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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA CELULAR E GENÉTICA PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E BIOLOGIA MOLECULAR Reconstrução Filogenética de microorganismos a partir da Via de Reparo por Excisão de Nucleotídeo UASKA BEZERRA E SILVA NATAL – RN 2008

Reconstrução Filogenética de microorganismos a partir da Via de … · RESUMO A filogenômica estuda os organismos através de análises comparativas das seqüências conservadas

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA CELULAR E GENÉTICA PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E BIOLOGIA MOLECULAR

Reconstrução Filogenética de microorganismos a partir da Via de Reparo por

Excisão de Nucleotídeo

UASKA BEZERRA E SILVA

NATAL – RN 2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE BIOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA CELULAR E GENÉTICA

PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E BIOLOGIA MOLECULAR

Evolução do Reparo por Excisão de Nucleotídeo

UASKA BEZERRA E SILVA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Genética e Biologia Molecular do Centro de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Genética e Biologia Molecular.

Orientador. Profª. Drª. Lucymara Fassarela Agnez Lima

NATAL-RN 2008

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À minha esposa, pois sem ela nunca atingirei a verdadeira felicidade.

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AGRADECIMENTOS Ao Criador, por renovar minhas energias a cada manhã. A mim, por ter acreditado que valia a pena tentar, mesmo quando todos me desanimaram. A minha família, pelo carinho e os cuidados recebidos. A família Bezerra, que é, acima de tudo, é uma parte do meu EU. A Drª Lucymara, por me ensinar que a ciência não é apenas a busca pelo

conhecimento, mas também pode ser uma opção de vida.

A Drª Kátia, pela amizade e pelo seu exemplo como pesquisadora. Aos alunos do Laboratório de Biologia Molecular e Genômica (LBMG). Em especial, às minhas amigas e companheiras de trabalho árduo: Fabíola e Thayse. Obrigado. A todos da Pós-Graduação da Genética e Biologia Molecular A quem, direta ou indiretamente, contribuiu para o término deste trabalho. Por último, e não menos importante, aos computadores...

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“Bem aventurado o homem que

acha sabedoria, e o homem que

adquire conhecimento.“

Provérbios 3:13

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RESUMO

A filogenômica estuda os organismos através de análises comparativas das seqüências conservadas presentes em seus genomas visando encontrar alguma justificativa para a origem ou a evolução dos mesmos. Dentre as seqüências com elevado nível de conservação encontram-se os genes de reparo, pois são importantes para a conservação e manutenção da estabilidade genética. Por isso, variações em genes de reparo, como os da via de excisão de nucleotídeos (REN), podem indicar uma possível transferência gênica entre espécies. O presente trabalho teve o objetivo de analisar a história evolutiva dos componentes do REN. Para isso, seqüências de UVRA, UVRB, UVRC e XPB foram obtidas a partir do GenBank por Blast-p, considerando-se 10-15 como limiar, com o fim de criar um banco de dados. Estudos filogenéticos foram feitos utilizando algoritmos presentes nos programas PAUP, BAYES e no pacote PHYLIP. Foram construídas árvores com seqüências protéicas e com seqüências de RNA ribossômico 16S para análises comparativas através dos métodos de parcimônia, verossimilhança e bayesiano. De acordo com a árvore de XPB, as helicases dos eucariotos são similares as das arqueobactérias e apresentam comportamento semelhante ao longo da evolução, ou seja, compartilham um mesmo ancestral. Nas filogenias feitas para cada proteína do sistema uvrABC, foram encontradas três espécies da classe epsilonproteobacterias, três espécies da classe mollicutes e arqueobacterias das classes Methanobacteria e Methanococci formando um grupo monofilético. Esse dado é fortalecido através de uma árvore obtida com as proteínas, UVRA, UVRB e UVRC concatenadas. Assim, embora existam argumentos, na literatura, defendendo a transferência horizontal do sistema uvrABC de bactérias para arqueobactérias, a análise feita neste estudo sugere que a transferência vertical, tendo arquebacterias como origem, tanto do sistema uvrABC quanto dos genes XP, seja o caminho mais parcimonioso, considerando a ocorrência de grupos monofiléticos, o tempo de divergência das classes e o número de espécies de arqueobactérias portadoras dos genes do sistema uvrABC. Palavras chave: Reparo, transferência horizontal, filogenia e ancestral.

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ABSTRACT

The phylogeny is one of the main activities of the modern taxonomists and a way to reconstruct the history of the life through comparative analysis of these sequences stored in their genomes aimed find any justification for the origin or evolution of them. Among the sequences with a high level of conservation are the genes of repair because it is important for the conservation and maintenance of genetic stability. Hence, variations in repair genes, as the genes of the nucleotide excision repair (NER), may indicate a possible gene transfer between species. This study aimed to examine the evolutionary history of the components of the NER. For this, sequences of UVRA, UVRB, UVRC and XPB were obtained from GenBank by Blast-p, considering 10-15 as cutoff to create a database. Phylogenetic studies were done using algorithms in PAUP programs, BAYES and PHYLIP package. Phylogenetic trees were build with protein sequences and with sequences of 16S ribosomal RNA for comparative analysis by the methods of parsimony, likelihood and Bayesian. The XPB tree shows that archaeal´s XPB helicases are similar to eukaryotic helicases. According to this data, we infer that the eukaryote nucleotide excision repair system had appeared in Archaea. At UVRA, UVRB and UVRC trees was found a monophyletic group formed by three species of epsilonproteobacterias class, three species of mollicutes class and archaeabacterias of Methanobacteria and Methanococci classes. This information is supported by a tree obtained with the proteins, UVRA, UVRB and UVRC concatenated. Thus, although there are arguments in the literature defending the horizontal transfer of the system uvrABC of bacteria to archaeabacterias, the analysis made in this study suggests that occurred a vertical transfer, from archaeabacteria, of both the NER genes: uvrABC and XPs. According the parsimony, this is the best way because of the occurrence of monophyletic groups, the time of divergence of classes and number of archaeabacterias species with uvrABC system. Key-words: Repair, horizontal transfer, phylogeny, ancestral.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Reconhecimento e reparo do dano do DNA pelo complexo uvrABC. 14

Figura 2. Reparo por excisão de nucleotídeos em células humanas. 15

Figura 3. Árvore Filogenética não enraizada. 15

Figura 4. Árvore enraizada. 16

Figura 5. Árvore consenso de RNAr 16S. 29

Figura 6. Árvore consenso de UVRA. 30

Figura 7. Topologia da proteína UVRB. 31

Figura 8. Árvore consenso de UVRC. 32

Figura 9. Árvore filogenética do sistema uvrABC. 33

Figura 10. Árvore filogenética do sistema uvrABC sem Archaea. 34

Figura 11. Árvore filogenética da helicase XPB 35

Figura 12. Modelo para a evolução do sistema uvrABC. 36

Figura 13. Escala de tempo da evolução dos procariotos. 41

Figura 14. Modelo para a história evolutiva da via de reparo por excisão de nucleotídeos onde as arqueobactérias adquirem-no por transferência vertical.

42

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Abreviações das seqüências do sistema uvrABC e das seqüências de RNAr 16s e seus respectivos números de acesso ao banco de dados GenBank

54

Tabela 2 - Seqüências da helicase XPB selecionadas para análise 57

Tabela 3 -Posicionamento do sistema uvrABC nos genomas dos componentes do “grupo Único”

58

Tabela 4 - Levantamento de dados sobre os genes de reparo da via NER presentes nas arqueobactérias analisadas.

59

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LISTA DE ABREVIAÇÕES

rDNA - Seqüências de genes codificantes para RNA ribossomal. 11

LUCA - Ancestral comum e universal dos seres vivos. 11

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LISTA DE ABREVIAÇÕES vi

LISTA DE FIGURAS vii

LISTA DE TABELAS viii

RESUMO ix

ABSTRACT x

1 - INTRODUÇÃO 11 1.1 – Danos ao DNA e Sistema de Reparo 11 1.1.2 – Via de Reparo por Excisão de Nucleotídeo 13

1.2 – Filogenia 16

1.3 - Transferência Horizontal 19

2 – OBJETIVOS 19

2.1 – Objetivo Geral 20

2.2 – Objetivos Específicos 20

3 – MATERIAL E MÉTODOS 21

3.1 – Obtenção das Seqüências do Sistema uvrABC e Alinhamento 21

3.2 – Construção das Árvores Filogenéticas 22

3.2.1- Métodos de distância 23

3.2.2 - Método de máxima parcimônia 23

3.2.3 - Teste de confiança da topologia 24

3.2.4 – Método de Máxima Verossimilhança 24

3.3- Análise filogenética a partir da helicase XPB. 24

3.3.1- Construção da árvore filogenética da proteína XPB. 25

4– RESULTADOS 26

5 – DISCUSSÃO 37

6 – CONCLUSÕES 46

7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 47

8 – ANEXOS 54

Anexo I - Abreviações das seqüências do sistema uvrABC e RNAr

16s. 54

Anexo II - Seqüências da helicase XPB selecionadas para análise. 57 Anexo III - Posicionamento do sistema uvrABC nos genomas 58 Anexo IV - Levantamento de dados sobre os genes de reparo da via

NER presentes nas arqueobactérias analisadas. 59

Anexo V – Artigo em preparação 60

SUMÁRIO

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1 – INTRODUÇÃO

A partir do momento em que o homem percebeu a imensidão da variedade das

formas de vida, surgiu a necessidade de classificá-las. Assim, desde a teoria da

evolução de Darwin, os taxonomistas almejam obter uma classificação com a qual

seja possível compreender as relações evolutivas entre as espécies. Isto faz da

construção de filogenias uma das principais atividades dos taxonomistas modernos,

pois é um meio de reconstruir a história da vida. Tradicionalmente, as filogenias

eram obtidas a partir de características fenotípicas, contudo com o advento da

tecnologia de sequenciamento, tornou-se possível a construção de árvores

filogenéticas baseadas em seqüências nucleotídicas ou protéicas. Análises

baseadas em seqüências têm gerado dados importantes a respeito das relações

estabelecidas entre as espécies como, por exemplo, a construção da filogenia de

organismos cujo número de características fenotípicas conhecidas seja muito

reduzido. Devido a alta conservação gênica, o uso de árvores baseadas em

seqüências de genes codificantes para RNA ribossomal (rDNA) se tornaram padrão,

no entanto, alguns autores sugerem outros genes para serem utilizados como

modelo, como: recA, rpoB e gyrB (Eisen, 1995; Richert et al., 2007, Duarte et al.,

2004).

