Recomendações metodológicas processo elaboração PM US_PI 8 de dezembro

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Recomendaes Metodolgicas sobre o processo de elaborao de Planos de Manejo para as Unidades de Conservao apoiadas pelo Programa ArpaVerso preliminar 8 de dezembro de 2008Mara Olatz Cases Vega Consultora GTZ

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SUMRIO LISTA DE TABELAS LISTA DE FIGURAS SIGLAS E ACRNIMOS APRESENTAO 1 CONSIDERAES METODOLGICAS 2 ANLISE DOS PROCESSOS DE ELABORAO DOS PLANOS DE MANEJO APOIADOS PELO PROGRAMA ARPA 3 RECOMENDAES METODOLGICAS PARA A OTIMIZAO DE RECURSOS E A EFICINCIA DA GESTO NO MBITO DAS DIRETRIZES OFICIAIS DO PLANEJAMENTO 3.1 RECOMENDAES SOBRE ASPECTOS CONCEITUAIS E OPERACIONAIS DO PROCESSO DE PLANEJAMENTO 3.2 RECOMENDAES SOBRE A CARACTERIZAO DA UNIDADE DE CONSERVAO E SUA REGIO 3.3 RECOMENDAES SOBRE A PARTE PROPOSITIVA DO PLANEJAMENTO 3.4 RECOMENDAES SOBRE O MONITORAMENTO E AVALIAO DA GESTO 4 OUTRAS RECOMENDAES METODOLGICAS REFERNCIAS ANEXOS 3 3 4 5 7 10

17 17 31 33 37 41 48 52

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LISTA DE TABELAS Tabela 1 Lista de roteiros metodolgicos analisados com o mbito de sua aplicao ............................................................................................................ 9 Tabela 2 Tabela-resumo dos processos de elaborao dos planos de manejo em andamento. ................................................................................................ 13 Tabela 3 Tabela-resumo dos processos de elaborao dos planos de manejo concludos. ....................................................................................................... 13 Tabela 4 N de temas pesquisados temas especficos e temas comuns das UCs de proteo integral. ................................................................................. 14 Tabela 5 N de temas pesquisados temas especficos e temas comuns das UCs de uso sustentvel.................................................................................... 15 Tabela 6 Princpios do Enfoque Ecossistmico (Deciso V/6, adotada pela 5 Conferncia das Partes para a Conveno sobre Diversidade Biolgica. Nairobi, 15-26 de maio de 2000) e dispositivos do Decreto N o 4.339/2002, que institui a Poltica Nacional de Biodiversidade. .................................................. 26 Tabela 7 Informaes disponveis e lacunas de informao para a anlise da metodologia de elaborao dos planos de manejo. ......................................... 52

LISTA DE FIGURAS Figura 1: Relao entre a viso de futuro e a misso da UC e os objetivos do plano de manejo ao longo do tempo ................................................................ 34 Figura 2: Matriz de marco lgico do subprograma uso turstico e recreativo do Plano de Manejo do Santurio Nacional Mengatoni (Peru) .............................. 35 Figura 3: Proposta de quadro de medio da viabilidade da biodiversidade a ser utilizada no monitoramento ambiental ........................................................ 39 Figura 4: Ciclo de planejamento em 3 nveis proposto no guia de elaborao de planos de manejo do Peru (INRENA, 2005). .................................................... 45

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4 SIGLAS E ACRNIMOS Arpa EE FVA Funbio Ibama ICMBio IPE MMA PE PF PGR PJ POA PN PM RB RDS Resex SDS TDR UC UCP UICN Programa reas Protegidas da Amaznia Estao Ecolgica Fundao Vitria Amaznica Fundo Brasileiro para a Biodiversidade Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis Instituto Chico Mendes de Conservao da Biodiversidade Instituto de Pesquisas Ecolgicas Ministrio do Meio Ambiente Parque Estadual Pessoa fsica Programa Gesto por Resultados Pessoa jurdica Plano Operativo Anual Parque Nacional Plano de Manejo Reserva Biolgica Reserva de Desenvolvimento Sustentvel Reserva Extrativista Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel do Estado do Amazonas Termo de Referncia Unidade de Conservao Unidade de Coordenao do Programa Arpa Unio Mundial para a Conservao

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5 APRESENTAO De acordo com a Lei n 9.985 de 2000, toda unidade de conservao deve dispor de um plano de manejo (art. 27, caput), o qual deve ser elaborado at 5 anos da data de criao da unidade (art. 27, 3). O plano de manejo conceituado nessa lei como o documento tcnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de conservao, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da rea e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantao das estruturas fsicas necessrias gesto da unidade (art. 2, inciso XVII). Para a elaborao dos planos de manejo, os rgos gestores devem preparar roteiros metodolgicos que especifiquem as diferentes etapas para a sua elaborao alm de fixar diretrizes para o diagnstico da unidade, zoneamento, programas de manejo, prazos de avaliao e de reviso e fases de implementao (art. 14, Decreto n. 4.340, de 22 de agosto de 2002). At o momento, o ICMBio possui o Roteiro Metodolgico de Planejamento. Parque Nacional, Reserva Biolgica, Estao Ecolgica (IBAMA, 2002), o Roteiro Metodolgico para Gesto de reas de Proteo Ambiental (IBAMA, 1996) e o Roteiro Metodolgico para Elaborao do Plano de Manejo das Reservas Extrativistas e Reservas de Desenvolvimento Sustentvel Federais (IBAMA/DISAM, 2006). Adicionalmente, o ICMBio publicou a Instruo Normativa n 01, de 18 de setembro de 2007, que disciplina as diretrizes, normas e procedimentos para a elaborao de plano de manejo participativo de Reservas Extrativistas (Resex) e Reservas de Desenvolvimento Sustentvel (RDS) federais (ICMBIO, 2007). Os estados amaznicos que j possuem roteiro sobre o processo de planejamento so: o Estado do Amazonas, que produziu o Roteiro para a elaborao de Planos de Gesto para as unidades de conservao estaduais do Amazonas, aprovado pelo rgo gestor em 2006 (AMAZONAS, 2006); e o Estado de Rondnia, que preparou o Roteiro para os Planos de Manejo de Uso Mltiplo das Reservas Extrativistas Estaduais de Rondnia em 2005 (SEDAM, 2005). Para os planos de manejo das outras categorias das unidades estaduais de Rondnia, segue-se o Roteiro do ICMBio (IBAMA, 2002). O Estado de Par est em processo de preparao do seu roteiro metodolgico. O Programa reas Protegidas da Amaznia (Arpa) apia a elaborao de planos de manejo, os quais devem ser produzidos seguindo os roteiros metodolgicos de cada rgo gestor. Devido aos entraves surgidos quanto ao tempo do processo de planejamento, os altos custos do planejamento e as demandas quanto profundidade tcnica do documento, procedeu-se a contratao de consultoria para a orientao do processo de elaborao dos planos de manejo apoiados pelo Programa Arpa. Essa consultoria deve indicar solues de planejamento mais eficientes, no ponto de vista tcnico e financeiro, respeitando os roteiros oficiais, e que respondam aos desafios da unidade de conservao e com aplicabilidade na sua rotina. Essa consultoria foi dividida em duas etapas: a primeira consistiu na anlise e avaliao dos processos de elaborao dos planos de manejo das unidades de conservao apoiadas pelo Arpa; e a segunda na produo de umRecomendaes metodolgicas sobre o processo de elaborao de PM de UCs apoiadas pelo Programa Arpa Verso 1.1, sem reviso gramatical.

6 documento com recomendaes para futuros processos de planejamento. De acordo com o termo de referncia, a primeira etapa dessa consultoria exigia a realizao das seguintes atividades: Primeiramente, realizar uma anlise tcnica dos TDRs encaminhados ao Funbio para contratao de consultorias para elaborao do plano de manejo, avaliando a correspondncia metodolgica com o roteiro oficial do rgo gestor responsvel. Depois, focar nas unidades de conservao que j contam com plano de manejo e realizar um levantamento do nmero de consultorias, expedies e/ou reunies realizadas e os atores envolvidos em cada UC durante o processo de planejamento. Adicionalmente, analisar a abordagem tcnica utilizada para a elaborao do Plano de Manejo e a sua correspondncia com a metodologia do rgo gestor responsvel, tempo de durao do processo e oramento utilizado (o dimensionamento da demanda de recursos deveria ter sido providenciado por outra consultoria). Analisar a correspondncia entre os planos de manejo e os planos operativos anuais (POAs), para verificar se os planos de manejo esto sendo utilizados como instrumentos de orientao na identificao das atividades que vo ser executadas. Por ltimo, verificar a existncia de padres metodolgicos entre os rgos gestores e entre as categorias de proteo integral e uso sustentvel.

A segunda parte da consultoria deve apresentar recomendaes metodolgicas para o processo de elaborao dos planos de manejo, considerando os limites oramentrios propostos pela Estratgia de Conservao e Investimento do Programa ARPA. As recomendaes metodolgicas devem buscar a otimizao dos recursos sem ferir as diretrizes oficiais e promover um planejamento orientado para processos mais eficientes no ponto de vista tcnico e oramentrio. Essas recomendaes devem estar calcadas nos seguintes aspectos: No modelo de gesto focada fundamentos do Gespblica. para resultados, segundo

Na identificao dos elementos essenciais presentes no roteiro de cada rgo gestor parceiro do Programa que devem, obrigatoriamente, fornecer o embasamento necessrio elaborao do primeiro Plano de Manejo da unidade. Na Estratgia de Conservao e Investimento do Programa ARPA. Na proposio de modelos alternativos para a reduo de custos e a maior eficincia na implementao dos planos de manejo. O presente documento compila os resultados da anlise dos planos de manejo apoiados pelo Arpa e as recomendaes metodolgicas para a otimizao dos recursos que, no mbito das diretrizes oficiais, promovam um planejamento mais eficiente. Na ltima parte so oferecidas outras recomendaes que obrigam a mudar as diretrizes oficiais.Recomendaes metodolgicas sobre o processo de elaborao de PM de UCs apoiadas pelo Programa Arpa Verso 1.1, sem reviso gramatical.

