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EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA TOMADA DE DECISÃO AMBIENTAL NA PERSPECTIVA PÚBLICA QUALIDADE DE VIDA, MEIO AMBIENTE E ECONOMIA SUSTENTÁVEL 14 UNIDADE

Qualidade de Vida, Meio Ambiente e Economia Sustentável - Unidade14

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EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

TOMADA DE DECISÃO AMBIENTAL

NA PERSPECTIVA PÚBLICA

QUALIDADE DE VIDA,

MEIO AMBIENTE E

ECONOMIA SUSTENTÁVEL

14UNIDADE

Unidade 14. Tomada de Decisão Ambiental na Perspectiva Pública2EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

TOMADA DE DECISÃO AMBIENTAL NA PERSPECTIVA PÚBLICA

Reconhecerodesafiodatomadadedecisãonaperspec-tivadaesferapúblicaesuasimplicações.

Surgindocomoquestãopolíticanoiníciodosanos80,somentenadécadaseguinte foi incluídonaagendadenegóciosoPrimeiroDesafioEcológico,depoiscomomaneirademanteragovernabilida-deealicençasocialdeoperar.

Foipreciso,porém,queoutradécadatranscorresseatéqueodesafiodasustentabilidadefossevistocomoumaferramentaestra-tégicadesefazernegóciosmelhores.Alegislaçãoéummecanismoeficienteedemocráticodeinduçãodeboaspráticasambientais.

Promoveracriaçãoeoaperfeiçoamentodepolíticaspúblicas,assimcomocumprirefazercumpriralei,propiciaoavançodomo-vimentoderesponsabilidadeambientalemproldasustentabilidadedoplaneta.Portanto,osprincípiosediretrizesdevemestarpresentesnasorganizaçõesdesdeoiníciodesuatrajetóriaparaasustentabili-dade,poisessesinstrumentosdefinemoseuescooeauxiliamoen-tendimentoquandosetrabalharcomumavisãodedesenvolvimentosustentável.

Nemtodososprincípiosediretrizessãoadequadosparaasor-ganizaçõesmaisiniciantes,noentantofazempartedasuarealidadeedosmercadosqueatuam.

Oexercíciodediagnósticodasaçõesderesponsabilidadesocio-ambiental,dasOrganizaçõeseGoverno,auxilianareflexãodostatusdaorganizaçãoemrelaçãoasuaresponsabilidadesocioambiental.

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Agirdeacordocomonovocenáriodedesafiosparaomundocorporativo epara a sociedade, requerumagestão voltadaparaodesenvolvimentosustentável.Sendoassim,asempresasdevematuarcomresponsabilidadesocialemtodasassuasatividades,conciliandooprogressoeconômicocomrespeitoaomeioambienteeà justiçasocial.

Aquestãoambientalestáestabelecidadeformaglobalemto-dosossetoresdoconhecimento,tendosetornadopautanãosódaAgendaPolíticadeMovimentosSociais,masdaAgendaPúblicadeGovernoseEstados.IssocomprovaqueoGovernoreconheceuessaurgênciacomopolíticaesignificativamenterelevante,aocomporsuaprópriaagenda,aqualchamamosdeAgendaPública.

Assim,umaAgendaPúblicanasceda lutadasdiversasagen-daspolíticasdemovimentossociaisdasociedadeciviledasmúltiplasagendasquecoexistemnointeriordeGovernoseEstados.

AAgendaPúblicaécompostadeelementosquegarantemumreconhecimentopolítico.Assim,aAgendaPúblicadeumEstadooudeumGovernoéumaAgendaPolítica,masqueresultadeumpro-cessodenegociaçãoamplo,oqualbuscaestabelecerumpactosocialemtornodequestõesquerespeitamasmúltiplasdemandasvividasnasociedadeequeprocuraconstruirresolubilidadesparaosproble-masnelacontidos.

SegundoAlineBorgesdoCarmoeAlessandroSoaresdaSilvanaCONFINS, revistaon-lineFranco-BrasileiradeGeografia,emno-vembrode2013,nocampoambiental,aproduçãodospontosquepautamessaAgendaPública é também, portanto, atravessadapormúltiplasdemandasquenemsempresãorelativasaomeioambiente,masrelativasàdinâmicadocapitalqueorientaalógicasocialnacon-temporaneidade.

Aindaassim,esseéumassuntoqueexigeação,oquegarantiunessesúltimosvinteanosumpapeldedestaquequefezcomqueatemáticaadquirisseostatusdeproblemapúblicoedessemodo,Go-vernoseEstadosnãopodemignorar.

