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Interbits – SuperPro ® Web TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: A presidente Dilma ou a presidenta Dilma? Laércio Lutibergue Essa é a pergunta que mais temos recebido nos últimos dias por e-mail, pelas redes sociais (Twitter e Facebook) e mesmo pessoalmente. Há uma explicação para isso(I): a eleição da primeira mulher à Presidência da República, Dilma Rousseff. Já falamos deste assunto aqui(II), mas diante do acontecimento do domingo 31 de outubro e da avalanche de perguntas somos obrigados a retomá-lo. Gramaticalmente as duas formas estão corretas. Ou seja, pode ser “a presidente Dilma” e “a presidenta Dilma”. Neste momento, com base nas ocorrências na imprensa, inclusive no Jornal do Commercio, sem dúvida “a presidente” é a mais comum. E, se olharmos para o passado da língua, é a mais lógica. Palavras que vieram do particípio presente do latim, normalmente terminadas em -ante, -ente e - inte, são invariáveis. O que identifica o gênero delas é o artigo ou outro determinante: o/a amante, o/a gerente, meu/minha presidente. A língua, contudo, nem sempre é lógica. Muitas vezes ela foge do controle e revela uma face inventiva indiferente às regras. Isso ocorreu, por exemplo, com “comediante”, que ganhou o feminino “comedianta”; com “infante”, que ganhou “infanta”; com “parente”, que ganhou “parenta”; e com “presidente”, que ganhou “presidenta”. Certamente o extralinguístico atuou na formação desses femininos. A versão feminina de um nome de cargo destaca com mais força a presença da mulher na sociedade. Os mais velhos devem se lembrar do que ocorreu com a indiana Indira Gandhi. Começaram chamando-a de “o primeiro-ministro Indira Gandhi”; depois, passaram para “a primeiro-ministro”; e terminaram em “a primeira-ministra”. E hoje alguém tem dúvida de que uma mulher é “primeira-ministra”? A favor de “presidenta” existe também o aspecto legal. A Lei Federal nº 2.749/56 diz que o emprego oficial de nome designativo de cargo público deve, quanto ao gênero, se ajustar ao sexo do funcionário. Ou seja, segundo a lei, os cargos, “se forem genericamente variáveis”, devem assumir “feição masculina ou feminina”. Por tudo isso(III), defendemos a adoção do feminino “a presidenta”. Apesar de neste momento a maioria, pelo que mostra a imprensa, preferir “a presidente”. Intuímos, porém, que ocorrerá no Brasil o mesmo(IV) que sucedeu com dois vizinhos nossos. Na Argentina, Cristina Kirchner começou sendo chamada de “la presidente” e hoje é “la presidenta”. O mesmo ocorreu com Michelle Bachelet, no Chile, que(V) terminou o mandato como “la presidenta”. O tempo dirá se nossa intuição estava certa. (Texto publicado na coluna "Com todas as letras", Jornal do Commercio do

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TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: A presidente Dilma ou a presidenta Dilma?

Laércio Lutibergue

Essa é a pergunta que mais temos recebido nos últimos dias por e-mail, pelas redes sociais (Twitter e Facebook) e mesmo pessoalmente. Há uma explicação para isso(I): a eleição da primeira mulher à Presidência da República, Dilma Rousseff.

Já falamos deste assunto aqui(II), mas diante do acontecimento do domingo 31 de outubro e da avalanche de perguntas somos obrigados a retomá-lo. Gramaticalmente as duas formas estão corretas. Ou seja, pode ser “a presidente Dilma” e “a presidenta Dilma”. Neste momento, com base nas ocorrências na imprensa, inclusive no Jornal do Commercio, sem dúvida “a presidente” é a mais comum.

E, se olharmos para o passado da língua, é a mais lógica. Palavras que vieram do particípio presente do latim, normalmente terminadas em -ante, -ente e -inte, são invariáveis. O que identifica o gênero delas é o artigo ou outro determinante: o/a amante, o/a gerente, meu/minha presidente.

A língua, contudo, nem sempre é lógica. Muitas vezes ela foge do controle e revela uma face inventiva indiferente às regras. Isso ocorreu, por exemplo, com “comediante”, que ganhou o feminino “comedianta”; com “infante”, que ganhou “infanta”; com “parente”, que ganhou “parenta”; e com “presidente”, que ganhou “presidenta”. Certamente o extralinguístico atuou na formação desses femininos. A versão feminina de um nome de cargo destaca com mais força a presença da mulher na sociedade.

Os mais velhos devem se lembrar do que ocorreu com a indiana Indira Gandhi. Começaram chamando-a de “o primeiro-ministro Indira Gandhi”; depois, passaram para “a primeiro-ministro”; e terminaram em “a primeira-ministra”. E hoje alguém tem dúvida de que uma mulher é “primeira-ministra”?

A favor de “presidenta” existe também o aspecto legal. A Lei Federal nº 2.749/56 diz que o emprego oficial de nome designativo de cargo público deve, quanto ao gênero, se ajustar ao sexo do funcionário. Ou seja, segundo a lei, os cargos, “se forem genericamente variáveis”, devem assumir “feição masculina ou feminina”.

Por tudo isso(III), defendemos a adoção do feminino “a presidenta”. Apesar de neste momento a maioria, pelo que mostra a imprensa, preferir “a presidente”. Intuímos, porém, que ocorrerá no Brasil o mesmo(IV) que sucedeu com dois vizinhos nossos. Na Argentina, Cristina Kirchner começou sendo chamada de “la presidente” e hoje é “la presidenta”. O mesmo ocorreu com Michelle Bachelet, no Chile, que(V) terminou o mandato como “la presidenta”. O tempo dirá se nossa intuição estava certa.

(Texto publicado na coluna "Com todas as letras", Jornal do Commercio do Recife, em 10/11/2010)

1. (G1 - ifpe 2012) Releia o texto e observe as palavras numeradas em destaque. Assinale a alternativa que aponta corretamente as relações coesivas estabelecidas por esses termos. a) Em (I), o pronome demonstrativo “isso” retoma a pergunta polêmica realizada no título do

artigo. b) Em (II), o advérbio de lugar “aqui” refere-se à coluna que o autor escreve no Jornal do

Commercio. c) Em (III), a expressão “tudo isso” remete a todas as informações explicitadas pelo autor ao

longo do texto. d) Em (IV), o pronome demonstrativo “mesmo” antecipa a mudança para o termo “presidenta”

na imprensa brasileira. e) Em (V), o pronome relativo “que” retoma o termo antecedente “Chile”.

