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LUCIANA DOS SANTOS GONÇALVES PSICOPEDAGOGIA: FORMAÇÃO, IDENTIDADE E ATUAÇÃO PROFISSIONAL PUC - CAMPINAS 2007

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LUCIANA DOS SANTOS GONÇALVES

PSICOPEDAGOGIA: FORMAÇÃO, IDENTIDADE E ATUAÇÃO PROFISSIONAL

PUC - CAMPINAS 2007

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LUCIANA DOS SANTOS GONÇALVES

PSICOPEDAGOGIA: FORMAÇÃO, IDENTIDADE E ATUAÇÃO PROFISSIONAL

Monografia de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Educação, da PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Educação e Psicopedagogia, sob orientação da Profa. Ms. Maria Regina Peres.

PUC - CAMPINAS 2007

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A verdadeira viagem da descoberta

não consiste em procurar novas paisagens,

mas em possuir novos olhos.

Marcel Proust

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Dedico este trabalho especialmente

ao meu marido Gabriel e a todos

aqueles que de alguma maneira

colaboraram para sua execução e

souberam valorizar a sua

importância.

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AGRADECIMENTOS À Deus, primeiramente, que pela sua força me conduziu até o final do curso. Minha eterna gratidão e reconhecimento às pessoas cuja contribuição tornou-se decisiva para a realização desse trabalho: A toda equipe de docentes que constituíram o curso de Especialização em Educação e Psicopedagogia, em 2007, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Em especial, Mônica Hoehne Mendes, atual presidente da ABPp-Seção São Paulo, pela ajuda e, que generosamente, compartilhou suas experiências cedendo seu trabalho. À Profa. Ms. Maria Regina Peres pelas orientações e críticas, bem como apoio, dedicação e disponibilidade na elaboração desta pesquisa. Aos colegas de curso pelos momentos que compartilhamos na busca pelo saber. Ao meu marido que tive paciência e entendeu a minha ausência durante a realização do curso e que sempre acreditou que eu era capaz, por meio de palavras encorajadoras muito me estimularam. E a todas as pessoas que, direta e indiretamente, cooperaram para a concretização desse projeto de pesquisa.

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SUMÁRIO

Introdução........................................................................................................08

Capítulo I – Aspectos históricos da formação da Psicopedagogia

na Argentina e no Brasil.............................................................12

Capítulo II – Experiências atuais na formação e atuação do

Psicopedagogo na Argentina e no Brasil................................26

Capítulo III – A identidade do psicopedagogo brasileiro.............................46

Metodologia......................................................................................................52

Resultados obtidos e análises.......................................................................55

Considerações Finais.....................................................................................59

Referências Bibliográficas.............................................................................62

Anexo I.............................................................................................................65

Anexo II............................................................................................................68

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GONÇALVES, Luciana dos Santos. Psicopedagogia: formação, identidade e atuação profissional. Monografia (Especialização em Educação e Psicopedagogia). Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Campinas, São Paulo, 2007. pp. 71.

RESUMO

Este trabalho se propõe a pesquisar sobre a formação do profissional em Psicopedagogia, sua identidade e atuação profissional no Brasil e na Argentina. Objetiva-se a reflexão sobre o esboço histórico da Psicopedagogia e sua atual perspectiva. Apresenta-se o percurso argentino entrelaçado com a realidade psicopedagógica brasileira. Para a metodologia de trabalho utilizou-se a abordagem qualitativa enfocando a pesquisa bibliográfica. Utilizou-se como referencial teórico um estudo científico de vários profissionais da educação, em especial, de psicopedagogos, acerca da psicopedagogia bem como, as reflexões pessoais sobre o objeto a ser investigado. Também se considerou a análise da construção da identidade do Psicopedagogo nas questões vinculadas a sua ação profissional. Como resultados obtidos, destaca-se a importância da regulamentação da profissão diante da atuação psicopedagógica, bem como a necessidade de estudos mais aprofundados sobre o tema. Palavras chaves: psicopedagogia, formação, identidade, atuação profissional, regulamentação.

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ABSTRACT

This work is the search on the training of the formation Psychopedagogy professional Psychopedagogy, their identity and professional practice in Brazil and Argentina. The objective is to consider the Psychopedagogy. Historical outline and his current perspective. It presents the Argentine's journey coupled with Brazilian Psychopedagogy's reality. For the methodology of work a qualitative approach was used focusing the research literature. As a benchmark theoretical scientific studies of various professionals in education were used, in particular, the Psychopedagogy Professionals, on the topic as well as the personal reflections on the subject being investigated. It also considered the analysis of the construction of the identity of the Psychopedagogy professional on issues linked to his professional action. As results, it highlights the importance of the profession regulation front of the psychopedagogy performance, and the need for further investigation on the subject. Key- words: Psychopedagogy, formation, identity, Professional practice, regulations.

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Introdução

A Psicopedagogia nasceu da necessidade de uma melhor compreensão

do processo de aprendizagem e se tornou uma área de estudo específica que

busca conhecimento em outros campos e cria seu próprio objeto de estudo

(Bossa, 2007, p.24.). Ocupa-se do processo de aprendizagem humana: seus

padrões de desenvolvimento e a influência do meio nesse processo.

Considerando essas idéias, dentre outras, esta pesquisa aborda a

temática da formação de psicopedagogos e sua identidade, no contexto das

políticas educacionais que têm repercussão nos processos de formação e na

atuação profissional dos psicopedagogos.

Com isso, este estudo procura refletir sobre a formação do

psicopedagogo a partir de dados bibliográficos, tendo como referencial o estudo

da legislação e da reflexão teórica no que se refere à Psicopedagogia no Brasil

como também na Argentina.

Para atingir os objetivos foram realizadas leituras e pesquisas em livros e

artigos publicados em revistas nacionais e estrangeiras. Dentre elas a Revista

da Associação Brasileira de Psicopedagogia e a Aprendizaje Hoy da

Universidad del Salvador (Usal) da Argentina. Nosso objetivo foi buscar uma

revisão mais apurada da literatura disponível na investigação do tema.

Também foram identificados e estudados os instrumentos legais: leis,

pareceres, resoluções, sobre a formação do psicopedagogo, em especial os

documentos sobre a legislação vigente, tanto no Brasil como na Argentina.

Da coleta e análise dos dados, do estudo da legislação e da reflexão

teórica referente à Psicopedagogia, buscou-se a compreensão crítica da

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Psicopedagogia na Argentina e no Brasil, a formação do psicopedagogo e sua

identidade.

Algumas questões nortearam esta pesquisa: Qual a identidade do

psicopedagogo? Qual é a sua atuação profissional, enquanto psicopedagogo?

Como ocorre a formação do Psicopedagogo na Argentina e no Brasil? Existe

uma legislação que regulamenta a profissão na Psicopedagogia?

Essas interrogações crescem, exponencialmente, quando voltamos

nosso olhar para a realidade da formação do Psicopedagogo, uma vez que no

Brasil ainda há poucos registros dedicados a esta temática.

São objetivos desta pesquisa: resgatar o processo histórico da

constituição da psicopedagogia; analisar as contribuições da Psicopedagogia

Argentina; compreender o contexto atual da Psicopedagogia no Brasil; resgatar

através da pesquisa bibliográfica, como esta organizada, a formação do

Psicopedagogo na Argentina e no Brasil; analisar o atual contexto da

psicopedagogia argentina e a brasileira.

Destacamos a relevância desta pesquisa, uma vez que ela já se inicia a

partir do seguinte questionamento. “Qual a formação do Psicopedagogo no

Brasil?”, podemos aqui enunciar o que nos apresenta Bossa (2007:37), “O

movimento da psicopedagogia no Brasil remete ao seu histórico na Argentina”.

Isso nos auxiliaria a melhor compreender a atual formação da psicopedagogia

no Brasil e suas possíveis tendências.

Dessa maneira, é importante recorrer ao contexto histórico da

Psicopedagogia Argentina, assim uma aproximação inicial a temática da

constituição da Psicopedagogia, nos conduziu a identificação sobre sua

trajetória e seu contexto atual.

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Ao estudar os aportes teóricos da psicopedagogia na Argentina,

podemos constatar, especialmente, a presença dos trabalhos de autores como:

Jorge Visca, Alicia Fernádez e Marina Müller.

Assim, por exemplo, em seu artigo “Perspectivas de la psicopedagogia

em el comienzo del milenio”, Müller (1995) comenta que na Universidade de

Salvador, há cinco décadas, surgiu a psicopedagogia como uma disciplina.

Disciplina esta que trabalha com a aprendizagem, como atividade que inclui a

relação entre ensino e aprendizagem, em contextos sistemáticos ou não. Deste

modo, nasceu a psicopedagogia como carreira universitária de três anos, no

ano de 1956. Ela confluiria da carreira de Psicologia e da Pedagogia.

O esboço histórico da psicopedagogia na Argentina e seu atual contexto

nos conduzirão a uma leitura aprofundada da formação do psicopedagogo no

Brasil.

Segundo Bossa (2007)

A questão da formação do psicopedagogo assume um papel de grande importância na medida em que é a partir dela que se inicia o percurso para a formação da identidade desse profissional. (p. 63)

Na citação mencionada, podemos perceber quão importante é identificar

a formação do profissional em psicopedagogia. A construção da identidade do

psicopedagogo está correlacionada com a própria identidade da

Psicopedagogia.

Ampliando as idéias anteriores temos as contribuições de Masini (2006)

ao enfatizar:

A identidade da psicopedagogia não está ainda bem delimitada como área de estudos, apesar de décadas de existência, no Brasil e na Europa, comprovadas em livros e revistas especializadas. Permanecem discussões e em bates com pares, em meio a mal entendidos sobre fins, locais, modalidades e recursos de atuação. (p.249)

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Diante disto, podemos observar que persistem os questionamentos

acerca da identidade da psicopedagogia.

Com isto ao tomarmos a psicopedagogia como o fenômeno a ser

estudado e analisado nesta pesquisa, temos que esta área é entendida como

atividade que abrange a educação, compreendida como prática social, tanto em

seu contexto sistemático como informal. Logo, o que se pretende é entender as

perspectivas sobre o psicopedagogo e a Psicopedagogia, para explicar e

compreender a formação e a atuação do psicopedagogo, a partir de dados

bibliográficos e da síntese do percurso teórico percorrido pelos psicopedagogos

nos dois paises citados.

Assim, esta pesquisa pretende contribuir para o conhecimento da

Psicopedagogia enquanto área de estudo e atuação relacionada com a

aprendizagem e dar-se-á por meio da análise e reflexão da Psicopedagogia no

Brasil e seus aportes teóricos na Argentina.

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Capítulo I – Aspectos históricos da formação em Psicopedagogia na Argentina e no Brasil

Historicamente, segundo Bossa (2007) os primórdios da Psicopedagogia

ocorreram na Europa, ainda no século XIX, sustentada pela preocupação com os

problemas de aprendizagem na área médica.

Os primeiros Centros Psicopedagógicos foram fundados na França, em

1946, com o objetivo de desenvolver um trabalho voltado para crianças com

problemas escolares ou comportamentais atendidos por uma equipe da área de

Psicologia, Psicanálise e Pedagogia.

Bossa (2007) apresenta que:

A literatura francesa influencia as idéias sobre psicopedagogia na Argentina a qual, por sua vez, influencia a práxis brasileiras. A psicopedagogia francesa apresenta algumas considerações sobre o termo psicopedagogia e sobre a origem dessas idéias na Europa, e os trabalhos de George Mauco, fundador do primeiro centro médico psicopedagógico na França, em que se percebem as primeiras tentativas de articulação entre medicina, psicologia, psicanálise e pedagogia, na solução dos problemas de comportamento e de aprendizagem (p. 39)

Observamos que a Psicopedagogia teve uma trajetória significativa

tendo, inicialmente, um caráter médico-pedagógico já que a equipe de trabalho

era composta por médicos, psicólogos, pedagogos, psicanalistas e

reeducadores de psicomotricidade e da escrita.

Ao final dos anos 60, na Argentina, o trabalho entre os psicopedagogos e

a escola e sua relação com os psicólogos e os pedagogos influenciaram

significativamente os profissionais argentinos na sua atuação psicopedagógica.

Conforme Alicia Fernández, psicopedagoga Argentina, a graduação em

Psicopedagogia passou a existir na Argentina há mais de 30 anos, criada na

Universidade de Buenos Aires (UBA). Deste modo, Buenos Aires foi a primeira

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cidade argentina a oferecer o curso de Psicopedagogia. (apud BOSSA, 2007,

p.42-43)

Entretanto, na prática, a atividade psicopedagógica iniciou-se antes da

criação do próprio curso. Profissionais que possuíam outra formação viram a

necessidade de ocupar um espaço que não podia ser preenchido pelo

psicólogo nem pelo pedagogo. Desta maneira, começaram fazendo

reeducação, com o objetivo de resolver fracassos escolares.

De acordo com Peres (1998)

A Psicopedagogia passa a despertar a atenção de vários países que, preocupados com os altos índices de fracassos escolares passam a buscar novas alternativas de trabalho. Dentre estes países, na Argentina, a psicopedagogia tem recebido um enfoque especial, sendo considerada uma carreira profissional. (p.42)

Inicialmente, a Psicopedagogia aparece como uma disciplina na Facultad

del Psicología da Universidad del Salvador, Buenos Aires.

Já em 1956, a Psicopedagogia constitui-se como curso de graduação de

três anos, para formar professores com capacitação em psicologia escolar, na

confluência da psicologia e pedagogia.

