176
RENATA FONTES PRADO FARACO REAÇÕES DE CARBOCICLIZAÇÃO RADICALAR DE META-IODOBENZAMIDA DERIVADA DE D-GALACTOSE VISANDO À OBTENÇÃO DE MACROLACTAMAS, POTENCIAIS AGENTES BIOATIVOS Belo Horizonte Faculdade de Farmácia/UFMG 2007

REAÇÕES DE CARBOCICLIZAÇÃO RADICALAR DE

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

RENATA FONTES PRADO FARACO

REAÇÕES DE CARBOCICLIZAÇÃO RADICALAR DE

META-IODOBENZAMIDA DERIVADA DE D-GALACTOSE

VISANDO À OBTENÇÃO DE MACROLACTAMAS,

POTENCIAIS AGENTES BIOATIVOS

Belo Horizonte

Faculdade de Farmácia/UFMG

2007

RENATA FONTES PRADO FARACO

REAÇÕES DE CARBOCICLIZAÇÃO RADICALAR DE

META-IODOBENZAMIDA DERIVADA DE D-GALACTOSE

VISANDO À OBTENÇÃO DE MACROLACTAMAS,

POTENCIAIS AGENTES BIOATIVOS

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-

Graduação, em Ciências Farmacêuticas, como

requisito parcial à obtenção do grau de Mestre.

ORIENTADOR

Prof. Dra. Maria Auxiliadôra Fontes Prado

LINHA DE PESQUISA

Linha II – Fármacos e Medicamentos

ÁREA DE CONHECIMENTO

1.06.01.00-7 – Síntese Orgânica

Faraco, Renata Fontes Prado

F219r

Reações de Carbociclização Radicalar de meta-Iodobenzaminda derivada de D-Galactose visando à obtenção de Macrolactamas, Potencias Agentes Bioativos / Renata Fontes Prado Faraco. – 2007.

152 f.: il.

Orientadora: Profa. Maria Auxiliadora Fontes Prado Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Minas Gerais.

Faculdade de Farmácia. Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas.

1. Medicamentos – Teses. 2. Fármacos – Teses. I. Prado, Maria

Auxiliadora Fontes. Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Farmácia.

CDD 615.19

“Não sei curar o desespero, doutor Breuer. Apenas eu o estudo. O

desespero é o preço pago pela autoconsciência. Olhe profundamente

para dentro de si e sempre encontrará o desespero.”

Irvin D. Yalom, em Quando Nietzsche Chorou

“No fim tudo dá certo. Se não deu certo é porque ainda não chegou

o fim.”

(Anônimo)

Dedico este trabalho:

Aos meus pais, Guilherme e Dôra, exemplos de dedicação e perseverança e os

primeiros a me mostrarem a beleza da ciência.

Aos meus irmãos, Lívia, Paula, Laura, Fábio e Andréia, companheiros de toda uma vida.

À família Faraco, pela sempre carinhosa acolhida e amor.

Ao meu e-terno amor, marido, amigo e companheiro, André, que esteve comigo

desde os primeiros passos no Laboratório de QF, onde nos conhecemos e iniciamos

nossa história...

Ao meu filho Gabriel, que desde o início deu novo sentido à minha vida.

No início era preciso ver, depois, bastava ouvir, hoje, basta pensarmos para sentirmos

todo o amor que nos une. Quando o Gabriel nascer, simplesmente sentiremos o AMOR.

Anotar sentimentos não é nada fácil...

Nada poderia ser melhor.

Desde que nos conhecemos, passamos por diferentes situações em nossa história!

Razão.

Emoção.

E tudo vivido com muita intensidade...

Ganhamos experiência, nos conhecemos mais.

Agora bastam os olhares, às vezes, nem isto!

Brincar ainda é sua especialidade, que continue sendo...

Rapidamente nossas vidas mudarão!

Iniciaremos uma nova fase, talvez mais complexa, mas com certeza mais rica.

Ele, nosso neném, está chegando!

Lar terá um novo significado... Amo vocês!!!

AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

À Dôra, minha orientadora e mãe, pela dedicação, empenho, profissionalismo, ensinamentos e

discussões (mesmo que durante tarde da noite e aos domingos!), não somente durante a

execução deste trabalho, mas desde o Centro Pedagógico, Coltec e Iniciações Científicas.

Ao André, meu marido, amigo e companheiro de todos os momentos, que me incentivou, apoiou e

deu condições para que eu retornasse ao meio acadêmico, que me confortou em momentos de

decepção, que não me deixou parar em momentos de desânimo...

À Ana Paula, pela inestimável ajuda na execução da fase final deste trabalho, quando não pude

mais me dedicar integralmente à parte experimental, mas tive a Ana realizando tudo com carinho,

eficiência e dedicação.

AGRADECIMENTOS

Ao professor Délio Soares Raslan, meu primeiro professor de Química Orgânica, que com muita

paciência e entusiasmo me mostrou o encanto desta disciplina.

À professora Rosemeire Brondi Alves (DQ/UFMG), sempre disponível, pela grande ajuda na

realização de reações realizadas por aquecimento de microondas e na aquisição de dados de

rotação específica, pelos ensinamentos e incentivo.

Ao professor José Dias de Souza Filho (DQ/UFMG), Peixe, pelos ensinamentos no espectrômetro

de RMN e de processamento de espectros e realização de alguns experimentos.

À Mara, Inácio e Gustavo, do Laboratório de Química Orgânica do Departamento de

Química/UFMG, pela ajuda sempre que eu os “visitava”.

Ao professor Marcos N. Eberlin e à doutoranda Patrícia Verardi Abdelnur (IQ/UNICAMP), pela

aquisição dos espectros de massas.

À professora Elzíria de Aguiar Nunan e à estagiária Gabriela Aires Martins (FaFar/UFMG), pela

realização dos testes de atividade antimicrobiana.

Aos professores e funcionários do DQ/UFMG (em especial do LAREMAR e Secretaria de Pós-

Graduação), que me acolheram como se eu fosse aluna deste Departamento.

Ao professor Márcio Matos Coelho, pela dedicação incondicional à Pós-Graduação da Faculdade

de Farmácia.

À Rose e Karen, secretárias do PPGCF, sempre incentivando e ajudando.

Aos professores Basílio, Ricardo e Thaís pelo incentivo e ensinamentos.

À Soninha, secretária do PFA, pelos momentos de alegria.

À Lavina e Raquel, pelos cafés e dedicação ao Laboratório, mesmo em momentos de estresse.

À Dani, companheira de bancada, pela ajuda no meu retorno à QF, pelos desabafos e dicas

durante a execução deste trabalho.

Aos colegas do Laboratório de Química Farmacêutica, pela convivência.

Aos professores e funcionários da FaFar, pelos momentos de convivência.

Ao CNPq, pela bolsa concedida.

À DEUS, pelas oportunidades que tive.

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................... i

LISTA DE TABELAS ............................................................................................................... viii

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS .......................................................... ix

RESUMO ........................................................................................................................... xi

ABSTRACT ...................................................................................................................... xii

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 1

1.1 MACROLACTAMAS NATURAIS E SEMI-SINTÉTICAS COM ATIVIDADE BIOLÓGICA ............................. 2

1.2 MACROLACTAMAS SINTÉTICAS COM ATIVIDADE BIOLÓGICA ...................................................... 12

1.3 SÍNTESE DE MACROCICLOS POR REAÇÃO DE CARBOCICLIZAÇÃO RADICALAR MEDIADA POR

HIDRETO DE TRI-N-BUTILESTANHO ......................................................................................... 16

1.4 NOVAS METODOLOGIAS PARA REAÇÃO DE CICLIZAÇÃO RADICALAR ......................................... 41

2 JUSTIFICATIVA, OBJETIVOS E PLANO DE SÍNTESE .................................................. 43

2.1 JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS .................................................................................................... 43

2.2 PLANO DE SÍNTESE .................................................................................................................. 46

3 MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................................... 48

3.1 MÉTODOS GERAIS ................................................................................................................... 48

3.1.1 Aparelhagem utilizada ...................................................................................................... 48

3.1.2 Cromatografia ................................................................................................................... 48

3.1.3 Purificação de solventes .................................................................................................. 49

3.1.4 Reveladores ...................................................................................................................... 49

3.1.5 Procedimentos Gerais ...................................................................................................... 49

3.2 SÍNTESES ............................................................................................................................... 50

3.2.1 Síntese de 4,6-O-benzilideno-αααα-D-galactopiranosídeo de metila – GA2 ....................... 50

3.2.2 Síntese de 2,3-di-O-benzil-4,6-O-benzilideno-αααα-D-galactopiranosídeo de metila – GA3 ... 52

3.2.3 Síntese de 2,3-di-O-benzil-αααα-D-galactopiranosídeo de metila – GA4 ............................ 54

3.2.4 Síntese de 2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-iodo-αααα-D-galactopiranosídeo de metila – GA5 .... 56

3.2.5 Síntese de 6-azido-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-αααα-D-galactopiranosídeo de metila – GA6 .. 59

3.2.6 Síntese de 4-O-alil-6-azido-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-αααα-D-galactopiranosídeo de

metila – GA7 ..................................................................................................................... 61

3.2.7 Síntese de 4-O-alil-6-amino-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-αααα-D-galactopiranosídeo de

metila (GA8), de Cloreto de 3-iodobenzoíla e de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-

(3-iodobenzoilamino)-αααα-D-galactopiranosídeo de metila – GAX ................................... 63

3.2.7.1 Síntese de 4-O-alil-6-amino-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-αααα-D-galactopiranosídeo de

metila (GA8) .................................................................................................................. 64

3.2.7.2 Síntese de Cloreto de 3-iodobenzoíla .......................................................................... 64

3.2.7.3 Síntese de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-(3-iodobenzoilamino)-αααα-D-

galactopiranosídeo de metila – GAX ........................................................................... 65

3.2.8 Reação de macrociclização radicalar ............................................................................. 69

3.3 TESTES DE ATIVIDADE ANTIBACTERIANA E ANTIFÚNGICA .......................................................... 75

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................... 77

4.1 SÍNTESE DE 4,6-O-BENZILIDENO-αααα-D-GALACTOPIRANOSÍDEO DE METILA – GA2 ......................... 77

4.2 SÍNTESE DE 2,3-DI-O-BENZIL-4,6-O-BENZILIDENO-αααα-D-GALACTOPIRANOSÍDEO DE METILA – GA3 .. 83

4.3 SÍNTESE DE 2,3-DI-O-BENZIL-αααα-D-GALACTOPIRANOSÍDEO DE METILA – GA4 .............................. 87

4.4 SÍNTESE DE 2,3-DI-O-BENZIL-6-DESOXI-6-IODO-αααα-D-GALACTOPIRANOSÍDEO DE METILA – GA5 ... 91

4.5 SÍNTESE DE 6-AZIDO-2,3-DI-O-BENZIL-6-DESOXI-αααα-D-GALACTOPIRANOSÍDEO DE METILA – GA6 .... 95

4.6 SÍNTESE DE 4-O-ALIL-6-AZIDO-2,3-DI-O-BENZIL-6-DESOXI-αααα-D-GALACTOPIRANOSÍDEO DE

METILA – GA7 ....................................................................................................................... 98

4.7 SÍNTESE DE 4-O-ALIL-6-AMINO-2,3-DI-O-BENZIL-6-DESOXI-αααα-D-GALACTOPIRANOSÍDEO DE

METILA (GA8), DE CLORETO DE 3-IODOBENZOÍLA E DE 4-O-ALIL-2,3-DI-O-BENZIL-6-DESOXI-6-

(3-IODOBENZOILAMINO)-αααα-D-GALACTOPIRANOSÍDEO DE METILA – GAX ................................... 104

4.7.1 Síntese de 4-O-alil-6-amino-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-αααα-D-galactopiranosídeo de

metila (GA8) ................................................................................................................... 104

4.7.2 Síntese de Cloreto de 3-iodobenzoíla ........................................................................... 105

4.7.3 Síntese de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-(3-iodobenzoilamino)-αααα-D-galactopiranosídeo

de metila – GAX .............................................................................................................. 105

4.8 REAÇÃO DE MACROCICLIZAÇÃO RADICALAR .......................................................................... 114

4.9 TESTES DE ATIVIDADE ANTIBACTERIANA E ANTIFÚNGICA ......................................................... 136

5 CONCLUSÃO ............................................................................................................. 137

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 138

i

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Estruturas químicas de fármacos macrocíclicos. .......................................................... 1

Figura 2 – Estruturas químicas de depsipeptídeos com atividade biológica. ................................. 2

Figura 3 – Estruturas químicas das lingbiabelinas A e B. .............................................................. 3

Figura 4 – Estruturas químicas das macrolactamas indolactama-V e benzolactama-V8. .............. 3

Figura 5 – Estrutura química da vicenistatina. ............................................................................... 3

Figura 6 – Estruturas químicas de fluvirucinas. ............................................................................. 4

Figura 7 – Estruturas químicas da ascomicina e de seu derivado hidroxilado em C-33. ................ 5

Figura 8 – Estruturas químicas de substâncias com atividade imunomoduladora. ........................ 7

Figura 9 – Estrutura química da leinamicina. ................................................................................. 8

Figura 10 – Estruturas químicas de ansamicinas. ......................................................................... 8

Figura 11 – Estruturas químicas de produtos de fermentação de cepas deTü 6239. ..................... 9

Figura 12 – Estruturas químicas da maitansina e de seu derivado contendo o grupo dissulfeto. ...... 10

Figura 13 – Estrutura química da mixovirescina A1. ..................................................................... 10

Figura 14 – Estruturas químicas de macrolactamas contendo dímero de tirosina. ...................... 11

Figura 15 – Estruturas químicas de ustiloxinas e de fomopsinas. ................................................ 11

Figura 16 – Estruturas químicas de macrolactamas diméricas e tetramérica. ............................. 12

Figura 17 – Estruturas químicas de macrociclos taxóides e do paclitaxel. ................................... 13

Figura 18 – Estruturas químicas de “conjugados quinolona-macrociclo” e de um derivado de

cadeia aberta da ofloxacina. ................................................................................... 14

Figura 19 – Estruturas químicas de macrolactamas com atividade antitumoral. .......................... 15

Figura 20 – Estruturas químicas da migrastatina e de seu análogo sintético. .............................. 15

Figura 21 – Inibidores de β-secretase. ........................................................................................ 16

Figura 22 – Mecanismos envolvidos na reação radicalar mediada por Bu3SnH/AIBN. . ............... 18

Figura 23 – Rotâmeros e radicais formados por transferência 1,5 em orto-iodobenzamidas. ...... 19

Figura 24 – Rotâmeros e produtos de ciclização de iodobenzamidas. ........................................ 19

Figura 25 – Macrociclos obtidos a partir de iodoenonas. ............................................................. 20

Figura 26 – Macrolactonas sintetizadas a partir de ésteres acrilato e fumarato. .......................... 21

ii

Figura 27 – Macrociclizações em substratos ativados para ciclização exo. ................................. 22

Figura 28 – Síntese de precursor da roseofilina por macrociclização 13-endo. ........................... 23

Figura 29 – Síntese de macrolactona precursora da micotoxina zearalenona. ............................ 23

Figura 30 – Síntese de trienonas cíclicas de 14 membros. .......................................................... 24

Figura 31 – Macrociclização de iodoenonas cis e trans. .............................................................. 24

Figura 32 – Síntese de macrolactonas e éteres macrocíclicos por reação radicalar. ................... 25

Figura 33 – Ciclizações radicalares de iodotrienona. ................................................................... 26

Figura 34 – Síntese de macrociclos de 22 membros. ................................................................... 26

Figura 35 – Mecanismo da formação de macrolactonas a partir de 2-(tri-n-

butilestanilmetilpropanoatos) de ω-fenilselenoalquila. .............................................. 27

Figura 36 – Síntese de macrolactamas precursoras da lenoxamina. ........................................... 28

Figura 37 – Síntese de macrociclo 10-endo, precursor da periplanona B. ................................... 28

Figura 38 – Síntese de precursor do paclitaxel. ........................................................................... 29

Figura 39 – Síntese de macrolactamas estereoisoméricas por carbociclização radicalar. ........... 29

Figura 40 – Macrolactonas sintetizadas a partir de ω-fenilselenoésteres. .................................... 30

Figura 41 – Síntese do anel furanocembranóide presente na lofotoxina. .................................... 30

Figura 42 – Ciclizações 9-endo a partir de bromoalil e bromobutenilcicloexanóis. ....................... 31

Figura 43 – Síntese de ciclos de seis a nove membros por reação radicalar. .............................. 31

Figura 44 – Síntese de triciclos derivados da D-glicose. .............................................................. 32

Figura 45 – Síntese de triciclos derivados da D-manose. ............................................................ 32

Figura 46 – Síntese de ciclopeptídeos por reação de carbociclização radicalar. ......................... 33

Figura 47 – Macrolactamas obtidas por reação de aliloxi-orto-iodobenzamidas com Bu3SnH. .... 35

Figura 48 – orto-Iodobenzamidas sem unidade sacarídica submetidas à reação de ciclização

radicalar e respectivos resultados. .......................................................................... 37

Figura 49 – orto-Iodobenzamidas e produtos de reação com Bu3SnH. ........................................ 38

Figura 50 – Aliloxi-orto-iodobenzoatos e seus produtos da reação com Bu3SnH. ........................ 39

Figura 51 – Amidoésteres e amidoéteres submetidos à reação com Bu3SnH. ............................ 40

Figura 52 – Amida alquílica e macrolactama obtida da reação com Bu3SnH. .............................. 41

Figura 53 – Macrolactamas possíveis de serem formadas a partir da benzamida GAX. .............. 45

iii

Figura 54 – orto-Iodobenzamidas com e sem unidade sacarídica e produtos das reações de

macrociclização radicalar. ....................................................................................... 45

Figura 55 – Retrossíntese da benzamida GAX. ........................................................................... 46

Figura 56 – Rota de síntese planejada para obtenção da iodobenzamida GAX. ......................... 47

Figura 57 – Substâncias submetidas aos testes de atividade antibacteriana e antifúngica. .......... 75

Figura 58 – Primeira etapa da rota de síntese – Formação do acetal benzilidênico. ................... 77

Figura 59 – Produtos de formação do acetal benzilidênico: 1,3-dioxano (anel de seis membros)

e 1,3-dioxalano (anel de cinco membros). .............................................................. 78

Figura 60 – Mecanismo de isomerização de acetal benzilidênico catalisada por ácido. .............. 78

Figura 61 – Mecanismo para a formação de GA2. ...................................................................... 79

Figura 62 – Reação química de eliminação do excesso de benzaldeído. .................................... 79

Figura 63 – Espectro no IV (ATR) de 4,6-O-benzilideno-α-D-galactopiranosídeo de metila – GA2. ..... 80

Figura 64 – Espectro de RMN de 1H (200 MHz, CDCl3) de 4,6-O-benzilideno-α-D-

galactopiranosídeo de metila – GA2. ...................................................................... 81

Figura 65 – Mapa de contornos COSY (200 MHz, CDCl3) de 4,6-O-benzilideno-α-D-

galactopiranosídeo de metila – GA2. ...................................................................... 81

Figura 66 – Espectro de RMN de 13C e DEPT 135 (50 MHz, CDCl3) de 4,6-O-benzilideno-α-D-

galactopiranosídeo de metila – GA2. ...................................................................... 82

Figura 67 – Mapa de contornos HMQC (200 MHz, CDCl3) de 4,6-O-benzilideno-α-D-

galactopiranosídeo de metila – GA2. ...................................................................... 83

Figura 68 – Segunda etapa da rota de síntese – O-benzilação das hidroxilas em C-2 e C-3 de GA2. ... 83

Figura 69 – Espectro no IV (ATR) de 2,3-di-O-benzil-4,6-O-benzilideno-α-D-

galactopiranosídeo de metila – GA3. .................................................................... 85

Figura 70 – Espectro de RMN de 1H (200 MHz, CDCl3) de 2,3-di-O-benzil-4,6-O-benzilideno-α-

D-galactopiranosídeo de metila – GA3. ................................................................... 86

Figura 71 – Espectro de RMN de 13C e DEPT 135 (50 MHz, CDCl3) de 2,3-di-O-benzil-4,6-O-

benzilideno-α-D-galactopiranosídeo de metila – GA3. ............................................. 87

Figura 72 – Terceira etapa da rota de síntese – Remoção do grupo acetal benzilidênico de GA3. ..... 87

Figura 73 – Fotografia de aparelho de microondas doméstico adaptado utilizado na remoção do

grupo acetal benzilidênico de GA3 (Departamento de Química/ICEx/UFMG). .......... 88

Figura 74 – Espectro no IV (ATR) de 2,3-di-O-benzil-α-D-galactopiranosídeo de metila – GA4. .... 89

iv

Figura 75 – Espectro de RMN de 1H (200 MHz, CDCl3) de 2,3-di-O-benzil-α-D-

galactopiranosídeo de metila – GA4. ...................................................................... 90

Figura 76 – Espectro de RMN de 13C e DEPT 135 (50 MHz, CDCl3) de 2,3-di-O-benzil-α-D-

galactopiranosídeo de metila – GA4. ....................................................................... 91

Figura 77 – Quarta etapa da rota de síntese – Substituição seletiva da hidroxila de C-6 de GA4

por iodo. .................................................................................................................. 91

Figura 78 – Mecanismo de substituição regiosseletiva da hidroxila de C-6 de GA4 por iodo. ...... 92

Figura 79 – Espectro no IV (ATR) de 2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-iodo-α-D-galactopiranosídeo

de metila – GA5. .................................................................................................... 93

Figura 80 – Espectro de RMN de 1H (200 MHz, CDCl3) de 2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-iodo-α-D-

galactopiranosídeo de metila – GA5. ........................................................................ 94

Figura 81 – Espectro de RMN de 13C e DEPT 135 (50 MHz, CDCl3) de 2,3-di-O-benzil-6-desoxi-

6-iodo-α-D-galactopiranosídeo de metila – GA5. ........................................................ 95

Figura 82 – Quinta etapa da rota de síntese – Substituição do átomo de iodo em C-6 de GA5

pelo grupo azido. .................................................................................................... 95

Figura 83 – Espectro no IV (ATR) de 6-azido-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-α-D-

galactopiranosídeo de metila – GA6. .................................................................... 96

Figura 84 – Espectro de RMN de 1H (200 MHz, CDCl3) de 6-azido-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-α-D-

galactopiranosídeo de metila – GA6. ......................................................................... 97

Figura 85 – Espectro de RMN de 13C e DEPT 135 (50 MHz, CDCl3) de 6-azido-2,3-di-O-benzil-6-

desoxi-α-D-galactopiranosídeo de metila – GA6. ........................................................ 98

Figura 86 – Sexta etapa da rota de síntese – Alilação da hidroxila em C-4 de GA6. ................... 98

Figura 87 – Equilíbrios envolvidos na O-alilação de GA6 por reação de catálise de

transferência de fase. ............................................................................................ 99

Figura 88 – Espectro no IV (ATR) de 4-O-alil-6-azido-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-α-D-

galactopiranosídeo de metila – GA7. .................................................................... 100

Figura 89 – Espectro de RMN de 1H (200 MHz, CDCl3) de 4-O-alil-6-azido-2,3-di-O-benzil-6-

desoxi-α-D-galactopiranosídeo de metila – GA7. .................................................. 101

Figura 90 – Seção expandida na região de δ 6,2 – 4,0 do espectro de RMN de 1H (200

MHz, CDCl3) de 4-O-alil-6-azido-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-α-D-

galactopiranosídeo de metila – GA7. .................................................................. 101

v

Figura 91 – Mapa de contornos COSY (200 MHz, CDCl3) de 4-O-alil-6-azido-2,3-di-O-benzil-6-

desoxi-α-D-galactopiranosídeo de metila – GA7. ................................................... 102

Figura 92 – Espectro de RMN de 13C e DEPT 135 (50 MHz, CDCl3) de 4-O-alil-6-azido-2,3-di-

O-benzil-6-desoxi-α-D-galactopiranosídeo de metila – GA7. ................................. 103

Figura 93 – Mapa de contornos HMQC (200 MHz, CDCl3) de 4-O-alil-6-azido-2,3-di-O-benzil-

6-desoxi-α-D-galactopiranosídeo de metila – GA7. ............................................... 103

Figura 94 – Redução do grupo azido de GA7. .......................................................................... 104

Figura 95 – Obtenção do cloreto de 3-iodobenzoíla a partir do ácido 3-iodobenzóico. .............. 105

Figura 96 – Síntese da iodobenzamida GAX por reação entre GA8 e cloreto de 3-iodobenzoíla. ... 105

Figura 97 – Espectro no IV (ATR) de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-(3-iodobenzoilamino)-α-D-

galactopiranosídeo de metila – GAX. ........................................................................ 106

Figura 98 – Espectro de RMN de 1H (400 MHz, CDCl3) de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-(3-

iodobenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de metila – GAX. ..................................... 108

Figura 99 – Seção expandida na região de δ 8,1 – 7,1 do espectro de RMN de 1H (400 MHz,

CDCl3) de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-(3-iodobenzoilamino)-α-D-

galactopiranosídeo de metila – GAX. ................................................................... 108

Figura 100 – Seção expandida na região de δ 6,8 – 4,1 do espectro de RMN de 1H (400 MHz,

CDCl3) de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-(3-iodobenzoilamino)-α-D-

galactopiranosídeo de metila – GAX. ..................................................................... 109

Figura 101 – Seção expandida na região de δ 4,1 – 3,2 do espectro de RMN de 1H (400 MHz, CDCl3)

de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-(3-iodobenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de

metila – GAX. ....................................................................................................... 109

Figura 102 – Mapa de contornos COSY (400 MHz, CDCl3) de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-

6-(3-iodobenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de metila – GAX. ............................. 110

Figura 103 – Espectro de RMN de 13C e DEPT 135 (100 MHz, CDCl3) de 4-O-alil-2,3-di-O-

benzil-6-desoxi-6-(3-iodobenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de metila – GAX. .... 111

Figura 104 – Mapa de contornos HMQC (400 MHz, CDCl3) de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-

6-(3-iodobenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de metila – GAX. ............................. 112

Figura 105 – Espectros de massas [ESI(+)-MS] e análise seqüencial [ESI(+)-MS/MS] de 4-

O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-(3-iodobenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo

de metila – GAX. ................................................................................................ 113

vi

Figura 106 – Proposta de fragmentação para o íon de m/z 644 após análise seqüencial de 4-

O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-(3-iodobenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo

de metila – GAX. ................................................................................................. 113

Figura 107 – Reação de macrociclização radicalar de GAX e seus possíveis produtos. ............ 114

Figura 108 – Mecanismo de formação das macrolactamas GAXA e GAXB e do produto de

hidrogenólise GAXC, por reação radicalar com hidreto de tri-n-butilestanho. ...... 116

Figura 109 – Espectro no IV (ATR) de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-benzoilamino-α-D-

galactopiranosídeo de metila – GAXC. ................................................................ 118

Figura 110 – Espectro de RMN de 1H (400 MHz, CDCl3) de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-

benzoilamino-α-D-galactopiranosídeo de metila – GAXC. .................................... 119

Figura 111 – Seção expandida na região de δ 7,9 – 7,1 do espectro de RMN de 1H (400 MHz,

CDCl3) de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-benzoilamino-α-D-

galactopiranosídeo de metila – GAXC. ............................................................... 119

Figura 112 – Mapa de contornos COSY (400 MHz, CDCl3) de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-

6-benzoilamino-α-D-galactopiranosídeo de metila – GAXC. ................................... 120

Figura 113 – Espectro de RMN de 13C e DEPT 135 (100 MHz, CDCl3) de 4-O-alil-2,3-di-O-

benzil-6-desoxi-6-benzoilamino-α-D-galactopiranosídeo de metila – GAXC. .......... 121

Figura 114 – Mapa de contornos HMQC (400 MHz, CDCl3) de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-

6-benzoilamino-α-D-galactopiranosídeo de metila – GAXC. ................................... 121

Figura 115 – Espectros de massas [ESI(+)-MS] e análise seqüencial [ESI(+)-MS/MS] de 4-

O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-benzoilamino-α-D-galactopiranosídeo de

metila – GAXC. ................................................................................................... 122

Figura 116 – Proposta de fragmentação para o íon de m/z 518 após análise seqüencial de 4-

O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-benzoilamino-α-D-galactopiranosídeo de

metila – GAXC. ................................................................................................... 122

Figura 117 – Produto obtido da segunda reação radicalar de GAX: 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-

desoxi-6-(3-fenilbenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de metila (GAXD). ............ 123

Figura 118 – Proposta de mecanismo para a formação de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-(3-

fenilbenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de metila – GAXD. .............................. 124

Figura 119 – Espectro de RMN de 1H (400 MHz, CDCl3) de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-

(3-fenilbenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de metila – GAXD. ......................... 125

vii

Figura 120 – Seção expandida na região de δ 8,0 – 7,0 do espectro de RMN de 1H (400 MHz,

CDCl3) de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-(3-fenilbenzoilamino)-α-D-

galactopiranosídeo de metila – GAXD. .............................................................. 126

Figura 121 – Mapa de contornos COSY (400 MHz, CDCl3) de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-

6-(3-fenilbenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de metila – GAXD......................... 126

Figura 122 – Espectro de RMN de 13C (50 MHz, CDCl3) de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-(3-

fenilbenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de metila – GAXD. ................................ 128

Figura 123 – Espectro de DEPT 135 (50 MHz, CDCl3) de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-(3-

fenilbenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de metila – GAXD. ............................... 128

Figura 124 – Mapa de contornos HMQC (400 MHz, CDCl3) de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-

6-(3-fenilbenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de metila – GAXD. ....................... 129

Figura 125 – Mapa de contornos HMBC (400 MHz, CDCl3) de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-

6-(3-fenilbenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de metila – GAXD. ....................... 129

Figura 126 – Seção expandida do mapa de contornos HMBC (400 MHz, CDCl3) de 4-O-alil-2,3-di-O-

benzil-6-desoxi-6-(3-fenilbenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de metila – GAXD. ..... 130

Figura 127 – Espectros de massas [ESI(+)-MS] e análise seqüencial [ESI(+)-MS/MS] de 4-O-

alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-(3-fenilbenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de

metila – GAXD. .................................................................................................... 131

Figura 128 – Proposta de fragmentação para o íon de m/z 594 após análise seqüencial de 4-O-

alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-(3-fenilbenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de

metila – GAXD. .................................................................................................... 131

Figura 129 – Conformações syn e anti de 7 e dos respectivos radicais, conformação 7a’’

estabilizada por ligação de hidrogênio e formação do macrociclo 8. .................... 133

Figura 130 – Conformações syn e anti de 18 e dos respectivos radicais, conformação de 18a’

estabilizada por ligação de hidrogênio e formação do macrociclo 19. ................... 134

Figura 131 – Conformações syn e anti de GAX e dos respectivos radicais e formação de GAXC

e GAXD. ................................................................................................................ 135

viii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Quantidade de reagentes utilizados na reação de obtenção de GA2 ......................... 50

Tabela 2 – Dados físico-químicos e espectrométricos de GA2 .................................................... 51

Tabela 3 – Quantidade de reagentes utilizados na reação de obtenção de GA3 .......................... 52

Tabela 4 – Dados físico-químicos e espectrométricos de GA3 .................................................... 53

Tabela 5 – Quantidade de reagentes utilizados na reação de obtenção de GA4 ......................... 55

Tabela 6 – Dados físico-químicos e espectrométricos de GA4 .................................................... 55

Tabela 7 – Quantidade de reagentes utilizados na reação de obtenção de GA5 ......................... 57

Tabela 8 – Dados físico-químicos e espectrométricos de GA5 .................................................... 57

Tabela 9 – Quantidade de reagentes utilizados na reação de obtenção de GA6 ......................... 59

Tabela 10 – Dados físico-químicos e espectrométricos de GA6 .................................................. 59

Tabela 11 – Quantidade de reagentes utilizados na reação de obtenção de GA7 ....................... 61

Tabela 12 – Dados físico-químicos e espectrométricos de GA7 .................................................. 62

Tabela 13 – Quantidade de reagentes utilizados na reação de obtenção de GAX ...................... 66

Tabela 14 – Dados físico-químicos e espectrométricos de GAX ................................................. 66

Tabela 15 – Condições empregadas nas reações radicalares e rendimentos de produtos isolados ... 70

Tabela 16 – Dados físico-químicos e espectrométricos de GAXC ............................................... 70

Tabela 17 – Dados físico-químicos e espectrométricos de GAXD ............................................... 73

Tabela 18 – Microorganismos utilizados para os testes de atividade antimicrobiana ................... 76

ix

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

[α]D rotação específica

AIBN 2,2-azobisisobutironitrila

ATR Attenuated Total Reflectance

Bn Benzila

Bu3SnH Hidreto de tri-n-butilestanho

oC graus Celsius

CCD Cromatografia em Camada Delgada

CCS Cromatografia em Coluna de Sílica

C ipso Carbono aromático sem hidrogênio

COSY homonuclear COrelation SpectroscopY

δ deslocamento químico (RMN) / deformação angular (IV)

d dupleto

dd dupleto duplo

ddd dupleto duplo duplo

dddd dupleto duplo duplo duplo

ddl dupleto duplo largo

DEPT Distortionless Enhancement by Polarization Transfer

dl dupleto largo

DMF N-N-Dimetilformamida

DMSO Dimetilsulfóxido

F.F. Faixa de Fusão

F.M. Fórmula Molecular

HMBC Heteronuclear Multiple Bond Coherence

HMQC Heteronuclear Multiple Quantum Coherence

IV Infravermelho

x

J constante de acoplamento escalar spin nuclear-spin nuclear

m multipleto

M.M. Massa Molar

m/m massa por massa

MO Irradiação microondas

m/v massa por volume

ν número de onda

ν deformação axial

p. página

qd quarteto duplo

RMN de 13C Ressonância Magnética Nuclear de Carbono 13

RMN de 1H Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio

s simpleto

sl sinal largo

t tripleto

t.a. temperatura ambiente

td tripleto duplo

tdd tripleto duplo duplo

THF Tetraidrofurano

TMS Tetrametilsilano

tt tripleto triplo

Vol. Volume

v/v volume por volume

xi

RESUMO

Os macrociclos apresentam importantes atividades biológicas e muitos deles, ou seus derivados,

são usados como fármacos (eritromicina, ciclosporina, vancomicina e anfotericina B). Entre os

macrociclos que apresentam atividades biológicas encontram-se as macrolactamas, como a

vicenistatina, ascomicina, pimecrolimus, entre outros.

Embora a síntese de macrociclos seja considerada um dos maiores desafios da síntese orgânica,

a diversidade estrutural e o potencial bioativo são estímulos para diversos grupos de pesquisa

investigarem a síntese dessas substâncias. Diversas metodologias são usadas para a síntese de

macrociclos, entre as quais a carbociclização radicalar mediada por hidreto de tri-n-butilestanho

(Bu3SnH).

Com o intuito de se verificar o papel de carboidratos e de sua estereoquímica em

macrociclizações mediadas por hidreto de tri-n-butilestanho, assim como as influências dos

grupos envolvidos diretamente na reação de ciclização e de suas posições relativas na unidade

sacarídica, o grupo do Laboratório de Química Farmacêutica da Faculdade de Farmácia/UFMG,

em parceria com o Departamento de Química do ICEx/UFMG (QF/DQ/UFMG), vem

desenvolvendo um programa de pesquisa de síntese de benzomacrolactamas por reação de

carbociclização radicalar mediada por hidreto de tri-n-butilestanho.

No âmbito deste programa, foi sintetizada a m-aliloxiiodobenzamida inédita 4-O-alil-2,3-di-O-

benzil-6-desoxi-6-(3-iodobenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de metila (GAX), que foi submetida

à reação de carbociclização radicalar com Bu3SnH. Foram realizadas quatro reações de GAX com

Bu3SnH em diferentes condições (solvente, diluição e tempo de adição dos reagentes). De

nenhuma das reações isolaram-se macrolactamas. O produto acíclico reduzido, 4-O-alil-2,3-di-O-

benzil-6-desoxi-6-benzoilamino-α-D-galactopiranosídeo de metila (GAXC), foi isolado de três

reações. Em uma das reações, em que a diluição e o tempo de adição dos reagentes foram

maiores, isolou-se o produto inédito e inesperado, 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-(3-

fenilbenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de metila (GAXD), formado por reação entre o radical

arila proveniente de GAX e benzeno, o solvente da reação.

As estruturas dos produtos obtidos foram elucidadas pelos seus espectros no IV, de RMN de 1H e

de 13C e experimentos de RMN 2D, além de massas de alta resolução e exatidão, em alguns casos.

A m-aliloxiiodobenzamida GAX, os produtos isolados das reações radicalares (GAXC e GAXD) e

dois intermediários (GA6 e GA7) foram submetidos a testes de atividade antimibacteriana e

antifúngica e não demonstraram atividade.

Palavras-chave: carbociclização radicalar, benzomacrolactamas, meta-iodobenzamida

xii

ABSTRACT

Macrocycles display remarkable biologic activities and many of these compounds, or their

derivatives, are used as drugs, among them, erythromycin, ciclosporin, vancomycin and

anphotericin B. Among macrocycles with biological activities, there are the macrolactams, as

vicenistatin, ascomycin, pimecrolimus, and others.

Although macrocycles synthesis is considered one of the greatest challenges in organic synthesis,

the immense chemical diversity and the bioactive potential of these compounds have been

stimulating their synthesis investigation. Different methodologies can be used for macrocycles

synthesis, among them, the tri-n-butyltin hydride-mediated radical carbocyclization reaction.

To investigate the carbohydrates role and their stereochemistry in macrocyclizations by tri-n-

butyltin hydride, as well as the influence of the groups directly involved in the cyclization reaction

and their relative position in the carbohydrate, the research group of “Laboratório de Química

Farmacêutica/Faculdade de Farmácia/UFMG”, in partnership with “Departamento de Química/

ICEx/UFMG” (QF/DQ/UFMG), have been developing researches related to benzomacrolactams

synthesis by tri-n-butyltin hydride-mediated radical carbocyclization reaction.

Carrying on this research program, it was synthesized the m-allyloxyiodobenzamide methyl 4-O-

allyl-2,3-di-O-benzyl-6-deoxy-6-(3-iodobenzoylamino)-α-D-galactopyranoside (GAX), which was

undergone to Bu3SnH-mediated radical carbocyclization reactions. Four reactions of GAX with

Bu3SnH were carried out, in different conditions (reagents concentration and addition time,

solvent). Macrolactams were not isolated from any reaction. The acyclic reduction product, methyl

4-O-allyl-2,3-di-O-benzyl-6-deoxy-6-benzoylamino-α-D-galactopyranoside (GAXC) was isolated from

three reactions. In one of the reactions, which the reagents dilution and addition time were bigger

than in other reactions, it was got an unexpected and unheard product, methyl 4-O-allyl-2,3-di-O-

benzyl-6-deoxy-6-(3-phenylbenzoylamino)-α-D-galactopyranoside (GAXD). This product was formed

by attack of aryl radical from GAX on benzene, the reaction solvent.

The structures of the synthesized compounds were elucidated by their IR and NMR spectra (1H, 13C and 2D experiments). It was also obtained the high resolution mass spectra of GAX, GAXC

and GAXD.

The m-allyloxyiodobenzamide GAX, the products isolated from radical reactions (GAXC and

GAXD), GA6 and GA7 were undergone to antibacterial and antifungal tests and did not show any

activity.

Keywords: radical carbocyclization, benzomacrolactams, meta-iodobenzamide

INTRODUÇÃO

1

1 INTRODUÇÃO

A síntese de macrociclos tem despertado grande interesse graças à importância que estas

substâncias apresentam na química, biologia e medicina. Os macrociclos poliméricos e aqueles

usados na produção de perfumes constituem produtos de alto interesse econômico, mas a maior

importância desta classe de substâncias encontra-se na área farmacêutica (RAMASESHAN et al.,

2000; BLANKENSTEIN; ZHU, 2005). As atividades biológicas dos macrociclos, que apresentam

uma enorme variedade estrutural, são atribuídas, em parte, a uma característica comum: a

restrição conformacional em relação a compostos de cadeia aberta (RAMASESHAN et al., 2000;

STACHEL et al., 2006).

Vários fármacos importantes, atualmente em uso na terapêutica, contêm macrociclos em suas

estruturas, como a eritromicina, azitromicina, vancomicina e anfotericina B (NEWMAN et al., 2000;

RAMASESHAN et al., 2000; BLANKENSTEIN; ZHU, 2005; SILVEIRA et al., 2006). As estruturas

químicas destes macrociclos podem ser visualizadas na Figura 1.

Eritromicina

O

HOO

CH3H3C

OH

CH3

OH3C

O

CH3

OCH3

H3C

HO

OCH3

OH

CH3

OCH3

N(CH3)2

CH3

OH

O

Azitromicina

O

HOO

NCH3H3C

CH3

OH

CH3

OH3C

O

CH3

OCH3

H3C

HO

OCH3

OH

CH3

OCH3

N(CH3)2

CH3

OH

+

O

OH

OHOHO

O

OH

H3C

NH2

CH3

O

OO

Cl

Cl

NH

O

NH

O

NH

O

OH

NH

HO

NH2

NH

CH3

CH3

OH

-OOC

O

HO

NHO

O

OHO

NH2CH3

Vancomicina

O

HOH2N

OHCH3

CH3

O

O

OH H

COOH

OH

OHOH

OH

OHOH

O

H3C

O

HO

CH3Anfotericina B

Figura 1 – Estruturas químicas de fármacos macrocíclicos.

INTRODUÇÃO

2

Entre os macrociclos que são agentes bioativos encontram-se as macrolactamas, cujas atividades

biológicas podem ser atribuídas, em parte, ao fato de elas serem macrociclos e amidas. Em um

trabalho publicado recentemente, no qual são apresentados dados relativos a 128 candidatos a

fármacos que se encontram em desenvolvimento em três grandes indústrias farmacêuticas, é

relatado que 12% das reações realizadas na síntese das 128 substâncias são de acilação,

especialmente N-acilações. Os autores consideram que este dado não surpreende, uma vez que

as amidas estão presentes em um grande número de fármacos. Além disso, de 53 fármacos que,

em 2003, foram responsáveis pela arrecadação acima de um bilhão de dólares, nove apresentam

o grupo amida e três o grupo sulfonamida (CAREY et al., 2006).

Tendo em vista sua importância, as macrolactamas vêm sendo amplamente estudadas sob vários

aspectos: isolamento e elucidação estrutural de produtos naturais, síntese, modificações

moleculares, estudos de relação estrutura química-atividade biológica, mecanismo de ação e

triagem clínica.

1.1 MACROLACTAMAS NATURAIS E SEMI-SINTÉTICAS COM ATIVIDADE BIOLÓGICA

Diversos depsipeptídeos macrocíclicos apresentam atividade biológica: criptoficina A (atividade

antitumoral – PATEL et al., 1999), hapalosina (atividade citotóxica leve – WAGNER et al., 1999) e

estevastelina B (inibe ativação de células T e B – KOHYAMA; YAMAMOTO, 2001) (FIGURA 2).

O NH

NO

O

O

H

O

O

HH3C

O Cl

OCH3

Criptoficina A

O NH

NHN

O

OH

C13H27

OO

OH

AcO

O

H

Estevastelina B

O

O N

O

OO

CH3

OH

Hapalosina

Figura 2 – Estruturas químicas de depsipeptídeos com atividade biológica.

Depsipeptídeos cíclicos foram isolados de cianobactéria marinha (Lyngbya majuscula), em 2000,

e foram denominados lingbiabelinas A e B (FIGURA 3). Ambas apresentam atividade contra

INTRODUÇÃO

3

células tumorais, sendo a atividade in vitro da lingbiabelina A ligeiramente superior à da

lingbiabelina B (LUESCH et al., 2000; MILLIGAN et al., 2000; YOKOKAWA et al, 2002).

O

ONS

HN HN

N

S

OO Cl Cl

HO

O

O H

Lingbiabelina A

O

ONS

HN HN

N

S

OO Cl Cl

HO

O

O

Lingbiabelina B

Figura 3 – Estruturas químicas das lingbiabelinas A e B.

