130
CARLOS VIEIRA ANDRADE JUNIOR REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM CANAIS RADICULARES DE MOLARES INFERIORES APÓS IRRIGAÇÃO POR PRESSÃO APICAL POSITIVA OU NEGATIVA 2016 Programa de Pós-Graduação em Odontologia Av. Alfredo Baltazar da Silveira, 580, cobertura 22790-710 – Rio de Janeiro, RJ Tel. (0XX21) 2497-8988

REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

  • Upload
    vokhanh

  • View
    216

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

i

CARLOS VIEIRA ANDRADE JUNIOR

REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM CANAIS RADICULARES DE MOLARES INFERIORES APÓS IRRIGAÇÃO POR PRESSÃO APICAL POSITIVA OU

NEGATIVA

2016

Programa de Pós-Graduação em Odontologia Av. Alfredo Baltazar da Silveira, 580, cobertura

22790-710 – Rio de Janeiro, RJ Tel. (0XX21) 2497-8988

Page 2: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

ii

CARLOS VIEIRA ANDRADE JUNIOR

REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM CANAIS RADICULARES DE

MOLARES INFERIORES APÓS UTILIZAÇÃO DE IRRIGAÇÃO POR PRESSÃO APICAL POSITIVA OU NEGATIVA

Orientadores:

Prof. Dr. Flávio Rodrigues Ferreira Alves

Prof. Dr. Marco Aurélio Versiani

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

RIO DE JANEIRO

2016

Tese apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Odontologia da

Universidade Estácio de Sá, como

parte dos requisitos para obtenção

do grau de Doutor em Odontologia

(Endodontia).

Page 3: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

iii

DEDICATÓRIA _______________________________________________________________

À minha família, meus pais (Carlos e Maiza) meus irmãos (Jon, Murilo e Andreza), minha esposa (Ana Cláudia) e meus filhos (Enzo, Lara e Malu). Vocês são os meus motivos e certezas de felicidade.

Page 4: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

iv

AGRADECIMENTOS _______________________________________________________________

A Deus por me permitir realizar mais este sonho. Obrigado Senhor por me

guiar e ser fortaleza em minha vida.

À minha esposa (Ana Cláudia), por ter suportado as minhas ausências e todo o

meu estresse. Sei que foi muito difícil para você manter a tranquilidade e

“segurar as pontas” da nossa casa e família enquanto eu me dedicava ao meu

curso.

Aos meus melhores projetos, meus filhos (Enzo, Lara e Malu). Por vocês e

para vocês são todos os meus esforços e realizações.

Ao meu pai (Carlos Vieira) por ser um entusiasta do aprendizado e por me

ajudar em todas as minhas etapas de formação profissional. Quero ser para os

meus filhos o pai que o senhor é para mim.

À minha mãe (Maiza) por ser a melhor tradução da palavra amor. Obrigado

pela presença constante em minha vida.

Aos meus irmãos (Jon e Murilo) pelos exemplos, torcida e toda amizade. Em

especial gostaria de registrar a minha gratidão a Murilo (Mui) por ter sido

sempre um grande incentivador e patrocinador da minha formação.

As minhas cunhadas (Flávia e Elizabete) e meus sobrinhos (Carlos Neto, João

Pedro, Luiza e Renata) pelas orações e por serem presenças constantes nos

momentos de alegria familiar.

Aos meus sogros Conça e Raul pelas orações e todo o apoio que sempre

dispensaram a mim e minha família.

A minha prima, amiga e sócia Claudia Brazil pela parceria, amizade e

ensinamentos.

Ao meu orientador Professor Doutor Flávio Rodrigues Ferreira Alves por ser o

melhor exemplo de orientador que eu já tive. Não posso deixar de agradecer

pela sua disponibilidade e atenção durante toda a minha passagem pelo

PPGO. São professores como o senhor que me servem como inspiração a me

tornar um docente melhor.

Ao ilustre Professor Doutor José Siqueira Freitas Júnior por ter compartilhado

do seu conhecimento e de uma endodontia de excelência. Professor, tenho

muito orgulho de ter convivido e aprendido com o senhor.

Page 5: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

v

Ao meu Anjo (Angélica Pedrosa) por ter sido tão generosa, agradável e

disponível durante todo o período da minha passagem no doutorado. Angel,

você é muito especial e terá sempre um lugar cativo nas minhas lembranças e

em meu coração.

Ao Professor Doutor Lúcio Gonçalves pelos ensinamentos de Bioestatística e

Epidemiologia. Por muitas vezes eu afirmei que só em suas aulas eu pude

compreender melhor alguns segredos das análises estatísticas.

Ao Professor Doutor José Cláudio Provenzano pela amizade, ajuda e atenção

dispensadas durante as longas etapas dos experimentos laboratoriais.

Aos Professores do PPGO (Doutora Isabela das Neves Rôças, Doutora

Luciana Armada Dias, Doutora Mônica Aparecida Schultz Neves, Doutor Fábio

Ramoa e Doutor Fábio Vidal) pelos ensinamentos, dedicação e oportunidade

de aprendizado.

Aos professores Doutor Marco Aurélio Versiani e Doutor Manoel Damião

Souza-Neto pela grande e importante contribuição na realização deste

trabalho. Agradeço a generosidade e apoio de vocês.

