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Quando o mundo cai ao meu redor

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É possível um cristão estar em depressão? O que fazer quando parece que o mundo cai ao seu redor? Muitos cristãos sabem que serão salvos e têm conhecimento de que estão indo para o céu, mas são apáticos a respeito do que está acontecendo em sua alma. Quantos anseiam levar salvação através de Jesus Cristo a este mundo perdido, mas não conseguem ser líderes do seu próprio mundo interior? Deus não quer ver seus filhos perdendo a lucidez e a coerência quando passam por situações de tensão e sofrimento. Um dos tópicos mais importantes na vida cristã é a maturidade ou edificação do caráter, pois sem isso há um grande desequilíbrio no lar, na família em geral e na sociedade. O objetivo desta obra é esclarecer algumas dúvidas sobre a depressão e como ser livre dessa prisão emocional e espiritual.

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Quando o mundocai ao meu redor

Luciana Bonilaure

São Paulo, 2014

Mil poderão cair ao seu lado, dez mil à sua direita, mas nada o atingirá!

(Salmo 91.7)

2014impresso no brasilprinted in brazil

direitos cedidos para esta edição àágape editora

CEA – Centro Empresarial Araguaia IIAlameda Araguaia 2190 – 11º Andar

Bloco A – Conjunto 1112CEP 06455-000 – Alphaville Industrial, Barueri/SP

Tel.: (11) 3699-7107 – Fax: (11) 3699-7323www.agape.com.br

Copyright © 2014 by Luciana Bonilaure

coordenação editorial Equipe Ágape projeto gráfico e composição Equipe Ágape capa Monalisa Morato

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Índices para catálogo sistemático:

Bonilaure, LucianaQuando o mundo cai ao seu redor/Luciana Bonilaure. Barueri, SP: Ágape, 2014.

1. Cura 2. Depressão mental – Aspectos religiosos –Cristianismo 3. Fé 4. Testemunhos (Cristianismo) 5. Vida cristã I. Título.

14-04235 CDD-248.5

1. Testemunhos de fé: Cristianismo 248.5

Agradeço ao doce Espírito Santo que tem me ensinado a cada dia a fazer Sua vontade… Ao meu marido Arthur e minha filha Angela

Beatriz pelo apoio e por seu amor.

Agradeço aos pastores César e Claudia Castellanos por nos ensinarem a como superar a dor e o sofrimento através da

Revelação da Cruz e do amor incondicional de Jesus Cristo.

Muito obrigada pastores Eliemerson e Johanna por serem um exemplo para nós em todas as áreas. Vocês têm marcado as famílias das nações, com seu amor, integridade e entrega completa a Deus.

Dedico esse livro: Para cada ser humano que decidiu romper as barreiras da mente…

Que decidiu reescrever sua história… Que decidiu ser feliz…

E ser um verdadeiro discípulo de Cristo.

Somos pessoas imperfeitas, com famílias imperfeitas que podemos ser aperfeiçoados

através do amor incondicional de Deus!

Prefácio

Introdução

Capítulo 1 Deixando Deus ser Deus

Compreendendo nossas emoções

Capítulo 2 Quando a depressão bate à porta

Vencendo um inimigo invisível

Capítulo 3 Você realmente viu Jesus?

Aprendendo a ser um verdadeiro discípulo

Capítulo 4 Amor Incondicional

Como viver no poder de Deus através do amor

Capítulo 5 A ressurreição da Jeniffer

Um testemunho de fé e esperança

sumário

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este livro é o resultado do amor incondicional de Jesus Cristo que, apesar das minhas falhas, decidiu me amar e me curar de tantos traumas e confl itos emocionais. Através de minha experiência em receber cura e libertação, Deus em sua infi nita misericórdia tem me dado a graça de ver muitos milagres na vida de outras pessoas também. Peça ao Espírito Santo para que ao ler esse livro, você rece-ba o amor sobrenatural de Deus que está pronto para curar sua alma e trazer toda a libertação que você precisa através do poder do sangue de Jesus Cristo, e assim ter liberda-de para reconhecer quem é Deus, perceber Sua presença, entender Seu amor e continuar sendo transformado. O re-sultado da cura da alma é um coração grato a Deus, que diariamente aumenta o nível de intimidade com Ele. A paz que vai além de todo o entendimento começa a fazer parte de sua vida. Muitas vezes acontecem situações que pare-ce não ter solução e o sofrimento é tão grande que pare-ce que nada mais tem sentido, a ponto de perder a alegria