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Resposta:

[B]

São incorretas as seguintes opções:

Em [A] o pronome demonstrativo “isso” refere-se ao que foi mencionado anteriormente, ou seja, relaciona-se com o grande afluxo de perguntas que o autor tinha recebido;Em [C] a expressão “tudo isso” remete ao que foi escrito até aquele momento e, não, “ao longo do texto”, em cujo final o autor acrescenta ainda mais alguns dados; Em [D], no contexto, o termo “mesmo” não é um pronome demonstrativo e sim um substantivo que poderia ser substituído por coisa semelhante;Em [E] o pronome relativo “que” relaciona-se com Michelle Bachelet (a qual terminou o mandato como “la presidenta”).

2. (G1 - ifal 2011) Assinale a alternativa cujas palavras destacadas pertencem à mesma classe gramatical. a) “É incrível a importância do dedo indicador! Esse deve ser o tal indicador de desemprego

de que tanto se fala!” (Quino, Mafalda) b) Porque o verão está chuvoso, os agricultores verão prosperidade no campo. c) Olhou o extrato bancário e viu que, além dos produtos que já levava, poderia ainda comprar

um extrato de tomate. d) Eu cedo meu lugar na fila ao primeiro que chegar cedo para a entrevista. e) Leve esta sacola, pois ela está mais leve que as outras.

Resposta:

[C]

Apenas em c), as palavras destacadas pertencem à mesma classe gramatical, pois ambas são substantivos. Em a), a palavra “indicador” é adjetivo e substantivo, em b), “verão” é substantivo e verbo, em d), “cedo” é verbo e advérbio e em e), “leve” é verbo e adjetivo, respectivamente.

3. (G1 - ifal 2011) Leia esta tirinha e responda à questão.

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Assinale a única alternativa correta quanto à classificação das palavras, feita a partir da análise do uso destas no diálogo entre a avó e os netos. a) Levado é o infinitivo do verbo levar, que se classifica, no texto, como adjetivo do substantivo

menino. b) O pronome indefinido isso é um elemento de coesão, que retoma o conteúdo da fala da

garota, expressa no primeiro quadrinho. c) Em Menino levado!!!, o substantivo e o adjetivo funcionam como uma locução interjetiva,

isto é, têm natureza de uma interjeição. d) A forma nominal Querida é o gerúndio do verbo querer que, na fala da avó, classifica-se

como substantivo. e) O adjetivo legal funciona, no texto, como uma interjeição, expressando uma ideia

apreciativa, cujo sentido é “conforme ou relativo à lei.”

Resposta:

[C]

A c) está correta, já que “ Menino levado!” é uma locução interjetiva formada por substantivo e adjetivo que expressa indignação. “Levado” é o particípio passado do verbo levar com valor de adjetivo, “isso”, um pronome demonstrativo, “Querida”, um adjetivo formado do particípio passado do verbo “querer” e “legal”, uma gíria que exprime uma apreciação positiva, o que invalida as demais opções.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

O desgaste das palavras

Sou um tonto. Dia destes recebi um recado na secretária eletrônica pedindo retorno urgente. Liguei.

Era um corretor de imóveis querendo me vender um lançamento.− Qual era a urgência? − perguntei, irritado.− Bem... Estamos selecionando alguns clientes e...Conversa mole. As pessoas usam a palavra “urgente” em mensagens de todo tipo.

Ainda sou daqueles que se assustam de leve com um e-mail “urgente” para, logo depois,

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descobrir que se trata de um assunto muito corriqueiro. A palavra está perdendo a força. Daqui a pouco não vai significar mais nada.

A mesma coisa acontece com o verbo “revelar”. Abro uma revista e vejo: atriz “revela” que vai pintar o cabelo de loiro. Isso é revelação que se preze? Resultado: quando se quer realmente revelar algo se usa “denuncia” ou “confessa”.

E vip? A sigla surgiu como abreviação de “very important people”. Os vips tinham acesso preferencial a festas e eventos de todo tipo. Obviamente, todo mundo quis ser tratado como vip. Alguns shows e camarotes carnavalescos ficam lotados por manadas de vips. Para diferenciar “vips” entre si, nos lugares mais disputados surgiram chiqueirinhos para os “supervips” ou “vips dos vips”. Em resumo: “vip” não significa absolutamente coisa nenhuma − somente que a pessoa é rápida para descolar um convite com pulseirinha.

Os anúncios imobiliários são pródigos em detonar palavras. “Exclusivo” é um exemplo. Quase todos falam em “condomínio exclusivo”, “espaço exclusivo” (e não havia de ser, se o proprietário está pagando?). De tão comum, “exclusivo” deixou de ser “exclusivo”. Veio o “diferenciado”. Ou “único”. Mas como um apartamento pode ser “diferenciado” ou “único” se está em um prédio com mais cinquenta iguais?

A palavra “amigo” é incrível. Implica uma relação especial, mas a maioria fala em “amigos” referindo-se a conhecidos distantes. O mesmo ocorre com “abraço”. Terminar a mensagem com um “abraço” era suficiente, pois era uma forma de oferecer nosso carinho à pessoa. Foi tão banalizado que agora se usa “grande abraço”, “forte abraço”, mas agora é pouco, pois já surgiu o “beijo no coração”. A seguir, o que virá?

Por que deixar que as palavras se desgastem? Se o que têm de mais belo é justamente sua história e o sentimento que contêm? Enfim, tudo o que lhes dá realmente significado.

(Walcyr Carrasco, Veja SP, 13.08.2008. Adaptado)

4. (G1 - ifsp 2011) Considere as frases.I. Ainda sou daqueles que se assustam de leve com um e-mail “urgente”...II. ... para, logo depois, descobrir que se trata de um assunto muito corriqueiro.III. Isso é revelação que se preze?

Assinale a alternativa em que o pronome proclítico está antes do verbo porque há, como partícula atrativa, um pronome relativo. a) I, apenas. b) II, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III.

Resposta:

[C]

A alternativa C é a única correta, visto que pronome relativo é aquele que representa nome (ou nomes), já mencionado anteriormente, e com o qual se relaciona. Caso da primeira e terceira frases, nas quais o pronome representa, respectivamente, “daqueles” e “revelação”.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Nasce um escritor

O primeiro dever passado pelo novo professor de português foi uma 7descrição tendo o mar como tema. A classe inspirou, toda ela, nos encapelados mares de Camões, aqueles nunca dantes navegados. O 5episódio do Adamastor foi reescrito pela 2meninada. Prisioneiro

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no internato, eu vivia na saudade das 4praias do Pontal onde conhecera a liberdade e o sonho. O mar de Ilhéus foi o tema de minha descrição.

