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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE TURISMO CURSO DE TURISMO LUANA RAFAELLA COSTA DE MACÊDO QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A PERCEPÇÃO DOS USUÁRIOS DA RODOVIÁRIA DE NATAL/RN NATAL 2015

QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

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Page 1: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE TURISMO

CURSO DE TURISMO

LUANA RAFAELLA COSTA DE MACÊDO

QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

PERCEPÇÃO DOS USUÁRIOS DA RODOVIÁRIA DE NATAL/RN

NATAL 2015

Page 2: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

LUANA RAFAELLA COSTA DE MACEDO

QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

PERCEPÇÃO DOS USUÁRIOS DA RODOVIÁRIA DE NATAL/RN

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Turismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Turismo.

.

Orientador (a): Prof.ª Dr.ª Leilianne Michelle

Trindade da Silva Barreto, D. Sc.

NATAL

2015

Page 3: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

Catalogação da Publicação na Fonte.

UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA

LUANA RAFAELLA COSTA DE MACEDO

Macedo, Luana Rafaella Costa de.

Qualidade dos serviços turísticos: um estudo sobre a percepção dos

usuários da Rodoviária de Natal/RN/ Luana Rafaella Costa de Macedo. -

Natal, RN, 2015.

57f.

Orientadora: Profa. Dra. Leilianne Michelle Trindade da Silva Barreto.

Monografia (Graduação em Turismo) - Universidade Federal do Rio

Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento de

Turismo.

1. Turismo - Natal/RN - Monografia. 2. Transportes rodoviários – Serviços

turísticos - Monografia. 3. Qualidade dos serviços - Transportes rodoviários -

Monografia. I. Barreto, Leilianne Michelle Trindade da Silva. II. Universidade

Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/BS/CCSA CDU 338.48:656.1 (813.2)

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LUANA RAFAELLA COSTA DE MACEDO

QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

PERCEPÇÃO DOS USUÁRIOS DA RODOVIÁRIA DE NATAL/RN, monografia

apresentada à Coordenação de Graduação em Turismo da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte, para a obtenção do título de Bacharel em Turismo.

Natal, 18 de Junho de 2015.

Banca Examinadora

________________________________________

Prof.ª Leilianne Trindade Barreto , D.Sc.

Orientadora - Universidade Federal do Rio Grande do Norte

________________________________________

Profº Carlos Humberto Porto, D.Sc.

Examinador - Universidade Federal do Rio Grande do Norte

________________________________________

Profa. Catiane Lopes de Lima, M.Sc.

Examinadora - Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Page 5: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

Dedico a Deus, minha base, que sempre me

abençoou e me guiou, principalmente

quando precisei de forças para continuar.

Aos meus pais, que se esforçaram sempre

para me dar o melhor, e me ajudaram a

construir o meu caráter e a nunca esquecer

os meus valores.

Ao meu irmão, que é o meu melhor amigo,

está comigo em todos os momentos, e é

essencial na minha vida.

Page 6: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

AGRADECIMENTOS

Concluir esta monografia (e também o curso) é uma grande conquista para

mim, pois sei o quanto foi difícil chegar até aqui. Por este motivo, fico muito feliz em

poder agradecer a todos aqueles que me ajudaram de alguma forma nesta jornada.

Minha gratidão vai, em primeiro lugar, a Deus, que além de me dar força e coragem

para persistir, me proporcionou várias oportunidades, que naqueles momentos

talvez eu não tenha entendido muito bem, mas que hoje vejo que sem elas não seria

possível realizar este trabalho com êxito, pois como eu sempre digo: Deus sabe o

que faz!

Agradeço aos meus pais, Silvan Maurício de Macêdo, que apesar de não ter o

nível de formação que merece, busca incessantemente, por si próprio, mais e mais

conhecimento sobre tudo que lhe desperta interesse; e Silvanete Costa de Macêdo,

que me mostrou, do seu jeito, que não alcançamos nossos objetivos sem que nos

movamos para tal. Não poderia me esquecer de forma alguma da minha avó, Izaura

Costa (in memorian), que foi como uma segunda mãe para mim, carinhosa, amorosa

e atenciosa, foi a melhor pessoa que conheci na minha vida, e sempre foi meu maior

exemplo de solidariedade, fé e doação, me ensinando que é com humildade e amor

ao próximo que atingimos os propósitos que almejamos, sem nos esquecermos do

principal, a felicidade. Ao meu irmão, Luan Matheus Costa de Macêdo, o melhor

presente que Deus me deu, que faz meus dias mais felizes, é o meu maior cúmplice

e parceiro de todas as horas, e que contribuiu em muitos momentos deste projeto.

Meu sincero agradecimento também aos meus professores, que durante todo

o curso contribuíram tanto na minha formação acadêmica e profissional, e

principalmente a minha orientadora Leilianne Barreto, pela dedicação, incentivo e

mais ainda paciência na orientação, qυе tornaram possível а conclusão desta

monografia. Ao aporte de todos os colegas e amigos, em especial Ana Raquel

Amorim, que me ajudou no momento em que precisei de motivação e ânimo, me

fazendo acreditar que eu era capaz de concretizar este estudo. E, por fim, meu

muito obrigada, a todos aqueles que participaram (inclusive os que não foram

citados) e auxiliaram para que este estudo fosse realizado.

Page 7: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

“Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena

Acreditar no sonho que se tem

Ou que seus planos nunca vão dar certo

Ou que você nunca vai ser alguém...”.

(Trecho da Música: Mais Uma Vez– Compositor: Renato Russo)

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MACÊDO, Luana Rafaella Costa de. Qualidade dos Serviços Turísticos: Um Estudo Sobre a Percepção dos Usuários da Rodoviária de Natal/RN, 2015, p. 57. Monografia (Graduação em Turismo) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

RESUMO

O deslocamento é fundamental para a prática da atividade turística, considerando o conceito atrelado ao turismo que segundo a OMT (2006) trata-se do movimento de pessoas para determinada localidade em um período máximo de 01 (um) ano e mínimo de 24 (vinte e quatro) horas. A partir deste conceito identificam-se as seguintes modalidades de meios de transportes turísticos: aéreo; terrestre; e aquático. Para fins deste estudo, destacam-se os transportes terrestres, sendo responsáveis por uma boa parte do trânsito de pessoas nas rotas turísticas. O transporte rodoviário representa a maior parte desta modalidade, pois é o mais utilizado para movimentação de passageiros, principalmente entre estados de uma mesma região. Para viabilizar este deslocamento de pessoas por meio de ônibus, é necessário que exista uma estação rodoviária para atendê-los. Com esta finalidade existe na cidade de Natal, Rio Grande do Norte, o Terminal Rodoviário Severino Tomaz da Silveira. Este é uma das principais portas de entrada deste estado para viajantes de outras regiões do Brasil, bem como é de extrema importância no suporte às pessoas que moram neste estado e servem-se do mesmo frequentemente. Diante deste fato, este estudo tem por finalidade principal avaliar a qualidade dos serviços turísticos prestados pela rodoviária de Natal/RN, na percepção de seus usuários. Para tanto, foi realizada uma caracterização da rodoviária (abordando também a reforma realizada) e também do perfil socioeconômico do cliente que embarca no terminal, verificando inclusive a percepção destes quanto ao nível de qualidade dos serviços prestados na estação. Quanto à metodologia a pesquisa é caracterizada como descritivo-exploratória com abordagem quantitativa. A amostra foi composta por 100 passageiros que embarcavam na rodoviária, pois estes tiveram um maior aporte para responder a pesquisa, a qual foi realizada no período de 23 e 24 de Maio de 2015. A análise dos dados identificou através das cinco dimensões do modelo conceitual adotado (Tangibilidade, Confiabilidade, Presteza, Segurança e Empatia) o nível de qualidade dos serviços de acordo com a opinião dos entrevistados. Como resultado final, ao comparar com o estudo realizado em 2012 (por CRUZ; FAUCÃO; GALVÃO, 2014), que serviu de base para a coleta e análise dos dados deste, observou-se que apesar de ainda existirem questões a serem aperfeiçoadas, principalmente no que diz respeito ao atendimento ao cliente, houve uma melhora bastante significativa na satisfação geral dos usuários do terminal.

Palavras-Chave: Qualidade. Serviços. Transportes. Rodoviária. Turismo.

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MACÊDO, Luana Rafaella Costa de. Qualidade dos Serviços Turísticos: Um Estudo Sobre a Percepção dos Usuários da Rodoviária de Natal/RN, 2014, p. 57. Monografia (Graduação em Turismo) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

ABSTRACT

The displacement is fundamental for the practice of tourist activity, considering the concept of tourism that according to OMT (2006) refer to the movement of people to determined location in a maximum period of one year and at minimum 24 hours. From this concept there are the following modalities of tourist transport means: aerial, terrestrial and aquatic. In this scenario, the terrestrial transports are in highlight, being responsible for a good part of people’s transit on the touristic routes. The road transport represents the biggest part of this modality, because is the most utilized for passengers movement, mostly between states of the same region. To enable this displacement of people by bus, it’s necessary that exists a bus station to attend them. For this purpose exist in Natal, Rio Grande do Norte, the Severino Tomaz da Silveira Bus Station. It is one of the main gateways of this state to travellers of the other regions of Brasil, as well as it is extremely important on supporting people that live in this state and are served frequently. In this study, it will be realized a characterization of the bus station (also talking about the carried out reform) and also of the user’s socio economic profile verifying the perception of them about the level of quality of the provided services by the bus station of Natal/RN. In front of this fact, this study has for main finality evaluate the quality of the touristic services provided by the bus station of Natal/RN, in the perception of its users. For this purpose, it was realized a characterization of the bus station (also talking about the accomplished reform) and also of the user’s socio economic profile checking the perception of them about the level of quality of the provided services by the station. As regards the methodology the research is characterized as descriptive and exploratory with quantitative approach. The sample was composed by 100 passengers that boarded on the bus station, because this ones had more capability to answer the research, which was conducted between May 23 and May 24, 2015. The analysis of the data identified through the five dimensions of the conceptual model adopted (tangibility, reliability, promptness, safety and empathy) the level of the service’s quality according to the opinion of the interviewed. As a final result, comparing with the accomplished study in 2012 (by CRUZ; FAUCÃO; GALVÃO, 2014), that served as a base to the collect and analysis of its data, it was observed that despite that there still exists questions to be improved, mainly when we’re talking about customer service, there was a improvement quite significant on the general satisfaction of the station users.

Keywords: Quality. Services. Transport. Road Station. Tourism.

