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GRATUIT Fr FRANCE Edition O jornal das Comunidades lusófonas de França, editado por CCIFP Editions, da Câmara de Comércio e Indústria Franco Portuguesa Centenário da Batalha de La Lys Edition nº 333 | Série II, du 11 avril 2018 Hebdomadaire Franco-Portugais 03 Fadista Ana Lains comoveu em Béthune Centenário da Batalha de La Lys 11 Marcelo e Macron juntos em Richebourg Lusa / Mário Cruz Presidente da Liga dos Combatentes diz que a Batalha de La Lys não foi uma derrota para Portugal 08 Chito Rodrigues Paris. As comemorações do Centenário da Batalha de La Lys começaram em Paris, na Avenue des Portugais e no Arco do Triunfo 09 Associações. A associação Memória Viva organizou uma visita à zona onde os Soldados do Corpo Expedicionário Português combateram 10 Exposição. Uma exposição de desenho e pintura sobre a participação de Portugal na I Guerra Mundial foi inaugurada em Arras 12 13 Lille. O Primeiro Ministro António Costa visitou Lille e encontrou-se com a Maire Martine Aubry que teceu fortes elogios a Portugal PUB PUB

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FrF R A N C EEdition

O jornal das Comunidades lusófonas de França, editado por CCIFP Editions, da Câmara de Comércio e Indústria Franco Portuguesa

Centenário da Batalha de La Lys

Edition nº 333 | Série II, du 11 avril 2018 Hebdomadaire Franco-Portugais

03

Fadista Ana Lainscomoveu em BéthuneCentenário da Batalha de La Lys 11

Marcelo e Macronjuntos em RichebourgLu

sa / Mário C

ruz

Presidente da Liga dos Combatentesdiz que a Batalha de La Lys não foiuma derrota para Portugal 08

Chito Rodrigues

Paris. As comemorações do Centenário da Batalha de LaLys começaram em Paris, naAvenue des Portugais e noArco do Triunfo

09

Associações. A associação Memória Vivaorganizou uma visita à zonaonde os Soldados do CorpoExpedicionário Portuguêscombateram

10

Exposição. Uma exposição de desenhoe pintura sobre a participaçãode Portugal na I Guerra Mundial foi inaugurada em Arras

12

13 Lille. O Primeiro Ministro AntónioCosta visitou Lille e encontrou-secom a Maire Martine Aubryque teceu fortes elogios aPortugal

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02 OPINIÃO Le 11 avril 2018

LusoJornal. Le seul jornal franco-portugais d’information | Édité par: CCIFP Editions SAS, une société d’édition de la Chambre de commerce et d’industrie franco-portugaise. N°siret: 52538833600014| Représentée par: Carlos Vinhas Pereira | Directeur: Carlos Pereira | Collaboration: Alfredo Cadete, Angélique David-Quinton, António Marrucho, Céline Pires, Clara Teixeira, Cindy Peixoto (Strasbourg),Conceição Martins, Cristina Branco, Dominique Stoenesco, Eric Mendes, Gracianne Bancon, Henri de Carvalho, Inês Vaz (Nantes), Jean-Luc Gonneau (Fado), Joaquim Pereira, Jorge Campos (Lyon),José Paiva (Orléans), Manuel André (Albi) , Manuel Martins, Manuel do Nascimento, Marco Martins, Maria Fernanda Pinto, Mário Cantarinha, Mickaël Fernandes, Nathalie de Oliveira, Nuno GomesGarcia, Padre Carlos Caetano, Ricardo Vieira, Rui Ribeiro Barata (Strasbourg), Susana Alexandre | Les auteurs d’articles d’opinion prennent la responsabilité de leurs écrits | Agence de presse: Lusa| Photos: António Borga, Luís Gonçalves, Mário Cantarinha, Tony Inácio | Design graphique: Jorge Vilela Design | Impression: Corelio Printing (Belgique) | LusoJornal. 7 avenue de la porte de Vanves,75014 Paris. Tel.: 01.79.35.10.10. | Distribution gratuite | 10.000 exemplaires | Dépôt légal: avril 2018 | ISSN 2109-0173 | [email protected] | lusojornal.com

As comemorações do Centenário daBatalha de La Lys foram dignas! Adata devidamente comemorada tantonos eventos em Paris como nos doNorte da França.A presença do Presidente da Repú-blica e do Primeiro Ministro nesteseventos impunha-se. E fizeram bemem vir, com tempo, para participar natotalidade do programa das Comemo-rações.Implicar o Presidente Macron tam-bém teve uma importância funda-mental. O trabalho diplomático nãodevia ter sido fácil para conciliaragendas e para organizar na prática,em tão pouco tempo, estas comemo-rações.Mas - há sempre um mas - há qual-quer coisa que falhou nestas come-morações.Faltaram ideias e faltoupúblico.

Faltaram ideiasAo longo dos anos, as comemoraçõesda Batalha de La Lys estavam bem“rodadas”. Sempre se passaram, pelomenos nos últimos 14 anos que astemos acompanhado, praticamenteda mesma forma. Uma primeira ceri-mónia em Richebourg e uma segundaem La Couture.Se olharmos bem para o programa,este ano - apesar de ser ano de Cen-tenário - não houve inovação. Houveprimeiro uma cerimónia em Riche-bourg e depois uma segunda em LaCouture. Não houve nenhuma cerimó-nia no Cemitério de Boulogne-sur-Mer,nem visita, por exemplo ao Anneau dela Mémoire, não muito longe de Ri-chebourg, onde está a lista dos maisde 2.200 soldados portugueses quemorreram durante a Guerra.Durante anos falaram-nos de uma“Comissão interministerial” e isso in-duziu-nos em erro. Pensavamos nósque estas comemorações implicariam

não só o setor da defesa e dos negó-cios estrangeiros, mas também, porexemplo o da cultura e o da educa-ção.Houve um concerto de Fado em Bét-hune e uma exposição em Arras. Con-fesso que soube a pouco. Mas teria euposto a fasquia demasiado alta?Há anos que se fala numa ação demassa pelas escolas de português -pelo menos essas - com trabalhos fei-tos pelos alunos, sendo este o temados diferentes Concursos que se rea-lizam em França, com viagens de es-tudo, com intercâmbios entreescolas,...Foi fasquia alta demais! Foram convi-dados alunos das Secções internacio-nais para cantar os hinos no Arco doTriunfo e foram convidados alunosfranceses do Norte para cantaram oshinos em Richebourg. E foi lindo,emocionante até. Mas estava à esperade tantas mais coisas...Em todas as entrevistas, em todos osdebates, nas conversas de corredor,há sempre uma constatação evidente:praticamente não há livros publicadosem França que contem a participaçãodos Portugueses na I Guerra Mundial.Aqui estava uma oportunidade paracorrigir esta lacuna, traduzindo livrosque existem em Portugal, muitasvezes testemunhos dos próprios sol-dados, editados logo depois daGuerra, ou obras mais recentes sobreesta temática.Era fasquia alta demais! E os livrosque foram publicados, deveu-se es-sencialmente a iniciativas individuais,como foi o caso, por exemplo, da pu-blicação do livro de Manuel do Nasci-mento.São apenas algumas ideias, que ne-cessitavam de tempo, de meios e so-bretudo de vontade política.

Faltou público

A participação do público esteveàquem das espectativas, sobretudopara uma data centenária como estaque agora se comemorou.A escolha das datas foi fundamental.Pessoalmente tenho criticado, anoapós ano, que as comemorações daBatalha de La Lys decorram nas datasde conveniência dos Ministros. Umano foi no dia 13, outro no dia 20,...até parece que a Batalha de La Lys foiquando Ministro quis.A segunda-feira não foi a data maisapropriada para comemorar o cente-nário da Batalha de La Lys. Suponhoque houve debate sobre esta questão- ouso esperar que sim. Mas umevento durante o fim de semana, noNorte da França, teria certamente umimpacto maior.Mesmo assim, o facto de organizarum evento em Paris, no domingo,podia ter mobilizado muito maisgente.Então porque não mobilizou? Porquequatro dias antes das cerimónias,ainda não havia programa oficial.Há que ter em conta que os milharesde Portugueses que moram emFrança - um milhão e meio comodisse o Presidente Marcelo Rebelo deSousa - não frequentam os corredoresda Embaixada de Portugal. E por isso,os órgãos de comunicação social têmuma importância acrescida para divul-gar as informações.Compreende-se que quem trabalhouno programa o fez com as dificuldadeshabituais de quem organiza eventos.Há sempre detalhes a resolver, impre-vistos a ponderar, alterações de últimahora,... Todos os eventos são assim, eeste tem a particularidade de implicargente com agendas muito carregadas.Mas era importante ter destacado doisou três eventos e comunicar sobreesses eventos para mobilização da Co-munidade.Há gente que foi de autocarro desde

Bordeaux e Viroflay, e há gente queacabou por anular a viagem por des-conhecer o programa. Um autocarronão se aluga em algumas horas, umaviagem não se organiza numa semana,e quando há muitas incertezas, o me-lhor é evitar despesas.Foi o que aconteceu este ano.Já em anos anteriores as associaçõesorganizaram viagens a Richebourg, asescolas levaram alunos,... este ano,nada disto foi feito.Por outro lado, toda a comunicação foifeita pela negativa. Ou porque era ne-cessário chegar muito cedo, ou porquenão era possível estar no evento daavenue des Portugais e no Arco doTriunfo, ou porque não era possível en-trar no Cemitério,... Era tudo muito ne-gativo e acaba por desmotivar muitagente.

Faltou mobilizaçãoPara mobilizar público, para fazer des-locar gente, para dar nas vistas, estetipo de eventos tem de ter uma coor-denação.E neste caso, eu - que confesso nãoestar no segredo dos deuses - não vicoordenação. Eu que até dirijo um jor-nal com mais de 40 mil leitores, quenão foi convocado para nenhuma reu-nião. Suponho pois, que nenhum dosoutros órgãos de comunicação social,o foram.A certa altura, confesso que fiquei sur-preendido por ver o Conselheiro deParis, Hermano Sanches Ruivo, a con-vocar uma reunião com alguns dosatores da “Comunidade” para prepa-ração do Centenário. Mas ainda bemque ele o fez, porque tentou colmatarefetivamente uma carência.No Norte da França, o Comité Franco-Português presidido pelo Cônsul Ho-norário de Portugal em Lille tambémfoi reunindo para mobilizar gente.Mas, na minha humilde opinião isto

não chega para mobilizar população.

Balanço positivoDevemos considerar que o balanço énegativo? Claro que não.Apenas devemos considerar que podiater sido melhor.Fazer obras no Cemitério uma semanaantes das cerimónias, foi uma apostaarriscada. Certamente foram feitas tãotarde por causa do “peso” da Admi-nistração, mas há 100 anos que sa-bíamos que o Centenário era em abrilde 2018...Mandar fazer placas metálicas com onome dos soldados para colocar naslápides do Cemitério, foi uma boaideia, mas de trazer as placas um diaantes das cerimónias para Richebourg,só podia dar no que deu: foram colo-cadas algumas e as outras... serão co-locadas depois das comemorações.Mas estes foram detalhes que não es-tragaram a “festa”.A Embaixada de Portugal em Françaestá de parabéns por ter conseguidoeste diálogo com as autoridades fran-cesas e sobretudo por ter conseguidoimplicar o Elysée nas comemoraçõesdo Centenário.O Ofice de Tourisme de Béthune eBruay está de parabéns pelo programaque realizou - atempadamente - epelos meios que disponibilizou para orealizar. Aurore Rouffelaers foi umapeça importante nestas comemora-ções e ouso esperar que Portugal selembre disso...Quanto ao LusoJornal, foram publi-cados dezenas de textos sobre oCentenário. Falámos do assuntoexaustivamente, como tem aconte-cido desde abril de 2005, onde pelaprimeira vez fizemos a cobertura dascomemorações, em Richebourg eem La Couture. Desde então, muncamais estivemos ausentes.Mas este ano foi especial!

Balanço positivo das comemorações do Centenário da Batalha de La Lys

Opinião de Carlos Pereira, Diretor do LusoJornal

LusoJornal / Mário Cantarinha

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CENTENÁRIO 03

Dois dias de comemoração intensa

As comemorações do Centenário daBatalha de La Lys tiveram lugar no do-mingo passado e na segunda-feira. Pri-meiro em Paris e depois no Norte daFrança.Em Paris, as comemorações tiveramlugar na Avenue des Portugais, umaperpendicular à Avenue Kléber, a doispassos dos Champs Elysées.O Conseil de Paris deu-lhe este nomeem homenagem aos soldados Portu-gueses que combateram na I Guerramundial, antes mesmo do fim daGuerra, já que a decisão foi de julho de1918.Por iniciativa de Georges Viaud, o his-toriador que criou e preside o Núcleode Paris da Liga dos Combatentes,uma nova placa foi descerrada, mas sósera colocada no Hotel Raphael, queatualmente está em obras.Seguiu-se o reanimar da chama ao sol-dado desconhecido no Arco do Triunfo.Marcelo Rebelo de Sousa, acompa-nhado pelo Primeiro Ministro AntónioCampos e pela Maire de Paris, presidi-ram à cerimónia que tem lugar todosos dias do ano, às 18h30, de homena-gem ao soldado desconhecido.Também estava presente GenevièveDarrieussecq, a Secretária de Estadofrancesa da Defesa. «Esta é umaGuerra internacional, que teve lugarem solo francês, mas que viu combaterjuntos Ingleses, Australianos, Chine-ses, Portugueses claro, Canadianos,Neozelandeses e até Americanos, nofim da Guerra. Vieram para combater,alguns de muito longe» disse ao Luso-Jornal a Secretária de Estado da De-fesa.«Esta história da Grande Guerra é re-lativamente complexa, e com todosestes intervenientes, este Centenáriofoi uma verdadeira ocasião para quecada um se aproprie desta história. Eeu acho que este centenário é uma ex-celente ocasião para que cada um seaproprie desta história. E eu acho que

isto é uma grande coisa».Na segunda-feira foi o dia das marato-nas.Começou logo de manhã quando oPresidente Emmanuel Macron convi-dou Marcelo Rebelo de Sousa e Antó-nio Costa, para um pequeno almoço noElysée. Depois seguiram os três nomesmo helicóptero de Paris para o Ce-mitério Militar Português de Riche-bourg.A Batalha de La Lys decorreu no dia09 de abril de 1918 e resultou de umintenso ataque alemão contra as forçasaliadas, nas quais os Portugueses es-tavam integrados. O confronto na Ba-talha de La Lys fez mais de 7.000baixas portuguesas entre mortos, feri-dos e 6.600 prisioneiros, sendo um

dos mais mortíferos da história militarde Portugal.Houve obras recentes no Cemitério.Foram arrancadas as placas que esta-vam no muro de fundo do cemitério eserão posteriormente colocadas nomuro da entrada. Foram pintadostodos os muros e colocadas umas pla-cas de metal, com o nome dos solda-dos, coladas por cima das lápidesatuais, porque em algumas pedras jánão se percebe o nome dos soldadosque aí estão sepultados.Os hinos foram cantados por criançasdas escolas daquela zona, na presençade várias personalidades e convidados.Além do Presidente e do Primeiro Mi-nistro, estavam presentes o Ministro daDefesa Nacional, José Azeredo Lopes,

e o Chefe do Estado-Maior-General dasForças Armadas, Almirante AntónioSilva Ribeiro. O Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, General Ma-nuel Teixeira Rolo, e o Chefe doEstado-Maior do Exército, GeneralFrederico Rovisco Duarte, tambémintegraram a comitiva.Participam ainda o Presidente daComissão Parlamentar de NegóciosEstrangeiros e Comunidades Portu-guesas, Sérgio Sousa Pinto (PS), oPresidente da Comissão Parlamen-tar de Defesa Nacional, Marco An-tónio Costa (PSD), assim como osDeputados Carlos Gonçalves e BertaCabral (PSD), Paulo Pisco e PauloTrigo Pereira (PS), João Vasconcelos(BE), Telmo Correia (CDS-PP) e Carla

