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Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL Rede de Ensino Luiz Flávio Gomes – Rede LFG CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO TELEPRESENCIAL E VIRTUAL EM DIREITO PROCESSUAL: GRANDES TRANSFORMAÇÕES Disciplina Teoria Geral do Processo e Recentes Inovações Teoria Geral do Processo e Recentes Inovações Teoria Geral do Processo e Recentes Inovações Teoria Geral do Processo e Recentes Inovações Legislativ Legislativ Legislativ Legislativas as as as Aula 5 Índice Leitura Obrigatória 1 ... p. 01 Leitura Obrigatória 2 ... p.05 LEITURA OBRIGATÓRIA 1 EDUARDO TALAMINI Advogado, mestre e doutor em Direito Processual Civil pela USP. Professor de Direito Processual Civil e Processual Constitucional na UFPR. Membro do Instituto Brasileiro de Direito Processual e do Conselho de Redação da Repro. A OBJEÇÃO NA EXECUÇÃO (“ EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE”) E A LEI 11.382/2006 Como citar este artigo: TALAMINI, Eduardo. A objeção na execução (“exceção de pré-executividade”) e a lei 11.382/2006. Disponível em: http://www.migalhas.com.br/mostra_noticia_articulada s.aspx?cod=25880. Acesso em: 30.01.2007. Material da 5ª aula da Disciplina Teoria Geral do Processo e Recentes Inovações Legislativas, ministrada no Curso de Especialização Telepresencial e Virtual em Direito Processual: Grandes Transformações – UNISUL - REDE LFG.

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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO TELEPRESENCIAL E VIRTUAL EM DIREITO PROCESSUAL: GRANDES TRANSFORMAÇÕES

Disciplina

Teoria Geral do Processo e Recentes Inovações Teoria Geral do Processo e Recentes Inovações Teoria Geral do Processo e Recentes Inovações Teoria Geral do Processo e Recentes Inovações LegislativLegislativLegislativLegislativasasasas

Aula 5 Índice Leitura Obrigatória 1 ... p. 01 Leitura Obrigatória 2 ... p.05

LEITURA OBRIGATÓRIA 1 EDUARDO TALAMINI

Advogado, mestre e doutor em Direito Processual Civil pela USP. Professor de Direito Processual Civil e Processual Constitucional na UFPR.

Membro do Instituto Brasileiro de Direito Processual e do Conselho de Redação da Repro.

A OBJEÇÃO NA EXECUÇÃO (“ EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE”) E A LEI 11.382/2006

Como citar este artigo:

TALAMINI, Eduardo. A objeção na execução (“exceção de pré-executividade”) e a lei 11.382/2006. Disponível em: http://www.migalhas.com.br/mostra_noticia_articuladas.aspx?cod=25880. Acesso em: 30.01.2007. Material da 5ª aula da Disciplina Teoria Geral do Processo e Recentes Inovações Legislativas, ministrada no Curso de Especialização Telepresencial e Virtual em Direito Processual: Grandes Transformações – UNISUL - REDE LFG.

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Está superada a noção de execução como processo sem contraditório, procedimento de que apenas o credor poderia participar ativamente. A vigência dessa garantia na execução tem por fundamentos:

(I) as normas constitucionais que consagram o devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa em todas as formas processuais (CF, art. 5.o, LIV e LV);

(II) a circunstância de a execução enquadrar-se na atividade jurisdicional, submetendo-se a seus princípios essenciais: o contraditório é tão relevante para o direito processual que certos autores chegam a afirmar que só existe processo (e não mero procedimento) quando incide aquela garantia;

(III) o princípio do menor sacrifício do devedor (CPC, art. 620): seria absurdo sustentar que, ao mesmo tempo em que se assegura ao executado a não imposição de onerações desnecessárias, não lhe são dados instrumentos para exercer esse direito.

O equívoco da antiga afirmação de que não haveria contraditório na execução residia em não se perceber que o que não existe é discussão quanto ao mérito da pretensão de crédito do exeqüente. Ou seja, o juiz não investiga, dentro da execução, se o exeqüente tem ou não razão quando afirma que possui o crédito. O que não há é debate quanto a tal matéria. Essa discussão já terá ocorrido em ação de conhecimento anterior, em que houve a condenação, ou acontecerá em embargos à execução (que constituem ação própria, geradora de processo de conhecimento) ou ainda ocorrerá em impugnação ao cumprimento da sentença (também uma demanda cognitiva, geradora de uma fase própria, incidental à execução do título judicial de pagamento de quantia).

O equívoco da antiga afirmação de que não haveria contraditório na execução residia em não se perceber que o que não existe é discussão quanto ao mérito da pretensão de crédito do exeqüente. Ou seja, o juiz não investiga, dentro da execução, se o exeqüente tem ou não razão quando afirma que possui o crédito. O que não há é debate quanto a tal matéria. Essa discussão já terá ocorrido em ação de conhecimento anterior, em que houve a condenação, ou acontecerá em embargos à execução (que constituem ação própria, geradora de processo de conhecimento) ou ainda ocorrerá em impugnação ao cumprimento da sentença (também uma demanda cognitiva, geradora de uma fase própria, incidental à execução do título judicial de pagamento de quantia).

Feita essa ressalva, tem de se reconhecer que há contraditório na execução:

(I) para que se garanta a devida observância do princípio do menor sacrifício ao devedor. Não fosse assim, o princípio seria letra morta. Imagine-se que, depois do momento de oposição dos embargos à execução, o bem penhorado recebe avaliação inferior à correta. Exigir-se que o executado aguarde até a alienação judicial do bem para só então poder argüir o defeito (através de embargos à arrematação ou em ação autônoma) significaria dizimar aquela garantia;

(II) para que se suscitem as questões que o juiz poderia até conhecer de ofício (pressupostos processuais, condições da ação, validade dos atos da execução). Vigora na execução a regra que determina o dever de conhecimento pelo juiz, a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição, das questões de ordem pública: pressupostos processuais, condições da ação e nulidades absolutas. É o que se extrai dos arts. 267, §3º, e 301, §4º, c/c art. 598 ; arts. 580, 586 e 618; art. 475-R, todos do Código de Processo Civil (clique aqui). Se cabe ao juiz conhecer tais questões de ofício, nada impede ao executado que aponte ao magistrado a existência delas. Seria ilógico dizer que o juiz pode conhecer dessas matérias na execução, mas a parte não tem o direito de suscitá-las: todo poder conferido ao agente público traz consigo o dever de seu exercício (função) – e as partes têm o direito de provocar o cumprimento desse dever.

Todas essas matérias podem ser suscitadas e discutidas pelo executado a todo tempo na própria execução, independentemente de embargos ou de impugnação ao cumprimento. (Quanto a uma definição mais precisa dos limites de defesa do executado

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dentro da própria execução, reporto-me a escritos anteriores meus: “A determinação do valor do crédito por simples cálculo”, em Atualidades sobre liquidação de sentença, org. Teresa Wambier, São Paulo, RT, 1996, n. III.1, e Coisa julgada e sua revisão, São Paulo, RT, 2005, n. 8.9.)

Por outro lado, e pelos mesmos fundamentos, também ao exeqüente é dado participar, em contraditório, de todos os atos e etapas do procedimento executivo.

À possibilidade de o devedor formular defesas (que seriam conhecíveis de ofício) dentro da própria execução, independentemente de embargos ou impugnação ao cumprimento, tem-se dado o nome de “exceção de pré-executividade”. O nome não é apropriado. Primeiro, porque se trata da alegação de matérias conhecíveis de ofício pelo juiz. Portanto, é uma objeção (i.e., defesa que versa sobre tema cognoscível ex officio) e não exceção (defesa atinente a matéria que depende de argüição pela parte interessada). Ademais, tal alegação ocorre já no curso do próprio procedimento executivo, inclusive depois de praticados atos de execução propriamente dita. Então, não consiste necessariamente em uma argüição pré-executiva, no sentido de anterior aos atos executivos. Um nome preferível poderia ser objeção na execução.

Com a eliminação da exigência de prévia penhora para a oposição de embargos de executado (CPC, art. 736, alterado pela Lei 11.382 , de 6.12.2006 (clique aqui), em vigor a partir de 21.1.2007), já houve quem sustentasse que a objeção na execução (“exceção de pré-executividade”) iria agora desaparecer. A própria exposição de motivos do projeto que gerou a Lei 11.382 encampa essa idéia. A justificativa para tanto seria a de que, se sobre o devedor não recai o ônus de ter um bem seu penhorado para poder embargar, faltar-lhe-ia interesse processual para a objeção na própria execução, pois lhe bastaria promover os embargos. Em outras palavras, eis o argumento dos que preconizam haver desaparecido a figura em exame: para que promover uma medida atípica (objeção na execução), se é perfeitamente cabível a medida típica (embargos ou impugnação, conforme a natureza do título)?

Mas esse entendimento desconsidera três aspectos fundamentais:

(1º) - no cumprimento de sentença (execução do título judicial) a penhora continua sendo requisito para o cabimento da impugnação, de modo que em tal procedimento a objeção na execução permanece sendo o modo de se viabilizar a argüição de defesas de ordem pública sem a necessidade de penhora;

(2º) - a objeção na execução pode ser suscitada a todo tempo no curso do procedimento, diferentemente dos embargos e da impugnação, cuja interposição submete-se a prazo preclusivo – de modo que, mesmo no âmbito da execução do título extrajudicial, cuja defesa típica (embargos) ora dispensa penhora, a objeção na própria execução revela-se medida útil e adequada para o executado especialmente para argüir matérias conhecíveis de ofício depois de já decorrido o prazo para embargar (apenas não poderão ser argüidas por tal via defesas já veiculadas e rejeitadas por sentença de mérito nos embargos ou na impugnação). Aliás, as mudanças implementadas pela Lei 11.382 no Livro II do Código tendem a ampliar o número de objeções formuladas depois do momento oportuno para embargar a execução. Tanto a penhora original quanto outras, fruto de reforço ou substituição daquela, poderão ocorrer depois do decurso do prazo para embargos à execução (embargos de primeira fase). Como não há mais vinculação entre penhora e embargos (antes a cada intimação da penhora, abria-se uma oportunidade para embargar), para alegar um defeito na penhora (por exemplo, impenhorabilidade absoluta) mediante embargos, o executado teria de esperar o momento de oposição dos embargos de segunda fase, ou seja, teria de embargar apenas depois de o bem penhorado já ter sido objeto de arrematação, adjudicação ou alienação por iniciativa privada. Então, será muito razoável que o executado não aguarde o próprio bem ser expropriado para apenas então indicar que ele nem sequer poderia ter sido penhorado: poderá – e será até mais salutar à eficiência da execução – desde logo argüir o defeito no próprio processo executivo, mediante objeção.

