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RECUPERAÇÃO DE PARTÍCULAS MINERAIS FINAS E ULTRAFINAS NO ÂMBITO DA CONCENTRAÇÃO GRAVÍTICA 1 RESUMO Priscila Correia de Figueiredo 2 Arthur Pinto Chaves 3 O problema ambiental decorrente da disposição de grandes volumes de rejeitas finos é uma realidade que a indústria é obrigada a enfrentar e que cada vez causa maior número de problemas. Muitas vezes estes rejeitas contêm quantidades significativas de minerais úteis, que foram descartados em função da dificuldade de separá-los. É certo que no futuro próximo as pressões da sociedade serão cada vez maiores no sentido de minimizar estes volumes e o aproveitamento dos finos passará a tomar-se imperioso. As dificuldades de aplicação das técnicas de beneficiamento gravítico a minerais fmos decorrem das propriedades reológicas das polpas constituídas por eles. Este artigo descreve o compmtamento destas polpas e o efeito das propriedades reológicas sobre as operações gravíticas, notadamente sobre a granulometria passível de ser separada. As operações executadas em campo centrifugo são as mais promissoras. Outra aproximação é a tentativa de alterar as propriedades reológicas da polpa mediante o controle da sua viscosidade, mediante a coagulação/floculação dos finos e mediante o controle da tensão superficial. Palavras chave: reologia, fmos, concentração gravítica 1 Trabalho a ser apresentado ao XVII Encontro Nacional de Tratamento de Minérios e Metalurgia Extrativa e I Seminário de Química de Colóides Aplicada à Tecnologia Mineral, São Pedro, S.P .. 23 a 26 de Agosto de 1998 2 Mcstranda na Área de Engenharia Mineral - Departamenlo de Engenharia de Minas, Epusp 3 Professor Titular. Departamento de Engenharia de Minas, Epusp 483

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RECUPERAÇÃO DE PARTÍCULAS MINERAIS FINAS E UL TRAFINAS NO ÂMBITO DA CONCENTRAÇÃO GRAVÍTICA 1

RESUMO

Priscila Correia de Figueiredo2

Arthur Pinto Chaves3

O problema ambiental decorrente da disposição de grandes volumes de rejeitas finos é uma realidade que a indústria é obrigada a enfrentar e que cada vez causa maior número de problemas. Muitas vezes estes rejeitas contêm quantidades significativas de minerais úteis, que foram descartados em função da dificuldade de separá-los. É certo que no futuro próximo as pressões da sociedade serão cada vez maiores no sentido de minimizar estes volumes e o aproveitamento dos finos passará a tomar-se imperioso.

As dificuldades de aplicação das técnicas de beneficiamento gravítico a minerais fmos decorrem das propriedades reológicas das polpas constituídas por eles.

Este artigo descreve o compmtamento destas polpas e o efeito das propriedades reológicas sobre as operações gravíticas, notadamente sobre a granulometria passível de ser separada. As operações executadas em campo centrifugo são as mais promissoras.

Outra aproximação é a tentativa de alterar as propriedades reológicas da polpa mediante o controle da sua viscosidade, mediante a coagulação/floculação dos finos e mediante o controle da tensão superficial.

Palavras chave: reologia, fmos, concentração gravítica

1 Trabalho a ser apresentado ao XVII Encontro Nacional de Tratamento de Minérios e Metalurgia Extrativa e I Seminário de Química de Colóides Aplicada à Tecnologia Mineral, São Pedro, S.P .. 23 a 26 de Agosto de 1998 2 Mcstranda na Área de Engenharia Mineral - Departamenlo de Engenharia de Minas, Epusp 3 Professor Titular. Departamento de Engenharia de Minas, Epusp

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1. lntroduçdo

Os métodos físicos utilizados na separação de minérios, normalmente são eficientes nwna faixa granulométrica variável e dependente de cada método. Para cada um existe uma faixa granulométrica considerada ótima, ou seja, wna faixa operacional das operações unitárias (Figura I).

As técnicas de concentração gravítica tomam-se muito ineficientes para tamanhos de partículas abaixo de 25 a 50 J.lm (Wonnacott, G.; Wills, B. A .,1990). Rubio (1993) considera o beneficiamento de partículas minerais com granulometria menor que I O J.lffi como o maior problema para o tratamentista.

Dependendo da referência e do minério que está sendo processado, o tamanho máximo considerado como fmos e ultrafinos varia. Em tennos de concentração gravítica, podem ser consideradas como finos aquelas partículas cujos diâmetros estão abaixo de 200# (74 J.lffi), visto que a partír desta granulometria a eficiência do processo é reduzida, já que as partículas começam a se comportar como se fossem parte do fluido. Já para o carvão mineral, muito mais leve (densidade real entre 1,4 e 1,6), 28# (0,6 mm) é o limite, dada a sua baixa densidade.