Cruz (PCP).O Secretário de Estado da Defesa Na-cional, Marcos Perestrello, o Vice-Chefe do Estado-Maior da Armada,Vice-Almirante Jorge Novo Palma, oPresidente da Liga dos Combatentes,Tenente-General Chito Rodrigues, e oPresidente da Comissão Coordenadoradas Evocações do Centenário da Pri-meira Grande Guerra, Tenente-GeneralMário Cardoso, marcaram presençanas cerimónias.Após as evocações no Cemitério, a co-mitiva visitou a exposição «Racines»,de Aurore Rouffelaers, bisneta do sol-dado português João Assunção, queesteve nas trincheiras, e baseada emdepoimentos de descendentes.Foram agraciados com a Medalha deDefesa Nacional três cidadãos residen-tes em França e dirigentes da Liga dosCombatentes: Felicia d’Assunção Pail-leux, Afonso Maia a título póstumo eJoão Marques.Da parte da tarde, o Presidente da Re-pública e o Primeiro Ministro visitam aigreja da cidade de La Cuture, ondeestá exposto o «Cristo das Trincheiras»e um fresco sobre a Batalha de La Lys,e prestam homenagem aos militares nomonumento aos portugueses mortosna Primeira Guerra Mundial.De seguida, já sem a presença doChefe de Estado, o Primeiro-Ministropartiu para a cidade de Arras, ondeinaugurou a exposição «Portugal aufront: visions d’artistes (1918-2018)»,patente no Museu das Belas Artes, quejunta obras do pintor oficial de guerraportuguês presente na frente de bata-lha, Adriano de Sousa Lopes, e os ar-tistas contemporâneos Daniel Barrocae Alexandre Conefrey.O programa encerrou em Lille, com ainauguração de uma exposição alusivaà Primeira Guerra Mundial «Le Portu-gal et La Grande Guerre».Mesmo assim, no dia 10, antes de se-guir para Londres, o Primeiro Ministroainda visitou a empresa portuguesa Si-moldes, instalada na região de Lille.

Em Paris, Richebourg, La Couture, Arras e Lille

Por Carlos Pereira

Le 11 avril 2018

Dever de memória dos mortos na Grande Guerra reuniu portugueses em Richebourg

O Cemitério português de Richebourg,norte de França, encheu-se de emi-grantes e descendentes de Portugue-ses que participaram na PrimeiraGuerra Mundial e que querem prestartributo aos mortos na Batalha de LaLys, ocorrida há 100 anos.Álvaro Afonso Catarino, 49 anos, so-brinho de um soldado que combateunesta região francesa, disse à Lusaque vai assistir à cerimónia «por deverde memória» para com os que morre-ram.O lusodescendente, que nasceu emFrança e que reside em Lille, afirmouque as cerimónias do Centenário daBatalha são «muito importantes paraque não se esqueça o que aconte-ceu».«Prefiro falar de paz e venho aquiagradecer aos que faleceram para quehoje tenhamos paz», disse por seulado Luisa Marrucho, 55 anos, a viverdesde pequena em França. «Não sei

se o meu avô participou nesta batalhamas é muito importante participar nascerimónias porque temos a sorte deestar em paz», comentou enquantoesperava a chegada dos Presidentesportuguês e francês, à entrada do Ce-mitério no espaço reservado à popu-lação e junto ao ecrã gigante ondeserão transmitidas as cerimónias.Também o artista Pedro Amaral, dadupla Borderlovers, participou na ho-menagem depois de ter recebido a ga-rantia da Embaixada de Portugal emFrança, que os quadros alusivos à Pri-meira Guerra Mundial que criou paraoferecer a Marcelo Rebelo de Sousa ea Emmanuel Macron vão ser entre-gues, ainda que não saiba quando.A oferta foi aceite e vai ser entregue.«São dois trabalhos gémeos que sechamam ‘O Fim de Todas as Guerras- La Fin de Toutes les Guerres’ e sur-giram de um impulso meu e do IvoBassanti de nos associarmos às come-morações na sequência do trabalhoque temos feito de cruzamento das

culturas francesa e portuguesa. Foimesmo a vontade de oferecer, pelosnossos homens aqui e todos nós»,contou o artista à Lusa, durante a pas-sagem no controlo de segurança paraaceder à rua que leva ao cemitério.No dia em que passam 100 anos deBatalha de La Lys, tal como em 1918,a manhã está coberta de nevoeiro.No interior do cemitério, reservado aosconvidados, centenas de pessoas con-centravam-se junto ao memorial.Situado a cerca de 230 quilómetros anorte de Paris e com uma capela deNossa Senhora de Fátima em frente,este é o maior cemitério militar portu-guês na Europa. Reúne as campas de1.831 soldados lusos e nasceu datransferência, entre 1924 e 1938,dos corpos de soldados que estavamem vários cemitérios em França, naBélgica e na Alemanha.O cemitério, sob jurisdição do Estadoportuguês e alvo de obras de renova-ção para o centenário da batalha, tem,além da bandeira de Portugal, várias

referências simbólicas, como o es-cudo nacional, a cruz latina ou umaltar de pedra onde estão inscritas asregiões portuguesas - Algarve, Alen-tejo, Beira Baixa, Beira Alta, Minho,Douro e Trás-os-Montes.O espaço funerário integra uma listade locais memoriais da Grande Guerraque é candidata a Património Mundialda UNESCO.A Batalha de La Lys iniciou-se na ma-drugada do dia 09 de abril de 1918,sob nevoeiro intenso que se misturavacom os gases tóxicos e o ribombar daartilharia alemã contra as forças alia-das, nas quais os Portugueses esta-vam integrados.O confronto na Batalha de La Lys fezmais de 7.000 baixas portuguesasentre mortos, feridos e 6.600 prisio-neiros, sendo um dos mais mortíferosda história militar de Portugal.Os militares portugueses que comba-teram na Europa (cerca de 50.000)chegaram a França no início do anode 1917. A Primeira Guerra Mundial,

que começou em 1914, terminou emnovembro de 1918 com a vitória dosaliados.Os Chefes de Estado de Portugal e deFrança presidiram na segunda-feira,no cemitério militar de Richebourg, aoponto alto das celebrações do cente-nário da Batalha de La Lys. De acordo com o programa das ceri-mónias, foi descerrada uma placaevocativa do centenário da batalha,seguindo-se os discursos dos doisChefes de Estado e um tributo aosque perderam a vida na PrimeiraGuerra Mundial.Após as evocações no cemitério, a co-mitiva visitou a exposição «Racines»(Raízes), de Aurore Rouffelaers, bis-neta do soldado português João As-sunção, que esteve nas trincheiras, ebaseada em depoimentos de descen-dentes.Foram ainda agraciados com a meda-lha de Defesa Nacional três cidadãosresidentes em França e dirigentes daLiga dos Combatentes.

Por Zélia Oliveira, Lusa

LusoJornal / Mário Cantarinha

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04 CENTENÁRIO

Discurso do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa no Cemitério Militar Português de Richebourg

Monsieur le Président de la Républi-que française, Cher Ami,Senhor Primeiro Ministro,Madame la Ministre de la Défense,Senhor Ministro da DefesaMessieurs les Ambassadeurs,Senhor Chefe do Estado Maior dasForças Armadas, Almirante Silva Ri-beiroSenhor Chefes do Estado Maior,Senhores Presidentes das Comissõesparlamentares,Messieurs les Députés, Senhores De-putados,Monsieur le Préfet,Monsieur le Maire,Senhor Presidente da Liga dos Com-batentes,Senhor Presidente da Comissão decoordenação do Centenário,Minhas senhoras e meus senhores,Chers amis,

Foi aqui, há 100 anos, que a 2° divi-

são do Corpo Expedicionário Portu-guês foi dizimada por 8 divisões do 6°exército alemão. Eram 20.000. Osatacantes eram mais de 50.000.7.000 de entre os nossos combaten-tes foram mortos, feridos ou feitos pri-sioneiros. Tudo se passou em menosde 8 horas. Viveu-se o nosso maiorluto militar desde Alcácer Quibir, nonorte de África, em 1578.Nesse dia, tragicamente inesquecível,de que este cemitério é testemunhasilenciosa mas impressionante, um deentre outros tantos heróis permane-ceu, qual lenda, de modo particularna nossa memória. Chamava-se Aní-bal Augusto Milhais. Ficou conhecidocomo o Soldado Milhões.Foi o único soldado raso a receber atéhoje a mais elevada condecoraçãoportuguesa, a Ordem Militar da Torree Espada no valor Lealdade e Mérito,entregue em pleno campo de batalha,por um corajoso Chefe militar, futuro

Presidente da República portuguesa,o Marchal Manuel Gomes da Costa.Ficou história e lenda, como símbolodos nossos melhores, aqui tombadosem 9 de abril de 1918, a lutarem porPortugal, pela sua pátria, pela suagente, pela sua terra, à época pelo seuimpério.

Mais également pour la France - cetteautre patrie qu’ils ne connaissaientpas, où ils étaient arrivés après uneannée agitée. Eux qui étaient âgés de25 ans et qui comprenaient à peinele monde qui les entourait.Sans le savoir, ils luttaient pour uneautre patrie, berceau du père de notrepremier roi. Patrie qui, un demi-siècleplus tard, allait être aussi celle de plusd’un million de compatriotes et leursdescendants, scellant à jamais unefraternité.Sans le savoir, ils luttaient et mou-raient pour un avenir différent, pour le

Portugal, pour la France, pour notreamitié inébranlable et pour l’Europeelle-même. Car ils luttaient pour lapaix, qui allait mettre du temps às’établir de façon durable, et qui estdésormais le fondement de la démo-cratie, du progrès, de la justice en Eu-rope e dans le monde.C’est cette même paix qu’Arnaud Bel-trame a défendu, il y a quelques se-maines, lors de l’attentat qui a aussifrappé un des nombreux portugais quiaiment la France comme leur secondepatrie.C’est cette même paix qui nous uniten Europe, aussi bien contre le terro-risme sans État, que contre le terro-risme d’État.Oui, l’Europe divisée, blessée, pres-que détruite en 1918 est devenue, 40ans après, un projet d’espoir. Mais àquel prix? Elle devrait encore subir latragédie du fascisme, du nazisme, dutotalitarisme, une deuxième guerre.

Un siècle plus tard, apprenons les le-çons de cet enfer européen. Bâtissonsensemble une autre Europe, de la li-berté, de l’égalité, de la fraternité despeuples, sans frontières, sans haine,sans exclusion ni intolérance et affir-mons-nous dans le monde pour lesvaleurs humanistes et vraiment réfor-mistes et progressistes.Par mes mots, le Portugal remercie lePrésident de la République française,oui Cher Ami, pour ce touchant etinoubliable geste de gratitude frater-nelle et inconditionnelle solidarité.

Portugal, pela minha voz, agradece aestes bravos, pelo seu sacrifício su-premo. Aqui, em França, como emÁfrica, em Angola, em Moçambique,por terra, mar e ar. Esse sacrifício nãofoi em vão. Dele também se fez a gló-ria de Portugal, a vitória da França e ofuturo da Europa.Vive la France. Viva Portugal.

No quadro do Centenário da Batalha de La Lys, dia 9 de abril de 2018

Le 11 avril 2018

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LusoJornal / Mário Cantarinha

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CENTENÁRIO 05

Le discours du Président Macron au Cimetière Militaire Portugais de RichebourgMonsieur le président de la Répu-blique portugaise, Cher Marcelo,Monsieur le Premier Ministre, CherAntónio,Monsieur le Ministre de la Défense,José Alberto de Azeredo Lopes,Madame la Ministre,Monsieur le Chef d’État-Major desForces Armées portugaises, Amiral,Messieurs les Chefs d’État-Major,Monsieur le Préfet,Mesdames et Messieurs les Parle-mentaires,Monsieur le Président du Conseil dé-partemental,Monsieur le Maire,Mesdames et Messieurs les élus,Monsieur le Président de la Ligue desanciens combattants,Monsieur le Président de la Commis-sion portugaise de commémoration duCentenaire,Chers amis,Il y a 100 ans, jour pour jour, le 9 avril1918, les premiers obus de la Bataillede La Lys éventraient de nouveau laterre des Flandres. Et de nouveaucette terre, grevée de sang et delarmes, livrait à la folie répétée destemps une funeste moisson. Et cen’est pas tant le sang des ennemisd’alors que celui des amis de toujours,qui a alors abreuvé les sillons de laLys.Des centaines de soldats portugais ontpéri durant cette journée, en livrantcourageusement une bataille inégalequi opposait 20.000 des leurs à plusde 50.000 Allemands qui saisissaientlà leur dernière chance de remporterla guerre avant l’arrivée des renfortsvenus des Etats-Unis pour grossir lesrangs des Alliés.Ce sont au total 7.000 soldats portu-gais qui ont été tués, blessés ou faitsprisonniers en cette seule journéenoire, la plus meurtrière de la GrandeGuerre pour votre peuple.Cela fait de cette Bataille de La Lysl'équivalent pour les Portugais de laBataille de Verdun pour les Français.A travers le souvenir de cette bataille,c’est la mémoire de tous les soldatsportugais qui ont combattu auprèsdes forces Alliées en France, mais