Com base em filogenias geradas recentemente, alguns pesquisadores propõem

a existência de um ancestral comum e universal (LUCA) para todas as divisões onde

estão agrupados os mais diversos tipos de organismos. A busca pelo LUCA ainda

não foi concluída e, ao longo do tempo, algumas teorias surgiram na tentativa de

criar uma árvore filogenética universal. Zilling et al. (1985) defende a idéia de que a

árvore filogenética universal seria enraizada no domínio bacteria, o que também é

defendido por outros estudos comparativos (Gorgaten et al., 1989; Brown & Doolittle,

1995; Lawson et al., 1996; Labedan et al., 1999; Cavalier-Smith, 2002). A hipótese

de que o LUCA seria um organismo similar aos eucariotos foi feita por Reanny

(1974), pois ele afirmou que moléculas típicas de eucariotos seriam importantes para

a caracterização do LUCA. Atualmente, alguns autores apóiam esta hipótese e

sugerem que os introns seriam uma dessas moléculas apontadas por Reanny

(1974), pois a presença deles nos genomas de eucariotos torna-os próximos ao

organismo ancestral uma vez que a perda e o acúmulo de introns ocorreram ao

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longo da evolução tendo como ponto de partida um organismo pobre em introns, o

LUCA até o surgimento de organismos ricos em introns, os eucariotos (Darnell,

1978; Doolittle, 1978; Darnell & Doolittle, 1986; Jeffares et al., 1998, 2006).

Contradizendo alguns estudos prévios sobre características do LUCA, Xue et

al. (2003, 2005) analisaram a evolução do código genético a partir de estudos

comparativos de seqüências de RNA transportadores (RNAt) porque a presença de

genes de RNAt parálogos representa um aspecto fundamental na evolução do

código genético (Wong, 2005). Esses trabalhos e Di Giulio (2007) sugerem que a

árvore universal da vida poderia ter surgido no domínio Archaea por causa da

conservação excepcional do código de RNAt de arqueobactérias e do LUCA.

Assim, tendo em vista a discordância entre os pesquisadores, a existência de

estudos que busquem esclarecer a relação entre os três domínios Archaea, Bacteria

e Eucaria com o LUCA ainda é importante, até que a árvore universal da vida esteja

completamente esclarecida.

1.2 – Danos ao DNA e Sistema de Reparo

Qualquer processo muito repetitivo é passível de erro e mesmo o DNA se

duplicando com uma precisão espantosa, com as milhões de divisões celulares que

ocorrem ao longo da vida de um organismo os erros podem acontecer. Além disso, a

molécula de DNA está sujeita a ação de agentes lesivos, seja endógenos ou

exógenos (ambientais), tanto de natureza física quanto química (Lehmann, 2000).

As lesões causadas ao DNA podem ser reparadas por um conjunto de genes

denominados genes de reparo. Os genes de reparo são importantes para garantir a

estabilidade genética, pois servem como moduladores da freqüência e da variação

gênica.

A ação dos mecanismos de reparo do DNA está relacionada a cada tipo de

dano. Portanto, há três principais vias de reparo da lesão do DNA: a via de reversão

direta, o reparo por excisão de base e o reparo por excisão de nucleotídeos. Na

reversão direta da lesão, as ligações químicas anormais entre as bases

nitrogenadas, ou entre um nucleotídeo anormal e um substituto são quebradas. Em

relação ao reparo por excisão de base, normalmente, reconhecem lesões que não

danificam a estrutura da molécula de DNA como uracila, timina glicol e 8-oxo-

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guanina as quais são removidas em duas etapas. Primeiro, uma DNA glicosilase

retira a base modificada clivando a ligação glicosídica entre a base e a

desoxirribose. O secundo passo é a retirada do açúcar abásico pela ação

combinada das enzimas AP liase e AP endonucleases (Sancar & Sancar, 1988).

1.1.2 – Via de Reparo por Excisão de Nucleotídeo

O reparo por excisão de nucleotídeos (NER) reconhece um grande número de

lesões de DNA que causam distorções estruturais significativas, incluindo

fotoprodutos induzidos por UV, aductos químicos e ligações internas entre as fitas,

que podem acarretar graves danos à integridade do material genético (Sancar &

Sancar, 1988). Como a via de reparo por excisão de nucleotídeo é importante para

reverter danos causados ao DNA, e conseqüentemente mutações, as seqüências

dos genes que a compõem são muito conservadas. Tamanha conservação qualifica

os genes da via NER a serem candidatos a possíveis modelos de reconstrução

filogenética

Em procariotos, a via de reparo por excisão de nucleotídeos é formada por

quatro enzimas (excisonucleases) codificadas pelos genes uvrA, uvrB, uvrC e uvrD,

as quais formam o denominado sistema uvrABC. A via NER é iniciada com o

reconhecimento da lesão, que é seguido pela excisão do trecho oligonucleotídico

contendo a lesão e posteriormente à síntese de reparo, preenche a lacuna deixada,

restaurando a molécula original (de Laat et al., 1999) (Figura 1).

Em eucariotos, o mecanismo de reparo é bioquimicamente semelhante, mas

envolve um maior número de enzimas, que não são homólogas às que compõem o

sistema uvrABC (Figura 2).

Através dos dados gerados com os sequenciamento de genomas de

organismos do domínio Bactéria, sabe-se que os genes que compõem a via NER

são muito conservados. Quanto à arqueobactérias, sabe-se da existência de genes

responsáveis por essa via que apresentam homologia tanto com genes de

Eucariotos como de bactérias (Eisen & Hanawalt, 1999). Atualmente, com o

aumento da realização de projetos genomas de arqueobactérias, sabe-se da

existência de onze espécies do domínio Archaea que apresentam genes homólogos

aos do sistema uvrABC de bactéria.

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Devido ao elevado grau de conservação dos genes de reparo, o estudo

comparativo destes entre as espécies tem se mostrado importante para a

compreensão da evolução do processo de reparo de DNA, que é indispensável à

estabilidade genética.

Figura 1. Reconhecimento e reparo do dano do DNA pelo complexo uvrABC. A UVRA e UVRB formam um heterodímero que reconhece o DNA lesado. Após o reconhecimento da lesão, a UVRA dissocia-se de UVRB. Então, a UVRB associado ao DNA (uvrB:DNA) é reconhecido pelo uvrC formando um complexo enzimático que realiza incisões na porção 3´ e 5´ da região danificada do DNA. A UVRD (DNA helicase II) remove o oligonucleotídeo excisado e a UVRC. Finalmente, a DNA polimerase I preenche o espaço deixado pelo oligo e retira a UVRB. A ligação do novo fragmento é feito pela DNA ligase (Truglio et al., 2006).

Ligação

Reparo

Excisão

RNA Pol parada

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Figura 2

do reconhecimlocal do danohidrolisa umauma moléculaa formação doem PIC3 queespaço é preereparo (Reard

Incisão Incisão

Resín

tese

. Reparo por Excisão em células humanas. Os fatores que participam ento do dano ao DNA são, RPA, XPA, e XPC_TFIIH, que se unem no (triângulos pretos) aleatoriamente para formar um complexo. O TFIIH molécula de ATP para gerar o complexo pré-incisão (PIC1). O XPC é marcadora que ajuda a recrutar o XPG para o PIC1. O XPC sae para PIC2. Então, o PIC2 é reconhecido pelo XPF_ERCC1 convertendo-o é capaz de incisar oligonucleotídeos de 24 a 32 nucleotídeos. O nchido por uma polimerase e a ligase atua para completar a reação de on & Sancar, 2006).

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1.2 – Filogenia

A filogenia é um ramo da ciência que procura estabelecer as relações

evolutivas ou de parentesco presentes em um grupo de táxons. Os táxons ou as

unidades taxonômicas operacionais (OTU – “Operational Taxonomic Unit”) podem

ser qualquer nível taxonômico onde a história evolutiva é passível de verificação. As

árvores são representações gráficas das relações entre as OTUs. Os nós terminais

das árvores filogenéticas, que se encontram nas extremidades, correspondem aos

táxons, enquanto que os nós mais internos correspondem aos ancestrais comuns. A

conexão de mais de três ramos a um único nó é denominada como uma politomia, e

quando há três ramos conectados a um nó temos a representação de uma

dicotomia. As árvores bifurcadas podem ser enraizadas ou não, ou seja, quando a

árvore aponta para uma espécie ancestral comum a todo o grupo ela é tida como

enraizada (Figura 4). A árvore sem raiz não define o caminho evolutivo, apenas

agrupa as OTUs relacionadas (Figura 3).

