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Assignatura Anno, 1S000 réis; semestre, Soo réis. Pagamento adeantado. Na cobrança pelo correio, accresce o premio do vale. Avulso, no dia da publicação, 20 réis. EDITOR — José Augusto Saloio REDACÇÂrt, ADMLMSTKACÁO E TYFOGRAPHIA 1 Annuncios- l*iil>licaçõcs s, publicação, 40 réis a linha, nas seguintes, 16— LARGO DA MISERICÓRDIA— i6p ALD EO ALLKG A fi 20 réis. Annuncios na 4.“ pagina, contracto especial. Os auto- araphos não se restituem quer seja graphos não se restituem quer sejam ou não publicados. PROPRIETÁRIO — José Augusto Saloio DOMINGO, 9 DE MARÇO DS 1903 SEM ANARIO NOTICIOSO, LITTERARIO E AGRÍCOLA EXPEDIENTE Acceitam-se com grati dão quaesquer noticias que sejam «le iuteresse publico. UMA HISTORIA DO OUTRO MUNDO E’ hoje que O Domingo enceta a publicação do grande ROMANCE DE AVENTURAS, devido á penna de Joaquim dos An jos, em que emprega todos os recursos do seu lucido pensamento e todos os pri mores do seu estylo. Aconselhamos, pois, aos nossos estimáveis leitores, o extraordinario romance UMA HISTORIA DO OU TRO MUNDO. VICTOR HUGO | Continuação do n.u 331 — Desde que estou aqui, disse elle, é a primeira vez que me visitam. Quem é o senhor ? O bispo respondeu: — Chamo-me Bem vindo Myriel. — Bemvindo Myriel, te nho ouvido pronunciar es se nome. E’ o senhor a quem o povo chama monsenhor Bemvindo? — Sou eu. O velho tornou, com um meio sorriso: — Nesse caso, é o meu bispo? — Um pouco. — Entre, senhor. O convencional estendeu a mão ao bispo, mas elle não lhe tocou. Limitou-se a dizer: ^— Estou satisfeito por vêr que me enganaram. Não me parece doente. — Senhor, respondeu o velho, vou curar-me. Fez uma pausa e disse: — Morro daqui a tres noras. Depois tornou: — Sou alguma coisa me dico ; sei de que modo vem a ultima hora. Hontem só tinha os pés frios; hoje o 10 já chegou aos joelhos, agora sinto que sobe á cin tura; quando chegar ao coração parou. O sol é tão bonito, não é ? mandei que me trouxessem cá para fo ra, para deitar uma ultima vista de olhos ás coisas. Pode falar commigo que não me fatiga. Faz bem em vir visitar um homem que vae morrer. E’ bom que este momento tenha teste munhas. A gente tem ma nias; eu antes queria che gar á madrugada. Mas sei que apenas posso durar tres horas. Será noite. Mas que importa! acabar é uma coisa simples. Não se pre cisa da manhã para isso. Deixal-o. Morrerei á luz das estrelias. O velho voltou-se para o pastor e disse-lhe: — Vae-te deitar. Perdes te a noite e deves estar cançado. O rapazito entrou na ca bana. O velho seguiu-o com os olhos e accrescentou, como se falasse comsigo: — Emquanto elle dormir morrerei eu. Os dois som- nos podem fazer boa visi- nhanca. » O bispo não estava tão com movido como parece que deveria estar. Não jul gava sentir Deus naquelle modo de morrer; digamos tudo, porque as pequenas contradições dos grandes corações devem ser indica das como o resto: elle que, em qualquer occasião, ria tanto de Sua Grandeza, estava um pouco offendido por não ser tratado por monsenhor e tinha quasi vontade de replicar: «cida dão». Veiu-lhe uma vellei- dade de familiaridade ra bugenta, muito commum nos médicos e nos padres, mas que não era habitual nelle. Aquelle homem, no fim de contas, aquelle con vencional, aquelle repre sentante do povo, fôra um poderoso da terra; pela primeira vez na sua vida, talvez, o bispo sentia-se com humor de severida de. O convencional comtudo olhava para elle com uma cordealidade modesta, on de se poderia talvez distin guir a humildade que sen timos quando estamos qua si a ser feitos em pó. Pela sua parte, o bispo, embora se abstivesse ordi nariamente da curiosidade, a qual, conforme elle dizia, era contigua á offensa, não podia deixar de examinar o convencional com uma attenção que, não tendo origem de sympathia, lhe seria certamente censurada pela consciência para com outro homem. Um con vencional parecia-lhe um pouco estar fóra da lei, até mesmo da lei da caridade. O velho, sereno, com o busto quasi direito, a voz vibrante, era um desses grandes octogenários que assombram o physiologis- ta. A Revolução teve mui to desses homens propor cionados á epocha. Via-se que aquelle velho estava á prova de tudo. Tão perto do fim, conservára todos os gestos da saude. O olhar claro, a voz firme, o robus to movimento dos hom- bros, impunha-se á morte. Azraél, o anjo mahometa- no do sepulchro, havia de retroceder julgando ter-se enganado na porta. G. parecia morrer por que queria. Na sua agonia havia liberdade. Só as per nas estavam immoveis. Era por onde as trevas o segu ravam. Os pés estavam mortos e frios, e a cabeça tinha toda a pujança da vi da e parecia estar em ple na luz. Naquelle grave mo mento, o velho parecia-se com aquelle rei do conto oriental, metade homem e metade mármore. Estava alli uma pedra. O bispo sentou-se. O exordio foi ex-abrupto. — Felicito-o, disse o bis po em tom de reprehen- são. Não votou sempre a morte do rei. O convencional pareceu não reparar no subentendi do amargo occulto naquel- la palavra: sempre. Res pondeu, tendo-lhe desap- parecido o sorriso da face: Não me felicite muito, senhor, eu votei o fim do tyranno. Era o tom austero em presença da accusação se vera. — Que quer dizer? tor nou o bispo. — Quero dizer que o homem tem um tyranno, a ignorancia. Votei o fim desse tyranno. Esse tyran no gerou a realeza que é a auctoridade tomada num principio falso, emquanto a sciencia é a auctoridade tomada na verdade. O ho mem não deve sei' gover nado senão pela sciencia. — E pela consciência ac crescentou o bispo. — E’ a mesma coisa. A consciência é a quantidade de sciencia innata que te mos em nós. Monsenhor Bemvindo ouvia, um pouco admira do, esta linguagem muito nova para elle. O convencional prose- guiu: — Quanto a Luiz XVI, disse que não. Não me jul go com direito de matar um homem, mas sinto-me com o dever de extermi nar o mal. Votei o fim do tyranno, isto é, o fim da prostituição para a mulher, o fim da escravidão para o homem, o fim da noite pa ra a creança. Votando a republica, votei isto. Votei a fraternidade, a concor- dia, a aurora. Ajudei a quéda dos preconceitos e dos erros. Os desabamen tos dos erros e dos precon ceitos fazem a luz. Nós fi zemos cahir o mundo ve lho^ o mundo velho, raso das misérias, entornando- se sobre o genero humano tornou-se numa urna de alegria. — Alegria confusa, disse o bispo. — Póde dizer: alegria perturbarda, e hoje, depois desse fatal regresso do passado, que se chama 1814, alegria desappareci- da. Ah! concordo que a obra foi incompleta; demo limos o antigo regimen nos factos, mas não pudemos supprimil-o inteiramente nas idéas. Não basta des truir os abusos; é preciso modificar os costumes. O moinho já não existe, mas o vento ainda lá está. — Os senhores demoli ram. Demolir pode ser util mas desconfio muito de uma demolição complica da com a colera. — O direito tem a sua colera, senhor bispo, e a colera do direito é um ele mento do progresso. Di gam o que quizerem, a Re volução franceza é o passo mais poderoso que o gene ro humano tem dado de pois da vinda de Christo. Incompleta póde ser; mas sublime. Desembaraçou to dos os desconhecidos so- ciacs. Abrandou os espiri tos; acalmou, pacificou, il- luminou, fez correr na ter ra ondas de civilisação. Foi boa. A revolução franceza é a sagração da humani dade. O bispo não poude dei xar de murmurar! — Sim? 93! O convencional endirei tou-se na cadeira com uma gravidade quasi lugubre e, tanto quanto pode fa- zelo um moribundo, excla mou: — Ah! Lá estamos nós. g3. Já esperava essa pala vra. Formou-se uma nu vem durante quinhentos annos. Ao fim de quinze séculos estalou. Processam o trovão. O bispo sentiu, talvez sem o confessar, que ficá- ra devéras impressionado. Comtudo mostrou firmeza e respondeu: — O juiz fala em nome da justiça; o padre fala em nome da piedade, que não é outra coisa senão uma justiça mais elevada. Um trovão não deve enganar- se. E accrescentou, olhando fixamente para o conven cional : — Luiz XVII? O convencional estendeu a mão e pegou no braço do bispo. — Luiz X V II! vejamos. Por quem chora? é pela creança innocente? então choro comsigo. E’ pela creança real? peço para reflectir. Paramim o irmão de Cartouche, creança in nocente, pendurado por debaixo dos braços na pra ça da Gréve, até lhe sobre vir a morte, só pelo crime de ter sido irmão de Car touche, não é menos dolo-

