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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA “LUIZ DE QUEIROZ”

PROJETO DE PESQUISA

TÍTULO:

SUBSTITUIÇÃO DE MONENSINA SÓDICA POR ÓLEOS FUNCIONAIS NA DIETA

DE TERMINAÇÃO DE MACHOS NELORE EM CONFINAMENTO

(Relatório Final)

Discente: Lucas Jado Chagas

Professor responsável: Flávio Augusto Portela Santos

PIRACICABA

Estado de São Paulo – Brasil

Agosto 2011

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1- RESUMO

A finalidade do projeto foi avaliar o efeito do uso de óleo funcional em substituição a

aditivos antibióticos sobre o desempenho de 240 tourinhos da raça Nelore terminados em

confinamento. Foram comparados os seguintes tratamentos: 1) Controle; 2) Monensina sódica

(30 mg/kg de MS); 3) Essential® (aditivo comercial extraído da mamona e óleo de caju) na

dose de 0,3g/kg de MS; 4) Essential® 0,5 g/kg de MS. Foram avaliados o consumo de matéria

seca, o ganho de peso diário, a eficiência alimentar e os parâmetros de carcaça dos animais

(peso da carcaça quente, rendimento de carcaça, espessura de gordura e área de olho de

lombo). O presente trabalho foi desenvolvido nas instalações do Departamento de Zootecnia

da ESALQ/USP, localizado no município de Piracicaba, com início em janeiro de 2011 e

duração de 124 dias. Os animais foram mantidos em instalação de confinamento experimental

e distribuídos em blocos completos casualizados. Por meio dos dados de consumo de matéria

seca (CMS), peso corporal e ganho de peso diário (GPD) foram calculados os valores de

energia líquida das rações.

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2- INTRODUÇÃO

Antibióticos ionóforos são utilizados na alimentação de bovinos a mais de 50 anos, e

com sucesso na redução de perdas metabólicas geradas por ineficiência (produção de metano

e perda de nitrogênio amoniacal) no processo fermentativo de microrganismos ruminais que

degradam nutrientes para produzir ácidos graxos voláteis e sintetizar proteína microbiana. No

entanto, o mérito destes produtos na alimentação animal vem sofrendo críticas, decorrente das

possíveis consequências do uso prolongado de antibióticos no desenvolvimento de

microrganismos patogênicos resistentes. Na União Europeia foi banido o uso de ionóforos

como promotores de crescimento, desde janeiro de 2006. Esse fato tem estimulado a pesquisa

com produtos alternativos para controle específico de populações microbianas a fim de

modular a fermentação ruminal. Plantas produzem vários compostos secundários, para se

protegerem de insetos, animais, fungos ou bactérias. Óleos extraídos de determinadas plantas

podem interagir com a membrana celular microbiana e inibir o desenvolvimento de algumas

bactérias gram-positivas e gram-negativas. Como resultado de tal inibição, a adição de alguns

extratos de planta no rúmen tem resultado em aumento na concentração de propionato e

redução na concentração de acetato e redução da produção de metano no rúmen. Com isto,

tem-se como objetivo neste projeto avaliar o uso de aditivo alimentar contendo óleos de caju e

mamona como alternativo ao ionóforos monensina em rações para bovinos confinados na fase

de terminação.

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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Restrições ao uso de ionóforos

A questão da segurança dos alimentos sempre foi uma preocupação constante entre os

consumidores, porém se intensificou com fatos recentes ocorridos, como a encefalopatia

espongiforme bovina, causada pela ingestão de produtos de origem animal por bovinos, e a

contaminação de frangos com dioxina, contaminante considerado cancerígeno. Tal

preocupação pode ser exemplificada pelo fato de a União Européia, adotando o princípio da

precaução, proibir a utilização de antibióticos como promotores de crescimento para bovinos.