PrEFáCio

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Quando o mundo cai ao meu redor

de viver. O que fazer quando o mundo cai ao meu redor? Precisamos aprender com o sofrimento e não nos deixar escravizar por ele, por isso escolhi o tema para esse livro: Quando o mundo cai ao meu redor. Toda a elaboração desse livro está baseado e fundamentado nas Sagradas Escrituras. Para sua elaboração também procurei alguns autores cris-tãos que sempre admirei e por isso foram fundamentais para o seu desenvolvimento: C.S. Lewis, Watchman Nee, D.L. Moody, Michael Catt, César e Claudia Castellanos, Augusto Cury, Reinhard Bonnke, Harold Kushner, Max Lucado, Dr. Dereck Prince, Philip Yancey, Jessie Penn Lewis, Charles Swindoll entre outros. Ao estudar os livros desses autores e, principalmente, a Palavra de Deus, desco-bri que o cristão precisa buscar o silêncio da paz de Cristo, pois esse silêncio é indispensável para alcançar cura na alma e profundidade na vida espiritual.

Elaborei alguns objetivos principais, que serão desen-volvidos durante a leitura desse livro: (1º) O cristão precisa compreender melhor suas emoções para deixar que Deus seja Deus em sua vida em situações de dor e rejeição. (2º) Quando um cristão está disposto a renovar a mente através do exemplo que Cristo deixou e decide amar as pessoas de uma forma incondicional, automaticamente aprende a pro-teger suas emoções das feridas na alma que podem levar à depressão. (3º) Por maiores que sejam as dores, o amor de Deus revelado por Jesus Cristo traz o conforto necessá-rio e nos torna verdadeiros discípulos. (4º) Vivendo nesse amor de Deus incondicional é possível vencer todo tipo de

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Prefácio

depressão que tenta nos abater. A metodologia que utilizo para o desenvolvimento desse tema está baseada na verda-de Suprema da Palavra de Deus e na Soberania de Deus. Ele está acima da sua criação e de tudo o que há, não é li-mitado por nada. A Bíblia é a única fonte de autoridade, inerrante, verdadeira, ela não contém, mas é a Palavra de Deus. Jesus Cristo é o centro das Escrituras; a Sua pessoa e obra são o fundamento de nossa fé cristã e da mensagem da salvação. O Espírito Santo é uma pessoa, que atua por intermédio da Palavra de Deus convencendo o homem do pecado, da justiça e do juízo, e por isso tem o poder para li-bertar o ser humano de toda depressão, por maior que seja o sofrimento. A salvação é somente pela graça mediante a fé, a fonte da salvação é a graça de Deus manifestada pela obra de Cristo, o fundamento da salvação. O cristão deve sempre procurar a santificação em sua vida diária, ape-nas através dessa atitude é possível aprender com o sofri-mento. Acredito no poder absoluto de Deus quanto à Sua Onisciência, Onipresença e Onipotência que está pronto a nos oferecer Sua graça salvadora e misericordiosa de um Deus que não apenas possui amor, mas é o amor em toda a sua forma e expressão. A linha teológica que procuro seguir nesse livro é sobre a presciência divina e sobre a responsa-bilidade e livre arbítrio do indivíduo e do poder da Graça capacitadora de Deus.