Segundo Arias (2007), há uma estreita relação histórica entre a

Psicopedagogia e a Pedagogia, porém

El 2 de mayo de 1956, en la Universidad del salvador y desde el Instituto de Psicopedagogía, ingresa a la enseñanza oficial una nueva carrera de grado: la Psicopedagogía.(p.57)

Müller (1995) aborda em seu artigo “Perspectivas de la psicopedagogia

em el comienzo del milenio”, que as novas tendências do sistema educativo na

Argentina, para melhor distribuição de recursos econômicos e humanos,

atualmente organiza a estrutura do curso de Psicopedagogia em ciclos,

propondo uma carreira de quatro anos.

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Portanto, estabelecendo uma grade curricular de dois anos de formação

básica compartilhada com a carreira de Psicologia e fixando dois anos de

formação psicopedagógica específica. Existem também os cursos de mestrados

e doutorados, possibilitando especialização de um ano de duração, como

formação acadêmica para a docência superior e pesquisa.

Deste modo, como do interior da carreira de Psicologia se criou à carreira

de Psicopedagogia, que no começo não tinha caráter universitário, mas,

conforme adquiria significado mediante definições e aportes teóricos de

especialistas, aos poucos, foi se construindo o seu objeto de estudo próprio: o

sujeito em processo de ensino-aprendizagem. Em outras palavras, o sujeito

como agente da sua própria aprendizagem.

Com isso, a psicopedagogia argentina se origina como um conhecimento

empírico, a partir da necessidade de atender as crianças com problemas de

aprendizagem escolar.

Para Visca (1987),

A psicopedagogia nasceu como uma ocupação empírica pela necessidade de atender as crianças com dificuldades na aprendizagem, cujas causas eram estudadas pela medicina e psicologia. Com o decorrer do tempo, o que inicialmente foi uma ação subsidiária destas disciplinas, perfilou-se como um conhecimento independente e complementar, possuidor de um objeto de estudo (o processo de aprendizagem) e de recursos diagnósticos, corretores e preventivos próprios (p.33)

O autor acima citado merece muita consideração neste trabalho,

entendendo-se que a psicopedagogia nasceu na Argentina a partir dos seus

estudos acerca da epistemologia da psicopedagogia, no que se chamou de

epistemologia convergente1.

1 Epsitemologia Conversente é o resultado da assimilação recíproca de conhecimentos fundamentados no construtivismo, no estruturalismo construtivista e no interacionismo. Isto é, linha teórica que propõe um trabalho com a aprendizagem integrado com três linhas de Psicologia: Escola de Genebra (Piaget), Escola Psicanalítica (Freud) e a Escola de Psicologia Social (Pichon-Rivière). Para uma melhor compreensão a respeito do tema, sugerimos a leitura do livro Psicopedagogia: novas contribuições da autoria de Jorge Visca, edições Nova Fronteira, ano de 1991.

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Jorge Visca é considerado pela literatura dos profissionais da área, como

“pai da psicopedagogia”.

Estaremos assumindo aqui a definição, de vários autores, que

consideram a Psicopedagogia como uma área de conhecimento que se dedica

ao diagnóstico, tratamento e prevenção das dificuldades de aprendizagem

escolar. Estaremos também considerando a Psicopedagogia como área que

trabalha com a aprendizagem no seu sentido mais amplo, possibilitando a

todos, principalmente a quem ensina, a oportunidades de lidar com seus

próprios processos de aprendizagem como aprendizes.

Na realidade, a Psicopedagogia é uma área do conhecimento que se

apóia nas diferentes Ciências, tais como Pedagogia, Psicologia, Psicanálise,

Neurologia, entre outras, integrando seus conhecimentos e princípios

coerentemente, tendo como finalidade adquirir uma melhor compreensão a

respeito dos diversos processos inerentes a aprendizagem.

De acordo com Fernández (1994), a partir do objeto de estudo da

psicopedagogia – o processo de aprendizagem – ainda não foi possível

construir uma teoria acerca dessa prática psicopedagógica. Ela menciona que

Estamos tentando construir nossa própria teoria, nosso específico enquadramento, os rasgos diferenciadores de nossa técnica e nosso lugar como especialistas em problemas de aprendizagem. (p.102)

Como psicopedagogos nossa tarefa é ajudar as pessoas, quer sejam

crianças ou jovens, até adultos, a se descobrirem como indivíduos criativos,

livres, potencializando suas próprias soluções diante das dificuldades que

encontramos.

Do ponto de vista de Müller (1984), ao se referir sobre o objeto de estudo

da psicopedagogia, deve-se levar em conta como se desenvolve a

aprendizagem. É importante, para ela, considerar:

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Que leis regem estes processos; que dificuldades interferem ou impedem; de que maneira é possível favorecer as aprendizagens ou tratar suas alterações. (p.7-8)

Para esta autora, a Psicopedagogia liga-se as características da

aprendizagem, como se educa, como se ensina, como se aprende, como

surgem os problemas da aprendizagem, quais as propostas para tratá-lo, que

fazer para preveni-los e promover mudanças nos processos de aprendizagem.

O transcurso da prática profissional desenvolvida durante vários anos,

define um marco contextual teórico e elabora a pratica em Psicopedagogia,

gerando novos enfoques conceituais no interior de si mesmas.

Isto demanda realizar uma análise dos próprios pressupostos teóricos da

Psicopedagogia, como por exemplo, a que se dedica um psicopedagogo, qual o

campo atual da psicopedagogia na Argentina?

A graduação em psicopedagogia surgiu há mais de 30 anos na

Argentina, na Universidade de Buenos Aires (UBA). Entretanto, o curso passou

por três instâncias em relação ao plano de estudo: nos anos de 1956, 1958 e

1961 a ênfase esteve na formação biológica e psicologica; evidenciava-se a

formação instrumental do psicopedagogo nos anos de 1963, 1964 e 1969;

Assim, com a criação da licenciatura, o enfoque passou a ser clínico e para a

obtenção do título de psicopedagogo, a carreira de graduação passou de quatro

para cinco anos de duração em 1978, tal como hoje em dia.

Bossa (2007), afirma que:

Acontece assim, em 1978, o terceiro momento do curso de psicopedagogia, com a criação da licenciatura na matéria, tal como existe atualmente, ou seja, uma carreira de graduação com duração de cinco anos. (p. 43)

Durante os trinta anos que se passou desde o seu estabelecimento na

Argentina, a Psicopedagogia tem ocupado um significado espaço no âmbito da

educação e da saúde. Nesse processo evolutivo, é importante destacar um fato

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relevante que permitiu mudanças na abordagem da Psicopedagogia: da

reeducação à clínica.

Esse fato se relaciona a década de 70 em que surgiram, em Buenos

Aires, os Centros de Saúde Mental, onde atuavam equipes de psicopedagogos

que faziam diagnóstico e tratamento para os problemas relacionados à

aprendizagem.

Esses profissionais observavam que, depois de um ano de tratamento,

quando os pacientes retornavam para controle, haviam resolvido os seus

problemas de aprendizagem. Mas, surgiam graves distúrbios de personalidade,

produzindo-se, pois, um deslocamento de sintoma. A partir daí ocorre uma

grande mudança na abordagem psicopedagógica. Os psicopedagogos

começam a incluir no seu trabalho a clínica da Psicanálise, resultando no atual

perfil do psicopedagogo argentino.

Em 17 de setembro de 1982 foi fundada a Federación Argentina de

Psicopedagogos (FAP) por um Colegiado Profissional de Psicopedagogos. E

esse dia se estabeleceu como o “Dia Nacional de Psicopedagogo”.

Em 1983 foi criada a Asociación de Psicopedagogos de Capital Federal -

PSP2. Mas foi no ano de 1986 que PSP passou a reconhecida juridicamente. È

uma instituição que vem trabalhando para o auxílio do psicopedagogo

universitário, dos formados em nível de pós-graduação, defendendo o campo

profissional, a ética profissional, preservando e enriquecendo o conceito

humano de nossa profissão.

De acordo com Lamarra (2007), a legislação referida a Educação

Superior consagra a autonomia universitária:

2 Para mais informações consulte o site da PSP; www.asoc-psicopedagogos.com.ar

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La Ley Feredal de educación No 24.1953, sancionada en el año 1993 y la Ley de Educación no 24.521 sancionada emn el año 1995, regulan el sitema educativo en su totalidad y el sistema de educación superior, en particular. La Ley de Educación superior es la primera ley que abarca, en su conjunto, la educación superior universitaria y no universitaria. Ademá, crea la Comisión Nacional de Evaculuación y Acreditación Universitaria (CONEAU) como organismo encargado de la evaculación externa y acreditación de las carreras de posgrado y de las de grado con “títulos correspondientes a profesiones regulares por el Estado”, fija las normas y las pautas para el reconocimiento de las universidades privadas y los regímenes de funcionamiento de las mismas, tanto provisorio como definitivo. (p. 47)

Na Argentina, a especialização em Psicopedagogia tem sido oferecida

de forma geral pelos institutos terciários que não contam com autorização do

Ministério da Educação, CONEAU, para funcionamento e emissão de

certificados com validade acadêmica.

Lamarra (2007) argumenta que

El Sistema de Educación Superior de Argentina es de carácter binario, es decir está integrado por dos tipos de instituciones: las universidades y los institutos universitarios y los institutos superiores no universitarios (llamados terciarios) que comprende a los institutos técnicos, de formación profesional, de formación docente, etc.

Según información suministrada por la Comisión Nacional de Mejoramiento de la educación Superior (CONEDUS), al año 2001 existían alrededor de 4.446 carreras universitarias de grado y de pregado (3514 carreras de grado y 932 carreras de pregado) y 6.960 carreras no universitarias. Estas ultimas otorgan títulos como de psicopedagogo y además de las de profesor en las carreras de formación docente. (p. 20-21)

A constituição nacional da Argentina consagra o respeito pelo direito a

educação e a autonomia universitária. Porém, não são delegadas funções para

o desenvolvimento da educação garantindo a qualidade do ensino.

O sujeito-objeto da psicopedagogia é o ser humano em situação de

aprendizagem, contextualizado. (Müller, 1984)

3 A lei 24.195 foi recentemente revogada a partir da sanção da nova Ley de Educación No 26.206, a qual inclui muito genericamente a Educação Superior em seu artigo.

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Numa entrevista realizada por um site4, Mônica K. de Rojas Silveyra,

psicopedagoga e atual Vice-Presidente da Asociación de Psicopedagogos de

Capital federal, argumenta sobre as questões legais acerca do exercício da

profissão de psicopedagogo na Argentina:

En este momento histórico de la Asociación estamos trabajando conjuntamente con la Federación Argentina de Psicopedagogos, institución de 2do. Grado que agrupa a todos los psicopedagogos universitarios del país, y con la Confederación de Profesionales Universiarios de la República Argentina (CGP) que agrupa a todos los profesionales (médicos, psicólogos, psicopedagogos, etc). Allí se discuten y se defienden en las distintas comisiones los temas relacionados ala problemáticas de cada profesión. En cuanto a la Legislatura de la Ciudad de Buenos Aires, se ha presentado un Anteproyecto de Ley no 4071 del Ejercicio Profesional del Psicopedagogo en el anõ de 1997, y la suerte corrida es similar. Pero no nos desanimamos, seguiremos y la obtendremos.

Conforme a Resolução no 2473/84, as incumbências profissionais

aprovadas pelo Ministério de Educação Nacional, estabelecem que o

psicopedagogo possa atuar na área da saúde e da educação, ao que diz

respeito à aprendizagem, tendo como intervenções preventivas ou

assistenciais. Assim, sua atuação profissional dar-se-á em âmbito do sistema

de saúde e no âmbito do sistema educativo em seus diferentes níveis ou

modalidades na dimensão pública e/ou privada.

A nova Ley de Educación Nacional, Ley No. 26.206, publicada no dia 28

de dezembro de 2006, promulga no Capítulo V, artigo 34, que:

Articulo 34. – La Educación Superior comprende: a) Universidades e Institutos Universitarios, estatales o privados autorizados, en concordancia con la denominación establecida en la Ley No 24.521. b) Institutos de Educación Superior de jurisdicción nacional, provincial o de la Ciudad Autónoma de Buenos Aires, de gestión estatal o privada. (p.10-11)

No Capítulo IV sobre a Educação Secundaria, a Ley de Educación

Nacional também estabelece que:

4http://www.xpsicopedagogia.com.ar/contenido/entrevistas/entrevistas_kerckhaert_matricula.html (Entrevista extraída em 02 de julho de 2007).

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Articulo 32. – El Consejo Federal de Educación fijará las disposiciones necesarias para que las distintas jurisdicciones garanticen:

h) La atención psicológica, psicopedagógica y médica de aquellos adolescentes y jóvenes que la necesiten, a través de la conformación de gabinetes interdisciplinarios en las escuelas y la articulación intersectorial con las distintas áreas gubernamentales de políticas sociales y otras que se consideren pertinentes. (p.9-10)

Na Argentina, a psicopedagogia tem um caráter diferenciado da

psicopedagogia no Brasil, pois naquele país é permitida a aplicação de testes,

como, por exemplo, as provas de inteligência, mais conhecidas por teste de

Quociente de Inteligência5 (Q.I.) pelos psicopedagogo. Enquanto, no Brasil,

somente os psicopedagogos com formação em Psicologia podem fazer o uso

destes tipos de testes.

De acordo com BOSSA (2007) alguns instrumentos de uso freqüente por

psicopedagogos argentinos não são permitidos aos brasileiros

No Brasil não é permitido ao psicopedagogo recorrer a muitos dos instrumentos que são de uso do psicólogo. O psicopedagogo, que não tem formação em Psicologia, quando a situação requer, solicita ao psicólogo ou, dependendo do caso, a outros profissionais (neurologistas, fonoaudiólogos, psiquiatras), habilitados e de sua confiança, as informações necessárias para completar o seu diagnostico. (p. 100)

Na década de 60, advém a Psicopedagogia no Brasil, surgindo as

primeiras iniciativas de atuação psicopedagógica. Neste período os problemas

de aprendizagem eram associados a uma disfunção neurológica: disfunção

cerebral mínima6 (DCM).