Padre Cabral levara os deveres para corrigir em sua cela. Na aula seguinte, entre risonho e solene, anunciou a existência de uma vocação autêntica de escritor naquela sala de aula. Pediu que escutassem com atenção o dever que 1ia ler. Tinha certeza, afirmou, que o autor daquela página seria no futuro um escritor conhecido. Não regateou elogios. 3Eu acabara de completar onze anos.

Passei a ser uma personalidade, segundo os cânones do colégio, ao lado dos futebolistas, dos campeões de matemática e de religião, dos que 6obtinham medalhas. Fui admitido numa espécie de Círculo Literário onde 9brilhavam 8alunos mais velhos. Nem assim deixei de me sentir prisioneiro, sensação permanente durante os dois anos em que estudei no colégio dos jesuítas. 11Houve, porém, 10sensível mudança na limitada vida do aluno interno: o padre Cabral tomou-me sob sua proteção e colocou em minhas mãos livros de sua estante. Primeiro "As Viagens de Gulliver", depois clássicos portugueses, traduções de ficcionistas ingleses e franceses. Data dessa época minha paixão por Charles Dickens. Demoraria ainda a conhecer Mark Twain: o norte-americano não figurava entre os prediletos do padre Cabral.

Recordo com carinho a figura do jesuíta português erudito e amável. Menos por me haver anunciado escritor, sobretudo por me haver dado o amor aos livros, por me haver revelado o mundo da criação literária. Ajudou-me a suportar aqueles dois anos de internato, a fazer mais leve a minha prisão, minha primeira prisão.

AMADO, Jorge. O menino Grapiúna. Rio de Janeiro. Record. 1987. p. 117-20.

5. (G1 - ifce 2011) Considere as afirmações abaixo e, em seguida, marque a opção correta. I. A locução verbal “... ia ler” (ref. 1) anuncia uma ação que está longe de acontecer. II. O sufixo que entra na formação da palavra “meninada” (ref. 2) acrescenta ao radical menin

um valor aumentativo. III. No trecho “Eu acabara de completar onze anos.” (ref. 3), a forma verbal está flexionada no

pretérito mais-que-perfeito do indicativo. IV. Estão corretamente separadas em sílabas as palavras “prai-as” (ref. 4) e “e-pi-só-dio” (ref. 5). a) Estão corretas somente a I e a II. b) Todas estão erradas. c) Somente a III e a IV estão corretas. d) Apenas a III está errada. e) Todas estão corretas.

Resposta:

[C]

As afirmações em I e II estão erradas, pois a locução verbal “ia ler” anuncia uma ação em um futuro próximo e o sufixo “ada” confere uma carga coletiva, e não aumentativa, ao substantivo “menino”. A indicação de pretérito mais-que-perfeito do indicativo e a divisão silábica das palavras mencionadas estão certas. Assim, a opção c) é correta.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: O padeiro

Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a chaleira no fogo para fazer café e abro a porta do apartamento – mas não encontro o pão costumeiro. No mesmo instante me lembro de ter lido alguma coisa nos jornais da véspera sobre a “greve do pão dormido”. De resto não é bem uma greve, é um lock-out, greve dos patrões, que suspenderam o trabalho noturno;

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acham que obrigando o povo a tomar seu café da manhã com pão dormido conseguirão não sei bem o que do governo.

Está bem. Tomo o meu café com pão dormido, que não é tão ruim assim. E enquanto tomo café vou me lembrando de um homem modesto que conheci antigamente. Quando vinha deixar o pão à porta do apartamento ele apertava a campainha, mas, para não incomodar os moradores, avisava gritando:

– Não é ninguém, é o padeiro!Interroguei-o uma vez: como tivera a ideia de gritar aquilo?“Então você não é ninguém?”Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido. Muitas vezes lhe

acontecera bater a campainha de uma casa e ser atendido por uma empregada ou outra pessoa qualquer, e ouvir uma voz que vinha lá de dentro perguntando quem era; e ouvir a pessoa que o atendera dizer para dentro: “não é ninguém, não senhora, é o padeiro”. Assim ficara sabendo que não era ninguém...

Ele me contou isso sem mágoa nenhuma, e se despediu ainda sorrindo. Eu não quis detê-lo para explicar que estava falando com um colega, ainda que menos importante. Naquele tempo eu também, como os padeiros, fazia o trabalho noturno. Era pela madrugada que deixava a redação de jornal, quase sempre depois de uma passagem pela oficina – e muitas vezes saía já levando na mão um dos primeiros exemplares rodados, o jornal ainda quentinho da máquina, como pão saído do forno.

Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele tempo! E às vezes me julgava importante porque no jornal que levava para casa, além de reportagens ou notas que eu escrevera sem assinar, ia uma crônica ou artigo com o meu nome. O jornal e o pão estariam bem cedinho na porta de cada lar; e dentro do meu coração eu recebi a lição de humildade daquele homem entre todos útil e entre todos alegre; “não é ninguém, é o padeiro!”

E assobiava pelas escadas.

BRAGA, Rubem. O padeiro. In: ANDRADE, Carlos Drummond de; SABINO, Fernando; CAMPOS, Paulo Mendes; BRAGA, Rubem. Para gostar de ler: v. 1. Crônicas. 12ª ed. São

Paulo: Ática, 1982. p.63 - 64.

6. (G1 - ifsc 2011) Quanto à classe gramatical das palavras do texto, é correto afirmar que: a) em “Ele me contou isso sem mágoa nenhuma”, a palavra “mágoa” é um pronome. b) em “recebi a lição de humildade”, a palavra “humildade” é um advérbio. c) em “ainda que menos importante”, a palavra “menos” é um numeral. d) em “não encontro o pão costumeiro”, a palavra “costumeiro” é um adjetivo. e) em “Muitas vezes lhe acontecera”, a palavras “muitas” é um verbo.

Resposta:

[D]

Ao contrário do que se afirma em [A], [B], [C] e [E], as palavras “mágoa” e “humildade” são substantivos, “menos” é um advérbio e “muitas”, um pronome indefinido. É correta a opção [D], pois, no contexto, a palavra “costumeiro” é um adjetivo.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Texto I

A última crônica

A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no

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cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: "assim eu quereria o meu último poema". Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.

Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, 1deixa-se acrescentar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. 4Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. 5Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome.

Passo a observá-los. 6O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês. O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho – um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular. A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim.

7São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, 2a menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: “Parabéns pra você, parabéns pra você...” Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura – 3ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. 8Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido – vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.

Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso.

SABINO, Fernando. A Companheira de Viagem. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1965.

Texto II

O sorriso da comissária

Eu viajava no meu habitual voo Rio de Janeiro-Salvador. Ir à Bahia me renova e me inaugura todas as vezes, mesmo que a vez seja curta e parca. Às vezes, algo estranho se anuncia e me revela recantos meus desconhecidos no meu labirinto. De repente, me surpreende e me assalta a decifração de algum enigma em que eu me guardava debaixo das muitas sete chaves magras e sedentas. Naquele voo, a um certo instante, senti que se prenunciava um desvelamento, com tudo que tinha de ameaçador. Medo? Eu me preparei para o inevitável.

A comissária ia e vinha, desfolhada em sorrisos para nós, passageiros desprevenidos. Eu disse que ela ia e vinha em sorrisos, mas não eram muitos, era um único sorriso mesmo, que também ia e vinha, 5à medida que ela se voltava para um e para outro passageiro, está tudo bem? precisa de alguma coisa? se precisar, é só chamar, estou às ordens, e você? não faça cerimônia, estou aqui para servir, ah, como aquele excesso me incomodava, ela se demasiava. Orgulho de se sentir indispensável ou mera carência de afeto, a comissária

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começava a se expor diante de todos. 11Ninguém percebia que, ocultamente, algo se mostrava, perturbando a neutralidade confortável da aeronave.

Iniciado o serviço do almoço, a cada passageiro ela estendia o mesmo sorriso carnudo que lhe saía da vasta boca pintada de batom muito e demais vermelho. Boca sempre aberta, mesmo quando fechada. Boca que crescia e engordava, cada vez que ela se inclinava, perto da altura de cada boca sentada em cada poltrona. Por favor [boca gentil]. Aceita? [mais boca, gentil demais]. Bom apetite [simultaneamente, gentil mais e boca mais].

9As bocas comiam, todas sem presságios. 1De prontidão sob o batom vermelhento, a boca da comissária se justificava e se ajustava ao tamanho dos dentes. Todos os dentes, invisíveis não havia, visíveis numa coreografia feroz, de ritmo igual ao sorriso invicto, desde a entrada na aeronave, sim, desde o início dos tempos. 6Aquela mulher, fora de seu voo, teria alguém para quem sorrir? Saberia sobreviver sem a abundância do sorriso gordo, atropelado de dentes copiosos? Solidão solitária, solamente só e solo, sola.

Em que boca de homem caberia tal aquela boca? Difícil é amor com sorriso tão volumoso e sem canais para emergir do fundo. 7Antes de pegar a bandeja cada seguinte, para cada seguinte senhor passageiro, naquela minimíssima fração de segundo, ela rangia todos os dentes, todos cada dente. Rápida, mais rangia. Ódio ou medo, abandono ou traição, não, ela não podia ser esposa nem namorada nem a outra de nenhum marido frustrado. 10Depois de rangido todo o ódio, 2o sorriso vermelhudo se apossava da aeronave, dos passageiros e dos tripulantes.

Diante da bandeja, não, obrigada, eu não quero almoçar, encolhida-me na poltrona, o rosto colado na janelinha coberta de nuvens. Não tolerava assistir, ante meu olhar espremido, ao desvendamento daquele desarvorado enigma. 8Olhei assustada os outros passageiros. Todos comiam nas suas bocas desavisadas. Por que eu, somente eu, invadi aquele secreto recesso de tanto ressentimento? Ela prosseguia no implacável ritual. Entre um rápido ranger de dentes e as demoradas mesuras. 4Pura urgência de novamente 3se esconder atrás do sorriso gorduroso, vermelhoso, agarrado nos dentes escandalosos, enquanto se inclinava e se curvava e quase se ajoelhava.

Nenhuma vez eu sorri, contorcida nos meus próprios dentes que não rangiam e na minha boca transversal ao rosto. Vergonha de, sem prévio consentimento, haver penetrado num segredo de vida ou de morte? Culpa por não poder sequer pedir desculpas pela profanação? Talvez eu recuasse tanto atrás de minha boca intransponível, por mero horror à cumplicidade, após o horror da decifração.

CUNHA, Helena Parente. Vento, ventania, vendaval: contos. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro; Salvador: Fundação João Fernandes da Cunha, 1998.

Texto III

Goleiro Bruno ri ao ser xingado de assassinoMinistério Público vai pedir internação do adolescente pelo sequestro de Eliza

Por Christina Nascimento

Contagem (Minas Gerais) – O Ministério Público (MP) de Minas Gerais vai requerer à Justiça que o menor 1J., de 17 anos, responda pelo crime de sequestro e que seja internado para aplicação de medida socioeducativa. O adolescente esteve ontem frente a frente com quatro acusados de participação no desaparecimento de Eliza Samudio: seu primo, o goleiro Bruno; Luiz Henrique Romão, o Macarrão; o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola; e Sérgio Rosa Sales, único que se dispôs a prestar esclarecimentos. Entre as testemunhas, o atleta era quem aparentava mais calma. Como tem feito desde que foi preso, ele não abaixou a cabeça ao aparecer em público. 2Desta vez, ele ainda sorriu ao ser xingado de assassino pelos curiosos que se concentravam em frente à Vara da Criança e Adolescente em Contagem, onde aconteceu a audiência.

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Segundo o promotor da Infância e Juventude, Leonardo Barreto Moreira Alves, está comprovada a participação do menor no sequestro de Eliza, e já há elementos suficientes para pedir a internação do garoto, considerada a punição mais grave pelo Estatuto da Criança e Adolescente. Se a Justiça acatar a solicitação do Ministério Público, J. ficará detido por pelo menos seis meses e, no máximo, três anos.

“Por enquanto, não vou entrar no homicídio, e na ocultação de cadáver. Na versão do menor, ele não participou, mas o MP está analisando isso ainda. O fato de assistir pode consistir, sim, em responsabilidade no assassinato”, explicou Leonardo Barreto. Hoje termina o prazo de 24 horas que a promotoria tem para apresentar alegações finais do caso. Em seguida, será a vez de a defesa do menor fazer o mesmo procedimento. A previsão é de que sentença saia até quarta-feira.