A indolactama-V e benzolactama-V8 (FIGURA 4), macrolactamas de 9 e 8 membros,

respectivamente, ligam-se à proteína quinase C, uma enzima fundamental envolvida na

transdução celular, ativando-a para a promoção de tumores. Esta atividade parece estar

diretamente relacionada à presença do hidrogênio da amida, uma vez que lactonas análogas não

exibiram esta atividade (NAKAGAWA et al., 2001).

(-) Indolactama-V

N

H

NN

OH

O

H

NN

O

H

OH

Benzolactama -V8

Figura 4 – Estruturas químicas das macrolactamas indolactama-V e benzolactama-V8.

A vicenistatina (FIGURA 5), uma macrolactama de 20 membros ligada a um aminoaçúcar

(vicenisamina) e produzida por Streptomyces halstedii HC-34, apresenta atividade antitumoral

(SHINDO et al., 1993).

O

OH

H3CHN

CH3

O N

H

O

Vicenistatina

Figura 5 – Estrutura química da vicenistatina.

INTRODUÇÃO

4

Algumas macrolactamas que apresentam atividade biológica têm açúcares em sua estrutura,

como é o caso da vicenistatina (FIGURA 5) e de fluvirucinas (FIGURA 6) isoladas como produtos

da fermentação de Actinomadura sp. As fluvirucinas A1, A2, B4 e B5 apresentam atividade contra

influenza A (NARUSE et al., 1991; MARTÍN, et al., 1999) e as fluvirucinas B1, B2 e B3, além da

atividade antiviral (NARUSE et al., 1991; MARTÍN, et al., 1999), demonstraram atividade

antifúngica contra Candida ssp. e contra dermatófitos (HEGDE et al., 1990, 1991, 1992; COOPER

et al., 1992; PUAR et al., 1992).

R = CH3 Fluvirucina A1

R = CH(OH)CH3 Fluvirucina A2

HN

O

R3 R1

O

OOH

Me

OH

NHR4

R2

R1=R3=CH3, R2=H, R4=H [SCH 38516]=Fluvirucina B1

R1=R2=R3=CH3, R4=H [SCH 39185]=Fluvirucina B3

R1=R2=R3=CH3, R4=CONHCH2CH2Ph Fluvirucina B5

HN

O

R3 R1

O

OOH

Me

NHR4

OHR2

R1=R2=R3=CH3, R4=H [SCH 38518]=Fluvirucina B2

R1=R2=R3=CH3, R4=CONHCH2CH2Ph Fluvirucina B4

N

O

H

R

O

OOH

H2N

OHMe

Figura 6 – Estruturas químicas de fluvirucinas.

A ascomicina (FIGURA 7) é um produto de fermentação de Streptomyces hygroscopicus com

atividade antifúngica e imunomodulatória (ARAI et al., 1962; BULUSU et al., 2004), mas com baixa

solubilidade em meio aquoso. Kawai e colaboradores sintetizaram um derivado hidroxilado na

posição 33 (FIGURA 7) que manteve a atividade imunossupressora da ascomicina in vivo e in

vitro e é 100 vezes mais solúvel em meio aquoso em pH 6,5 e 300 vezes mais solúvel em pH 7,4

(KAWAI et al., 1998).

INTRODUÇÃO

5

O

O

O

OH

HO

O

O

O

OH

O

NO

O

OH

O

O

O

OH

HO

O

O

O

OH

O

NO

O

Derivado hidroxilado em C-33Ascomicina

Figura 7 – Estruturas químicas da ascomicina e de seu derivado hidroxilado em C-33.

A atividade imunomoduladora de certas substâncias, como a apresentada pela ascomicina, é de

grande interesse pela variedade de enfermidades que podem ser tratadas com estes compostos.

Diversas macrolactamas com atividade imunomoduladora têm sido utilizadas como alternativa aos

glicocorticóides no tratamento tópico de doenças inflamatórias crônicas de pele. A ciclosporina

(FIGURA 8), produzida pelo fungo Tolypocladium inflatum, embora apresente atividade

imunossupressora, não é utilizada topicamente em função de sua reduzida penetração na pele. É

de uso sistêmico e apresenta algumas desvantagens relacionadas a efeitos imunossupressores

inespecíficos, além de efeitos adversos como hipertensão e nefrotoxicidade. Os efeitos

imunomodulatórios estão relacionados também à inibição de mecanismos de defesa contra

tumores, e a incidência de câncer de pele é maior em pacientes tratados com ciclosporina

(BORNHOVD et al., 2001).

O tacrolimus (FK506, FIGURA 8) foi isolado em 1984 de uma cultura de Streptomyces

tsukubaensis e apresenta atividade imunossupressora semelhante à da ciclosporina in vivo e in

vitro. Quimicamente, o tacrolimus é um análogo da ascomicina (FIGURA 7). É altamente

hidrofóbico e, assim como a ciclosporina, atua inibindo a ativação e maturação de células T. O uso

oral do tacrolimus para profilaxia e tratamento de rejeição após transplante de fígado e rim é

comum em diversos países e o uso sistêmico para tratamento de psoríase foi primeiramente

descrito em 1992. O tacrolimus é eficaz no tratamento sistêmico de eczema atópico, alopecia

areata, síndrome de Sézary e pioderma gangrenoso. Os efeitos adversos do tacrolimus, quando

utilizado de forma sistêmica, são semelhantes aos da ciclosporina. Sua penetração tópica é

altamente variável, dependendo da concentração, veículo e integridade da pele (a absorção é

maior em peles com processo inflamatório). Na forma de pomadas, o tacrolimus, em geral, atinge

a concentração terapêutica para tratamento de dermatite atópica. O efeito adverso mais comum,

INTRODUÇÃO

6

no caso de uso tópico, é sensação de queimação e calor após administração do fármaco

(DUMONT, 2000; BORNHOVD et al., 2001).

O pimecrolimus (32-epicloroascomicina, SDZ ASM 981, Elidel®, FIGURA 8) é outro derivado da

ascomicina e foi desenvolvido especificamente para uso tópico. Seus efeitos clínicos são

semelhantes aos do tacrolimus e sua eficácia no tratamento da dermatite atópica foi demonstrada

após um estudo duplo cego realizado em 1998 (GRASSBERGER et al., 1999; BORNHOVD et al.,

2001; BULUSU et al., 2004).

Uma outra macrolactama imunomoduladora é o sirolimus (FIGURA 8), também chamado de

rapamicina. É um metabólito secundário fúngico e interfere no ciclo celular em uma fase posterior

à interferência verificada no caso da ciclosporina, tacrolimus e pimecrolimus. Foi aprovado para

uso oral nos EUA em 1999 para prevenção de rejeição no caso de transplante de fígado e há

estudos indicando sucesso no caso de transplante renal, mas ainda não há dados com relação ao

seu uso por via tópica (BORNHOVD et al., 2001; WAGNER, et al., 2005). A rapamicina apresenta

um tempo de meia-vida extremamente longo (63 horas), e no caso de exposição prolongada de

pacientes a este fármaco há grande risco de toxicidade. Em 2005, Wagner e colaboradores

relataram a síntese de análogos da rapamicina (substituição da hidroxila em C-40 por um tetrazol

e um carbamato), que apresentaram atividade imunossupressora, mas menor tempo de meia-vida

que a rapamicina (WAGNER et al., 2005).

INTRODUÇÃO

7

OCH3

O O HO

CH3O

N

OHO

O

R

CH3O

O

O O

R = N

NN

NAnálogo tetrazólico

R =

O NOCH3

CH3

O

Análogo carbamato

TacrolimusPimecrolimus

Ciclosporina

N

N

N

N

N

NN

N

N

N

N

OO O

O

O

O

O

O

OO O

HO

HH

H

H

O

O

O

OH

HO

O

O

O

OH

O

NO

O

O

O

O

OH

Cl

O

O

O

OH

O

NO

O

R = OH Rapamicina = Sirolimus

Figura 8 – Estruturas químicas de substâncias com atividade imunomoduladora.

A leinamicina (FIGURA 9), produzida por Streptomyces atroolivaceus, é uma macrolactama de 18

membros que contém em sua estrutura o anel tiazólico e apresenta atividade antimicrobiana

contra bactérias Gram positivas e Gram negativas, mas não contra fungos. Apresenta também

potente atividade antitumoral, principalmente contra tumores clinicamente resistentes a outros

fármacos anticancerígenos, como cisplatina, doxorrubicina, mitomicina e ciclofosfamida

(PATTENDEN; THOM, 1993; CHENG et al., 2002). Estudos recentes de síntese e avaliação da

citotoxicidade de análogos da leinamicina demonstram a importância desta classe de substâncias

(SZILAGYI et al., 2006).

INTRODUÇÃO

8

S

NNH O

S S

OH

O

O

OH

O

Leinamicina

Figura 9 – Estrutura química da leinamicina.

Nishio e colaboradores isolaram dois novos antibióticos do tipo trieno-ansamicinas de cepa de

Streptomyces sp. (amostra de solo), que foram denominados TCM-135 A e B (FIGURA 10). Os

dois compostos apresentaram também potente atividade antitumoral contra diversos tipos de

células tumorais, sendo o TCM-135 A cerca de 10 vezes mais potente que o TCM-135 B (NISHIO

et al., 2000). Na Figura 10 encontram-se as estruturas de outras ansamicinas com atividade

antitumoral: a geldanamicina, que possui derivados em triagem clínica para tratamento de câncer,

a trienomicina A e a reblastatina (TAKATSU et al., 2000; STEAD, et al., 2000; LEMARCHAND;

BACH, 2004; PENG; BLAGG, 2006).

N

MeO

MeO

OCONH2

OHO

O

MeOO

H

Geldanamicina

N

MeO

MeO

OCONH2

OH

MeOO

H

OH

Reblastatina

S

HN

O

NH

CH3O

OCH3O

HO

H3C

OH

N

H

O

O

TCM-135A

NH

CH3O

OCH3O

HO

H3C

OH

N

H

O

O

NH

S

O

TCM-135B

Trienomicina A

NH

CH3O

OCH3O

HO

H3C

N

H

O

O

OH

CH3

Figura 10 – Estruturas químicas de ansamicinas.

INTRODUÇÃO

9

Três macrolactamas foram isoladas entre os produtos de fermentação de cepas de Tü 6239, uma

nova espécie de Streptomyces obtida de amostras de solo em São José do Rio Preto: ripromicina,

ikarugamicina e um epóxido da ikarugamicina (FIGURA 11). A ikarugamicina tem atividade

antiprotozoária e as três substâncias demonstraram atividade antibiótica contra bactérias Gram

positivas e efeito citostático sobre diferentes tipos de células tumorais humanas (BERTASSO et

al., 2003).

NH

HN

O

O

HO

O

H3C

H3C

H H

H H

H

H

H

Ikarugamicina

H3C

H3C

OH3C

O

NH

HN

O

O

HO

O

Ripromicina

NH

HN

O

O

HO

O

H3C

H3C

O

H

H

H

H

H

H

H

Epóxido da ikarugamicina

Figura 11 – Estruturas químicas de produtos de fermentação de cepas deTü 6239.

A maitansina (FIGURA 12) é um potente agente antitumoral da classe dos benzoansamacrolídeos

maitansinóides, que foi isolada originalmente em 1972 de cascas do arbusto africano Maytenus

ovatus (KUPCHAN et al., 1972). Apesar de a maitansina apresentar atividade antimitótica muitas

vezes superior à da vincristina e vinblastina em testes in vitro, esta substância demonstrou baixo

índice terapêutico nas triagens clínicas de fase I e II e se tornou um dos muitos agentes

citotóxicos que não chegaram à fase de uso terapêutico (YU; FLOSS, 2005; WIDDISON et al.,

2006). No entanto, a maitansina passou a ser um protótipo para a obtenção de agentes

antitumorais mais potentes, como o maitansinóide com um grupo metilditiopropanoíla (FIGURA

12) em substituição ao grupo acetila presente na maitansina (WIDDISON et al., 2006).

INTRODUÇÃO

10

Derivado da MaitansinaMaitansina

N

O

N

O

CH3 H3COOH H

O

HCH3

ON CH3

O

CH3

CH3

O

OH3CCl

CH3O

N

O

N

O

CH3 H3COOH H

O

HCH3

O

O

OH3CCl

CH3O

N

CH3 O

SS

CH3

CH3

Figura 12 – Estruturas químicas da maitansina e de seu derivado contendo o grupo dissulfeto.

As mixovirescinas são macrolactamas de 28 membros isoladas da fermentação de Myxococcus

virescin e o principal componente é a mixovirescina A1 (FIGURA 13), que inibe o crescimento de

E. coli e de outras enterobactérias (TROWITZSCH et al., 1982; ONISHI et al., 1984; WILLIAMS;

LI, 1994).

O

HN

O

OCH3CH3

CH3

OH

OH

OH

CH3

O

CH2OCH3

Mixovirescina A1

Figura 13 – Estrutura química da mixovirescina A1.

Macrolactamas contendo um dímero de tirosina em suas estruturas químicas (FIGURA 14)

apresentam importantes atividades biológicas. O composto K-13, produzido por Micromonospora

halophytica, é um potente inibidor não competitivo da enzima conversora da angiotensina (ECA) e

apresenta atividade anti-hipertensiva. A substância OF-4949-I, assim como outras produzidas pelo

fungo Penicilium rugulosum, é inibidora da aminopeptidase B. A bastadina-5, produzida por

Ianthella basta, bloqueia canais de cálcio do retículo sarcoplasmático e é usada no tratamento de

enfermidades relacionadas a músculos esquelético e cardíaco (MACK et al., 1994; BAILEY et al.,

1999; MASUNO et al., 2006). Masuno e colaboradores relataram a síntese de uma série de

macrolactamas de 14 e 18 membros, análogos simplificados da bastadina-5, potenciais agentes

para o tratamento de arritmias e falhas cardíacas (MASUNO et al., 2006).

INTRODUÇÃO

11

HO

NHN

OH

O

O

O

NHAc

HO2C

H

K-13

OH

O

CO2HH2N

NHHN

O

O

HO CONH2

OF-4949-I

OH

O

NH

ONH

Br

HO

Br

O

N

OH

Br

Br

Br

ONHO

Bastadina-5

Figura 14 – Estruturas químicas de macrolactamas contendo dímero de tirosina.

Ustiloxinas e fomopsinas (FIGURA 15) são macrolactamas de 13 membros com potente atividade

antimitótica, que se ligam à tubulina e interferem na função microtubular celular. Ustiloxinas (A – D

e F) foram isoladas do fungo Ustilaginoidia virens e as fomopsinas A e B de culturas de

Phomopsis leptostromiformis (CULVENOR et al., 1977; KOISO et al., 1992; LI et al., 2006).

N

O

ONH

HO

H

N

O

Et

OH

MeHN

O

H

R

NN

CO2H

CO2H

OH

H

Et

O

H

Fomopsina A

Fomopsina B

R = Cl

R = H

N

O

ONH

HO

H

N CO2H

H

O

Et

OH

MeHN

O

H R2

R1

CH3HUstiloxina F

CH(CH3)2HUstiloxina D

CH3HOS

O

Ustiloxina C

CH3HO2CS

ONH2 OH

Ustiloxina B

CH(CH3)2Ustiloxina A HO2CS

ONH2 OH

R1 Composto R2

Figura 15 – Estruturas químicas de ustiloxinas e de fomopsinas.

INTRODUÇÃO

12

1.2 MACROLACTAMAS SINTÉTICAS COM ATIVIDADE BIOLÓGICA

Embora a síntese de macrociclos seja considerada um dos maiores desafios da síntese orgânica,

diversos grupos de pesquisa têm se dedicado à síntese desses potenciais agentes bioativos

(BLANKENSTEIN; ZHU, 2005), inclusive de macrolactamas.

Gentile e colaboradores relataram a síntese de duas macrolactamas diméricas e uma tetramérica

(FIGURA 16). Os três macrociclos apresentaram moderada atividade citotóxica em testes in vitro

(GENTILE et al., 2000).

Macrolactamas diméricas

N

N

OO

H

H

O

OO

O

N

N

OO

H

H

O

O

OPh

O

OH

NHO

O

Macrolactama tetramérica

N

N

NO

O

O

N

O

O

O

O

O

O

O

O

O

H

H

H

H

Figura 16 – Estruturas químicas de macrolactamas diméricas e tetramérica.

Ojima e colaboradores descreveram a síntese de uma série de macrociclos taxóides, derivados

conformacionalmente restritos do paclitaxel (Taxol®, quimioterápico de ampla utilização), e

relataram os resultados dos testes de citotoxicidade dos novos compostos. Dos produtos obtidos,

uma lactama e um carbamato (FIGURA 17) destacaram-se quanto à atividade citotóxica (OJIMA

et al., 2002).

INTRODUÇÃO

13

Macrociclos taxóides

O

NH

O

O

O

O

HO

O

OHH

OHOAcO

OAc

OO

NH

O O

O

HO

O

OHH

OHOAcO

OAc

O

Paclitaxel

OH

OH

OH

OAcO

OBz OAc

OPh

O

OH

NHBz

Figura 17 – Estruturas químicas de macrociclos taxóides e do paclitaxel.

Considerando a necessidade de se obter novos derivados de quinolonas em função do alarmante

surgimento de bactérias resistentes a esta importante classe de agentes antibacterianos e que

macrociclos de 14 membros são capazes de inibir o processo de translação bacteriana, Jefferson

e colaboradores sintetizaram e avaliaram a atividade antibacteriana de uma série de “conjugados

quinolona-macrociclo”. Observou-se que conjugados derivados do ácido nalidíxico (FIGURA 18)

foram menos potentes que a quinolona de origem e que dois conjugados, um derivado da

ofloxacina e outro da ciprofloxacina (FIGURA 18), apresentaram atividade contra E. coli e S.

aureus semelhante às das quinolonas. Com o objetivo de verificar se o conjugado da ofloxacina

era um pró-fármaco, ou seja, se a atividade antibacteriana se devia à liberação da quinolona por

hidrólise da ligação amídica, foi sintetizado um análogo de cadeia aberta (FIGURA 18), que

também seria susceptível à hidrólise e, portanto apresentaria atividade semelhante. No entanto, o

derivado de cadeia aberta foi inativo, indicando que a presença da unidade macrocíclica,

conformacionalmente restrita, é importante para a atividade biológica (JEFFERSON et al., 2003).

INTRODUÇÃO

14

NH

NH

NH

O

O

OO

NH

N

O

N

OH

NH2

O

F

N

NH

NH

CH2OH

NH

O

OO

NH

N

O

OH

NH2

O

F

N

N

O

O

Conjugado de cadeia aberta da Ofloxacina

NH

NH

NH

O

OO

NH

N

O

OH

NH2

O

F

N

N

O

O

Conjugado da Ofloxacina

Conjugado da Ciprofloxacina

NH

NH

NH

O

O

OO

NH

N

N

O O

H (ou OH)

NH2

Conjugado do Ácido nalidíxico

Figura 18 – Estruturas químicas de “conjugados quinolona-macrociclo” e de um derivado de

cadeia aberta da ofloxacina.

Em 2004, Frydman e colaboradores relataram a síntese e os resultados dos testes de atividade

biológica de cinco macrolactamas (FIGURA 19). Foi verificado que as macrolactamas inibiram o

crescimento de células tumorais humanas de próstata (DuPro e PC-3) em testes in vitro, além de

causar depleção de ATP nas células tumorais, o que pode explicar o efeito citotóxico destes

compostos (FRYDMAN et al., 2004).

INTRODUÇÃO

15

( )

H

HH

H

N N

NN

O

n

n = 1, 2 ou 3

H

HH

H 4 HCl

N N

NN

O

NH

NH

NH

R

O

NH

R = n-C13H27

3 HCl

2 HCl

Figura 19 – Estruturas químicas de macrolactamas com atividade antitumoral.

Shan e colaboradores testaram a atividade antitumoral de uma macrolactama sintética (FIGURA

20) análoga da migrastatina, uma macrolactona de 14 membros inicialmente isolada de cultura de

Streptomyces, e verificaram potente inibição de metástase em testes in vitro (SHAN et al., 2005).

O

NH

OCH3

OH

O

O

O

O

Migrastatina

N

OCH3

OH

OH

Análogo sintético da Migrastatina

Figura 20 – Estruturas químicas da migrastatina e de seu análogo sintético.

O principal componente de placas de amilóide, associadas à Doença de Alzheimer, é um

fragmento peptídico neurotóxico, que é formado a partir da proteína precursora de amilóide (PPA).

A fragmentação da PPA é catalisada por enzimas proteolíticas, entre as quais a β-secretase. Por

isso, a β-secretase é um alvo terapêutico atrativo para o tratamento e prevenção da Doença de

Alzheimer (STACHEL et al., 2006).

Stachel e colaboradores relataram que a macrociclização de um inibidor fraco de β-secretase

conduziu a uma macrolactama de 15 membros com maior potência. Os autores consideraram que

a maior atividade inibitória da macrolactama em relação ao análogo de cadeia aberta é

conseqüência da redução da liberdade conformacional. Outras macrolactamas de 15 e 14

membros foram sintetizadas e avaliadas quanto à atividade inibidora de β-secretase. Uma

macrolactama de 14 membros apresentou alta atividade inibidora de β-secretase in vitro e reduziu

a formação de amilóide in vivo (STACHEL et al., 2006). As estruturas do inibidor de cadeia aberta

e das macrolactamas encontram-se representadas na Figura 21.

INTRODUÇÃO

16

NH

O

HN

O

OH

N

O

SOO

NH

O

HN

O

OH

N

O

SOO

NH

O

HN

O

OMe

N

O

SOO

O

NH

O

HN

O

N

N

O

SOO

H

N

O

H

HN

O

N

NS

OO

H

N

O

H

HN

O

OH

NS

OO

HN

O

OMe

NS

OO

O

Inibidor mais potente

Figura 21 – Inibidores de β-secretase.

1.3 SÍNTESE DE MACROCICLOS POR REAÇÃO DE CARBOCICLIZAÇÃO RADICALAR MEDIADA POR

HIDRETO DE TRI-N-BUTILESTANHO

O sucesso na síntese de macrociclos depende fundamentalmente da tendência de os grupos do

substrato que reagem entre si adquirirem disposição espacial adequada. Fatores importantes que

restrigem a liberdade rotacional e podem favorecer uma conformação apropriada para a ciclização

em detrimento de outras, são as interações intramoleculares, como as eletrostáticas e ligações de

hidrogênio, e as forças de repulsão estérica e eletrônica. O substrato a ser ciclizado pode

apresentar previamente, por suas características estruturais, a pré-organização necessária para a

ciclização ou a introdução de elemento(s) que a favoreça pode ser planejada (BLANKENSTEIN;

ZHU, 2005).

Diferentes métodos de síntese têm sido empregados para a obtenção de macrociclos e, na

maioria deles, são preconizadas condições de alta diluição, a fim de se evitar oligomerizações

resultantes de reações intermoleculares (BLANKENSTEIN; ZHU, 2005).

Algumas das estratégias usadas para a síntese de macrociclos são a lactonização e lactamização

a partir de ω-hidroxiácidos e ω-aminoácidos, respectivamente, reação de Diels-Alder

intramolecular, expansão de anéis, acoplamento com paládio (reação de Heck), metátese de

alquenos e reações de carbociclização radicalar (PORTER; CHANG, 1987; ROXBURGH, 1995;

SHAN et al., 2005; STACHEL et al., 2006).

INTRODUÇÃO

17

As reações radicalares passaram a ser ferramenta importante na síntese orgânica, a partir do

século XX, especialmente as de carbociclização mediadas por hidretos de tri-organoestanho, que

têm sido extensivamente aplicadas para a construção de anéis de cinco e seis membros

(BALRAJU et al., 2005) e cujos fatores estéricos e eletrônicos que as regem já são bem

conhecidos (BALDWIN, 1976; GIESE, 1983; GIESE, 1986; CURRAN, 1988; HANDA;

PATTENDEN, 1997). Até a primeira metade dos anos 80, as reações de carbociclização radicalar

só eram usadas para a síntese de ciclos de cinco e seis membros e os primeiros trabalhos de

síntese de macrociclos por ciclização radicalar foram publicados a partir de 1986 (PORTER et al.,

1986; PORTER; CHANG, 1987; PORTER et al., 1988; COX et al., 1989; HITCHCOCK;

PATTENDEN, 1990), o que justifica o fato de o conhecimento dessas reações ser limitado em

relação ao de penta e hexacarbociclizações.

Por meio de levantamento bibliográfico realizado no banco de dados SciFinder Scholar® e Web of

Science®, foi possível verificar que o reagente de escolha para a síntese de compostos cíclicos,

inclusive macrociclos, por reação radicalar, é o hidreto de tri-n-butilestanho (Bu3SnH), o que é

corroborado por citações em artigos publicados (PORTER et al., 1988; CURRAN, 1988;

BOWMAN et al., 2000; ALLIN et al., 2002; BOWMAN et al., 2002; JESSOP et al., 2003). Foi

possível constatar também que a formação de ligação C-C ocorre por ataque intramolecular de

um carbono radicalar (alquil, alquenil, acil, aril) ao carbono de uma ligação C-C múltipla (alqueno

ou alquino).

As principais características das reações com Bu3SnH, responsáveis pela ampla aplicação na

obtenção de compostos cíclicos, são a relativa simplicidade do ponto de vista operacional, o fato

de que a ciclização ocorre sem alteração da configuração dos estereocentros de precursores

quirais e que a maioria dos grupos funcionais é inerte ao reagente (MARCO-CONTELLES et al.,

1998; MARTÍNEZ-GRAU; MARCO-CONTELLES, 1998). No entanto, o Bu3SnH apresenta alguns

inconvenientes: toxicidade, dificuldade em eliminar os resíduos de estanho dos produtos obtidos e

redução do radical formado antes que a ciclização ocorra (BERGE; ROBERTS, 1979; SALOMON

et al., 2000; CLYNE; ALDABBAGH, 2006).

Os mecanismos envolvidos nas reações com Bu3SnH encontram-se bem discutidos (WALLING,

1985; CURRAN, 1988; ALLIN et al., 2002; BECKWITH et al., 2004) e estão representados para o

7-iodo-2-hepteno na Figura 22. A etapa de iniciação envolve a formação do radical tributilestanila

por reação com um iniciador radicalar, como Azobisisobutironitrila (AIBN). O radical tributilestanila

(Bu3Sn.) abstrai um grupo abandonador do substrato, formando um novo radical. O intermediário

radicalar pode seguir alguns caminhos, entre os quais: i) abstração de um hidrogênio do Bu3SnH,

levando a um produto de redução (hidrogenólise); ii) ciclização por reação de adição

intramolecular a uma ligação múltipla levando a um radical ciclizado (endo - ciclo maior; exo - ciclo

menor), que em seguida abstrai um hidrogênio do Bu3SnH; iii) abstração de um hidrogênio do

próprio substrato (transferência 1,5 ou 1,6), alterando a posição do radical, que pode ciclizar ou

INTRODUÇÃO

18

abstrair um hidrogênio do Bu3SnH para levar ao produto de redução. O caminho seguido depende

das constantes de transferência de hidrogênio e de ciclização das espécies envolvidas, além da

concentração do substrato e do hidreto de tri-n-butilestanho.

Exo

++ Bu3Sn HH3CH2C

Exo

Bu3Sn

C N N2+280 oCN C N N C N

AIBN

Bu3SnC N C N++Bu3Sn H

Bu3Sn

H3C

+ Bu3SnI+

H3C

I

+

H3C

Bu3Sn H+ +

+Bu3Sn H+

H3C

Endo Exo

Endo Endo

H3C

Bu3Sn

Bu3Sn

Hidrogenólise

HH3C

H3C

H3C

H3CHC

H3CHC

Figura 22 – Mecanismos envolvidos na reação radicalar mediada por Bu3SnH/AIBN.

Em 1990, Snieckus e colaboradores demonstraram a importância da transferência de hidrogênio

1,5 de grupo α-benzamidoíla para radicais arila em reações radicalares de orto-iodobenzamidas

mediadas por hidreto de tri-n-butilestanho (FIGURA 23). Os resultados obtidos indicam a

importância do rotâmero preferencial do substrato na definição do curso da reação radicalar. A

velocidade de giro de ligações C-N é inferior ao tempo de meia vida de radicais arila e, deste

modo, a relação de produtos formados é diretamente proporcional à quantidade de cada rotâmero

no início da reação (SNIECKUS et al., 1990).

INTRODUÇÃO

19

N

O

CO2Et

NCOPh

CO2Et

R

N R2

R1X

R O

Bu3Sn N R2

R1

R O

H

N R2

R1

R O

H

Produtos

Rotação da amida

N R1

R2X

R O

X = Br, I

ProdutosN R1

R2

R O

H

N R1

R2

R O

H

Bu3Sn

Figura 23 – Rotâmeros e radicais formados por transferência 1,5 em orto-iodobenzamidas.

Na Figura 24 observam-se as iodobenzamidas que foram submetidas à reação de ciclização

radicalar e os respectivos produtos formados (SNIECKUS et al., 1990). No substrato em que R =

Ph não ocorreu transferência de hidrogênio 1,5, uma vez que predomina amplamente o rotâmero

syn. Por outro lado, nos outros substratos, como há quantidades apreciáveis do rotâmero anti,

foram isolados produtos de ciclização resultantes do ataque do radical α-amidoíla, formado por

transferência de hidrogênio 1,5, à ligação dupla.

I

N

O

R

CO2EtI

N

O

R

CO2Et

Anti Syn

R Proporção Anti/Syn

Produtos Rendimento (%)

Ph 10/90 36

C6H11 33/67 27

C4H9 50/50 43

CH2Ph 50/50 38

(CH2)4CH=CHCO2Et - 82

Figura 24 – Rotâmeros e produtos de ciclização de iodobenzamidas.

INTRODUÇÃO

20

Embora os estudos sobre macrociclização radicalar com Bu3SnH sejam restritos quando

comparados com aqueles de obtenção de ciclos de cinco e seis membros (BALRAJU et al., 2005),

já é de conhecimento que macrociclos podem ser obtidos com bons rendimentos por reação

radicalar se precursores adequados forem utilizados e se certas condições de reação forem

seguidas.

Com base nos estudos de macrociclização radicalar mediada por Bu3SnH envolvendo radicais

alquila como nucleófilos (doadores de radical) e alquenos como eletrófilos (aceptores de radical)

desenvolvidos por Porter e colaboradores (PORTER et al., 1986, PORTER; CHANG, 1987;

PORTER et al., 1988) foram estabelecidos os seguintes critérios:

i) Como a maioria dos radicais localizados em carbono são nucleofílicos, a ativação de ligação

C=C que sofrerá adição do radical com um grupo retirador de elétrons é importante para que

ocorra a ciclização;

ii) Condições de alta diluição melhoram o rendimento de produtos macrocíclicos, uma vez que

diminui a probabilidade da ocorrência de processos bimoleculares, como redução direta do radical

formado pelo hidreto de tri-n-butilestanho e reações de dimerização e polimerização; a condição

ideal encontrada foi concentração do precursor de 3 a 7 mmol/L e adição lenta do Bu3SnH;

iii) Em geral, precursores iodados conduzem a melhores rendimentos de produtos ciclizados do

que precursores bromados;

iv) Em geral, as macrociclizações endo são preferenciais em relação às exo.

Porter e colaboradores relataram a obtenção de macrociclos provenientes de ciclização pelo modo

endo com rendimentos bons e moderados, a partir de ω-iodoenonas (FIGURA 25) (PORTER et

al., 1986).

Produto de redução

+(CH2)n

O

(CH2)n

O

I

3-6 mmol/L

(CH2)n

O

Bu3SnH, AIBN

Benzeno, refluxo 3 h

Endo

n

Tamanho do anel

Rendimento (%) Macrociclo Produto de redução 1 10 15 27 5 14 63 22 9 18 54 16

Figura 25 – Macrociclos obtidos a partir de iodoenonas.

Continuando os estudos de macrociclização radicalar empregando-se Bu3SnH/AIBN, Porter e

Chang demonstraram que reação radicalar intramolecular em ésteres acrilatos e fumaratos

INTRODUÇÃO

21

poderia ser usada para síntese de macrolactonas de 11 a 20 membros (FIGURA 26) (PORTER;

CHANG, 1987).

Produto de redução

+O(CH2)n

O

O(CH2)n

O

I

3-6 mmol/L

O(CH2)n

O

Bu3SnH, AIBN

Benzeno, refluxo 3 h

Endo

n

Tamanho do anel

Rendimento (%)

Macrociclo Produto de redução

2 11 15-25 23-28

3 12 27-29 27-29

6 15 45 12

7 16 50-55 18-21

11 20 47-56 19

+O(CH2)n

OCO2Et

O(CH2)n

O

I

CO2Et3-6 mmol/L

O(CH2)n

O

CO2Et

Bu3SnH, AIBN

Benzeno, refluxo 3 h

Endo Exo

n

Tamanho do anel

Endo/Exo

Proporção

Endo/Exo

Rendimento (%)

Macrociclos Endo + Exo

3 12/11 5:1

50 – 55

4 13/12 5:1

7 16/15 2,5:1

11 20/19 1,1:1

Figura 26 – Macrolactonas sintetizadas a partir de ésteres acrilato e fumarato.

Na ciclização dos iodoacrilatos, que ocorreu pelo modo endo, formou-se, além do macrociclo (com

rendimentos variando entre 15% e 56%), o produto proveniente de redução direta da ligação C-I

(com rendimentos entre 12% e 29%), mesmo sob condições de alta diluição (PORTER; CHANG,

1987).

As macrociclizações com iodofumaratos ocorreram de modo endo preferencialmente, mas

produtos provenientes da ciclização pelo modo exo foram também obtidos. O rendimento dos

macrociclos endo e exo variou entre 50% e 55%. O favorecimento da ciclização endo é mais

evidente na formação de ciclos de tamanho intermediário (12 e 13 membros).

INTRODUÇÃO

22

Porter e colaboradores observaram que a partir de substratos em que o ataque exo seria

favorecido eletronicamente não ocorreu ciclização (FIGURA 27). Somente precursores altamente

ativados por dois substituintes ciano levaram a produtos de ciclização exo (FIGURA 27) (PORTER

et al., 1988).

X = H, Y = COOEt X = Y = COOEt X = H, Y = NO2X = COOMe, Y = SO2Ph

(CH2)n

I Y

X

(CH2)n

X

Y

+X (CH2)n

Y

X

(CH2)n

I Y

X

2-10 mmol/L

(CH2)n

X

Y

Bu3SnH, AIBN

Benzeno, refluxo 3 h

ExoX = Y = CN

n Tamanho do anel Rendimento (%)

3 12 < 5

7 16 35

11 20 50

Figura 27 – Macrociclizações em substratos ativados para ciclização exo.

Os resultados dos trabalhos de Porter e colaboradores (PORTER et al., 1986, PORTER; CHANG,

1987; PORTER et al., 1988) indicam que a adição do radical a alquenos se dá preferencialmente

na região menos impedida estericamente, ocorrendo normalmente pelo modo endo. O modo exo

pode ser forçado com a inclusão de dois substituintes altamente retiradores de elétrons (CN) e a

ciclização exo tem sua eficácia aumentada em ciclos maiores, observação que sugere que a

macrociclização exo é geometricamente mais exigente que a macrociclização endo, sendo

necessários anéis maiores no estado de transição de exociclos.

A roseofilina, um antibiótico citotóxico isolado de Streptomyces griseoviridis em 1992, despertou o

interesse em diversos grupos de pesquisa. Neste contexto, Robertson e Hatley relataram a

síntese de um precursor da roseofilina (FIGURA 28) e uma das etapas envolveu reação de

macrocilização radicalar com Bu3SnH. Para que ocorresse preferencialmente a ciclização 13-

endo, em detrimento da redução do radical alquila, foi necessária alta diluição (2,5 mmol/L) e

adição lenta do hidreto de tri-n-butilestanho (7 horas) (ROBERTSON; HATLEY, 1999).

INTRODUÇÃO

23

N

i-Pr

O

OCH3

N

H

Cl

Roseofilina

13-Endo

(CH2)6I

O

i-Pr

O

O

O

i-Pr

Bu3SnH, AIBN

Benzeno

35 - 50%

Figura 28 – Síntese de precursor da roseofilina por macrociclização 13-endo.

Como parte dos estudos visando à síntese da micotoxina zearalenona (FIGURA 29), Hitchcock e

Pattenden relataram a síntese de um E-cetomacrolídeo resultante de ciclização 14-endo, com 61%

de rendimento, a partir do benzoato de 5-oxohept-6-enil-2-(E-3-bromoprop-1-enil) (FIGURA 29). A

reação foi desenvolvida em benzeno, sob refluxo e atmosfera de nitrogênio, a solução de Bu3SnH

e quantidade catalítica de AIBN foi adicionada lentamente (8 horas) e a concentração final do

substrato foi de 2,5 mmol/L (HITCHCOCK; PATTENDEN, 1992).

O

O

O

O

O

O

Br14-Endo

O

OOH

HO

OH

Zearalenona

Bu3SnH, AIBN

Benzeno, 80 oC

61%

2,5 mmol/L

Figura 29 – Síntese de macrolactona precursora da micotoxina zearalenona.

A síntese de cetonas macrocíclicas de 14 membros de configuração E e Z (FIGURA 30) foi

descrita por Cox e colaboradores. A reação do iodeto alílico (3 mmol/L em benzeno) com

Bu3SnH/AIBN levou, por ciclização 14-endo, às duas trienonas com 52% de rendimento e

proporção de 3:1 entre os isômeros E:Z (COX et al., 1992).

INTRODUÇÃO

24

O

I

O

+

O

Bu3SnH, AIBN

Benzeno, refluxo 3 h

14-Endo (E) 14-Endo (Z)

Figura 30 – Síntese de trienonas cíclicas de 14 membros.

Robertson e colaboradores observaram diferenças na ciclização de iodoenonas cujos substituintes

envolvidos na reação de ciclização apresentam relação cis e trans (FIGURA 31), sugerindo

estereosseletividade para reações de macrociclização radicalar. Além de o rendimento do

macrociclo proveniente da iodoenona trans ter sido mais baixo, as condições empregadas

precisaram ser de maior diluição (5 mmol/L para enona cis, 2 mmol/L para enona trans) e maior

tempo de adição do Bu3SnH (6 horas para enona cis, 10 horas para enona trans). O macrociclo

derivado da iodoenona trans sofreu reação de isomerização com a sílica empregada no processo

de purificação e o produto isolado diferiu daquele identificado por RMN no bruto da reação

(ROBERTSON et al., 1997).

I

O O

SiO2

O

13-Endo37%

13-Endo

I

OO

Bu3SnH, AIBN

Benzeno, refluxo

2 mmol/L

Bu3SnH, AIBN

Benzeno, refluxo

5 mmol/L

51%

Figura 31 – Macrociclização de iodoenonas cis e trans.

A síntese de macrolactonas e éteres macrocíclicos a partir de ω-iodopolioxaalquilacrilatos e

compostos relacionados (FIGURA 32) foi relatada por Beckwith e colaboradores que empregaram

adição lenta de hidreto de tri-n-butilestanho e AIBN sobre o acrilato em benzeno, sob refluxo. Os

substratos b-f, k e l levaram a macrociclos provenientes exclusivamente da ciclização endo. Os

precursores g-j, com um substituinte que ativa o ataque exo, conduziram a produtos de ciclização

endo e exo. Foram determinadas as constantes de ciclização dos substratos b e c que são,

INTRODUÇÃO

25

respectivamente, 30 e 10 vezes maiores que as de seus análogos contendo carbono em

substituição aos oxigênios da cadeia. Os autores atribuíram as diferenças de velocidade de

ciclização a uma menor tensão existente no estado de transição dos substratos contendo oxigênio

ao invés de carbono (BECKWITH et al., 1997).

Substrato Produto Tamanho do anel Rendimento (%)

a - - - b Endo 12 78 c Endo 15 72 d Endo 18 70 e Endo 21 63 f Endo 24 30 g Endo/Exo 12/11 37/21 h Endo/Exo 12/11 43/57 i Endo/Exo 15/14 36/36 j Endo/Exo 15/14 29/29 k Endo 12 64 l Endo 15 87

Figura 32 – Síntese de macrolactonas e éteres macrocíclicos por reação radicalar.

Reação de macrociclização-transanulação com Bu3SnH/AIBN foi descrita empregando-se o

precursor iodotrienona (FIGURA 33) na concentração de 3 mmol/L, em benzeno, sob refluxo e

adição lenta de 1,1 equivalentes de Bu3SnH e quantidade catalítica de AIBN. O radical resultante

da ciclização radicalar 13-endo sofreu, em seguida, ciclizações 5 e 6-exo (FIGURA 33) (BEGLEY

et al., 1996).

+Bu3SnH, AIBN

Benzeno, refluxo

R OO

OI

O

( )n

a) n=0, R=Hb) n=1, R=Hc) n=2, R=Hd) n=3, R=He) n=4, R=Hf) n=5, R=H

g) n=1, R=E-CO2Eth) n=1, R=Z-CO2Eti) n=2, R=E-CO2Etj) n=2, R=Z-CO2t-Bu

)n

Endo

O O

O

O

R

( (

Exo

)n

O O

O

OCH2R

Benzeno, refluxo

Bu3SnH, AIBN( )

nO

OO

I

CO2Et

k) n=1l) n=2 Endo

)( n

O O

O

CO2Et

INTRODUÇÃO

26

.Bu3SnH, AIBN

Benzeno, refluxo 3 h

I

OO

O

13-Endo

5-Exo, 6-Exo

Figura 33 – Ciclizações radicalares de iodotrienona.

Shea e colaboradores sintetizaram macrociclos de 22 membros pelo tratamento de biscetais

derivados do estireno com hidreto de tri-n-butilestanho, em benzeno, sob refluxo (FIGURA 34). O

radical nos substratos é gerado por ataque do radical tributilestanila ao carbono mais externo de

um dos grupos alquenila e o centro radicalar formado promove ataque endo à ligação dupla da

outra unidade do biscetal (SHEA et al., 1992).

O OO O

Ar

O OO O

Ar

Bu3Sn

Ar = 74%

Ar = 54%

Bu3SnH

Benzeno, refluxo

Figura 34 – Síntese de macrociclos de 22 membros.

Baldwin e colaboradores desenvolveram reações de carbociclização radicalar mediada por

Bu3SnH utilizando 2-(tri-n-butilestanilmetilpropanoatos) de ω-fenilselenoalquila como substratos

(FIGURA 35). Os autores consideraram que os critérios estruturais que favorecem a

macrociclização endo estavam atendidos no substrato: o carbono mais interno da ligação dupla

encontra-se impedido estericamente, a função éster ativa eletronicamente o ataque endo do

radical alquila e o grupo tributilestanila possibilita a formação do radical tributilestanila in situ pela

fragmentação da ligação C-Sn, o que permite usar quantidades catalíticas de Bu3SnH e evita a

INTRODUÇÃO

27

formação dos produtos de redução indesejáveis. Além disso, a presença de fenilselênio em

substituição a um halogênio no precursor facilita a purificação dos produtos, uma vez que

tributilestanhofenilselenetos são mais fáceis de separar do que os análogos halogenados. Deste

modo, utilizando quantidades catalíticas de Bu3SnH e de AIBN, alta diluição (5 mmol/L), benzeno

como solvente e refluxo foram obtidas macrolactonas provenientes de ciclização endo (FIGURA

35) com bons rendimentos e não se formaram produtos de ciclização exo e de hidrogenólise

(BALDWIN et al., 1991).

Bu3SnH (cat), AIBN (cat)

Benzeno, refluxo5 mmol/L

Bu3SnBu3SnSePh

Bu3Sn O

O

( )n Endo

Bu3Sn O

O

( )n

O

O

( )n

Bu3Sn O

O

SePh

( )n

n Tamanho do anel Rendimento (%)

5 10 54

6 11 46

7 12 61

8 13 50

9 14 80

10 15 72

Figura 35 – Mecanismo da formação de macrolactonas a partir de 2-(tri-n-

butilestanilmetilpropanoatos) de ω-fenilselenoalquila.