O rótulo DCM foi apenas um dentre os vários diagnósticos empregados

para camuflar problemas de origem sociopedagógicos, termos como Transtorno

5 De acordo com o Dicionário Técnico de Psicologia (2001) o Teste de Inteligência destina-se a avaliar a inteligência geral ou nível mental do indivíduo; pode, inclusive, avaliar certos aspectos da inteligência condensados num só resultado, procurando-se, tanto quanto possível, obter uma avaliação independente dos antecedentes culturais. (p.162) 6 Garcia (1998) diz que durante os anos 50 e 60, considerava a hiperatividade motora como originados por alterações neurológicas ou, inclusive, como o extremo ao longo de um contínuo dentro da variabilidade normal. Isto apontou para uma mudança de nome, de “lesão cerebral mínima” até a de “disfunção cerebral mínima” (...) para Transtorno por Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) a partir dos anos 80. (p.74)

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de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDH/A), dislexia e outros mais, são

conceitos usados ideologicamente para esse fim.

Em 1958, no Brasil surge o Serviço de Orientação Psicopedagógica da

Escola Guatemala (Escola Experimental do INEP - Instituto de Estudos e

Pesquisas Educacionais do MEC), na Guanabara, atualmente Estado do Rio

de Janeiro, tendo como principal objetivo a melhoria da relação professor-

aluno.

Segundo Peres (1998), acredita-se que

a primeira experiência psicopedagógica no nosso país ocorreu em 1958, com a criação do Serviço de Orientação Psicopedagógica (SOPP) da “Escola Guatemala” na então Guanabara. O SOPP tinha como meta desenvolver a melhoria da relação professor-aluno e criar um clima mais receptivo para a aprendizagem, aproveitando para isso as experiências anteriores dos alunos. (p.43)

No Brasil, por volta dos anos 70, alguns profissionais preocupados com

os altos índices de evasão escolar e repetência, engajados no estudo das

causas e intervenções dos problemas educacionais relacionados ao fracasso

escolar trouxeram da França para a Argentina os aportes teóricos sobre a

Psicopedagogia. Mais recentemente, isto é, desde 1980 até hoje, passamos a

conceber o fracasso escolar também como “problemas de ensinagem”, e não

somente de aprendizagem.

Essas contribuições foram trazidas para o Brasil, tanto por meio de

palestrantes oriundos da França como da Argentina, como também, por meio

de professores que participavam de palestras, cursos a respeito da experiência

psicopedagógica voltada para a educação.

Em decorrência de novas descobertas científicas e movimentos sociais,

a Psicopedagogia sofreu muitas influências.

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Em 1979, decorrido quase vinte anos de prática psicopedagógica, surge

na cidade de São Paulo, o primeiro curso em nível de pós-graduação em

Psicopedagogia no Instituto Sedes Sapientiae, indicando como a área de

psicopedagogia é relativamente nova no Brasil.

Para Fagali (2007), uma das matrizes geradoras do curso de

Psicopedagogia é o Instituto Sedes Sapientiae. Ela ressalta que

A retomada das raízes do curso de formação em Psicopedagogia do Sedes Sapientiae justifica-se por ter sido um curso pioneiro na realidade de São Paulo, gerador de líderes de mudança que prosperaram em projetos como o da construção da Associação de Psicopedagogia em São Paulo” (p. 19-20)

Podemos dizer que alguns profissionais que terminavam sua

especialização em Psicopedagogia, no Instituto Sedes Sapientiae, em São

Paulo, organizaram um grupo para estudar e definir a prática psicopedagógica

que melhor trabalhasse os problemas de ensinagem, dando origem a

Associação Estadual de Psicopedagogia de São Paulo (AEP).

Segundo Rubinstein (1987)

A Associação Estadual de Psicopedagogia de São Paulo foi criada por um grupo de profissionais que já atuava na área, acabava de fazer sua formação em Psicopedagogia no Instituto Sedes Sapientiae e sentia a necessidade de ser reconhecido como categoria profissional, consciente de seu papel na comunidade. Tendo a Associação se expandido, pois temos associados do interior de São Paulo e de outros Estados da União e este crescimento faz com que sintamos a necessidade de efetivar a proposta da criação da Associação Brasileira de Psicopedagogia. (p. 13)

Após seis anos, de funcionamento a AEP, se tornou a Associação

Brasileira de Psicopedagogia (ABPp). Há neste caminho uma diferença

fundamental, pois se assume a área de conhecimento psicopedagógico, a partir

de um órgão de classe.

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No relato que prossegue, Mônica Hoehne Mendes7 (apud Carvalho,

2005) comenta

Evidentemente esse curso faz parte da história da Psicopedagogia no Brasil, como pioneiro, acrescido do fato de ter sido o responsável pela formação das pessoas que fundaram a Associação Estadual de Psicopedagogos em 1980; são duas histórias que se entrelaçam. Dessa forma, o Instituto Sedes Sapientiae contribui duplamente para a construção da identidade da Psicopedagogia em nosso país. (p.48)

Quando nos situamos no eixo norteador da economia no cenário global,

da década de 80 para cá, vamos encontrar um conjunto de fatores e

circunstâncias que tiveram e continuam tendo forte influência sobre os

parâmetros educacionais.

Alcântara & Silva (2006) afirmam que

Influencias que fueran gestadas el mundo, derivadas de los procesos del creciente internacionalización de las economías, bien como del sus repercusiónes en los mercados y la própria organización de los Estados nacionais ( p.15)

Isso quer dizer, que o ajuste econômico processados nos países latino-

americanos, bem como Brasil e Argentina, redefiniu o papel do Estado na

educação. Porém, o atual processo de reestruturação da Educação Superior, se

dá não só pelas mudanças que estão ocorrendo, mas pelo fato de a

reestruturação se constituir em uma real opção.

Desde 1980, os psicopedagogos brasileiros podem contar com uma

associação voltada para o interesse da classe e que luta por seus direitos. É a

Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), criada em 1988.

Além disso, estes vinte anos da ABPp, vêm possibilitando aos

psicopedagogos estruturarem um espaço de discussão sobre o corpo teórico de

7 Pedagoga pela Universidade São Marcos, SP, psicopedagoga pela Espacio Psicopedagógico de Buenos Aires (EPSIBA), mestre em Psicologia pela Universidade São Marcos, SP, presidente da ABPp Nacional no biênio 91/92, presidente fundadora da ABPp Seção São Paulo.

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conhecimentos psicopedagógicos, através do seu vasto acervo de trabalhos

científicos publicados, dissertações de mestrado e teses de doutorado.

Peres (1998) aborda que

Ao longo de sua existência a associação tem promovido vários encontros e congressos visando dentre outras coisas refletir sobre: a formação do psicopedagogo, a atuação psicopedagógica objetivando melhorias da qualidade de ensino nas escolas, a identidade profissional do psicopedagogo, o campo de estudo e atuação do psicopedagogo, o enfoque psicopedagógico multidisciplinar. (p.43)

A Psicopedagogia no Brasil enquanto área de atuação é sustentada por

referenciais teóricos, isto é, uma práxis psicopedagógica. É reconhecida pela

área acadêmica através das produções científicas consolidadas em teses,

publicações e reuniões que tem o rigor da ciência organizadas pela Associação

Brasileira de Psicopedagogos e por outros órgãos representados pelos

profissionais e áreas afins.

Falar da construção ou dos rumos da Psicopedagogia na Argentina e no

Brasil é, primeiramente, reconhecer a contribuição dos profissionais, em

especial, Jorge Visca, Alicia Fernàndez, Sara Pain e Marina Müller.

Assim, começou-se a conhecer a Psicopedagogia e suas interconexões,

por meio desses profissionais, sobretudo o psicopedagogo argentino Visca, que

contribuiu com a sistematização teórica de grande parte dos psicopedagogos

brasileiros, em especial os curitibanos, através da difusão da Epistemologia

Convergente.

Zenicola, Barbosa & Carlbert (2007) apresentam que

No final da década de 1970, tanto no Rio de janeiro, quanto em Curitiba, os estudos de Jorge Visca, psicopedagogo argentino, começaram a fazer diferença na compreensão do aprendiz e de suas dificuldades de aprendizagem. Na década de 1990, em Curitiba, os estudos da visão Sistêmica por psicopedagogos que possuíam a visão da Epistemologia Convergente, inicialmente na Síntese, bem como, no Rio de Janeiro, as contribuições de Alicia Fernàndez, trouxeram uma nova compreensão da dinâmica familiar e de suas relações com as dificuldades para aprender. (p.36-37)

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Provavelmente, muitos fatores contribuíram para a construção da

Psicopedagogia, cabe ressaltar que foram estes profissionais argentinos que

trouxeram os conhecimentos da Psicopedagogia para o Brasil e enriqueceram o

desenvolvimento desta área de conhecimento.

Consideramos importante, mencionar que a literatura francesa nos

mostra autores como Janine Mery, Pichón-Rivière, Jacques Lacan, dentre

outros, cujos pensamentos influenciaram a Psicopedagogia na Argentina, que

vem se destacando como forte, na práxis psicopedagógica brasileira.

A história da formação do psicopedagogo brasileiro advém pelo

entrelaçamento dos aspectos teóricos e da práxis psicopedagógica deste

profissional.

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Capítulo II – Experiências atuais na formação e atuação do Psicopedagogo na Argentina e no Brasil

A Psicopedagogia nascente na época moderna se diferencia como área

de atuação e reflexão sobre a práxis psicopedagogia, a partir da aprendizagem

humana, ao levar em conta a articulação entre subjetividade e a objetividade

humana e o conhecimento nas diversas maneiras de aprender.

O objeto de estudo da psicopedagogia se sintetiza àquilo que a Silva

(1998) nos apresenta

No início, seu objeto são os sintomas das dificuldades de aprendizagem, como desatenção, desinteresse, lentidão, etc. e, assim, seu objetivo é remediar esse sintomas. A dificuldade de aprendizagem seria apenas um mau desempenho, um produto a ser tratado. (p.25)

Entretanto, se compreendermos o conhecimento como processo

contínuo, tal como fazem os psicopedagogos atualmente, situamos a

psicopedagogia num patamar mais alto, obtendo-se assim uma visão mais

ampla.

Na Argentina, a psicopedagogia surge como disciplina científica no

meados do século XX, destacando o valor da interdisciplinaridade e composta,

a princípio, pelos saberes e experiências da educação e da saúde mental.

A Universidad del Salvador (USAL) havia sido pioneira, pois a primeira

carreira de graduação em Psicopedagogia na América Latina foi criada por

meio de sua Ata de Fundação de 2 de maio de 1956, em Buenos Aires.

Conta-nos então Oliveira (2007) em seu artigo8 intitulado “Família, escola

e o nascimento da psicopedagogia” que

8 Confira OLIVEIRA, Vera Barros de. Família, escola e o nascimento da psicopedagogia: a aprendizagem e a educação, dos limites informais às instituições e ferramentas de auxílio que hoje conhecemos. In: Revista Psique Especial ano 1 no 2. Editora Escala, 2007.

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Na década de 40, a Piscopedagogia aparece como uma disciplina na recém-criada Facultad de Psicologia da Universidad del Salvador, Buenos Aires. Em 1956, na USAL, a psicopedagogia torna-se um curso de graduação de três anos (p. 10)

Além disso, os graduados da USAL têm sido protagonistas da

construção de uma identidade profissional que abre caminhos e ganha espaços

e continua, ainda hoje, respondendo as demandas de uma sociedade em

transformação. No anexo I consta o plano de curso de Psicopedagogia da

Universidad del Salvador.

Ao resgatarmos a história da psicopedagogia na Argentina, Fagali (2007)

apresenta que

Em 1978, anunciou-se o primeiro Congresso Latino-Americano em Buenos Aires em que ela era a representante da equipe sedes, em busca de atualizações e de novos sentidos sobre a identidade da Psicopedagogia. Em Buenos Aires, a Psicopedagogia já se apresentava com uma longa trajetória enquanto formação e atuação psicopedagógica. Destava-se a formação em graduação de Psicopedagogia (Universidad del Salvador) com uma abordagem mais constitucional do aprendiz, em relação aos aspectos fisiológicos e neurológicos. Na Pós-Graduação, evidenciava-se, entre as teorias e as práticas da psicopedagogia, A “Psicopedagogia Convergente” de Jorge Visca, aprofundando nas articulações entre a epistemologia genética de Piaget e a abordagem psicanalítica. (p.24)

Diante disto temos que foi na Argentina que os primeiros

psicopedagogos brasileiros foram a procura de conhecimentos acerca da

formação e atuação psicopedagógica para fundamentarem a Psicopedagogia

no Brasil. Ainda hoje, as obras publicadas por Jorge Visca, Alicia Fernàndez ,

Sara Pain e Marina Müller fazem parte do nosso acervo bibliográfico.

A Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) organizou um

documento acerca da identidade profissional do psicopedagogo e os objetivos

da psicopedagogia, nos diferentes estados do Brasil, representando e

divulgando a Psicopedagogia.

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Numa entrevista publicada na Revista Direcional Escolas9, Quézia

Bombonatto, a vice-presidente da ABPp, Triênio 2005/2007, analisa a

importância da Associação para a descoberta da identidade do psicopedagogo

brasileiro. Ela comenta que

A ABPp, neste momento, cumpre um papel importante na história da psicopedagogia e oferece uma vasta material para a pesquisa e a compreensão acerca da epistemologia da psicopedagogia, oferecendo uma significativa contribuição para o conhecimento e a atualização dos psicopedagogos, educadores e estudiosos da área.