O DIA Online. 23 de julho de 2010. 02h42min. Disponível em: http://odia.terra.com.br/portal/rio/html/2010/7/goleiro_bruno_ri_ao_ser_xingado_de_assassino_

98196.html

7. (G1 - ccampos 2011) Com base no texto I, assinale a opção na qual o vocábulo “que” apresenta classificação morfológica destoante das demais alternativas. a) “Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família,

célula da sociedade.” (ref.4) b) “Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome.” (ref.5) c) “O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom

(...).” (ref.6) d) “São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia do

bolo.” (ref.7)

Resposta:

[B]

Apenas em B, a palavra “que” destoa da classificação morfológica das demais opções. Trata-se de uma conjunção integrante que inicia uma oração subordinada substantiva objetiva direta. Nas outras alternativas, o vocábulo apresenta-se como pronome relativo, com função de sujeito em A e objeto direto em C e D.

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8. (G1 - cftsc 2010) Analise os textos abaixo:

Texto 1

Texto 2

Assinale a alternativa correta. a) No texto 02, se o fabricante de margarina, para se referir a peso, usasse a língua na sua

norma culta, deveria escrever no rótulo: “quinhentos gramas”. b) No texto 01, na expressão “amigos cachorros”, a palavra “amigos” exerce a função de

adjetivo. c) Em “... colocaram quinhentas gramas na embalagem”, o verbo “colocar” está conjugado

no pretérito imperfeito do modo indicativo. d) Em “Se você tem se decepcionado...”, o primeiro “Se” e o segundo “se” são conjunções

subordinativas condicionais. e) Em “com tantas gramas”, a palavra “gramas” é um numeral.

Resposta:

[A]

O vocábulo grama é um substantivo feminino, no sentido de erva rasteira que forra o solo, cultivada como ornamental em parques e jardins ou em pastagem; relva. A palavra grama é um substantivo masculino, no sentido de unidade de massa que corresponde à milésima parte do quilograma.

A alternativa A está correta, porque o numeral quinhentos deve concordar com o substantivo masculino grama. O princípio de concordância nominal é – toda palavra variável referente ao substantivo deve se flexionar (alterar a forma) para se adaptar a ele.

A alternativa B está incorreta, porque o vocábulo amigos exerce a função de substantivo: designa o ser. O adjetivo é a palavra cachorros, porque caracteriza o substantivo amigos.

A alternativa C está errada, pois o verbo colocaram encontra-se conjugado no pretérito perfeito do indicativo – exprime um fato totalmente concluído antes do momento da fala. O pretérito imperfeito é usado em referência a um fato que não havia chegado ao final no momento em que outro fato aconteceu.

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A alternativa D está incorreta, pois o primeiro se é conjunção condicional. O segundo se é um pronome. O verbo decepcionar é transitivo direto e significa causar decepção a; desenganar; desiludir; surpreender, desagradavelmente; desapontar. Quando o verbo for pronominal, isto é, vier acompanhado do pronome se - decepcionar-se significa ficar decepcionado, ficar desiludido. No texto 1, a expressão “se você tem se decepcionado”, o segundo se é o pronome que acompanha o verbo decepcionar.

A alternativa E está incorreta, pois o vocábulo gramas – no texto 2 - é um substantivo.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Ninguém

A rua estava fria. Era sábado ao anoitecer mas eu estava chegando e não saindo. Passei no bar e comprei um maço de cigarros. Vinte cigarros. Eram os vinte amigos que iam passar a noite comigo.

A porta se fechou como uma despedida para a rua, mas a porta sempre se fechava assim. Ela se fechou com um som abafado e rouco. Mas era sempre assim que ela se fechava. Um som que parecia o adeus de um condenado. Mas a porta simplesmente se fechara e ela sempre se fechava assim. Todos os dias ela se fechava assim.

Acender o fogo,esquentar o arroz, fritar um ovo. A gordura estala e espirra ferindo minhas mãos. A comida estava boa. Estava realmente boa, embora tenha ficado quase a metade no prato. Havia uma casquinha de ovo e pensei em pedir-me desculpas por isso. Sorri com esse pensamento. Acho que sorri. Devo ter sorrido. Era só uma casquinha.

Busquei no silêncio da copa algum inseto mas eles já haviam todos adormecido para a manhã de domingo. Então eu falei em voz alta. Precisava ouvir alguma coisa e falei em voz alta. Foi só uma frase banal. Se houvesse alguém perto diria que eu estava ficando doido. Eu sorriria. Mas não havia ninguém. Eu podia dizer o que quisesse. Não havia ninguém para me ouvir. Eu podia rolar no chão, ficar nu, arrancar os cabelos, gemer, chorar, soluçar, perder a fala, não havia ninguém para me ver.

Ninguém para me ouvir. Não havia ninguém. Eu podia até morrer.De manhã o padeiro me perguntou se estava tudo bom. Eu sorri e disse que estava.

Na rua o vizinho me perguntou se estava tudo certo. Eu disse que sim e sorri.Também meu patrão me perguntou e eu sorrindo disse que sim. Veio a tarde e meu

primo me perguntou se estava tudo em paz e eu sorri dizendo que estava. Depois uma conhecida me perguntou se estava tudo azul e eu sorri e disse que sim, estava, tudo azul.

VILELA, Luiz. Tremor de terra. São Paulo: Ática, 1977. p.93.

9. (G1 - cftsc 2010) Assinale a alternativa correta. a) Em “..., arrancar os cabelos, ... a palavra em negrito é formada por oito letras e oito

fonemas. b) Infere-se do texto que o narrador-personagem sentia um grande prazer em ficar sozinho. c) No texto, 50 parágrafo “.... estava tudo bom” e “...estava, tudo azul.” expressam

significados diferentes. d) Em “Precisava ouvir alguma coisa ...”, o elemento grifado e em negrito indica variação de

gênero e número, portanto trata-se de uma desinência nominal. e) “Acender o fogo, esquentar o arroz, fritar um ovo.” é um período composto por

coordenação.

Resposta:

[E]

O fonema é a menor unidade sonora de que se constitui a palavra. Letra é a representação gráfica do fonema. O fonema /r/ é representado por duas letras, mas tem

Page 12: QUESTAO_QuestAes_morfologia

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apenas um som. O vocábulo arrancar possui 8 letras e 7 fonemas. A alternativa A, portanto, está incorreta.