REDACÇÂrt, ADMLMSTKACÁO E TYFOGRAPHIA 1 · 2020. 2. 11. · Assignatura Anno, 1S000 réis; semestre, Soo réis. Pagamento adeantado. Na cobrança pelo correio, accresce o premio

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Page 1: REDACÇÂrt, ADMLMSTKACÁO E TYFOGRAPHIA 1 · 2020. 2. 11. · Assignatura Anno, 1S000 réis; semestre, Soo réis. Pagamento adeantado. Na cobrança pelo correio, accresce o premio

AssignaturaAnno, 1S000 réis; semestre, Soo réis. Pagamento adeantado. Na cobrança pelo correio, accresce o premio do vale.Avulso, no dia da publicação, 20 réis.

EDITOR— José Augusto Saloio

REDACÇÂr t , ADMLMSTKACÁO E TYFOGRAPHI A 1 Annuncios-l*iil>licaçõcs s ,

publicação, 40 réis a linha, nas seguintes,

16— LARGO DA MISERICÓRDIA— i6 pA L D E O A L L K G A f i

20 réis. Annuncios na 4.“ pagina, contracto especial. Os auto- araphos não se restituem quer sejagraphos não se restituem quer sejam ou não publicados.

PROPRIETÁRIO— José Augusto Saloio

DOMINGO, 9 DE MARÇO DS 1903

SEM A N A R IO N O T IC IO S O , L IT T E R A R IO E A G R ÍC O L A

EXPEDIENTE

Acceitam-se com grati­dão quaesquer noticias que sejam «le iuteresse publico.

UMA HISTORIADO

OUTRO MUNDOE’ hoje que O Domingo

enceta a publicação do grande ROMANCE DE AVENTURAS, devido á penna de Joaquim dos An­jos, em que emprega todos os recursos do seu lucido pensamento e todos os pri­mores do seu estylo.

Aconselhamos, pois, aos nossos estimáveis leitores, o extraordinario romance UMA HISTORIA DO OU­TRO MUNDO.

VICTOR HUGO| Continuação do n.u 331

— Desde que estou aqui, disse elle, é a primeira vez que me visitam. Quem é o senhor ?

O bispo respondeu:— Chamo-me Bem vindo

Myriel.— Bem vindo Myriel, te­

nho ouvido pronunciar es­se nome. E’ o senhor a quem o povo chama monsenhor Bemvindo?

