Qualidade de Vida e Desigualdade No Município de São Paulo

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    Qualidade de Vida e desigualdade no Municpio de So Paulo: propondo critrios paranortear a conduo de polticas pblicas

    Autoria: Monica Yukie Kuwahara, Caio Ccero de Toledo Piza

    ResumoEste artigo se preocupa com as possibilidades analticas de indicadores de bem-estar e tem porobjetivo identificar critrios para a avaliao dos efeitos da desigualdade de renda sobre aqualidade de vida. Define como questo problema, responder: como a desigualdade podeafetar a qualidade de vida de um conjunto de pessoas? A hiptese inicial de que a presenada desigualdade piora os indicadores de bem-estar. Analisa a incorporao da dimensodesigualdade, medida pelo ndice de Gini, a um indicador de qualidade de vida ampliado,mas desagregado, o IEQV que envolve as dimenses de (1) cultura e lazer; (2) sade; (3)segurana; (4) educao; (5) renda e trabalho; (6) habitao e (7) infra-estrutura e meioambiente. O IEQV ordena as subprefeituras de So Paulo em termos de melhores e piores

    condies em 2000, consideradas as dimenses selecionadas. A re-ponderao do IEQV, coma incluso da dimenso desigualdade permitiu identificar tanto melhoras quanto pioras noordenamento das subprefeituras. Em localidades de elevada desigualdade de renda, bonsresultados em outras dimenses expressaram melhoras na qualidade de vida, caso dasubprefeitura de Campo Limpo, enquanto subprefeituras de maior IEQV, tais como a dePinheiros, perdem posies diante da desigualdade.

    Palavras-chave: Desigualdade social; Qualidade de Vida; Bem-estar social; PolticasPblicas

    Introduo

    A preocupao com a desigualdade econmica e social e os conseqentes reflexossobre a qualidade de vida tem atrado pesquisadores de diferentes e amplas reas do saber. Osresultados das pesquisas, porm, continuam limitados por diversos motivos que incluem desdedificuldades no campo terico at questes prticas, tais como as dificuldades para a obtenode dados.

    Uma primeira dificuldade estabelecer uma medida para estes conceitos, uma vez queh dificuldades em se definir qualidade de vida e desigualdade. Por este motivo, no raroencontram-se estudos qualitativos que exploram o conceito pela anlise das preferncias deum determinado indivduo ou grupo de indivduos, gerando, todavia, resultados que no so

    passveis de generalizaes. Num outro extremo, encontram-se os estudos quantitativos que

    lanam mo de ndices abrangentes, buscando generalizaes e comparaes, que, para serempossveis, requerem redues que implicam em perdas na qualidade informativa dosindicadores.

    Inmeros esforos tm sido feitos na busca de medidas de bem-estar como forma de seobter uma aproximao quantitativa de um conceito subjetivo como a qualidade de vida.Dentre os esforos de mensurao do bem-estar, h a proposta de estabelecimento de ndices,sendo que um dos mais conhecidos o IDH o ndice de Desenvolvimento Humano, quecontempla trs dimenses do desenvolvimento humano, a saber, a educao, a renda e alongevidade. Embora sejam aspectos importantes da qualidade de vida de um pas, soinformaes insuficientes para comparar a qualidade de vida entre bairros de uma grandecidade.

    Entre as dificuldades que envolvem a elaborao deste e de outros ndices similaresencontra-se o fato, j mencionado, de que a qualidade de vida um conceito subjetivo e, poreste motivo, difcil de ser mensurado. Toda e qualquer medida, por sua vez, redutora da

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    realidade e a simplificao de informaes por meio de ndices uma importante ferramentapara a sociedade definir polticas pblicas. Apesar dos desafios prticos e controvrsiastericas, uma medida de bem-estar um recurso necessrio no diagnstico devulnerabilidades scio-econmicas, podendo, alm de contribuir para o estabelecimento de

    polticas pblicas, melhorar a qualidade das informaes requeridas na definio deestratgias empresariais.Diante da controvrsia preliminarmente colocada, o presente artigo se prope a

    responder seguinte questo: Como a desigualdade pode afetar a qualidade de vida de umconjunto de pessoas? A hiptese inicial, formulada a partir da teoria econmica de bem-estar, de que a presena da desigualdade piora os indicadores de bem-estar. A reflexo aqui

    proposta evitou anlises generalizadas, se esquivando da utilizao de variveisdemasiadamente agregadas e objetivando universos de anlise mais prximos da vida docidado. Neste sentido, buscou indicadores de bem-estar que se apresentassem desagregadosao nvel das subprefeituras de So Paulo, optando assim pelo uso do ndice Econmico deQualidade de Vida (IEQV).