Aos meus especiais colegas de doutorado (Cristiane Alfenas, Fernanda Lins,

Henrique Antunes, Júlio Cesar, Mariana Maneschy e Nilton Dessaune). Eu não

tenho dúvidas que vocês foram fundamentais para o meu crescimento. Que

bom que eu tive a oportunidade de conhecê-los!

Ao meu amigo/irmão (Henrique Antunes) pela amizade, confiança e

ensinamentos. Com você eu aprendi mais do que a ciência endodôntica,

aprendi sobre valores e reforcei os meus conceitos sobre família. Obrigado

meu amigo.

À minha grande amiga Mariana Maneschy, por ter sido o principal motivo das

minhas risadas durante o doutorado. Mari, é e sempre será bom rir com você.

À Renata Val, grande amiga que deveria ter sido da minha turma. Um exemplo

de competência e humildade. Foi muito bom conviver e trabalhar com você.

Aos meus grandes amigos Emmanuel, Juliana e Shaiana por serem as

melhores lembranças e verdadeiras amizades que construí durante o

mestrado. Da FOP para a vida.

A Marília Marceliano-Alves pela ajuda em toda a fase experimental dos

trabalhos laboratoriais, pela colaboração na realização deste grande sonho e

pelo carinho com que sempre me tratou.

Ao meu amigo Venezuelano (Alejandro) pelo apoio e torcida.

Page 6: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

vi

ÍNDICE _______________________________________________________________ RESUMO....................................................................................................... vii

ABSTRACT................................................................................................... ix

LISTA DE FIGURAS..................................................................................... xi

LISTA DE TABELAS..................................................................................... xii

LISTA DE ABREVIATURAS......................................................................... xiii

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................... 1

2. REVISÃO DE LITERATURA..................................................................... 4

3. JUSTIFICATIVA........................................................................................ 42

4. HIPÓTESE................................................................................................ 43

5. OBJETIVO.............................................................................................. 44

6. ARTIGO PUBLICADO............................................................................... 45

7. DISCUSSÃO............................................................................................. 55

8. CONCLUSÕES......................................................................................... 63

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................... 64

ANEXOS....................................................................................................... 73

Page 7: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

vii

RESUMO _______________________________________________________________

Objetivo: Avaliar, por microtomografia computadorizada (µTC), os detritos

acumulados em canais radiculares e istmos de molares inferiores após o

preparo químico-mecânico (PQM), usando sistemas de irrigação por pressão

apical negativa ou positiva. Materiais e Métodos: Foram selecionados 20

molares inferiores apresentando canal único na raiz distal (configuração Tipo I

de Vertucci) e 2 canais independentes conectados por istmo do terço médio ao

ápice da raiz mesial (configuração Tipo II de Vertucci). As amostras foram

pareadas e distribuidas aleatoriamente em dois grupos experimentais (n=20

canais mesiais e 10 canais distais), conforme o protocolo de irrigação: pressão

apical positiva utilizando seringa e agulha Navitip

(Ultradent, South Jordan, UT,

EUA) e pressão apical negativa com o sistema EndoVac

(SybronEndo, Orange,

CA, EUA). O preparo dos canais foi realizado com o sistema BioRaCe, sendo

os mesiais preparados até o instrumento BR5 e os distais até o BR6, ambos a

0,5 mm do comprimento de patência. Concluído o PQM, os espécimes foram

novamente escaneados e os datasets inicial e final co-registrados. As

variações de volume do canal radicular e área de superfície, assim como o

percentual das áreas das paredes do canal não tocadas e dos detritos

acumulados após o PQM, foram comparadas estatisticamente por meio do

teste t para amostras independentes e teste U de Mann-Whitney, com nível de

significância de 5%. Resultados: Após a instrumentação não foram

observados detritos no canal distal em ambos os grupos. Nos canais mesiais, a

irrigação convencional apresentou um percentual mediano significativamente

mais elevado de detritos (11,48%; AIQ: 5,9–22,6; amplitude: 1,86–41,98) do

que o grupo EndoVac (3,40%; AIQ: 1,5 -7,3; amplitude: 0,82-12,84) (P < 0,05).

Page 8: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

viii

Conclusões: Nenhum protocolo de irrigação conseguiu tornar os sistemas de

canais mesiais livres de detritos, porém, a utilização do protocolo de irrigação

por pressão apical negativa resultou em menos detritos do que a irrigação

convencional.

Palavras-chave: EndoVac, pressão apical negativa, detritos, istmo, molar

inferior, microtomografia computadorizada, irrigação do canal radicular.