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(3º) - além disso, em todo e qualquer caso, a oposição de embargos ou de impugnação ao cumprimento é sempre mais complexa e onerosa do que a simples argüição na própria execução. Como exemplo, imagine-se a hipótese em que o executado dispõe de elementos instrutórios aptos a demonstrar de plano a falta de uma condição da ação ou pressuposto processual da execução, mas ainda precisa de mais tempo para reunir subsídios para defender-se quanto ao mérito da pretensão creditícia. Nesse caso, ele pode optar por apresentar a objeção imediatamente ao juiz da execução para assim obter, o quanto antes, a extinção da execução, de modo a evitar a penhora de bens seus. Note-se que, embora a penhora não constitua mais requisito para os embargos, ela continua sendo cabível logo na fase inicial da execução – e os embargos, mesmo quando excepcionalmente receberem efeito suspensivo, se opostos antes da penhora, não impedirão sua realização.

Portanto, permanece existindo objeção na execução (“exceção de pré-executividade”). E nem poderia ser de outro modo. Não há lei que revogue a incidência na execução das garantias constitucionais do processo. Não há lei que revogue a inserção da execução na teoria geral do processo. A objeção na execução não é mais do que decorrência desses dois aspectos irrevogáveis.

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Aula 5

LEITURA OBRIGATÓRIA 2 FREDIE DIDIER JUNIOR

Professor-adjunto de Direito Processual Civil da UFBA (graduação, especialização, mestrado e doutorado).

Mestre (UFBA) e Doutor (PUC/SP). Advogado e consultor jurídico.

IMPUGNAÇÃO DO EXECUTADO (LEI FEDERAL Nº 11.232/2005)1

Como citar este artigo:

DIDIER JUNIOR, Fredie. Impugnação do executado (Lei Federal nº 11.232/2005). Disponível em: http://www.panoptica.org/novembro2006pdf/5Impugnaaodoexecutado.pdf. Material da 5ª aula da Disciplina Teoria Geral do Processo e Recentes Inovações Legislativas, ministrada no Curso de Especialização Telepresencial e Virtual em Direito Processual: grandes transformações – UNISUL – REDE LFG.

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1. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A REFORMA DA EXECUÇÃO DA SENTENÇA.

Há duas técnicas processuais para viabilizar a execução de sentença: a) processo de execução: a efetivação é objeto de um processo autônomo, instaurado com essa preponderante finalidade; b) fase de execução: a execução ocorre dentro de um processo já existente, como uma de suas fases. É preciso, pois, perceber que nem toda execução de sentença ocorre, necessariamente, em um processo de execução.

Com a reforma da redação do art. 461 do CPC, em 1994, extinguiu-se o processo de execução de sentença que impusesse uma obrigação de fazer ou de não-fazer; em 2002, com a criação do art. 461-A, o mesmo regramento estendeu-se às obrigações para entrega de coisa. Faltava a sentença pecuniária. A execução dessas sentenças prescindia da instauração de um novo processo; dava-se em uma fase do procedimento posterior à certificação do direito, denominada de fase executiva.

A Lei 11.232/2005 pretendeu eliminar o processo de execução de sentença. Criou-se a fase de cumprimento da sentença (arts. 475-I a art. 475-R), que corresponde à execução da sentença, só que em uma fase de um mesmo procedimento, e não como objeto de um outro processo.

No entanto, ainda remanesce o processo de execução de sentença para as hipóteses de sentença penal condenatória, sentença arbitral, sentença estrangeira e do acórdão que julgar procedente revisão criminal (art. 630 do CPP). Essa é a razão do parágrafo único do art. 475-N do CPC: “Nos casos dos incisos II, IV e VI, o mandado inicial (art. 475-J) incluirá a ordem de citação do devedor, no juízo cível, para liquidação ou execução, conforme o caso”.Também subsiste o processo de execução de sentença proferida contra o Poder Público1.

2. PANORAMA SOBRE AS MODALIDADES DE DEFESA DO EXECUTADO.

O executado pode reagir à execução por ação ou apresentando a sua defesa (exceção).

Quando houver processo de execução de título executivo extrajudicial e execução contra a Fazenda Pública, é possível a apresentação de embargos à execução (arts. 741 e 745, CPC), que é espécie de ação de conhecimento.

Também é possível o ajuizamento de ação autônoma para discutir o título executivo, como a ação rescisória, a ação de invalidade do título ou ação declaratória de inexistência de relação jurídica. Nestas hipóteses, o executado defende-se contra a execução, impugnando o título por meio de uma ação autônoma, estranha ao ambiente do procedimento executivo, mas que se revela como prejudicial à pretensão executiva. Esse comportamento do executado tem sido chamado de defesa heterotópica do executado ou defesa do executado por meio de ação autônoma2, exatamente porque se trata de uma forma de reação atípica, exercitável fora do procedimento executivo, mas que tem sido utilizada com razoável freqüência no foro.

No processo de execução das sentenças arbitral, estrangeira e penal condenatória, e na fase executiva dos demais títulos executivos judiciais, pode o 1 Eliminou-se, então, a necessidade de ajuizamento da actio iudicati em nova relação processual (THEODORO Jr., Humberto. As novas reformas do Código de Processo Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 104-107). 2 Sobre o tema, WAMBIER, Teresa Arruda Alvim Wambier. Reflexos das ações procedimentalmente autônomas (em que se discute, direta ou indiretamente, a viabilidade da execução) na própria execução. In Processo de Execução. Sérgio Shimura e Teresa Arruda Alvim Wambier (coord.). São Paulo: RT, 2001, p. 722-738; MARTINS, Sérgio Gilbert. A defesa do executado por meio de ações autônomas. 2ª ed. São Paulo: RT, 2005; PEREIRA, Rosalina. Ações prejudiciais à execução. São Paulo: Saraiva, 2000; NERY JR., Nelson, NERY, Rosa. Código de Processo Civil comentado e legislação extravagante. 9ª ed. São Paulo: RT, 2006, p. 646.

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executado defender-se apresentando a sua impugnação, defesa típica regulada pelos arts. 475-J a art. 475-M, CPC.

Em qualquer espécie de execução, cabe o oferecimento da exceção de não-executividade, defesa atípica, em que se alegam questões que podem ser comprovadas documentalmente, independentemente de prévia penhora. Normalmente utilizado como instrumento de defesa antes da penhora, até mesmo para evitá-la, a exceção de não executividade deve perder, na prática forense, o seu prestígio, tendo em vista que a redação do art. 736 do CPC3, alterada pela Lei Federal n. 11.382/2006, autoriza o ajuizamento de embargos de execução sem a necessidade de prévia penhora.Esse trabalho dedica-se ao estudo da impugnação, modalidade de resposta do executado criada pela Lei Federal n. 11.232/2005 para a defesa na fase ou no processo de execução de sentença (ressalvada a hipótese de execução contra a Fazenda Pública, em que ainda são cabíveis os embargos à execução).

3. A IMPUGNAÇÃO: DEFESA TÍPICA CONTRA EXECUÇÃO DE SENTENÇA.

3.1. Noção e natureza jurídica.

O executado pode defender-se no procedimento da execução de título judicial, denominada de cumprimento da sentença pelo CPC (embora referindo-se apenas à sentença que imponha o pagamento de quantia), por meio de impugnação (arts. 475-J, § 1º, CPC).

Não obstante a impugnação tenha sido prevista expressamente apenas para a execução de sentença por quantia, parece cabível a sua aplicação, por analogia, às demais espécies de execução de sentença (fazer, não-fazer e dar coisa)4. O regramento da execução dessas sentenças é muito singelo, não prevendo qualquer meio defensivo para o executado, que não pode, obviamente, ficar desprotegido nessa fase processual. Tendo em vista a lacuna legislativa, a melhor solução é a aplicação analógica do regime jurídico da impugnação.

Também é a impugnação o meio defensivo típico para a execução de sentença estrangeira, arbitral5, penal condenatória e do acórdão em revisão criminal (art. 630 do CPP), a despeito do par. ún. do art. 475-N, que prevê a sobrevivência do processo de execução para a efetivação desses títulos executivos judiciais6. De fato, não haveria muito sentido em defender a sobrevivência dos embargos do executado para a efetivação de apenas esses títulos judiciais (ressalve-se, sempre, a situação da execução contra a Fazenda Pública, em razão de texto expresso do art. 741 do CPC).

Discute-se muito sobre a natureza jurídica da impugnação.

3 Art. 736 do CPC: “O executado, independentemente de penhora, depósito ou caução, poderá opor-se à execução por meio de embargos”. 4 Leonardo Greco, embora escrevendo antes da Lei Federal n. 11.232/2005, pregrava a necessidade de permitir-se ao executado, na fase de execução das sentenças que impunham a obrigação de fazer, não-fazer ou dar coisa distinta de dinheiro, formular a sua defesa com conteúdo semelhante ao que era reservado aos antigos embargos à execução de sentença (“A defesa na execução imediata”. Execução civil – estudos em homenagem ao Professor Paulo Furtado. Fredie Didier Jr. (coord.). Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006). 5 NERY Jr., Nelson, NERY, Rosa. Código de Processo Civil Comentado e legislação extravagante. 9ª ed. São Paulo: RT, 2006, p. 645. 6 CÂMARA, Alexandre Freitas. A nova execução de sentença. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006, p. 125; SANTOS, Ernane Fidélis. As reformas de 2005 do Código de Processo Civil. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 80.

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Há quem considere tratar-se: a) de instrumento de defesa (exceção)7; b) de instrumento de uma ação incidental8, semelhante substancialmente aos antigos embargos à execução de sentença; c) de instrumento de defesa ou de ação, conforme a matéria veiculada9: para Leonardo Greco, a impugnação com base no inciso I e no § 1º do art. 475-L tem natureza de ação de nulidade e, com base no inciso VI, natureza de ação declaratória de inexistência; com base nos demais incisos, teria natureza de exceção (defesa)10.

A impugnação serve à concretização do exercício do direito de defesa; o executado não demanda, não age; ele resiste, excepciona, se opõe. A pretensão à tutela jurisdicional, que de fato exerce o executado, é de reação, que é elemento essencial da “exceção”, do direito de defesa. Segue-se, pois, a corrente “a”.11

A sentença que acolhe alegação de pagamento ou decadência, por exemplo, feita em contestação, tem natureza declaratória e, nem por isso, quando o réu formula tais alegações se afirma que ele é um demandante; é possível alegar invalidade de ato jurídico em defesa, sem necessidade de propositura de ação com tal objetivo, sendo esse um dos aspectos que compõe o regime jurídico de invalidação do ato jurídico12. Assim, não