Page 10: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Início do que se transformaria em ônibus na Roma antiga......................... 26 Figura 02: Ônibus a diesel, construído pelos irmãos Grassi...................................... 27 Figura 03: Modelo Conceitual Proposto..................................................................... 37 Figura 04: Estacionamento................................................................................. 39 Figura 05: Piso Superior do Terminal............................................................................... 39 Figura 06: Praça de Alimentação e Lojas de Conveniência............................................. 40 Figura 07: Balcão de Informações Turísticas................................................................... 40 Figura 08: Elevador de Acessibilidade............................................................................... 41 Figura 09: Placa Informando Taxas de Embarque............................................................ 42 Figura 10: Área de Embarque e Desembarque................................................................... 42

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01: Distribuição modal do turismo doméstico brasileiro.......................... 16 Gráfico 02: Situação das Rodovias Federais.................................................. 17 Gráfico 03: Custos de Transporte em Relação ao PIB..................................... 24

Page 12: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

LISTA DE TABELAS

Tabela 01: As quatro principais eras da qualidade........................................... 29 Tabela 02: Perfil do Passageiro do Terminal Rodoviário de Natal........................ 43

Page 13: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

LISTA DE QUADROS

Quadro 01: Comparativo das Dimensões do Modelo Formulado............................ 45 Quadro 02: Pontos Fortes e Fracos da Rodoviária de Natal-RN.............................. 48

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANTT - Agência Nacional de Transportes Terrestres

CNT – Confederação Nacional de Transporte

DER - Departamento de Estradas de Rodagem

DNER - Departamento Nacional de Estradas de Rodagem

DNIT - Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

EMBRATUR – Instituto Brasileiro do Turismo

OMT – Organização Mundial do Turismo

RN – Rio Grande do Norte

SOCICAM - Sociedade Campinense

SP – São Paulo

Page 15: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................ 15 1.1. Problema ............................................................................................. 15 1.2. Justificativa ........................................................................................ 18 1.3. Objetivos ............................................................................................. 19 1.3.1. Geral ................................................................................................. 19 1.3.2. Específicos......................................................................................... 19 2. REFERÊNCIAL TEÓRICO...................................................................... 20 2.1. Transportes ........................................................................................ 20 2.1.1. História dos Transportes ................................................................... 20 2.1.2. Transportes no Brasil ........................................................................ 22 2.1.3. Turismo e Transporte Rodoviário ..................................................... 25 2.2. Qualidade dos Serviços Turísticos .................................................. 28 2.2.1. Evolução da Qualidade ..................................................................... 28 2.2.2. Qualidade dos Serviços .................................................................... 31 3. METODOLOGIA ..................................................................................... 34 3.1. Tipo de Estudo .................................................................................. 34 3.2. População e Amostra ........................................................................ 35 3.3. Coleta de Dados ................................................................................ 35 3.4. Análise dos Dados ............................................................................. 36 4. RESULTADOS ....................................................................................... 38 4.1 Caracterização do Terminal Rodoviário de Natal/RN ........................... 38 4.2. Perfil dos Usuários ............................................................................... 43 4.3. Nível de Qualidade dos Serviços Turísticos ........................................ 45 4.4. Pontos Fortes e Fracos da Rodoviária ................................................ 47 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................... 49 REFERÊNCIAS.......................................................................................... 51 APÊNDICE ................................................................................................. 54

Page 16: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

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1. INTRODUÇÃO

1.1. Problema

Os transportes são determinantes para a existência do turismo, pois como

menciona Roná (2002), sem deslocamento no espaço não há turismo. Partindo

desse pressuposto, não há como ser caracterizado turista sem que o indivíduo tenha

saído de sua residência para um lugar distinto do que vive. Para tal ato, são

necessários meios para que essa viagem ocorra, sejam eles aéreos, por terra ou

pela água. Em alguns casos, a própria atividade de transporte é uma experiência de

turismo, como por exemplo, no caso dos cruzeiros; No entanto, em algumas

circunstâncias o transporte prevalece sobre o próprio destino turístico, e muitas

vezes influi até mesmo na escolha do local a ser visitado. Cidades que possuem

uma boa relação de custo-benefício, se tratando de determinados meios de

transportes para que as pessoas se destinem a elas, apresentam uma enorme

diferença em termos de fluxo de turistas, se comparadas aquelas que não dispõem

dessa mesma vantagem. Sendo assim, o transporte se mostra como um

componente fundamental da atividade turística, e apresenta grande importância para

o desenvolvimento dessa atividade.

O turismo, da forma que é atualmente conhecido, só pôde chegar ao nível em

que se encontra graças ao desenvolvimento tecnológico dos meios de transportes.

Prova disso é o fato de que até meados do século XIX, uma viagem atravessando o

atlântico demoraria algumas semanas, enquanto que hoje utilizando um avião

comercial de passageiros supersônico, faz-se o percurso em poucas horas.

Esse avanço dos transportes, porém, parece não ter agregado a qualidade

necessária aos meios, por isso as melhorias se apresentam cada vez mais

necessárias devido ao processo de globalização que traz consigo uma notável

transformação no grau de exigência dos consumidores. De acordo com Beni (1998),

o turista deve experimentar a viagem para poder avaliar o produto, e a qualidade da

experiência com o transporte torna-se um aspecto importantíssimo da experiência

turística e, portanto é um critério crucial na escolha da destinação. Serviço de baixa

qualidade, problemas de horários, atrasos associados ao serviço, por exemplo,

podem afetar seriamente a percepção do viajante e o nível de satisfação em relação

à viagem. Os turistas procuram redes de transporte seguras, confortáveis,

Page 17: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

16

financeiramente acessíveis e eficientes que proporcionem momentos de férias

únicos, aproveitados ao seu potencial máximo.

Conforme Palhares (2002), com o avanço na tecnologia e o surgimento de

novos meios de transportes, a distribuição modal dos transportes foi se alterando ao

longo do tempo. No momento atual predominam, em termos de turismo, os

transportes aéreo e rodoviário. Isto também foi constatado pelo Instituto Brasileiro do

Turismo (EMBRATUR, 2000 apud PALHARES, 2002) conforme ilustra o Gráfico 01,

o qual apresentou uma distribuição modal do turismo:

Gráfico 01: Distribuição modal do turismo doméstico brasileiro

Fonte: Embratur, 2000 (apud PALHARES, 2002).

A malha de rodovias brasileira é uma das mais vastas do mundo; entretanto

infelizmente a sua qualidade não tem acompanhado a quantidade. Segundo

pesquisas realizadas pela CNT (2011) o estado geral das rodovias federais chegou

a apresentar certa melhora, entre 2009 e 2011. No entanto, mais da metade das vias

federais ainda se enquadrava no ano de 2011 nas categorias regular, ruim e

péssimo. Os dados incluíram estradas administradas pelo governo e aquelas

concedidas à iniciativa privada.

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17

Gráfico 02: Situação das Rodovias Federais

Fonte: Pesquisa CNT de Rodovias, 2011.

De natureza terrestre, o modal rodoviário é o mais utilizado no Brasil

atualmente, quando se trata do transporte de passageiros. Portanto, a qualidade em

tudo que diz respeito a este transporte é primordial, não só para a realização da

atividade turística, como fundamentalmente para os cidadãos que dela usufruem por

simples necessidade.

Para que um lugar se desenvolva turisticamente é extremamente

necessário que sua infraestrutura básica - iluminação pública, saneamento,

abastecimento de água potável, e de energia elétrica, e vias de circulação - esteja

adequada. Porém, não menos importante é a chegada do turista a cidade ou

município, a qual se dará, na maioria dos casos, através dos terminais de

passageiros existentes no local (como rodoviárias e aeroportos). Nestes é também

essencial que se tenha uma boa estrutura, bem como um serviço satisfatório. Mais

precisamente, tratando-se do universo de estudo avaliado, Cruz, Faucão e Galvão

(2014, p. 3) descrevem que:

O Terminal Rodoviário de Natal (RN) possui um papel importante como estação rodoviária para os passageiros, o mesmo serve de apoio à atividade turística e é um meio que beneficia pessoas que moram em uma cidade e trabalham em outra, que estudam em um lugar e possuem outro como moradia, precisando, assim, se deslocar através de um transporte rodoviário.

Page 19: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

18

Portanto, visto que a cidade do Natal tem o turismo como uma de suas

principais fontes de renda, e não se esquecendo do fato de que o terminal é

essencial para os moradores do estado, não só como gerador de lucros para os que

trabalham em suas instalações, como também para os que usufruem dos seus

serviços frequentemente, foi percebida a necessidade de se avaliar os serviços de

transporte rodoviário que são prestados aos turistas e demais usuários. Chegando

assim ao seguinte questionamento: De que forma os serviços prestados na

rodoviária de Natal/RN são qualificados pelos usuários?

1.2 Justificativa

A grande maioria das pessoas percebe nitidamente a relação existente entre

os transportes e o turismo. Se o indivíduo já realizou algum tipo de viagem, seja por

qual motivo for, saberá que para chegar ao seu destino foi essencial que utilizasse

um meio de transporte: automóvel, ônibus, avião, trem, navio, etc. Sendo assim, é

incontestável que não existe turismo sem o transporte. Um desses meios de

transporte, o qual será abordado mais profundamente neste trabalho, é o rodoviário

(mais especificamente os ônibus). Por existir uma lacuna de conhecimento sobre a

importância da qualidade dos serviços em terminais rodoviários e mais

precisamente, poucos estudos recentes acerca da rodoviária de Natal, este estudo

se torna notadamente relevante, principalmente para a área turística.

Conforme Albrecht (1998), fazer com que uma organização realmente se

preocupe com o cliente é um desafio muito grande, e não se consegue sem muito

esforço. Não é uma escolha simples ou rapidamente executável. Porém, os

resultados da utilização desta preocupação com a qualidade têm se mostrado

compensadores, como evidencia Las Casas (2008, p. 18), “uma pesquisa revelou

que o crescimento médio anual das empresas voltadas ao cliente e que aplicam

qualidade total é na ordem de 10%, enquanto outras empresas sem esta

preocupação não apresentaram crescimento”. Esta melhoria na qualidade da

prestação de serviços beneficia a sociedade, tanto no âmbito do turismo (o turista

que obtiver satisfação e confiança ao utilizar o terminal, vai desejar voltar sempre

que puder e também vai indica-lo para outras pessoas do seu convívio) quanto no

âmbito do cidadão local (que serve-se sempre da rodoviária para se locomover da

Page 20: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

19

cidade que mora para a cidade em que trabalha, ou que estuda em um lugar e

possui outro como moradia, tendo que se deslocar através deste transporte).

