, • Aumento da esperança de vida • Aumento do impacto da doença crónica

2) Dimensão política• Verbalização do compromisso político com o bem-estar do cidadão• Colapso dos serviços de saúde tradicionais .


Abordagem multidisciplinar da problemática da saúde:

3) Dimensão técnico-científica -• Mais conhecimentos sobre comportamentos e determinantes nasaúde • Maior valorização da prevenção, protecção e promoção na saúde, • Maior apelo à participação dos utentes na saúde,

4) Dimensão social e cultural -• Cidadão mais crítico, informado, exigente e preocupado face à sua saúde• Maior participação dos utentes na saúde• Activação de recursos comunitários para a saúde

Psicologia da Saúde e Saúde PúblicaReduzindo Riscos e promovendo uma vida saudável ( OMS, 2002)10 Factores evitáveis que contribuem para o RISCO na Saúde:

• Sexo não protegido• Consumo de tabaco• Abuso do alcool• Hipertensão• Uso de água não potável e falta de saneamento básico• Sub-alimentação• Obesidade• Fumo de combustiveis sólidos no interior das habitações• Colesterol elevado• Deficiência de ferro• e ainda … acidentes, violência, abuso sexual, suicídio, alienação ocupacional (escolar, laboral), desenraizamento/ novas migrações, stress familiar/novos funcionamentos famíliares...


Problemas de Saúde associados a esses factores de risco (OMS, 2002):

• Doenças cardiovasculares

• Doenças cerebrovasculares

• Cancro do pulmão e outras doenças crónicas do pulmão

• Infecção pelo VIH/SIDA

• Problemas de saúde mental


Mortalidade ( Richmond, 1979) e necessidade de redistribuiçãode verbas para a Saúde ( Lalonde, 1974)

10 causas de morte dos EUA

50% comportamentos e estilos de vida lesivos da saúde (estilo de vida)

20% relacionados com a biologia humana (biologia humana)

20% relacionados com factores ambientais (meio ambiente)

10% cuidados de saúde inadequados (organização de cuidados de saúde)

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Determinantes

Saúde positiva

Teorias da mudança


Sociais/Ambientais/

políticos

Pessoais

Biológicos/genéticos

Saúde/ bem- estar

Determinantes Situação Consequências

Na vida das pessoas

no dia a dia


• (1)Conhecimento dos fenómenos/ situações

• (2)Identificação de consequências para a saúde

• (3)Identificação de factores de risco - promover mudança

• (4)Identificação de factores de protecção - promover mudança

• (5) Conhecimento dos processos subjacentes à acção dos factores de risco e de protecção - promover a mudança







5- Reflexões, pistas para intervenção e

investigação em Saúde


Contributo da Psicologia da Saúde para a Saúde Pública:

1) Temáticas emergentes relacionadas com comportamentos modificáveis (gestão do stress, competências pessoais, resiliência)

2) Visão desenvolvimental e seu impacto na saúde

3) Aspectos emocionais, cognitivos, verbais e motores do comportamento

4) Visão ecológica e sistémica e seu impacto na saúde


Contributo da Psicologia da Saúde para a Saúde Pública:

5) Aspectos culturais e seu impacto na saúde

6) Técnicas inovadoras de avaliação e intervenção: metodologiasqualitativas, técnicas de comunicação interpessoal, dinâmica de

grupos

7) Parcerias baseadas na comunicação de massas

8) Diálogo com o poder político: perspectiva psicológica

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Contributo da Saúde Pública para a Psicologia da Saúde:

1) Maior perspectiva das “ populações”

2) Maior conhecimento de factores de ordem económica e seu impacto na saúde

3) Maior conhecimento do funcionamento dos recursos comunitários, organização de serviços de saúde e sua complexidade

4) Maior frequência de intervenções preventivas universais


Contributo da Saúde Pública para a Psicologia da Saúde:

5) Adaptação de conhecimentos e técnicas a populações -alvoemergentes

6) Recurso à epidemiologia e epidemiologia comportamental

7) Aplicação do conhecimento psicológico na comunidade e emsistemas complexos

8) Diálogo com o poder político: perspectiva saúde pública


Saúde Pública -

• reconhecimento do potencial de morbilidade e mortalidade dos comportamentos,

• reconhecimento da potencialidade dos comportamentos para a mudança

• reconhecimento da relevância de factores desenvolvimentais e contextuais

•reconhecimento da utilidade de técnicas de comunicação e dinâmica de grupos


Psicologia -

• reconhecimento da necessidade de ir para além da saúde mental,

• reconhecimento da relevância de factores económicos e políticos

• conhecimento do funcionamento das organizações de saúde

• reconhecimento da importância de estratégias preventivase nas populações saudáveis, na comunidade.