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1 CONSIDERAES METODOLGICAS Uma vez tomada a deciso de elaborar o plano de manejo, as unidades de conservao que recebem apoio do Arpa devem elaborar termos de referncia com a descrio dos servios, seja de pessoa fsica ou de pessoa jurdica. A primeira parte desta consultoria consistiu na anlise dos processos de planos de manejo em elaborao, avaliando a correspondncia metodolgica desses termos de referncia com o roteiro oficial do rgo gestor responsvel pela UC e emitindo um parecer por UC com base no resultado desta anlise. Para isso, foram analisados os termos de referncia que esto disponveis no sistema eletrnico do Funbio, no enlace: http://www2.funbio.org.br/relatorios/Produtos_consultoria/plano_manejo.asp, para as seguintes unidades de conservao: PE Rio Negro Setor Norte PE Guajar-Mirim PN Montanhas do Tumucumaque PN Viru PN Cabo Orange EE Marac Uma primeira anlise desses termos de referncia evidenciou que essa metodologia no oferecia subsdios suficientes e necessrios para avaliar os processos de elaborao dos planos de manejo. Para algumas unidades, o enlace no continha todos os termos de referncia necessrios para elaborar seu plano de manejo. Em outras unidades de conservao se estavam elaborando os planos de manejo mediante outras parcerias e no tinham solicitado recursos ao Arpa para isso. Portanto, no havia termos de referncia no sistema do Arpa para aqueles servios que no tinham sido apoiados pelo programa. Em outros casos, os gestores tinham elaborado termos de referncia que estavam nesse enlace, porm, no chegaram a ser contratados. Para resolver essa lacuna de informao, foi elaborado um questionrio, em formato de tabela, sobre a metodologia empregada para a elaborao do plano de manejo. A tabela foi enviada pela UCP para ser preenchida pelos gestores. Foram desenvolvidos dois formatos de tabela sobre a metodologia: um para as unidades de proteo integral e outro para as de uso sustentvel. Esse formato era de carter geral e foi aplicado independentemente da metodologia utilizada por cada rgo gestor. Das Ucs relacionadas acima, somente recebeu-se a tabela preenchida pelos gestores do PE Rio Negro Setor Norte e da Resex Baixo Juru. Adicionalmente, foram buscados dados complementares junto aos gestores das unidades de conservao, o que ampliou um pouco mais as fontes de informao para esta anlise. RB Lago Piratuba RESEX Maracan RESEX Auati-Paran RESEX Baixo Juru RDS Piaga-Purs

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8 O relatrio sobre os processos de elaborao dos planos de manejo devia contemplar tambm a apreciao dos custos, os quais deviam ter sido fornecidos pela UCP como resultado de outra consultoria contratada para sua compilao. Porm, at o momento no foi possvel ter esses resultados, pelo que a anlise sobre os custos de elaborao dos planos de manejo no foi realizada. Todo o acima explicado mostra que a base de informaes para este estudo no homognea entre todas as UCs, nem est completa para cada UC. Portanto, suas concluses devem ser entendidas como uma primeira aproximao sobre o processo de elaborao dos planos de manejo apoiados pelo Arpa. Com o objetivo de esclarecer quais as fontes de informao sobre cada UC, apresentada no anexo uma tabela com a relao de unidades de conservao contempladas, os termos de referncia disponveis e analisados, a existncia ou no de tabela metodolgica, outras informaes disponveis para o estudo e as lacunas de informao existentes para a anlise de cada processo. A elaborao de recomendaes metodolgicas foi embasada nas concluses desta primeira aproximao sobre os processos de elaborao dos planos de manejo apoiados pelo Arpa; nos resultados das reunies sobre o processo de planejamento com a Coordenadoria do Bioma Amaznia (COBAM) do ICMBio (Fevereiro de 2007) e com a Diretoria de Ecossistemas do antigo Ibama (Abril de 2007); na anlise de planos de manejo de outros pases; na anlise de roteiros de elaborao de planos de manejo de outros pases; e na experincia da consultora. A seguinte tabela mostra os roteiros metodolgicos de planos de manejo que foram analisados.

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Tabela 1 Lista de roteiros metodolgicos analisados com o mbito de sua aplicao mbito de Referncia aplicao CANADA. Parks Canada. Guide to Management Planning. Parks Canada. Canad 2008. Disponvel em: http://www.pc.gc.ca/docs/bib-lib/pdfs/pc_gmp2008_e.pdf. Acesso em: 20/09/2008. CONVENO DE RAMSAR. Nuevos lineamientos para la planificacin del Stios manejo de los sitios Ramsar y otros humedales. 2002. Disponvel em: Ramsar http://www.ramsar.org/key_guide_mgt_new_s.htm. Acesso em: 05/01/04. DINAMA; MVOTMA. Propuestas metodolgicas para la elaboracin de Uruguai Planes de Manejo para reas Protegidas en Uruguay. S.c.: s.e, s.d. EUROSITE. Manual de Planes de Gestin. Barcelona: Fundacin Caixa de Europa Catalunya, 1999. GABALDN, MARIO. Manual para Formulacin de Planes de Manejo en Pases reas Protegidas de la Amazona. Unin Europea/Tratado de Cooperacin amaznicos Amaznica. 1997. GARCA FERNNDEZ-VELILLA. Gua metodolgica para la elaboracin de Navarra planes de gestin de los lugares Natura 2000 en Navarra. Gestin (Espanha) Ambiental, Viveros y Repoblaciones de Navarra. 2003. 227 pginas. Disponvel em: http://www.navarra.es/NR/rdonlyres/e5vadfamwoto5y5j5crr2s3blaxcynkiobmxzzj xjrrvayzd4zidist eodxa62pxrtqxukefjtxiae/guiametodologica.pdf. Acesso em: 12/10/2005. INRENA. Gua metodolgica: Elaboracin de Planes de Manejo para el Peru Aprovechamiento de Recursos Naturales Renovables en las reas Naturales Protegidas. Lima: INRENA, 2005. INRENA. Gua metodolgica para la elaboracin de Planes de Maestros de Peru las reas Naturales Protegidas. Lima: INRENA, 2005. PARQUES NACIONALES NATURALES DE COLOMBIA. Aspectos Colmbia conceptuales de la planeacin del manejo de los Parques Nacionales Naturales. Coleccin Planeacin del Manejo de los Parques Nacionales Naturales. Bogot: Panamericana Formas e Impresos, 2005. MINISTERIO DEL MEDIO AMBIENTE Y ENERGA. Gua para la formulacin Costa Rica y ejecucin de planes de manejo de reas Silvestres Protegidas. Editado por Gerardo Artavia. San Jos de Costa Rica: Quipus, 2004. SERNAP; GTZ. Gua para la Elaboracin de Planes de Manejo para reas Bolvia Protegidas en Bolivia. Proyecto Mapza. La Paz: mimeo, 2002. 75 p. THOMAS, Lee; MIDDLETON, Julie. Guidelines for Management Planning of UICN Protected Areas. World Commission on Protected Areas (WCPA). Best Practice Protected Area Guidelines Series No 10. Gland, Switzerland and Cambridge, UK: IUCN, 2003. ix + 79pp. VALAREZO, V.; GMEZ, J. Actualizacin de Directrices Tcnicas para la Panam Preparacin de Planes de Manejo en reas Protegidas. Autoridad Nacional Del Ambiente (ANAM). Direccin Nacional de Patrimonio Natural. Corredor Biolgico Mesoamericano Del Atlntico Panameo. 30 pp + anexos. 2000. WINDEVOXHEL, Nestor. Gua para la planificacin participativa en reas Guatemala marino costeras protegidas. Guatemala: PROARCA / COSTAS, 2001. 56 p.

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2 ANLISE DOS PROCESSOS DE ELABORAO DOS PLANOS DE MANEJO APOIADOS PELO PROGRAMA ARPA Este item apresenta as principais consideraes sobre a anlise dos processos de elaborao dos planos de manejo apoiados pelo Programa Arpa, levando em conta as limitaes metodolgicas mencionadas no item anterior. Aps a anlise dos TDR do enlace do Funbio, o envio de material pela UCP, o envio da tabela sobre metodologia e a busca de informaes junto a alguns gestores das UCs, ainda h muitas lacunas de informao em 2 processos de planejamento (PN Viru e PN Cabo Orange) e algumas lacunas em 4 (EE Marac, RDS Piaga-Purus, EE Juami-Japur e RB Uatum). As lacunas de informao sobre a elaborao dos planos de manejo dificultam a avaliao dos processos de planejamento e prejudicam a identificao das causas dos processos de planejamento demorados, altos custos e planos no condizentes com a realidade da UC. Das 15 UCs aqui analisadas, somente 2 UCs (RB Lago Piratuba e EE Anavilhanas) tinham sistematizado seu processo de planejamento antes desta consultoria. Nas restantes, as informaes sobre as expedies, reunies, oficinas e contatos se encontravam esparsas. Por outro lado, das 15 UCs analisadas, somente duas preencheram a tabela sobre a metodologia, fornecendo informaes para esta consultoria. Observa-se que a falta de sistematizao dos processos desenvolvidos em cada UC para a elaborao do PM prejudica a aprendizagem pela prtica tanto no nvel individual quanto institucional, comprometendo a formao de um capital intelectual da instituio. Sem a sistematizao dos processos, muito pouco do aprendido em cada experincia fica na instituio para ser aplicado no seguinte processo de planejamento, sem necessidade de testar sempre o mesmo ou cometer os mesmos erros. Por outro lado, os TDRs do enlace do Funbio para cada UC no so todos os TDRs necessrios para a elaborao de um plano de manejo. Existem vrias situaes: Em algumas unidades de conservao, houve servios que foram realizados mediante parcerias com outras instituies (por exemplo, na RB Lago Piratuba); Em outras, houve servios que foram conseguidos atravs de outras fontes de financiamento ou apoio (por exemplo, no PN Montanhas do Tumucumaque); e, Em outros casos, foi o prprio Arpa quem financiou o servio, mas o TDR no se encontrava nesse enlace. Tambm havia TDRs nesse enlace que no chegaram a ser contratados (por exemplo, alguns TDRs da Resex Auati Paran).

Portanto, a anlise dos TDRs do enlace do Funbio no a metodologia mais apropriada para verificar a adequao dos processos de planejamento s

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11 orientaes metodolgicas dos roteiros, como solicitado no TDR desta consultoria. Ainda com essa deficincia, os TDRs do enlace do Funbio foram analisados. Uma primeira concluso que os TDRs no consideram os estudos j existentes sobre a UC e no so elaborados visando complementar esses estudos. Foram preparados sem um levantamento inicial sobre as informaes disponveis, inclusive sem uma anlise preliminar da UC para orientar os estudos que devem ser implementados. Somente a EE Marac considerou os estudos j desenvolvidos para decidir que unicamente seriam contratados agora levantamentos de ictiofauna e scio-economia. Como segunda concluso, os TDRs foram feitos de forma geral, padronizados, sem pleno conhecimento das necessidades para o planejamento da UC e das suas especificidades. Por exemplo, no era identificada a regio da UC, as vias de acesso, a estimativa de populao residente, etc. Falta, portanto, uma etapa preparatria junto com a equipe da UC para identificar as lacunas e entraves da gesto e refletir sobre os estudos que precisam ser produzidos, estabelecendo uma conexo entre o que vai ser estudado e as implicaes para a gesto da UC e personalizando o TDR, tanto na contextualizao da UC como na descrio da natureza dos servios. Essa falta de especificidade do TDR tambm acontece nas contrataes de servios de pessoa jurdica para a elaborao dos planos de manejo mediante uma nica contratao. Por exemplo, nas contrataes de servios de consultoria, pessoa jurdica, os TDRs no especificam claramente o nmero de campanhas de campo a serem realizadas, apesar de que no roteiro do ICMBio (IBAMA, 2002) so exigidas duas campanhas de campo. Tampouco especificado claramente o nmero e qualificao dos profissionais que devem compor a consultoria. Somente indicada a equipe mnima que deve executar os servios. Isso leva a que todas as empresas coloquem mais profissionais do que o mnimo, aumentando o preo das propostas. A maioria das propostas analisadas apresenta equipes grandes, divididas em numerosas coordenaes e subcoordenaes para cada tema, sem papis claros para cada uma, e conformadas por profissionais de outros locais, o que aumenta o custo com passagens e dirias. Tambm se observou que a contratao de servios de pessoa jurdica para a elaborao dos planos de manejo mais custosa do que outras formas de elaborao, j que se incluem: os lucros netos da empresa, as obrigaes tributrias da empresa, os custos de administrao da empresa com esse contrato, os custos de aquisio de equipamentos necessrios para a elaborao do plano de manejo (que no ficam na unidade de conservao) e os custos com seguros durante a contratao. Adicionalmente, os TDRs das contraes de pessoa jurdica e as propostas tcnicas das empresas no contemplam suficientes mecanismos para acompanhamento do processo de elaborao pelos gestores e para apropriao do produto do planejamento. Quanto comparao entre o contedo dos TDR e o contedo dos roteiros dos rgos gestores, cabe mencionar que somente o roteiro do ICMBio para elaborao dos planos de manejo de unidades de proteo integralRecomendaes metodolgicas sobre o processo de elaborao de PM de UCs apoiadas pelo Programa Arpa Verso 1.1, sem reviso gramatical.