Ao aperfeiçoar o nível de atendimento oferecido, direta ou indiretamente, pela

administração da rodoviária aos usuários, ocorrerá um estimulo considerável da

atividade turística. O que favorecerá de modo direto a empresa que gere a rodoviária

atualmente (SOCICAM), pois aumentará o fluxo de passageiros significativamente

(não só de outros estados, como também de potiguares) e assegurará a fidelidade

dos mesmos, gerando assim lucros a curto e longo prazo.

1.3 Objetivos

1.3.1 Geral

Avaliar a qualidade dos serviços turísticos prestados pela rodoviária de

Natal/RN, na percepção de seus usuários.

1.3.2 Específicos

a) Caracterizar o perfil dos usuários da rodoviária de Natal/RN;

b) Identificar o nível de qualidade dos serviços prestados pela rodoviária

de Natal/RN, na percepção dos usuários;

c) Analisar os pontos fortes e fracos da rodoviária de Natal/RN, em

relação à qualidade dos serviços.

Page 21: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

20

2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Transportes 2.1.1 História dos transportes

A história da própria humanidade, de acordo com Roná (2002), se confunde

com a do transporte, considerando que o homem sempre estabeleceu estreita

relação com a locomoção. Os primeiros meios de transporte foram a caminhada e a

natação. Para enfrentar grandes distâncias, muitas vezes transportando cargas

pesadas, foi preciso encontrar soluções tecnológicas para que perseverassem em

sua infindável jornada. Estas vieram a proporcionar, posteriormente, uma expansão

dos domínios da raça humana, facilitando o desenvolvimento e a interação de

diversos povos. Nesse contexto, a água se mostrou um obstáculo complicado para o

deslocamento do homem. Porém, ainda na pré-história veio a ser conquistada,

tornando-se um acontecimento do período; A partir daí, todos os povos com acesso

à água desenvolveram meios de navegar.

Na época da Antiguidade a constituição de estados cada vez maiores e mais

bem organizados exigiu o desenvolvimento do deslocamento espacial, quer no

âmbito dos meios de transporte, quer no das vias de comunicação. A invenção da

roda é, certamente, um acontecimento histórico (e não pré-histórico, como muitas

fontes alternativas de conhecimento levam-nos a supor), não tendo sido uma

invenção compartilhada por toda a humanidade ao mesmo tempo (RONÁ, 2002).

A criação da roda foi um dos inventos que auxiliou no surgimento do

transporte terrestre. Mas antes disso, na pré-história, o homem já utilizava alguns

meios para transportar cargas. Existem muitas teorias sobre seu surgimento, mas

não há um registro do exato momento. Afirma-se que os primeiros vestígios foram

encontrados na civilização Suméria, cerca de 3000 a.c., em uma carroça com rodas

de madeira. Tratando-se ainda da invenção da roda, de acordo com Roná (2002, p.

18 - 19), “Os primeiros carros foram veículos pesados com quatro rodas, porém,

rapidamente a engenhosidade humana desenvolveu outros tipos, como os veículos

leves de duas rodas (muitas vezes tirados por dois cavalos), que eram utilizados

para deslocamentos rápidos, sobretudo pelos militares em suas campanhas bélicas”.

Page 22: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

21

Esses tipos de transporte demandavam, porém, superfícies melhores,

partindo daí a construção de estradas. Os persas se sobressaíram como os

primeiros grandes construtores de rodovias. Pois, conforme descreve Escriche

(2010), desde os tempos antigos estes povos mais poderosos (como os persas; os

babilônios; os egípcios; os romanos...) aspiravam possuir extensas redes de

estradas, completas e da melhor qualidade possível, em razão de desejarem

acessar lugares até então inacessíveis e explorar seus recursos. Tiveram inclusive a

preocupação de construir pousos a distâncias predeterminadas para uso dos

viajantes (que hoje são variados, como os hotéis, pousadas e motéis).

Não encontramos fora da porção ocidental da Europa grandes contribuições

para o desenvolvimento dos transportes. As populações da África subsaariana e das

Américas foram mais vistas como mercadoria do que como seres humanos

semelhantes aos europeus, e muitas de suas realizações foram simplesmente

destruídas no processo de submissão a que foram expostos os estados dessas

regiões (RONÁ, 2002).

Segundo Palhares (2002), apesar de terem sido desenvolvidos ainda no final

do século XIX, foi somente depois do fim da Segunda Guerra Mundial que os

automóveis passaram a ser fabricados em escala industrial e então se tornaram um

bem acessível para uma parcela da população global. Conforme Roná (2002), a

primeira ferrovia do mundo, que ligava Darlington a Stockton (ambas cidades

industriais localizadas no nordeste da Inglaterra), foi inaugurada por George

Stephenson em 1825. A primeira viagem era mista, pois transportava tanto

passageiros como cargas. No século XIX, foram construídas as primeiras

embarcações específicas para a locomoção de pessoas pelo Atlântico, estas

realizadas pelos ingleses e norte-americanos. Os viajantes deixaram de ser vistos

como intrusos a bordo, e sim como clientes pagantes pelo serviço. No final do

século, com a evolução da aviação, esta passou a ser utilizada como meio de

transporte (até então, voar era para os aventureiros ou para os privados de bom

senso). Entretanto, por oferecer rapidez, mas nenhum conforto, os aviões abriram a

possibilidade do uso dos balões dirigíveis, pelos zeppelins possuírem essa última

característica em grau superior.

De acordo com Palhares (2002), o transporte é classicamente constituído de

quatro elementos:

Page 23: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

22

Via: é o meio pelo qual o transporte se desenvolve;

Veículo: operam em determinado tipo de via. Sua tecnologia pode

apresentar maior flexibilidade e privacidade;

Força motriz: relaciona-se com a tecnologia dos veículos e vias. Tecnologia

dos veículos (tração animal, embarcações a vela e combustão a jato). A força

motriz diz respeito ao seu alcance, velocidade e lotação a ser transportada;

Terminal: lugar onde se tem acesso aos meios de transporte. Pode ser

ponto de transferência de um meio de transporte para outro. Podem ofertar

serviços ao passageiro (restaurantes, hospedagem, cinema,...)

Atualmente, o transporte caracteriza um dos principais fatores de produção na

economia e agente provedor de riqueza e desenvolvimento. A importância deste

para seu país vai além da questão básica de ligação entre as áreas de produção e

de consumo. O setor de transporte gera empregos, contribui na melhora da

distribuição de renda e reduz a distância entre a zona rural e a urbana, melhorando

dessa forma a qualidade de vida da população.

2.1.2 Transportes no Brasil

Apesar de existirem muitos significados para a palavra, segundo Ferreira

(1999, p. 1399 apud RONÁ, 2002, p.6.) em um sentido físico, transportar é “conduzir

ou levar de um lugar para outro”.

Nas primeiras fazendas cafeeiras do Brasil, o café era carregado em lombo

de mula até as casas exportadoras, e poucas eram as regiões que possuíam

estradas em boas condições. Como cita Roná (2002), as estradas que ligavam a

região de Rio Claro a Santos, por exemplo, não passavam de picadas tortuosas e

estreitas, abertas no mato e cortadas por córregos a cada passo. Não podemos falar

de transportes no Brasil do século XIX, sem se reportar a Irineu Evangelista de

Souza, grande empreendedor, como bem descreve Gordinho (2003, p.18):

O visconde de Mauá, que criou o Banco do Brasil, a Companhia de Navegação e Comércio do Amazonas, o Estabelecimento de Fundição e Estaleiros de Ponta de Areia e a Imperial Companhia de Navegação a

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23

Vapor e Estrada de Ferro de Petropólis. O país poderia ter se modernizado então, mas os conservadores foram um obstáculo intransponível nos caminhos de Mauá e sua visão permaneceu uma possibilidade.

Os construtores das antigas ferrovias brasileiras tinham como objetivo para as

mesmas, a ligação dos portos de importação e exportação ao interior, onde eram

produzidas as matérias-primas e que também consumia os manufaturados. No Brasil

república, em meados de 1889, os produtos manufaturados foram essenciais para a

ampliação da infraestrutura viária, tais como: a borracha na Amazônia, o cacau no

sul da Bahia, e ainda a erva-mate no Paraná. Ainda no final do século XIX, mais

precisamente em 1893, o automóvel é introduzido no Brasil, “a população estranhou

aquelas carruagens sem cavalos que, em meio a forte ruído e muita fumaça,

desafiavam as nossas precárias ruas e estradas” (RONÁ, 2002, p.77).

Durante o governo de Washington Luís (1926 – 1930), ocorreu uma

verdadeira febre construtora de estradas, tanto que o lema de sua administração foi

“Governar é abrir estradas”, subentendendo-se estradas apenas como rodovias. Nas

décadas seguintes, os transportes continuaram a exibir uma forte expansão do setor

rodoviário, no Brasil de Getúlio Vargas, o mercado estava aberto para grandes

marcas como Ford e General Motors, desde a década de 1930. Mas foi no governo

de Juscelino Kubitscheck que os automóveis começaram a ser também fabricados

em território nacional, o que os fez, ao longo do tempo, mais acessíveis ao

brasileiro.

Segundo Palhares (2002), em 1926 foi criado, no estado de São Paulo, o

primeiro órgão rodoviário do país com autonomia técnica e administrativa para a

implementação e construção de rodovias. Era chamado de Diretoria de Estradas de

Rodagem, em 1934 passou a se chamar Departamento de Estradas de Rodagem

(DER-SP). Em 1937, foi criado em instância federal o DNER (Departamento

Nacional de Estradas de Rodagem). Este foi extinto, e suas atribuições foram

transferidas para o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes),

o qual é o atual órgão responsável pela operação, manutenção

restauração/reposição e ampliação do Sistema Federal de Viação; Além do citado,

cada estado do país tem seu próprio DER, além dos principais municípios, que

contam com as secretarias municipais de transportes ou de obras públicas. É

importantíssimo citar também a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres),

Page 25: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

24

que foi criada pela Lei nº 10.233 de 2001, e vinculada ao Ministério dos Transportes

é o órgão responsável pela concessão de ferrovias, rodovias e transporte ferroviário,

relacionadas à infraestrutura. Realiza a permissão do transporte coletivo regular

através dos meios rodoviário e ferroviário e autorização do transporte de

passageiros por meio de empresa de turismo, além do transporte internacional de

cargas, transporte multimodal e terminais no Brasil; e também no transporte

dutoviário.

Estudos apresentados pela CNT (2012) apontam que os custos de transporte

no Brasil representaram 6,9% do PIB de 2008. Fazendo uma análise, os EUA

apresentou uma diferença de 1,5% a menos nesses custos (gráfico 03). Esses

dados demonstram a importância do setor para a economia, mas também

evidenciam a deficiência do transporte brasileiro.

Gráfico 03: Custos de Transporte em Relação ao PIB*

Fonte: CNT, 2012.

