Razões_XI Exame

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  • 7/30/2019 Razes_XI Exame

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    Damsio Educacional

    Razes de recurso 1 Fase XI Exame Unificado

    Coordenao Pedaggica OAB - Agosto de 2013

    Prof. Darlan Barroso

    FUNDAMENTOS PARA RECURSOS - 1 FASE DO XI EXAME UNIFICADO OAB/FGV

    Orientaes de interposio do recurso

    O prazo para a interposio dos recursos ser das 12h00 do dia 28/08 s 12h00 do dia31/08 (horrio de Braslia) Item 5.3 do Edital.

    O recurso dever ser interposto por meio eletrnico, no site da FGV, com uso da senha deacesso pessoal.

    O recurso ser interposto por questo objetiva, limitado a at 5.000 caracteres cada um. Ao elaborar o recurso o candidato no poder criar nenhum dado de identificao, sob

    pena de ser liminarmente indeferido. Ao redigir os argumentos, mesmo utilizando os fundamentos disponibilizados pela

    Coordenao, redija o texto com suas palavras, evitando padronizao ou modelos.

    No texto, tenha clareza e objetividade, requerendo ao final de cada item a anulao daquesto com o deferimento da pontuao respectiva.

    Importante: no caso de anulao de questo da prova objetiva, a pontuao

    correspondente ser atribuda a todos os examinandos indistintamente, inclusive aos

    que no tenham interposto recurso.

    Caso o candidato tenha acertado a questo e, consequentemente, j tenha ocorrido o

    cmputo da nota, no haver a atribuio de nova pontuao em caso de anulao.

    A equipe de professores OAB do Damsio Educacional todas as questes da prova, bem

    como aquelas comentadas nas redes sociais como passveis de recursos e, deliberou pela

    fundamentao e pedido de anulao das questes seguintes (prova verde - 2):

    Direito do Consumidor questes n. 47 Direito Empresarial questo n. 50 Direito Penal questo n. 60 Processo Penalquesto n. 65, 66 e 67.

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    FUNDAMENTOS

    Para os fundamentos, observe o nmero da questo e a respectiva prova (utilizada prova TIPO

    VERDE - 2) faa a correspondncia com a sua prova.

    DIREITO DO CONSUMIDORProfessor Brunno Giancoli

    Questo 47O Mercado A comercializa o produto desinfetante W, fabricado por W.Industrial. O

    proprietrio do Mercado B, que adquiriu tal produto para uso na higienizao das partes

    comuns das suas instalaes, verifica que o volume contido no frasco est em desacordo com as

    informaes do rtulo do produto. Em razo disso, o Mercado B prope ao judicial em face

    do Mercado A, invocando a Lei n. 8.078/90 (CDC), arguindo vcios decorrentes de taldisparidade. O Mercado A, em defesa, apontou que se tratava de responsabilidade do

    fabricante e requereu a extino do processo. A respeito do caso sugerido, assinale a

    alternativa correta.A) O processo merece ser extinto por ilegitimidade passiva.B) O caso versa sobre fato do produto, logo a responsabilidade do ru subsidiria.C) O processo deve ser extinto, pois o autor no se enquadra na condio de consumidor.D) Trata-se de vcio do produto, logo o ru e o fabricante so solidariamente responsveis.

    Fundamentos recursais

    Da inaplicabilidade do CDC na relao jurdica entre mercados: interpretao jurisprudencial dotema

    O direito do consumidor representa um microssistema normativo apto a regular os efeitos deuma relao jurdica especfica, qual seja, a relao de consumo. Esta exige para a suacaracterizao a presena obrigatria de um conjunto de elementos. A falta de qualquer um delesinibe a aplicao das normas consumeristas e, consequentemente, a tutela diferenciada paratodos os sujeitos que se enquadram na condio de consumidores.

    Todavia, ainda que o texto legal do CDC tenha indicado uma definio para o consumidor

    standardno art. 2., muita discusso doutrinria e jurisprudencial surgiu em razo da expresso

    destinatrio final, a qual representa o verdadeiro divisor de guas para garantir a tutela destesujeito de direito. Atualmente existe uma teoria majoritria na interpretao do conceito deconsumidor pelo STJ, qual seja a teoria finalista.