Page 9: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

ix

ABSTRACT _______________________________________________________________ Aim: To evaluate the accumulated hard tissue debris (AHTD) removal from the

root canal system of mandibular molars after chemomechanical preparation

using positive and negative pressure irrigation systems, by means of micro-CT

imaging. Materials and Methods: 20 mandibular molars with a single canal in

the distal root (Type I Vertucci configuration) and 2 canals connected by an

isthmus in the middle third of the mesial roots (Type II Vertucci configuration)

were selected. Then, teeth were pair-matched and randomly assigned to 2

experimental groups (n = 20 mesial and 10 distal canals), according to the

irrigation protocol: apical positive irrigation using syringe and Navitip

needle

(Ultradent, South Jordan, UT USA) or apical negative pressure irrigation using

EndoVac

system (SybronEndo, Orange, CA, EUA). Root canal preparation was

performed using BioRaCe system. The mesial and distal canals were prepared

up to the 0.5 mm from the apical foramen until BR5 and BR6 instruments,

respectively. After chemomechanical preparation, the specimens were scanned

again and datasets before and after preparation superimposed. Changes in root

canal volume and surface area as well as percentage of uninstrumented canal

wall surface and AHTD after canal preparation were statistically compared

using the independent sample t-test and Mann–Whitney U-test, with the

significance level set at 5%. Results: After preparation, AHTD was not

observed in the distal canal of both groups. However, in the mesial root canal

system, the conventional irrigation group was associated with a significantly

higher median percentage of AHTD (11.48%; IQR: 5.9–22.6; range: 1.86–

41.98) than the EndoVac group (3.40%; IQR: 1.5–7.3; range: 0.82–12.84) (P <

0.05). Conclusions: Neither irrigation protocols succeeded in rendering the

Page 10: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

x

mesial canal system free of AHTD; however, apical negative pressure irrigation

resulted in lower levels of AHTD than conventional irrigation.

Keywords: apical negative pressure, hard-tissue debris, isthmus, mandibular

molar, micro-computed tomography, root canal irrigation.

Page 11: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. A- Microtomógrafo SkyScan modelo 1174 v.2. B- Suporte

de resina acrílica para adaptação dos espécimes................................

73

Figura 2. Imagens 3D do sistema de canais radiculares de molares

inferiores com a mensuração da posição dos istmos em relação ao

forame apical........................................................................................

73

Figura 3. A- Aplicação de adesivo epóxico (Araldite; Huntsman

Advanced Materials, Salt Lake City, UT, EUA) para vedar o forame e

simular o efeito de vapor lock. B- espécime inserido em silicona de

condensação.........................................................................................

73

Figura 4. Protocolo do preparo químico-mecânico com sistema

EndoVac. A- Esquema para os canais mesiais. B- Esquema utilizado

nos canais distais. C- Descrição dos ciclos de microirrigação do

Sistema EndoVac...............................................................................

74

Figura 5. Protocolo do preparo químico-mecânico com irrigação

convencional. A- Esquema para os canais mesiais. B- Esquema

utilizado nos canais distais...................................................................

75

Page 12: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

xii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Prevalência de istmos em raízes mesiais de molares

inferiores relatada em estudos prévios.................................................

06

Tabela 2. Eficiência na distribuição da solução irrigante pelo sistema

de canais radiculares usando diferentes sistemas de irrigação

relatada em estudos prévios.................................................................

17

Tabela 3. Capacidade de remoção de detritos do sistema de canais

radiculares por diferentes sistemas de irrigação relatada em estudos

prévios...................................................................................................

32

Tabela 4. Desinfecção promovida no sistema de canais radiculares

por diferentes sistemas de irrigação relatada em estudos

prévios...................................................................................................

37

Page 13: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

xiii

LISTA DE ABREVIATURAS

CT: Comprimento de Trabalho

EDTA: Ácido Etilenodiaminotetracético

H2O2: Peróxido de Hidrogênio

IUC: Irrigação Ultrassônica Contínua

MEV: Microscopia Eletrônica de Varredura

µTC: Microtomografia Computadorizada

NaOCl: Hipoclorito de Sódio

PUI: Irrigação Ultrassônica Passiva

SAF: Self-Adjusting File (lima auto-ajustável)

SCR: Sistema de Canais Radiculares

TCFC: Tomografia Computadorizada por Feixe Cônico

UFC: Unidades Formadoras de Colônias

Page 14: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

1

1. INTRODUÇÃO

O objetivo do tratamento endodôntico é garantir a saúde dos tecidos

perirradiculares. Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como

micro-organismos e suas toxinas, restos pulpares e tecidos necróticos, nos

casos infectados. Contudo, a complexidade anatômica do canal radicular tem

sido considerada uma barreira física importante que pode dificultar ou impedir

sua desinfecção adequada (SIQUEIRA et al., 2010). Assim, não há dúvida de

que o tratamento endodôntico cirúrgico ou não cirúrgico pode alcançar

melhores resultados quando há uma maior compreensão da anatomia radicular

interna (DEGERNESS & BOWLES, 2010).

O primeiro molar inferior, além de ser o dente mais frequentemente

submetido a tratamento endodôntico (WAYMAN et al., 1994; KIRKEVANG et

al., 2001; HULL et al., 2003; BJØRNDAL et al., 2006), apresenta uma série de

desafios anatômicos como canais múltiplos, istmos, canais laterais e

ramificações apicais. Sua raiz mesial apresenta alto grau de complexidade,

destacando-se a frequente presença de uma área estreita, em forma de fita,

conectando os dois canais (istmo), o que dificulta seu debridamento, podendo

armazenar em seu interior restos de tecido pulpar, bactérias e seus

subprodutos, comprometendo o sucesso do tratamento endodôntico.

(TEIXEIRA et al., 2003; MANOCCI et al., 2005; NAIR et al., 2005; NAIR et al.,

2006; CARR et al., 2009; RICUCCI et al., 2011; SIQUEIRA et al., 2013).