Mesmo sendo evidente a importância do transporte para a economia, o setor

é extremamente prejudicado pelo baixo nível de investimento no país, levando como

exemplo o modal rodoviário a falta de recursos acarreta uma deterioração deste e

consequentemente à “privatização” dos trechos mais rentáveis. Gordinho (2003)

acrescenta que, o setor ferroviário, privatizado, atende principalmente aos interesses

de seus concessionários; os portos têm custos altos e operação ineficiente e as

companhias aéreas estão em situação crítica. (...) O transporte brasileiro tem

gargalos que impedem seu desenvolvimento. O desbalanceamento de sua matriz, a

Page 26: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

25

legislação e fiscalização inadequadas, a deficiência da infraestrutura de apoio e a

insegurança das vias de comunicação são os principais.

É necessário crescer com planejamento, pois uma melhor gestão dos

investimentos permitirá que o país desfrute de melhor infraestrutura de transporte e

recupere seu potencial competitivo, perdido com o alto custo do transporte. Assim, o

transporte de passageiros e cargas será mais eficiente e gerará mais riqueza para o

país.

2.1.3 Turismo e Transporte rodoviário

Segundo Lamb e Davidson (apud page, 2011): “transporte é um dos três

componentes fundamentais do turismo. Os outros dois são o produto turístico (a

oferta) e o mercado turístico (a demanda ou os turistas em si)”. De acordo com Beni

(1998, p. 228):

As rotas, vias ou caminhos, ao longo da história, formaram a infraestrutura indispensável para o tráfego de pessoas e de mercadorias, até serem quase abandonadas com o surgimento do trem. Na segunda metade deste século as estradas ganharam espetacular expansão, tomando a dianteira sobre as outras vias de locomoção. Foi o automóvel a causa básica dessa expansão e foi o turismo que incrementou substancialmente o uso desse veículo.

Além da existência dos tipos de transportes e dos elementos que os

constituem, têm-se também as redes de transporte. Essas compreendem o conjunto

de ligações (rodovias, ferrovias, rotas aéreas, etc.) e terminais (rodoviárias, estações

ferroviárias, aeroportos, portos, etc) de um determinado modo de transporte ou de

vários modos de transporte.

Conforme Beni (1998), utilizar o ônibus como transporte terrestre para o

turismo traz vantagens consideráveis, pois o custo será reduzido e, além disso, no

Brasil, essa modalidade é bastante difundida. Pode-se dizer que esse modal está

para os brasileiros assim como o trem está para os europeus. Desta forma é que

são criadas, não só linhas regulares, como linhas de ônibus especiais para o

transporte exclusivamente turístico.

Page 27: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

26

O ônibus, também conhecido como autocarro é um veículo com capacidade

para transportar uma determinada quantidade de passageiros. Antes de 1800, já

haviam ideias desse transporte, mas ele não era chamado de ônibus. Essa

expressão teria surgido na França, em 1826, com a criação do transporte coletivo

moderno, chamado popularmente de omnibus. O serviço foi criado pelo empresário

Stanislav Baudry que desejava levar clientes até sua casa de banhos que era longe

da cidade de Nantes. Ele tinha todos os horários e ponto de parada definidos.

Antigamente os vocábulos “caminhão” e “ônibus”, não existiam, estes eram

tratados como “automóveis industriais”. O ônibus era alcunhado de “automóvel de

passageiros” e o caminhão “automóvel de mercadorias”. Quando acordamos a

realidade vital da ocupação e colonização do interior, a partir da década de 20, o

caminhão e o ônibus já se credenciavam como elemento maleável de penetração.

Mais ágeis, mais manobráveis, só exigiam estradas, as quais requeriam menores

encargos de investimento que as vias férreas. Toda a década de 40 foi farta na

criação de empresas dedicadas a operação com ônibus. Algumas continuam no

cenário transportador, outras sucumbiram por falta de engenhosidade ou empenho

de seus fundadores (GÔMARA, 1999).

Como percebemos neste trecho de Roná (2002, p. 101), os ônibus já existem

desde muito tempo:

Veículos para o transporte coletivo de pessoas já eram conhecidos na Antiguidade romana, tendo reaparecido na Europa Ocidental durante a segunda metade do século XVII. Denominados de ônibus (do latim omnibus,

para todos), tais veículos eram tirados por dois ou quatro cavalos, servindo tanto para o meio urbano quanto para o intermunicipal.

Figura 01: início do que se transformaria em ônibus na Roma antiga

Fonte: http://www.gidion.com.br/a-historia-do-transporte-em-joinville/ (2015).

Page 28: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

27

A Greyhound Corporation (seu emblema tornou-se um símbolo de ônibus),

em 1921, foi a principal responsável pela consolidação do uso intermunicipal dos

ônibus. Na época atual, a Greyhound atende 2.600 localidades em 48 estados

americanos e 1.100 no Canadá. O Ameripass é um passe que permite aos turistas

interessados viajar com a empresa de sete a sessenta dias pelos Estados Unidos e

parte do Canadá (RONÁ, 2002, p. 102).

A rede rodoviária do Brasil constitui uma das maiores do mundo e sua frota é

bastante expressiva. O primeiro ônibus motorizado brasileiro foi criado para servir o

meio urbano: construído pelos irmãos Grassi (Luiz e Fortunato), com capacidade

para 45 passageiros (figura 02), foi adquirido pela Hospedaria dos Imigrantes, no

ano de 1911. Contudo, nesse período os bondes reinavam geralmente geridos por

empresas estrangeiras, mas logo isso mudou, devido a uma grande crise sofrida

pela empresa proprietária dos bondes paulistanos, os descendentes dos Grassi,

decidiram voltar a empreender nos ônibus. Após a Segunda Guerra Mundial, os

“coletivos” passaram a atender tanto o meio urbano, concorrendo com os bondes,

quanto o interurbano, rivalizando com os trens.

Figura 02: ônibus a diesel, construído pelos irmãos Grassi

Fonte: http://www.gidion.com.br/a-historia-do-transporte-em-joinville/ (2015).

Conforme Palhares (2002), devido à acessibilidade que o modo rodoviário

apresenta, ele não só compreende grande parte da rede de transporte de uma

região, como também interliga outros meios de transporte. Se tratando da área

turística, este modal permitiu que o número de viagens realizadas aumentasse e

tivesse cada vez mais frequência, se tornando, em alguns países, a primeira forma

Page 29: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

28

de transporte no segmento turístico. Ainda segundo Palhares (2002), no Brasil existe

uma supremacia dos transportes rodoviários (automóveis e ônibus) não só para o

caso do transporte para turismo, mas no transporte como um todo (carga e

passageiro). Com a predominância de um só modo de transporte, a intermodalidade

entre os meios fica altamente prejudicada, e com isso os passageiros e turistas

perdem em termos não só de opções de transporte, mas também em todos os

benefícios advindos de uma maior competitividade entre os mesmos, principalmente

melhoria do serviço prestado e diminuição de tarifa.

2.2 Qualidade dos Serviços Turísticos

2.2.1 Evolução da Qualidade

A qualidade não é um tema novo. Ela sempre esteve presente na vida do

homem. Pela própria natureza, a busca pela melhoria, pelo aperfeiçoamento e pela

realização sempre foi uma constante. Na antiguidade, podemos citar, como explicita

Oliveira (2006), na França durante o reinado de Luís XIV, foram adotados

avançados procedimentos, que detalhavam critérios para a escolha de fornecedores

e instruções para supervisão do processo de fabricação em embarcações.

Também é citado em Oliveira (2006, p.3), o código de Hamurabi, datado por

volta de 2159 a. C., o qual desde aquele tempo, já demonstrava um cuidado maior

nas construções das habitações, dado o fato de que, se um construtor negociasse

um imóvel que não fosse sólido o suficiente para atender a sua finalidade e

desabasse, ele, o construtor, seria imolado (sacrificado, prejudicado).

Podemos perceber diante dessas circunstâncias, que tardou para que as

teorias e práticas da gestão da qualidade chegassem até a fase em que se

encontram. Somente há poucas décadas o conceito de qualidade passou

formalmente para a função de gerenciamento. “Em sua forma original, era relativa e

voltada para a inspeção; hoje, as atividades relacionadas com a qualidade se

ampliaram e são consideradas essenciais para o sucesso estratégico” (GARVIN,

1992, p. 3). Mas de que forma ocorreram essas mudanças?

Page 30: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

29

Tabela 01: As quatro principais eras da qualidade

Fonte: Adaptado do autor por Garvin (1992).

Elas foram surgindo aos poucos, resultado de uma série de descobertas que

remontam ao século XIX, essas descobertas foram organizadas em quatro “eras da

qualidade” distintas: inspeção, controle estatístico da qualidade, garantia da

qualidade e gestão estratégica da qualidade. A tabela 01 traça a evolução da

primeira a última era, caracterizando-as de forma direta. A seguir, essa

transformação será abordada mais detalhadamente.

Nos séculos XVIII e XIX, o controle da qualidade era realizado de forma

simples, os produtos eram produzidos em pequenas quantidades; as peças eram

produzidas manualmente e a inspeção era informal, isso quando era feita. Porém,

com o aumento nos volumes de produção, não era mais possível que as peças

fossem encaixadas manualmente, pois isso exigiria um grande aumento de mão-de-

obra qualificada, os custos seriam elevados e desprenderia muito mais tempo.

Sendo assim, passou a ser necessária a inspeção formal.

As atividades de inspeção passaram a ser relacionadas mais formalmente

com o controle da qualidade em 1922. Pela primeira vez, a qualidade foi vista como

responsabilidade gerencial distinta e como função independente. A situação se

manteve a mesma por muitos anos. O controle da qualidade limitava-se a inspeção

e algumas atividades mais restritas como a contagem, a classificação pela qualidade

e os reparos. (GARVIN, 1992).

Page 31: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

30

A solução para essa limitação veio na década que se seguiu, o papel do

profissional da qualidade foi redefinido. O estímulo a essa mudança foi a pesquisa

feita nos Bell Telephone Laboratories (empresa que empregava um conceito

avançado de gestão da qualidade e que monopolizava o setor de telefonia nos

EUA); o resultado foi o que hoje é chamado de controle estatístico da qualidade. De

acordo com Garvin (1992, p. 13):

No fim dos anos 40, então, o controle da qualidade já estava estabelecido como disciplina reconhecida. Seus métodos eram, porém, basicamente estatísticos e seu impacto confinou-se em grande parte à fábrica. Pouca coisa mudaria até a publicação de diversas obras que representaram marcos nos anos 50 e início da década de 60. Essas obras introduziram a grande era da qualidade que veio a seguir, a era da garantia da qualidade.