Existem diferentes técnicas para recuperação dos finos e ultrafinos gerados pelo tratamento de minérios. Tais métodos de separação são baseados nas propriedades físicas diferenciadoras das diversas espécies minerais , presentes no minério a ser processado. Podem ser citadas as de processamento baseadas nas diferenças de densidade entre as partículas minerais (concentração gravítica, concentração por centrifugação, em ciclones e em equipamentos Mozley); nas propriedades magnéticas (concentração magnética); nas propriedades superficiais (flotação, floculação seletiva e combinações de processos)

No entanto, a abordagem deste trabalho em relação á recuperação de particulas minerais fmas e superfinas, geradas pelo processamento mineral , restringir-se-à àquelas produzidas na concentração gravítica. Serão discutidos os seguintes tópicos :

- Propriedades Reológicas das Polpas: aspecto importante quando se trata de recuperação de finos e ultrafinos, visto que a partir de um detemünado tamanho, as partículas minerais contidas nas polpas têm comportamento que prejudica a seletividade.

Se a presença das partículas finas e ultrafinas é excessiva, elas prejudicam toda a separação, pois awnentam a viscosidade das polpas e portanto reduzem a eficiência de separação de partículas de todos os tamanhos.

- Equipamentos gravíticos utilizados para o processamento de finos e ultrafinos, com ênfase aos concentradores centrífugos: os equipamentos que introduzem a força centrífuga (concentradores K.nelson, Falcon, ciclones), no processo de separação de finos e ultrafmos, ampliam a possibilidade de wna separação mais eficiente dos materiais e também, apresentam capacidade superior em relação aos equipamentos que utilizam as forças de cisalhamento.

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Figura 1 -Faixa operacional das operaçlies unitárias (Ref. 1)

2. Reologia

Reologia é a parte da Física que estuda as propriedades e o comportamento mecânico dos corpos deformáveis.

- Comportamento Newtoniano e Não-Newtoniano

A maioria dos líquidos com que estamos familiarizados apresenta o comportamento dito newtoniano. Estes fluidos podem ser caracterizados por uma única propriedade, a viscosidade (~-t) , que é defmida como a razão entre a tensão de cisalhamento na parede (1) e o gradiente de velocidade (dv/dy), a partir da experiência clássica de Newton.

Porém, na prática o comportamento newtoniano para os fluidos é uma exceção (Coelho, 1982). As polpas, como regra, possuem comportamento não-newtoniano e exigem outros parâmetros além da viscosidade para a caracterização de seu comportamento.

De uma maneira geral, as propriedades reológicas dos fluidos e suspensões são influenciadas pela viscosidade do meio fluido, concentração volumétrica de sólidos, forma e tamanhos das partículas, distribuição dos tamanhos das partículas, forças de interação partícula-partícula e partícula-fluido. efeitos de parede, temperatura e ambiente químico.

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As matérias-primas minerais naturalmente finas ou finamente cominuídas possuem a propriedade de permanecerem em suspensão nos líquidos por tempo prolongado e, são ) conhecidas por polpas homogêneas ou suspensões que não sedimentam. Quando as partículas são muito pequenas as mesmas assumem o chamado movimento browniano e podem permanecer em suspensão por tempo indefinido.

As polpas homogêneas constituídas por partículas finas e ultrafmas e com elevada concentração de sóüdos, geralmente, exibem propriedades e comportamentos não­newtonianos.

Vários modelos reológicos empíricos tentam se adequar aos fluidos não-newtonianos (Fig. 2). Os mais usados comumente são os seguintes:

1. fluido pseudo-plástico ou fluido de Ostwald-de Waele (ou ripo "Power Law"). Tal • modelo pode ser representado pela equação:

t = KÀ" onde, t = Tensão Cisalhante; K = índice de Consistência; n = índice de comportamento do escoamento; À = Taxa de Deformação.

2. fluido plástico de Bingham ou visco-plástico. Sua equação reológica pode ser representada por:

t = Tensão Cisalhante; to = Tensão Cisalhante Limite; 11 = Coeficiente de Rigidez; À = Taxa de Deformação.

t = t o + 11 À , onde

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Figura 2- Modelos Reológicos de Polpas (Ref. 6)

No entanto, para a maior parte das polpas usuais em Tratamento de Minérios pode ser assimilado ao modelo denominado fluido de Bingharn ou fluido visco-plásúco (Chaves, 1996).