Em 1992, entrou em vigor o Código de Ética10, aprovado em assembléia

durante o V encontro e II Congresso de Psicopedagogia. Nós, psicopedagogos,

não poderíamos deixar de falar deste tema tão atual e de urgência prática em

nossa práxis psicopedagógica.

De acordo com Mendes (2007), a discussão acerca da questão do

reconhecimento da profissão gerou grande inquietação. Dessa maneira temos

que

Conscientes do momento histórico que atravessávamos, elaboramos o Código de Ética, o que era essencial, já que não tínhamos (como até hoje não temos) nossa profissão reconhecida. Este passou a ser o documento norteador dos Princípios da Psicopedagogia, das Responsabilidades Gerais do Psicopedagogo, das Relações deste com outras Profissões, sobre a Importância do Sigilo, etc. (p.202-203)

Contudo, o documento citado sofreu alteração na Assembléia Geral do III

Congresso Brasileiro de Psicopedagogia, da ABPp, em 1996, da qual

transcorreu a presente redação que apresentamos a seguir:

CÓDIGO DE ÉTICA DA ABPp Elaborado pelo Conselho Nacional do Biênio 91/92 e Reformulado pelo Conselho Nacional e Nato do Biênio 95/96

9 Matéria divulgada na Revista Direcional Escolas – edição 18 – julho/2006. Acesso disponível no URL: //www.direcionalescolas.com.br/EDUCADOR/Edicoes/Edição%2018/Entrevista [14 de Novembro de 2007] 10 Confira na Revista Psicopedagógica, 15(38), 1996.

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Capítulo I – Dos Princípios Artigo 1º A Psicopedagogia é um campo de atuação em educação e saúde que lida com o processo de aprendizagem humana; seus padrões normais e patológicos, considerando a influência do meio - família, escola e sociedade - no seu desenvolvimento, utilizando procedimentos próprios da Psicopedagogia. Parágrafo Único A intervenção psicopedagógica é sempre da ordem do conhecimento relaciona do com o processo de aprendizagem.

Artigo 2º A Psicopedagogia é de natureza interdisciplinar. Utiliza recursos das várias áreas, do conhecimento humano para a compreensão do ato de aprender no sentido, ontogenético e filogenético, valendo-se de métodos e técnicas próprias.

Artigo 3º O trabalho psicopedagógico é de natureza clínica e institucional, de caráter; preventivo e/ou remediativo.

Artigo 4º Estarão em condições de exercício da Psicopedagogia os profissionais graduados em 3º grau, portadores de certificados de curso de Pós-Graduação de Psicopedagogia, ministrado em estabelecimento de ensino oficial e/ou reconhecido, ou mediante direitos adquiridos, sendo indispensável submeter-se à supervisão e aconselhável trabalho de formação pessoal.

Artigo 5º O trabalho psicopedagógico tem como objetivo: (i) promover a aprendizagem; garantindo o bem-estar das pessoas em atendimento profissional, devendo valer-se dos recursos disponíveis, incluindo a relação interprofissional; (ii) realizar pesquisas científicas no campo da Psicopedagogia

Capítulo II – Das responsabilidades dos psicopedagogos

Artigo 6º São deveres fundamentais dos psicopedagogos: a) Manter-se atualizado quanto aos conhecimentos científicos e técnicos que tratem do fenômeno da aprendizagem humana. b) Zelar pelo bom relacionamento com especialistas de outras áreas, mantendo uma atitude crítica, de abertura e respeito em relação às diferentes visões de mundo. c) Assumir somente as responsabilidades para as quais esteja preparado dentro dos limites da competência psicopedagógica. d) Colaborar com o progresso da Psicopedagogia. e) Difundir seus conhecimentos e prestar serviços nas agremiações de classe sempre que possível. f) Responsabilizar-se pelas avaliações feitas, fornecendo ao cliente uma definição clara do seu diagnóstico. g) Preservar a identidade, parecer e/ou diagnóstico do cliente nos relatos e . discussões feitos a título de exemplos e estudos de casos. h) Responsabilizar-se por crítica feita a colegas na ausência destes i) Manter atitude de colaboração e solidariedade com colegas sem ser conivente ou acumpliciar-se, de qualquer forma, com o ato ilícito ou calúnia. O respeito e a dignidade na relação profissional são deveres

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fundamentais do psicopedagogo para a harmonia da classe e a manutenção do conceito público.

Capítulo III – Das relações com outras profissões

Artigo 7º O psicopedagogo procurará manter e desenvolver boas relações com os componentes das diferentes categorias profissionais, observando, para este fim, o seguinte: a) Trabalhar nos estritos limites das atividades que lhe são reservadas. b) Reconhecer os casos pertencentes aos demais campos de especialização, encaminhando-os a profissionais habilitados e qualificados para o atendimento.

Capítulo IV – Do sigilo

Artigo 8º O Psicopedagogo está obrigado a guardar sigilo sobre fatos de que tenha conhecimento em decorrência do exercício de sua atividade. Parágrafo Único Não se entende como quebra de sigilo informar sobre o cliente a especialistas comprometidos com o atendimento.

Artigo 9º O Psicopedagogo não revelará, como testemunha, fatos de que tenha conhecimento no exercício de seu trabalho, a menos que seja intimado a depor perante autoridade competente.

Artigo 10º Os resultados de avaliações só serão fornecidos a terceiros interessados mediante concordância do próprio avaliado ou do seu representante legal. Artigo 11º Os prontuários psicopedagógicos são documentos sigilosos e não será franquiado o acesso a pessoas estranhas ao caso.

Capítulo V – Das publicações científicas

Artigo 12º Na publicação de trabalhos científicos deverão ser observadas as seguintes normas: a) As discordâncias ou críticas deverão ser dirigidas à matéria em discussão e não ao autor. b) Em pesquisa ou trabalho em colaboração, deverá ser dada igual ênfase aos autores, sendo de boa norma dar prioridade na enumeração dos colaboradores àquele que mais contribuiu para a realização do trabalho. c) Em nenhum caso o Psicopedagogo se prevalecerá da posição hierárquica para fazer publicar; em seu nome exclusivo, trabalhos executados sob sua orientação. d) Em todo trabalho científico deve ser indicada a fonte bibliográfica utilizada, bem como esclarecidas as idéias descobertas e as ilustrações extraídas de cada autor.

Capítulo VI – Da publicidade profissional Artigo 13º O Psicopedagogo ao promover publicamente a divulgação de seus serviços, deverá faze-lo com exatidão e honestidade.

Artigo 14º

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O Psicopedagogo poderá atuar como consultor científico em organizações que visem o lucro com venda de produtos, desde que busque sempre a qualidade dos mesmos.

Capítulo VII – Dos honorários

Artigo 15º Os honorários deverão ser fixados com cuidado a fim de que representem justa retribuição aos serviços prestados e devem ser contratados previamente.

Capítulo VIII – Das relações com educação e saúde

Artigo 16º O Psicopedagogo deve participar e refletir com as autoridade competentes sobre a organização, a implantação e a execução de projetos de Educação e Saúde Pública relativas a questões psicopedagógicas.

Capítulo IX – Da observância e cumprimento dói código de ética

Artigo 17º Cabe ao Psicopedagogo, por direito, e não por obrigação, seguir este código. Artigo 18º Cabe ao Conselho Nacional da ABPp orientar e zelar pela fiel observância dos princípios éticos da classe.

Artigo 19º O presente código poderá ser alterado por proposta do Conselho da ABPp e aprovado em Assembléia Geral;

Capítulo X – Das disposições Gerais

Artigo 20º O presente código de ética entrou em vigor após sua aprovação em Assembléia Geral, realizada no V Encontro e II Congresso de Psicopedagogia da ABPp em 12/07/1992, e sofreu a 1ª alteração proposta pelo Congresso Nacional e Nato no biênio 95/96 sendo aprovado em 19/07/1996, na Assembléia Geral do III Congresso Brasileiro de Psicopedagogia, da ABPp, da qual resultou a presente redação.

Os psicopedagogos devem seguir certos princípios éticos que estão

condensados no Código de Ética. Porém, a ética não estabelece regras, sua

principal característica é a reflexão sobre a ação do Homem.

Então perguntaríamos: Vemos quantos psicopedagogos descumprem a

ética no exercício de sua práxis psicopedagógica?

Em busca de respostas, recorremos a Griz (2007), ao afirmar que

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É a Psicopedagogia, hoje, a área de conhecimento que mais se propõe a uma práxis que atenda a estes requisitos e princípios éticos. Também aqui vemos muitos profissionais que sequer conhecem seu código de ética. Á ética profissional é um compromisso social; não existe bem-estar individual sem bem-estar coletivo. (p.78)

Assim sendo, o psicopedagogo deve ser um profissional que tem

conhecimentos multidisciplinares, pois em um processo de avaliação

diagnóstica, é necessário estabelecer e interpretar dados em várias áreas. O

conhecimento dessas áreas fará com que o profissional compreenda o quadro

diagnóstico do aprendente e favorecerá a escolha da metodologia mais

adequada, ou seja, o processo corretor, com vista à superação das

inadequações do aprendente. Nesse caso, lembramos que a psicopedagogia

deve ser compreendida como área de estudo interdisciplinar11, que abrange

diferentes áreas de conhecimento e cujo campo de atuação vem a ser

identificado por meio do processo de aprendizagem e “que tem por objeto de

estudo o ser cognoscente” (Silva, 1998, p.51)

Neste mesmo sentido, Berlim e Portella (2007), argumentam que

A partir dos anos 90, a práxis psicopedagógica amplia sua visão e possibilidade de trabalho, entendendo o ser cognoscente como sujeito ativo de sua aprendizagem e, extremamente, vinculado com o outro que ensina. (p. 85)

É necessário ressaltar também que a atualização profissional é

imperiosa, uma vez que trabalhando com tantas áreas, a descoberta e a

produção do conhecimento é bastante acelerada.

Scoz e colaboradores (apud Bossa, 2007), escreveram um artigo12 no

qual abordam a trajetória da Associação Brasileira de Psicopedagogia. Neste

artigo, Scoz afirma que

11 “As partes do mundo têm, todas elas, tal relação e tal encadeamento uma com outra, que acredito impossível conhecer uma sem a outra e sem o todo, não mais do que conhecer o todo sem conhecer as partes”. Pascoal, B. – Pensamentos. 12 O artigo “A regulamentação da profissão assegurando o reconhecimento do psicopedagogo” disponível na internet: www.abpp.com.br ou SCOZ, B. J. L.; MENDES, M. H. A psicopedagogia no Brasil: evolução histórica. In: Boletim da Associação Brasileira de Psicopedagogia, ano 6, n, 13. São Paulo, junho de 1988.

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A contínua expansão da psicopedagogia e, em conseqüência disso, a abertura de inúmeros cursos em nível de pós-graduação para formação nessa área em todo o país levou a associação a elaborar um documento sobre a identidade profissional do psicopedagogo e os objetivos da Psicopedagogia, a partir da delimitação de seu campo de estudos e de atuação. Esse documento passou por várias etapas de discussão, contando com a participação dos associados da Associação Brasileira e de suas seções, bem como de coordenadores e representante de inúmeros cursos de Psicopedagogia de São Paulo e do Rio de Janeiro. Em 1989, o citado documento foi reformulado com a preocupação de torná-lo condizente com a realidade educacional brasileira e publicado nas Revistas nos 18 e 19 da ABPp. A associação implantou um curso de Psicopedagogia, em 1994, em caráter piloto, assumindo seu próprio modelo de formação, embasado no documento sobre a identidade profissional do psicopedagogo, elaborado em 1989. (p.71)

Sendo assim, a ABPp tem discutido e analisado amplamente temas

como: a identidade do Psicopedagogo, a legitimidade da ação social da

Psicopedagogia, dentre outros estudos.

Entendemos por dimensão social13 da Psicopedagogia a busca do saber

através de uma ação sócio-educativa, pois a aprendizagem acontece na

instituição seja educacional ou familiar, articulando a experiência acumulada

com o conhecimento que se faz presente.

Para Noffs (2000) pensar a

formação de qualidade do Psicopedagogo é articular docência, pesquisa e gestão. È essencial que o psicopedagogo conheça o contexto institucional (seja ele escolar, hospitalar, familiar) onde o processo de aprendizagem vai desenvolver-se. Conhecendo o sujeito desvinculado de seu meio é uma “fresta” para o insucesso. (p.45)

Assim, olhar em determinado espaço institucional implica em

contextualizar todas as instâncias presentes na ação social do psicopedagogo.

A psicopedagogia, a partir de 1985, passou a compreender a

aprendizagem como processo, o qual se constitui na construção do saber,

conceituando aprendizagem e suas dificuldades com base em uma interseção

13 O A ação em uma dimensão sociológica significa “às demandas sociais e culturais e tem como função social à de que as pessoas sejam membros ativos e responsáveis da sociedade.” (NOFFS, 2000, p.45)

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das contribuições de diferentes áreas, para as quais também contribui com o

conhecimento.

Diferentemente dos primórdios do movimento educacional preocupado

em compreender as razões do insucesso das crianças na escola, buscando

apenas no aluno as respostas, a atual tendência considera o insucesso

enquanto sintoma social e não apenas como uma patologia. Portanto, não há

como desconhecer o papel relevante desta profissão que, cada vez mais, tem

contribuído para a integração entre criança e instituições onde a aprendizagem

é o centro e que por razões diversas estão desarticulados. Hoje é evidente o

reconhecimento da contribuição social da Psicopedagogia na realidade

educacional brasileira.