NoBrasilexisteumalacunasignificativaentreapercepçãodosproblemasambientaispeloscientistasnaturaisepelasociedade.So-ma-seaisso,aformacomoessesproblemassãoabordadosnaAgen-daPública.

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Para Trajano (2010), a literatura émuito rica emdocumentossobreestratégiasediretrizesdeconservaçãoambiental,masissonãonecessariamenterefleteemaçõesefetivas,poisamensagemdequealgoprecisaserfeitonãovematingindoonívelmaisimportante,odatomadadedecisõesdoGoverno.

JáparaLabra(1999),mesmoquefossepossívelelaborarumapolítica“racional”,essanãosobreviveriaaosproblemasdeimplemen-tação,oquenemsempreépercebidoporsetoresmaistécnicos.

Efetivamente,GonzálezSuárez(2008)concordaque,asteoriasaceitaspelasciênciastendemaenxergaromundodeformamicros-cópica,ignorandoocontextosocioculturale,sobretudo,asestruturasdepodernacionaiseinternacionais.

Paraumassunto,problemaouconflitosetornarpautanaAgen-daPública,comoéocasodaquestãoambiental,édecisivaapartici-paçãodoscidadãosedospartidospolíticos,bemcomoainteraçãodosatoresenvolvidos–públicoseprivados–e apossibilidadedeparticipaçãodemocrática.Aquitemosclaraadimensãopsicopolíticadoprocessode tomadadedecisãoquedependedeelementosdasubjetividadepolíticadecada“tomadordedecisão”,nocasoogestorpúblico. Issoé importanteporqueagestãoéeminentementeaçãopolíticaeessadependedaaçãodeatoressociaisindividuaisecoleti-vos(Costa,2012).

Essaquestãopodecompor,napsicologiapolítica,osestudos:

[...]dassituaçõesdepressão,doconflitoedanegociaçãoe dos efeitos do primeiro e dos fatores psicológicos dasegunda [...],mas tambémosestudosda ideologiacomofenômenopolítico, instrumento e processo demediação,comseucorrelatodealienaçãoeseusefeitosemsocieda-deseindivíduos.(MONTEROeDORNA,1993,p.10).

Apenasodebatesobrequemestariaportrásdastomadasdedecisõesqueculminamnaspolíticaspúblicasnãoénovoeteveiní-cionoperíodoanteriordaprópriaconstituiçãodaspolíticaspúblicascomoáreadeconhecimentoespecífico(Rodrigues,2010).

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A busca por explicação sobre por qualmotivo determinadaspolíticaspúblicassãoadotadasemdetrimentodeoutraseporqueoGovernoestáagindodeumaformaemdetrimentodeoutra,podenosajudaracompreendermelhornãosóasociedadeemquevive-mos,mastambémascausaseconsequênciasdasdecisõespúblicas(Rodrigues,2010).

Sendoassim,é importanteentenderqueaspolíticaspúblicassãoadotadasnumdeterminadomomentoedentrodeumdetermi-nadocontexto.OGovernotempoderpolíticoparatomardecisõesdeacordocomaspreferênciaseinteressesdosdiversosatoreseque,emumGovernodemocrático, taispreferênciase interessessãoperma-nentementenegociados.EntenderaspeculiaridadesdesseprocessoéoprimeiropassoparaagiremproldamelhoriadasPolíticasPúblicasAmbientaisnumcontextodeumademocraciaimperfeita,emqueal-gunsatorestêmmaispoderqueoutros.

Analisar a construção da definição do processo de Avaliaçãode ImpactosAmbientais e a implementaçãodo instrumento Licen-ciamentoAmbientalnoBrasildeumaperspectivamaisamplaqueatécnica,analisando,porumlado,comoahistóriaeocontextosocial,econômicoepolíticointernoeexternoaopaísinfluenciaramnopro-cessodetomadadedecisão,queserefletiueserefletenadefiniçãodepolíticaspúblicasnosetor,eporoutrooscontextossubjetivosqueorientamaaçãodosagentesdecisores.

Ainda que o escopo desse trabalho possa soar ambicioso, éimportanteafirmarquenãoénossaintenção,oumesmopretensão,aportaraquisoluçõesmágicasparaproblemasnomínimocrônicosexistentesnocampoambiental.Nãoénossaintençãoesgotarasaná-lisesnecessáriasparaoenfrentamentodasquestõesaquilevantadas.MasénossaintençãocontribuirdemodosólidoparaadiscussãodasproblemáticasdecorrentesdoexercíciocotidianodaAvaliaçãodeIm-pactosAmbientaisdeprojetos.

