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RADAR STOCCHE FORBES – TRABALHISTA Julho 2020 01 Portarias trazem orientações para ambientes de trabalho durante a pandemia de covid-19 Publicadas no Diário Oficial da União duas portarias conjuntas que trazem medidas para prevenção, controle e mitigação dos riscos de transmissão da Covid-19 nos ambientes de trabalho. Uma, de orientações gerais, é assinada pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia com o Ministério da Saúde e a outra, específica para frigoríficos e laticínios. Específica para a indústria de abate e processamento de carnes e derivados destinados ao consumo humano e laticínios, a Portaria Conjunta 19 visa a prevenção, controle e mitigação de riscos de transmissão da covid- 19 nos ambientes de trabalho durante a pandemia. Dentre as recomendações previstas nessa portaria está o afastamento imediato, por 14 dias, dos trabalhadores que sejam casos confirmados ou suspeitos de covid-19 e também daqueles que tiveram contato com casos confirmados da doença, com remuneração mantida pelo empregador. a Portaria Conjunta 20 traz as medidas necessárias a serem observadas pelas mais diversas organizações exceto serviços de saúde, para os quais regulamentações específicas –, de forma a preservar a segurança e a saúde dos trabalhadores, os empregos e a atividade econômica. Dentre as recomendações dessa portaria, está a obrigação de empregadores / empresas contratantes estabelecer e divulgar aos empregados e trabalhadores terceirizados os protocolos necessários para a identificação da doença e afastamento dos trabalhadores com sintomas, instruções de higiene e sanitização, promoção de vacinação, possibilitar e incentivar o distanciamento social no meio ambiente de trabalho, utilização de equipamentos de proteção individual, limpeza e desinfecção de locais de trabalho e áreas comuns, dentre outras. ALTERAÇÕES LEGISLATIVAS

RADAR STOCCHE FORBES – TRABALHISTA...cada empregado prejudicado, na hipótese de descumprimento. Ao deferir a tutela de urgência, a magistrada lembrou que "o 3º, do artigo 4 ,

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RADAR STOCCHE FORBES – TRABALHISTA

Julho 2020

01

Portarias trazem orientações para ambientes de trabalho durante a pandemiade covid-19

Publicadas no Diário Oficial da União duasportarias conjuntas que trazem medidas paraprevenção, controle e mitigação dos riscos detransmissão da Covid-19 nos ambientes detrabalho. Uma, de orientações gerais, é assinadapela Secretaria Especial de Previdência eTrabalho do Ministério da Economia com oMinistério da Saúde e a outra, específica parafrigoríficos e laticínios.

Específica para a indústria de abate eprocessamento de carnes e derivadosdestinados ao consumo humano e laticínios, aPortaria Conjunta 19 visa a prevenção, controlee mitigação de riscos de transmissão da covid-19 nos ambientes de trabalho durante apandemia. Dentre as recomendações previstasnessa portaria está o afastamento imediato, por14 dias, dos trabalhadores que sejam casosconfirmados ou suspeitos de covid-19 etambém daqueles que tiveram contato comcasos confirmados da doença, comremuneração mantida pelo empregador.

Já a Portaria Conjunta 20 traz as medidasnecessárias a serem observadas pelas maisdiversas organizações – exceto serviços desaúde, para os quais há regulamentaçõesespecíficas –, de forma a preservar a segurançae a saúde dos trabalhadores, os empregos e aatividade econômica. Dentre as recomendaçõesdessa portaria, está a obrigação deempregadores / empresas contratantesestabelecer e divulgar aos empregados etrabalhadores terceirizados os protocolosnecessários para a identificação da doença eafastamento dos trabalhadores com sintomas,instruções de higiene e sanitização, promoçãode vacinação, possibilitar e incentivar odistanciamento social no meio ambiente detrabalho, utilização de equipamentos deproteção individual, limpeza e desinfecção delocais de trabalho e áreas comuns, dentreoutras.

ALTERAÇÕES LEGISLATIVAS

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De acordo com o artigo 1° da referida portaria,as contribuições previdenciárias de que tratamos artigos 22, 22-A e 25 da Lei nº 8.212/1991,artigo 25 da Lei nº 8.870/1994 e os artigos 7º e8º da Lei nº 12.546/2011 devidas pelasempresas a que se referem o inciso I do caput eo parágrafo único do artigo 15 da Lei nº

Portaria no Ministério da Economia prorroga o prazo para o recolhimento detributos federais devido à pandemia de coronavírus

8.212/1991, e a contribuição de que trata oartigo 24 da Lei nº 8.212/1991, devida peloempregador doméstico, relativas à competênciamaio de 2020, deverão ser pagas no prazo devencimento das contribuições devidas nacompetência outubro de 2020.

