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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PSICOMOTRICIDADE
NA ESTIMULAÇÃO PRECOCE DO
PARALIZADO CEREBRAL
Por: Márcia Cristina Costa D’Almada
Orientador: Professor: Vilson Sergio de Carvalho
Rio de Janeiro Abril/ 2007
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PSICOMOTRICIDADE
NA ESTIMULAÇÃO PRECOCE DO
PARALIZADO CEREBRAL
Este trabalho foi realizado com o intuito de esclarecer a todos aqueles, sejam eles: pais, profissionais..., que se relacionam com crianças que tem seqüela de paralisia cerebral mostrando os benefícios da psicomotricidade atuando na estimulação precoce, enfatizando a importância deste tratamento ser iniciado logo após o nascimento ficando claro que o manuseio correto pelos seus pais, em apoio ao tratamento é de suma importância para o desenvolvimento global da criança
METODOLOGIA
Este estudo foi realizado a partir de pesquisas a fontes bibliográficas, sites, e
artigos em revista, com o objetivo de obter o material necessário para
orientação e esclarecimentos de pais, profissionais e a quem mais possa
interessar o assunto a cerca dos benefícios ocasionados pela psicomotricidade
atuando na estimulação precoce de criança com seqüela de paralisia cerebral.
Visto que pais e outras pessoas do convívio da criança estando esclarecidos
podem atuar em conjunto com o terapeuta em perfeita sintonia objetivando a
melhora em todos os tipos de atividades da criança.
EPÍGRAFE
Uma mãe especial
Deus, passeando sobre a terra, seleciona seus instrumentos para a preservação da espécie humana com grande cuidado e deliberação. À medida que vai observando, Ele manda seus anjos fazerem anotações em um bloco gigante.
“Elizabete Souza... vai ter um menino. Santo protetor da mãe: São Mateus”.
“Mariana Ribeiro... menina. Santa protetora da mãe: Santa Cecília”.
“Claudia Antunes”... Esta terá gêmeos. Santo protetor... mande São Geraldo protegê-la. Ela esta estácostumada com quantidade”.
Finalmente Deus dita um nome a um dos anjos, sorri e diz: “Para esta, mande uma criança excepcional”.
O anjo cheio de curiosidade pergunta: “Porque justamente ela Senhor? Ela é tão feliz”. Exatamente, responde Deus, sorrindo. Eu poderia confiar uma criança deficiente a uma mãe que não conhecesse o riso? Isto seria cruel!”
“Mas será que ela terá paciência suficiente?”
“Eu não quero que ela tenha paciência demais, se não ela vai acabar se afogando num mar de desespero e auto-compaixão. Quando o choque e a tristeza passarem, ela controlará a situação. Eu a estava observando hoje, ela tem um conhecimento de si mesma e um senso de independência, que são raros, e ao mesmo tempo, tão necessários para uma mãe. Veja a criança que vou confiar a ela, tem todo o seu mundo próprio”.
“Ela tem que trazer esta criança para o mundo real e isto não vai ser nada fácil”.
“Mas senhor, eu acho que ela nem acredita em Deus!”
Deus sorri. “Isso não importa, dar-se um jeito. Esta mãe é perfeita ela tem a dose exata de egoísmo de que vai precisar”.
O anjo engasga. “Egoísmo? Isto é virtude?”
Deus balança a cabeça afirmativamente. “Se ela não for capaz de se separar da criança de vez em quando, ela não vai sobreviver. Sim, aqui está a mulher a quem eu vou abençoar com uma criança menos “perfeita” do que as outras. Ela ainda não tem consciência disto, mas ela será invejada. Ela nunca vai considerar banal qualquer palavra pronunciada por seu filho. Por mais simples que seja o balbucio desta criança, ela o receberá como um grande presente, nenhuma conquista desta criança será vista como corriqueira. Quando a criança disser mamãe pela primeira vez, esta mulher será testemunha de um milagre e saberá recebe-lo”.
“Quando ela mostrar uma árvore ou um por do sol ao seu filho e tentar ensina-la a repetir árvore e sol, ela será capaz de enxergar minhas criações como poucas pessoas são capazes de vê-las”.
“Eu vou permitir que ela veja claramente as coisas que eu vejo: ignorância, crueldade e preconceito. Então vou fazer com que ela seja mais forte que tudo isso. Ela nunca estará sozinha eu estarei a seu lado a cada minuto de cada dia de sua vida, porque ela estará fazendo o meu trabalho e estará aqui ao meu lado”.
E qual será o santo protetor desta mãe? Pergunta o anjo com a caneta na mão.
Deus novamente sorri. “Nenhum! Basta que ela se olhe no espelho”.
(Adaptação de “The Special Mother” de Erma Bombeck).
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus por ter me dado vida e saúde.
À meus amados filhos pelo fato de eles existirem em minha
vida.
À minha querida mãe pelo profundo orgulho e credibilidade que
ela tem por mim.
À minha estimada irmã pelo companheirismo.
A meu marido e meu pai pela ajuda que me dão.
E a todos que de alguma forma colaboraram para a
realização deste trabalho.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus Pacientes, é por eles que busco o meu aperfeiçoamento profissional, além do meu crescimento pessoal.
SUMÁRIO
Introdução .......................................................................................................08
Capítulo I : história da psicomotricidade .....................................................10
1.1 O reconhecimento ....................................................................................13
Capítulo 2: Psicomotricidade ........................................................................16
2.1 Quem é o psicomotricista.........................................................................18
2.3 O Desenvolvimento psicomotor ..............................................................20
2.4 Tônus .........................................................................................................21
2.6 Movimento ................................................................................................22
Capítulo 3: O início de tudo ..........................................................................24
3.1 Sistema nervoso .......................................................................................25
3.2 Reflexo....................................................................................................... 28
3.3 Reação de Retificação ..............................................................................30
3.4 Escala de maturação ............................................................................... 33
Capítulo 4: Paralisia cerebral .........................................................................36
4.1 Significado .................................................................................................36
4.2 A importância de brincar ......................................................................... 45
4.3 A aceitação ............................................................................................... 46
Conclusão .......................................................................................................48
Bibliografia ......................................................................................................49
Webgrafia .........................................................................................................50
RESUMO
Ao se falar de Psicomotricidade estamos falando da valorização do homem de seus através de estímulos, do movimento, de trocas afetivas, sons, do desenvolvimento do seu ambiente, fatos cotidianos e relações com os outro, sabendo-se que todas as possibilidades de movimento do ser humano são naturais, porque a sua natureza assim o permite. Devemos então estimular de modo a dar meios necessários à progressão e aquisição de sua autonomia. Lembrando que o movimento pode ser o aspecto mais humanizante de toda a aprendizagem, e com ele podemos obter respostas significativas em cada etapa do processo maturativo, e, portanto enriquecendo especificamente o desenvolvimento de cada ser, no domínio motor e mental. O trabalho psicomotor tem por objetivo desenvolver esse aspecto comunicativo com o corpo o que significa dar ao individuo a possibilidade de dominar seu corpo economizando sua energia, completando e aperfeiçoando seus movimentos. Para se falar de criança com paralisia cerebral, devemos entender que na verdade, se trata de uma seqüela causada por uma lesão cerebral que pode ser de origem pré-natal, peri-natal ou pós-natal, causando um distúrbio senso motor impedindo o seu desenvolvimento psicomotor normal. É ainda necessário entender o desenvolvimento físico (motor) da criança “normal”, incluindo padrões básicos mais importantes do movimento, fundamentais para as suas futuras atividades. Visto isto, podem-se compreender melhor, o motivo de a criança com seqüela de paralisia cerebral se mover de certo modo, e o que pode estar interferindo em seu movimento. A participação da mãe ou seu substituto junto ao terapeuta, levara a criança a obter a espontaneidade necessária para a progressão de seu desenvolvimento global. Concluímos então, que quanto mais cedo ou precoce se da o estímulo dos movimentos, maiores serão as chances de desenvolvimento desta pessoa.
INTRODUÇÃO
Este trabalho foi realizado com o intuito de esclarecer o desenvolvimento
através da psicomotricidade na criança com paralisia cerebral de 0 a 3 anos,
oferecendo aos pais e/ou familiares (e a quem mais possa interessar),
informações que funcionem como uma bússola, orientando-os para melhor
compreensão deste distúrbio senso-motor deste distúrbio senso-motor.
Psicomotricidade é a ciência que estuda e trabalha o corpo em
movimento, ciência esta, que esta a cada dia ganhando maior importância no
desenvolvimento global do indivíduo, em todas as suas etapas de vida, por
estar atrelada a outras ciências (biologia, psicologia, neurologia, psicanálise,
sociologia e lingüística), principalmente por ser uma terapia. Segundo
A psicomotricidade valoriza o homem através de estímulos, de
movimento, de trocas afetivas, sons, do desenvolvimento do seu ambiente,
fatos cotidianos e relações com os outros, sabendo-se que todas as
possibilidades de movimento do ser humano, são naturais, porque a sua
natureza assim o permite. O ser humano é uma criatura ativa, todo o seu ser
esta envolvido com o movimento. O movimento é mais do que uma
necessidade fisiológica, é a mais pura interpretação do seu “eu” interior.
Portanto a psicomotricidade nos mostra que o homem é o seu corpo, seu corpo
fala por ele até mesmo a sua revelia às vezes.
Para se falar de criança com paralisia cerebral, devemos entender que
na verdade, se trata de uma seqüela causada por uma lesão cerebral, levando
a um distúrbio senso motor, impedindo o desenvolvimento psicomotor normal.
Suas causas podem ser de origem pré-natal, peri-natal ou pós-natal. Esta é
lesão estática não é progressiva, não se agrava, e nem tão pouco é
contagiosa. “A natureza da deficiência motora varia de acordo com a época,
localização e grau em que a lesão cerebral tenha ocorrido. (Elliasson et. A.
1996)”. Faz-se ainda necessário, entender o desenvolvimento físico (motor) da
criança “normal”, incluindo padrões básicos mais importantes do movimento,
fundamentais para as suas futuras atividades. Objetivando com isto,
compreender melhor, uma criança com paralisia cerebral tornando-se mais fácil
avalia-la, entendendo o motivo de ela se mover de certo modo, e o que pode
estar interferindo em seu movimento.
Tratar e mobilizar uma criança que sofre de paralisia cerebral, nos leva a
solucionar muitos problemas, porém a participação e cooperação dos pais são
primordiais, pois, quando estes trabalham no tratamento em sintonia com o
terapeuta aumentam as chances de melhora desta criança, favorecendo assim,
o desenvolvimento de suas capacidades visando sua autonomia,
independendo de suas limitações.