    O ndice foi escolhido por dois motivos: primeiro porque constitui uma proposta demensurao da qualidade de vida que envolve mais dimenses da realidade social e daqualidade de vida dos cidados do que as propostas inicialmente pelo IDH; e, em segundolugar, por permitir uma medida de bem-estar desagregada para o Municpio de So Paulo,estabelecendo um ndice que permite ordenar cada uma das suas trinta e uma subprefeiturasem termos de maior ou menor qualidade de vida.

    O IEQV definiu como dimenses da qualidade de vida os aspectos da vida do cidadoque poderiam indicar maior ou menor bem-estar. Apesar dos autores identificarem vriasoutras dimenses, apenas sete apresentaram dados suficientemente desagregados a ponto degerar informaes que permitissem elaborar uma medida da qualidade de vida para assubprefeituras do municpio. As dimenses selecionadas foram: (1) cultura e lazer; (2) sade;(3) educao; (4) habitao; (5) infra-estrutura e meio ambiente; (6) segurana e justia e (7)renda e trabalho (NPQV, 2005).

    Este ndice apresenta-se como um indicador multidimensional que tentou evitar ojuzo de valor acerca do papel de cada aspecto escolhido da qualidade de vida ao buscar,atravs da aplicao de anlise fatorial para seus indicadores, pesos estatsticos para asdimenses. O ndice gerado, portanto, mais amplo que o IDH, embora, assim como o ndicede Desenvolvimento Humano, no inclua variveis que expressem o papel da desigualdade naqualidade de vida.

    O IEQV, o IDH e outros ndices similares no se mostram capazes de responder se ocrescimento econmico, acompanhado de concentrao de renda, gera aumento de qualidade

    de vida, haja vista incorporarem variveis monetrias e proxies de bem-estar, mas noexpressarem indicadores de desigualdade. Neste sentido, as decises de polticas pblicaspodem ser viesadas, concentrando suas aes em medidas que aumentem a renda, mas semgerar distribuio de bem-estar, correndo-se o risco de estabelecer distores nos incentivoseconmicos e no crescimento.

    Este artigo, portanto, mostra-se preocupado com as possibilidades analticas deindicadores de bem-estar e estabeleceu como objetivo geral o de identificar critrios para aavaliao dos efeitos da desigualdade de renda sobre a qualidade de vida. Em outras palavras,

    pretende-se identificar se alteraes na qualidade de vida resultantes da presena dadesigualdade so passveis de serem expressas por indicadores sintticos de bem-estar.

    Para cumprir o objetivo proposto realizou-se a anlise de dominncia de primeira e de

    segunda ordem, o que resultou na incorporao da dimenso desigualdade, medida pelondice de Gini, ao IEQV, considerado um indicador de qualidade de vida ampliado de menoragregao espacial disponvel para o municpio de So Paulo. O ndice de Gini foi calculado a

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    partir das informaes dos distritos, disponveis no Censo de 2000, de cada uma dassubprefeituras de So Paulo, de forma a obter um indicador de desigualdade compatvel com a

    base de dados do IEQV. Este indicador de desigualdade foi incorporado ao IEQV,estabelecendo-se um peso arbitrrio de 1/8 para cada dimenso, de modo a se obter um novo

    ndice, o IEQV reponderado e acrescido do novo indicador.Os resultados destas reflexes apresentam-se em trs itens, alm desta introduo e daconcluso. O primeiro item apresenta as principais caractersticas de indicadores de bem-estare as bases tericas para a anlise de dominncia de primeira e segunda ordem dos mesmos,

    justificando os procedimentos analticos aqui utilizados. O segundo item apresenta, em linhasgerais, o IEQV original, e discute a construo do IEQV reponderado, doravante IEQV_P. Oterceiro item discute os novos ordenamentos obtidos pela incorporao da dimensodesigualdade e a sua possibilidade analtica no estabelecimento de prioridades na gesto

    pblica. Os resultados demonstram que a incorporao de indicadores de desigualdade derenda pode gerar tanto melhoras quanto pioras no ordenamento das subprefeituras, o que podeser explicado por duas novas hipteses que se delinearam a partir da pesquisa. A primeira de