Mesmo tendo conhecimento de que a formação de “macrociclos pequenos” (10-12 membros) por

reação radicalar é desfavorecida quando comparada com a formação de ciclos maiores, Lamas e

colaboradores utilizaram a reação radicalar mediada por hidreto de tri-n-butilestanho para obter

precursores do alcalóide lenoxamina a partir de substratos arilbromoacetilenos (FIGURA 36). As

benzomacrolactamas de configuração E e Z resultantes de ciclização 10-endo foram obtidas com

rendimentos de 45% e 60% e os autores atribuíram o sucesso da reação de ciclização ao fato de

que os arilbromoacetilenos apresentam restrição conformacional que favorece a ciclização

(LAMAS et al., 1992).

INTRODUÇÃO

28

Br

N

H

O

X

N

H

O

X

10-Endo

OMe

OMe

NO

Lenoxamina

Bu3SnH, AIBN

Benzeno, refluxo1 - 5 mmol/L

X = H

X = SiMe3

X = H, 45%

X = SiMe3, 60%

Figura 36 – Síntese de macrolactamas precursoras da lenoxamina.

Jonas e colaboradores, no âmbito de estudos realizados para obter precursores do sesquiterpeno

periplanona B, também obtiveram um macrociclo resultante de ciclização 10-endo (FIGURA 37).

Como na síntese descrita anteriormente (LAMAS et al., 1992), o substrato também apresenta o

grupo acetileno como aceptor de radical para a ciclização intramolecular (JONAS et al., 1995).

10-Endo

Br

O O

+

O

OO

O

Periplanona B

10 mmol/L

Bu3SnH, AIBN

Benzeno, refluxo

14%

Figura 37 – Síntese de macrociclo 10-endo, precursor da periplanona B.

Mais um exemplo de macrociclização radicalar realizada com sucesso a partir de substrato

contendo alquino como eletrófilo foi encontrado em artigo publicado em 1997. Em estudos visando

à síntese de precursores do antitumoral paclitaxel (FIGURA 17, p.13), Houldsworth e

colaboradores submeteram uma iododieninodiona à reação com Bu3SnH/AIBN e obtiveram o

triciclo pentadecadienodiona desejado, formado por uma cascata de ciclizações radicalares:

macrociclização 12-endo seguida de transanulação 6-exo-8-endo (FIGURA 38) (HOULDSWORTH

et al., 1997).

INTRODUÇÃO

29

I

OO

Bu3SnH, AIBN

Benzeno, refluxo

45-60%

OH

OH

6-Exo, 8-Endo

O

O .

12-Endo

Figura 38 – Síntese de precursor do paclitaxel.

Rodríguez e colaboradores sintetizaram os estereoisômeros E e Z de uma macrolactama de 11

membros (FIGURA 39), por meio da adição intramolecular de um radical arila ao grupo

trimetilsililacetileno. A concentração inicial da fenilacetamida precursora em benzeno foi de 7 mmol/L

e a solução de Bu3SnH/AIBN em benzeno foi adicionada sob refluxo (RODRÍGUEZ et al., 1999).

11-Endo

Bu3SnH, AIBN

Benzeno, refluxo

7 mmol/L

MeO

MeO Br

N

H

O

Me3Si

N

H

O

MeO

MeO

SiMe3

E - 50%Z - 25%

Figura 39 – Síntese de macrolactamas estereoisoméricas por carbociclização radicalar.

Reações de macrociclização com radicais acila foram primeiramente estudadas por Boger e

Mathvink. Uma série de ω-fenilselenoésteres acrilatos conduziram a macrociclos de 11 a 20

membros (FIGURA 40), com bons rendimentos, quando tratados com Bu3SnH e AIBN em

condições de alta diluição. Não foram identificados produtos de redução direta do radical acila ou

de redução do radical alquila produzido por descarbonilação do radical acila (BOGER;

MATHVINK, 1990).

INTRODUÇÃO

30

O

O

(CH2)n

O

SePh

Bu3SnH, AIBN

Benzeno, refluxo5-6 mmol/L

O

O

(CH2)n

O

Endo

n Tamanho do anel Rendimento (%)

2 11 47 3 12 46 5 14 55 7 16 68 11 20 57

Figura 40 – Macrolactonas sintetizadas a partir de ω-fenilselenoésteres.

Em 1992, Astley e Pattenden utilizaram um substrato com características estruturais semelhantes

aos utilizados por Boger e Mathvink para sintetizar o anel furanocembranóide encontrado na

lofotoxina, uma potente substância neurotóxica isolada de corais. O ataque do radical acila gerado

a partir do derivado fenilselenoéster conduziu ao macrociclo proveniente de ciclização 14-endo

com 40% de rendimento (FIGURA 41) (ASTLEY; PATTENDEN, 1992).

14-Endo

PhSeO

O

OO

O

Bu3SnH, AIBN

Benzeno, refluxo

40%

TsOH, CHCl3

O

O

O

OO

OAc

Lofotoxina

Refluxo

50%

Figura 41 – Síntese do anel furanocembranóide presente na lofotoxina.

As ciclizações radicalares mediadas por Bu3SnH envolvendo o ataque intramolecular de radicais

arila a um grupo alquenila vêm sendo amplamente utilizadas para a construção de ciclos fundidos

a anéis aromáticos (BECKWITH; GARA, 1975; BOWMAN et al.,1988; JONES; WILKINSON, 1992;

GHOSH; GHATAK, 1995; GIBSON et al., 1997; ISHIBASHI et al., 1997; ROSA et al., 1997;

INTRODUÇÃO

31

ESCOLANO; JONES, 2000; ISHIBASHI et al., 2000; ISHIBASHI et al., 2001; NANDI et al., 2001;

GANGULY et al., 2002; NANDI; CHATTOPADHYAY, 2002; ZHANG, 2004; BALRAJU et al., 2005).

A maior parte das sínteses envolve a formação de ciclos de cinco e seis membros. Os trabalhos

referentes às sínteses de ciclos com mais de seis membros são apresentados a seguir.

Ghosh e Ghatak descreveram obtenção de ciclos de nove membros, por ciclização radicalar endo

de radicais arila, formados por reação de bromoalil e bromobutenilcicloexanóis com hidreto de tri-

n-butilestanho/AIBN em benzeno (FIGURA 42) (GHOSH; GHATAK, 1995).

CH3 R1

OH

R2

R3

A) R1=CH3; R2=R3=H

R1=CO2CH3; R2=OCH3; R3=H

R1=CO2CH3; R2=H; R3=OCH3

CH3 R1

OH CH2CH

R2

R3

BrCH2

9-Endo

Bu3SnH, AIBN

Benzeno, refluxo+

CH3 R1

OH CH2CH CH2

R2

R3

55-60%

40-50%

9-EndoA) R1=R2=H

B) R1=CH3; R2=H

C) R1=CH3; R2=OCH3

R1 R1

OH CH2

R2

CH2CH CH2

+

R1 R1

OH

R2

Bu3SnH, AIBN

Benzeno, refluxo

R1 R1

OH CH2

R2

CH2CH

Br

CH2

C)

B)

Figura 42 – Ciclizações 9-endo a partir de bromoalil e bromobutenilcicloexanóis.

A síntese de anéis de seis, sete, oito e nove membros (FIGURA 43), por reação de ciclização

radicalar, a partir de iodobenzenos contendo uma cadeia derivada de aminoácido na posição orto,

foi descrita por Gibson e colaboradores. A adição lenta de hidreto de tri-n-butilestanho/AIBN sobre

solução do substrato em benzeno sob refluxo (concentração final do substrato, após adição da

solução de Bu3SnH/AIBN: 8 mmol/L) levou aos compostos cíclicos formados pelo modo endo com

rendimentos que variaram entre 52% e 79% (GIBSON et al., 1997).

Bu3SnH, AIBN

Benzeno, refluxo

nN CO2Me

I

Boc( )

a) n=0b) n=1c) n=2d) n=3

(

N CO2Me

)n

Boc

a) 79%b) 73%c) 71%d) 52%

Figura 43 – Síntese de ciclos de seis a nove membros por reação radicalar.

INTRODUÇÃO

32

Nandi e colaboradores descreveram a síntese de ciclos de 8 membros derivados da D-glicose,

utilizando Bu3SnH e quantidade catalítica de AIBN, em benzeno sob refluxo (FIGURA 44). Nos

substratos em que os substituintes envolvidos na ciclização apresentam relação cis, as ciclizações

ocorreram sem dificuldade (concentração inicial dos substratos = 10 mmol/L, tempo de adição do

Bu3SnH = 3 h) e os rendimentos dos triciclos formados variaram entre 50% e 58%. Entretanto, os

produtos de ciclização dos substratos trans foram obtidos com rendimentos bem inferiores (15-20%) e

sob condições de alta diluição (inicial: 4 mmol/L) e adição muito lenta do hidreto de tri-n-

butilestanho (8 horas). Estes resultados mostram que as ciclizações de derivados de carboidratos

podem ser estereosseletivas (NANDI et al., 2001), confirmando estudos prévios realizados por

Robertson e colaboradores (ROBERTSON et al., 1997).

8-Endo

OO

OH

H

O

R1

R2

OO

O

H

O

R1

R2 H

15-20%

Bu3SnH, AIBN

Benzeno, refluxo

4 mmol/L

a) R1=R2=H; b) R1=H, R2=OMe; c) R1=R2=OMe; d) R1+R2=OCH2O

OO

O

H

HO

BrR1

R2 8-Endo

OO

OH

H

O

BrR1

R2

a) R1=R2=H; b) R1=H, R2=OMe; c) R1=R2=OMe; d) R1+R2=OCH2O

Bu3SnH, AIBN

Benzeno, refluxo

10 mmol/L

50-58%

Figura 44 – Síntese de triciclos derivados da D-glicose.

Nandi e Chattopadhyay publicaram outro estudo de formação de triciclos a partir de derivados de

carboidrato (D-manose) em que os substituintes apresentam relação trans, e na etapa de

ciclização, surpreendentemente, os rendimentos do produto de ciclização 8-endo variaram entre

60% e 75% (FIGURA 45) (NANDI; CHATTOPADHYAY, 2002).

a) R1=R2=H; b) R1=H, R2=OMe; c) R1=R2=OMe; d) R1+R2=OCH2O

8-EndoH

O

BrR1

R2

O OCH3

O

O

H

O

R1

R2 H

HOCH3

O

O

60-75%

Bu3SnH, AIBN

Benzeno, refluxo

Figura 45 – Síntese de triciclos derivados da D-manose.

INTRODUÇÃO

33

A síntese de peptídeos cíclicos de 14 e 17 membros (FIGURA 46) foi descrita por Balraju e

colaboradores e envolveu reação radicalar intramolecular de radical arila, utilizando hidreto de tri-

n-butilestanho e AIBN em benzeno, com rendimentos variando entre 47% e 59%. Em todos os

casos o macrociclo isolado foi proveniente de ciclização do modo endo. A concentração inicial do

substrato foi de 1 mmol/L, com adição lenta de 1,2 equivalente de Bu3SnH (0,5 mL/h) e a mistura

foi mantida sob refluxo por 15 horas. Acredita-se que a existência de ligação de hidrogênio

intramolecular no peptídeo acíclico entre o hidrogênio do N-H e o oxigênio da carbonila seja

fundamental para a ciclização. A pré-organização do peptídeo acíclico deixa os dois grupos

reagentes (radical arila e grupo alquenila) próximos um do outro, facilitando o fechamento do anel.

Precursores onde não há a possibilidade de formação deste tipo de ligação de hidrogênio

intramolecular mostraram-se incapazes de sofrer macrociclização nas mesmas condições de

reação (BALRAJU et al., 2005). É interessante notar a presença do haleto em meta no anel

aromático, diferentemente do observado nas citações anteriores, em que o haleto encontra-se em

posição orto.

Br

O

N

H

O

HN

O O

Ph

O

N

H

O

HN

O O

Ph

a) R=CH2Ph; R'=CH2CH(CH3)2, 47%b) R=CH2CH(CH3)2; R'=CH3, 59%

Br

HN

N

H

O

HN

R

R'

O O

HN

N

H

O

HN

O O

NHOBr

Ph

AIBN,Bu3SnH

Benzeno, refluxo, 15 h

Benzeno, refluxo, 15 h

Bu3SnH AIBN,HN

N

H

O

HN

R

R'

O O

14-Endo

54%

Benzeno, refluxo, 15 h

Bu3SnH AIBN,

17-Endo

HN

N

H

O

HN

O ONHO

Ph

Figura 46 – Síntese de ciclopeptídeos por reação de carbociclização radicalar.

INTRODUÇÃO

34

Com o intuito de se verificar o papel de carboidratos e de sua estereoquímica em

macrociclizações mediadas por hidreto de tri-n-butilestanho, assim como as influências dos

grupos envolvidos diretamente na reação de ciclização e de suas posições relativas na unidade

sacarídica, o grupo do Laboratório de Química Farmacêutica da Faculdade de Farmácia/UFMG,

em parceria com o Departamento de Química do ICEx/UFMG (QF/DQ/UFMG) vem

desenvolvendo projetos de pesquisa relacionados à síntese de macrociclos a partir de

carboidratos.

O estímulo para o desenvolvimento deste trabalho é o desafio de sintetizar macrociclos,

reconhecidamente um dos grandes problemas da síntese orgânica (BLANKENSTEIN; ZHU,

2005), aliado à possibilidade de obter substâncias com atividade biológica. Especialmente as

benzomacrolactamas derivadas de carboidratos, maioria das substâncias sintetizadas no âmbito

deste programa de pesquisa, são potenciais agentes biológicos, pois tratam-se de macrociclos,

cujas atividades biológicas são em parte atribuídas à maior restrição conformacional em relação

aos compostos de cadeia aberta (RAMASESHAN et al., 2000; STACHEL et al., 2006), além de

apresentarem quiralidade (conferida pela presença da unidade sacarídica), anel aromático e

grupo amida. Carey e colaboradores relatam que, de 128 candidatos a fármacos que se

encontram em desenvolvimento em três grandes indústrias farmacêuticas, mais de 90% contém

anel aromático, mais de 90% apresenta átomo de nitrogênio, 69 substâncias (54%) são quirais e

que em 27 (74%) a quiralidade é proveniente do material de partida usado na síntese. Além disso,

12% das reações realizadas para a síntese das 128 substâncias são de acilação, especialmente

N-acilações (CAREY et al., 2006).

Uma parte do programa de síntese de macrociclos desenvolvido pelo grupo de pesquisa

QF/DQ/UFMG envolveu a síntese de aliloxi-orto-iodobenzamidas e reação com Bu3SnH. Na Figura 47

podem-se observar as condições de reação e os rendimentos dos produtos isolados das reações

de carbociclização radicalar desenvolvidas com cinco aliloxi-orto-iodobenzamidas (PRADO et al.,

2000; BINATTI et al, 2002; DIAS et al., 2006; PIRES et al., 2006).

INTRODUÇÃO

35

151413

11-Endo

O

OCH3

OBn

BnO

ON O

H

O

OCH3

OBnBnO

NH

O

O

I

33%

O

OCH3

OBnBnO

NO

OH

+

22%

Bu3SnH, AIBN

Benzeno, refluxo

BINATTI et al., 2002

+

11-Endo17% 48%

Benzeno, refluxo

Bu3SnH, AIBN

DIAS et al., 2006

O

O

OCH3

OBnBnO

N

H

O

IO

O

OCH3

OBnBnO

N

H

O

O

O

OCH3

OBn

BnO

N

H

O

11-Endo

8%

+

30%

Bu3SnH, AIBN

Benzeno, refluxo

PIRES et al., 2006

O

OCH3

OBnBnO

ON

H

OO

OCH3

OBnBnO

ON

H

O

I

O

OCH3

OBnBnO

ON

H

O

121110

987

654

I

N

OH

O

N

OH

O

N

OH

O

85%14%

+Bu3SnH, AIBN

Benzeno, refluxo

11-Endo

321

N

HO

O

OCH3

OBnBnO

O

I

N

HO

O

OCH3

OBnBnO

O+ N

HO

O

OCH3

OBnBnO

O

11-Endo

40% 42%

Peróxido de Benzoíla

Benzeno, refluxo

Bu3SnH

PRADO et al., 2000

Figura 47 – Macrolactamas obtidas por reação de aliloxi-orto-iodobenzamidas com Bu3SnH.

Inicialmente, a o-iodobenzamida 1 derivada do α-D-glicopiranosídeo de metila foi submetida à

reação de ciclização radicalar e conduziu à macrolactama 11-endo 2 com 40% de rendimento. A

macrolactama 5 foi obtida pela reação de ciclização radicalar 11-endo da o-iodobenzamida 4,

desprovida de unidade sacarídica, com 14% de rendimento (PRADO et al., 2000). A formação dos

macrociclos pelo modo endo já era prevista uma vez que Porter e colaboradores verificaram que

INTRODUÇÃO

36

as macrociclizações endo são preferenciais em relação às exo (PORTER et al., 1986, PORTER;

CHANG, 1987; PORTER et al., 1988). Além de se confirmar a preferência de ciclização pelo modo

endo, o rendimento superior da macrolactama 2 em relação à lactama desprovida da unidade

sacarídica (5), indicou que a presença do ciclo de seis membros do anel piranosídico presente em

1 favoreceu a ciclização, possivelmente por conferir restrição conformacional ao substrato

(PRADO et al., 2000). Em um estudo subseqüente, a reação de ciclização radicalar foi

desenvolvida com a benzamida de configuração galacto 7, epímero de 1. Pretendia-se verificar a

importância da configuração do açúcar na reação de macrociclização radicalar. Foi obtida a

macrolactama 8, proveniente da ciclização 11-endo com 33% de rendimento, o que indicou que a

configuração de C-4 não interfere no modo de ciclização e nem, significativamente, no rendimento

do produto de macrociclização (glico 40% versus galacto 33%) (BINATTI et al., 2002).

Para se verificar a importância da posição relativa dos grupos 2-iodobenzoilamino e O-aliloxila no

carboidrato para a macrocilização radicalar, sintetizaram-se as benzamidas 10 e 13, isômeros de

posição de 1 e 7, respectivamente. Da reação radicalar desenvolvida com a o-iodobenzamida 10

foi obtido o macrociclo 11 proveniente de ciclização 11-endo com 17% de rendimento (versus 40%

de 2), indicando a importância da posição relativa dos grupos O-aliloxila e 2-iodobenzoilamino na

porção sacarídica da iodobenzamida de configuração glico (DIAS et al, 2006). O mesmo foi

verificado quando se inverteram as posições relativas dos dois grupos no derivado de

configuração galacto: o rendimento da benzomacrolactama 11-endo 14 foi de 8% (PIRES et al.,

2006), versus 33% de 8 (BINATTI et al., 2002).

Duas outras o-iodobenzamidas sem unidade sacarídica e com grupo aliloxila como eletrófilo, 16 e

18, foram submetidas à reação de ciclização radicalar para obtenção de macrolactamas (FIGURA

48). O substrato 18 levou à macrolactama de 12 membros (rendimento de 19%), mas da reação

de 16, que poderia conduzir a um ciclo de 10 membros pelo modo endo, só foi obtido o produto de

hidrogenólise 17. Estes resultados confirmaram que a ciclização pelo modo endo é preferencial

em relação ao modo exo. Além disso, considerando que as benzamidas 4 (FIGURA 47, p. 35) e

18, homólogas de 16, conduziram a produtos de ciclização endo, pode-se supor que as

macrociclizações 11- e 12-endo sejam mais favorecidas que a 10-endo (FARACO et al., 2003).

INTRODUÇÃO

37

16 17

76%

+ 10 -EndoBu3SnH, AIBN

Benzeno, refluxoI

N

O

H

ON

O

H

O

18 19 20

33%

I

N

O

H O

Bu3SnH, AIBN

Benzeno, refluxo+

N

O

H O

N

O H

O

19%

12-Endo

Figura 48 – orto-Iodobenzamidas sem unidade sacarídica submetidas à reação de ciclização

radicalar e respectivos resultados.

Na expectativa de que a presença de uma unidade de carboidrato pudesse conferir restrição

conformacional ao substrato e favorecer a ciclização 10-endo, sintetizou-se a aliloxi-o-

iodobenzamida 21 (FIGURA 49). Da reação de 21 com Bu3SnH foi isolada a dilactama macrocíclia

de 20 membros 22, formada por ataque intermolecular do radical arila ao carbono terminal do

alqueno, seguido de macrociclização 20-endo (FARACO et al., 2004). Embora a ciclização 10-

endo não tenha ocorrido na reação radicalar da benzamida 21 de configuração glico em que os

grupos O-alil e 2-iodobenzoilamino encontram-se nos carbonos 2 e 3, considerando que foi obtida

uma macrolactama dimérica de 20 membros (22), optou-se por submeter duas aliloxi-orto-

iodobenzamidas análogas de 21 à reação radicalar: 24 e 26, isômero de posição (O-alil em C-2 e

2-iodobenzoilamino em C-3) e diastereoisômero (configuração altro) de 21, respectivamente

(FIGURA 49). Das reações radicalares foram isolados apenas os respectivos produtos reduzidos

não ciclizados 25 e 27 (BINATTI, 2005a). A princípio estes resultados confirmariam a dificuldade

de ocorrência de ciclização 10-endo, que não ocorreu mesmo na presença das unidades de

açúcar nos substratos. Vale observar, no entanto, que os substituintes envolvidos na ciclização

apresentam relação trans, o que pode ter contribuído para o insucesso das ciclizações, além da

reconhecida dificuldade de formação de ciclos de 10 membros. Embora haja relatos de ciclização

realizada com sucesso em derivados de carboidratos com substituintes trans (PRADO et al., 2000;

NANDI; CHATTOPADHYAY, 2002; DIAS et al., 2006), em outros substratos observou-se

estereosseletividade nas ciclizações, que foram mais favorecidas nos substratos com substituintes

cis (NANDI et al., 2001).

INTRODUÇÃO

38

21 22 23

+

27%

Benzeno, refluxo

Bu3SnH, AIBN

O

OCH3

NHO

BnO

O

I

BnO

O

OCH3

NHO

BnO

O

BnO

40%

O

HN

OOBn

OBn

ONH

O

OCH3

BnO

BnO

OCH3

O

O

Benzeno, refluxo

Bu3SnH, AIBN

26

BnOO

OCH3

BnO

O

NH

O

I

27

BnOO

OCH3

BnO

O

NH

O

19%

Benzeno, refluxo

Bu3SnH, AIBN

24

BnOO

OCH3

ONH

BnO

O

I

BnOO

OCH3O

NH

BnO

O

2538%

Figura 49 – orto-Iodobenzamidas e produtos de reação com Bu3SnH.

Com o objetivo de avaliar as possíveis diferenças das ciclizações radicalares entre as aliloxi-o-

iodobenzamidas 1 e 7, que conduziram às benzomacrolactamas 11-endo 2 (40%) e 8 (33%)

(FIGURA 47, p. 35), e seus análogos contendo oxigênio em substituição ao NH, os aliloxi-o-

iodobenzoatos 28 e 30 (FIGURA 50) foram sintetizados e submetidos à reação de ciclização

radicalar. Da reação do benzoato de configuração glico 28 não foi isolado produto de ciclização e

só foi isolado o produto não ciclizado 29. O substrato de configuração galacto 30 (500 mg)

conduziu a 30 mg de uma mistura contendo a macrolactama 11-endo 31 e ao produto de

hidrogenólise 32 (FIGURA 50). As diferenças observadas foram atribuídas à menor restrição

conformacional em 28 e 30 em relação a 1 e 7, tanto pelo fato de as rotações serem mais restritas

nas amidas que nos ésteres, quanto pela possível formação em 1 e 7 de uma ligação de

hidrogênio entre o hidrogênio amídico e o oxigênio do grupo aliloxila (BINATTI et al., 2005b).

INTRODUÇÃO

39

+

30

O

OCH3

OBnBnO

O

O

O

I

Bu3SnH, AIBN

Benzeno, refluxo

O

O

O

OCH3

OBnBnO

O

29

30%

O

O

O

OCH3

OBnBnO

O

I

28

Bu3SnH, AIBN

Benzeno, refluxoO

OCH3

OBnBnO

O

O

O

19%

32traços

11-Endo31

O

OCH3

OBn

BnO

O

O

O

Figura 50 – Aliloxi-orto-iodobenzoatos e seus produtos da reação com Bu3SnH.

Em outros trabalhos realizados foram sintetizados dois amidoésteres (33 e 35) e quatro

amidoéteres (37, 39, 40 e 41) contendo o grupo cinamila como alvo de ataque do radical arila

(FIGURA 51), diferentemente dos trabalhos até então realizados, em que os substratos eram

derivados alílicos. Esperava-se que quando submetidos à reação com Bu3SnH os substratos

cinamilados levassem a macrociclos 11-endo, em geral mais favorecidos (PORTER; CHANG,

1987), e/ou 10-exo. A ciclização 10-exo poderia ocorrer tanto pelo fato de os dois carbonos da

ligação dupla serem substituídos, portanto do ponto de vista estérico serem aproximadamente

equivalentes, quanto em função da estabilidade do radical benzílico que seria formado no caso do

ataque 10-exo. Além disso, qualquer que fosse o modo de ciclização, 10-exo ou 11-endo, haveria

formação de um novo centro estereogênico e seria possível verificar a estereosseletividade da

ciclização. Da reação dos amidoésteres derivados do ácido cinâmico 33 e 35 com Bu3SnH foram

isolados as imidas inesperadas 34 e 36 e os produtos de hidrogenólise (FIGURA 51) (OLIVEIRA

et al., 2004). Os amidoéteres 37, 39, 40 e 41 conduziram aos respectivos produtos de

hidrogenólise e da reação desenvolvida com 37 foi isolado também o derivado arilestanho 38

(FIGURA 41) (PINTO; PRADO, 2005; ROCHA et al., 2005; QUEIROGA; PRADO, 2006; OLIVEIRA

et al., 2007). De nenhuma das reações radicalares dos substratos amidoéteres cinamílicos (39,

37, 40 e 41) foram isolados produtos de ciclização, ao contrário do que ocorreu com as

respectivas benzamidas O-aliladas (1, 7, 10 e 13). Estes resultados indicam que o grupo fenila,

por impedimento estérico, dificulta o ataque do radical arila ao carbono mais externo da ligação

dupla e não facilita o ataque exo, reconhecidamente mais difícil (PORTER; CHANG, 1987).

INTRODUÇÃO

40

OLIVEIRA et al., 2004

NH

O

OCH3

OMe

MeO

OPh

O

O

I

O

OCH3

OMe

MeOHO

NO

OH

O

34 11%33

Benzeno, refluxo

Bu3SnH, AIBN

OLIVEIRA et al., 2004

O

OCH3

OMeMeO

HO

N

O

O

36 22%

N

O

OCH3

OMeMeO

O

H

Ph

I

O

O

35

Benzeno, refluxo

Bu3SnH, AIBN

OLIVEIRA et al., 2007

O

OCH3

OBn

BnO

NH

O

O

Bu3Sn

Ph

3829%

Bu3SnH, AIBN

Benzeno, refluxo

O

OCH3

OBn

BnO

NH

O

O

I

Ph

37

PRADO et al., 2000; ROCHA et al., 2005;BINATTI et al., 2002; OLIVEIRA et al., 2007

N

HO

O

OCH3

OBn

BnO

O

I

R

1 R = H, 39 R = Ph

O

OCH3

OBn

BnO

NH

O

O

I

R

7 R = H, 37 R = Ph

DIAS et al., 2006; PINTO; PRADO, 2005;PIRES et al., 2006; QUEIROGA; PRADO, 2006

IO

O

OCH3

OBnBnO

N

H

O

R

10 R = H, 40 R = Ph

O

OCH3

OBnBnO

ON

IH

O

R

13 R = H, 41 R = Ph

Figura 51 – Amidoésteres e amidoéteres submetidos à reação com Bu3SnH.

INTRODUÇÃO

41

Considerando que a aliloxi-o-iodobenzamida 1 conduziu à macrolactama 11-endo 2 com bom

rendimento (40%, FIGURA 47, p. 35) (PRADO et al., 2000) optou-se por estudar a ciclização

radicalar de seu análogo 42 (FIGURA 52), que apresenta o grupo 3-iodopropanoilamino em

substituição ao 2-iodobenzoilamino em C-6. A reação de 42 com Bu3SnH conduziu

majoritariamente ao produto de hidrogenólise e à macrolactama 43, proveniente do ataque 11-

endo do radical alquila à ligação dupla do grupo aliloxila, que foi isolada com rendimento de

apenas 4% (ROCHA; PRADO, 2006). Este resultado, comparado com o da reação radicalar da

benzamida 1, demonstra que o ataque do radical arila é mais favorecido que o do radical alquila,

possivelmente devido à maior liberdade conformacional do grupo alquila.

N

O

OCH3

OBnBnO

O

H

O

I

4%

N

HO

O

OCH3

OBnBnO

O

42

Benzeno, refluxo

Bu3SnH, AIBN

11-Endo43

Figura 52 – Amida alquílica e macrolactama obtida da reação com Bu3SnH.

1.4 NOVAS METODOLOGIAS PARA REAÇÃO DE CICLIZAÇÃO RADICALAR

Uma metodologia que tem sido testada, mas que ainda está pouco desenvolvida, refere-se à

condução de reações radicalares de moléculas pequenas em fase sólida, onde polímeros, como

poliestireno, suportam precursores radicalares (WATANABE et al., 1999; ZHU et al., 1999;

WENDEBORN et al., 2000; CADDICK et al., 2002; CURRAN et al., 2002).

Em função de alguns inconvenientes que há na utilização do hidreto de tri-n-butilestanho, como

toxicidade, dificuldade em separação de resíduos de estanho do produto formado e redução do

radical do substrato antes que ocorra a ciclização (BERGE; ROBERTS, 1979; SALOMON et al.,

2000; CLYNE; ALDABBAGH, 2006), alguns autores têm proposto utilização de reagentes

alternativos para reações radicalares, como salofeno de sódio e cobalto (I), iodeto de samário (II)

(SmI2), tris(trimetilsilil)silano ((Me3Si)3SiH) e tris(trimetilsilil)germano ((Me3Si)3GeH) (BOWMAN et

al., 2002; HARROWVEN et al., 2003).

Outra alternativa que tem sido estudada mais recentemente envolve formação de radicais

induzidos por radiação ultravioleta (gerada, por exemplo, por lâmpada de mercúrio de alta pressão

150 W) para ciclização de radicais arila e piridila, conduzindo a anéis de 5 e 6 membros (PARK et

al., 1997, 2001).

INTRODUÇÃO

42

Clyne e Aldabbagh realizaram um estudo mostrando rendimentos superiores na ciclização

fotoquímica de radicais imidazólicos em relação à reação mediada por hidreto de tri-n-

butilestanho/AIBN para obtenção de ciclos de 6 membros. As principais vantagens da ciclização

fotoquímica são: i) eliminação de resíduos tóxicos de estanho; ii) eliminação do uso de iniciadores

azo (AIBN), que são considerados perigosos; iii) não há necessidade de adição lenta de

Bu3SnH/AIBN, conseqüentemente o tempo total de reação é menor no caso da reação

fotoquímica; iv) procedimento de elaboração e purificação é bem mais simples na reação

fotoquímica, levando a bons rendimentos do produto ciclizado (CLYNE; ALDABBAGH, 2006).

Ainda há poucos relatos de síntese de macrociclos utilizando reações fotoquímicas (GRIESBECK

et al., 2000; YOON et al., 2002), sendo este um campo em aberto para pesquisas que podem ser

promissoras e de grande utilidade para a química orgânica sintética.

JUSTIFICATIVA, OBJETIVOS E PLANO DE SÍNTESE

43

2 JUSTIFICATIVA, OBJETIVOS E PLANO DE SÍNTESE

2.1 JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS

Considerando o desafio que constitui a síntese de macrociclos, a possibilidade de obter

substâncias com atividade biológica e a constatação de que o método de escolha para a síntese

de macrociclos por carbociclização radicalar é aquele em que se utiliza o hidreto de tri-n-

butilestanho (Bu3SnH), o grupo de pesquisa do Laboratório de Química Farmacêutica da

Faculdade de Farmácia/UFMG e do Departamento de Química do ICEx/UFMG (QF/DQ/UFMG)

vem desenvolvendo projetos de síntese de macrociclos por reação de carbociclização radicalar

mediada por hidreto de tri-n-butilestanho.

Como foi relatado na Introdução, o grupo de pesquisa QF/DQ/UFMG utilizou, como precursores

dos macrociclos, substâncias contendo carbono ligado a iodo (arílico ou alquílico), no qual seria

formado o radical, e uma ligação dupla carbono-carbono, local do ataque intramolecular do radical

formado inicialmente. As primeiras reações radicalares foram desenvolvidas com iodobenzamidas

derivadas de carboidratos substituídas na posição orto com uma cadeia lateral contendo um grupo

alquenila. Para a escolha deste tipo de precursor foram avaliados os aspectos estruturais que

favoreceriam tanto a ciclização, quanto a atividade biológica dos macrociclos eventualmente

obtidos. A presença da unidade sacarídica se justifica tanto pela premissa de que ela confere

restrição conformacional necessária para a ciclização (BLANKENSTEIN; ZHU, 2005; STACHEL et

al., 2006), quanto pelo fato de que o macrociclo a ser obtido seria quiral, característica de muitos

agentes bioativos (BARREIRO et al., 1997; LIMA, 1997; CAREY et al., 2006). Além disso, anéis

aromáticos e grupos amida são fragmentos estruturais presentes na maioria das moléculas

bioativas (CAREY et al., 2006). Para a síntese das iodobenzamidas utilizaram-se, como materiais

de partida, monossacarídeos disponíveis comercialmente.

Os carboidratos são considerados atrativos como materiais de partida em síntese orgânica, por

serem, em geral, facilmente acessíveis e baratos, além de serem obtidos com pureza

enantiomérica e com configuração absoluta conhecida. Além disso, as hidroxilas destes

compostos poliidroxilados apresentam reatividade diferente, em função de os anéis sacarídicos

adotarem conformações preferenciais, o que possibilita desenvolver transformações

regiosseletivas de suas hidroxilas (BINKLEY, 1988; COLLINS; FERRIER, 1995; FERREIRA,

1995).

Os resultados das reações de carbociclização radicalar até então desenvolvidas pelo grupo

QF/DQ/UFMG, aliados àqueles descritos na literatura, encontram-se relatados na Introdução e

foram utilizados para o planejamento deste trabalho. Citam-se as observações que foram

fundamentais neste planejamento:

� as ciclizações 11- e 12-endo são favorecidas em relação às 10- e 11-exo, respectivamente

(PRADO et al., 2000; FARACO et al., 2003; DIAS et al., 2006; BINATTI et al., 2002);

JUSTIFICATIVA, OBJETIVOS E PLANO DE SÍNTESE

44

� a restrição conformacional imposta pela presença de um ciclo no substrato, como o da

unidade de açúcar, favorece a reação de ciclização (PRADO et al., 2000);

� a configuração de C-4 do açúcar (glico ou galacto) não afeta o modo de ciclização e nem,

significativamente, o rendimento do produto ciclizado (BINATTI et al., 2002);

� a ciclização 12-endo ocorre mesmo que o substrato não contenha a porção sacarídica

(FARACO et al., 2003);

� a reação de ciclização é mais favorecida quando o grupo 2-iodobenzoilamino encontra-se

ligado ao C-6 do açúcar e o alqueno encontra-se no substituinte de C-4 do que no caso de os

dois grupos estarem em posições trocadas (DIAS et al., 2006; PIRES et al., 2006);

� a presença de um grupo fenila em substituição a um hidrogênio no carbono terminal do

alqueno prejudica (ou impede) a ciclização em substratos contendo um anel piranosídico

(PINTO; PRADO, 2005; ROCHA et al., 2005; QUEIROGA; PRADO, 2006; OLIVEIRA et al.,

2007);

� a ciclização é mais favorecida quando os radicais arila encontram-se orto ao grupo amida do

que ao grupo éster, em substratos que contém açúcar em suas estruturas (BINATTI et al.,

2005b);

� a ciclização é mais favorecida no caso de radicais arila do que de radicais alquila (ROCHA;

PRADO, 2006);

� é possível obter macrociclos utilizando-se substratos aromáticos em que o halogênio encontra-

se em posição meta em relação ao substituinte que sofre o ataque do radical arila (BALRAJU

et al., 2005).

Estas observações possibilitaram determinar os requisitos estruturais de um precursor que teria

possibilidade de conduzir a um novo macrociclo de 12 membros: uma meta-iodobenzamida

derivada de um carboidrato contendo o grupo O-aliloxila em C-4 e o grupo benzoilamino em C-6.

Assim, planejou-se sintetizar o precursor 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-(3-iodobenzoilamino)-

α-D-galactopiranosídeo de metila (GAX) (FIGURA 53), que seria submetida à reação de

carbociclização radicalar com Bu3SnH para conduzir a uma benzomacrolactama de 12 membros

(GAXA) pelo modo endo. Embora os resultados obtidos nos trabalhos realizados anteriormente no

âmbito do programa de pesquisa do grupo QF/DQ/UFMG e os registros da literatura (PORTER et

al., 1986; PORTER; CHANG, 1987; PORTER; CHANG, 1988; HITCHCOCK; PATTENDEN, 1992;

COX et al., 1992; GHOSH; GHATAK, 1995; JONAS et al., 1995; HOULDSWORTH et al., 1997;

ROBERTSON; HATLEY, 1999; NANDI; CHATTOPADHYAY, 2002; BALRAJU et al., 2005)

indiquem que a ciclização 12-endo seria a preferencial, não se poderia descartar a possibilidade

de ocorrência de ciclização 11-exo e, conseqüentemente, a formação da macrolactama GAXB

(FIGURA 53).

JUSTIFICATIVA, OBJETIVOS E PLANO DE SÍNTESE

45

12-exo12-endoGAX

O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

I

GAXB

E/OUO

OCH3

OBn

BnO

O NOH

GAXA

Refluxo

AIBN, Bu3SnH O

OCH3

OBn

BnO

O NOH

H3C

Figura 53 – Macrolactamas possíveis de serem formadas a partir da benzamida GAX.

Além de a reação de macrociclização possibilitar a obtenção de uma ou duas

benzomacrolactamas inéditas (GAXA e /ou GAXB), os resultados seriam comparados com

aqueles obtidos nas reações desenvolvidas com o 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-(2-

iodobenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de metila (7, isômero orto de GAX) (BINATTI et al.,

2002), e com a N-(4-aliloxi-n-butil)-2-iodobenzamida (18), sem a unidade sacarídica, que conduziu

à macrolactama de 12 membros 19 (FARACO et al., 2003) (FIGURA 54).

7 8 911-Endo 33 %

+

22 %

18 19 20

33 %

I

N

O

H O+

N

O

H O

N

O H

O

19 %12-Endo

O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

I

O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

O

OCH3

OBn

BnO

ON

HOBu3SnH, AIBN

Benzeno, refluxo

Bu3SnH, AIBN

Benzeno, refluxo

Figura 54 – orto-Iodobenzamidas com e sem unidade sacarídica e produtos das reações de

macrociclização radicalar.

Assim, são objetivos deste trabalho:

� sintetizar, purificar e caracterizar os intermediários e a benzamida GAX;

� desenvolver reações de carbociclização radicalar mediada por Bu3SnH com GAX;

� purificar e caracterizar eventuais produtos obtidos das reações de carbociclização radicalar;

JUSTIFICATIVA, OBJETIVOS E PLANO DE SÍNTESE

46

� encaminhar GAX e os produtos obtidos da reação de ciclização radicalar para testes de

atividade antifúngica e antibacteriana (coordenação da Profa. Elzíria de Aguiar Nunan,

Faculdade de Farmácia/UFMG).

2.2 PLANO DE SÍNTESE

As benzomacrolactamas GAXA e/ou GAXB (FIGURA 53, p. 45) seriam obtidas por reação de GAX

com Bu3SnH utilizando metodologia clássica descrita para reação de carbocilização radicalar

(MARINOVIC; RAMANATHAN, 1983; BALDWIN et al., 1992; ROBERTSON; HATLEY, 1999;

RODRÍGUEZ et al., 1999; NANDI et al., 2001; PRADO et al., 2000; BINATTI et al., 2002;

BALRAJU et al., 2005). A análise retrossintética para GAX (FIGURA 55) demonstra que o α-D-

galactopiranosídeo de metila, disponível comercialmente, é material de partida adequado.

α-D-galactopiranosídeo de metila

X = Bom grupo abandonadorP = Grupo protetor

Cl

I

O

+

OH

I

O

O

OCH3

OBnBnO

NH2O

O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

I

GAX

IGF

O

OCH3

OBnBnO

N3O

IGF

O

OCH3

OBnBnO

N3OH

O

OCH3

OBnBnO

XOH

IGFIGFO

OCH3

OBnBnO

OHOH

O

OCH3

OBnBnO

OPOP

O

OCH3

OHHO

OPOP

O

OCH3

OHHO

OHOH

IGF = Interconversão de Grupo Funcional

IGF

Figura 55 – Retrossíntese da benzamida GAX.

JUSTIFICATIVA, OBJETIVOS E PLANO DE SÍNTESE

47

Com base na análise retrossintética, foi planejada a rota para a obtenção da iodobenzamida GAX

(FIGURA 56), em oito etapas de síntese, todas envolvendo reações relativamente simples e

amplamente utilizadas na química de carboidratos. Inicialmente as hidroxilas de C-4 e C-6 do α-D-

galactopiranosídeo de metila seriam protegidas na forma de acetal benzilidênico (HALL, 1980),

conduzindo a GA2, e as hidroxilas de C-2 e C-3 seriam benziladas (FRÉCHET; BAER, 1975),

levando a GA3. Em seguida, o grupo acetal benzilidênico de GA3 seria removido (BELL;

LORDER, 1940) e a hidroxila de C-6 seria substituída, regiosseletivamente, por iodo (GAREG;

SAMUELSSON, 1980), um bom grupo abandonador. Subseqüente substituição do átomo de iodo

pelo grupo azido (UMEZAWA et al., 1974) levaria a GA6 e O-alilação da hidroxila livre de C-4 de

GA6 (PIETRASZKIEWICZ; JURCZAK, 1984) conduziria a GA7. Redução quimiosseletiva do grupo

azido a amino (DUFOUR et al., 1992) e reação do derivado 6-amino (GA8) com cloreto de 3-

iodobenzoíla (BEAK et al., 1988) conduziria à benzamida GAX. O cloreto de 3-iodobenzoíla seria

obtido por reação do ácido 3-iodobenzóico com cloreto de tionila (BEAK et al., 1988).

i) PhCHO, ZnCl2; ii) BnCl, KOH, 100 oC; iii) HCl 1 mol/L, CH3COCH3, 70

oC; iv) I2, PPh3, imidazol, 110

oC; v) NaN3, DMF, 50 oC;

vi) CH2=CHCH2Br, Bu4NBr, NaOH 50 % p/v, CH2Cl2; vii) LiAlH4, THF; viii) SOCl2, 80 oC; ix) NaOH 2 mol/L, CH2Cl2, banho de gelo

i ii iii

iv

vvivii

viiiix

GAX

GA5 GA6 GA7 GA8

OH

I

O

Cl

I

O

O

OCH3

OH

HO

O

O

GA1 GA2 GA3 GA4

O

OCH3

OHHO

OHOH

O

OCH3

OBn

BnO

O

O

H

φ

O

OCH3

OBn

BnO

OHOH

O

OCH3

OBn

BnO

IOH

O

OCH3

OBn

BnO

N3OH

O

OCH3

OBn

BnO

N3O

O

OCH3

OBn

BnO

NH2O

O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

I

Figura 56 – Rota de síntese planejada para obtenção da iodobenzamida GAX.

MATERIAL E MÉTODOS

48

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 MÉTODOS GERAIS

3.1.1 Aparelhagem utilizada

As faixas de fusão foram determinadas em aparelho Microquímica MQAPF 301 (Laboratório de

Química Farmacêutica, FaFar, UFMG) e não foram corrigidas.

As medidas de rotação específica, [α]D, foram realizadas em polarímetro ADP 200, Bellingham +

Stanley Ltd. (Laboratório de Química Farmacêutica, FaFar, UFMG) e Perkin Elmer 341

(Laboratório de Química Orgânica, Departamento de Química, ICEx, UFMG).