A Dinamarca foi o primeiro país a adotar tal postura, em 1999. Apesar de sua eficácia ser

comprovada por inúmeros experimentos, sendo sua utilização já consagrada, a monensina nos

últimos anos tem sofrido sérias restrições, principalmente pela União Européia. Mediante tais

restrições, torna-se cada vez mais interessante a descoberta de aditivos alternativos aos

ionóforos, aumentando assim as opções existentes.

3.2 Óleos funcionais na alimentação de ruminantes

Grande parte dos trabalhos de investigação da ação dos extratos vegetais no

metabolismo dos ruminantes refere-se, principalmente, a atuação dos extratos no ambiente

ruminal. Nestas condições, verificam-se resultados semelhantes à utilização de ionóforos

quanto aos produtos resultantes dos processos fermentativos e ao balanço populacional de

bactérias e protozoários no ambiente ruminal (Coneglian, 2009). Os óleos funcionais

pesquisados para alterar a fermentação ruminal são caracterizados por uma mistura de ácidos,

terpenóides aromáticos, líquidos e lipofílicos extraídos de diferentes partes da planta (Kohlert

et al., 2000). Estas substâncias apresentam atividade antimicrobiana modificando a estrutura

da parede celular bacteriana, desnaturando e precipitando as proteínas. O produto comercial

Essential®, testado no presente experimento contem mistura dos óleos funcionais cardol,

cardanol e ácido ricinoléico.

O cardol e o cardanol são componentes do óleo de cajú com ação antimicrobiana . Os

dois são compostos fenólicos que funcionam como ionóforo monovalente (Nagabhusa et al.,

1995). O cardanol tem atividade tanto anti-inflamatória como antioxidante (Amoratti et al.,

2001 e Trevisan et al., 2006).

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O ácido ricinoléico é um ácido graxo extraído do óleo de mamona, que funciona como

ionóforo divalente (Vieira et al., 2001).

Em experimentos com novilhos precoce, Zawadzki, et al. (2010) observaram que a

adição de óleos funcionais na dieta melhorou o peso e o rendimento da carcaça dos animais.

Coneglian (2009) testou a inclusão de diferentes doses de produto contendo mistura de óleo

de caju e de mamona (Essential®) em novilhos holandeses e observou efeitos positivos na

digestibilidade aparente total dos nutrientes com a dose de 3,10 g/dia. Também foi observado

que o aditivo manteve o pH ruminal adequado, manteve baixa concentração de amônia e

adequada concentração de nitrogênio uréico plasmático, sendo que o produto também

melhorou a eficiência e a síntese microbiana. De acordo com McIntosch et al. (2003) a

inclusão de óleos funcionais reduz a quebra de aminoácidos sem comprometer a atividade

proteolítica e peptidolítica.

A combinação dos efeitos acima mencionados e suas interações no metabolismo,

embora ainda não amplamente elucidadas, podem sustentar a hipótese de efeito semelhante ao

da monensina sódica no desempenho de bovinos.

3.3 Modo de ação dos óleos funcionais

Coneglian (2009) elenca algumas hipóteses que têm sido consideradas acerca do modo

de ação dos óleos funcionais: (1) controle de patógenos pela atividade antimicrobiana, (2)

atividade antioxidante, (3) melhora na digestão, pelo do estímulo da atividade enzimática e (4)

morfometria dos órgãos.

Segundo Kohlert et al. (2000), os princípios ativos dos óleos funcionais são absorvidos

no intestino pelos enterócitos e metabolizados rapidamente no organismo animal. Os produtos

deste metabolismo são transformados em compostos polares, pela conjugação com o

glicuronato, e excretados na urina. Outros princípios ainda podem ser eliminados pela

respiração como CO2. A rápida metabolização e a curta meia vida dos compostos ativos

levam a crer que existe um risco mínimo de acúmulo nos tecidos.

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4 OBJETIVOS

O objetivo da presente pesquisa foi avaliar o uso de óleos funcionais como aditivo

alternativo à monensina em rações para bovinos confinados na fase de terminação.

