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 QUESTÕES - RODADA 02.2013 1) Em relação ao conceito de autor no Direito Penal do Brasil, relacione a Teoria do Domínio do Fato às defini ções de autor medi ato e autor de escr it ório. es!osta em "inte lin#as $oment%rios: Sob re a Teoria do Do mín io do Fat o, cal ha traze r exp lic açã o de Ceza r Roberto Bittencourt (disponíel em !!!"con#ur"co m"br em $%&$$&'$')* +Tratase de uma elaboração superi or -s teorias at. então conhecidas, /ue distin0ue com clareza autor e partíc ipe, admiti ndo com 1acil idad e a 1i0ura do autor medi ato, al.m de possibilitar melhor compreensão da coautoria" 2ssa teoria sur0iu em $343 com o 1inalismo de 5elzel e sua tese de /ue nos crimes dolosos . autor /uem tem o controle 1inal do 1ato" 6as 1oi atra.s da obra de Roxin, T7terscha1tundTatherrscha1t inic ialm ente publi cada em $384 , /ue a teor ia do domí nio do 1ato 1oi dese nol ida, ad/uirindo uma importante pro#eção internacional, tanto na 2uropa como na 9m.rica :atina" Depois de muitos anos ClausRoxin reconheceu /ue o /ue lhe preocupaa eram os cr imes co me tidos pe lo na ci on al soci alis mo " ;a <t ic a, do en o #o em  pro1essor alemão, =/uem ocupasse uma posição dentro de um chamado aparato or 0a ni zado de po der e d> o co ma nd o pa ra /u e se ex ec ute um cr ime, tem de responder como autor e não s< como partícipe, ao contr>rio do /ue entendia a doutrina dominante na .poca" ;em uma teor ia pura ment e ob# etia nem outr a puramente sub# eti a são ade/ua das  para 1undamentar a ess?ncia da autoria e 1azer, ao mesmo tempo, a delimitaçã o correta entre autoria e particip ação" 9 teoria do domínio do 1ato, partindo do conceito restritio de autor, tem a pretensão de sintetizar os aspectos ob#etios e sub#etios, impondose como uma teoria ob#etiosub#etia" 2mbora o domínio do 1ato suponha um controle 1inal, =aspecto sub#etio@, não re/uer somente a 1inalidade, mas tamb.m uma posição ob#etia /ue determine o e1etio domínio do 1ato" 9utor, se0undo essa teoria, . /uem tem o poder de decisão sobre a realização do 1ato" 6as . indispens>el /ue resulte demonstrado /ue /uem det.m posição de comando determinou a pr>tica da ação, sendo irreleante, portanto, a simples =posição hier>r/uica superior@, sob  pena de caracterizar aut?ntica responsa bilidade ob#etia" 9utor, en1im, . não s< o /ue exec ut a a ão típ ica, co mo tamb.m a/ uele /u e se ut il iz a de ou tr em, co mo instrumento, para a execução da in1ração penal (autoria mediata)" Como ensinaa 5elzel, =a con1ormação do 1ato mediante a ontade de realização /ue diri0e de 1orma  plani1icad a . o /ue trans1orma o autor em senhor do 1ato" Aor.m, como a1irma  eschec, não s< a ontade de realização resulta decisia para a autoria, mas tamb.m a importncia material da parte /ue cada interenien te assume no 1 ato Como . possíel perceber, a teoria do domínio do 1ato explica com mais coer?ncia a denominad a autoria mediata" Se0undo Ea11aroni( 6anual de Direito Aenal Brasileiro, ed, pa0s" 883&8G) =9utoria mediata . a/uela realizada por /uem se ale de outro, /ue não comete in#u sto, se#a por/ ue a0e sem dolo, atipicamente ou #ust i1ica dame nte" 9/uele /ue se ale do autor tra.s do re<ler carre0ado, asse0urandolhe /ue cont.m balas de 1estim, indiscuti elmente tem em suas mãos o dom ínio do 1ato , pois o ator = não sabe

Questões RODADA 02

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QUESTES - RODADA 02.2013 1) Em relao ao conceito de autor no Direito Penal do Brasil, relacione a Teoria do Domnio do Fato s definies de autor mediato e autor de escritrio. Resposta em vinte linhasComentrios:Sobre a Teoria do Domnio do Fato, calha trazer explicao de Cezar Roberto Bittencourt (disponvel em www.conjur.com.br em 18/11/2012):