Enquanto escrevia esse livro me lembrei de algumas situações que as pessoas enfrentam que causam um gran-de sofrimento, uma enfermidade que chega de repente,

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Quando o mundo cai ao meu redor

mulheres que por diversos motivos perderam seus bebês antes que chegasse a data correta de seus nascimentos, uma pessoa querida que morre, são tantas as fatalidades da vida que nos levam a muitos questionamentos. O sofrimen-to leva muitas pessoas a ficarem presas no cárcere de suas emoções por problemas diversos. Durante mais de quinze anos de experiência em aconselhamento, Deus permitiu que eu ministrasse conforto a muitas delas. Em momentos de dor e angústia Deus quer nos ensinar a termos o mes-mo sentimento que havia sobre Jesus Cristo, compaixão (Filipenses 2.5) sem nos esquecer de que o sol e a chuva caem para todos como diz em Eclesiastes. Compaixão por aqueles que sofrem e a compaixão correta por nossa pró-pria vida, que é muito diferente da autocomiseração, não podemos ficar sentindo pena de nós mesmos. Precisamos ter a compaixão que nos leva a ver nossa vida com os olhos de Deus e viver o propósito que Ele tem para cada um de nós. Cada ser humano tem a capacidade e o potencial de li-derar com compaixão, seja como dona de casa, como mãe, como pai, em seu lugar de trabalho, em sua igreja, mas prin-cipalmente a liderança de seu próprio eu. Muitas vezes ten-tamos liderar nossos sentimentos e nossa própria vida sem compaixão alguma, porque tentamos nos encaixar com os padrões da sociedade em que vivemos e esse tipo de autoli-derança acaba nos tornando perfeccionistas, implacáveis e frustrados com as consequências dessa liderança.

Mas, só é possível transmitirmos essa compaixão como líderes que causam influência, que transforma vidas e a

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Prefácio

nossa própria vida a partir do momento que nos deixamos ser curados por Deus em nossa alma. Quem consegue eli-minar todos os erros e angústias da vida? Ninguém! Não há uma pessoa sequer que não passe por desertos emocionais. Os sofrimentos podem nos destruir ou nos enriquecer. Na alma estão nossos pensamentos, emoções, vontade, cons-ciente, subconsciente, inconsciente e a vontade de Deus é que estejamos santificados em todas as áreas de nosso ser.

Que Deus, que nos dá a paz, faça com que vocês sejam com-pletamente dedicados a ele. E que ele conserve o espírito, a alma e o corpo de vocês livres de toda mancha, para o dia em que vier o nosso Senhor Jesus Cristo.

Tessalonicenses 5.23

Há alguns anos enfrentei uma situação complicada quando perdi meu segundo filho que era tão esperado. Os médicos informaram que era uma má formação no feto e a única coisa que poderia ser feita era induzir um parto para que fosse realizado o aborto. Fiquei entre a vida e a morte. Momentos de desespero e tristeza, onde a dor da alma parecia muito maior do que a dor física. Fiquei três dias internada e apesar da tristeza natural pude ver que re-almente é possível um cristão glorificar a Deus em meio à angústia. O Salmo 23 se tornou muito real em minha vida. Realmente não tenho nada em mim de que me gloriar, mas me glorio na Cruz de Cristo porque nela está cravado cada um de meus pecados e é essa certeza que me fez glorificar a Deus quando o mundo pareceu cair ao meu redor. Quem

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Quando o mundo cai ao meu redor

busca um coração apaixonado por Deus, quando tiver que atravessar o vale da sombra e da morte terá a certeza de que o Rei dos reis não o abandona e segura bem firme em sua mão até completar a travessia.

Vivemos em um mundo com tantas incertezas e preo-cupações que o ser humano tem enfrentado o mal do sécu-lo: o estresse. O antídoto para o desespero de nossa alma é o amor, não qualquer amor, mas o verdadeiro amor. Aquele que Deus demonstrou através de Seu filho Jesus Cristo. É preciso viver nesse amor, caso contrário nós não consegui-remos amar as pessoas como Cristo nos ama. Todo o tem-po é tempo do primeiro amor, de entrega, renúncia, paixão por Deus e compaixão pela humanidade.

Para que Cristo habite pela fé nos vossos corações; a fim de estando arraigados e fundados em amor, poderdes perfeita-mente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que se-jais cheios de toda a plenitude de Deus.

Efésios 3.17-19

Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; e andai em amor, como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave.

Efésios 5.1,2

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Prefácio

O amor perfeito de Deus demonstrado em Jesus trans-forma nossas imperfeições, cobre a multidão de nossos pe-cados e muda nossa maneira egoísta de viver.

Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine… Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.

I Coríntios 13.1, 10

É possível um cristão estar em depressão? Infelizmente existem inúmeros cristãos que por não conhecerem o po-der libertador do sangue de Jesus Cristo que foi derramado na Cruz do Calvário ou por não tomarem posse pela fé des-sa grandiosa promessa de libertação ficam presos no cárce-re das emoções.

Muitos cristãos sabem que são salvos e têm conhe-cimento de que está indo para o céu, mas são apáticos a respeito do que está acontecendo em sua alma. Em cada situação de desespero que eu tive que enfrentar na minha vida não foi nada fácil lidar com minhas emoções, mas pela graça e misericórdia de Deus tenho aprendido a receber a paz de Jesus Cristo que realmente vai além do nosso en-tendimento. Algo muito importante que tenho aprendido durante todos esses anos é que precisamos estar cientes do espaço entre o nascimento e a data de nossa morte. Este espaço representa a nossa vida. Ele é significante? Você fará a diferença com a vida que Deus lhe deu?

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Quando o mundo cai ao meu redor

Quantos são os cristãos que anseiam em levar sal-vação através de Jesus Cristo a esse mundo perdido, mas não conseguem liderar seu próprio mundo interior, não conseguem administrar seus pensamentos negativos, suas reações impulsivas, sua dor emocional. Deus não quer ver seus filhos perdendo a lucidez e a coerência quando estão sob situações de tensão.

Um dos tópicos mais importantes na vida cristã é a maturidade ou edificação do caráter cristão, pois sem isso há um grande desequilíbrio no lar, na família em geral e na sociedade.

Meu objetivo é esclarecer algumas dúvidas que os cris-tãos têm sobre a depressão e como ser livre dessa prisão emocional e espiritual. A pior prisão do mundo é aquela que aprisiona o ser humano por dentro, que confina os pensamentos e controla a emoção e, consequentemente, engessa a capacidade de pensar e impede a poesia da vida. Precisamos ser livres dos transtornos depressivos, das fo-bias, das reações impulsivas, da incapacidade de pensar antes de reagir, dos pensamentos negativos, da solidão, da crise do diálogo, da ansiedade ou do estresse.1

À medida que conhecemos a verdade sobre nós mes-mos, recebemos cura e libertação em nosso interior. Por isso é tão importante clamarmos ao Espírito Santo para que nos revele a raiz da rejeição e sermos restaurados.

1 Augusto Cury. A pior prisão do mundo, p. 11.

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Prefácio

“Disse Jesus: e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”.

João 8.32

Através da leitura desse livro espero que você compre-enda melhor que somos pessoas imperfeitas, com famílias imperfeitas que podemos ser aperfeiçoados através desse amor incondicional que nosso Amado Paizinho está dis-posto a nos encher à medida que abrimos nossos corações. Viva esse amor perfeito que encobre nossas imperfeições, cura as dores mais profundas de nosso ser, transforma a tris-teza em alegria, a maldição em benção e o caos em glória.

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muitas vezes nos sentimos fracos e incapazes de re-alizarmos grandes conquistas. A única maneira de desfru-tarmos de uma maneira completa das bênçãos de Deus em nossa vida é através de uma intimidade profunda com o Espírito Santo e uma vida de santidade que alegre o cora-ção de Deus.

É preciso conhecer a Deus com maior intimidade, per-cebendo Sua presença, reconhecendo que só Ele é Deus, en-tendendo Seu plano de amor, para ser continuamente trans-formado, para que nossa fraqueza se transforme em força.

Deus quer manifestar seu poder em pessoas comuns como eu e você, mas muitas vezes por não conseguirmos aquietar a mente e as emoções barreiras se levantam no mundo espiritual, impedindo esse fl uir da presença de Deus. São muitos os motivos que nos impedem de aquietar nosso interior, traumas da infância, decepção com algum familiar, perda de uma pessoa querida, problemas fi nanceiros e fami-liares, todas essas e outras situações críticas que enfrentamos

iNTroDuÇÃo

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Quando o mundo cai ao meu redor

produz feridas na alma que precisam urgentemente de cura emocional ainda que essas situações tenham acontecido há muito tempo atrás se refletem no nosso dia a dia.

