QUESTÕES DISCURSIVAS PARA A RECEITA

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  • 7/27/2019 QUESTES DISCURSIVAS PARA A RECEITA

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    Prof. Cludio Jos

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    QUESTES DISCURSIVAS COMENTADAS VISANDO PROVA DA RECEITA

    FEDERAL 2009

    Obs.: Todas as questes foram retiradas de outros concursos que

    cobram questes discursivas de direito administrativo.

    QUESTO 01 - Joo da Silva e Jos dos Santos, servidores pblicos federais propem, em face da

    Unio, ao ordinria, alegando, em resumo, terem sido beneficiados pela Lei X, com o reenquadramento no

    cargo que ocupam que lhes conferia direito ao pagamento de gratificao de produtividade. Argumentam que

    a citada Lei X foi posteriormente revogada pela Lei Y, que extinguiu a gratificao em questo e procedeu a

    um novo reenquadramento funcional, violando direito j adquirido. Assim, em razo da ofensa aos princpios

    da irretroatividade e irredutibilidade de vencimentos, pretendem o reconhecimento do seu direito manter a

    gratificao decorrentes da aplicao da Lei X, assim como o pagamento da gratificao por ela instituda esua incorporao ao vencimento-base.

    Regularmente citada, a Unio apresentou a contestao, alegando, em sntese, que a Lei X foi

    totalmente revogada pela Lei Y e que a gratificao pretendida no chegou a ser implementada, razo pela

    qual inexiste direito adquirido. Aduz que a lei estabelecia o prazo de 3 (trs) anos para a incorporao da

    gratificao, sendo que a sua revogao se deu antes que se completassem 3 (trs) anos de sua vigncia,

    razo pela qual no h que se falar em incorporao de gratificao ou em promoo. Por fim, pede a

    improcedncia dos pedidos formulados pelos autores, afirmando, ainda, que as alteraes promovidas pela

    Lei Y no significaram reduo nos vencimentos.

    Decida o caso concreto.

    COMENTRIOS - Pacfico que no assiste violao ao preceito da irredutibilidade, e tampouco a

    direito adquirido, o fato de ser alterado o regime de vencimentos do servidor pblico. Nada impede que uma

    lei altere de modo radical toda sistemtica de pagamento dos servidores, extinguindo vantagens e criando

    outras de natureza at mesmo diversa, pois o que se impede apenas que tal ocorrncia venha a provocar

    uma diminuio no montante nominal que o servidor percebe a ttulo de vencimentos ou subsdio. Aqui, eis a

    posio consagrada na seara do Supremo Tribunal Federal:

    EMENTA: 1. Agravo regimental: necessidade de impugnao dos fundamentos da deciso agravada,

    de modo convincente: precedentes. 2. Servidor pblico: inexistncia de violao s garantias constitucionais

    do direito adquirido e da irredutibilidade de vencimentos (CF, art. 37, XV). firme a jurisprudncia do STF no

    sentido de que a garantia do direito adquirido no impede a modificao para o futuro do regime de

    vencimentos do servidor pblico. Assim, e desde que no implique diminuio no quantum percebido pelo

    servidor, perfeitamente possvel a modificao no critrio de clculo de sua remunerao. (AI 464499

    AgR/RS. Min. Seplveda Pertence. 05/10/2004)

    No caso em tela, resta claro que com o advento da nova Lei no houve reduo no quantitativo

    recebido pelos servidores. No que tange gratificao, como se observa na defesa da Unio, a Lei inicial

    estabelecia um prazo de 03 (trs) anos para haver a incorporao desta vantagem, e tal Lei foi revogada

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    antes de se completar tal perodo, o que afasta por completo a possibilidade destes servidores incorporarem

    tais valores.

    Assim, no houve violao do princpio da irredutibilidade no caso concreto, inexistindo qualquer

    respaldo para o pleito destes servidores.