A Psicopedagogia é um campo de conhecimento e atuação em Saúde e

Educação, enquanto prática clínica tem-se transformado em campo de estudos

para investigadores interessados no processo de construção do conhecimento

e nas dificuldades que se apresentam nessa construção. Como prática

preventiva, busca construir uma relação saudável com o conhecimento, de

modo a facilitar a sua construção.

Deste modo, fala-se de uma psicopedagogia institucional propondo uma

atuação preventiva dentro da instituição escolar, objetivando instrumentalizar a

criança como um todo. Fala-se, ainda, de uma orientação psicopedagógica e, a

partir dessa perspectiva, tanto a psicopedagogia clínica bem como a

institucional estão referidas, visto que orientação psicopedagógica é

compreendida como processo pelo qual se possibilitam condições que

promovem o desenvolvimento do individuo.

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A Psicopedagogia lembra KIGUEL (1983), encontra-se em fase de

organização de um corpo teórico específico, visando à integração das Ciências

Humanas e Biológicas tais como Pedagogia, Psicologia, Neurologia, entre

outras para um entendimento mais global da aprendizagem humana.

No que diz respeito à Pedagogia, a relação que se pode estabelecer

com a Psicopedagogia, é que ela representa uma das colunas de sustentação

do emergente campo de conhecimento, assim como igual importância, tem a

Psicologia e outras áreas de conhecimento que o permeiam.

A Psicopedagogia nasceu, especialmente, da necessidade de

compreensão e atendimento às pessoas com dificuldades e distúrbios de

aprendizagem e ao longo de sua estruturação, veio e vêm adquirindo novas

perspectivas. O psicopedagogo deve desenvolver sua ação, mas sempre se

retratando as teorias, englobando vários campos de conhecimentos.

Como já havia ocorrido em outras universidades, temos como exemplo,

à implantação do Curso de Especialização em Educação e Psicopedagogia da

Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Católica (Puc-Campinas)

que vem ao encontro da Educação Continuada do Pedagogo e de outros

profissionais ligados à área da educação.

De modo geral, a ênfase do Curso em Psicopedagogia era nas causas

de origem das dificuldades de aprendizagem e no desenvolvimento de técnicas

de trabalho voltadas para a educação e reeducação.

Os primeiros cursos formais de Psicopedagogia foram chamados de:

Reeducação Psicopedagógica; Psicopedagogia Terapêutica; Dificuldades

Escolares; A criança-problema numa sala de aula, entre outros. As cidades de

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São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro, foram as primeiras cidades a

oferecem esses cursos.

Na prática, o que faz hoje um psicopedagogo? Como ele trabalha? O

que é ser Psicopedagogo no Brasil? Quem são os profissionais que buscam a

profissão de Psicopedagogo?

Atualmente no Brasil, exceto raras exceções, a formação é realizada em

Cursos de Pós-Graduação Lato Sensu em universidades públicas e

particulares.

No início do século XXI, além dos mais de 120 Cursos de Pós-

Graduação Lato Sensu em Psicopedagogia, existem também no Brasil:

um curso superior de curta duração, dois anos, na Universidade

Estácio de Sá, Rio de Janeiro;

um mestrado em Psicopedagogia, com duração de dezoito a vinte

e quatro meses, iniciado em 1999 na Universidade de Santo

Amaro em São Paulo;

o 1º Curso de Pós-Graduação Strictu Senso em Psicopedagogia,

na Universidade de São Marcos, São Paulo teve origem em 1985;

um doutorado em Psicopedagogia, na área das Ciências

Humanas na Universidade de Santo Amaro, iniciado em 2001,

com duração de três a quatro anos na capital do Estado de São

Paulo.

Desta maneira, ao refazermos o caminho percorrido pela

Psicopedagogia na Argentina, constatamos no Brasil a buscar pela autonomia

desta área de conhecimento, ainda que sem delimitar cientificamente seu objeto

de estudo, aprendizagem humana.

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A formação dos psicopedagogos sempre esteve na categoria de

especialização no Brasil. Apenas a partir de 2005, três cursos de graduação

passaram a ser oferecido nos Estados do Rio Grande do Sul e um em São

Paulo.

O curso de Graduação em Psicopedagogia, da Faculdade de Educação,

da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, implantado em 2002,

foi reconhecido em 11 de junho de 2007, pela portaria no 519, tendo como base

legal o decreto no 5.773, de 09 de maio de 2006, e o Parecer CNE/CES no

22/2007, homologado por ato publico.

De um lado temos a regulamentação do curso de graduação em

psicopedagogia no Rio Grande do Sul, e por outro lado temos o Projeto de Lei

3.124/97 do Deputado Barbosa Neto que prevê a regulamentação da profissão

de Psicopedagogo e que cria o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de

Psicopedagogia ainda está em tramitação na Câmara dos Deputados em

Brasília na Comissão de Constituição, Justiça e Redação. Este projeto propõe

que a regulamentação da profissão ocorra em nível de especialização. O

projeto apesar de aprovado na Comissão do Trabalho e na Comissão de

Educação, Cultura e Desporto, encontra-se na comissão de Constituição e

Justiça e de Redação, aguardando para entrar em plenário para discussão.

Assim temos que o Projeto Lei de no. 3124/97 encontra-se na Câmara dos

Deputados há quatro anos.

Rubinstein (2001), que foi a representante do Sindicato dos Pedagogos

na Câmara dos Deputados, por ocasião da discussão sobre a aprovação da

profissão, apresenta em seu depoimento a respeito da regulamentação da

profissão do Psicopedagogo, que

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Exerço a profissão de Psicopedagoga há mais de vinte anos. Especializei-me em Psicopedagogia no primeiro curso de São Paulo, no Instituto Sedes Sapientiae. Minha formação primeira foi em Pedagogia, mas foi a partir da formação em Psicopedagogia, formação esta continuada – continuo em formação –, que pude efetivamente exercer esta profissão. (p. 9)

Sabemos que a orientação educacional tem sua formação em nível de

Graduação, no curso de Pedagogia. Muitas vezes encontramos na escola, tanto

o psicopedagogo como o orientador educacional. E aí fica uma dúvida: a quem

cabe auxiliar o professor para uma melhor execução de sua tarefa? A

Psicopedagogia seria um apoio?

De acordo com Nívea Maria C. de Fabrício, psicopedagoga e ex-

presidente da ABPp, na entrevista14 concedida pela Psicopedagogia On Line,

uma das respostas obtida pela interlocutora foi

Minha habilitação é na área de orientação educacional. Faço psicopedagogia exatamente para complementar essa formação. Não são espaços distintos, ao contrário, são campos complementares. Mas da mesma forma que a psicopedagogia luta pelo reconhecimento, o mesmo se dá na área de orientação, pois somente escolas particulares têm.

Se, por um lado, a formação do orientador educacional encontra

legitimidade recente com a promulgação das diretrizes curriculares para o curso

de Pedagogia. Por outro lado, não significa dizer que os questionamentos sobre

o seu papel profissional no âmbito institucional tenham sido equacionados. Pelo

contrário, a partir da sua própria atuação, cabe ao orientador educacional

contribuir nas mudanças educativas que se processam atualmente, em um

campo de trabalho que lhe é próprio.

Conforme Pascoal (1998), uma necessidade básica para atuação do

Orientador é ter conhecimento sobre o ensinar e o aprender. Ela afirma que

14 Confira www.psicopedagogia.com.br.entrevistas/entrevista.asp?entrID=28.

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É necessário que o orientador esteja sempre revendo suas práticas convencionais de forma crítica e cuidando para que seus conhecimentos não fiquem ultrapassados e descontextualizados. Ao mesmo tempo é preciso adquirir discernimento entre problemas psicológicos e problemas pedagógicos. (p.34-35)

O conhecimento psicopedagógico não se sustenta sem prática, e esta

demanda uma formação pessoal específica. Esta articulação já vinha sendo

construída, contudo foi à alteração de uma associação estadual de

psicopedagogos para uma associação de caráter nacional de psicopedagogia

que difundiu pelo Brasil afora um enfoque mais abrangente para a formação

profissional do psicopedagogo.

Hoje em dia existem várias prefeituras contratando profissionais que

tenham especialização em Psicopedagogia como é o caso da Prefeitura de

Ourinhos em São Paulo e Londrina, no Paraná. Este fato confirma que, a partir

da criação do órgão de classe, a Associação Brasileira de Psicopedagogos, a

psicopedagogia vem ganhando força, corpo e penetração nos meios

acadêmicos e reconhecimento público e oficial.

Se na origem da trajetória profissional do psicopedagogo o destaque

estava nas técnicas, existia também preocupação com as teorias que melhor

pudesse explicar o caso dos problemas de aprendizagem.

A psicopedagogia nasceu de uma falta; fez-se necessário apresentar

melhores recursos teóricos e práticos para habilitar profissionais ligados à área

da educação que já atendiam a criança com insucesso na escola.

Na entrevista15 de Neide de Aquino Noffs, Coordenadora do Curso de

Psicopedagogia da PUC/SP, Presidente da ABPP na gestão 95-96/97-98,

concedida ao Portal da Educação e Saúde Mental, ela afirma que

15 www.psicopedagogia.com.br/entrevista/entrevista.asp?entrID=9.

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Várias escolas preferem profissionais formados em psicopedagogia. Legalizar esta profissão amplia o mercado de trabalho para pedagogos e psicólogos que convivem harmoniosamente no momento da formação. Não aceito os argumentos que o fazer psicopedagógico deveria acontecer naturalmente na ação dos professores. Lido com eles há mais de 30 anos, e este conhecimentos não fragmentados, ainda não chegou com esta força, pois a tendência é psicologizar ou pedagogizar. Há no Brasil por volta de 20.000 profissionais em efetivo exercício, deixemos que a sociedade decida a quem recorrer em caso de assuntos envolvendo a aprendizagem.

Todavia, no princípio a capacitação desses profissionais acontecia fora

do marco acadêmico, aos poucos foram sendo criados cursos mais densos,

alguns por iniciativa particular. De tal modo que a formação, aos poucos, de

início era realizada dentro dos cursos de especialização e hoje já se encontra

na graduação e no mestrado dentro das instituições universitárias.

Embora identifiquemos a Psicopedagogia, enquanto área de atuação

preocupada com a questão da aprendizagem humana sabemos que muitos são

os estilos dos psicopedagogos, uma vez que cada um os constrói a partir de

sua singularidade, a qual produz as diferentes escolhas pelos modelos e

referencias teóricos.

Entende-se que há uma intensa relação entre aspectos teóricos, à

formação profissional e a práxis psicopedagógica, quer dizer, como uma

prática, como um campo de investigação do ato de aprender e como um saber

científico.

Atualmente, os psicopedagogos estão expandindo seu olhar e seu

campo de atuação. Eles estão presentes onde se faz necessário aprender a

aprender, nas mais diferentes instituições, como, por exemplo, empresas ou

hospitais. O reconhecimento tem advindo pela contribuição e pelos efeitos da

práxis psicopedagógica.

O psicopedagogo é o profissional proveniente de diferentes graduações:

Pedagogia, Psicologia, Fonoaudiologia, Letras, dentre outras, que através de

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sua consciência busca uma transformação de sua visão acerca da

aprendizagem e da sua prática educativa, ou seja, busca sair da mesmice de

uma práxis, na procura de uma identidade própria.

Na prática, o psicopedagogo tem como referência, papéis ostentados

tanto pelo psicólogo no que diz respeito à atuação clínica, como do pedagogo,

no trabalho com aprendizagem. Isto acontece porque foi através destes

modelos que se originou a identidade do psicopedagogo com uma

especificidade própria.

A construção da identidade da Psicopedagogia vem com o tempo, com a

experiência dos profissionais, com a discussão e pesquisa científica entre os

pares, com a pesquisa e, principalmente, com a consciência profissional

advinda de uma coletividade, como já constituída pela ABPp, um órgão de

classe forte e unido.

Segundo Stroili (2001)

A psicopedagogia, no Brasil, conta desde 1980 com a ABPp (Associação Brasileira de psicopedagogia) que congrega profissionais da área. Propõe-se a uma atuação científico-cultural, e pela ausência de um Sindicato, para sua representação política desses profissionais, esta também tem assumido papel político, em especial frente à questão da legalização da profissão. (p.15)

A construção do esboço histórico da Psicopedagogia se dá a partir do

papel desempenhado pelos profissionais, estabelecendo-se em uma nova

instituição, que passa a existir como resposta a antigas instituições já

cristalizadas. Sendo assim, o processo de institucionalização leva à legitimação:

a partir da práxis no seu dia-a-dia.

A legitimação da Psicopedagogia enquanto práxis e do Psicopedagogo

enquanto profissional, já foi alcançada. Entretanto, o processo de instituição

exige regulamentação, ou seja, uma forma pela qual pode ser esclarecido e

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justificado. Diante disto podemos constatar que a legitimação já foi encontrada

no próprio bojo da comunidade que a instituiu, a partir da construção da sua

história por meio da práxis dia a dia.

Podemos perceber o movimento de legitimação desde a criação da

ABPp, das seções da Associação em outros estados do país, até mesmo o

Estado de São Paulo conta com a ABPp - Seção São Paulo desde 2003, da

constituição de seu estatuto, do código de ética, ambos redigidos pela ABPp e,

principalmente, pela atual preocupação com a formação profissional do

Psicopedagogo.

Assim retomando a questão da formação do profissional em

Psicopedagogia, no Brasil, temos que ela vem ocorrendo em caráter regular e

oficial, desde a década de setenta em instituições universitárias. Esta formação

se dá através de cursos de Pós-Graduação Lato Senso e Stricto Senso. Nos

casos dos cursos lato senso eles possuem carga horária de 360 horas a 720hs,

regulamentado pelo Ministério da Educação (MEC). Atualmente existem cursos

de Psicopedagogia nos estados: Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal,

Goiás, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande

do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe.