A alternativa B está errada. O narrador – personagem não sentia prazer em ficar sozinho. Ele demonstra necessidade de interagir com os seres à sua volta. “Precisava ouvir alguma coisa e falei em voz alta. Foi só uma frase banal. Se houvesse alguém perto diria que eu estava ficando doido. Eu sorriria. Mas não havia ninguém. Eu podia dizer o que quisesse. Não havia ninguém para me ouvir. Eu podia rolar no chão, ficar nu, arrancar os cabelos, gemer, chorar, soluçar, perder a fala, não havia ninguém para me ver”. O narrador, de certa forma, lamenta sua solidão, quase se desespera por essa condição.

A alternativa C está incorreta. “Estava tudo bom” e “estava tudo azul” são expressões sinônimas. A segunda é uma maneira coloquial de se dizer “está tudo bem”.

A afirmação D não está correta. A parte grifada do verbo recebe o nome de desinência verbal, pois identifica a pessoa (1ª, 2ª, 3ª. pessoa) e número (singular ou plural). Em precisava, a parte em negrito mostra que o verbo precisar está na 1ª. pessoa do singular (eu precisava ). A flexão de gênero é própria da desinência nominal, ou seja, mostra se o substantivo ou adjetivo é feminino o masculino. A palavra precisava pertence à classe gramatical dos verbos.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Preto e Branco

Perdera o emprego, 5chegara a passar fome, sem que 6ninguém 2 soubesse : por constrangimento, afastara-se da roda 7boêmia escritores, jornalistas, um sambista de cor que vinha a ser o seu mais velho que antes costumava frequentar companheiro de noitadas.

De repente, a salvação lhe apareceu na forma de um americano, que lhe 3oferecia um emprego numa agência. Agarrou-se com unhas e dentes à oportunidade, vale dizer, ao americano, para garantir na sua nova função uma relativa estabilidade.

E um belo dia vai seguindo com o chefe pela rua 10México, já distraído de seus passados tropeços, mas tropeçando obstinadamente no inglês com que se entendiam – quando vê do outro lado da rua um preto agitar a mão para ele.

Era o sambista seu amigo.Ocorreu-lhe desde logo que ao americano 4poderia parecer estranha tal amizade, e

mais ainda incompatível com a ética ianque a ser mantida nas funções que passara a exercer. Lembrou-se num átimo que o americano em geral tem uma coisa muito séria chamada preconceito racial e seu critério de julgamento da capacidade funcional dos subordinados talvez se deixasse influir por essa odiosa deformação. Por via das dúvidas correspondeu ao cumprimento de seu amigo da maneira mais discreta que lhe foi possível, mas viu em pânico que ele atravessava a rua e vinha em sua direção, sorriso aberto e braços prontos para um abraço.

Pensou rapidamente em se esquivar – não dava tempo: o americano também se detivera, vendo o preto aproximar-se.

Era seu amigo, velho companheiro, um bom sujeito, dos melhores mesmo que já conhecera – acaso jamais chegara sequer a se lembrar que se tratava de um preto? Agora, com o gringo ali a seu lado, todo branco e sardento, é que percebia pela primeira vez: não podia ser mais preto. Sendo assim, tivesse paciência: mais tarde lhe explicava tudo, haveria de compreender. Passar fome era muito bonito nos romances de Knut Hamsun, lidos depois do jantar, e sem credores à porta. Não teve mais dúvidas: virou a cara quando o outro se 1aproximou e fingiu que não o via, que não era com ele.

E não era mesmo com ele.Porque antes de 9cumprimentá-lo, talvez ainda sem 8tê-lo visto, o sambista abriu os

braços para acolher o americano – também seu amigo.

SABINO, Fernando. A mulher do vizinho. 7.ed. Rio de Janeiro: Record, 1962. p.163-4.

10. (G1 - cftsc 2010) Assinale a afirmação correta a respeito dos verbos sublinhados no texto. a) Na ref. 1, o verbo aproximou está conjugado no pretérito imperfeito do indicativo, para fazer

referência a um acontecimento usual do passado.

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b) Na ref. 2, o verbo soubesse está conjugado no pretérito perfeito do subjuntivo, para mostrar que se trata de uma condição hipotética, não real.

c) Na ref. 3,o verbo oferecia está conjugado no pretérito perfeito do indicativo, para fazer referência a uma ação que se repete várias vezes.

d) Na ref. 4, o verbo poderia está conjugado no pretérito imperfeito do indicativo, para fazer referência a um acontecimento futuro.

e) Na ref. 5, o verbo chegara está conjugado no pretérito-mais-que-perfeito do indicativo, para indicar um acontecimento que é anterior ao momento em que se inicia a história.

Resposta:

[E]

O pretérito imperfeito é usado em referência a um fato que não havia chegado ao final no momento em que outro fato aconteceu. Ex.: o bebê ainda brincava, quando o pai chegou do trabalho. O imperfeito aplica-se também em referência a fatos passados de ocorrência continuada. Ex.: a noite ficava muito clara e fria com a chegada do outono. O verbo aproximou está no pretérito perfeito que exprime fatos totalmente concluídos antes do momento da fala. Portanto, a alternativa A está errada.

No período “sem que 6ninguém 2 soubesse : por constrangimento, afastara-se da roda 7boêmia escritores, jornalistas, um sambista de cor”- soubesse está conjugado no pretérito imperfeito do subjuntivo. O modo subjuntivo é utilizado para exprimir atitudes de incerteza ou condicionamento do falante perante o processo que enuncia. Ex.: espero que aprecie meu projeto. A alternativa B está incorreta, porque soubesse encontra-se no pretérito imperfeito do subjuntivo e não no pretérito perfeito.

Oferecia está conjugado no pretérito imperfeito do indicativo e não no pretérito perfeito, segundo a alternativa C, embora o conceito de pretérito imperfeito do indicativo esteja correto.Poderia está conjugado no futuro do pretérito do indicativo. Indica um fato futuro, mas relativo a um outro, no passado. Vejamos isso no texto – ocorreu-lhe (fato passado) e poderia (fato futuro). O futuro do pretérito também pode exprimir suposição a respeito de um fato:

“Ocorreu-lhe desde logo que ao americano 4poderia parecer estranha tal amizade, e mais ainda incompatível com a ética ianque a ser mantida nas funções que passara a exercer.”