AindadeacordocomCarmoeSilva,osurgimentodoconceitodeAvaliaçãodeImpactosAmbientaisdatadadécadade70,nosEs-tadosUnidos.DevidoàpressãodaopiniãopúblicasobreoGovernoparaqueesseaceitassesuaparceladeresponsabilidadepelasativi-dadesdesenvolvidasporsuasprópriasagências,foicriadaaNEPA–NationalEnvironmentalPolicyAct,em1970(Sánchez,2008).

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Essa foi a base para o desenvolvimento domecanismoqueficouconhecidomundialmentecomoAIA–AvaliaçãodeImpactosAmbientais.

AAIAfoiformalmenteintroduzidanoBrasilpelaPolíticaNacionaldeMeioAmbiente,instituídanaLein6938,de31de

agostode1981,queelegeudentreasaçõespreventivasaAvaliaçãodeImpactosAmbientaiseoLicenciamentoparaainstalaçãodeobrasouatividadespotencialmentepoluidoras.

OprocessodeAIAdeve identificare avaliaros impactospo-tenciaisbenéficosounegativosdeprojetosaoambiente,levandoemconsideração aspectos ecológicos, sociais, culturais e até estéticos.Deveserlevadoemcontatambémcomooprojetoavaliadovaiafetarpessoas,oslocaisqueelashabitameoseumododevida.

ApenasanosdepoisdepromulgadaaPolíticaNacionaldoMeioAmbiente, asdefinições, responsabilidades, critériosbásicosedire-trizes gerais sobre a AIA foram disciplinadas através da ResoluçãoConama001/1986(Assunção,BursztyneAbreu,2010).

Segundoosautores,essanormavinculouaaplicaçãodaAIAaoinstrumentoLicenciamentoAmbiental,oqueteriacausadoumare-duçãodesuaabrangência,aoserexigidaapenasparadeterminadosempreendimentos/atividades (projetos), deixando de lado planos,programasepolíticas.

AprincipalnormareferenteaoinstrumentoLicenciamentoAm-bientalnoBrasiléaResoluçãoCONAMA237,datandode19dede-zembrode1997.

Segundo essa norma, a competência do Licenciamento Am-bientaldeatividadesouempreendimentosdegrandeporte(queen-volvammaisdeumEstado),alémdatotalidadedaqueleslocalizadosnomar territorial, na plataforma continental e na zona econômicaexclusiva,cabeaoInstitutoBrasileirodoMeioAmbienteedosRecur-sosNaturaisRenováveis(IBAMA),órgãoexecutivofederaldoSistemaNacionaldoMeioAmbiente(SISNAMA).

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OLicenciamentoAmbiental,portanto,éoinstrumentoproces-sual atravésdoqual sedá aAvaliaçãode ImpactosAmbientais deprojetos.Trata-sedeumaetapaessencial,devendoocorreremumafaseanterioraqualquerempreendimentodegrandeporteparaas-segurarqueimpactospotenciaissejamidentificadosequeosdanossejammitigadosoucompensados.Qualqueraçãoemproldodesen-volvimentorequernãoapenasumaanálisedarealnecessidadedetalprojetoedos custosebenefícioseconômicosenvolvidos,mas, tãoimportantequanto,requeroestudoeanálisedaviabilidadeambien-taldesses.

Oprocesso temsidoobjetode intensacontrovérsianoBrasilenvolvendotantoaquelesparaquemosrequerimentosexcessivoseademoranoprocessodelicenciamentosãoresponsáveispelademo-radeexecuçãodeimportantesobrasdeinfraestrutura,comoosquedefendemqueaslicençassãoconcedidasporpressõeseconômicasepolíticasemdetrimentoderelevantesquestõesambientais.

Novas legislações referentes ao temaacabaramde ser edita-das,issoocorreu,poishápreocupaçãoemsepadronizarosprocedi-mentosdeanálisedepedidosdeconcessãodelicençasambientais,bemcomodiminuirosprazosdeemissãodelicença.Certamentees-sasduasnecessidadessãoimportantesemummomentodegrandecrescimentoeconômicoededemandaporgrandesobras.Entretanto,mais quenunca se torna necessária a determinaçãoda viabilidadeambientaldessesempreendimentos,deformaqueoprocessodeAIAtemqueestarsobpermanenteavaliaçãoeaperfeiçoamentoparaquesejamaiságilsemdeixardeatingirseusobjetivos.