Trata-se de uma elaborao superior s teorias at ento conhecidas, que distingue com clareza autor e partcipe, admitindo com facilidade a figura do autor mediato, alm de possibilitar melhor compreenso da coautoria. Essa teoria surgiu em 1939 com o finalismo de Welzel e sua tese de que nos crimes dolosos autor quem tem o controle final do fato. Mas foi atravs da obra de Roxin, TterschaftundTatherrschaft inicialmente publicada em 1963, que a teoria do domnio do fato foi desenvolvida, adquirindo uma importante projeo internacional, tanto na Europa como na Amrica Latina. Depois de muitos anos ClausRoxin reconheceu que o que lhe preocupava eram os crimes cometidos pelo nacionalsocialismo. Na tica, do ento jovem professor alemo, quem ocupasse uma posio dentro de um chamado aparato organizado de poder e d o comando para que se execute um crime, tem de responder como autor e no s como partcipe, ao contrrio do que entendia a doutrina dominante na poca.

Nem uma teoria puramente objetiva nem outra puramente subjetiva so adequadas para fundamentar a essncia da autoria e fazer, ao mesmo tempo, a delimitao correta entre autoria e participao. A teoria do domnio do fato, partindo do conceito restritivo de autor, tem a pretenso de sintetizar os aspectos objetivos e subjetivos, impondo-se como uma teoria objetivo-subjetiva. Embora o domnio do fato suponha um controle final, aspecto subjetivo, no requer somente a finalidade, mas tambm uma posio objetiva que determine o efetivo domnio do fato. Autor, segundo essa teoria, quem tem o poder de deciso sobre a realizao do fato. Mas indispensvel que resulte demonstrado que quem detm posio de comando determinou a prtica da ao, sendo irrelevante, portanto, a simples posio hierrquica superior, sob pena de caracterizar autntica responsabilidade objetiva. Autor, enfim, no s o que executa a ao tpica, como tambm aquele que se utiliza de outrem, como instrumento, para a execuo da infrao penal (autoria mediata). Como ensinava Welzel, a conformao do fato mediante a vontade de realizao que dirige de forma planificada o que transforma o autor em senhor do fato. Porm, como afirma Jescheck, no s a vontade de realizao resulta decisiva para a autoria, mas tambm a importncia material da parte que cada interveniente assume no fato

Como possvel perceber, a teoria do domnio do fato explica com mais coerncia a denominada autoria mediata. Segundo Zaffaroni( Manual de Direito Penal Brasileiro, 4 ed, pags. 669/670)

Autoria mediata aquela realizada por quem se vale de outro, que no comete injusto, seja porque age sem dolo, atipicamente ou justificadamente. Aquele que se vale do autor travs do revlver carregado, assegurando-lhe que contm balas de festim, indiscutivelmente tem em suas mos o domnio do fato , pois o ator no sabe o que faz , j que cr estar representando quando, na realidade, est causando uma morte(...) A autoria mediata no tem por que pressupor uma autoria direta por parte da pessoa interposta, porque no caso daquele que age sem dolo, por exemplo(como o ator que dispara com a arma que no sabe estar carregada) no pode ser autor doloso do delito( e, talvez, nem sequer culposo). A expresso autoria mediata indica autoria mediante outro autor , porque -como vimos-, frequentemente, o interposto no autor.

Costuma-se afirmar que h autoria mediata, quando o sujeito se vale de outro que incupvel , isto , de outro que comete um injusto inculpvel, como acontece com quem se vale de um inimputvel , de um sujeito em erro de proibio invencvel ou de algum em situao de necessidade exculpante. De nossa parte, no cremos que esta hiptese configure autoria mediata, por entender que a falta de reprovabilidade da conduta do interposto no d o domnio do fato ao determinador .

Dentro do contexto da autoria mediata, surge uma modalidade especial, em que o autor imediato no deixa de ter, tambm, o domnio do fato. Ainda segundo Zaffaroni:

A autoria de escritrio trata-se de uma autoria mediata particular ou especial, em que aquele que concorre para o crime autor do delito, e tambm o determinado por este. Trata-se de casos em que a doutrina alem vem se ocupando h pouco mais de vinte anos, que so conhecidos por autoria de escritrio.

Esta forma de autoria mediata pressupe uma mquina de poder que pode ocorrer tanto num Estado em que se rompeu com toda a legalidade, como numa organizao parestatal( um Estado dentro do Estado), ou como um mquina de poder mafiosa, por exemplo. No se trata de qualquer associao para delinqir, e sim de uma organizao caracterizada pelo aparato de seu poder hierarquizado e pela fungibilidade de seus membros (...).Parece ser bem pouco discutvel que, em tal hiptese, tm o domnio do fato tanto o executor ou determinador como o determinador, conquanto ambos sejam culpveis, o que daria lugar a uma forma de autoria mediata especial-como j dissemos- em que insero de ambos autores no aparato de poder antijurdico coloca ambos na posio de autores responsveis, com pleno domnio do fatoMelhores Respostas:MRCIO ROGRIO GARCIA