Figura 3. Árvogerada a partir dasJoining.

re Filogenética segundo (Eisen, 2000b). Árvore não enraizada seqüências de RNAr com o método de distância Neighbor-

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Figura 4.enraizada geraVerossimilhanç

A classific

registros fósse

crescido propo

parâmetros usa

uma revisão do

al., 2006). Esse

filogenéticas atr

independentem

1999) e Philli

considerados:

1. Um

inferência filog

probabilidade d

refletem a histó

2. Os

duplicação, pod

para a reconstru

3. Os

especiação de

Esses genes sã

4. Os

são muito impo

Árvore Filogenética segundo (Battistuzzi et al., 2004). Árvore da a partir das seqüências de 32 proteínas pelos métodos de a e Bayesiano cuja topologia foi testada pelo Bootstrap.

ação taxonômica atual utiliza, além dos dados morfológicos e os

is, os dados bioquímicos, fisiológicos e moleculares os quais têm

rcionais ao desenvolvimento tecnológico. Assim, com aumento de

dos pela taxonomia para conceituar e compreender as espécies,

esquema de classificação taxonômica se fez necessária (Gevers et

s dados moleculares passaram a ser utilizados para realizar análises

avés de programas que avaliam a história evolutiva de alguns genes

ente da história do grupo taxonômico. Segundo (Eisen & Hanawalt

ps et al. (2000), é fundamental que alguns aspectos sejam

a amostra com maior número de grupos taxonômicos utilizada para

enética, é melhor do que uma amostra pequena, pois reduz a

a filogenia estar sendo determinada por substituições raras que não

ria evolutiva;

genes homólogos parálogos, ou seja, originários de uma

em ajudar a identificar a origem dos genes. Eles não são indicados

ção de filogenia das espécies;

genes homólogos ortólogos surgem através de um evento de

maneira que os mesmos passem a ter histórias evolutivas distintas.

o indicados para a construção de filogenia de espécies;

genes homólogos xenólogos que surgem por transferência lateral

rtantes para a compreensão da evolução dos genomas. E os genes

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homólogos plerólogos que surgem por conversão gênica são pouco informativos em

análises filogenéticas;

5. O alinhamento das seqüências é um passo fundamental para o estudo

filogenético, porque ele nos permite definir as posições homólogas. Regiões

homólogas neste tipo de análise significam nucleotídeos que ocupam a mesma

posição, pois eles supostamente têm um ancestral comum, porém não são

necessariamente iguais. É a posição na seqüência que determinará se um

nucleotídeo é ou não homólogo a outro. Ou seja, assim como para caracteres

morfológicos, moléculas homólogas não apresentam necessariamente a mesma

função. Não podemos confundir similaridade com homologia, uma vez que

similaridade é uma simples medida de semelhança entre as seqüências. Enquanto

que a homologia considera a ancestralidade;

6. A escolha de um modelo teórico de evolução que reflita o processo

evolutivo para os dados trabalhados é um passo muito importante, pois quando

inferimos uma filogenia, estamos estimando a história evolutiva baseados nas

alterações das características herdadas que refletem na seqüência de DNA. Estas

mudanças podem ser justificadas por um modelo evolutivo que trabalha com

suposições (Vinuesa et al., 2005).

1.3 - Transferência Horizontal

A transferência gênica horizontal ou lateral é a denominação atribuída aos

processos que permitem a troca de material genético entre organismos de espécies

distintas. Antes, a transferência horizontal era analisada somente pela genética

clássica, mas, recentemente ela tem sido reconhecida pelos taxonomistas como um

importante mecanismo para a compreensão da evolução das espécies (Arber, 2000;

de la Cruz & Davies, 2000; Eisen, 2000a).

Existem três mecanismos pelos quais pode haver transferência horizontal:

transformação, conjugação e transdução. A transformação é o processo através do

qual os procariotos adquirem DNA livres no ambiente. A conjugação é caracterizada

pela troca de material genético, em especial plasmídeos, entre bactérias (Jain et al.,

2003). A transferência de DNA por infecção viral é conhecida como transdução, uma

ampla variedade de vírus têm a capacidade de facilitar a transferência de material

genético entre organismos filogeneticamente distantes (Karaolis et al., 1999).

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Atualmente, há inúmeros genes que são candidatos a terem sofrido o processo

de transferência horizontal, entre procariotos (Jain et al., 1999), entre bacteria e

eucariotos (Doolittle, 1999), entre bactéria e arqueobactéria (Nelson et al., 1999),

entre animais e bactérias (Wolf et al., 1999; Aravind et al., 1999). Até mesmo o

genoma humano possui cerca de 0,5% de seqüências de origem bacteriana

(Ponting, 2001). Genes “de informação” (responsáveis pela transcrição e tradução)

do Methanocaldococcus jannaschii (arqueobactéria) são homólogos aos de

eucariotos enquanto que os genes basais (responsáveis pelo metabolismo celular e

síntese da parede celular, por exemplo) são mais próximos aos de bactéria (Koonin

et al., 1997), o que indica que cada gene possui sua própria história evolutiva, pois é

submetido a pressões evolutivas específicas. Para solucionar tal impasse, foi

observado que as árvores genômicas, baseadas em toda a informação genômica,

são mais informativas e podem refletir a história evolutiva de um organismo tão bem

ou melhor do que as árvores gênicas baseadas em genes conservados (Snel et al.

2005). Com isso pode-se afirmar que as árvores gênicas não devem ser usadas

para estudar a filogenia de organismos, e sim para esclarecer a história evolutiva de

genes isolados ou de uma via enzimática completa, informação essa que é perdida

na árvore genômica (Jain et al., 1999).

Como a conservação das vias de reparo de DNA é importante para a

manutenção da vida, alguns genes de reparo se tornaram alvos de estudos

filogenéticos como, por exemplo, a proteína RecA que foi apresentada como um

modelo para reconstrução filogenética (Eisen, 1995). Quanto a via de reparo por

excisão de nucleotídeo (NER), esta se encontra ausente ou presente de forma

parcial nos genomas de espécies representantes do domínio Archaea (Cleaver et

al., 2001) o que aponta para a necessidade de mais estudos com o enfoque na

história evolutiva dos três domínios: Archaea, Bacteria e Eucaria. Além disso, várias

questões evolutivas quanto à via NER estão abertas entre elas destacam-se: a

presença do mesmo mecanismo bioquímico de excisão tanto em bactérias quanto

em eucariotos, sem homologia entre as proteínas envolvidas; e em arqueobactéria,

pouco se conhece sobre reparo de DNA e em especial quanto à via NER, visto que

genes homólogos aos de bactéria e de eucariotos podem ser encontrados nesses

organismos, dependendo da espécie de analisada. Nesse contexto, pretendemos

avaliar a história evolutiva da via de reparo por excisão de nucleotídeos buscando

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onde ela surgiu e qual seu comportamento ao longo da evolução dos domínios

Archaea, Bacteria e Eucaria.

2 – OBJETIVOS

2.1 – Objetivo Geral

Ø Analisar a história evolutiva da via de reparo por excisão de

nucleotídeos (NER) e relacionar os domínios Bacteria, Eucaria e Archaea dentro

desse processo.

2.2 – Objetivos Específicos

Ø Determinar o melhor método de reconstrução filogenética para os

dados em análise.

Ø Obter árvores filogenéticas consenso para cada enzima da via NER.

Ø Analisar a viabilidade do uso da via de Reparo por Excisão de

Nucleotídeo (NER) como um modelo para a realização de análises filogenéticas.

Ø Verificar a ocorrência de Transferência Horizontal utilizando as

seqüências de genes que compõem a via de Reparo por Excisão de Nucleotídeo de

espécies dos domínios Bacteria, Eucaria e Archaea.

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3 – MATERIAL E MÉTODOS

3.1 - Obtenção das Seqüências do Sistema uvrABC e

Alinhamento

As seqüências dos genes da via NER de Escherichia coli (melhor modelo

estudado) foram obtidas a partir do banco de dados público o Genbank

(http://www.ncbi.nlm.nih.gov/) e estas foram submetidas à ferramenta BLAST-p via

NCBI, para que o grau de similaridade com seqüências disponíveis no GenBank

fosse verificado. Considerou-se como resultado positivo às seqüências protéicas

cujo “E-value” encontrado foi menor que 1x10-5. Também foram obtidas seqüências

de rDNA 16S para utilizadas como modelo comparativo. Nos casos em que se

encontrou várias cópias de seqüências de rDNA 16S em uma espécie, estas foram

alinhadas e selecionadas de acordo com o grau de conservação (Anexo I).