    Este modelo terico identifica como consumidor a pessoa fsica ou jurdica que retiradefinitivamente de circulao o produto ou servio do mercado, utilizando o bem de consumopara suprir uma necessidade ou satisfao pessoal, e no para o desenvolvimento de outraatividade de cunho profissional ou empresarial, a exemplo da aquisio de um produto de limpezapara um mercado para higienizar suas instalaes.

    A aquisio ou uso de um produto ou servio para o exerccio de atividade econmica, civil ou

    empresria descaracterizam a relao de consumo tutelada pelo CDC. Logo, a aquisio de bensou servios por quem exerce atividade econmica, ainda que utilizados para mera incorporao

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    no estabelecimento empresarial, sero tutelados pelas regras gerais do direito civil e do direitoempresarial, dado que o bem ou servio continuar, de alguma forma, inserido no processoprodutivo.

    Adota-se, assim, um conceito mais restrito de consumidor, levando-se em considerao afinalidade, ou seja, a razo da aquisio, deixando de ser analisada a vulnerabilidade no casoconcreto. As 4. e 6. Turmas do STJ possuem uma orientao consolidada no finalismo. A 2.Seo do STJ tambm possui orientao finalista, tendo como leading case o REsp 541.867/BA.Este precedente tem como objeto central de discusso a caracterizao da relao de consumo nautilizao de equipamentos e de servios de crdito por empresa administradora de carto decrdito. Na ementa do acrdo, o STJ entendeu que a referida relao jurdica no se reputa

    como relao de consumo e, sim, como uma atividade de consumo intermediria, fato este que

    impede a aplicao do CDC (2. S., rel. Min. Antnio de Pdua Ribeiro, j. 10.11.2004, rel. p/acrdo Min. Barros Monteiro, DJ 16.05.2005, p. 227).

    importante observa que a referncia ao leading case, desde a sua publicao, surge em quasetodas as ementas dos julgados da 2. Seo do STJ nos quais se discute o enquadramento jurdicodo consumidor.

    DIREITO EMPRESARIALProfessora Elisabete Vido

    Questo 50

    Um cheque no valor de R$ 3.000,00 (trs mil reais) foi sacado em 15 de agosto de 2012, na

    praa de Santana, Estado do Amap, para pagamento no mesmo local de emisso. Dez dias

    aps o saque, o beneficirio endossou o ttulo para Ferreira Gomes. Este, no mesmo dia,

    apresentou o cheque ao sacado para pagamento, mas houve devoluo ao apresentante por

    insuficincia de fundos, mediante declarao do sacado no verso do cheque.

    Com base nas informaes contidas no enunciado e nas disposies da Lei n. 7.357/85 (Lei do

    Cheque), assinale a afirmativa incorreta.

    A) O apresentante, diante da devoluo do cheque, dever levar o ttulo a protesto por falta depagamento, requisito essencial propositura da ao executiva em face do endossante.B) O emitente do cheque, durante ou aps o prazo de apresentao, poder fazer sustar seupagamento mediante aviso escrito dirigido ao sacado, fundado em relevante razo de direito.C) O prazo de apresentao do cheque ao sacado para pagamento de 30 (trinta) dias, contadosda data de emisso, quando o lugar de emisso for o mesmo do de pagamento.D) O portador, apresentado o cheque e no realizado seu pagamento, dever promover a aoexecutiva em face do emitente em at 06 (seis) meses aps a expirao do prazo deapresentao.

    Fundamentos recursais

    A FGV indicou como alternativa incorreta a letra A, que tratava da obrigatoriedade do protestopara a que a execuo do cheque ocorresse, o que de fato est incorreto pois o protesto nocheque poderia ter sido substitudo pela declarao inequvoca do Banco Sacado, que foi o queocorreu no caso concreto.Entretanto, a alternativa B encontra-se igualmente incorreta, uma vez que consta no texto queo cheque poderia ser sustado durante ou aps o prazo de apresentao, desde que por

    relevante razo de direito.