As reações realizadas sob aquecimento de microondas foram conduzidas em aparelho de

microondas doméstico adaptado, Panasonic Junior Smart (Laboratório de Química Orgânica sob

coordenação da Profa. Rosemeire Brondi Alves, Departamento de Química, ICEx, UFMG).

Os espectros na região do infravermelho foram registrados em espectrômetro ATR-IR, Spectrum

One, Perkin Elmer (Laboratório de Química Farmacêutica, FaFar, UFMG).

Os espectros de RMN de 1H e de RMN de 13C foram registrados nos aparelhos BRUKER

AVANCE DPX-200 e BRUKER AVANCE DRX-400 (Laremar, Departamento de Química, ICEx,

UFMG), utilizando-se sonda dual 13C e 1H de detecção direta de 5 mm para os experimentos

unidimensionais de RMN de 1H, de 13C e DEPT 135 e sonda de detecção inversa de 5 mm

equipada com bobina para o emprego de pulsos de gradiente de campo para os experimentos

bidimensionais (COSY e HMQC). Como referência interna utilizou-se o tetrametilsilano (TMS).

Os espectros de massas foram adquiridos em um espectrômetro de massas Micromass Q-TOF

(Laboratório Thomson de Espectrometira de Massas, sob a coordenação do Prof. Marcos N.

Eberlin, Instituto de Química, UNICAMP), de alta resolução e alta exatidão (5 ppm). As amostras

foram analisadas por ionização por elétronspray (modo positivo), através de infusão direta (bomba

Harvard, fluxo 5µL/minuto). Para todas as amostras utilizou-se voltagem capilar de +3000 V com

temperatura de dessolvatação de 100 oC. As voltagens do cone foram +15 V (GAX) e + 30 V

(GAXC e GAXD). Na dissociação induzida por colisão (CID) a energia de colisão foi otimizada

para cada componente, variando ente 0 e 20 eV. As amostras foram solubilizadas em uma

solução a 50% v/v de Metanol (grau HPLC) / Água deionizada com 0,1% de ácido fórmico.

3.1.2 Cromatografia

Para cromatografia em camada delgada (CCD) foi utilizada sílica gel 60 G Merck, sobre lâmina de

vidro, numa espessura de 0,25 mm.

Para cromatografia em coluna de sílica (CCS) utilizou-se sílica gel 60 G Merck (0,063-0,200 mm /

70 – 230 mesh ASTM).

MATERIAL E MÉTODOS

49

3.1.3 Purificação de solventes

• Tolueno (VOGEL, 1981)

Adicionaram-se 100 mL de ácido sulfúrico 95% m/m em 1 L de tolueno, sob banho de gelo.

Manteve-se sob agitação magnética por 30 minutos e em seguida transferiu-se para um funil de

separação. Separou-se o ácido sulfúrico (fase inferior) e lavou-se a fase toluênica com água

destilada e em seguida com solução saturada de bicarbonato de sódio, até cessar liberação de

gás carbônico. O tolueno foi deixado em contato com cloreto de cálcio por 24 horas, filtrou-se a

mistura e destilou-se o tolueno utilizando coluna de vigreux.

• Dimetilformamida (ARMAREGO; PERRIN, 1996)

Manteve-se a dimetilformamida em contato com pastilhas de hidróxido de potássio por 24 horas,

filtrou-se a mistura e destilou-se a dimetilformamida utilizando coluna de vigreux.

• Benzeno (ARMAREGO; PERRIN, 1996)

Ao benzeno, adicionaram-se, cuidadosamente, lascas de sódio metálico até cessar a liberação de

hidrogênio. Em seguida adicionou-se benzofenona e manteve-se sob refluxo até permanência de

coloração azul. O solvente foi destilado e utilizado imediatamente.

3.1.4 Reveladores

• Vapor de Iodo (revelador 1)

• Solução etanólica de ácido sulfúrico (revelador 2)

Solução a 15% v/v de ácido sulfúrico em etanol, seguido de aquecimento em estufa

• Solução etanólica de ninhidrina (revelador 3)

Solução a 0,5% m/v de ninhidrina em etanol, seguido de aquecimento em estufa

3.1.5 Procedimentos Gerais

• “Elaboração usual” – O termo elaboração usual refere-se ao seguinte procedimento: reuniram-

se as fases orgânicas de uma extração, lavou-se com água destilada, manteve-se a solução

orgânica em contato com sulfato de sódio anidro, filtrou-se e eliminou-se o solvente por

destilação sob pressão reduzida, usando evaporador rotativo.

• “Ambiente isento de umidade” – O termo ambiente isento de umidade significa que foi utilizado

tubo secante contendo cloreto de cálcio anidro conectado ao balão de reação ou ao

condensador de refluxo, quando for o caso.

MATERIAL E MÉTODOS

50

• Para o desenvolvimento de todas as reações, salvo quando descrição diferente é relatada,

utilizou-se balão de fundo redondo e a mistura foi mantida sob agitação magnética.

• Todas as reações foram realizadas mais de uma vez e as condições descritas referem-se à

reação na qual foi obtido o melhor rendimento.

3.2 SÍNTESES

3.2.1 Síntese de 4,6-O-benzilideno-αααα-D-galactopiranosídeo de metila – GA2 (HALL, 1980)

GA2

O

OCH3

OH

HO

O

O

φ

O

OCH3

OH

HO

OHOH

GA1

t.a.

PhCHO, ZnCl2

48%

Em ambiente isento de umidade, colocaram-se 9 mL (88,7 mmol) de benzaldeído e 3,5 g (25,7 mmol)

de cloreto de zinco anidro. Aguardaram-se cerca de 15 minutos ou até a formação de pasta

esbranquiçada. Adicionaram-se então o α-D-galactopiranosídeo de metila GA1 (2,0 g; 10,3 mmol)

e quantidade adicional de benzaldeído (6,5 mL; 64,1 mmol). O desenvolvimento da reação foi

acompanhado por CCD (eluente: clorofórmio/metanol 9,5:0,5; reveladores: 1 e 2) e após 4,5 horas

evidenciou-se o término da reação. Adicionaram-se 16,4 g de bissulfito de sódio dissolvidos em

água (cerca de 50 mL) e manteve-se sob agitação magnética por 20 minutos. Filtrou-se o sólido

formado, sob vácuo, lavou-se com água destilada e, em seguida, extraiu-se o filtrado com

diclorometano (3 x 60 mL). Elaboração usual levou a um sólido branco grumoso que após

lavagem com éter de petróleo conduziu a 1,39 g (4,9 mmol) de GA2, com 48% de rendimento.

Tabela 1 – Quantidade de reagentes utilizados na reação de obtenção de GA2

Reagentes Quantidade Relação molar

Benzaldeído 9 mL + 6,6 mL (152,8 mmol) 14,8

Cloreto de Zinco 3,5 g (25,7 mmol) 2,5

α-D-galactopiranosídeo de metila (GA1) 2,0 g (10,3 mmol) 1

12

3

4 5

6

7

GA2

O

OCH3

OH

HO

O

O

φ

MATERIAL E MÉTODOS

51

Tabela 2 – Dados físico-químicos e espectrométricos de GA2

F.M.: C14H18O6

M.M.: 282,29 g / mol

F.F.: 166,6-168,6 oC

F.F. Literatura: (ROBERTSON; LAMB, 1934) 170,0-172,0 oC, recristalizado em éter de petróleo/etanol absoluto 2/1

[α]D: +141,3 (c 1,38, CHCl3)

[α]D Literatura: (ROBERTSON; LAMB, 1934) +166,5 (c 1,38, CHCl3)

IVATR: Figura 63, p. 80

ν máx (cm-1) Atribuição

3471 ν O-H

3068 ν C-H aromático

2908 ν C-H alifático

1452 ν C=C aromático

742, 695 δ C-H aromático monossubstituído

RMN de 1H (CDCl3, 200 MHz): Figura 64, p. 81

δ Multiplicidade Integral Atribuição J (Hz)

7,50 – 7,33 m 5 H H aromáticos -

5,51 s 1 H H-7 -

4,88 d 1 H H-1 J1-2 = 2,5

4,25 dd 1 H H-6 J6-6’ = 12,5

J6-5 = 1,3

4,19 sl 1 H H-4 -

4,02 dd 1 H H-6’ J6’-6 = 12,5

J6’-5 = 1,5

3,91 – 3,89 m 2 H H-2 e H-3 -

3,62 sl 1 H H-5 -

3,42 s 3 H OCH3 -

3,09 sl 2 H OH -

RMN de 13C (CDCl3, 50 MHz): Figura 66, p. 82

δ Atribuição

137,55 C ipso

129,01; 128,09; 126,23 C aromáticos

101,04 C-7

100,23 C-1

75,91 C-4

MATERIAL E MÉTODOS

52

Tabela 2 (conclusão)

69,33; 69,22 C-2 e C-3

69,18 C-6

62,59 C-5

55,52 OCH3

3.2.2 Síntese de 2,3-di-O-benzil-4,6-O-benzilideno-αααα-D-galactopiranosídeo de metila – GA3

(FRÉCHET; BAER, 1975)

O

OCH3

OBn

BnO

O

O

φ

GA3GA2

O

OCH3

OH

HO

O

O

φ

100 oC

BnCl, KOH

95%

Em um sistema isento de umidade e acoplado a um condensador de refluxo, adicionaram-se 1,05 g

(3,7 mmol) de 4,6-O-benzilideno-α-D-galactopiranosídeo de metila (GA2), 1,9 g (34,2 mmol) de

hidróxido de potássio pulverizado e 11,5 mL (12,6 g; 99,7 mmol) de cloreto de benzila. Manteve-se

a mistura sob aquecimento (100 oC) por 8 horas, quando observou-se o término da reação. O

desenvolvimento da reação foi acompanhado por CCD (eluente: hexano/acetato de etila 1:1;

reveladores: 1 e 2). A mistura foi resfriada à temperatura ambiente e transferida para um funil de

separação. Adicionaram-se 30 mL de água destilada e procedeu-se à extração com diclorometano

(3 x 30 mL). Elaboração usual levou a um resíduo oleoso que após adição de hexano e atrito

conduziu a um sólido branco, que foi filtrado sob vácuo O sólido branco foi caracterizado como

sendo o produto planejado, GA3 (1,64 g; 3,5 mmol; 95% de rendimento).

Tabela 3 – Quantidade de reagentes utilizados na reação de obtenção de GA3

Reagentes Quantidade Relação molar

4,6-O-benzilideno-α-D-galactopiranosídeo de metila (GA2)

1,05 g (3,7 mmol) 1

Hidróxido de potássio pulverizado 1,9 g (34,2 mmol) 9,2

Cloreto de benzila 11,5 mL (12,6 g; 99,7 mmol) 27

12

3

4 5

6

7

O

OCH3

OBnBnO

O

O

φ

GA3

MATERIAL E MÉTODOS

53

Tabela 4 – Dados físico-químicos e espectrométricos de GA3

F.M.: C28H30O6

M.M.: 462,54 g / mol

F.F.: 174,7-175,7 oC

F.F. Literatura: (FRÉCHET; BAER, 1975) 176,0-177,0 oC, recristalizado em éter de petróleo

[α]D: +76,2 (c 2,40, CHCl3)

[α]D Literatura: (FRÉCHET; BAER, 1975) +77,0 (c 2,40, CHCl3)

IVATR: Figura 69, p. 85

ν máx (cm-1) Atribuição

3028 ν C-H aromático

2901 ν C-H alifático

1497, 1455 ν C=C aromático

737, 695 δ C-H aromático monossubstituído

RMN de 1H (CDCl3, 200 MHz): Figura 70, p. 86

δ Multiplicidade Integral Atribuição J (Hz)

7,51 – 7,24 m 15 H H aromáticos -

5,48 s 1 H H-7 -

4,89 d 1 H H benzílico Jgem = 12,1

4,84 d 1 H H benzílico Jgem = 12,1

4,77 sl 1 H H-1 -

4,74 d 1 H H benzílico Jgem = 11,9

4,68 d 1 H H benzílico Jgem = 11,9

4,24 sl 1 H H açúcar -

4,18 sl 1 H H açúcar -

4,10 – 3,94 m 3 H H açúcar -

3,57 sl 1 H H açúcar -

3,38 s 3 H OCH3 -

RMN de 13C (CDCl3, 50 MHz): Figura 71, p. 87

δ Atribuição

138,73; 138,51 C ipso dos grupos benzila

137,77 C ipso

128,81; 128,27; 128,06; 128,01; 127,64; 127,58; 127,50; 126,29

C aromáticos

101,04 C-7

99,42 C-1

75,95; 75,38; 74,71; 62,39 C-2, C-3, C-4, C-5

MATERIAL E MÉTODOS

54

Tabela 4 (conclusão)

73,77; 72,15 C benzílicos

69,36 C-6

55,45 OCH3

3.2.3 Síntese de 2,3-di-O-benzil-αααα-D-galactopiranosídeo de metila – GA4 (BELL; LORBER,

1940; COURI et al., 2005)

CH3COOH/H2O 1:1

81%MO

HCl1 mol/L, CH3COCH3Refluxo

79%OU

GA4

O

OCH3

OBnBnO

OHOH

O

OCH3

OBnBnO

O

O

φ

GA3

Método I (BELL; LORBER, 1940)

Em um sistema acoplado a um condensador de refluxo, adicionaram-se 2,0 g (4,3 mmol) de 2,3-

di-O-benzil-4,6-O-benzilideno-α-D-galactopiranosídeo de metila (GA3), 105 mL de acetona, 7,5 mL

de água destilada e 2,6 mL de solução de ácido clorídrico 1 mol/L. A mistura foi mantida sob

refluxo (cerca de 70 oC) por 7 horas. O desenvolvimento da reação foi acompanhado por CCD

(eluente: hexano/acetato de etila 1:1; reveladores: 1 e 2). A mistura foi resfriada à temperatura

ambiente, adicionaram-se 2,9 g (14,5 mmol) de carbonato de bário e deixou-se sob agitação

magnética por 16 horas, até neutralização. Filtrou-se, lavou-se o resíduo com acetona e eliminou-

se o solvente por destilação sob pressão reduzida, em evaporador rotativo, utilizando etanol como

codestilante. O resíduo obtido foi purificado por CCS (eluente: diclorometano/metanol 97:3),

conduzindo a GA4 (1,28 g; 3,4 mmol) com 79% de rendimento.

Método II (COURI et al., 2005)

Em um balão acoplado a um condensador de refluxo adaptado ao aparelho de microondas,

adicionaram-se 1,48 g (3,2 mmol) de 2,3-di-O-benzil-4,6-O-benzilideno-α-D-galactopiranosídeo de

metila (GA3), 20 mL de água destilada e 20 mL de ácido acético. A mistura foi mantida sob

aquecimento em microondas por 18 minutos, em uma potência de aproximadamente 250 W. O

desenvolvimento da reação foi acompanhado por CCD (eluente: hexano/acetato de etila 1:1;

reveladores: 1 e 2). Eliminou-se a água por destilação sob pressão reduzida, usando evaporador

MATERIAL E MÉTODOS

55

rotativo, e o resíduo obtido foi purificado por CCS. O produto planejado GA4 foi eluído com

diclorometano/metanol 97:3, com 81% de rendimento (0,97 g; 2,6 mmol).

Tabela 5 – Quantidade de reagentes utilizados na reação de obtenção de GA4

Reagentes Quantidade

Método I

2,3-di-O-benzil-4,6-O-benzilideno-α-D-galactopiranosídeo de metila (GA3)

2,0 g (4,3 mmol)

Acetona 105 mL

Água destilada 7,5 mL

Solução de HCl 1 mol/L 2,6 mL

Método II

2,3-di-O-benzil-4,6-O-benzilideno-α-D-galactopiranosídeo de metila (GA3)

1,48 g (3,2 mmol)

Água destilada 20 mL

Ácido acético 20 mL

6

54

3

21

O

OCH3

OBnBnO

OHOH

GA4

Tabela 6 – Dados físico-químicos e espectrométricos de GA4

F.M.: C21H26O6

M.M.: 374,43 g / mol

F.F.: 80,8-84,8 oC

F.F. Literatura: (KISS; BURKHARDT, 1970) 87,0-88,0 oC, recristalizado em éter isopropílico

[α]D: +48,5 (c 0,78, CHCl3)

[α]D Literatura: (KISS; BURKHARDT, 1970) +45,4 (c 0,82, CHCl3)

IVATR: Figura 74, p. 89

ν máx (cm-1) Atribuição

3438 ν O-H

3028 ν C-H aromático

2876 ν C-H alifático

1498, 1455 ν C=C aromático

743, 696 δ C-H aromático monossubstituído

MATERIAL E MÉTODOS

56

Tabela 6 (conclusão)

RMN de 1H (CDCl3, 200 MHz): Figura 75, p. 90

δ Multiplicidade Integral Atribuição J (Hz)

7,38 – 7,26 m 10 H H aromáticos -

4,81 d 1 H H benzílico Jgem = 12,2

4,71 – 4,66 m 3 H H benzílicos, H-1 -

4,66 d 1 H H benzílico Jgem = 12,2

4,04 sl 1 H H-açúcar -

3,91 – 3,85 m 1 H H-açúcar -

3,91 d 1 H H-6 J6-6’ = 12,4

3,87 d 1 H H-2 J2-1 = 3,2

3,78 – 3,72 m 1 H H-açúcar -

3,77 d 1 H H-6’ J6’-6 = 12,4

3,37 s 3 H OCH3 -

2,57 sl 2 H OH -

RMN de 13C (CDCl3, 50 MHz): Figura 76, p. 91

δ Atribuição

138,21; 137,94 C ipso dos grupos benzila

128,47; 128,36; 127,98; 127,90; 127,79 C aromáticos

98,55 C-1

77,28; 75,56; 69,04; 68,86 C-2, C-3, C-4, C-5

73,45; 72,87 C benzílicos

62,89 C-6

55,29 OCH3

3.2.4 Síntese de 2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-iodo-αααα-D-galactopiranosídeo de metila – GA5

(GAREGG; SAMUELSSON, 1980)

73%

PhCH3, Refluxo

I2, PPh3, imidazol

GA5

O

OCH3

OBn

BnO

OH I

GA4

O

OCH3

OBnBnO

OHOH

Em um sistema isento de umidade e acoplado a um condensador de refluxo, adicionaram-se 1,65 g

(4,4 mmol) de 2,3-di-O-benzil-α-D-galactopiranosídeo de metila (GA4), 65 mL de tolueno anidro,

0,60 g (8,8 mmol) de imidazol, 1,16 g (4,4 mmol) de trifenilfosfina e 1,11 g (4,4 mmol) de iodo. A

mistura foi mantida sob refluxo (cerca de 110 oC) e após 1 hora de reação, adicionaram-se mais

MATERIAL E MÉTODOS

57

0,30 g (4,4 mmol) de imidazol, 0,57 g (2,2 mmol) de trifenilfosfina e 0,56 g (2,2 mmol) de iodo. O

desenvolvimento da reação foi acompanhado por CCD (eluente: hexano/acetato de etila 7:3;

reveladores: 1 e 2) e verificou-se que após 2 horas da segunda adição a reação havia

completado. A mistura foi resfriada à temperatura ambiente e lavou-se com 70 mL de solução

saturada de bicarbonato de sódio. A fase orgânica foi separada e adicionou-se iodo pulverizado

até permanência de coloração castanho-amarelada, característica de iodo. Em seguida,

adicionou-se solução de tiossulfato de sódio 20% m/v, sob agitação, até desaparecimento da

coloração castanho-amarelada. Separou-se novamente a fase orgânica e extraiu-se a fase

aquosa com diclorometano (3 x 20 mL) e procedeu-se à elaboração usual. O resíduo obtido foi

filtrado em coluna de sílica utilizando como eluente tolueno/acetato de etila 2:1 (200 mL). O novo

resíduo obtido foi submetido à CCS (eluente: hexano/acetato de etila 8:2) e o derivado iodado

GA5 (1,54 g; 3,2 mmol) foi obtido com 73% de rendimento.

Tabela 7 – Quantidade de reagentes utilizados na reação de obtenção de GA5

Reagentes Quantidade Relação molar

2,3-di-O-benzil-α-D-galactopiranosídeo de metila (GA4)

1,65 g (4,4 mmol) 1

Tolueno anidro 65 mL -

Imidazol 0,60 g (8,8 mmol) + 0,30 g (4,4 mmol) 2 + 1

Trifenilfosfina 1,16 g (4,4 mmol + 0,57 g (2,2 mmol) 1 + 0,5

Iodo 1,11 g (4,4 mmol) + 0,56 g (2,2 mmol) 1 + 0,5

6

54

3

21

O

OCH3

OBn

BnO

OH I

GA5

Tabela 8 – Dados físico-químicos e espectrométricos de GA5

F.M.: C21H25IO5

M.M.: 484,33 g / mol

F.F.: 97,0-103,0 oC

F.F. Literatura: (BINATTI et al., 2002) 103,9-105,5 oC

[α]D: +44,6 (c 2,40, CHCl3)

[α]D Literatura: (BINATTI et al., 2002) +44,7 (c 2,40, CHCl3)

MATERIAL E MÉTODOS

58

Tabela 8 (conclusão)

IVATR: Figura 79, p. 93

ν máx (cm-1) Atribuição

3453 ν O-H

3027 ν C-H aromático

2922 ν C-H alifático

1498, 1454 ν C=C aromático

739, 701 δ C-H aromático monossubstituído

RMN de 1H (CDCl3, 200 MHz): Figura 80, p. 94

δ Multiplicidade Integral Atribuição J (Hz)

7,38 – 7,28 m 10 H H aromáticos -

4,82 d 1 H H benzílico Jgem = 11,5

4,81 d 1 H H benzílico Jgem = 12,2

4,69 d 1 H H benzílico Jgem = 11,5

4,64 d 1 H H benzílico Jgem = 12,2

4,63 d 1 H H-1 J1-2 = 3,3

4,11 – 4,09 m 1 H H-açúcar -

3,91 – 3,81 m 3 H H-açúcar -

3,43 s 3 H OCH3 -

3,32 d 2 H H-6 J6-5 = 7,3

2,44 sl 1 H OH -

RMN de 13C (CDCl3, 50 MHz): Figura 81, p. 95

δ Atribuição

138,17; 137,90 C ipso dos grupos benzila

128,54; 128,42; 128,03; 127,99; 127,87; 127,82 C aromáticos

98,55 C-1

77,36; 75,25; 70,15; 68,38 C-2, C-3, C-4, C-5

73,53; 73,04 C benzílicos

55,68 OCH3

3,01 C-6

MATERIAL E MÉTODOS

59

3.2.5 Síntese de 6-azido-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-αααα-D-galactopiranosídeo de metila – GA6

(UMEZAWA et al., 1974)

GA6

O

OCH3

OBn

BnO

OH N3

GA5

O

OCH3

OBn

BnO

OH I

50 oC

NaN3, DMF

87%

Em um sistema isento de umidade, adicionaram-se 1,81 g (3,7 mmol) de 2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-

iodo-α-D-galactopiranosídeo de metila (GA5), 113 mL de dimetilformamida anidra e 1,13 g (17,4 mmol)

de azida de sódio. A mistura de reação foi aquecida a 50 oC por 34 horas. O desenvolvimento da

reação foi acompanhado por CCD (eluente: hexano/acetato de etila 7:3; reveladores: 1 e 2). A

dimetilformamida foi eliminada por destilação à pressão reduzida, adicionaram-se 50 mL de água

destilada ao resíduo, extraiu-se com diclorometano (3 x 80 mL) e procedeu-se à elaboração usual.

O resíduo obtido foi purificado por CCS (eluente: hexano/acetato de etila 8:2), conduzindo a GA6

(1,29 g; 3,2 mmol) com 87% de rendimento.

Tabela 9 – Quantidade de reagentes utilizados na reação de obtenção de GA6

Reagentes Quantidade Relação molar

2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-iodo-α-D-galactopiranosídeo de metila (GA5)

1,81 g (3,7 mmol) 1

Dimetilformamida 113 mL -

Azida de Sódio 1,13 g (17,4 mmol) 4,7

6

54

3

21

GA6

O

OCH3

OBn

BnO

OH N3

Tabela 10 – Dados físico-químicos e espectrométricos de GA6

F.M.: C21H25N3O5

M.M.: 399,44 g / mol

F.F.: 65,0-67,5 oC

F.F. Literatura: (BINATTI et al., 2002) Óleo

[α]D: +21,3 (c 2,72, CHCl3)

[α]D Literatura: (BINATTI et al., 2002) +96,9 (c 2,72, CHCl3)

MATERIAL E MÉTODOS

60

Tabela 10 (conclusão)

IVATR: Figura 83, p. 96

ν máx (cm-1) Atribuição

3412 ν O-H

3031 ν C-H aromático

2892 ν C-H alifático

2099 ν N3

1498, 1454 ν C=C aromático

739, 700 δ C-H aromático monossubstituído

RMN de 1H (CDCl3, 200 MHz): Figura 84, p. 97

δ Multiplicidade Integral Atribuição J (Hz)

7,38 – 7,25 m 10 H H aromáticos -

4,82 d 1 H H benzílicos Jgem = 11,4

4,81 d 1 H H benzílicos Jgem = 12,1

4,68 d 1 H H benzílicos Jgem = 11,4

4,67 sl 1 H H-1 -

4,66 d 1 H H benzílicos Jgem = 12,1

3,90 – 3,82 m 4 H H-2, H-3, H-4, H-5 -

3,60 dd 1 H H-6 J6-6’ = 12,8

J6-5 = 8,3

3,41 s 3 H OCH3 -

3,26 dd 1 H H-6’ J6’-6 = 12,8

J6’-5 = 4,5

2,55 sl 1 H OH -

RMN de 13C (CDCl3, 50 MHz): Figura 85, p. 98

δ Atribuição

138,15; 137,86 C ipso dos grupos benzila

128,52; 128,39; 127,98; 127,85; 127,82 C aromáticos

98,48 C-1

77,19; 75,45; 68,71; 68,12 C-2, C-3, C-4, C-5

73,47; 73,02 C benzílicos

55,43 OCH3

51,18 C-6

MATERIAL E MÉTODOS

61

3.2.6 Síntese de 4-O-alil-6-azido-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-αααα-D-galactopiranosídeo de

metila – GA7 (PIETRASZKIEWICZ; JURCZAK, 1984)

GA7

O

OCH3

OBnBnO

O N3

GA6

O

OCH3

OBn

BnO

OH N3

NaOH 50% m/v, CH2Cl2, t.a.

CH2=CHCH2Br, Bu4NBr

83%

À uma solução do derivado azidoálcool GA6 (0,75 g; 1,9 mmol) em 15 mL de diclorometano foram

adicionados brometo de tetrabutilamônio (0,90 g; 2,8 mmol) e 5,3 mL de solução de hidróxido de

sódio 50% m/v. Após 10 minutos, adicionaram-se 0,72 mL (1,0 g; 8,3 mmol) de brometo de alila. O

desenvolvimento da reação foi acompanhado por CCD (eluente: hexano/acetato de etila 8:2;

reveladores: 1 e 2) e após 40 horas de reação, adicionaram-se 10 mL de água destilada.

Separou-se a fase orgânica, extraiu-se a fase aquosa com diclorometano (3 x 60 mL) e procedeu-

se à elaboração usual. O resíduo obtido foi purificado por CCS (eluente: hexano/acetato de etila

8:2), obtendo-se um óleo incolor que cristalizou após atrito. O produto planejado GA7 (0,69 g;

1,6 mmol) foi obtido com 83% de rendimento.

Tabela 11 – Quantidade de reagentes utilizados na reação de obtenção de GA7

Reagentes Quantidade Relação molar

6-azido-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-α-D-galactopiranosídeo de metila – GA6

0,75 g (1,9 mmol) 1

Diclorometano 15 mL -

Brometo de tetrabutilamônio 0,90 g (2,8 mmol) 1,5

Solução de hidróxido de sódio 50% m/v 5,3 mL -

Brometo de alila 0,72 mL (1,0 g; 8,3 mmol) 4,4

6

54

3

21

O

OCH3

OBnBnO

O N3

GA7

7

8

9

MATERIAL E MÉTODOS

62

Tabela 12 – Dados físico-químicos e espectrométricos de GA7

F.M.: C24H29N3O5

M.M.: 439,51 g / mol

F.F.: 39,6-41,8 oC

F.F. Literatura: (BINATTI et al., 2002) óleo

[α]D: +17,9 (c 2,80, CHCl3)

[α]D Literatura: (BINATTI et al., 2002) +18,1 (c 2,80, CHCl3)

IVATR: Figura 88, p. 100

ν máx (cm-1) Atribuição

3065, 3032 ν C-H aromático e alqueno

2931 ν C-H alifático

2091 ν N3

1497, 1455 ν C=C aromático

745, 695 δ C-H aromático monossubstituído

RMN de 1H (CDCl3, 200 MHz): Figuras 89 e 90, p. 101

δ Multiplicidade Integral Atribuição J (Hz)

7,37 – 7,25 m 10 H H aromáticos -

5,89 dddd 1 H H-8 J8-9 = 17,1

J8-9’ = 10,3

J8-7 = 6,8

J8-7’ = 5,3

5,22 dd 1 H H-9 J9-8 = 17,1

J9-9’ = 1,5

5,17 d 1 H H-9’ J9’-8 = 10,3

4,84 d 1 H H benzílico Jgem = 11,7

4,83 d 1 H H benzílico Jgem = 11,9

4,70 d 1 H H benzílico Jgem = 11,7

4,68 sl 1 H H-1 -

4,65 d 1 H H benzílico Jgem = 11,9

4,45 dd 1 H H-7’ J7’-7 = 12,6

J7’-8 = 5,3

4,07 dd 1 H H-7 J7-7’ = 12,6

J7-8 = 6,8

3,97 dd 1 H H-2 J2-3 = 10,0

J2-1 = 3,4

3,89 d 1 H H-3, H-4 ou H-5 J = 2,5

MATERIAL E MÉTODOS

63

Tabela 12 (conclusão)

3,85 – 3,79 m 1 H H-3, H-4 ou H-5 -

3,70 sl 1 H H-3, H-4 ou H-5 -

3,57 dd 1 H H-6 J6-6’ = 12,4

J6-5= 8,1

3,40 s 3 H OCH3 -

3,18 dd 1 H H-6’ J6’-6 = 12,4

J6’-5 = 5,0

RMN de 13C (CDCl3, 50 MHz): Figura 92, p. 103

δ Atribuição

138,54; 138,37 C ipso dos grupos benzila

134,84 C-8

128,36; 128,33; 128,00; 127,72; 127,57; 127,49 C aromáticos

117,65 C-9

98,77 C-1

78,62 C-2

76,28; 75,35; 69,61 C-3, C-4, C-5

73,90 C-7

73,62; 73,41 C benzílicos

55,45 OCH3

51,33 C-6

3.2.7 Síntese de 4-O-alil-6-amino-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-αααα-D-galactopiranosídeo de metila

(GA8), de Cloreto de 3-iodobenzoíla e de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-(3-

iodobenzoilamino)-αααα-D-galactopiranosídeo de metila – GAX

O

OCH3

OBnBnO

O N3

60% 37%

Cl

O

I

NaOH 2 mol/L Et3N, banho de gelo (2) , OU

(1) LiAlH4, THF, N2, t.a.O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

I

GAXGA7

MATERIAL E MÉTODOS

64

3.2.7.1 Síntese de 4-O-alil-6-amino-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-αααα-D-galactopiranosídeo de metila

(GA8) (DUFOUR et al., 1992)

GA7

LiAlH4, THF, N2, t.a.O

OCH3

OBnBnO

O N3

GA8

O

OCH3

OBnBnO

O NH2

Em um balão bitubulado, acoplado em uma das extremidades a um condensador conectado a um

sistema de escape de gás (tubo contendo óleo mineral), adicionou-se 0,0366 g (0,96 mmol) de

hidreto de lítio e alumínio. A outra extremidade do balão foi fechada com rolha de saia e o sistema

foi mantido sob atmosfera de nitrogênio. Com o auxílio de uma seringa, foram adicionados,

lentamente, 1,6 mL de tetraidrofurano (grau HPLC) e uma solução de GA7 (0,21 g; 0,48 mmol) em

4,0 mL de tetraidrofurano (grau HPLC). O desenvolvimento da reação foi acompanhado por CCD

(eluente: hexano/acetato de etila 8:2; reveladores: (a) 1 e 2; (b) 1 e 3) e após 2,5 horas

adicionaram-se, cuidadosamente, 1 mL de água destilada, 1 mL de solução de hidróxido de sódio

2 mol/L e mais 4 mL de água destilada. Separou-se a camada orgânica, extraiu-se a fase aquosa

com diclorometano (3 x 15 mL) e procedeu-se à elaboração usual. O resíduo obtido na forma de

um óleo (GA8) foi utilizado no mesmo dia na reação subseqüente, sem purificação adicional.

3.2.7.2 Síntese de Cloreto de 3-iodobenzoíla (BEAK et al., 1988)

Cl

O

I

OH

O

I

Refluxo

SOCl2

A um sistema isento de umidade acoplado a condensador de refluxo, foram adicionados 0,24 g

(0,97 mmol) de ácido 3-iodobenzóico e 1,4 mL (2,3 g; 19,3 mmol) de cloreto de tionila. A mistura

foi mantida sob refluxo (aproximadamente 90 oC) por 3 horas. O excesso de cloreto de tionila foi

removido por co-destilação com benzeno, usando evaporador rotativo, sob pressão reduzida.

MATERIAL E MÉTODOS

65

3.2.7.3 Síntese de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-(3-iodobenzoilamino)-αααα-D-galactopiranosídeo

de metila – GAX (BEAK et al., 1988; DUFOUR et al., 1992)

NaOH 2 mol/L OU Et3N

Cl

O

IO

OCH3

OBnBnO

O NH2

GA8 GAX

O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

I

Método I (BEAK et al., 1988)

À solução de cloreto de 3-iodobenzoíla, obtido conforme descrito no item 3.2.7.2, em 1,6 mL de

diclorometano, foram adicionados, sob resfriamento em banho de gelo, 1,2 mL de solução de

hidróxido de sódio 2 mol/L e solução da amina GA8, obtida conforme descrito no item 3.2.7.1, em

3,8 mL de diclorometano. O desenvolvimento da reação foi acompanhado por CCD (eluente:

hexano/acetato de etila 1:1; reveladores: (a) 1 e 2; (b) 1 e 3) e após 45 minutos adicionaram-se

10 mL de água destilada e 10 mL de diclorometano. Separou-se a camada orgânica, extraiu-se a

fase aquosa com diclorometano (3 x 15 mL) e procedeu-se à elaboração usual. O resíduo obtido

foi purificado por CCS (eluente: hexano/acetato de etila 6:4), conduzindo a GAX (0,19 g; 0,29 mmol)

com 60% de rendimento, calculado em relação a GA7.

Método II (DUFOUR et al., 1992)

Em um sistema isento de umidade, à solução da amina GA8, obtida conforme descrito no item

3.2.7.1, em 4,5 mL de diclorometano (grau HPLC), foram adicionados, sob resfriamento em banho

de gelo, 0,07 mL (0,05 g; 0,5 mmol) de trietilamina e solução de cloreto de 3-iodobenzoíla obtido

conforme descrito no item 3.2.7.2 em 2,5 mL de diclorometano (grau HPLC). O desenvolvimento

da reação foi acompanhado por CCD (eluente: hexano/acetato de etila 1:1; reveladores: (a) 1 e 2;

(b) 1 e 3) e após 1,5 horas adicionaram-se 10 mL de água destilada. Separou-se a camada

orgânica, extraiu-se a fase aquosa com diclorometano (3 x 15 mL) e procedeu-se à elaboração

usual. O resíduo obtido foi purificado por CCS (eluente: hexano/acetato de etila 6:4), conduzindo a

GAX (0,12 g; 0,18 mmol) com 37% de rendimento, calculado em relação a GA7.

MATERIAL E MÉTODOS

66

Tabela 13 – Quantidade de reagentes utilizados na reação de obtenção de GAX

Reagentes Quantidades Relação molar

Síntese de GA8

6-azido-2,3-di-O-benzil-4-O-alil-6-desoxi-α-D-galactopiranosídeo de metila – GA7

0,21 g (0,48 mmol) 1

Tetraidrofurano (para GA7) 4,0 mL -

Hidreto de lítio e alumínio 0,0366 g (0,96 mmol) 2

Tetraidrofurano (para LiAlH4) 1,6 mL -

Síntese de Cloreto de 3-iodobenzoíla

Ácido 3-iodobenzóico 0,24 g (0,97 mmol) 2

Cloreto de tionila 1,4 mL (2,3 g; 19,3 mmol) 40

Síntese de GAX

Método I

Diclorometano (para GA8) 1,6 mL -

Solução de hidróxido de sódio 2 mol/L 1,2 mL -

Diclorometano (para cloreto de 3-iodobenzoíla)

3,8 -

Método II

Diclorometano (para GA8) 4,5 mL -

Trietilamina 0,07 mL (0,05 g; 0,5 mmol) 1

Diclorometano (para cloreto de 3-iodobenzoíla)

2,5 mL -

GAX

O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

I

f

ed

c

ba

9

8

7

12

3

4 5

6

Tabela 14 – Dados físico-químicos e espectrométricos de GAX

F.M.: C31H34INO6

M.M.: 643,51 g / mol

F.F.: 109,0-110,4 oC

[α]D: +45,5 (c 1,41, CHCl3)

MATERIAL E MÉTODOS

67

Tabela 14 (continuação)

IVATR: Figura 97, p. 106

ν máx (cm-1) Atribuição

3293 ν N-H amida

3058 ν C-H aromático

2927 ν C-H alifático

1637 ν C=O amida (banda de amida I)

1553 δ N-H (banda de amida II)

1497, 1454 ν C=C aromático

RMN de 1H (CDCl3, 400 MHz): Figuras 98 – 101, p. 108 – 109

δ Multiplicidade Integral Atribuição J (Hz)

8,07 t 1 H H-b Jb-d = 1,6

Jb-f = 1,6

7,81 ddd 1 H H-d Jd-e = 7,8

Jd-b = 1,6

Jd-f = 1,1

7,67 ddd 1 H H-f Jf-e = 7,8

Jf-b = 1,6

Jf-d = 1,1

7,39 – 7,25 m 10 H H aromáticos -

7,15 t 1 H H-e Je-d = 7,8

Je-f = 7,8

6,62 dd 1 H NH JNH-6 = 7,0

JNH-6’ = 4,0

5,93 dddd 1 H H-8 J8-9 = 17,3

J8-9’ = 10,3

J8-7 = 6,9

J8-7’ = 5,2

5,24 qd 1 H H-9 J9-8 = 17,3

J9-9’ = 1,5

J9-7 = 1,5

J9-7’ = 1,5

5,20 dd 1 H H-9’ J9’-8 = 10,3

J9’-9 = 1,5

4,84 d 1 H H benzílico Jgem = 12,1

4,84 d 1 H H benzílico Jgem = 11,7

4,71 d 1 H H benzílico Jgem = 11,7

MATERIAL E MÉTODOS

68

Tabela 14 (continuação)

4,67 d 1 H H-1 J1-2 = 3,7

4,66 d 1 H H benzílico Jgem = 12,1

4,49 tdd 1 H H-7’ J7’-7 = 12,4

J7’-8 = 5,2

J7’-9= 1,5

J7’-9’= 1,5

4,11 dd 1 H H-7 J7-7’ = 12,4

J7-8 = 6,9

3,98 dd 1 H H-2 J2-3 = 10,1

J2-1 = 3,7

3,94 – 3,87 m 3 H H-3, H-6 e H-4 ou H-5

-

3,80 d 1 H H-5 ou H-4 J = 2,3

3,42 – 3,38 m 1 H H-6’ -

3,30 s 3 H OCH3 -

RMN de 13C (CDCl3, 100 MHz): Figura 103, p. 111

δ Atribuição

165,94 C=O

140,38 C-d

138,53; 138,44 C ipso dos grupos benzila

136,31 C-a (ipso)

135,96 C-b

134,88 C-8

130,22 C-e

128,40; 128,33; 128,01; 127,72; 127,63; 127,54 C aromáticos

125,94 C-f

118,00 C-9

98,88 C-1

94,26 C-I (ipso)

78,72; 68,27 C-3, C-4 ou C-5

76,45 C-5 ou C-4

76,35 C-2

73,94 C-7

73,67; 73,47 C benzílicos

55,31 OCH3

41,21 C-6

MATERIAL E MÉTODOS

69

Tabela 14 (conclusão)

Massas de alta resolução (TOF MS ES; TOF MSMS ES): Figura 105, p. 113

Íon m/z

Calculado Encontrado

[M + H]+ 644,1509 644,1534

[M + Na]+ 666,1329 666,1451

[M + K]+ 682,1068 682,1188

[M + H]+ – CH3OH 612,1247 612,1757

[M + H]+ – CH3OH – PhCH2OH 504,0672 504,0809

3.2.8 Reação de macrociclização radicalar

GAX

O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

I

GAXB

E/OUO

OCH3

OBn

BnO

O NOH

GAXARefluxo

AIBN, Bu3SnH

ou ciclo-hexano

O

OCH3

OBn

BnO

O NOH

H3C

Foram realizadas quatro reações de macrociclização radicalar, utilizando-se o procedimento geral

descrito a seguir. As condições específicas de cada reação, assim como os produtos isolados e

seus respectivos rendimentos, encontram-se apresentados na Tabela 15 (p. 70).

Para a reação de macrociclização radicalar, foi utilizado um balão tritubulado, adaptado em uma

das extremidades a um condensador de refluxo conectado a um sistema de escape de gás (tubo

contendo óleo mineral). Outra extremidade foi fechada com rolha de saia por onde se introduziu o

nitrogênio (a mistura de reação foi mantida sob atmosfera de nitrogênio). A última extremidade do

balão foi adaptada a um funil de adição fechado com rolha de saia.

A uma solução da m-iodobenzamida GAX (0,2 g; 0,31 mmol) em solvente anidro, sob agitação

magnética e refluxo (temperatura cerca de 90 oC), adicionou-se, lentamente, por meio do funil de

adição, solução de AIBN (10 mg; 0,062 mmol) e hidreto de tri-n-butilestanho (0,13 mL; 0,14 g;

0,47 mmol), em solvente anidro. Uma hora após o término da adição, eliminou-se o solvente por

destilação sob pressão reduzida, usando evaporador rotativo, e o resíduo obtido foi submetido à

CCS (eluente: hexano/acetato de etila).