Atuação contínua do Ministério Público do Trabalho em frigoríficos

O setor de frigoríficos continua sendo grandealvo de fiscalizações e investigações, tanto porparte das autoridades trabalhistas (auditoresfiscais do trabalho), tanto pelo próprioMinistério Público do Trabalho.

O Ministério Público do Trabalho tem atuadofrente a intenção do Governo do Estado deSanta Catarina de revogar a Portaria 312 daSecretaria Estadual da Saúde, publicada em 12de maio, que estabelece medidas de prevençãonas empresas do setor. De acordo com oparquet, a medida vem num momento delicadojá que o Estado teve, entre 28 de junho e 4 dejulho, a semana com mais mortes por Covid-19desde o início da pandemia. O número de casosaumentou de 24,3 mil no dia 28 de junho para33.822 mil no 06 de julho.

A Portaria 312 acima citada fixa medidas deprevenção como o afastamento de gestantes,indígenas, fornecimento de equipamentos deproteção individual, notificação imediata decasos suspeitos ou confirmados, definição decasos suspeitos, distanciamento mínimo entretrabalhadoras nas linhas de produção,refeitórios, vestiários e transportes fretadospelas empresas, bem como medidas deproteção aos imigrantes.

Para o Ministério Público do Trabalho, revogar,nesse momento, a portaria em questão seria um

verdadeiro retrocesso, colocando em risco asaúde e a vida dos trabalhadores que atuam emfrigoríficos, tendo em vista que diversaspesquisas apontam os frigoríficos como focosde transmissão de Covid-19.

A justificativa do parquet para rebater eventualrevogação de portaria pelo governo de SantaCatarina seria a de que a Portaria Conjunta 19,do Ministério da Economia, Saúde e Agricultura,que trata de medidas a serem adotadas pelosfrigoríficos em todo o Brasil é consideradapouco eficaz. Nesse sentido, inclusive, há NotaTécnica expedida pela Coordenadoria Nacionalde Defesa do Meio Ambiente do Trabalho doMinistério Público do Trabalho.

Ainda sobre o setor em questão, um estudorealizado no Estado do Rio Grande do Sulmostra que a prevalência de Covid-19 emempregados de agroindústrias é 270% superioraos demais trabalhadores, com 3 vezes maischances de contaminação pelo coronavírus. Afiscalização nesse Estado também é ativa.

Um frigorífico localizado na cidade dePresidente Lucena está testando em massaseus 810 trabalhadores contra a Covid-19, emconsonância com obrigação constante deTermo de Ajuste de Conduta firmado com oMinistério Público do Trabalho. Até o momento,68 empregados testaram positivo.

DECISÕES ADMINISTRATIVAS

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Além da obrigação de ampla testagem, o Termode Ajuste de Conduta previu outras ações, comoa realização de triagem médica, por médicoclínico geral, sob coordenação de médico dotrabalho, de todos os empregados da empresa, afim de verificar a presença de sintomasrelacionados com à doença. Ainda, nos termosda negociação, o frigorífico deverá afastar todosempregados - por 14 dias - que apresentemsintomas do novo coronavírus, assimconsiderados os trabalhadores queapresentassem quadro respiratório com um oumais dos sinais ou sintomas: febre, tosse, dor degarganta, coriza, falta de ar, dores musculares,cansaço ou fadiga, congestão nasal, perda doolfato ou paladar e diarreia, bem como aquelesque testarem positivo para Covid-19 no examesorológico.

O referido Termo de Ajuste de Conduta tambémestabeleceu que o frigorífico deve testar, pormeio de teste molecular por RT-PCR, todos osempregados que apresentarem sintomas deCovid-19 até 5 dias anteriores à triagem médica

Por fim, o Termo de Ajuste de Condutaestabeleceu que o frigorífico deve informarimediatamente ao Ministério Público doTrabalho em caso de descoberta de novos casosde Covid-19 e não omitir qualquer dado relativoàs testagens feitas, nem embaraçar, dificultare/ou utilizar de qualquer meio ardiloso paraapresentar os dados após as testagensrealizadas. Há imposição de multa em caso dedescumprimento.

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Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo decide que trabalhador portuárioidoso deve ser mantido afastado de suas atividades enquanto durar pandemia

A 5ª Seção Especializada em DissídiosIndividuais do Tribunal Regional do Trabalho deSão Paulo decidiu manter afastado de suasatividades um trabalhador portuário com maisde 60 anos. A decisão de 1º grau foi confirmadapela desembargadora que indeferiu aconcessão de liminar em mandado desegurança, que discutia a constitucionalidade doartigo 2º, inciso IV, da Medida Provisória nº945/2020.