aussi en Angola et au Mozambique,que nous honorons aujourd’hui. C’estla mémoire de tous ces jeuneshommes que vous avez à l’instant rap-pelée et de ces noms qui sont au-jourd’hui parmi vous, ici, parce quenous n’oublierons jamais ce pourquoiils sont morts.Ce cimetière où reposent près de2.000 soldats portugais morts sur lesol de France, ainsi que le Monumentde La Couture, manifestent la recon-naissance du peuple français et del’ensemble des Alliés à l’égard dupeuple portugais qui a consenti undouloureux effort et payé un lourd tri-but pour se battre à nos côtés.Comme d’autres, cette nécropole faitsentir dans l'espace l'abjecte déme-sure de la violence dans laquelle l'Eu-rope s'est abîmée au cours d'uneguerre qui nous apparaît aujourd'huid'autant plus absurde que nous lavoyons avec nos yeux européenscomme une guerre civile, si doulou-reusement fratricide.Si nous sommes ici à Richebourg,c'est donc aussi pour réitérer le vœuque plus jamais un Européen n'ait àprendre les armes et à tuer son voisin,

que plus jamais les peuples et les na-tions d'Europe n'aient à s'affronterdans des guerres intestines.Aujourd'hui ce cimetière est unsymbole d'amitié et de solidaritéeuropéenne et non de rancœurs na-tionalistes. Venger nos morts pard'autres morts, les racheter par denouveaux sacrifices n'a fait que pro-longer l'horreur et nous a conduits àla plus grande catastrophe qu’ait ja-mais connue l'humanité.Heureusement, nous avons suaprès 1945 ne pas répéter les er-reurs commises après 1918. Aprèsêtre allés au bout de la nuit, au boutde la folie, au bout de la violence,nous avons su enfin tirer des leçonsde l’Histoire et faire preuve de sa-gesse.Nous avons su construire la réconci-liation au lieu de nourrir l'amertume,les rancœurs et le goût de la revanche.Nous avons su tendre et saisir desmains, construire des relations nonplus de rivalité et de compétition,mais de fraternité et de coopération.Nous avons su nous unir.Depuis lors, c'est sur le socle solide deces valeurs que nous avons fondé

l'Europe et ce sont ces valeurs quenous aspirons aujourd'hui encore àdéfendre et à approfondir.100 ans après, le contraste entre l'Eu-rope de 1918 traumatisée par quatreannées d'une guerre jusqu'alors sanscommune mesure, amputée de sajeunesse, et celle de 2018, démocra-tique, en paix depuis plus de 70 ans,doit exalter nos convictions et nos am-bitions européennes.Nous n’avons pas le droit de nous ha-bituer à cette Europe dans laquellenous vivons, comme si elle était denature, comme si elle n'était pas jus-tement le fruit de ce que nous avonssu construire à travers le temps,comme si elle n'était pas le fruit de cesang versé.Et ceux qui pensent aujourd'hui qu'onpourrait faire bégayer notre histoire enrecréant, au sein de notre Europe, destensions, le nationalisme, le drame,ont une bien triste mémoire de cesang qui a coulé.Et au moment où l'Europe douted'elle-même, au moment où certainsde ces peuples expriment leur peur del'avenir en remettant leur sort entre lesmains de dirigeants qui se nourrissent

de l'angoisse, ce sont ces accomplis-sements qu'il faut rappeler, qu'il fautsaluer, qu'il faut poursuivre.C'est la paix que nous avons bâtie etconsolidée, les liens féconds que nousavons noués, ces principes d'entraideet de solidarité que nous avons insti-tués et qui nous sont mutuellementbénéfiques, qu'il nous faut défendreet toujours promouvoir.L'Europe est perfectible, nous le sa-vons. L'Europe doit faire l'objet de ré-formes, nous y travaillons et nous ytravaillons en étroite coopération avecle Portugal sur de nombreux projetsde la plus haute importance. Nous ytravaillons avec l'ensemble de nos al-liés des pays frères, ici représentés parleurs ambassadeurs.Et nous avons cette amitié entre nosdeux pays, entre le Portugal et laFrance, cette amitié profonde, solide,cimentée par les milliers de Portugaiset de Français d'origine portugaise,dont l'énergie et le travail chaque jourfortifient notre nation, cimentée parce sang versé par ces jeunes hommesvenus défendre notre liberté, déjànotre Europe, par ces décennies faitesen commun, et toutes ces femmes etces hommes qui ont décidé deconstruire ensuite leur avenir et leurfamille entre nos deux pays, commeautant de ponts jetés.La France et l'Europe de 2018 peu-vent se regarder dignement au miroirde 1918. Notre fierté européenne doits'enraciner dans ce chemin parcouru,jalonner des progrès multiples de lapaix, de la prospérité, de la liberté.Nous devons continuer à faire de l'Eu-rope le rêve d'un continent qui a vécuun cauchemar et qui n'y repensequ'en tremblant; notre passé communnous confirme que la direction qu'ilnous faut continuer de prendre estcelle d'un avenir partagé.Nous le devons à notre histoire, nousle devons à nos morts, mais nous nedevons surtout, cher Marcelo, cherAntónio, comme frères d'Europe, ànotre jeunesse.Alors vive le Portugal, vive la Franceet vive l’amitié entre le Portugal et laFrance.

Pour le Centenaire de la Bataille de La Lys, le 9 avril 2018

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Le 11 avril 2018

LusoJornal / Mário Cantarinha

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06 CENTENÁRIO

Discurso do Primeiro Ministro em La CoutureNous commémorons aujourd’hui leCentenaire de la Bataille de La Lys, lemoment le plus dramatique et meur-trier de la participation du Portugal àla Grande Guerre de 14-18.Dans ce lieu de martyrs et devant cemonument qui évoque le sacrifice,nous leur rendons hommage, ainsibien qu’à tous ceux qui ont lutté à leurcôté pendant ce terrible conflit.Cent ans après cet l’évènement, nouscélébrons la paix et la réconciliationentre les peuples européens et leur vo-lonté de bâtir ensemble un avenircommun.Tout à l’heure, le Président de la Ré-publique française, Emmanuel Ma-cron, nous a fait l’honneur de sejoindre à nous au Cimetière de Riche-bourg, pour cet hommage. Je voudraislui témoigner de ma profonde recon-naissance pour ce geste d’amitié en-vers le Portugal, qui nous a beaucouptouchés.Evoquer ces jours, c’est ramener à lamémoire les faits et les sacrifices denos ancêtres. C’est rappeler l’histoire,c’est regarder le présent et penser àl’avenir, à la lumière des horreurs pas-sés.Au moment où nous évoquons lacontribution du Corps ExpéditionnairePortugais, je veux également remémo-rer et rendre hommage à l’énorme sa-crifice et à l’effort surhumain que laguerre a exigé de la France et de laGrande Bretagne, et de nous tous,leurs Alliés et laisser un mot de pro-fond respect à tous ceux qui sontmorts dans ce terrible conflit.Les Portugais ont, eux aussi, souffertdans le corps et dans l’âme la vio-lence de cette guerre meurtrière,cruelle dans sa stratégie, inhumainedans les combats, aussi bien enAfrique que dans les champs de ba-

taille en Europe.Ce fut ainsi ce 9 avril 1918 dans lavallée de La Lys où se trouvait le frontoccupé par le Corps ExpéditionnairePortugais. C’est une date qui restera àjamais inscrite dans notre mémoire etun jour qui a justement été consacrécomme la Journée du Combattant, oc-casion à laquelle nous évoquons tousceux qui ont perdu la vie dans leur de-voir de servir le Portugal.

Permitam-me que dirija umas pala-vras em português às Forças ArmadasPortuguesas, especialmente àquelesaqui presentes hoje, dignos herdeirosde uma tradição militar que, ontemcomo hoje, muito honra Portugal.Ao evocar os combatentes de há 100anos, homenageamos as nossas For-ças Armadas e reafirmamos o compro-misso de Portugal com aqueles quehoje servem Portugal como militares.Na memória e no sacrifício dos antigos

combatentes, transmitimos às gera-ções mais jovens, que felizmente nãoconheceram os horrores da Guerra,uma mensagem de esperança e deencorajamento na defesa da paz.Mas quero aqui também deixar umapalavra, a todas as Portuguesas e atodos os Portugueses que aqui, emFrança, nasceram, ou que para aquivieram na esperança de construir umfuturo de prosperidade, que não en-contravam na nossa pátria.A vossa presença em França temcontribuído para engrandecer aFrança, mas tem sobretudo contri-buído para perstigiar Portugal.Por onde cada um de vós está está umpouco de todos nós.

Mesdames et Messieurs,Sur les lignes des deux Guerres mon-diales, l’Europe s’est consacrée à laconstrution de l’Union des Nations,engagée à promouvoir la paix, renfor-

cer la solidarité entre les peuples,dans le respect de l’identité de cha-cun, et à assurer à tous, hommes etfemmes, la liberté et la justice.C’est là l’Europe avec laquelle nousnous identifions et cette Europe là quenous voulons continuer à construire.L’Union européenne que nous avonsérigée le long de ces soixante der-nières années, a pour idéal laconstruction d’une communauté fon-dée sur les valeurs de la meilleure tra-dition européenne: la démocratie,l’égalité et le respect de la loi et desdroits humains.Le Portugal et la France œuvrent côte-à-côte à ce dessin historique, solidairedans les armes, partenaires au sein del’Union européenne et de l’AllianceAtlantique. Unis par de profonds lienshistoriques et culturels, nous conti-nuons au XXI siècle, à approfondir uneamitié qui dépasse de beaucoup lesrelations entre les Gouvernements,

jusqu’à se fondre par les liens de sangentre ses peuples.Les liens entre nos deux pays se sontrenforcés par le biais de l’immigrationde centaines de millier de Portugaisvers la France. Qui sont partie inté-grante de la société française, sanspour autant avoir renoncé ou oubliéleurs origines.De nos jours, beaucoup d’entreprisesfrançaises investissent au Portugal etde plus en plus de Français décou-vrent notre pays - un mouvement quinous réjoui beaucoup.Ces liens croissants entre nos peuples,constituent la meilleure garantie quenotre amitié perdurera sans jamaiscesser de s’approfondir.Aujourd’hui, comme il y a cent ans, lePortugal s’engage avec un profondsens de devoir envers l’humanité, àcontribuer à la paix et à la sécurité col-lective, engageant ses Forces Arméesdans le cadre des missions des Na-tions Unies, de l’Union Européenne etde l’OTAN, dans des nombreuseszones de conflit.C’est le cas, par exemple, de la Répu-blique Centre-Afrique, en réponse àune demande de la France aprèsl’ignoble attaque terroriste qu’elle asubi à Paris en 2015.Là, et dans d’autres théâtres d’opéra-tion dans le monde, les combattantsportugais continuent à servir et à fairehonneur à leur pays, dans la lutte sansrelâche pour la dignité de la personnehumaine, la liberté et la justice.Tous, ceux d’hier comme ceux d’au-jourd’hui, sont créanciers de notreprofond respect et de notre gratitude.Une place du premier rang de notrehistoire leur est due.Dans ce lieu de mémoire, je m’inclinerespectueusement devant eux.Merci beaucoup.

No quadro do Centenário da Batalha de La Lys

Le 11 avril 2018

Medalha da Defesa Nacional para 3 Portugueses

Três dirigentes da Liga dos Combaten-tes foram distinguidos com a Medalhada Defesa Nacional, em Richebourg,incluindo a filha e um neto de solda-dos portugueses que combateram naPrimeira Guerra Mundial.A primeira medalha foi colocada peloPresidente português, Marcelo Rebelode Sousa, a Felícia Glória d’AssunçãoPailleux, enquanto a segunda medalhafoi entregue pelo Primeiro-Ministro,António Costa, a Virgínia e FrédéricMaia, filhos de Afonso da Silva Maia.A terceira condecoração foi colocada aJoão Marques pelo Ministro da DefesaNacional, José Azeredo Lopes.Felícia Glória d’Assunção Pailleux, 92anos, é a terceira de 15 filhos de umsoldado português que se apaixonoupor uma francesa durante a PrimeiraGrande Guerra.A Presidente do Núcleo de Lillers daLiga dos Combatentes é tambémporta-guião da Liga dos Combatenteshá quatro décadas e tem levado a ban-deira de Portugal para as cerimóniasanuais no Cemitério Militar Portuguêsde Richebourg e no monumento aosmortos em La Couture, no norte deFrança.O seu pai, João Manuel da Costa As-sunção, era oriundo de Ponte da

Barca, foi para França por causa daguerra mas ficou por amor, «um amorà primeira vista», contou a filha àLusa.Felícia Pailleux nasceu portuguesa emFrança, mas foi naturalizada francesaaos quatro anos quando o pai adquiriua nacionalidade francesa para poderabrir uma oficina de bicicletas. Em2004, pediu e obteve a nacionalidadeportuguesa, mas nunca aprendeu alíngua por imposição da mãe, porque«todas as pessoas da aldeia queriamque os Portugueses partissem».Afonso da Silva Maia, neto de um sol-dado português, foi condecorado a tí-

tulo póstumo, tendo morrido emagosto de 2017, com 69 anos. Deixouuma importante coleção sobre a Pri-meira Guerra Mundial que conta comlivros, mapas, fotografias, objetos va-riados e mais de 150 cartas e postaistrocados entre soldados, namoradas efamílias.Delegado da Liga dos Combatentespara o Centenário da Grande Guerra,o português que nasceu em Paços deFerreira, dedicou grande parte da suavida a estudar o Corpo ExpedicionárioPortuguês (CEP) depois de ter desco-berto que o avô tinha estado na guerradas trincheiras.

O interesse foi ainda maior quandodescobriu que o seu avô tinha estadocom o CEP na localidade onde ele pró-prio vivia e começou a tentar identifi-car os lugares da presença portuguesaa partir das imagens de guerra do fo-tógrafo oficial das tropas portuguesas,Arnaldo Garcez.Com a coleção de Afonso Maia, AuroreRouffelaers, bisneta de soldado JoãoManuel da Costa Assunção e neta deFelícia Pailleux, criou a exposição«Amores Suspensos», que inauguroueste sábado e está patente até 06 demaio na cidade de Vieille-Chapelle,com várias cartas e postais portugue-

ses que contam os «amores colocadosentre parêntesis» devido à guerra, ex-plicou à Lusa Aurore Rouffelaers.João Marques é Presidente do núcleode Richebourg da Liga dos Comba-tentes e Presidente da associaçãoUnião Franco-Portuguesa de Riche-bourg desde 1990, tendo ajudado naorganização das comemorações evo-cativas do CEP no Cemitério de Ri-chebourg e no monumento aosmortos de La Couture nos últimos 28anos.O português, oriundo da localidade deMarinhais, tem 69 anos e vive emFrança há 50 anos, tendo sido um tioguarda do Cemitério Militar Portuguêsde Richebourg que lhe despertou ointeresse pela manutenção do localonde estão enterrados 1.831 solda-dos lusos mortos na Grande Guerra.Através da associação, João Marquestem ajudado pessoas que aparecemà procura de familiares que participa-ram na Primeira Guerra Mundial.«Ajudamos muitas famílias a encon-trar os familiares. Ainda na sexta-feiraligaram-me do Luxemburgo a pergun-tar por um familiar e encontrámos.Isso acontece muitas vezes», contouà Lusa João Marques, que tem umvelho caderno com a relação dos mi-litares sepultados no Cemitério de Ri-chebourg.