12 detalha o contedo de cada um dos itens do plano de manejo. O roteiro apresenta para cada item o escopo mnimo de abordagem e o aprofundamento relativo s especificidades da UC. Nenhum dos TDR analisados correspondentes a essas unidades abordou apenas o contedo de escopo mnimo de abordagem. Todos se adquam ao contedo do roteiro, incluindo os requisitos do escopo mnimo de abordagem e do aprofundamento relativo s especificidades da UC. Em alguns poucos casos, o solicitado no TDR era mais extenso do que o solicitado no roteiro (por exemplo, no TDR de caracterizao pedolgica do PN Viru). Este roteiro o mais detalhado dentre os analisados, em relao com o contedo do plano de manejo. Quanto ao nmero de expedies que so realizadas para a elaborao dos planos de manejo, foi verificado que 2 UCs no realizaram expedies de campo (RB Uatum e EE Juami-Japura), apenas um reconhecimento expedito; 2 UCs organizaram duas expedies (EE Anavilhanas e Resex Auati-Paran); RB Lago Piratuba, PE Rio Negro Setor Norte e PN Montanhas do Tumucumaque realizaram respectivamente 3, 4 e 5 expedies. A Resex Baixo Juru e o PN Ja organizaram mais do que 5 expedies. A EE Marac realizar levantamentos especficos para os grupos que ainda no foram pesquisados (das 15 UCs analisadas, duas ainda no comearam seu processo de planejamento e no existem dados sobre expedies para 3 UCs). A maioria das UCs (8 UCs) tem como estratgia de elaborao do plano de manejo a realizao de levantamentos com pesquisadores contratados ou envolvidos mediante parcerias, a contratao de um consultor para a consolidao do documento final e a coordenao de todo o processo pelo prprio gestor da UC. Duas UCs elaboraram o plano de manejo (ou o esto elaborando) mediante parceria com uma organizao nogovernamental, que implementa todo o processo (para ambas UCs a mesma organizao: a Fundao Vitria Amaznica). Duas UCs contrataram somente um consultor que elaborou todo o plano de manejo, pois era um processo de planejamento simplificado. Uma UC contratou um consultor que era o coordenador do plano de manejo e quem consolidou o documento final, considerando os relatrios de pesquisadores contratados. Duas UCs ainda no iniciaram o processo de planejamento, mas est programado que seja mediante consultoria de pessoa jurdica que ficar responsabilizada por todo o processo de planejamento. Os processos de planejamento das UCs que j concluram seu plano de manejo demoraram: aproximadamente um ano para EE Juami-Japur e RB Trombetas, 18 meses para EE Anavilhanas e mais de cinco anos para o PN do Ja. Quanto ao tempo dos processos de planejamento das UCs que ainda no terminaram seu plano de manejo: 1 UC iniciou seu processo h aproximadamente 1 ano (EE Marac); 3 UCs iniciaram seus processos h aproximadamente 2 anos (PN Viru, RDS Piagau-Purus e Resex AuatiParan); e, 5 UCs iniciaram seus processos h aproximadamente mais de 3 anos (PE Rio Negro Setor Norte, PN Montanhas do Tumucumaque, RB Lago Piratuba, PN Cabo Orange e Resex Baixo Juru). Duas UCs ainda no iniciaram seus processos de planejamento.Recomendaes metodolgicas sobre o processo de elaborao de PM de UCs apoiadas pelo Programa Arpa Verso 1.1, sem reviso gramatical.

13 As seguintes tabelas compilam as informaes sobre os processos de elaborao em andamento das 11 unidades aqui analisadas e os processos concludos de 4 unidades, em relao com o tempo do processo, a estratgia de elaborao e o nmero de expedies.Tabela 2 Tabela-resumo dos processos de elaborao dos planos de manejo em andamento (Informaes em dezembro de 2007). Incio da elaborao do Estratgia de elaborao Nmero de expedies PM No iniciados: Contratao de consultoria PJ

PE Guajar-Mirim Resex MaracanIniciados h um ano:

EE MaracIniciados h dois anos:

PN Viru RDS Piaga-Purus Resex Auati-ParanIniciados h mais de trs anos:

- Coordenao pelo prprio gestor; - Contratao de consultoria PF para preparao dos encartes; - Contratao 2 estudos complementares. - Coordenao pelo prprio gestor; - Expedies ou levantamentos de campo com consultores contratados ou parceiros; - Contratao de consultoria PF para preparao dos encartes ou partes do documento do PM. com ONG

S levantamentos de campo especficos

Resex Auati-Paran: 2 Desconhecido para as outras

PE Rio Negro Setor Norte: Parceria PE Rio Negro SetorNorte: 4

PE Rio Negro SetorNorte

PN Montanhas doTumucumaque

Restantes das UCs:- Coordenao pelo prprio gestor; - Expedies ou levantamentos de campo com consultores contratados ou parceiros; - Contratao de consultoria PF para preparao dos encartes ou partes do documento do PM.

PN Montanhas doTumucumaque: 5

PN Cabo Orange RB Lago Piratuba Resex Baixo Juru

RB Lago Piratuba: 3 Resex Baixo Juru: 25 PN Cabo Orange:desconhecido

Tabela 3 Tabela-resumo dos processos de elaborao dos planos de manejo concludos. Durao do processo Estratgia de elaborao Nmero de expedies de elaborao do PM Menos de dois anos: EE Anavilhanas: Contratao de EE Anavilhanas: 2 consultor para coordenar o PM e EE Anavilhanas consolidar o documento. EE Juami-Japur As outras: Contratao de consultor As outras: nenhuma, RB Uatum para elaborar o PM somente levantamentos expeditos Aproximadamente, Elaborao pela Fundao Vitria Mais de 5 cinco anos: Amaznica PN do Ja

A anlise combinada do tempo dos processos de planejamento, nmero de expedies e estratgia de elaborao (para PM terminados e em andamento) mostra que as UCs cujos processos de planejamento so mais demorados tambm so as que mais expedies realizaram (5 UCs). Desses 5Recomendaes metodolgicas sobre o processo de elaborao de PM de UCs apoiadas pelo Programa Arpa Verso 1.1, sem reviso gramatical.

14 processos de planejamento, dois aconteceram mediante parceria com a FVA e os outros trs so coordenados pelos prprios gestores. A coordenao do processo de planejamento pelo prprio gestor prolonga o tempo de elaborao do plano de manejo porque ele tem que compatibilizar essa coordenao com outras atribuies como gestor, j que no liberado delas, e sua equipe muito pequena para compartilhar as atividades rotineiras. Contudo, esses fatores (mais expedies e coordenao pelo gestor) no so os nicos que contribuem para o prolongamento do processo de planejamento, pois tambm se percebeu que os problemas no fluxo dos recursos financeiros prolongam o tempo de planejamento. Adicionalmente, em duas das UCs mais demoradas se est levando a cabo a experincia de adaptar a metodologia do programa de gesto por resultados ao plano de manejo. A anlise dos temas que so pesquisados nos planos de manejo foi realizada para 5 UCs de proteo integral e para 2 UCs de uso sustentvel. A seguinte tabela compila o nmero de temas pesquisados, destacando quais os temas especficos de cada UC e os temas comuns das unidades de proteo integral, considerando tanto os processos de elaborao em andamento como os concludos.Tabela 4 N de temas pesquisados temas especficos e temas comuns das UCs de proteo integral.UC PE Rio Negro Setor Norte N de temas pesquisados 10 EE Anavilhanas PN Ja 9 8 Temas especficos Algas Abelhas Formigas Geologia Arqueologia Morcegos Crustceos Histrio-cultural Meio fsico Micologia Ictioplncton Arqueologia Fauna bentnica Morcegos Pteridophyta Meio fsico Estado do Melanosuchus niger Qualidade da gua superficial Limnologia Visitao Limnologia Temas comuns

PN Montanhas do Tumucumaque RB Lago Piratuba

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Herpetofauna Entomofauna

Vegetao Scioeconomia Mastofauna Avifauna Ictiofauna

A seguinte tabela compila o nmero de temas pesquisados, os temas especficos de cada UC e os temas comuns das unidades de uso sustentvel.