    QUESTO 02 - O Municpio de Ita decide retomar o servio de transportes urbanos de passageiros,

    executado por empresa privada atravs de permisso. A empresa, ento, reivindica indenizao ao Municpio,

    mas este se recusa a atender sob a alegao de que, pela Lei 8.987/95, a permisso se consubstancia por

    delegao a ttulo precrio, qualificao esta repetida no artigo 40 do mesmo diploma. Ante tal confronto,

    pergunta-se: a) cabvel a encampao da permisso? Por qu? b) Diante do texto legal, procede a alegao

    do Municpio quanto inexistncia de obrigao indenizatria na hiptese?

    COMENTRIOS - A concesso e permisso de servio pblico encontram embasamento

    constitucional. O art. 175 da CF/88 apregoa que incumbe ao Poder Pblico, na forma da lei, diretamente ou

    sob regime de concesso ou permisso, sempre atravs de licitao, a prestao de servios pblicos.

    Observe que o texto constitucional, ao prever a hiptese de o Poder Pblico delegar a terceiros a

    prestao de um servio pblico, apontou apenas os institutos da concesso e da permisso, e a escolha das

    pessoas que figuraro como concessionrias e permissionrias se dar sempre por meio de procedimento

    licitatrio.

    A Lei n 8.987/95 dispe sobre o regime de concesso e permisso de prestao de servio pblicoprevisto no art. 175 da Constituio Federal de 1988.

    Historicamente, a distino clssica entre concesso e permisso de servio pblico residia na forma

    de constituio, uma vez que a primeira se perfaz com a celebrao de um contrato, e a segunda seria um

    mero ato unilateral e discricionrio da Administrao, sendo que dessa distino eclodia um outro elemento

    diferenciador, que seria a precariedade existente to-somente na permisso.

    No momento em que a permisso era tratada como um ato discricionrio do Poder Pblico, a pessoa

    que recebesse a incumbncia de prestar um servio pblico se sentiria muito mais segura na concesso. Na

    permisso, por se tratar de ato discricionrio, e por via de conseqncia precrio, o permissionrio saberia deantemo que a qualquer momento a permisso poderia ser revogada. J a concesso tem que obedecer o

    prazo fixado no contrato, caso contrrio a Administrao pode se ver inclusive obrigada a ressarcir civilmente

    a concessionria.

    No entanto, contrariando a doutrina consolidada, o art. 40 da citada Lei n 8.987/95, ao cuidar de

    permisso de servio pblico, deu uma natureza contratual a este instituto, preceituando que a permisso de

    servio pblico ser formalizada mediante contrato de adeso, que observar os termos desta lei, das demais

    normas pertinentes e do edital de licitao, inclusive quanto precariedade e revogabilidade unilateral do

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    contrato pelo poder concedente, e o pargrafo nico deste artigo reza que aplica-se s permisses o

    disposto nesta Lei.

    Verifique a panacia praticada pelo legislador, pois, no mesmo dispositivo em que conferiu a

    natureza contratual permisso, disps quanto a sua precariedade e revogabilidade.

    Ora, o termo revogao prprio de ato unilateral, convertendo-se em um absurdo utilizar este

    instituto como forma de extino de um contrato. Se necessrio a extino de um contrato por razes de

    interesse pblico, o caso de resciso, jamais de revogao.

    Em um processo de anlise do destacado artigo 40 , o seu pargrafo nico institui que a permisso

    vai se submeter ao disposto na aludida lei, que em seu corpo praticamente s trata de concesso (a

    permisso s mencionada em tal lei no art. 2, inciso IV, e neste art. 40), ou seja, a permisso se submeters mesmas normas que regem a concesso, que um modelo indiscutvel de contrato administrativo.

    Assim, com a entrada em vigncia da Lei n 8.987, em 13 de fevereiro de 1995, a doutrina

    administrativista teve que se submeter ao texto do art. 40, que imps natureza contratual permisso, e

    estabelecendo ainda, que se aplica s permisses as mesmas regras da concesso.

    Destarte, por fora do prprio pargrafo nico do artigo 40, o instituto da encampao plenamente

    aplicvel na permisso.