Nesse período, a qualidade deixou de ser uma disciplina restrita e baseada

apenas na produção nas fábricas e passou a ter mais implicações para o

gerenciamento, e os instrumentos da profissão se expandiram para muito mais do

que meras estatísticas. O sistema da qualidade passara a incluir agora o

desenvolvimento de novos produtos, a seleção de fornecedores e o atendimento aos

clientes, além do controle de fabricação. Apesar de todas essas mudanças, as

orientações em relação com a qualidade continuaram em grande parte defensivas

durante quase todo aquele período. Esta visão um tanto negativa acabou se

modificando nas décadas de 70 e 80, quando os aspectos estratégicos da qualidade

foram reconhecidos e incorporados.

A abordagem estratégica da qualidade é mais ampla que suas antecessoras,

mais intimamente ligada à lucratividade e aos objetivos empresariais básicos, mais

sensível ás necessidades da concorrência e ao ponto de vista do consumidor e,

mais firmemente associada à melhoria contínua (GARVIN, 1992).

Segundo Feigenbaum (2003, p. 191):

A qualidade quem estabelece é o cliente e não os engenheiros, nem o pessoal de marketing ou a alta administração. A qualidade de um produto ou serviço pode ser definida como um conjunto total das características de marketing, engenharia, fabricação e manutenção do produto ou serviço que satisfazem às expectativas do cliente.

Page 32: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

31

A conscientização da necessidade e da importância da avaliação dos seus

clientes em relação a suas mercadorias sejam elas tangíveis ou intangíveis fez com

que micro e pequenas empresas de todo o mundo exigissem em suas companhias a

certificação de sistemas de gestão da qualidade. Segundo Wada (2007),

“Atualmente a gestão da qualidade está sendo uma das maiores preocupações das

empresas, sejam elas voltadas para a qualidade de produtos ou de serviços”.

A certificação da qualidade além de aumentar a satisfação e a confiança dos

clientes, reduzir custos internos, aumentar a produtividade, melhorar a imagem e os

processos continuamente, possibilita ainda fácil acesso a novos mercados.

Por possuir variadas nuances, hoje já se fala em Gestão de Qualidade Total.

A gestão da qualidade total é uma estratégia de administração orientada a criar

consciência de qualidade em todos os processos organizacionais. (..) Chama-se

total porque o seu objetivo é a implicação não só da empresa inteira mais também a

organização estendida: fornecedores, distribuidores e demais parceiros de negócios

(WADA, 2007). No Brasil atualmente a qualidade ainda se apresenta bastante

deficitária, é necessário dar prioridade a atender as necessidades e desejos dos

clientes com bons produtos e bons serviços. Só se deve avançar quando o básico

estiver bem delineado. Só então estarão prontos para atender as exigências da

qualidade total (LAS CASAS, 2008).

2.2.2 Qualidade dos serviços

A qualidade nos serviços vem se tornando uma exigência indispensável para

os clientes que deles usufruem, tendo em vista essa necessidade de melhorar o

atendimento, tanto no primeiro contato com os usuários como durante o

prosseguimento do serviço e a finalização do mesmo (não esquecendo claro do pós-

serviço, o que chamamos de feedback), as empresas estão investindo em formas de

gerir a análise do risco do procedimento ou do procedimento esperado.

De acordo com Las Casas (2008, p. 1):

As empresas que dizem aplicar o processo de qualidade total ainda não alcançaram este objetivo, uma vez que o critério de julgamento para serviços é o nível de satisfação dos consumidores alcançado. [...] A preocupação maior dos brasileiros tem sido adaptar métodos importados ao

Page 33: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

32

seu mercado e que não estão adequados à sua realidade. Por isto é difícil aplicá-los.

A qualidade nos serviços está ligada diretamente a satisfação. Um cliente que

está satisfeito com os serviços prestados a ele perceberá este serviço como de

qualidade. Seria a capacidade que uma experiência ou qualquer outro fator tenha

para satisfazer uma necessidade, resolver um problema ou fornecer benefícios a

alguém (ALBRECHT, 1998).

Segundo Las Casas (2008, p. 6) “é importante observar que os serviços

possuem dois componentes de qualidade que devem ser considerados: o serviço

propriamente dito e a forma como é percebido pelo cliente”. Estes perceberão os

serviços de forma diferenciada, uma vez que a qualidade do serviço varia de acordo

com o tipo de pessoa. O que se percebe é que a qualidade total em serviços não se

limita apenas aos clientes externos, engloba todos os que com ela interagem, ou

seja, funcionários e administradores. Portanto, se a empresa tiver como objetivo

satisfazer todos os seus clientes (externos e internos), terá mais probabilidade de

alcançar o sucesso.

Para Albrecht (1998, p. 13), excelência de serviço é definida como:

Um nível de qualidade de serviço, comparado ao de seus concorrentes, que é suficientemente elevado, do ponto de vista de seus clientes, para lhe permitir cobrar um preço mais alto pelo serviço oferecido, conquistar uma participação de mercado acima do que seria considerado natural, e/ou obter uma margem de lucro maior que a de seus concorrentes.

A qualidade de um serviço conforme percebida pelos clientes tem duas

dimensões: a dimensão do resultado técnico (o que) e a dimensão funcional ou

relacionada ao processo (como). O que os clientes recebem em suas interações

com a empresa é muito importante para eles e para sua avaliação da qualidade

(FONSECA, 2004).

Observa-se que os consumidores estão cada vez mais exigentes, passando a

fazer com que as empresas atuem de acordo com suas necessidades, prontas para

atendê-los da melhor maneira possível, pois eles sempre esperam o melhor em

questão de atendimento (COSTA, 2011).

Page 34: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

33

Dado o grande número de estabelecimentos de prestação de serviços hoje

existentes, e havendo uma revolução dos serviços em andamento, seria possível

pensar que quase todas as empresas estariam prestando atenção muito firme à

qualidade de seu serviço. Mas, isso está longe de ser verdade (ALBRECHT, 1998,

p. 15).

São necessários certos atributos para proporcionar serviços de qualidade.

Estes atributos têm certas dimensões, como aborda Las Casas (2008, p. 67), sendo

elas principalmente:

Confiabilidade – é importante para prestar serviços de qualidade,

gerada pela habilidade de fornecer o que foi prometido de forma

segura e precisa.

Segurança – os consumidores querem dos prestadores de serviços a

habilidade de transmitir segurança e confiança caracterizada pelo

conhecimento e cortesia dos funcionários.

Aspectos tangíveis – os aspectos físicos que circundam a atividade

de prestação de serviços também têm sua importância como fator de

influência. Neste sentido, contém as instalações, equipamentos e

aparência dos funcionários.

Empatia – grau de cuidado e atenção pessoal dispensado pelos

clientes. Também é importante aspecto a capacidade de se colocar no

lugar dos outros.

Receptividade – é a disposição de ajudar os clientes e fornecer

serviços com presteza.

Os transportes estão, assim como a atividade turística, classificados no setor

terciário (serviços) e, por isso, seu produto tem uma característica básica: é

intangível. Buscar qualidade nos produtos e serviços em qualquer estabelecimento

torna-se palavra de ordem e no caso do turismo não seria diferente, ou melhor, a

qualidade é a essência dessa atividade. Assim deve-se ver o cliente como a razão

de ser da existência do negócio, ele merece toda a atenção e cortesia possíveis.

Page 35: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

34

3. METODOLOGIA 3.1 Tipo de Estudo

A pesquisa realizada iniciou-se a partir de uma revisão bibliográfica sobre os

conceitos e ideias relacionados ao tema estudado. O levantamento bibliográfico

torna possível estruturar os conceitos principais que juntos integram uma linha de

raciocínio capaz de caracterizar o tema em estudo. Segundo Rodrigues (2007) a

revisão bibliográfica tem como objetivo a caracterização inicial do problema, sua

classificação e definição.

Conforme Gil (2007), o estudo pode ser caracterizado quanto aos objetivos,

quanto à forma de abordagem e quanto ao procedimento técnico. Diante disto, o

presente estudo utilizou um procedimento exploratório-descritivo, com uma

abordagem quantitativa, já que busca explorar e descrever informações relacionadas

à qualidade dos serviços prestados na rodoviária de Natal, a partir da percepção dos

usuários desta. De acordo com GIL (2002, p. 42):

As pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis. São inúmeros os estudos que podem ser classificados sob este título e uma de suas características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação sistemática.

Segundo Dencker (1998, p.124) “a pesquisa exploratória procura aprimorar

ideias ou descobrir intuições. Caracteriza-se por possuir um planejamento flexível

envolvendo em geral levantamento bibliográfico e entrevistas com pessoas”. Dessa

forma, os dados da pesquisa são mais fáceis de conseguir e de melhor

compreensão.

Quanto à pesquisa quantitativa, é considerada como tudo que pode ser

quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e informações para

classificá-las e analisá-las. Esta requer o uso de recursos e de técnicas estatísticas

(percentagem, média, moda, mediana, desvio-padrão...). Richardson (1989) expõe

que este método é freqüentemente aplicado nos estudos descritivos (aqueles que

procuram descobrir e classificar a relação entre variáveis), os quais propõem

Page 36: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

35

investigar “o que é”, ou seja, a descobrir as características de um fenômeno como

tal.

3.2 População e Amostra

Uma população é o agregado, ou soma, de todos os elementos que

compartilham algum conjunto de características comuns que compreendem o

universo para o problema da pesquisa (MALHOTRA, 2004, p.320). A população

desta pesquisa compreendeu apenas os passageiros que estavam embarcando, ou

para seus respectivos lugares de origem, ou se deslocando para outros destinos

com intuitos pessoais, pois estes puderam avaliar de forma mais completa, por já

terem usufruído dos serviços a eles prestados na rodoviária.

A amostra foi composta por 100 usuários, de uma média de 2.300 embarques

que ocorrem em dias normais (segundo a administração do terminal). Não foi

delimitada uma idade específica para os entrevistados, devendo apenas serem

maiores de 18 anos, pois os indivíduos que possuam abaixo da idade citada não

poderiam responder as questões com a qualidade necessária. O universo da

pesquisa se constituiu do Terminal Rodoviário de Natal (RN), localizado no bairro de

Cidade da Esperança, zona Oeste da cidade, e que tem 32 anos de funcionamento;

Desde a sua inauguração, o Terminal nunca havia passado por uma reforma que

contribuísse para modernização e conservação, e em 2008 passou a ser administrado

pela SOCICAM, vencedora da concorrência de licitação pública de nº 091/2077- SIN,

aberta pelo Governo do Estado, pelo contrato que tem duração de 30 anos, a

empresa ficou responsável por administrar e executar a reforma do terminal, que

iniciou em 2010 e ainda não foi totalmente concluída.