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Tabela 5 N de temas pesquisados temas especficos e temas comuns das UCs de uso sustentvel. UC N de temas Temas pesquisados pesquisados Resex Auati4 Manejo pesqueiro Paran Recursos florestais Sensibilizao do Conselho Educao ambiental Resex Baixo 6 Fauna Juru Recursos florestais Recursos Pesqueiros Potencial Eco-turstico Scio-economia Meio Ambiente Fsico

Observa-se, portanto, que existem 5 temas comuns que so levantados nas 5 UCs de proteo integral: vegetao, scio-economia, mastofauna, avifauna e ictiofauna. A herpetofauna tambm foi levantada em 4 UCs e a entomofauna em 3 UCs. A UC que mais temas levantou foi a RB Lago Piratuba, que pesquisou 16 temas. Dentre eles, alguns so especficos das peculiaridades dessa UC, como micologia, ictioplncton, pteridophyta ou fauna benctnica. Nas UCs de uso sustentvel, os temas que foram coincidentes para as duas foram os recursos florestais e os recursos pesqueiros. Em relao com a existncia de algum padro metodolgico entre as categorias de proteo integral e uso sustentvel, salienta-se que muito cedo para verificar padres metodolgicos, pois das 4 UCs de uso sustentvel que foram analisadas, uma ainda no iniciou seu processo de planejamento, 2 UCs esto na fase de emisso e avaliao de relatrios dos levantamentos e s 1 UC est na fase final de consolidao do plano de manejo. De forma preliminar, verifica-se que a estratgia de execuo a mesma que as de proteo integral (coordenao pelo prprio gestor com contrataes ou parcerias para a realizao dos levantamentos e contratao de um consultor para a consolidao do documento final). Entretanto, no plano da unidade de uso sustentvel h uma maior participao dos moradores, seu conhecimento tradicional utilizado para obter informaes sobre a UC e os levantamentos esto mais dirigidos ao manejo dos recursos. Quanto existncia de padres metodolgicos entre os rgos gestores, a maioria das UCs analisadas administrada pelo ICMBio (s uma UC depende de outro rgo gestor: o PE Rio Negro Setor Norte), pelo que tambm resulta difcil identificar padres metodolgicos. Contudo, destaca-se que a metodologia de elaborao dos planos de manejo das UCs do Estado do Amazonas est embasada no roteiro do ICMBio (IBAMA, 2002), diferenciandose em: a oficina de organizao do planejamento realizada depois do levantamento dos estudos pr-existentes, busca de mapas e imagens da UC, uma visita in loco para identificar particularidades (quando possvel) e a identificao dos desafios da gesto para poder identificar os estudos

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16 especficos que complementem o conhecimento existente e que contribuam no melhor entendimento dos desafios da gesto; a pesar de no detalhar o contedo da caracterizao da UC, o roteiro salienta que o nvel de aprofundamento do diagnstico tem que servir para embasar a estratgia de gesto, enfatizando na sade dos ecossistemas, status das espcies, presses sobre os recursos e dinmica das mudanas; o zoneamento segue o critrio da intensidade de interveno sobre o meio, considerando quatro zonas: primitiva, uso restrito, uso extensivo e uso intensivo; incorpora um componente estratgico formado pela misso, a viso de futuro e a estratgia geral da gesto, onde se explica de que forma ser atingida a viso de futuro ao longo do tempo e os resultados que so necessrios alcanar nos prximos 3 a 5 anos para aproximar-se a essa viso; os programas de gesto so organizados no formato de matriz de marco lgico, identificando-se para cada programa os resultados com metas concretas e para cada resultado as atividades necessrias.

Resumindo, os planos de manejo, em geral, so muito dispendiosos porque exige-se deles um grande nmero de informaes, as quais no esto disponveis na maioria das unidades de conservao da regio amaznica, tendo que ser contratados servios especficos para a realizao dos levantamentos. As dificuldades de acesso s unidades de conservao, que geralmente esto em lugares remotos com ausncia de pontos para apoio logstico, tambm contribuem para encarecer todas as fases do processo de elaborao. O nvel de informao requerido e as dificuldades de acesso levam a que sejam elaborados em tempo muito extenso. Quando so elaborados pelos prprios tcnicos da instituio, tambm h dificuldade para conseguir a exclusividade dos mesmos para esta tarefa, existindo sempre outras urgncias que resolver. Por outro lado, como so documentos to complexos, o tempo para sua elaborao prolongado, existindo mudanas da situao quando comeam a ser implantados. Como so o fruto de um esforo muito grande e dispendioso, as mudanas que acontecem na vida real no so incorporadas, nem os planos so revistos no prazo previstos nos roteiros, caindo prontamente no esquecimento.

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3 RECOMENDAES METODOLGICAS PARA A OTIMIZAO DE RECURSOS E A EFICINCIA DA GESTO NO MBITO DAS DIRETRIZES OFICIAIS DE PLANEJAMENTO Neste item so identificadas macro-recomendaes para otimizar os recursos de elaborao dos planos de manejo e aumentar a eficincia da gesto, respeitando as diretrizes oficias dos rgos gestores. Estas macrorecomendaes se encaixam nas diretrizes oficiais dos rgos gestores para a elaborao dos planos de manejo. Cada macro-recomendao detalhada com recomendaes especficas para sua operacionalizao, quando necessrio. Considerando esses trs requisitos, so feitas macro-recomendaes orientadas principalmente para mudar a percepo existente do processo de planejamento e da gesto, reforando pontos que j esto contemplados nas metodologias oficias, mas no so suficientemente valorizados e levados em considerao. Portanto, algumas macro-recomendaes so uma reinterpretao e reforo conceitual das diretrizes dispostas nos roteiros existentes para otimizar os recursos humanos e financeiros e aumentar a eficincia da gesto. Outras macro-recomendaes so alternativas metodolgicas que tambm se encaixam dentro das propostas oficiais sem ferir suas diretrizes e princpios. Inicialmente, so dispostas recomendaes sobre aspectos conceituais e operacionais do processo de planejamento, para depois detalhar as recomendaes sobre o diagnstico da UC e sua regio, a parte propositiva do plano e o monitoramento e avaliao. Recomendaes metodolgicas que no repercutam na otimizao de recursos humanos e financeiros e na eficincia da gesto no foram aqui consideradas. 3.1 RECOMENDAES SOBRE ASPECTOS CONCEITUAIS OPERACIONAIS DO PROCESSO DE PLANEJAMENTO E

Macro-recomendao 1: Orientar o processo de planejamento de cada UC segundo suas caractersticas especficas (fsicas, biolgicas, sociais, culturais, econmicas, geopolticas, histricas e institucionais) considerando as diretrizes metodolgicas estabelecidas. Para a elaborao de planos de manejo, os rgos gestores devem estabelecer roteiro metodolgico bsico, uniformizando conceitos e metodologias, fixando diretrizes para o diagnstico da unidade, zoneamento, programas de manejo, prazos de avaliao e de reviso e fases de implementao (art. 14, Decreto n. 4.340, de 22 de agosto de 2002). evidente que dentro de um sistema de unidades de conservao se deve buscar a estandardizao de processos e a homogeneizao de produtos com a finalidade de atingir o mesmo padro de qualidade, possibilitar o alcance de objetivos comuns e permitir as interaes entre as unidades que compemRecomendaes metodolgicas sobre o processo de elaborao de PM de UCs apoiadas pelo Programa Arpa Verso 1.1, sem reviso gramatical.

18 o sistema. O manual de planos de gesto para os espaos protegidos europeus da rede Eurosite (EUROSITE, 1999, p. 19) identifica as vantagens da estandardizao na elaborao dos planos de gesto, destacando-se dentre outras a possibilidade de: comparar qualquer aspecto desse plano com planos de outras reas; definir os objetivos para cada uma das reas dentro de um mesmo contexto regional, nacional ou europeu; coordenar melhor as aes dentro de uma mesma instituio; e, determinar as prioridades entre distintas unidades, em quanto a recursos e outras decises. Essas possibilidades tambm so buscadas pelo Decreto do SNUC quando dispe sobre o estabelecimento do roteiro metodolgico bsico. Entretanto, a prpria Lei no 9.985/2000 contempla que o Sistema Nacional de Unidades de Conservao esteja conformado por amostras representativas, significativas e ecologicamente viveis das diferentes populaes, habitats e ecossistemas do territrio nacional e das guas jurisdicionais (art. 5, 1, Lei 9.985/2000). E, tambm, que o plano de manejo deve incluir medidas para promover a integrao das UCs vida econmica e social das comunidades vizinhas (art. 27, 1, Lei 9.985/2000). Portanto, o Sistema Nacional de Unidades de Conservao est conformado por unidades de conservao com diferentes peculiaridades fsicas, biolgicas, ecolgicas, geopolticas, econmicas, sociais, institucionais e histricas. Como balancear a obrigao de uniformizar os processos metodolgicos dentro de um sistema, ajustando as metodologias s peculiaridades de cada UC para garantir a consecuo dos objetivos especficos de cada uma? O roteiro anteriormente mencionado para os espaos naturais europeus salienta que essencial que os planos de gesto sejam flexveis e adaptveis, levando em conta as diferenas entre as reas protegidas quanto s culturas, reas geogrficas e biolgicas, dimenses, tipos de reas, objetivos de conservao e finalidades. A guia metodolgica para planos de gesto das reas protegidas peruanas (INRENA, 2005, p. 6 e p. 9) indica que suas orientaes podero ser utilizadas em sua totalidade ou parcialmente, segundo a realidade de cada rea, e que a aproximao de contedos estabelecida dever ajustar-se s necessidades de cada uma. A guia para a elaborao de planos de manejo da Bolvia (SERNAP; GTZ, 2002, p. 14) tambm salienta que a metodologia de elaborao do plano deve ser flexvel quanto a sua adaptao s situaes concretas de partida para o planejamento, especialmente em relao com a gesto j existente e o conhecimento da rea. Essa guia especifica que alguns passos da metodologia podem ser reduzidos, pulados ou ampliados, porm, garantindo a funcionalidade dos planos e mantendo a seqncia geral e as caractersticas assinaladas nos diferentes passos. Na mesma direo, a guia do Canad (CANADA, 2008, p. vii e p. 39) salienta que ainda que apresente diretrizes abrangentes e expectativas para o processo de planejamento, tambm est desenhada para ser flexvel, para que os planos possam refletir as circunstncias e necessidades individuais. Por outro lado, na Oficina sobre Elaborao de Planos de Manejo, organizada pela antiga Diretoria de Ecossistemas do Ibama em abril de 2007, j foi identificado que a elaborao dos PM inicia-se sem pleno conhecimento das necessidades da UC para o planejamento, com base em TDR padro. Ao mesmo tempo, os estudos, a avaliao ecolgica rpida e outrosRecomendaes metodolgicas sobre o processo de elaborao de PM de UCs apoiadas pelo Programa Arpa Verso 1.1, sem reviso gramatical.

19 levantamentos so feitos de forma padro, sem estar orientados nos problemas de gesto da UC, concluindo-se que falta uma etapa preparatria junto com a equipe gestora para identificar as lacunas e entraves da gesto. Portanto, necessrio garantir a uniformizao de conceitos e metodologias com a considerao da diversidade de situaes encontradas nas unidades de conservao mediante a personalizao dos processos metodolgicos dentro de diretrizes gerais. A personalizao dos processos deve ocorrer para que o plano de manejo consiga refletir as peculiaridades da UC e seus problemas de gesto, contribuindo com o aumento da eficcia na gesto. Recomendaes especficas: - Ajustar as metodologias indicadas nos roteiros s peculiaridades de cada UC buscando atingir a finalidade da metodologia e no a consecuo do passo a passo dessa mesma metodologia. - A oficina de organizao do planejamento muito importante para garantir a personalizao do processo de elaborao do plano de manejo de acordo com as necessidades de cada UC. - Reunir o mximo de informaes possveis para a oficina de organizao de planejamento. - Organizar a oficina de organizao de planejamento com a participao da equipe de planejamento e com pblico externo que possa contribuir com seus conhecimentos e experincia. - Organizar uma oficina de 2 dias; ou reunies em vrios locais com a participao de outros envolvidos (por exemplo, o conselho da UC, os funcionrios da UC, os pesquisadores que j conhecem a UC, etc) e depois uma oficina de 1 dia com a participao exclusiva da equipe de planejamento. - Produzir durante a oficina principalmente os seguintes produtos: mapa falado da UC, matriz de atores e cronograma de trabalho. - Realizar um mapa falado preliminar das presses e ambientes notrios da UC, o que orientar na escolha dos temas especficos que sero levantados, na necessidade de contratao de consultores e na organizao da etapa de campo. - Realizar uma anlise de atores preliminar, o que orientar na organizao e contedo do levantamento scio-econmico. - Preparar termos de referncia personalizados, com informaes especficas e atualizadas sobre a UC e com a maior concreo possvel quanto s atividades que devem ser realizadas e aos produtos que devem ser entregues. Os termos de referncia devem ser preparados depois da oficina de organizao do planejamento.