A vontade de Deus é que nós não estejamos mais per-dendo tempo com as coisas passageiras desse mundo, pre-cisamos buscar aquilo que realmente importa e produz para nós um eterno peso de glória. Pois só Ele sabe tudo o que realmente precisamos para viver uma vida digna nessa Terra.

É tempo de abandonar nossas fraquezas aos pés da Cruz de Jesus e permitir que o poder de seu sangue nos purifique de todo o pecado, traga cura em nossa alma e transforme nossos conceitos e valores que nos afastam da intimidade com Deus. Precisamos dar frutos dignos de ar-rependimento. Precisamos gerar frutos para a eternidade. Precisamos dar frutos que toquem o coração do Pai. Frutos de amor pelos perdidos. Precisamos deixar que o poder de Deus se manifeste através do amor.

É preciso renunciar o pecado para termos a vida eterna com Cristo. Tudo o que fazemos hoje irá determinar onde iremos passar a eternidade. Pois a renúncia é a chave que abre os cofres de Deus que contém os seus melhores e mais profundos tesouros. É necessária a renúncia para que possamos gerar frutos.

Quando recebemos a cura em nossa alma através do poder do sangue de Jesus Cristo, temos liberdade para re-conhecer quem é Deus, perceber Sua presença, entender Seu amor e continuar sendo transformado. O resultado da cura da alma é um coração grato a Deus, que diariamente

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Introdução

aumenta o nível de intimidade com Ele. A paz que vai além de todo o entendimento começa a fazer parte de nossa vida. Precisamos buscar o silêncio da paz de Cristo, pois esse si-lêncio é indispensável se quisermos alcançar profundidade em nossa vida espiritual.

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Compreendendo nossas emoções

DEiXANDo DEus sEr DEus

CAPÍTuLo 1

nossa alma é ferida quando recebemos algum tipo de injustiça. Todo ser humano necessita de quatro necessi-dades básicas: amor, perdão, aceitação e reconhecimento. Quando, desde o ventre materno, algumas dessas neces-sidades não são supridas automaticamente é aberta uma porta para a rejeição. É exatamente por isso que precisa-mos perdoar as pessoas que nos feriram de forma direta ou indireta e pedir perdão a Deus por todo ressentimento e amargura.

Se confessarmos os nossos pecados, ele é fi el e justo para nos perdoar os pecados e nos purifi car de toda injustiça.

I João 1.9

Para muitas pessoas parece quase impossível perdoar alguém que lhe causou algum dano, mas Jesus Cristo nos ensina que o perdão não é um sentimento, mas uma deci-são constante e diária. Essa decisão de perdoar se torna um antídoto contra a tristeza profunda e a depressão. “Então,

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Quando o mundo cai ao meu redor

Pedro, aproximando-se, lhe perguntou: Senhor, até quan-tas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes? Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete” (Mateus 18.21, 22).

Algumas pessoas se sentem deprimidas e não con-seguem ao menos explicar o porquê de seus sentimentos sombrios. Já vivenciei casos de mulheres que me diziam não ter motivo algum de estar deprimida, não tendo ale-gria de viver e querendo tirar sua própria vida, se tornando extremamente infeliz mesmo tendo um bom marido que a amava, filhos saudáveis, uma carreira sólida, estabilidade financeira, saúde e participar de uma igreja cristã de sã dou-trina. Estudando as Escrituras e através de minha própria experiência de vida fica claro que apenas ser um bom cris-tão, amar a Deus e buscar uma vida de santidade não nos livra da tentação da tristeza e da depressão. Deus sonda e conhece o nosso coração e esquadrinha o mais profundo do nosso ser (Salmo 139). Mesmo quando não sabemos o que está acontecendo com nossas emoções e somos tenta-dos a reagir de uma maneira que desagrade a Deus, preci-samos deixar que o Espírito Santo interceda por nós com gemidos inexprimíveis (Romanos 8.26), porque muitas ve-zes não sabemos orar como convém, de acordo com nossas necessidades reais, mas é preciso começar essa entrega a Deus em oração. É necessária uma atitude radical em disci-plinar os pensamentos com a Palavra de Deus e entrar em um nível de oração que produza intimidade profunda com o Espírito Santo. Essa oração, ainda que comece com um