OMS ( WHO, 2001) - New understanding new hope

- interdependência entre saúde física e mental

• programas (preventivos e promocionais) que promovam as capacidades das pessoas e actuem antes do aparecimento dos sintomas

• estratégias para diminuição do estigma, da discriminação, da exclusão social e da desigualdade de oportunidades

• preconiza a avaliação, disseminação e partilha das “ boas práticas”







5- Reflexões, pistas para intervenção e

investigação em Saúde

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A Primeira “Revolução” da Saúde:

Modelo biomédico - paradigma preventivo de saúde pública -saúde e comportamento - protecção e promoção

- A cada “germe” sua doença :- identificação e combate ao “ germe”- identificação da medicação adequada


A Segunda “Revolução” da Saúde Pública:

Modelo bio-médico - paradigma preventivo de saúde pública -saúde e comportamento - protecção e promoção

1) Evitar ( prevenir) o aparecimento e propagação do “germe”(evitar o contacto, medidas de higiene...)


A Segunda “Revolução” da Saúde Pública:

Modelo bio-médico - paradigma preventivo de saúde pública -saúde e comportamento - protecção e promoção

Lalonde (1974), Alma-Ata (1978), Richmond (1979) Carta de Ottawa (1986)1) uma política de saúde pública2) desenvolvimento de competências pessoais e sociais para a saúde3) participação das pessoas nas decisões em matéria de saúde4) envolvimento e acção comunitária5) ambiente protector da saúde6) reorganização dos serviços de saúde


A Terceira “Revolução” da Saúde Pública: (gerir/rentabilizar)

• 1) Metas - prazos - avaliação

• 2) Avaliação- Reformulação das metas - partilha de “ boas

práticas”

• 3) Racionalização dos custos “ low cost- high impact ”

• 4) Redistribuição dos custos em função das novas necessidades

( “responsabilização do cidadão” como modo de “ poupar em saúde”? - efeito perverso)








Saúde


Determinantes

Saúde positiva

Teorias da mudança

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TEORIAS DE MUDANÇA:

1) Intervenções cognitivas e socio-cognitivas?

2) Intervenções centradas na pessoa, na família, na escola/posto de trabalho, ou na comunidade?

3) Intervenções centradas no funcionamento organizações?

4) Intervenções centradas em políticas do sector?

Psicologia da Saúde e Saúde Pública Psicologia da Saúde e Saúde Pública

Mudança de comportamentos em Saúde:

1) Precisamos de uma abordagem desenvolvimental?

2) Precisamos de uma abordagem ecológica?

3) Precisamos de uma abordagem política?

4) Precisamos de uma abordagem cultural/ histórica/ geográfica?

Níveis de análise e intervenção

Sistema Político

Comunitário

Institucional

Grupal

Interpessoal

Pessoal


PESSOA

ESCOLA/ TRABALHO

FAMILIA

COMUNIDADE

ContextosiDADE

GÉNERO


SAÚDE

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�� Cenários relevantes

�� Actores relevantes

�� Problemáticas relevantes

OS ADOLESCENTES PORTUGUESESOS ADOLESCENTES PORTUGUESES-- HBSC/OMSHBSC/OMS1988 - 6903 jovens; 2003 - 6131 jovens 11-16 anos

Adolescente

Família

Escola

Comunidade

Gosto pela sua aparência

Felicidade pessoal

Competências escolares

CENÁRIOS

Tipo de família

Comunicação com pais

Relação escola

Relação professores/escola

Relação amigos/escola

Grupo pares/rua

Lazer activo

Lazer sedentário

Experimentação/Consumos

Violência

Insatisfação corpo/Dieta

Sintomas físicos e psicológicos

Idade

Género

Externalização

Internalização

Comportamentosexual

�Medidas integradas


�Medidas divulgadas e partilhadas


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� Os técnicos de saúde são bons a identificar problemas , mas têm poucas competências para comunicar mensagens efacilitar e motivar mudanças : não têm impacto a nível da população ( Dishman , 1994)