O istmo está presente principalmente em raízes que possuem

achatamento e mais de um canal (TEIXEIRA et al., 2003; MANNOCCI et al.,

Page 15: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

2

2005), sendo definido como uma passagem de tecido pulpar que une dois ou

mais canais em uma mesma raiz (AMERICAN ASSOCIATION OF

ENDODONTISTS, 2015). A prevalência de istmo na raiz mesial dos molares

inferiores foi investigada por muitos autores utilizando as mais diversas

metodologias, sendo encontrados resultados variando entre 59 a 100% dos

espécimes avaliados (HSU & KIM, 1971; VERTUCCI, 1984; TEIXEIRA et al.,

2003; VON ARX, 2005; MANNOCCI et al., 2005; GU et al., 2009a; FAN et al.,

2010; HARRIS et al., 2013; MEHRVARZFAR et al., 2014; LIMA et al., 2014).

A instrumentação dos canais radiculares resulta na produção de detritos

dentinários, formados por raspas de dentina, bactérias e tecido pulpar, que

tendem a se acumular em regiões de complexidades anatômicas onde há

limitação da ação da solução irrigante, podendo dificultar a desinfecção ou até

mesmo comprometer a obturação do SCR (PAQUÉ et al., 2009; METZGER et

al., 2010; HAAPASALO et al., 2012; PAQUÉ et al., 2012; DE-DEUS et al.,

2014). Em razão do exposto, alguns autores têm sugerido alternativas para

potencializar os efeitos dos irrigantes em regiões de anatomia complexa, tais

como a irrigação ultrassônica passiva e a irrigação por pressão apical negativa

(MARTIN, 1976; SCHOEFFEL, 2007; HAAPASALO et al., 2010).

O acúmulo dos detritos dentinários na região de istmo pode ser

comprovado pela redução da área do istmo após a instrumentação (ENDAL et

al., 2011; MARKVART et al., 2012; De-DEUS et al., 2014). Por sua importância

clínica, pelo risco potencial para abrigar micro-organismos e favorecer a

perpetuação da infecção endodôntica, a produção de detritos durante o preparo

dos canais radiculares foi e continua sendo objeto de diversas pesquisas

(PAQUÉ et al., 2009, DE-DEUS et al., 2014; DE-DEUS et al., 2015).

Page 16: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

3

Diante do exposto, torna-se necessária a realização de estudos que

comparem a remoção de detritos dentinários, mais especificamente os detritos

inorgânicos, em áreas de istmo utilizando diferentes protocolos e dispositivos

de irrigação. Para isso, em razão de sua complexidade anatômica, os molares

inferiores representam o modelo experimental mais apropriado para estudos ex

vivo.

Page 17: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

4

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Molares Inferiores e a Ocorrência de Istmos

A partir do trabalho clássico de HESS (1925) que demonstrou que o

espaço ocupado pelo tecido pulpar não se restringia ao canal principal e sim a

um sistema complexo de canais, numerosos estudos continuam a descrever a

anatomia dentária, sendo constante a observação de sistemas de canais com

complexidades ainda maiores, como na raiz mesial dos molares inferiores

(VERTUCCI, 1984; GRANDE et al., 2012; DEMIRBUGA et al., 2013; HARRIS

et al., 2013; NOSRAT et al., 2015), cuja morfologia, incluindo a presença de

istmos, foi estudada por meio de diferentes metodologias (Tabela 1).

Segundo WELLER et al. (1995), istmo é uma comunicação estreita em

forma de fita entre dois canais radiculares. Sua importância clínica reside no

fato de poder armazenar em seu interior restos pulpares, tecidos necróticos,

micro-organismos e seus subprodutos. Estes autores classificaram como

completos os istmos que promovem a real comunicação entre 2 canais e, como

incompletos, quando não há total comunicação entre eles.

TEIXEIRA et al. (2003) investigaram in vitro a prevalência e a posição de

istmos em raízes mésio-vestibulares de molares superiores e raízes mesiais de

molares inferiores. Os dentes foram inseridos em resina plástica transparente e

cortados perpendiculares em relação ao longo eixo do dente, em intervalos

seriados de 1 mm. Os autores observaram alta prevalência de istmos nos

canais mesiais, principalmente de 3 a 5 mm do ápice radicular, em um total de

59% das raízes mesiais dos molares inferiores e 29% das raízes

mesiovestibulares dos molares superiores. Foi constatado ainda que, pela

Page 18: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

5

dificuldade de acesso aos instrumentos convencionais, os istmos poderiam

servir como reservatórios de micro-organismos, comprometendo o sucesso do

tratamento endodôntico. Assim, o uso do microscópio clínico e insertos

ultrassônicos foi sugerido como meio de superar estas limitações.

VON ARX (2005) analisou in vivo a ocorrência de istmos após a

ressecção cirúrgica do ápice de primeiros molares, com o auxílio de

endoscópio. O corante azul de metileno foi aplicado nos remanescentes

radiculares para facilitar a identificação de tecidos vitais. O autor relatou a

prevalência de istmos em 83% dos espécimes sendo que, em nenhum deles, o

canal estava preenchido por material obturador, enfatizando a influência desta

variação anatômica no preparo e obturação dos canais radiculares. Por fim, o

autor enfatizou a possibilidade de existirem restos pulpares, tecidos necróticos

ou substratos orgânicos no SCR, que poderiam promover o crescimento de

micro-organismos. Neste caso, a localização, preparo e preenchimento de todo

o espaço pulpar seria essencial, principalmente em casos de cirurgia

perirradicular.