O fluido newtoniano pode ser representado por uma reta que passa pela origem e sua inclinação representa a viscosidade. Já o fluido de Bingham é representado graficamente

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(

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segundo uma reta que cruza o eixo das ordenadas em 'to. como mostrado na figura 3. .. Verifica-se no gráfico que o fluido de Bingham, para que comece a escoar, precísa ser

cisalhado até um determinado valor limite (-ru) denominado de tensão de escoamento ou tensão de penetração limite, que representa o esforço mínimo a ser fornecido para o início do deslocamento do fluido . Após a aplicação da tensão de escoamento o fluido passa a ter comportamento semelhante ao newtoniano. O valor de inclinação da reta, correspondente à viscosidade, é denominado módulo de rigidez (Figura 3).

As polpas homogêneas têm o comportamento mostrado na figura 3. Para efeitos práticos elas podem portanto ser assimiladas aos fluidos de Bingham .

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Figura 3 - Fluidos Newtoniano e de Bingham (Ref. 6)

Enfim. a compreensão do comportamento não-newtoniano das polpas em escoamento é de grande importância para a Indústria Mineral, visto que permite entender porque as separações ocorrem em determinadas circunstâncias e não em outras e com determinados minérios e não com outros.

A finura do mineral de minério então é limitante, como será desenvolvido adiante: é essencial que a partícula que precisa afundar na polpa tenha peso suficiente para aplicar à polpa uma tensão de cisalhamento superior à tensão limite para poder afundar. Partículas mais finas independentemente da espécie mineral que forem não conseguirão aplicar esta tensão e comportar·se-ão como se fossem parte do fluido. Não há portanto qualquer

.. possibilidade de separá-las.

Da mesma forma, a quantidade de argilo-minerais ou de outros minerais finos, como limonitas. afeta a viscosidade da polpa e aumenta o valor da tensão de penetração limite. Isto se traduz tanto num efeito de diminuir a seletividade da separação das partículas mais finas como no efeito de levigar as partículas mais grossas, afetando também desta forma o resultado da separação.

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3. Faixas Granulométricas Adequadas para Recuperação Eficiente, em EquipamentO.\' de Concentração Gravítica.

De acordo com a figura 4, verifica-se que os equipamentos utilizados na concentração gravítica operam numa faixa granulométrica que varia de mais ou menos 0.0 I mm a 60 mm. Pode-se obseiVar, também, que os concentradores centrífugos são os mais adequados para o tratamento de frações finas e ultrafinas.

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oncentrador centrltugo •

* O limite superior de alimentação pode ser de até 6 mm

Figura 4- Faixa Operacional do.\· Equipamentos de Concentração Gral'ítíca (Ref 7)

A concentração gravítica não promove uma separação eficiente quando trata frações abaixo de 200# (0,074 mm = 74 ~m). A explicação para este fato é dada pela reologia das polpas: - até um certo tamanho máximo as partículas em suspensão na água formam uma polpa

homogênea. A sua presença afeta a densidade e a viscosidade da polpa -as partículas maiores sedimentam. Formam portanto uma polpa heterogénea

Temos portanto 2 sistemas coexistindo: - partículas finas em suspensão homogénea. - partículas maiores que sedimentam.

O tamanho de partículas que separa os dois comportamentos é definido pela tensão de penetração limite da fase homogênea: cada partícula tem uma massa (função do seu volume - ou diâmetro - e da sua densidade). Se esta massa é capaz de vencer as forças viscosas da polpa, ela afunda. Caso contrário, ela permanece em suspensão e se comporta como se fosse parte do líquido.

Evidentemente que a quantidade de partículas finas presentes na polpa (% de sólido) afeta a densidade e a viscosidade. Em consequência, o diâmetro limite separável cresce com a% de sólidos e com a quantidade de finos .

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Isto explica a dificuldade em se trabalhar com água suja e minérios finos. Por outro lado, explica a necessidade de moer finamente concentrados que vão ser transportados por minerodutos e fazê-lo a altas porcentagens de sólidos.

Portanto: - a limitação do tamanho de partícula possível de ser separado densitariamente é física e

real. -ela depende da densidade do minério (200# para ouro e 28# para carvão). - ela é prejudicada pela proporção de partículas finas presentes.

As soluções que se apresentam são as seguintes: - aumentar o tamanho das partículas a serem separadas, o que é idéia básica da floculação

seletiva, - diluir a polpa para diminuir a sua viscosidade, o que é efetivo, mas esbarra na perda

concomitante de capacidade dos equipamentos. - usar tenso-ativos para diminuir a viscosidade da polpa. -usar o campo centrífugo: além de aumentar a aceleração da gravidade (50g nos Knelson),

as forças de cisalhamento são intensas, superando o valor de 'to.