MATERIAL E MÉTODOS

70

Tabela 15 – Condições empregadas nas reações radicalares e rendimentos de produtos isolados

Reação Vol. (mL) solvente

para GAX

Vol. (mL) solvente para Bu3SnH/AIBN

[GAX] (mmol/L)

final

[Bu3SnH] (mmol/L)

final

Tempo de adição

(h)

Quantidade / Rendimento

GAX GAXC GAXD

1 * 22 3,7 12 18 1:15 - 0,094 g; 0,18 mmol;

58%

-

2 * 95 15 2,8 4,3 5:20 - - 0,065 g; 0,11 mmol;

35%

3 * 44,5 7,5 6 9 3:20 0,034 g; 0,05 mmol;

16%

0,060 g; 0,12 mmol;

38%

-

4 ** 95 15 2,8 4,3 3:30 - 0,115 g; 0,22 mmol;

71%

-

* solvente das reações 1, 2 e 3: benzeno anidro

** solventes da reação 4: a) para GAX: benzeno (1 mL) e ciclo-hexano grau HPLC (94 mL);

b) para Bu3SnH/AIBN: benzeno (7,5 mL) e ciclo-hexano grau HPLC (7,5 mL)

6

54

3

21

7

8

9

ab

cd

O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

GAXC

b

c

Tabela 16 – Dados físico-químicos e espectrométricos de GAXC

F.M.: C31H35NO6

M.M.: 517,62 g / mol

F.F.: 101,6 – 105,5 oC

F.F. Literatura: (BINATTI et al., 2002) óleo

[α]D: +48,2 (c 1,05, CHCl3)

[α]D Literatura: (BINATTI et al., 2002) +53,8 (c 1,30, CHCl3)

MATERIAL E MÉTODOS

71

Tabela 16 (continuação)

IVATR: Figura 109, p. 118

ν máx (cm-1) Atribuição

3315 ν N-H amida

3030 ν C-H aromático

2927 ν C-H alifático

1639 ν C=O amida (banda de amida I)

1538 δ N-H (banda de amida II)

1490, 1454 ν C=C aromático

RMN de 1H (CDCl3, 400 MHz): Figuras 110 e 111, p. 119

δ Multiplicidade Integral Atribuição J (Hz)

7,73 dd 2 H H-b Jb-c = 6,9

Jb-d = 1,6

7,48 tt 1 H H-d Jd-c = 7,3

Jd-b = 1,6

7,43 – 7,41 m 2 H H-c -

7,36 – 7,25 m 10 H H aromáticos -

6,65 dd 1 H NH JNH-6 = 7,2

J NH-6’ = 3,4

5,92 dddd 1 H H-8 J8-9 = 17,2

J8-9’ = 10,2

J8-7 = 6,9

J8-7’ = 5,3

5,24 qd 1 H H-9 J9-8 = 17,2

J9-9’ = 1,5

J9-7 = 1,5

J9-7’ = 1,5

5,18 dd 1 H H-9’ J9’-8 = 10,2

J9’-9 = 1,5

4,84 d 1 H H benzílico Jgem = 12,0

4,83 d 1 H H benzílico Jgem = 11,6

4,71 d 1 H H benzílico Jgem = 11,6

4,67 d 1 H H-1 J1-2 = 3,5

4,66 d 1 H H benzílico Jgem = 12,0

MATERIAL E MÉTODOS

72

Tabela 16 (continuação)

4,47 tdd 1 H H-7’ J7’-7 = 12,5

J7’-8 = 5,3

J7’-9= 1,5

J7’-9’= 1,5

4,12 dd 1 H H-7 J7-7’ = 12,5

J7-8 = 6,9

3,98 dd 1 H H-2 J2-3 = 10,1

J2-1 = 3,5

3,92 – 3,88 m 3 H H-3, H-6 e H-4 ou H-5

-

3,80 d 1 H H-5 ou H-4 J = 2,3

3,43 – 3,36 m 1 H H-6’ -

3,29 s 3 H OCH3 -

RMN de 13C (CDCl3, 100 MHz): Figura 113, p. 121

δ Atribuição

167,57 C=O

138,53; 138,45 C ipso dos grupos benzila

134,92 C-8

134,27 C-a (ipso)

131,49 C-d

128,56 C-c

128,37; 128,29; 127,99; 127,68; 127,59; 127,52 C aromáticos

126,76 C-b

117,84 C-9

98,83 C-1

78,73; 68,53 C-3, C-4 ou C-5

76,36 C-2

76,24 C-5 ou C-4

73,94 C-7

73,63; 73,39 C benzílicos

55,20 OCH3

41,01 C-6

MATERIAL E MÉTODOS

73

Tabela 16 (conclusão)

Massas de alta resolução (TOF MS ES; TOF MSMS ES): Figura 115, p. 122

Íon m/z

Calculado Encontrado

[M + H]+ 518,2543 518,2805

[M + Na]+ 540,2362 540,2753

[M + K]+ 556,2101 556,2657

[M + H]+ – CH3OH 486,2280 486,2613

[M + H]+ – CH3OH – PhCH2OH 378,1705 378,2063

6

54

3

21

7

8

9

a

cd

e

f

GAXD

b

O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

c'

b'

d'

a'

b'

c'

Tabela 17 – Dados físico-químicos e espectrométricos de GAXD

F.M.: C37H39NO6

M.M.: 593,71 g / mol

F.F.: 28,1 – 29,3 oC

[α]D: +46,6 (c 1,31, CHCl3)

RMN de 1H (CDCl3, 400 MHz): Figuras 119 e 120, p. 125 e 126

δ Multiplicidade Integral Atribuição J (Hz)

7,97 t 1 H H-b Jb-f = 1,5

Jb-d = 1,5

7,71 td 1 H H-d Jd-e = 7,3

Jd-f = 1,5

Jd-b = 1,5

7,67 td 1 H H-f Jf-e = 7,7

Jf-b = 1,5

Jf-d = 1,5

MATERIAL E MÉTODOS

74

Tabela 17 (continuação)

7,58 d 2 H H-b’ Jb’-c’ = 7,0

7,49 – 7,43 m 3 H H-e + 2 H aromáticos

-

7,39 – 7,25 m 11 H H aromáticos -

6,69 – 6,68 m 1 H NH -

5,93 dddd 1 H H-8 J8-9 = 17,2

J8-9’ = 10,2

J8-7 = 6,6

J8-7’ = 5,1

5,23 dd 1 H H-9 J9-8 = 17,2

J9-9’ = 1,5

5,16 dl 1 H H-9’ J9’-8 = 10,2

4,84 d 1 H H benzílico Jgem = 12,1

4,83 d 1 H H benzílico Jgem = 12,3

4,71 d 1 H H benzílico Jgem = 12,1

4,67 d 1 H H-1 J1-2 = 3,4

4,66 d 1 H H benzílico Jgem = 12,3

4,48 ddl 1 H H-7’ J7’-7 = 12,4

J7’-8 = 5,1

4,13 ddl 1 H H-7 J7-7’ = 12,4

J7-8 = 6,6

3,99 dd 1 H H-2 J2-3 = 10,0

J2-1 = 3,4

3,95 – 3,89 m 3 H H-3, H-6 e H-4 ou H-5

-

3,81 d 1 H H-5 ou H-4 J = 2,6

3,46 – 3,37 m 1 H H-6’ -

3,30 s 3 H OCH3 -

RMN de 13C (CDCl3, 50 MHz): Figuras 122 e 123, p. 128

δ Atribuição

167,49 C=O

141,71 C-c (ipso)

140,13 C-a’ (ipso)

138,53; 138,44 C ipso dos grupos benzila

134,92 C-8

130,15 C-d

129,68 C-a (ipso)

MATERIAL E MÉTODOS

75

Tabela 17 (conclusão)

128,99; 128,85; 128,37; 128,30; 127,99; 127,73; 127,69; 127,59; 127,53; 127,09

C aromáticos

125,74 C-b

125,37 C-f

117,85 C-9

98,83 C-1

78,74; 68,53 C-3, C-4 ou C-5

76,31 C-2

76,21 C-5 ou C-4

73,95 C-7

73,64; 73,40 C benzílicos

55,23 OCH3

41,03 C-6

Massas de alta resolução (TOF MS ES; TOF MSMS ES): Figura 127, p. 131

Íon m/z

Calculado Encontrado

[M + H]+ 594,2856 594,2786

[M + Na]+ 616,2675 616,2792

[M + K]+ 632,2414 632,2346

[M + H]+ – CH3OH 562,2593 562,2767

[M + H]+ – CH3OH – PhCH2OH 454,2018 454,2053

3.3 TESTES DE ATIVIDADE ANTIBACTERIANA E ANTIFÚNGICA

Foram realizados testes de atividade antibacteriana e antifúngica com GA6 e GA7 e com as

substâncias inéditas GAX, GAXC e GAXD (FIGURA 57), no Laboratório de Controle de Qualidade

Microbiológico (Departamento de Produtos Farmacêuticos, Faculdade de Farmácia, UFMG), sob a

coordenação da Profa. Elzíria de Aguiar Nunan.

GAXD

O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

GAXC

O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

I

GAXGA7

O

OCH3

OBnBnO

O N3

GA6

O

OCH3

OBn

BnO

OH N3

Figura 57 – Substâncias submetidas aos testes de atividade antibacteriana e antifúngica.

MATERIAL E MÉTODOS

76

A atividade antimicrobiana das substâncias foi determinada contra os fungos e bactérias

especificados na Tabela 18.

Tabela 18 – Microorganismos utilizados para os testes de atividade antimicrobiana

Bactérias Gram-positivas Bactérias Gram-negativas Fungos

Bacillus subtilis ATCC 6633 Escherichia coli ATCC 8739 Candida albicans ATCC 10231

Micrococcus luteus ATCC 9341 Pseudomonas aeruginosa ATCC 9027 Aspergillus niger ATCC 16404

Staphylococcus aureus ATCC 6538P - Saccharomyces cerevisae ATCC 2601

Foram utilizados como padrões internos: cloranfenicol (1 mg/mL) para as bactérias, exceto para P.

aeruginosa, gentamicina (1 mg/mL) para P. aeruginosa e anfotericina B (2 mg/mL) para fungos.

Prepararam-se inóculos a 0,05% v/v, a partir de culturas de 24 horas, suspensas em solução

salina 0,9% estéril. Os inóculos foram padronizados em espectrofotômetro a 40% de transmitância

e a um comprimento de onda de 580 nm, empregando-se solução salina como branco. Para B.

subtilis e fungos acrescentou-se à salina Tween 80 a 0,2% v/v.

As amostras foram ensaiadas em triplicata, empregando-se o método convencional de difusão em

ágar (FARMACOPÉIA..., 1988). Discos de papéis estéreis (diâmetro de 6 mm) foram impregnados

com 20 µL das soluções das substâncias GA6, GA7, GAX, GAXC e GAXD (1 mg/mL em

clorofórmio). Como controle positivo, os discos foram impregnados com 10 µL das soluções de

cloranfenicol, gentamicina e anfotericina B, em triplicata. Como prova em branco, os discos foram

impregnados com clorofórmio, em triplicata.

As placas foram preparadas adicionando-se 20 mL de meio-base e, após solidificação deste, 5 mL

de meio superfície contendo inóculos dos microorganismos. Os discos impregnados com as

substâncias testadas, padrões internos e clorofórmio foram depositados sobre os meios de cultura

nas placas. Depois de uma hora, as placas foram incubadas a 36 °C por 24 horas. Os halos de

inibição foram medidos (em mm) com o auxílio de um paquímetro.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

77

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Conforme foi descrito no item 2 (p. 43), o substrato da reação de carbociclização radicalar

mediada por Bu3SnH, que levaria às benzomacrolactamas GAXA e/ou GAXB, foi o 4-O-alil-2,3-di-

O-benzil-6-desoxi-6-(3-iodobenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de metila (GAX). Para a síntese

de GAX, planejou-se uma rota de oito etapas (FIGURA 56, p. 47) utilizando-se o glicosídeo

disponível comercialmente, α-D-galactopiranosídeo de metila, como material de partida. As

reações desenvolvidas são corriqueiras da química de carboidratos: proteção regiosseletiva de

grupos hidroxila (1a etapa), O-alquilação (2a e 6a tapas), remoção de grupo protetor (3a etapa),

substituição regiosseletiva de hidroxila por grupo abandonador (4a etapa), substituição nucleofílica

do grupo abandonador por grupo azido (5a etapa), redução quimiosseletiva do grupo azido a

amino (7a etapa) e N-acilação (8a etapa).

Para todas as substâncias obtidas foram determinados os pontos de fusão e rotação específica e

foram obtidos os espectros no IV e de RMN de 1H e de 13C. Quando se fez necessário para a

atribuição dos sinais de RMN e para as substâncias inéditas foram obtidos espectros de RMN

bidimensionais (COSY, HMQC e HMBC). Para a atribuição das bandas no IV e dos sinais de RMN

utilizaram-se como referência Silverstein e colaboradores e Pavia e colaboradores (SILVERSTEIN

et al., 1994; PAVIA et al., 2001). Para as substâncias inéditas foram também obtidos espectros de

massas de alta resolução e exatidão.

4.1 SÍNTESE DE 4,6-O-BENZILIDENO-αααα-D-GALACTOPIRANOSÍDEO DE METILA – GA2

A primeira etapa da rota de síntese envolveu a proteção das hidroxilas em C-4 e C-6 do α-D-

galactopiranosídeo de metila na forma de acetal benzilidênico (FIGURA 58).

GA2

O

OCH3

OH

HO

O

O

φ

O

OCH3

OH

HO

OHOH

GA1

t.a.

PhCHO, ZnCl2

48%

Figura 58 – Primeira etapa da rota de síntese – Formação do acetal benzilidênico.

Em sínteses envolvendo transformações em carboidratos, a formação de acetais é amplamente

utilizada na proteção seletiva de um par de hidroxilas (COLLINS; FERRIER, 1995). A conversão

de carboidratos em ésteres e éteres é outra alternativa freqüente (BINKLEY, 1988). O acetal

benzilidênico é geralmente o grupo de escolha para proteção das hidroxilas de C-4 e C-6 em D-

RESULTADOS E DISCUSSÃO

78

glicosídeos, devido à facilidade de sua formação e posterior remoção (HALL, 1980). Assim, optou-

se por esta estratégia para a proteção das hidroxilas em C-4 e C-6 do α-D-galactopiranosídeo.

Como a formação de acetais em carboidratos é reversível, os produtos formados nesta reação

são controlados termodinamicamente, ou seja, o produto formado preferencialmente é aquele

mais estável. Os acetais benzilidênicos dos D-galactopiranosídeos tendem a se formar como anéis

de seis membros, entre as hidroxilas de C-4 e C-6, com o grupo fenila ocupando a posição

equatorial. Esta preferência se deve à maior estabilidade do anel de seis membros (1,3-dioxano)

que se forma entre as hidroxilas de C-4 e C-6, em comparação com o anel de cinco membros

(1,3-dioxalano) que é formado entre as hidroxilas de C-3 e C-4, como pode ser observado na

Figura 59 (BINKLEY, 1988; COLLINS; FERRIER, 1995).

O

OCH3

OH

HO

O

O

φ

1,3-dioxano

O

OCH3

OH

O

O OHφ

1,3-dioxolano

Figura 59 – Produtos de formação do acetal benzilidênico: 1,3-dioxano (anel de seis membros) e

1,3-dioxolano (anel de cinco membros).

Do ponto de vista cinético, a hidroxila primária em C-6 é a que apresenta maior poder nucleofílico

por ser a menos impedida estericamente, de modo que a formação do 4,6-O-benzilideno-α-D-

galactopiranosídeo de metila ocorre mais rapidamente, sendo este o produto cinético. Assim,

mesmo que as condições de reação permitam a isomerização do produto cinético (FIGURA 60),

os produtos de isomerização não são isolados, uma vez que o acetal 4,6 é também o produto

termodinâmico (BINKLEY, 1988).

O

OCH3

OH

HO

O

O

H

φ +

O

OCH3

OH

O

O

O

H

H

φ

+O

OCH3

OH

HO

O

O

φH+

O

OCH3

OH

HO

O

O

φH+

Figura 60 – Mecanismo de isomerização catalisada por ácido dos acetais benzilidênicos.

Neste trabalho, o acetal benzilidênico GA2 foi obtido por reação do α-D-galactopiranosídeo de

metila com benzaldeído e cloreto de zinco, seguindo metodologia descrita por Hall (HALL, 1980).

Misturaram-se, inicialmente, o cloreto de zinco e o benzaldeído, sob agitação magnética vigorosa,

RESULTADOS E DISCUSSÃO

79

o que levou à formação de uma pasta gelatinosa opaca. Em seguida, adicionou-se o α-D-

galactopiranosídeo de metila (GA1). A ordem de adição é fundamental para obtenção de bom

rendimento nesta reação: o complexo entre cloreto de zinco - benzaldeído não se forma de modo

efetivo se o galactopiranosídeo for adicionado primeiro (HALL, 1980). O mecanismo da reação de

formação do acetal benzilidênico está representado na Figura 61.

H2O

+

O

OCH3

OH

HO

O

O

φ

H

O

OCH3

OH

HO

OH O

H O

H+

ZnCl2δ+

δ-

δ+

ZnCl2δ-

O

OCH3

OH

HO

OH OH δ-

φ H

OO

OCH3

OH

HO

HO O

H OH

H+

H+

O

OCH3

OH

HO

HO O

C

H

φ

+

+

O

OCH3

OH

HO

HO O

H OH2

-ZnCl2

GA2

O

OCH3

OH

HO

O

O

φ

-

GA1

Figura 61 – Mecanismo para a formação de GA2.

No procedimento de elaboração, inicialmente, adicionou-se bissulfito de sódio para precipitar o

excesso de benzaldeído (FIGURA 62) (MARCH, 1985).

(s)C

OH

SO3Na

H

φ

(aq)NaHSO3+CO

H

φ

Figura 62 – Reação química de eliminação do excesso de benzaldeído.

Após filtração sob vácuo, o filtrado foi extraído com diclorometano e posterior eliminação do

solvente orgânico, sob pressão reduzida, usando evaporador rotativo, conduziu a um sólido

grumoso com odor de benzaldeído. Após lavagem do sólido com éter de petróleo obteve-se GA2

puro, com 48% de rendimento.

O acetal benzilidênico GA2 foi caracterizado pela faixa de fusão (166,6-168,6 oC; 170,0-172,0 oC,

ROBERTSON; LAMB, 1934), rotação específica (+141,3, c 1,38, CHCl3; +166,5, c 1,38, CHCl3,

ROBERTSON; LAMB, 1934) e espectros no infravermelho e de RMN de 1H e de 13C.

No espectro no infravermelho (FIGURA 63), observam-se, entre outras bandas, aquelas

referentes à deformação axial da ligação O-H ( ν 3471 cm-1), à deformação axial de C=C de

aromático (ν 1452 cm-1) e à deformação angular de C-H de aromático monossubstituído (ν 742 e

695 cm-1).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

80

Figura 63 – Espectro no IV (ATR) de 4,6-O-benzilideno-α-D-galactopiranosídeo de metila – GA2.

No espectro de RMN de 1H de GA2 (FIGURA 64), os seguintes sinais foram identificados: um

multipleto em δ 7,50 – 7,33, com integral de cinco hidrogênios, correspondente aos hidrogênios

aromáticos; um simpleto em δ 5,51, com integral de um hidrogênio, correspondente ao hidrogênio

benzilidênico (H-7); um dupleto em δ 4,88, com integral de um hidrogênio e constante de

acoplamento de 2,5 Hz, característica de hidrogênio anomérico (H-1) de D-glicosídeos de

configuração α; dois dupletos duplos em δ 4,25 e 4,02, cada um com integral de um hidrogênio e

com constante de acoplamento entre si de 12,5 Hz (típica de J gem), correspondentes a H-6 e H-6’;

um simpleto em δ 3,42, com integral de três hidrogênios, referente aos hidrogênios metoxílicos; e

um sinal largo em δ 3,09, com integral de dois hidrogênios, referente aos hidrogênios das duas

hidroxilas.

A atribuição dos hidrogênios do açúcar H-2, H-3, H-4 e H-5 foi possível graças à análise do mapa

de contornos homonuclear COSY (FIGURA 65). O ponto de partida foi o sinal referente ao

hidrogênio anomérico (H-1). Pôde-se então identificar, por meio da mancha de H-1 x H-2, que o

sinal de H-2 encontra-se sobreposto ao de outro hidrogênio no multipleto em δ 3,91 – 3,89.

Partindo-se dos sinais de H-6 e H-6’ (δ 4,25 e 4,02), atribuiu-se H-5 (δ 3,62), e pela mancha de

correlação H-5 x H-4 foi possível identificar o sinal de H-4, em δ 4,19. Por exclusão, o hidrogênio

cujo sinal encontra-se sobreposto ao de H-2 é H-3, o que é compatível com as manchas de

correlação H-2 x H-3 e H-3 x H-4.

12

3

4 5

6

7

GA2

O

OCH3

OH

HO

O

O

φ

RESULTADOS E DISCUSSÃO

81

Figura 64 – Espectro de RMN de 1H (200 MHz, CDCl3) de 4,6-O-benzilideno-α-D-

galactopiranosídeo de metila – GA2.

Figura 65 – Mapa de contornos COSY (200 MHz, CDCl3) de 4,6-O-benzilideno-α-D-

galactopiranosídeo de metila – GA2.

H-1 x H-2

H-4 x H-5 e

H-5 x H-6 H-5 x H-6’

H-6’ X H-6

12

3

4 5

6

7

GA2

O

OCH3

OH

HO

O

O

φ

H-1

H aromáticos

H-7

OCH3

H-6 H-6’

OH

H açúcar

12

3

4 5

6

7

GA2

O

OCH3

OH

HO

O

O

φ

H-4

H-2 e H-3 H-5

2.15

47

3.06

29

1.00

00

0.99

83

2.08

29

1.08

81

2.07

96

1.05

35

3.02

08

2.04

57

Inte

gral

7.50

207.

4824

7.47

177.

3644

7.34

487.

3316

5.50

82

4.88

464.

8719

4.27

994.

2736

4.21

744.

2111

4.19

224.

1846

4.05

844.

0514

3.99

593.

9883

3.91

453.

9031

3.89

243.

6235

3.41

65

3.09

40

(ppm)

3.03.23.43.63.84.04.24.44.64.85.05.25.45.65.86.06.26.46.66.87.07.27.47.6

4.27

994.

2736

4.21

744.

2111

4.19

224.

1846

4.05

844.

0514

3.99

593.

9883

3.91

453.

9031

3.89

24

3.62

35

(ppm)

3.63.73.83.94.04.14.24.3

RESULTADOS E DISCUSSÃO

82

A análise do espectro de RMN de 13C, auxiliada pelo espectro de DEPT 135 (FIGURA 66),

permitiu a atribuição segura dos seguintes sinais de ressonância: em δ 137,55, sinal do carbono

ipso; em δ 129,01, 128,09 e 126,23, sinais referentes a carbonos aromáticos; em δ 69,18 sinal

referente a C-6 e, finalmente, em δ 55,52 sinal correspondente ao carbono metoxílico.

Atribuição inequívoca dos demais sinais foi possível graças ao mapa de contornos heteronuclear

HMQC (FIGURA 67). Como todos os hidrogênios haviam sido previamente atribuídos

inequivocamente, observação direta das manchas de correlação permitiu atribuição dos seguintes

sinais: de C-7 em δ 101,04; de C-1 em δ 100,23; de C-4 em δ 75,91; de C-2 e C-3 em δ 69,33 e

69,22 (não sendo possível definir qual sinal corresponde a qual carbono, pois os sinais de H-2 e

H-3 encontram-se sobrepostos) e o de C-5 em δ 62,59.

Figura 66 – Espectro de RMN de 13C e DEPT 135 (50 MHz, CDCl3) de 4,6-O-benzilideno-α-D-

galactopiranosídeo de metila – GA2.

137.

5523

129.

0119

128.

0977

126.

2311

101.

0442

100.

2290

77.6

400

77.0

000

76.3

677

75.9

105

69.3

281

69.2

215

69.1

757

62.5

857

55.5

157

(ppm)

556065707580859095100105110115120125130135140

C ipso

C-7 C-1

OCH3

C-6

12

3

4 5

6

7

GA2

O

OCH3

OH

HO

O

O

φ

C aromáticos

C-4 C-5

C-2 e C-3

RESULTADOS E DISCUSSÃO

83

Figura 67 – Mapa de contornos HMQC (200 MHz, CDCl3) de 4,6-O-benzilideno-α-D-

galactopiranosídeo de metila – GA2.

4.2 SÍNTESE DE 2,3-DI-O-BENZIL-4,6-O-BENZILIDENO-αααα-D-GALACTOPIRANOSÍDEO DE METILA – GA3

Nesta etapa de síntese procedeu-se à O-benzilação (formação de éter benzílico) das hidroxilas

em C-2 e C-3 (FIGURA 68).

O

OCH3

OBn

BnO

O

O

φ

GA3GA2

O

OCH3

OH

HO

O

O

φ

100 oC

BnCl, KOH

95%

Figura 68 – Segunda etapa da rota de síntese – O-benzilação das hidroxilas em C-2 e C-3 de GA2.

Esta etapa tem como objetivo proteger as hidroxilas em C-2 e C-3 para que estes dois centros não

fossem alvo das reações subseqüentes previstas para transformações em C-4 e C-6 (FIGURA 56,

p. 47). O grupo benzila foi o grupo protetor escolhido pela facilidade de introduzi-lo e por

apresentar estabilidade em meio ácido e básico e resistir às condições das reações subseqüentes

H-6 x C-6

H-6’ x C-6

H-5 x C-5

H-2+H-3 x

C-2+C-3

H-4 x C-4

H-1 x C-1

H-7 x C-7

OCH3 x OCH3

12

3

4 5

6

7

GA2

O

OCH3

OH

HO

O

O

φ

RESULTADOS E DISCUSSÃO

84

(BINKLEY, 1988; COLLINS; FERRIER, 1995). Além disso, grupo benziloxila em C-2 e C-3 faz

parte da estrutura dos macrociclos desejados.

A metodologia clássica de síntese de éteres assimétricos é conhecida como “Síntese de

Williamson”: o álcool a ser alquilado é transformado em alcóxido por reação com uma base e o

alcóxido formado promove ataque nucleofílico em um haleto de alquila. Trata-se de reação de

substituição nucleofílica bimolecular (SN2), que é favorecida quando é desenvolvida em solventes

polares e apróticos, como a DMF e DMSO. A escolha da base para formar o alcóxido depende da

acidez da hidroxila a ser alquilada, assim como da estabilidade do produto formado frente à base.

Como os álcoois são, em geral, ácidos fracos, normalmente são escolhidas bases muito fortes

para a formação do alcóxido, como os hidretos, amidetos e alcóxidos (HENDRICKSON et al.,

1970; MARCH, 1985; SOLOMONS; FRYHLE, 2000). Para o desenvolvimento das reações são

necessários cuidados especiais, como adição lenta e sob resfriamento da solução do álcool sobre

a base, uma vez que se forma hidrogênio nesta reação. Além desses cuidados, há necessidade

de se utilizar solvente anidro para evitar o consumo do hidreto pela água. Outro fator que contribui

para tornar essa metodologia de síntese de éteres lenta e trabalhosa é a dificuldade de eliminação

do solvente, necessária para o isolamento do produto. Devido ao alto ponto de ebulição, o

procedimento mais recomendado para eliminação do solvente, sem que haja degradação do

produto sintetizado, é a destilação sob pressão reduzida.

Embora o equilíbrio das reações entre álcoois e bases mais fracas, como hidróxidos de metais

alcalinos, não desloque no sentido de formação dos alcóxidos, é possível obter éteres benzílicos

por reação de álcoois com hidróxido de potássio ou de sódio pulverizados com cloreto de benzila

em DMF ou DMSO (COLLINS; FERRIER, 1995) ou utilizando o próprio cloreto de benzila como

solvente (FRÉCHET; BAER, 1975).

Uma metodologia alternativa e mais simples, que começou a ser utilizada em meados do século

XX, é a catálise de transferência de fase (LUCCHESE; MARZORATI, 2000; LANG; COMASSETO,

1988). A discussão sobre catálise em transferência de fase encontra-se na página 99.

A metodologia clássica de O-alquilação (hidreto de sódio e DMF) e a catálise em transferência de

fase foram empregadas para a síntese de GA3, mas não foi possível obter o produto desejado

(BINATTI, 2001). Assim, neste trabalho, a O-benzilação de GA2 foi realizada conforme

metodologia descrita por Fréchet e Baer (1975). O cloreto de benzila foi utilizado como agente

alquilante e solvente e o hidróxido de potássio como base. Após 8 horas de reação, sob agitação

e temperatura de 100 oC, procedeu-se à elaboração: adição de água, extração com

diclorometano, eliminação do solvente e precipitação do produto por adição de hexano. O produto

di-O-benzilado GA3 foi obtido com 95% de rendimento.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

85

O derivado di-O-benzilado GA3 foi caracterizado pela faixa de fusão (174,7-175,7 oC; 176,0-177,0 oC,

FRÉCHET; BAER, 1975), rotação específica (+76,2, c 2,40, CHCl3; +77,0, c 2,40, CHCl3,

FRÉCHET; BAER, 1975) e espectros no infravermelho e de RMN de 1H e de 13C.

No espectro no infravermelho (FIGURA 69), não se observa a banda de deformação axial da

ligação O-H (ν 3471 cm-1), presente no espectro do seu precursor GA2 (FIGURA 63, p. 80),

indicando a ocorrência da benzilação, conforme planejado.

Figura 69 – Espectro no IV (ATR) de 2,3-di-O-benzil-4,6-O-benzilideno-α-D-galactopiranosídeo de

metila – GA3.

A comparação do espectro de RMN de 1H de GA3 (FIGURA 70) com o de seu precursor GA2

(FIGURA 64, p. 81) permite constatar a ocorrência da di-O-benzilação: observa-se um multipleto

em δ 7,51 – 7,24 referente a 15 hidrogênios aromáticos (contra cinco hidrogênios aromáticos de

GA2), quatro dupletos em δ 4,89, 4,84, 4,74 e 4,68 com constantes de acoplamento típicas de

hidrogênios geminais (sinais que não eram verificados no espectro de GA2), atribuídos aos quatro

hidrogênios benzílicos, e não se observa o sinal largo em δ 3,09, presente no espectro de GA2,

referente a dois hidrogênios de hidroxila.

12

3

4 5

6

7

O

OCH3

OBnBnO

O

O

φ

GA3

RESULTADOS E DISCUSSÃO

86

Figura 70 – Espectro de RMN de 1H (200 MHz, CDCl3) de 2,3-di-O-benzil-4,6-O-benzilideno-α-D-

galactopiranosídeo de metila – GA3.

Comparando-se o espectro de RMN de 13C de GA3 (FIGURA 71) com o espectro de GA2

(FIGURA 66, p. 82) notam-se as seguintes modificações principais: presença de dois sinais a mais

referentes a carbonos ipso em δ 138,73 e 138,51 (dos dois grupos benzila), mais sinais

correspondentes a carbonos aromáticos e dois sinais em δ 73,77 e 72,15 referentes aos carbonos

benzílicos.

15.4

71

1.00

00

5.00

44

2.04

29

3.05

39

1.01

39

3.00

27

Inte

gral

7.50

587.

4963

7.42

947.

4010

7.39

227.

3562

7.34

107.

3303

7.30

897.

2981

7.24

38

5.47

79

4.91

554.

8713

4.85

554.

8101

4.76

654.

7072

4.64

72

4.24

014.

2345

4.17

774.

1026

4.08

614.

0521

4.03

574.

0262

4.01

864.

0041

3.98

833.

9637

3.95

493.

9378

3.57

303.

3786

(ppm)

3.23.64.04.44.85.25.66.06.46.87.27.6

4.91

55

4.87

134.

8555

4.81

01

4.76

65

4.70

72

4.64

72

(ppm)

4.704.804.90

4.24

014.

2345

4.17

77

4.10

264.

0861

4.05

214.

0357

4.02

624.

0186

4.00

413.

9883

3.96

373.

9549

3.93

78

(ppm)

4.004.104.20

H aromáticos

H-7 OCH3 H açúcar H benzílicos

e H-1

12

3

4 5

6

7

O

OCH3

OBnBnO

O

O

φ

GA3 φ

RESULTADOS E DISCUSSÃO

87

Figura 71 – Espectro de RMN de 13C e DEPT 135 (50 MHz, CDCl3) de 2,3-di-O-benzil-4,6-O-

benzilideno-α-D-galactopiranosídeo de metila – GA3.

4.3 SÍNTESE DE 2,3-DI-O-BENZIL-αααα-D-GALACTOPIRANOSÍDEO DE METILA – GA4

Na terceira etapa de síntese realizou-se a remoção do grupo acetal benzilidênico (FIGURA 72),

para que pudessem ser realizadas as transformações planejadas em C-4 e C-6.

CH3COOH/H2O 1:1

81%MO

HCl1 mol/L, CH3COCH3Refluxo

79%OU

GA4

O

OCH3

OBnBnO

OHOH

O

OCH3

OBnBnO

O

O

φ

GA3

Figura 72 – Terceira etapa da rota de síntese – Remoção do grupo acetal benzilidênico de GA3.

A remoção do grupo acetal benzilidênico pode ser realizada com facilidade por meio de hidrólise

ácida, em condições brandas. Condições mais drásticas e/ou maior tempo de reação podem levar

também à hidrólise da ligação glicosídica (BINKLEY, 1988; COLLINS; FERRIER, 1995).

138.

7256

138.

5122

137.

7732

128.

8138

128.

2729

128.

0596

128.

0139

127.

6406

127.

5796

127.

5034

126.

2921

101.

0365

99.4

214

77.6

323

77.0

000

76.3

600

75.9

486

75.3

772

74.7

068

73.7

697

72.1

470

69.3

586

62.3

876

55.4

547

(ppm)

556065707580859095100105110115120125130135140

C ipso

C aromáticos

C-7 C-1 C-6

* C açúcar

OCH3 C benzílicos

12

3

4 5

6

7

O

OCH3

OBnBnO

O

O

φ

GA3

* *

RESULTADOS E DISCUSSÃO

88

Inicialmente, a hidrólise do acetal benzilidênico foi realizada utilizando-se mistura de acetona,

água e solução de ácido clorídrico 1 mol/L, sob refluxo por cerca de 7 horas (BELL; LORBER,

1940). A elaboração envolveu adição de carbonato de bário sobre a mistura de reação até

neutralização, filtração lenta e co-destilação do filtrado com etanol. Posterior CCS conduziu a GA4

com 79% de rendimento.

Devido ao tempo relativamente longo de reação, à demora nas etapas de neutralização (o

carbonato de bário permanece insolúvel no meio dificultando a reação com o ácido) e de filtração

(os sólidos, BaCO3 e BaCl2, são finamente divididos) optou-se por obter GA4 utilizando uma

metodologia mais simples e rápida.

Couri e colaboradores descrevem metodologia para remoção de acetais benzilidênicos em

carboidratos, utilizando irradiação microondas (COURI et al., 2005). Pequenas modificações na

metodologia original permitiram obtenção de GA4 de modo mais rápido. Utilizou-se aparelho de

microondas doméstico adaptado, cuja fotografia pode ser visualizada na Figura 73.

Figura 73 – Fotografia de aparelho de microondas doméstico adaptado utilizado na remoção do

grupo acetal benzilidênico de GA3 (Departamento de Química/ICEx/UFMG).

O intermediário GA3 foi misturado a uma solução de ácido acético/água destilada 1:1 v/v e a

solução foi aquecida por meio de irradiação microondas durante 18 minutos, em uma potência de

aproximadamente 250 W. Posterior eliminação da água por destilação à pressão reduzida e

CCS conduziram a GA4 com 81% de rendimento.

O desenvolvimento da primeira reação realizada foi acompanhado, como de costume, por CCD.

Entretanto, observou-se que havia uma relação direta entre o consumo de GA3 e a formação de

GA4, verificados por CCD, com o aspecto da mistura de reação. Como GA3 é insolúvel em meio

aquoso e GA4 é solúvel, no início há grande quantidade de sólido no meio de reação. À medida

que a reação se desenvolve, nota-se que a mistura vai se tornando mais límpida e o término da

reação é evidenciado pela transformação completa da mistura heterogênea em homogênea.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

89

O derivado di-O-benzilado GA4 foi caracterizado pela faixa de fusão (80,8-84,8 oC; 87,0-88,0 oC,

KISS; BURKHARDT, 1970), rotação específica (+48,5, c 0,78, CHCl3; +45,4, c 0,82, CHCl3, KISS;

BURKHARDT, 1970) e espectros no infravermelho e de RMN de 1H e de 13C.

No espectro no infravermelho (FIGURA 74) de GA4 observa-se, além de outras bandas, aquela

referente à deformação axial de ligação O-H (ν 3438 cm-1), ausente no espectro de GA3 (FIGURA

69, p. 85), indicando que ocorreu remoção do grupo acetal benzilidênico.

Figura 74 – Espectro no IV (ATR) de 2,3-di-O-benzil-α-D-galactopiranosídeo de metila – GA4.

A comparação dos espectros de RMN de 1H de GA4 (FIGURA 75) e de GA3 (FIGURA 70, p. 86)

permitiu verificar a presença de um multipleto relativo a dez hidrogênios aromáticos (contra quinze

hidrogênios aromáticos no multipleto do espectro de GA3) e um sinal largo em δ 2,57, com integral

de dois hidrogênios, referente aos hidrogênios das hidroxilas em C-4 e C-6. Além disso, não se

observa o simpleto referente ao hidrogênio benzilidênico H-7 em δ 5,48, presente no espectro de

GA3.

6

54

3

21

O

OCH3

OBnBnO

OHOH

GA4

RESULTADOS E DISCUSSÃO

90

Figura 75 – Espectro de RMN de 1H (200 MHz, CDCl3) de 2,3-di-O-benzil-α-D-galactopiranosídeo

de metila – GA4.

No espectro de RMN de 13C de GA4 (FIGURA 76) não se observam os sinais referentes ao

carbono benzilidênico (δ 101,04) e a um carbono ipso (δ 137,77) presentes no espectro de GA3

(FIGURA 71, p. 87). Além disso, o número de sinais de carbonos aromáticos é menor.

10.0

84

5.00

00

1.01

29

3.00

91

2.00

77

3.00

39

2.02

11

Inte

gral

7.37

707.

3644

7.34

807.

3354

7.32

787.

3227

7.30

897.

3007

7.29

437.

2558

4.84

294.

7817

4.71

484.

6977

4.68

764.

6573

4.62

71

4.04

264.

0363

3.94

293.

9088

3.88

103.

8652

3.85

893.

8514

3.79

833.

7775

3.75

293.

7472

3.73

653.

7163

3.37

04

2.56

50

(ppm)

2.02.42.83.23.64.04.44.85.25.66.06.46.87.27.68.0

4.84

29

4.78

17

4.71

484.

6977

4.68

764.

6573

4.62

71(ppm)

4.604.704.804.90

4.04

264.

0363

3.94

293.

9088

3.88

103.

8652

3.85

893.

8514

3.79

833.

7775

3.75

293.

7472

3.73

653.

7163

(ppm)

3.83.94.0

H aromáticos OCH3

H açúcar

H benzílicos e H-1

OH

6

54

3

21

O

OCH3

OBnBnO

OHOH

GA4

H-6 H-6’ H-2

RESULTADOS E DISCUSSÃO

91

Figura 76 – Espectro de RMN de 13C e DEPT 135 (50 MHz, CDCl3) de 2,3-di-O-benzil-α-D-

galactopiranosídeo de metila – GA4.

4.4 SÍNTESE DE 2,3-DI-O-BENZIL-6-DESOXI-6-IODO-αααα-D-GALACTOPIRANOSÍDEO DE METILA – GA5

Na quarta etapa da rota de síntese promoveu-se a substituição regiosseletiva da hidroxila de C-6

por iodo (FIGURA 77).

73%

PhCH3, Refluxo

I2, PPh3, imidazol

GA5

O

OCH3

OBn

BnO

OH I

GA4

O

OCH3

OBnBnO

OHOH

Figura 77 – Quarta etapa da rota de síntese – Substituição seletiva da hidroxila de C-6 de GA4 por

iodo.

Segundo Binkley, a transformação de hidroxila em grupo abandonador, seguida de substituição

por grupo azido, constitui a estratégia mais adequada para a obtenção de desoxiaminoaçúcares

(BINKLEY, 1988), como é o caso de GA7. Optou-se por substituir a hidroxila de C-6 por iodo, o

halogênio mais facilmente deslocado por um nucleófilo como o íon azida (ANISUZZAMAN et

al.,1978).

138.

2075

137.

9408

128.

4710

128.

3567

127.

9758

127.

8996

127.

7929

98.5

453

77.6

323

77.2

819

77.0

000

76.3

600

75.5

601

73.4

498

72.8

707

69.0

386

68.8

558

62.8

904

55.2

871

(ppm)

556065707580859095100105110115120125130135140

C ipso

C aromáticos

C-1

OCH3

C-6

* C açúcar

C benzílicos

** * *

6

54

3

21

O

OCH3

OBnBnO

OHOH

GA4

RESULTADOS E DISCUSSÃO

92

Uma variedade de reagentes são utilizados para a substituição regiosseletiva da hidroxila em C-6

de carboidratos por halogênio, entre eles cloreto de metanossulfonila em DMF, N-halosuccinimida

e trifenilfosfina em DMF e tetra-haleto de carbono e triarilfosfina em piridina (ANISUZZAMAN et

al.,1978).

A estratégia clássica para obtenção de 6-desoxi-iodo-açúcares consiste na transformação da

hidroxila de C-6 em ésteres sulfônicos (tosilato e mesilato) e subseqüente substituição dos grupos

O-tosila e O-mesila por iodeto (GAREGG; SAMUELSSON, 1980). Um método alternativo para a

substituição de hidroxila por iodo, que vem sendo amplamente utilizado na química de

carboidratos e foi utilizado neste trabalho para a síntese de GA5 foi descrito por Garegg e

Samuelsson. Os reagentes são imidazol, trifenilfosfina e iodo e o solvente é o tolueno. Na

ausência de imidazol, o aduto formado entre trifenilfosfina e iodo é pouco solúvel em tolueno, o

que dificulta a ocorrência da reação. Adição do imidazol leva à formação de um complexo

parcialmente solúvel que rapidamente reage com o álcool. O mecanismo proposto para a reação

de substituição de hidroxila por iodo (SN2) (GAREGG; SAMUELSSON, 1980) está representado

na Figura 78.

+

GA4

O

OCH3

OBn

BnO

OH OH

NN Pφ3 I

+

- N

N

H

O

OCH3

OBn

BnO

OH I

GA5

I

φ3P O

+

O

OCH3

OBn

BnO

OH O Pφ3

φ3P + I I φ3P I I+

N

N

H

+- HI N

N Pφ3 I+

Figura 78 – Mecanismo de substituição regiosseletiva da hidroxila de C-6 de GA4 por iodo.

É possível obter o produto de substituição regiosseletiva pelo fato de a hidroxila primária (de C-6)

apresentar maior poder nucleofílico para o ataque ao átomo de fósforo que a hidroxila secundária

(de C-4), em função do menor impedimento estérico. No entanto, para evitar que o produto

diiodado seja formado em quantidades apreciáveis é preciso que o desenvolvimento da reação

seja controlado cuidadosamente por CCD.

Após 3 horas de reação sob refluxo, sucederam-se processos de partição, e a eliminação do

solvente orgânico conduziu a um resíduo contendo o produto, trifenilfosfina e óxido de

trifenilfosfina. O derivado monoiodado GA5 foi obtido puro, após purificação por duas CCS

consecutivas, com 73% de rendimento e foi caracterizado pela faixa de fusão (97,0-103,0 oC;

103,9-105,5 oC, BINATTI et al., 2002), rotação específica (+44,6, c 2,40, CHCl3; +44,7, c 2,40,

CHCl3, BINATTI et al., 2002) e pelos espectros no infravermelho e de RMN de 1H e de 13C.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

93

No espectro no infravermelho de GA5 (FIGURA 79) não foram observadas alterações

significativas em relação ao de GA4 (FIGURA 74, p. 89), pois GA5 também apresenta hidroxila

livre, em C-4. A presença de banda referente à deformação axial da ligação C-I não pode ser

observada, uma vez que a absorção desta ligação ocorre em ν mais baixo que o detectado pelo

espectrômetro utilizado.

Figura 79 – Espectro no IV (ATR) de 2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-iodo-α-D-galactopiranosídeo de

metila – GA5.

No espectro de RMN de 1H de GA5 (FIGURA 80), observa-se o sinal referente aos H-6 mais

próximo do sinal do TMS (δ 3,32) do que os sinais de H-6 e H-6’ no espectro de GA4 (FIGURA 75,

p. 90), em função do menor efeito retirador de elétrons do iodo em relação à hidroxila, com

conseqüente menor desproteção de H-6. Além disso, o sinal largo em δ 2,44 é referente a um

hidrogênio, indicando que somente uma hidroxila foi substituída.

6

54

3

21

O

OCH3

OBn

BnO

OH I

GA5

RESULTADOS E DISCUSSÃO

94

Figura 80 – Espectro de RMN de 1H (200 MHz, CDCl3) de 2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-iodo-α-D-

galactopiranosídeo de metila – GA5.

Comparando-se os espectros de 13C e DEPT 135 de GA5 (FIGURA 81) com os de GA4 (FIGURA

76, p. 91) identifica-se o sinal referente a C-6 mais próximo do sinal do TMS (δ 3,01), em função

do efeito do átomo pesado (iodo).

9.98

36

5.01

84

1.00

00

3.01

00

3.00

701.

9950

1.01

30

Inte

gral

7.38

407.

3726

7.35

687.

3448

7.33

797.

3278

7.32

347.

3101

7.30

257.

2950

7.28

747.

2836

4.84

804.

8429

4.79

054.

7817

4.72

244.

6731

4.66

494.

6378

4.62

144.