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20 Macro-recomendao 2: Conformar equipe de elaborao do Plano de Manejo com os gestores que implementaro o plano e outros membros que conheam a UC, com uma definio especfica e clara dos papis de cada membro desde o incio do processo. possvel elaborar o plano de manejo de uma unidade de conservao mediante uma combinao muito variada de possibilidades, como, por exemplo: Formao de um grupo de trabalho (Equipe de Planejamento) com tcnicos de uma ou vrias instituies; Contratao de um consultor ou vrios consultores; Contratao de uma pessoa jurdica; Convnio com uma instituio de pesquisa ou organizao nogovernamental conservacionista; Diferentes partes do plano podem ser elaboradas por diferentes equipes e ser consolidadas por um consultor especializado; Coordenao de todo o processo pelo gestor da UC (seja o chefe ou outro tcnico da equipe); Coordenador de todo o processo por consultor contratado para tal.

Entretanto, vrios autores que analisaram as dificuldades para elaborar e implementar planos de manejo (AMEND et al., 2002; LANE, 2003; LACHAPELLE et al., 2003; ROBLES et al., 2007; no mesmo sentido ANZECC, 2000, p. 15-16) destacaram a necessidade de sua apropriao e interesse por parte da equipe executora, o qual se consegue principalmente mediante a participao na elaborao. Portanto, qualquer que seja a estratgia escolhida, quem vai executar o Plano de Gesto deve ter participao ativa durante o planejamento. As recomendaes da UICN para a elaborao de planos de manejo tambm orientam nesta mesma direo (THOMAS e MIDDLETON, 2003, p. 22 e 71). A pesar de que o tempo de elaborao dos planos de manejo seja muito mais longo quando so coordenados pelos prprios gestores ou com sua intensa participao na equipe de planejamento, se deve priorizar essa estratgia de elaborao considerando os benefcios advindos na implementao. Nessas situaes, se devem buscar formas alternativas que garantam a devida dedicao dos gestores ao plano de manejo para diminuir o tempo do processo de planejamento. A conformao da equipe de planejamento tambm deve estar condizente com as particularidades de cada UC. Conseqentemente, recomenda-se no estabelecer normas gerais orientando por uma forma ou outra de conformao da equipe de planejamento. No incio de cada processo de planejamento os gestores devero se decidir por uma modalidade ou outra, de acordo com as condies financeiras, de tempo, de recursos humanos, tcnicas, de desafios da gesto, ou outras. Por outro lado, ainda que a contratao de diferentes consultorias de pessoa fsica seja mais complexa que a contratao de uma nica consultoria de pessoa jurdica, essa complexidade est relacionada apenas a questesRecomendaes metodolgicas sobre o processo de elaborao de PM de UCs apoiadas pelo Programa Arpa Verso 1.1, sem reviso gramatical.

21 operativas e gerenciais e no tcnicas. Desde o ponto de vista tcnico e financeiro, h mais vantagens para a realizao de vrias consultorias de pessoa fsica, complementando o trabalho da equipe de planejamento 1. A UICN, no seu guia para a elaborao de planos de manejo (THOMAS e MIDDLETON, 2003), destaca trs responsabilidades clave que devem estar claras dentro da equipe de planejamento: a coordenao e organizao da produo do plano; o aconselhamento sobre o processo de planejamento, abordagens, metodologias, etc.; e, a redao do documento.

Portanto, necessrio que dentro da equipe de planejamento algum atue como se fosse um gerente do projeto; algum seja o assessor em planejamento; e, algum seja o redator ou editor do documento. Esses papis podem ser desempenhados pela mesma pessoa, ou diferentes. As combinaes so muitas: por exemplo, um especialista em planejamento pode atuar na parte de assessoria e na redao do documento e outra pessoa o coordenador; ou, o chefe da UC pode ser o coordenador e redator do plano, com a assistncia do especialista em planejamento. Recomendaes especficas: - Identificar especificamente para cada UC a conformao da equipe de elaborao do plano de manejo quanto coordenao, contratao de consultorias e participao de tcnicos do ICMBio ou outras instituies, fugindo de uma diretriz nica para todas as UCs. - Envidar os esforos necessrios para que sempre seja possvel a coordenao da elaborao dos planos de manejo pelos gestores da UC (chefes ou tcnicos da equipe), realizando contrataes especficas para os produtos de cada etapa do processo de elaborao do PM ou realizando outras contrataes para garantir maior dedicao do gestor ao processo de planejamento. - Caso seja necessrio contratar uma pessoa jurdica para a elaborao do plano de manejo, especificar concretamente a equipe necessria para tal e no colocar nos termos de referncia o nmero de componentes da equipe como nmero mnimo, pois as empresas interessadas podem colocar equipes maiores, encarecendo o servio. - Caso seja necessrio contratar uma pessoa jurdica para a elaborao do plano de manejo, especificar concretamente os momentos de interao com os gestores da UC e seu papel no marco dos servios contratados. - Ter claro desde o incio do processo de elaborao quem ser a pessoa (ou pessoas) que consolidar os encartes do plano de manejo.

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Em relao com as vantagens e desvantagens da contrao de consultoria de pessoa jurdica para elaborar os planos de manejo, consultar ANZECC (2000, p. 14-15). Recomendaes metodolgicas sobre o processo de elaborao de PM de UCs apoiadas pelo Programa Arpa Verso 1.1, sem reviso gramatical.

22 - Definir desde o incio do processo os papis e responsabilidades de cada um dos membros da equipe de planejamento, principalmente quando est conformada por tcnicos de diversas instituies, ou tcnicos do escritrio central do rgo gestor e da UC. Macro-recomendao 3: Entender o planejamento como um processo inserido no ciclo de gesto da unidade. O planejamento um processo que estabelece os objetivos e as metas que se pretendem atingir e identifica as aes necessrias para tal. Entretanto, aps a produo do plano de manejo como produto do processo de planejamento, necessrio iniciar outros processos contnuos: - o processo de implementao do plano, que consiste na execuo das aes conforme o planejado; - o processo de monitoramento da evoluo da execuo, que mede e compara os resultados com as metas estabelecidas e identifica e avalia os desvios entre o que foi planejado e o que foi conseguido, para tomar decises e intervir no andamento; e, - o processo de correo dos desvios detectados, que consiste na identificao das aes adequadas para evitar problemas no futuro. Portanto, quando se entende o planejamento como uma etapa da gesto da UC se assume que ele no um fim em si mesmo, mas apenas uma ferramenta para a prxima etapa da gesto, e que perde sua finalidade caso no seja implementado, monitorado e corrigido. Por outro lado, quando se entende o planejamento como uma etapa da gesto da UC no possvel argumentar que o plano de manejo no de boa qualidade ou inapropriado para a unidade, culpando esse documento pela falta de ao. Nesses casos, h uma falha na gesto, pois no se fechou totalmente o ciclo da gesto monitorando e corrigindo os desvios detectados e aprendendo com o que no deu certo no primeiro planejamento. Uma vez terminado o primeiro ciclo, inicia-se de novo o processo de planejamento, levando em conta as lies aprendidas durante os processos de implementao, monitoramento, avaliao e correo. Dentre esses quatro processos, a implementao o que deve se estender mais no tempo e consumir mais recursos humanos e financeiros. O processo de planejamento deve durar menos no tempo e consumir bastante menos recursos que a implementao. Os processos de monitoramento e correo dos desvios devem ser contnuos no tempo em que se est executando o plano e devem ser os menos custosos. O roteiro metodolgico de planejamento para PN, RB e EE (IBAMA, 2002, p. 33 e 22) fixa um perodo de oito a dezoito meses para o planejamento e um horizonte de at 5 anos para a implementao.

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23 Recomendaes especficas: - Entender o planejamento como uma etapa da gesto da UC e no como um fim em si mesmo; apenas uma ferramenta para a prxima etapa da gesto, e perde sua finalidade caso no seja implementado, monitorado e corrigido. - Equilibrar os processos de planejamento e execuo, tanto em relao com a varivel tempo (durao do processo de planejamento inferior durao do processo de implementao) quanto a varivel custos (custos do processo de planejamento menores que os custos do processo de implementao). - Iniciar os processos de reviso dos planos de manejo que tenham ficado obsoletos, incorporando as lies aprendidas nesse perodo no novo planejamento. Macro-recomendao 4: Planejar considerando a correlao entre o conhecimento existente sobre a UC e as propostas de interveno dentro do ciclo de gesto da UC. O roteiro metodolgico para PN, RB e EE (IBAMA, 2002, p. 23) salienta o carter gradativo do planejamento. A gesto da unidade de conservao deve considerar que existe uma correlao direta entre o conhecimento da rea e a interveno que ser realizada. Assim, quando temos poucas informaes sobre a unidade, no sabemos como reagiro os ecossistemas a uma determinada interveno. Nesse caso, a gesto da UC deve orientar-se pelo princpio da precauo, evitando propor intervenes cujo impacto no meio no se conhea. Quando exista dvida razovel, prefervel se abster e implementar aes de vigilncia e seguimento, ou outras cujos impactos sejam conhecidos e absorvidos pelo meio (EUROPARC-ESPAA, 2008, p. 61). Portanto, a amplitude e a profundidade do conhecimento2 existente sobre a UC marcaro o grau da interveno que ser realizada. Essa gradao na gesto pode ser explicitada na forma de fases, como foi inicialmente proposto pelo IBAMA em 1996, mostrando uma gesto bsica, intermediria e avanada da unidade. Ou pode estar implcita na poltica de gesto do rgo que administra as unidades, sem qualificar o tipo de gesto que est sendo implantado em cada momento. Entretanto, tampouco podemos paralisar a gesto at que todo seja conhecido, principalmente, por trs motivos: o O bioma Amaznia o mais diverso do planeta, tanto desde o ponto de vista biolgico como cultural; portanto, os esforos para seu total conhecimento seriam extraordinrios. o Os problemas que atingem as unidades de conservao precisam de aes imediatas. o A sociedade espera um retorno das unidades de conservao, alm da conservao e do conhecimento.

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A amplitude do conhecimento se refere ao nmero de reas do conhecimento sobre as que se dispem informaes. A profundidade do conhecimento se refere a quanto conhecemos de cada rea do conhecimento.