    que, mesmo onde h elevada desigualdade de renda, bons resultados em outras dimensespermitem melhoras na qualidade de vida, como se verificou na subprefeitura de CampoLimpo. A segunda hiptese, que pode indicar um caminho importante de reflexo terica emetodolgica, de que a desigualdade tem efeitos cumulativos sobre as demais dimenses demodo que indicadores sintticos no so capazes de expressar as interdependncias dasvariveis, sinalizando a necessidade de aprimoramento dos instrumentais analticos daqualidade de vida, sob pena de sinalizao incorreta de parmetros para a definio de

    prioridades de atuao pblica.

    1. Indicadores de bem-estar: caractersticas e limitaes

    Embora poucas pessoas discordem de que o bem-estar seja um fenmenomultidimensional, a maior parte das anlises sobre pobreza, desigualdade e bem-estar

    permanece atribuindo um peso elevado, seno exclusivo, s variveis monetrias1. Medidastradicionais de desigualdade, como os ndices de Gini, Theil e o prprio ndice de Atkinson,so frequentemente associados desigualdade de renda de uma distribuio; porm, deixam

    para segundo plano o aspecto multidimensional da desigualdade2.Contudo, quando o foco o bem-estar, imprescindvel considerar outras variveis,

    ao menos to importantes para a caracterizao da qualidade de vida de uma pessoa quanto renda (SEN, 1992; SEN, 1997). Esse exerccio passa por duas etapas. A primeira concerne escolha das variveis relevantes, isto , refere-se construo do espao informacional no

    qual sero avaliadas as diferentes dimenses que compem o bem-estar. A segunda envolve aconstruo de funes de agregao (ndices ou a escolha de uma funo de bem-estar social).O exerccio, portanto, envolve fundamentalmente um problema de ordem normativa (Sen,1992). Apesar das dificuldades associadas s formulaes de funes de bem-estar social, aliteratura avanou consideravelmente nos ltimos trinta anos (SEN, 1997). Indicadores comoo ndice de Desenvolvimento Humano (IDH) e o ndice de Pobreza Humana (IPH), porexemplo, so tentativas empregadas para lidar com a multidimensionalidade.

    Em trabalhos aplicados, no entanto, usual utilizar alguma medida de bem-estarabreviada. De acordo com Fields (2001) e Lambert (2001), um modo alternativo de realizaravaliaes de bem-estar por meio das chamadas funes de bem-estar social abreviadas(abbreviated social welfare functions). Uma funo de bem-estar social denominada

    abreviadase a medida de bem-estar obtida a partir de estatsticas calculadas de um vetor dedistribuio de rendas, do tipo:

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    ),,( pobrezadedesigualdaPIBpcwW= ,

    onde Wrepresenta bem-estar social,PIBpc o PIB per capita e as medidas de desigualdade epobreza so mensuradas com o emprego de ndices3. Assume-se que a funo de bem-estar

    crescente no PIB per capita e decrescente na desigualdade e pobreza. Isto :

    01 >w , 02

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    medida. De tal feita, os autores procederam transformao das variveis em indicadores,conforme frmula abaixo, para que a importncia relativa de cada varivel no fosse afetada

    pelos seus valores absolutos (NPQV, 2005).

    100xmnimovalormximovalormnimovalorobservadovalorIndicador

    =

    Um segundo tratamento dado s variveis que compem o IEQV foi a aplicao datcnica de anlise fatorial9que permitiu avaliar a capacidade explicativa de cada sub-ndice nacomposio do indicador de bem-estar proposto (NPQV, 2005). A anlise fatorial aplicou omtodo de extrao do componente principal, utilizando-se o software SPSS. Os testes10KMO (Kaiser-Meyer-Olkin) e o de esfericidade de Bartlett indicaram a adequao dos dados

    para a anlise (NPQV, 2005, p.95). A varincia explicada ou extrada est prxima de 70%(NPQV, 2005, p. 99), o que significa que o poder explicativo do ndice obtido alto, de modo

    que ele pode ser considerado um nmero conciso que avalia de maneira sinttica a qualidadede vida em cada uma das subprefeituras do municpio de So Paulo, mesmo que quase 30%da varincia dos subndices no possam ser explicadas por ele.