Através do movimento associado ao pensamento e a afetividade,
podemos obter respostas significativas em cada etapa do processo maturativo,
e, portanto, obter o enriquecimento específico de cada ser humano com o
ambiente, tanto no domínio motor como no mental, favorecendo assim, a auto-
estima do seu “eu” interior como sujeito. O trabalho psicomotor tem por objetivo
desenvolver esse aspecto comunicativo com o corpo o que significa dar ao
individuo a possibilidade de dominar seu corpo economizando sua energia,
completando e aperfeiçoando seus movimentos. A experiência do corpo é a
descoberta do ritmo interno, através do qual pode mobilizar a via de
comunicação que há em seu interior. O corpo deve ser motivado e, contudo ter
um sentido – porque me movo e para quê?
Devemos então, enfatizar a importância de se interferir
terapeuticamente, o mais cedo ou precocemente possível, para dar a estas
crianças os meios necessários, para progressão e aquisição de sua
independência.
Este trabalho foi elaborado em quatro capítulos onde no primeiro capítulo
descreveremos história da psicomotricidade, no segundo capítulo
discursaremos o seu significado e objetivo, no terceiro capítulo abordaremos
desenvolvimento do ser em termos pré e pós-natal, e ao final, no quarto
capítulo falaremos sobre a paralisia cerebral, sua definição e seus problemas
correlatos.
CAPÍTULO 1
HISTÓRIA DA PSICOMOTRICIDADE
A história da psicomoticidade nasce com a história do corpo. A
concepção de definição que o homem tem de seu próprio corpo nos faz voltar
às origens da humanidade.
Os homens pré-históricos, pelas condições de vida a que os obrigava o
meio ambiente físico, pelo perigo de vida que constantemente se expunha, pela
necessidade de proteger-se cada vez melhor pelas lutas mortais, tinham
grandes qualidades físicas, que administravam com inteligência superior à dos
outros animais. As habilidades de correr, andar, saltar, arremessar, curvar a
cabeça, nadar num rio, subir montanhas e etc.
A transformação do mundo exterior que o homo sapiens foi capaz de
desencadear e produzir com a sua mobilidade construtiva, sequencializada e
medializada através dos instrumentos imaginados, criados, e utilizados por ele
próprio, formam a base da construção de sua consciência, vital para o
desenvolvimento do cérebro. “Verdadeiro mistério só comparável ao da origem
da vida” (Popper. 1977). A consciência que nasce da ação intencional e
imaginada obedece às leis de propriedades que estão na origem do trabalho e
da formação das funções mentais superiores que marcam definitivamente a
evolução sócio-cultural.
“No Homo Sapiens e na criança a origem do pensamento põe em jogo
uma antecipação do movimento. A antecipação do fim a atingir leva a uma
planificação e seqüência de condutas previamente estabelecidas no cérebro
antes de serem materializadas pela motricidade. A invenção de ferramentas
artificiais permite a espécie humana à reflexão de sua relação com o mundo
exterior”. (Fonseca, 1998 p.386).
A origem da psicomotricidade nos confunde com a história da educação
física Morizot (1982), por ocasião do primeiro congresso brasileiro de
psicomotricidade no Rio de Janeiro ao abordar o que pode ser considerado
como um dos primeiros momentos da psicomotricidade, referindo-se á idéia de
Aristóteles que entendeu o homem como uma certa quantidade de matéria (o
corpo) moldada numa forma (alma), já fazendo referencia a inter-relação entre
o corpo e a alma. O pensador grego dava bastante valor a ginástica, pois ela
servia para “dar graça, vigor e educar o corpo” (op.cit. p.175), Aristóteles
explica a ginástica, de movimento como algo muito mais do que um simples
exercício, ele acredita que deve-se encontrar o melhor exercício para cada
pessoa de acordo com o temperamento desta. Já Platão professa uma
concepção muito clássica do corpo em harmonia com a cultura tradicional da
Grécia antiga “O corpo é o meio para se conhecer a realidade”.
Outro marco significante deu-se com a ação assumindo importância na
consciência que o indivíduo tem de si mesmo e do mundo exterior, sendo aqui
o movimento um componente essencial na estruturação psicológica do eu. O
corpo é tão unido à pessoa chegando a se misturarem.
Desde o século XIX o termo psicomotricidade tem sido utilizado na área
médica e as primeiras pesquisas que deram origem ao campo psicomotor e
apresentam enfoque eminentemente neurológico. Nesta época constatou-se
que existem disfunções graves no corpo sem que o cérebro tenha nenhuma
lesão.
Dupré apresentou pela primeira vez em 1920, O termo psicomotricidade,
significando um entrelaçamento entre o movimento e o pensamento. O
neuropsiquiatra em 1909 definiu a síndrome da debilidade motora debilidade
motriz, através das relações entre o corpo e inteligência dando início ao estudo
dos transtornos psicomotores, patologias não relacionadas a indicio
neurológico estudadas pela psicomotricidade. (Dupré apud Fonseca, 1995).
Wallon médico, psicólogo e pedagogo, foi o grande precursor da
psicomotricidade, foi ele quem impulsionou as primeiras tentativas de estudo
da reeducação psicomotora. Em 1925 ele começou a relacionar a motricidade
com a emoção, salientando a importância do aspecto afetivo como anterior a
qualquer tipo de comportamento, para ele existe uma evolução tônica e
corporal, explicando o que chamou de “diálogo corporal”. Para ele, o
movimento é a única expressão e o primeiro instrumento do psiquismo. O
alcance desta dimensão do movimento e do corpo da criança permite a este
célebre autor francês, apresentar uma concepção original da evolução mental.
Wallon refere-se ao esquema corporal não como uma unidade biológica ou
psíquica, mas como uma construção, elemento de base para o
desenvolvimento da personalidade da criança. O papel da função tônica e da
emoção nos progressos da atividade de relação são encarados, como
processos básicos da intervenção psicomotora. A importância da atividade
postural e da atividade sensório-motora com pontos de partida da atividade
intelectual são eminentemente defendidos na perspectiva do desenvolvimento
da criança. É sempre a ação motriz que regula o aparecimento e o
desenvolvimento das formas mentais (Wallon apud Fonseca, 1995).
Eduard Guilmain em 1935 foi quem elaborou protocolos de exames para
medir e diagnosticar transtorno psicomotor. Publicou a obra clássica:
Fonctions Psychomotrices et Troubles du Comportement. Ele definiu da
seguinte forma os objetivos da reeducação psicomotora: “Seguindo em todas
as crianças a organização das funções do sistema nervoso à medida que se
opera a maturação, podemos reabilitar as manifestações próprias das suas
funções em causa” (Guilmain apud Fonseca, 1995, p.10).
Ajuriaguerra desenvolveu um trabalho profundo dentro da neurofisiologia
e neuropsiquiatria infantil, considerando que a evolução da criança, é sinônima
de conscientização e conhecimento cada vez mais profundo do seu corpo: “A
criança é o seu corpo”. É importantíssima a comunicação não verbal sendo a
mesma, suporte indiscutível e insubstituível da linguagem humana. Corpo
evolui conforme sua aprendizagem. Estudou por muito tempo a criança e foi o
ponto de referência de vários outros autores. Redefiniu o conceito de
debilidade motora e delimitou com clareza os transtornos psicomotores no seu
manual de psiquiatria infantil. Ele desenvolveu um trabalho profundo dentro da
neurofisiologia e neuropsiquiatria infantil, estudou por muito tempo a criança e
foi o ponto de referência de vários outros autores (Ajuriaguerra apud Alves,
2007).
1.1 O reconhecimento
Em Fevereiro do ano de 1963, a universidade da Salpêtrie confere o
certificado de capacidade em reeducação da psicomotricidade
Em 1968 Vayer, Lapierre e Aucoutrier, criam a Sociedade Francesa de
Educação e Reeducação Psicomotora, transformando os conceitos de
“ginástica corretiva”, influenciando também a maioria das escolas francesas,
belgas, suíças e italianas. Os métodos de Borel Maisonny e o “Bom Départ”,
surgiram na mesma época. A partir do anos setenta, Wallon continua a
influenciar o pensamento psicológico desta década.Começa a ser delimitada a
diferença entre uma postura reeducativa e terapêutica, ocupando-se do corpo
em sua globalidade valorizando a relação, a afetividade e o emocional.Daí
resultam os trabalhos na esfera da educação:Brandão, Lê Booulch, Lapierre,
Defontaine,Vítor da Fonseca, Harrow, Merleau-Ponty, Piaget. Outros nomes
importantes da área de Psicomotricidade são: Bernard Anconturier, A. Luria,
Jea Berges, JeanClaude, V.Fonseca, etc. (Vayer, Lapierre ,Aucoutrier, Borel
Maisonny, Borel Maisonny, Lê Booulch, Defontaine apud Fonseca, 1995).
Segundo Lê Boulch (1982), a educação psicomotora concerne uma
formação de base indispensável a toda criança normal ou com problemas. Ela
ainda responde, segundo ele, por uma dupla finalidade: Assegurar o
desenvolvimento funcional tendo em conta possibilidades da criança e ajuda
sua afetividade a expandir-se e a equilibrar-se por meio de intercâmbio com o
ambiente humano.
Ele afirma também que a imagem do corpo representa uma forma de
equilíbrio entre as funções psicomotoras e a sua maturidade. Ela não
corresponde só a uma função, mas sim a um conjunto funcional cuja finalidade
é favorecer o desenvolvimento. Salientando que os movimentos espontâneos
mesmo que impensados dependem das nossas experiências anteriores, não se
tratando de memória intelectual, mas sim verdadeiramente uma memória
corporal, que é completamente cheia de afeto e condicionada por ele.
O desenvolvimento da psicomotricidade têm se dado de modo desigual
nos diferentes países havendo aqueles que negam a sua existência, como no
Reino Unido e, em países Anglo saxônicos.
Na Europa existem duas escolas tradicionais na área da
psicomotricidade desde, a francesa e a alemã. Na França em 1974, foi criado o
diploma de estado “Psicoreeducador”, que, em 1985 foi denominado de
diploma de estado” Psicomotricista”.
No Brasil há aproximadamente trinta anos, iniciou-se o treinamento na
área de psicpmotricidade por meio de profissional estrangeiro, hoje o Brasil
possui o curso de graduação reconhecido pelo MEC portaria nº. 536 de
10/05/95. Existem também os cursos de pós-graduação em universidades
públicas e particulares: latu-senso formando especialistas em psicomotricidade
e cursos estricto-sensu formando mestres em psicomotricidade.