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24 Portanto, a necessidade de mais conhecimentos sobre a rea no deve ser motivo para retardar a finalizao do plano de manejo; o que se far atuar com mais cautela, propondo unicamente intervenes que estejam respaldadas pelo conhecimento existente e prevendo esses estudos nos programas de manejo. As carncias de informao se registram como lacunas de conhecimento a serem completadas durante a implementao do plano (EUROPARC-ESPAA, 2008, p. 79). A guia metodolgica da UICN tambm recomenda nesse mesmo sentido: no pospor o processo de planejamento at que a informao esteja disponvel. clara salientando que a possvel falta de informao no deveria ser uma escusa para retrasar a produo do plano. Informaes mais sofisticadas sobre a rea aumentam a confiana dos gestores, mas raramente justificam uma mudana dramtica no plano (THOMAS e MIDDLETON, 2003, p. 29-30). Outros autores tambm concordam em que no indispensvel um conhecimento detalhado e preciso da rea para iniciar o planejamento e manejo (AMEND et al., 2002, p. 33). Recomendaes especficas: - No adiar o processo de planejamento at que toda a informao sobre a UC esteja disponvel, apenas ser mais restritivo nas intervenes a serem propostas. - Propor unicamente intervenes respaldadas pelo conhecimento existente e registrar as carncias de informao como lacunas de conhecimento a serem completadas durante a implementao do plano. Nas unidades de uso sustentvel, utilizar o conhecimento tradicional sobre os recursos naturais no primeiro plano de manejo da UC associado s informaes procedentes da interpretao de sistemas de informao geogrfica, complementando esse conhecimento com uma abordagem cientfica e o monitoramento contnuo durante a implementao do primeiro plano.

Macro-recomendao 5: Realizar o planejamento da UC desde o enfoque de gesto adaptativa. A correlao entre o conhecimento e a ao tambm se encaixa dentro do enfoque da gesto adaptativa (adaptive management, em ingls). A gesto adaptativa adequada nos processos de tomada de decises nos quais h incerteza. O requisito necessrio da gesto adaptativa o controle das conseqncias dos atos para detectar os desvios respeito aos objetivos marcados com o fim de ir eliminando-os progressivamente. Portanto, a base da gesto adaptativa consiste no monitoramento continuo dos objetivos que se desejam atingir e de indicadores que sinalizam a medida em que se est interferindo no meio. Quando os objetivos esto longe de ser atingidos ou os indicadores mostram um impacto determinado no meio, a gesto deve ser redirecionada, introduzindo os ajustes necessrios (SALAFSKY et al., 2001; STANKEY et al., 2005).

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25 A gesto adaptativa aplicada nos processos de elaborao de planos de manejo parte das premissas de que nunca vamos ter todos os recursos necessrios para a gesto, nunca vamos ter todas as informaes necessrias para a gesto; entretanto, a gesto da unidade de conservao no pode ficar parada. Na abordagem da gesto adaptativa, ser necessrio tomar decises, monitorando-as de perto e sistematicamente, mediante indicadores que atuem como sinais precoces (ou alertas tempranas, em espanhol). Pela aprendizagem mediante a gesto adaptativa, adquire-se mais conhecimento para iniciar o segundo ciclo da gesto. Esse conhecimento adquirido na prtica fundamentar as prximas decises. Robles et al. (2007, p. 58) destacam que:El Manejo Adaptativo demanda que sus promotores premien la experimentacin, castiguen la apata y la obstaculizacin del aprendizaje, valoren el error como oportunidad para aprender, y acepten los riesgos de trabajar en condiciones reales de incertidumbre.

Trata-se, portanto, de um enfoque novo para as unidades de conservao brasileiras, cuja aplicao requer poucos recursos humanos e financeiros, mas que sejam constantes no tempo. Recomendaes especficas: - Monitorar de forma contnua as conseqncias das aes implementadas para detectar os desvios respeito aos objetivos marcados com o fim de ir eliminando-os progressivamente. - Aplicar o enfoque adaptativo na gesto das UCs de uso sustentvel com o acompanhamento e monitoramento dos prprios usurios dos recursos. Macro-recomendao 6: Realizar o planejamento da UC com base nos princpios do Enfoque Ecossistmico. O Enfoque Ecossistmico uma estratgia para a gesto integrada das terras, guas e recursos vivos, que est sendo apoiada e desenvolvida pela UICN para introduzir os objetivos da Conveno sobre Diversidade Biolgica na tomada de decises. Esse enfoque foi adotado em 1995 pela 2 Conferncia das Partes da Conveno sobre Diversidade Biolgica como marco de ao principal. Em 2000, aps um longo processo de consulta e discusso, a 5 Conferncia das Partes emitiu a Deciso V/6, onde foram apresentados os doze princpios do Enfoque Ecossistmico e a metodologia operacional para sua aplicao. O carter diferenciador deste enfoque, frente a outras muitas abordagens integradas, radica na proposta de balancear a utilizao de metodologias cientficas apropriadas, que lidam com as estruturas, processos, funes e interaes entre organismos e seu meio ambiente, com a colocao das pessoas no centro do manejo da biodiversidade. Portanto, o Enfoque Ecossistmico pode ser entendido como uma compilao ou sistematizao de outras estratgias integradas para cumprir os objetivos da Conveno sobre Diversidade Biolgica. um marco metodolgico geral para apoiar decises na

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26 elaborao de polticas e no planejamento (UNEP/CBD/COP7, 2004; UNEP/CBD/COP5, 2000; SMITH e MALTBY, 2003). O Enfoque Ecossistmico reconhece as reas protegidas como centros vitais para atingir os objetivos da Conveno sobre Diversidade Biolgica. Portanto, o planejamento dessas reas dever estar embasado nesses princpios, adaptados s caractersticas nacionais, regionais e locais e com o peso apropriado para cada um deles, de acordo s condies locais. No Brasil, os princpios do Enfoque Ecossistmico foram incorporados na Poltica Nacional da Biodiversidade, instituda mediante o Decreto N 4.339, de 22 de agosto de 2002. A seguinte tabela compila os 12 princpios do Enfoque Ecossistmico com o dispositivo onde aparece no Decreto que institui a Poltica Nacional da Biodiversidade.Tabela 6: Princpios do Enfoque Ecossistmico (Deciso V/6, adotada pela 5 Conferncia das Partes para a Conveno sobre Diversidade Biolgica. Nairobi, 15-26 de o maio de 2000) e dispositivos do Decreto N 4.339/2002, que institui a Poltica Nacional de Biodiversidade. Decreto N 4.339/2002, PRINCPIOS DO ENFOQUE ECOSSISTMICO Poltica Nacional de Biodiversidade Princpio Os objetivos de manejo de solos, guas e recursos biolgicos art. 2, inciso VI 1 so uma questo de escolha da sociedade. Princpio A gesto dos ecossistemas deve ser descentralizada ao nvel art. 4, inciso VI 2 apropriado. Princpio Os gestores dos ecossistemas devem considerar os efeitos art. 4, inciso VI 3 aturais e potenciais de suas atividades sobre os ecossistemas vizinhos e outros. Princpio Os ecossistemas devem ser entendidos e manejados em um art. 2, inciso XVII 4 contexto econmico, objetivando: a) reduzir distores de mercado que afetam negativamente a biodiversidade; b) promover incentivos para a conservao da biodiversidade e sua utilizao sustentvel; e, c) internalizar custos e benefcios em um dado ecossistema o tanto quanto possvel. Princpio A gesto dos ecossistemas deve se concentrar nas art. 4, inciso VIII 5 estruturas, nos processos e nos relacionamentos funcionais dentro dos ecossistemas, usar prticas gerenciais adaptativas e assegurar a cooperao intersetorial. Princpio Os ecossistemas devem ser administrados dentro dos limites art. 2, inciso XVI 6 de seu funcionamento. Princpio A gesto dos ecossistemas deve ser implementada nas art. 4, inciso VII 7 escalas espaciais e temporais apropriadas. Princpio Os objetivos para o gerenciamento de ecossistemas devem art. 4, inciso VII 8 ser estabelecidos a longo prazo. Princpio A gesto de ecossistemas deve reconhecer que a mudana art. 4, inciso VII 9 no ecossistema inevitvel. Princpio A gesto dos ecossistemas deve buscar o equilbrio art. 2, inciso XVI 10 apropriado entre a conservao e a utilizao sustentvel da biodiversidade. Princpio O enfoque ecossistmico deve considerar todas as formas de art. 2, inciso VI 11 informao relevante, inovaes e prticas, incluindo os conhecimentos cientfico, indgena e local. Princpio O enfoque ecossistmico deve envolver todos os setores art. 2, inciso VI 12 relevantes da sociedade e todas as disciplinas cientficas.

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Macro-recomendao 7: Elaborar Planos de Manejo mais estratgicos e menos operacionais. Existem trs nveis hierrquicos de planejamento: o planejamento estratgico, o planejamento ttico e o planejamento operacional. O planejamento estratgico considera o longo prazo, abrange toda a organizao como um sistema nico e aberto e voltado para a eficcia da organizao, assegurando-se que se atinjam objetivos globais. O planejamento ttico considera o mdio prazo, detalhado por setores e voltado para a consecuo de objetivos de cada setor. O planejamento operacional considera o curto prazo e identifica as atividades e tarefas necessrias para atingir os objetivos, buscando a eficincia (CHIAVENATO, 2007, p. 139-140; OLIVEIRA, 2001, p. 43-51). No existe uma linha divisria perfeitamente definida para efetuar uma distino ntida entre as trs modalidades de planejamento. O planejamento estratgico de forma isolada insuficiente, uma vez que o estabelecimento de objetivos em longo prazo resulta numa situao nebulosa, pois no existem aes mais imediatas que os operacionalizem. A falta desses aspectos suprida atravs do desenvolvimento e implantao dos planejamentos tticos e operacionais de forma integrada (OLIVEIRA, 2001, p. 43-51). No planejamento de reas protegidas, por muito tempo se tentou resolver a dificuldade de integrar, mas com uma separao ntida, as caractersticas de um 'plano conceitual/estratgico', contendo propostas abrangentes, geralmente no executveis sem um detalhamento posterior, com um 'plano prontamente executvel', adequado no nvel de superviso e no nvel do pessoal que o vai implementar, e diferenciado do Plano Operativo Anual (POA). Contudo, os planos de manejo eram principalmente operacionais, detalhando todas as atividades que deviam ser implementadas. Porm, a tendncia atual dos planos de manejo a de serem mais estratgicos e menos operacionais (como exemplo as metodologias de SERNAP e GTZ, 2002; INRENA, 2005; PARQUES NACIONALES NATURALES DE COLOMBIA, 2005; CANADA, 2008). Para que os planos de manejo sejam mais estratgicos necessrio que seus processos de elaborao tambm o sejam. Para isso, cada uma das etapas do processo deve ser mais estratgica. Assim, a etapa da organizao do planejamento deve identificar as caractersticas especiais da UC, os desafios da gesto e os ns crticos e estar mais dirigida a essas peculiaridades, ajustando todo o processo de planejamento. Os desafios da gesto so as presses sobre os recursos naturais que se pretendem aliviar e os ambientes notrios que se devem proteger. Segundo a teoria do planejamento estratgico situacional, os problemas pblicos se resolvem identificando e dando soluo aos ns crticos. Um n crtico uma situao que impede alcanar determinados objetivos e cuja alterao positiva desataria processos de transformao que impactariam num nmero considervel de problemas relevantes. Desta maneira, a soluo de um ou mais ns crticos relevantes ocasionaro a resoluo mesma do problema ou influiro em ela. Por esse motivo, o n crtico deve ser uma varivel que, ou est sob controle total do ator que implementar o plano; ou esse ator pode exercer certa