    Dentre os mritos do IEQV, possvel identificar a sua capacidade de abarcardiferentes dimenses da vida do cidado, permitindo um ordenamento das subprefeituras emtermos de melhores ou piores condies de vida. Apesar de no ter considerado aspectosimportantes como a poluio e o trnsito, foi possvel classificar ordinalmente as localidadesda cidade de acordo com os diferentes graus de vulnerabilidade a que esto expostos osdomiclios de cada subprefeitura. A Figura 1 apresenta o ndice obtido.

    6,3

    22,025

    ,126

    ,126

    ,729,230

    ,130

    ,332,232

    ,736,437

    ,238

    ,342,144

    ,444

    ,8 46,4

    46,6

    48,4

    49,8

    50,7 55

    ,457

    ,2 63,5

    65,0 69

    ,169

    ,973,074

    ,4

    87,189,7

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    80

    90

    100

    Parelh

    eiros

    M'Bo

    iMiri

    m

    Cida

    deAde

    mar

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    orroPe

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    Guaia

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    /Brasil

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    Cida

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    es

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    ba

    Casa

    Ver

    de/C

    achoei

    rinha

    Vila

    Prud

    ente

    /Sapo

    pemba

    Erm

    elino

    Matar

    azzo

    Ita

    quer

    a

    Vila

    Maria

    /Vila

    Guilhe

    rme

    Ipira

    nga

    Jabaqu

    ara

    Penh

    a

    But

    ant

    Aricand

    uva

    Mo

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    Sant

    ana/Tu

    curu

    vi S

    Santo

    Amar

    oLa

    pa

    VilaM

    aria

    na

    Pinhe

    iros

    Figura 1 - ndice Econmico de Qualidade de Vida por Subprefeituras do Municpio de So Paulo .Fonte:NPQV.

    Nesse trabalho, optou-se pela reponderao do ndice, uma vez que na versoanterior a desigualdade de renda no havia sido considerada no seu cmputo. Embora ocoeficiente de Gini no seja um componente direto do IEQV, na distribuio dos pesos da

    funo de agregao o Gini participa como uma dimenso adicional. Assim, optou-se pelaatribuio de pesos iguais para cada uma das dimenses, no caso, 1/8. Esta deciso segue a

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    sugesto de Lelli (2001), segundo quem a escolha pesos iguais assume que todas asdimenses que compem a anlise so igualmente importantes.

    Dessa forma, o ndice utilizado para o ordenamento das subprefeituras de So Pauloassume o seguinte formato:

    ( )

    = GIEQVGIEQVW

    811, . Observe, portanto, que o valor de k exatamente 1/8.

    Observe-se que:

    08

    11 >=

    G

    IEQV

    W, para qualquer valor do Gini;

    e

    08

    1

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    centro desenvolvido, apresentado em vermelho e laranja, e a periferia vulnerabilizada, emamarelo.

    Figura 3. IEQV por subprefeitura. So Paulo 2000. Figura 4. IEQV_P Subprefeituras. So Paulo.2000.Fonte:Elaborao prpria a partir de NPQV, 2005 Fonte: Elaborao prpria a partir de NPQV, 2005 e

    Censo 2000.

    A comparao entre os mapas das figuras 3 e 4indicam que as alteraes na distribuio espacial daqualidade de vida so muito pequenas. Tal comoevidenciado por Kuwahara et al (2007), o centro (reasem vermelho e laranja) congrega as melhorescondies de infra-estrutura, renda, educao, sade ehabitao, atraindo pessoas e relegando a populao de

    baixa renda periferia (em amarelo), processo este queamplia a vulnerabilidade s quais estes moradores sesujeitam. A figura 5, por sua vez, apresenta outrafaceta deste processo de concentrao de

    oportunidades ao centro. As regies em amarelo, quenas figuras 3 e 4 apresentavam as melhores condiesde vida, neste mapa da figura 5 apresentam a maiordesigualdade de renda, com valores altos para ocoeficiente de Gini (Ver tambm tabela 1). J a

    periferia (em laranja), apresenta-se em igualdade decondies, apesar da baixa qualidade de vida.

    Figura 5. Coeficiente de Gini por subprefei-tura. So Paulo. 2000Fonte: Elaborao prpria a partir do Censo 2000.