Por Carina Branco, Lusa

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CENTENÁRIO 07

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Réflexions entendues et sentiments dévoilés

Avant que les cérémonies du Cente-naire de la Bataille de La Lys com-mencent au Cimetière MilitairePortugais de Richebourg, nous avonsquestionné quelques uns des présentspour LusoJornal.Le jeune Hugo, un des enfants del’école de Vieille Chapelle qui achanté les hymnes du Portugal et dela France, à la question qu’on lui aposée sur l’importance d’être là et departiciper à ces cérémonies, il nous arépondu: «il est important que noussoyons là pour honorer les soldats por-tugais qui ont fait la Guerre. C’est biende ne plus être en guerre et de ne plusavoir de morts. Avec une autre classe,nous avons appris l’hymne national duPortugal».Manuel Freitas, artisan et faisant par-tie du groupe Vivências do Minho deTourcoing nous parle avec une cer-taine fierté d’être là. «Je connais ceCimetière depuis l’âge de 14 ou 15ans. À l’époque mon père, quand ilrentrait du travail, il écoutait la radio.Il y avait une émission en portugaisd’une demi-heure, c’est dans cetteémission que j’ai pour la première fois

entendu parler de ce Cimetière. Jesuis là pour la troisième fois» dit-il auLusoJornal.«J’ai quitté le Portugal à l’âge de 7ans et je me rappelle de l’histoire ra-contée par un poilu portugais du vil-lage: il avait un ami qui n’a pas voulumettre de masque lors d’une attaquepar du gaz. Il en est mort. Ça me tientchaud au cœur qu’on rende hommageaujourd’hui à nos valeureux soldats,100 ans après la fin de la Guerre».Habituellement Sandra Gonçalvesest de l’autre côté de la barrière, ai-dant à l’organisation et au déroule-ment des cérémonies annuelles.«Cela fait 20 ans que je suis pré-sente et j’aide par mes loyaux ser-vices. L’année dernière j’ai reçu cettemédaille en guise de remerciements.Mon père, cela fait des années, ainsique toute la famille, qui fait partiede l’Association Portugaise de Ri-chebourg. Il est le porte-drapeau del’association. Comme vous voyez il asa main bandée. Malgré le faitd’avoir coupé un bout d’un doigt il atenu à porter le drapeau. Ma mère etmoi, tous les ans nous servons lerepas qui suit les cérémonies. Il estimportant d’honorer les soldats qui

ont contribué pour notre liberté. Avecla médiatisation tant en Francequ’au Portugal des cérémonies decette année, il y a quelque chose quiest en train de changer dans lesconsciences».José Pereira, de l’Assocaiton Socio-Culturelle des Anciens Combattantsdes ex-Colonies Portugaises de Rou-baix a commencé par nous dire qu’ily a 21 ans qu’il est présent dans cettecérémonie et qu’il regrette et ne com-prend pas que d’anciens combattantsne puissent pas arriver jusqu’au Cime-tière. «Ils n’ont pas pu passer, ils sontà un, voir deux kilomètres du Cime-tière» explique-t’il au LusoJornal.«C’est incompréhensible ce qui sepasse, alors qu’ils ont combattu pourl’Armée portugaise. C’est importantqu’on soit là ce jour pour honorer tousles valeureux soldats portugais qui ontcombattu pour la liberté que nousavons aujourd’hui, eux qui ont donnéleur vie pour qu’on soit libres. La jeu-nesse c’est notre avenir, je suiscontent de voir ici aujourd’hui beau-coup de jeunes. J’espère qu’ils pren-dront le relevé pour continuer ce typede cérémonies. Il ne faut pas qu’onoublie».

Já João Pereira, du haut de ses 89ans, il est venu avec l’Association desCombattants de Torres Novas. Malgréson âge il est resté pendant toute l’at-tente et durant la cérémonie debout,fière et ému d’être là. Parfois la réalitéet la légende peuvent se mélanger, ila toutefois un souvenir précis, à plu-sieurs occasions de notre conversa-tion, la larme lui est venue à l’œil. Àla fin de la cérémonie il a pris son té-léphone pour probablement entrer encontact avec les siens qui sont restésau pays.Il nous raconte l’histoire de son père,João Francisco Rosa, qui avait 23 ansquand il a embarqué pour terres deFlandres. «Mon père était le télégra-phiste de service quant l’attaqué a eulieu. Il était dans les tranchées, unpeu à l’arrière. Les Portugais on du re-culer et mon père s’est senti entourécomplètement par des Allemands. Sesentant entouré de danger, il a de-mandé à ses supérieurs ce qu’il devaitfaire, on lui a répondu qu’il ne devaitpas bouger, une contre-offensive por-tugaise devant avoir lieu deux joursplus tard».«Son histoire ne nous a été racontéequ’une fois. J’étais encore adolescent.

Il voulait sûrement ne pas parler dechoses désagréables. J’ai compriscela qu’après les 25 Avril, moment oùl’on a commencé à publier des livressur la participation portugaise à la IGuerre Mondiale. Mon père n’estrenté au Portugal en avril 1919, il aconstruit une maison et ne s’est mariéqu’après. Nous sommes partis habiterà Lisboa à l’âge d’un an et demi. De-puis quelques années je suis revenu àmon village natal, Torres Novas».Pour João Pereira, «c’est importantd’être là aujourd’hui et de sentir l’en-droit, le lieu, où mon père a tant souf-fert. Heureusement, il a pu rentrervivant au pays. Mon grand regret, estcelui de savoir que mon père n’a ja-mais été reconnu, il n’a pas reçu demédaille pour avoir participé à laGuerre, lui qui a souffert du froid, dela faim et de la peur, en se maintenantà son poste. J’ai fait des recherchesdans les archives militaires et pas detraces de décoration donnée à monpère. J’ai encore une sœur, mais notrepère nous a quitté en 1979».Espérons que le Centenaire de la Ba-taille de La Lys soit le début d’une re-connaissance et qu’on ne retombepas dans un certain oubli.

Par António Marrucho

Cérémonies du centenaire de la Bataille de La Lys

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08 CENTENÁRIO

Tenente General Chito Rodrigues diz que a Batalha de La Lys não foi uma derrota

O Tenente General Joaquim Chito Ro-drigues é o Presidente da Liga dosCombatentes, a organização que foicriada logo depois da I Guerra Mundiale que preserva a memória dos soldadosportugueses, nomeadamente dos quecombatem no estrangeiro.A Liga dos Combatentes tem delega-ções em França e é esta estrutura quese ocupa da manutenção do CemitérioMilitar Português de Richebourg e doTalhão Português no Cemitério de Bou-logne-sur-Mer.

Como foi criada a Liga dos Combaten-tes e quais os seus objetivos?A Liga dos Combatentes tem a sua ori-gem na I Guerra Mundial. A ideia surgeno final da Guerra em que Portugal re-gressa com problemas graves de saúdee o Governo não conseguiu dignificaraqueles que se bateram por ele e foientão que um punhado de Portuguesesresolveu criar uma instituição queapoiasse mutilados e doentes em1921. Mas só em outubro de 1923,três Portugueses - um marinheiro edois homens do exército - reuniram-see a primeira Assembleia Geral tevelugar. A Liga desenvolveu um trabalhoem duas grandes direções que aindahoje são os nossos dois objetivos: porum lado a promoção dos valores histó-ricos do país e por outro lado a práticade solidariedade e apoio mútuo e é issoque nos tem feito viver ao longo dosanos. Historicamente começámos coma Grande Guerra, depois a nossa gera-ção fez a Guerra no Ultramar, e nestemomento estamos a passar testemu-nho aos que se batem nos conflitos eem operações de paz humanitária.

A Liga ocupa-se da manutenção dosdois Cemitérios em França. Porquê?Por uma questão muito tradicional. ALiga é uma instituição que se bate porvalores e solidariedade. E nos valoresestamos a honrar os mortos. Nós emPortugal temos 250 talhões onde estãosepultados os militares portuguesesque se bateram em conflitos, mas nãoé só em Portugal. Inicialmente, e antesda Guerra no Ultramar, preocupava-noso facto daqueles que caíram na GrandeGuerra. As Forças Armadas, duranteanos, preocuparam-se com a manu-tenção do Cemitério de Richebourg.Acontece que recentemente a Liga dosCombatentes estabeleceu um planoestruturante, ou seja um levantamentoglobal que demorou 2 anos a fazer,para localizar as campas daqueles queno mundo inteiro se bateram pelo país.Esse plano deu origem a planos parti-culares, já tínhamos os nossos interes-ses na Europa e concretamente nosCemitérios de Richebourg e de Bou-logne sur Mer. Além de haver mais al-guns pontos onde temos inumadosmilitares portugueses da I Guerra Mun-dial, estudámos todas as áreas domundo onde os Portugueses estiveram.

Não apenas na Europa…Demos prioridade à África e temos umplano de conservação das memóriasonde os objetivos são localizar, identi-ficar e concentrar os corpos que vamoslevantando no mato, em cemitérios

abandonados, até agora fizemos váriasoperações na Guiné e em Moçambi-que, recuperámos corpos e concen-trámos num ossário em Nampula,construímos também um ossário emBissau. Hoje podemos dizer que aLiga dos Combatentes e os Portugue-ses tem um cemitério semelhante aode Richebourg, em Bissau. Estamos afazer o mesmo em Moçambique. Já re-cuperámos o Cemitério de Mindelo ede São Tomé. Como vê, a Liga não é sóresponsável pelos Cemitérios de Riche-bourg e de Boulogne-sur-Mer, mas portodos os lugares onde se encontramsoldados portugueses espalhados pelomundo. É uma questão de afirmarsempre para que ninguém se esqueçade manter viva a memória daquelesque um dia caíram por Portugal.

No que se refere a Richebourg, em queconsiste exatamente a operação daLiga dos Combatentes?Consiste em dois aspetos fundamen-tais. O primeiro: a manutenção do queestá feito. Uma tarefa que jamaisacaba, mas temos conseguido mantera dignidade no Cemitério de Riche-bourg e de Boulogne com graves pro-blemas que temos por resolver. EmRichebourg fizemos já nos últimos 6anos obras de fundo, com verbas sig-nificativas para manter a dignidade dosque lá estão. Temos problemas difíceisa resolver. A obra foi feita e não é fácilde manter as campas que são construí-das com um tipo de material para pro-teção do meio ambiente mas que nãoresistem ao tempo. Alguns nomes co-meçam a desaparecer e temos que en-carar todo um processo de substituiçãode placas.

O de Boulogne está pior, não é?Em Boulogne-sur-Mer também já recu-perámos um altar que estava comple-tamente destruído, vamos tentarrecuperar outras coisas, para alémdisso temos uma manutenção perma-nente. Temos uma empresa que ga-

rante a limpeza e a manutenção, masas obras de fundo que já fizemos porduas vezes, é uma manutenção perma-nente, para que os que estejam sepul-tados seja em lugares dignos. Nos doisgarantimos a manutenção e temos pro-jetos para que se mantenham o melhorpossível. É honoroso. Mas tenho espe-ranças que com algumas parceriaspossamos tornar o projeto viável.

O Cemitério de Richebourg é simbó-lico, não é?É um lugar de memória, de silêncio ede respeito. Olhando aquela placa aoentrarmos no cemitério e ver a ban-deira portuguesa, a placa com o es-cudo com as quinas, nosso símbolonacional, ali respira-se Portugal! Estãolá vivos no nosso pensamento, nanossa alma, 1.831 mortos que se ba-teram por esse símbolo ao serviço dajustiça e da liberdade.

E o Monumento de La Couture?Foi um monumento que a Liga ofere-ceu à França. É um monumento emmármore branco, bonito e simbólicooferecido pelos Combatentes, erguidono lugar onde se deu a última resistên-cia portuguesa durante a I GuerraMundial assim como a Batalha de LaLys. A comissão dos Padrões daGrande Guerra resolveu em nome dePortugal colocar ali o monumentomuito significativo. No próprio ato deentrega, há um sentimento de recipro-cidade entre a França e Portugal. AFrança recebeu esse monumento comgrande significado para a Pátria, querepresenta o soldado português numaluta desigual contra a morte, mas ten-tando vencê-la. Um monumento impo-nente colocado ali em 1928 e que estásob a responsabilidade da Mairie local,o monumento foi recuperado e respeitaaqueles que ali se bateram e honra aFrança e Portugal.

Mas o terreno onde está o monumentoé português…

A Liga dos Combatentes e a Comissãodos Padrões da Grande Guerra entre-garam à França este monumento, maso terreno onde ele se encontra foi ce-dido pela França a Portugal a títuloperpétuo. Portanto, também ali houveuma demonstração que Portugal e aFrança se bateram no mesmo sentidoe a favor da justiça e liberdade de talforma que na Liga dos Combatentesnos honramos pela origem que temose nunca fechámos as portas em quase100 anos, pois ali vamos anualmentedizer que nunca os esqueceremos.

Como acha que deviam evoluir come-morações?Acho, e talvez de uma forma utópicaque nos move na Liga dos Combaten-tes, mas pela Paz e não pela Guerra.Qualquer cidadão português pode sermembro da Liga dos Combatentes.Nós temos sócios combatentes, sóciosefetivos e sócios extraordinários quesão as famílias dos que se baterampelo país. Devia ser transmitido nas es-colas e universidades, os valores do Go-verno que um dia pediu para que sebatessem pelo país. E eles foram dearmas na mão defender os seus com-panheiros e a sociedade em que vi-viam. Então, se em vez de Guerrativermos Paz, o que desejo é que aprioridade da Liga dos Combatentesseja garantida pelas famílias dos quese bateram pelo país. Quanto às come-morações em Richebourg… daqui por50 anos, que sejam garantidas pelosnetos e bisnetos daqueles que estão aliinumados. Todos poderão evocar umdia a memória não só daqueles quecombateram na Grande Guerra, mastambém no Ultramar ou ainda nasoperações da Paz, honrar a memóriadaqueles que fundaram a nação desdeD. Afonso Henriques. Portanto todosaqueles que foram caindo merecemessa homenagem da sociedade. Gos-taria que a educação ao nível das es-colas garantisse que as cerimónias deRichebourg daqui por 50 anos não fos-

sem feitas pelos Combatentes mas quefossem garantida pela família e pelasociedade.