6125

4.10

954.

1019

4.09

434.

0887

3.91

073.

9006

3.88

543.

8747

3.86

903.

8514

3.83

683.

8223

3.80

653.

4297

3.34

013.

3363

3.30

35

2.44

26

(ppm)

2.02.53.03.54.04.55.05.56.06.57.07.58.0

4.84

804.

8429

4.79

054.

7817

4.72

244.

6731

4.66

494.

6378

4.62

144.

6125

4.10

954.

1019

4.09

434.

0887

(ppm)

4.24.44.64.8

3.34

013.

3363

3.30

35

(ppm)

3.30

H aromáticos

OCH3

H-6 e H-6’

H açúcar

H benzílicos e H-1

6

54

3

21

O

OCH3

OBn

BnO

OH I

GA5

OH

RESULTADOS E DISCUSSÃO

95

Figura 81 – Espectro de RMN de 13C e DEPT 135 (50 MHz, CDCl3) de 2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-

iodo-α-D-galactopiranosídeo de metila – GA5.

4.5 SÍNTESE DE 6-AZIDO-2,3-DI-O-BENZIL-6-DESOXI-αααα-D-GALACTOPIRANOSÍDEO DE METILA – GA6

Nesta etapa de síntese o iodo em C-6 foi substituído pelo grupo azido (FIGURA 82) para na etapa

posterior ser reduzido a amino, visando à subseqüente formação da benzamida GAX.

GA6

O

OCH3

OBn

BnO

OH N3

GA5

O

OCH3

OBn

BnO

OH I

50 oC

NaN3, DMF

87%

Figura 82 – Quinta etapa da rota de síntese – Substituição do átomo de iodo em C-6 de GA5 pelo

grupo azido.

Foi empregada a metodologia descrita por Umezawa e colaboradores, em que se usa azida de

sódio como reagente e DMF como solvente (UMEZAWA et al., 1974). O derivado azido GA6 foi

obtido com 87% de rendimento, fundiu entre 65,0 e 67,5 oC e apresentou rotação específica de

+21,3 (c 2,72, CHCl3).

138.

1694

137.

9028

128.

5396

128.

4177

128.

0291

127.

9910

127.

8691

127.

8234

98.5

529

77.6

323

77.3

581

77.0

000

76.3

677

75.2

477

73.5

259

73.0

384

70.1

509

68.3

834

55.6

757

3.00

86

(ppm)

102030405060708090100110120130140

C ipso

C aromáticos

C-1

OCH3

C-6

C benzílicos

* * * *

* C açúcar

6

54

3

21

O

OCH3

OBn

BnO

OH I

GA5

RESULTADOS E DISCUSSÃO

96

A presença de uma banda intensa em ν 2099 cm-1, no espectro no infravermelho (FIGURA 83),

atribuída à deformação axial das ligações N=N=N, foi de fundamental importância para se

constatar que ocorreu a substituição do átomo de iodo pelo grupo azido.

Figura 83 – Espectro no IV (ATR) de 6-azido-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-α-D-galactopiranosídeo de

metila – GA6.

No espectro de RMN de 1H de GA6 (FIGURA 84) não se observam sinais que evidenciem a

presença do grupo azido. No entanto, a separação dos sinais dos hidrogênios de C-6, o que não

se observa no espectro de GA5 (FIGURA 80, p. 94) permitiu constatar que houve a substituição

do átomo de iodo.

6

54

3

21

GA6

O

OCH3

OBn

BnO

OH N3

RESULTADOS E DISCUSSÃO

97

Figura 84 – Espectro de RMN de 1H (200 MHz, CDCl3) de 6-azido-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-α-D-

galactopiranosídeo de metila – GA6.

Os espectros de 13C e DEPT 135 de GA6 (FIGURA 85), permitiram identificar o sinal

correspondente a C-6 mais distante do sinal do TMS (δ 51,18) do que o sinal do mesmo carbono

no espectro de seu precursor GA5 (FIGURA 81, p. 95), onde havia o efeito do átomo pesado

(iodo) protegendo C-6.

10.0

54

5.00

15

4.02

33

1.01

32

3.05

22

1.00

00

1.00

91

Inte

gral

7.37

837.

3663

7.35

187.

3429

7.33

167.

3272

7.31

397.

3057

7.29

887.

2906

7.25

14

4.84

424.

8423

4.78

744.

7811

4.71

354.

6851

4.66

744.

6561

4.62

52

3.89

813.

8842

3.85

773.

8425

3.83

243.

8261

3.81

603.

6570

3.61

533.

5932

3.55

223.

4095

3.30

483.

2820

3.24

043.

2183

2.54

55

(ppm)

2.02.53.03.54.04.55.05.56.06.57.07.58.0

4.84

424.

8423

4.78

744.

7811

4.71

35

4.68

514.

6674

4.65

61

4.62

52

(ppm)

4.704.80

3.65

703.

6153

3.59

323.

5522

3.40

95

3.30

483.

2820

3.24

043.

2183

(ppm)

3.23.43.6H aromáticos

OH

OCH3

H-6 H-6’

H açúcar

H benzílicos e H-1

6

54

3

21

GA6

O

OCH3

OBn

BnO

OH N3

RESULTADOS E DISCUSSÃO

98

Figura 85 – Espectro de RMN de 13C e DEPT 135 (50 MHz, CDCl3) de 6-azido-2,3-di-O-benzil-6-

desoxi-α-D-galactopiranosídeo de metila – GA6.

4.6 SÍNTESE DE 4-O-ALIL-6-AZIDO-2,3-DI-O-BENZIL-6-DESOXI-αααα-D-GALACTOPIRANOSÍDEO DE

METILA – GA7

Nesta etapa, a hidroxila livre em C-4 foi alilada (FIGURA 86), a fim de se inserir na molécula a

ligação dupla, alvo do ataque do radical arila na reação de macrociclização radicalar.

GA7

O

OCH3

OBnBnO

O N3

GA6

O

OCH3

OBn

BnO

OH N3

NaOH 50% m/v, CH2Cl2, t.a.

CH2=CHCH2Br, Bu4NBr

83%

Figura 86 – Sexta etapa da rota de síntese – Alilação da hidroxila em C-4 de GA6.

Para a síntese de GA7 foi usada a metodologia de catálise em transferência de fase, empregada

por Pietraszkiewicz e Jurczak na O-benzilação de hidroxilas em C-2 e C-3 em carboidratos

(PIETRASZKIEWICZ; JURCZAK, 1984).

138.

1466

137.

8647

128.

5167

128.

3948

127.

9834

127.

8463

127.

8158

98.4

843

77.6

323

77.1

905

77.0

000

76.3

600

75.4

458

73.4

726

73.0

155

68.7

110

68.1

244

55.4

319

51.1

807

(ppm)

50556065707580859095100105110115120125130135140

C ipso

C aromáticos

C-1

OCH3

C-6

6

54

3

21

GA6

O

OCH3

OBn

BnO

OH N3

C benzílicos

* * **

* C açúcar

RESULTADOS E DISCUSSÃO

99

Na catálise de transferência de fase são utilizados um solvente orgânico (imiscível com a água),

água, hidróxido ou carbonato de sódio como base e um transferidor de fase. O reagente iônico

(hidróxido ou carbonato de sódio) permanece na fase aquosa e os reagentes orgânicos (haleto de

alquila e álcool) no solvente orgânico. O transferidor de fase, solúvel tanto em água como em

solvente orgânico, é o responsável pela transferência da base para a fase orgânica, possibilitando

assim a formação do alcóxido, que reage com o haleto de alquila levando à formação do éter

(FIGURA 87) (SOLOMONS; FRYHLE, 2000; LANG; COMASSETO, 1988; LUCCHESE;

MARZORATI, 2000). Para que esta metodologia seja empregada com sucesso um fator

determinante é a agitação vigorosa, que permite maior contato entre as fases orgânica e aquosa

(LANG; COMASSETO, 1988).

ROH GA6

RO GA7

=

=

+ +

+ + H2O

++

Na+ -OH(aq)

Na+Br-(aq)(org/aq) (org/aq)

ROH (org) (org)[n-Bu4N

+ -OR](org/aq)

(org/aq)Br (org) (org)

RO

[n-Bu4N+ Br-]

[n-Bu4N+ -OH]

[n-Bu4N+ Br-]

(org)[n-Bu4N

+ -OR]

[n-Bu4N+ -OH]

Figura 87 – Equilíbrios envolvidos na O-alilação de GA6 por reação de catálise de transferência de

fase.

Dentre as vantagens desta técnica, em relação à metodologia clássica (hidreto de sódio como

base e solvente polar aprótico) estão a utilização de solventes sem a necessidade de tratamento

prévio, uso de bases mais fracas, como hidróxidos ou carbonatos, no lugar de bases como

hidretos, amidetos e alcóxidos, além da simplicidade operacional (LUCCHESE; MARZORATI,

2000). Por estes motivos esta foi a técnica escolhida para realizar a O-alilação da hidroxila em C-4

de GA6.

Utilizou-se diclorometano como solvente orgânico, brometo de tetrabutilamônio como transferidor

de fase, solução aquosa de hidróxido de sódio 50% m/v e brometo de alila como agente

alquilante.

O derivado GA7 foi obtido com 83% de rendimento, apresentou faixa de fusão de 39,6-41,8 oC e

rotação específica de +17,9 (c 2,80, CHCl3).

No espectro no infravermelho (FIGURA 88), não se observou a banda de deformação axial da

ligação O-H, presente no espectro de GA6 (FIGURA 83, p. 96), indicando que a O-alilação

ocorreu com sucesso.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

100

Figura 88 – Espectro no IV (ATR) de 4-O-alil-6-azido-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-α-D-

galactopiranosídeo de metila – GA7.

A presença de sinais entre δ 5,99 e 4,03, característicos de hidrogênios olefínicos, no espectro de

RMN de 1H do produto isolado da reação (FIGURAS 89 e 90) e a ausência de sinal relativo a

hidrogênio de hidroxila, presente no espectro de GA6 (FIGURA 84, p. 97), indicaram a formação

de GA7.

A atribuição mais detalhada dos sinais dos hidrogênios do grupo alila e de alguns hidrogênios do

açúcar foi possível graças à análise do mapa de contornos homonuclear COSY (FIGURA 91).

6

54

3

21

O

OCH3

OBnBnO

O N3

GA7

7

8

9

RESULTADOS E DISCUSSÃO

101

Figura 89 – Espectro de RMN de 1H (200 MHz, CDCl3) de 4-O-alil-6-azido-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-α-D-galactopiranosídeo de metila – GA7.

Figura 90 – Seção expandida na região de δ 6,2 – 4,0 do espectro de RMN de 1H (200 MHz, CDCl3)

de 4-O-alil-6-azido-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-α-D-galactopiranosídeo de metila – GA7.

10.0

06

1.00

00

2.01

33

5.00

28

1.00

45

1.03

34

2.00

95

1.04

75

1.01

23

0.99

72

3.00

51

1.01

06

Inte

gral

7.37

207.

3480

7.32

537.

3133

7.28

307.

2489

5.99

105.

9891

5.96

265.

9575

5.93

865.

9304

5.91

155.

9045

5.87

865.

8723

5.85

285.

8439

5.82

635.

8199

5.79

415.

7928

5.26

585.

2582

5.19

895.

1806

5.17

305.

1478

4.86

884.

8618

4.81

074.

8019

4.73

314.

6820

4.67

444.

6226

4.49

514.

4680

4.43

144.

4061

4.12

344.

0887

4.06

034.

0256

4.00

353.

9864

3.95

303.

9366

3.90

123.

8886

3.85

143.

8368

3.81

473.

7895

3.70

683.

6992

3.61

723.

5768

3.55

533.

5149

3.39

823.

2221

3.19

753.

1602

3.13

50

(ppm)

2.83.23.64.04.44.85.25.66.06.46.87.27.68.0

3.98

643.

9530

3.93

663.

9012

3.88

863.

8514

3.83

683.

8147

3.78

95

3.70

683.

6992

3.61

72

3.57

683.

5553

3.51

49

3.39

82

3.22

213.

1975

3.16

023.

1350

(ppm)

3.13.23.33.43.53.63.73.83.9

H aromáticos

H-7

OCH3

H-6 H-6’

H açúcar

H-2

H-8

H benzílicos e H-1

9

8

7

GA7

O

OCH3

OBnBnO

O N3

12

3

4 5

6

H-9 e H9’

H-7’

H-3, H4, H-5 1.

0000

2.01

33

5.00

28

1.00

45

1.03

34

2.00

95

Inte

gral

5.95

755.

9386

5.93

045.

9115

5.90

455.

8786

5.87

235.

8528

5.84

395.

8263

5.81

995.

7941

5.79

28

5.26

585.

2582

5.19

895.

1806

5.17

305.

1478

4.86

884.

8618

4.81

074.

8019

4.73

31

4.68

204.

6744

4.62

26

4.49

514.

4680

4.43

144.

4061

4.12

344.

0887

4.06

034.

0256

(ppm)

4.14.24.34.44.54.64.74.84.95.05.15.25.35.45.55.65.75.85.96.06.1

5.99

105.

9891

5.96

265.

9575

5.93

865.

9304

5.91

155.

9045

5.87

865.

8723

5.85

285.

8439

5.82

635.

8199

5.79

415.

7928

(ppm)

5.805.845.885.925.966.00

H-7

H-8 H-7’ H-9 e

H-9’

H benzílicos e H-1

9

8

7

GA7

O

OCH3

OBnBnO

O N3

12

3

4 5

6

RESULTADOS E DISCUSSÃO

102

Figura 91 – Mapa de contornos COSY (200 MHz, CDCl3) de 4-O-alil-6-azido-2,3-di-O-benzil-6-

desoxi-α-D-galactopiranosídeo de metila – GA7.

As principais evidências de que foi sintetizado o produto desejado GA7, obtidas nos espectros de

RMN de 13C e DEPT 135 (FIGURA 92) foram os três sinais em δ 134,84, 117,65 e 73,90,

referentes aos carbonos do grupo alila. Atribuição inequívoca de alguns sinais foi possível graças

ao mapa de contornos heteronuclear HMQC (FIGURA 93). A observação de manchas de

correlação permitiu a atribuição dos seguintes sinais: o de C-8 em δ 134,84; o de C-9 em δ 117,65; o

de C-2 em δ 78,62; o de C-7 em δ 73,90 e os dos carbonos benzílicos em δ 73,62 e 73,41. Os

outros sinais puderam ser atribuídos sem maiores dificuldades pelas análises dos espectros de

RMN de 13C e DEPT 135.

H-7 x H-8

H-8 x H-9 e

H-8 x H-9’

H-7’ x H-8 H-7’ x H-9

H-7 x H-9

H-1 x H-2 H-7 x H-7’

6

54

3

21

O

OCH3

OBnBnO

O N3

GA7

7

8

9

OCH2φ x OCH2φ

RESULTADOS E DISCUSSÃO

103

Figura 92 – Espectro de RMN de 13C e DEPT 135 (50 MHz, CDCl3) de 4-O-alil-6-azido-2,3-di-O-

benzil-6-desoxi-α-D-galactopiranosídeo de metila – GA7.

Figura 93 – Mapa de contornos HMQC (200 MHz, CDCl3) de 4-O-alil-6-azido-2,3-di-O-benzil-6-

desoxi-α-D-galactopiranosídeo de metila – GA7.

138.

5427

138.

3675

134.

8401

128.

3643

128.

3262

127.

9986

127.

7167

127.

5720

127.

4882

117.

6450

98.7

738

78.6

228

77.6

400

77.0

000

76.3

677

76.2

762

75.3

544

73.8

993

73.6

174

73.4

117

69.6

100

55.4

471

51.3

331

(ppm)

50556065707580859095100105110115120125130135140

128.

3643

128.

3262

127.

9986

127.

7167

127.

5720

127.

4882

(ppm)

127.0128.0129.078

.622

8

77.6

400

77.0

000

76.3

677

76.2

762

75.3

544

73.8

993

73.6

174

73.4

117

(ppm)

747678

C ipso

C-7

C-1

OCH3

C-6 C-9

C-8

C aromáticos

C-2

9

8

7

GA7

O

OCH3

OBnBnO

O N3

12

3

4 5

6

** *

* C açúcar

C benzílicos

6

54

3

21

O

OCH3

OBnBnO

O N3

GA7

7

8

9

H-8 x C-8

H-9 + H-9’ x C-9

H-2 x C-2

H-7 x C-7

H-7’ x C-7

H-1 x C-1

OCH2φ xOCH2φ

H-6 x C-6

H-6’ x C-6

OCH3 x OCH3

RESULTADOS E DISCUSSÃO

104

4.7 SÍNTESE DE 4-O-ALIL-6-AMINO-2,3-DI-O-BENZIL-6-DESOXI-αααα-D-GALACTOPIRANOSÍDEO DE METILA

(GA8), DE CLORETO DE 3-IODOBENZOÍLA E DE 4-O-ALIL-2,3-DI-O-BENZIL-6-DESOXI-6-(3-

IODOBENZOILAMINO)-αααα-D-GALACTOPIRANOSÍDEO DE METILA – GAX

Amidas podem ser obtidas de várias maneiras: a partir de haleto de acila, de anidridos de ácidos

carboxílicos, de ésteres e de ácidos carboxílicos utilizando-se dicicloexilcarbodiimida (DCC) como

ativante. Todos estes métodos envolvem reações de substituição nucleofílica entre a amina e o

carbono carbonílico (HENDRICKSON et al., 1970; MARCH, 1985; SOLOMONS; FRYHLE, 2000).

Para a síntese da amida GAX optou-se por utilizar a reação entre a amina GA7 e o cloreto de acila

adequado (cloreto de 3-iodobenzoíla).

4.7.1 Síntese de 4-O-alil-6-amino-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-αααα-D-galactopiranosídeo de

metila – GA8

A sétima etapa da rota de síntese planejada para a obtenção da benzamida GAX envolve a

redução quimiosseletiva do grupo azido de GA7 a amino (FIGURA 94).

GA7

LiAlH4, THF, N2, t.a.O

OCH3

OBnBnO

O N3

GA8

O

OCH3

OBnBnO

O NH2

Figura 94 – Redução do grupo azido de GA7.

O grupo azido é susceptível à redução por diversos reagentes, tais como hidrogênio em presença

de Pd/C, sódio em presença de álcool, hidreto de lítio e alumínio e trifenilfosfina em THF e água

(HENDRICKSON et al., 1970; MARCH, 1985; SOLOMONS; FRYHLE, 2000). Entretanto, quando

se deseja redução quimiosseletiva do grupo azido na presença de ligação dupla carbono-carbono,

duas opções são utilizar hidreto de lítio e alumínio (DUFOUR et al., 1992) e trifenilfosfina em THF

e água (reação de Staudinger) (VAULTIER et al., 1983; DUFOUR et al., 1992).

Neste trabalho optou-se por utilizar o hidreto de lítio e alumínio como agente redutor, seguindo a

metodologia descrita por Dufour e colaboradores: GA7 e o agente redutor em THF anidro, sob

atomosfera de nitrogênio. Após adição de solução de hidróxido de sódio, seguiram-se extração e

eliminação do solvente (DUFOUR et al., 1992). O produto recém-obtido foi utilizado na etapa

seguinte sem purificação ou caracterização por métodos espectrométricos. No entanto, por CCD

verificou-se a formação da amina (revelação com solução alcoólica de ninhidrina) e o consumo de

GA7.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

105

4.7.2 Síntese de Cloreto de 3-iodobenzoíla

O cloreto de 3-iodobenzoíla foi obtido a partir do ácido 3-iodobenzóico, por reação clássica de

formação de cloretos de ácido, usando cloreto de tionila (FIGURA 95) (MARCH, 1985).

Cl

O

I

OH

O

I

Refluxo

SOCl2

Figura 95 – Obtenção do cloreto de 3-iodobenzoíla a partir do ácido 3-iodobenzóico.

Seguiu-se a técnica descrita por Beak e colaboradores: ácido 3-iodobenzóico e excesso de cloreto

de tionila, sob refluxo, e remoção do excesso do reagente por codestilação com benzeno, sob

pressão reduzida, usando evaporador rotativo (BEAK et al., 1988). O cloreto de ácido recém-

sintetizado foi utilizado sem purificação adicional.

4.7.3 Síntese de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-(3-iodobenzoilamino)-αααα-D-galactopiranosídeo de

metila – GAX

A síntese da iodobenzamida GAX se deu por reação entre o derivado amino GA8 e o cloreto de 3-

iodobenzoíla (FIGURA 96).

NaOH 2 mol/L OU Et3N

Cl

O

IO

OCH3

OBnBnO

O NH2

GA8 GAX

O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

I

Figura 96 – Síntese da iodobenzamida GAX por reação entre GA8 e cloreto de 3-iodobenzoíla.

Um dos métodos mais utilizados para a preparação de amidas consiste no tratamento de cloretos

de acila com aminas. A reação é altamente exotérmica e, por este motivo, há a necessidade de

controle cuidadoso da temperatura utilizando-se banho de gelo durante o desenvolvimento da

reação (MARCH, 1985). Para que a reação seja efetiva a adição de base se faz necessária, uma

vez que há liberação de cloreto de hidrogênio. A base utilizada pode ser orgânica, como a

trietilamina (DUFOUR et al., 1992), e inorgânica, como hidróxido de sódio em solução aquosa

(BEAK et al, 1988). O procedimento em que se utiliza solução aquosa de hidróxido de sódio é

denominado Schotten–Bowmann (MARCH, 1985).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

106

A síntese de GAX foi realizada utilizando duas bases, trietilamina (DUFOUR et al., 1992) e

hidróxido de sódio (BEAK et al., 1988). Seguindo a metodologia descrita por Beak e

colaboradores, a iodobenzamida GAX foi obtida com 60% de rendimento (calculado em relação à

GA7). Já quando se empregou a metodologia descrita por Dufour e colaboradores, em que há

necessidade de condições anidras, GAX foi obtido com 37% de rendimento (em relação à GA7).

Além da diferença no rendimento, a maior facilidade operacional da metodologia em que se

emprega solução de hidróxido de sódio fez com que esta fosse a metodologia de escolha para a

síntese de quantidades adicionais de GAX.

A faixa de fusão e a rotação específica da iodobenzamida inédita GAX foram determinados

(109,0-110,4 oC; +45,5, c 1,41, CHCl3) e seus espectros no infravermelho e de RMN uni e

bidimensionais foram obtidos.

No espectro no infravermelho de GAX (FIGURA 97), observam-se, além de outras, bandas

referentes à deformação axial de ligação N-H (ν 3293 cm-1), à deformação axial de ligação C=O

de amida ( ν 1637 cm-1) e à deformação angular de ligação N-H ( ν 1553 cm-1). Uma modificação

importante verificada em relação ao espectro no IV de GA7 (FIGURA 88, p. 100) é a ausência da

banda intensa em ν 2091 cm-1, referente à deformação axial de N=N=N.

Figura 97 – Espectro no IV (ATR) de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-(3-iodobenzoilamino)-α-D-

galactopiranosídeo de metila – GAX.

GAX

O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

I

f

ed

c

ba

9

8

7

12

3

4 5

6

RESULTADOS E DISCUSSÃO

107

A análise comparativa dos espectros de RMN de 1H do produto obtido (FIGURAS 98, 99, 100 e

101) e de GA7 (FIGURAS 89 e 90, p. 101) permitiu verificar diferenças que indicaram a obtenção

de GAX: presença de sinais relativos a 14 hidrogênios aromáticos (contra dez hidrogênios

aromáticos no espectro de GA7) e um dupleto duplo em δ 6,65 referente ao hidrogênio do grupo

NH (ausente no espectro de GA7).

É importante observar que três dos quatro sinais dos hidrogênios do anel aromático do grupo

iodobenzoíla de GAX encontram-se mais distantes do sinal do TMS que os dez hidrogênios

aromáticos dos grupos benzila, em função dos efeitos de desproteção em orto causados pelo iodo

e carbonila. Pelas multiplicidades e valores de constantes de acoplamento dos sinais dos quatro

hidrogênios do grupo iodobenzoíla foi possível atribuir os sinais de H-b e H-e e essas atribuições

puderam ser confirmadas analisando-se as manchas de correlação observadas no mapa de

contornos homonuclear COSY (FIGURA 102). No entanto, não foi possível distinguir os sinais de

H-d e H-f, que só puderam ser atribuídos após análises posteriores.

GAX

O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

I

f

ed

c

ba

9

8

7

12

3

4 5

6

δ 8,07 t 1 H H-b Jb-d = 1,6 Hz

Jb-f = 1,6 Hz

δ 7,81 ddd 1 H H-d ou H-f Jorto = 7,8 Hz

Jmeta = 1,6 Hz

Jmeta = 1,1 Hz

δ 7,67 ddd 1 H H-f ou H-d Jorto = 7,8 Hz

Jmeta = 1,6 Hz

Jmeta = 1,1 Hz

δ 7,39 – 7,25 m 10 H H aromáticos -

δ 7,15 t 1 H H-e Je-d = 7,8 Hz

Je-f = 7,8 Hz

RESULTADOS E DISCUSSÃO

108

Figura 98 – Espectro de RMN de 1H (400 MHz, CDCl3) de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-(3-

iodobenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de metila – GAX.

Figura 99 – Seção expandida na região de δ 8,1 – 7,1 do espectro de RMN de 1H (400 MHz, CDCl3) de 4-

O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-(3-iodobenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de metila – GAX.

H aromáticos

H-b

H-d

H-e

H-f

0.99

11

1.03

39

1.00

32

10.0

42

0.99

72

8.07

338.

0689

8.06

51

7.82

647.

8239

7.82

267.

8201

7.80

697.

8043

7.80

317.

8005

7.68

187.

6787

7.67

557.

6623

7.65

857.

6560

7.38

837.

3819

7.36

627.

3617

7.34

917.

3346

7.33

087.

3138

7.31

007.

2942

7.28

477.

2576

7.25

007.

2462

7.16

85

7.14

907.

1294

(ppm)

7.157.207.257.307.357.407.457.507.557.607.657.707.757.807.857.907.958.008.05

7.82

647.

8239

7.82

267.

8201

7.80

697.

8043

7.80

317.

8005

(ppm)

7.807.82

7.68

187.

6787

7.67

55

7.66

237.

6585

7.65

60

(ppm)

7.667.68

0.99

11

1.03

39

1.00

32

10.0

42

0.99

72

1.00

39

1.00

00

2.00

64

2.00

02

3.01

93

0.99

78

1.02

17

1.01

773.

0050

0.99

93

0.98

383.

0088

Inte

gral

8.06

897.

8239

7.82

267.

8043

7.80

317.

6787

7.65

85

7.36

627.

3491

7.31

387.

2576

7.14

90

6.62

756.

6186

5.97

535.

9323

5.91

915.

8761

5.26

625.

2624

5.22

335.

2195

5.21

325.

1873

5.18

354.

8540

4.85

084.

8218

4.72

144.

6917

4.67

974.

6759

4.66

644.

6494

4.50

734.

4941

4.47

644.

4631

4.13

804.

1209

4.10

704.

0894

3.99

783.

9890

3.97

263.

9637

3.93

663.

9107

3.90

443.

8861

3.87

913.

8715

3.79

833.

7926

3.42

453.

3784

3.34

563.

3014

(ppm)

3.23.64.04.44.85.25.66.06.46.87.27.68.0

H aromáticos

H-7

OCH3

H-6’

H-3, H-4, H-5 e H-6

H-2

H-8

H benzílicos e H-1

H-b

H-d H-f H-e

H-9 e H-9’

NH H-7’

GAX

O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

I

f

ed

c

ba

9

8

7

12

3

4 5

6

RESULTADOS E DISCUSSÃO

109

Figura 100 – Seção expandida na região de δ 6,8 – 4,1 do espectro de RMN de 1H (400 MHz, CDCl3) de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-(3-iodobenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de metila – GAX.

Figura 101 – Seção expandida na região de δ 4,1 – 3,2 do espectro de RMN de 1H (400 MHz, CDCl3) de 4-O-

alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-(3-iodobenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de metila – GAX.

H-7 H-8

H benzílicos e H-1

H-9 e H-9’ NH H-7’

1.00

39

1.00

00

2.00

64

2.00

02

3.01

93

0.99

78

1.02

17

Inte

gral

6.63

576.

6275

6.61

866.

6098

5.97

535.

9620

5.95

765.

9494

5.94

505.

9361

5.93

235.

9191

5.91

465.

9064

5.90

145.

8932

5.88

885.

8761

5.27

005.

2662

5.26

245.

2587

5.22

715.

2233

5.21

955.

2157

5.21

325.

2107

5.20

945.

1873

5.18

545.

1835

4.85

404.

8508

4.82

184.

7214

4.69

174.

6797

4.67

594.

6664

4.64

944.

5105

4.50

734.

5042

4.49

794.

4941

4.49

094.

4795

4.47

644.

4726

4.46

634.

4631

4.46

004.

1380

4.12

094.

1070

4.08

94

(ppm)

4.24.44.64.85.05.25.45.65.86.06.26.46.6

6.63

576.

6275

6.61

866.

6098

(ppm)

6.60

5.97

53

5.96

205.

9576

5.94

945.

9450

5.93

615.

9323

5.91

915.

9146

5.90

645.

9014

5.89

325.

8888

5.87

61

(ppm)

5.885.925.96

5.26

625.

2624

5.25

875.

2271

5.22

335.

2195

5.21

575.

2132

5.21

075.

2094

5.18

735.

1854

5.18

35

(ppm)

5.205.24

4.49

094.

4795

4.47

644.

4726

4.46

634.

4631

4.46

00

(ppm)

4.50

4.13

804.

1209

4.10

704.

0894

(ppm)

4.1

1.01

77

3.00

50

0.99

93

0.98

38

3.00

88

Inte

gral

3.99

783.

9890

3.97

263.

9637

3.93

663.

9265

3.91

073.

9044

3.89

873.

8861

3.87

913.

8709

3.79

833.

7926

3.42

453.

4151

3.40

243.

3936

3.38

793.

3784

3.30

14

(ppm)

3.303.353.403.453.503.553.603.653.703.753.803.853.903.954.00

3.99

783.

9890

3.97

263.

9637

3.93

663.

9265

3.91

073.

9044

3.89

873.

8861

3.87

913.

8709

3.79

833.

7926

(ppm)

3.803.853.903.95

3.42

45

3.41

51

3.40

24

3.39

36

3.38

79

3.37

84

(ppm)

3.383.403.42OCH3

H-3, H-6 e H-4 ou H-5 H-2

H-6’ H-5 ou H-4

RESULTADOS E DISCUSSÃO

110

Figura 102 – Mapa de contornos COSY (400 MHz, CDCl3) de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-(3-

iodobenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de metila – GAX.

A análise do espectro de RMN de 13C, auxiliada pelo DEPT 135 (FIGURA 103), permitiu confirmar

que foi obtida a benzamida GAX. Observam-se, além de outros, o sinal referente ao carbono

carbonílico e quatro sinais de carbonos ipso (dois dos grupos benzila, um do carbono ligado à

carbonila e um do carbono ligado a iodo).

Foi possível fazer a atribuição de todos os sinais de carbonos não hidrogenados apenas com

base nos valores de deslocamentos químicos tabelados ou calculados: C=O, C-I (mais próximo do

TMS devido ao efeito do átomo pesado), carbonos ipso dos grupos benzila e, por exclusão, o

carbono ligado à carbonila (C-a). No entanto, a atribuição inequívoca de outros sinais de carbonos

aromáticos de GAX só foi possível graças ao mapa de contornos heteronuclear HMQC (FIGURA 104).

Observação das manchas de correlação entre os sinais de hidrogênios aromáticos, previamente

atribuídos, e dos sinais de carbono permitiu a atribuição dos sinais de C-b e C-e. Verificou-se

correlação entre os sinais atribuídos a H-d ou H-f com os sinais de carbono em δ 140,38 e

125,94. Como o iodo exerce forte efeito de desproteção sobre os carbonos orto, foi possível

concluir que os sinais em δ 140,38 e 125,94 referem-se a C-d e C-f, respectivamente. Dessa

forma, os sinais dos hidrogênios H-d e H-f também puderam ser distinguidos.

NH x H-6

H-e x H-d H-e x H-f

H-7 x H-8

H-8 x H-9 e H-8 x H-9’

H-1 x H-2

H-7 x H-7’

H-6 x H-6’

H-b x H-d

H-b x H-f

OCH2φ x OCH2φ

GAX

O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

I

f

ed

c

ba

9

8

7

12

3

4 5

6

RESULTADOS E DISCUSSÃO

111

GAX

O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

I

f

ed

c

ba

9

8

7

12

3

4 5

6

Figura 103 – Espectro de RMN de 13C e DEPT 135 (100 MHz, CDCl3) de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-

desoxi-6-(3-iodobenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de metila – GAX.

δ 165,94 C=O δ 128,40 – 127,54 C aromáticos

δ 140,38 C-d δ 125,94 C-f

δ 138,53; 138,44 C ipso Bn δ 94,26 C-I (ipso)

δ 136,31 C-a (ipso) δ 7,81 (ddd) H-d

δ 135,96 C-b δ 7,67 (ddd) H-f

δ 130,22 C-e

165.

9386

140.

3790

138.

5289

138.

4416

136.

3136

135.

9642

134.

8764

130.

2155

128.

3972

128.

3336

128.

0081

127.

7222

127.

6270

127.

5396

125.

9357

118.

0034

98.8

833

94.2

621

78.7

230

77.3

176

77.0

000

76.6

824

76.4

521

76.3

489

73.9

430

73.6

730

73.4

666

68.2

737

55.3

073

41.2

054

(ppm)

405060708090100110120130140150160

128.

3972

128.

3336

128.

0081

127.

7222

127.

6270

127.

5396

(ppm)

127.6128.0128.4

77.3

176

77.0

000

76.6

824

76.4

521

76.3

489

73.9

430

73.6

730

73.4

666

(ppm)

7374757677

C-2

C-e

C-9

GAX

O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

I

f

ed

c

ba

9

8

7

12

3

4 5

6

C ipso

C aromáticos C-7

C-1 OCH3 C-6

* C açúcar

C benzílicos

C-d C-b C-f

C-I

C-8 * *

C-4 ou C-5

C=O

RESULTADOS E DISCUSSÃO

112

Figura 104 – Mapa de contornos HMQC (400 MHz, CDCl3) de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-(3-

iodobenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de metila – GAX.

Análise dos espectros de massas de GAX confirmou a obtenção da amida desejada. Na Figura 105

observam-se os picos relativos a [M+H]+ de m/z 644,1534 (calculado: 644,1509), [M+Na]+ de m/z

666,1451 e [M+K]+ de m/z 682,1188. No espectro tandem MS/MS (FIGURA 105), observam-se,

além do pico correspondente a [M+H]+, dois outros picos de m/z 612,1757 e m/z 504,0809,

relativos aos fragmentos [M+H]+ - MeOH e [M+H]+ - MeOH - BnOH, respectivamente. Inicialmente

ocorre perda de metanol, o que leva à formação de uma ligação dupla entre C-1 e C-2, e em

seguida, a perda de álcool benzílico, favorecida pela formação de duplas conjugadas (FIGURA

106).

H-d x C-d

H-b x C-b

H-f x C-f

H-e x C-e

H-9 + H-9’ x C-9

H-1 x C-1

H-2 x C-2

H-7 x C-7

H-7’ x C-7 OCH2φ x OCH2φ

H-8 x C-8

H-6 x C-6 H-6’ x C-6

OCH3 x OCH3

GAX

O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

I

f

ed

c

ba

9

8

7

12

3

4 5

6

RESULTADOS E DISCUSSÃO

113

Figura 105 – Espectros de massas [ESI(+)-MS] e análise seqüencial [ESI(+)-MS/MS] de 4-O-alil-

2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-(3-iodobenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de metila – GAX.

O

BnO

O

OBn

OCH3

N

O

I

H

H

+

O

BnO

O

OBn

N

O

I

H

+O

BnO

O

OBn

N

OI

H

H+

O

BnO

O

OBn

N

OI

H

H

+

OO

OBn

N

OI

H

H+

- CH3OH

m/z 644m/z 612

m/z 504 m/z 612

m/z 612

- BnOH

Figura 106 – Proposta de fragmentação para o íon de m/z 644 após análise seqüencial de 4-O-alil-

2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-(3-iodobenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de metila – GAX.

O

BnO

O

OBn

N

OI

H

H+

[M + H]+

100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400m/z0

100

%

gax 39 (1.318) Cm (20:63) TOF MS ES+ 1.95e3195.0298

97.0863644.1534

289.2856

318.3112

645.1611

667.1699

[M + H]+ [M + Na]+

[M + K]+

605 610 615 620 625 630 635 640 645 650 655 660 665 670 675 680 685 690 695 700 705 710 715 720m/z0

100

%

gax 39 (1.318) Cm (20:63) TOF MS ES+ 1.19e3644.1534

645.1611666.1451

646.1697 667.1699682.1188

50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650m/z0

100

%

gax_644 29 (0.968) Sb (7,50.00 ); Cm (9:51) TOF MSMS 644.10ES+ 105612.1757

504.0809181.1529 644.1534

[M + H]+

OO

OBn

N

OI

H

H+

RESULTADOS E DISCUSSÃO

114

4.8 REAÇÃO DE MACROCICLIZAÇÃO RADICALAR

A última etapa da rota de síntese planejada envolveu a reação da iodobenzamida GAX com hidreto

de tri-n-butilestanho, visando à obtenção das macrolactamas GAXA e/ou GAXB (FIGURA 107).

+ +O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

I

GAX

ou ciclo-hexano

AIBN, Bu3SnH

Refluxo

GAXA

O

OCH3

OBn

BnO

O NOH

O

OCH3

OBn

BnO

O NOH

H3C

GAXB

O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

H

GAXC

Figura 107 – Reação de macrociclização radicalar de GAX e seus possíveis produtos.

Conforme encontra-se detalhado na Introdução, Porter e colaboradores estabeleceram que as

macrociclizações de modo endo são preferenciais ou exclusivas em relação às macrociclizações

de modo exo (PORTER et al., 1986; PORTER; CHANG, 1987; PORTER et al., 1988), o que foi

confirmado posteriormente (ROBERTSON; HATLEY, 1999; HITCHCOCK; PATTENDEN, 1992;

COX et al., 1992; ROBERTSON et al., 1997; BECKWITH et al., 1997; BEGLEY et al., 1996; SHEA

et al., 1992; BALDWIN et al., 1991; LAMAS et al., 1992; JONAS et al., 1995; HOULDSWORTH et

al., 1997; RODRÍGUEZ et al., 1999; BOGER; MATHVINK, 1990; ASTLEY; PATTENDEN, 1992;

GHOSH; GHATAK, 1995; GIBSON et al., 1997; NANDI et al., 2001; NANDI; CHATTOPADHYAY,

2002; BALRAJU et al., 2005). Além disso, os produtos ciclizados isolados das reações realizadas

no âmbito do programa de síntese de macrociclos do grupo QF/DQ/UFMG foram provenientes de

ciclização endo (PRADO et al., 2000; BINATTI et al., 2002; FARACO et al., 2003; FARACO et al.,

2004; BINATTI et al., 2005; DIAS et al., 2006; PIRES et al., 2006; ROCHA; PRADO, 2006). Era de

se esperar, portanto que da reação de GAX com Bu3SnH fosse obtida a macrolactama de 12

membros GAXA. No entanto, não se poderia descartar a possibilidade de formação do produto de

ciclização 11-exo, GAXB. A formação do produto não ciclizado reduzido, GAXC (FIGURA 107),

também poderia ser prevista, uma vez que os produtos de hidrogenólise, nos quais o átomo de

halogênio do precursor é substituído por hidrogênio, são formados nas reações mediadas por

Bu3SnH (WALLING, 1985; CURRAN, 1988; BECKWITH et al., 2004; ALLIN et al., 2002; JESSOP

et al., 2003).

A formação das macrolactamas GAXA e GAXB, além do produto de hidrogenólise GAXC, por

reação radicalar com hidreto de tri-n-butilestanho ocorreria pelo mecanismo representado na

Figura 108. Por meio de aquecimento, forma-se o radical isobutironitrila, a partir de 2,2’-

azobisisobutironitrila (AIBN), que ao abstrair o átomo de hidrogênio do hidreto de tri-n-butilestanho

conduz ao radical tributilestanila. Este radical, por sua vez, abstrai o átomo de iodo produzindo um

radical arila (C), que precisa ter um tempo de vida suficiente para, por reação intramolecular,

RESULTADOS E DISCUSSÃO

115

formar novos radicais (A – endo e/ou B - exo). Os tempos de vida dos radicais A, B e C dependem

da velocidade com que estes radicais captam o hidrogênio do hidreto de tri-n-butilestanho, de

modo que a concentração do hidreto é fundamental no curso que a reação irá seguir. Quanto

maior a concentração de hidreto, menor será o tempo de vida do radical C, e consequentemente,

o produto de hidrogenólise (GAXC) irá formar preferencialmente aos radicais A e B. Por outro

lado, baixas concentrações do hidreto devem favorecer a transformação de C em A e B, que

captam o hidrogênio do Bu3SnH levando aos respectivos produtos ciclizados (GAXA e GAXB).

Baixas concentrações do hidreto de tri-n-butilestanho podem ser alcançadas em reações

desenvolvidas em altas diluições, entre 10-1 e 10-2 mol/L, e quando o reagente é adicionado

lentamente, em torno de 1,5 horas (MARINOVIC; RAMANATHAN, 1983; WALLING, 1985;

BECKWITH et al., 1997).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

116

+Bu3Sn H

Bu3Sn H +

+

+

B

AIBN

A GAXA

N C N N C N 80 oC2 + N2

Bu3Sn H + + C N

+ Bu3SnI+

e/ou

+Bu3Sn H +

C N

C N

Bu3Sn

Bu3Sn

Bu3Sn

GAXB

NH

O

O

NH

O

O

GAXC

NH

O

OBu3Sn

Bu3Sn

C

NH

O

O

A

NH

O

O

C

NH

O

O

I

NH

O

O

NH

O

O

C

NH

O

O

NH

O

O

B

NH

O

O

A

B

Figura 108 – Mecanismo de formação das macrolactamas GAXA e GAXB e do produto de

hidrogenólise GAXC, por reação radicalar com hidreto de tri-n-butilestanho.

A primeira reação foi realizada seguindo a metodologia e as condições descritas por Marinovic e

Ramanathan (MARINOVIC; RAMANATHAN, 1983) e utilizadas na síntese de macrolactamas no

âmbito do programa de pesquisa do grupo QF/DQ/UFMG (PRADO et al., 2000; BINATTI et al.,

2002; FARACO et al., 2003; FARACO et al., 2004; DIAS et al., 2006; ROCHA; PRADO, 2006). A

RESULTADOS E DISCUSSÃO

117

uma solução de GAX em benzeno, sob refluxo e atmosfera de nitrogênio, foi adicionada,

lentamente (uma hora e quinze minutos), solução de Bu3SnH/AIBN em benzeno. As

concentrações finais de GAX e de Bu3SnH foram de 12 mmol/L e 18 mmol/L, respectivamente.

Após o término da adição, a solução foi mantida sob refluxo por mais uma hora e quinze minutos.

O benzeno foi eliminado sob pressão reduzida, usando evaporador rotativo, e o resíduo obtido foi

submetido à CCS.

Cromatografia em camada delgada do resíduo obtido após eliminação do benzeno indicou a

presença de uma mistura complexa de produtos, o que de antemão dificultaria o isolamento de

substâncias com pureza suficiente para elucidação estrutural. Adicionalmente, é de conhecimento

geral a dificuldade de purificação de produtos obtidos por reações mediadas por hidreto de tri-n-

butilestanho (BERGE; ROBERTS, 1979; ROSA et al., 1997; SALOMON et al., 2000).