A proposta pedagógica dos cursos de especialização em

Psicopedagogia é de iniciativa e responsabilidade da própria equipe que estará

à frente do programa dentro de cada instituição de ensino superior.

Como a profissão de psicopedagogos não é regulamentada a ABPp não

pode fiscalizar cursos voltados para a área de Psicopedagogia. Contudo, a

associação tem organizado estes cursos e os profissionais através do

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cadastramento, bem como, elaborou as diretrizes norteadoras do curso de

Psicopedagogia em nível de Pós-Graduação (ver em Anexo II).

É preciso agora oficializar através de leis o que já está legitimado pela

práxis psicopedagógica no contexto educacional brasileiro.

Pretende-se apresentar alguns movimentos na direção da oficialização e

da contratação de profissional, neste caso, psicopedagogos ligados à

educação. Neste sentido já temos a Lei no 2277, de 11 de novembro de 2004

que implantou a assistência psicopedagógica nas escolas da rede Municipal de

Santos e a Lei estadual 10.891, promulgada pela Assembléia Legislativa do

estado de São Paulo, que dispõe sobre a implantação de assistência

psicopedagógica a rede Municipal de Ensino, como já acontece na Prefeitura

de Ourinhos, que abriu inscrições para oito vagas de psicopedagogos no Edital

de Concurso Público no 02/07.

Qual a situação atual no que se refere ao reconhecimento legal da

profissão de psicopedagogia no Brasil?

Em 1997, o Deputado Federal Barbosa Neto do Partido do Movimento

Democrático Brasileiro eleito pelo Estado de Goiás (PMDB/GO) apresentou o

Projeto de Lei no 3124, que visa regulamentar a profissão de psicopedagogo.

Este projeto já foi aprovado nas Comissões de Trabalho e educação. No

momento, está tramitando na Comissão de Constituição e Justiça da câmara

Federal, e será apreciado pelo relator Deputado Mendes Ribeiro Filho

(PMDB/RS).

A questão política no processo da identidade profissional do

psicopedagogo estaria vinculada à formação. Desta maneira temos uma

problemática: atualmente a maior tendência do curso de formação profissional

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do psicopedagogo é de especialização, e a população é proveniente de várias

áreas de formação acadêmica. Entretanto, em 2007, foi legalizado pela Portaria

no 519, o Curso de Graduação em psicopedagogia, da Faculdade de Educação,

da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, garantindo uma

formação sólida, para que este profissional possa atuar em diversos extratos da

sociedade privilegiando a caráter ético, em todas as instâncias, de modo que

este seja um dos princípios norteadores básicos da ação humana, que neste

caso refere-se ao objeto da psicopedagogia – a aprendizagem humana.

Esses fatos, aliados ao contexto global explicam a importância crescente

da psicopedagogia, que na sua concepção atual, já nasce com uma

perspectiva globalizadora condizente com os rumos da aprendizagem na

atualidade. Ela ocupa um lugar privilegiado porque justamente não está em um

único lugar, sua força está justamente localizada no poder de transitar pelas

fendas, pelos espaços entre objetividade/subjetividade – ensinante/aprendente.

De acordo com CIAMPA (1998), num primeiro momento somos levados

a ver a identidade como um traço estatístico que define o ser. Como algo que

aparece isoladamente, imutável, estático.

A partir dessas considerações, penso que a Construção da Identidade é

uma questão de aprendizagem. Precisamos sempre nos perguntar quem

queremos ser a partir da possibilidade de aprender. Quando perguntamos

quem queremos ser, essa pergunta sem uma resposta prévia, pode nos

assustar. Entretanto, como futuros profissionais psicopedagogos, não podemos

nos esquecer que a força da Psicopedagogia é justamente poder perguntar

sobre seu próprio objeto, porque a Psicopedagogia trata do aprender e

aprender implica perguntar e perguntar-se.

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Parece então necessário que a Psicopedagogia como outra área de

conhecimento ligada com a subjetividade do “Ser – Humano” esteja sempre

aberta para perguntar sobre sua identidade, considerando os conhecimentos

adquiridos, o presente e o futuro, enfim, o desejo de se transformar, de

continuar crescendo.

Concordamos com Stroili (2005), quando diz que reconhecer e trabalhar

com a diversidade na escola, compreender que os diferentes grupos e todos os

sujeitos envolvido na práxis psicopedagógica, carregam consigo seu saber,

seus valores, suas vivências culturais e expectativas, parece ser o grande

desafio para o psicopedagogo.

Assim, esta pesquisa pode ter um alcance social relevante, uma vez que

a atuação do psicopedagogo contribui para a superação do fracasso escolar,

tão presente em nossa sociedade brasileira.

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Capítulo III – A identidade do psicopedagogo brasileiro

Apresentamos neste capítulo os diferentes momentos da trajetória da

Psicopedagogia a partir da narrativa de profissionais, em especial,

psicopedagogos. Esses registros foram obtidos através de pesquisa no site da

psicopedagogia on line e da Associação Brasileira de Psicopedagogia16, bem

como através da realização de estudo bibliográfico.

Primeiramente, observamos que a práxis psicopedagógica dos

profissionais/psicopedagogos estava apoiada numa visão orgânica do processo

de aprendizagem.

Assim, segundo Masini (2006)

Nessa primeira etapa da história da Psicopedagogia, todo o diagnostico recaia sobre a criança, o que significava que nela estava o problema, sendo então encaminhada para atendimento especializado. Esse enfoque de diagnóstico, prescrição e tratamento, envolvendo prognóstico, trazia implícita uma concepção de que o fim da educação era de adaptar o homem à sociedade. (p. 249)

Nesse momento, surgem os primeiros cursos de Psicopedagogia

voltados para os problemas de aprendizagem.

Também, nesta ocasião, os primeiros psicopedagogos consistiam em

profissionais da educação, cuja prática visava reintegrar o aprendiz que estava

à margem.

Na obra Aprender a Ser, a autora argentina, Marina Müller (1986) aborda

sobre os princípios da psicopedagogia clínica. Ela explica que

El campo actual de la psicopedagogia es reconecer la sinuosa historia de las ideas acerca del aprendizaje, del conocimiento y sus vicisitudes, de quién es y a qué se dedica una psicopedagoga o un psicopedagogo, quién es un niño, una niña, un adolescente, un adulto que conocen y aprenden, qué es aprender y qué es un problema de aprendizaje, qué es la salud psíquica en cuanto a conocer, pensar y aprender, para qué sirve la escuela, qué es enseñar, cómo se aprende y se enseña en contextos escolares, cotidianos y laborales,

16 www.abpp.com.br

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qué es el conocimiento, qué es el saber, qué lógicas sigue la construcción del sentido. (p.48)

Sendo assim, na Argentina, o campo de atuação do psicopedagogo é

caracterizado pelo processo de aprendizagem, como aprendem e quais

intervenções psicopedagógicas seriam adequadas se forem apresentadas

dificuldades, problema de aprendizagem, no desenvolvimento integral dos

alunos.

Na entrevista17 concedida a ABPP sobre a identidade da

Psicopedagogia, Mônica Hoehne Mendes, psicopedagoga paulista, afirma que:

Quando a Psicopedagogia nasceu aqui em São Paulo, voltada principalmente para atender os distúrbios das áreas da leitura, escrita e da psicomotricidade, estas dificuldades eram entendidas como dificuldades especificas e voltadas para a dislexia especifica de evolução. A porta de entrada da Psicopedagogia parece ter sido a abordagem organicista, em que o orgânico assume grande importância sobre os distúrbios de aprendizagem.

Posteriormente, constamos uma nova identidade institucional, ou seja, a

práxis psicopedagógica destes profissionais considera não apenas a

abordagem organicista, mas também, os fatores cognitivos e emocionais do

desenvolvimento do sujeito cognoscente.

Em entrevista concedida a Psicopedagogia On Line18 a pedagoga Laura

Monte Serrat Barbosa19 aborda a evolução da psicopedagogia ao longo destes

20 anos de prática. Ela comenta que

a Psicopedagogia teve uma evolução invejável, nestes 20 anos, pois partiu de uma preocupação com um aspecto específico da questão da aprendizagem (a dificuldade de aprendizagem) e hoje estuda o ser cognoscente como um ser inteiro, mergulhado em um contexto, com possibilidades de aprendizagem em vários âmbitos da sociedade.

A presença de psicopedagogos argentinos tem um papel marcante nesta

passagem da visão mais orgânica para a institucionalização da

17 Idem ao 16 18Confira www.psicopedagogia.com.br/entrevistas/entrevista.asp?entrID=30 19 Pedagoga pela Universidade Católica do Paraná e Especialista em Psicopedagogia Escolar e da Aprendizagem.

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Psicopedagogia, devido o surgimento de cursos de especialização nesta área

com propostas mais objetivas e conhecimentos mais sistematizados.

Na entrevista20 concedida a Psicopedagogia On Line, Maria Cecília

Castro Gasparian, psicopedagoga e professora de Psicopedagogia na Pontífica

Universidade Católica de São Paulo, fala sobre a psicopedagogia institucional

enfatizando que

Em trabalhos psicopedagógicos muito recente e em algumas monografias que foram apresentadas no Encontro Cultural patrocinado pala Associação Brasileira de Psicopedagogia em São Paulo notou-se uma tendência a novas possibilidades de atuação em Psicopedagogia. São trabalhos que apontam para uma nova abordagem sistêmica. Tem também os trabalhos de Alicia Fernádez e Sara Paín, quando falam que o individuo é organismo, desejo e corpo, embora elas não se intitulem sistêmicas. Pois, quem pensa sistematicamente, não trabalha com erros, trabalha com situações no máximo inadequadas. Como a vida é processo, tudo é válido.

Atualmente, na Argentina, a atuação psicopedagógica está voltada para

o trabalho multidisciplinar institucionalizado tanto na escola quanto no hospital.

Enquanto, na psicopedagogia brasileira, apesar de se discutir a respeito deste

trabalho multidisciplinar, pouco se vê desta atuação.

No artigo “La psicopedagogía: sus vinculaciones históricas con otros

saberes y su posición actual. Un debate necesario”, a autora Patricia S. Arias,

comenta que

La psicopedagogía desde hace décadas ha ido configurando gradualmente sus campos de intervención, se ha instalado en el imaginario social, forma profesionales en institutos terciarios y universitarios, es objeto de demandas cada vez más diversas. (2007, p.55)

João Beauclair21, escritor, psicopedagogo, Mestre em Educação,

Conferencista e Palestrante sobre temais educacionais e psicopedagógicos em

diversos congressos e Professor do Curso de Pós-Graduação em

20 www.psicopedagogia.com.br/entrevista/entrevista.asp?entrID=10 21Confira a entrevista com João Beauclair no site da Psicopedagogia On Line <www.psicopedagogia.com.br/entrevistas/entrevista.asp?entrID=98

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Psicopedagogia Clínica e Institucional da Fundação Aprender (Varginha/MG)

argumenta que

Talvez o trabalho multidisciplinar institucionalizado ainda não seja prática comum nem mesmo em outros países, com raras exceções, evidentemente. O paradigma cartesiano-positivista ainda é o grande entrave a ser superado para que se possa pensar em um outro modo de fazer ciência e cuidar das pessoas. È necessário um processo longo, a ser vivenciado ainda por um bom tempo como desafio a ser superado. O modelo argentino de Psicopedagogia, com o trabalho multidisciplinar em escolas e hospitais também teve sua trajetória de luta, como em muitos momentos nos apontaram Jorge Visca e Alicia Fernádez. Realmente em nosso país, esta atuação ainda é restrita de fato. E um ponto essencial para tal é a regulamentação da profissão: esta questão é primordial para o avançar da profissionalidade do psicopedagogo. A meu ver, é um processo muito rico a ser vivido por todos nós psicoipedagogos.

Com a criação da ABPp e sua luta para que a psicopedagogia seja

legitimada como profissão, que se estende até hoje, inicia-se um momento

diferente. É neste período que as discussões entre os profissionais desta

psicopedagogia e os grupos referenciais (psicólogos e pedagogos), se instalam

a partir da preocupação com espaço dentro do mercado de trabalho.

Em 2000, Elcie F. S. Masini e Maria Lucia M. C. Vasconcellos, eram

coordenadoras da Universidade Mackenzie, numa entrevista22 realizada pela

Psicopedagogia On Line sobre o atual panorama dos cursos de pós-graduação,

elas contam que:

O curso de Pós-Graduação Lato Sensu não é tão influenciado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB), mas sim pelo mercado de trabalho e pela própria dinâmica da sociedade. A idéia básica de nosso curso é a de preparar o psicopedagogo num enfoque preventivo, ou seja, voltado para as condições de aprendizagem. Em geral Cursos de Pedagogia e de Psicologia estuda-se teorias da aprendizagem, ou a aplicação das teorias de aprendizagem, ou pesquisas verificando a aplicação de uma certa teoria, mas permanece uma lacuna: a de acompanhar o aluno enquanto aprendendo. È o conhecimento sobre e o acompanhamento do ATO DE APRENDER que priorizamos e consideramos importante na formação do psicopedagogo.

Tentamos aqui compreender os movimentos de identidade dos

psicopedagogos, assim como da Psicopedagogia, que se expressam na

22www.psicopedagogia.com.br/entrevistas/entrevista.asp?entrID=22

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construção da identidade adquirida por meio da práxis psicopedagógica.

Todavia, este estudo nos confirma a importância do psicopedagogo nos

diferentes contextos em que a aprendizagem se constitua em eixo norteador.