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28 influencia sobre ela. De no ocorrer assim, o n crtico identificado no conduziria a uma ao eficaz nem a uma reverso do problema focal. Seguindo esse raciocnio, o diagnstico tambm deve estar mais dirigido a esses desafios de gesto e ns crticos, oferecendo conhecimento sobre os mesmos para poder resolv-los com mais eficincia e eficcia. E, para que os planos de manejo sejam mais estratgicos na parte propositiva tambm deve haver mais foco nos objetivos de longo prazo, resultados e metas e menos nas atividades e tarefas para atingi-los. Os planos devem incorporar consideraes de longo prazo e integradoras (misso de futuro e viso), que sejam compartilhadas por todos, sem necessidade de detalhar as atividades que devero ser implementadas. Por outro lado, para serem mais estratgicos tambm tm que ser mais abrangentes, considerando mais a regio da UC (estes aspectos so desenvolvidos mais adiante). Recomendaes especficas: - Para que os planos de manejo sejam mais estratgicos necessrio que seus processos de elaborao tambm o sejam. - Para isso, cada uma das etapas do processo deve ser mais estratgica: A etapa da organizao do planejamento deve identificar as caractersticas especiais da UC, os desafios da gesto e os ns crticos e estar mais dirigida a essas peculiaridades, orientando todas as etapas do plano a essas peculiaridades. Orientar o diagnstico aos desafios da gesto e pontos crticos, oferecendo conhecimento sobre os mesmos para poder resolv-los com mais eficincia e eficcia. Incorporar elementos estratgicos na parte propositiva dos planos, com os conceitos de viso e misso. - Para ser mais estratgicos, os PM tambm devem ser mais abrangentes, considerando mais a regio da UC. - Nas UCs de uso sustentvel, os conceitos de viso e misso compartilhadas se tornam mais importantes como elementos de consenso e unio. Macro-recomendao 8: Garantir o acompanhamento do processo de elaborao do plano de manejo. O acompanhamento e monitoramento do processo de elaborao do plano de manejo tambm uma ferramenta importante para garantir a efetividade e eficcia do planejamento e, portanto, da gesto. O processo de planejamento na Costa Rica (MINISTERIO DEL MEDIO AMBIENTE Y ENERGA, 2004, p. 33) considera sumamente importante dar efetivo seguimento ao processo proposto para elaborao do plano de manejo, seja produzido pelos gestores, ou por uma empresa de consultoria. Para isso, necessrio estabelecer um mecanismo de acompanhamento e identificar os indicadores pertinentes que assegurem que as atividades de elaborao do

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29 plano se estejam executando como se propus no cronograma de trabalho, mantendo-se, tambm, um nvel alto de qualidade. A identificao dos indicadores deve ser realizada no momento da preparao do plano de trabalho, na etapa da organizao do planejamento. Os indicadores devem ser escolhidos para cada etapa proposta no cronograma de trabalho, de tal forma que sua medio permita concluir sobre a necessidade de realizar mudanas sobre o planejado. Recomendaes especficas: - Estabelecer um mecanismo de acompanhamento e identificar os indicadores pertinentes que assegurem que as atividades de elaborao do plano se estejam executando como se props no cronograma de trabalho, mantendo-se, tambm, um nvel alto de qualidade. Macro-recomendao 9: Tornar obrigatria a processos de elaborao dos planos de manejo. sistematizao dos

A Guia para a formulao de planos de manejo de Costa Rica salienta a importncia de contar com um mecanismo de sistematizao, que registre a riqueza de todo o processo de planejamento participativo e documente seu desenvolvimento, visando gerar experincias e lies que sejam de utilidade para revises futuras ou processos similares (MINISTERIO DEL MEDIO AMBIENTE Y ENERGA, 2004, p. 10). A sistematizao dos processos de elaborao dos planos de manejo propicia as condies de aprender com as experincias bem sucedidas e de no repetir aquelas que no atingiram tanto sucesso. Tambm contribui com o desenvolvimento da organizao e com a capacitao dos tcnicos que se adentrem no planejamento pela primeira vez. Num contexto em que existe um rodzio muito rpido dos gestores, a sistematizao do processo de planejamento tambm representa uma memria do que j aconteceu, contribuindo com a continuidade dos processos. Em qualquer caso, possibilita a formao de um capital institucional, que no pode se perder quando h to poucas possibilidades de aprendizagem. Recomendaes especficas: - Sugerir como ferramenta para sistematizar o processo de elaborao dos planos de manejo as tabelas usadas para este estudo. Incluem-se nos anexos dois modelos dessa tabela, com dados de uma UC de proteo integral e de uma UC de uso sustentvel. - Compilar a sistematizao de vrios processos de elaborao de planos de manejo e discutir sobre as lies aprendidas em cada processo. - Realizar reunies peridicas entre os tcnicos envolvidos com planejamento para socializar as lies aprendidas.

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30 Macro-recomendao 10: Entender e divulgar o conceito de plano de manejo como ferramenta de gesto e no como local de compilao das informaes existentes sobre a UC. O plano de manejo uma ferramenta para a gesto da UC (THOMAS e MIDDLETON, 2003, p. 6-7). Ser uma ferramenta para a gesto diferente que ser o local onde se depositam as informaes existentes sobre a UC. Muitos gestores coincidem em observar que as informaes sobre as UCs esto esparsas ou se perdem facilmente. Em numerosas ocasies muito difcil encontrar os resultados de pesquisas ou relatrios de tempos remotos. Infelizmente, esse um problema real e bastante generalizado, porm, tentar solucion-lo mediante a localizao de todas essas informaes no plano de manejo no o mais apropriado, porque dessa forma se contribui para descaracterizar a finalidade do plano de manejo, como ferramenta para a gesto. Se h um problema com a armazenagem e organizao da informao deve ser resolvido analisando suas causas e aplicando solues no mbito da gesto da informao. Hoje em dia existem numerosas possibilidades no mundo digital e na rede global de computadores (Internet) que possibilitam a disponibilizao da informao de forma abrangente e sem riscos quanto perda da mesma, ainda que, todavia, no estejam ao alcance de muitos moradores, vizinhos e usurios das unidades de conservao; porm, a universalidade das informaes digitais uma tendncia global no mdio e longo prazos. Portanto, no se deve almejar compilar toda a informao existente da UC no documento do plano de manejo (THOMAS e MIDDLETON, 2003, p. 27). O manual de planes de gesto para a rede de espaos naturais do Eurosite (EUROSITE, 199, p. 3) tambm orienta no mesmo sentido, destacando que o plano de gesto deve ter uma base cientfica, porm, ele no um informe cientfico. Dever, portanto, descrever apenas os aspectos mais importantes para a gesto da rea (THOMAS e MIDDLETON, 2003, p. 30; ANZECC, 2000, p. 10). Como exemplos da brevidade das informaes sobre a caracterizao da unidade citam-se o Plano de Manejo do Monumento Natural Marino Cayo Cochinos (2004-2009) em Honduras, elaborado pelo WWF, Fundacin Cayo Cochinos e a Fundacin AVINA; o Plano Estratgico do Parque Nacional dos Everglades, dos Estados Unidos; e os Planos de Manejo dos Parques Nacionais Kakadu, Currawinya e Norfolk Island, na Austrlia, dentre muitos outros exemplos. Recomendaes especficas: - Promover dentro das instituies gestoras de unidades de conservao a formao de bancos de informaes na Internet com as informaes de cada UC. - Contratar consultoria especfica para resolver o problema com a armazenagem e organizao da informao sobre as UCs, buscando solues no mbito da gesto da informao, no nvel institucional. - Incluir no documento do plano de manejo apenas a informao da UC que ser aplicada em sua gesto.

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3.2 RECOMENDAES SOBRE A CARACTERIZAO DA UNIDADE DE CONSERVAO E SUA REGIO Macro-recomendao 11: Focar a caracterizao da unidade e sua regio nas informaes mnimas necessrias para a gesto. Como mencionado antes, a gesto de unidades de conservao acontece em ambientes de incerteza j que o total conhecimento dos ecossistemas e suas inter-relaes impossvel de alcanar. Adicionalmente, so sistemas abertos, sensveis s mudanas, o que tambm faz com que aumente a incerteza. Sempre se sente que no se possui o suficiente conhecimento para tomar uma deciso de gesto. necessrio evitar que a realizao de diagnsticos e a gerao de dados consumam grande parte do tempo do processo de planejamento e que seus resultados sejam subutilizados ou contribuam somente parcialmente na definio da proposta de manejo. Por esses motivos se recomenda focar a caracterizao da unidade e sua regio nas informaes mnimas necessrias para sua gesto. Nesse sentido, a guia para a elaborao dos planos de manejo da Bolvia (SERNAP; GTZ, 2002, p. 35) recomenda que a elaborao do diagnstico e a anlise das caractersticas da rea e seu entorno se concentrem na informao realmente necessria, aquela que seja de qualidade e til para a formulao das propostas de manejo. A guia para planejamento das reas protegidas marino costeiras de Guatemala (WINDEVOXHEL, 2001, p. 23-24) tambm recomenda orientar as pesquisas nos temas de particular relevncia para o manejo da rea, nas prioridades de conservao e recursos mais ameaados e nas ameaas principais. Ainda assim, quando no se conta com o tempo e os recursos disponveis para as pesquisas recomenda elaborar o plano com a informao disponvel, considerando que o planejamento um processo e o plano flexvel, permitindo revises e mudanas. O levantamento sobre as informaes disponveis muito importante para orientar os estudos que devem ser implementados buscando a complementao. A anlise dos desafios de gesto e dos ns crticos (realizada na etapa de organizao do planejamento, mediante mapas falados ou outras dinmicas), tambm. Quando h poucos recursos disponveis, se recomenda buscar informaes que tenham relao direta com as etapas seguintes do planejamento (zoneamento e parte propositiva), relacionar aspectos biofsicos s caractersticas scio-econmicas da regio e aproveitar a experincia e o conhecimento das populaes locais, integrando o conhecimento tradicional com o conhecimento cientfico. Uma forma de priorizar diferenciar entre as informaes que so necessrias para a gesto, as que so teis para a gesto e as que no so decisivas para a gesto nos prximos anos.