— Sou eu.O velho tornou, com um

meio sorriso:— Nesse caso, é o meu

bispo?— Um pouco.— Entre, senhor.O convencional estendeu

a mão ao bispo, mas elle não lhe tocou. Limitou-se a dizer:

—̂ Estou satisfeito por vêr que me enganaram. Não me parece doente.

— Senhor, respondeu o velho, vou curar-me.

Fez uma pausa e disse:— Morro daqui a tres

noras.Depois tornou:— Sou alguma coisa me­

dico ; sei de que modo vem a ultima hora. Hontem só tinha os pés frios; hoje o

10 já chegou aos joelhos, agora sinto que sobe á cin­

tura; quando chegar ao coração parou. O sol é tão bonito, não é ? mandei que me trouxessem cá para fo­ra, para deitar uma ultima vista de olhos ás coisas. Pode falar commigo que não me fatiga. Faz bem em vir visitar um homem que vae morrer. E’ bom que este momento tenha teste­munhas. A gente tem ma­nias; eu antes queria che­gar á madrugada. Mas sei que apenas posso durar tres horas. Será noite. Mas que importa! acabar é uma coisa simples. Não se pre­cisa da manhã para isso. Deixal-o. Morrerei á luz das estrelias.

O velho voltou-se para o pastor e disse-lhe:

— Vae-te deitar. Perdes­te a noite e deves estar cançado.

O rapazito entrou na ca­bana.

O velho seguiu-o com os olhos e accrescentou, como se falasse comsigo:

— Emquanto elle dormir morrerei eu. Os dois som- nos podem fazer boa visi- nhanca.»

O bispo não estava tão com movido como parece que deveria estar. Não jul­gava sentir Deus naquelle modo de morrer; digamos tudo, porque as pequenas contradições dos grandes corações devem ser indica­das como o resto: elle que, em qualquer occasião, ria tanto de Sua Grandeza, estava um pouco offendido por não ser tratado por monsenhor e tinha quasi vontade de replicar: «cida­dão». Veiu-lhe uma vellei- dade de familiaridade ra­bugenta, muito commum nos médicos e nos padres, mas que não era habitual nelle. Aquelle homem, no fim de contas, aquelle con­vencional, aquelle repre­sentante do povo, fôra um poderoso da terra; pela primeira vez na sua vida, talvez, o bispo sentia-se com humor de severida­de.

O convencional comtudo olhava para elle com uma cordealidade modesta, on­de se poderia talvez distin­guir a humildade que sen­

timos quando estamos qua­si a ser feitos em pó.

Pela sua parte, o bispo, embora se abstivesse ordi­nariamente da curiosidade, a qual, conforme elle dizia, era contigua á offensa, não podia deixar de examinar o convencional com uma attenção que, não tendo origem de sympathia, lhe seria certamente censurada pela consciência para com outro homem. Um con­vencional parecia-lhe um pouco estar fóra da lei, até mesmo da lei da caridade.

O velho, sereno, com o busto quasi direito, a voz vibrante, era um desses grandes octogenários que assombram o physiologis- ta. A Revolução teve mui­to desses homens propor­cionados á epocha. Via-se que aquelle velho estava á prova de tudo. Tão perto do fim, conservára todos os gestos da saude. O olhar claro, a voz firme, o robus­to movimento dos hom- bros, impunha-se á morte. Azraél, o anjo mahometa- no do sepulchro, havia de retroceder julgando ter-se enganado na porta.

G. parecia morrer por­que queria. Na sua agonia havia liberdade. Só as per­nas estavam immoveis. Era por onde as trevas o segu­ravam. Os pés estavam mortos e frios, e a cabeça tinha toda a pujança da vi­da e parecia estar em ple­na luz. Naquelle grave mo­mento, o velho parecia-se com aquelle rei do conto oriental, metade homem e metade mármore.

Estava alli uma pedra. O bispo sentou-se. O exordio foi ex-abrupto.

— Felicito-o, disse o bis­po em tom de reprehen- são. Não votou sempre a morte do rei.

O convencional pareceu não reparar no subentendi­do amargo occulto naquel- la palavra: sempre. Res­pondeu, tendo-lhe desap- parecido o sorriso da face:

— Não me felicite muito, senhor, eu votei o fim do tyranno.

Era o tom austero em presença da accusação se­vera.

— Que quer dizer? tor­nou o bispo.

— Quero dizer que o homem tem um tyranno, a ignorancia. Votei o fim desse tyranno. Esse tyran­no gerou a realeza que é a auctoridade tomada num principio falso, emquanto a sciencia é a auctoridade tomada na verdade. O ho­mem não deve sei' gover­nado senão pela sciencia.

— E pela consciência ac­crescentou o bispo.

— E’ a mesma coisa. A consciência é a quantidade de sciencia innata que te­mos em nós.

Monsenhor Bemvindo ouvia, um pouco admira­do, esta linguagem muito nova para elle.

O convencional prose- guiu:

— Quanto a Luiz XVI, disse que não. Não me jul­go com direito de matar um homem, mas sinto-me com o dever de extermi­nar o mal. Votei o fim do tyranno, isto é, o fim da prostituição para a mulher, o fim da escravidão para o homem, o fim da noite pa­ra a creança. Votando a republica, votei isto. Votei a fraternidade, a concor- dia, a aurora. Ajudei a quéda dos preconceitos e dos erros. Os desabamen­tos dos erros e dos precon­ceitos fazem a luz. Nós fi­zemos cahir o mundo ve­lho^ o mundo velho, raso das misérias, entornando- se sobre o genero humano tornou-se numa urna de alegria.

— Alegria confusa, disse o bispo.