Não podemos negar a influência da escola francesa de psiquiatria e
psicologia infantil no Brasil e no mundo e finalmente na historia da
psicomotricidade devemos esta influência aos mestres Duprè, Ajuriaguerra,
Soubiron, Wallon, e etc. que legaram ao mundo os primeiros estudos sobre a
psicomotricidade. Os franceses tinham consciência da importância do gesto e
pesquisaram profundamente os temas corporais. Wallon falou sobre tônus
relaxamento e Ajuriaguerra combinou às suas pesquisas, a importância do
tônus dita por Wallon e seus descritos sobre o diálogo tônico. Dra. Giselle
Soubiran iniciou sua pratica de relaxação psicomotor, empenhada cada vez
mais em mostrar ao mundo a importância do tônus no seu dia a dia. No Brasil,
Antonio Branco Lefevre buscou as obras de Ajuriaguerra, influenciado por sua
formação em Paris, a organização da primeira escala de avaliação
neuromotoras para crianças brasileiras (Duprè, Ajuriaguerra, Soubiron, Wallon,
Lefevre apud hptt://www.ispegae-oipr.com.br/psico_história.php)
A Dra. Helena Antipoff trouxe ao nosso país, a sua experiência em
deficiência mental baseada na pedagogia do interesse derivada do
conhecimento do sujeito sobre si mesmo, como caminho Conquista
social. Em 1977 é fundado o GAE (Grupo de Atividades Especializadas).
Nesta época só existia bibliografia em francês e algumas obras em espanhol.
Dra. Costallat foi quem traduziu a primeira obra para o português, que contava
a história da psicomotricidade no mundo e deixava clara a fundamental
contribuição da escola francesa, aliás, a única a ser citada e reverenciada por
ela, sempre. Seus mestres: Dr. Ajuriaguerra e Dra. Soubiran, (Antipoff,,
Costallat e Ajuriaguerra apud hptt://www.ispegae-
oipr.com.br/psico_história.php)
Em 1979, no primeiro Encontro Nacional de Psicomotricidade, em São
Paulo, reuniu-se em torno de 1500 pessoas para ver, ouvir e aprender com a
Dra. Soubiran e com a Dra. Costallat, sobre Psicomotricidade e educação.
Soubiran demonstrou ao público, sua técnica de Relaxação, conquistando
todos com seu charme, competência e disposição, para nós brasileiros,
tornou-se a mãe da “psicomotricidade e da relaxação psicomotora”, ou como é
conhecida: “madame Soubiran”. (Soubiran e Costallat apud Alves, 2007)
Sociedade Brasileira de Psicomotricidade foi fundada em 1980, é uma
entidade de caráter científico cultural, sem fins lucrativo, que agrega
psicomotricistas e representantes regionais em sete estados de três das cinco
regiões do país.
O profissional de psicomotricidade trabalha com crianças em fase de
desenvolvimento, bebês de alto risco, crianças com dificuldades e / ou atraso
no desenvolvimento global, pessoas portadoras de necessidades especiais,
pessoa da terceira idade e seus familiares. O psicomotricista atua na área de
saúde e educação pesquisando, ajudando, prevenindo e cuidando do homem
na aquisição, no desenvolvimento e nos distúrbios da integração somapsíquica
CAPÍTULO 2
PSICOMOTRICIDADE
Psicomotricidade tem o homem como objeto de estudo, e se ocupa do
corpo em movimento, é a capacidade que o homem tem de se movimentar com
a intenção de fazê-lo, de forma que o movimento pressuponha o exercício de
múltiplas funções, psicológicas: memória, atenção, raciocínio, discriminação,
afetividade etc. Sobretudo, o corpo é um dos instrumentos mais poderoso que
o sujeito tem, para expressar seus conhecimentos, idéias, sentimentos, e
emoções. O corpo fala pelo homem, muitas vezes à sua revelia. É o corpo que
o une o homem ao mundo, e lhe dá a experiência necessária para que ele
construa o seu “eu”.
O estudo da psicomotricidade centraliza-se nos processos de jogo de
tensões e descontrações musculares que, em última análise, viabiliza o
movimento. Esse controle é estudado na sua relação com processos cognitivos
e afetivos. Ou seja, através do movimento podemos melhorar a organização do
desenvolvimento das capacidades intelectivas, psíquicas e adaptativas do ser,
tornando-o ajustado ao meio em que vive. Desenvolvendo também, um
trabalho constante sobre as condutas motoras, neuro-motoras e perceptivo-
motoras, onde através destas condutas o indivíduo vai tomar consciência do
seu próprio corpo, desenvolvendo e aprimorando seu equilíbrio, coordenação
global e fina. Auxiliando esse indivíduo a ser o que ele é capaz de ser, porque
o movimento não é um processo isolado estando em estreita relação com a
conduta e a personalidade. Logo, a intervenção psicomotora se situara a nível
global, tentando modificar toda a sua atitude em relação ao seu corpo,
procurando respeitar as diferenças individuais baseadas no desenvolvimento
psico-social.
2.1 Definição
Psicomotricidade é a ciência que vem cada vez mais, aumentando sua
importância no desenvolvimento geral do homem em todas as suas fases,
principalmente por estar ligada a outras ciências como a psicologia,
psicanálise, neurologia, biologia, lingüística, pedagogia. Isso se dá porque a
psicomotricidade, estuda terapeuticamente a relação entre o homem e seu
corpo, considerando não só os aspectos psicomotores, mas sim, os cognitivos
e os sócio-afetivos, que o constituem como sujeito.
“A pisicomotricidade consiste na unidade dinâmica das atividades, dos
gestos, das atitudes e posturas, enquanto sistema expressivo, realizador e
representativo do “ser-em-ação” e da “coexistência” com outrem” (Chazaud,
ipud Alves, 2005 p.15).
A Sociedade Brasileira de Psicomotricidade definiu de forma abrangente
o que vem a ser psicomotricidade: “é uma ciência que tem por objetivo o
estudo do homem, através do seu corpo em movimento, nas relações do seu
mundo interno e externo “(SBP,1982, p.5).
Psicomotricidade é a realização do pensamento através do movimento
preciso, equilibrado e com pouco gasto de energia. Já Maria Rodrigues, define
a psicomotricidade ou psicocinética ou educação pelo movimento como: todo o
movimento que o homem executa à nível do córtex cerebral, é a ciência que
tem por objetivo o estudo do homem, através do seu corpo em movimento, nas
relações com o seu mundo interno e externo (Rodrigues,2003, p.12).
Em razão de o homem ser seu objeto de estudo, através de suas
relações com o corpo em movimento, a psicomotricidade é uma técnica em que
se cruzam muitos conhecimentos, e que utiliza as aquisições de numerosas
ciências. Portanto, pode-se dizer que psicomotricidade é uma terapia. A
psicomotricidade empenha-se em mostrar que o homem é o seu corpo, ele é
antes de tudo um ser falante, e ao denominar-se, ele fala através de seu corpo
(às vezes até mesmo a sua revelia). Eis o que o caracteriza.
A reeducação psicomotora tem como objetivo o desenvolvimento do
corpo do homem, dando a ele a chance de: dominar seu corpo economizando
sua energia, de pensar em seus gestos, além de completar e aumentar seu
equilíbrio e coordenação, a fim de aumentar-lhe a eficácia e a estética, Livre de
constrangimentos, embaraços ou vergonha.
2.2 Quem é o psicomotricista
O profissional de psicomotricidade trabalha com crianças em fase de
desenvolvimento, bebês de alto risco, crianças com dificuldades e / ou atraso
no desenvolvimento global, pessoas portadoras de necessidades especiais,
pessoa da terceira idade e seus familiares. O psicomotricista atua na área de
saúde e educação pesquisando, ajudando, prevenindo e cuidando do homem
na aquisição, no desenvolvimento e nos distúrbios da integração somapsíquica
Os processos mentais humanos são sistemas funcionais complexos. O
cérebro humano é composto, por unidades básicas, cada uma delas possuindo
uma função particular e peculiar, no todo, que constituem a atividade mental
nas suas múltiplas e variadas formas (Lúria ipud Fonseca 1995.p.56). Segundo
dados concretos da patologia cerebral humana, há condições suficientemente
seguras para distinguir três unidades fundamentais, cuja participação é
necessária a qualquer tipo de atividade mental, quer no movimento voluntário e
na elaboração práxia e psicomotora, quer na produção da linguagem falada ou
escrita. Mantém o tônus necessário do córtex (e de corpo). Os processos
mentais apresentam substratos neurológicos específicos, se trata de sistemas
funcionais totais, que se originam da atividade cooperativa das unidades
funcionais cada uma com sua função específica numa espécie de constelação
de centros de trabalho.
Nasce a Bateria Psimomotora (BPM) que tem o objetivo de analisar
qualitativamente a disfunção ou a integridade psicomotora que caracteriza a
aprendizagem da criança, tentando atingir uma compreensão aproximada de
como trabalha o cérebro, e, simultaneamente dos mecanismos que constituem
a base dos processos mentais da psicomotricidade.
Essas unidades fundamentais nas quais, o trabalho do cérebro se
edifica, são elas:
a) primeira unidade = A primeira unidade funcional regula o tônus
cortical e a função de vigilância (de alerta). Já no desenvolvimento uterino entra
em atividade e desempenha um papel decisivo no parto e nos primeiros
processos de maturação motora. Comporta dois fatores psicomotores: a
tonicidade e equilibração.
b) segunda unidade = A segunda unidade funcional capta e processa e
armazena informações que vem do meio exterior, entra em jogo o
desenvolvimento extra-uterino, desempenhando o papel de transição entre o
organismo e o meio, entre o espaço intra corporal e o extra corporal comporta
três fatores psicomotores: lateralidade, noção de corpo e estruturação espaço
temporal.
c) terceira unidade =A terceira unidade programa, regula e verifica a
atividade mental. Depende das outras duas unidades. Retifica-as em termos de
plantificação de condutas cada vez mais conscientizadas e corticalizadas.
Comporta dois fatores psicomotores: praxia global e praxia fina. .
O entendimento dos processos de controle da motricidade é muito
importante para a promoção do desenvolvimento humano. Durante a primeira
infância, e parte da adolescência, a maior atenção deve ser dada à aquisição
das capacidades e dos movimentos. Esta é uma fase marcada pela velocidade
do desenvolvimento cerebral. Um grande número de botões sinápticos crescem
ou passam a funcionar, constituindo a fase de maior plasticidade macroscópica
cerebral, havendo uma gravação de caminhos de memória definitivos, pelo
aumento da potencialização elétrica, ocorrendo também, o desenvolvimento de
habilidades motoras, de processos mentais e de interiorização das
estimulações sensoriais. A plasticidade cerebral e a capacidade de
aprendizagem continuam após esta fase, porém, em um ritmo mais lento.