De acordo com Müller (1986) temos que

A cada psicopedagogo como tal, e o conjunto deles como profissão, elaborar uma imagem do que é a Psicopedagogia, pela definição de sua própria identidade ocupacional em conexão com a tarefa, com seus êxitos e dificuldades. A identidade profissional deve ser elaborada através de uma contribuição intencional e institucionalizada. Não podemos prescindir, em nossa tarefa, nem das atividades de aprendizagem que cada psicopedagogo realiza, em especial com respeito a seu próprio campo profissional. (p. 53)

Outro aspecto importante é que, ao invés do curso estar voltado para

área clínica, às instituições deveriam formar o psicopedagogo tanto para

atuação institucional, quanto clínica considerando a vivência nos respectivos

estágios.

Para Masini (2006), os cursos de psicopedagogia deveriam ter uma

orientação teórico-prático. Ela aponta que

Os cursos necessitam ter um currículo composto de aulas teóricas e estágios supervisionados, que constituam um espaço de discussão e reflexão teórica sobre a prática, para que o psicopedagogo saiba, de forma cientificamente fundamentada, o porquê utilizar um ou outro recurso para o aluno com que esta lidando. (p. 257)

Em uma aproximação inicial com a temática da constituição da

Psicopedagogia na Argentina, conduzimos esta pesquisa para a identificação

de alguns entraves presentes em sua trajetória, como por exemplo, seu campo

de atuação psicopedagógica.

Encontramos em Arias (2007), uma proposta a respeito ao futuro da

Psicopedagogia Argentina. Ela considera

La psicopedagogia como um conjunto de prácticas institucionalizadas de intervención em diversos campos em los que el aprendizaje humano. De ellos pondré en un lugar privilegiado al campo escolar; sostento está afirmación ya que tanto en los orígenes como en el posterior desarrollo de sus prácticas, el sujeto en su posición de alumno y las múltiples intersecciones que desde ese lugar se

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producen, ha sido el gran protagonista del acto psicopedagógico. (p. 62)

Retomando a discussão, é preciso que, ao se pensar na construção de

processos teóricos voltados à prática do psicopedagogo, que ele perceba a

importância de refletir sobre sua própria práxis psicopedagógica, percebendo

que cada um de nós está a buscar novas respostas para alguns

questionamentos já anteriormente elaborados.

É nesse contexto que se instaura um movimento de mudanças de

paradigmas. As perspectivas atuais da práxis psicopedagógica ressignificam

nosso cotidiano: aprender a aprender é essencial. Conseqüentemente, a

identidade profissional do psicopedagogo ocorre por meio de um processo em

permanente construção. Isto é, o psicopedagogo tem muito a contribuir para a

reflexão sobre a formação de sua própria identidade e do aluno na interação

entre conhecimento e ação.

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Metodologia

Para a pesquisa em questão, utilizamos a abordagem qualitativa que

segundo Oliveira (2007), é um processo de reflexão e análise da realidade

através da utilização de métodos e técnicas para uma compreensão mais

detalhada do objeto de estudo em seu contexto histórico, exigindo do

pesquisador reflexão rigorosa, pessoal, criativa.

A idéia de pesquisa qualitativa na visão de Minayo (2000) é aquela

abordagem que

Trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes, o que corresponde a um espaço mais produtivo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. (p.21-21)

Esse processo implica em estudos segundo a literatura pertinente ao

tema psicopedagogia: formação, identidade e atuação profissional.

Sendo assim, pesquisar é analisar causas e efeitos, contextualizando-os

no tempo e no espaço, dentro de uma concepção sistemática.

De acordo com GIL (2007), a pesquisa bibliográfica é

Desenvolvida a partir de material já elaborado constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. (p. 65)

Com isso, esse tipo de pesquisa é imprescindível para a realização de

estudos históricos. Sendo assim, a pesquisa realizada tem abordagem

estritamente bibliográfica. Pois as fontes que foram pesquisadas são

reconhecidas pelo domínio científico.

A principal finalidade da pesquisa bibliográfica é o contato direto com

obras, artigos ou tipos de documentos que tratem do tema em estudo.

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Do mesmo modo, a abordagem qualitativa se enraíza diante do mundo

dos significados e precisa ser interpretada pelo pesquisador, que é influenciado

ao mesmo tempo, pelos textos lidos e pelos valores e crenças que possui,

resultado das experiências de domínio público.

Dentro das ideologias que norteiam os pensamentos dos autores

citados anteriormente é impossível realizar uma pesquisa mantendo-se neutra.

Na pesquisa bibliográfica existe uma interlocução constante entre o

pesquisador e o texto.

Esse trabalho ativo de leitura e reflexão é que nos permitiu produzir

conhecimento a respeito de um tema pelo qual tínhamos muitas interrogações.

Muitos destes questionamentos puderam ser esclarecidos nesta investigação.

Outros suscitaram novos questionamentos, que certamente poderiam se

constituir em novos objetos de pesquisa.

Portanto, a fonte de dados desta pesquisa foi obtida através de pesquisa

bibliográfica com a consulta em livros, enciclopédias, revistas, periódicos,

ensaios críticos, dicionários, sites, artigos, enfim, em diversos estilos de

bibliografia que dizem respeito à temática acerca da Psicopedagogia no Brasil

e na Argentina.

É importante enfatizar que a pesquisa teve um caráter teórico. O fato de

ser considerada teórica se deve, de acordo com Minayo (2007), aos

conhecimentos construídos cientificamente sobre o tema em questão, por

outros estudiosos antes de nós e que nos servem de fonte atualmente.

Bossa23 (2007), em uma obra que já se constituiu em um clássico,

fundamental para a formação inicial em Psicopedagogia, enfatiza que:

23 BOSSA, Nádia. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. 3ª Ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.

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[...] muito ainda há o que se pesquisar. A complexidade do seu objeto de estudo e as demandas da vida atual representam um verdadeiro desafio aos estudiosos da psicopedagogia. (p.15)

Neste caso, os estudos realizados pela Associação Brasileira de

Psicopedagogia nos ajudaram na busca por uma revisão e compreensão

apurada da literatura disponível na investigação do tema.

Resumindo, este trabalho foi sendo constituído por meio de um

processo em espiral que começou com alguns questionamentos, que foram

sendo esclarecidos na medida em que fomos desenvolvendo este estudo.

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Resultados obtidos e análises

Com a realização deste trabalho, constatamos o quanto é complexa a

análise do processo de desenvolvimento da Psicopedagogia no Brasil, a partir

da sua atuação psicopedagógica e o quanto esta área de estudo, que lida com

os fatores que interferem no processo de aprendizagem, tem contribuído para

as relações entre o ensinante e o aprendente nas instituições da Saúde e,

principalmente, da Educação Pública e Privada.

A psicopedagogia no Brasil ainda encontra-se pouco amparada quando

comparada à argentina, ainda estamos caminhando com passos de bebês.

Penso que as diferenças passam fundamentalmente pela realidade sócio-

política e cultural de cada país. Já que na Argentina, este contexto é bem

diferente do Brasil.

Em nosso país, o processo histórico da psicopedagogia foi e é outro,

traçamos outro caminho. Os psicopedagogos argentinos, por sua própria

trajetória na psicopedagogia, são mais amadurecidos, nós nos encontramos a

pensar o novo, estamos voltados para as particularidades da nossa realidade

educacional.

O psicopedagogo argentino também trabalha em instituições de saúde

publica e particulares, bem como nos hospitais.

No Brasil, a atuação psicopedagógica difere em alguns aspectos da

realidade da Argentina, principalmente, ao que diz respeito a práxis, por causa

das condições de formação deste profissional.

O Projeto de Lei nº 128/2000, que estabelece a implantação de

assistência psicológica e psicopedagógica em todos os estabelecimentos

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públicos de ensino do Estado de São Paulo, foi transformado em lei estadual

no. 10.891/01, em sessão extraordinária da Assembléia Legislativa. A

assistência abrangerá os níveis de Educação Infantil, Ensino Fundamental e

Ensino Médio. O autor é o deputado e vice-líder do Governo, Claury Alves da

Silva (PTB).

Podemos observar que a assistência proposta pela nova lei objetiva

propiciar o diagnóstico e a prevenção de problemas de aprendizagem,

enfocando o aluno e a instituição de ensino. A elaboração de normas,

procedimentos, planejamento e controle ficarão a cargo do Conselho Estadual

de Educação e da Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas, órgãos

ligados à Secretaria de Estado da Educação. Assim apesar da existência desta

lei, são raros os psicopedagogos que atuam especialmente nas instituições

públicas de ensino.

Nossa experiência enquanto alunas do Curso de Pós-Graduação Lato

Sensu da Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Católica de

Campinas, nos leva a questionar o motivo pelo qual não há, na maioria das

instituições de ensino públicas do Estado de São Paulo, o psicopedagogo. Isto

ocorre apesar da existência do projeto de Lei no. 128/2000, aprovado em 4 de

setembro de 2001, que leva em consideração as contribuições que a

Psicopedagogia traz aos alunos que por diferentes razões estão desarticulados

do sistema escolar. Diante desta constatação, acreditamos que talvez a

ausência de políticas públicas que reconheçam a identidade deste profissional

seja um dos fatores responsáveis por este descaso.

Devemos considerar também que “um dos grandes vilões do sistema

público de ensino atualmente é o fracasso escolar, uma conseqüência na

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maioria das vezes de desvios ou bloqueios emocionais de várias origens",

relata o deputado Claury. De acordo com o parlamentar, traumas no convívio

social ou familiar, manifestados de diversas formas, levam invariavelmente ao

baixo rendimento escolar. Claury defendeu em seu projeto que o fracasso

escolar, representado pela evasão e pela repetência, provoca atraso na

formação do jovem para o mercado de trabalho e gera maior custo para o

Estado. Na opinião24 da Ex- Presidente da Associação Brasileira de

Psicopedagogia, Nívea Fabrício, e da Ex- Presidente Neide de Aquino Noffs a

nova lei vem ao encontro da realidade educacional brasileira que, segundo

elas, ainda se impõem pelo quadro da repetência e da evasão escolar. "Em

uma sociedade em que a educação é considerada fator de mobilidade social, o

fracasso escolar de um indivíduo promove sua marginalização".

Após muitas leituras, pesquisas e determinação para a realização deste

trabalho acreditamos que a psicopedagogia institucional preventiva é uma

grande aliada nos problemas de aprendizagem. A proposta da psicopedagogia

é adotar uma postura crítica frente ao fracasso escolar, visando propor novas

alternativas voltadas para a melhoria de práticas pedagógicas nas escolas.

Os resultados disso podem visualizar que a Psicopedaggoia atualmente

é uma especialidade que tem como foco os problemas de aprendizagem

escolar. Acreditamos, porém que, por ser um campo de conhecimento

interdisciplinar e por ser ainda muito recente, ela está em processo de

expansão e com isto em busca de novos campos de atuação que não seja

apenas o escolar.

24 www.abpp.com.br/leis_regulamentacao_assis.htm

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Sendo assim, em nosso país, a Psicopedagogia, como profissão,

inserida na instituição escolar é ainda um tema em construção, bem como sua

identidade e a identidade do profissional que esta sendo formado.

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Considerações Finais

Este trabalho abordou a Psicopedagogia, formação, identidade e

atuação psicopedagógica, em especial a regulamentação da profissão em

Psicopedagogia e a realidade dessa área tanto no Brasil como também na

Argentina.

Nossa intenção, nesta pesquisa, foi a de contribuir com a discussão

sobre a formação do psicopedagogo, apresentando a trajetória e o contexto

atual da Psicopedagogia no Brasil e na Argentina com base nos aportes

teóricos. Desta forma, esta pesquisa bibliográfica se constitui, desde o início,

em um estudo que não possui respostas simples, visto que, os fenômenos

complexos são difíceis de explicar. Entretanto ressaltamos aqui a importância

do comprometimento profissional, da busca pela continuidade de estudos bem

como de uma compreensão critica da Psicopedagogia para que possamos

obter melhorias a partir da atuação psicopedagógica. Essas melhorias,

certamente devem considerar tanto o trabalho institucional, em especial, aquele

desenvolvido dentro da instituição escolar escola, como também as possíveis

queixas de dificuldades de aprendizagem no âmbito clínico, uma vez que a

atuação do psicopedagogo encontra-se tão presente em nossa sociedade

brasileira.

Ressaltamos a questão da pesquisa para o exercício da profissão do

psicopedagogo. Entretanto, para isto, é preciso que se tenha uma prática

efetiva, sendo assim, é indispensável o contato com livros, periódicos, artigos,

textos, sites, simpósios, cursos que venham a motivar a práxis do profissional

em Psicopedagogia.

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Ao nosso olhar, o cuidado maior, deve ser efetivamente, com a

proliferação dos cursos de Psicopedagogia pelo Brasil sem as devidas

orientações. Apesar disso, a Associação Brasileira em Psicopedagogia (ABPp)

não tem medido esforços na organização curricular de cursos de

especialização em Psicopedagogia, sugerindo que estes cursos tenham uma

preparação teórica e prática adequada.

Para avaliarmos à atuação dos psicopedagogos e os cursos de

formação desses profissionais, se faz necessário um olhar profundo do

pesquisador sobre: as publicações na área de psicopedagogia, em livros e

revistas especializadas; os relatos de experiências em eventos; a organização

curricular e programas de cursos de psicopedagogia. Estes, dentre outros

aspectos abrem a possibilidade de uma próxima pesquisa.