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32 Quando h recursos disponveis se recomenda focar (AMAZONAS, 2006, p. 21): No conhecimento das presses sobre os recursos naturais e ambientes notrios (desafios da gesto); No grau de conservao dos ecossistemas; Na dinmica das mudanas; Nos potenciais produtos e servios ecossistmicos. A guia para o planejamento participativo em reas marinho costeiras protegidas de Guatemala (WINDEVOXHEL, 2001, p. 25) recomenda que a metodologia de Avaliao Ecolgica Rpida (AER) esteja orientada a identificar as melhores representaes de sistemas marino costeiros, as espcies mais relevantes, os habitats chave (zonas de reproduo, reas de descanso, reas de alimentao, etc.) e a mobilidade das espcies e os critrios de conectividade dentro e fora da rea. O roteiro metodolgico de planejamento de PN, RB e EE (IBAMA, 2002) diferencia entre o escopo mnimo de abordagem de cada um dos tpicos a abordar e o aprofundamento relativo s especificidades da UC. Entretanto, o escopo mnimo de abordagem requer grandes esforos para ser atingido e inclui informaes que no sero utilizadas nesse processo de planejamento. Por outro lado, os gestores costumam elaborar os planos de manejo incluindo tambm as informaes solicitadas na parte do aprofundamento. Destaca-se o roteiro do Estado do Amazonas (AMAZONAS, 2006) que apresenta com detalhe o passo a passo do processo de planejamento, mas no detalha o que deve ser levantado no diagnstico da unidade de conservao. Nesse ponto, indica que o diagnstico deve caracterizar a situao atual da unidade e reunir as informaes essenciais para embasar as decises de gesto, salientando que para cada unidade de conservao se deve identificar o nvel necessrio de aprofundamento das informaes, considerando o princpio da gesto adaptativa. Tampouco indica quantas expedies so necessrias para a realizao do diagnstico, estando implcito que isso depender de cada UC. Recomendaes especficas: - Evitar que a realizao de diagnsticos e a gerao de dados consumam grande parte do tempo do processo de planejamento e que seus resultados sejam subutilizados ou contribuam somente parcialmente na definio da proposta de manejo. - Realizar expedies focadas nos locais com maiores presses, onde se concentrar a gesto nos prximos anos, sem necessidade de amostrar em todos os ambientes naturais da UC. Nos ambientes sem pontos de amostragem, situar zonas mais restritivas. - Adaptar os formulrios dos pesquisadores que participam dos levantamentos para que o foco esteja no conhecimento das presses sobre os recursos naturais e ambientes notrios (desafios da gesto) e no grau de conservao dos ecossistemas.Recomendaes metodolgicas sobre o processo de elaborao de PM de UCs apoiadas pelo Programa Arpa Verso 1.1, sem reviso gramatical.

33 - Permitir a possibilidade de adaptar o escopo mnimo de abordagem aos desafios de gesto de cada UC. - Identificar e destacar no plano de manejo quais so as lacunas de informao e incluir aes programticas para resolv-las.

3.3 RECOMENDAES PLANEJAMENTO

SOBRE

A

PARTE

PROPOSITIVA

DO

Macro-recomendao 12: Incorporar elementos mais estratgicos na parte propositiva dos planos. A incorporao de elementos mais estratgicos na parte propositiva dos planos pode ser realizada mediante a aplicao dos conceitos estratgicos de misso e viso de futuro; a utilizao da estrutura de marco lgico para visualizar a estratgia que ser desenvolvida; a quantificao dos indicadores; e/ou, o desenvolvimento de temas particulares de gesto de cada UC em planos especficos. Thomas e Middleton (2003, p. 33) recomendam que no processo de planejamento seja desenvolvida e articulada uma condio ideal, estado ou aparncia para o futuro da unidade de conservao, na forma de objetivos de longo prazo ou na forma de viso de futuro. Sua finalidade prover um enfoque ou direo para os objetivos de manejo, promovendo continuidade na gesto da unidade. A viso conceituada por Costa (2005, 35) como um modelo mental, claro, de um estado ou situao altamente desejvel, de uma realidade futura possvel. Constitui uma caracterizao da situao ideal que se deseja ter no longo prazo (10-15 anos). A viso deve ser construda como um sonho compartilhado por todos os principais envolvidos com a gesto da UC (moradores, vizinhos, usurios, pesquisadores, tcnicos, setor privado, gestores, etc.) e responde a seus desejos e sonhos sobre eles mesmos e em relao a seu espao de vida. A guia para a elaborao de planos de manejo da Bolvia (SERNAP; GTZ, 2002, p. 19) explica que nos exerccios de formulao da viso sempre surgem os temas vitais que preocupam os moradores, vizinhos e principais envolvidos da UC para ter melhores condies de vida. Geralmente esto associados a aspectos sociais, melhores ingressos econmicos, segurana jurdica em relao a suas terras, manejo dos recursos naturais e da biodiversidade e outros assuntos importantes para os diferentes atores locais, includos os administradores das reas. Esses temas chave constituem os principais componentes que tero que ser atendidos nas estratgias de gesto da rea. A misso conceituada por Chiavenato e Sapiro (2003, p. 55) como a declarao do propsito e do alcance da organizao, referindo-se a seu papel dentro da sociedade, sua razo de ser e de existir. A misso pretende responder a perguntas como: qual a necessidade bsica que a organizaoRecomendaes metodolgicas sobre o processo de elaborao de PM de UCs apoiadas pelo Programa Arpa Verso 1.1, sem reviso gramatical.

34 pretende suprir? Que diferena faz para o mundo externo ela existir ou no? Para que serve? Qual a motivao bsica que inspirou seus fundadores? Por que surgiu? (COSTA, 2005, p. 36). A partir da viso de futuro e da misso, se devem identificar os objetivos do plano de manejo para os prximos 5 anos. Os resultados, as metas e as atividades que sero propostas devero garantir o alcance desses objetivos, posicionando a UC mais prxima de sua viso de futuro. A seguinte figura mostra a relao entre a viso de futuro e a misso da UC e os objetivos do plano de manejo ao longo do tempo.Figura 1- Relao entre a viso de futuro e a misso da UC e os objetivos do plano de manejo ao longo do tempo. Fonte: ARGUEDAS, 2007, p. 50.

Para visualizar melhor as estratgicas que sero desenvolvidas e garantir uma seqncia lgica entre os objetivos, resultados e atividades no mbito dos programas de manejo, recomenda-se a utilizao da estrutura de marco lgico (ou matriz de marco lgico). A matriz de marco lgico tambm facilita a identificao das metas que se pretendem atingir, aumentando a coerncia interna do planejamento. Nesse formato, todos os elementos de planejamento esto ligados uns com outros: fica fcil verificar se foram propostas atividades para todos os objetivos e resultados; e se os indicadores so apropriados para os resultados e os objetivos. EUROPARC-Espaa (2008, p. 75) destaca que em um plano no deve haver objetivos que no venham acompanhados de atividades que os desenvolvam, nem atividades que no respondam a objetivos explicitamente enunciados. O plano de manejo do Santurio Nacional Mengatoni utiliza esse formato de matriz lgica na organizao dos seus programas de manejo. A seguinte figura mostra a matriz de marco lgico dessa unidade para um de seus subprogramas de manejo.

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Figura 2: Matriz de marco lgico do subprograma uso turstico e recreativo do Plano de Manejo do Santurio Nacional Mengatoni (Peru).

Na matriz de marco lgico, os indicadores so variveis que informam sobre o cumprimento dos objetivos e resultados. Eles devem ser objetivamente verificveis, ou seja, seu valor no depende do juzo de quem est medindo, e qualquer outra pessoa que utilize o mesmo procedimento de medio chegar ao mesmo resultado. Os indicadores devem ser objetivos, verossmeis, fiveis, sensveis, acessveis e eficazes. Tambm, devem ser prticos, vlidos e quantificveis. Por outro lado, a medio dos indicadores no pode exigir muitos recursos financeiros nem dedicao, tornando-a invivel. No aconselhvel identificar muitos, apenas uma seleo dos mesmos que maximize a informao e minimize o custo de medio (EUROPARC-ESPAA, 2008). Recomenda-se, por ltimo, desenvolver temas particulares de gesto que abordem uma problemtica determinada ou busquem atingir objetivos similares, em planos especficos aps a aprovao do plano de manejo. Os planos especficos so instrumentos que desenvolvem, no marco das diretrizes estabelecidas pelo plano de manejo, os aspectos mais complexos da gesto da rea. A necessidade desses planos deveria estar especificada no plano hierarquicamente superior (o plano de manejo). Os planos especficos requerem informaes especficas e mais detalhadas que so obtidas em processos mais demoradas. Desde a perspectiva do planejamento estratgico, no necessrio esperar pelos resultados desses levantamentos para produzir o plano de manejo da UC. Exemplos de planos especficos so os planos de uso pblico, planos de educao ambiental, planos de negcios, planos de monitoramento ambiental, plano de interpretao, planos de manejo de um recurso, etc.Recomendaes metodolgicas sobre o processo de elaborao de PM de UCs apoiadas pelo Programa Arpa Verso 1.1, sem reviso gramatical.

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Recomendaes especficas: - Introduzir os conceitos de misso da UC e de viso de futuro nos planos de manejo, como instrumentos para pensar no longo prazo, compartilhar anseios e balizar o planejamento da UC. - Usar a estrutura de marco lgico para visualizar a estratgia que ser desenvolvida, tanto nas UCs de proteo integral quanto nas de uso sustentvel, e garantir maior coerncia lgica no planejamento. - Finalizar os planos de manejo com uma quantificao dos indicadores na matriz de marco lgica, e no deixar para depois essa quantificao, pois nunca se far. - Desenvolver os temas particulares de gesto de cada UC em planos especficos, por exemplo, planos de uso pblico, planos de educao ambiental, planos de negcios, planos de monitoramento ambiental, plano de interpretao, planos de manejo de um recurso, etc. Macro-recomendao 13: Considerar a regio da UC de forma mais estratgica na parte propositiva do plano, buscando a integrao da UC dentro do planejamento regional. A tendncia de integrar as unidades de conservao dentro do planejamento regional no nova totalmente, pois j foi amplamente tratada por McKinnon et al. em sua famosa publicao "Manejo de reas Protegidas nos Trpicos" em 1986. No IV Congresso Mundial de Parques Nacionais em Caracas (1992), o termo "bioregies" apareceu como unidade natural para o manejo da terra e da gua, a partir de um enfoque de bacias hidrogrficas. Conceitos como corredores ecolgicos ou biolgicos tambm esto sendo experimentados. A IUCN (1993, p.9) tambm salienta que as reas protegidas devem ser parte de estratgias regionais mais amplas. Desde a tica convencional de reas protegidas isoladas das regies onde se encontram, se precisaria de unidades de grande tamanho para conservar espaos que garantam efetivamente a manuteno da diversidade biolgica, sendo estas totalmente inviveis com as realidades polticas e econmicas dos pases. , portanto, necessrio manejar reas extensas, onde todas as agncias e partes interessadas concordem em colaborar no manejo. Por outro lado, as unidades de conservao tambm devem estar integradas no planejamento regio