    Na encampao o contrato ser extinto por razes de interesse pblico, e como ocorre nestes casoso permissionrio ter o direito de ser ressarcido dos prejuzos sofridos. O art. 37 da Lei n 8.987/95 preceitua

    que considera-se encampao a retomada do servio pelo poder concedente durante o prazo da concesso,

    por motivo de interesse pblico, mediante lei autorizativa especfica e aps prvio pagamento da indenizao,

    na forma do artigo anterior.

    Diante de todo raciocnio expendido, em resposta a questo, podemos concluir que o instituto da

    encampao plenamente aplicvel permisso, e no caso da encampao o permissionrio ter o direito de

    ser ressarcido, como prev o artigo 37 da Lei n 8.987/95.

    QUESTO 03 - Um veculo particular colidiu com um cavalo que escapara da fazenda de seuproprietrio e, subitamente, atravessa a pista de uma rodovia interestadual, em ponto situado na divisa do

    Estado do Rio de Janeiro. Resultaram do acidente a morte do motorista e leses graves nos demais

    passageiros, cujos familiares ajuizaram, na Justia Comum, ao de responsabilidade civil, almejando a

    reparao de danos materiais e morais. Estabelecido que se trata de rodovia federal, sujeita fiscalizao da

    Polcia Rodoviria Federal (rgo subordinado ao Ministrio da Justia), mas que teve delegada a uma

    concessionria privada mediante licitao a prestao da respectiva execuo dos servios pblicos de sua

    manuteno e explorao, esclarea, fundamentadamente, em face das normas legais de regncia do tema,

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    quem est legitimado para responder demanda reparatria - a Unio, ou a Polcia Rodoviria Federal, ou a

    Concessionria?

    COMENTRIOS - O art. 37, 6, da Carta Magna de 1988 estendeu a incidncia da

    responsabilidade objetiva no s sobre as pessoas jurdicas de direito pblico, como tambm sobre as de

    direito privado prestadoras de servios pblicos.

    Como pessoas privadas prestadoras de servios pblicos pode-se apontar as concessionrias e

    permissionrias de servio pblico. Tais pessoas surgem em um processo de descentralizao por

    colaborao, em que o Estado resolve transferir para uma pessoa j existente a prestao de um servio

    pblico. O prprio art. 175 da CF/88 reza que incumbe ao Poder Pblico, na forma da lei, diretamente ou sob

    regime de concesso ou permisso, sempre atravs de licitao, a prestao de servios pblicos.

    Observe na questo, que o servio pertinente a manuteno e explorao foi delegado

    concessionria. Assim, a responsabilidade pelo dano causado da empresa concessionria. Vide nesse

    ponto, lio emanada pelo mestre Maral Justen Filho, em sua obra Concesses de Servios Pblicos: o

    concessionrio assume os riscos da atividade, cabendo-lhe a faculdade de imprimir os princpios da atividade

    privada organizao do servio concedido. Em ltima, anlise, a concesso produz a transferncia, para

    rbita alheia, dos riscos e encargos derivados da prestao do servio pblico. (...) Seria ofensivo ordem

    jurdica o modelo contratual que reservasse ao Estado o risco do prejuzo e assegurasse ao delegatrio o

    privilgio...dos lucros.

    Nesse contexto, a responsabilidade da Unio, que delegou o servio, apenas subsidiria. Seporventura, no houver como a concessionria indenizar (vamos supor, em um caso de falncia desta

    empresa) que a Unio poder ser responsabilizada.

    Quanto Polcia Rodoviria Federal, esta apenas um rgo interno da pessoa da Unio, no

    havendo o que se falar de atribuir responsabilizao a uma mera unidade de competncias de uma pessoa.

    Em resposta a questo, a ao de reparao dever ser movida em face da empresa concessionria

    de servios pblicos.

    QUESTO 04 - Agente pblico que pratica ato negligente, que atenta contra os princpios daAdministrao Pblica, pode ser responsabilizado por improbidade administrativa, na forma do que dispe a

    Lei n 8.429/92?