Segundo Beauclair (2006), a formação em psicopedagogia é um dos

desafios a serem enfrentados até chegarmos à regulamentação do fazer do

psicopedagogo. Ele assinala que

A expansão desenfreada de cursos de pós-graduação lato sensu pelo país preocupa-me, porque sem uma organização e estruturação curricular a partir de vivências significativas do campo de atuação profissional. Por isso, a formação de psicopedagogos é uma questão séria a ser debatida. A Psicopedagogia deve ser vista, cada vez mais, como uma nova profissão, que exige formação adequada para o tempo presente e o enfrentamento das múltiplas tarefas que surgem no campo do ensinar e do aprender no século XXI. (p. 65)

Talvez o maior desafio da psicopedagogia seja a busca pela qualidade

nos cursos de Psicopedagogia.

Concordamos com Peres (1998)

A psicopedagogia, por ser um campo de estudo relativamente novo em nosso país, vem enfrentando sérios desafios. Um deles reside na própria formação do psicopedagogo, pois especialmente com a ampliação do campo de atuação para as instituições, a procura pelo curso aumentou muito e, conseqüentemente, para acompanhar a demanda está ocorrendo uma abertura indiscriminada de cursos, em diversas regiões do Brasil – vários deles com qualidade duvidosa. (p.45)

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O compromisso profissional, a luta pelo reconhecimento social e a

própria atuação psicopedagógica têm caracterizado a ação do psicopedagogo

na área Clínica e Institucional.

A temática que escolhemos para estudo é bastante ampla e com certeza

muita coisa poderia ainda ser abordada. Todavia, em função do tempo se faz

necessário parar por aqui, tendo a consciência de ter aprendido muito e ter

contribuído de alguma forma para que outros pesquisadores profissionais da

educação, em especial os psicopedagogos, debrucem sobre esta temática,

sabendo compor a face científica com a face psicopedagógica da pesquisa,

não trabalhando apenas o lado formal do manejo do conhecimento, mas

igualmente o lado daquelas habilidades que se fundam no conhecimento.

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ferramentas de auxílio que hoje conhecemos. In: Revista Psique Especial ano 1 no 2. Editora Escala, 2007. PASCOAL, Miriam. A educação no Estado de São Paulo: política equivocada. In: Revista de educação. PUC-Campinas, v.3, n. 5, p. 22-40, novembro 1998. PERES, Maria Regina. Psicopedagogia: aspectos históricos e desafios atuais. In: Revista de educação. PUC-Campinas, v.3, n. 5, p. 41-45, novembro 1998. RUBINSTEIN, E. A Psicopedagogia e a associação estadual de Psicopedagogia de São Paulo. In: Scoz, B. J. L. et al. O caráter interdisciplinar na formação e atuação profissional. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987, p.13-16. RUBINSTEIN, Edith e outros. Regulamento da profissão do psicopedagogo. Revista Psicopedagogica. V.19, no. 54, p. 4-28, abril 2001. SILVA, Maria Cecília Almeida e. Psicopedagogia: em busca de uma fundamentação teórica. 2 imp. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998. SCOZ, B. J. L.; MENDES, M. H. A psicopedagogia no Brasil: evolução histórica. In: Boletim da Associação Brasileira de Psicopedagogia, ano 6, n, 13. São Paulo, junho de 1988. STROILI, Maria Helena Melhado. Psicopedagogia: identidade de uma especialidade em construção. In: Revista Psicopedagogia. v.19, no. 56, p. 14 – 16, outubro 2001. _______. O vínculo afetivo e a inclusão com sucesso. In: Scoz, B. J. L. et al. (orgs.). Psicopedagogia: contribuições para a educação pós-moderna. 2ª. Ed. Petrópolis, RJ: Vozes; São Paulo: ABPp, 2005, p. 46-50. VISCA, Jorge. Clínica Psicopedagógica: epistemologia convergente. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987. ZENICOLA, Ana Maria. BARBOSA, Laura Monte S. CARLBERG, Simone. Psicopedagogia: saberes/olhares/fazeres. São José dos campos: Pulso, 2007.

Sites importantes para pesquisas:

http://www.psicopedagogia.com.br

http://www.abpp.com.br

http://www.aprender-ai.com.Br

http://www.psicopedagogia.com.ar

http://www.universia.com.ar/estudiar/psicopedagogia

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Anexo I

Plano de Curso de Psicopedagogía da USAL 2008

Plan de estudios de la Carrera en Psicopedagogía en la Universidad del Salvador Res. Rec. Nro. 08/06 CICLO BÁSICO UNIFICADO (CBU) PRIMER AÑO Introducción al Conocimiento Científico Neurociencias I Filosofía Psicología de la Interacción Social y Los Pequeños Grupos Procesos Básicos I Perfiles y Competencias del Psicólogo y del Psicopedagogo Introducción a la Metodología Científica Neurociencias II Teorías Psicológicas I Procesos Básicos II Materia Optativa CBU I SEGUNDO AÑO Neurociencias III Psicología del Desarrollo I Metodología de la Investigación Teorías Psicológicas II Procesos Básicos III Estructuración de la Subjetividad Psicología del Desarrollo II Psicología Descriptiva Psicología Institucional y Organizacional Teología Procesos Básicos IV Materia Optativa CBU II Título a otorgar: BACHILLER UNIVERSITARIO EN CIENCIAS PSICOLOGICAS CICLO DE FORMACION PROFESIONAL (CFP) TERCER AÑO Técnicas de Diagnóstico Psicopedagógico Cognición y Aprendizaje Escolar Psicología del Desarrollo III Etica Materia Optativa del CFP I Psicopatología Evolutiva Diagnóstico Psicopedagógico en Instituciones Educativas

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Diagnóstico Psicopedagógico en Instituciones de Salud y Comunitarias Psicología de la Religión Materia Optativa del CFP II CUARTO AÑO Intervenciones en la Institución Educativa Diagnóstico Clínico Psicopedagógico Deontología Práctica Profesional Tutoriada en Educación Orientación Vocacional, Profesional y Laboral Investigación Educativa y Sociocomunitaria Intervenciones en Instituciones de la Salud Intervenciones en Organizaciones Empresariales Práctica Profesional Tutoriada en Salud y Empresa Tratamiento Psicopedagógico Materia Optativa del CFP III Además de las obligaciones académicas, los alumnos deberán aprobar dos niveles de inglés. Profesor en Psicopedagogía: Cursando y aprobando el Ciclo Pedagógico en la Facultad de Ciencias de la Educación y la Comunicación Social se puede obtener el título de Profesor de Enseñanza Secundaria, Normal y Especial en Psicopedagogía. Título LICENCIADO EN PSICOPEDAGOGÍA Perfil del Egresado Las incumbencias profesionales aprobadas por el Ministerio de Educación de la Nación (Resolución N° 2473/84) establecen que el Licenciado en Psicopedagogía está capacitado para desempeñarse en el área de la salud y de la educación en relación con los procesos de aprendizaje, abordando tareas preventivas y asistenciales. Así, cumple su desempeño profesional en el ámbito del sistema de salud y en el sistema educativo en sus diferentes niveles y modalidades en la dimensión pública y/o privada. El egresado de la Carrera de Psicopedagogía desarrolla acciones de diagnóstico, pronóstico, tratamiento, asesoramiento y orientación de procesos de aprendizaje referidos a personas en los diferentes momentos evolutivos (niñez, adolescencia, adultez, y tercera edad), desde una modalidad individual, grupal o institucional. Participa en equipos interdisciplinarios a fin de elaborar planes y programas e implementar acciones en las áreas de salud y educación. Realiza procesos de orientación educacional, vocacional y ocupacional. Realiza tareas de investigación referidas a las áreas específicas de su quehacer implementando metodologías propias.

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Como disciplina en constante desarrollo, surgen permanentemente desafíos que amplían significativamente la perspectiva profesional y laboral. Nos referimos a temas vinculados con la tercera edad, capacitación laboral en el ámbito empresarial, reconversión vocacional-ocupacional, mediación, minoridad y familia, Mercosur, nuevas tecnologías, etc. Los estudiantes de la carrera tienen además la posibilidad de incluirse en el Programa de Inserción Laboral realizando pasantías, así como en el Plan de Intercambio y Cooperación Internacional, mediante el cual es posible concretar enriquecedoras experiencias en otros países. Ingreso CONDICIONES DE INGRESO 1º y 2º Año Ciclo Básico Unificado Psicología y Psicopedagogía Entrevista Personal Capital Federal Único Turno: 25 de febrero al 7 de marzo de 2008 Lunes a Viernes de 9 a 12 y de 18.30 a 21.30 hs Sede Pilar Único Turno: 25 de febrero al 7 de marzo de 2008 Lunes a Viernes de 9 a 12 hs. Asignaturas: Metodología de Estudio Introducción a las Neurociencias Introducción a las Teorías Psicológicas Fundamentos Filosóficos Introducción a las Teorías de Aprendizaje Coordinador/a de Ingreso: Área Centro: Licenciada Graciela Fiotto Lunes y Jueves de 9 a 12 horas Miércoles de 17.30 a 20.30 horas Área Pilar: Licenciada Cristina López Gay de Méndez Lunes de 9 a 12 horas Miércoles de 15 a 18 horas http://www.usalvador.net/usal/espanol/carrera.asp?carreras_id=39&idfacultad=10#

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Anexo II

Diretrizes Norteadoras do Curso de Psicoedagogia

em Nível de Pós-Graduação (ABPp)

Estas diretrizes foram elaboradas no conselho Nacional, reunião do dia

05 e 06 de junho/98, com base nas reuniões de Coordenadores de Cursos de

Psicopedagogia de alguns estados brasileiros.

Caracterização do curso de Psicopedagogia:

Trata-se de um curso de especialização com características especiais,

pois, muito além de atender às normas da resolução 12/83 do Conselho

Federal de Educação, visa à formação de um profissional: o psicopedagogo.

No seu processo de formação o psicopedagogo necessita adquirir um perfil de

atuação que integre os conhecimentos teóricos a uma mudança de postura

profissional (teoria, prática e formação pessoal).

O curso deverá atender às áreas institucional e clínica concomitantemente, em

razão da interdependência destes campos de atuação.

• Carga Horária: Considerando o caráter informativo e formativo, bem

como a complexidade do objeto de estudo da Psicopedagogia e a

multidisciplinariedade que envolve, sugere-se que o curso ultrapasse,

em muito, a carga horária mínima que a lei sugere. Aconselha-se a

distribuição da carga horária num período de tempo mais longo

evitando-se cursos concentrados. Consideram-se inadmissíveis cursos

de formação de psicopedagogos à distância.

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• Seleção de alunos: É necessária a criação de um sistema de ingresso

que privilegie os profissionais, egressos de cursos de graduação, cujas

áreas de conhecimento sejam mais próximas ou afins ao objeto de

estudo da Psicopedagogia, tais como: Pedagogia, Psicologia e

Fonoaudiologia. No processo de seleção deverão ser contempladas as

condições intelectuais, emocionais e culturais do candidato, bem como a

experiência na sua área de formação. Sugere-se como instrumento de

seleção: entrevista, análise da exposição de motivos, provas, análise de

currículo.

• Sistema de avaliação do aluno: Os critérios de avaliação do aluno

durante o curso devem atender aos aspectos quantitativos ( notas,

conceitos) e qualitativos ( responsabilidade, postura profissional, ética,

etc) devendo-se prever critérios para desligamento do aluno do curso.

Sugere-se a constituição de um colegiado de professores para a

condução e tomada de decisão das questões relativas à avaliação dos

alunos. O colegiado poderia reunir os professores ao fim de cada etapa.

• Sistema de avaliação do curso: Ao longo do curso devem acontecer

momentos sistemáticos de avaliação, com vistas a garantir a

continuidade, integração e introdução de alterações necessárias.

Sugerem-se reuniões de professores, alunos, preenchimento de

questionários e que o coordenador (ou colegiado) tenha presença

efetiva no local do curso.

• Corpo docente: Deverá ser garantidas a presença de professores com

experiência na prática e/ou pesquisa psicopedagógica (institucional e/ou

clínica).

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• Coordenação do curso: É fundamental que o coordenador (ou pelo

menos, um dos coordenadores) detenha conhecimentos da área

psicopedagógica, mantendo contato com a associação da classe e

outros coordenadores de cursos de Psicopedagogia.

• Estágio: É imprescindível a realização de estágio prático supervisionado

em Psicopedagogia Clínica e Institucional, com um número significativo

de horas.

• Formação pessoal: É imprescindível que se introduzam atividades que

envolvam a dinâmica das relações interpessoais e sensibilização para o

autoconhecimento.

• Formação continuada: Os alunos deverão ser incentivados a dar

seguimento a sua formação pessoal e profissional, através de

supervisões, cursos e atividades que os auxiliem na continuidade da

construção de sua identidade profissional.

• Grade curricular: Além de uma disciplina inicial sobre Introdução a

Psicopedagogia que abordaria o histórico da Psicopedagogia, os

campos de atuação, identidade e ética psicopedagógica envolveriam:

o Disciplinas que contemplem o desenvolvimento cognitivo,

emocional, psicolingüístico e neurológico articulado com as

questões de aprendizagem.

o Disciplinas que contemplem aspectos relacionados às

dificuldades/alterações que podem surgir nestas várias áreas e

sua repercussão no processo de aprendizagem.

o Disciplinas específicas relacionadas ao âmbito clínico, diagnóstico

e intervenção psicopedagógica. Estágio supervisionado.

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o Disciplinas específicas relacionadas ao âmbito institucional:

diagnóstico e intervenção psicopedagógica. Estágio

supervisionado.

o Disciplinas relacionadas ao âmbito da pesquisa psicopedagógica.

Psicopedagogia On Line – Portal da Educação e Saúde Mental

http://www.psicopedagogia.com.br/abpp/index.shtml