A ferramenta BLAST (Basic Local Alignmente Search Tool) é constituída por

um conjunto de programas desenvolvido para alinhar porções de seqüência

nucleotídica e/ou peptídica, representando somente domínios funcionais ou mesmo

seqüências inteiras. Esses programas conseguem alinhar regiões desejadas com o

mínimo de redundância possível (Altschul et al., 1997). As seqüências quando

submetidas ao BLAST via NCBI (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/), voltam alinhadas com

genes ou proteínas que apresentam o maior grau de similaridade com a seqüência

submetida. Este maior grau de similaridade é dado pelo “E-value”, que representa a

probabilidade deste alinhamento ter acontecido ao acaso e o valor mínimo, ou o

melhor, é 0,0. Isso significa que quanto menor o valor do “E-value” maior o grau de

similaridades entre as seqüências analisadas.

Após a pré-seleção das 59 seqüências a partir da análise do “E-value”, foram

selecionadas seqüências de organismos representantes de alguns Filos das

Divisões Archaea e Bacteria , para possibilitar a análise filogenética a partir da via

NER. Então, as seqüências foram alinhadas através do programa ClustalW e

editadas por meio Bioedit (Hall, 1999). A classificação taxonômica foi toda baseada

no Bersgey´s Manual of Systematic Bacteriology (Garrity et al., 2002). Uma vez

escolhidas as espécies para estudo, foram obtidas as seqüências dos rDNA 16S. As

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árvores obtidas com genes de RNAr 16S, foram usadas como padrão para

comparação com as árvores geradas com as seqüências das proteínas NER.

As seqüências protéicas das enzimas da via NER, depois de selecionadas,

foram concatenadas através de edição manual com o auxílio do software Bioedit

(Bioedit Sequence Alignment editor) e então usadas para análises filogenéticas

relacionadas a esse sistema de reparo como um todo. Para as inferências

filogenéticas de todo sistema uvrABC, construiu-se duas topologias: a primeira foi

construída com seqüências de organismos dos domínios Archaea e Bacteria, já a

segunda árvore contemplou somente representantes do domínio Bacteria. Dessa

maneira, a importância das arqueobactérias quanto ao comportamento da via NER

ao longo da evolução, pode ser mais bem avaliada.

3.2 – Construção das Árvores Filogenéticas

Para a construção de árvores filogenéticas é imprescindível a avaliação dos

métodos de inferência filogenética que podem adotar três caminhos:

1. Os métodos algorítmicos permitem obter a melhor árvore seguindo

uma seqüência de passos, um algoritmo.

2. Os métodos estocásticos comparam possíveis filogenias para

explicação dos dados e escolhe a melhor. Isso ocorre através de dois passos:

definição do critério para se chegar a melhor árvore e depois o cálculo dos valores a

partir de um critério pré-estabelecido.

3. E o método Bayesiano o qual permite a obtenção de árvores

filogenéticas a partir de seqüências de DNA e de dados temporais de fósseis. O

método é capaz de estimar o tempo do processo de especiação a partir de um

ancestral comum e só então calcular as probabilidades que determinarão à topologia

correta da árvore (Yang & Rannala, 1997).

Os dois primeiros utilizam algoritmo, contudo um o usa para a seleção da

melhor árvore e no segundo, o algoritmo seria apenas uma ferramenta para definir o

critério de seleção da melhor árvore. Como os métodos estocásticos analisam várias

árvores eles precisam de um tempo computacional maior do que os métodos

puramente algoritmos, pois esses determinam uma única árvore (Salter & Pearl,

2001). Já o método bayesiano utiliza a cadeia de Markov que é baseada no método

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de Monte Carlo o qual, na busca pela topologia mais provável, calcula as

probabilidades para cada topologia independentemente. O que limita o número de

táxons a serem analisados (Yang & Rannala, 1997).

No presente trabalho, foram construídas árvores filogenéticas através dos

métodos citados anteriormente utilizando os programas presentes no pacote

PHYLIP (http://evolution.genetics.washington.edu/phylip.html), no PAUP e no

MRBAYES (http://www.morphbank.ebc.uu.se/mrbayes/info.php.), para possibilitar

uma análise mais abrangente dos dados.

3.2.1- Métodos de distância

Esses métodos são baseados numa matriz de distância evolutiva que é

calculada de acordo com o número de mudanças por sítio que tenha ocorrido entre

duas seqüências desde suas divergência de um ancestral comum (Swofford et al.,

2001).

Neighbor-joining é um algoritmo que gera uma árvore a partir de uma matriz de

distância. Este método é próprio para analisar uma grande amostra de dados e por

isso é muito usado para análises filogenéticas genômicas (Hoyle & Higgs, 2003).

Para análises dos dados obtidos, resolvemos adotar um modelo evolutivo

baseado na matriz de PAM, uma vez que, esse modelo leva em consideração a

freqüência de substituições de aminoácidos. Quanto maior a distância evolutiva

entre as espécies, maior a freqüência de substituições entre elas (Reese & Pearson,

2002).

3.2.2 - Método de máxima parcimônia

A máxima parcimônia não exige nenhum modelo para a mudança evolutiva. O

método se baseia em um modelo de evolução probabilístico onde a probabilidade de

ocorrer uma mudança é superior a de ocorrerem duas. Trata-se de substituições

independentes gerando o mesmo resultado como um evento relativamente raro.

Assim, a árvore mais parcimoniosa é aquela que requer um menor número de

eventos evolutivos para explicar o surgimento de um caráter (Berlocher & Swofford,

1997).

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3.2.3 - Teste de confiança da topologia

Um dos testes de confiança em topologia é o bootstrap. Esse teste é muito

utilizado na avaliação de árvores de distância e de parcimônia. O método consiste

numa reamostragem com reposição pseudoaleatória dos dados o que gera a cada

reamostragem uma árvore-réplica e ao final de todas as réplicas, a árvore final é

obtida. Os valores presentes na árvore indicam a topologia de consenso das

árvores-réplicas. A técnica do bootstrap revela a consistência interna dos dados,

pois se a topologia alterar muito de acordo com a reamostragem, o valor do

bootstrap será menor que 50% o que indica uma menor segurança. Portanto,

podemos considerar o valor da probabilidade do bootstrap como uma subestimativa

da probabilidade de um determinado ramo ser verdadeiro (Hillis & Bull, 1993).

3.2.4 – Método de Máxima Verossimilhança

A máxima verossimilhança baseia-se em modelos evolutivos de substituição de

nucleotídeos ou aminoácidos. Esses modelos são avaliados quanto a sua

probabilidade de explicar um conjunto de dados de forma que reflita a história

evolutiva mais verossímil. O modelo que apresentar o melhor valor de

verossimilhança, que, por questões operacionais, é dado em forma logarítmica, será

o escolhido como base para a reconstrução da árvore (Felsenstein, 1992).

Para a escolha do melhor modelo evolutivo, a partir dos dados em análise,

utilizamos o programa MODELTEST (Posada & Crandall, 1998).

3.3- Análise filogenética a partir da helicase XPB.

A Seqüência peptídica da XPB oriunda da espécie Homo sapiens sapiens foi

obtida do Genbank e utilizada como parâmetro comparativo para uso da ferramenta

BLAST-p via NCBI. Desta forma, as seqüências com elevado grau de similaridade à

de humano foram encontradas e selecionadas de acordo com o valor do “E-value”

(Anexo II). Foi considerado resultado positivo as seqüências protéicas cujo “E-value”

encontrado foi menor que 1x10-5. Depois da pré-seleção das seqüências a partir da

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análise do “E-value”, foram selecionadas seqüências de organismos representantes

das divisões Archaea e Eucaria, o que possibilitou uma análise filogenética da XPB

que é uma helicase presente no complexo enzimático responsável pela via NER em

eucariotos. Então, as seqüências foram alinhadas através do programa ClustalW e

editadas por meio Bioedit. A classificação taxonômica foi toda baseada no Bersgey´s

Manual of Systematic Bacteriology (Garrity et al., 2002).

3.3.1- Construção da árvore filogenética da proteína XPB.

Para a construção de uma topologia que representasse a história evolutiva da

proteína XPB foram usados softwares dos pacotes PHYLIP, PAUP e do MRBAYES

os quais possibilitaram a utilização dos mesmos métodos citados anteriormente.

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4– RESULTADOS

A partir de seqüências de RNAr 16S foi obtida uma topologia consenso por

meio de parcimônia, Neighbor-joining, máxima verossimilhança e inferência

Bayesiana. Através desta topologia, verificou-se que a reconstrução filogenética

estava de acordo com a classificação taxonômica presente no Bersgey´s Manual of

Systematic Bacteriology (Garrity et al., 2002) e que tanto o método de máxima

verossimilhança como o Bayesiano são mais indicados para obter este tipo de

árvore filogenética, pois através deles foram obtidos os melhores valores com o

teste de topologia Bootstrap (Figura 5).

Construímos, através da mesma metodologia, topologias que representassem

a história evolutiva do gene uvrA a partir de seqüências da proteína UVRA. Na

árvore filogenética obtida foi observado algumas diferenças em relação à topologia

de RNAr 16S (Figura 6), como:

I. O filo euriarchaeota esteve presente em ramos distintos onde dois grupos

passam por processos evolutivos específicos. Um grupo apresenta maior

proximidade da classe das Epsilonproteobacterias e é constituído pelas espécies:

Methanosarcina barkeri, Methanococcus maripaludis, Methanosphaera stadtmanae,

Methanospirillum hungatei, Methanococcoides burtonii, Methanosarcina mazei,

Methanosarcina acetivorans e a Methanothermobacter thermautotrophicus. O

segundo grupo é formado por espécies que fazem parte da classe Halobacteria:

Haloarcula marismortui, Natronomonas pharaonis e Halobacterium sp.. Esse grupo

faz parte do mesmo ramo que a Anaeromyxobacter dehalogenans que pertence às

deltaproteobacterias.