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Deixando Deus ser Deus

grande lamento e expresse toda a angústia da alma, deve ser transformada em adoração e gratidão a Deus pelo dom da vida e pelo simples fato de que devemos ‘deixar que Deus seja Deus’ em nossa vida, reconhecendo que não importa o que aconteça ou o que possamos sentir em nossas emo-ções, o Deus todo poderoso, criador dos céus e da terra é o único digno de ser adorado. “Considero que os nossos so-frimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada” (Romanos 8.18).

As Escrituras enfatizam consistentemente a necessi-dade da oração. Também a necessidade de submergirmos nas Escrituras. É preciso expressar a Deus como está se sentindo com a injustiça que sofreu e lhe entregar todo ressentimento, decepção, frustração, sentimento de perda e amargura. Para que haja a cura nas emoções, também é importante a necessidade da submersão nas Escrituras. Recebemos toda a cura necessária em nossas emoções quando agimos por fé entregando nossas dores, em oração, a Deus e nos alimentamos da Palavra de Deus, renovando nossa forma de pensar e transformando nossas atitudes. Se não dedicamos tempo à oração e a leitura bíblica, a fé se dissipa. Estamos entrando em um tempo em que a maior necessidade humana será de fé e não a teremos se não a edi-ficarmos agora, por isso precisamos reconhecer as áreas de nossas emoções que ainda não foram totalmente curadas para que sejamos vasos úteis nas mãos do Senhor em meio a uma geração perversa e colocar nossa fé em ação para agradar a Deus em todas as áreas de nossa vida.

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Quando o mundo cai ao meu redor

Geralmente quando somos jovens achamos que sabe-mos e entendemos tudo, a grande verdade é que quanto mais velhos ficamos sabemos e entendemos menos porque nosso conhecimento é imperfeito e nos damos conta de que enquanto vivermos, precisamos estar continuamente aprendendo. É exatamente sobre isso que o apóstolo Paulo fala à igreja que estava em Corinto, haverá um dia quando estivermos face a face com Deus que conheceremos todas as coisas. Enquanto esse dia não chega, apenas nos resta re-conhecermos nossas imperfeições e dificuldades e admitir o quanto precisamos da graça e do amor de Deus que nos aperfeiçoa dia a dia até chegar o grande dia em que o vere-mos face a face. “O que agora vemos é como uma imagem imperfeita num espelho embaçado, mas depois veremos face a face. Agora o meu conhecimento é imperfeito, mas depois conhecerei perfeitamente, assim como sou conhe-cido por Deus” (I Coríntios 13.12).

Muitas vezes temos uma opinião formada sobre Deus até que descobrimos que sua obra não pode ser premedita-da por nossas exigências e expectativas. Deus sempre agirá de forma que nos faça buscá-lo, seja através de coisas boas que acontecem ou através do sofrimento. A grande maio-ria das pessoas gasta sua energia tentando descobrir a cau-sa do sofrimento, em vez de decidir como reagir. No livro de Philip Yancey, intitulado “Decepcionados com Deus”, o autor questiona o porquê de muitas pessoas culparem a Deus por seu sofrimento. Não podemos ficar presos em nosso desespero por respostas ou presos ao passado, pois

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Deixando Deus ser Deus

essa atitude nos torna pessoas amargas, irritadas e infelizes. O psiquiatra e escritor Augusto Cury comenta em algumas palestras e em seus livros que “só é livre por dentro quem não é escravo das respostas”. O ser humano precisa apren-der a parar de concentrar seus esforços nos problemas e na tristeza em si e deve começar a ser agradecido a Deus por todas as coisas, mesmo as ruins.