7 CÂMARA, Alexandre. A nova execução de sentença, cit., p. 125; SANTOS, Ernane Fidélis. As reformas de 2005 do Código de Processo Civil, cit., p. 60; BUENO, Cássio Scarpinella. A nova etapa da reforma do Código de Processo Civil. São Paulo: Saraiva, 2006, v. 1, p. 116-117; KNIJNIK, Danilo. A nova execução. Carlos Alberto Alvaro de Oliveira (coord.). Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 145; WAMBIER, Teresa Arruda Alvim, WAMBIER, Luiz Rodrigues, MEDINA, José Miguel Garcia. Breves comentários à nova sistemática processual civil. São Paulo: RT, 2006, v. 2, p. 151; PINHO, Humberto Dalla Bernardina de. “A nova sistemática do cumprimento de sentença: reflexões sobre as principais inovações da Lei n. 11.232/05”. Revista Dialética de Direito Processual. São Paulo: Dialética, 2006, n. 37, p. 60. João Batista Lopes, embora fale da impugnação como nova modalidade de defesa, após mencionar a controvérsia não se posicionou conclusivamente a respeito da questão (LOPES, João Batista. “Defesa do executado na reforma da execução civil”. Processo de execução civil – modificações da Lei 11.232/05. Paulo Hoffman e Leonardo Ferres da Silva Ribeiro (coord.). São Paulo: Quartier Latin, 2006, p. 86). 8 ASSIS, Araken de. Cumprimento da sentença. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 314: “É flagrante, naturalmente, a posição de defesa assumida pelo executado. Daí por que, mais recentemente, pugna-se no direito germânico por uma designação mais adequada, chamando à oposição de demanda de defesa contra a execução, Vollstreckungssabweherklage. Todavia, a finalidade defensiva e reativa da impugnação não lhe retira o que é essencial: o pedido de tutela jurídica do Estado, corrigindo os rumos da atividade executiva ou extinguindo a pretensão de executar”. Assim, também, ARRUDA ALVIM, José Manoel. “A natureza jurídica da impugnação prevista na Lei 11.232/2005 – a impugnação do devedor instaura uma ação incidental, proporcionando o exercício do contraditório pelo credor; exige decisão, que ficará revestida pela autoridade de coisa julgada”. Aspectos polêmicos da nova execução. Teresa Arruda Alvim Wambier (coord.). São Paulo: RT, 2006, p. 44-50. 9 GRECO, Leonardo. “Primeiros comentários sobre a reforma da execução oriunda da Lei 11.232/05”. Revista Dialética de Direito Processual. São Paulo: Dialética, 2006, n. 36, p. 81. Considerando a impugnação um misto de ação e defesa, NERY Jr., Nelson, NERY, Rosa. Código de Processo Civil Comentado e legislação extravagante. 9ª ed. São Paulo: RT, 2006, p. 645. 10 Ver, a propósito, o texto de Paulo Lucon que, a despeito de não ter apresentado a sua opinião, por considerar que o tema exige mais reflexão, demonstra as diversas conseqüências práticas da adoção deste ou daquele posicionamento (LUCON, Paulo. “Nova execução de títulos judiciais e a sua impugnação”. Aspectos polêmicos da nova execução. Teresa Wambier (coord.). São Paulo: RT, 2006, p. 448-451). 11 Cabe o registro da opinião de Haroldo Pabst, que sempre defendeu que os embargos à execução têm natureza de instrumento de exercício do direito de defesa (PABST, Haroldo. Natureza jurídica dos embargos do devedor. 2ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2000.) 12 O regime jurídico da invalidação deve responder se às seguintes perguntas: (a) dá-se ex officio ou por provocação do interessado, (b) se gera efeitos retroativos ou ex nunc, (c) se está ou não submetida a prazo de decretação, (d) se pode ser feita por ação e/ou exceção. A resposta a essas perguntas dependerá do exame do direito positivo, variando conforme o regime jurídico estabelecido pelo legislador, a partir da relevância que dê a este ou aquele defeito do ato jurídico.

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é porque a impugnação pode ter por conteúdo a alegação de um defeito do título (art. 475-L, I, p. ex.) ou a alegação de uma objeção ou exceção substancial (art. 475-L, VI), que ela terá a natureza de ação. É instrumento de defesa, ratifica-se o que já afirmado.

Glauco Gumerato Ramos defende que a impugnação não tem natureza de contestação nem de embargos à execução; teria ela natureza de impugnação..., uma terceira figura, distinta das outras duas13. Não parece correto o posicionamento: contestação e embargos à execução são formas, instrumentos de exercício de direitos. A contestação é o instrumento da exceção (o direito de defesa) e os embargos à execução é instrumento do direito de ação (instrumento da demanda). A impugnação é, também, um instrumento: ou do direito de ação ou do direito de defesa, pois tertium non datur. Nos Juizados Especiais e no procedimento sumário, a contestação serve como instrumento da defesa e da ação, pois se permite a formulação de pedido contraposto (art. 31 da Lei Federal 9.099/95 e art. 278, § 1º, CPC, respectivamente). Petição inicial é o instrumento da demanda; contestação é apenas o nome que se dá ao instrumento da defesa na fase de conhecimento, assim como impugnação é o nome que se dá à “contestação” nos embargos à execução (art. 740, caput, do CPC) e, agora, ao instrumento da defesa no procedimento de execução da sentença.

3.2. A fase de execução da sentença como procedimento de cognição limitada e exauriente secundum eventum defensionis.

De todo modo, trata-se de um incidente cognitivo na execução. Seja qual for a corrente adotada, o certo é que o procedimento de execução da sentença passa a ser estruturado em cognição limitada e exauriente secundum eventum defensionis14: a cognição dependerá da provocação do executado, que não pode alegar qualquer matéria em sua defesa, que tem conteúdo limitado pelo art. 475-L, CPC.

O contraditório no procedimento executivo é eventual, porquanto dependa da manifestação do demandado, que não é chamado a juízo para defender-se, mas sim para cumprir a obrigação. O procedimento de execução de sentença adotou a técnica monitória, que consiste, basicamente, na inversão do ônus de provocar o contraditório. Não é correto dizer, então, que não há contraditório no procedimento executivo: ele é previsto, até mesmo como conseqüência da garantia constitucional, mas é eventual.

Jamais foi correta a lição de que a cognição no procedimento executivo é rarefeita ou inexistente, pois o magistrado deve controlar ex officio as questões relativas à admissibilidade da execução (pressupostos processuais e condições da ação), além de ter de manifestar-se sobre outras questões relacionadas à existência ou exigibilidade da própria obrigação (pagamento, prescrição, compensação etc.) ou ao desenvolvimento do procedimento executivo (penhorabilidade dos bens, fraude à execução, avaliação, desconsideração da personalidade jurídica etc.)15.

Introduziu-se, portanto, na fase executiva da sentença, um momento cognitivo, que é instaurado a partir da provocação do demandando. Por isso, é possível afirmar que, agora, o procedimento de execução da sentença é estruturado com cognição limitada e

Sobre o tema, MIRANDA, Francisco Cavalcante Pontes de. Tratado de direito privado.3ª. ed. São Paulo: RT, 1983, t. 4, p. 4. 13 Reforma do CPC. São Paulo: RT, 2006, p. 243. 14 Sobre o tema, WATANABE, Kazuo. Da cognição no processo civil. São Paulo: RT, 1987, p. 90; DIDIER Jr., Fredie. Direito processual civil. 6ª ed. Salvador: Edições JUS PODIVM, 2006, v. 1, p. 263. 15 Sobre o tema, DIDIER Jr., Fredie. “Esboço de uma teoria da execução civil”. Revista Forense. Rio de Janeiro: Forense, 2005, n. 380, p. 69; BEDAQUE, José Roberto dos Santos. “Cognição e decisões do juiz no processo executivo”. Processo e constituição – estudos em homenagem ao Professor José Carlos Barbosa Moreira. Teresa Wambier, Luiz Fux e Nelson Nery Jr. (coord.). São Paulo: RT, 2006, p. 358-378.

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exauriente secundum eventum defensionis16. Apresentada a impugnação, instaura-se atividade cognitiva que permite, por exemplo, ampla (mas limitada pelas questões que podem ser alegadas) instrução probatória17. Essa conclusão será importante para resolver o problema da decisão que julga a impugnação e a coisa julgada, mais adiante examinado.

3.3. Prazo e preclusão temporal.

A impugnação deve ser oferecida no prazo de 15 dias, contados da intimação do auto de penhora e avaliação (art. 475-J, § 1o, CPC). No caso da efetivação das sentenças que imponham obrigação de fazer, não-fazer ou de entrega de coisa, o prazo conta-se da intimação para a efetivação da sentença.

A intimação pode ser feita na pessoa do advogado ou, não havendo, no representante legal (incapaz), ou presentante (pessoa jurídica) ou pessoalmente. Quando a intimação for dirigida ao advogado, será feita por publicação no órgão oficial, onde houver; não havendo, a intimação pode ser por mandado ou por correio. Também será por mandado ou por correio a intimação dirigida ao executado, a seu representante ou presentante. A intimação do executado, que antes era necessariamente pessoal, agora não mais o é, como se vê.

Lembra ALEXANDRE CÂMARA18 que, havendo litisconsórcio, o prazo será comum, contado na forma do art. 241, III, CPC19, e, se houver advogados diversos, aplica-se-lhes o benefício da dobra do prazo previsto no art. 19120.

Havendo penhora de bem imóvel, o cônjuge do executado também deve ser intimado, se o casamento não for em regime de separação absoluta (art. 669, par. ún.,CPC, c/c art. 1.647, CC-2002), hipótese em que essa intimação é dispensada21.

Aplica-se à impugnação, por analogia, o disposto no art. 747 do CPC, que cuida da competência para o recebimento e julgamento dos embargos à execução por carta: “Na execução por carta, os embargos serãoo oferecidos no juízo deprecante ou no juízo deprecado, mas a competência para julgá-los é do juízo deprecante, salvo se versarem unicamente vícios ou defeitos da penhora, avaliação ou alienação de bens”. Parece correto esse entendimento, como forma de facilitar o acesso à justiça pelo executado. Trata-se de interpretação em favor do direito fundamental à participação em contraditório e do direito fundamental de acesso à justiça22.

O legislador, porém, deixou sem resposta a seguinte pergunta: há preclusão temporal do ônus de impugnar, acaso não respeitado o mencionado prazo?

16 Também considerando que a impugnação dá ensejo a cognição judicial limitada e exauriente, ASSIS, Araken de. Cumprimento da sentença, cit., p. 316. 17 Cabe examinar, entretanto, a observação de Humberto Theodoro Jr.: “Não se pode, porém, abrir uma ampla instrução probatória, porque não se está numa ação cognitiva incidental, como são os embargos de devedor manejáveis apenas contra os títulos extrajudiciais. O conteúdo do título judicial já se encontra acertado definitivamente pela sentença exeqüenda, pelo que descabe reabrir debate a seu respeito na fase de cumprimento do julgado. O incidente, por isso, há de ser processado de maneira sumária e, sem maiores delongas, dirimido”. (THEODORO Jr., Humberto. As novas reformas do Código de Processo Civil, cit., p. 147.) 18 A nova execução de sentença. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006, p. 125. 19 A favor, ASSIS, Araken de. Cumprimento da sentença, cit.,, p. 336. 20 Contra, coerentemente com a sua idéia de que a impugnação é ação, ASSIS, Araken de. Cumprimento da sentença, cit., p. 336. Também não admitindo a dobra do prazo, SANTOS, Ernane Fidélis dos. As reformas de 2005 do Código de Processo Civil. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 60. 21 Sobre a repercussão do casamento na participação processual das pessoas casadas, DIDIER Jr., Fredie. Direito processual civil. 6ª ed. Salvador: Edições PODIVM, 2006, v. 1, p. 214-222. 22 Em sentido contrário, AMARAL, Guilherme Rizzo. A nova execução. Carlos Alberto Alvaro de Oliveira (coord.). Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 132-133.