O resíduo foi submetido à CCS e foram isolados dois produtos em quantidade suficiente para

análise de RMN de 1H e de 13C. Em CCD, um dos produtos apresenta Rf muito próximo daquele

de GAX (mas ligeiramente menor) e o Rf do outro produto é bem menor que o de GAX. As

análises dos espectros de RMN de 1H e de 13C do produto com Rf próximo ao de GAX permitiram

caracterizá-lo como sendo o produto de hidrogenólise, GAXC, que foi isolado como um sólido

branco (faixa de fusão 101,6-105,5 oC; rotação específica +48,2, c 1,05, CHCl3), com 58% de

rendimento. O produto com Rf inferior ao de GAX não foi possível de ser caracterizado, devido à

presença de grande quantidade de derivados de estanho. No entanto, é possível supor que na

mistura não haja os produto de ciclização, GAXA e GAXB, pois nos espectros de RMN encontram-

se sinais típicos de hidrogênios e carbonos olefínicos.

No espectro no infravermelho de GAXC (FIGURA 109) não foram observadas diferenças

significativas em relação ao espectro de GAX (FIGURA 97, p. 106), como se podia esperar.

Observam-se as bandas relativas à deformação axial e angular de ligação N-H (ν 3315 e 1538 cm-1,

respectivamente) e deformação axial de ligação C=O de amida (ν 1639 cm-1).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

118

Figura 109 – Espectro no IV (ATR) de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-benzoilamino-α-D-

galactopiranosídeo de metila – GAXC.

Os sinais relativos aos hidrogênios aromáticos observados no espectro de RMN de 1H do produto

de Rf próximo ao de GAX (FIGURAS 110 e 111) foram de fundamental importância para identificá-

lo como sendo o produto de hidrogenólise GAXC. O padrão de sinais mais distantes do TMS é

típico de anel aromático monossubstituído com um grupo carbonila, diferentemente dos sinais de

hidrogênios aromáticos observados no espectro de GAX (FIGURAS 98-101, p. 108-109),

compatíveis com anel dissubstituído. As manchas de correlação observadas no mapa de

contornos homonuclear COSY (FIGURA 112), são compatíveis com as atribuições feitas

baseadas na multiplicidade, valores de constantes de acoplamento e deslocamentos químicos.

6

54

3

21

7

8

9

ab

cd

O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

GAXC

b

c

δ 7,73 dd 2 H H-b Jb-c = 6,9 Hz

Jb-d = 1,6 Hz

δ 7,48 tt 1 H H-d Jd-c = 7,3 Hz

Jd-b = 1,6 Hz

δ 7,43 – 7,41 m 2 H H-c -

δ 7,36 – 7,25 m 10 H H aromáticos -

6

54

3

21

7

8

9

ab

cd

O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

GAXC

b

c

RESULTADOS E DISCUSSÃO

119

Figura 110 – Espectro de RMN de 1H (400 MHz, CDCl3) de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-

benzoilamino-α-D-galactopiranosídeo de metila – GAXC.

Figura 111 – Seção expandida na região de δ 7,9 – 7,1 do espectro de RMN de 1H (400 MHz, CDCl3) de

4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-benzoilamino-α-D-galactopiranosídeo de metila – GAXC.

2.01

29

1.07

161.

9966

10.0

72

0.98

80

1.00

00

2.00

05

2.00

41

3.01

75

0.99

76

1.12

151.

0410

3.04

940.

9959

1.00

543.

0264

Inte

gral

7.73

747.

7342

7.72

547.

7204

7.71

667.

5063

7.50

257.

4994

7.49

057.

4836

7.47

857.

4697

7.46

597.

4628

7.42

807.

4085

7.36

307.

3466

7.32

897.

3276

7.32

517.

3074

7.28

857.

2784

7.26

147.

2544

6.66

346.

6559

6.64

646.

6369

5.97

345.

9304

5.91

725.

8742

5.25

935.

2555

5.21

645.

2119

5.19

245.

1879

5.16

655.

1627

4.85

214.

8426

4.82

184.

8135

4.72

074.

6917

4.67

654.

6727

4.66

394.

6462

4.49

154.

4783

4.46

064.

4473

4.14

564.

1279

4.11

404.

0969

3.99

843.

9896

3.97

323.

9644

3.92

143.

9126

3.90

563.

8880

3.88

043.

8065

3.80

083.

4321

3.38

543.

2882

(ppm)

3.03.54.04.55.05.56.06.57.07.58.08.59.09.5

5.93

045.

9172

5.87

42

5.25

935.

2555

5.21

645.

2119

5.19

245.

1879

5.16

655.

1627

4.85

214.

8426

4.82

184.

8135

4.72

074.

6917

4.67

654.

6727

4.66

394.

6462

4.49

154.

4783

4.46

064.

4473

4.14

564.

1279

4.11

404.

0969

3.99

843.

9896

3.97

323.

9644

3.92

143.

9126

3.90

563.

8880

3.88

043.

8065

3.80

08

3.43

213.

3854

(ppm)

3.43.63.84.04.24.44.64.85.05.25.45.65.8

6.66

346.

6559

6.64

646.

6369

(ppm)

H aromáticos

OCH3

H-6’

H açúcar

H-8

H benzílicos e H-1

6

54

3

21

7

8

9

ab

cd

O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

GAXC

b

c

NH

H-9 e H-9’ H-7’ e H-7

H-3, H-6 e H-4 ou H-5

H-7 H-6’

H-2

H-7’

NH

H-8

H-9 e H-9’

H benzílicos e H-1

H-5 ou H-4

2.01

29

1.07

16

1.99

66

10.0

72

Inte

gral

7.73

747.

7342

7.72

547.

7204

7.71

66

7.50

637.

5025

7.49

947.

4905

7.48

367.

4785

7.46

977.

4659

7.46

28

7.42

80

7.40

85

7.36

30

7.34

66

7.32

897.

3276

7.32

517.

3074

7.28

857.

2784

7.26

147.

2544

(ppm)

7.207.257.307.357.407.457.507.557.607.657.707.757.80

H-b

H-d

H-c

6

54

3

21

7

8

9

ab

cd

O

OCHOBn

BnO

ON

HO

b

c

RESULTADOS E DISCUSSÃO

120

Figura 112 – Mapa de contornos COSY (400 MHz, CDCl3) de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-

benzoilamino-α-D-galactopiranosídeo de metila – GAXC.

A análise dos espectros de RMN de 13C e DEPT 135 do produto obtido (FIGURA 113) evidencia

que há apenas quatro carbonos não hidrogenados (C=O, dois C ipso dos grupos benzila e C ipso

do grupo benzoíla). Além disso, não há três sinais observados no espectro de GAX (FIGURA 103,

p. 111), característicos da presença de iodo no anel aromático: δ em torno de 90, referente ao

carbono aromático ligado ao iodo, e δ em torno de 140 e 136, relativos a carbonos hidrogenados

desprotegidos pelo iodo em orto. A atribuição dos sinais dos carbonos hidrogenados do grupo

benzoíla (C-b, C-c e C-d) foi possível pela observação das manchas de correlação H-b x C-b, H-c

x C-c e H-d x C-d presentes no mapa de contornos heteronuclear HMQC (FIGURA 114).

6

54

3

21

7

8

9

ab

cd

O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

GAXC

b

c

δ 167,57 C=O

δ 138,53; 138,45 C ipso Bn

δ 134,27 C-a (ipso)

δ 131,49 C-d

δ 128,56 C-c

δ 128,37 – 127,52 C aromáticos

δ 126,76 C-b

H-b x H-d

H-b x H-c

NH x H-6

NH x H-6’

H-8 x H-9 e H-8 x H-9’

H-7 x H-8

OCH2φ x OCH2φ

H-7 x H-7’

H-1 x H-2

H-6 x H-6’

H-7’ x H-8

H-7’ x H-9 e H-7’ x H-9’

6

54

3

21

7

8

9

ab

cd

O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

GAXC

b

c

RESULTADOS E DISCUSSÃO

121

Figura 113 – Espectro de RMN de 13C e DEPT 135 (100 MHz, CDCl3) de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-

desoxi-6-benzoilamino-α-D-galactopiranosídeo de metila – GAXC.

Figura 114 – Mapa de contornos HMQC (400 MHz, CDCl3) de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-

benzoilamino-α-D-galactopiranosídeo de metila – GAXC.

167.

5664

138.

5289

138.

4495

134.

9161

134.

2729

131.

4859

128.

5560

128.

3654

128.

2939

127.

9922

127.

6825

127.

5873

127.

5237

126.

7615

117.

8446

98.8

277

78.7

310

77.3

176

77.0

000

76.6

824

76.3

568

76.2

377

73.9

430

73.6

333

73.3

872

68.5

278

55.2

040

41.0

069

(ppm)

405060708090100110120130140150160170

78.7

310

77.3

176

77.0

000

76.6

824

76.3

568

76.2

377

73.9

430

73.6

333

73.3

872

(ppm)

73747576777879

128.

5560

128.

3654

128.

2939

127.

9922

127.

6825

127.

5873

127.

5237

126.

7615

(ppm)

127.0127.5128.0128.5

C aromáticos

6

54

3

21

7

8

9

ab

cd

O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

GAXC

b

c

C-5 ou C-4 C ipso

C-7

C-1 OCH3

C-6

* C-3, C-4 ou C-5

C benzílicos

C=O

C-8 C-d

C-b C-9

*

C-2

*

C-c

H-b x C-b

H-d x C-d

H-9 + H-9’ x C-9

H-1 x C-1

H-2 x C-2

H-7 x C-7

H-7’ x C-7

OCH2φ x OCH2φ

H-8 x C-8

H-6 x C-6

H-6’ x C-6

OCH3 x OCH3

H-c x C-c

6

54

3

21

7

8

9

ab

cd

O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

GAXC

b

c

RESULTADOS E DISCUSSÃO

122

Nos espectros de massas de GAXC (FIGURA 115) observam-se os picos correspondentes a

[M+H]+ de m/z 518,2805 (calculado: 518,2543), [M+Na]+ de m/z 540,2753 e [M+K]+ de m/z

556,2657.

Assim como no espectro tandem MS/MS da amida inédita GAX (FIGURA 105, p. 113), observam-

se, além do pico correspondente a [M+H]+, dois outros picos de m/z 486,2613 e m/z 378,2063,

relativos aos fragmentos [M+H]+ - MeOH e [M+H]+ - MeOH - BnOH, respectivamente (FIGURA 116).

Figura 115 – Espectros de massas [ESI(+)-MS] e análise seqüencial [ESI(+)-MS/MS] de 4-O-alil-

2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-benzoilamino-α-D-galactopiranosídeo de metila – GAXC.

O

BnO

O

OBn

OCH3

N

O

H

H

+

+ +O

BnO

O

OBn

N

O

H

HO

BnO

O

OBn

N

O

H

O

BnO

O

OBn

N

O

H

H

+

OO

OBn

N

O

H

H+

- CH3OH

m/z 518m/z 486

m/z 378 m/z 486

m/z 486

- BnOH

Figura 116 – Proposta de fragmentação para o íon de m/z 518 após análise seqüencial de 4-O-alil-

2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-benzoilamino-α-D-galactopiranosídeo de metila – GAXC.

[M + H]+

100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400m/z0

100

%

gaxc2 16 (0.592) Cm (15:34) TOF MS ES+ 793195.0298

181.0429

79.0797 289.2856518.2805

391.2803 556.2657

[M + H]+ [M +Na]+ [M +K]+

505 510 515 520 525 530 535 540 545 550 555 560 565 570 575 580m/z0

100

%

gaxc2 16 (0.592) Cm (15:34) TOF MS ES+ 91518.2805

513.5342511.3408

540.2753

519.2908

520.3022 533.2702530.3088

556.2657541.2524

542.2579 555.3024557.2573

572.2939570.4800

[M + H]+

50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500 525 550m/z0

100

%

gaxc_518 37 (1.235) Sm (Mn, 2x3.00); Sb (7,50.00 ); Cm (25:47) TOF MSMS 518.28ES+ 41.2486.2613

378.2063487.2658 518.2805

O

B nO

O

O B n

N

O

H

H+

OO

OB n

N

O

H

H+

RESULTADOS E DISCUSSÃO

123

Porter e colaboradores realizaram diversos estudos que indicaram que a concentração de 3 a 6

mmol/L do substrato favorece a formação do produto de macrociclização (PORTER et al., 1986,

1987). Nandi e colaboradores descreveram ciclização 8-endo de derivados de carboidrato na

concentração de 10 mmol/L e adição da solução de hidreto de tri-n-butilestanho durante 3 horas

para a obtenção de um produto cis, mas para a obtenção do produto trans foi necessário

empregar uma solução do derivado de açúcar na concentração de 4 mmol/L e o tempo de adição

da solução de hidreto de tri-n-butilestanho foi de 12 horas (NANDI et al., 2001). Robertson e

colaboradores obtiveram um macrociclo proveniente de ciclização 13-endo utilizando solução do

substrato a 5 mmol/L e adição da solução de hidreto de tri-n-butilestanho por 6 horas

(ROBERTSON et al., 1997).

Considerando-se estes relatos e o fato de que não se obtiveram macrolactamas nas condições

utilizadas na primeira reação, optou-se por desenvolver a reação de macrociclização radicalar

com a benzamida GAX na concentração final de 2,8 mmol/L e adição da solução de hidreto de tri-

n-butilestanho/AIBN por cerca de 5 h. Outra alteração realizada, em relação à primeira reação, foi

a adição do iniciador radicalar, AIBN, também na solução da amida GAX, como descrito por Nandi

e colaboradores (NANDI et al., 2001).

Da mesma forma que na primeira reação, formou-se uma mistura complexa de produtos,

visualizados por CCD. Cromatografia em coluna de sílica da mistura conduziu a um produto puro

(sólido branco) de Rf igual ao de GAXC, faixa de fusão de 28,1-29,3 oC e rotação específica de

+46,6 (c 1,31, CHCl3). Análise dos espectros de RMN de 1H e de 13C (uni e bidimensionais)

indicou tratar-se de um produto inesperado, 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-(3-fenilbenzoilamino)-

α-D-galactopiranosídeo de metila (GAXD) (FIGURA 117), que foi obtido com rendimento de 35%.

GAXD

O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

Figura 117 – Produto obtido da segunda reação radicalar de GAX: 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-

6-(3-fenilbenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de metila (GAXD).

Conforme se observa na Figura 117, GAXD apresenta um grupo fenila em substituição ao iodo de

GAX. A formação de GAXD pode ser explicada considerando-se que ocorreu reação

intermolecular entre o radical arila formado a partir de GAX e o solvente usado, o benzeno. A

formação de produtos indesejados, provenientes da reação de radicais com benzeno, quando

RESULTADOS E DISCUSSÃO

124

este solvente foi utilizado em situações de alta diluição, já foi relatada (WALLING, 1985;

BOWMAN et al., 2000; BECKWITH et al., 2004).

O mecanismo proposto para a formação de GAXD envolve substituição aromática por meio de

reação de adição-eliminação radicalar (FIGURA 118) (FOSSEY et al., 1995). O radical arila,

formado por reação da benzamida GAX com o radical tributilestanila, ataca um carbono do

benzeno. Em seguida, o intermediário radicalar não aromático reage com o radical tributilestanila,

levando à eliminação do hidrogênio ligado ao carbono que sofreu a adição do radical arila e à

rearomatização.

Bu3Sn Bu3SnH+NH

O

O

H

+

GAXD

NH

O

O

+NH

O

O

NH

O

O

H

Bu3SnIBu3Sn ++NH

O

O

GAXI

NH

O

O

Figura 118 – Proposta de mecanismo para a formação de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-(3-

fenilbenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de metila – GAXD.

A possibilidade de que o produto isolado da segunda reação de GAX com Bu3SnH fosse um

macrociclo foi descartada ao se verificar a presença de sinais característico de hidrogênios

olefínicos no espectro de RMN de 1H (FIGURAS 119 e 120). Da mesma forma, descartou-se a

possibilidade de o produto ser o de hidrogenólise (GAXC) ao se verificar que os sinais presentes

na região de hidrogênios aromáticos não eram compatíveis com aqueles de anéis

monossubstituídos. Verificou-se a presença de sinais entre δ 7,98 e 7,25: um tripleto (1 H), dois

tripletos duplos (1 H cada), um dupleto (2 H) e dois multipletos, referentes a três e onze

hidrogênios. A presença do tripleto mais distante do TMS (δ 7,97; J 1,5 Hz) evidenciou que havia

um hidrogênio orto à carbonila, sem hidrogênio vizinho, ou seja, a um dos carbonos meta à

carbonila estaria ligado um substituinte. Pelo número de hidrogênios aromáticos (19), suspeitou-se

RESULTADOS E DISCUSSÃO

125

que o substituinte seria um grupo fenila. No mapa de contornos homonuclear COSY (FIGURA

121), verificaram-se manchas de correlação entre o tripleto, atribuído a H-b, e os dois tripletos

duplos, conseqüentemente atribuídos a H-d e H-f.

6

54

3

21

7

8

9

a

cd

e

f

GAXD

b

O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

c'

b'

d'

a'

b'

c'

Figura 119 – Espectro de RMN de 1H (400 MHz, CDCl3) de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-(3-

fenilbenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de metila – GAXD.

δ 7,97 t 1 H H-b Jb-f = 1,5 Hz

Jb-d = 1,5 Hz

δ 7,71 td 1 H H-d ou H-f Jorto = 7,3 Hz

Jmeta = 1,5 Hz

δ 7,67 td 1 H H-f ou H-d Jorto = 7,7 Hz

Jmeta = 1,5 Hz

δ 7,58 d 2 H H aromáticos Jorto = 7,0 Hz

δ 7,49 – 7,43 m 3 H H aromáticos

δ 7,39 – 7,25 m 11 H H aromáticos

6

54

3

21

7

8

9

a

cd

e

f

GAXD

b

O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

c'

b'

d'

a'

b'

c'

H-d e H-f

H-b’

H-e

H-b

H aromáticos

NH H-8

H-9 e H-9’

H benzílicos e H-1

H-7’ H-7

H açúcar

H-5 ou H-4

OCH3

H-6’

0.96

60

1.13

781.

0228

2.12

47

3.15

33

11.4

75

0.83

81

1.00

00

1.01

770.

9404

1.99

48

3.04

46

0.99

10

1.11

38

4.00

14

1.00

24

1.11

02

2.99

03

Inte

gral

7.46

057.

4486

7.42

947.

3882

7.36

817.

3645

7.34

717.

3068

7.25

016.

6969

6.68

776.

6777

5.97

815.

9653

5.96

165.

9525

5.94

795.

9397

5.93

515.

9223

5.91

775.

9095

5.90

495.

8967

5.89

215.

8793

5.25

745.

2538

5.21

455.

2108

5.17

705.

1514

5.14

864.

8523

4.84

784.

8221

4.81

764.

7243

4.69

414.

6786

4.67

034.

6475

4.49

934.

4865

4.46

824.

4554

4.15

274.

1363

4.12

164.

1052

4.00

283.

9936

3.97

723.

9689

3.95

523.

9461

3.92

963.

9195

3.91

223.

8939

3.88

753.

8171

3.81

073.

4577

3.44

583.

4321

3.42

303.

4184

3.40

923.

3928

3.38

643.

3672

3.30

41

(ppm)

3.43.63.84.04.24.44.64.85.05.25.45.65.86.06.26.46.66.87.07.27.47.67.88.0

RESULTADOS E DISCUSSÃO

126

Figura 120 – Seção expandida na região de δ 8,0 – 7,0 do espectro de RMN de 1H (400 MHz, CDCl3) de 4-O-

alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-(3-fenilbenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de metila – GAXD.

Figura 121 – Mapa de contornos COSY (400 MHz, CDCl3) de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-(3-

fenilbenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de metila – GAXD.

H-d H-f

H-b’ H-e + 2 H

H-b

H aromáticos

6

54

3

21

7

8

9

a

cd

e

f

GAXD

b

O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

c'

b'

d'

a'

b'

c'

0.96

60

1.13

78

1.02

28

2.12

47

3.15

33

11.4

75

Inte

gral

7.97

817.

9744

7.96

99

7.72

297.

7202

7.71

657.

7037

7.70

107.

6973

7.68

187.

6781

7.66

537.

6617

7.59

587.

5922

7.57

48

7.49

89

7.47

977.

4660

7.46

057.

4486

7.42

94

7.38

82

7.36

817.

3645

7.34

71

7.30

68

7.25

01

(ppm)

7.257.307.357.407.457.507.557.607.657.707.757.807.857.907.958.00

H-b x H-d+H-f

NH x H-6

NH x H-6’

H-8 x H-9 e H-8 x H-9’

H-7 x H-8

H-7’ x H-8

H-7’ x H-9 e H-7’ x H-9’

H-7 x H-7’

H-1 x H-2

H-6 x H-6’

OCH2φ x OCH2φ

6

54

3

21

7

8

9

a

cd

e

f

GAXD

b

O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

c'

b'

d'

a'

b'

c'

RESULTADOS E DISCUSSÃO

127

A análise dos espectros de RMN de 13C e DEPT 135 do produto isolado da segunda reação de

ciclização radicalar (FIGURAS 122 e 123) forneceu mais evidências da obtenção de GAXD.

Observam-se 18 sinais de carbonos aromáticos, entre eles cinco que correspondem a carbonos

não hidrogenados, o que é perfeitamente compatível com a estrutura de GAXD. Com base nos

valores de deslocamentos químicos tabelados atribuíram-se os sinais do carbono carbonílico e

dos carbonos ipso dos grupos benzila. O sinal de C-b e os de C-d ou C-f foram identificados pelas

manchas de correlação C x H observadas no mapa de contornos heteronuclear HMQC (FIGURA

124). Utilizando o mapa de contornos heteronuclear HMBC (FIGURAS 125 e 126), no qual há

manchas de correlação entre hidrogênios e carbonos distanciados por três ligações, foi possível

identificar o sinal do carbono ipso do substituinte fenila (C-a’) ao se observar quatro manchas de

correlação do sinal de H-b. Como três das manchas de correlação são com carbonos previamente

atribuídos (C=O, C-d e C-f), por exclusão a quarta mancha se refere à correlação com C-a’. A

partir da identificação do sinal de C-a’, foi possível diferenciar os sinais de H-d e H-f, pois só H-d

apresenta correlação com C-a’. Além disso, observa-se que o carbono carbonílico só apresenta

correlação com H-b (previamente definido) e H-f, confirmando a atribuição de H-f. Dessa forma,

usando as correlações do HMQC, distinguiram-se os sinais de C-d e C-f. Levando-se em conta

que, de acordo com valores tabelados, carbono ligado a anel fenila é desprotegido de cerca de

12 ppm, considerou-se que o sinal de carbono ipso mais distante do TMS refere-se a C-c (δ 141,71).

Por exclusão, o outro sinal de carbono ipso (δ 129,68) refere-se ao carbono ligado à carbonila (C-a).

As correlações observadas no HMBC para C-c permitem identificar o sinal de H-b’ (dupleto

relativo a dois hidrogênios) e determinar que o sinal de H-e encontra-se no multipleto entre δ 7,49

e 7,43, sobreposto aos sinais de mais dois hidrogênios aromáticos.

6

54

3

21

7

8

9

a

cd

e

f

GAXD

b

O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

c'

b'

d'

a'

b'

c'

δ 167,49 C=O δ 125,74 C-b

δ 141,71 C-c (ipso) δ 125,37 C-f

δ 140,13 C-a’ (ipso) δ 7,71 (td) H-d

δ 138,53;138,44 C ipso Bn δ 7,67 (td) H-f

δ 130,15 C-d δ 7,58 (d, 2 H) H-b’

δ 129,68 C-a (ipso) δ 7,49-7,43 (m, 3 H)

H-e + 2 H aromáticos

δ 128,99- 127,09 C aromáticos

RESULTADOS E DISCUSSÃO

128

Figura 122 – Espectro de RMN de 13C (50 MHz, CDCl3) de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-(3-fenilbenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de metila – GAXD.

Figura 123 – Espectro de DEPT 135 (50 MHz, CDCl3) de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-(3-fenilbenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de metila – GAXD.

167.4932 141.7120 140.1273 138.5274 138.4360 134.9239 130.1547 129.6823 128.9890 128.8519 128.3719 128.3033 127.9910 127.7320 127.6862 127.5872 127.5263 127.0920 125.7435 125.3702 117.8507 98.8348 78.7370 77.6323 77.0000 76.3676 73.9526 73.6402 73.3964 68.5281 55.2261 41.0328

(ppm) 30405060708090100110120130140150160170(ppm) 126128130132134136138140142 6

54

3

21

7

8

9

a

cd

e

f

GAXD

b

O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

c'

b'

d'

a'

b'

c'

C=O

C ipso

C-d

C-a C-b C-f

C-9 C-1

OCH3

C-6

C-8

C-a’ C-c

C açúcar e C benzílicos

134.9073 130.1664 128.9957 128.8502 128.3776 128.3049 127.9995 127.7377 127.6941 127.5923 127.5268 127.0905 125.7453 125.3672 117.8922 98.8192 78.7210 76.3069 76.2123 73.9582 73.6455 73.3983 68.5119 55.2270 41.0259

(ppm) 35404550556065707580859095100105110115120125130135140*

* C-3, C-4 ou C-5C-4 e

C-1

C benzílicos

C-8

c'

b'

a'

d'

b'

c'

O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

b

GAXD

f

ed

c

a

9

8

7

12

3

4 5

6

C-9

OCH3

C-6

*

C-2 C-5 ou C-4

C-7

RESULTADOS E DISCUSSÃO

129

Figura 124 – Mapa de contornos HMQC (400 MHz, CDCl3) de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-(3-

fenilbenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de metila – GAXD.

Figura 125 – Mapa de contornos HMBC (400 MHz, CDCl3) de 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-(3-

fenilbenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de metila – GAXD.

H-6 x C-6

H-6’ x C-6

OCH3 x OCH3

H-b x C-b

H-d x C-d

H-f x C-f H-9 + H-9’ x C-9

H-1 x C-1

H-8 x C-8

OCH2φ x OCH2 φ

H-7 x C-7 H-7’ x C-7

H-2 x C-2 c'

b'

a'

d'

b'

c'

O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

b

GAXD

f

ed

c

a

9

8

7

12

3

4 5

6

H-b x C=O

H-b x C-a’

H-b x C-d H-b x C-f

H-d x C-a’

H-b’ x C-c

H-e x C-c

H-f x C=O

H-6 x C=O H-6’ x C=O

H-7 x C-9

OCH3 x C-1

H-7’ x C-9

H-9 + H-9’ x C-7

H-f x C-d

c'

b'

a'

d'

b'

c'

O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

b

GAXD

f

ed

c

a

9

8

7

12

3

4 5

6

RESULTADOS E DISCUSSÃO

130

Figura 126 – Seção expandida do mapa de contornos HMBC (400 MHz, CDCl3) de 4-O-alil-2,3-di-O-

benzil-6-desoxi-6-(3-fenilbenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de metila – GAXD.

A obtenção do produto inesperado GAXD pôde ser confirmada pela análise de espectros de

massas (FIGURA 127). Observam-se os picos referentes a [M+H]+ de m/z 594,2786 (calculado:

594,2856), [M+Na]+ de m/z 616,2792 e [M+K]+ de m/z 632,2346.

Assim como nos espectros tandem MS/MS de GAX e GAXC, observam-se, além do pico [M+H]+,

dois outros picos referentes à perda de metanol (m/z 562,2767) e, em seguida, à perda de álcool

benzílico (m/z 454,2053) (FIGURA 128).

H-b x C=O

H-f x C=O

H-b x C-d

H-b x C-f

H-b x C-a’

H-d x C-a’ H-b’ x C-c

H-e x C-c

H-f x C-d

c'

b'

a'

d'

b'

c'

O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

b

GAXD

f

ed

c

a

9

8

7

12

3

4 5

6

RESULTADOS E DISCUSSÃO

131

Figura 127 – Espectros de massas [ESI(+)-MS] e análise seqüencial [ESI(+)-MS/MS] de 4-O-alil-

2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-(3-fenilbenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de metila –

GAXD.

O

BnO

O

OBn

OCH3

N

O

H

H

φ

+

+ +O

BnO

O

OBn

N

H

HO

BnO

O

OBn

N

O

φ

H

O

BnO

O

OBn

N

H

H

+

OO

OBn

N

H

H+

- CH3OH

m/z 594m/z 562

m/z 454 m/z 562

m/z 562

- BnOH

Figura 128 – Proposta de fragmentação para o íon de m/z 594 após análise seqüencial de 4-O-alil-

2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-(3-fenilbenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de metila –

GAXD.

[M + H]+

100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200m/z0

100

%

gaxd 15 (0.289) Cm (1:64) TOF MS ES+ 2.14e4562.2490

288.2954

181.070974.0610 454.2053316.3182

594.2786

616.2792

633.23311187.5460

[M + H]+

[M + Na]+ [M + K]+

590 595 600 605 610 615 620 625 630 635 640 645m/z0

100

%

gaxd 15 (0.289) Cm (1:64) TOF MS ES+ 1.26e4594.2786

590.2158

616.2792595.2751

596.3010612.1128608.2484606.2058

632.2346617.2650

618.2806 630.2400622.2350

633.2331

646.2554644.1794639.3290

[M + Na]+

[2M + Na]+

100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200m/z0

100

%

gaxd_1209 24 (0.545) Sm (Mn, 2x3.00); Cm (1:25) TOF MSMS 1209.57ES+ 90.1616.3372

1209.6139

[M + H]+

[2M + 2H]+

100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200m/z0

100

%

gaxd_1187 29 (0.649) Sb (7,50.00 ); Sm (Mn, 2x3.00); Cm (16:41) TOF MSMS 1187.55ES+ 87.2594.3356

562.3044 1187.6263

[M + H]+

50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500 525 550 575 600m/z0

100

%

gaxd_594 42 (0.841) Cm (16:58) TOF MSMS 594.28ES+ 2.06e3562.2767

454.2053 594.2502

O

BnO

O

OBn

N

O

H

H+

OO

OBn

N

O

H

H+

RESULTADOS E DISCUSSÃO

132

Considerando-se que não foi possível obter macrociclos nas duas primeiras reações

desenvolvidas (1a - concentração do substrato: 12 mmol/L; tempo de adição da solução de

Bu3SnH/AIBN: 1:15 horas; 2a - concentração do substrato: 2,8 mmol/L; tempo de adição da

solução de Bu3SnH/AIBN: 5:20 horas), tentou-se obtê-los utilizando condições intermediárias

entre a primeira e a segunda reação no que se refere à diluição e tempo de adição (concentração

de GAX: 6 mmol/L; tempo de adição da solução de Bu3SnH/AIBN: 3:20 horas). Condição

semelhante encontra-se descrita na literatura (GHOSH; GHATAK, 1995; RODRIGUEZ et al.,

1999).

Nesta terceira tentativa, também foi obtida uma mistura complexa de produtos visualizada por

CCD, com predominância de dois de Rf muito próximos. Os dois produtos foram isolados

utilizando-se CCS e os espectros de RMN indicaram tratar-se de GAX (16% de recuperação) e

GAXC (38% de rendimento).

Mais uma tentativa foi realizada empregando-se as mesmas condições da segunda reação

radicalar, substituindo-se o benzeno por ciclo-hexano (WALLING, 1985; BOWMAN et al., 2000;

BECKWITH et al., 2004). Tinha-se expectativa de que alta diluição e adição lenta da solução de

Bu3SnH/AIBN minimizasse a formação do produto de hidrogenólise e de que, não ocorrendo a

adição do radical arila ao benzeno, pudesse ocorrer a ciclização. Como tanto GAX quanto o AIBN

não são solúveis em ciclo-hexano, utilizou-se o mínimo de benzeno necessário para a solubilização

da amida GAX e do AIBN. Desta reação, mais uma vez, não foi possível isolar nenhum produto

ciclizado e o produto de hidrogenólise, GAXC, foi isolado com 71% de rendimento.

Portanto, utilizando-se quatro diferentes condições de reação, não foi possível obter os

macrociclos 12-endo GAXA e 11-exo GAXB. Na primeira reação da m-iodobenzamida GAX com

Bu3SnH empregaram-se as mesmas condições que levaram à obtenção das macrolactamas 8 e

19 (FIGURA 54, p. 45) a partir de 7 e 18 (BINATTI et al., 2002; FARACO et al., 2003), isômero de

posição e análogo desprovido de unidade sacarídica de GAX, respectivamente. No entanto, só foi

obtido o produto de hidrogenólise GAXC, assim como ocorreu na terceira reação. Por outro lado,

na segunda tentativa, quando se utilizaram condições para minimizar a ocorrência da reação do

radical arila com o Bu3SnH (maior diluição e maior tempo de adição dos reagentes) não houve

formação de GAXC, mas o radical arila reagiu com o próprio solvente, levando à formação de

GAXD. Alterando-se o solvente na quarta reação para evitar a formação de GAXD, novamente, foi

isolado o produto de hidrogenólise, GAXC.

Algumas hipóteses podem ser aventadas para explicar os diferentes resultados das reações de

ciclização radicalar de GAX, 7 e 18.

Na o-iodobenzamida 7, além da restrição de rotação da ligação C-N, característica das amidas, há

restrição da ligação Ar-CO, atribuída ao efeito estérico do halogênio em orto, e há predominância

do rotâmero no qual o anel aromático e a carbonila não estão coplanares entre si (LEWIN et al.,

1975). Em relação às possíveis conformações correspondentes à ligação C-N, predomina o

RESULTADOS E DISCUSSÃO

133

confôrmero no qual o grupo mais volumoso ligado ao nitrogênio encontra-se syn à carbonila, em

razão da presença do átomo de iodo em orto (SNIECKUS et al., 1990). Portanto, no caso da

benzamida 7 predominaria o confôrmero 7a (FIGURA 129). O tempo de vida de radicais arila não

excede 10-5 s, sendo muito menor que o tempo gasto para interconversão dos rotâmeros syn e

anti de amidas (10-1-10-2 s), o que suporta a hipótese de que não há rotação da ligação C-N

durante a existência dos radicais arila (SNIECKUS et al., 1990). Assumindo que a reatividade dos

rotâmeros syn/anti (7a/7b) seria equivalente frente ao radical tributilestanila, as quantidades relativas

dos radicais formados por abstração de um átomo de iodo seriam determinadas pelas

concentrações de 7a e 7b, portanto seria formado predominantemente o radical 7a’ (FIGURA 129).

Em relação à ligação C-6/C-5, no rotâmero 7a’ há uma conformação alternada (7a’’) estabilizada

por formação de ligação de hidrogênio entre o hidrogênio ligado ao nitrogênio e o oxigênio do grupo

aliloxila, formando um ciclo de seis membros. Nesta conformação (7a’’) o radical arila encontra-se

adequadamente localizado para promover o ataque à ligação dupla, com formação subseqüente do

produto ciclizado 8 (BINATTI et al., 2005).

syn

syn anti

anti

7b'

N

CH2

O

OBn

OBn

H3CO

H

O

O

Bu3Sn. Bu3Sn.

7a

O

OCH3

OBn

OBnO

I

NCH2

H

O

N

CH2

O

OBn

OBn

H3CO

H

OI

O

7b

7a'

4

56

NCH2

O

OCH3

OBn

OBnOH

O

C4O

H6

NH6' H

O

O

H5

Bu3SnH

H5

O C4O

H6

NH6' H

O

7a''

O C4O

H6

NH6' H

O

H5

O

OCH3

OBn

BnO

O NH

O

11-Endo8

X

Figura 129 – Conformações syn e anti de 7 e dos respectivos radicais, conformação 7a’’

estabilizada por ligação de hidrogênio e formação do macrociclo 8.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

134

Como 18 também é uma orto-iodobenzamida, pode-se considerar que os mesmos fatores que

conferem restrição de rotação das ligações Ar-CO e N-C=O em 7 o fazem em 18. Assim

predominaria o rotâmero syn (18a), que levaria ao radical arila 18a’ (FIGURA 130). Embora o grau

de liberdade rotacional da cadeia butílica presente em 18 e seus radicais seja maior do que o do

anel piranosídico de 7 e seus radicais, propõem-se que haja uma conformação estabilizada por

ligação de hidrogênio (18a’) na qual o radical arila esteja próximo do grupo alquenila. Esta hipótese

justifica a formação da macrolactama 19 (19%) e o menor rendimento em relação a 8 (33%).

Bu3Sn. Bu3Sn.

18a' 18b'

Bu3SnH

O

N

H

O

I

O

NH

(CH2)4OCH2CH=CH2

syn18a

anti18b

.

O

NH

(CH2)4OCH2CH=CH2

I

O

N(CH2)4OCH2CH=CH2

H

19 12-endo

.

O

N

H

O

X.

O

N

H

O

Figura 130 – Conformações syn e anti de 18 e dos respectivos radicais, conformação de 18a’

estabilizada por ligação de hidrogênio e formação do macrociclo 19.

Em GAX, como o iodo está em meta, a barreira de rotação da ligação Ar-CO é significativamente

menor do que nas orto-iodobenzamidas (LEWIN et al., 1975). Além disso, possivelmente, não haja

predominância do rotâmero syn (GAXa) ou anti (GAXb) (FIGURA 131), uma vez que não há

repulsão estérica entre o halogênio em meta e o substituinte do nitrogênio. A menor restrição

rotacional da ligação Ar-CO e o fato de as conformações das amidas syn e anti coexistirem no

substrato, e portanto nos radicais (GAXa’ e GAXb’), são argumentos que permitem supor que

GAX não conduziu a produtos de ciclização pelo fato de coexistirem muitas conformações, não

havendo predominância de alguma que seja adequada para a ciclização. Ou seja, em GAX não

haveria a pré-organização necessária para a ciclização, requisito essencial para a obtenção de

macrociclos por carbociclização radicalar (BLANKESTEIN; ZHU, 2005). Não ocorrendo a

RESULTADOS E DISCUSSÃO

135

ciclização, os radicais arila reagiram com o Bu3SnH, levando ao produto de hidrogenólise (GAXC),

ou com o próprio solvente (benzeno) para conduzir a GAXD, dependendo das condições de

reação.

Bu3SnH ou Benzeno

R= H GAXC

R= Ph GAXD

R

O

OCH3

OBn

BnO

ON

HO

N

CH2

O

OBn

OBn

H3CO

H

O

I

O

NCH2

H

O

OCH3

OBn

OBnO

I

O

Bu3Sn.

GAXbanti

GAXasyn

Bu3Sn.

X

GAXb'anti

GAXa'syn

NCH2

H

O

OCH3

OBn

OBnO

O

N

CH2

O

OBn

OBn

H3CO

H

O

O

Figura 131 – Conformações syn e anti de GAX e dos respectivos radicais e formação de GAXC e

GAXD.

Outra hipótese pode ser aventada para explicar a razão de não ter sido formado produto ciclizado

na reação de GAX com Bu3SnH: em nenhuma das conformações possíveis para o radical arila

proveniente de GAX haveria a proximidade necessária para que ocorresse o ataque à ligação

dupla e a formação do ciclo de 12 ou 11 membros (GAXA/GAXB).

É importante ressaltar que só foi encontrado um trabalho publicado em que é relatada a obtenção

de benzomacrociclos (14 e 17 membros) por carbociclização radicalar mediada por Bu3SnH a

RESULTADOS E DISCUSSÃO

136

partir de substratos em que o halogênio encontra-se meta em relação ao substituinte envolvido na

ciclização (FIGURA 46, p. 33) (BALRAJU et al., 2005). Em todos os outros trabalhos de obtenção

de macrociclos fundidos a anéis benzênicos utilizaram-se substratos com o halogênio em orto ao

substituinte que contém a ligação dupla (GHOSH; GHATAK, 1995; GIBSON et al., 1997; NANDI et

al., 2001; NANDI; CHATTOPADHYAY, 2002; PRADO et al., 2000; BINATTI et al, 2002; FARACO

et al., 2003; FARACO et al., 2004; DIAS et al., 2006; PIRES et al., 2006; ROCHA; PRADO, 2006).

Esta constatação demonstra a dificuldade de se obter macrociclos utilizando-se precursores meta

halogenados e evidencia a necessidade de estudos experimentais e teóricos para que se possa

explicar este fato.

4.9 TESTES DE ATIVIDADE ANTIBACTERIANA E ANTIFÚNGICA

Todas as soluções de padrões internos (cloranfenicol, gentamicina e anfotericina B) conduziram a

halos de inibição que variaram entre 9,40 e 22,00 mm. Os desvios padrão calculados para todos

os ensaios, realizados em triplicata, foram aceitáveis.

As soluções das substâncias GA6, GA7, GAX, GAXC e GAXD (FIGURA 57, p. 76) não levaram à

formação de halos de inibição nos testes de atividade antimicrobiana realizados.

Portanto, as substâncias testadas não demonstraram atividade antibacteriana e antifúngica contra

os microrganismos usados (TABELA 18, p. 76), nas condições em que os experimentos foram

realizados (item 3.3, p. 75).

CONCLUSÃO

137

5 CONCLUSÃO

Neste trabalho foi sintetizada a aliloxi-m-iodobenzamida inédita 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-

(3-iodobenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de metila (GAX) a partir do α-D-galactopiranosídeo

de metila, por uma rota de síntese de oito etapas. A benzamida foi submetida a reações de

carbociclização radicalar mediadas por hidreto de tri-n-butilestanho.

De nenhuma reação radicalar realizada foi possível isolar macrolactamas. De três reações, nas

quais se variaram as condições da reação (solvente, diluição e tempo de adição dos reagentes),

foi isolado o produto acíclico reduzido 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-benzoilamino-α-D-

galactopiranosídeo de metila (GAXC), no qual o átomo de iodo foi substituído por um átomo de

hidrogênio. Em outra tentativa, na qual se empregaram maior diluição e maior tempo de adição

dos reagentes, foi isolado um produto inédito e inesperado, 4-O-alil-2,3-di-O-benzil-6-desoxi-6-(3-

fenilbenzoilamino)-α-D-galactopiranosídeo de metila (GAXD), formado por reação entre o radical

arila proveniente da amida e benzeno, o solvente da reação.

As o-iodobenzamidas 7 e 18, sintetizadas anteriormente em outros trabalhos, isômero de posição

e análogo desprovido de unidade sacarídica de GAX, conduziram às macrolactamas 8 e 19,

respectivamente. Com este trabalho, verificou-se a influência negativa, na ciclização radicalar, do

átomo de iodo em posição meta na benzamida derivada de carboidrato de configuração galacto,

GAX.

A aliloxi-m-iodobenzamida GAX, os produtos isolados das reações radicalares (GAXC e GAXD) e

dois intermediários (GA6 e GA7) foram submetidos a testes de atividade antibacteriana e

antifúngica e não demonstraram atividade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

138

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALLIN, S. M.; BARTON, W. R. S.; BOWMAN; W. R.; MCINALLY, T. Radical cyclisation onto

pyrazoles: synthesis of withasomnine. Tetrahedron Letters, v. 43, n. 23, p. 4191-4193, 2002.

ANISUZZAMAN, A. K. M.; WHISTLER, R. L. Selective replacement of primary hydroxyl-groups in

carbohydrates - preparation of some carbohydrate-derivatives containing halomethyl groups.

Carbohydrate Research, v. 61, p. 511-518, 1978.

ARAI, T.; SUENAGA, T.; KOYAMA, Y.; HONDA, H. Ascomycin, an antifungal antibiotic. Journal of

Antibiotics, v. 15, n. 6, p. 231-232, 1962.

ARMAREGO, W. L. F.; PERRIN, D. D. Purification of Laboratory Chemicals. 4. ed. Boston:

Butterworth Heinemann, 1996. 529 p.

ASTLEY, M. P.; PATTENDEN, G. Natural furanocembranoids - a synthetic approach to lophotoxin

based on an acyl radical macrocyclization strategy. Synthesis, p. 101-105, 1992.

BAILEY, K. L.; MOLINSKI, T. F. Entropically favorable macrolactamization. Synthesis of

isodityrosine peptide analogues by tandem Erlenmeyer condensation-macrolactamization. Journal

of Organic Chemistry, v. 64, n. 7, p. 2500-2504, 1999.

BALDWIN, J. E. Rules for ring closure. Journal of the Chemical Society, Chemical

Communications, p. 734-736, 1976.

BALDWIN, J. E.; ADLINGTON, R. M.; MITCHELL, M. B.; ROBERTSON, J. Intramolecular SH2'

macrocyclizations. Tetrahedron, v. 47, n. 30, p. 5901-5918, 1991.

BALDWIN, J. E.; ADLINGTON, R. M.; RAMCHARITAR, S. H. Free radical macrocyclisation via

propiolate esters. Tetrahedron, v. 48, n. 16, p. 3413-3428, 1992.