II. Os mycoplasmas encontram-se distanciados dos demais representantes da

classe Firmicutes, compartilhando um ancestral comum com as

Epsilonproteobacterias.

III. Na árvore é constatada a presença de um ramo único composto pelas

Epsilonproteobacterias, pelos mycoplasmas e pelas arqueobactérias da classe

Methanococci: M. barkeri, M. maripaludis, M. stadtmanae, M. hungatei, M. burtonii,

M. mazei, M. acetivorans.

A árvore filogenética da UVRB é muito semelhante a da UVRA diferindo

apenas quanto à ausência das Actinobactérias como um grupo conservado. Duas

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representantes das Actinobactérias, Thermobifida fusca e Frankia sp, compartilham

um ancestral em comum com as arqueobactérias da classe Haloarca. O grupo

formado pelas Epsilonproteobacterias, pelos mycoplasmas e pelas arqueobactérias

permanece em um mesmo ramo (Figura 7).

A reconstrução filogenética resultante das seqüências de UVRC é semelhante

à árvore de UVRB, devido à presença das actinobactérias como um grupo dividido e

por causa da presença do mesmo grupo com representantes das classes firmicutes,

epsilonproteobacteria e arqueobactérias em um ramo único (Figura 8). Contudo, as

espécies da classe Haloarca, dentre as arqueobactérias, compartilham um ancestral

comum com representantes da classe Firmicutes.

Para ratificar os dados anteriores, construiu-se uma topologia com as

seqüências das proteínas do sistema uvrABC concatenadas de maneira que a

história evolutiva de todo o sistema fosse representada. A árvore filogenética do

sistema uvrABC resumiu as topologias individualizadas de cada proteína, diferindo

apenas quanto ao posicionamento dos representantes da classe Haloarca, pois, de

acordo com a filogenia de toda a via NER, as Halobacterias e as Actinobacterias

seriam evolutivamente próximas no que diz respeito ao reparo de excisão de

nucleotídeos. A filogenia do sistema uvrABC (Figura 9) comprovou a conservação do

ramo formado por organismos de diferentes classes, citado anteriormente. Uma

segunda árvore, representando todo o sistema uvrABC mas sem as

arqueobactérias, foi feita com a finalidade de avaliar a participação do domínio

Archaea no processo evolutivo do reparo por excisão de nucleotídeos (Figura 10).

Essa topologia se apresentou muito próxima à obtida com as seqüências de RNA

ribossômico, ou seja, a disposição das espécies esteve de acordo com a taxonomia

tradicional.

Foi realizada uma análise filogenétoca da proteína XPB, que é uma helicase

que integra o complexo enzimático da via NER dos eucariotos (Figura 11). A árvore

relacionou seqüências de arqueobactérias que apresentavam o sistema uvrABC e

outras onde o sistema está ausente, além de representantes de seis classes do

domínio Eucaria (ver anexo II). De acordo com a filogenia encontrada, tanto as

Archaea como os eucariotos compartilham o mesmo ancestral no que diz respeito à

proteína XPB.

Fizemos um levantamento de dados sobre os genes de reparo da via NER

presentes nas espécies de arqueobactérias usadas nas análises, para que fosse

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possível uma melhor compreensão da via nos organismos e para facilitar as análises

filogenéticas (Ver anexo IV).

Como resultado final de nossa pesquisa, foi elaborado um modelo a título de

sugestão para a origem da via NER (Figura 12): o reparo por excisão de nucleotídeo

teria surgido em um ancestral comum que possuiria apenas o complexo formado

pelas proteínas XPs. A partir deste ancestral teria ocorrido uma divergência e

surgido os domínios Archaea e Bacteria. Somente após o surgimento das bactérias,

o sistema uvrABC teria surgido, mas o complexo de XPs não teria sido herdado. Em

um dado momento, devido as condições extremas onde habitam algumas espécies

de arqueobactérias, a aquisição do sistema uvrABC se tornou vantajosa e se fez

necessário a ocorrência de transferência lateral onde todo o operon uvrABC foi

transferido. A transferência do operon ocorreu, contudo foram dois eventos

independentes com origens e em épocas distintas. As halobactérias receberam o

operon a partir das actinobactérias, enquanto que as metanobactérias teriam

recebido o operon das Firmicutes. Aquelas arqueobactérias que mantiveram apenas

o reparo por excisão de nucleotídeos realizado pelas proteínas XPs foram as

precursoras da célula eucariótica ancestral.

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Figura 5. Árvore filogenética obtida a partir de seqüências de RNAr 16S. Árvore consenso, após a criação de 100 réplicas através do programa bootstrap. Os valores em cada nó representam os valores de bootstrap em percentagem.

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Figura 6. Árvore consenso representando as seqüências da proteína UVRA. Um grupo monofilético e heterogêneo é formado por espécies das classes epsilonproteobacteria, firmicutes and euriarchaeota que estão indicadas pelas linhas em negrito.

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Figura 7. Topologia da proteína UVRB. O resultado é similar ao da árvore de UVRA, há um grupo monofilético formado por representantes de diferentes classes como indicado pelas linhas em negrito.

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Figura 8. Árvore consenso de UVRC – topologia semelhante à de UVRB, comprovando que o grupo composto por organismos de classes distintas é conservado dentro da filogenia do sistema uvrABC.

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Figura 9. Árvore não enraizada, formada pelo método bayesiano, do sistema uvrABC – essa análise está de acordo com as análises filogenéticas de cada enzima do sistema as quais foram feitas de forma isolada.

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Figura 10. Árvore do sistema uvrABC feita através do método bayesiano - Nessa análise não foram usados organismos do domínio Archaea. A filogenia observada é muito semelhante à do RNAr 16S.
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Figura 11. Árvore da helicase XPB. O método que apresentou os melhores valores de bootstrap foi o da verossimilhança. A árvore relaciona seqüências de arqueobactérias que possuem a via NER tanto de procariotos como a de eucariotos e também outras onde via NER de procariotos está ausente. Além disso, estão presentes seis representantes de classes do domínio Eucaria.

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Fig. 12. Modelo para a história evolutiva da via de reparo por excisão de nucleotídeos com origem em um ancestral comum.

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5 – DISCUSSÃO

Um ramo conservado e único formado por espécies das classes Firmicutes,

Euriarchaeota e Epsilonproteobacteria foi encontrado em todas as topologias das

proteínas que compõem o sistema uvrABC, o que se caracteriza como um dado no

mínimo intrigante, pois não é esperado de acordo com a classificação taxonômica

atual. A história evolutiva das três divisões Archaea, Eucaria e Bacteria é um ponto

que chama a atenção dos pesquisadores há certo tempo e tem sido alvo de muitos

estudos. Não se encontra muita coerência no que se diz respeito ao assunto na

literatura, pois alguns autores sugerem que as arqueobactérias sejam mais próximas

dos eucariotos do que das bactérias por apresentarem histonas e homólogos à XPF,

RPA, PCNA dentre outras enzimas típicas de eucariotos (White, 2003). Isso poderia

ser justificado pela existência de um ancestral em comum entre as arqueobactérias

e os eucariotos uma vez que quanto mais recente for uma transferência gênica,

maior será a similaridade entre o gene e o seu homólogo ancestral (Doolittle, 2000).

Com a conclusão do sequênciamento do genoma da arqueobactéria

Methanococcus janaschii, foi revelada a existência de dois grandes grupos de

genes: um grupo seria mais similar aos genes de eucariotos do que aos de bactéria,

enquanto que outro grupo seria mais próximo aos homólogos bacterianos (Bult et al.,

1996). Koonin et al. (1997) avaliou as proteínas identificadas nos genomas das

bactérias Haemophilus influenzae, Mycoplasma genitalium e Synechocystis sp. e as

presentes no genoma da arqueobactéria M. janaschii, identificando os motivos

funcionais e quantificando a similaridade entre elas. Com base em suas análises

eles puderam afirmar que os genes da M. janaschii relacionados com tradução,

transcrição, replicação e secreção protéica são mais similares aos de eucariotos.

Enquanto que os genes envolvidos com a divisão celular, produção de energia,

metabolismo celular, transporte de metabólitos e biosíntese da parede celular são

mais próximos aos genes bacterianos.

Assim, como as arqueobactérias encontram-se muito próximas tanto dos

eucariotos quanto das bactérias, será que elas seriam os organismos vivos mais

próximos do que poderia se chamar de “ancestral comum universal”?

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A análise filogenética da via de reparo por excisão de nucleotídeos realizada no

presente trabalho veio contribuir para o conhecimento quanto à evolução da via NER

dentro desse polêmico contexto que é a existência ou não de um ancestral comum

aos três domínios.