MANNOCCI et al. (2005) estudaram os 5 mm apicais de raízes mesiais

de molares inferiores utilizando a µTC para verificar a presença e descrever a

morfologia do istmo. A prevalência observada de istmo foi superior à esperada.

Os autores ainda questionaram a subjetividade e limitação das classificações

de istmo descritas em estudos anteriores e propuseram a utilização de uma

classificação mais simples em que se registraria apenas sua presença ou não.

Page 19: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

6

Tab

ela

1.

Pre

valê

ncia

de

istm

os e

m r

aíz

es m

esia

is d

e m

ola

res infe

riore

s r

ela

tad

a e

m e

stu

do

s p

révio

s

Page 20: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

7

FAN et al. (2008) investigaram, através da µTC, a prevalência e

morfologia de istmos em raízes mesiais de 126 molares inferiores. Foi

observada a presença de istmos em 85% das raízes mesiais analisadas,

principalmente nos 5 mm apicais das raízes. Cada istmo foi reconstruído e

classificado em 4 categorias de acordo com sua morfologia: tipo I - istmos

amplos e com união completa entre os canais; tipo II - istmos amplos com

conexão incompleta entre os canais; tipo III (misto) - istmo incompleto na

porção mais cervical e/ou completo na porção apical; e Tipo IV - conexão em

cânula, ou seja, comunicação realizada por uma estreita cânula entre os 2

canais. Para os autores, a existência de diferentes tipos morfológicos de istmos

poderia exigir a aplicação de procedimentos endodônticos específicos para se

atingir os objetivos de limpeza de detritos, desinfecção e obturação do canal.

GU et al. (2009a) verificaram in vitro a prevalência e morfologia de

istmos nos 6 mm apicais da raiz mesial de primeiros molares inferiores de uma

população chinesa, bem como as possíveis alterações anatômicas produzidas

com a idade, por meio da µTC. Os autores verificaram que a principal

característica morfológica foi a existência de uma comunicação em forma de

fita ou teia em 88,9% da amostra e que unia os canais radiculares nos 6 mm

apicais da raiz. A idade foi uma variável determinante na ocorrência de istmo,

pois sua prevalência no grupo mais jovem (20 – 39 anos) foi de 50%, enquanto

no grupo com idade superior a 60 anos foi de 24%, sendo de difícil

identificação por estarem mais atresiados.

Uma revisão sistemática sobre a anatomia do primeiro molar inferior foi

realizada por DE PABLO et al. (2010). Nessa revisão os autores verificaram

que a anatomia da raiz e configuração do canal radicular variava

Page 21: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

8

significativamente dependendo da metodologia utilizada. A técnica da

diafanização predominou nos estudos in vitro, enquanto técnicas que utilizam

imagens tridimensionais foram mais empregadas em estudos recentes. Apesar

das evidências de que a etnia seria um fator determinante no que diz respeito

ao número de raízes em cada grupo dental, não foi demonstrada relação direta

entre a etnia e a configuração do SCR. Chamou a atenção dos pesquisadores

a alta variabilidade anatômica encontrada no Brasil, provavelmente, segundo

estes, porque o país apresenta uma grande diversidade étnica. Na maioria dos

artigos revisados os primeiros molares apresentavam 2 raízes, contudo uma

prevalência de 13% de molares com 3 raízes também foi relatada. Tal variação

estava fortemente associada com a etnia, sendo maior nos grupos asiáticos,

mongóis e esquimós. No geral, a ocorrência relatada de dois canais na raiz

mesial foi de 94,4% e a prevalência de istmos de 54,8%. Os autores

concluíram que a presença de istmo na raiz mesial dos primeiros molares

inferiores deve ser considerada regra e não exceção e que, em razão da

dificuldade da ação mecânica dos instrumentos nestas áreas, esforços devem

ser concentrados no desenvolvimento de protocolos que proporcionem a

penetração efetiva do irrigante nestas áreas, incluindo diferentes métodos de

ativação.

Com o objetivo de determinar os diâmetros mesiodistal e vestíbulo-

lingual, o volume, e a presença de istmo no terço apical de canais mesiais de

molares inferiores, VILLAS-BÔAS et al. (2011) realizaram o exame

microtomográfico de 60 molares inferiores. Foi constatado que os canais

mesiais desses dentes não apresentaram padrão consistente, havendo alta

variabilidade nos diâmetros apicais. Quanto à presença de istmos, foi

Page 22: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

9

observado ser mais comum na porção apical da raiz, até mesmo no último

milímetro do canal.

VON ARX et al. (2011) avaliaram in vivo 168 raízes mesiais de primeiros

molares inferiores submetidas a ressecção cirúrgica e verificaram uma alta

prevalência de istmo (88,5%). O estudo demonstrou claramente que a

presença de istmo foi uma ocorrência frequente nas raízes de dentes

posteriores com dois canais, principalmente em raízes mesiais de molares

inferiores.