    COMENTRIOS - A Lei n 8.429/92 aponta como atos de improbidade aqueles que importam em

    enriquecimento ilcito; que causam prejuzos ao errio; ou que atentam contra os princpios da administrao

    pblica.

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    No entanto, a Lei n 8.429/92 somente admite a conduta culposa para configurao de improbidade

    no que tange ao dano ao errio (artigo 10 da citada Lei). Nesse contexto a jurisprudncia ptria consolidou o

    posicionamento, de que em se tratando de violao aos princpios administrativos, o agente responder por

    improbidade apenas se a conduta for dolosa. Vide deciso que segue:

    EMENTA: ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. AO CIVIL POR ATO DE IMPROBIDADE

    ADMINISTRATIVA. VIOLAO DE PRINCPIOS DA ADMINISTRAO PBLICA. ELEMENTO SUBJETIVO.

    PRECEDENTES DO STJ. PROVIMENTO DO RECURSO ESPECIAL. 1. A configurao de qualquer ato de

    improbidade administrativa exige a presena do elemento subjetivo na conduta do agente pblico, pois no

    admitida a responsabilidade objetiva em face do atual sistema jurdico brasileiro, principalmente considerando

    a gravidade das sanes contidas na Lei de Improbidade Administrativa. 2. Assim, indispensvel a presena

    de conduta dolosa ou culposa do agente pblico ao praticar o ato de improbidade administrativa,

    especialmente pelo tipo previsto no art. 11 da Lei 8.429/92, especificamente por leso aos princpios daAdministrao Pblica, que admite manifesta amplitude em sua aplicao. Por outro lado, importante

    ressaltar que a forma culposa somente admitida no ato de improbidade administrativa relacionado leso

    ao errio (art. 10 da LIA), no sendo aplicvel aos demais tipos (arts. 9 e 11 da LIA). 3. No caso concreto, o

    Tribunal de origem qualificou equivocadamente a conduta do agente pblico, pois a desdia e a negligncia,

    expressamente reconhecidas no julgado impugnado, no configuram dolo, tampouco dolo eventual, mas

    indiscutivelmente modalidade de culpa. Tal considerao afasta a configurao de ato de improbidade

    administrativa por violao de princpios da administrao pblica, pois no foi demonstrada a indispensvel

    prtica dolosa da conduta de atentado aos princpios da Administrao Pblica, mas efetiva conduta culposa,

    o que no permite o reconhecimento de ato de improbidade administrativa previsto no art. 11 da Lei 8.429/92.

    4. Provimento do recurso especial. (RESP 875163; Ministra Relatora Denise Arruda; STJ; Primeira Turma; DJ01/07/2009)

    Na questo, observa-se que o agente teria agido com negligncia na violao aos princpios, ou seja,

    agiu de forma culposa. Dessa forma, tal conduta no se enquadraria como ato de improbidade.

    QUESTO 05 - Responda fundamentadamente:

    a) Servidor pblico comete falta administrativa que tambm constitui crime. Pode ele, embora

    absolvido na esfera penal, vier a ser demitido pela Administrao Pblica pelo mesmo fato?

    b) O processo administrativo disciplinar requisito indispensvel demisso de funcionrio em

    estgio probatrio?

    COMENTRIOS:

    a) Sobre o servidor que comete alguma irregularidade no exerccio de suas funes podem incidir

    trs tipos de responsabilidade, quais sejam: administrativa, penal e civil (vide art. 121 da Lei n 8.112/90).

    As responsabilidades acima aludidas, em regra, so independentes e autnomas entre si, e as

    sanes perfeitamente acumulveis. Observa-se que cada uma dessas responsabilidades tem natureza

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    prpria e distinta, gerando, conseqentemente, processos diversos. A acumulabilidade das sanes aplicadas

    no fere o princpio do non bis in idem.