Algumas vezes perguntamos por que alguns sofrimen-tos e lutas acontecem e limitamos Deus colocando dentro de nossa “pequena caixa espiritual”. Deus quer destruir nossa “pequena caixa”, quer trabalhar para eliminar da nos-sa vida as coisas que não se parecem com Jesus.1 Um dos exemplos que encontramos na Bíblia está em Isaías, onde Deus insistiu por amor ao próprio ser humano, em traba-lhar em suas emoções para que se torne o que o próprio Deus o projetou para ser. Dependendo do amor de Deus e aquietando suas emoções. “O Senhor ungiu Ciro como rei. Ele o pegou pela mão direita e lhe deu poder para conquis-tar nações e derrotar reis. Para que Ciro entre nas cidades, o Senhor abre os portões, e ninguém pode fechá-los de novo” (Isaías 45.1).

O povo de Israel deve ter ficado confuso com a maneira como Deus levantou Ciro, um homem ímpio, um rei pa-gão para restaurar os sonhos do povo de Israel: “Faço isso para que, de leste a oeste, o mundo inteiro saiba que além

1 Michael Catt. Prepare-se para a chuva, p. 45.

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Quando o mundo cai ao meu redor

de mim não existe outro deus. Eu, e somente eu, sou o Senhor” (Isaías 45.6).

Isaías repetiu esse pensamento seis vezes nesse capítu-lo. Ser Deus e soberano são coisas inseparáveis. Às vezes não conseguimos ver Deus trabalhando além dos limites que estabelecemos. Precisamos aprender que Deus quer estar no controle e não eu, como disse Martinho Lutero: “Deixe Deus ser Deus”. Tome posse dessas quatro palavras que irá revolucionar a maneira como vemos a vida e as cir-cunstâncias que estão além do nosso alcance. Deus pega as derrotas e transforma em salvação. O inimigo deseja que o foco esteja nos problemas, ele é especialista em colocar uma lente de aumento nas dificuldades, mas quando o ser humano se volta a Deus Ele usa esses mesmos problemas para levar o foco de volta a Ele.

De acordo com estudos sobre psicologia baseados na teoria da Gestalt-terapia, é mais importante descrever do que explicar: o “como” precede o “porque”. O essencial é o processo que está se desenvolvendo aqui e agora. É natural diante de um sofrimento o ser humano indagar o porquê de estar acontecendo determinada situação. O que não pode acontecer na vida de um cristão é a ênfase em se prender ao porquê de cada situação de sofrimento, pois pode acabar se tornando uma armadilha para iniciar uma depressão ou até mesmo se rebelar contra Deus. O valor real de ser cris-tão é agradecer e glorificar a Deus quando as coisas estão bem e continuar agindo da mesma forma quando as coisas estão ruins e não conseguimos entender o porquê de estar

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Deixando Deus ser Deus

acontecendo algo ruim. Não há uma pessoa sequer que não passe por desertos emocionais. Os sofrimentos podem destruir ou enriquecer. O ser humano precisa aprender a deixar que Deus seja Deus e que apenas Ele sabe o porquê de todas as coisas. O “como” precede o “porque”: Como podemos glorificar a Deus em cada situação, como o ser humano pode se tornar uma pessoa melhor e amadurecer com situações de sofrimento e dor.

Em alguns livros podem ser encontradas algumas coi-sas fascinantes sobre os desígnios de Deus e como o sofri-mento não é o grande erro de Deus, como alguns filósofos argumentam. Escritores como Bunyan, Donne, Lutero, Calvino, Agostinho, e outros, são quase constrangedo-res pela facilidade com que aceitam a dor e o sofrimento como agentes úteis de Deus. Todos eles estão permeados de um senso de lealdade e fé na sabedoria de Deus. Ele sabe o que está fazendo neste mundo, e esses autores não con-testam suas ações. Apenas tentam “justificar” os caminhos de Deus. Essa atitude não significa ter uma vida de derrota e destruição, muito pelo contrário, a atitude que cada um deles tomou frente às circunstâncias de angústia e dores o levaram a verdadeira alegria e paz interior que foi refletido em suas vidas diárias com seus familiares, amigos e desco-nhecidos. Apesar desses homens de Deus estarem corretos em suas afirmações acerca do sofrimento em justificar os caminhos de Deus, o cristão não pode se acostumar com o sofrimento ou deixar de tomar certas atitudes em Deus que permitirão a paz e a cura para sua alma.