A tendência moderna parece ser no sentido das duas últimas soluções, embora a floculação seletiva e suas derivadas (por exemplo, a floc-flotation), que teve enorme importância nos anos 70, não devesse estar tão esquecida como está.

4. Equipamentos Gravíticos utilizados para o processamento de finos e ultrafinos, com ênfase para os concentradores centrífugos.

Para recuperação de fmos e ultrafinos na concentração pode-se utilizar os seguintes equipamentos:

- ciclone concentrador ou autógeno (ciclone de fundo chato, tricone, "hydrocyclone'~ -Este equipamento apresenta a desvantagem de ter baixa razão de concentração ou enriquecimento, em geral inferior a 5, sendo usado para etapas de pré-concentração ;

-mesa Moz/ey - Em tais equipamentos a concentração ocorre em lâminas finas de polpas. A capacidade do equipamento é baixa. São equipan1entos pouco utilizados nos empreendimentos mineiros, servindo melhor para trabalhos de laboratório.

- concentradores centrífugos - Equipamentos de concentração gravítica que utilizam o campo centrífugo para realizar a separação dos minerais úteis . Eles inicialmente (anos 50) foram desenvolvidos e testados na ex-União Soviética e empregados comercialmente na China por mais de 20 anos (tratamento de rejeitas de minérios de estanho e tungstênio). Só mais recentemente foram introduzidos no Ocidente.

Os concentradores centrífugos mais conhecidos mundialmente são os seguintes:

- concentrador Knelson - Tal concentrador foi desenvolvido em 1982 pelo engenheiro Byron Knelson e emprega uma força centrífuga cerca de 50 vezes a força de gravidade e, desta forma, amplia a diferença entre a densidade dos vários minerais. Possui a desvantagem de operar por bateladas (períodos de 8 a 10 horas para minérios auríferos). O tempo de operação do equipamento está condicionada a quantidade de minerais presentes na alimentação. Quanto maior a proporção de minerais pesados menor será o

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período de operação do equipamento. Esse equipamento pode ser utilizado para concentração de minérios auríferos aluvionares, recuperação dos minerais finos de alta densidade (scheelita, cassiterita) contidos nos rejeitos descartados pelas instalações gravíticas.

Além dos concentradores Knelson, foram desenvolvidos e comercializados outros concentradores centrífugos semelhantes aos tipo Knelson, tais como: equipamentos Metquip, australiano, e Famaq, Hidro Jet e Mineraltec, brasileiros; sendo que suas diferenças são devido aos materiais utilizados para a sua confecção. Portanto, o princípio de operação é o mesmo.

- concentrador Falcon - Recentemente, surgiu no Canadá o concentrador Falcon, que utiliza um campo centrífugo cerca de 5 vezes maior que o utilizado pelo concentrador Knelson. Esse concentrador já está sendo fabricado e instalado em algumas minerações, com capacidade para escala industrial e tem a vantagem de permitir a operação continua

Conclusões

Um dos problemas, relacionados à dificuldade em recuperar partículas finas e ultrafmas está nas propriedades reológicas das polpas.

Além disso, os equipamentos convencionais de concentração gravítica não foram projetados para trabalhar com faixas granulométricas tão pequenas. Então, as instalações gravíticas para beneficiamento de minérios geram e descartam enormes quantidades de rejeitos contendo materiais particulados valiosos, na granulometria fina e ultra-fina.

Vários equipamentos foram testados para a recuperação de partículas finas e ultrafinas, porém os mais promissores são aqueles que utilizam a força centrifuga para a realização da separação. Alternativamente. a atuação sobre as propriedades reológicas da polpa, mudando a sua viscosidade ou aglomerando as partículas finas presentes é uma opção tecnicamente viável.

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Abstract

FINE AND ULTRA-FINE PARTICLES RECOVERY lN GRA VITY CONCENTRA TION

Priscila Correia de Figueiredo

Arthur Pinto Chaves

Disposition of great volumes of fine tailings is an actual problem. Industries must face it and social pressure will be each time greater. Many times these tails contain significative amounts of useful species. They have been discarded as a consequence of the difficulty to separate them. ln the nest future the pressures ffom society will increase and their recovery will be a must.

The dificulty to apply gravity beneficiation to fine minerais comes from the rheologic properties of the slurries ma de by them .

This paper describes the behaviour of these slurries and their effect on gravitic operations. This deals specially with grain sizes able to be processed. Cennifugal field operations are the most promising ones.

Another kind of solution is to tJy to change lhe rheologic prope11ies of lhe slurries This means to control its viscosity or to coagulatelfloculate the fine particles or still, to change the surface tension .

Key-words: rheolos'Y. fine particles, gravitic concentration

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