    Baseando-se no pressuposto de que os processos so autnomos em face da natureza distinta das

    responsabilidades a serem apuradas, h de se ater ao fato de que tais feitos podem chegar perfeitamente a

    resultados diversos, como por exemplo o servidor ser demitido no mbito de um processo disciplinar e,

    paralelamente, absolvido na ao penal. Nesse tocante, cabe desenvolver uma anlise apurada da

    repercusso da deciso firmada no processo penal sobre a apurao das demais responsabilidades.

    Ocorrendo a condenao do servidor na esfera penal, tal deciso obrigatoriamente prevalecer sobre

    as demais instncias, no se admitindo que a Administrao ou o Juzo civil se posicionem de forma diversa.

    A ttulo elucidativo, vale destacar o art. 1525 do Cdigo Civil, que estatui no sentido de que no se poder

    mais discutir acerca da existncia do fato ou de quem seja o autor, quando essas questes se acharemdecididas no crime.

    No entanto, havendo a absolvio do servidor na ao penal, torna-se vital que se analise a

    fundamentao dessa deciso absolutria, ressaltando-se que tal deciso somente repercutir sobre a rbita

    administrativa e civil se a absolvio tiver por fundamento a inexistncia do fato ou da autoria, ou ento

    reconhecer que o ato foi praticado em estado de necessidade, legtima defesa, estrito cumprimento do dever

    legal ou no exerccio regular do direito, que so circunstncias excludentes do crime (art. 65 do Cdigo de

    Processo Penal).

    Todavia, se a absolvio se der por falta de provas, tal deciso no ter qualquer repercusso sobreas demais esferas, pois as provas que no foram suficientes para formar a convico do rgo jurisdicional

    acerca da prtica do crime podem ter sido o bastante para que se demonstrasse a ocorrncia de um ilcito

    administrativo.

    Sintetiza-se, dessa forma, a questo no sentido de que se dar a quebra da independncia das

    responsabilidades com a prevalncia da deciso penal sobre as rbitas administrativa e civil, quando o

    servidor for condenado no crime, ou ento absolvido sob a fundamentao de que no foi o autor ou que

    inexistiu o crime, ou ainda se for admitido que ele agiu em legtima defesa, estado de necessidade, estrito

    cumprimento do dever legal ou no exerccio regular de direito. Em todas as demais hipteses se respeitar as

    decises firmadas em cada uma das instncias.

    Corroborando a inteligncia acima desenvolvida, vale reproduzir o entendimento j consagrado na

    jurisprudncia ptria:

    Funcionrio Pblico Demisso Absolvio Criminal.

    Embora possa ter sido absolvido o funcionrio na ao penal a que respondeu, no importa tal

    ocorrncia a sua volta aos quadros do servio pblico, se a absolvio se deu por insuficincia de provas, e o

    servidor foi regularmente submetido a inqurito administrativo, o qual foi apurado ter ele praticado o ato pelo

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    6 As pessoas jurdicas de direito pblico e as de direito privado prestadoras de servios pblicos

    respondero pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de

    regresso contra o responsvel nos casos de dolo ou culpa.

    H de se salientar que o aludido art. 37, 6, da Carta Magna de 1988 estendeu a incidncia da

    responsabilidade objetiva no s sobre as pessoas jurdicas de direito pblico, como tambm sobre as de

    direito privado prestadoras de servios pblicos.

    Como pessoas privadas prestadoras de servios pblicos pode-se apontar as concessionrias e

    permissionrias de servio pblico e, inclusive, as empresas pblicas e sociedades de economia mista

    quando estiverem na prestao de um servio de interesse pblico.

    No se pode esquecer que as empresas pblicas e sociedades de economia mista, em geral, socriadas como forma de interveno direta do Estado no domnio econmico, visando explorao de

    atividades econmicas, como de produo ou comercializao de bens, ou ainda de prestao de servios.

    Se as empresas pblicas e sociedades de economia mista estiverem atuando em um campo apenas

    econmico, respondero pelos danos causados como as demais empresas privadas, submetendo-se s

    normas de direito civil (responsabilidade subjetiva). Mas, se estiverem na prestao de um servio pblico,

    devero responder civilmente de forma objetiva, como preceituado no art. 37, 6, da CF/88.