Devido a isto, o desenvolvimento motor ou de capacidades físicas, nesta fase
da primeira infância, não deve ser tomado como parâmetros, para o
planejamento das atividades motoras, já que uma pessoa é diferente da outra,
portanto, duas crianças não responderão igualmente à estímulos, promovidos
por métodos de treinamento criados para o desenvolvimento psico-motor. A
aquisição da capacidade de dos movimentos intencionais, exige uma grande
diversidade de vivências motoras, atenção à aspectos qualitativos, tais como:
ritmo, ambiente, equilíbrio, coordenação e descontração. Cabe informar que o
desenvolvimento das capacidades psicomotoras é muito importante para a
integração da personalidade, já que as limitações com o próprio corpo e com
os movimentos afetam a segurança e a auito-estima dificultando as relações
inter-pessoais.
Segundo Lê Boulch (1982) a educação psicomotora concerne uma
formação de base indispensável a toda criança normal ou com problemas. Ela
ainda responde, segundo ele, por uma dupla finalidade: Assegurar o
desenvolvimento funcional tendo em conta possibilidades da criança e ajuda
sua afetividade a expandir-se e a equilibrar-se por meio de intercâmbio com o
ambiente humano.
Ele afirma também que a imagem do corpo representa uma forma de
equilíbrio entre as funções psicomotoras e a sua maturidade. Ela não
corresponde só a uma função, mas sim a um conjunto funcional cuja finalidade
é favorecer o desenvolvimento. Salientando que os movimentos espontâneos
mesmo que impensados dependem das nossas experiências anteriores, não se
tratando de memória intelectual, mas sim verdadeiramente uma memória
corporal, que é completamente cheia de afeto e condicionada por ele.
2.3 Desenvolvimento Psicomor (DPM)
E de suma importância para a abordagem psicomotora do homem a
função do tônus muscular. Ele atua em todos os níveis de personalidade
psicomotora e participa de todas as funções motrizes (equilíbrio, coordenação
e dissociação). É, sobretudo material para expressão da emoção, sendo
mecanismo vital para a comunicação não verbal, ou seja, Podemos transmitir ,
mesmo sem palavras,todo nosso estado interior (dor,medo, alegria tristeza e
até nosso conceito de nós mesmos), através da “linguagem corporal“. Portanto,
o tônus muscular depende muito da estimulação do meio, todo movimento
realiza-se sobre um fundo tônico e um dos aspectos fundamentais é sua
ligação com as emoções. A boa evolução da afetividade é expressa através da
postura, de atitudes e de comportamento etc.
“Desenvolvimento é uma processo ordenado,
regular e contínuo que envolve todas as áreas do
organismo e da personalidade” (Alves, 2005, p. 87).
2.4 Tônus
Quanto a sua definição: Tônus Muscular é o estado de relativa tensão
(vigília) em que se encontra o músculo normal permanentemente ou em seu
estado de repouso. Ele esta presente em todas as funções motrizes do
organismo, como o equilíbrio, a coordenação, o movimento etc. O tônus
quando em transição muscular, estado de flutuação, passando de estado de
hipotonia para hipertonia e vice versa, apresenta-se o que denominamos de:
Clônus Muscular.
O tônus apresenta as seguintes alterações:
a) Normotonia = quando o tônus esta em seu estado normal de vigília;
b) Hipertonia = quando há o aumento excessivo dessa tensão. A
Hipertonia apresenta duas variáveis: 1) Hipertonia elástica, ela é espástica
(espasticidade é uma perturbação do tônus por um aumento ao estiramento
que pode diminuir abruptamente), e 2) Hipertonia plástica, ela é rígida.
c) Hipotonia = quando há a diminuição excessiva desta tensão.
“O tônus apresenta-se como uma tensão que
regula controla a atividade postural suporte do
movimento” (Ajuriaguerra Apud, Alves, 2005, p. 60).
A base das atividades musculares é a tensão muscular.
2.5 O movimento
O ser humano é uma criatura ativa que se expressa através do
movimento, É possível controlar os movimentos naturais do homem, de forma
que eles expressem seus desejos ordenados e planejados na vida. Qualquer
que seja o meio de movimento o ser que se movimenta aprende durante todo o
seu desenvolvimento, adquirindo experiência. Quanto mais se movimenta mais
ao longe leva a educação. A aprendizagem através do movimento proporciona
a qualquer pessoa o valor do significado do auto-conhecimento.
Já no ventre materno o feto prova, através de gesticulações que esta
bem vivo. Após seu nascimento, logo nos primeiros dias, o recém nascido tem
necessidade de movimento e tem direito a plena liberdade dos quatro
membros. O movimento é vital, para criança normal (e mais ainda se ela tiver
qualquer deficiência), para um desenvolvimento físico, intelectual e emocional
da criança. Ele permite a ela explorar o mundo exterior através de experiências
concretas, pelas quais são construídas as noções básicas do desenvolvimento.
O movimento é o primeiro veículo usado pelo homem com o intuito de
comunicação, é o meio pelo qual todo homem recorre quando não pode fazê-lo
por meio de palavra. A maioria deles parece ser tão naturais que, é difícil
acreditar que muitos foram aprendidos. Os tipos de movimentos são:
Movimento reflexo (involuntários), movimento voluntário (intencionais) e
movimento automático (de início voluntário depois automático ex. marcha)
Devido ao grande desenvolvimento das atividades intelectuais, tem se
esquecido do homem como totalidade. O homem tem necessidade de equilíbrio
rítmico e, portanto, os seus movimentos simples e primitivos são a base para
seu desenvolvimento físico e saúde.
Através do movimento associado ao pensamento e a afetividade,
podemos obter respostas significativas em cada etapa do processo maturativo,
e, portanto, obter o enriquecimento específico de cada ser humano com o
ambiente, tanto no domínio motor como no mental, favorecendo assim, a auto-
estima do seu “eu” interior como sujeito. A experiência do corpo é a descoberta
do ritmo interno, através do qual pode mobilizar a via de comunicação que há
em seu interior. O corpo deve ser motivado. O movimento é a característica
necessária para a aprendizagem, onde podemos obter respostas significativas
em cada etapa do processo maturativo, enriquecendo especificamente o
desenvolvimento de cada ser, no domínio motor e mental.
Se faz necessário uma ajuda, que seja ao mesmo tempo estimulante e
sem imposições, para favorecer o desenvolvimento psicomotor. Refeições,
troca de fraldas, cuidados com a higiene, banhos, modo de carregar a criança e
etc. devem ser momentos aproveitados para ser dado estímulos necessários
para o bom desenvolvimento do bebê através de brincadeiras diálogos e
cantigas.
O homem é um organismo ativo, e o movimento é vital para o seu bem
estar. A vida humana é atribuída ao movimento, desde os movimentos amplos
até as minúsculas pulsações vísceras. Assim a ausência de movimento no
período pré natal é causa de alarme.
Para se entender o que ocorre com uma criança com Paralisia Cerebral,
é importante compreender o neuro-desenvolvimento ser humano normal, desde
sua fase Embrionária. É de grande importância compreendermos que a vida
pós-natal e a motricidade do recém nascido nada mais é do que a continuidade
da vida intra-uterina.
CAPÍTULO 3
O INÍCIO DE TUDO
O ciclo vital se dá inicio com a fecundação, que é quando o
espermatozóide penetra no óvulo formando o embrião (concepção,
organização genética). Após mais ou menos sete dias da fecundação acontece
a nidação (implantação do óvulo fecundado no útero). Mais ou menos duas
semanas após a fecundação o embrião acelera sua reprodução iniciando os
vestígios da formação dos primeiros órgãos inclusive do sistema nervoso
central. Entre oito e dezeseis semanas o embrião vira feto, inicia-se a
sensibilização oral, extensão de tronco, deglutição e reflexo de Babinski, e
também inicia-se os movimentos pré respiratórios. Há o surgimento dos
membros e órgãos. Entre a vigésima segunda e vigésima quarta semanas o
feto já apresenta reflexo tônico do pescoço e de preensão e controle físico-
químico. Por volta da vigésima sétima semana o feto começa a ter sensações
como a dor. A partir da trigésima oitava semana o feto atinge a vitalidade do
nascimento (bebê a termo). As células nervosas se desenvolvem bastante
entre o sexto mês de gestação até, mais ou menos cinco seis anos de idade
(desenvolvimento neuronal).
O desenvolvimento intra urerino é o alicerce para a vida o
desenvolvimento da vida extrauterina.
O desenvolvimento do cérebro tem início logo após a concepção e
continua após o nascimento. Ao nascer o ser humano apresenta algumas
estruturas já prontas, definidas como, por exemplo: a cor dos cabelos, a cor
dos olhos, sexo, outras estão por se desenvolver, neste último caso encontra-
se parte do sistema nervoso, que precisa de condições favoráveis para seu
pleno funcionamento e desenvolvimento. Os movimentos, ações e enfim a
integração do homem as condições do meio ambiente, estão na dependência
de um sistema muito especial chamado “Sistema Nervoso”, que precisa de
condições favoráveis para o seu pleno funcionamento e desenvolvimento.
3.1 O sistema nervoso
O movimento as ações, enfim a integração do homem ás condições do
Meio ambiente dependem do sistema nervoso. O sistema nervoso
compreende Sistema Nervoso Central e Sistema Nervoso Periférico.
O sistema nervoso central compreende em encéfalo (cérebro, cerebelo,
ponte ou protuberância e bulbo).
Na superfície do encéfalo localiza-se uma massa cinzenta onde se
acumulam os neurônios (neles são armazenadas as informações, são
percebido os sentidos e são processados os dados obtidos à partir de
estímulos exteriores), essa área superficial é chamada de córtex cerebral que é
a zona de controle motor ou de sensibilidade. E lê tem a maior importância no
grau de desenvolvimento do indivíduo. Mais profundamente no encéfalo se
encontra a massa cinzenta, onde praticamente não se encontram corpos de
neurônio, mas apenas suas ramificações (dendritos e axônios). Em todo o
encéfalo são numerosos os centros nervosos, como os centros da visão, do
paladar, da audição, do olfato, da dor, da fome, da cócegas, da raiva, da
coordenação motora (este muito amplo e se subdivide em áreas
correspondentes aos diversos pontos do corpo), da associação visual para a
leitura, do centro de regulação respiratória, cardíaca, centro termorregulador
etc. O córtex é, portanto, o centro de controle dos atos conscientes e
inconscientes e também da inteligência.
Afora o encéfalo o sistema nervoso central é constituído pela medula
(ou raquidiana). É ela quem faz a transição entre as diversas partes do corpo.
Os estímulos vem da pele e dos órgãos até a medula, e dela vão ao cérebro,
também as ordens motoras vem do cérebro até a medula e daí são distribuídas
para pontos específicos do corpo. Todo o sistema nervoso central fica
protegido por uma caixa óssea (crânio e coluna vertebral) e por meninges :
dura-máter, aracnóide e pia-máter.