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A resposta variará de acordo com o conteúdo que pode ser deduzido na impugnação. Em relação às matérias que podem ser alegadas a qualquer tempo, não há preclusão, aplicando-se, por analogia, o disposto no art. 303, II, CPC. É o caso da alegação de pagamento ou de defeitos que comprometam a admissibilidade do procedimento executivo. Também não haverá preclusão em relação a matérias que, por força de lei, podem ser alegadas a qualquer tempo, como é o caso da prescrição (art. 193 do CPC)23.

Haverá preclusão, porém, do poder de alegar exceções substanciais supervenientes (compensação superveniente, p. ex.), bem como das questões relacionadas a interesses disponíveis (como é o caso da discussão sobre a avaliação ou excesso de execução). A preclusão é do poder de alegar tais questões como defesa, à semelhança do que ocorre em relação a questões que podem ser deduzidas na defesa da fase de conhecimento. Isso não significa que o magistrado estará necessariamente vinculado ao quanto afirmado pelo exeqüente: a não manifestação tempestiva do réu não tem a aptidão de tornar verossímil o absurdo. Cálculos absurdos, por exemplo, poderão ser revistos posteriormente pelo magistrado.

PAULO LUCON percebeu o ponto, embora não se tenha posicionado a respeito da natureza jurídica da impugnação:

“Se a impugnação tiver natureza jurídica de defesa, deve o executado alegar todas as matérias que lhe seria lícito aduzir no prazo de quinze dias contados da intimação do executado... (...)

Se a impugnação tiver natureza jurídica de defesa, sem a sua apresentação opera-se verdadeira preclusão pro iudicato, não se admitindo a alegação de qualquer matéria atinente ao débito exeqüendo (ressalvadas as matérias de ordem pública, sobre as quais o órgão jurisdicional pode e deve se pronunciar – ex vi art. 267, § 3º). A ausência de impugnação produz efeitos extraprocessuais, impedindo, por exemplo, toda e qualquer ação cognitiva autônoma relacionada com o débito”.24

3.4. Conteúdo.

3.4.1. Observação inicial.

Conforme já dito, a impugnação é uma defesa de conteúdo limitado. O art. 475-L do CPC traz a enumeração das causas de defesa que podem ser deduzidas pelo executado. Trata-se de rol semelhante ao dos antigos embargos à execução, acrescentando-se, porém, a possibilidade de discussão da avaliação, que agora, como visto, é feita anteriormente à apresentação da defesa no procedimento executivo.

Não há menção à possibilidade de argüir a incompetência absoluta superveniente ao trânsito em julgado da decisão, o que é irrelevante; aplica-se a regra do art. 742 do CPC, por analogia25, que permite a alegação de tal matéria em defesa.

A despeito da omissão legislativa, na execução de sentença arbitral é cabível a alegação das matérias constantes do art. 32 da Lei Federal n. 9.307/199626.

23 Para Leonardo Greco, “após o prazo de impugnação, qualquer matéria de defesa relevante deverá ser objeto também de exceção de pré ou não-executividade, com fundamento na garantia constitucional da ampla defesa prevista no inciso LV do artigo 5º da Constituição”. (“Primeiros comentários sobre a reforma da execução oriunda da Lei 11.232/05”, cit., p. 80-81.) 24 LUCON, Paulo. “Nova execução de títulos judiciais e a sua impugnação”, cit., p. 448-449. 25 BUENO, Cassio Scarpinella. A nova etapa da reforma do Código de Processo Civil, v. 1, cit., p. 108; NERY Jr., Nelson, NERY, Rosa. Código de Processo Civil Comentado e legislação extravagante. 9ª ed. São Paulo: RT, 2006, p. 645. 26 “É nula a sentença arbitral se: I – for nulo o compromisso; II – emanou de quem não podia ser árbitro; III – não contiver os requisitos do art. 26 desta Lei; IV – for proferida fora dos limites da convenção de arbitragem; V – não decidir todo o litígio submetido à arbitragem; VI – comprovado que foi proferida por prevaricação, concussão ou corrupção passiva; VII – proferida fora do prazo,

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Também é possível alegar o impedimento e a suspeição do magistrado, desde que supervenientes ao trânsito em julgado da decisão27. Essa alegação deve ser feita por exceção instrumental, fora da impugnação, seguindo o procedimento dos arts. 304 e segs. do CPC.

3.4.2. Falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia (art. 475-L, I).

Há casos de decisão judicial existente que pode ser invalidada após o prazo da ação rescisória. É o caso da decisão proferida em desfavor28 do réu, em processo que correu à sua revelia29, quer porque não fora citado, quer porque o fora de maneira defeituosa (art. 475-L, I). Nesses casos, a decisão judicial está contaminada por vícios transrescisórios30, e esses defeitos podem ser arguídos pelo executado, em sua impugnação. Trata-se de alegação de exceptio nullitatis da sentença31. Esse inciso diz respeito a fatos anteriores à formação do título executivo que têm relevância para desconstituí-lo e que, pois, escapam à eficácia preclusiva da coisa julgada (art. 474 do CPC).

Esses mesmos defeitos permitem o ajuizamento de uma ação de invalidação da sentença, denominada querela nullitatis32, expressamente prevista no art. 741, I, sob a forma dos embargos à execução, mas que pode assumir outras feições (ação autônoma, por exemplo, e, até mesmo, ação rescisória com base no inciso V do art. 485 do CPC33). O

respeitado o disposto no art. 12, inciso III, desta Lei; e VIII – forem desrespeitados os princípios de que trata o art. 21, § 2º, desta Lei”. 27 NERY Jr., Nelson, NERY, Rosa. Código de Processo Civil Comentado e legislação extravagante. 9ª ed. São Paulo: RT, 2006, p. 645. 28 Se a sentença é favorável ao réu não-citado, não é possível a sua invalidação, pois não há nulidade sem prejuízo. Além disso, faltaria ao réu não-citado interesse de agir na propositura da querela nullitatis. Em sentido contrário, PONTES DE MIRANDA, “a sentença, ainda favorável, não cobre o vício da citação nula do revel”. (Comentários ao Código de Processo Civil. 2a. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002, t. 11, p. 82.) 29 Perceba que se o réu não foi citado ou foi citado irregularmente, mas não houve revelia, pois ele compareceu espontaneamente (art. 214 do CPC), não cabe mais a querela nullitatis. O réu-revel, por exemplo, pode utilizar-se da apelação contra a sentença proferida em processo em que não foi citado. Ao fazer isso, ingressa na relação jurídica processual, não podendo, posteriormente, após o trânsito em julgado da decisão, utilizar-se da querela nullitatis. 30 TESHEINER, José Maria. Pressupostos processuais e nulidades no processo civil. São Paulo: Saraiva, 2000, p. 283. 31 Pontes de Miranda fala de exceptio nullitatis: Comentários ao Código de Processo Civil. 2a ed., t. 11, cit., p. 83. Em outra obra, porém, afirma o autor: “A alegação é exercício de pretensão, ainda que ocorra sob a forma de exceção. Não há exceptio nullitatis; há actio nullitatis. Quem alega nulidade não excepciona; defende-se; contraria”. (Tratado de direito privado. 4ª ed. São Paulo: RT, 1983, t. 6, p. 34.) É preciso compreender o seguinte: a alegação de invalidade não é uma exceção substancial, mas pode ser defesa (a palavra exceção possui vários sentidos, mas aqui está sendo empregada como sinônimo de defesa, qualquer uma). 32 Sobre o assunto, MIRANDA, Francisco Cavalcante Pontes. Comentários ao Código de Processo Civil. 2a. ed., t. 11, cit.; CALAMANDREI, Piero. La casacion civil. Santiago Sentis Melendo (trad.). Buenos Aires: Editorial Bibliografía Argentina, 1961, v. 1, t. 1; FABRÍCIO, Adroaldo Furtado. “Réu revel não citado, querela nullitatis e ação rescisória”. Ensaios de direito processual. Rio de Janeiro: Forense, 2003; MOREIRA, José Carlos Barbosa. Comentários ao Código de Processo Civil. 12ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005, v. 5; LIEBMAN, Enrico Tullio. Notas às Instituições de Direito Processual Civil de Giuseppe Chiovenda. Campinas: Bookseller, 1998, v. 3, p. 233, nota 92; DIDIER Jr., Fredie, CUNHA, Leonardo José Carneiro da. Curso de direito processual civil. 2ª ed. Salvador: Ediçoes JUS PODIVM, 2006, v. 3, p. 313-317. 33 Assim, também, FABRÍCIO, Adroaldo Furtado. “Réu revel não citado, querela nullitatis e ação rescisória”. Ensaios de direito processual. Rio de Janeiro: Forense, 2003, p. 262. Nesse mesmo sentido é a opinião de MACEDO, Alexander dos Santos. Da querela nullitatis – sua subsistência no direito brasileiro. Rio de Janeiro: Ed. Lumen Juris, 2000, p. 34-35; KOMATSU, Roque. Da invalidade no processo civil. São Paulo: RT, 1991, p. 271-272; ASSIS, Araken de. Cumprimento da sentença,

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Superior Tribunal de Justiça, por exemplo, já admitiu a querela nullitatis deduzida em uma ação civil pública, proposta pelo Ministério Público para invalidar decisão judicial proferida sem a citação de um Estado-membro, no caso litisconsorte necessário-unitário34. Não é possível, entretanto, a utilização da ação anulatória prevista no art. 486 do CPC, que visa atingir o ato processual da parte. Não se trata de meio de impugnação de decisão judicial35.

É importante a ressalva, pois há sentenças, como as constitutivas, que não dão ensejo à atividade executiva. As hipóteses do art. 475-L, I, e do art. 741, I, CPC, referem-se apenas à sentença que reconhece a existência de obrigação, e, portanto, é título executivo, pois somente essa dá ensejo à atividade executiva. Sentenças que não tenham eficácia executiva, e que padecessem de tal vício, não poderiam ser invalidadas pela impugnação ou pelos embargos à execução, porque execução não haveria36.

A invalidação da sentença nesses casos pode ser obtida, então, tanto pelo ajuizamento de demanda quanto incidentalmente, com o acolhimento da arguição de nulidade feita pelo executado em sua defesa37.

A citação não é pressuposto de existência do processo ou da sentença, embora muitos doutrinadores pensem em sentido contrário38. Essa lembrança é importante, pois, para esses autores, a exceptio nullitatis equipara-se a uma arguição de inexistência da sentença39, e não a uma alegação de invalidade.