�Marketing social ( Kotler ,1982, adaptado, Matos 1999)

“… a concepção , implementação e controlo de programas que visam o aumento da aceitação de uma ideia ou prática social num ou mais grupos-alvo…” ( Kotler & Roberto, 1989)

� Na utilização do marketing para a saúde o “benefíciário” nãoé o prestador de serviços mas o “público -alvo” e os serviços prestados correspondem a uma necessidade e não a umamanipulação

�Os 4 / (8 “P”) ( Kotler,1982, adaptado, Matos 1999)

� P- definição do Produto ( programa aimplementar)

� P- definição do Preço /custo

� P - (Place) distribuição

� P - Promoção/ comunicação

� P - Público -alvo

� P - Parcerias

� P - (Purse strings) financiamento

� P - Política



Mudança em saúde (síntese)

1- Do modelo clínico - ao modelo preventivo

2- Do técnico “curador” - à participação dos utentes

3- Da intervenção centrada na pessoa- à intervenção centrada no ambiente/ envolvimento

4- Da identificação de situações - à identificação de factores de risco -à identificação de factores de protecção - à identificação dos processos

5- Dos esforços sobretudo preventivos - aos esforços de protecção e promoção


Mudança em saúde (síntese)

6- Evolução do conhecimento - mais complexidade na investigação ena compreensão de situações.

7- De intervenções específicas por áreas de risco - a intervenções holísticas baseadas na competência pessoal e na construção de alternativas

8- Da ausência de avaliação - à avaliação quantitativa- à avaliação qualitativa e avaliação multi-métodos

9- De uma visão sectorial- a uma visão interdisciplinar








Saúde


Grupo Pompidou ( Conselho Europa, Abril 2004)

Como lidar com o aumento de “complexidade”? Comunicação inter-profissional: é preciso um mediador?

Investigador - Quer refinar questões e aumentar ainda mais acomplexidade.

Político - Quer articular com estratégias globais, tem constrições temporais e de priorização

Profissional no terreno - Quer resolver problemas e prevenir problemas

Profissional da counicação social - Quer notícia, divulgação interessante, novidade

Utente - Assistência ou Participação, autonomia e decisão pessoal?

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� Como lidar com o aumento de “complexidade”?

� Sistemas de consultadoria?

�Grupos de excelência?

� Sistemas de monitorização?

� Participação dos “grupo-alvo”?

� Articulação com meios de comunicação?

� Profissionais de “interface” ?


Sinergias entre a Psicologia da Saúde e a Saúde Pública

1)Maior exigência de cuidados de saúde, na doença

2)Maior preocupação com a prevenção das doenças e com a promoção da saúde e qualidade de vida

3)Maior número de doenças crónicas

4)Maior atenção ao trabalho com populações saudáveis, na comunidade

5)Maior atenção ao papel dos comportamentos na saúde

6) Problemáticas emergentes: novos desafios


Tobal ( 2004) estilos de vida saudáveis - “A saúde dos valores médios”

Nutrição - (entre a negligência e a obsessão)

Actividade física - (entre o sedentarismo e a obsessão)

Relações interpessoais- (entre o isolamento e a obsessão/ dependência)

Participação social- (entre o desinteresse e a violência)

Stress laboral e escolar - (entre o desinteresse e a obsessão)(…)


Carta de Ottawa, (OMS, 1986)

Não há um mas vários tipos de estilos de vida saudáveis, e a

variedade estabelece-se em função do grupo onde o indivíduo

está inserido, e das suas próprias características individuais.

�Promoção da actvidade física


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�Combate ao sedentarismo


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�Mas não é este o objectivo!


�Novas tecnologias nas relações interpessoais


�Mas não é este o objectivo!


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�NOVOS DESAFIOS…..


www.fmh.utl.pt/aventurasocialwww.hbsc.org

email:[email protected]

tel. 214149152 ou tel. 214149105fax 214151248

FMH/UTL - Estrada da Costa1495-688 Cruz Quebrada

IHMT/UNL Rua da Junqueira, 96 – 1300 Lisboa


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