O Sistema Nervoso Periférico compõe-se dos nervos cranianos que
nascem diretamente do cérebro (12 pares). Alguns partem do cérebro, outros
da ponte, e outros ainda do bulbo. Alguns são sensitivos, outros motores e
outros por sua vez são mistos. Inervam a cabeça o pescoço e os ombros,
apenas o pneumogástrico ou vago penetra no tronco e inerva as numerosas
vísceras.Já os nervos raquianos nascem todos na medula raquidiana são em
número de 31 pares e são todos mistos, isto é transmitem sensações da pele e
dos órgãos para a medula como transmitem ordem motora destas para os
músculos. Cada nervo raquiano tem uma raiz posterior (sensitiva) e uma raiz
anterior (motora), nas proximidades da medula, e nervos raquianos com as
suas ramificações.
Chama-se Arco reflexo a resposta imediata após a excitação de um
nervo sem a vontade do indivíduo. Alguns arcos reflexos têm apenas a atuação
da medula, sem a participação do cérebro. Neste caso, o estimulo entra na
medula pela raiz posterior, atravessa a massa cinzenta por meio de um
neurônio de associação saindo da medula pela raiz anterior, por um neurônio
motor. Há arcos reflexos que se fazem apenas entre o neurônio sensitivo e o
neurônio motor, não existindo entre eles o neurônio de associação. Mas
também ocorrem arcos reflexos mais complexos e envolvem estímulos que
vão ao córtex cerebral e dele voltam trazendo informações para medula.
O hemisfério central direito comanda as atividades do lado esquerdo do
corpo, assim como as atividades do lado direito estão sob o comando do
hemisfério cerebral esquerdo.
O Sistema Nervoso Autônomo ou neuro vegetativo é formado por nervos
que trabalham sem a participação da vontade ou da consciência do indivíduo.
Esses nervos se dividem em dois grupos: Sistema Simpático e Sistema
Parassimpático. Eles funcionam sempre em antagonismo, do que resulta das
atividade equilibrada dos órgãos. Os nervos do simpático nascem dos ramos
anteriores dos nervos raquianos, ao nível da região média da medula raquiana.
Os nervos parassimpático nascem diretamente do encéfalo (pneumogástrico) e
das porções mais inferiores da medula raquiana (neste último caso, também de
ramos anteriores dos nervos raquianos).
Em síntese, o sistema nervoso tem duas funções:
a) Colocar o indivíduo em relação com o mundo exterior
b) Promover o relacionamento entre as diferentes partes do organismo.
No desenvolvimento mental da criança o que ocorre não é simplesmente uma
maturação dos instintos naturais, ele se desdobra no processo de atividade
objetiva e na comunicação com os adultos onde estão contidas práxis e a
linguagem do ser humano. “A maturação do cérebro, como um sistema
dinâmico que é, forma-se a partir da influência decisiva do meio envolvente”.
(Fonseca,1995, p.50)
Durante os primeiros anos de vida algumas células corticais novas são
acrescentadas, as células ficam maiores e as já existentes estabelecem mais
conexões entre si. O cérebro fica mais pesado. O sistema nervoso não se
desenvolve de uma só vez e obedece a uma seqüência, é preciso pedir a
criança o que ela for capaz de realizar levando em consideração seu processo
de maturação. A maturação do cérebro como sistema dinâmico que é, forma-se
a partir da influência decisiva do meio envolvente. O ser humano tem uma
característica peculiar do reino animal, nasce como cérebro imaturo e inocluso.
De fato só alguns processos como os reflexos estão presentes ao nascimento,
outros dependem da ajuda exterior.
O cérebro é efetivamente um sistema que combina diferentes do sistema
nervoso, cujo trabalho conjunto não só tende a uma análise e uma síntese
extremamente complexa da realidade, como também implica a regulação e a
planificação das mais complexas formas da atividade humana. No
desenvolvimento mental da criança o que ocorre não é simplesmente uma
maturação dos instintos naturais, ele se desdobra no processo de atividade
objetiva e na comunicação com os adultos onde estão contidas práxis e a
linguagem do ser humano.
A maturação do cérebro, como um sistema dinâmico que é forma-se a
partir da influência decisiva do meio envolvente. ( Fonseca,1995.p.50)
Vários cuidados e exames pediátricos devem ser realizados no recém
nascido, como por exemplo: pele, órgãos genitais, face, cabeça, tórax,
abdômen, sistemas sensoriais, fontanelas, cordão umbilical, Com o intuito de
identificar: malformações congênitas, patologias, anomalias, lesões ou
disfunções cerebrais etc. Objetivando a importantíssima identificação precoce
para se poder intervir o mais rapidamente possível. Não podemos esquecer
que uma criança com seqüela de paralisia cerebral ou com necessidades
especiais, deve ter iniciado seu tratamento logo após seu nascimento.
Dentro destes cuidados, temos como fundamental a observação: dos
reflexos, do tônus e da mobilidade espontânea, estes três aspectos
diferenciados constituem o repertório neurobiológico inicial com o qual o recém
nascido vai iniciar a aprendizagem sócio-história.
3.2 Reflexo
Reflexo é uma certa resposta para um determinado estímulo que
envolve a unidade anatômica chamada arco reflexo, no qual a parte superior do
sistema nervoso central (cérebro) não participa indo somente até a medula, são
movimentos executados imediatamente como reação a um estímulo
determinado. São inatos não precisam de aprendizagem para a sua produção
embora a experiência os aperfeiçoem. Mais de setenta reflexos primitivos.
A observação destes reflexos compreende necessariamente uma
maturação tônica concomitante. Já foram detectados no período neonatal. A do
bebê deve compreender uma simples observação subdividida nos aspectos: de
comportamento global evolutivo, alternância vigilância-sono, reatividade, choro
e atividade sensorial. No que diz respeito a observação dos reflexos (ou dos
automatismos primários), os reflexos mais importantes são:
1) Reflexos orais e periorais = Os reflexos da deglutição e da sucção
estão presentes no recém nascido, a cabeça orienta-se no sentido da zona
perional estimulada (reflexos dos pontos cardiais). A ausência pode sugerir
defeito no desenvolvimento;
2) Reflexo dos olhos (pupilar e palpebral) = Vários reflexos se observam
a nível dos olhos. Os mais importantes são: reflexo de pestanejar, e o
reflexo da não fixação, o reflexo de rotação (dependente da função vestibular)
e o reflexo da pupila;
3) Reflexo de moro (do abraço) = Resposta global a um estímulo
inesperado ou a um estímulo antigravítico. É um reflexo vestibular, que
consiste numa abdução e numa extensão de braços, acompanhados de choro
vigoroso. Trata-se também de um mecanismo de alerta que deve desaparecer
por volta de três a quatro meses de idade;
4) Reflexo de preensão = Verifica-se quando se estimula a palma da
mão, provocando uma flexão de dedos, ficando a mão fechada. Constitui um
reflexo tônico dos flexores dos dedos. A estimulação nas costas das mãos
provoca o reflexo oposto;
5) Reflexo de preensão plantar = De zero a oito meses estimula-se a
base dos metatarsos a criança responderá com a flexão total dos dedos;
6) Reflexo do pé = Flexão da perna provocada por simples estimulação
na sola do pé, podendo causar movimento ipsilateral. Este reflexo deve
desaparecer por volta dos oito meses;
7) Reflexo da anca = Provocado por flexão de uma perna, originando
flexão da perna contrária;
8) Reflexo da marcha = Por estimulação da superfície plantar do pé, com
o bebê suspenso ou seguro pelas axilas, este evoca a flexão projetada da
perna contrária com extensão da perna apoiada, evidenciando num movimento
similar à marcha;
9) Reflexo de calcanhar = Provocado por uma percussão ou pressão,
implicando em extensão de membro;
10) Reflexo tônico do pescoço (RTCA) = reflexo postural assimétrico em
que se verifica a orientação, para o mesmo lado da cabeça e do braço, com
flexão contra lateral do joelho e braços. Desaparece por volta de dois, tres
meses. Nas crianças com paralisia cerebral, este reflexo persiste e pode até
aumentar (e o RTCS) aparece entre dois e três meses e vai até seis oito meses
= flexionado-se a cabeça da criança os membros superiores se fletem e os
inferiores se estendem, ao se estender a cabeça os membros superiores se
estendem e os superiores se flexionam;
11) Reflexo de incurvação = A estimulação de uma região paravertebral
leva a uma incurvação de todo o corpo da criança, no sentido do ponto
estimulado;
12) Reflexo de Landau = O bebê na suspensão ventral evidencia uma
extensão da cabeça, na coluna e nas pernas. Trata-se de uma associação do
reflexo labiríntico de retificação com certos reflexos cervicais;
13) Reflexos ósteo-tendinosos = Normalmente exagerados nas crianças
com paralisia cerebral;
14) Reflexo palmomental = Abertura da boca por estimulação da palma
da mão;
15) Reflexo da passagem de obstáculo = Provocado por estimulação
dorsal do pé com flexão da perna.
16) Reflexo tônico labiríntico = De zero a dois meses. A criança em
supino apresenta epistótomo e em prono flexão total;
Esses reflexos devem desaparecer com o tempo, dando lugar a
aquisições motores ontogenéticas, como as que emergem como conseqüência
do desenvolvimento postural. A ausência e a persistência contínua desses
reflexos podem refletir uma perturbação neurológica e por isso fornecem uma
informação muito relevante para o diagnóstico evolutivo, a identificação
precoce e maturação da criança.
3.3 Reações de Retificação
As reações de retificação existem para poder coordenar o corpo.
Movimentos harmoniosos controlados e reagir contra a força da gravidade.
Permitem o ajustamento dos segmentos do corpo entre si imprescindíveis para
que o organismo possa realizar mudanças corporais permitindo ações
antigravitacionais harmoniosos e funcionais.
1) Reação labiríntica de retificação = a criança colocada em prono com o
nariz e a boca sobre o travesseiro girará e cabeça podendo se dizer que é o
início da reação labiríntica de retificação, esta é a reação que coloca a cabeça
em posição normal em relação ao espaço;
2) Reação Cervical de Retificação = É o complemento da labiríntica.
Aparece após o nascimento e vai até mais ou menos os três quatro meses.
Criança em supino flete e gira a cabeça a cabeça para um dos lados e ela
responderá como um todo. Esta reação permite rolar em bloco;
3) Reação Corporal de Retificação = Aparece após os seis meses.
Criança em supino gira a cabeça para um dos lados e ela responderá girando o
seu corpo dissociando cinturas pélvica e escapular; ·.