A afirmação E é a única plausível.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

TEXTO I

O PLANETA SARADO

Com a aproximação do verão, a obsessão do povo desta cidade pelo corpo está beirando a loucura. Nas ruas, nas praias, nos escritórios, só se fala em calorias, corpo definido (tem também indefinido?), bíceps, tríceps. Sarados andam com sarados, barrigudinhos com barrigudinhos. As castas não se misturam. E ai de um não malhado que quiser se enturmar. Leva bola preta. Pedir sobremesa na frente de todo mundo no restaurante, nem pensar. 2É pior que tirar a roupa em público.

Já se foi o tempo em que intelectual podia beber seu uísque em paz. Atualmente, até cronista acaba se sentindo pressionado a manter o corpinho. Eu mesmo confesso que passei a contar as calorias de um gomo de laranja. Corri, pedalei, nadei, não tomei o elevador e subi escadas correndo imaginando que aquele esforço equivaleria a pelo menos uma empadinha de palmito. Tudo isso para tentar fugir da discriminação. Sim, porque do jeito que a coisa vai muito em breve ter uns quilinhos a mais já será considerado razão para não te dirigirem mais a palavra, te expulsarem do emprego, te banirem da cidade e te enviarem para um campo de concentração (spa?) onde vão esconder os gordos. Movido por esse pânico, tento me adaptar.

Page 14: QUESTAO_QuestAes_morfologia

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É mesmo comovente essa nova vontade de se adequar. 1Lutamos desesperadamente para ter os mesmos corpos, os mesmos cabelos, os mesmos carros, as mesmas roupas. Gatinhas há de dois tipos: as aloiradas e as futuras aloiradas. Bolsa de mulher, então, só existe uma. Quanto aos garotões, podemos listar três ou quatro variações do mesmo tema entre o loirinho surfista e o moreno. Já carros existem atualmente mais opções de marcas para escolher. O único problema ainda é o rosto. Esse, o cirurgião plástico precisa deixar nele sempre algum traço peculiar para que possamos reconhecer nossos parceiros e parceiras na hora de levá-los para casa.

Ainda naquele esforço de adaptação comprei um livro maluco de dieta em que homens e mulheres no Tennessee, no Maine e no Texas (a maioria é sempre do Texas) declaram que mudaram completamente a vida depois que emagreceram. Eles eram gordos e pobres, trabalhavam em lanchonetes e estavam casados com outros gordos pobres que também trabalhavam em lanchonete e agora sarados ficaram ricos. É lógico: as boas oportunidades são imediatamente oferecidas aos sarados. Em suma, eles se livraram de seus respectivos gordos pobres e viveram felizes para sempre, levando a vida sexual da Madonna e aplicando seus milhões na Suíça. O autor do livro, um armário que aparece na capa, vai mais longe. Inspirado em Hitler (será que sabe?), ele chega a falar de "humanidade do futuro" e de "nova raça". Segundo ele, portanto, a nação musculosa irá dominar o mundo. Teremos fortões na Presidência, comandando os rumos de economia e revolucionando a medicina, a eletrônica, a astrofísica.

No planeta sarado, a gordura há de ser a última atitude guerrilheira. Ser gordinho equivalerá a ter um corpo não globalizado, fora da ordem mundial, com relações diplomáticas rompidas com o "sistema" sociopolítico-corporal, uma espécie de autoclube. Obesos e gordos criarão organizações paramilitares e terroristas, lançarão carros-bomba contra as fábricas de adoçante e serão perseguidos pela tropa de elite mais que sarada.

Como no filme de Buñuel, só será permitida a indecência de comer massas e doces se estivermos trancados sozinhos em banheiros especiais. Proliferarão inferninhos proibidos à moda de Chicago na época da lei seca. Num beco escuro, o capataz só deixa entrar pela portinha que leva ao subterrâneo quem souber a senha do dia. Uma vez lá dentro, aí sim, possuídos e bacantes, poderemos finalmente nos locupletar com quindões, churros e sundaes numa grande orgia canibal.

CARNEIRO, João Emanuel. O planeta sarado. In: Veja Rio, 27 dez. 2000.

TEXTO II

EU, ETIQUETA

Em minha calça está grudado um nome

que não é meu de batismo ou de cartório,

um nome... estranho.

Meu blusão traz lembrete de bebida

05 que jamais pus na boca, nesta vida.

Em minha camiseta, a marca de cigarro

que não fumo, até hoje não fumei.

Minhas meias falam de produto

que nunca experimentei

10 mas são comunicados a meus pés.

Meu tênis é proclama colorido

de alguma coisa não provada

por este provador de longa idade.

Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,

15 minha gravata e cinto e escova e pente,

Page 15: QUESTAO_QuestAes_morfologia

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meu corpo, minha xícara,

minha toalha de banho e sabonete,

meu isso, meu aquilo,

desde a cabeça ao bico dos sapatos,

20 são mensagens,

letras falantes,

gritos visuais

ordens de uso, abuso, reincidência;

costume, hábito, premência;

25 indispensabilidade,

e fazem de mim homem-anúncio itinerante,

escravo da matéria anunciada.

Estou, estou na moda.

É doce estar na moda, ainda que a moda

30 seja negar minha identidade,

trocá-la por mil, açambarcando

todas as marcas registradas,

todos os logotipos do mercado.

Com que inocência demito-me de ser

35 eu que antes era e me sabia

tão diverso dos outros, tão mim-mesmo,

ser pensante, sentinte e solidário

com outros seres diversos e conscientes

de sua humana, invencível condição.

40 Agora sou anúncio,

ora vulgar ora bizarro,

em língua nacional ou em qualquer língua

(qualquer, principalmente).

E nisto me comprazo, tiro glória

45 de minha anulação.

Não sou - vê lá - anúncio contratado.

Eu é que mimosamente pago

para anunciar, para vender

em bares festas praias pérgulas piscinas,

50 e bem à vista exibo esta etiqueta

global no corpo que desiste

de ser neste e sandália de uma essência

tão viva, independente,

que moda ou suborno algum a

55 compromete

Onde terei jogado fora

meu gosto e capacidade de escolher,

minhas idiossincrasias tão pessoais,

tão minhas que no rosto se espelhavam,

60 e cada gesto, cada olhar,

cada vinco da roupa

resumia uma estética?

Hoje sou costura, sou tecido,

sou gravado de forma universal

65 saio da estamparia, não de casa,

Page 16: QUESTAO_QuestAes_morfologia

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da vitrina me tiram, recolocam,

objeto pulsante mas objeto

que se oferece como signo de outros

objetos estáticos, tarifados.