MARKVART et al. (2012) compararam a eficácia de duas técnicas de

instrumentação na ampliação apical de canais mesiais de molares, realizando

análises morfométricas na região do istmo. Foi constatada dificuldade na

mensuração da área e do volume do istmo em razão da dificuldade em

estabelecer seu limite em relação aos canais radiculares. Além disto, observou-

se que o istmo correspondeu à metade da área total do canal não tocada pelo

instrumento e que a instrumentação reduziu sua área, provavelmente pelo

depósito de detritos dentinários. Os autores ressaltaram a importância da

remoção dos detritos contaminados na região do istmo para a manutenção da

saúde dos tecidos periapicais, mas consideraram que sua influência talvez não

fosse relevante quando ambos canais mesiais fossem devidamente

instrumentados até o limite apical adequado.

HARRIS et al. (2013) utilizaram a µTC para investigar a morfologia

interna de 22 raízes mesiais de primeiros molares inferiores. O estudo

confirmou a existência da zona de risco em proximidade com a furca. Além

disso, também foi constatada que a ressecção cirúrgica de 3 mm apicais

durante a cirurgia perirradicular seria capaz de remover a maioria dos canais

Page 23: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

10

laterais e ramificações. A presença de istmos foi observada em 100% das

raízes avaliadas, de 4 a 8 mm do ápice radicular.

DEMIRBUGA et al. (2013) utilizaram a tomografia computadorizada por

feixe cônico (TCFC) para avaliar a morfologia de 1748 molares inferiores de

indivíduos turcos, sendo constatada uma prevalência de istmo em 36% das

raízes mesiais. Considerando apenas os segundos molares, a prevalência foi

de 42% e, nos primeiros molares, de 30%.

PÉCORA et al. (2013) avaliaram a presença de istmo em molares

superiores e inferiores utilizando a TCFC. Os resultados mostraram uma

frequência de istmo no terço apical da raiz mésio-vestibular de molares

superiores variando entre 4% (avaliação ex vivo) e 6% (avaliação in vivo) e, na

raiz mesial dos molares inferiores, de 16% (avaliação ex vivo) a 26% (avaliação

in vivo). Segundo os autores, a presença de istmo no terço cervical facilitaria o

pré-alargamento do canal, permitindo a ação mecânica de instrumentos

rotatórios ou pontas ultrassônicas. Em situações nas quais o istmo começa nos

terços médio ou apical o desafio para identificar e acessar esta área seria

maior. Por fim, os autores afirmaram que a implicação clínica da presença

deste achado anatômico envolve a dificuldade de limpeza, remoção ou

desorganização do biofilme nestas áreas contaminadas. Assim, uma estratégia

rigorosa de irrigação e a utilização de medicação intracanal foram

recomendadas para o controle do conteúdo bacteriano.

MEHRVARZFAR et al. (2014) avaliaram a prevalência e localização de

istmo nas raízes mesiais de molares inferiores extraídos em uma população

iraniana. Os resultados revelaram que o istmo estava presente em 92% das

raízes mesiais de molares inferiores permanentes, sendo sua prevalência

Page 24: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

11

maior a 6 mm do ápice radicular. Diante desta constatação, os autores

sugeriram o uso de tecnologias como o microscópio clínico para melhorar a

qualidade da limpeza e a obturação destas áreas, favorecendo assim o

sucesso do tratamento.

LIMA et al. (2014) verificaram in vitro o tipo, a posição e a prevalência de

istmo em molares permanentes, comprovando uma prevalência acima de 90%

nas raízes mesiovestibulares de molares superiores e mesiais de molares

inferiores. A maioria dos istmos era do tipo completo, ou seja, uniam dois

canais na mesma raiz, e estavam localizados a 7 mm do ápice radicular, com

exceção das raízes distais dos molares inferiores em que foram observados

com maior frequência a 5,5 mm do ápice.

A partir da avaliação de 1400 dentes permanentes humanos usando

TCFC, ESTRELA et al. (2015) observaram que os istmos foram encontrados

com frequência na dentição humana, com exceção dos dentes ântero-

superiores. Sua maior frequência foi registrada nos primeiros (87,9%) os e

segundos (66,3%) molares inferiores. Em pacientes mais velhos, a presença do

istmo foi menos frequente do que em pacientes jovens.

2.1.1 Microtomografia em Endodontia

Várias metodologias têm sido utilizadas no estudo da configuração

anatômica do SCR. O uso de diferentes técnicas de diafanização predominou

nos estudos in vitro até a primeira década dos anos 2000 e, mais

recentemente, diversos estudos tem utilizado equipamentos de tomografia para

geração de imagens tridimensionais digitalizadas (DE PABLO et al., 2010).

NIELSEN et al. (1995) discutiram o uso potencial da microtomografia

computadorizada (µTC) na pesquisa em endodontia, mais especificamente, na

Page 25: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

12

avaliação da morfologia dental interna e externa, além da alteração volumétrica

da cavidade pulpar produzida pela intrumentação e/ou obturação do SCR. Os

autores concluíram que a µTC era uma ferramenta inovadora e com grande

potencial para pesquisa, principalmente pela capacidade de reconstruir com

detalhes os dentes antes, durante, e após diferentes procedimentos

experimentais, sendo possível armazenar detalhes em todas as etapas.