5 PLANO DE TRABALHO E METODOLOGIA DE ANÁLISES

5.1 Local e Animais

O experimento foi conduzido nas instalações de confinamento de bovinos de corte do

Departamento de Zootecnia da USP-ESALQ. Foram utilizados 240 tourinhos da raça Nelore,

alojados por 124 dias em 40 baias (4x8m) cobertas, com piso de concreto. Todos os animais

receberam dose de vermífugo e de complexo vitamínico ADE no início e aos 60 dias do

período experimental.

5.2 Tratamentos

As rações experimentais utilizadas no experimento são apresentadas na tabela 1.

Tabela. 1. Ingredientes e composição estimada das rações experimentais.

Tratamentos

Ingredientes (% da MS) Controle Monensina Essential 3 Essential 5

Feno de gramínea 12,0 12,0 12,0 12,0

Milho em grãos 80,6 80,6 80,6 80,6

Farelo de soja 4 4 4 4

Mineral 2,5 2,5 2,5 2,5

Uréia 0,9 0,9 0,9 0,9

Monensina (ppm) - 30,0 - -

Essential2 (ppm) - - 300 500

1 = Valores estimados pelo NRC (1996) nível 1

2 = Produto comercial contendo óleos de ríceno (ácido ricinoleico extraído da mamona) e óleo

de caju (cardol e cardanol), veiculado em vermiculita expandida.

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5.3 Período experimental, coleta de dados e análises químicas.

Os animais foram adaptados às rações por 21 dias que foram incluídos no período

experimental. As rações de adaptação continham os mesmos ingredientes da ração final,

sendo inicialmente utilizados níveis de 40% de feno e 60% de concentrado. O teor de

forragem foi reduzido em 10 unidades percentuais a cada 7 dias. Após os 21 dias de adaptação

os animais passaram a receber a ração experimental com 12% de feno. Após a adaptação,

decorreram-se mais 103 dias de alimentação com a dieta final.

Os animais foram pesados após jejum alimentar de 16 horas no início e no final do

período experimental. Pesagens intermediárias, após 21 dias (término da adaptação) e a cada

30 dias, foram realizadas sem jejum para fins de monitoramento do desempenho.

Diariamente, às 7 h, a ração foi fornecida na forma totalmente misturada, com o uso de

vagão misturador equipado com balança eletrônica e esteira.

A quantidade de alimento fornecido na forma de ração totalmente misturada foi

ajustada diariamente para manter, no máximo, 3% de sobras. As sobras foram retiradas a cada

7 dias e pesadas para avaliação do consumo por baia.

Amostras de todos os ingredientes das rações foram coletadas a cada nova partida

recebida e congeladas para posteriores análises químicas.

Após o abate dos animais, foram determinados os rendimentos de carcaça quente, a

incidência de abscessos hepáticos. Após resfriar as carcaças por 24 horas a 0ºC, foram

realizadas as avaliações subjetivas área de olho de lombo e espessura de gordura, sendo para

isso seccionado o músculo Longissimus dorsi na altura da 12ª costela, conforme metodologia

descrita por Müller (1987).

Para fins de análises químicas amostras dos ingredientes foram descongeladas, secas

em estufas com ventilação forçada (55oC) por 72 horas (Silva, 2006) e moídas em moinhos

tipo “Wiley” providos de peneiras de 5,0 e 1,0 mm. As amostras foram compostas por

ingrediente e então analisadas para MS (cinco horas em estufa a 105°C), matéria orgânica

(MO) (três horas em mufla a 600°C), FDN de acordo com Van Soest et al. (1991), FDA de

acordo com Van Soest (1973), proteína bruta (PB) de acordo com AOAC (1990), e amido de

acordo com a técnica de espectroscopia de reflectância no infravermelho próximo através do

espectrômetro FOSS NIRSystem 5000.