    As concessionrias e permissionrias de servio pblico j surgem em um processo de

    descentralizao por colaborao, em que o Estado resolve transferir para uma pessoa j existente aprestao de um servio pblico. O prprio art. 175 da CF/88 reza que incumbe ao Poder Pblico, na forma

    da lei, diretamente ou sob regime de concesso ou permisso, sempre atravs de licitao, a prestao de

    servios pblicos.

    O Supremo Tribunal Federal, em importante julgado recente, posicionou-se na direo de que as

    concessionrias e permissionrias de servio pblico respondero de forma objetiva no que tange aos danos

    causados aos terceiros, independente de se configurarem na qualidade de usurios ou no usurios do

    servio prestado.

    b) Com fulcro na teoria publicista da responsabilidade objetiva, o Estado estaria obrigado a indenizaros danos provocados no patrimnio de terceiros, independentemente de falha na prestao do servio, ou de

    ter havido dolo ou culpa na conduta do agente.

    No instante em que se adota a responsabilidade objetiva, o Estado estar obrigado a ressarcir os

    danos causados, ainda que a sua conduta seja lcita, ou seja, esteja coadunada com os ditames legais em

    vigor.

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    O fundamento da responsabilizao objetiva no seria uma conduta antijurdica da Administrao,

    mas sim a necessidade de se repartir de forma igualitria os encargos sociais, bem como proteger o

    administrado, que, na sua relao com o Estado, reveste-se da qualidade de hiposuficiente.

    O que norteia a atuao do Estado a consecuo de algum interesse coletivo. Ora, uma vez que os

    benefcios advindos da atividade estatal sero usufrudos por todos, se porventura algum administrado sofreu

    um nus maior do que os demais, torna-se mais do que justo que tal dano seja repartido de forma igualitria

    entre os demais membros da sociedade.

    Nas atividades estatais os indivduos agem como seguradores uns dos outros, e, havendo uma

    quebra no equilbrio dos encargos sociais, o Estado deve ressarcir a pessoa que sofreu o prejuzo, mesmo

    que para isso se valha de recursos do prprio errio.

    QUESTO 07 - Em que consiste a auto-executoriedade do ato de polcia?

    COMENTRIOS - A auto-executoriedade um importante atributo dos atos administrativos. Atributos

    leia-se caractersticas prprias das vontades emanadas pela Administrao.

    Com fulcro neste atributo, a Administrao pode executar os atos administrativos dela emanados de

    modo direto e imediato sem necessidade de provocar previamente o Poder Judicirio.

    A auto-executoriedade no se faz presente de modo indistinto em todos os atos administrativos.

    Demonstra-se imperioso que este atributo esteja previsto em lei, ou, ento, que se trate de medida de extremaurgncia cuja omisso possa causar um transtorno maior ordem pblica.

    O fundamento da auto-executoriedade a necessidade de se resguardar com celeridade e presteza

    o interesse pblico. Em diversas situaes, a exigncia de se recorrer ao Judicirio faria com que se

    inviabilizasse por completo a atuao estatal, em detrimento da paz e da satisfao social.

    Imagine a Administrao deparando-se com mercadorias estragadas ou proibidas expostas ao

    comrcio, ou, ainda, com a construo irregular de uma obra colocando em risco a prpria integridade dos

    transeuntes. Em um cenrio como este, impe-se ao Poder Pblico o dever de agir com extrema rapidez, seja

    apreendendo ou destruindo as mercadorias, ou embargando, e at mesmo demolindo, a obra erguida deforma indevida.

    QUESTO 08 - Aps o advento de lei autorizadora, a Unio, com fulcro no art. 37, XIX, da CF/88,

    criou sociedade de economia mista, para o desempenho de atividade de transporte ferrovirio. No entanto,

    constatou-se um enorme prejuzo no desempenho econmico desta empresa. Nesse contexto, impe-se a

    formulao de duas indagaes:

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    a) Esta sociedade de economia mista, pode se submeter ao processo de falncia, de acordo com os

    comandos normativos vigentes?

    b) Em que foro judicial esta sociedade de economia mista poderia acionar possveis devedores como

    forma de atenuar seu prejuzo?