A norma, editada em razão da pandemia docoronavírus, não permite a escalação detrabalhador portuário avulso com idade igual ousuperior a 60 anos, retirando-o da escala derodízio.

DECISÕES PROFERIDAS PELOS TRIBUNAIS TRABALHISTAS

Diante disso, o trabalhador ingressou com açãotrabalhista em face do Órgão Gestor de Mão deObra para o Porto de Santos (Ogmo Santos),pleiteando a concessão de tutela antecipada afim de que, na condição de portuário avulso,pudesse ser escalado para o trabalho, alegandoque a Medida Provisória n° 945/2020 éinconstitucional.

Contudo, o tribunal regional manteve oindeferimento do pedido, argumentando que talnorma teve como objetivo proteger a vida doportuário.

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Juíza trabalhista do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro obrigaPetrobras a disponibilizar mobiliário ergonômico e arcar com custos doteletrabalho

A juíza do trabalho, em exercício na 52ª Vara doTrabalho do Rio de Janeiro, concedeu liminarque obriga a Petrobras a disponibilizar, no prazode 10 dias úteis, mobiliário compatível com asfunções exercidas remotamente para ostrabalhadores que foram colocados em regimede home office devido à pandemia - cerca de90% dos empregados da Petrobras no Estadodo Rio de Janeiro. O mobiliário deverá sersimilar, em termos ergonômicos, àqueleexistente no local da prestação de serviçospresencial. A decisão alcança os empregadossubstituídos pelo sindicato que ajuizou a açãocivil pública nº 0100455-61.2020.5.01.0052.

De acordo com a decisão, a empresa tambémdeverá providenciar a entrega do mobiliário,além de arcar, com todos os custos comequipamentos de informática, pacotes de dadose energia elétrica, necessários ao regulardesempenho do teletrabalho. Foi estabelecidauma multa no valor de R$5 mil, em relação acada empregado prejudicado, na hipótese dedescumprimento.

Ao deferir a tutela de urgência, a magistradalembrou que "o §3º, do artigo 4°, da MP927/2020, chancela a previsão contida no art.2º da CLT, haja vista que quem assume osriscos da atividade econômica é o empregador,sendo este responsável em conceder todas asferramentas de trabalho necessárias aodesempenho das funções dos seusempregados, não sendo admissível ocompartilhamento dos custos para execuçãodos trabalhos".

Segundo a juíza, nesses casos, o empregadorpoderia se resguardar, providenciando umajuste prévio expresso individualmente comcada empregado, considerando as necessidadesespecíficas de estrutura tecnológica e osvalores de eventuais ajudas de custo. Como aPetrobras não fez isso, nas palavras damagistrada, “atraiu para si o risco de arcar comos prejuízos experimentados pelosempregados.”

O Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro entendeu que plano derecuperação judicial de uma empresa garantiu continuidade de grupoeconômico

A 2ª Turma do Tribunal Regional do Trabalhodo Rio de Janeiro negou provimento a umagravo de petição interposto por uma empresa,que, em seu recurso, alegou não formar grupoeconômico com uma empresa em recuperaçãojudicial.

A relatora do acórdão considerou ter ocorridoreestruturação de grupo econômico, do qualincluía a empresa que interpôs o recurso, razãopela qual esta não poderia se esquivar daresponsabilidade pelo crédito trabalhista.

No caso em tela, a empresa, que interpôs orecurso objeto da decisão, não fez parte doprocesso na fase de conhecimento, sendoincluída, após sentença, na fase da execuçãopara pagamento dos créditos trabalhistas aotrabalhador.

A empresa interpôs recurso, afirmando ter sidoconcebida e criada no âmbito da recuperaçãojudicial, sendo posteriormente alienadajudicialmente a uma sociedade de credores einvestidores financeiros, completamente

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distinta da devedora no processo.

Referida empresa alegou, também, não possuirlegitimidade passiva para a execução, uma vezque já foi prolatada sentença declarando ainexistência de sucessão entre ela e a empresaem recuperação judicial, no juízo da 5ª VaraEmpresarial do Rio de Janeiro, onde tramita oprocesso de recuperação judicial, e que seria ojuízo competente para o julgamento da sucessãoe do grupo econômico.

Ao analisar os autos, a relatora do acórdãoverificou que se trata de execução decorrentede reclamação trabalhista em face da empresaem recuperação judicial, a qual foi julgadaprocedente em parte e mantida por acórdão.Após o trânsito em julgado, foram homologadosos cálculos e determinada a intimação da ré parao pagamento, mas ela se manteve inerte.