De acordo com nossos dados, a via NER de organismos das classes de

arqueobactérias Methanobacteria (M. stadtmanae e M. thermautotrophicus) e

Methanococci (Methanosarcina barkeri, Methanococcus maripaludis,

Methanospirillum hungatei, Methanococcoides burtonii, Methanosarcina mazei e

Methanosarcina acetivorans), pode ter surgido por transferência horizontal a partir

de bactérias de genoma reduzido da classe Firmicutes, os Mycoplasmas, ou a partir

das epsilonproteobactérias (Figura 9). Choi & Kim (2007) criaram um método de

encontrar domínios funcionais de proteínas que sofreram transferência horizontal e

assim descobriram que mais de 50% das Archaea possuem um ou mais domínio de

proteína adquirido por transferência horizontal, enquanto que isso só corre com um

pouco mais de 30% das bactérias. Isso sugere que há uma maior probabilidade das

Archaea terem recebido os genes por transferência horizontal. Um dado que

corrobora nossa hipótese é a organização dos genes uvrA, uvrB e uvrC em operon

nas M.barkeri e M.maripaludis (Anexo III) uma vez que um único evento de

transferência lateral garantiria a transferência de todo o sistema, sem falar que a

organização em operon é muito comum nos genomas bacterianos. Aravind et

al.(1999) também sugeriram a transferência do operon uvrABC de bactéria para

arqueobactérias por causa da organização dos genes em operon e devido à

conservação dos domínios funcionais nas três nucleases. Contudo, no genoma dos

Mycoplasmas e das epsilonproteobactérias o sistema uvrABC apresenta-se disperso

ao longo do genoma a exemplo da via NER em E.coli (Anexo III).

O gênero Mycoplasma abrange organismos que apresentam genomas de

tamanho reduzido, apresentando 0,58 a 1,35 Mb. Essa informação genética limitada

obriga estas bactérias a adquirirem nutrientes de seus hospedeiros. Mas, também

devido a essa informação genética reduzida, os Mycoplasmas não apresentam parte

da resposta SOS assim como outras proteínas de reparo comuns na E. coli,

incluindo o sistema MutSLH que participa do reparo por mismatch o qual é

responsável por reduzir a taxa recombinacional entre seqüências divergentes (Razin

et al., 1998). A falta do reparo mismatch pode favorecer a mutagênese e a

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recombinação irregular o que pode ter favorecido a perda da organização do sistema

uvrABC em operon nos Mycoplasmas.

A conservação da ordem dos genes ao longo do genoma, que é denominada

sintenia, também está relacionada com a divergência das espécies. A ordem dos

genes tende a se manter conservada entre espécies muito próximas, mas a

conservação reduz rapidamente à medida que ocorre a divergência entre as

espécies (Tamames, 2001). Nakamura et al. (2003), ao analisar a sintenia de genes

ortólogos das espécies dos gêneros Corynebacterium e Mycobacterium, verificaram

que ocorreu uma quebra da sintenia dos genes analisados da Corynebacterium

efficiens e da Mycobacterium tuberculosis somente depois da divergência dessas

espécies a partir de um ancestral comum. Ou seja, caso a transferência lateral entre

os Mycoplasmas e as Methanobacteria seja muito antiga, é esperado que a sintenia

do operon uvrABC tenha sido perdida depois da divergência das espécies de

Mycoplasmas o que justifica a ausência dos genes na forma de operon, atualmente.

Através de comparações de genomas microbianos completos, Lemoine et al.

(2007) detectaram blocos em sintenia conservados. Ao avaliarem a freqüência, o

tamanho e a sintenia dos blocos, os pesquisadores concluíram que o tamanho

destes blocos era inversamente proporcional à proximidade taxonômica dos

organismos. Isso justifica a perda de sintenia do operon uvrABC com as inúmeras

divergências entre as espécies do domínio Bacteria. No entanto, o operon uvrABC

teve sua sintenia conservada nos genomas das Methanobacterias, e isso pode ter

ocorrido por causa de algum beneficio adaptativo gerado para as bactérias com esse

nível de organização da via NER, já que só é esperado a conservação da ordem de

genes com produtos essenciais como, por exemplo, proteína ribossomais e o

sistema uvrABC não é essencial para a vida (Lemoine et al., 2007).

Com o advento da metagenômica, que é um campo da ciência que seqüência e

estuda microorganismos isolados a partir de ambientes específicos, foram

descobertas várias comunidades polimicrobianas onde co-habitam bactérias e

arqueobactérias (Vickerman et al., 2007; McHardy & Rigoutsos, 2007; Frigaard et al.,

2006; Zaballos et al., 2006). A existência dessas comunidades prova que há

ambientes favoráveis para a ocorrência de eventos de transferência horizontal e

vertical entre membros do domínio Archaea e do domínio Bacteria.

Outro resultado obtido que sugere a aquisição do sistema uvrABC, por parte

das arqueobactérias, através de transferência horizontal é a semelhança encontrada

Page 43: Reconstrução Filogenética de microorganismos a partir da Via de … · RESUMO A filogenômica estuda os organismos através de análises comparativas das seqüências conservadas

entre as árvores filogenéticas do uvrABC feita sem Archaea e a do RNAr 16S

(Figura 10). Porque ficou demonstrado que as alterações encontradas na figura 9

foram decorrentes da inclusão das arqueobactérias na análise e a ausência de um

ramo comum para as Archaea sugere que depois houve mais de uma origem do

sistema uvrABC dentro do domínio. Mas a presença dos organismos das classes

Methanobacteria e Methanococci formando um grupo monofilético apontam para

uma transferência horizontal muito antiga, que antecedeu a divergência dessas

classes.

A presença de um ramo conservado formado por espécies de arqueobactérias

da classe Halobacteria: Halobacterium sp., N.pharaonis e H.marismortui, foi

observada em todas as topologias construídas. Tal ramo apresenta proximidade

com espécies distintas de acordo com o gene analisado, mas a partir da filogenia de

todo o sistema uvrABC (Figura 8), pode-se inferir que a origem da via NER nas

classes Halobacteria e Actinobateria se confundem em algum momento. Nos

genomas das espécies analisadas há indícios de que o sistema NER esteve

organizado em operon por causa da presença do uvrB e uvrC em operon nas

espécies Halobacterium sp. e Haloarcula marismortui, e quanto às actinobactérias, a

via se mantêm na forma de operon até hoje nas espécies Frankia sp. e

Symbiobacterium thermophilum. Como a classe das actinobactérias é quase tão

antiga quanto a das halobactérias (Figura 13), é provável que tenha ocorrido

transferência horizontal do operon entre representantes das classes e depois da

divergência entre as espécies tenha ocorrido a perda da sintenia desse operon.

Em resumo, a partir de nossos dados, entendemos que a evolução do sistema

uvrABC em arqueobactérias envolve pelo menos dois eventos de transferência

horizontal. Um primeiro evento que pode ter ocorrido entre as Firmicutes, em

especial as Mycoplasmas e as Methanobacterias e um segundo evento entre as

Actinobacterias ee as Halobacterias, ambos de maneira independente.

Embora existam argumentos em prol da transferência horizontal do sistema

uvrABC de bacttérias para arqueobactérias, não é possível destacar a transferência

vertical, tendo como ancestrais as arqueobactérias. Batistuzzi et al. (2004) utilizando

uma abordagem de filogenia com relógio molecular, considerando 32 proteínas

conservadas concatenadas, estimou a divergência das classes Methanobacteria e

Methanococci para 3,5 bilhões de anos atrás. Período este anterior à divergência

das classes Firmicutes e Actinobacteria (estimada como 3 bilhões de anos atrás). O

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ramo de origem dos Mycoplasmas, especificamente, tem como estimativa de 1,5

bilhões de anos. Considerando que nas árvores filogenéticas obtidas para o sistema

uvrABC as arqueobacterias encontram-se em dois grupos monofiléticos é de se

esperar que os genes uvrABC estivessem presentes antes da divergência das

classes. Seguindo este raciocínio, a transferência horizontal é questionável uma vez

que as classes bacterianas divergem posteriormente à divergência das

arqueobactérias. Como as classes Firmicutes e Actinobacterias são consideradas

mais antigas no domínio Bacteria (Battistuzzi et al. 2004; Gupta & Griffiths, 2002),

são filogeneticamente mais próximas das arqueobactérias considerando a herança

vertical, a exemplo da filogenia obtida a partir dos genes de rDNA 16S. Seguindo o

princípio da parcimônia, é possível supor que a origem dos sistemas NER, uvrABC e

XP, tenham uma origem comum na classe Euriarchaeota e devido a redundância de

funções, o sistema uvrABC foi perdido na maioria das arqueobactérias (Ver figuras

13 e 14).

Fiet al., 24,25 bi

gura 13. Escala de tempo da evolução dos procariotos segundo (Battistuzzi 004). Para a análise, foi considerado que o ancestral comum teria surgido a lhões de anos atrás.

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as ár

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16S,

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2007)

repar

como

Fig. 14. Modelo para a história evolutiva da via de reparo por excisão de nucleotídeos com origem em um ancestral comum, onde as arqueobactérias adquirem-no por transferência vertical. Os domínios Bacteria e Eucaria adquirem a via de reparo a partir do domínio Archaea.

A presença das epsilonproteobacterias próximas aos Mycoplasmas, em todas

vores filogenéticas obtidas para o sistema uvrABC, sugere a transferência

ntal a partir das Firmicutes, visto que sua colocação difere da árvore de rDNA

na qual as epsilonproteobacterias estão mais relacionadas ao grupo das

obacterias. Desta forma, seria esperado que se as epsilonproteobacterias

entassem o sistema uvrABC por herança vertical, estas deveriam se posicionar

as às demais proteobacterias.