ASEMAfoioprimeiroórgãofederalcomatribuiçãoespecíficaparatratardequestõesambientaisnoBrasil(PagnoccheschieBernar-do,2006),eeraligadaaoMinistériodoInterior.

Começou sua atuação de forma bastante tímida, compoucopoderdeinterlocuçãoeequipetécnicareduzida,tratandoprincipal-mentedetemasligadosaocombateàpoluição,bastanteemevidên-ciadevidoaosproblemasenfrentadosemSãoPauloenoRioGrandedoSul,eàaquisiçãodeáreasparaacriaçãodeEstaçõesEcológicas,categoriadeUnidadedeConservaçãodeusoindireto-quenãoper-miteapresençahumana.

Aatuaçãodessaentidadefoimarcadapordificuldadesdein-tegração,semantendocomoumaespéciedeenclavedomovimento

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ambientalistadentrodoGoverno,comalcancerestritoàschamadasaçõesdecomandoecontrole,massemacessoàspolíticassetoriaisdegrandeimpactoambiental,comoagricultura,energiaeinfraestru-tura(PagnoccheschieBernardo,2006).

Foinestecenário internacionalqueaAssembleiaConstituintenoBrasilpassouadiscutirotema“MeioAmbiente”.Apósaredemo-cratização,houveumperíododeconsolidaçãodaspolíticaspúblicasambientaisbrasileiras,comaexistênciananovaConstituiçãodeumcapítulointeirovoltadoparaomeioambiente,dainovadorarespon-sabilidadecompartilhadaentreoPoderPúblicoeacoletividadesobreadefesaambiental,bemcomoascompetênciasdetodososentesdaFederação(União,EstadoseMunicípios)paraprotegeromeioam-bienteelegislarsobreele.

Onovogovernoimplantouentão,em1989,oprogramachama-do“NossaNatureza”,comumasériedemedidasrelevantes,entreelasaquereformulouinstitucionalmenteaáreaambiental,comacriaçãodoIBAMA–InstitutoBrasileirodoMeioAmbienteedosRecursosNa-turaisRenováveis.

Anovaautarquia,comamissãodeseroórgãoexecutordaPolí-ticaNacionaldoMeioAmbiente,surgiudafusãodaantigaSEMAcom3órgãosdefomentoàprodução:

• IBDF(InstitutoBrasileirodoDesenvolvimentoFlorestal);

• SUDEPE(SuperintendênciadoDesenvolvimentodaPesca);

• SUDHEVEA(SuperintendênciadoDesenvolvimentodaBorracha).

Oanode1992representouummomentohistóricoparaaquestãoambientalnoBrasil,comarealizaçãoda

ConferênciadasNaçõesUnidassobreoMeioAmbienteeDesenvolvimentonoRiodeJaneiro,conhecidacomoRio-92.

Esteeventorepresentouaconsolidaçãodarededomovimentoambientalistabrasileiro,emarcouaconsagraçãodochamado“socio-ambientalismo”,comumamudançadeideologiaarespeitodeques-

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tõesambientais,passandodeumavisãoprincipalmentedecontroledepoluiçãoe estabelecimentode áreasprotegidas - normalmentesemapresençahumana-paraumavisãodedesenvolvimentoeco-nômicoe“socioambiental”.

Isso significa que o social estaria implicitamente presente noambiental,sendoambosindissociáveis,devendoserlevadosconjun-tamenteemconsideraçãonacompreensãodeproblemasebuscadesoluções pelas políticas públicas. Houve ainda um crescimento naatuaçãodasONGsemtodoespectrodepolíticaspúblicas,destacan-do-seaáreaambiental(PagnoccheschieBernardo,2006).

Aindanofinaldoanode1992foicriadooMinistériodoMeioAmbiente,comamissãodepromoverainserçãodoconceitodede-senvolvimentosustentávelnaformulaçãoenaimplementaçãodepo-líticaspúblicas.Entretanto,desdesuacriação,esseMinistérioteveaatuaçãomuitoprejudicadapelafaltaderecursosedeespaçodede-batejuntoaoutrosministériosmaispoderosos.

OIBAMAquetinhaumaatuaçãomaisconsolidadaficousubor-dinadoaoMMA,sendoqueasatribuiçõesdessesdoisórgãos,atéosdiasdehojeainda,nãoestãoestabilizadas,comarelaçãoformulador-executorbastanteconfusa.