A teoria do domnio do fato, criada por Welzel e aperfeioada por Roxin, amplia o conceito de autor no direito penal brasileiro, superando as concepes positivas, subjetivas e objetivas. Por conta dessa teoria, autor do crime (1) quem realiza o verbo nuclear do tipo; (2) quem participa funcionalmente da execuo do crime, mesmo sem realizar o verbo nuclear do tipo (segurando a vtima, para o co-autor mat-la); (3) quem tem o domnio organizacional da ao tpica, planejando-a (autor de escritrio); e (4) quem tem o domnio da vontade de outras pessoas (autoria mediata). A autoria mediata caracterizada fundamentalmente pela pluralidade de agentes (sem concurso de pessoas), pela instrumentalizao (domnio da vontade) do executor material (agente instrumento) por parte do autor mediato; pelo pleno domnio do fato pelo autor mediato; e pela no realizao do fato pessoalmente por parte do autor mediato (direta ou indiretamente). Por outro lado, autor de escritrio (homem de trs ou hinterman) o autor intelectual do crime, que tem domnio organizacional do fato. H quem simplifique a categorizao do autor de escritrio, afirmando ser to somente uma forma especial de autoria mediata. Todavia, a autoria de escritrio mais elaborada, pressupondo uma mquina de poder a determinar a ao dos subordinados. O autor de escritrio tem poder hierrquico sobre os seus funcionrios, os quais, contudo, no podem ser considerados como meros instrumentos nas mos dos chefes, o que diferencia a categoria da autoria mediata. Logo, tanto o domnio da vontade de outrem como o domnio organizacional do fato tpico so modalidades de autoria abrangidas pela teoria do domnio do fato

ADOLPHO COLOMBO COSTA PINTO

Criada por Hans Welzel, a Teoria do Domnio do Fato tem como pressuposto que autor aquele qe possui o controle sobre o domnio final do fato; aquele que decide acerca da prtica, suspenso, interrupo e condies de um crime, podendo ser tanto o autor direto, ou seja, aquele que pratica diretamente o fato; quanto autor funcional, sendo aquele que, mesmo no praticando diretamente o fato, possui uma atividade indispensvel no plano global, ou seja, possui o domnio funcional do fato; ou mesmo autor mediato aquele que se vale de um terceiro, que atua sem dolo ou de forma no culpvel, para executar o fato, caso em que possui o domnio da vontade do terceiro. Autor mediato , portanto, aquele que se vale de uma terceira pessoa (instrumento) inculpvel ou que age sem dolo ou culpa para, dominando a vontade alheia, praticar o fato tpico. aquele que possui o domnio do fato, decorrendo, da, a relao entre a autoria mediata e a Teoria do Domnio do Fato. Na autoria mediata, embora haja pluralidade de sujeitos, prevalece o entendimento de que no h concurso de pessoas, pois o executor do crime mero instrumento da vontade do agente. A autoria de escritrio, tambm oriunda da doutrina alem, constitui-se em autoria mediata particular ou especial onde o autor de escritrio transmite a ordem a ser executada por outro autor direto. Ocorre quando dentro de uma estrutura de poder, o agente (autor de escritrio) ordena que outrem, dotado de culpabilidade, execute determinada conduta. Em razo da fungibilidade dos membros, esse executor pode ser substitudo a qualquer momento por outro integrante da organizao criminosa. Essa forma de autoria mediata pressupe uma mquina de poder ilegal, hierarquizada e fungibilidade de seus membros.2) cabvel a condenao de honorrios advocatcios em favor da defensoria pblica estadual em processo promovido contra fundao de direito pblico integrante do mesmo estado, na hiptese de o necessitado representado sagrar-se vencedor de causa cvel de valor superior a 60 salrios mnimos? (Mximo de 15 linhas)

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Comentrios:De incio, cumpre observar que a referncia no enunciado de se tratar de causa cvel de valor superior a 60 salrios mnimos se d para afastar a possibilidade de se tratar de causa submetida ao rito especial dos juizados especiais da fazenda pblica, de competncia absoluta quando instalado,no qual so incabveis honorrios advocatcios em 1 grau, devido aos art. 55 da Lei 9.099/95 c/c arts. 2, 2, 27, da Lei 12.153/09, aplicando-se o rito ordinrio do CPC, onde o arbitramento de honorrios a regra com esteio no art. 20 4, do CPC. Eis dispositivos:

Art. 55. A sentena de primeiro grau no condenar o vencido em custas e honorrios de advogado, ressalvados os casos de litigncia de m-f. Em segundo grau, o recorrente, vencido, pagar as custas e honorrios de advogado, que sero fixados entre dez por cento e vinte por cento do valor de condenao ou, no havendo condenao, do valor corrigido da causa.