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5.4 Cálculo de energia líquida das rações

Através dos dados de IMS e GPD obtidos no experimento, foram calculados os valores

de energia líquida observada das rações. Para tal, foram utilizadas as fórmulas a seguir,

segundo a metodologia proposta por Zinn & Shen (1998).

Foram calculadas as exigências de ganho (Eg) e de manutenção (Em) dos animais

através das fórmulas 1 e 2, respectivamente. Calculadas as exigências energéticas

relacionadas aos ganhos de peso vivo (kg/dia) e aos pesos metabólicos (kg) dos animais foram

então calculados os valores de energia líquida das rações (Mcal/kg de MS) para manutenção

(ELm) e ganho (ELg) através das fórmulas 3 e 4.

Eg = [0,0493 PV0,75] GPD1,097 ; (NRC, 1984)

Em = 0,077 PV0,75 ; (Lofgreen & Garrett, 1968; citados por Zinn & Shen, 1998)

ELm = (- b - ((b2) - (4ac))0,5))/(2a) ; (Zinn & Shen, 1998)

a = -0,877 IMS

b = 0,877 Em + 0,41 IMS + Eg

c = -0,41 Em

ELg = 0,877 ELm – 0,41 ; (Zinn & Shen, 1998)

Onde, Eg = exigência em energia para ganho (Mcal/dia)

Em = exigência em energia para manutenção (Mcal/dia)

ELm = energia líquida de manutenção (Mcal/kg de MS)

ELg = energia líquida de ganho (Mcal/kg de MS)

Os valores de energia assim obtidos foram confrontados com os valores preditos pelas

equações de Weiss et al. (1992) com base nos dados das análises bromatológicas dos

ingredientes.

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5.5 Comportamento animal

Foram tomadas medidas de comportamento animal (consumo, ócio e ruminação) dos

240 animais. As observações foram feitas 1 dia, durante 24 h, a cada 10 minutos.

5.6 Delineamento experimental e análise estatística

Foi adotado o delineamento em blocos completos casualizados (Tabela 2). Os animais

foram distribuídos nos blocos de acordo com o peso vivo inicial. Os dados de consumo de

alimentos, ganho de peso e eficiência alimentar do experimento foi analisado com uso do

procedimento MIXED do programa estatístico SAS. Os dados de avaliação de carcaça foram

analisados através do procedimento GLM do programa estatístico SAS. Para todos os

parâmetros analisados, a baia foi utilizada como unidade experimental. Foi feita a analise de

co-variância utilizando como co-variável o peso inicial médio da baia. Todos os dados foram

testados para se verificar a distribuição normal dos erros, utilizando-se o PROC

UNIVARIATE (SAS). Foi feita uma análise exploratória dos dados, utilizando-se o

procedimento GLM do SAS , envolvendo o tamanho da amostra, teste para homogeneidade

da variância, teste para medidas discrepantes e transformação potência ótima de Box & Cox

(1964).

Tabela. 2. Resumo esquemático da análise de variância para os parâmetros avaliados nos experimento 1.

Causas de variação Graus de Liberdade Bloco 9 Tratamento 3 Resíduo 27

Total 39

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6 RESULTADOS

Na tabela 3 são apresentados os resultados obtidos durante os primeiros 21 dias do período experimental, quando os animais encontravam-se em adaptação às rações finais.

Tabela 3. Análise para 21 dias descontando os 4% no PV (21) Controle Monensina Ess. 3 Ess. 5 Valor

P EPM

Pinicial 338,7 338,6 338,7 338,7 0,859 5,79 Pfinal 358,7ab 349,7b 363,3a 360,2a 0,0109 6,69 CMS21 7,96ª 6,49b 7,83a 7,71a 0,0001 0,22 GPD21 0,95ª 0,76b 1,11a 1,12a 0,0500 0,11 EA21 0,1199bc 0,1054c 0,1407ab 0,1447a 0,0578 0,01

Durante a fase de adaptação, o tratamento com monensina diminuiu o consumo de

matéria seca, reduziu o ganho de peso diário e como consequência piorou a eficiência

alimentar dos animais. As dietas com Essential®, em comparação ao tratamento controle, não

afetaram o consumo de matéria seca, mas resultaram em aumento significativo na eficiência

alimentar, possivelmente em virtude do aumento numérico no ganho de peso.