3.3 Coleta de Dados

De acordo com Santos (2004), a coleta de dados é de grande relevância e

deve ser conduzida cuidadosamente, pois terá reflexos diretos na análise dos dados.

Page 37: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

36

A questão da coleta e análise dos dados foi feita com base em uma pesquisa

realizada em 2012 (quando a reforma da rodoviária ainda estava em processo

inicial), a qual foi publicada em formato de artigo na Revista Turismo em Análise, e

que possuiu o mesmo objetivo que este estudo (CRUZ; FAUCÃO; GALVÃO, 2014).

A intenção foi utilizar a pesquisa anterior para fazer uma pequena comparação e

analisar as opiniões de quase 3 anos depois, no momento “pós-reforma” (ainda

faltam 20% para finalização, conforme informou a empresa que a administra).

Sendo assim, para o levantamento de dados foi aplicado um questionário, baseado

no executado em 2012, composto por duas partes: a primeira, que teve a função de

caracterizar o perfil socioeconômico dos passageiros; e a segunda, que se tratava

de 22 questões fechadas, utilizando o modelo SERVPERF (aplicando a escala

Likert), que buscou avaliar a percepção dos usuários quanto à qualidade dos

serviços a eles oferecidos na rodoviária da cidade.

O modelo de avaliação SERVPERF foi desenvolvido pelos autores Cronin e

Taylor (1992), e partiu do principio de que a percepção que os clientes têm da

qualidade do serviço baseia-se numa atitude pré-concebida acerca do serviço, este

destina-se a medir o desempenho global da qualidade do serviço. O modelo utiliza

22 (vinte e duas) questões distribuídas em cinco dimensões: tangibilidade,

confiabilidade, presteza, segurança e empatia. A amostra foi composta por um total

de 100 passageiros que embarcaram no Complexo Rodoviário Severino Tomaz da

Silveira, entre os dias 23 e 24 de Maio de 2015.

3.4 Análise dos Dados

Para a análise dos dados foi utilizado o mesmo modelo conceitual proposto

no artigo de 2012 (CRUZ; FAUCÃO; GALVÃO, 2014), o qual foi identificado como o

mais adequado para a aferição do nível de satisfação no que diz respeito à

qualidade dos serviços prestados na Rodoviária de Natal. A figura 03 apresenta as

dimensões e os atributos considerados no modelo conceitual proposto para a

pesquisa, com 22 itens adaptados ao local de pesquisa.

Page 38: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

37

Figura 03 - Modelo Conceitual Proposto

Fonte: CRUZ; FAUCÃO; GALVÃO, 2014.

Os questionários foram contados e depois codificados com uma numeração

de 1 a 100, no canto superior direito de cada um, para facilitar no processo digitação

e também para o caso de ser verificado algum erro após a reprodução dos dados e

surgir a necessidade de identificar o objeto em questão. Após esta codificação os

dados de cada questionário foram transcritos para o computador e arquivados em

tabelas do programa Excel. Para avaliar o perfil foi utilizada a técnica de

porcentagem no programa citado e para a análise da percepção foi adotado o

método da média.

Page 39: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

38

4. RESULTADOS 4.1 Caracterização do Terminal Rodoviário de Natal Localizado na zona oeste da cidade, mais precisamente no bairro de cidade

da esperança, o Terminal Rodoviário de Natal-RN (oficialmente na atualidade:

Complexo Severino Tomaz da Silveira), é a principal estação rodoviária do estado.

Foi construído em 1981, inicialmente por questões políticas, e também pela

necessidade de um local que proporcionasse uma melhor estrutura física aos

guichês de passagens, bem como infraestrutura adequada aos passageiros.

Atualmente ocupa 77.499,00m², e desde que foi inaugurado nunca havia passado

por uma reforma, até o ano de 2010, quando foram iniciadas obras de

melhoramento, as quais foram financiadas pela própria empresa que administra o

complexo no presente, a Socicam, vencedora da licitação e que assinou um contrato

de 30 anos de concessão com o Governo do RN, desde 2008.

De acordo com a própria administração o processo de reforma está com 80%

das modificações concluídas, para finalização ainda restam, a construção de lojas

âncoras e a melhoria do estacionamento, que passará de 150 para

aproximadamente 200 vagas após a reforma. O terminal possui dois pisos, porém o

superior no momento só funcionam os banheiros gratuitos e algumas salas onde

funciona a administração da empresa, no piso inferior já funcionam normalmente 10

empresas de alimentação, 8 lojas de conveniência, farmácia, lotérica, correios e

posto policial. Conta também com um balcão de informações turísticas, onde fica um

funcionário da Secretaria de Turismo, que disponibiliza informações acerca da

cidade para os turistas. Os passageiros também podem encontrar os serviços de

telefones públicos, táxi, caixas eletrônicos (cinco), fraldário, banheiro familiar, 2

banheiros, masculino e feminino (os quais são pagos), e 2 banheiros para

portadores de necessidades especiais, masculino e feminino. Tratando-se de

acessibilidade a estação dispõe de elevador, rampa de acesso, cadeira de rodas e

cadeira de transbordo.

Page 40: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

39

Figura 04: Estacionamento

Fonte: autor, 2015.

Figura 05: Piso Superior do Terminal

Fonte: autor, 2015.

Page 41: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

40

Figura 06: Praça de Alimentação e Lojas de Conveniência

Fonte: autor, 2015.

Figura 07: Balcão de Informações Turísticas

Fonte: autor, 2015.

Page 42: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

41

Figura 08: Elevador de Acessibilidade

Fonte: autor, 2015.

São cobradas tarifas de: embarque (inteira e estudante), estacionamento,

guarda volumes, banho e sanitários, exceto as situações que seguem -

deficientes/idosos/necessidades financeiras. Operam atualmente no complexo, 13

empresas de ônibus, que atuam em linhas regulares intermunicipais e

interestaduais. As interestaduais são 46 no total, sendo de embarque e/ou

desembarque de outros cidades/estados brasileiros, são elas: Maceió (Alagoas);

Aracaju (Sergipe); Salvador (Bahia); Fortaleza (Ceará); Brasília (Distrito Federal);

Goiânia (Goiás); São Luís (Maranhão); Belo Horizonte (Minas Gerais); São Paulo

(São Paulo); Belém (Pará); João Pessoa (Paraíba); Crato (Ceará); Recife

(Pernambuco); Campina Grande (Paraíba); Rio de Janeiro (Rio de Janeiro); Caruaru

(Pernambuco); e Palmas (Tocantins). As intermunicipais passam de 50, e atendem a

todos os municípios do estado. De acordo com dados da SOCICAM, a média de

circulação de passageiros em dias normais é de 2.300 embarques, com um total de

10.000 pessoas; e em datas comemorativas e feriados, essa média sobe para

10.000 embarques, com um total de total 25.000 pessoas, entre

embarques/desembarques/consumidores.

Page 43: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

42

Figura 09: Placa Informando Taxas de Embarque

Fonte: autor, 2015.

Figura 10: Área de Embarque e Desembarque

Fonte: autor, 2015.

Page 44: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

43

4.2 Perfil dos Usuários

Após a analise dos dados foi possível compreender o perfil dos usuários na

amostra utilizada neste estudo. Do total de 100 entrevistados, 65% são do sexo

feminino e 35% do sexo masculino. Em relação ao estado de origem predominaram

os Potiguares com 59% do total, seguidos do Ceará e Pernambuco, que somaram

25%, conforme se verifica na tabela 02 abaixo:

Tabela 02: Perfil do Passageiro do Terminal Rodoviário de Natal

ORIGEM Rio Grande do Norte

Pernambuco

Ceará

Paraíba

Alagoas

São Paulo

Sergipe

Bahia

Minas Gerais

59%

15%

10%

8%

3%

2%

1%

1%

1%

GÊNERO Feminino

Masculino 65%

35%

FAIXA ETÁRIA Entre 18 e 30

31 a 40

41 a 50

51 a 60

Acima de 60

54%

24%

11%

7%

4%

ESTADO CIVIL Solteiro

Casado

Divorciado

Viúvo

Outro

65%

30%

3%

1%

1%

RENDA Até 2 salários mínimos

Entre 2 e 3 salários mín.

Entre 3 e 5 salários mín.

Entre 5 e 7 salários mín.

Acima de 7 salários mín.

45%

13%

29%

8%

5%

Page 45: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

44

ESCOLARIDADE Ens Fundamental Incom

Ens Fundamental Completo

Ens Médio Incompleto

Ens Médio Completo

Ens Sup Incompleto

Ens Sup Completo

Pós-graduação

7%

6%

3%

23%

19%

19%

23%

OCUPAÇÃO PRINCIPAL Funcionário Público

Func Empresa Privada

Estudante

Aposentado

Outro

31%

22%

24%

6%

17%

DESTINO Rio Grande do Norte

Pernambuco

Ceará

Paraíba

Alagoas

Bahia

54%

19%

11%

10%

5%

1%

Fonte: Dados da pesquisa, 2015.

A faixa etária dos entrevistados é de extrema importância para identificarmos

quem são esses passageiros, a média de idade predominante foi entre 18 e 30

anos, com 54% do valor. A maioria dos entrevistados foi de solteiros, com o número

de 65%. A renda que obteve maior evidência situada em 45% foi de até 2 salários

mínimos, porém a segunda maior porcentagem foi entre 3 e 5 salários mínimos,

detendo 29%. Em relação ao grau de escolaridade duas opções obtiveram a maioria

das respostas, sendo elas: Ensino Médio Completo, 23%; e Pós-graduação, 23%.

Este fato nos faz observar que frequentam o terminal não só indivíduos mais

abastados, mas também pessoas com menos condições (não apenas no sentido

financeiro, como também no nível de formação escolar).

A principal ocupação foi representada por funcionários públicos com 31%, o

que provavelmente está ligado aos elevados níveis de instrução da maior parte. O

estado de destino que prevaleceu, foi novamente, como na origem, o Rio Grande do

norte que apresentou 54% do total, seguido mais uma vez por Pernambuco e Ceará,

que somaram 30%.

Page 46: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

45

4.3 Nível de Qualidade dos Serviços Turísticos Para avaliar o nível da qualidade dos serviços, foi utilizado com base na

pesquisa de 2012, o modelo SERVPERF, com as seguintes dimensões:

Tangibilidade, Confiabilidade, Presteza, Segurança e Empatia. Conforme se observa

no quadro 01 abaixo.

Quadro 01: Comparativo das Dimensões do Modelo Formulado

Dimensão

Média

Itens Avaliados por Dimensão Notas

Tan

gib

ilid

ade

3,6

A Rodoviária de Natal tem equipamentos modernos 2,87

A Rodoviária de Natal oferece instalações físicas atrativas

(praça de alimentação, estacionamento, assentos, iluminação,

banheiro).