Daí fazer sentido estar a comemoraruma derrota, porque afinal a Batalhade La Lys foi uma derrota?Não, não concordo. Não estamos a co-memorar nenhuma derrota, nem a co-memorar nada. Nessas cerimóniasevocamos e não comemoramos. E aliása Batalha de La Lys não foi nenhumaderrota! Em termos militares encontra-mos duas forças em confronto e houveuma das forças que decidiu desenca-dear uma ofensiva e quando o corpo doexército decide desencadear uma ofen-siva é porque pensava que ia ter êxito.Só se lançam ofensivas quando o po-tencial de combate é de 3 para 1, oraestá provado que foi quase de 5 para1. Portanto assim não há defensiva al-guma que resista. E sabemos que nonorte da França o terreno não tem ca-raterísticas defensivas, o terreno é umaplanície total! Não eram os Portugue-ses que iam à frente e também nãohavia hipótese de aguentar a primeiralinha. Mas aguentou-se nas linhas deretaguarda, porque receberam reforços.Estávamos em abril de 1918 e os Por-tugueses não atuaram sozinhos, atua-ram integrados numa força. Não foiuma derrota portuguesa. Os Portugue-ses contribuíram decisivamente para avitória da I Guerra Mundial. Cincomeses depois, as ações dos Portugue-ses em La Lys foram uma contribuiçãopara a vitória das tropas aliadas e issoé que deve ser apontado aos Portugue-ses. Eu insisto que não foi uma derrotadas forças portuguesas!

No entanto a participação portuguesapassa completamente despercebidaem França. São rarissimos os livros dehistória que falem disso…Passa despercebido em termos estra-tégicos, mas não localmente. As pes-soas conhecem os cemitérios e falamdessa participação.

Presidente da Liga dos Combatentes

Por Carlos Pereira

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CENTENÁRIO 09

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Marcelo agradeceu a Paris por ter chamado «Avenue des Portugais» a uma artéria de Paris

Foi inaugurada no domingo passado,na Avenue des Portugais, em Paris,uma placa evocativa do centenário daparticipação dos Portugueses na IGuerra Mundial, descerrada pelo Pre-sidente da República portuguesa,Marcelo Rebelo de Sousa, na compa-nhia do Primeiro Ministro AntónioCosta, do Ministro da Defesa José Aze-redo Lopes, da Maire de Paris AnneHidalgo e da Secretária de Estadofrancesa da Defesa Geneviève Dar-rieussecq.«Esta placa representa o símbolo comque as autoridades portuguesas pre-tendem manifestar o seu reconheci-mento à Mairie de Paris, que no dia14 de julho de 1918 decidiu home-nagear os Soldados portugueses doCorpo Expedicionário Português, atri-buindo a esta avenida o atual nome de‘Avenue des Portugais’» disse o Em-baixador de Portugal, Jorge Torres Pe-reira, numa intervenção introdutória,em português.A «mais pequena avenida de Paris»estava cortada ao trânsito. Para alémdas personalidades que procederam àinauguração, estavam presentes asprincipais autoridades militares portu-guesas e uma delegação portuguesade 9 Deputados: os dois Deputadoseleitos pela emigração, Carlos Gonçal-ves (PSD) e Paulo Pisco (PS), o Presi-dente da Comissão parlamentar dedefesa, Marco António Costa (PSD), oPresidente da Comissão parlamentardos negócios estrangeiros, SérgioSousa Pinto (PS), e um Deputado decada grupo parlamentar: Berta Cabraldo PSD, Paulo Trigo Pereira do PS,Telmo Correia do CDS, Carla Cruz doPCP e João Vasconcelos do Bloco deEsquerda.Também estava presente a Deputadafrancesa Christine Pires-Beaune, de

origem portuguesa.Depois de agradecer à Maire de Parise à Secretária de Estado francesa daDefesa, Marcelo Rebelo de Sousa con-fessou que «esta cerimónia é muitoimportante para nós todos, os Portu-gueses, mas também para nós todos,os Franceses. É muito difícil de veruma diferença entre as duas pátrias,quando se trata de uma Comunidadecomo a Portuguesa presente aqui, nomomento em que evocamos os nossossoldados que se bateram por Portugal,claro, mas também pela França».Logo em frente estavam representan-tes das Ligas dos Combatentes deParis (Georges Viaud) e de Lillers (Fe-lícia de Assunção Pailleux). Apenasestava ausente o Núcleo de Bordeauxda Liga dos Combatentes, porque es-tava precisamente em viagem para oNorte e vai participar amanhã nas co-

memorações de Richebourg e de LaCouture.A Filarmónica Portuguesa de Paristocou alguns temas e estavam aindapresentes elementos de um grupo fol-clórico.Olhando para a placa onde se lê «Ave-nue des Portugais», o Presidente daRepública, que se exprimia em fran-cês, fez referência à «longa história deamizade e de fraternidade» entre osdois países, «que tem séculos, masque está sempre presente, quando es-tamos juntos na Europa, quando nosbatemos juntos na Europa, por umaEuropa mais justa, mais forte, maispotente no mundo, e agradeço peloque a França faz todos os dias, pelosmilhares e milhares de Portugueses,mais de um milhão, um milhão emeio, com os seus descendentes quetambém são Franceses, mas que

nunca esquecem as suas raízes».«E é por isso que termino estas pala-vras em português» disse Marcelo Re-belo de Sousa, passando depois aexprimir-se na língua de Camões.Destacou o facto de estar acompa-nhado pelo Primeiro Ministro, pelosDeputados, pelas Autoridades milita-res, «e com o nosso Embaixador queé o representante permanente do Es-tado português. Todos juntos, comosempre, ultrapassando aquilo que émenor e é secundário, juntos no queé essencial e o essencial hoje é evocaros melhores de todos nós, que se ba-teram há 100 anos, por Portugal epela França».O Presidente da República evocou «anossa amizade e também a nossaforça. Sim, a nossa força, Portugue-ses. Somos fortes. Somos fortes nonosso território e somos fortes fora do

nosso território. Fortes mesmo nosmomentos mais difíceis. Acabamospor vencer sempre. É a vossa expe-riência, o vosso exemplo. Todos os queaqui estão e muitos, muitos mais, soistodos Portugueses fortes e em nomede Portugal, também isso vos queriaagradecer».Talvez umas duzentas pessoas se-guiam à distância, separados por umabarreira de proteção. Chamavam porMarcelo para o cumprimentar. Mas oPresidente fez questão de cumpri-mentar primeiro os vários empresáriosque estavam presentes, entre os quaiso Presidente da Câmara de comércioe indústria franco-portuguesa, CarlosVinhas Pereira, e o empresário ManuelSoares, da empresa Real Marbre, que,segundo o Embaixador de Portugal,ofereceu a placa de mármore que foidescerrada. Cumprimentou depois aBanda Filarmónica, os representantesdas associações de antigos combaten-tes e lá foi cumprimentar o público.«Não se esqueça de nós» disse-lheuma senhora antes de o abraçar.«Venha cá mais vezes» lançou-lhe umhomem logo ao lado.A placa agora descerrada tem a men-sagem «Homenagem de Portugal aosCombatentes da Grande Guerra/ Hom-mage du Portugal aux Combattants dela Grande Guerre», com a legenda«Centenário/ Centennaire» e a inscri-ção «Paris, 1918/2018».Vai ficar guardada enquanto duram asobras na fachada do Hotel Raphael. Éneste hotel que vai ser colocada, tal-vez do lado da avenida Kléber e o Em-baixador de Portugal agradeceupublicamente à administração dohotel.Visivelmente contente estava o histo-riador Georges Viaud, recentementeeleito Presidente da Liga dos Comba-tentes de Paris, principal instigadordesta iniciativa.

Por Carlos Pereira

A dois passos dos Champs Elysées

Le 11 avril 2018

Tributo de Marcelo Rebelo de Sousa aos mortos da I Guerra Mundial no Arco do TriunfoO Arco do Triunfo não tinha tantagente como se podia esperar, mas ahomenagem ao Soldado desconhe-cido teve a dignidade que merecia ter.O Presidente Marcelo Rebelo deSousa e o Primeiro Ministro AntónioCosta, chegaram juntos à rotundamais conhecida de Paris. A espera es-tava a Maire de Paris, Anne Hidalgo,a Secretária de Estado francesa daDefesa e o Governador Militar deParis.Debaixo do Arco do Triunfo, entre re-presentantes de entidades como oNúcleo de Paris da Liga dos Comba-tentes, encontravam-se a assistir al-guns descendentes de soldadosportugueses que participaram no con-flito mundial, o Chefe do Estado-MaiorGeneral das Forças Armadas, Almi-rante António Silva Ribeiro, o Ministroda Defesa, José Azeredo Lopes, alémde Deputados de todos os Partidosportugueses com assento parlamentar.Antes do Presidente da República

chegar, foi lembrado aos participantesque a cerimónia do «reavivar dachama» tem lugar todos os dias, àmesma hora, desde 1923.

Os Hinos de Portugal e da Françaforam cantados pelos alunos das 4Secções internacionais portuguesasde Saint Germain-en-Laye, Paris Mon-

taigne, Paris Balzac e Chaville. Depoisfez-se um minuto de silêncio.Num dos espaços laterais do Arco doTriunfo estavam dezenas de autarcas

portugueses que se associaram a estahomenagem ao Soldado desconhe-cido, no quadro das comemorações docentenário da Batalha de La Lys.

Por Carlos Pereira

LusoJornal / Mário Cantarinha LusoJornal / Mário Cantarinha

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10 CENTENÁRIO

Deux expositions «Amours suspendues» et «Racines» - étonnantes découvertes

Ça y est, les célébrations du cente-naire de la Bataille de La Lys ont com-mencé.Comme l’a bien dit le sous-Préfet, lorsde son allocution à Richebourg cevendredi 6 avril, les commémorationsdu centenaire 14-18 ne sont pas pourfêter une victoire, mais pour célébrerle souvenir de tous ceux qui ont parti-cipé à une guerre absurde. On célèbrele souvenir des combattants de toutesnationalités confondues.Rendez-vous a été donné à la pressepour la présentation de l’exposition«Amours suspendues» à Vieille-Cha-pelle, village totalement détruit, maisreconstruit notamment à l’aide defonds en provenance d’un village an-glais.Aurore Rouffelaers, Commissaire del’exposition a mis l’accent sur le ca-ractère inédit de ce type d’expositionen provenance de la collectiond’Afonso Maia. Ce sont des cartespostales et lettres choisies et tra-duites, parmi les 150 autres, qui re-flètent un état d’esprit qui évoluera aulong des mois parmi les troupes por-tugaises.Il a été fondamental pour les soldatsde toutes nationalités, toutes ces let-tres qui arrivaient parfois deux à troisfois par jour au front. On estime à 10milliards le nombre de courriers en-voyés et reçus par les soldats, toutesnationalités confondues.Aurore Rouffelaers et l’Office du Tou-risme de Béthune Bruay ont fait untravail exceptionnel. Elle a su, par ail-leurs, intéresser les différents acteurssur le terrain.Pour l’exposition des «Amours Sus-pendues» l’accueil des enseignants aété enthousiaste. Ils ont travaillé lethème de la Bataille de La Lys, no-tamment avec les enfants de l’école.Ces mêmes enfants qui au CimetièreMilitaire Portugais de Richebourg in-terpréteront les hymnes Portugais etFrançais.L’image et forte et symbolique:«Amours suspendues»… Ce sont desfiancées qui restent au Portugal, lesparents, le cousin, la tante… «Amourssuspendues» aux lettres qui vont, qui

viennent… «Amours suspendues» auxdangers et péripéties de la guerre…«Amours suspendues»… les lettressont suspendues au haut plafond dela salle de la halte-garderie par unsimple fil… fragile... mais essentiel,comme fragiles et essentiel a été toutce courrier pour le moral des troupes.Tout courrier envoyé et reçu par lessoldats portugais passait par la cen-sure... il fallait un peu de ruse pourfaire passer les messages. On re-marque une certaine évolution dansles thèmes traités: courrier très chasteau début de la participation portu-gaise à la guerre, plus expressif et ex-plicite sur le manque physique et avecdes demandes... demandes d’argentnotamment, vers la fin du conflit.

«Racines»La deuxième exposition à laquelle lapresse a été conviée, a été celle de Ri-chebourg à la salle Paul Legry qui apour titre «Racines».Ce sont 19 récits de soldats portugaisde la 1ère Guerre et de leurs familles.Des gens qui au départ n’avaient rienà dire… et pourtant tant de chosessont dites sur les 19 portraits. Chaquefamille avec la même histoire… celled’être d’origine portugaise par leur pèrequi a combattu en France… et tousdifférents... par leur histoire très per-sonnelle.

Dix-neuf récits de gens qui n’avaientrien à dire… et pourtant. Des famillesqui cherchaient leurs racines… quil’ont retrouvées, pour quelques-unes…des familles qui finalement avaient be-soin de parler, d’ouvrir leur boite in-time, personnelle, mais aussi d’ouvrirla boite jamais ouverte depuis 1918dans laquelle on va découvrir une, desdécorations, des familles qui se décou-vrent.Dix-neuf portraits d’une recherche ar-tisanale inédite et pas encore abordéedans la littérature jusqu’à présent. Untravail énorme d’Aurore Rouffelaers,des horizons qui se sont ouverts, undébut d’autres témoignages vont arri-ver… le sentir de ceux qui ont et quivont témoigner, en se disant: en fin decompte on n’est pas tout seuls… y apas que moi qui cherche une paternité,qui cherche à faire disparaître le senti-ment d’apatride.Dix-neuf portraits de soldats qui tousont cherché à s’intégrer, 17 ont ob-tenu la nationalité française, quin’ont volontairement pas voulu trans-mettre la langue de Camões, deshommes qui pour quelques-uns ontparticipé à la 2ème Guerre Mondialeen tant que Français, qui ont fait dela Résistance. Les descendants eux?Ils souhaitent et veulent assumer la«portuguitude».On a senti Aurore Rouffelaers émue,alors qu’elle prend la parole au mo-

ment de présenter l’exposition à tousceux qui, nombreux, sont venus voirl’exposition, se voir... les témoins. Il y acomme qu’une reconnaissance, enfin,dirions-nous. Quelques-uns parmi biend’autres. D’autres qui ont une mère,mais qui parfois n’ont jamais connu lepère. On estime 50 le nombre de nais-sances d’enfants de père portugais,d’amours sans suite.On sent Aurore Rouffelaers émue,presque en pleurs. L’exposition «Ra-cines» c’est son bébé, c’est de saconception, un aboutissement. Felicia,sa grand-mère porte-drapeau, qui vienttout juste de fêter ses 92 ans, enpleure, des pleures de gratitude enverssa petite fille.C’est pour Aurore Rouffelaers un pre-mier aboutissement, le début d’autresrencontres... n’est-ce pas là une preuved’amour pour les siens, un désir departage avec les autres?Le Consul Honoraire du Portugal à Lilleparle de sa récente découverte: sacampagne est petite-fille de soldat por-tugais. Un exemple parmi d’autres.Pourquoi autant de temps avant d’enparler? Bruno Cavaco dit que tous cestémoignages sont d’une importancecapitale pour les générations qui vontsuivre.La Députée Marguerite Deprez, se ditémue. Que cela fait du bien de se res-sourcer et au même temps de partagerune page d’histoire, une page d’histoire

qui est à partager avec nos enfants, lepartage des souffrances, le partage dela paix.Le sous-Préfet félicite Aurore Rouf-felaers pour le travail accompli et re-mercie toutes les forces vives quiont contribué à mettre en place detels moments, se souvenir de tousceux qui ont participé à la 1èreGuerre Mondiale.S’ensuit un moment de partage,moments émouvants, moments derassemblement, de photos de des-cendants, de témoins.Nous rencontrons Jorge Vaz Gomes,qui filme, qui cherche son arrière-grand-père. Sa mère, Celestre NobreVaz, a une photo et elle nous la mon-tre. Elle sait que son grand-père estprobablement dans la photo mais nesait pas lequel c’est. Elle demande,elle se demande si son autre familierdont ils n’ont de nouvelle, ManuelAntónio Casalta ne serait-il pas en-terré dans le Cimetière Militaire Por-tugais de Richebourg. João Marquesavait la liste. Il semblerait qu’il n’ysoit pas, ou peut-être, est-ce un dessoldats inconnus parmi les centainesqui y sont.Beaucoup est en train d’être écrit surla participation portugaise dans lapremière Guerre Mondiale. Beau-coup reste à dire. La preuve? Les ex-positions et les portes qu’elles ontentrouvert.