Na tabela 4 são apresentados os dados de desempenho animal durante os 124

dias do período experimental.

Tabela 4. Análise do período total, sem considerar o PVi como co-variável Tratamentos Valor P

Controle Monensina Ess. 3 Ess. 5 EPM

Pinicial 338,60 338,53 338,55 338,68 0,7144 5,77 Pfinal 496,44 493,20 501,26 504,86 0,3417 9,61 CMS124 9,89a 9,52b 10,28a 10,26a 0,0870 0,33 Pcarc 273,84 273,98 278,96 281,13 0,1357 5,16 EG 6,06 6,02 6,33 6,65 0,3466 0,27 AOL 62,84 63,98 65,06 65,59 0,1606 1,22 RC 55,65 55,61 55,83 55,79 0,9119 0,26 GPD124 1,27 1,24 1,31 1,34 0,3584 0,04 CA124 7,79 7,67 7,85 7,68 0,8846 0,19 EA124 0,1291 0,1311 0,1278 0,1311 0,8470 0,003

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O uso do tratamento com 30 ppm de monensina sódica reduziu o consumo de MS

sem, no entanto, causar efeito positivo na eficiência alimentar.

O Essential® não teve efeito (P>0,05) no consumo de matéria seca, no ganho de peso

diário e na eficiência alimentar em comparação ao tratamento controle. Entretanto, em virtude

do maior valor numérico para ganho de peso diário, o tratamento com Essential® na dose de

5g/animal/dia resultou em maior peso de carcaça (P< 0,15) quente que as dietas sem aditivo

ou contendo monensina na dose de 30ppm. Essa diferença em peso de carcaça, nos atuais

patamares de preços, mostram se interessante. Com 7,3kg a mais de carcaça por animal,

obtém-se quase ½ arroba a mais por unidade abatida. Assumindo-se a arroba a U$ 62,50, em

um lote de 100 animais, isto representaria U$ 3.041,87 a mais na receita bruta, considerando o

parâmetro cambial de U$ 1,00 = R$ 1,60.

Na tabela 5 estão apresentados os valores de energia líquida de ganho e de mantença

oferecidos nas dietas, obtidos com base no desempenho dos animais.

Tabela 5. Energia líquida para ganho em para mantença segundo Zinn & Shen (1998) Item Tratamentos Controle Monensina Ess. 3 Ess. 5 EL observada da ração Manutenção 1,68 1,70 1,65 1,68 Ganho 1,06 1,08 1,04 1,06

Para as observações comportamentais (Tabela 6), houve diferença (p<0,05) para o

tempo que os animais destinaram à ingestão de matéria seca, que foi maior para os animais

recebendo dieta com monensina sódica. A princípio esta informação contraria o que seria

esperado de animais consumindo dietas com ionóforos. No entanto, este maior período de

alimentação deve estar relacionado a maior frequência de alimentação e não exatamente a

maior tempo destinado à alimentação. Isto poderia ser explicado pelo método de observação.

Com intervalos de 10 minutos entre as observações, a maior frequência de refeições, embora

menores, teria interferido na observação, sugerindo a necessidade de intervalos menores aos

adotados na metodologia usual.