4) Reação Óptica de Retificação = Aparece aos cinco meses. Criança
conserta o corpo de acordo com os estímulos visuais (retificação da cabeça em
relação ao corpo através das vias ópticas ajuda a orientação espacial do corpo
sobre a via de sentido visual);
5) Reação do Elevador = aparece com seis meses, criança de gatas em
superfície móvel elevando-se ela bruscamente para cima a criança faz flexão
de cotovelos e abaixa a cabeça, quando a superfície é levada bruscamente
para baixo a criança faz hiper extensão de cabeça e membros superiores;
6) Retificação Protetora dos Braços = Surgirá para frente aos seis
meses, para os lados aos oito meses e para trás aos dez ou doze meses. É a
extensão súbita dos braços para a proteção das quedas;
A observação do tônus aborda o tônus de fundo e o tônus de ação. O
tônus de fundo é revelado pela extensibilidade e pela passividade. O tônus de
ação é evidenciado pela motilidade, pelo endireitamento da cabeça, pelo
endireitamento global, e pelo endireitamento do eixo corporal, quando a criança
é mantida por um apoio plantar.
O tônus é um reforço às aquisições motores automáticas primárias. A
sua maturação se dá no sentido caudo-cefálico, isto é, o sentido inverso das
aquisições locomotoras, que seguem como já vimos o sentido céfalo-caudal.
A exploração desta dupla e dialética aquisição, segundo Dargassies,
permite determinar a idade fetal neurológica.
Segundo Gesell citado por Fonseca (1998) a escala de desenvolvimento
até os cinco anos de idade, compreendendo os seguintes comportamentos:
a) Comportamento adaptativo aos ajustamentos sensório-motores e
percepções das relações;
b) Comportamento motor global (postura e marcha);
c) comportamento motor fino (preensão e dextralidade);
d) Comportamento lingüístico (fatores de comunicação verbal e não
verbal);
e) Comportamento pessoal-social (reações pessoais à cultura social).
Estes cinco aspectos do comportamento desenvolveram-se
interdependentemente, contendo processos normais de maturação. O
comportamento transforma-se em estrutura e em função. O corpo cresce e o
comportamento também, pensamento e movimento não se opõem, a
diferenciação neurológica produz a sua maturação evolutiva.
Como defende Wallon o desenvolvimento da criança é um misto de
inovação e de renovação. A motricidade e o psíquico, embora sendo duas
realidades diferentes, são igualmente duas realidades solidárias.
O período que compreende o nascimento e a aquisição da linguagem é
um período de extraordinário desenvolvimento mental, sendo, decisivo para
todo desenvolvimento psíquico: representa a conquista através da percepção
dos movimentos de todo o universo prático em que a criança esta envolvida. O
bebê manifesta interesse e necessidade de intercâmbio com ambiente
humano, sendo a comunicação instaurada entre a criança e o meio em que
vive um dos fatores principais para o desenvolvimento.
As funções de relação musculares e sensoriais são pobres. O recém-
nascido submetido a gravidade, não tem tônus suficiente para assegurar o seu
equilíbrio de seu corpo; sua motricidade se limita a reações impulsivas,
essencialmente localizadas nos membros. No momento em que a criança entra
no meio aéreo, a quantidade e a qualidade de sinais aumentam e resultam
numa atuação importante do processo de maturação sensorial e dos centros
nervosos correspondentes. Os estímulos cutâneos, visuais e auditivos
ocasionados pela presença humana são fatores essenciais ao desenvolvimento
vão permitir que a criança estabeleça um contato ativo com o ambiente.
3.4 Escala de maturação
* Um mês de idade = Padrão flexor, mãos fechadas, rotação da cabeça
para um dos lados sendo este movimento involuntário para um dos lados,
consegue levantar a cabeça por alguns segundos, em decúbito dorsal (barriga
para cima) reflexo tônico de pescoço. Não tem controle de cabeça nem tronco.
* Dois meses de idade = Diminuição do padrão flexor, início dos
movimentos voluntários, esboço do rolar pela reação labiríntica de retificação. #
Três meses de idade = Fim do padrão flexor, elevação da cabeça com
extensão de tronco, mãos mais abertas, início da coordenação bubo-manual
(mão na boca por prazer), já sustenta a cabeça, mas não senta,quando
sustentada nas axilas , levanta os pés alternadamente (reflexo de marcha).
* Quatro meses de idade = Cabeça já erguida e pernas esticadas início
de movimento de flexo extensão de joelhos, na posição de quatro apoios
(gatas) transfere o peso para os membros superiores preparação para
engatinhar, tenta levantar a partir do deitado, interessa-se pelos pés.
* Cinco meses = Criança em DV (barriga para baixo), faz apoio com as
mãos e começa a brincar de elevar o quadril, engatinha, e apresenta esboço de
RPB para frente, tenta sentar sozinha.
* Seis meses de idade = Criança com já controla melhor o tronco, brinca
na posição de gatas, começa a engatinhar.
* Sete meses de idade = Criança já tem controle de cabeça e tronco e
inicia sentar sozinha, manipula objetos com ambas as mãos, apresenta esboço
de RPB para os lados, começa a ficar de pé colocando o peso sobre as pernas,
mas não por muito tempo.
* Oito meses de idade = Criança tenta passar de urso (gatas com
joelhos estendidos) para PO (posição ortostática – de pé), apresenta bipedismo
com suporte por um tempo maior, estabelece-se bem preferência manual
(lateralidade).
* Nove meses de idade = criança engatinha mais para trás do que para
frente, as pernas ainda não fazem o movimento correto, começa apresentar a
curvatura fisiológica da lombar, inicia o RPB para trás, consegue sustentar bem
peso do corpo sobre os pés desaparecendo o reflexo de preensão dos dedos.
* Dez meses de idade = Já realiza o balanceio em PO, apresenta RPB
para frente, para os lados e para trás, consegue se deslocar com os glúteos.
* Onze meses/ Onze meses e meio = Apresenta esboço de marcha livre,
já realiza trocas posturais corretas (coordenação e equilíbrio satisfatórios),
passa de deitado para sentado, desta para gatas, e desta para PO.
* Um ano de idade = Anda com aumento da base de sustentação
(pernas abertas), por estar aprimorando seu equilíbrio estático e dinâmico e
coordenação, sobe e desce escadas com apoio, começa a aprender a correr.
* Dois anos de idade = Criança corre com flexão de joelho, sobe e desce
escadas sem apoio (descendo coloca os dois pés no mesmo degrau), já anda
com bom equilíbrio para frente, para os lados e para trás, consegue agachar
para pegar um objeto, levantar e continuar andando com equilíbrio.
* Três anos de idade = criança já pula com os dois pés e inicia pular e
ficar em um pé só aprimorando o equilíbrio inicia andar de triciclo.
* E daí por diante o desenvolvimento e aprendizado é constante
Dependendo do afeto, do estado emocional e do estímulo externo do
meio em que vive uma criança poderá apresentar um desenvolvimento mais
rápido que outra de mesma idade, sem que isto represente alguma alteração
patológica. Cada criança é única, é diferente da outra.
Um bebê privado de mobilidade terá a dificuldade de desenvolver a sua
percepção corporal. O possível retardo ou parada no desenvolvimento desta
criança pode ser acentuado pelo desenvolvimento anormal do relacionamento
entre mãe e filho, que é um fator importantíssimo no processo de maturação da
criança.
É preciso pedir para a criança o que ela é capaz de realizar, levando em
consideração seu processo de maturação.
O desenvolvimento é contínuo, a criança desenvolve-se de maneira
contínua desde que nasce. Crescimento em altura e peso, desenvolvimento
intelectual e afetivo dependem de influências comuns.
CAPÍTULO 4
PARALISIA CEREBRAL
O termo Paralisia Cerebral vem do Grego = Paralysis – Significa
fraqueza / perda de função motora e/ou sensorial. Cerebral é relativo ao
cérebro.
William Little em 1860 foi quem descreveu pela primeira vez a Paralisia
Cerebral, relacionando suas alterações a hipóxia perinatal e dos traumas de
parto como fatores determinantes de lesões cerebrais irreversíveis (William
Little apud www.apcb.org.br/paralisia)
Freud em 1897 foi quem praticamente inventou, onde empregou a
expressão “Paralisia Cerebral Infantil”, dando a entender que a criança
acometida por ela ficará imobilizada, sendo que este fato ocorre somente com
uma parcela dos pacientes, como efeito progressivo da hipotonia (excesso de
tônus muscular), devido à gravidade da lesão e ausência de terapias
adequadas. Em virtude da má colocação verbal desta “patologia”, algum
especialista tem adotado outros termos como: Incapacidade Motora Cerebral
(IMC), Distrofia Cerebral Ontogênica (DCO), Encefalopatia Crônica da Infância
(ECI), com o intuito de evitar qualquer associação, do termo paralisia, com o
julgamento da capacidade mental da pessoa. Quando esta capacidade é
afetada, trata-se de deficiências múltiplas.
4.1 Significado
A definição de paralisia cerebral é o conjunto de distúrbios motores
causados por uma lesão do cérebro imaturo ocasionada pela falta de
oxigenação do tecido nervoso ou alguma agressão relacionada ao cérebro,
levando a uma desordem do movimento e da postura devida, interferindo
assim, no desenvolvimento motor normal da criança. (Esta lesão pode ocorrer
desde o período embrionário até os cinco anos de idade). Acontecendo antes
do parto, no momento do parto ou após o parto.
De acordo com a época, localização e grau em que a lesão cerebral
tenha ocorrido, existirá uma variação da natureza da deficiência; podemos
então dividir estas lesões em três períodos:
a) Pré-natal = Estas lesões podem ocorrer quando há a ameaça de aborto,
nos primeiros meses de gestação, traumas diretos no abdome da mãe,
exposições ao raios x, infecções adquiridas durante a gravidez (sífilis, rubéola,
toxoplasmose), incompatibilidade do fator Rh da mãe e do pai. As dificuldades
enfrentadas no período gestacional (condições patológicas como má circulação
placentária ou enfermidades materna, uso de drogas, etc.) têm a ação evidente
sobre o feto, agindo sobre o metabolismo da criança.
b) Neo-natal = Estas lesões ocorrem quando há uma falta de oxigenação na
hora do nascimento da criança. As causas são partos difíceis principalmente em
fetos muito grandes e mães pequenas, parto muito demorado ou o uso de
fórceps, manobras obstétricas violentas e os bebês que nascem prematuramente
(antes dos nove meses e pesando menos de dois quilos). Possuem um maior
risco de apresentar paralisia cerebral.
c) Pós-Natal = O período recém-nato tem os seus riscos no caso de logo nos
primeiros meses de vida, febre muito alta (39°C ou acima), desidratações graves.
Existem também lesões nos casos de infecções por meningite ou encefalite,
traumatismos crânios-encefálicos, asfixia por afogamento, envenenamento por
gás ou por chumbo. Além do sarampo. Estes são os fatores de risco para a
paralisia cerebral.