BALRAJU V.; REDDY. D. S.; PERIASAMY, M.; IQBAL, J. Synthesis of small cyclic peptides

constrained with 3-(3-aminomethylphenyl)propionic acid linkers using free radical-mediated

macrocyclization. Tetrahedron Letters, v. 46, n. 31, p. 5207-5210, 2005.

BARREIRO, E. J.; FERREIRA, V. F.; COSTA, P. R. R. Substâncias enantiomericamente puras

(SEP): a questão dos fármacos quirais. Química Nova, v. 20, n. 6, p. 647-656, 1997.

BEAK, P.; MUSICK, T. J.; CHEN, C. Does formal intramolecular transfer of an acidic deuterium to

a site of halogen-lithium exchange show that lithium-halogen exchange is faster than loss of the

acidic deuterium? Evidence in favor of an alternative mechanism. Journal of the American

Chemical Society, v. 110, n. 11, p. 3538-3542, 1988.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

139

BECKWITH, A. L. J.; BOWRY, V. W.; BOWMAN, W. R.; MANN, E.; PARR, J.; STOREY, J. M. D.

The mechanism of Bu3SnH-mediated homolytic aromatic substitution. Angewandte Chemie,

International Edition, v. 43, n. 1, p. 95-98, 2004.

BECKWITH, A. L. J.; DROK, K.; MAILLARD, B.; DEGUEIL-CASTAING, M.; PHILIPPON, A.

Formation of substituted macrocyclic ethers by radical cyclisation. Chemical Communications, p.

499-500, 1997.

BECKWITH, A. L. J.; GARA, W. B. Mechanism of cyclization of aryl radicals containing

unsaturated ortho-substituents. Journal of the Chemical Society, Perkin Transactions 2, n. 7, p.

795-802, 1975.

BEGLEY, M. J.; PATTENDEN, G.; SMITHIES, A.; TAPOLCZAY, D.; WALTER, D. S. Cascade

radical macrocyclisation transannulation approach towards the construction of ring-fused tricycles

and polycycles. Journal of the Chemical Society, Perkin Transactions 1, n.1, p. 21-29, 1996.

BELL, D. J.; LORBER, J. Use of the benzyl radical in syntheses of methylated sugars. Part I: 4:6-

dimethyl glucose. Journal of the Chemical Society, p. 453-455, 1940.

BERGE, J. M.; ROBERTS, S. M. Recommended work-up procedure for reductions employing tri-

normal-butyltin hydride. Synthesis, p. 471-472, 1979.

BERTASSO, M.; HOLZENKAMPFER, M.; ZEECK, A.; STACKEBRANDT, E.; BEIL, W.; FIEDLER,

H. P. Ripromycin and other polycyclic macrolactams from Streptomyces sp. Tu 6239: taxonomy,

fermentation, isolation and biological properties. Journal of Antibiotics, v. 56, n. 4, p. 364-371,

2003.

BINATTI, I. Síntese de benzolactamas por carbociclização radicalar 11-endo de orto-

iodobenzamida derivada da D-galactose. 2001. 70f. (Dissertação) – Programa de Pós-

Graduação em Ciências Farmacêuticas, Faculdade de Farmácia – Universidade Federal de Minas

Gerais, Belo Horizonte, 2001.

BINATTI, I. Síntese de macrolactona derivada de D-galactose e tentativa de síntese de

macrolactona e macrolactamas derivadas de D-glicose, por carbocilização radicalar. 2005.

274f. (tese) – Programa de Pós-Graduação em Química, Departamento de Química – ICEx –

Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2005a.

BINATTI, I.; ALVES, R. B.; PRADO, M. A. F.; ALVES, R. J.; SOUZA-FILHO, J. D.; DIAS, D. F.

Reações de carbociclização de orto-iodoaliloxibenzoato derivados de D-glicose e D-galactose e

comparação com as reações de análogos benzamidas. Química Nova, v. 28, n. 5, p. 1023-1029,

2005b.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

140

BINATTI, I.; PRADO, M. A. F.; ALVES, R. J.; FILHO, J. D. S. Synthesis of benzomacrolactam by

11-endo selective aryl radical cyclization of 2-iodobenzamide derived from D-galactose. Journal of

the Brazilian Chemical Society, v. 13, n. 5, p. 570-575, 2002.

BINKLEY, R. W. Modern Carbohydrate Chemistry. New York: Marcel Dekker, 1988. 343 p.

BLANKENSTEIN, J.; ZHU, J. P. Conformation-directed macrocyclization reactions. European

Journal of Organic Chemistry, n. 10, p. 1949-1964, 2005.

BOGER, D. L.; MATHVINK, R. J. Intramolecular acyl radical alkene addition-reactions -

macrocyclization reactions. Journal of the American Chemical Society, v. 112, n. 10, p. 4008-

4011, 1990.

BORNHOVD, E.; BURGDORF, W. H. C.; WOLLENBERG, A. Macrolactam immunomodulators for

topical treatment of inflammatory skin diseases. Journal of the American Academy of

Dermatology, v. 45, n. 5, p. 736-743, 2001.

BOWMAN, W. R.; FLETCHER, A. J.; POTTS, G. B. S. Synthesis of heterocycles by radical

cyclisation. Journal of the Chemical Society, Perkin Transactions 1, n. 24, p. 2747-2762, 2002.

BOWMAN W. R.; HEANEY, H.; JORDAN, B. M. Synthesis of Oxindoles by radical cyclization.

Tetrahedron Letters, v. 29, n. 50, p. 6657-6660, 1988.

BOWMAN, W. R.; MANN, E.; PARR, J. Bu3SnH mediated oxidative radical cyclisations: synthesis

of 6H-benzo[c]chromen-6-ones. Journal of the Chemical Society, Perkin Transactions 1, n. 17,

p. 2991-2999, 2000.

BULUSU, M. A. R. C.; WALDSTATTEN, P.; TRICOTET, T.; ROCHAIS, C.; STECK, A.; BACHER

M. Synthesis of 6-vinyl and 5-vinylproline analogues of ascomycin. Tetrahedron Letters, v. 45, n.

30, p. 5833-5836, 2004.

CADDICK, S.; HAMZA, D.; WADMAN, S. N.; WILDEN, J. D. Solid-phase intermolecular radical

reactions 2: synthesis of c-glycopeptide mimetics via a novel acrylate acceptor. Organic Letters,

v. 4, n. 10, p. 1775-1777, 2002.

CAREY, J. S.; LAFFAN, D.; THOMSON, C.; WILLIAMS, M. T. Analysis of the reactions used for

the preparation of drug candidate molecules. Organic & Biomolecular Chemistry, v. 4, n. 12, p.

2337-2347, 2006.

CHENG, Y. Q.; TANG, G. L.; SHEN, B. Identification and localization of the gene cluster encoding

biosynthesis of the antitumor macrolactam leinamycin in Streptomyces atroolivaceus S-140.

Journal of Bacteriology, v. 184, n. 24, p. 7013-7024, 2002.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

141

CLYNE, M. A.; ALDABBAGH, F. Photochemical intramolecular aromatic substitutions of the

imidazol-2-yl radical are superior to those mediated by Bu3SnH. Organic & Biomolecular

Chemistry, v. 4, n. 2, p. 268-277, 2006.

COLLINS, P. M.; FERRIER, R. J. Monosacharides: Their Chemistry and Their Roles in

Natural Products. New York: John Wiley & Sons Inc, 1995. 574 p.

COOPER, R.; TRUUMEES, I.; YARBOROUGH, R.; LOEBENBERG, D.; MARQUEZ, J.; HORAN,

A.; PATEL, M.; GULLO, V. Macrolactams - 2 novel homologous series of compounds produced by

Actinomadura sp. SCC-1778. Journal of Antibiotics, v. 45, n. 5, p. 633-638, 1992.

COURI, M. R. C.; EVANGELISTA. E. A.; ALVES, R. B.; PRADO, M. A. F.; GIL, R. P. F.; ALMEIDA,

M. V.; RASLAN, D. S. Microwave-assisted rapid deacetalation of carbohydrates. Synthetic

Communications, v. 35, p. 2025-2031, 2005.

COX, N. J. G.; MILLS, S. D.; PATTENDEN, G. Macrocyclizations using allylic radical intermediates

- a new synthetic approach to natural 14-membered cembranoids. Journal of the Chemical

Society, Perkin Transactions 1, n. 11, p. 1313-1321, 1992.

COX, N. J. G.; PATTENDEN, G.; MILLS, S. D. Radical macrocyclizations in synthesis - a new

approach to mukulol and marine cembranolide lactones. Tetrahedron Letters, v. 30, n. 5, p. 621-

624, 1989.

CULVENOR, C. C. J.; BECK, A. B.; CLARKE, M.; COCKRUM, P. A.; EDGAR, J. A.; FRAHN, J. L.;

JAGO, M. V.; LANIGAN, G. W.; PAYNE, A. L.; PETERSON, J. E.; PETTERSON, D. S.; SMITH, L.

W.; WHITE, R. R. Isolation of toxic metabolites of phomopsis-leptostromiformis responsible for

lupinosis. Australian Journal of Biological Sciences, v. 30, n. 4, p. 269-277, 1977.

CURRAN D. P. The design and application of free-radical chain reactions in organic-synthesis –

Part 1. Synthesis, p. 417-439, 1988.

CURRAN, D. P.; YANG, F. L.; CHEONG, J. H. Relative rates and approximate rate constants for

inter- and intramolecular hydrogen transfer reactions of polymer-bound radicals. Journal of the

American Chemical Society, v. 124, n. 50, p. 14993-15000, 2002.

DE OLIVEIRA, R. B.; DE SOUZA, J. D.; PRADO, M. A. F.; EBERLIN, M. N.; MEURER, E. C.;

SANTOS, L. S.; ALVES, R. J. Synthesis of unexpected six-membered imides by free-radical

carbocyclisation on carbohydrate templates. Tetrahedron, v. 60, n. 44, p. 9901-9908, 2004.

DIAS, D. F.; PRADO, M. A. F.; PINTO, G. D.; ALVES, R. J.; ALVES, R. B.; FILHO, J. D. S. Síntese

de aliloxi-orto-iodobenzamida derivada de D-glicose e reação de ciclização radicalar mediada por

hidreto de tri-n-butilestanho. Quimica Nova, v. 29, n. 3, p. 444-451, 2006.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

142

DUFOUR, M.; GRAMAIN, J. C.; HUSSON, H. P.; SINIBALDI, M. E.; TROIN, Y. Convergent

approach to tetracyclic [ABCE] intermediates in Aspidosperma alkaloids synthesis. Synthetic

Communications, v. 22, n. 2, p. 189-200, 1992.

DUMONT, F. J. FK506, an immunosuppressant targeting calcineurin function. Current Medicinal

Chemistry, v. 7, n. 7, p. 731-748, 2000.

ESCOLANO, C.; JONES, K. Aryl radical cyclisation onto pyrroles: a divergent synthesis of

spiropyrrolidinyloxindoles and pyrroloquinolines. Tetrahedron Letters, v. 41, n. 46, p. 8951-8955,

2000.

FARACO, A. A. G.; PRADO, M. A. F.; ALVES, R. B.; FARACO, R. F. P.; ALVES, R. J.; SOUZA, J.

D.; MEURER, E. C.; EBERLIN, M. N. A new 20-membered macrocyclic dilactam: an unexpected

product of a tri-n-butyltin hydride-mediated radical reaction. Tetrahedron Letters, v. 45, n. 16, p.

3317-3320, 2004.

FARACO, A. A. G.; PRADO, M. A. F.; ALVES, R. J.; SOUZA, J. D.; ALVES, R. B.; FARACO, R. F.

P. Synthesis of benzomacrolactam by 12-endo selective aryl radical cyclization of N-(4-

allyloxybutyl)-2-iodobenzamide. Synthetic Communications, v. 33, n. 3, p. 463-474, 2003.

FARMACOPÉIA brasileira. 4. ed. São Paulo: Atheneu, 1988. Parte I.

FERREIRA, V. F. Carboidratos importantes em síntese orgânica. Química Nova, v. 18, n. 2, p.

267-273, 1995.

FOSSEY, J.; LEFORT, D.; SORBA, J. Free Radicals in Organic Chemistry. Paris: John Wiley &

Sons, 1995, 307 p.

FRÉCHET, J. M. J.; BAER, H. H. Concerning the problem of stereospecific glycosylation.

Synthesis and methanolysis of some 2-O-benzylated D-galactopyranosyl and D-galactofuranosyl

halides. Canadian Journal of Chemistry, v. 53, n. 5, p. 670-679, 1975.

FRYDMAN, B.; BHATTACHARYA, S.; SARKAR, A.; DRANDAROV, K.; CHESNOV, S.;

GUGGISBERG, A.; POPAJ, K.; SERGEYEV, S.; YURDAKUL, A.; HESSE, M.; BASU, H. S.;

MARTON, L. J. Macrocyclic polyamines deplete cellular ATP levels and inhibit cell growth in

human prostate cancer cells. Journal of Medicinal Chemistry, v. 47, n. 4, p. 1051-1059, 2004.

GANGULY, A. K.; WANG, C. H.; DAVID, M.; BARTNER, P.; CHAN, T. M. Synthesis of heterocyclic

compounds using radical reactions. Tetrahedron Letters, v. 43, n. 38, p. 6865-6868, 2002.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

143

GAREGG, J.; SAMUELSSON, B. Novel reagent system for converting a hydroxy-group into a iodo-

group in carbohydrates with inversion of configuration. Part 2. Journal of the Chemical Society,

Perkin Transactions 1, n. 12, p. 2866-2869, 1980.

GENTILE, G.; FATTORI, D.; BOTTA, M.; CORELLI, F.; FUSAR-BASSINI, D.; LAMBA, D.

Synthesis of dimeric and tetrameric macrolactams with cytotoxic activity. Canadian Journal of

Chemistry-Revue Canadienne de Chimie, v. 78, n. 6, p. 925-934, 2000.

GHOSH, K.; GHATAK, U. R. Regioselective 9-endo aryl radical cyclization: a new synthetic route

to decahydro-5h-dibenzo[a,d] and [a,e]-cyclononenols. Tetrahedron Letters, v. 36, n. 27, p. 4897-

4900, 1995.

GIBSON, S. E.; GUILLO, N.; TOZER, M. J. Application of 7-endo, 8-endo and 9-endo radical

cyclisations to the synthesis of conformationally constrained amino acids and comparison with the

corresponding Heck reactions. Chemical Communications, n. 6, p. 637-638, 1997.

GIESE, B. Formation of cc bonds by addition of free-radicals to alkenes. Angewandte Chemie,

International Edition in English, v. 22, n. 10, p. 753-764, 1983.

GIESE, B. Radicals in Organic Synthesis: Formation of carbon-carbon bonds. Oxford:

Pergamon Press, 1986, 294 p.

GRASSBERGER, M.; BAUMRUKER, T.; ENZ, A.; HIESTAND, P.; HULTSCH, T.; KALTHOFF, F.;

SCHULER, W.; SCHULZ, M.; WERNER, F. J.; WINISKI, A.; WOLFF, B.; ZENKE, G. A novel anti-

inflammatory drug, SDZ ASM 981, for the treatment of skin diseases: in vitro pharmacology.

British Journal of Dermatology, v. 141, n. 2, p. 264-273, 1999.

GRIESBECK, A. G.; OELGEMOLLER, M.; LEX, J. Photochemistry of MTM- and MTE-esters of

omega-phthalimido carboxylic acids: macrocyclization versus deprotection. Journal of Organic

Chemistry, v. 65, n. 26, p. 9028-9032, 2000.

HALL, D. M. A practical synthesis of 4-6-O-benzilidene-α- and –β-D-glucopyranoside.

Carbohydrate Research, v. 86, p. 158-160, 1980.

HANDA, S.; PATTENDEN, G. Free radical-mediated macrocyclisations and transannular

cyclisations in synthesis. Contemporary Organic Synthesis, v. 4, n. 3, p. 196-215, 1997.

HARROWVEN D. C.; SUTTON B. J.; COULTON S. Intramolecular radical additions to pyridines.

Organic & Biomolecular Chemistry, v. 1, n. 22, p. 4047-4057, 2003.

HARROWVEN, D. C.; GUY, I. L. KF-silica as a stationary phase for the chromatographic removal

of tin residues from organic compounds. Chemical Communications, n. 17, p. 1968-1969, 2004.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

144

HEGDE, V. R.; PATEL, M. G.; GULLO, V. P.; GANGULY, A. K.; SARRE, O.; PUAR, M. S.

Macrolactams - a new class of antifungal agents. Journal of the American Chemical Society, v.

112, n. 17, p. 6403-6405, 1990.

HEGDE, V. R.; PATEL, M. G.; GULLO, V. P.; PUAR, M. S. Sch-38518 and sch-39185 - 2 novel

macrolactam antifungals. Journal of the Chemical Society, Chemical Communications, n. 12,

p. 810-812, 1991.

HEGDE, V.; PATEL, M.; HORAN, A.; GULLO, V.; MARQUEZ, J.; GUNNARSSON, I.; GENTILE,

F.; LOEBENBERG, D.; KING, A. Macrolactams - a novel class of antifungal antibiotics produced by

Actinomadura spp. SCC-1776 and SCC-1777. Journal of Antibiotics, v. 45, n. 5, p. 624-632,

1992.

HENDRICKSON, J. B.; CRAM, D. J.; HAMMOND, G. S. Organic Chemistry. 3. ed. New York:

McGram-Hill, 1970, 1279 p.

HITCHCOCK, S. A.; PATTENDEN, G. Synthesis of macrocycles via allylic radical intermediates - a

total synthesis of (-)-zearalenone. Tetrahedron Letters, v. 31, n. 25, p. 3641-3644, 1990.

HITCHCOCK, S. A.; PATTENDEN, G. Total synthesis of the mycotoxin (-)-zearalenone based on

macrocyclization using a cinnamyl radical intermediate. Journal of the Chemical Society, Perkin

Transactions 1, n. 11, p. 1323-1328, 1992.

HOULDSWORTH, S. J.; PATTENDEN, G.; PRYDE, D. C.; THOMSON, N. M. Studies towards the

taxane ring system via a cascade macrocyclisation-transannulation strategy. Journal of the

Chemical Society, Perkin Transactions 1, n. 8, p. 1091-1093, 1997.

ISHIBASHI, H.; KATO, I.; TAKEDA, Y.; TAMURA, O. Synthesis of a model compound of mappicine

ketone based on sulfur-directed 5-exo selective aryl radical cyclization onto enamides.

Tetrahedron Letters, v. 42, n. 5, p. 931-933, 2001.

ISHIBASHI, H.; KAWANAMI, H.; NAKAGAWA, H. ; IKEDA, M. Sulfur-controlled 6-exo aryl radical

cyclisation of N-ethenyl-2-(2-bromophenyl)acetamides: Synthesis of (+/-)-tetrahydropalmatine and

saulatine. Journal of the Chemical Society, Perkin Transactions 1, n. 16, p. 2291-2295, 1997.

ISHIBASHI, H.; KOBAYASHI, T.; MACHIDA, N.; TAMURA, O. A new efficient route to (+/-)-

physostigmine and(+/-)-physovenine by means of 5-exo selective aryl radical cyclization of o-

bromo-N-acryloylanilides. Tetrahedron, v. 56, n. 11, p. 1469-1473, 2000.

JEFFERSON, E. A.; SWAYZE, E. E.; OSGOOD, S. A.; MIYAJI, A.; RISEN, L. M.; BLYN, L. B.

Antibacterial activity of quinolone-macrocycle conjugates. Bioorganic & Medicinal Chemistry

Letters, v. 13, n. 10, p. 1635-1638, 2003.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

145

JESSOP, C. N.; PARSONS, A. F.; ROUTLEDGE, A.; IRVINE, D. Cyclisation of dienes using

phosphorus-centred radicals to form organophosphorus adducts. Tetrahedron Letters, v. 44, n. 3,

p. 479-483, 2003.

JONAS, D.; OZLU, Y.; PARSONS, P. J. An intramolecular radical cyclization approach to the

synthesis of periplanone-b. Synlett, n. 3, p. 255-256, 1995.

JONES, K.; WILKINSON, J. A total synthesis of horsfiline via aryl radical cyclization. Journal of

the Chemical Society, Chemical Communications, n. 24, p. 1767-1769, 1992.

KAWAI, M.; GUNAWARDANA, I. W. K.; MOLLISON, K. W.; HSIEH, G. C.; LANE, B. C.; LULY, J.

R. Studies on an immunosuppressive macrolactam, ascomycin: synthesis of a C-33 hydroxyl

derivative. Bioorganic & Medicinal Chemistry Letters, v. 8, n. 8, p. 935-938, 1998.

KISS, J.; BURKHARDT, F. Beta-eliminative decomposition of 4-o-substituted hexopyranoside

uronate derivatives. Helvetica Chimica Acta, v. 53, n. 5, p. 1000-1011, 1970.

KOHYAMA, N.; YAMAMOTO, Y. Total synthesis of stevastelin B, a novel immunosuppressant.

Synlett, n. 5, p. 694-696, 2001.

KOISO, Y.; NATORI, M.; IWASAKI, S.; SATO, S.; SONODA, R.; FUJITA, Y.; YAEGASHI, H.;

SATO, Z. Ustiloxin - a phytotoxin and a mycotoxin from false smut balls on rice panicles.

Tetrahedron Letters, v. 33, n. 29, p. 4157-4160, 1992.

KUPCHAN, S. M.; KOMODA, Y.; THOMAS, G. J.; SMITH, R. M.; BRYAN, R. F.; HALTIWAN, R.

C.; KARIM, A.; COURT, W. A.; GILMORE, C. J. Tumor inhibitors .73. maytansine, a novel

antileukemic ansa macrolide from maytenus-ovatus. Journal of the American Chemical Society,

v. 94, n. 4, p. 1354-1356, 1972.

LAMAS, C.; SAA, C.; CASTEDO, L.; DOMINGUEZ, D. Synthesis of isoquinoline alkaloids through

a 10-membered lactam obtained by radical macrocyclization. Tetrahedron Letters, v. 33, n. 38, p.

5653-5654, 1992.

LANG, E. S.; COMASSETO, J. V. Catálise por transferência de fase. Química Nova, v. 11, n. 2, p.

238-257, 1988.

LEMARCHAND, A.; BACH, T. Synthesis of a para-quinone macrolactam related to geldanamycin

by ring closing metathesis. Tetrahedron, v. 60, n. 43, p. 9659-9673, 2004.

LEWIN, A. H.; FRUCHT, M.; CHEN, K. V. J.; BENEDETTI, E.; DI BLASIO, B. Restricted Rotation

in Amides – VI: Configurations and Conformations of Unsymmetrical Tertiary Benzamides.

Tetrahedron, v. 31, n. 3, p. 207-215, 1975.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

146

LI, P. X.; EVANS, C. D.; FORBECK, E. M.; PARK, H.; BAI, R. L.; HAMEL, E.; JOULLIE, M. M.

Total synthesis and biological evaluation of ustiloxin natural products and two analogs. Bioorganic

& Medicinal Chemistry Letters, v. 16, n. 18, p. 4804-4807, 2006.

LIMA, V. L. E. Os fármacos e a quiralidade: uma breve abordagem. Química Nova, v. 20, n. 6, p.

657-663, 1997.

LUCCHESE, A. M.; MARZORATI, L. Catálise de transferência de fase. Química Nova, v. 23, n. 5,

p. 641-652, 2000.

LUESCH, H.; YOSHIDA, W. Y.; MOORE, R. E.; PAUL, V. J.; MOOBERRY, S. L. Isolation,

structure determination, and biological activity of lyngbyabellin A from the marine cyanobacterium

Lyngbya majuscula. Journal of Natural Products, v. 63, n. 5, p. 611-615, 2000.

MACK, M. M.; MOLINSKI, T. F.; BUCK, E. D.; PESSAH, I. N. Novel modulators of skeletal-muscle

FKBP12/ calcium-channel complex from Ianthella basta: role of FKBP12 in channel gating.

Journal of Biological Chemistry, v. 269, n. 37, p. 23236-23249, 1994.

MARCH, J. Advanced Organic Chemistry: Reactions, Mechanisms, and Structure. New York:

John Wiley & Sons, 1985, 1346 p.

MARCO-CONTELLES, J.; ALHAMBRA, C.; MARTÍNEZ-GRAU, A. Carbocycles from

carbohydrates via free radical cyclizations: synthesis and manipulation of annulated furanoses.

Synlett, p. 693-699, 1998.

MARINOVIC, N. N.; RAMANATHAN, H. The synthesis of fused and bridged ring systems by free

radical carbocyclisation - a general route to masked 1,4-diketones. Tetrahedron Letters, v. 24, n.

18, p. 1871-1874, 1983.

MARTIN, M.; MAS, G.; URPI, F.; VILARRASA, J. High-yielding enantioselective synthesis of the

macrolactam aglycon of Sch 38516 from two units of (2R)-2-ethyl-4-penten-1-ol. Angewandte

Chemie, International Edition, v. 38, n. 20, p. 3086-3089, 1999.

MARTINEZ-GRAU, A.; MARCO-CONTELLES, J. Carbocycles from carbohydrates via free radical

cyclizations: new synthetic approaches to glycomimetics. Chemical Society Reviews, v. 27, n. 2,

p. 155-162, 1998.

MASUNO, M. N.; PESSAH, I. N.; OLMSTEAD, M. M.; MOLINSKI, T. F. Simplified cyclic analogues

of bastadin-5. Structure-activity relationships for modulation of the RyR1/FKBP12 Ca2+ channel

complex. Journal of Medicinal Chemistry, v. 49, n. 15, p. 4497-4511, 2006.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

147

MILLIGAN, K. E.; MARQUEZ, B. L.; WILLIAMSON, R. T.; GERWICK, W. H. Lyngbyabellin B, a

toxic and antifungal secondary metabolite from the marine cyanobacterium Lyngbya majuscula.

Journal of Natural Products, v. 63, n. 10, p. 1440-1443, 2000.

NAKAGAWA, Y.; IRIE, K.; NAKAMURA, Y.; OHIGASHI, H. The amide hydrogen of (-)-indolactam-

V and benzolactam-V8's plays a critical role in protein kinase C binding and tumor-promoting

activities. Bioorganic & Medicinal Chemistry Letters, v. 11, n. 5, p. 723-728, 2001.

NANDI, A.; CHATTOPADHYAY, P. Synthesis of chiral trans-fused pyrano[3,2-c][2]benzoxocines

from D-mannose by regioselective 8-endo-aryl radical cyclization. Tetrahedron Letters, v. 43, n.

34, p. 5977-5980, 2002.

NANDI, A.; MUKHOPADHYAY, R.; CHATTOPADHYAY, P. Synthesis of chiral cis- and trans-

furo[3,2-c][2]benzoxocines from D-glucose by regioselective 8-endo aryl radical cyclisation.

Journal of the Chemical Society, Perkin Transactions 1, n. 24, p. 3346-3351, 2001.

NARUSE, N.; TENMYO, O.; KAWANO, K.; TOMITA, K.; OHGUSA, N.; MIYAKI, T.; KONISHI, M.;

OKI, T. Fluvirucin-A1, fluvirucin-A2, fluvirucin-B1, fluvirucin-B2, fluvirucin-B3, fluvirucin-B4, and

fluvirucin-B5, new antibiotics active against influenza-a virus .1. Production, isolation, chemical-

properties and biological-activities. Journal of Antibiotics, v. 44, n. 7, p. 733-740, 1991.

NEWMAN, D. J.; CRAGG, G. M.; SNADER, K. M. The influence of natural products upon drug

discovery. Natural Product Reports, v. 17, n. 3, p. 215-234, 2000.

NISHIO, M.; KOHNO, J.; SAKURAI, M.; SUZUKI, S.; OKADA, N.; KAWANO, K.; KOMATSUBARA,

S. TMC-135A and B, new triene-ansamycins, produced by Streptomyces sp.. Journal of

Antibiotics, v. 53, n. 7, p. 724-727, 2000.

OJIMA, I.; GENG, X. D.; LIN, S. N.; PERA, P.; BERNACKI, R. J. Design, synthesis and biological

activity of novel C2-C3 ' N-linked macrocyclic taxoids. Bioorganic & Medicinal Chemistry

Letters, v. 12, n. 3, p. 349-352, 2002.

OLIVEIRA, M. T.; PRADO, M. A. F.; ALVES, R. B.; CESAR, A.; ALVES, R. J.; QUEIROGA, C. G.;

SANTOS, L. S.; EBERLIN, M. N. Tri-n-butyltin hydride-mediated radical reaction of a 2-

iodobenzamide: formation of an unexpected carbon-tin bond. Journal of Brazilian Chemical

Society, 2007. (Aceito).

ONISHI, N.; IZAKI, K.; TAKAHASHI, H. A macrocyclic antibiotic m-230b produced by myxococcus-

xanthus: Isolation and characterization. Journal of Antibiotics, v. 37, n. 1, p. 13-19, 1984.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

148

PARK, Y. T.; JUNG, C. H.; KIM, M. S.; SONG, N. W.; KIM, D. Photoreaction of 2-halo-N-

pyridinylbenzamide: Intramolecular cyclization mechanism of phenyl radical assisted with n-

complexation of chlorine radical. Journal of Organic Chemistry, v. 66, n. 7, p. 2197-2206, 2001.

PARK, Y. T.; SONG, N. W.; HWANG, C. G.; KIM, K. W.; KIM, D. Photocyclization mechanism of

halopyridinium salt tethered to arene: flash photolysis observation of a pyridinium sigma,

cyclohexadienyl radicals, and a dihalide radical anion in aqueous solution. Journal of the

American Chemical Society, v. 119, n. 44, p. 10677-10683, 1997.

PATEL, V. F.; ANDIS, S. L.; KENNEDY, J. H.; RAY, J. E.; SCHULTZ, R. M. Novel cryptophycin

antitumor agents: synthesis and cytotoxicity of fragment "B" analogues. Journal of Medicinal

Chemistry, v. 42, n. 14, p. 2588-2603, 1999.

PATTENDEN, G.; THOM, S. M. Polyene macrolactam construction using a stille vinyl-vinyl

coupling protocol: an approach to the antitumor antibiotic substance leinamycin. Synlett, n. 3, p.

215-216, 1993.

PAVIA, D. L.; LAMPMAN, G. M.; KRIZ, G. S. Introduction to Spectroscopy: A Guide for

Students of Organic Chemistry. 3. ed. Stamford: Thomson Learning, 2001, 579 p.

PENG, W. M.; BLAGG, B. S. J. A versatile approach toward the ansamycin antibiotics. Organic

Letters, v. 8, n. 5, p. 975-978, 2006.

PIETRASZKIEWICZ, M.; JURCZAK, J. Synthesis of chiral diaza crow ethers incorporating

carbohydrate units. Tetrahedron, v. 40, n. 15, p. 2967-2970, 1984.

PINTO, G. D.; PRADO, M. A. F. Síntese de orto-iodobenzamida, substrato para a obtenção de

benzomacrolactama. In: XIV Semana de Iniciação Científica – Conhecimento e Cultura – UFMG,

2005, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte: UFMG, 2005. 1 CD-ROM.

PIRES, M. C.; PRADO, M. A. F.; ALVES, R. J. Reação de carbociclização radicalar para obtenção

de benzomacrolactamas derivadas de carboidratos. In: XX Encontro Regional da Sociedade

Brasileira de Química – MG, 2006, São João Del Rei. Anais... São João Del Rei: UFSJ, 2006. 1

CD-ROM.

PORTER, N. A.; CHANG, V. H. T. Macrolide formation by free-radical cyclization. Journal of the

American Chemical Society, v. 109, n. 16, p. 4976-4981, 1987.

PORTER, N. A.; CHANG, V. H. T.; MAGNIN, D. R.; WRIGHT, B. T. Free-radical macrocyclization-

transannular cyclization. Journal of the American Chemical Society, v. 110, n. 11, p. 3554-3560,

1988.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

149

PORTER, N. A.; MAGNIN, D. R.; WRIGHT, B. T. Free-radical macrocyclization. Journal of the

American Chemical Society, v. 108, n. 10, p. 2787-2788, 1986.

PRADO, M. A. F.; ALVES, R. J.; SOUZA, J. D.; ALVES, R. B.; PEDROSA, M. T. C.; PRADO, R.

F.; FARACO, A. A. G. Synthesis of benzolactams by 11-endo selective aryl radical cyclisation of 2-

iodobenzamides. Journal of the Chemical Society, Perkin Transactions 1, n. 12, p. 1853-1857,

2000.

PUAR, M. S.; GULLO, V.; GUNNARSSON, I.; HEGDE, V.; PATEL, M.; SCHWARTZ, J.

Biosynthesis of macrolactam antifungal agents. Bioorganic & Medicinal Chemistry Letters, v. 2,

n. 6, p. 575-578, 1992.

QUEIROGA, C. G.; PRADO, M. A. F. Síntese e reação mediada por hidreto de tri-n-butilestanho

de orto iodobenzamida derivada de carboidrato de configuração galacto. In: XV Semana de

Iniciação Científica – Conhecimento e Cultura – UFMG, 2006, Belo Horizonte. Anais... Belo

Horizonte: UFMG, 2006. 1 CD-ROM.

RAMASESHAN, M.; ROBITAILLE, M.; ELLINGBOE, J. W.; DORY, Y. L.; DESLONGCHAMPS, P.

Design and synthesis of macro-heterocycles structurally related to tirofiban. Tetrahedron Letters,

v. 41, n. 24, p. 4737-4742, 2000.

ROBERTSON, G. J.; LAMB, R. A. The condensation of α-metilgalactoside with benzaldehyde.

Journal of the Chemical Society, p. 1321-1322, 1934.

ROBERTSON, J.; BURROWS, J. N.; STUPPLE, P. A. Bicyclo[10.2.1]pentadecenone derivatives

by free radical macrocyclisation. Tetrahedron, v. 53, n. 43, p. 14807-14820, 1997.

ROBERTSON, J.; HATLEY, R. J. D. Formal synthesis of roseophilin. Chemical Communications,

n. 16, p. 1455-1456, 1999.

ROCHA, A. P. C.; PRADO, M. A. F.; CORÊA, C. E. M. Reação de carbociclização radicalar

mediada por hidreto de tri-n-butilestanho de substrato derivado de carboidrato. In: XIV Semana de

Iniciação Científica – Conhecimento e Cultura – UFMG, 2005, Belo Horizonte. Anais... Belo

Horizonte: UFMG, 2005. 1 CD-ROM.

ROCHA, A. P. C.; PRADO, M. A. F. Síntese de macrolactama, potencial agente bioativo, por

reação de carbociclização radicalar de substrato derivado de carboidrato. In: XX Encontro

Regional da Sociedade Brasileira de Química – MG, 2006, São João Del Rei. Anais... São João

Del Rei: UFSJ, 2006. 1 CD-ROM.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

150

RODRIGUEZ, G.; CASTEDO, L.; DOMINGUEZ, D., SAA, C.; ADAM, W. Regioselective synthesis

of isoquino[1,2-b][3]benzazepines (homoprotoberberines) through 11-membered-ring stilbene

lactams obtained by radical macrocyclization. Journal of Organic Chemistry, v. 64, n. 13, p.

4830-4833, 1999.

ROSA, A. M.; LOBO, A. M.; BRANCO, P. S.; PRABHAKAR, S. The chemistry and reactivity of aryl

radicals - the c-c bond formation from o-bromobenzylphenylethers with tin hydride and

azobisisobutyronitrile. Tetrahedron, v. 53, n.1, p. 285-298, 1997.

ROXBURGH, C. J. The syntheses of large-ring compounds. Tetrahedron, v. 51, n. 36, p. 9767-

9822, p. 1995.

SALOMON, C. J.; DANELON, G. O.; MASCARETTI, O. A. A practical method for the disposal of

organotin residues from reaction mixtures. Journal of Organic Chemistry, v. 65, n. 26, p. 9220-

9222, 2000.

SHAN, D. D.; CHEN, L.; NJARDARSON, J. T.; GAUL, C.; MA, X. J.; DANISHEFSKY, S. J.;

HUANG, X. Y. Synthetic analogues of migrastatin that inhibit mammary tumor metastasis in mice.

Proceedings of the National Academy of Sciences of The United States of America, v. 102,

n. 10, p. 3772-3776, 2005.

SHEA, K. J.; ODELL, R.; SASAKI, D. Y. Free-radical induced macrocyclizations. Tetrahedron

Letters, v. 33, n. 33, p. 4699-4702, 1992.

SHINDO, K.; KAMISHOHARA, M.; ODAGAWA, A.; MATSUOKA, M.; KAWAI, H. Vicenistatin, a

novel 20-membered macrocyclic lactam antitumor antibiotic. Journal of Antibiotics, v. 46, n. 7, p.

1076-1081, 1993.

SILVEIRA, G. P.; NOME, F.; GESSER, J. C.; SÁ, M. M.; TERENZI, H. Recent achievements to

combat bacterial resistance. Quimica Nova, v. 29, n. 4, p. 844-855, 2006.

SILVERSTEIN, R. M.; BASSLER, G. C.; MORRILL, T. C. Identificação Espectrométrica de

Compostos Orgânicos. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1994, 387 p.

SNIECKUS, V.; CUEVAS, J. C.; SLOAN, C. P.; LIU, H.; CURRAN, D. P. Intramolecular alpha-

amidoyl to aryl 1,5-hydrogen atom transfer-reactions - heteroannulation and alpha-nitrogen

functionalization by radical translocation. Journal of the American Chemical Society, v. 112, n.

2, p. 896-898, 1990.

SOLOMONS, T. W. G; FRYHLE, C. B. Organic Chemistry. 7. ed. New York: John Wiley & Sons,

2000, 1258 p.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

151

STACHEL, S. J.; COBURN, C. A.; SANKARANARAYANAN, S.; PRICE, E. A.; PIETRAK, B. L.;

HUANG, Q.; LINEBERGER, J.; ESPESETH, A. S.; JIN, L. X.; ELLIS, J.; HOLLOWAY, M. K.;

MUNSHI, S.; ALLISON, T.; HAZUDA, D.; SIMON, A. J.; GRAHAM, S. L.; VACCA, J. P.

Macrocyclic inhibitors of beta-secretase: functional activity in an animal model. Journal of

Medicinal Chemistry, v. 49, n. 21, p. 6147-6150, 2006.

STEAD, P.; LATIF, S.; BLACKABY, A. P.; SIDEBOTTOM, P. J.; DEAKIN, A.; TAYLOR, N. L.;

LIFE, P.; SPAULL, J.; BURRELL, F.; JONES, R.; LEWIS, J.; DAVIDSON, I.; MANDER, T.

Discovery of novel ansamycins possessing potent inhibitory activity in a cell-based oncostatin M

signalling assay. Journal of Antibiotics, v. 53, n. 7, p. 657-663, 2000.

SZILAGYI, A.; FENYVESI, F.; MAJERCSIK, O.; PELYVAS, I. F.; BACSKAY, I.; FEHER, P.;

VARADI, J.; VECSERNYES, M.; HERCZEGH, P. Synthesis and cytotoxicity of leinamycin

antibiotic analogues. Journal of Medicinal Chemistry, v. 49, n. 18, p. 5626-5630, 2006.

TAKATSU, T.; OHTSUKI, M.; MURAMATSU, A.; ENOKITA, R.; KURAKATA, S. Reblastatin, a

novel benzenoid ansamycin-type cell cycle inhibitor. Journal of Antibiotics, v. 53, n. 11, p. 1310-

1312, 2000.

TROWITZSCH, W.; WRAY, V.; GERTH, K.; HOFLE, G. Structure of myxovirescin-a, a new

macrocyclic antibiotic from gliding bacteria. Journal of the Chemical Society, Chemical

Communications, n. 23, p. 1340-1342, 1982.

UMEZAWA, S.; NISHIMURA, Y.; HATA, Y.; TSUCHIYA, T.; YAGISAWA, M.; UMEZAWA, H.

Synthesis of 4’-deoxykanamycin and its resistance to kanamycin phosphotransferase II. The

Journal of Antibiotics, v. 27, p. 722-725, 1974.

VAULTIER, M., KNOUZI, N.; CARRIE, R. Reduction of azides into primary amines by a general-

method using the Staudinger reaction. Tetrahedron Letters, v. 24, n. 8, p. 763-764, 1983.

VOGEL, A. I. Química Orgânica: Análise Orgânica Qualitativa. 3. ed. Rio de Janeiro: Ao Livro

Técnico, 1981. 3 v.

WAGNER, B.; GONZALEZ, G. I.; DAU, M. E. T. H.; ZHU, J. Total synthesis and conformational

studies of hapalosin, N-desmethylhapalosin and 8-deoxyhapalosin. Bioorganic & Medicinal

Chemistry, v. 7, n. 5, p. 737-747, 1999.

WAGNER, R.; MOLLISON, K. W.; LIU, L. P.; HENRY, C. L.; ROSENBERG, T. A.; BAMAUNG, N.;

TU, N.; WIEDEMAN, P. E.; OR, Y.; LULY, J. R.; LANE, B. C.; TREVILLYAN, J.; CHEN, Y. W.;

FEY, T.; HSIEH, G.; MARSH, K.; NUSS, M.; JACOBSON, P. B.; WILCOX, D.; CARLSON, R. P.;

CARTER, G. W.; DJURIC, S. W. Rapamycin analogs with reduced systemic exposure. Bioorganic

& Medicinal Chemistry Letters, v. 15, n. 23, p. 5340-5343, 2005.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

152

WALLING, C. Some properties of radical reactions important in synthesis. Tetrahedron, v. 41, n.

19, p. 3887-3900, 1985.

WATANABE, Y.; ISHIKAWA, S.; TAKAO, G.; TORU, T. Radical cyclization on solid support:

Synthesis of gamma-butyrolactones. Tetrahedron Letters, v. 40, n. 17, p. 3411-3414, 1999.

WENDEBORN, S.; DE MESMAEKER, A.; BRILL, W. K. D.; BERTEINA, S. Synthesis of diverse

and complex molecules on the solid phase. Accounts of Chemical Research, v. 33, n. 4, p. 215-

224, 2000.

WIDDISON, W. C.; WILHELM, S. D.; CAVANAGH, E. E.; WHITEMAN, K. R.; LEECE, B. A.;

KOVTUN, Y.; GOLDMACHER, V. S.; XIE, H. S.; STEEVES, R. M.; LUTZ, R. J.; ZHAO, R.; WANG,

L. T.; BLATTLER, W. A.; CHARI, R. V. J. Semisynthetic maytansine analogues for the targeted

treatment of cancer. Journal of Medicinal Chemistry, v. 49, n. 14, p. 4392-4408, 2006.

WILLIAMS, D. R.; LI, J. Total synthesis of myxovirescin A1. Tetrahedron Letters, v. 35, n. 29, p.

5113-5116, 1994.

YOKOKAWA, F.; SAMESHIMA, H.; KATAGIRI, D.; AOYAMA, T.; SHIOIRI, T. Total syntheses of

lyngbyabellins A and B, potent cytotoxic lipopeptides from the marine cyanobacterium Lyngbya

majuscula. Tetrahedron, v. 58, n. 46, p. 9445-9458, 2002.

YOON, U. C.; JIN, Y. X.; OH, S. W.; CHO, D. W.; PARK, K. H.; MARIANO, P. S. Comparison of

photomacrocyclization reactions of trimethylsilyl- and tributylstannyl-terminated phthalimido- and

maleimido-polyethers. Journal of Photochemistry and Photobiology A: Chemistry, v. 150, p.

77-84, 2002.

YU, T.; FLOSS, H. G. Ansamitocins (Maytansinoids). In: CRAGG, G. M. L.; KINGSTON. D.;

NEWMAN, D. J. Anticancer Agents from Natural Products. Boca Raton: Taylor & Francis, 2005.

Cap. 17, p.321-333.

ZHANG, W. Recent advances in the synthesis of biologically interesting heterocycles by

intramolecular aryl radical reactions. Current Organic Chemistry, v. 8, n. 9, p. 757-780, 2004.

ZHU, X. W.; GANESAN, A. Intermolecular conjugate addition of alkyl radicals on solid phase.

Journal of Combinatorial Chemistry, v. 1, n. 2, p. 157-162, 1999.