    COMENTRIOS:

    a) O ento art. 242 da Lei n 6.404/76 estatua que as companhias de economia mista no esto

    sujeitas a falncia mas os seus bens so penhorveis e executveis, e a pessoa jurdica que a controla

    responde, subsidiariamente, pelas suas obrigaes.

    Ocorre que o art. 10 da Lei n 10.303, de 31 de outubro de 2001, revogou o aludido artigo, que, por

    sua vez, era o nico comando legal que versava acerca da impossibilidade de falncia de sociedade deeconomia mista.

    Agora, mesmo com a revogao do citado dispositivo, firmou-se ainda o entendimento de que no

    haveria que se falar em falncia de tais entidades quando desempenhassem algum servio pblico ou

    estivessem atuando no sistema de monoplio.

    No caso de prestao de servio pblico, essa vedao se converteria em uma proteo ao princpio

    da continuidade do servio pblico. Ainda sim, vale lembrar que se o Supremo Tribunal Federal no aceitou

    sequer a penhora dos bens destas entidades quando estiverem voltadas prestao de um servio pblico,

    muito menos aceitaria a falncia, o que acarretaria a paralisao por completo da prestao de um servio deinteresse da coletividade.

    Alm do que, no h como negar que a declarao de falncia pelo Poder Judicirio pode se

    converter em clara interferncia de um poder constitucional no outro, em afronta ao que dispe o artigo 2 da

    Constituio Federal de 1988. At porque, no momento em que o texto constitucional exige lei autorizando a

    criao dessas pessoas, em nome do princpio da simetria, torna-se patente a necessidade de lei autorizando

    sua extino.

    Porm, com o advento da Lei n 11.101/05, que regulou a recuperao judicial e a falncia do

    empresrio e da sociedade empresarial, a questo se encontra pacificada, uma vez que o art. 2, inciso I, daaludida norma preceitua que a nova lei de falncia no se aplica s empresas pblicas e sociedades de

    economia mista.

    Repare que a lei no faz qualquer distino acerca da atividade desempenhada por estas entidades,

    o que nos leva a concluir que o ordenamento jurdico em vigor probe a falncia de empresas pblicas ou

    sociedades de economia mista, estejam elas exercendo atividades de cunho apenas econmico ou prestando

    servios pblicos.

  • 7/27/2019 QUESTES DISCURSIVAS PARA A RECEITA

    11/11

    Prof. Cludio Jos

    w w w . e s t u d o d e a d m i n i s t r a t i v o . c o m . b r 11

    Alguns estudiosos argem que o art. 2, inciso I, da Lei n 11.101/05 afrontaria o texto constitucional,

    no que se refere as empresas pblicas e sociedades de economia mista que desempenham atividades

    econmicas, uma vez que o art. 173, 1, inciso II, da Carta Magna de 1988 submete as empresas pblicas e

    sociedades de economia mista que exercem atividades eminentemente econmicas ao regime jurdico

    prprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigaes civis, comerciais, trabalhistas e

    tributrios. No entanto, no h qualquer manifestao do Supremo Tribunal Federal declarando a

    inconstitucionalidade de tal dispositivo, e a presuno milita no sentido da constitucionalidade da norma.

    b) Como resta pacificado, as causas que tenham como parte uma sociedade de economia mista

    federal tramitaro na Justia Estadual. A sociedade de economia mista federal no foi abraada pelo artigo

    109 da CF/88 que aponta as causas de competncia da Justia Federal. Neste sentido, eis a redao da

    Smula n 42 do Superior Tribunal de Justia:

    Compete Justia comum estadual processar e julgar as causas cveis em que parte sociedade de

    economia mista e os crimes praticados em seu detrimento.