A paralisia Cerebral é uma lesão estática, não se agrava, o quadro não é
progressivo, e também não é contagiosa. A deficiência motora expressa-se em
padrões normais de postura e movimento, associados com um tônus postural
anormal. No entanto, algumas características (seqüelas e deformidades),
quando não tratadas devidamente, poderão mudar com o tempo, sendo assim
progressivas. Uma única criança pode mudar de uma categoria diagnóstica
para outra durante o processo de maturação. Os distúrbios mais relevantes são
os motores, sem necessariamente, implicar na deficiência mental associada, a
inteligência pode ir do normal ao subnormal.
Essas crianças, devido ao desenvolvimento incompleto, parecem por
vezes, não ter nascido de fato, sendo, de alguma forma, imaturas para
estabelecer contato como mundo que as espera. Dependendo da área cerebral
afetada, quanto ao tônus muscular a pessoa com a seqüela de paralisia
cerebral pode apresentar as seguintes características no comportamento
motor:
a) Espásticas = É uma paralisia causada no sistema piramidal
ocasionadas por traumatismo no moto neurônio superior do córtex ou nas vias
que terminam na medula espinhal. Espasticidade é uma perturbação do tônus
por um aumento da resistência ao estiramento, que pode diminuir
abruptamente. Os músculos estão em contração contínua havendo aparente
fraqueza do seu condutor antagonista. Há a incapacidade de relaxar os
músculos. As deformidades das articulações se desenvolvem (Os músculos
espásticos não tem crescimento normal) e podem com o tempo tornar-se
contraturas fixas. Flexão e rotação interna dos quadris, flexão dos joelhos e
equinismo são as deformidades mais freqüentes nas crianças que adquirem a
marcha. Podendo ainda, desenvolver luxação paralítica dos quadris e
escoliose.
Pode haver a Tetraplegia que é o acometimento dos braços, pernas,
tronco e cabeça (envolvimento total). A tetraplegia esta relacionada a
problemas que determinam sofrimento central difuso grave (infecções, hipóxia
e traumas), ou com malformações cerebrais graves.
Quando a lesão atinge principalmente a porção do trato piramidal
responsável pelos movimentos das pernas, ocorre a Diplegia Espástica onde
os movimentos dos membros inferiores são maiores do que dos membros
superiores. Esta forma é menos grave do que a tetraplegia. A maioria das
crianças adquire marcha independente antes dos oito anos de idade.
Quando ocorrem malformação cerebral, acidentes vasculares ocorridos
ainda na vida intra-uterina e traumatismo crânio encefálico, há a Hemiplegia
Espastica, que é o acometimento de um dos lados do corpo. A criança com
este tipo de comprometimento tem bom prognóstico e adquirem marcha
independente. Algumas apresentam um tipo de distúrbio sensorial que impede
ou dificulta o reconhecmento com a mão do lado da hemiplegia.
b) Atetósicas = Esta paralisia tem a lesão localizada no gânglio basal no
trato extrapiramidal. Atetose é o comprometimento neurológico dos
movimentos involuntários de pequenas articulações (articulações distais). São
movimentos lentos que se tornam exacerbados na tentativa de se realizar
movimentos voluntários. Apresenta constantes movimentos involuntários de
contorção das extremidades e da língua.
Podemos ter as formas: 1) coreoatetósica, que é a associação de
movimentos involuntários contínuos, uniformes e lentos (atetose) e rápidos,
arrítmicose de início súbitos (coreicos). 2) Distônica, que apresenta
movimentos intermitentes de torção devido à contração simultânea das
musculaturas agonista e antagonista, muitas vezes acometendo somente um
lado do corpo. Os movimentos involuntários são leves ou acentuados e são
raramente observados durante o primeiro ano de vida. Nas formas graves
antes desta idade a criança apresenta hipotonia (tônus muscular diminuído) e o
desenvolvimento motor é bastante atrasado. Muitas crianças não são capazes
de falar, andar ou realizar movimentos voluntários funcionais sendo, portanto
dependentes para as suas atividades de vida diária.
c) Atáxicas = Esta lesão esta localizada no cerebelo. Suas
características são: incoordenação, dificuldade de equilíbrio, e seus
movimentos são sem ritmo e sem direção, apresentando tremores ao serem
realizados. A marcha realizada é cambaleante por causa da deficiência de
equilíbrio. Assim como nas formas extra-piramidais de paralisia cerebral,
durante o primeiro ano de vida, a alteração observada é a hipotonia. A
alteração mais encontrada frequentemente é a ataxia associada a sinais
piramidais (tônus muscular aumentado e reflexos exacerbados). É raro de se
encontrar ataxia pura na paralisia cerebral.
d) Mistas = Paralisia que apresenta a associação de mais de uma
característica das já citadas acima. Devido à interdependência e interligação
dos sistemas as lesões raramente ocorrem em uma única região isoladamente
Na Paralisia Cerebral, conforme o número de extremidades acometidas
podemos também denominar:
a) Monoplegia = Afeta apenas um membro.
d) Triplegia = Três membros são afetados.
e) Paraplegia = Somente os membros inferiores são afetados.
Essas crianças podem também, ser agitadas, hipersensíveis, apáticas,
imprevisíveis. Além disso, em muitos casos, a idade cronológica da criança
não corresponde à idade de desenvolvimento da mesma. Podem-se ter, ainda,
alterações que afetem a visão, a audição e a fala, além de problemas
específicos de aprendizagem e, possivelmente, alguns problemas físicos e/ou
envolvimentos emocionais. Todos estes aspectos deverão ser levados em
conta quando se avaliam os problemas de cada paciente. Para que se possa
compreender melhor uma criança com seqüela de paralisia cerebral, se faz
necessário entender o desenvolvimento físico (motor), da criança “normal”,
incluindo padrões básicos mais importantes do movimento, fundamentais para
as suas futuras atividades. Tornando-se mais fácil a avaliação de uma criança
que apresente a lesão, e o entendimento do motivo de ela se mover de certo
modo, e o que pode estar interferindo em seu movimento. A abordagem correta
de todos os problemas associados implica diretamente no sucesso do
tratamento.
a) Retardo Mental = A avaliação cognitiva de crianças com algum
comprometimento é difícil, pois a maioria dos testes aplicados para esta
avaliação dependem de respostas verbais e motoras, podendo levar a um
resultado incorretos, se forem baseados no julgamento das impressões iniciais.
O retardo mental é mais comumente observado nas crianças com tetraplegia
espástica.
b) Alterações Visuais = ao nascer a criança tem seu sistema visual ainda
imaturo, normalmente em torno dos três meses de idade a criança já é capaz
de fixar e acompanhar um objeto em movimento, mas a visão binocular
somente se desenvolve entre o terceiro e o sétimo mês de idade. As células
responsáveis pela acuidade visual só alcançam a maturidade em torno dos
quatro anos de idade.
Na paralisia cerebral o estrabismo é freqüente. Catarata (opacidade do
cristalino), Coriorretinite (inflamação da coróide e da retina) e glaucoma
(aumento da pressão ocular) são desordens encontradas nas infecções
congênitas. Nos prematuros, o oxigênio para tratar a síndrome do esforço
respiratório pode alterar o crescimento dos vasos sanguíneos da retina
predispõe a miopia, estrabismo, e glaucoma. Nos casos mais graves, a retina é
descolada do fundo do olho devido a uma cicatriz fibrosa, ocasionado perda da
visão. Devido a isto todos os prematuros tratados com oxigeno-terapia deverão
ter avaliações oftalmológicas periódicas. O córtex é a região do lobo occipital
responsável pela recepção e decodificação da informação enviada pelos olhos,
uma lesão nesta área pode acarretar perda visual, que neste caso é
denominada de deficiência visual cortical (DVC). Suas causas mais freqüentes
são hipóxia, infecções do sistema nervoso central, traumatismo crânio-
encefálico e hidrocefalia. Os testes eletrofisiológicos completam a avaliação
clínica e podem determinar se a causa da deficiência visual esta nos olhos ou
no cérebro. Algumas crianças podem desenvolver alguma função visual, e de
alguma maneira, a estimulação favorece o desenvolvimento da visão. É de
suma importância ser feita a diferenciação de atraso da maturação visual e
DVC nas crianças que apresentarem alterações aos exames de estímulos
visuais. As crianças com atraso da maturação visual geralmente, não têm
história de problemas durante a gestação e têm exame oftalmológico normal,
embora possam apresentar algum atraso do desenvolvimento psicomotor. O
prognóstico é bom, há a melhora espontânea da função visual no decorrer do
desenvolvimento da criança.
c) Deficiência auditiva = Em Todos os bebês devem ser avaliados com
as técnicas de audiometria de tronco cerebral, consiste em estimulação das
vias acústicas e captação dos potenciais bioelétricos gerados nas vias
cocleares no interior do tronco encefálico. Infecções congênitas (rubéola,
toxoplasmose, citomegalia), baixo peso ao nascer (menos de 1500g);
hiperbilirrubinemia neonatal grave, meningite bacteriana, asfixia perinatal, e o
uso de medicações tóxicas para ouvido (ex: estreptomicina) constituem fatores
de risco. Quanto mais cedo se faz o diagnóstico, mais se favorece o processo
de aprendizagem pela intervenção precoce.
d) Dificuldade para alimentação = Em crianças com acometimento total,
são comuns as desordens de sucção, mastigação e deglutição. Devido a estas
dificuldades, muitas vezes há a oferta de alimentos, próprios para bebês, para
crianças com idade acima de seis meses, podendo ocorrer quadros de
anemias carenciais (principalmente a falta de ferro), desnutrição e infecções de
repetição. Desnutrição prejudica o crescimento e a criança não responde
adequadamente a estímulos prejudicando seu desenvolvimento normal.
e) Constipação Intestinal = quanto mais tempo às fezes permanecem no
colo, mais endurecidas às fezes ficam resultando na constipação (prisão de
ventre). A constipação intestinal crônica acontece por vários fatores, dentre
eles, pequena ingestão de líquidos e fibras, pouca atividade física, e o uso de
medicações como por ex. certos antiepiléticos.
f) Epilepsia = Os neurônios (células nervosas) estão permanentemente
gerando impulsos elétricos. Esta atividade elétrica ocorre, normalmente, de
maneira organizada. Quando certos grupos de neurônios entram em atividade
excessiva e hipersincrônica (vários entram em atividade elétrica ao mesmo
tempo). Ocorrendo distúrbio do funcionamento do sistema nervoso central,
chamados de crise epilética. Estas crises podem evoluir com hipertensão e
contrações musculares (convulsões), perda súbita do tônus muscular, perda ou
alteração temporária da consciência e alteração temporária de comportamento.