Se já há processo antes da citação, que, a propósito, ocorre em seu bojo, não se pode considerar como pressuposto de existência fato que está, na linha do tempo, em momento posterior à ocorrência daquilo cuja existência se pretende condicionar. “A citação não é pressuposto processual, porque o momento em que deve ser realizada é

cit., p. 319; TESHEINER, José Maria. Pressupostos processuais e nulidades no processo civil. São Paulo: Saraiva, 2000, p. 285. No STJ, acolhendo essa fungibilidade, para exemplificar: 4a T., REsp n. 330.293/SC, , rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, publicado no DJ de 06.05.2002, p. 295; 2a T., REsp n. 242.580/PE, rel. Min. Francisco Peçanha Martins, publicado no DJ de 13.08.2001, p. 94. 34 STJ, 2a T., REsp 445.664-AC, rel. originário Min. Peçanha Martins, rel. para acórdão Min. Eliana Calmon, j. em 15.4.2004, publicado no DJ de 07.03.2005. 35 Contra, ASSIS, Araken de. Cumprimento da sentença, p. 319; STJ, 3a T., REsp n. 459.351/SP, rel. Min. Castro Filho, j. em 22.05.2003, publicado no DJ de 16.06.2003. 36 Mais uma vez, MIRANDA, Francisco Cavalcante Pontes de. Comentários ao Código de Processo Civil. 2a. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002, t. 11, p. 86. 37 Pontes de Miranda já dizia que a invalidade pode tanto ser decretada por ação autônoma (principaliter) quanto incidentalmente (incidenter): Tratado de Direito Privado. 4ª ed. São Paulo: RT, 1983, t. 4, p. 21. 38 Entendem que a citação é pressuposto de existência do processo, apenas para exemplificar: ARRUDA ALVIM, José Manoel. Manual de Direito Processual Civil. 8a. ed. São Paulo: RT, 2003, v. 1, p. 549-550; WAMBIER, Teresa Arruda Alvim. Nulidades do processo e da sentença. 4a ed. São Paulo: RT, 1998, p. 39; TALAMINI, Eduardo. A coisa julgada e a sua revisão. São Paulo: RT, 2005, p. 337-346; KOMATSU, Roque. Da invalidade no processo civil, cit., p. 162-163; SILVA, Ricardo Perlingeiro Mendes da. Teoria da inexistência no direito processual civil. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris, 1998, p. 55; CORREIA, André de Luizi. A citação no direito processual civil brasileiro. São Paulo: RT, 2001, p. 95-96; PIZZOL, Patrícia Miranda. A competência no processo civil. São Paulo: RT, 2004, p. 125; CÔRTES, Osmar Mendes Paixão. “Ação rescisória contra decisão proferida em processo no qual inocorreu citação ou a citação foi nula — discussão sobre o seu cabimento”. In Aspectos polêmicos e atuais dos recursos cíveis e de outros meios de impugnação às decisões judiciais. Nelson Nery Jr. e Teresa Arruda Alvim Wambier (coordenadores). São Paulo: RT, 2003, p. 558. LIEBMAN, em conhecido estudo, contradiz-se: o título do trabalho é “nulidade da sentença proferida sem citação do réu” e no primeiro parágrafo o autor afirma que o “primeiro e fundamental requisito para a existência de um processo sempre foi, é, e sempre será, a citação do réu”. (Estudos sobre o processo civil brasileiro. São Paulo: José Bushatsky Editor, 1976, p. 179.) 39 Por exemplo, WAMBIER, Teresa Arruda Alvim. Nulidades do processo e da sentença. 5a ed. São Paulo: RT, 2004, p. 507 e segs.; TALAMINI, Eduardo. A coisa julgada e a sua revisão. São Paulo: RT, 2005, p. 368.

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posterior à formação deste”.40 A citação é condição de eficácia do processo em relação ao réu (art. 219 e 263 do CPC) e, além disso, requisito de validade dos atos processuais que lhe seguirem. Ademais, sentença proferida sem a citação do réu, mas a favor dele, não é inválida nem ineficaz, tendo em vista a total ausência de prejuízo (art. 249, §§ 1o e 2o, CPC). O indeferimento da petição inicial, por exemplo, é uma sentença liminar, com (prescrição e decadência) ou sem julgamento do mérito, favorável ao réu e expressamente prevista no direito processual brasileiro.

Mesmo diante de vícios de tal gravidade, há possibilidade de suprimento do defeito pelo comparecimento do réu ao processo (art. 214 do CPC). Se o réu, intimado regularmente na execução da sentença proferida em processo com tal defeito, comparecer e não o apontar, sanado está o vício, pela preclusão41.

3.4.3. Inexigibilidade do título (art. 475-L, II).

O executado pode defender-se alegando inexigibilidade da pretensão creditícia. A inexigibilidade não é do título, mas da pretensão.

Será inexigível a pretensão se pender alguma condição ou termo que iniba a eficácia do direito reconhecido na sentença (art. 572 do CPC42, aqui aplicável por força do art. 475-R, CPC).

Araken de Assis sugere outra interpretação para o inciso II do art. 475-L. O autor entende que o inciso refere-se à “inexeqüibilidade, ou seja, à falta de título ou à ausência de seus respectivos atributos (certeza e liquidez)”; “a inexigibilidade do título executivo impropriamente mencionada no inciso II do art. 475 representa excesso de execução (art. 475-L, V, c/c art. 743, IV e V) e integra, portanto, a correspondente rubrica”43.

Parece correta a observação de Araken de Assis. A inexigibilidade da pretensão ficaria mais bem acomodada à hipótese de excesso de execução (art. 743, IV e V). De fato, cuida o inciso de alegação de falta de título executivo ou de seus atributos. Há inexeqüibilidade se o exeqüente valer-se de sentença submetida a recurso com efeito suspensivo, sentença estrangeira sem homologação do STJ ou sentença rescindida44.

3.4.4. Decisão fundada em lei ou ato normativo reputado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (art. 475-L, § 1º, CPC.

O § 1º do art. 475-L contém dispositivo que traz hipótese de rescisão da decisão judicial, por motivo que pode ser anterior à formação do título executivo: “Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo, considera-se também inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo Supremo Tribunal Federal como incompatíveis com a Constituição Federal”.

O enunciado é reprodução quase integral do disposto no antigo parágrafo único do art. 741, ora revogado, acrescentado inicialmente pela Medida Provisória n 1.997-

40 DINAMARCO, Cândido. Instituições de Direito Processual Civil. São Paulo: Malheiros Ed., 2001, v. 2, p. 504. Sobre o tema, DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil. 6ª ed. Salvador: Edições JUSPODIVM, 2006, v. 1, p. 397-399; Pressupostos processuais e condições da ação. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 169-172. 41 “Nos casos do art. 741, I, a não-arguição, tendo comparecido o executado, supre”. (MIRANDA, Francisco Cavalcante Pontes de. Comentários ao Código de Processo Civil. 2a. ed., t. 11, cit., p. 77.) 42 “Quando o juiz decidir relação jurídica sujeita a condição ou termo, o credor não poderá executar a sentença sem provar qie se realizou a condição ou que ocorreu o termo”. 43 ASSIS, Araken de. Cumprimento da sentença, cit., p. 321. 44 ASSIS, Araken de. Cumprimento da sentença, cit., p. 321.

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37/2000, mas que vigia por força da Medida Provisória 2.180-35, de agosto de 2001. O texto, agora, foi incorporado ao CPC por determinação da Lei Federal n. 11.232/2005.

Houve uma pequena mudança de redação, para deixar claro que o paradigma que deve ser utilizado para a aferição da constitucionalidade da lei deve ser uma decisão do STF. É que a última parte do dispositivo (“ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tidas como incompatíveis com a Constituição Federal”) não continha a informação, que estava implícita, de que a incompatibilidade constitucional cogitada deveria ter sido reconhecida pelo STF. Agora, não há mais dúvidas.

Embora a menção à inexigibilidade (referência ao inciso II), parece que o caso é de inexeqüibilidade, nos termos examinados no item anterior: falta de título executivo hábil à execução. Eduardo Talamini, defendendo que o revogado art. 741, par. único, do CPC, trazia mais uma hipótese de desconstituição da coisa julgada material, afirma que a equiparação com inexigibilidade pretendida pelo dispositivo é imprópria, “afinal, o título é inexigível quando a obrigação nele representada ainda não precisa ser cumprida, eis que pendente termo ou condição. E isso nada tem a ver com a hipótese prevista na regra em exame, seja qual for a interpretação que se lhe dê. Ao que tudo indica, a alusão que o dispositivo faz a ‘inexigibilidade’ foi uma tentativa (inútil e atécnica) do ‘legislador’ de enquadrar a nova hipótese de embargos em alguma das categorias já existentes, para assim diminuir as censuras e a resistência à inovação”.45

O § 1º do art. 475-L do CPC traz mais uma hipótese de desconstituição da coisa julgada material,46 tendo em vista que permite que o executado/embargante oponha resistência à satisfação do crédito suscitando matéria atinente à formação do próprio título executivo, quando ele estiver fundado em preceito tido por inconstitucional pelo STF ou quando se tenha conferido a este preceito interpretação tida pelo mesmo STF como inconstitucional. Dessa forma, em casos tais, admite-se a rescisão da sentença pelo acolhimento de argumento de defesa deduzido na impugnação.

É nova hipótese de rescisão de sentença, que, porém, não se submete ao mesmo regramento jurídico das demais, previstas para a ação rescisória (art. 485, CPC). É importante a observação, pois há diferenças em relação ao prazo bienal para a propositura da rescisória, que não se aplica a este caso, e à competência, que, para a ação rescisória, é sempre de um tribunal. Há, pois, um novo instrumento de revisão de coisa julgada.

Não é toda hipótese de sentença inconstitucional que pode ser desconstituída com base nesse dispositivo. “São apenas três, portanto, os vícios de inconstitucionalidade que permitem a utilização do novo mecanismo: (a) a aplicação de lei inconstitucional; ou (b) a aplicação da lei a situação considerada inconstitucional; ou, ainda, (c) a aplicação da lei com um sentido (= uma interpretação) tido por inconstitucional. Há um elemento comum às três hipóteses: o da inconstitucionalidade da norma aplicada pela sentença. O que as diferencia é, apenas, a técnica utilizada para o reconhecimento dessa inconstitucionalidade. No primeiro caso (aplicação de lei inconstitucional) supõe-se a declaração de inconstitucionalidade com redução de texto. No segundo (aplicação da lei em situação tida por inconstitucional), supõe-se a técnica da declaração de

45 TALAMINI, Eduardo. “Embargos à execução de título judicial eivado de inconstitucionalidade (CPC, art. 741, par. ún.)”. Relativização da coisa julgada – enfoque crítico. Fredie Didier Jr. (org.). 2ª ed. Salvador: Edições JUS PODIVM, 2006, p. 124. 46 Concordamos com Teori Albino Zavascki, para quem “trata-se de preceito normativo que, buscando harmonizar a garantia da coisa julgada como primado da Constituição, veio apenas agregar ao sistema um mecanismo processual com eficácia rescisória de certas sentenças inconstitucionais” (ZAVASCKI, Teori Albino. “Embargos à execução com eficácia rescisória: sentido e alcance do art. 741, parágrafo único do CPC”. in Revista de Processo, ano 30, n.º 125, julho/2005, p. 81-82). Também assim, TALAMINI, Eduardo. “Embargos à execução de título judicial eivado de inconstitucionalidade (CPC, art. 741, par. ún.)”, cit., p. 124.

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inconstitucionalidade parcial sem redução de texto. E no terceiro (aplicação de lei com um sentido inconstitucional), supõe-se a técnica da interpretação conforme a Constituição”47.