BJØRNDAL et al. (1999) analisaram qualitativamente a relação entre a

morfologia externa e interna de molares superiores permanentes em diferentes

estágios de desenvolvimento, utilizando a µTC. Os autores observaram alto

grau de concordância entre o número, a posição e as secções dos canais

radiculares em relação à morfologia externa do dente. Para os autores, além de

sua eficária em analisar a estrutura dental, a µTC era uma excelente

ferramenta com potencial de uso no processo de ensino/aprendizagem em

endodontia.

Segundo MANNOCCI et al. (2005), a µTC oferece várias vantagens na

avaliação da presença de istmo em diferentes grupos dentários por ser uma

técnica não destrutiva, cujos erros ou artefatos de imagens poderiam ser

corrigidos repetindo-se a análise do dente ou realizando um novo

escaneamento. Além disso, esta ferramenta metodológica permitiria ainda

realizar a análise de uma grande quantidade de secções a cada milímetro da

raiz.

A utilização da µTC para avaliar a morfologia dental também foi atestada

por PLOTINO et al. (2006). Os autores concluíram que a µTC representava

uma técnica reprodutível para a avaliação tridimensional e não invasiva do

Page 26: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

13

SCR, porém, possuía algumas limitações, como a impossibilidade de ser

utilizada em estudos in vivo com humanos.

GRANDE et al. (2012) analisaram, por meio da µTC, molares inferiores

com dois canais na raiz mesial, primeiros molares superiores com dois canais

na raiz mesiovestibular e pré-molares uni e birradiculares com anatomia apical

complexa, totalizando 15 dentes. Os autores constataram que a µTC era uma

técnica simples, não destrutiva, que possibilitava analisar os canais radiculares

antes, durante e após a instrumentação sendo indicada para avaliação

tridimensional e não invasiva do SCR. Além disso, verificaram que uma

significativa quantidade de informação poderia ser adquirida a partir das

secções transversais da estrutura em análise, que poderia ser reconstruída em

diferentes planos em 2 ou 3 dimensões. Portanto, a utilização da µTC não

estaria limitada à avaliação da morfologia do canal radicular, podendo ser

amplamente utilizada na Odontologia.

O uso crescente da microtomografia computadorizada para avaliação da

anatomia do SCR (MANNOCCI et al., 2005; FAN et al., 2008; VERSIANI et al,

2012; HARRIS et al., 2013; MARCELIANO-ALVES et al., 2016), análise de

diferences instrumentos (MARKVART et al., 2012, SIQUEIRA et al., 2013, DE-

DEUS et al., 2015; LIU & WU, 2016), além da remoção de detritos dentinários

após diferentes protocolos de irrigação (ADCOCK et al., 2011; FREIRE et al.,

2015) deve-se ao fato de se tratar de uma técnica reprodutível, capaz de ser

aplicada para avaliações qualitativas e quantitativas de todo o SCR ( VERSIANI

et al., 2013).

Em resumo, a capacidade da µTC em produzir imagens com maiores

detalhes se deve à possibilidade de se usar maior tempo de exposição e maior

Page 27: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

14

resolução espacial durante o escaneamento quando comparada à TCFC. Além

disso, o fato de não produzir alterações estruturais nos dentes a faz superior às

técnicas de diafanização tornando-se, portanto, um padrão de referência para

estudos in vitro que busquem avaliar a configuração do SCR (ORDINOLA-

ZAPATA et al., 2016).

2.2 Sistemas de Irrigação em Endodontia

A complexa anatomia dos dentes e canais radiculares cria um ambiente

desafiador para a limpeza química e mecânica. Enquanto o conhecimento

sobre a infecção endodôntica e agentes químicos antimicrobianos aumentou

muito, não há dúvidas da necessidade de pesquisas adicionais na área clínica

e nas áreas básicas sobre novos métodos e técnicas que otimizem a ação dos

materiais e substâncias existentes, a fim de se atingir a completa desinfecção

do SCR (HAAPASALO et al., 2012). Na literatura é possível verificar que

diferentes estudos foram realizados para se comparar diferentes métodos de

irrigação quanto à capacidade de distribuir a solução irrigante em toda a

extensão do canal (Tabela 2), remover detritos (Tabela 3) e promover a

desinfecção (Tabela 4).

2.2.1 Sistema EndoVac

Em 3 artigos, SCHOEFFEL (2007, 2008a, 2008b) discutiu e apresentou

um sistema de irrigação endodôntica que produzia pressão apical negativa,

denominado EndoVac. No primeiro estudo, o autor comentou sobre os riscos

provocados pela extrusão acidental de NaOCl durante a irrigação com pressão

apical positiva por meio de agulhas e seringas. O autor afirmou que, apesar da

eficácia antimicrobiana e capacidade de dissolução tecidual do NaOCl, o risco

Page 28: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

15

de destruição do tecido periodontal em decorrência da solução irrigadora

precisaria ser considerado. Além disso, a utilização de irrigação com pressão

apical positiva resultaria em limpeza inadequada nos milímetros finais do SCR.

Por fim, SCHOEFFEL (2007) considerou que, para reduzir os riscos de

extrusão e melhorar a eficácia da limpeza em todo o canal radicular, o ideal

seria utilizar um sistema de pressão apical negativa capaz de prover uma

grande quantidade de irrigante em todo o comprimento de trabalho, sem risco

de extrusão da solução para a região perirradicular.