AResolução237doCONAMA,editadaem1997,revisouosiste-madeAvaliaçãodeImpactosAmbientais,efetivandoolicenciamentoambientaldeprojetoscomoinstrumentodeGestãoAmbiental,con-formejá instituídodesde1981,pelaPolíticaNacionaldoMeioAm-biente(Rohde,2006).

EssanormadefiniucritérioseprazosparaaanálisedeEstudosdeImpactoAmbiental,consagrandoolicenciamentoambientalcomoprocedimentoadministrativoaseradotadoportécnicosdosórgãosambientaisnaanálisedeprojetos.

A partir de 1998, tendo alcançado a estabilidade econômicaapóssucessivascrises,oBrasilpassouporumperíododecrescimen-to econômico emelhoria nas condições sociais, comgrandepartedapopulaçãoascendendosocialmenteetendoacessoaumníveldeconsumomuitomaiselevado.

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Teveiníciotambém,sobretudoapartirde2002,umperíododegrandesobrasdeinfraestrutura.Aomesmotempo,oIBAMAteveumincrementonasuamão-de-obracomosúnicosconcursospúblicosparaprovimentodecargostécnicosdoórgão,realizadosnosanosde2002,2005e2008.

OincrementodemãodeobraenaqualificaçãonosquadrosdoórgãoAmbientalFederallicenciadorresultounaaplicaçãomaisefeti-vadalegislaçãojáexistente,consideradaumadasmaisrestritivasdomundo.Aanálisemaiscriteriosadospedidosdeconcessãodelicen-çasambientaistrouxeàtonaasfragilidadesdosestudosexistentesecolocouemdúvidaqualseriaolimitedeatuaçãodoórgãoambientalemtermosdesolicitaçõesdecomplementaçõesecondicionantes.

Dessaforma,foieditadaem2011umasériedePortariasares-peitodoLicenciamentoAmbiental,estabelecendocritériose limitesnaanálisedospedidosdeconcessãodelicenças,deformaaagilizarebaratearoprocessoparaosempreendedores.

O surgimento da preocupação ambiental moderna no Brasildeu-seduranteoperíododogovernomilitareainclusãodessaques-tãonaAgendaPolíticasempreesteveligadaafortespressõesdegru-posdeinteresseexternosaopaíseaindivíduosquepossuemníveleducacionalelevadoedeorigemurbana.Assim,asprimeirasPolíticasPúblicasvoltadasparaoprocessodeAvaliaçãodeImpactosAmbien-taispassaramaexistirnessecontexto.

Comoavisãodemeioambientenestaépocaaindaera frag-mentada,deu-seênfaseàAvaliaçãodeImpactosdeProjetos,emde-trimentoàAvaliaçãoDePolíticas,PlanosEProgramasDoGoverno.Assim,muitosdosproblemasambientaisededesenvolvimentosur-gemdafragmentaçãosetorialdasaçõespúblicas,sendonecessário,portanto, a adoçãodemedidasmais integradase coordenadasnocontextodoprocessodetomadadedecisãoparaasaçõesestabele-cidasemdeterminadopaís,regiãooulocalidade(OliveiraeBursztyn,2001).

Egler(1998,p.153)aindasugereoutroaspectoaserconsidera-dooutroelementoquepodeimporsériasrestriçõesatentativasdemelhoriasdesseprocesso-deAvaliaçãodeImpactosAmbientais-éaatualtendênciainternacional,queenfatizaareduçãodotamanhoefunçõesdoEstadonaeconomia.

Deacordocomessemodelo,as funçõesdoEstadodeveriam

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ser reduzidasaomínimodesempenhofisiológicodasatividadesdedefesa,justiçaepolítica,essencialmenteàgarantiadasoberaniana-cional;asdemaisatividadesseriamreguladaspelomercado.Noen-tanto,ainserçãodasatividadesdeintegraçãoedecoordenaçãonosprocessosdeformulaçãoedeimplementaçãodepolíticas,planoseprogramas,éumafunçãodoEstado.Nessesentido,essatendênciapodecomprometerseriamenteaatividadedecoordenaçãodasaçõespúblicas.