    A configurao espacial de uma cidade, portanto, no aleatria, mas apresenta umpadro de uso (atividades) e ocupao (densidade) do solo. As teorias urbanas, como a deAlonso (1960), consideram a existncia de um centro, dentro da cidade. Segundo este modelo

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    interpretativo, nas zonas centrais a densidade do uso e ocupao do solo mais elevada(maior demanda e lote menores), o que nas grandes cidades se apresenta como verticalizaoe ocupao por elevados edifcios. Logo, os aluguis11 so mais altos, embora o custo dedeslocamento seja menor para quem nelas reside. J nas zonas perifricas, a densidade

    menos elevada (menor demanda e lotes maiores), porm o custo de deslocamento at as zonascentrais mais elevado (ALONSO, 1960). No caso do municpio de So Paulo, estaconfigurao do processo de ocupao econmica do territrio refora a excluso espacial eeconmica das regies perifricas, tornadas vulnerveis e vulnerabilizando seus habitantes.

    3. Qualidade de vida e reduo de desigualdade: a dificuldade de estabelecer prioridadespblicas

    Os padres de distribuio espacial das vulnerabilidades apresentados na sessoanterior permitem questionar quais associaes seriam pertinentes do ponto de vista de

    poltica pblica. Um dos efeitos da urbanizao acelerada pela qual passou a cidade de So

    Paulo a dificuldade em realizar o planejamento urbano. Uma anlise superficial da evoluodos gastos pblicos permite verificar um processo onde os investimentos em infra-estrutura,acabam por seguir a ocupao efetiva do solo e no o contrrio, como deveria ser. Assim,mesmo quando havia uma relativa disponibilidade de recursos, tal como nos anos 1970, osinvestimentos no foram suficientes para coordenar ou regular o mercado mobilirio, servindo

    para agravar o processo de especulao com as terras (CARDOSO, 2007).As decises de polticas pblicas so condicionadas pela capacidade de financiamento

    do setor pblico. Elevados dficits oramentrios no Estado de So Paulo, assim como a baixacapacidade de arrecadao da dcada de 80 agravaram a j reduzida capacidade de regulaodo mercado mobilirio e fundirio. A dinmica das finanas pblicas estaduais e municipaisda dcada de 90, por sua vez, apresenta dois momentos distintos que podem ter influenciado aconduo das polticas pblicas de habitao e infra-estrutura no perodo. Do ponto de vistaestadual, a expanso da dvida mobiliria estadual da dcada anterior somada scaractersticas j mencionadas das contas pblicas estaduais evidenciou um gravedesequilbrio fiscal que se estende pelo menos at 1994, quando se inicia um forte ajuste. A

    partir do acordo para refinanciamento da dvida estadual (1997), o ajuste restritivo promovesaldos primrios e oramentrios positivos, em parte favorecidos pelo avano no processo de

    privatizao e na expanso das concesses de servios de infra-estrutura, com queda nosinvestimentos pblicos estaduais e restries ainda maiores nos gastos municipais (CANO et.al., 2007).

    Este quadro de escassez de recursos pblicos torna as anlises das prioridades no

    estabelecimento de polticas pblicas tarefas ainda mais complexas, uma vez que oprovimento de infra-estrutura e outros bens nas zonas centrais tende a gerar maiores fatoresatrativos, ampliando ainda mais a demanda por bens e servios que, uma vez insuficientes,ampliam a desigualdade no acesso aos itens bsicos da vida: moradia, sade e educao.Retomando a anlise da figura 5, parte de processo se evidencia no centro, com indicadoresmelhores de qualidade de vida, mas com maiores nveis de desigualdade (ver Tabela 1).

    No sentido de se buscar critrios para o estabelecimento destas prioridades, este itemse prope a analisar as mudanas nos ordenamentos das subprefeituras depois de incorporadoo indicador de desigualdade. Numa primeira anlise, a partir da Figura 5 e da Tabela 1,verifica-se que a periferia da cidade menos desigual que o centro, embora tanto o Ginimdio seja elevado (0,51) quanto os ndices mdios de cada quintil (0,43; 0,48; 0,51; 0,54;

    0,58)

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    Tabela 1. ndices de Qualidade de Vida e de desigualdade para as subprefeituras domunicpio de So Paulo. Ano de referncia 2000