A decisão do STF pode ter sido resultado do controle difuso48 ou concentrado da constitucionalidade das leis, desde que, em ambos os casos, tenha sido proferida pelo Pleno. É importante ressaltar que mesmo as decisões proferidas em controle difuso servem como paradigma para a aplicação do mencionado dispositivo, tendo em vista a eficácia ultra partes e paradigmática que vem sendo dada pelo STF a tais decisões, em fenônemo que já designamos de “objetivação do controle difuso de constitucionalidade”49. Para a aplicação do dispositivo é desnecessária a resolução do Senado (art. 52, X, CF/88), suspendendo a vigência da lei50.

A aplicação do dispositivo pressupõe, ainda:

a) que a decisão do STF tenha sido anterior à formação do título judicial51;

b) que, tendo sido a decisão proferida posteriormente à formação título judicial, o STF tenha dado eficácia retroativa, a ponto de atingir a coisa julgada. Nesse caso, para não deixar a coisa julgada eternamente instável, parece que é o caso de aplicar por analogia o prazo da ação rescisória e não permitir a rescisão da sentença se essa decisão do STF ocorrer após o prazo de dois anos contados do trânsito em julgado da decisão exeqüenda, mesmo se a ela for atribuída eficácia retroativa. O CPC nada diz sobre o assunto, mas permitir que uma decisão judicial fique eternamente instável parece solução que aniquila, completamente, a garantia da coisa julgada;

c) a não-incidência em relação às coisas julgadas anteriores à vigência do dispositivo. Convém lembrar que a regra já existia antes da Lei Federal n. 11.232/2005, malgrado inicialmente fruto de uma medida provisória, desde abril de 2000. As coisas julgadas existentes até 11 de abril de 2000 não sofrem qualquer repercussão desse parágrafo, sob pena de afronta à garantia da irretroatividade da lei (art. 5º, XXXVI, da CF).

Essa última observação é importante: a constitucionalidade desta nova hipótese de rescisão da sentença pressupõe que ela somente possa ser aplicada às coisas julgadas que ainda não se tenham formado até a vigência do dispositivo legal. De fato, o legislador infraconstitucional pode balizar o regime jurídico da coisa julgada, e o faz, há tempos, estabelecendo hipóteses de ação rescisória, querela nullitatis, coisa julgada secundum

47 ZAVASCKI, Teori Albino. “Inexigibilidade de sentenças inconstitucionais”. Relativização da coisa julgada – enfoque crítico. Fredie Didier Jr. (org.). 2ª ed. Salvador: Edições JUS PODIVM, 2006, p. 333. 48 Entendendo que, nesse caso, apenas se houver resolução do Senado suspendendo a vigência da lei (art. 52, X, CF/88), ASSIS, Araken de. Cumprimento da sentença, cit., p. 331; MAZZEI, Rodrigo. Reforma do CPC. São Paulo: RT, 2006, p. 315; TALAMINI, Eduardo. “Embargos à execução de título judicial eivado de inconstitucionalidade (CPC, art. 741, par. ún.)”. Relativização da coisa julgada – enfoque crítico. Fredie Didier Jr. (org.). 2ª ed. Salvador: Edições JUS PODIVM, 2006, p. 123. 49 Sobre o tema, remetemos o leitor ao nosso “Transformações do recurso extraordinário”. Processo e constituição. São Paulo: RT, 2006. Na mesma linha, DIDIER Jr., Fredie, CUNHA, Leonardo José Carneiro da. Curso de Direito Processual Civil, 2ª ed., v. 3, cit., p. 227-234. 50 “É indiferente, também, que o precedente tenha sido tomado em controle concentrado ou difuso, ou que, nesse último caso, haja resolução do Senado suspendendo a execução da norma. Também essa distinção não está contemplada no texto normativo, sendo de anotar que, de qualquer sorte, não seria cabível resolução do Senado na declaração de inconstitucionalidade parcial sem redução de texto e na que decorre da interpretação conforme a Constituição. Além de não prevista na lei, a distinção restritiva não é compatível com a evidente intenção do legislador, já referida, de valorizar a autoridade dos precedentes emanados do órgão judiciário guardião da Constituição, que não pode ser hierarquizada em função do procedimento em que se manifesta”. (ZAVASCKI, Teori Albino. “Inexigibilidade de sentenças inconstitucionais”, cit., p. 337.) 51 Não obstante repute inconstitucional o dispositivo, Nelson Nery Jr. e Rosa Nery, apenas para argumentar, consideram essa hipótese a única em que é possível a aplicação do § 1º do art. 475-L (Código de processo civil comentado e legislação extravagante, 9ª ed., cit., p. 649).

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eventum probationis, a correção a qualquer tempo do erro material etc. Eis, pois, um novo mecanismo de controle da coisa julgada52.

Não obstante o enunciado normativo tenha sido previsto apenas para a revisão de sentença que dê ensejo a atividade executiva, parece correto proceder a uma interpretação analógica para permitir a revisão da coisa julgada de sentenças que dispensam atividade executiva anterior, preenchidos os pressupostos já examinados. Se o objetivo é prestigiar as decisões do STF em matéria de controle de constitucionalidade, uma sentença meramente declaratória sem eficácia executiva ou uma sentença constitutiva que ofenda a Constituição Federal, nos termos examinados, deve ser rescindida tanto quanto uma sentença condenatória. Não há razão para o discrímen53.

Mas há uma última palavra. Partindo da premissa de que se trata de uma nova hipótese de rescindibilidade da sentença (que dá ensejo ao iudicium rescindens), surge a dúvida sobre a possibilidade de um juízo de rejulgamento da causa (iudicium rescissorium).

Há quem não admita essa possibilidade, sob o fundamento de que o dispositivo opera apenas no plano da eficácia do título, não o desconstituindo54.

Eduardo Talamini segue outro caminho. Eis a sua exposição do problema:

“Haverá casos que não comportarão nenhuma dificuldade. A correção da solução inconstitucional em que se amparou o título automaticamente inverterá o resultado do processo anterior, sem a necessidade de nenhuma providência adicional.

Porém, poderão ocorrer situações mais complexas. Pense-se nos casos em que a ação ou a defesa tinha suporte em diversas causas de pedir ou fundamentos. Em tais hipóteses, a rescisão do comando que decidira a questão com base em um desses fundamentos poderá exigir que outro(s) seja(m) apreciado(s).

Um exemplo presta-se a ilustrar a questão: o contribuinte pediu a restituição do indébito alegando (a) ser inconstitucional a norma que prevê o tributo em questão e (b) não haver incorrido na hipótese de incidência do tributo (não haver praticado o fato gerador). Note-se que há apenas uma causa de pedir, atinente à não-constituição da obrigação. O fundamento a, estritamente jurídico, é aspecto interno a essa causa de pedir. De todo modo, o juiz poderia decidir o processo, acolhendo desde logo o primeiro argumento, atinente à inconstitucionalidade. O segundo poderia não ser nem apreciado – sem que houvesse qualquer nulidade nisso. Mais: decidindo o juiz em julgamento antecipado, as provas eventualmente necessárias para a demonstração do segundo nem teriam sido produzidas. Suponha-se que depois do trânsito em julgado, o Supremo, em ação direta, reconhecesse a constitucionalidade daquela mesma norma – dando azo ao emprego dos embargos ex art. 741, parágrafo único, contra a sentença obtida pelo contribuinte. Nessa hipótese, uma vez desconstituído o título executivo, não se poderia simplesmente impor a derrota ao contribuinte, nem sustentar que o resultado do processo anterior ficaria indefinido ad eternum. O contribuinte teria direito a que o segundo fundamento fosse efetivamente instruído e julgado.

A questão pode ficar ainda mais complexa. Até aqui, cogitamos da hipótese de outros fundamentos não apreciados pela sentença constitutiva do título. Porém,

52 TALAMINI, Eduardo. “Embargos à execução de título judicial eivado de inconstitucionalidade (CPC, art. 741, par. ún.)”. Relativização da coisa julgada – enfoque crítico. Fredie Didier Jr. (org.). 2ª ed. Salvador: Edições JUS PODIVM, 2006, p. 125. 53 Contra, entendendo que somente os capítulos da sentença com eficácia condenatória podem ser rescindidos, TALAMINI, Eduardo. “Embargos à execução de título judicial eivado de inconstitucionalidade (CPC, art. 741, par. ún.)”, cit., p. 128. 54 “Além disto, a procedência da impugnação não desconstituirá o título, nem reabrirá o processo, limitando-se a tornar inadmissível a sua execução”. (ASSIS, Araken de. Cumprimento da sentença, cit., p. 330.) Assim, também, MAZZEI, Rodrigo. Reforma do CPC, cit., p. 318.

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poderíamos mudar o exemplo antes dado, para supor que, dos dois fundamentos lançados pelo contribuinte, o segundo (alheio à questão constitucional) foi rejeitado na sentença, a qual, porém, foi de procedência do pedido, com base no primeiro fundamento. O contribuinte não teria interesse recursal para apelar. Não foi sucumbente. Não houve um pedido autônomo seu rejeitado, mas apenas um fundamento atinente ao único pedido feito, que, mesmo assim, foi acolhido pelo outro fundamento. Note-se que ele não teria interesse jurídico nem para a interposição de apelação adesiva. É que a profundidade da apelação permite, por si só, que a sentença venha a ser confirmada pelo tribunal pelo outro fundamento, rejeitado em primeiro grau (CPC, art. 515, § 2o). Suponha-se que houve o trânsito em julgado da sentença. Ora, nesse caso, quando nos embargos se desconstituísse o título amparado no fundamento constitucional, não seria legítimo dizer que o outro fundamento posto pelo contribuinte em sua ação de conhecimento já teria transitado em julgado. Seria verdadeira armadilha: o contribuinte não pôde recorrer da rejeição desse outro fundamento precisamente porque fora acolhido o fundamento constitucional, ora derrubado. Assim, afastada nos embargos a procedência do fundamento constitucional, há de se permitir o prosseguimento do exame do outro fundamento. Para esse caso, a terceira solução acima dada parece a mais apropriada. Retomar-se-ia o processo a partir da sentença que rejeitou o outro fundamento, então não mais se considerando o anterior acolhimento do fundamento constitucional (já desconstituído nos embargos) – com o que se abriria ao contribuinte a faculdade (e ônus) de apelar.”55.

Realmente, não é possível negar à parte, em tais situações, o direito de exigir a reapreciação da causa, com base no outro fundamento. Solução diversa ofenderia o direito fundamental à inafastabilidade de apreciação da questão pelo Poder Judiciário (art. 5º, XXXV, CF/88).

Sucede que a parcimônia do legislador impede que se respondam a outras questões com tanta segurança: a) de quem é a competência para o iudicium rescissorium?; b) seria permitido o rejulgamento na própria fase executiva, reabrindo-se a fase de conhecimento? Talvez a solução de Eduardo Talamini seja a mais adequada: tomar emprestado o regime jurídico da alegação da exceptio nullitatis (art. 475-L, I, CPC), que permite, invalidada a sentença, a reabertura do processo56.

O problema exige tratamento legislativo.

3.4.5. Penhora incorreta ou avaliação errônea (art. 475-L, III).

Conforme já foi visto, a impugnação do executado é precedida da penhora e de avaliação. Assim, cabe ao executado, se quiser discutir o valor da avaliação, fazê-lo já na impugnação, sob pena de preclusão.