Centenaire de la Bataille de La Lys

Par António Marrucho

Le 11 avril 2018

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CENTENÁRIO 11

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Concert de Fado d’Ana Lains à Béthune: un moment magique

Elle est bien portugaise. Jugez-en parson nom complet: Ana Margarida Lainsda Silva. Et quoique originaire de la ré-gion de Ribatejo, plus précisément dela ville de Torres Novas, elle est néepour la chanson de Lisboa, le Fado.Ana Lains nous a scotché, nous a faitbouger. Plus d’une heure et demie despectacle... de bonheur! Et quelle pré-sence sur scène! Elle occupe l’espace,elle joue un fado presque théâtral. Elleemmène le spectateur tout prèsd’elle... sur scène.Quel dommage que le Théâtre de Bé-thune n’ait été qu’à moitié plein…Pour tous ceux qui ont occupé l’autremoitié, Ana Lains leurs laissera un bonsouvenir.Le Portugal a la chance d’avoir actuel-lement des interprètes de Fado d’unequalité rare. Il n’y a pas un Fado... il ya des Fados. Chaque artiste le fait évo-luer en intégrant de nouvelles sonori-tés, de nouveaux instruments. AnaLains en fait partie.Sur scène elle n’est pas seule. Ellenous a présenté deux fois ses musi-ciens, au début et à la fin du spectacle:au piano Paulo Loureiro, à la guitareportugaise Bruno Chaveiro, à l’accor-déon Carlos Lopes, à la basse HugoGanhão et aux percussions JoãoCoelho.Ana Lains avec ses chansons, sesfados, nous a fait un voyage au Portu-gal: un voyage dans l’espace maisaussi dans le temps. Dans son premierfado, elle nous parle de son amour aveclequel elle s’est fâchée, et elle nous

surprend avec une chanson dans ladeuxième langue du Portugal: le mi-randês.On voyage dans le temps, on remontehuit siècles en arrière pour écouter unechanson écrite pour le roi D. Dinis, engalaico-portugais. De noter qu’AnaLains, en 2014, a été ambassadricedes commémorions autour de lalangue portugaise. Est-ce une des rai-sons pour laquelle elle a été choisiepour que son spectacle s’intègre dansles commémorations du Centenaire dela Bataille de la Lys?Pour certaines de ses chansons, AnaLains nous demande de fermer lesyeux et d’ouvrir nos cœurs.

Déjà petite, elle aimait Florbela Es-panca. Elle la chante dans son premierCD. Elle nous chante la vie et ses in-quiétudes, de ses chemins, de noschemins, de nos vies. Inspiration quilui vient d’un homme du nord du Por-tugal: Jorge Fernando. Elle fait appelau public, le public qui essaye dechanter, tape dans les mains.Le silence se fait pour écouter unechanson de sa «professeure», DulcePontes, mondialement connue: «Can-ção do mar». L’interprétation est su-blime, le silence de la salle pourl’écouter en dit long.Elle nous fait rappeler par une de seschansons que «nous mourrons douce-

ment... et que nous naissons par lematin».Ana Lains, s’émut avec le Fado tradi-tionnel, difficile de contenir ses émo-tions. Elle nous chante un fado d’il y adeux siècles, il avait été interprété parl’aristocrate Maria Teresa de Noronha.Accompagnée au piano, elle nous parledu temps, de la vie, des heures quipassent, elle fait participer le public,lui demande de danser tout en se po-sant la question: «O tempo perguntouao tempo quanto tempo o tempotem…».Le voyage continue, elle nous parle decertains instruments traditionnels dufolklore portugais, elle interprète «Sen-

hora do Almotrão» tout en jouant avecun «adufe», instrument traditionnel deBeira Baixa.La musique qui paraît triste, libèreselon Ana Lains. On arrive à la fin duspectacle, après des applaudisse-ments, les musiciens reviennent surscène, presque à genoux elle nous in-terprète «Je ne regrette rien» de Piaf,d’une façon magistrale, terminant avecun Fado traditionnel: «Não passes naminha rua».L’heure et demie du spectacle a vitepassé. Ana Lains, un nom à retenir,une artiste pleine de talent, une bellevoix qui peut s’adapter à tout type dechansons.

Par António Marrucho

Dans de cadre du Centenaire de la Bataille de La Lys

Le 11 avril 2018

Exposição em Arras mostra visões de três artistasportugueses sobre a Grande Guerra

Um século depois da participaçãoportuguesa na Grande Guerra, a ci-dade francesa de Arras expõe obras deum pintor que esteve na frente de ba-talha, Adriano de Sousa Lopes, asso-ciado aos contemporâneos AlexandreConefrey e Daniel Barroca.A exposição «Le Portugal au Front: Vi-sions d’artistes (1918-2018)» estápatente de 9 de abril a 7 de maio, noMuseu das Belas-Artes de Arras, ejunta 16 desenhos de Sousa Lopes,32 desenhos de Alexandre Conefrey eum vídeo de Daniel Barroca.Foi inaugurada na segunda-feira destasemana pelo Primeiro Ministro Antó-nio Costa.A mostra é comissariada por João Pi-nharanda, Conselheiro cultural daEmbaixada de Portugal em França,que quis juntar imagens centenáriasdo Capitão do serviço artístico doCorpo Expedicionário Português (CEP)a trabalhos de artistas de hoje que«repensaram a Primeira Guerra Mun-dial a partir de linguagens contempo-râneas».De Adriano de Sousa Lopes (1879-1944), o «oficial-artista» que acom-panhou os soldados lusos nos camposde instrução e nas trincheiras, sãoapresentados 16 desenhos documen-

tais, realizados a carvão, «datáveis de1917-1918».Uma parte são desenhos para instru-ção das tropas que mostram posiçõesde ataque, de defesa, movimentos demanejamento das armas, de lança-mento de granadas e técnicas decombate, e outra parte é constituídapor obras que retratam «o quotidianoda guerra, nomeadamente, os bom-bardeamentos do 09 de abril» da Ba-

talha de La Lys, onde o CEP foi des-troçado pelos alemães.De Alexandre Conefrey, que nasceuem 1961 e que «sempre trabalhoumuito longamente questões deguerra», são mostrados 32 desenhosinéditos e realizados este ano sobre«episódios da Primeira Guerra Mun-dial» a partir de imagens tiradas daInternet e que ilustram «momentos davida quotidiana dos soldados nas trin-

cheiras».No fundo, são «séries repetitivas sobreimagens idênticas que tornam colori-das imagens que eram a preto ebranco» e que se declinam tambémem termos formais, tornando «maisangustiantes imagens que já são an-gustiantes porque se repetem muitasvezes», descreveu João Pinharanda.Daniel Barroca, nascido em 1976 eque também se debruça frequente-

mente sobre o tema da guerra em ví-deos que ilustram «campos de ruína»,apresenta um vídeo de 2003 que usaarquivos da batalha de Verdun e que«interroga a fiabilidade das imagensna reconstituição e perenidade da me-mória, no testemunho documental daviolência e da morte».O Comissário da exposição sublinhou,também, que quer «atualizar uma re-flexão que hoje não tem ingenuidadenenhuma e que tem de ser muito crí-tica sobre a questão da guerra e daviolência».«No fundo, não é nada que não tenhasido feito porque o Goya já fez no sé-culo XIX uma série chamada ‘Os De-sastres da Guerra’, mas às vezesjulgamos que a guerra são jogos deguerra, mas não são jogos de guerra,são desastres», explicou.No catálogo que acompanha a expo-sição, João Pinharanda acrescentaque a mostra «pretende revelar aainda pouco conhecida presença eação das tropas portuguesas no de-curso da I Guerra Mundial» e «resga-tar a memória desses soldados»,realizando-se em Arras que é, ao ladode Lille, uma das «duas cidades ho-menageadas pelo Estado portuguêscom o grau de cavaleiro da Torre e Es-pada», por terem acolhido os portu-gueses depois da Batalha de La Lys.

Por Carina Branco, Lusa

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12 CENTENÁRIO

Association Memória Viva: «Maudite soit la guerre»

Sous la devise «Maudite soit laguerre», l’Association Memória Viva arendu hommage, les 7 et 8 avril, auxsoldats du Corps Expéditionnaire Por-tugais morts sur les champs de ba-taille en Flandre française.Ainsi, dans le cadre du Centenaire dela Bataille de La Lys, qui eut lieu le 9avril 1918, une quarantaine d’adhé-rents et amis de l’Association Memó-ria Viva ont tenu à saluer la mémoirede ces milliers de soldats portugaisenvoyés se faire tuer dans les tran-chées, dans cette large plaine où laLys étale ses méandres.Des 55.000 soldats du Corps Expédi-tionnaire Portugais qui ont débarquéà Brest en février 1917, avant d’at-teindre l’enfer des combats, plus de2.000 sont morts, des milliers d’au-tres ont été blessés, faits prisonniersou ont déserté.Ce voyage-hommage a débuté par lavisite des sites de mémoire portugaisles plus importants, situés dans le dé-partement du Pas de Calais, régiondes Hauts-de-France. Suivant un iti-néraire proposé et commenté par Ber-trand Lecomte, professeur d’histoireet auteur du livret «Les troupes portu-gaises en France, 1917-1919», lapremière étape du circuit a com-mencé par une déambulation pédes-tre à Neuve-Chapelle, communesituée sur la ligne de front tenue parles Portugais.Le deuxième arrêt a eu lieu à La Cou-

ture, autour du monument commé-moratif portugais, avant la visite duCimetière Militaire Portugais, à Ri-chebourg, situé dans la zone des an-ciennes tranchées, et où reposentaujourd’hui plus de 1.800 soldatsportugais.Les deux dernières étapes ont étéconsacrées à la visite des tombes por-tugaises qui se trouvent dans le cime-tière allemand de la commune deSalomé et la découverte du dispositifmilitaire allemand installé au lieu-ditLa Bouchaine, commune de Illies.En traversant plusieurs communes dusecteur portugais on pouvait aussi voir,en plein air, des photos grand formatprésentées sous le titre «visages ducombat»: l’infirmière Maria Francisca

Dantas Machado (Neuve-Chapelle), lecolonel Bento Roma (La Couture), lessoldats João Assunção (Richebourg)et Milhões (Vieille-Chapelle), ainsi quele général Tamagnini (Saint-Venant).En fin d’après-midi, le groupe a pudécouvrir, à l’église de La Couture,une très riche exposition photogra-phique sur le Corps ExpéditionnairePortugais en France et assister à laprojection de la version résumée dufilm documentaire «Soldado Nobre»,en présence du réalisateur, Jorge VazGomes, arrière-petit-fils d’un soldatdu CEP, originaire de Sabugal. À partirde la photo d’un groupe de soldats,Jorge Vaz Gomes tente de retrouver,en vain, les traces de son aïeul.Faisant de cette quête individuelle

une quête collective, son travail de re-construction de la mémoire aboutit àun documentaire extrêmement beauet émouvant.Le point fort de ce voyage mémoriel aété la visite au Cimetière Militaire Por-tugais, le lendemain, à Richebourg,où une couronne de fleurs a été dépo-sée au nom de l’Association MemóriaViva, avec l’inscription «Maldita sejaa guerra - 1918-2018» (Maudite soitla guerre - 1918-2018).Cette cérémonie a été suivie de la lec-ture d’une dizaine de lettres de pri-sonniers, extraites du livre de MariaJosé Oliveira «Prisioneiros portu-gueses da primeira guerra mundial»,lettres écrites en décembre 1918mais jamais arrivées à leurs destina-

taires, le plus souvent à cause de lacensure. Les lectures ont été accom-pagnées musicalement au saxophone,avec la «Chanson de Craone» (texteanonyme), «Le Déserteur», de BorisVian et «A Ronda do Soldadinho», deJosé Mário Branco. A été égalementlu le poème «Le domeur du val», d’Ar-thur Rimbaud.L’hommage aux soldats qui reposentau Cimetière de Richebourg s’estachevé sur «Grândola Vila Morena»,chanson entonnée par les partici-pants, au moment même où un rayonde soleil tentait timidement de percerla brume matinale qui recouvrait laplaine de la Lys.L’exposition «Portraits photogra-phiques de 14-18» présentée parThierry Dondaine, de l’Association Dé-clencheurs de Mémoires, a égalementattiré toute l’attention des visiteurs. Ils’agissait de photos tirées par une ha-bitante du village de Bourecq, sur-nommée Mina, couturière improviséephotographe pendant la guerre.Le programme de ces journées s’estclôturé par la présentation et la lectured’extraits du roman «Sabino, ou lestribulations d’un soldat portugais dansla Grande Guerre» (à paraître inces-samment aux éditions Pétra), deNuno Gomes Garcia, et aussi par laprésentation du livre de Cristina Drios,«Os olhos de Tirésias». Deux romansqui, entre la réalité historique et la fic-tion, permettent d’avoir un regardmoins emphatique sur cette tragédiedu début du XXe siècle.