3,62

Os colaboradores da Rodoviária de Natal têm boa aparência

(Fardamento adequado e limpo). 3,85

A aparência das instalações dos guichês, restaurantes e lojas

está conservada de acordo com os serviços oferecidos. 3,88

Co

nfi

abil

idad

e

3,5

Os colaboradores da Rodoviária prometem a seus clientes os

serviços nos prazos em que eles serão executados (atendentes

dos guichês, comerciantes e Administração).

3,42

Quando um cliente tem um problema, a Rodoviária demonstra

um sincero interesse em resolvê-lo. 2,98

O comportamento dos colaboradores da Rodoviária inspira

confiança no cliente (atendentes dos guichês, comerciantes e

Administração).

3,61

A Rodoviária de Natal presta o serviço no tempo prometido. 3,54

A Rodoviária mantém seus registros de forma correta

(horários de ônibus, destinos, empresas, dados de clientes em

passagens).

3,82

Pre

stez

a

3,5

Os colaboradores da Rodoviária de Natal estão sempre

disponíveis para esclarecer suas dúvidas (atendentes dos

guichês, comerciantes e Administração).

3,66

A Rodoviária de Natal oferece um atendimento rápido aos

seus clientes. 3,50

Os colaboradores da Rodoviária dizem aos clientes

exatamente quando o serviço será prestado. 3,48

Os colaboradores da Rodoviária têm sempre disponibilidade

em ajudar os clientes (atendentes dos guichês, comerciantes e

Administração).

3,37

Seg

ura

nça

3,5

Você se sente seguro ao utilizar os serviços oferecidos pela

Rodoviária de Natal. 3,71

A Rodoviária está preocupada em oferecer o melhor serviço a

seus clientes. 3,25

Os colaboradores da Rodoviária possuem os conhecimentos

necessários para responder as suas dúvidas (atendentes dos

guichês, comerciantes e Administração).

3,36

Page 47: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

46

Os colaboradores da Rodoviária são corteses e atenciosos com

os clientes (atendentes dos guichês, comerciantes e

Administração).

3,57

Em

pat

ia

3,1

A Rodoviária de Natal lhe dá atenção individual. 3,03

A Rodoviária tem colaboradores que dão atenção

personalizada aos seus clientes. 2,87

A Rodoviária sabe quais são as necessidades de seus clientes. 3,08

A Rodoviária tem os melhores interesses de seus clientes

como objetivos. 3,10

A Rodoviária tem horários de funcionamento convenientes

para seus clientes. 3,53

3,4 Média de Satisfação Geral

Fonte: Dados da pesquisa, 2015.

Na avaliação foi utilizada a escala Likert com variação entre 1 e 5, em que 1

significa discordo totalmente e 5 concordo totalmente, para as afirmações

apresentadas. A dimensão Tangibilidade apresentou um valor médio de 3,6, o que

comparado a pesquisa do artigo (na qual o valor desta dimensão foi de 2,5),

evidencia uma melhora na satisfação dos passageiros em relação aos aspectos

tangíveis da rodoviária. Dentre os itens pesquisados o que obteve um melhor

resultado foi o item aparência das instalações do terminal com uma média de 3,88,

diferente do item de maior resultado da pesquisa realizada anteriormente que foi a

aparência dos colaboradores, o que mostra que houve melhoria significativa na

infraestrutura da estação.

A dimensão Confiabilidade atingiu uma média 3,5, novamente mais alta do

que a verificada na pesquisa anterior. Dentre os itens desta dimensão o que mostrou

um melhor resultado, foi o item manutenção de seus registros, com uma média 3,82,

afirmando uma aceitação acima da metade da escala, por outro lado, o item

interesse dos colaboradores em resolver os problemas de seus clientes representou

menor aceitação com média 2,98, atingindo um valor pouco satisfatório, igualmente

a pesquisa de 2012.

A dimensão Presteza apresentou um valor médio 3,5 (o resultado da anterior

neste quesito foi 2,5), o que corresponde a uma satisfação Intermediária dentro da

escala. Os itens que mostraram menor satisfação, porém ainda assim acima da

média, foram a disponibilidade dos colaboradores em ajudar os clientes e também

informar aos clientes exatamente quando o serviço será prestado. O item que

correspondeu a uma melhor satisfação encontra-se na disponibilidade dos

Page 48: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

47

colaboradores em esclarecer dúvidas, com uma média superior a média da

dimensão com 3,66.

A dimensão Segurança apresentou um valor igual as médias das duas últimas

citadas, 3,5 o que corresponde a uma satisfação relativamente boa dos passageiros,

detectando-se necessidade de melhora nos itens que ficaram abaixo da média da

dimensão, que foram: conhecimento necessário dos atendentes dos guichês,

comerciantes e administração para responder as dúvidas dos clientes e a

preocupação da rodoviária em oferecer o melhor serviço. A cortesia e atenção por

parte dos colaboradores em atender os clientes e a sensação de segurança ao

utilizar os serviços oferecidos, foram os itens que atingiram valores acima da média

do quesito segurança.

A dimensão Empatia apresentou um valor médio de 3,1, melhor que o

atingido na pesquisa anterior (2,4), porém ainda muito pouco acima da média,

constatando-se que houve uma melhora em relação aos passageiros da rodoviária

estarem de acordo com a prestação dos serviços no que se refere a cuidados e

atenção individual a seus passageiros, mas isto precisa ser desenvolvido. Diante

dos itens pesquisados o que obteve um melhor desempenho foi quanto ao terminal

ter horários de funcionamento convenientes para seus clientes, atingindo uma média

3,53 (abaixo do valor verificado na pesquisa de 2012, de 3,8) afirmando sua

concordância com o serviço oferecido. O problema sinalizado nessa dimensão

corresponde à atenção personalizada dos colaboradores aos passageiros.

Chegando por fim a Média de Satisfação Geral, foi verificado que se

baseando no resultado desta média no artigo realizado em 2012 (2,6), obteve-se

uma melhora significativa em relação a satisfação dos usuários sobre a estação

como um todo, pois no presente estudo chegou-se ao valor de 3,4.

4.4 Pontos Fortes e Pontos Fracos da Rodoviária

O Quadro 02 abaixo lista quais os pontos mais relevantes analisados na

escala de nível, divididos em fortes e fracos. Diante disso será descrito abaixo o que

deve ser verificado e melhorado; e o que deve ser fortalecido e aprimorado.

Page 49: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

48

Quadro 02: Pontos Fortes e Fracos da Rodoviária de Natal-RN

Fonte: Dados da pesquisa, 2015.

Os elementos negativos demonstraram em sua maioria problemas em relação

ao atendimento direto ao cliente, e apenas um ponto à respeito da modernização

dos equipamentos. Dessa forma uma sugestão do que pode ser feito para solucionar

estes problemas seria a utilização de cursos voltados à qualidade no atendimento ao

público para os colaboradores; e um maior investimento em tecnologia para os

equipamentos existentes no terminal.

Tratando-se dos pontos positivos, verificou-se a disponibilidade dos

colaboradores em esclarecer dúvidas, a qual pode ser ainda mais aperfeiçoada com

os cursos citados acima; também foi constatada a preocupação com a aparência no

geral, que precisa apenas ser mantida; e os outros quesitos averiguados foram em

relação à segurança dos serviços prestados, tais como horários de ônibus, destinos,

horários de funcionamento do terminal adequados às necessidades dos

passageiros, estes fatores podem ser aprimorados e não devem ser deixados

estáticos.

Complexo Rodoviário Severino Tomaz da Silveira

Pontos Fortes Pontos Fracos

- Boa aparência, tanto dos colaboradores, como das instalações

- Mantém registros de forma correta (horários de ônibus, destinos, empresas, dados de

clientes em passagens)

- Disponibilidade dos colaboradores em esclarecer dúvidas

- Segurança ao utilizar os serviços oferecidos

- Horários de funcionamento convenientes

- Pouca existência de equipamentos modernos

- Baixo interesse em resolver o problema de um cliente

- Relativa disponibilidade dos colaboradores em ajudar os clientes

- Pouca preocupação em oferecer o melhor serviço

- Ausência de atenção personalizada dos colaboradores aos passageiros

Page 50: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

49

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por verificar a expressividade do modal rodoviário no setor de transportes

Brasileiro, não só para o turismo, mas no transporte como um todo, torna-se fato a

necessidade de uma gestão da qualidade no que concerne aos serviços oferecidos

nos terminais de/para onde os passageiros se deslocarão através desse meio.

A qualidade nos serviços é percebida através da satisfação que o cliente terá

após utilizá-los. É preciso então que esta experiência seja satisfatória para o usuário

e o faça querer usufruir destes serviços novamente. O que irá refletir diretamente em

benefícios tanto para os clientes quanto para as empresas. Por essa razão é que a

atenção com a qualidade, na gestão das atividades turísticas, se manifesta da maior

importância, independentemente de se tratar o prestador de serviço de uma

identidade pública ou privada. No caso do Terminal analisado neste estudo,

enquanto a competência da administração era apenas do governo, mais

especificamente do Departamento de Estradas e Rodagens (DER), a rodoviária não

apresentava estrutura, nem muito menos qualidade em seus serviços, o que não

deveria ocorrer já que se trata de uma das portas de entrada de turistas no estado e

que deveria ser um local pertencente ao cidadão; Somente após a privatização

deste espaço através de licitação pública em 2008, foi que o mesmo passou a ser

mais “cuidado”. A própria empresa que venceu a concorrência e que gere

atualmente o complexo (SOCICAM) ficou responsável administrar e financiar a

reforma do terminal. Só a partir daí ocorreram mudanças significativas na estação,

tanto relacionadas a infraestrutura, que foram bastantes expressivas, como em

relação ao atendimento aos usuários, como podemos verificar na comparação entre

os resultados da pesquisa feita em 2012 (por CRUZ; FAUCÃO; GALVÃO, 2014), e

os resultados da pesquisa realizada neste trabalho.

Conforme pode ser identificado na análise dos resultados obtidos,

principalmente no que diz respeito ao nível de qualidade obtido nos serviços, é fácil

percebermos que houve um melhora nítida em relação a situação do terminal antes

da execução da reforma, no entanto esse progresso gerou novos custos aos

passageiros, pois com a privatização passaram a ser cobradas tarifas que antes não

existiam, como por exemplo: taxa para utilização de banheiro, tarifa de

estacionamento; e também aumentaram as tarifas de embarque. Foi constatado

então, que no geral as mudanças geraram uma boa percepção do público,

Page 51: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

50

principalmente em relação aos aspectos tangíveis das instalações e também na

questão da segurança em utilizar os serviços. Neste sentido os resultados foram

relativos no que concerne ao nível de satisfação em terminais.