Também é ônus do executado discutir a validade da penhora em sua impugnação (p. ex., suscitar impenhorabilidade ou desrespeito à ordem de preferência do art. 655 do CPC).

3.4.6. Ilegitimidade das partes (art. 475-L, IV).

Pode o executado arguir, em sua defesa, a ilegitimidade das partes. Não se trata de ilegitimidade que poderia ter sido arguída na fase de conhecimento, em razão da eficácia preclusiva da coisa julgada (art. 474 do CPC), que protege o título judicial. A ilegitimidade, aqui, diz respeito à fase executiva, tão-somente.

55 TALAMINI, Eduardo. “Embargos à execução de título judicial eivado de inconstitucionalidade (CPC, art. 741, par. ún.)”, cit., p. 129-131. 56 TALAMINI, Eduardo. “Embargos à execução de título judicial eivado de inconstitucionalidade (CPC, art. 741, par. ún.)”, cit., p. 130.

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Embora normalmente se relacione o inciso à legitimidade ad causam, aferida de acordo com as regras do arts. 566-568 do CPC, também é lícito, com base nele, arguir-se a ilegitimidade processual (ausência de capacidade processual), como um defeito de representação processual.

3.4.7. Excesso de execução (art. 475-L, V).

Em sua defesa, pode o executado alegar excesso de execução, que ocorre, de acordo com o art. 743 do CPC, nas seguintes hipóteses: I) quando o credor pleiteia quantia superior à do título; II) quando recai sobre coisa diversa daquela declarada no título; III) quando se processa de modo diferente do que foi determinado na sentença; IV) quando o credor, sem cumprir a prestação que lhe corresponde, exige o adimplemento da do devedor (art. 582); V) se o credor não provar que a condição se realizou.

Quando o executado alegar que o credor pleiteia quantia superior à do título, é preciso atentar para dois aspectos.

a) Conforme o § 2º do art. 475-L, cabe ao impugnante declarar de imediato o valor que entende correto, sob pena de rejeição liminar dessa impugnação. Trata-se de norma interessante, que impõe um ônus ao executado, sob pena de a sua defesa sequer ser examinada: o ônus de opor a exceptio declinatoria quanti57. Não exercida a exceção, há preclusão quanto ao valor da dívida, ressalvado erro de cálculo ou valor absurdo.

Há precedente legislativo semelhante no art. 50 da Lei Federal n. 10.931/2004: “Art. 50. Nas ações judiciais que tenham por objeto obrigação decorrente de empréstimo, financiamento ou alienação imobiliários, o autor deverá discriminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter, quantificando o valor incontroverso, sob pena de inépcia”.

Curiosa, porém, a opção legislativa.

Ao regrar os embargos à execução contra a Fazenda Pública (art. 741 do CPC), instrumento de defesa do Poder Público na execução de sentença ou de título extrajudicial, não há previsão semelhante a essa ora comentada. Assim, poderia o Poder Público embargar a execução, questionando a dívida, mas sem dizer o valor que reputa correto, em conduta que se reputa temerária e procrastinatória. É preciso, então, construir uma interpretação que também atribua ao Poder Público executado o ônus de declinar o valor correto da dívida, quando a sua defesa consistir na alegação de cobrança de valor superior ao devido58.

A estranheza é ainda maior quando se percebe a existência do § 5º do art. 739-A, que cuida dos embargos em execução de título extrajudicial (ressalvada contra a Fazenda Pública), que segue a orientação adotada para o regramento da impugnação: “§ 5º Quando o excesso de execução for fundamento dos embargos, o embargante deverá declarar na petição inicial o valor que entende correto, apresentando memória do cálculo, sob pena de rejeição liminar dos embargos ou de não conhecimento desse fundamento”.

b) Nesses casos, há sempre uma parcela incontroversa, situação que permite o prosseguimento da execução em relação à parcela não-impugnada. A determinação de prosseguimento da execução independe de requerimento do credor, podendo o magistrado tomá-la ex officio.

57 NERY Jr., Nelson, NERY, Rosa. Código de Processo Civil comentado e legislação extravagante, 9ª ed., cit., p. 650. 58 Corretíssima, portanto, a advertência de Rodrigo Mazzei, que nos informa, após vasta pesquisa, que o posicionamento do STJ já vinha entendendo existir o ônus de declinar o valor incontroverso, mesmo sem previsão legal expressa. Cita, como precedente mais próximo, o julgamento dos Embargos de Divergência n. 260.842/SP, 3ª Seção, rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, j. 26.10.2005, publicado no DJ de 28.11.2005, p. 186 (Reforma do CPC, cit., p. 308).

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Não se pode rediscutir, porém, o valor obtido na fase de liquidação da sentença.

As hipóteses dos incisos II e III do art. 743 cuidam da execução para a entrega de coisa (inciso II) e para obrigação de fazer e de não-fazer (inciso III), que não serão examinadas neste momento.

Permite-se ao executado alegar a exceção de contrato não cumprido (art. 743, IV, CPC, c/c art. 476 do CC-2002, exceptio non adimpleti contractus), exceção substancial dilatória que obsta a eficácia da pretensão executiva. Aplica-se o art. 582 do CPC59, por analogia.

3.4.8. Qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que superveniente à sentença (art. 475-L, VI).

Pode o executado alegar, em sua defesa, qualquer fato impeditivo, modificativo ou extintivo da obrigação, seja uma exceção substancial, como a exceção de contrato não cumprido, seja uma objeção substancial, como o pagamento. O rol do inciso VI do art. 475-L é exemplificativo60.

Exige-se, porém, que se trate de fato superveniente ao trânsito em julgado da decisão exeqüenda, como respeito ao comando do art. 474 do CPC, que cuida da eficácia preclusiva da coisa julgada. A redação do inciso é equívoca, pois fala em “superveniente à sentença”, quando deveria deixar claro que a superveniência deve ser em relação ao trânsito em julgado da sentença – há uma elipse na frase. Assim, a prescrição, por exemplo, deve atingir a pretensão executiva, e não a pretensão deduzida na demanda de conhecimento (n. 150 da súmula da jurisprudência predominante do STF)61.

Uma última observação se impõe: a redação do inciso VI do art. 475-L corresponde à do inciso VI do art. 741, em sua redação original de 1973, com uma diferença. Exigia-se, antes, que, para a alegação de compensação, o crédito deveria ter sido objeto de uma ação executiva já aparelhada62, expressão duvidosa, que dava ensejo a diversas interpretações. Agora, deixa-se claro que, para alegar a compensação, ao executado basta cumprir o que dispõe o art. 369 do Código Civil: “A compensação efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas fungíveis”. Convém lembrar, ainda, que crédito prescrito não pode ser utilizado para fim de compensação, tendo em vista a regra do art. 190 do CC-2002, segundo a qual a exceção substancial prescreve concomitantemente com a pretensão a que esteja vinculada.

59 “Em todos os casos em que é defeso a um contraente, antes de cumprida a sua obrigação, exigir o implemento da do outro, não se procederá à execução, se o devedor se propõe a satisfazer a prestação, com meios considerados idôneos pelo juiz, mediante a execução da contraprestação pelo credor, e este, sem justo motivo, recusar a oferta”. 60 “Incluem-se, na mesma rubrica, a remissão da dívida, a confusão e a inexigibilidade da dívida por força de recuperação judicial... ou falência”. (ASSIS, Araken de. Cumprimento da sentença, cit., p. 327.) Acresça-se, ainda, que o direito de retenção deve ser exercido na contestação da fase de conhecimento (preparação do título executivo). 61 “Prescreve a execução no mesmo prazo de prescrição da ação”. 62 “Uma parte da doutrina acredita que equivale à execução ajuizada. Mais liberal, um outro setor sugere que a exigência se limita à apresentação de título capaz de fundar a ação executória. De prático, apenas nessas situações, na melhor das hipóteses ostentando título executivo..., o executado poderia alegar compensação. Ora, o verbo aparelhar possui vários sentidos, sempre com a idéia de prover, e todos aquém de efetivar, propor ou ajuizar, segundo pressupõe a primeira tese. Portanto, bastará a existência de título líquido e exigível (art. 369 do CC de 2002), e certo,..., para se admitir a compensação”. (ASSIS, Araken de. Manual do processo de execução. 8ª ed. São Paulo: RT, 2002, p. 1.202-1.203.)

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3.5. Efeitos sobre a execução.

O oferecimento da impugnação não suspende o procedimento executivo automaticamente.

O magistrado, porém, pode, a requerimento do executado,63 determinar a suspensão do procedimento executivo, “desde que relevantes seus fundamentos e o prosseguimento da execução seja manifestamente suscetível de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação” (art. 475-M, caput, CPC) e desde que ouvido o exeqüente64. Há, pois, quatro pressupostos: requerimento do executado, manifestação do exeqüente, relevante fundamento e perigo de grave dano de difícil ou incerta reparação65.

Dessa decisão cabe agravo de instrumento. Deferido o efeito suspensivo, a impugnação será instruída e decidida nos próprios autos e, caso contrário, em autos apartados (art. 475-M, § 2o, CPC). Uma observação é importante: a opção pelo processamento apartado, para o caso de a impugnação não suspender o procedimento executivo, não quer dizer que, nesse caso, surgirá um processo novo; autos novos não significam processo novo. Trata-se de técnica legislativa que se funda em critérios eminentemente operacionais, notadamente para facilitar o manejo da documentação processual e permitir o prosseguimento da execução nos autos originais. Ao determinar a autuação separada da impugnação, o legislador visou “isolar” a discussão relacionada àquela específica matéria de defesa, impedindo a mistura da documentação e, por conseqüência, o tumulto processual.

A suspensão do procedimento executivo é determinada pelo juiz, e não um efeito necessário da lei; é ope iudicis, e não ope legis. Os pressupostos legais para a concessão do efeito suspensivo são semelhantes a outros pressupostos legais autorizadores de medidas de urgência (arts. 273, II, 461, § 3º, 558 etc.)66.

O § 1º do art. 475-M prevê um contradireito (é uma exceção da exceção, exceptio exceptionis, replicatio67) do exequente, para o caso de o juiz determinar a suspensão do procedimento executivo: é direito subjetivo68 do exeqüente obter o prosseguimento da execução, desde que preste caução idônea, nos próprios autos. Trata-se de uma contracautela oferecida pelo exeqüente, que impede a suspensão do procedimento executivo. Da decisão que julgar a idoneidade da caução, caberá agravo de instrumento.

É regra semelhante ao § 2º do art. 745 do CPC, que confere ao demandante, em processo de execução para a entrega de coisa, o direito de ser imitido na posse da coisa, não obstante o direito de retenção do executado: “O exeqüente poderá, a qualquer tempo, ser imitido na posse da coisa, prestando caução ou depositando o valor devido pelas benfeitorias ou resultante da compensação”69.