— Póde dizer: alegria perturbarda, e hoje, depois desse fatal regresso do passado, que se chama 1814, alegria desappareci- da. Ah! concordo que a obra foi incompleta; demo­limos o antigo regimen nos factos, mas não pudemos supprimil-o inteiramente nas idéas. Não basta des­truir os abusos; é preciso modificar os costumes. O moinho já não existe, mas o vento ainda lá está.

— Os senhores demoli­ram. Demolir pode ser util mas desconfio muito de

uma demolição complica­da com a colera.

— O direito tem a sua colera, senhor bispo, e a colera do direito é um ele­mento do progresso. Di­gam o que quizerem, a Re­volução franceza é o passo mais poderoso que o gene­ro humano tem dado de­pois da vinda de Christo. Incompleta póde ser; mas sublime. Desembaraçou to­dos os desconhecidos so- ciacs. Abrandou os espiri­tos; acalmou, pacificou, il- luminou, fez correr na ter­ra ondas de civilisação. Foi boa. A revolução franceza é a sagração da humani­dade.

O bispo não poude dei­xar de murmurar!

— Sim? 93!O convencional endirei­

tou-se na cadeira com uma gravidade quasi lugubre e, tanto quanto pode fa- zelo um moribundo, excla­mou:

— Ah! Lá estamos nós. g3. Já esperava essa pala­vra. Formou-se uma nu­vem durante quinhentos annos. Ao fim de quinze séculos estalou. Processam o trovão.

O bispo sentiu, talvez sem o confessar, que ficá- ra devéras impressionado. Comtudo mostrou firmeza e respondeu:

— O juiz fala em nome da justiça; o padre fala em nome da piedade, que não é outra coisa senão uma justiça mais elevada. Um trovão não deve enganar- se.

E accrescentou, olhando fixamente para o conven­cional :

— Luiz X VII?O convencional estendeu

a mão e pegou no braço do bispo.

— Luiz X V II! vejamos. Por quem chora? é pela creança innocente? então choro comsigo. E’ pela creança real? peço para reflectir. Paramim o irmão de Cartouche, creança in­nocente, pendurado por debaixo dos braços na pra­ça da Gréve, até lhe sobre­vir a morte, só pelo crime de ter sido irmão de Car­touche, não é menos dolo-

Page 2: REDACÇÂrt, ADMLMSTKACÁO E TYFOGRAPHIA 1 · 2020. 2. 11. · Assignatura Anno, 1S000 réis; semestre, Soo réis. Pagamento adeantado. Na cobrança pelo correio, accresce o premio

O D O M I N G O

roso que o neto de Luiz 'XV, creança tambem in- nocente, martyrisado na torre do Templo só pelo crime de ter sido neto de Luiz XV.

— Senhor, disse o bispo, nao gosto dessa appoxi- mação de nomes.

— Cartouche ? Luiz XV ? por qual dos dois reclama?

Houve um momento de silencio. O bispo estava quasi arrependido de ter vindo e comtudo sentia-se vaga e extranhamente aba­lado.

O convencional conti­nuou :

— Ah! o senhor padre' não gosta das cruezas da, verdade. P ois Christo apre­ciava-as. Pegava numa va­ra e sacudia o templo. O seu chicote cheio de relampa- gos era um aspero falador da verdade. Quando elle exclamava: Sinile párvu­los . .. não distinguia entre as creanças. Não se impor­taria de approximar o filho de Barrabás do filho de, Herodes. A innocencia tem a sua corôa especial, se­nhor. Não precisa de ser alteza. E’ tão augusta esfar­rapada como vestida de flores de liz.

— E’ verdade, disse o bispo em voz baixa.

— Insisto, continuou o convencional. Falou em Luiz XVII. Entendamo-nos. Choremos por todos os in­nocentes, por todos os; martyres, por todas as creanças, tanto pelos hu-

de silencio. Foi o conven­cional quem o rompeu. Le- vantou-se sobre um coto- vêlo, tomou entre o polle- gar e o indicador uma das faces, como se faz machi- nalmente quando se inter­roga um réu, e interpellou o bispo com um olhar cheio de todas as energias da agonia. Foi quasi uma ex­plosão.

(Continua)

Queixam-se-nos desta villa que a falta dê pão tem sido bastante grande, che­gando o poVò a vir 'fOrne- cer-sé de pão a Aldegalle­ga. Na-segunda-feira e ter­ça quem queria cinco pães levava por favor um ou dois, e isto devido aos pa­deiros daquella terra não estarem para, sustentar gratuitamente casas de fa­mília, que só pensam em comer e não pagar.

UMA HISTORIA no

OUTP lilP OE’ hoje que 0 Domingo

enceta a publicacão cio grande ROMANCE DE AVEN FURAS, devido á penna de Joaquim dos An­jos, em que emprega todos os recursos, do seu lúcido pensamento e todos ós pri­mores do seu estylo.

Aconselhamos, pois, aos nossos estimáveis leitores,

HISTORIA DO OU­TRO MUNDO.

mildes como pelos eleva- lG extraordinari dos? Concordo com isso Mas então, já lho disse, é preciso irmos antes de g3, e começarmos as nossas lagrimas antes de Luiz XVII.Chorarei comsigo pelos fi­lhos dos reis, se o senhor chorar commigo pelos fi­lhos do povo.

— Choro por todos, dis­se o bispo.

— Egualmente! excla­mou o convencional, e se a balança tem de inclinar-se, que seja para o lado do povo. Ha muito mais tem­po que elle soffre.

Houve outro momento

ío romance

G Q F R B B B P E lO - jLJvS

DOIS AMORESTrazendo a velha mendiga A neta vem docemente.E ’ tão linda a rapariga,Com seu sorriso innocenle!

E ' a ardente creancice Que ampara o gélido inverno ... Unia celeste meiguice

- E um santo affecto materno.