Na história evolutiva da girase reversa, foi observado que durante a evolução

eterminados genes pode ter ocorrido mais de um evento de transferência

ntal, perda gênica e até várias transferências laterais (Brochier & Forterre,

. De acordo com Eisen e Hanawalt (1999), durante a evolução dos genes de

o das mais variadas vias, há evidências de transferência ou perda gênica,

por exemplo: o gene da 8-oxo-guanina glicosilase (Ogg) pode ter sido obtido

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pela M. thermautotrophicus por transferência lateral a partir dos eucariotos ou a

origem do gene anteceda a divergência entre os domínios e só então o gene da Ogg

tenha sido perdido por algumas linhagens de arqueobactérias; a história evolutiva da

do gene da Uracil DNA glicosilase (Ung) também aponta para uma origem

bacteriana, onde algumas linhagens o tenham perdido depois, e esse gene foi

adquirido pelos eucariotos a partir das mitocôndrias. Tais evidências fortalecem a

idéia de que o operon uvrABC pode ter sido adquirido pelas arqueobactérias por

duas ou mais origens diferentes. Um primeiro evento pode ter ocorrido entre as

Firmicutes, em especial as Mycoplasmas, e as Methanobacterias e um segundo

evento entre as Actinobacterias e Halobacterias, ambos de maneira independente.

Um dos modelos para a origem do sistema de reparo por excisão de

nucleotídeos obtido ao final de nosso estudo (Figura 12) está de acordo com Poole

& Penny (2007) que sugere a origem dos eucariotos a partir das arqueobactérias.

Nesse contexto evolutivo seria possível a origem da via NER em um ancestral

comum (LUCA) e a manutenção do sistema formado pelas proteínas XPs em

Archaea e a sua transferência vertical para o domínio Eucaria. O modelo proposto

também concorda com Eisen e Hanawalt (1999) que sugeriram que algumas

arqueobactérias teriam adquirido o NER ( o sistema uvrABC ) por transferência

horizontal das bactérias. Vale ressaltar que as análises feitas por Eisen e Hanawalt

(1999) foram baseadas em quatro genomas de arqueobactérias de um total de

quatorze genomas disponíveis na época, onde só uma espécie detinha a via uvrABC

completo, a Methanothermobacter thermautotrophicus. Atualmente encontram-se

depositados no GenBank 50 genomas completos de arqueobactérias dos quais 25

foram submetidos no banco de dados do ano de 2006 até a atualidade. No presente

estudo foram analisados somente genomas com sistema uvrABC completo,

totalizando onze genomas de arqueobactérias no total, o que caracteriza a nossa

análise filogenética como mais abrangente e importante para confirmar a hipótese

feita por Eisen e Hanawalt em 1999. Além disso, a presença do sistema uvrABC em

somente 11 genomas completos, num total de 50, sugere que a aquisição dessa via

se mostrou favorável apenas para um grupo pequeno de representantes do domínio

Archaea.

De acordo com a filogenia da XPB (Figura 11), mesmo após a divergência entre

as classes Euriarchaeota e Crenarchaeota o gene da XPB foi conservado ao longo

da evolução, o que justifica a ausência de um ramo único para os representantes de

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cada classe. Esse resultado é bem interessante, pois o gene da proteína XPF, que é

uma nuclease e também faz parte do complexo NER nos eucariotos, apresenta uma

história evolutiva um pouco diferente. Nas arqueobactérias o processo evolutivo do

gene teve dois momentos: Espécies da classe Euriarchaeota apresentam um

homólogo do XPF muito próximo do gene de eucarioto, pois ambos apresentam as

regiões C e N-terminal com os domínios nuclease e helicase, respectivamente. Já

na classe Crenarchaeota foi encontrado apenas um homólogo que detém apenas a

região C-terminal (White, 2003). Contudo, as helicases XPB e XPD são subunidades

do fator de transcrição TFHII e provavelmente participam do processo de iniciação

da transcrição em Archaea, além de compor o complexo NER. Assim, a conservação

da XPB se torna mais importante para as arqueobactérias, mesmo após a

divergência das classes Euriarchaeota e Crenarchaeota, do que a conservação da

proteína XPF. Tudo isso comprova a particularidade do processo evolutivo de cada

gene, mesmo que esses participem de um mesmo complexo enzimático.

Baseado na mesma filogenia pode-se afirmar que a XPB foi adquirida pelos

eucariotos por transferência vertical a partir das arqueobactérias. Um fato que

fortalece essa afirmação é a existência de eucariotos, como a Arabidopsis thaliana e

o Plasmodium falciparum, que não possuem os genes responsáveis pelo

reconhecimento do dano, XPA, XPC e XPE. Estudos com linhagens mutantes de

A.thaliana para os genes XPB, XPF e XPD verificaram uma deficiência na remoção

do DNA danificado, provando assim que a via NER foi prejudicada (Costa et al.,

2001; Liu et al., 2000; Liu et al., 2001; Liu et al., 2003). Quanto às arqueobactérias,

elas também não possuem os genes responsáveis pelo reconhecimento do dano,

contudo foi comprovada a transcrição dos genes de XPB, XPF e XPG da espécie

Sulfolobus solfataricus após exposição à UV (Salerno et al., 2003). Outro dado que

sugere a proximidade entre os eucariotos e as arqueobactérias quanto a esta via é a

presença de homólogos de RAD3/XPD, RAD25/XPB, RAD2/XPG em todas as

arqueobactérias e a presença de homólogos da RAD1/XPF na maioria (Goosen &

Moolenaar, 2008). As evidências citadas anteriormente leva-nos a afirmar que é

possível as arqueobactérias possuírem tanto o sistema uvrABC quanto o complexo

enzimático das XPs atuando no reparo por excisão de nucleotídeos. Caso isso seja

possível, não podemos descartar a hipótese da via NER do ancestral comum ser

formada pelos dois sistemas enzimáticos e ele ter sido transferido verticalmente para

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as arqueobactérias. Dessa maneira, as Archaea teria sido o berço da via NER dos

demais domínios da vida.

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6 – CONCLUSÕES

Após o término de nossos estudos podemos afirmar que:

• Embora existam argumentos, na literatura, defendendo a transferência

horizontal do sistema uvrABC de bactérias para arqueobactérias, a

análise feita neste estudo sugere que a transferência vertical, tendo

arquebacterias como origem, tanto do sistema uvrABC quanto dos

genes XP, seja o caminho mais parcimonioso, considerando a

ocorrência de grupos monofiléticos, o tempo de divergência das classes

e o número de espécies de arqueobactérias portadoras dos genes do

sistema uvrABC;

• Sobre a evolução do sistema uvrABC das epsilonproteobacterias, foi

observado que ele provavelmente foi adquirido por transferência

horizontal, tendo as Firmicutes como fonte;

• Os melhores métodos de reconstrução filogenética utilizados para

analisar nossos dados foram os de verossimilhança e o método

Bayesiano.

• Os componentes do sistema de reparo por excisão de nucleotídeos

podem ser usados como modelos para estudos filogenéticos que

busquem a história evolutiva de organismos, visto o grau de

conservação.

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7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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8 – ANEXOS

Anexo I

Tabela 1. Abreviações das seqüências do sistema uvrABC e das seqüências de RNAr 16s e seus respectivos números de acesso ao banco de dados GenBank.

Organism Abbreviation UVRA UVRB UVRC RNAr 16s

Chromobacterium violaceum C.violaceum NP901563 NP902822 NP900975 NC005085

Neisseria meningitidis N.meningitidis AAF41368 NP274350 AAF41701 NC003112

Thiobacillus denitrificans Thiob.denitrificans YP314194 YP315326 YP314459 NC007404

Neisseria gonorrhoeae N.gonorrhoeae YP208278 YP207718 YP207721 NC002946

Nitrosospira multiformis N.multiformis YP412913 YP412056 YP411966 NC007614

Azoarcus sp. Azoarcus sp. CAI08310 CAI09217 CAI09284 NC006513

Burkholderia thailandensis B.thailandensis YP441055 YP440229 YP442274 NC007651

Ralstonia eutropha R.eutropha AAZ59749 AAZ60430 AAZ61607 NC007348

Dechloromonas aromatica D.aromatica AAZ45230 YP285219 AAZ46783 NC007298

Pseudomonas aeruginosa P.aeruginosa NP252924 AAG06526 AAG05973 NC002516

Yersinia pestis Y.pestis AAS60749 AAS61254 AAS61762 NC005810

Xylella fastidiosa X.fastidiosa AAF85225 AAF83777 AAF85110 NC002488

Xanthomonas campestris X.campestris AAM40447 AAM41760 AAM41400 NC003902

Photorhabdus luminescens P.luminescens CAE16722 CAE13784 CAE14320 NC005126

Escherichia coli E.coli BAB38463 BAB34280 BAB36074 NC002695

Haemophilus influenzae H.influenzae AAX87308 AAX88673 AAX87060 NC007146

Rhodospirillum rubrum R.rubrum ABC22552 ABC21934 ABC23020 NC007643

Mycoplasma synoviae M.synoviae AAZ43444 AAZ43479 AAZ43690 NC007294

Magnetospirillum magneticum M.magneticum BAE51273 BAE52607 BAE52604 NC007626

Nitrobacter winogradskyi N.winogradskyi ABA04829 ABA05748 ABA05779 NC007406

Bradyrhizobium japonicum B.japonicum BAC49967 BAC52696 BAC52735 NC004463

Rhodobacter sphaeroides R.sphaeroides ABA79127 YP352139 ABA80258 NC007493

Agrobacterium tumefaciens A.tumefaciens AAL42518 NP354972 AAL42142 NC003062

Geobacillus kaustophilus G.kaustophilus BAD77370 BAD77371 BAD76960 NC006510

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Bacillus cereus B.cereus NP981564 NP981565 NP980940 NC003909