Art. 2o de competncia dos Juizados Especiais da Fazenda Pblica processar, conciliar e julgar causas cveis de interesse dos Estados, do Distrito Federal, dos Territrios e dos Municpios, at o valor de 60 (sessenta) salrios mnimos. 4o No foro onde estiver instalado Juizado Especial da Fazenda Pblica, a sua competncia absoluta.

Art. 27. Aplica-se subsidiariamente o disposto nas Leis nos 5.869, de 11 de janeiro de 1973 Cdigo de Processo Civil, 9.099, de 26 de setembro de 1995, e 10.259, de 12 de julho de 2001.

Art. 20. A sentena condenar o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou e os honorrios advocatcios. Esta verba honorria ser devida, tambm, nos casos em que o advogado funcionar em causa prpria. (Redao dada pela Lei n 6.355, de 1976) 4o Nas causas de pequeno valor, nas de valor inestimvel, naquelas em que no houver condenao ou for vencida a Fazenda Pblica, e nas execues, embargadas ou no, os honorrios sero fixados consoante apreciao eqitativa do juiz, atendidas as normas das alneas a, b e c do pargrafo anterior. (Redao dada pela Lei n 8.952, de 1994)

Embora a EC 45/04 tenha includo o 2 no art. 134 da CF, conferindo autonomia funcional e administrativa s defensorias pblicas estaduais, e a LC 132/09 concretizando o comando constitucional tenha includo o inciso XXI no art. 4 da LC 80/94 (So funes institucionais da Defensoria Pblica, dentre outras: executar e receber as verbas sucumbenciais decorrentes de sua atuao, inclusive quando devidas por quaisquer entes pblicos, destinando-as a fundos geridos pela Defensoria Pblica e destinados, exclusivamente, ao aparelhamento da Defensoria Pblica e capacitao profissional de seus membros e servidores;) que atrela os honorrios advocatcios a fundo prprio, o entendimento preponderante do STJ em smula editada em 2010, foi o de que a defensoria apenas poderia perceber honorrios quando representasse necessitado que se sagrasse vencedor contra ente federativo diverso do que mantm a respectiva defensoria.Mesmo com alguma doutrina em sentido contrrio, o tribunal da cidadania invocou para sustentar seu posicionamento o instituto da confuso previsto no art. 381 do CC (Extingue-se a obrigao, desde que na mesma pessoa se confundam as qualidades de credor e devedor.), haja vista que embora dotada de autonomia, a defensoria no goza de personalidade jurdica, sendo rgo da administrao direta. Eis o teor do enunciado da Smula 421 do STJ: Os honorrios advocatcios no so devidos Defensoria Pblica quando ela atua contra a pessoa jurdica de direito pblico qual pertena..A situao descrita no enunciado da questo, no entanto, ligeiramente diferente, pois abarca como vencido no a administrao direta do estado, mas a indireta, dada a natureza autrquica das fundaes pblicas.Na hiptese, tecnicamente, no ocorreria propriamente o instituto da confuso, pois a defensoria como rgo no personificado tem seus direitos e deveres imputados na pessoa do prprio ente poltico estado-membro (administrao direta), cuja personalidade jurdica, por sua vez, no se confunde com a dos entes integrantes da administrao indireta (autarquias e fundaes). Assim, credor e devedor da prestao de honorrios advocatcios no caso seriam pessoas jurdicas distintas, e no uma mesma, em hiptese ligeiramente distinta dos precedentes que originaram a referida Smula 421.Instado a se manifestar, o STJ, contudo, manteve a iseno de honorrios s hipteses em que a defensoria pblica atua contra a administrao direta ou indireta da prpria fazenda pblica a que pertena. A matria, inclusive, foi julgada pela sistemtica dos recursos repetitivos, sob o rito do art. 543-C do CPC:

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVRSIA REPETITIVA. RIOPREVIDNCIA. HONORRIOS ADVOCATCIOS.PAGAMENTO EM FAVOR DA DEFENSORIA PBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. NO CABIMENTO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.

1. "Os honorrios advocatcios no so devidos Defensoria Pblica quando ela atua contra a pessoa jurdica de direito pblico qual pertena" (Smula 421/STJ).2. Tambm no so devidos honorrios advocatcios Defensoria Pblica quando ela atua contra pessoa jurdica de direito pblico que integra a mesma Fazenda Pblica.3. Recurso especial conhecido e provido, para excluir da condenao imposta ao recorrente o pagamento de honorrios advocatcios. (REsp 1199715/RJ, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, CORTE ESPECIAL, julgado em 16/02/2011, DJe 12/04/2011)Com efeito, embora a Smula 421 do STJ literalmente contenha contra a pessoa jurdica de direito pblico a qual pertena, o STJ ampliou sua aplicabilidade tambm administrao indireta da mesma fazenda pblica, sempre que a autarquia ou a fundao reste-se vencida.