Nãg ha nenhun transeunte Que, ao vêr o grupo loução,

■ A si proprio não pergunte,Com profunda commoção,

Se a menina, çoa belle^a Do seu cabello clouradò,Não será linda prince~a Jj'algum casteilo encantado..,

Andrajos mesmo trc E tac) bonita a pequena!Exhàla o perfume brando Da mais formosa açucena.

E quefrisante contraste ■Nos mostra o grupo attrahente! Uma o botão sô na haste,Linda, feliz, innocente ...

A outra, rosa pendida Que o vento já desfolhou.No livro immenso da vida Quantas desditas marcou!

Dae uma esmola d mendiga Que dalma perdeu a esperança. Não tem no mundo outra amiga Senão a linda creança.

Dae o consolo bemdito A triste rapariguinha Que, com carinho infinito, Ampara a pobre velhinha!

JOAQUIM DOS ANJOS.

Chegou hontem a ésta villa uma companheira de um dos gatunos' do roubo de João Soares Vcspeira, vinda da cidade do Porto, onde foi presa.

Da administração d este concelho, teem sahido mais de 200 circulares com os retratos dos gatunos que roubaram João Soares Ves- peira, de Sarilhos Grandes.

PENSAMENTOS

A NE C D O T A S

N 'um tribunal:Juiz— O réo vae ser condemnado; e ahi tem você o

resultado de andar com más companhias.Réo(í—Lá isso e verdade; desde que me conheço não

lenho convivido senão com policias,, escrivães e juizes.

0 mundo, que passa pelo mais mudável dos íkealros) representa sempre as mesmas peças, variando o scenario e renovando os actores.— G. M. Valtour.

>— Ao. inverso da formiga, o homem é excitado ao. desperdicio do presente pela falta de segurança do futu­ro.— G. M: Valtour.

lâcgíBiíasiaesaííi! ?aes*;’iS «los *e5-Y li*ofc « le f t a m l c c S l e s s e f i c c a i e i a BBes5 í5 it'a .

A Bibliolheca,Popular de Legislação, com séde na Rua de S. Mamede, i i i ,ao Largõdo Cáldas,Lisboa, acaba de editar este novo Regulamento, sendo o seu custo’ 3òó réis,' 'franco de

Queixou-se na adminis­tração, deste concelho, no dia 4 cio corrente, Genaro SòaresÇ expiosto da Sãnta Çasa da Misericórdia de Lisboa; morador na Cilha do Pé de Boi, concelho de AÍcc5chété, de qué no dia 2 do corrente, pelas 6 hdfôs da tarde, na estrada que conduz de Aldegallega á Atalaya, proximo da Fabri­ca do Tijolo, foi cobarde­mente' aggredido ‘por, José Gomes, morador no refe­rido logar cíAtalaya e por Manuel Augusto morador ná estrada da Atalaya, com pauladas por José Gomes, e com uma facada no bra­ço direito por Manuel Au­gusto. Foram-lhe feitos os curativos na pharmacia Gi- raldes.

José Maria Pinto, natu­ral e morador nesta villa; queixou-se na! administra­ção d’este concelho, de que no dia 3 do corrente, pelas6 horas-âa tarde, no logar da Atalaya, fòra aggredido com pauladas e soe cos por João Cabaço e sua mulher Maria Amieira, residentes no referido logar cíAta­laya. A aggressão não. re­sultou contusão nem feri­mento algum.

3Sl,aiv«â*z No logar da' Atalaya,

freguezia do Espirito Santo deste concelho, houve co­nhecimento no dia 21 de fevereiro, de que tres: me­nores de nome Maria de Jesus, de 11 annos de idade filha da viuva Eufemia de Jesus, Clotilde Maria, de 6 annos, filha de João Baptis-

FOLHETIM

Traduccâo de J. DOS ANJOS

UMA HISTORIAD O

O U T R O _ID N tôRomance de aventuras

1A jisasliíia asíãí»

O João Pioux e Miirio Mazuclard tiveram deante do -conselho de guer­ra uma entradà sensacional..

O João Pioux tinha a profissão de hercúlcs, logo se via ; não porque fos- s j . como a maior parte dos seus col- lçgas, uma massa informe de museu

los e de carne, mas porque tinha a :força impressa em todos os seus mo­vimentos.

No balanço • regular dos hombros largosi,: pçlo- rythmo do andar, pelas aspirações lentas do vasto peito, sen­tia se uma machina a miravelmente equilibrada. Pôr costume; éncóstava o punho esquerdo' sobre o qu dril, e o braço form davet parecia, debaixo da manga, um íriólho de'cordas de nós.

Mas apesar da attitude e dos mo­dos, náo tinha o ar de uin selvagem. Para vêr'isso basta/a olhar-lhe para los:olhos serenos e para o,rosto plau- !do. Parecia uma cahe :a de creança :mlfi.to meiga,.sustentada pojj um pes­coço de touro e emmokiuiaj.ia n ‘umn juba de le io p eto.

O Mario difteria em tudo do João. Entrou quasi a deslocar-se e fazendo

.contorsões. Parecia definhado e ape nas era magro; encarquilhava-se para parecer pequeno. Tomava modos de andar disformes e podia fnzer-se pas­mar por aleijado. Na realidade, era

^mu:to alto. delgado e secco. leve co mo .uma enguia e astuto como um

.macaco.Tinha tudb o que è preciso para

ser. feio e h?o,'kJ:'efa. Cs oVhòs :ama- re llo ; abriam se tão grandes, tão cla­ros, t'o vivos, tão; profundos ás,ve zes, tão intelligente ; sempre, que se •esquecia a forni; dr larnpa.la vendo r. a luz q -e : rtfiiv-hí dentro.