Mesorhizobium loti M.loti BAB48277 BAB49715 BAB54270 NC002678

Listeria innocua L.innocua CAC97858 CAC97859 CAC96428 NC003212

Geobacter metallireducens G.metallireducens ABB30377 ABB33432 ABB33441 NC007517

Bacillus subtilis B.subtilis CAB15533 CAB15534 CAB14809 NC000964

Pelobacter carbinolicus P.carbinolicus YP355520 ABA87362 ABA87813 NC007498

Methanothermobacter

thermautotrophicus

M.thermautotrophicus AAB84949 AAB84948 AAB84947 NC000916

Thermobifida fusca T.fusca AAZ56057 AAZ55234 AAZ56054 NC007333

Frankia sp. Frankia sp. YP480736 YP480731 YP480738 NC007777

Symbiobacterium thermophilum S.thermophilum BAD39152 BAD39136 BAD39156 NC006177

Methanosphaera stadtmanae M.stadtmanae YP447616 YP447615 YP447614 NC007681

Methanosarcina barkeri M.barkeri AAZ71614 AAZ71612 AAZ71613 NC007355

Prochlorococcus marinus P.marinus EAQ10047 CAE20246 EAQ09140 NC007577

Thermosynechococcus elongatus T.elongatus BAC07737 BAC09585 BAC09305 NC004113

Synechococcus elongatus S.elongatus BAD78882 BAD79149 BAD80339 NC006576

Gloeobacter violaceus G.violaceus BAC92177 BAC89796 BAC91533 NC005125

Anabaena variabilis A.variabilis ABA23197 ABA24277 ABA23894 NC007413

Methanococcus maripaludis M.maripaludis CAF30285 CAF30283 CAF30284 NC005791

Anaeromyxobacter dehalogenans A.dehalogenans YP464338 ABC81049 YP464490 NC007760

Desulfovibrio desulfuricans D.desulfuricans ABB39283 ABB38893 ABB37815 NC007519

Campylobacter jejuni C.jejuni AAW34979 AAW34566 AAW35702 NC003912

Thiomicrospira denitrificans Thiom.denitrificans YP393676 YP394206 ----- NC007575

Helicobacter pylori H.pylori NP207499 NP207905 NP207614 NC000915

Chlorobium tepidum C.tepidum AAM72914 AAM72772 AAM73028 NC002932

Mycoplasma hyopneumoniae M.hyopneumoniae YP115801 YP116177 YP115584 NC006360

Mycoplasma mycoides M.mycoides CAE77552 CAE77553 CAE76938 NC005364

Lactobacillus plantarum L.plantarum CAD63364 CAD63363 CAD64473 NC004567

Lactobacillus sakei L.sakei YP395136 YP395135 YP395665 NC007576

Methanococcoides burtonii M.burtonii YP565831 YP566909 YP566124 NC007955

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Methanosarcina acetivorans M.acetivorans AAM06694 AAM06692 AAM06693 NC003552

Methanosarcina mazei M.mazei NP635315 NP635313 NP635314 NC003901

Methanospirillum hungatei M.hungatei YP502627 YP502629 YP502628 NC007796

Natronomonas pharaonis N.pharaonis YP325912 YP326032 YP326203 NC007426

Haloarcula marismortui H.marismortui AAV46967 AAV47725 AAV47764 NC006396

Halobacterium sp. Halobacterium sp. AAG20669 AAG20482 AAG20476 NC002607

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Anexo II Tabela 2..Seqüências da helicase XPB selecionadas para análise.

Organismos Abreviação Número de acesso

Homo sapiens H.sapiens AAA52396 Macaca fascicularis M.fascicularis BAD51954 Bos taurus B.taurus AAI14730 Rattus norvegicus R.norvegicus AAH98856 Gallus gallus G.gallus NP001006523 Drosophila melanogaster D.melanogaster Q02870 Apis mellifera A.mellifera XP624125 Geodia cydonium G.cydonium CAA76655 Caenorhabditis elegans C.elegans NP499487 Candida albicans C.albicans XP715839 Schizosaccharomyces pombe S.pombe CAB11506 Arabidopsis thaliana A.thaliana BAB08508 Methanococcus maripaludis M.maripaludis CAF30013 Methanosarcina barkeri M.barkeri AAZ71549 Methanosphaera stadtmanae M.stadtmanae YP447803 Natronomonas pharaonis N.pharaonis YP330829 Halobacterium sp. Halobacterium sp. NP444220 Haloarcula marismortui H.marismortui AAV45245 Methanosarcina mazei M.mazei NP635024 Methanosarcina acetivorans M.acetivorans AAM05789 Methanococcoides burtonii M.burtonii YP565003 Pyrobaculum aerophilum P.aerophilum AAL64197 Sulfolobus tokodaii S.tokodaii BAB66329 Sulfolobus acidocaldarius S.acidocaldarius YP255954 Pyrococcus furiosus P.furiosus AAL80801 Thermoplasma volcanium T.volcanium BAB59714

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Anexo III

Tabela 3..Posicionamento do sistema uvrABC nos genomas .

Organismos Posição no Genoma

Genes Observações

Methanosarcina barkeri

3443938-3440912 UvrA

Genes em operon 3438995-3436983 UvrB

3440689-3439130 UvrC

Methanococcus maripaludis

721032-723887 UvrA

Genes em operon 717504-719444 UvrB

719441-721024 UvrC

Helicobacter pylori

760089-757282 UvrA

UVRA e C mais próximos 1177614-1175638 UvrB

873393-875177 UvrC

Campylobacter jejuni

351810-348988 UvrA

Genes distribuídos ao longo do genoma 714300-712327 UvrB

1296619-1294817 UvrC

Thiomicrospira denitrificans

1221062-1218234 UvrA

UVRA e B mais próximos 1773781-1775763 UvrB

419034-417232 UvrC

Mycoplasma

hyopneumoniae

327761-330601 UvrA

UVRC e B bem próximos 842990-845026 UvrB

88394-86847 UvrC

Mycoplasma mycoides

1072184-1069344 UvrA

UVRA e B em operon 1074208-1072193 UvrB

338510-336756 UvrC

Mycoplasma synoviae

24893-22038 UvrA

Genes distribuídos ao longo do genoma 60516-62522 UvrB

295849-297597 UvrC

Natronomonas pharaonis

253407-256340 UvrA

Genes distribuídos ao longo do genoma 374646-376697 UvrB

530270-531997 UvrC

Halobacterium sp.

1960727-1962556 UvrA

UVRC e B em operon 1791684-1793753 UvrB

1784408-1786180 UvrC

Haloarcula marismortui

1893658-1896636 UvrA

UVRC e B em operon 2656630-2658690 UvrB

2699599-2701344 UvrC

Thermobifida fusca

2365792-2368629 UvrA

UVRC e A em operon 1397067-1399172 UvrB

2361510-2363480 UvrC

Frankia sp.

1960338-1963268 UvrA

Genes em operon 1953231-1955375 UvrB

1963875-1965992 UvrC

Symbiobacterium thermophilum

192733-195597 UvrA

Genes em operon 174847-176853 UvrB

198910-200799 UvrC

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Anexo IV

Tabela 4. Levantamento de dados sobre os genes de reparo da via NER presentes nas arqueobactérias analisadas.

Organismos Via NER Bacteriana Via NER Eucariótica uvrA uvrB uvrC uvrD Mfd Xpa Xpb Xpc Xpd Xpf Xpg ERCC1

Methanococcus maripaludis + + + - - - - - + + + - ������������ ������+ + + - - - + - + + + + �������� ����� ����������+ + + + - - - - - + - - ������������ �������+ + + + - - + - + - + - ����������� � �+ + + + - - + - + + + - ��������� ���������+ + + - - - + - + + + - ������������ ����+ + + + - - + - + + + + ������������ ���������+ + + - - - - - - - - - ������������ ������+ + + + - - - - + + + -

Pyrobaculum aerophilum - - - - - - - - + - + - Sulfolobus tokodaii - - - - - - - - + - + - Sulfolobus acidocaldarius - + - - - - + - + + + - Pyrococcus furiosus - - - - - - + - + + + + Thermoplasma volcanium - - - + - - + - - - - -

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Anexo V

ARTIGO EM PREPARAÇÃO Nucleotide Excision Repair System Evolution

Uaska Bezerra e Silva, Silvia Regina Batistuzzo de Medeiros, Lucymara Fassarela Agnez

Lima*,

Departamento de Biologia Celular e Genética, Centro de Biociências, Universidade Federal

do Rio Grande do Norte, Natal - RN, Brazil. [email protected]

* Correspondence to:

Dr. Lucymara Fassarela Agnez Lima

Departamento de. Biologia Celular e Genética. CB – UFRN

Campus Universitário, Lagoa Nova

Natal, CP 1575, 59072-970, RN, Brazil

Tel.# 55.84.3211-9209; Fax# 55.84. 3215-3346

E-mail: [email protected]

Key-words: Repair, horizontal transfer, phylogeny, ancestral.