Maisrecentemente,apóssucessivascrises,ecomumacertaes-tabilidadeeconômica,houveumperíododecrescimentoemelhorianascondiçõessociais,comgrandepartedapopulaçãoascendendosocialmenteetendoacessoaumníveldeconsumomuitomaiseleva-do.Issoserefletiunumademandacrescentedeanálisesdepedidosdeconcessãodelicençasambientaisemnívelfederal.Dessaforma,foinecessárioum incrementonamãodeobranoórgãoambientalfederal(IBAMA),resultandonarealizaçãodeconcursospúblicos.

O incrementodemãodeobraequalificaçãonosquadrosdoórgãoambientalfederallicenciadorresultounaaplicaçãomaisefetivadalegislaçãojáexistente,oquesignificouumempecilhorealparaocrescimentoeconômicobaseadonarealizaçãodegrandesempreen-dimentos.

Aanálisemaiscriteriosadospedidosdeconcessãodelicençasambientaistrouxeàtonaasfragilidadesdosestudosexistentes,edopróprioprocessodeavaliaçãodeimpactosambientais,voltadoape-nasparaprojetos.Isso,aliadoàsingerênciasinternasentreIBAMAeMinistériodoMeioAmbiente (MMA),edopróprio relacionamentoentreoMMAeMinistérioscommaispoderrefletiuemafirmaçõesdequeoórgãoambiental tentariaemperrarodesenvolvimento,colo-candoemdúvidaqualseriamoslimitesdeatuaçãodesse.

A criação do Instituto ChicoMendes de Preservação da Bio-diversidade(ICMBio),comoconsequenteenfraquecimentodoIBA-MA,foiemblemáticanesseprocesso,umavezquetalmedidafoinaverdadeumaconsequênciadoimpasseenvolvendooLicenciamentoAmbientaldeduasusinashidrelétricasnaAmazônia(Zhouri,2008).

AusinadeBeloMonte,éoutrocasoemblemático,exemplodecomointeressespolíticos,muitasvezes,sesobrepõemàanálisetéc-nica,deformaqueocorredegradaçãoambientalecontradiçãodosinteressesdapopulaçãomesmoemobraslicenciadas.

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Aomesmotempoemqueháoclaroenfraquecimentodoprin-cipalórgãoexecutordaPolíticaNacionaldoMeioAmbiente,hápara-doxalmenteumdiscursoquepregaasustentabilidade,aproveitando-sedaposiçãodoBrasildepaísdiverso,comoseessaposiçãofosseumatestadodeboasPolíticasPúblicasnosetor.

Sobreisso,PierreCharaudeau(2006,p.56)relata:

A instânciapolítica encontra-seno lugar emqueos ato-restemum“poderdefazer”,istoé,dedecisãoedeação,eum“poderdefazerpensar”,istoé,demanipulação.Porcontadisso,ainstânciaqueosreúneestáembuscadele-gitimidade,paraascenderaestelugar,deautoridadeedecredibilidade,parapodergeri-loesemanter.Nãoháoutrajustificativaparaopodersenãoaprópriasituaçãodepoder.Portanto,odiscursoda instânciapolíticapodeapenas sededicar aproporprogramaspolíticosquando se tratadecandidatar-seaos sufrágioseleitorais, a justificardecisõesouaçõesparadefendersualegitimidade,acriticarasideiasdospartidosadversáriosparamelhorreforçarsuaposição

fig.01 - Usina Hidrelétrica de Belo Monte.

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eaconclamaroconsensosocialparaobterapoiodoscida-dãos,tudocomaajudadediversasestratégiasdepersua-sãoesedução.(CHARAUDEAU,2006,p.56.)

A análise incompletadaproblemáticado LicenciamentoAm-bientalnoBrasildificultaavisualizaçãodascausasreaisdosproble-maspercebidos,muitomaissutiseenraizadosemaspectossociais,aosquaisostécnicossesubordinam.Seabordarmosdeformamaisamplaaquestão,comorealizadonodecorrerdestaunidade,perce-beremosentidadessociaiscomparticipaçãomaisoumenosativanodelineamentodessaquestão.

Conclui-se,dessaforma,queoentendimentodocontextoso-cial,políticoeeconômicoemqueasPolíticasPúblicasAmbientaissãoadotadas, refletindona tomadadedecisãopeloGoverno, aqual édependentedanegociaçãodepreferênciaseinteressesdosdiversosatores,devenortearqualqueresforçotécnico-científiconosentidodamelhoriadoprocessodeAvaliaçãodeImpactosAmbientaisFederalnoBrasil.

LISTA DE IMAGENS

Fig.01:www.pac.gov.br

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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