A excluso se d pelos seguintes motivos: 1) em razo do tratamento igualitrio que a legislao processual dispensa administrao direta e indireta enquanto espcies integrantes do gnero fazenda pblica, a exemplo do que j ocorre em matria de custas processuais, depsitos prvios e reexame necessrio (art. 475, I, do CPC, art. 24-A da Lei 9.028/95, Smula 175 do STJ etc.); e 2) por considerar que os recursos pblicos envolvidos seriam financiados por um mesmo oramento pblico, hiptese em que ocorreria mera operao contbil de transferncia de valores entre rubricas de uma mesma pea oramentria. Alm disso, como os recursos patrimoniais afetados para a criao da fundao ou autarquia foram vertidos pela prpria administrao direta, que continua como responsvel subsidiria dos deveres da administrao indireta que lhe vinculada, onerar-se-ia o prprio ente federativo. dizer, economicamente, continuaria existindo o pressuposto de que no h sentido de o estado pagar honorrios advocatcios para si mesmo.

O relator do julgado chega at mesmo a propor alterao da redao do enunciado da smula para Os honorrios advocatcios no so devidos Defensoria Pblica quandoela atua contra pessoa jurdica de direito pblico integrante da mesma FazendaPblica qual pertena, a qual, contudo, ainda no foi acatada pela comisso de jurisprudncia responsvel pela edio de smulas no STJ.

Uma ltima observao. A condenao em honorrios em favor da defensoria pblica ser possvel quando o necessitado vencedor litigar contra ente federado diverso (ex. DPU vs. estado ou DPE vs. municpio) ou contra particular. A ressalva, inclusive, foi destacada por diversos alunos que ressaltaram a existncia da Smula 221 do TJRJ (Os municpios e as fundaes autrquicas municipais respondem pela verba honorria devida ao Centro de Estudos Jurdicos da Defensoria Pblica, em caso de sucumbncia.).

Assim, o grupo emagis.com procurou abordar tema polmico para a doutrina, mas pacfico na jurisprudncia atual, que envolve noes de direito constitucional, administrativo e processual civil.Melhores Respostas:GERALDO AUGUSTO LEITE JUNIOR (Braslia/DF).

Tratando-se de causa em que a parte r ente pblico, mas cujo valor supera os 60 salrios mnimos, foge a rbita dos Juizados Especiais de Fazenda Pblica, fazendo-se reger pelos ritos processuais ordinrios, onde, por regra, cabvel a condenao da parte vencida em honorrios advocatcios, nos termos do art. 20, CPC. Entretanto, a Smula 421 do STJ define que "os honorrios advocatcios no so devidos Defensoria Pblica quando ela atua contra pessoa jurdica de direito pblico a qual pertena". De mais a mais, o prprio STJ, em outros julgados, alargou o entendimento da referida smula, de modo que passou a entender que no cabe os honorrios tambm na ocasio em que a Defensoria atuar contra pessoa jurdica de direito pblico da mesma fazenda pblica, abrangendo as autarquias e fundaes de direito pblicos. Isto porque, no entendimento deste Tribunal Superior, os recursos envolvidos sero oriundos do mesmo estado, uma vez que tanto a Defensoria Pblica quanto o ente estatal envolvido pertencem a mesma unidade federativa.

MARCELO CAPISTRANO CAVALCANTE (Fortaleza/CE).

No. A despeito de ser lenamente possvel o recebimento de honorrios advocatcios por parte das Defensorias Pblicas estaduais, na assistncia judicial dos hipossuficientes ou necessitados, no se pode olvidar que aquelas so desprovidas de personalidade jurdica prpria, estando, portanto, atreladas aos recursos de sua entidade federativa de origem. Por conseguinte, em face de ntida confuso patrimonial, o Colendo Superior Tribunal de Justia editou o enunciado sumular 421, o qual assevera que os honorrios advocatcios no so devidos Defensoria Pblica quando ela atua contra a pessoa jurdica de direito pblico qual pertena. No caso em comento, porm, infere-se que no se litiga contra o Estado-membro propriamente dito, mas contra uma fundao de direito pblico estadual, detentora de personalidade jurdica prpria. Nesse caso, poder-se-ia pensar em afastar a ideia de confuso patrimonial que deu esteio ao surgimento do enunciado da Corte Superior, pois seriam patrimnios de entidades distintas. Nada obstante, recentemente, o prprio STJ aplicou o mesmo raciocnio de impossibilidade de condenao em honorrios no caso em tela, por conta do interesse e recursos pblicos envolvidos, pois a fundao tambm alcanada pelo conceito de Fazenda Pblica, que, para a construo de sua autonomia patrimonial, recebe recursos advindos do prprio Estado.