A pesquisa apresenta um número relativamente pequeno de usuários, uma

vez que só pôde ser realizada em um fim de semana (sábado e domingo) do mês de

maio, os quais por não se tratarem de uma data comemorativa, não dispuseram de

uma quantidade mais significativa de passageiros; e o questionário destinado aos

usuários foi considerado por alguns um pouco extenso e cansativo (apesar de ser

praticamente todo objetivo), sendo assim, essas limitações podem ter prejudicado

um pouco o resultado da pesquisa.

Ainda existem lacunas de conhecimento acerca do tema de qualidade nos

serviços turísticos, especificamente no âmbito de terminais rodoviários que em sua

maioria são tidos como menos importantes e dessa forma “esquecidos” pelo governo

do país. Considera-se, portanto, necessárias mais investigações e pesquisas sobre

o tema que possam ajudar a solucionar ou oferecer alternativas para a falta de

investimento público nos terminais rodoviários do País. Tendo em vista que a

privatização teve um resultado nitidamente positivo na estação avaliada, propõe-se

que também podem ser realizadas em outros estados, que possuam deficiências em

seus terminais rodoviários, concessões para administração privada destes por meio

de licitações. Poderá ser feita posteriormente, inclusive, uma nova avaliação após a

total conclusão da reforma no Terminal Rodoviário de Natal/RN.

Page 52: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

51

REFERÊNCIAS ALBRECHT, Karl. Revolução nos serviços: Como as empresas podem revolucionar a maneira de tratar os seus clientes. São Paulo: Pioneira, 1998. BENI, M. C. Análise estrutural do turismo. São Paulo: Editora Senac, 1998. CNT – Confederação Nacional do Transporte: Recuperação das rodovias federais. Disponível em: <https://fernandonogueiradacosta.wordpress.com/2012/01/05/recuperacao-das-rodovias-federais/>. Acessado em: 30 de maio de 2015. CNT – Confederação Nacional do Transporte: A importância do setor de transporte. Disponível em: < file:///C:/Users/luana/Downloads/ECONOMIA%20EM%20FOCO%2010.01.2012.pdf >. Acessado em: 31 de maio de 2015. COSTA, Jaciara Karolyne Bezerra da. A busca da qualidade nos serviços turísticos. Disponível em: <http://www.partes.com.br/turismo/buscadequalidade.asp> Acessado em: 29 de Maio de 2015. CRONIN, J. Joseph, Jr. e STEVEN, A. Taylor. SERVPERF Versus SERVQUAL: Reconciling Performance-Based and Perceptions-Minus-Expectations Measurement of Service Quality. Journal of Marketing. Vol. 58. 1992. CRUZ, Fabiana Nascimento da; FAUCÃO, Janikelle Alves; GALVÃO, Alcêdo Pinheiro. Satisfação dos Clientes Quanto à Qualidade dos Serviços do Terminal Rodoviário de Natal (RN). Revista Turismo em Análise. Vol. 25, n. 1, abril de 2014. DENCKER, Ada de Freitas Maneti. Métodos e técnicas de pesquisa em turismo. São Paulo: Futura, 1998. ESCRICHE, Mercedes Millán. Planificación: Transportes, Turismo y Territorio. Revista Grand Tour: Investigaciones Turisticas, V. 1, n. 1, p. 102-115, Outubro 2010. Disponível em: <http://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=3986444>. Acesso em: 31. maio. 2015. FEIGENBAUM, Armand; FEIGENBAUM Donald. O poder do capital gerencial:

Page 53: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

52

como utilizar as novas determinantes da inovação, da rentabilidade e do crescimento em uma exigente economia global. São Paulo: Qualitymark, 2003. pgs 190 a 245. FONSECA, Alex Carneiro Fraga. Qualidade em Serviços. Monografia (Pós-Graduação em Marketing) - Universidade Cândido Mendes, Rio de Janeiro, 2004. GARVIN, David A. Gerenciando a qualidade: a visão estratégica e competitiva. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1992. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002. GIL, Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Atlas, 2007. GÔMARA, Antônio Rúbio de Barros. O transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros: um acrescentamento histórico. Brasília: Associação Brasileira das Empresas de Transporte Intermunicipal, interestadual e Internacional de Passageiros, 1999. GORDINHO, Margarida Cintra. Transportes no Brasil: a opção rodoviária. São Paulo: Marca D´Água, 2003. LAS CASAS, Alexandre Luzzi. Marketing de serviços. São Paulo: Atlas, 2009. LAS CASAS, Alexandre Luzzi. Qualidade total em serviços. São Paulo: Atlas, 2008. MALHOTRA, Naresh. Pesquisa em marketing: Uma orientação aplicada. Porto Alegre: Bookman, 2004. OLIVEIRA, Otávio J. (org.). Gestão da qualidade: Tópicos avançados. São Paulo: Pioneira Thomson, 2006. PAGE, S. J. Transporte e Turismo. Porto Alegre: Bookman, 2001. PALHARES, Guilherme Lohmann. Transportes turísticos. São Paulo: Aleph, 2002.

Page 54: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

53

RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1989. RODRIGUES, W. C. Metodologia Científica. Série didática, FAETEC/IST. 2007, 20 p. 2007. Disponível em:<http://professor.ucg.br/SiteDocente/a dmin/arquivosUpload/3922/material/Willian%20Costa%20Rodrigues_metodologia_cientifica.pdf>. Acesso em: 31 de maio de 2015. RONÁ, Ronaldo di. Transportes no Turismo. São Paulo: Manole, 2002. SANTOS, A. R. dos. Metodologia científica: a construção do Conhecimento. Rio de Janeiro: 6. ed. DP&A, 2004. WADA, Célia. O que é gestão da qualidade. Revista Rede Industrial. Maio, 2007.

Page 55: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

54

APÊNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE TURISMO

CURSO DE TURISMO

QUESTIONÁRIO DA PESQUISA - QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS:

UM ESTUDO SOBRE A PERCEPÇÃO DOS USUÁRIOS DA RODOVIÁRIA DE

NATAL/RN

Prezado Colaborador,

Esse questionário tem como objetivo conhecer sua opinião sobre os serviços que lhe foram

oferecidos na rodoviária e também traçar um breve perfil dos usuários da mesma. Tem fins

acadêmicos. Sua opinião individual não será exposta, nosso interesse é na opinião do grupo.

Agradecemos sua colaboração.

PERFIL SOCIOECONÔMICO:

Favor marcar X na opção que lhe caracterize em cada questão abaixo:

1 – Origem:

Cidade: ___________________________________

Estado: ___________________________________

2 – Gênero:

( ) Feminino ( ) Masculino

Page 56: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

55

3 – Idade:

______________________

4 – Estado civil:

( ) Solteiro(a) ( ) Casado(a) ( ) Divorciado(a) ( ) Viúvo(a) ( ) Outro

5 – Renda mensal:

( ) Até 2 salários mínimos ( ) Entre 2 e 3 salários mínimos

( ) Entre 3 e 5 salário mínimos ( ) Entre 5 e 7 salários mínimos

( ) Acima de 7 salários mínimos

6 – Escolaridade

( ) Ensino fundamental incompleto ( ) Ensino Fundamental Completo

( ) Ensino Médio Incompleto ( ) Ensino Médio Completo

( ) Ensino Superior Incompleto ( ) Ensino Superior Completo

( )Pós Graduação ( )Outro

7 – Ocupação Principal

( ) Funcionário Público ( ) Funcionário de Empresa Privada

( ) Estudante ( ) Aposentado ( ) Outro

8 – Necessidades especiais

( ) Audição ( ) Visão ( ) Mobilidade ( ) Outra, especificar: ____________________

9 – Destino da próxima viagem

Cidade: ___________________________________

Estado: ___________________________________

Page 57: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

56

PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DOS SERVIÇOS NA RODOVIÁRIA

Para expressar sua opinião, marque o X nas questões utilizando a legenda: 1 = Discordo

totalmente; 2 = Discordo; 3 = Nem discordo nem concordo; 4 = Concordo; 5 = Concordo

totalmente.

Chaves, Marques e Dias (2005)

Item Questões 1 2 3 4 5

1 A Rodoviária de Natal tem equipamentos modernos

2 A Rodoviária de Natal oferece instalações físicas atrativas (praça de alimentação, estacionamento, assentos, iluminação, banheiro).

3 Os colaboradores da Rodoviária de Natal têm boa aparência (Fardamento adequado e limpo).

4 A aparência das instalações dos guichês, restaurantes e lojas está conservada de acordo com os serviços oferecidos.

5 Os colaboradores da Rodoviária prometem a seus clientes os serviços nos prazos em que eles serão executados (atendentes dos guichês, comerciantes e Administração).

6 Quando um cliente tem um problema, a Rodoviária demonstra um sincero interesse em resolvê-lo.

7 O comportamento dos colaboradores da Rodoviária inspira confiança no cliente (atendentes dos guichês, comerciantes e Administração).

8 A Rodoviária de Natal presta o serviço no tempo prometido.

9 A Rodoviária mantém seus registros de forma correta (horários de ônibus, destinos, empresas, dados de clientes em passagens).

10 Os colaboradores da Rodoviária de Natal estão sempre disponíveis para esclarecer suas dúvidas (atendentes dos guichês, comerciantes e Administração).

11 A Rodoviária de Natal oferece um atendimento rápido aos seus clientes.

12 Os colaboradores da Rodoviária dizem aos clientes exatamente quando o serviço será prestado.

13 Os colaboradores da Rodoviária têm sempre disponibilidade em ajudar os clientes (atendentes dos guichês, comerciantes e Administração).

Page 58: QUALIDADE DOS SERVIÇOS TURÍSTICOS: UM ESTUDO SOBRE A

57

14 Você se sente seguro ao utilizar os serviços oferecidos pela Rodoviária de Natal.

15 A Rodoviária está preocupada em oferecer o melhor serviço a seus clientes.

16 Os colaboradores da Rodoviária possuem os conhecimentos necessários para responder as suas dúvidas (atendentes dos guichês, comerciantes e Administração).

17 Os colaboradores da Rodoviária são corteses e atenciosos com os clientes (atendentes dos guichês, comerciantes e Administração).

18 A Rodoviária de Natal lhe dá atenção individual.

19 A Rodoviária tem colaboradores que dão atenção personalizada aos seus clientes.

20 A Rodoviária sabe quais são as necessidades de seus clientes.

21 A Rodoviária tem os melhores interesses de seus clientes como objetivos.

22 A Rodoviária tem horários de funcionamento convenientes para seus clientes.