Entláiam -dando a- mão um ao ou­tro. O João levantou ura .murmurio-

ide a-iroira;ão e, o jUarip uma t-flígn- jlhrcjá.

i'o m n o u sempre- ò riso durante a' mtc-rrogrtorlo, ao qual só o Mario respondeu, ao passo que o João se

contentava em appròvar cada palavra do seu anrgo com um g_çsto' energi- eol - ' •’

Quando o presidente perguntou o nome, a edade e a profissão, levanta­ram se ambos e ouviurse a \ o 7, do Mario soar como se fos;e uma matra- cáí Emquanto os labios avançávani e ret ravam ’ em todos òs sentidos, ó únrv/. lhe tremia, a fo n te e as faces se franz am como a agua quando- o vento a encrespa, pronunciou em-voz

ímuito aita.e sem djscançar: .• João Pioux, por alcunha o Ho

mem -'Iouro. Mario Mazuclard. por alcunha o Gafanhoto, trinta è quaren' tf.,- «banquistas» ír |.

Só lhe. tinham visto as caretas e

— (1: «Banqulste», pelótiquineiro. saltimbanco.- «Trinta e quarenta», jo-’ o francez. N. do T .

nao tinham coónpr ehendido nada. Fa- lava èm toflro, ém gafanhoto, em trinta e quarenta, em b; n ía ; o que qeria dizer aqtiillo?

- “ Repita, disse o presidente.Elle repeliu, sempre a mesma coi­

sa. Cada vez se riram mais e náo com- phehenderam nada também'.

— Explique-sé-i tornou o corònèl, que não se atrevera a óssociar-5e á risota geral-,

-— Digo que o meu amigo se chama João Piou e que lhe puzeram a alcu­nha de I lomém-Touro por ser muito forte. Digo quê me chamo Mario Ma­zuclard, poi'.'alc riba" b Gafanhoto, porq.ue tenho;as pernas-como flautas. Digo que ejle tem trinta annos e que eu tenho quarenta. Digo finalmente que. somoá «banquistas». Não confun­dam com banqueiros, por fav r!

i Continua.;

Page 3: REDACÇÂrt, ADMLMSTKACÁO E TYFOGRAPHIA 1 · 2020. 2. 11. · Assignatura Anno, 1S000 réis; semestre, Soo réis. Pagamento adeantado. Na cobrança pelo correio, accresce o premio

ta C a b a ç o e dê Maria Amjcira e M a r ia a o s can­tos,: de 7 a n n o s , ’ í i ih a de Manuel P e rfe ito e de Ro-sa- dos Santos, todos morado­res no referido logar da A ta la y a , foram estupradas e se acham atacadas de syphiles que lhes. fóra tam­bém communicada pelo mesmo auctor do estupro, e que até á data as aucto­ridades' ainda não póderam descobrir e ss a fera tão r e ­pugnante.

Esta malvadez, segundo contam as innocentesinhas, foi feita na casa da fazenda de José Maria Pinto,sobre quem já recahiram fundas suspeitas, chegando "as fa­mílias a esperal-o para o matarem, e se se salvou, foi devido á presença da menor.de 11 annos no acto do conflicto, dizer que não era aquelle o homem.

No dia cinco do corrente, por desconfiança, prende­ram um indivíduo que .tam­bem trabalhou na dita fa­zenda, sendo posto em li­berdade no dia immediato por íiáda se provar.

As creanças dizem ter sido um homem baixo e de barbas

Estão to d a s em t r a t a ­mento no h o s p it a l d o Des: terro, em Lisboa.

Lembramos ás auctori- d a d e s que sujeitem a um e x a m e medico os indiví­d u o s sobre quem caheam suspeitas.

Sentimos bastante se o auctor de tão barbaro cri­me fica impune.

uinho, a ex.ma Angélica G o^

n

Asstlga SSereearl do P®¥®

uma vez este estabe­lecimento, augmenta a ven­da, por se achar devida­mente fornecido de todos os generos* attinentes a m e rc e a ria , salchicharia, ta­b a c a ria , vassoureiro, cor­d o a ria , etc., etc. Recom- mendamos aos nossos esti­máveis leitores a excellen- te manteiga de vacca na-■ • o

cional e o café deste esta­belecimento, que, tendo agora novo proprietário, este promette não faltar alli com generos de especie alguma.

' Rua do Caes, antigo es­tabelecimento de João da Loja.

Vidé, o annuncio na q.a p a g in a .

A sãs» 1 v e v s a a* I os

Passa amanhã mais um anniversario natalício o mé- ™no Josç, íiihp do nosso

v)rn amigo José Narcizo ^odinho.,

1 ambém depois de aiTíanha,Ai mae d’esíe nos­so arnigo Jo.-c Rárcizo Go-

nna cunno, passa

v e rsa rio ■ liatá-

â /Hr? 8í i \ U s i'tl

m í •(fi

mais. um ahr licio.

Na próxima quarta-íeira passa rnajs um anniversa­rio natalício a ex.m sr.a D. Joaquina da Piedade Silva Cavique, residente em Porto de ÍVloz.

Enviamos-lhes as ■ nossas nlicitacoes.

iilT T E R A T O B ÁBa*© piaafet «le W ci

(Continuação]

A lua começava a nas­cer; o seu. ciarão..yacillan te, penetrando por uma das portinholas, allumiava aquelle rosto encantador, e como amortecido; elle não se atrevia a desper- tal-a, e com tudo só estava a duas leguas de Weiraar! só havia poucas horas que viajava com ella! e enter­necia-se quando a contem­plava; estremecia e chora­va. . Ella ia-a uma peque­na cidade distante d alli trinta leguas;.e já elle for­mava 0 plano de a seguir logo que tivesse abraçado a sua familia. Como podia elle resolver a não tornar a. ver aquella mulher tão bella? elle a seguiria... Du­rante o seu somno julgou vêr duas lagrimas que lhe corriam ao longo do rosto. Tomou animo, pegou-lhe em uma das mãos, que tremia; depois com muita precaução tirou-lhe do de­do um annel de ouro; ella agitou-se, mas não acor­dou ... ao menos não abriu os olhos. Então, fóra de si, introduziu-lhe no dedo, que ainda segurava/um 'annel simples e quasi similhante ao que lhe roubava, ou que elia lhe dava por meio de aquelle somno prolongado e cúmplice.