LUCIANO ANTONIO FIOROT (N/D).

A Carta Poltica consagrou a Defensoria Pblica ao nvel de instituio essencial funo jurisdicional do Estado conforme o art. 134. A EC n 45/2004 fortaleceu a instituio proporcionando a ela sua autonomia funcional, administrativa e iniciativa de proposta oramentria, transformando-a em rgo constitucional independente, sem qualquer subordinao com o Poder Executivo. No entanto, o Tribunal da Cidadania ainda possui o Enunciado de Smula de n 421 que impede a fixao de honorrios advocatcios sucumbenciais em prol da defensoria pblica quando a parte vencida pessoa jurdica integrante do prprio ente pblico do qual ela faz parte. luz do entendimento do STJ, a defensoria pblica rgo do Poder Executivo, desprovido de personalidade jurdica, havendo por via de consequncia a coincidncia das caractersticas de credor e devedor em uma mesma pessoa, o que evidencia no caso o instituto civil da confuso. Mesmo diante de litgio envolvendo fundao de direito pblico integrante do mesmo estado, no obstante se tratar de pessoa jurdica de direito pblico diversa, vale acentuar que a jurisprudncia prevalecente consiste pela extenso do entendimento da Smula 421 do STJ ao caso, valendo para tanto do fundamento de que a fundao integra a mesma fazenda pblica.3) O Governo do Estado de So Paulo anunciou, nos primeiros dias de 2013, que adotaria medidas para a internao compulsria de usurios de crack que frequentam locais pblicos para consumo da droga. Comente a notcia luz dos direitos fundamentais e da jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal, apontando, tambm, os instrumentos que entender adequados obteno do resultado pretendido. Resposta em at 10 (dez) linhas._____________________________________________________________________________

Comentrios:

Prezados (as) colegas,

Nesta rodada elaboramos uma questo aparentemente simples, mas com a inteno de sinalizar alguns aspectos relativos forma de compor uma boa resposta aberta.

comum que se formulem perguntas sobre temas da ordem do dia. E aqui vai a primeira observao: poucas respostas demonstraram atualizao com as notcias sobre o caso. Isso no recomendvel que acontea.

Ao tratar de tema relativo ao direito constitucional, devemos ter o cuidado de no reduzirmos todo e qualquer problema a um mero dilema solucionvel atravs da proporcionalidade ou da dignidade da pessoa humana.

Essas expresses vem sendo utilizadas com cada vez menos concretude, gerando um esvaziamento semntico que pode fazer parecer que o candidato no sabe lidar com problemas prticos como se exige das carreiras jurdicas.

Essa a segunda dica.

A terceira decorre da primeira: devemos demonstrar criatividade jurdica. Isso mesmo.

No basta o domnio terico. preciso que o jurista desenvolva imaginao que o habilite a manusear institutos jurdicos para apresentar solues para o caso concreto. Foi-se o tempo em que o bom terico era um bom jurista. Hoje, o jurista um gestor de conflitos, e o seu texto deve revelar isso.

Quarta dica: a interveno judicial em conflitos deve ser proativa, buscando arrefecer os nimos da disputa, desde o modo da sua presena at a forma de apresentar solues. O poder e a autoridade devem estar a servio de uma boa soluo, e, no, de uma simples imposio. O juiz j no um mero fazedor de sentenas, devendo assumir-se como administrador de situaes conflituosas.

Vamos ao caso: o conflito instaurou-se entre os rgos de segurana pblica, os rgos de proteo dos direitos humanos, a sociedade afetada pela epidemia do crack. Tudo isso acrescido de um incio de disputa poltica no Estado de So Paulo, que refletir no Brasil.

O discurso poltica alinhavou-se no sentido de responder a uma questo que, alm de afetar a cidade de So Paulo, expe na imprensa um quadro nada confortvel para os poderes pblicos.

Ao lanar mo do discurso mdico para legitimar a providncia, as autoridades abriram uma discusso de como seria conduzido o caso.

Por isso, adotou-se uma soluo com interveno dos rgos do aparelho de justia. O discurso jurdico, portanto, tambm entrou em cena.

As leis brasileiras preveem o tratamento compulsrio de sade como medida passvel de responder a um problema de sade pblica (Lei 11.343/2006 e 10.216/2001). Ento no seria uma lacuna legislativa a impedir a adoo da medida.