Tabela 6. Tempo, em minutos, das observações de comportamento animal Controle Monensina Ess. 3 Ess. 5 Valor P EPM Consumindo 72b 95a 66b 71b 0,0306 7,84 Ócio em pé 550 514 546 500 0,2871 21,04

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Ócio deitado 561 592 592 596 0,2923 16,78 Ruminando em pé 82 79 86 85 0,9587 9,54 Ruminando deitado 169 152 146 180 0,2661 14,02 Bebendo água 6 8 5 8 0,6403 2,09

7 DISCUSSÕES

Os efeitos negativos da monensina no CMS e positivos na eficiência alimentar de

bovinos de corte confinados com rações com teores elevados de concentrado têm sido

amplamente relatados na literatura revisada (Sheelling, 1984, NRC, 1996).

O efeito negativo da monensina no CMS se deve a dois fatores principais, o aumento

na densidade energética da dieta e ou questões de palatabilidade. A redução do CMS foi de

3,88% no presente estudo.

Ao contrário do relatado na literatura de forma consistente, no presente estudo a

monensina não aumentou a densidade energética da dieta e por consequência, não melhorou a

eficiência alimentar dos animais.

Durante os 21 dias de adaptação dos animais às rações, a monensina teve efeito

negativo no GPD dos animais, fato este contrário ao esperado de efeito positivo da monensina

principalmente durante a fase mais crítica do confinamento. A redução do CMS em

comparação com o tratamento controle foi de 22,65%. Como pode ser observado, a

monensina reduziu o CMS de forma mais drástica durante a adaptação dos animais.

A suplementação com Essential® não afetou o CMS durante a adaptação e propiciou

maior GPD numérico que no tratamento controle (P>0,05), com efeito significativo no

aumento da eficiência alimentar dos animais (P<0,05).

O efeito dos óleos funcionais no consumo de MS ainda não está plenamente

esclarecido. A ausência de efeito positivo do Essential no CMS destoa de diversos estudos

revisados. Segundo Madrid et al. (2003), Denli et al. (2004) e Alcicek et al. (2004) a adição

de óleos funcionais na dieta maximizou o consumo dos animais. Da mesma forma, Cardozo et

al. (2005), testando os efeitos do óleo essencial da pimenta (Capsicum annuum), observaram

aumento na ingestão de água e de matéria seca. Os autores afirmam que este efeito é benéfico

em situações onde o consumo de MS é comprometido (chegada ao confinamento, stress

térmico, etc).

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Com relação ao efeito positivo do Essential na eficiência alimentar dos animais na fase

de adaptação, aparentemente esse aditivo deve ter favorecido a fermentação ruminal, com

provável maiores produções de AGV ou maior proporção de propionato e redução nas perdas

via metano. O efeito positivo do Essential na fase de adaptação dos animais é relevante e será

melhor estudado em experimentos futuros, com animais canulados no rúmen.

O resultados ainda apresentam baixa consistência mediante a diversidade de princípios

ativos envolvidos nas pesquisas com uso de óleos funcionais na alimentação de ruminantes.

Alguns estudos demonstram que óleos funcionais parecem não interferir na digestibilidade da

MS (Benchaar et al., 2006 e 2007). No entanto, Castillejos et al. (2006), trabalhando com 50

mg/ L de timol maximizaram a digestibilidade da MS, enquanto que 5 e 500 mg/L não

causaram efeito. De acordo com Coneglian (2009), esses dados sugerem que os efeitos dos

óleos funcionais dependem do tipo e da dose dos óleos funcionais, provável explicação para a

perda do efeito quando se administra doses maiores de óleos funcionais. Ainda segundo

Coneglian (2009) os nutrientes digestíveis totais apresentaram um comportamento quadrático

em relação aos diferentes níveis de óleos funcionais (Figura 1), sendo que o nível de óleo que

teve maior ação sobre a digestibilidade dos nutrientes foi de 3,10 g/dia do produto Essential®.

Figura 1. Variação no NDT da dieta de novilhos HPB com adição de Essential®, em gramas.