— Nossas almas se casa­ram, disse o allemão incli­nando-se para ella.

Sentiu um estremeci­mento, e um leve suspiro escapar-lhe do peito; más a carruagem já rodava com estrondo sobre as calçadas de Wéimar.

A carruagem demorava- se algumas horas 11a esta­lagem da cidade. As duas vi aj antes Ih e di sse ram adeus

,í“S.íi3Í?3Cl SSíii-iíí fê'©IIS*£® e.fíeiaBSKslíií hzis

twgRlitèi*.- srãó I&és|..S(ÇjfS.» p®sslve3 olvidas’ © .p?*©- Í 2B36íl® peeoBEb eeliB c£ í o jsara «©ana © esaiaJ0 s r . ’ d'a* fFeaar ■ Weiatasra, peias

vestia-« S e l p a í p c à Ã e e(tle s H a 4e í * e s s a d a s , v «■ essa fl>©B* é s t ç Bi*©I© S6ÍP/ÊSSB- p a j f e i ie a a s .u f e i e r a ? Si.di|$. ÚS&& ^ ? b | ! § S w . t o í i i B c í o jfáeasEIfãíiv», 'p è l ® « a r S a i í í » c z e í © «ousa íp g e !ára4© M «le se es S ifelasfeè . . d e á e s s y a I d a d e , d ’saiasa 'perílíESs d©eã2ça . que © ■teve á s j s o r í á s «la Bia©i*Íe. :c® .3 *sé S p S .a sd © c©aaa « s s e s s s ip a'©'faa a d ® s é o s s la e e I ssaèáa- 'à ® s d a ' s é l e s s e iá V ® è?> é|Sítr '© t c r r i v e ! ssáál « p s e ; s e iaei© £ © s s © saaa e s . a. «lei- á p i â s è sa s p a e s Isscóíes®- l a v e i s .

©escoaIpc-&©# saaa ex.® se ©fíesEíleasios a seáa e©~ aafeeeída ’’ na»dèsíía,' assas eàsos *d’èstés' eíS® pedeite- ficar e ® es4gweetÊ2sesst©.

Falías*iaíia©s a asaaa dever gpfeaídt©s© síã© agasade- eeaad® íaaiabem a© eissa." ss*. «Ia*. ®S®ttBa*a «|ise pa*©ES8- ptameafite se pi*est©sa a eaaaaa e©aafes*esaeia c©ssa © seaa e©llega, ®x e b s .° s ?s. <Ia% Ceaar Veasísara í*eas83ai“ eiand® a qasalffjsser r e - íaaaaaseraçã®.

I te s ia aga*ade0ei* a© «iisíSaEeí© e digas© pfeas*- gjiaaeesaíie© © sa*. Aaat.©si© E®Esrsi’âe Masjeli*a a ulcíli- e a ç ã ® e l s s í e a * e s s e ? p s e s s o s s a s o s t a 0© ^ s k s r a m É e © p e -

rlbd® da d®eaaça.Aldegallega, 8—3 — 902.

Mcmuel Maria Soares Franco.

A N N U N O I O

DE ALDEGALLEGA RI BATEJ O

(f." ^Ealílieaeã©)

Pelo Juizo de - Direito da comarca de Aldeia-Gal- lega do Ribatejo, e carto- rio do escrivão Silva Ccje- Iho, correm edrtos de 35 dias, citando os executa­dos Constancia Gomes

e subiram para um quarto,] Patego e marido Antonio uma contínua commoção Pereira Broxante, •— Emi- se manifestava no olhar da lia Gomes Patego, soltei- mulher. mais nova. ra, maior, — Joaquim Gò-

O pintor poz-se á janella J mes Patego e mulher Ro­do seu quarto que deitava; sa Maria Formiga, todos sobre o pateo da entrada,ausentes em parte incerta, decidido a partir e seguir I para dentro do praso de o ente a quem se tinha® dez dias, depois d2 findo o unido por um casamento j dos editos, a contar da pu- mistico. Por mais que os.j bíicação do ultimo annun- homev.sfaçam, pensava elle- 'cio no «Diário do Gover- cxtslem relações entre mfelino», pagarem ao exequen-r - • | .. - ' r ‘ ̂ ,e as nossas ai mas esta$\ca-\ tc Antonio í-aetano da sadas! -'Continua Silva Oliveira, casado, prc>-

-:-y..r-.-.'KO'NÒ TO

Jí! l !E y j|;bij4r

A t) 9 JS lil®

; J C - ? V r : •> $ t t / i ' i

No dia c;-de márçò, pelo .meio, dia, na adega da ca- Ba onde, fàlleceràm Rosa da C r’uz- e marido Manuel .dos Santos Mãnrateá,| no 5

_ siàêÃdk.' EkpinhosV deJSa-eriptura ,d'e 26 de janeiro. ,G!':tn>Íes’ 110 inven­

tario orphapplogico. a que ,se proçpde por obi.t.o cíqs mesmos, se ha de vender e.iuTematar em. hasta pu­blica, çv qqerp^niaior lanço olfei^ecer. i.6:38o- litros de vinho, que se ãçham,denrs trq. dos...̂ onejs num^ros 1 a

prietario; mçrador na villa de Aldegallega, a quantia de 3 i 5s/õ,qp reis,, d;e capi­tal. juros vencidos e que se vencerem até real em­bolso, custas, s-llos e de­mais despezas, a que1 tudo .0 falieçido seu píje/e sp- gro João Gomes Pategô, viuvo, morador que foi 110 sitio da i\>nte dos Gaval- los, íregiiezia de Sarilhos Grandes, se obrigou para com o exequente, por es-

de 19Õ1, com o juro an- nual de 5 sob pena cie findo' o: decendio,'.'se pro-- ceder á penhora nos pré­dios hypòthecadós na re­ferida escripíura, e bem assim falarem e assistirem a iodos ós termo» até íinàl do respectivo processo, de

.execução, sob pena deje- velia.