O discurso mdico-psiquitrico tem demonstrado os males que a segregao ocasiona. Ao lado disso, tambm apontam os riscos da interveno compulsria.

Todavia, tambm da medicina que se extraem as solues extremas de internao voltadas a impedir a degradao total e a morte.

Por isso no parece correto afirmar que a liberdade est sendo posta em causa, no caso concreto. As notcias em profuso demonstram o nvel de degradao das pessoas viciadas em crack.

certo que outras drogas (algumas lcitas) causam degradao at maior.

Mas no presente caso, acresce-se a circunstncia de segurana pblica e o efeito epidmico que a reunio dessas pessoas gera.

A presena judicial, portanto, deve servir como elemento mediador dos diversos interesses envolvidos.

Demonstrada a efetiva necessidade da interveno, a justia avaliar caso a caso, em dilogo com as famlias (se houver), com os mdicos, os rgos de segurana, as entidades de defesa dos direitos humanos, a fim de estabelecer o melhor tratamento para aquele caso.

O primeiro momento de interrupo do crculo vicioso gerado pela reunio daquelas pessoas.

A segunda etapa se acerca dos cuidados que garantam aos pacientes o tratamento mais adequado, livrando do estigma, da m-administrao de medicamentos e da assistncia at um momento seguro.

Os discursos que apontam uma opo higienista em geral surgem em momentos crticos para por em causa toda a estrutura. Mas os juristas no so polticos, e devem voltar os olhos para casos concretos, atendendo-os luz das normas jurdicas (lato sensu, sendo os princpios integrantes desse rol, por excelncia).O princpio um bom auxiliar, quando for capaz de resolver um caso prtico.

Bons estudos e at a prxima!Melhores Respostas:

Suely Ramos Ribeiro Gonalves, de Teresina-PI."A medida extrema da internao compulsria no garante eficcia no tratamento dos usurios dependentes qumicos, apregoam os mdicos especialistas. Em verdade, estudos apontam que somente 2% dos usurios submetidos a tratamento contra a sua vontade conseguem efetivamente livrar-se do vcio das drogas. A questo merece ser tratada caso a caso e a internao compulsria depende de deciso judicial, atendendo aos preceitos legais, de modo que no seja violado indiscriminadamente direito fundamental do indivduo como o direito a liberdade de ir e vir sem o devido processo legal (art. 5, caput e inciso LIV da CF). Admitir que a situao estar resolvida pela implementao da internao compulsria como medida de poltica pblica pelos Estados e Municpios viola sobremaneira os direitos fundamentais pois generaliza situao que deveria mostrar-se excepcional, alm de implementar-se sem o amparo judicial necessrio e legitimador da medida. O ideal seria apoiar a formao de equipes multiprofissionais (mdicos, enfermeiros, assistentes sociais e psiclogos) que atuassem nas ruas junto aos usurios, capazes de identificar os reais problemas sociais que levaram tais indivduos a se tornarem dependentes das drogas, encorajando-os a se submeterem voluntariamente ao tratamento necessrio".

Camila Rocha Gerin, de So Paulo-SP."A internao para tratamento de dependncia qumica dependeria, em tese, de consentimento e voluntariedade do paciente. Na prtica, contudo, poucas vezes estes usurios, especialmente os viciados em drogas mais pesados, possuem lucidez para tomar a deciso. O respeito intimidade, vida privada e liberdade, em uma anlise isolada, impediria a internao compulsria dos viciados em crack, ainda que utilizando espaos pblicos. Contudo, a droga questo de sade pblica e de paz pblica, visto que muitos problemas e crimes so decorrentes do trfico de entorpecentes. , portanto, tambm uma questo de segurana pblica, de dignidade humana e de cidadania, o fato de que algo deve ser feito para minimizar o problema. As vias normais da interdio so a melhor forma de se realizar essa internao de forma regular, nos termos do artigo 1767 e seguintes do diploma civilstico, devendo ser promovida pelo Ministrio Pblico aps a identificao do usurio, quando a famlia no for localizada. Pode-se pedir a internao cautelar do interditando, a fim de que a medida no se torne incua".4) Na vspera de findar o mandato como Prefeito, o mandatrio formaliza a revogao de um conjunto de atos administrativos, inspirado, no fundo, em razes pouco ou nada nobres. O agente poltico eleito para suced-lo na chefia do Poder Executivo municipal, ao verificar a ardilosa manobra, edita no primeiro dia de sua gesto ato administrativo pelo qual declara, em termos explcitos e concisos, estar desfeita aquela revogao procedida em bloco. vista disso, indaga-se: o retorno ao plano jurdico dos atos revogados de ser considerado automtico, com reaquisio imediata da eficcia que lhes havia sido subtrada? Fundamentar resposta em at 20 linhas.