Uma pessoa com crise pode apresentar os sinais de contrações
musculares generalizadas ou localizadas, movimentos rítmicos com a cabeça;
desvio do olhar para cima ou para o lado, movimentos rápidos de piscar os
olhos, movimentos mastigatórios, ausência de respostas a estímulos verbais,
episódios breves de olhar parado ou vago, ou crises de medo. Somente o
médico com o auxílio do eletroencefalograma (ECG) pode confirmar se esta
ocorrendo realmente a crise. O ECG pode ser visto como uma extensão do
exame neurológico, o que ele registra é basicamente a atividade elétrica do
cérebro. Muitas vezes é difícil para o pediatra ou neurologista, definir se a crise
é realmente epilética ou se esta relacionada com outro tipo de distúrbio.
Além da epilepsia, outras condições poderão determinar crises
convulsivas isoladas tais como a desidratação grave, hipoglicemia, infecções
centrais ou intoxicações. O que caracteriza a epilepsia é a repetição de crises
não provocadas, ou seja, não determinadas por um processo patológico agudo.
As crises podem ser generalizadas (envolvem o cérebro todo), ou
parciais (permanecem restritas a uma área do cérebro). Os sintomas
dependem da área envolvida. Uma criança com paralisia cerebral pode
apresentar qualquer tipo de crise.
As crises tônico-clônica são as mais preocupantes para pais e/ou outras
pessoas que as presenciam. Essas crises cessam entre dois e dez minutos.
Quando ocorre a crise deve-se proteger a criança de traumas sem conter suas
contrações e a cabeça da criança deve ser lateralizada para evitar a bronco-
aspirações em caso de vômitos. Não se deve tracionar à língua e/ou introduzir
qualquer tipo de objeto na boca da criança. Quando se apresenta uma crise
sub-entrante, sem retomar a consciência entre uma e outra, ou uma crise
tônico-clônica com mais de vinte minutos de duração, é um estado de mal
epilético (status epilepticus). Este estado é uma emergência pediátrica.
O tratamento da epilepsia deve ser iniciado tão logo se tenha o
diagnóstico. Nas fases iniciais do tratamento com medicação anticonvulsivante
algumas crianças apresentam sonolência, mas este quadro desaparece após
um tempo. Qualquer alteração deve ser comunicada ao pediatra ou ao
neurologista e algumas delas, como a irritabilidade e a alergia justificam a
substituição da medicação. Melhoras motoras e cognitivas podem ser
observadas, e mesmo tendo cessado as crises o tratamento deve ser mantido
por no mínimo dois anos. A suspensão súbita da medicação pode desencadear
o estado de mal epilético, possibilitando o agravamento do quadro neurológico.
Algumas formas de epilepsia são resistentes ao tratamento.
Após a avaliação do problema, a criança deverá ser encaminhada á
uma equipe multidisciplinar que ira elaborar em conjunto o tratamento a adotar.
Temos inúmeros métodos e técnicas que poderão ser aplicados no
tratamento da lesão cerebral como por exemplo: Bobath, Kabath, Klap e etc...
Porém não podemos esquecer o papel importante da psicomotricidade
que se estrutura através de: estimulação tônica, equilibração, lateralidade,
esquema corporal, espaço temporal, coordenação e técnicas de relaxação.
Tratar e mobilizar uma criança que teve paralisia cerebral nos leva a
solucionar muitos problemas, porém a participação e cooperação dos pais são
primordiais, pois quando estes ajudam no tratamento, formando uma
verdadeira sintonia com o terapeuta, aumentam as chances de melhora desta
criança, favorecendo assim, o desenvolvimento de suas capacidades, visando
sua autonomia, independendo de suas limitações.
Através do movimento, associado ao pensamento e a afetividade,
podemos obter respostas significativas em cada etapa do processo maturativo,
e, portanto, obter o enriquecimento específico de cada ser humano com o
ambiente, tanto no domínio motor como no mental, favorecendo assim, a auto-
estima do seu “eu” interior como sujeito.
Devemos então, enfatizar a importância de se interferir
terapeuticamente, sem imposições, o mais cedo ou precocemente possível,
interagindo com os familiares, de modo a ajudar, procurando aproveitar todas
as situações diárias, dando a estas crianças os meios necessários, para
progressão e aquisição de sua independência.
Janine Lévy em seu livro “O despertar do bebê” aborda a importância da
presença materna no que diz respeito à terapia da criança – A imobilidade, a
reclusão ao berço, a estagnação sempre numa mesma posição, a falta de
contato afetivos e personalizados são responsáveis pela síndrome de carência
chamada de hospitalismo. Após o nascimento, a mãe (ou substituto afetivo)
deve dedicar-se totalmente a criança: só ela pode obter do bebê a
espontaneidade necessária para fazê-lo progredir” (progressão e aquisição de
sua independência. (Janine Lévy 2004,p.8). – Isso se da através do afeto,
aprofundando a simbiose mãe-filho. Lembrando que o movimento pode ser o
aspecto mais humanizante de toda a aprendizagem. Quando associamos a ele
o afeto (emoção) e o pensamento, podemos obter respostas significativas em
cada etapa do processo maturativo, e, portanto, enriquecer especificamente o
desenvolvimento de cada ser, no domínio motor e mental.
4.2 A importância de brincar
A brincadeira é o meio pelo qual a criança efetua suas primeiras grandes
realizações culturais e psicológicas. É principalmente através do brinquedo que
a criança aprende (Sigmund Freud, input Marinho,1993,p. 7). Se isso não
acontece seus desenvolvimentos, físico, intelectual e emocional podem ficar
seriamente prejudicados. A brincadeira é também essencial para o bom
desenvolvimento psicomotor, sabendo-se que a psicomotricidade é a relação
do pensamento e da ação onde esta presente também a emoção, podemos
concluir que é brincando que a criança exercita, de forma global e equilibrada
todas as atividades.
A importância do jogar para o desenvolvimento qualquer criança é bem
conhecido, mas mesmo hoje, poucos pais recebem suficiente ajuda para
aprender como brincar com seus filhos. Se uma tarefa é interessante e
divertida ela será ativamente executada sem esforço aparente.
“Brincar é a linguagem mais secreta que devemos
respeitarmesmo se não a entendermos” (Bruno
Bethelheim, imput Marinho.1993, p.7).
4.3 A aceitação
Ninguém quer ter um filo deficiente, todos desejamos filhos aptos,
simpáticos e inteligentes.
A agonia dos pais é geralmente grave, no princípio há a sensação de
culpa, vergonha, desespero. Perguntas como: “O que eu fiz de errado?” ou
“Porque logo comigo?” são exemplos entre tantas outras.
Se a aflição de se encontrar naquela situação é intolerável pode haver
uma total rejeição da criança ou uma negação de que haja alguma coisa de
errado com ela ou até mesmo a convicção de que ela pertence à outra pessoa.
Um tipo de atitude de alguém que se encontra desesperado, tendendo fugir da
realidade. Por outro lado se a confusão inicial cede à tristeza, uma sensação
de desolação e isolamento e uma saudade pelo que foi perdido, “O bebê
normal”. Enquanto esta dor permanece, o bebê real “O lesado” está deitado no
seu berço, necessitando de cuidados. Ele precisa mais do que qualquer coisa,
de uma mãe para amá-lo.
Todas as crianças precisam de contato íntimo e freqüente com as mães
a fim de constituir um vínculo social que torne a mãe, e mais tarde outras
pessoas, capazes de influenciar o comportamento da criança. A associação de
tarefas cotidianas como à hora da alimentação, se forem afetuosas e dar
conforto e confiança ao bebê.
Sem uma habilidosa ajuda (orientação) a mãe e o pai ou o objeto de
amor tendem a ajustar-se de modo a diminuir sua aflição, mas a custa de
distorcer o seu relacionamento com esta criança e o resto da família muito das
vezes isolando-a da sociedade.
A criança precisa ser amada como se fosse normal, aceita como ela é,
com suas incapacidades, independente de quais forem. A aceitação de modo
normal de forma que seja estabelecido um relacionamento apreciável entre a
criança e sua família, permitindo que a sua personalidade cresça em uma
ambiente favorável, livre de preconceito, objetivando ter mais autoconfiança de
modo a ser socialmente aceitável, mesmo não sendo fisicamente perfeito ou
não muito inteligente. Seja a criança normal ou deficiente ao nascimento, ela
alcançará mais facilmente a felicidade e uma satisfatória função social de
adulto, se crescer numa família feliz, satisfeita e unida. Até mesmo o
aprendizado (no sentido estrito educacional), será grandemente facilitado se a
criança for feliz e segura em seus relacionamentos iniciais dentro da família.
“A comunicação por meio do
toque é um dos mais poderosos meios de criar
relacionamentos humanos” (Alves, 2005.p 36).
“Não podemos esquecer o agrupamento do intelectual, físico,
social e emocional e trabalhar conjuntamente, pois a intenção
é ajudar o indivíduo a conhecer, reconhecer, socializar, e se
emocionar por meio do aprendizado”. (Alves,2005.p.1)
CONCLUSÃO
Tratar e manusear uma criança com paralisia cerebral nos leva a
solucionar muitos problemas. A criança com paralisia cerebral não é somente
limitada nos seus movimentos que são estereotipados, mas também em suas
reações e respostas ao serem movidas. Sabendo-se que o movimento é uma
necessidade fisiológica, fica claro que a psicomotricidade desempenha um
importante papel neste aspecto já que valoriza o ser humano através de
estímulos, trocas afetivas e desenvolvimento de seu ambiente, tendo como
objetivo o desenvolvimento de suas atividades motoras, dando a criança
possibilidades de dominar seu corpo, completando e aperfeiçoando seu
movimento, além de seu desenvolvimento mental dando a esta criança a
experiência do movimento. Portanto, este trabalho não começa apartir dos três,
quatro ou cinco anos de idade, mas sim logo após o nascimento, ou seja, o
mais precocemente possível. Os cuidados envolvem mobilizações, tratamento
e jogos, num conjunto que é primordial a presença dos pais, a participando e
cooperando, pois somente quando pais e terapeutas trabalham juntos, pode-se
estabelecer uma sintonia, podendo dar à criança, oportunidades para o
desenvolvimento de suas capacidades, sejam quais forem as suas limitações.
O objetivo do tratamento é a melhora, por isso deve ser entendido que este,
não deve ser considerado como uma sessão de meia hora, mas estar
relacionado com as atividades do dia (ou AVD), com o intuito de dar a esta
criança a experiência do movimento, devendo-se tentar sempre que possível
obter a cooperação da mesma.
Nenhuma criança deve ter esses tratamentos isolados, o contato íntimo
e freqüente entre mãe e filho é necessário a fim de formar o vínculo social que
torne a mãe, o objeto de amor capaz de influenciar no comportamento da
criança deixando-a segura de que é amada independente de suas limitações,
favorecendo o desenvolvimento de sua personalidade em ambiente saudável.
Este processo é de grande importância para o desenvolvimento social da
criança, visto que a aceitação começa no grupo familiar, onde a criança
estabelece as primeiras e mais importantes relações.
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