Aldegallega do Ribatejo, 28 de fevereiro de 1902.

0 E S C R 1V Á 0

Antonio' Augusto da SilvaCjCoelho.

Verifiquei a exactidão.

O JUIZ D E D IR E IT O

N. Souto.

MODISTA

Especialidade em corte e execução dè Vestidos, Casa­cos e Capas, para senhoras e meninas. Dá licções de corte. — Rua de José Maria dos Santos, n.° 1 1 5 , .

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da a parte.

M A P P A S D E P O R T U ­G A L

Ha para vender mappas de Portugal, não coloridos, ao preço de 60 réis cada um.

Ha para vender collec- ções de jornaes, taes como: Século, Pimpão, Parodia, SÚppleménto ao Seculò, è i outros; assim conio livrosj antigos de diversos idio-1 mas.

Nesta redaccão se trata.:

7 e. 12, que estão na refe­rida adega, entrando em práçà pór‘LÓnel,' e peto. pre­ço da ávaíi.acãp, que é riá- rásão de 27 réis çadà litro. Pelo jpresenté< são Citados os crédprés incertos para assistirérh' á dita arrema­tação.. .' is «’ l i I. ’ *: " í 0 \ v r

Aldeia Gallega do Riba­tejo, 27 de fevereiro de 1902.

O E S C R IV Á O

Antonio Augusto da Silva Coelho.

Ver itquffi a exactidão.

O JUIZ D E D IR E IT O

N. Souto.

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O D.OMINGO

ANTIGA MERCEARIA DO POVODE

A N T O N I O C H R I S T I A N O S A L O I O]V estc e sta b e lec im e n to encoB Íra-sc á venda p e lo s p reço s m ais c o n v i­

d a tiv o s , « m i variado s o r ilm e n to de g en ero s p rop rsos do sess píusío de coiií- ui e rei o. o fie rcccn d o p or is s o as m a io res'g a ra n tia s aos sees§ esíâsnaveis fre~ g u ezcs e ao r e sp e itá v e l p u b lico .

RUA. D O C A E S — ALDEGALLEGA DO RIBATEJOiO COIMIMO POYOALDEGALLEGA DO RIBATEJO

Grande estabelecimento de fazendas por preços limitadíssimos, pois que vende todos os seus artigos pelos preços das principaes casas de Lisboa, e alguns

AINDA MAIS BARATOSGrande collecção dartigos de Retroseiro.Bom sortimento d artigos de F A N Q U E IR O .Setins prelos e de côr para fórros de fatos para homem, assim como todos os

accessorios para os mesmos.Esta casa abriu uma SECCÃO ESPECIAL que minto util é aos habitantes

desta villa, e ^ e e a f O M P R Â ÉM L IS B O A de todos e quaesquer artigos ainda mesmo os que não são do seu ramo de negocio; garantindo o selo na escolha, e preço porque vendem a retalho as primeiras casas da capital.

B O A C O L L E C Ç Ã O de meias pretas para senhora e piuguinhas para crean- ças de todas as edades.

A CO R PRETA D’ESTE ARTIG O É GARANTIDA A divisa desta casa é GANHAR POUCO PARA VENDER MUITO.

JOAO BENTO k NUNES BE CARVALHO88, R. DIREITA, 9 0 - 2 , R. DO CONDE, 2

D E P O S I T ODE

VINHOS, VINAGRES E AGUARDENTES E FABRIC-A. d b l i c o r e s

G R A N D E D E P O S I T O B i A C R E D I T A D A F A B R I C A D EJANSEN & c / — L IS B O A

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CERVEJAS, GAZOZAS, PIROLITOSVENDIDOS PELO PREÇO DA FABRICA

LUCAS & C.A — —L A R G O D A C A L D E IR A — ALDEGALLEGA DO RIBATEJO

V in h osVinho tinto de pasto de i . a, litro

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20o

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figo

» 1 .aB 2.3

18̂ .»20°. »18 >. »

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L icoresLico r de ginja de i.« litro..

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€.’anna Sgranca| Parati..................................... litro| Gabo Verde........................... a

60 rs. | Cognac.............................garrafa5o » | ........................................ »80 » 1 Genebra....................................... »60 » §

3ao rs. 320 » 240 » 160 » i 5o » 140 » 120 » 140 »

700 rs. 600 »

I$200 »iS-:ioo » 36o »

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C apilé, l i ír o 8 § © re is , cons garrafa 3 4 0 r é isLi M A IS B E B ID A S D E D IF F E R E N T E S Q U A L ID A D E S

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Jo sé A n to n io N u n es> C K K . ) o

Neste estabelecimento encontra-se d venda pelos preços mais convidativos, um variado e amplo sortimento de generos proprios do seu ramo de commerc:o, podendo por isso offerecer as maiores garantias aos seus estimá­veis fregueses e ao respeitável publico em geral.

Visite pois o publico esta casa.

19-LAEGO ID.A. EG-UEJ-A.— I9-a

A ldegallega do lti3>atejo

H A V A N E Z A D A PRAÇA12:0003000 DE RÉIS

io.a loteria do anno em 14 de março de 1902

Encontra-se, dos principaes cambistas, n’esta casa grande sortimento de bilhetes, meios bilhetes, quartos de bilhete, décimos, vigésimos e cautellas de todos os preços.

lis ta casa é a m ais fe liz no g en ero !

JOÃO ANTONIO KIBEIROPRACA SERPA PINTO — ALDEGALLEGA