Evans & Martin (2000) relataram que a administração de óleo essencial na dieta de

ruminantes reduziu as concentrações de metano e de lactato, embora em doses mais elevadas

reduziu também a digestão dos nutrientes e produção total dos ácidos graxos voláteis, uma

clara indicação que o metabolismo microbiano foi inibido. Este efeito foi atribuído à perda da

integridade da membrana celular e uma redução na absorção de glicose. A variação dos

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resultados encontrados em pesquisas pode estar relacionada a dose, ou ainda ao princípio

ativo dos óleos funcionais utilizados em cada estudo.

Coneglian (2009) testando a inclusão diferentes doses de óleos funcionais (Essential®)

em novilhos holandeses observou melhores efeitos na digestibilidade aparente total dos

nutrientes em nível de 3,10 g/dia. Na mesma concentração o produto Essential® manteve o

pH ruminal adequado (Figura 2), baixa concentração de amônia, adequada concentração de

nitrogêio uréico plasmático e melhorou a eficiência e síntese microbiana. A inclusão de

Essential afetou o pH da fermentação in vitro, diminuindo o pH a medida que aumentava a

dose de Essential na solução de cada jarro de fermentação. Este fato indicaria uma maior

produção de ácidos graxos voláteis, o que estaria relacionado a uma maior atividade

microbiana.

Figura 2. Variação do pH ruminal de animais com doses diárias crescentes de Essential® na dieta.

A inclusão de Essential® na fermentação in vitro aumentou a atividade microbiana in vitro, sendo observado aumento na digestibilidade do feno e do milho (BRANCO & CONEGLIAN, MANUAL ESSENTIAL).

Segundo McIntosch et al. (2003) a inclusão de óleos funcionais reduz a quebra de

aminoácidos sem comprometer a atividade proteolítica e peptidolítica. Esse efeito dos óleos

funcionais pode favorecer o aporte de proteína para o intestino dos bovinos e ser de grande

importância, especialmente na fase inicial de confinamento, quando as exigências proteicas

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são maiores e o CMS ainda é baixo. Isso pode explicar em parte o efeito positivo do Essential

na fase de adaptação dos animais no presente estudo.

Acredita-se que os óleos funcionais possam estimular a produção de saliva e dos sucos

gástrico e pancreático, beneficiando a secreção enzimática e melhorando a digestibilidade dos

nutrientes (MELLOR, 2000). O estímulo da produção de enzimas e secreções intestinais é o

efeito mais estudado na tentativa de explicar a melhora da digestibilidade. Porém, pode existir

a contribuição de outros mecanismos nesse processo. Alguns pesquisadores acreditam que,

para obtenção de melhores resultados, devem ser administradas combinações de óleos

funcionais de diferentes plantas (LANGHOUT, 2000; KAMEL, 2000).

O efeito positivo do Essential® ao longo de todo o período experimental foi menos

evidente que durante a fase de adaptação, mesmo assim houve efeito positivo (P<0,15) no

peso final de carcaça quente em comparação com os demais tratamentos, sem entretanto

aumentar a densidade energéticas da dieta.

O maior peso de carcaça (Tabela 4) para animais recebendo Essential® está de acordo

com o observado por Zawadzki et al. (2010). Segundo os autores, o peso de carcaça quente e

o rendimento de carcaça foram 4,8% e 2,7%, respectivamente, superiores para os bovinos

alimentados com óleos funcionais em relação aos bovinos sem inclusão de óleos funcionais

(Essential®).

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CONCLUSÕES

O uso do Essential® como fonte de óleos funcionais melhorou o desempenho de bovinos confinados durante a fase de adaptação às rações com teores altos de concentrado, que aparentemente influenciou o desempenho positivo dos animais durante todo o confinamento.

O uso de óleos funcionais como melhorador de desempenho animal, pode ser uma opção viável a pecuária, porem são necessários mais estudos que comprovem cientificamente sua viabilidade.

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8 REFERÊNCIAS  

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