Verificando tratar-se de uma empresa emrecuperação judicial, foi determinada aexpedição de certidão para habilitação docrédito no quadro de credores da empresa,encaminhada para a 5ª Vara Empresarial, bemcomo o posterior sobrestamento da execuçãopelo prazo de um ano.

Contudo, o juízo da 5ª Vara Empresarialrespondeu que o processo de recuperaçãoestava encerrado e que não houve participação

de credores trabalhistas nos atos darecuperação judicial, “restando aos credoresdessa natureza postular a execução de seuscréditos diretamente em face dasrecuperandas”.

Sendo assim, a desembargadora ressaltou quedevem ser afastadas as alegações deincompetência e de existência de coisa julgada,pois, no caso dos autos, a questão se restringe àformação do grupo econômico e observou que adecisão da 5ª Vara Empresarial se limitou adeclarar a inexistência de sucessão entre asempresas envolvidas.

No que tange à formação de grupo econômico, amagistrada observou que foi juntado nos autos oplano de recuperação, no qual foi previsto aconstituição de três unidades produtivasisoladas, dentre as quais a recorrente.

Diante dessas informações, a magistradaconcluiu: “O plano de recuperação nãopromoveu a criação de novas unidadesprodutivas, nem a alienação a terceiros, mas simuma reestruturação das empresas do grupo,contemplando a continuidade da atividadeempresarial já explorada, pelo mesmoconglomerado econômico, não merecendoreforma a decisão agravada que julgouimprocedente os embargos opostos à execuçãopela ora agravante”.

05

A Justiça do Trabalho determinou que aCompanhia de Saneamento de Minas Gerais(Copasa) pague indenização por danos morais aum ex-empregado do setor administrativo queteve seus dados sigilosos expostos no sistemainterno de informação da empresa. Umtrabalhador da companhia confirmou, noprocesso que, ao fazer pesquisa no sistema,deparou-se com o relatório médico do autor daação, com a indicação de que ele tinhapensamentos suicidas e era usuário de cocaína.

A decisão é da Segunda Turma do TribunalRegional do Trabalho de Minas Gerais, que, semdivergência, mantiveram sentença proferida pela24ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte. A juízaconvocada entendeu que, pelas provas colhidas,ficaram claros os danos morais em virtude daexposição indevida da intimidade do trabalhador.

O empregado declarou que foi vítima deconstrangimentos e humilhações. Ele relatou

Copasa deverá indenizar trabalhador por exposição de dados pessoais na redeinterna de informação da empresa

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que, em 2015, passou por problemas pessoaiscom quadro de depressão e sofreu acidente forado local de trabalho, resultando em afastamentodo trabalho. Explicou que todos os relatórios eexames médicos privados estavam livres paraacesso de qualquer empregado. Na visão dotrabalhador, ocorreu invasão de privacidade emdecorrência da publicidade dos dados sigilosos.

A própria empresa reconheceu a fragilidade dosistema. E que “qualquer empregado poderiapegar as informações sobre atestados e laudosmédicos por meio de senha individual e quetodos possuíam esse acesso”. Depoimento detestemunha comprovou que os atestadosmédicos ficavam em pastas de acesso público.Segundo ela, ao procurar sua própria pasta,acabou se deparando com o relatório do autor

do processo. Ela informou, ainda, que comunicouo fato ao trabalhador e que enviou um e-mail àempresa questionando a exposição dodocumento, que posteriormente foi retirado dosistema.

Para a juíza convocada Maria Cristina DinizCaixeta, a conduta da Copasa revelou o danosofrido, já que a exposição de dados de cunhopessoal certamente causou dano moral ao autor.E, diante das provas, a magistrada reforçou quenão via elementos capazes de afastar o direitodo reclamante à reparação por dano moral. Ajulgadora manteve o valor fixado para aindenização, de três salários do trabalhador, porentender que o montante atende à finalidade deatenuar as consequências da lesão jurídica ereveste-se de razoabilidade.

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O juízo da 3ª Vara do Trabalho de Pouso Alegre,declarou a incompetência da Justiça do Trabalhopara analisar o pedido de um trabalhador deliberação, pela Caixa Econômica Federal, daintegralidade dos depósitos do FGTS. Na visãodo magistrado, a competência para processar ejulgar os feitos relativos à movimentação doFGTS, excluídas as reclamações trabalhistas, é daJustiça Federal.