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    Nesse sentido o legislador, no art. 36 da Lei 7357/85, s permite a utilizao o termo sustao,

    quando a suspenso do pagamento ocorrer dentro do prazo de apresentao. Se a sustaoocorrer aps o prazo de apresentao o termo tcnico que deve ser utilizado a revogao ou

    contra-ordem ( art. 35, pargrafo nico da Lei 7357/85)Como na questo existem 02 alternativas incorretas ( A e B), a questo deve ser anulada

    DIREITO PENALProfessora Patrcia Vanzolini

    Questo 60

    No ano de 2005, Pierre, jovem francs residente na Bulgria, atentou contra a vida do ento

    presidente do Brasil que, na ocasio, visitava o referido pas. Devidamente processado, segundo

    as leis locais, Pierre foi absolvido. Considerando apenas os dados descritos, assinale a afirmativa

    correta.A) No aplicvel a lei penal brasileira, pois como Pierre foi absolvido no estrangeiro, no ficousatisfeita uma das exigncias previstas hiptese de extraterritorialidade condicionada.B) aplicvel a lei penal brasileira, pois o caso narrado traz hiptese de extraterritorialidadeincondicionada, exigindo se, apenas, que o fato no tenha sido alcanado pornenhuma causaextintiva de punibilidade no estrangeiro.C) aplicvel a lei penal brasileira, pois o caso narrado traz hiptese de extraterritorialidadeincondicionada, sendo irrelevante o fato de ter sido o agente absolvido no estrangeiro.D) No aplicvel a lei penal brasileira, pois como o agente estrangeiro e a conduta foipraticada em territrio tambm estrangeiro, as exigncias relativas extraterritorialidadecondicionada no foram satisfeitas.

    Fundamentos recursais

    A questo apontou como correta a alternativa com o seguinte texto: aplicvel a lei penal brasileira, pois o caso narrado traz hiptese de extraterritorialidadeincondicionada, sendo irrelevante o fato de ter sido o agente absolvido no estrangeiro.

    No obstante corresponda ao teor do artigo 7o do Cdigo Penal, deve-se ter em conta que odispositivo em questo contraria a ordem jurdica vigente atualmente no Brasil e que probe adupla imputao.

    O pacto de San Jose da Costa Rica, que vigora no Brasil desde 1992 (decreto 678/92) e quetem status, no mnimo, supralegal, estabelece expressamente no seu artigo 8o que:

    4. O acusado absolvido por sentena transitada em julgado no poder ser submetido a novo

    processo pelos mesmos fatos.

    No mesmo sentido o Pacto dos Direitos Civis e Politicos (decreto 592/92) em seu artigo 14preconiza que:

    7. Ningum poder ser processado ou punido por um delito pelo qual j foi absorvido ou

    condenado por sentena passada em julgado, em conformidade com a lei e os procedimentos

    penais de cada pas.

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    Por fim calha trazer colao lapidar lio do renomado penalista Guilherme de Souza Nucci:

    " Primeiramente, pode-se destacar que, sendo possvel punir o agente, independentemente dequalquer condio, podemos atingir estgio nitidamente inconstitucional. Ilustrando: sedeterminada pessoa comete um roubo contra uma embaixada brasileira no exterior e, no paisonde a infrao se d, ela punida, no h mais sentido algum em puni-la novamente no Brasil. preciso lembrar que a Conveno Americana dos Direitos Humanos, em vigor desde 1992, proibeo duplo processo e a dupla punio pelo mesmo fato." (Manual de Direito Penal 3a edio. SoPaulo: editora Revista dos Triibunais 2007, p. 199)

    Dessa forma a questo deve ser anulada.

    PROCESSO PENALProfessor Flvio Martins

    Questo 65

    De acordo com a doutrina, recurso todo meio voluntrio de impugnao apto a propiciar ao

    recorrente resultado mais vantajoso. Em alguns casos, fenmenos processuais impedem o

    caminho natural de um recurso. Quando a parte se manifesta, esclarecendo que no deseja

    recorrer, estamos diante do fenmeno processual conhecido como

    A) precluso.B) desistncia.C) desero.D) renncia.

    Fundamentos recursais

    O gabarito RENNCIA est correto. Ocorre que a renncia compreende tambm a PRECLUSO, nasua modalidade LGICA. A precluso pode ser temporal (perda do prazo processual), consumativa(prtica de ato processual nico) ou LGICA (prtica de um ato incompatvel). Quem renuncia aodireito de recorrer, pratica ato incompatvel com o recurso, tratando-se de precluso lgica.Portanto, a alternativa a tambm estaria correta, pois gnero, do qual a renncia espcie.