Hommage aux soldats du Corps Expéditionnaire Portugais

Par Dominique Stoenesco

Le 11 avril 2018

Álvaro Simões Rodrigues critica estado do Cemitério Militar Português de Richebourg

Álvaro Simões Rodrigues, um colecio-nador que tem quatro mil objetos daPrimeira Guerra Mundial em homena-gem ao avô que foi soldado, criticou oestado do Cemitério Militar Portuguêsde Richebourg.O colecionador falava à margem dacerimónia de homenagem aos comba-tentes portugueses da Grande Guerraque juntou os Presidentes portuguêse francês, Marcelo Rebelo de Sousa eEmmanuel Macron, no Cemitérioonde estão as campas de 1.831 por-tugueses.«Meteram umas plaquinhas agora emcima das campas, mas nem consegui-ram acabar. É uma vergonha. As cam-pas estão todas tortas, não tem nadaa ver com os cemitérios ingleses», la-mentou o português de 72 anos queveio para França há 54 anos.Foi também há 54 anos que começoua colecionar objetos relacionados coma Primeira Guerra Mundial, em me-mória do avô que aí combateu e detrês primos do seu pai, dois dos quaisestão enterrados em Richebourg eonde, na segunda-feira, colocou duasbandeiras portuguesas.Em 11 de junho de 2016, aquandoda visita a este cemitério pelo Presi-dente da República e pelo Primeiro-Ministro, Álvaro Simões Rodrigueschamou António Costa e foi mostrar-lhe o estado das lápides de granito,muitas delas apagadas, pedindo-lhe

para intervir na reparação.Dois anos depois, para o Centenárioda Batalha de La Lys, foram coloca-das em cima das lápides pequenasplacas em metal com o nome dos sol-dados, houve obras para limpar o por-tão de ferro forjado, o altar e asparedes do cemitério estão hoje semas placas comemorativas que foramsendo colocadas ao longo dos anos edas visitas de diferentes personalida-des.Entre armas, uniformes, capacetes,cartucheiras e cartas de amor, sãocerca de quatro mil os objetos que Ál-varo Simões Rodrigues juntou em ho-menagem ao avô, pescador debacalhau, que foi feito prisioneiro

pelos alemães em 1917, mas viria aintegrar o Corpo Expedicionário Por-tuguês como soldado auxiliar.«O barco de pesca de bacalhau ondeele estava chamava-se Loanda e foifundeado em 1917 por um subma-rino alemão ao largo da costa portu-guesa. Foi feito prisioneiro e fugiu dobarco alemão a nado porque como erapescador de bacalhau e levava muitobacalhau para a Noruega, conheciamuito bem a costa francesa. Quandopassou ao largo de Dunquerque man-dou-se à água, à noite. Foi apanhadopelas tropas inglesas que o levarampara as tropas portuguesas», contou oneto que vive em França desde 1964.O avô participou na Batalha de La Lys,

em 09 de abril de 1918, tendo ficadoferido nas pernas por uma granada esido repatriado em fevereiro de 1919para Portugal, sem nunca ter recebidoum apoio para veteranos de guerra.A ferida acompanhou-o toda a vida eem 1965 foi amputado de ambas aspernas, acabando por morrer a 31 dedezembro de 1965, sem que o netose pudesse despedir por ter fugido daditadura para França. «Fiz a minhacoleção pelo meu avô, um homem dequem eu gostava muito, que eramuito especial. O meu museu é umahomenagem ao meu avô e a todos oscombatentes que se bateram nestaguerra, seja soldado alemão, inglês,francês ou português porque todos ti-

nham mãe, pai, mulher, filhos e mor-reram todos por culpa de alguns polí-ticos», lançou.O interesse pela história do avô nastrincheiras francesas nasceu em1963, na «última vez» que estevecom ele, aos 17 anos, quando o avôlhe contou a história que até aí tinhaguardado em silêncio.«Fui com ele ao monumento aos mor-tos da Grande Guerra a Lisboa e foi aíque ele me falou da guerra dele por-que nunca falava disso. Para ele,aquilo era um passado. Nunca metinha falado da guerra dele. Ele tinhauma lembrança alemã na gaveta: umrevólver alemão. Quando ele morreu,eu estava cá em França e não pude ira Portugal para recuperar a arma,mas, em França, consegui arranjaruma igual e gravei o nome do meuavô», contou.A arma com o nome do avô foi a pri-meira da coleção do neto e hoje a suacasa, em Châteauneuf-sur-Cher, acerca de 250 quilómetros de Paris,transformou-se num «museu».«Tenho um museu com mais de 4 milpeças, 170 metros quadrados e o es-paço não chega. Acho que aqui emFrança, mesmo na Europa, sou umdos maiores colecionadores sobre omaterial português. Tenho peças detodas as tropas que se bateram nafrente. Tenho desde o pincel da barba,à metralhadora e de material portu-guês tenho armas, roupas, selas decavalaria, capacetes», descreveu.

Por Carina Branco, Lusa

MV2

LusoJornal / Carlos Pereira

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CENTENÁRIO 13

lusojornal.com

Visite du Premier Ministre portugais à la Mairie de Lille

La journée du 9 avril 2018 fut longuepour les personnalités portugaises envisite dans le Nord de la France lorsdes cérémonies du Centenaire de laBataille de La Lys.Pour le Premier Ministre Portugais, An-tónio Costa, elle s’est achevée par la vi-site de la Mairie de Lille.Arrivé à 19h15, le premier acte a étécelui de visiter l’exposition mise à ladisposition de l’hôtel de ville de la ca-pitale du Nord par l’Assemblée de laRépublique portugaise qui a pour titre:«Le Portugal et la Grande Guerre».Dans son allocution de bienvenue,Martine Aubry, Maire de Lille, a saluétout le corps diplomatique présent,français et portugais, et rappelle lalongue histoire qui unit la ville au Por-tugal. Un mot est adressé aux 200mille Portugais ou lusodescendants quicontribuent depuis des décennies à laprospérité de la ville et de la région.Martine Aubry a dit: «Monsieur le Pre-mier Ministre, nous vous accueillonsen digne représentant, en votre per-sonne, d’un pays qui va bien, vous in-carnez le renouveau du Portugal».Martine Aubry rappelle, les faits histo-riques: alors qu’on commémore le Cen-tenaire de la Bataille de La Lys, laMaire de Lille a une pensée particulièrepour tous ceux, 20 mille, qui se sontmontré vaillants devant une force mili-taire Allemande beaucoup plus nom-breuse, de 50 mille soldats.À la suite de la Bataille de La Lys, lesprisonniers portugais ont passé parLille. Les Allemands les faisant défilerentre la Citadelle, centre-ville et la gare.Les Lillois, au péril de leur vie, les ap-plaudissent et leur donnent ce qu'ilspeuvent pour manger et boire.En remerciant, le Portugal offre, en oc-tobre 1920, un joli coffre et la ville re-çoit du Portugal la plus hautedistinction, la décoration de l’Ordre dela Tour et de l’Épée.Après les références historiques, Mar-tine Aubry salue et félicite le Portugal,

un pays qui a passé d’un chômage de17% en 2013 à moins de 8% actuel-lement, grâce notamment à une forma-tion des salariés portugais de qualité.Alors que la croissance atteint les2,7% et que le budget est à l’équilibre,la consommation est aidée par desaugmentations salariales et des pen-sions.La relance se fait au Portugal par lesinvestissements et le développementd’activités dans les hautes technolo-gies. Le regard des chefs d’entreprisesur le Portugal a changé, même des in-dustries qui sont parties un moment,reviennent au Portugal. Le Portugal estvu comme un pays sûr et qui donneconfiance.Martine Aubry a dit que «le Portugalest un exemple pour l’Europe, exempleaussi dans l’accueil. Alors que le quotade réfugiés que le Portugal doit recevoirest de 1.600 personnes, le Portugal sepropose d’en recevoir 10.000. Alorsque l’Europe déçoit et perd quelques-uns de ses valeurs, beaucoup de re-gards se tournent vers le Portugal».La Maire de Lille termine en affirmant:«continuez, donnez l’exemple, on vousregarde comme un pays d’explora-teurs».António Costa remercie le bon accueil.Il rend hommage aux soldats portugais

qui ont vécu un vrai drame dans la Ba-taille de La Lys. Pour le Portugal celafut une grande défaite militaire. Par lamême occasion il rappelle que nousrendons surtout hommage à la Paix età tous les soldats qui ont participé auconflit.Le Premier Ministre sent un certain or-gueil car la France a honoré l’effort deguerre du Portugal, en faisant défilerles soldats portugais sur les ChampsÉlysées dès le 14 juillet de paix.Hommage appuyé a également étéprononcé aux Portugais de la région.António Costa explique que «noussommes des amis de la France et despartenaires de l’Europe, notre amitiéest une amitié de sang et de valeurs.Dans les moments difficiles, il faut sa-voir choisir, c’est ce défi que l’Europedoit suivre».Geneviève Darrieussecq, Secrétaired’État auprès de la Ministre de la Dé-fense se réjouit de cette belle journéedu 9 avril 2018, journée exception-nelle d’hommage aux 55 mille com-battants portugais. Ce sont deshommes qui ont fait honneur à leurdrapeau et qui ont été applaudis le 14juillet 1919 dans le défilé sur lesChamps-Élysées. En remerciement, laFrance nommera une avenue de Paris,d’Avenue des Portugais.

La Secrétaire d’État en s’adressant àAntónio Costa dira que «vous êtes chezvous à Lille, mais vous l’êtes aussi dansbien d’autres villes en France. Cela re-flète la grandeur du pays que vous re-présentez. La France ne vous oublierapas».Le Portugal sera un des invités, parmiles 80 hôtes que la France et son Gou-vernement vont inviter, pour la célébra-tion du 11 novembre, date de del’Armistice, et de la fin des célébrationsdu Centenaire.Cela sera un grand moment. L’Europeet les pays transatlantiques iront célé-brer la paix, la mémoire partagée, touten rappelant que le travail n’est pasterminé, la paix qui est si précieuse etsouvent en danger.Une plaque commémorative a été dé-voilée par Martine Aubry et AntónioCosta.Martine Aubry a offert à António Costaune lithographie montrant la ville deLille et dans l’autre sens, ce sont desproduits traditionnels portugais quisont offerts.Avant le cocktail, David Vasconcelos etEstrela de l’Association Ibérica de Se-clin, ont enchanté par la voix et ladanse.Voilà, une visite qui laissera des souve-nirs.

Par António Marrucho

Prémio Argus d’Or para a FidelidadeFrança com a oferta MultisantéA Fidelidade França ganhou, pelo se-gundo ano consecutivo, o prémioArgus d’Or 2018 na categoria do Me-lhor Seguro para affinities. Este ano,ganhou graças ao produto Multisanté,que é o seguro de saúde bilateralentre França e Portugal.O prémio foi entregue na passadaterça-feira, dia 3 de abril, em Paris.A cerimónia dos Argus d’Or, que já vaina sua 14ª edição, é organizada peloArgus de l’Assurance, consideradacomo a primeira fonte de informaçãopara os profissionais dos seguros emFrança. A cada ano, a entidade pre-meia as melhores seguradoras em di-ferentes categorias de atuação.Nesta edição, para as 13 categoriasem concurso, a organização diz ter re-cebido 111 candidaturas de váriasempresas.Os prémios galardoaram as estratégiasmais inovadoras nos seguros de vida

e saúde, seguros patrimoniais e aci-dentes, no marketing, na inovação eseguros para affinities.O Júri recompensou a oferta Multi-

santé «quer pela vertente inovadorade um produto ‘transnacional’ emsaúde quer pela variedade de serviçosque a mesma garante» diz uma nota

de imprensa da Fidelidade. «Este pro-duto apresenta várias vantagens parao cliente, nomeadamente pelo factode ser prescrito um só contrato, comuma cobertura de despesas bilateral,entre França e Portugal, com um pré-mio equivalente a um seguro básicode saúde em França, mas com umarede de atendimento privilegiada compreços negociados em Portugal. Asubscrição deste produto pode serefetuada através da agência Fideli-dade, em Paris, através da rede deparceiros, ou no site fidelidade.fr, enão implica o preenchimento de umquestionário de saúde. Após o feed-back positivo junto da comunidadefrancesa, o próximo objetivo passa porlevar esta oferta ao público que sedesloca constantemente entre Portu-gal e França, e que possa beneficiardas vantagens que o Multisanté ofe-rece».

Pour terminer sa visite en France

Le 11 avril 2018

«De la famille»,Valério Romão

Depuis lapub l i ca -tion deson pre-m i e rr o m a n ,« A u -t i s m e » ,V a l é r i oR o m ã oo c c u p epeu à peuune place

importante parmi cette nouvellegénération d’écrivains portugaisqui nous proposent un nouveautype d’écriture marquée par lafragmentation du discours et parun rythme soutenu. Né en 1974,en France, où ses parents avaientémigré, après l’école primaire Va-lério Romão rentre au Portugal età la fin de ses études en philoso-phie il se consacre à l’écriture.«De la famille» (éd. Chandeigne,traduction d’Elisabeth MonteiroRodrigues) est un voyage à l’inté-rieur des relations familiales. À tra-vers les onze nouvelles de ce livrel’auteur explore certaines situationslimites de l’expérience humaine.Sans chercher la compassion dulecteur, tour à tour absurde et drôle,Valério Romão nous fait découvrirun monde où règnent souvent l’in-communicabilité, la souffrance etle jeu des pouvoirs. Comme à l’in-térieur d’un laboratoire, ses person-nages se mélangent et réagissentfortement les uns par rapport auxautres, favorisant ainsi l’observationde ce qui se passe dans un milieuassez clos qu’est la famille.De la nouvelle «Peu à peu on a ou-blié grand-mère», que l’auteurdédie à Alex Gozblau, l’illustrateurde la couverture du livre, nous re-produisons ces quelques lignes:«Quand Alzheimer a frappé magrand-mère de plein fouet, mamère nous a réunis dans la cuisineet, les yeux embués de larmes, in-terrompant coup sur coup son dis-cours pour se moucher avec lessopalins dont elle faisait un petittas généreux, sur la table, ellenous a dit que grand-mère allaitpartir, parce que c’était le médecinqui lui avait dit - votre mère, ma-dame, a une maladie dégénéra-tive, qui va lui faire perdre sesfacultés et, dans la phase la plusavancée de la maladie, sa proprepersonnalité, vous devez donccommencer votre deuil dès à pré-sent, car ce sera une mort lente etdouloureuse, je ne vous le cachepas - et elle nous a chargés, sur-tout les plus jeunes, mon frère etmoi, de lui tenir compagnie etd’être attentifs à toute farce invo-lontaire qu’elle serait susceptiblede faire».

DominiqueStoenesco

Un livre par semaine

Lusa / Mário Cruz

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Sandra Nunesé a nova Miss Portugal Régions deFrance 2018

Sandra Nunes, com 25 ans, foi deParis até Clermont Ferrand para sereleita, este sábado passado, Miss Por-tugal Régions de France 2018.A eleição foi organizada, como habi-tualmente, pela associação Os Cam-poneses Minhotos de ClermontFerrand, na sede da associação, napresença de cerca de 200 pessoasque encheram a casa.A Primeira Dama de Honra é Vânia deOliveira Ferreira, com 23 ans, deThiers (63) e a Segunda Dama deHonra é Tiffanie Pereira de Castro,com 18 ans, de Montluçon (03).Durante um ano Sandra Nunes vai terde participar em eventos relacionadoscom a Comunidade portuguesa e vairepresentar as Portuguesas de Françanum concurso em Portugal.