No processo judicial, o profissional alegou que amedida seria uma forma de ajudar no seusustento diante da crise gerada pela pandemiada Covid-19. Justificou o pedido afirmando,ainda, que “é fato notório a circunstânciaexcepcional que o mundo tem enfrentado e quevem sofrendo com os efeitos da crise, seja porreduções salariais autorizadas pela MP936/2020, seja pela perda de benefícios evantagens, com a redução extrema da demandade sua empregadora”. Por isso, requereu odireito de sacar o fundo de garantia por tempode serviço em agência Caixa Econômica Federal,que é a gestora do FGTS.

Mas, ao avaliar o caso, o juiz esclareceu que aSúmula 82 do Superior Tribunal de Justiça prevêa competência da Justiça Federal para julgarcasos de movimentação do FGTS. Ele lembroutambém que, nesse mesmo sentido, o TribunalRegional do Trabalho de Minas Gerais já semanifestou em outras decisões. Em um dosprocessos, julgadores da Primeira Turma doTribunal Regional do Trabalho de Minas Geraisconcluíram também que a competência, no casosimilar, era da Justiça Federal para processardemanda em face da CEF, nos termos da Súmula82 do Superior Tribunal de Justiça.

Assim, por entender que o processo nãopreenche as condições necessárias para o seuprosseguimento regular, o juiz sentenciante oextinguiu sem analisar a questão central. Houverecurso do trabalhador, mas os julgadores daDécima Primeira Turma, acompanhando o votodo juiz convocado, confirmaram a decisão de 1ºgrau.

Justiça do Trabalho decide que competência para liberação do FGTS é daJustiça Federal

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Professor de psicologia receberá indenização pela perda de uma chance, apósser demitido por seu ex-empregador

A Segunda Turma do Tribunal Superior doTrabalho determinou que uma empresa deensino superior indenize um professor depsicologia em R$ 67 mil por danos materiais emorais decorrentes da dispensa do empregadono início do segundo semestre do ano letivopela entidade. A dispensa foi considerada perdade uma chance, uma vez que a demissão,durante o ano letivo, dificultou a recolocação doprofissional no mercado do trabalho.

O professor informou que havia reduzido suacarga de atendimentos particulares para sededicar mais às atividades acadêmicas, de modoque quando se iniciou o ano de 2016, entendeuque iria continuar na entidade ao longo de todoo ano, porém foi surpreendido com suademissão no mês de julho, dificultando suarecolocação no mercado de trabalho e trazendopara si prejuízo financeiro e profissional.

A empresa argumentou, em defesa, queexerceu seu poder potestativo de dispensar oprofessor, sem justa causa, já que ele nãopossuía estabilidade provisória.

O Tribunal Regional do Trabalho do DistritoFederal, ao analisar o pedido, entendeu que arescisão do contrato de trabalho sem justacausa é prerrogativa do empregador, que devearcar com o pagamento das verbas rescisórias

dessa modalidade de encerramento de vínculoempregatício. A decisão salienta que não havia,também, a garantia de recolocação doprofessor no mercado de trabalho, caso ademissão ocorresse antes da virada dosemestre. Inconformado, o professor recorreuao Tribunal Superior do Trabalho.

No voto do relator, decidiu-se pela reforma dadecisão do regional por entender configurada ateoria da “perda de uma chance”. Segundo essateoria – construída a partir da responsabilidadecivil prevista nos artigos 186 e 927 do CódigoCivil –, a vítima é privada da oportunidade deobter certa vantagem por ato ilícito praticadopelo ofensor. Nesse caso, fica configuradoprejuízo material indenizável, “consubstanciadona real probabilidade de um resultado favorávelesperado”.

O relator destacou também que o TribunalSuperior do Trabalho, em diversos julgados eturmas, entende de forma diversa da decisãotribunal regional, no sentido de considerarabuso do poder diretivo do empregador o atode demitir imotivadamente o professor, logoapós o início do semestre letivo, frustrandoexpectativas em relação ao vínculo de empregoe também inviabilizando a recolocação doprofissional no mercado de trabalho.

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SÃO PAULO | RIO DE JANEIRO | BRASÍLIA | BELO HORIZONTE

Contatos para eventuais esclarecimentos:

DANIELA YUASSAE-mail: [email protected]

FERNANDA CURY MICHALANYE-mail: [email protected]

FLÁVIA MARIA VIEIRA DE OLIVEIRAE-mail: [email protected]

GUSTAVO DE SOUZA JUNIORE-mail: [email protected]

JOSÉ CELSO GUERRA FERRARIE-mail: [email protected]

LUCAS MOURA DOS REISE-mail: [email protected]

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