    Questo 66A Lei n. 9.099/95 modificou a espcie de ao penal para os crimes de leso corporal leve e

    culposa. De acordo com o Art. 88 da referida lei, tais delitos passaram a ser de ao penal

    pblica condicionada representao. Tratando-se de questo relativa Lei Processual Penal

    no Tempo, assinale a alternativa que corretamente expe a regra a ser aplicada para processos

    em curso que no haviam transitado em julgado quando da alterao legislativa.

    A) Aplica-se a regra do Direito Penal de retroagir a lei, por ser norma mais benigna.B) Aplica-se a regra do Direito Processual de imediatidade, em que a lei aplicada no momentoem que entra em vigor, sem que se questione se mais gravosa ou no.C) Aplica-se a regra do Direito Penal de irretroatividade da lei, por ser norma mais gravosa.D) Aplica-se a regra do Direito Processual de imediatidade, em que a lei aplicada no momento

    em que entra em vigor, devendo-se questionar se a novatio legis mais gravosa ou no.

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    Fundamentos recursais

    A questo, no nosso entender, de uma impropriedade imensa. Isso porque, a prpria Lei9.099/95 previu uma regra de aplicao de Direito Intertemporal para o caso da alterao

    legislativa da leso corporal. Trata-se do artigo 91 da Lei 9.099/95: Nos casos em que esta Leipassa a exigir a representao para a propositura da ao penal pblica, o ofendido ou seurepresentante legal ser intimado para oferec-la no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena dedecadncia. Portanto, essa a regra especial de aplicao da lei penal no tempo no casoapontado na questo.

    Outro problema: o examinador disse tratando-se de questo relativa Lei Processual noTempo. Bem, no se trata exatamente de uma lei processual no tempo, tendo em vista que a

    norma mencionada tem contedo penal, pois interfere diretamente no Direito de Punir doEstado, na medida em que insere condio de procedibilidade (representao do ofendido).

    Dessarte, desprezado o enunciado da questo, o candidato responderia a alternativa a, sabedor

    de que a norma tem contedo penal. Por sua vez, se considerar o enunciado, poderia assinalar aalternativa b, se entender que uma norma processual no tempo.

    Pelas duas razes acima apontadas, a questo deve ser anulada.

    Questo 67

    Em um processo em que se apura a prtica dos delitos de supresso de tributo e evaso de

    divisas, o Juiz Federal da 4 Vara Federal Criminal de Arroizinho determina a expedio de carta

    rogatria para os Estados Unidos da Amrica, a fim de que seja interrogado o ru Mrio. Em

    cumprimento carta, o tribunal americano realiza o interrogatrio do ru e devolve o

    procedimento Justia Brasileira, a 4 Vara Federal Criminal. O advogado de defesa de Mrio,

    ao se deparar com o teor do ato praticado, requer que o mesmo seja declarado nulo, tendo em

    vista que no foram obedecidas as garantias processuais brasileiras para o ru. Exclusivamente

    sobre o ponto de vista da Lei Processual no Espao, a alegao do advogado est correta?

    A) Sim, pois no processo penal vigora o princpio da extraterritorialidade, j que as normasprocessuais brasileiras podem ser aplicadas fora do territrio nacional.B) No, pois no processo penal vigora o princpio da territorialidade, j que as normas processuaisbrasileiras s se aplicam no territrio nacional.C) Sim, pois no processo penal vigora o princpio da territorialidade, j que as normas processuaisbrasileiras podem ser aplicadas em qualquer territrio.D) No, pois no processo penal vigora o princpio da extraterritorialidade, j que as normasprocessuais brasileiras podem ser aplicas fora no territrio nacional.

    Fundamentos recursais

    Embora, em se tratando de lei processual no espao, apliquemos o princpio da territorialidade, aexpresso s se aplicam no territrio nacional est incorreta. A doutrina brasileira, h dcadas,

    aponta excees ao princpio da territorialidade, como territrio nullius, territrio militarmenteocupado ou quando houver o consentimento do estado em que se realiza o ato processual. Aexpresso sse aplicam serviu para induzir em erro inmeros candidatos, at porque estabsolutamente incorreta. Analisada com mincias a questo, nenhuma alternativa est correta.