14 CULTURA

José Rodrigues dos Santos respondeu aos alunos da Universidade Jean MonnetNo passado dia 29 de março, a Univer-sidade Jean Monnet, em Saint Étienne,recebeu o jornalista e escritor José Ro-drigues dos Santos, no âmbito do pro-grama cultural da «Primavera dosPoetas».O evento, organizado pelo Leitorado dePortuguês da Universidade Jean Monnetde Saint Etienne, em parceria com oInstituto Camões e o Departamento deEstudos Políticos e Territoriais, contoucom mais de uma centena de estudan-tes e público exterior.José Rodrigues dos Santos proferiu umaconferência sobre regimes autoritários,na qual foram abordadas questões sig-nificativas sobre o regime ditatorial emPortugal e em outros países europeus,esclarecendo as diferentes característi-cas dos modelos e evocando a possibili-dade ou não de uma eventual ascensão.O autor fez uso da sua experiência dejornalista e escritor para explicar o surgi-mento e funcionamento dos regimes emdiferentes tipos de Governo.José Rodrigues dos Santos concedeuuma entrevista aos estudantes de 3ºanodo curso Línguas Estrangeiras AplicadasInglês-Português, onde foi questionadosobre diferentes temas relacionados aoseu percurso e às suas obras publicadas.

Tendo em conta as diferentes funçõesque ocupa - jornalista, romancista, pro-fessor universitário, apresentador de Te-lejornal - não se torna difícil conseguirconjugar tudo?Sim, é um bocado difícil. Mas quandogostamos de fazer alguma coisa, arran-jamos sempre tempo. Gosto de fazer oque faço. Buda dizia que há uma ma-neira de nós vivermos uma vida inteirasem trabalhar: é fazer aquilo que gosta-mos, porque não parece trabalho. Eufaço as coisas que eu gosto e divirto-me.É interessante falar com pessoas, dividirideias. E, sobretudo, desafiá-las.

Nasceu em Moçambique, durante aGuerra do Ultramar, este facto teve al-guma relação com a escolha da sua car-reira como repórter de guerra?Nasci e vivi muitos anos em zonas deguerra, mas tornei-me repórter de guerraporque era professor na universidade e

tinha que fazer uma tese de doutora-mento. Foi a razão pela qual comecei atrabalhar nisso. Depois percebi que pre-cisava conhecer melhor o tema que euestava a tratar. E, portanto, comecei acandidatar-me na RTP para cobrir guer-ras. Mas posso dizer que foi apenas porrazões académicas que me especializeinesta área.

Em França é conhecido como “le roi duthriller bien informé”. O que tem a dizersobre este título?A questão é interessante. A minha ficçãoé uma ficção um pouco diferente da ha-bitual. Quando se lê um livro meu,vemos uma história de ficção, masaprende-se coisas sobre um determi-nado tema. Temos uma expressão emportuguês chamada “passatempo”. Euprocuro que os meus livros sejam umaespécie de “ganha tempo”, isto é: vocêentretém-se a ler uma história, masaprende coisas novas. Porque a verda-deira riqueza é o conhecimento. Os chi-neses têm uma frase que diz: “Quandovir um homem com fome, não lhe dêum peixe, ensine-o a pescar”. É o queeu procuro fazer nos meus livros, espa-lhar o conhecimento, fazer com que aspessoas vejam, pensem e reflitam sobreas coisas. Porque a maior barreira quetemos é a nossa própria cabeça. É onosso maior instrumento, mas tambémé a nossa maior barreira. Temos de sercapazes de nos questionarmos, de pôr

duvidas, e não apenas repetir o que osoutros dizem, mas pensarmos por nósmesmos.

Nas suas obras costumamos encontraras temáticas religiosas relacionadas coma ciência. Que razões o levam a fazê-lo?Na verdade, não é a ciência com a reli-gião, mas a política com a religião. E de-pois tem toda uma simbologia. Nademocracia também existem os ideais:como o respeito à bandeira, o respeitoao Parlamento, entre outras. Trata-setambém de uma sacralização, um sen-timento religioso na democracia e nãosomente na ditadura. A ditadura tam-bém tem essas ideias, que são na ver-dade os dogmas - uma parte que não sepode questionar. E na política não é di-ferente. Há também esta questão dosdogmas, coisas que não se podem dizer.Já tive problemas com alguns Partidospolíticos, com a igreja e com a religiãomuçulmana. O que faço, é perguntar-mesempre se é verdade ou mentira. Se éverdade, então tenho o direito de o dizer.Há pessoas que dizem que algumas ver-dades podem ser inconvenientes. Mas,para mim, como escritor, a minha pri-meira preocupação é dizer a realidade.Posso admitir não dizer a verdade emdois casos: quando alguém está prestesmorrer, por exemplo. Vale a pena dizer averdade neste caso? É algo questionável.Ou, em outro caso quando se vê uma ra-pariga feia na rua. Não vamos dizer isto.

Até porque não é uma verdade, masuma opinião. Já na política e na ciêncianão há problema. Se existe um erro,deve-se corrigi-lo. As opiniões devem serbaseadas sempre em factos. E é o queeu faço nos meus livros.

De onde vem a sua inspiração?A minha inspiração parte sempre deuma ideia, que geralmente acontece du-rante uma viagem. Quando viajo, vejocoisas diferentes, começo a pensar sobreo assunto, faço pesquisas e depois passoa ter novas ideias. E assim encontrobons materiais para escrever um livro. Àsvezes, acabo por dar-me conta de queaquele tema não é interessante. Ouentão, o que se sabe sobre aquilo, nãotem nada de especial, porque toda agente já sabe. Já me aconteceu váriasvezes eu chegar à conclusão de que ointeressante mesmo era outro tema li-gado ao anterior. Por exemplo: o meulivro “A Fúria Divina” foi um projeto quenasceu quando eu estava no Paquistão.Passando por uma livraria, encontrei li-vros que falavam sobre o projeto nuclearpaquistanês. Foi então que me questio-nei como é que um país tão falhadopodia ter armas nucleares, uma vez queo próprio regime tem ligações com Al-Qaïda. E pensei que seria um bom temapara um livro. Comecei então a pesqui-sar e a estudar como tudo funcionavapara poder construir a história e criar ospersonagens. E foi assim que me deiconta de que as ideias que eu e muitasoutras pessoas tinham não eram, defacto, verdadeiras. O que significa quese eu não sabia, muita gente tambémnão sabia. E que se eu tinha o interesseem aprender, muita gente também oteria.

José Rodrigues dos Santos conclui di-zendo que escreve para ele próprio, masque valoriza sobretudo o olhar do leitor,coisas que alguns escritores acabam pordeixar de lado. “Na verdade, não se podehaver escritores, se não houver leitores”- declara o autor.

Entrevista realizada pelos alunos: IndyeZennaf, Mickaël Castaldi e Vinicius Nas-cimento Barros

No quadro da Primavera dos Poetas

Le 11 avril 2018

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TEMPO LIVRE 15

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Boa notícia

Confiar, acreditar,saberQuem eram os discípulos? Pessoascrédulas e ingénuas? Idealistas ou so-nhadoras? Pessoas fragilizadas pelosofrimento que se deixaram enredarnuma alucinação coletiva? O Evange-lho do próximo domingo apresentauma outra versão e dá bastante relevoàs dificuldades que todos tiveram emaceitar a ressurreição de Cristo: «Es-pantados e cheios de medo, julgavamver um espírito (...) Eles, na sua ale-gria e admiração, não queriam aindaacreditar». Os apóstolos não são in-génuos e não se contentam com no-tícias em segunda mão. Precisam de“ver para crer” (como Tomé no Do-mingo passado) e mesmo quandovêem, não deixam de ser um grupodesconfiado, crítico e exigente.A ressurreição permanece um dadode fé e nem mesmo as aparições deCristo ressuscitado conseguem ga-rantir certezas cientificamente com-provadas. O encontro com Jesus vivosó é possível através um longo cami-nho espiritual e as dúvidas e hesita-ções que experimentamos na nossavida não são elementos incómodos einúteis, mas sim, partes essenciais dopercurso que leva a uma fé madura.Mesmo uma “crise de fé” não é (for-çosamente) uma coisa má! “Crise” éuma palavra de origem grega que sig-nifica “separar” ou “escolher”. Umacrise obriga-nos a tomar decisões! Eajuda-nos a reformular, repensar e,eventualmente, purificar a nossa fé!Tal como dois namorados não conse-guem encontrar a prova matemáticade serem feitos um para o outro, tam-bém a ressurreição nunca será umacerteza científica. Porém, alguns es-posos, depois de um longo caminhojuntos, conseguem dizer, sem medoe sem dúvidas: «Confiámos, acredi-támos e hoje sabemos». Com a Féacontece o mesmo.

P. Carlos Caetanopadrecarloscaetano.blogspot.com

Sugestão de missa em português:Centre paroissial Jean XXIII9 rue Rabelais94430 Chennevières-sur-MarneDomingo às 9h00

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Les Lusitanos de Saint Maurconfirment leur permanence en National 2

Menés 3 buts à 1 face à Sedan, lesLusitanos de Saint Maur ont réussi àrevenir à la marque (3-3) dans les der-nières secondes de la partie. Démon-trant qu’ils ne sont pas prêts de lâcheren cette fin de saison.A Chéron, c’est désormais une certi-tude, un match n’est jamais terminétant que l’arbitre ne siffle pas les troiscoups de la fin. Après Furiani (1-0) etSainte Geneviève (0-0) qui avait vu,respectivement, Jony Ramos transfor-mer un penalty et Rafael Moreno frap-per le poteau, c’est Sedan qui a connula réaction d’orgueil des Lusitanos.Sur un dernier corner de Leonel Alves,Jony Ramos, en deux temps, a su of-frir une égalisation inespérée dans unmatch de fou. Pourtant, au momentde recevoir le leader du Groupe C, lesLusitanos se savaient attendus. Dansun «Churrascão» retrouvé et une am-biance de feu, tout était réuni pour

faire de ce Saint Maur-Sedan, unmatch à part dans la saison.Dès les premières minutes, le ton estdonné et les deux équipes cherchentà mettre du rythme. SeulementSedan est la première équipe à semontrer dangereuse. Dominant petità petit les débats. Ouvrant même lo-giquement le score par l’intermé-diaire de son buteur Abdoul Bila à la24ème minute. En manque d’inspi-ration, les Lusitanos se laissent en-dormir par le rythme imposé par leuradversaire de la 25ème journée deNational 2. Retrouvant les vestiairesla tête basse.

Ramos sur le gongMais dès le retour de la pause, lesSaint-mauriens reviennent à la mar-que. Sur une belle action collective,Leonel Alves et Jony Ramos combi-nent à merveille pour lancer idéale-ment Joël Saki qui place une frappeimparable sous le ventre du portier se-danais (1-1, 46 min). Son premier butdepuis son retour cet hiver.Mais la joie allait être de courte dedurée. Sur un cafouillage dans la sur-face, Maxime De Taddeo ajuste Reve-

lino Anastase (1-2, 51 min) avantd’être imité de nouveau quelques ins-tants plus tard par Abdoul Bila - tou-jours lui - le meilleur buteur duGroupe C avec 14 réalisations (1-3,65 min).Mais aux Lusitanos, on n’a pas pourhabitude de baisser les bras.A l’entame des 10 dernières minutes,Leonel Alves enchaînera à merveille àl’entrée de la surface pour placer leballon hors de portée de Maraval (2-3, 79 min). Et au regard des occa-sions lusitaniennes, il n’aurait pasété mérité de voir les Saint-mauriensrepartir avec la défaite. Et sur un der-nier coup de pied arrêté d’Alves,Ramos, qui avait déjà manqué deréussites à plusieurs reprises, con-clura une rencontre de folie. «On aconnu une première mi-temps mé-diocre», reconnaissait Luís Loureiroà l’issue de la rencontre. «On a per-mis trop de possession de balle, lais-sant beaucoup d’espace, sans uneréelle agressivité, sans occasion…On est retourné logiquement avec unscore de 1-0 à la pause. Ensuite, ona rectifié quelques choses et on aclairement montré un autre visage».Selon le coach des Lusitanos, «on a

été supérieur en deuxième période.On a commis des erreurs qui sepayent cash. Cela ne nous a pas em-pêché de revenir à la marque. Maison a montré un véritable esprit devainqueur. On n’a rien lâché face àune belle équipe qui n’est pas leaderpar hasard. On a manqué quelquesoccasions qui auraient pu faire bas-culer le score en notre faveur. Main-tenant, on ne va pas se comparer àSedan qui a réussi à être plus régu-lier que nous sur ce Championnat.On va prendre les matchs les unsaprès les autres avec l’ambition defaire honneur aux maillots des Lusi-tanos».C’est désormais une certitude, lesLusitanos sont mathématiquementassurés de participer au Champion-nat de National 2 l’an prochain.Pour la montée, avec 39 points et à10 points du leader, Sainte Gene-viève, à cinq journées de la fin, diffi-cile de croire que la montée restepossible.Dorénavant les Lusitanos peuvent en-core atteindre les 54 points de la sai-son passée. A condition de finir lasaison en beauté avec 5 victoires en5 matchs!!!

Par Eric Mendes

Une équipe à réaction

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à Evry Essonne (Vieux Village)

US Lusitanos de Saint Maur3-3 CS Sedan-Ardennes

Mi-temps: 0-1Public: 224 spectateursArbitre: M. BonnetinUS Lusitanos: Anastase; Diyangi(Leonel, 35 min), Gaxotte, Viegas,Bituruna; Monteiro, Nascimento(Cap.) (Ribadeira, 72 min), Saki; Kis-ley, Ramos, Diaz (Meunier, 72 min).Entraineur: Luís LoureiroCS Sedan-Ardennes: Maraval (Cap.);Nyemeck, De Taddeo, Thiam, Sagun;Fadhloun, Borgniet; Grain, Daury (Si-mothe, 58 min), Chadili (Diedhiou,66 min); Bila (Reihle, 90 min). En-traineur: Nicolas UsaïButs: US Lusitanos: Saki (46 min),Leonel (79 min), Ramos (90+3 min);Sedan: Bila (24 et 65 min), De Tad-deo (51 min)Avertissements: Lusitanos: Kisley(45+1 min), Saki (50 min), Diaz (55min), Viegas (60 min); Sedan: Grain(60 min)

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Lusitanos de Saint Maur / EM

Le 11 avril 2018

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