70 Por me ostentar assim tão orgulho

de ser não eu; mas artigo industrial;

peço que meu nome retifiquem.

Já não me convém o título de homem.

Meu nome novo é coisa.

Eu sou a coisa, coisamente.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Corpo. Rio de Janeiro: Record, 1984.

11. (G1 - cp2 2008) No último parágrafo do texto I, o cronista se inclui no grupo daqueles que não se subordinarão e participarão da "atitude guerrilheira" contra o domínio dos sarados. Retire desse parágrafo as formas verbais que justificam essa afirmativa.

Resposta:

As formas verbais que justificam essa afirmativa são "estivermos" e "poderemos".

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Texto I

A DISCIPLINA DO AMOR

Foi na França, durante a segunda grande guerra. Um jovem tinha um cachorro que todos os dias, pontualmente, ia esperá-lo voltar do trabalho. Postava-se na esquina, um pouco antes das seis da tarde. Assim que via o dono, ia correndo ao seu encontro e, na maior alegria, acompanhava-o com seu passinho saltitante de volta a casa.

A vila inteira já conhecia o cachorro e as pessoas que passavam faziam-lhe festinhas e ele correspondia, chegava a correr todo animado atrás dos mais íntimos para logo voltar atento ao seu posto e ali ficar sentado até o momento em que seu dono apontava lá longe.

Mas eu avisei que o tempo era de guerra, o jovem foi convocado. Pensa que o cachorro deixou de esperá-lo? Continuou a ir diariamente até a esquina, fixo o olhar ansioso naquele único ponto, a orelha em pé, atenta ao menor ruído que pudesse indicar a presença do dono bem-amado. Assim que anoitecia, ele voltava para casa e levava a sua vida normal de cachorro até chegar o dia seguinte. Então, disciplinadamente, como se tivesse um relógio preso à pata, voltava ao seu posto de espera.

O jovem morreu num bombardeio, mas no pequeno coração do cachorro não morreu a esperança. Quiseram prendê-lo, distraí-lo. Tudo em vão. Quando ia chegando aquela hora ele disparava para o compromisso assumido, todos os dias. Todos os dias.

Com o passar dos anos (a memória dos homens!) as pessoas foram se esquecendo do jovem soldado que não voltou. Casou-se a noiva com um primo. Os familiares voltaram-se para outros familiares. Os amigos, para outros amigos. Só o cachorro já velhíssimo (era jovem quando o jovem partiu) continuou a esperá-lo na sua esquina. As pessoas estranhavam, mas quem esse cachorro está esperando?... Uma tarde (era inverno) ele lá ficou, o focinho sempre voltado para "aquela" direção.

Page 17: QUESTAO_QuestAes_morfologia

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(TELLES, Lygia Fagundes. A disciplina do amor. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980. p. 99-100)

Vocabulário:

Postar-se - posicionar-se, permanecer em determinado local

Apontar - aparecer

Texto II

COMPANHEIRO FIEL

Se estou trabalhando

- seja a que hora for -

Gatinho se deita ao lado

do meu computador.

Se vou para a sala

e deito no sofá,

ele logo vai pra lá.

Se à mesa me sento

a escrever poesia

e da sala me ausento

pela fantasia,

volto à realidade

quando, sem querer,

toco de resvés

numa coisa macia.

Já sei, não pago dez:

é o Gatinho

que sem eu saber

veio de mansinho

deitar-se a meus pés.

(GULLAR, Ferreira. Companheiro fiel. In: Palavras de encantamento. São Paulo: Moderna, 2001. v.1, p.76)

Vocabulário:

Resvés - rente, próximo

Não pagar dez - não ter dúvida

Texto III

PSICOLOGIA ANIMAL

Amigos, fiéis e ciumentos

Quem tem ou já teve cachorros sabe: eles são muito amigos e, também,

Page 18: QUESTAO_QuestAes_morfologia

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superciumentos. Na verdade, eles sentem uma série de emoções consideradas humanas, segundo uma pesquisa da Universidade de Portsmouth, na Inglaterra. Os cientistas analisaram o comportamento de mil cães e seus donos. Registraram cenas de ciúme explícito, como um cão interrompendo, sem a menor cerimônia, momentos românticos de seu dono. O estudo de psicólogos e especialistas em comportamento animal desafia a tese de que somente pessoas e chimpanzés são capazes de experimentar as chamadas emoções secundárias como culpa, vergonha, ciúme ou orgulho, embora seja ponto pacífico que cães, gatos e outros animais têm emoções primárias, como ansiedade, surpresa e raiva.

(REVISTA, Suplemento do jornal O Globo, de 17 de setembro de 2006.)

Vocabulário:

Explícito - que é claro

Tese - afirmação baseada em estudos científicos

Primárias - básicas, primeiras

Secundárias - que vêm em segunda posição

Ponto pacífico - ideia que se aceita sem discussão

12. (G1 - cp2 2007) Ainda no 30. parágrafo do texto I, o narrador afirma que o cão parecia ter "um relógio preso à pata." Copie desse texto dois advérbios que deixem clara essa afirmação.

Resposta:

"pontualmente", "disciplinadamente", "diariamente".

Page 19: QUESTAO_QuestAes_morfologia

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Resumo das questões selecionadas nesta atividade

Data de elaboração: 18/10/2012 às 19:47Nome do arquivo: Questões morfologia

Legenda:Q/Prova = número da questão na provaQ/DB = número da questão no banco de dados do SuperPro®

Q/prova Q/DB Matéria Fonte Tipo

1..................112083.............Português...........G1 - ifpe/2012.........................Múltipla escolha 2..................102789.............Português...........G1 - ifal/2011..........................Múltipla escolha 3..................102791.............Português...........G1 - ifal/2011..........................Múltipla escolha 4..................101995.............Português...........G1 - ifsp/2011.........................Múltipla escolha 5..................105110.............Português...........G1 - ifce/2011.........................Múltipla escolha 6..................106303.............Português...........G1 - ifsc/2011.........................Múltipla escolha 7..................106338.............Português...........G1 - ccampos/2011................Múltipla escolha 8..................92811...............Português...........G1 - cftsc/2010.......................Múltipla escolha 9..................92816...............Português...........G1 - cftsc/2010.......................Múltipla escolha 10................92826...............Português...........G1 - cftsc/2010.......................Múltipla escolha 11................86806...............Português...........G1 - cp2/2008.........................Analítica 12................75358...............Português...........G1 - cp2/2007.........................Analítica