63 Em sentido diverso, admitindo a suspensão da execução ex officio, KNIJNIK, Danilo. A nova execução, cit., p. 164. 64 BUENO, Cassio Scarpinella. A nova etapa da reforma do Código de Processo Civil, v. 1, cit., p. 119. 65 Assim, também, MAZZEI, Rodrigo. Reforma do CPC, cit., p. 328-330. 66 WAMBIER, Teresa Arruda Alvim, WAMBIER, Luiz Rodrigues, MEDINA, José Miguel Garcia. Breves comentários à nova sistemática processual civil. São Paulo: RT, 2006, v. 2, p. 161. 67 “O direito que se contrapõe à exceção gera também exceção, se não elide o direito de que essa provém, ou não no modifica. É a réplica (replicatio), exceção da exceção (exceptio exceptionis)... Daí por diante, em jogo de tênis”. (MIRANDA, Francisco Cavalcante Pontes de. Tratado de direito privado. 4ª ed. São Paulo: RT, 1983, t. 6, p. 8.) 68 Nesse sentido, também, KNIJNIK, Danilo. A nova execução, cit., p. 165. O autor informa que a redação do § 1º do art. 475-M foi sugestão do Professor Carlos Alberto Alvaro de Oliveira, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 69 Comentando esse dispositivo, com considerações que podem ser úteis mutatis mutandis, Alvaro Bourguignon: “Trata-se de faculdade do exeqüente, exercida como condição da obtenção antecipada da posse da coisa retida. A atividade cognitiva e decisória restará compartimentalizada no apreciar a suficiência e oportunidade da garantia prestada em confronto com o crédito do

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Sabe-se, ainda, que, com a alteração do procedimento de execução de título extrajudicial por quantia certa (Lei Federal n. 11.382/2006), o ajuizamento dos embargos do executado independe de penhora (art. 736, CPC). No entanto, somente será possível conceder efeito suspensivo aos embargos se houver penhora/caução/depósito (§ 1º do art. 739-A, CPC). Como visto, o oferecimento da impugnação pressupõe penhora, mas a lei que alterou o regime jurídico dos embargos do executado é posterior àquela que regulou a impugnação. Surge, então, a seguinte dúvida: a penhora permanece como exigência para o oferecimento da impugnação, ou é apenas pressuposto para a concessão de efeito suspensivo à impugnação?

Parece que, sistematicamente, a segunda alternativa é a melhor, até mesmo para que não coexistam duas regras tão diferentes, que cuidam essencialmente do mesmo fenômeno (defesa na execução).

Mas não se pode negar que a primeira alternativa fundamenta-se em sólido argumento: a exigência da penhora na execução de título judicial talvez se justificasse como pressuposto para o oferecimento da impugnação (e não apenas como pressuposto para a concessão de efeito suspensivo), porque o título já teria passado por uma fase anterior de formação, na qual teria sido assegurada ao executado possibilidade de ampla participação em contraditório. Como isso não ocorre com o título extrajudicial, cuja executividade decorre de lei, é justificável a dispensa da penhora como pressuposto para o oferecimento dos embargos. Assim, embora se trate, ambos os casos, de defesa do executado, teríamos de levar isso em consideração para aferir se lhes é aplicável o mesmo regime jurídico.Esse é o entendimento, por exemplo, de ALEXANDRE CÂMARA, em contato eletrônico mantido com os autores deste trabalho.

3.6. Réplica.

O exeqüente deverá ser ouvido a respeito da impugnação.

A intimação do exeqüente pode ser feita na pessoa do seu advogado, por aplicação analógica do art. 316 (reconvenção)70. Há necessidade de permitir a apresentação de uma réplica, portanto.

Não há prazo legal, razão pela qual há quem considere que o prazo é de cinco dias, se outro não determinar o magistrado (art. 185 do CPC)71, dez dias (aplicação analógica do art. 327 do CPC72), que parece ser a mais correta, até para que se mantenha a coerência com o quanto vem sendo afirmado, ou quinze dias73, em razão da isonomia, já que esse também é o prazo para o oferecimento da impugnação.

embargante-retentor. Sendo bastante, sua aceitação impõe-se sem outras considerações pertinentes à aparência do bom direito, risco fundado ou lesão de difícil reparação ou, ainda, de resguardo da utilidade da sentença definitiva. Qualquer impugnação do retentor, com esse conteúdo, será absolutamente ineficaz por não estar a aceitação da caução, com o seu conseqüente efeito antecipatório, sobre a disponibilidade da coisa, sujeita, in casu, à implementação desses elementos”. (Embargos de retenção por benfeitorias. São Paulo: RT, 1999, p. 253.) 70 ASSIS, Araken de. Cumprimento da sentença, cit., p. 354. 71 A nova execução de sentença. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006, p. 134. 72 Fazendo remissão ao art. 740 do CPC, GRECO, Leonardo. “Primeiros comentários sobre a reforma da execução oriunda da Lei 11.232/05”, cit., p. 82. 73 BUENO, Cassio Scarpinella. A nova etapa da reforma do Código de Processo Civil, v. 1, cit., p. 127; ASSIS, Araken de. Cumprimento da sentença, cit., p. 354-355, que, porém, considera que o exeqüente apresentará uma contestação e não uma réplica.

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3.7. Julgamento e coisa julgada.

A impugnação é dirigida à pretensão do exeqüente, deduzida no requerimento de cumprimento da sentença formulado pelo credor (art. 475-J, caput, CPC). O objeto da impugnação é, pois, a pretensão executiva74.

Apresentada a impugnação, a demanda do exeqüente torna-se uma questão, que precisará ser resolvida pelo magistrado. A cognição judicial será, como visto, limitada, pois restrita às hipóteses do art. 475-L, mas exauriente. Como há cognição exauriente, a decisão que julga a demanda executiva, após a impugnação, está apta a ficar imune pela coisa julgada material, podendo, inclusive, ser alvo de ação rescisória.

Após o trânsito em julgado dessa decisão, em razão da eficácia preclusiva da coisa julgada material (art. 474 do CPC), não poderá o executado voltar a juízo para rediscutir aquela mesma pretensão executiva75.

Acolhida a impugnação, os efeitos variarão conforme o respectivo conteúdo, podendo implicar ou uma invalidação do título judicial e do procedimento executivo, com a reabertura da fase de conhecimento (art. 475-L, I), ou uma redução do valor executado (art. 475-L, V)76 ou o reconhecimento da inexistência da obrigação (art. 475-L, VI). A decisão que reconhecer a inexistência da obrigação executada tem um efeito anexo: surge para o exeqüente o dever de indenizar o executado pelos prejuízos sofridos em razão da malsinada execução, tendo em vista a incidência do art. 574 do CPC77.

É correta a opinião de Araken de Assis, para quem só haverá condenação ao pagamento de honorários advocatícios se houver extinção da execução (art. 20, § 4º, CPC)78. Em um primeiro momento, parece que ainda sobrevive a regra de que cabe condenação ao pagamento de honorários advocatícios na fase executiva, não obstante o fato de que a regra do art. 20, § 4º, CPC, mencione processo de execução. Em qualquer hipótese, porém, acolhendo ou rejeitando a impugnação, o juiz condenará o vencido ao pagamento das despesas do incidente (art. 20, § 1º, CPC) 79.

A decisão que julgar a impugnação é recorrível por agravo de instrumento, salvo se extinguir a execução, quando será apelável (art. 475-M, § 3º, CPC). A opção legislativa é clara: não acolhida a impugnação, a execução deverá prosseguir; assim, a previsão do agravo de instrumento é correta e adequada, exatamente para permitir o prosseguimento da fase executiva nos autos principais, que continuarão no juízo a quo, enquanto pendente o processamento do recurso.

Se a impugnação for acolhida em parte, não haverá extinção da execução e, portanto, o recurso cabível será o agravo de instrumento80.

Cumpre advertir, porém, que essa previsão normativa pressupõe que a execução se tenha processado em juízo de primeira instância. Mas é possível que o cumprimento da sentença seja da competência de um tribunal (art. 475-P, I, CPC), hipótese em que o § 3º

74 ASSIS, Araken de. Cumprimento da sentença, cit., p. 317. 75 Embora partindo de outras premissas, chega a essa mesma conclusão ASSIS, Araken de. Cumprimento da sentença, cit., p. 360. 76 Conclusão n. 11 do VI Encontro Nacional dos Tribunais de Alçada: “O excesso de execução não importa em nulidade desta, mas no acolhimento (total ou parcial, conforme o caso) dos embargos”. 77 ASSIS, Araken de. Cumprimento da sentença, cit., p. 360. 78 O raciocínio é semelhante ao que é feito em relação à exceção de não-executividade, em que se admite a condenação ao pagamento de honorários advocatícios (STJ, 1ª T., Resp n. 508.301-MG, rel. Min. Luiz Fux, j. 26.08.2003, publicado no DJ de 29.09.2003, p. 166). 79 ASSIS, Araken de. Cumprimento da sentença, cit., p. 361. Danilo Knijnik entende que não há condenação ao pagamento de honorários advocatícios no julgamento da impugnação, mas, tão-só, ao pagamento das despesas do incidente (A nova execução, cit.,p. 166). 80 BUENO, Cassio Scarpinella. A nova etapa da reforma do Código de Processo Civil, v. 1, cit., p. 128.

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do art. 475-M é inaplicável. Decidida a impugnação por um acórdão, nesse último caso, contra essa decisão caberá recurso especial ou extraordinário, conforme seja.

A apelação contra a sentença que acolher a impugnação tem efeito suspensivo, o que implica o prosseguimento da execução (o acolhimento não produzirá efeito imediato); pode o executado pedir ao tribunal que retire a eficácia suspensiva da apelação do exeqüente, impedindo, com isso, o prosseguimento da execução81. Não há como negar que essa situação, não obstante decorra da literalidade do texto do art. 520 do CPC, é esdrúxula. É preciso repensar o problema do efeito suspensivo da apelação, de modo a prestigiar a eficácia imediata das decisões proferidas pelo juízo de primeiro grau e dar mais coerência ao sistema. Repita-se, no entanto, que essa é a solução de lege lata.

3.8. Convivência com a exceção de não-executividade.

Ainda é possível a utilização da exceção de não-executividade (também chamada de objeção de executividade, exceção de pré-executividade), defesa do executado atípica, porquanto não prevista em lei, mas de larga utilização na prática judiciária, que ainda sobrevive.

A matéria que pode ser alegada pela exceção de não-executividade é a mesma que pode ser alegada por impugnação, com a ressalva de que as alegações devem poder ser comprovadas com prova pre-constituída82.

A exceção de não-executividade dispensa, porém, a exigência de prévia penhora, sendo essa, ao mesmo tempo, sua principal característica e grande utilidade.

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81 BUENO, Cassio Scarpinella. A nova etapa da reforma do Código de Processo Civil, v. 1, cit., p. 129. 82 Sobre o tema, MIRANDA, Francisco Cavalcante Pontes de. “Parecer n. 95”. Dez anos de pareceres. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1975, v. 4, p. 125-139; MOREIRA, Alberto Camiña. Defesa sem embargos do executado. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2000; KNIJNIK, Danilo. A exceção de pré-executividade. Rio de Janeiro: Forense, 2000; NOLASCO, Rita Dias. Exceção de pré-executividade. São Paulo: Método, 2003; ROSA, Marcos Valls Feu. Exceção de pré-executividade. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris, 1996; SIQUEIRA FILHO, Luiz Peixoto de. Exceção de pré-executividade. 2ª ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 1998.

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