    Ordenamentos

    SUBPREFEITURA IEQVIEQV (1-

    1/8Gini) ou

    IEQV_P

    Gini

    IEQV IEQV_P Gini variaoAricanduva 63,48 64,48 0,5476 8 8 22Butant 57,16 61,78 0,6443 9 9 31Campo Limpo 29,21 34,22 0,6052 26 24 30 melhora 2Casa Verde/ Cachoeirinha 44,38 50,35 0,5299 17 16 19 melhora 1Cidade Ademar 25,15 24,32 0,4920 29 30 9 piora 1Cidade Tiradentes 38,33 41,90 0,5155 19 19 18Ermelino Matarazzo 46,44 51,92 0,4739 15 13 8 melhora 2Freguesia/ Brasilndia 36,43 38,79 0,4933 21 20 10 melhora 1Guaianases 30,32 33,05 0,4214 24 26 2 piora 2Ipiranga 49,80 53,71 0,5561 12 11 26 melhora 1Itaim Paulista 32,16 37,63 0,4220 23 22 3 melhora 1Itaquera 46,60 51,03 0,4571 14 14 7Jabaquara 50,72 53,33 0,5447 11 12 21 piora 1 oLapa 74,38 75,87 0,5782 3 3 28M`Boi Mirim 21,99 24,62 0,4471 30 29 5 melhora 1Moca 65,03 68,20 0,5547 7 7 24Parelheiros 6,26 0,00 0,5026 31 31 14Penha 55,41 60,18 0,4934 10 10 12Perus 26,70 27,92 0,4037 27 28 1 piora 1Pinheiros 89,71 92,19 0,5519 1 2 23 piora 1Pirituba 42,09 47,63 0,5047 18 18 15Santana/ Tucuruvi 69,10 74,18 0,5331 6 5 20 melhora 1

    Santo Amaro 72,99 74,96 0,5848 4 4 29So Mateus 32,67 35,37 0,4371 22 23 4 piora 1So Miguel 30,08 33,76 0,4510 25 25 6S 69,91 68,91 0,5703 5 6 27 piora 1Socorro 26,13 31,91 0,4934 28 27 11 melhora 1Trememb/ Jaan 37,18 37,98 0,5555 20 21 25 piora 1Vila Maria/ VilaGuilherme 48,40 50,75 0,5076 13 15 16 piora 2Vila Mariana 87,07 93,58 0,5134 2 1 17 melhora 1Vila Prudente/Sapopemba 44,76 50,22 0,5016 16 17 13 piora 1

    Mdia 46,78 49,83 0,5125

    Mediana 44,76 50,35 0,5076Desvio Padro 19,91 20,70 0,0570Maior Valor 89,71 93,58 0,6443Menor Valor 6,26 0,00 0,4037

    Fontes:Para coluna 2, NPQV, 2005. Demais colunas elaboradas pelos autores de acordo com dados disponveisem NPQV, 2005 e Microdados do Censo 2000.Notas:Ordenamentos indicam a posio relativa atribuda a cada subprefeitura no ndice respectivo. Valoresmaiores indicam piores posies relativas.

    Analisando as medidas de disperso dos ndices de qualidade (Tabela 1), areponderao no implicou em aumento da varincia dos indicadores. A Figura 6 apresenta ogrfico de disperso do ndice de Gini normalizado e o IEQV_P tambm normalizado

    evidenciando a existncia de subprefeituras de alta qualidade de vida e alta desigualdade(Butant, p.e.). Se analisado o ordenamento desta prefeitura, verifica-se que a reponderaono alterou a sua posio, o que implica em dizer, que neste caso, a incorporao da

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    desigualdade no alterou a qualidade de vida. Duas interpretaes so possveis. A primeira,que se oporia teoria, de que a desigualdade no afeta o posicionamento relativo dassubprefeituras. J em uma segunda interpretao, a presena de outras dimenses contribuiriao suficiente para a garantia de condies de qualidade de vida de forma que, apesar da

    incorporao de um indicador de desigualdade, este no seria capaz de promover umreposicionamento da subprefeitura. Em ambos os casos no se discutiu a possibilidade dapresena de algum outro fator comum a afetar as variveis em anlise12, tampouco apossibilidade dos pesos arbitrados estarem subestimando a varivel, questes que podemconstituir uma nova agenda de pesquisas.

    y = 0,5338x - 2E-15

    R2= 0,285

    -3

    -2

    -1

    0

    1

    2

    3

    -2,5 -2 -1,5 -1 -0,5 0 0,5 1 1,5 2 2,5

    IEQV_N

    G

    ini_N

    Figura 6. Disperso entre IEQV_P e Indice de GiniFonte: Dados normalizados a partir da Tabela 1

    Alm da subprefeitura do Butant, outras 10 subprefeituras no alteraram seuposicionamento em termos de qualidade de vida, conforme Tabela 2.