____________________________________________________________________________Comentrios:A revogao o modo apropriado para retirar a eficcia de atos administrativos que, na avaliao de agente pblico com poder decisrio, venham a se tornar contrrios ao interesse pblico. A deciso revogadora traz implcita a presuno de no ser mais conveniente e oportuno manter no cenrio jurdico o ato revogado.

Mas a Administrao Pblica pode, por meio do prprio agente que promoveu a revogao ou da pessoa que o tenha sucedido no cargo de chefia, como tambm por iniciativa do superior hierrquico, reavaliar detidamente a deciso tomada e concluir que ela no mais deve subsistir. Ora pela verificao de que houve erro no exame da conjuntura ftica existente no momento do ato revogador. Ora pela percepo de que a expectativa de melhoria de resultados advinda da revogao soobrou. Ora pela constatao da mcula do desvio de finalidade a impregnar a vontade de quem tomou a deciso revogatria.

Seja qual for a causa para o reconhecimento do desacerto da revogao, os postulados da segurana jurdica e da transparncia nas atividades estatais conferem razoabilidade ao entendimento de que o ato anteriormente retirado do mundo jurdico no retoma sua eficcia de maneira automtica, como consequncia direta e imediata da supresso do ato revogador.

Afigura-se pertinente aplicar, por analogia de raciocnio, o critrio de que a repristinao no se presume, consagrado no 3 do art. 2 da Lei de Introduo s normas do Direito Brasileiro (nova designao dada pela Lei n. 12.376/2010 ao diploma normativo editado em 1942 para vigorar como Lei de Introduo ao Cdigo Civil, mas que h muito se consolidou no ordenamento ptrio como manancial de regras de sobredireito). De modo que, na esteira desse critrio, o s fato de o ato revogador perder sua vigncia no implica a restaurao do ato que por ele havia sido revogado.

Ainda assim, se a autoridade est realmente disposta em recuperar a vigncia do ato revogado, a consecuo desse escopo factvel. Para tanto, impe-se que ela aglutine duas manifestaes volitivas explcitas: uma proclamando estar suprimido o ato revogador; a outra indicando especificamente o ato revogado, complementada pelo dizer de que ele est sendo, na mesma oportunidade, reintroduzido no ordenamento jurdico. Reintroduo essa que assume carter prospectivo, com aptido para surtir eficcia somente a partir de quando manifestada (ex nunc), sem potencialidade para incidir, por conseguinte, no perodo de vigncia da revogao que acabou sendo objeto de desfazimento.Melhores Respostas:

rika Mendes, So Paulo/SP:

A revogao de um ato administrativo se d pela supervenincia de circunstncias que fazem cessar as razes de convenincia e oportunidade que ensejaram a sua edio. Difere, assim, da anulao do ato administrativo, que se funda em razes de ilegalidade. Em virtude disso, a revogao no tem efeitos retroativos em regra, de sorte que os direitos adquiridos e atos praticados sob a gide do ato administrativo revogado no sero atingidos. O desfazimento de uma revogao equivale nova edio do ato administrativo, de sorte que todos os pressupostos para a sua edio devem estar presentes: motivo, motivao, forma, agente competente. Configurados os requisitos de existncia e validade para esse novo ato administrativo (no caso, a revogao da revogao), ele passa a produzir efeitos no mundo jurdico. Pode-se dizer, portanto, que o retorno dos atos revogados ao mundo jurdico no automtico, e no ter efeitos retroativos, isto , no regular o perodo compreendido entre a revogao e a nova edio dos atos.

Bruno Carrio, Florianpolis/SC:

possvel regovar um ato administrativo revocatrio, dada sua natureza discricionria. No entanto, a doutrina majoritria nega efeito repristinatrio revogao da revogao. O embasamento desse raciocnio encontra-se no 3 do art. 2 da Lei de Introduo s normas do Direito Brasileiro (antigamente denominada Lei de Introduo ao Cdigo Civil Brasileiro), o qual estabelece que salvo disposio em contrrio, a lei revogada no se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigncia. Desse modo, se o administrador editar ato revogando o ato revogador de seu antecessor, ele no estar ressuscitando o primeiro ato revogado, podendo apenas representar um novo ato baseado nos mesmos fundamentos do ato inicial. Na hiptese de o agente pblico optar por, expressamente, restaurar a eficcia do ato que havia sido revogado, o efeito desse novo ato no poder retroagir para disciplinar relaes jurdicas havidas entre a data da revogao do ato administrativo editado pelo mandatrio anterior e a data de sua restaurao pelo novo mandatrio.