    Tabela 2. Subprefeituras sem alteraes no ordenamentoPosio emtermos dequalidade

    SUBPREFEITURAPosio emtermos de

    desigualdade

    25 So Miguel 614 Itaquera 710 Penha 1231 Parelheiros 1418 Pirituba 1519 Cidade Tiradentes 188 Aricanduva 22

    7 Moca 243 Lapa 284 Santo Amaro 299 Butant 31

    Fonte: Tabela 1

    Algumas observaes importantes podem ser feitas a partir das Tabelas 1 e 2. Emprimeiro lugar a percepo de que, tal como ocorrera no caso da subprefeitura do Butant, aelevada desigualdade no foi capaz de afetar subprefeituras de alta qualidade de vida de formasignificativa. Tampouco a desigualdade relativamente baixa de So Miguel e Itaquera foicapaz de gerar um melhor posicionamento destas prefeituras.

    Atravs da Tabela 3 possvel verificar as melhoras de ordenamento que ocorrem coma incorporao da desigualdade. Contrariando a hiptese terica inicial, a presena dadesigualdade no deveria permitir melhoras no posicionamento das subprefeituras e o re-clculo do IEQV permitiu a ocorrncia de melhoras a um tero das subprefeituras. No

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    entanto, se analisarmos a posio inicial destas prefeituras, verificamos que a maioria delas seencontrava na metade inferior do ranking. Ou seja, representam subprefeituras de mdia baixaqualidade de vida que, ao serem reordenadas a partir da considerao da desigualdade, tmsuas posies relativas melhoradas. Considerando o fato de que estas subprefeituras so muito

    desiguais, este resultado pode estar sugerindo que as variveis que compem o IEQV estocontribuindo para a ampliao da desigualdade, o que viria ao encontro das teorias urbanasque explicam efeitos aglomerativos e desaglomerativos nos processos de ocupao econmicado espao (ver BIDERMAN, 2001).

    Tabela 3. Subprefeituras com melhoras no ordenamentoPosicionamento em

    termos dequalidade

    IEQV IEQV_P

    SUBPREFEITURAPosicionamento

    em termos dedesigualdade

    26 24 Campo Limpo 30

    12 11 Ipiranga 266 5 Santana/Tucuruvi 2017 16 Casa Verde/Cachoeirinha 192 1 Vila Mariana 1728 27 Socorro 1121 20 Freguesia/Brasilndia 1015 13 Ermelino Matarazzo 830 29 M'Boi Mirim 523 22 Itaim Paulista 3

    Fonte: Tabela 1

    Consideraes Finais

    Neste artigo, procurou-se discutir as possibilidades analticas de indicadores de bem-estar, concentrando a anlise na capacidade de indicadores sintticos expressarem efeitos dadesigualdade sobre o ordenamento de um conjunto de regies classificadas de acordo com onvel de qualidade de vida.

    Ao estabelecer uma nova ponderao a um ndice sinttico de qualidade de vida queno incorporasse a desigualdade, os novos ordenamentos sugeriram que, ao contrrio do quese esperaria, a incorporao do indicador de desigualdade promoveu melhoras de

    posicionamento em algumas subprefeituras.A anlise inicial destas subprefeituras indica que as condies expressas pelos

    indicadores de bem-estar so tambm fatores que podem contribuir para o aumento dadesigualdade, uma vez que se constituem em fatores atrativos para novos adensamentospopulacionais que, ao mesmo tempo em que permitem economias de escala no provimento debens e servios, podem gerar aumentos de desigualdade, haja vista o tempo necessrio paraatendimento de novas demandas ser distinto do tempo necessrio para a sua oferta.

    Outra possibilidade de interpretao dos resultados, sobretudo quando analisados oscasos onde no houve alterao de ordenamento, que, apesar dos elevados ndices dedesigualdade, h a possibilidade de que as demais dimenses da qualidade de vida estejamcompensando a desigualdade.

    As reflexes aqui apresentadas, longe de serem conclusivas, aludem para duasquestes importantes no estabelecimento de prioridades para a atuao pblica. Uma primeira

    questo se refere anlise predominante de que necessrio reduzir a desigualdade. Osresultados demonstram que a incorporao de indicadores de desigualdade de renda aos

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    indicadores de bem-estar pode gerar tanto melhoras quanto pioras no ordenamento dassubprefeituras.

    Este fato pode servir de alerta aos gestores de polticas, no porque a reduo dadesigualdade deva ser uma prioridade descartada, mas indicando que, antes de alocar escassos

    recursos em polticas compensatrias de renda, h que se estabelecer uma definio maisrigorosa sobre qual desigualdade deve ser alvo das polticas. Os resultados da presentepesquisa indicam uma insuficincia analtica e terica dos indicadores de bem-estar que tmpesos elevados para variveis monetrias e isto pode ter distorcido o ordenamento dos ndicese da reao varivel indicadora de desigualdade.

    Novas questes se apresentam e duas novas hipteses surgem a incentivar novasincurses sobre o tema. A primeira de que, mesmo onde h elevada desigualdade de renda,

    bons resultados em outras dimenses permitem melhoras na qualidade de vida, como severificou na subprefeitura de Campo Limpo. A segunda hiptese, que pode indicar umcaminho importante de reflexo terica e metodolgica, de que a desigualdade tem efeitoscumulativos sobre as demais dimenses de modo que indicadores sintticos no so capazes

    de expressar as interdependncias das variveis, sinalizando a necessidade de aprimoramentodos instrumentais analticos da qualidade de vida, sob pena de incorreta definio de

    prioridades de atuao pblica.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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    NOTAS

    1Deve-se notar que h um nmero crescente de trabalhos utilizando indicadores multidimensionais de pobreza ebem-estar. Para uma aplicao para o municpio de Porto Alegre, ver Comim et al.(2007).2

    Ver Atinkson e Bourguignon, 1982; Dardanoni, 1995; Justino, Litchfield, Niimi, 2004.3Para uma introduo aos ndices de pobreza e desigualdade, ver, por exemplo, Ray (1998) e Fields (2001).4As curvas a que o argumento se refere so as Curvas de Lorenz. Para uma excelente introduo s medidasgrficas de desigualdade, ver Fields (2001) e Ray (1998).5Para uma introduo aos teoremas de dominncia de primeira e segunda ordem, ver Fields (2001). O teoremade primeira ordem tambm conhecido como Teorema de Atinkson enquanto que o de segunda ordem denominado Teorema de Shorrocks. Lambert (2001) prov uma anlise pormenorizada dos teoremas, suasaplicabilidades e limitaes.6 Segundo Fields (2001: 167), Taking the household as the unit of analysis, anonymous means that allhouseholds are treated identically regardless of which particular one receive how much income. A quase-concavidade da funo requerida para garantir o respeito ao Princpio de Dalton, segundo o qual, qualquertransferncia de renda de algum relativamente mais rico para algum relativamente mais pobre eleva o bem-estar social.7

    Essa funo no annima.8 Os detalhes na construo do IEQV esto presentes no relatrio do IEQV, disponvel no site:http://www4.mackenzie.br/6058.html.9A anlise detalhada de cada um dos testes e da extrao dos pesos padronizados do ndice, embora muito til compreenso das dimenses que compuseram o IEQV, no faz parte dos objetivos deste artigo, uma vez quenesta proposta de anlise, procura-se avaliar como o ordenamento das subprefeituras seria alterado com aincluso da desigualdade.10O teste KMO indica qual a proporo da varincia dos dados que pode ser considerada comum a todas asvariveis e o teste de Bartlett tem como hiptese nula a de que a matriz de correlao uma matriz identidade,atestando que os dados no teriam correlao, o que inviabilizaria a anlise fatorial.11Entende-se por aluguis o custo de oportunidade do uso do espao, mesmo que no implique em desembolsomonetrio.12 Apesar de no fazer parte dos objetivos deste trabalho, a possibilidade de aplicao da anlise fatorialincluindo a varivel desigualdade foi testada. Os resultados do teste KMO e Bartlett indicam a possibilidade deanlise, a varincia explicada com oito dimenses de 64,71% contra os 69,17% da extrao original. O Alphade Cronbach para 8 dimenses foi de 0,89 contra os 0,909 da extrao com sete. Em ambos os casos, utilizou-sea anlise do componente principal, com extrao de um 1 nico fator, rotao Varimax, utilizando o softwareSPSS.