No segundo artigo, SCHOEFFEL (2008a) revisou os estudos que

avaliaram a eficácia do sistema EndoVac em termos de resposta biológica,

como a eliminação de micro-organismos, bem como na remoção da smear

layer e de detritos de irregularidades e na porção apical do canal radicular. O

autor chamou atenção para a importância da reação entre o NaOCl e a matéria

orgânica presente nos canais radiculares, que resultariam na formação de

gases que tenderiam a se aprisionar na região apical, formando bolhas que

afetariam a ação direta da solução irrigante, o chamado efeito de vapor lock.

Para o autor, uma vez que clinicamente o canal radicular era um "sistema

fechado", seria questionável a forma como o clínico conseguiria, de forma

segura, atingir os seguintes objetivos: 1. remover o bloqueio apical causado

pelas bolhas de gás; 2. permitir que a solução irrigante atinja o CT; e 3.

remover os detritos do canal provenientes do PQM. O autor concluiu que o

único método capaz de eliminar o bloqueio apical seria por meio de pressão

negativa.

No terceiro artigo, SCHOEFFEL (2008b) descreveu os componentes do

sistema EndoVac. De acordo com o autor, este sistema seria composto por

Page 29: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

16

uma ponta principal de irrigação (master delivery tip), uma ponta plástica azul

transparente para a macroirrigação (macrocânula) e uma ponta metálica para a

microirrigação (microcânula). A microcânula apresenta diâmetro externo de

0,32 mm, ponta arredondada fechada e 12 microfuros localizados lateralmente

nos 0,7 mm finais. No protocolo de irrigação com o EndoVac, inicialmente a

ponta principal de irrigação deveria ser acoplada a uma seringa plástica

descartável de 20 ml. Esta ponta possui uma capa plástica envolvendo um tubo

metálico, o qual dispensa o irrigante na abertura da câmara pulpar realizando a

irrigação e aspiração concomitantes. Em seguida, a macrocânula deve ser

posicionada a 4 mm do ápice, aspirando a solução irrigadora no interior do

canal radicular, ou seja, atuando nos terços cervical e médio do canal radicular.

Por fim, a macrocânula deve ser substituída pela microcânula, que será

posicionada a nível do CT, promovendo vácuo na porção final do canal pela

aspiração do irrigante. Em seguida, a microcânula será posicionada a 2 mm do

CT e após 6 segundos novamente no CT. Esta manobra deverá ser repetida

até completar 30 segundos. A movimentação da microcânula teria a finalidade

de remover bolhas de ar que poderiam se formar pela reação do irrigante com

os componentes orgânicos presente nos detritos dentinários.

2.2.2 Capacidade de Penetração do Irrigante

Segundo ZEHNDER (2006), durante a irrigação convencional (pressão

positiva, com agulha e seringa), a solução irrigadora não atingiria uma distância

maior do que 1 mm a partir da ponta da agulha em direção apical e, por isto, a

agulha deveria ter tamanho compatível com o diâmetro do preparo apical para

garantir a irrigação adequada nas porções finais do canal.

Page 30: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

17

Tab

ela

2.

Eficiê

ncia

na

dis

trib

uiç

ão

da

so

lução irr

iga

nte

pe

lo s

iste

ma

de

can

ais

rad

icula

res u

sa

nd

o

dife

ren

tes s

iste

ma

s d

e irr

igaçã

o r

ela

tada

em

estu

dos p

révio

s.

Page 31: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

18

DE GREGORIO et al. (2010) avaliaram a capacidade do NaOCl de

atingir o comprimento de trabalho (CT) e penetrar em canais laterais simulados,

utilizando diferentes mecanismos de irrigação em sistema fechado, aonde o

forame foi obstruído para simular a condição clínica. Os protocolos testados

foram: irrigação com pressão positiva (irrigação convencional com agulha

ProRinse 30G), irrigação com pressão apical negativa (EndoVac),

EndoActivator, PUI e ativação de instrumento endodôntico acoplado a um

motor elétrico com movimento rotacional contínuo de 600 rpm. Foi constatado

que o sistema EndoVac foi o mais eficiente em distribuir o irrigante em toda a

extensão do canal radicular, porém não foi efetivo para atuar em áreas não

instrumentadas do canal, como canais laterais, cujo melhor desempenho foi

obtido por meio da PUI.

Para VERA et al. (2011), a complexa anatomia do SCR poderia limitar a

penetração das soluções irrigadoras no terço apical. Assim, os autores

avaliaram se o uso de um instrumento de patência poderia favorecer a

penetração do irrigante na porção apical da raiz, quando usado em combinação

com a PUI. Os autores concluiram que a patência com um instrumento 10 tipo

K, associado ao uso da PUI, favoreceu a chegada do irrigante até a porção

apical.

Ainda buscando avaliar sistemas de irrigação que melhor promovessem

a penetração do hipoclorito de sódio até o CT, DE GREGORIO et al. (2012)

usaram canais laterais simulados e compararam o sistema SAF, usado com e

sem movimento de bicada (pecking motion), com protocolos de irrigação com

pressão apical positiva (irrigação convencional com agulha ProRinse 30G) e

negativa (EndoVac). Concluiu-se que o EndoVac foi o único sistema que

Page 32: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

19

promoveu a penetração do NaOCl até o CT. A utilização do movimento de

bicada não proporcionou melhoria no desempenho do sistema SAF. Nenhum

dos sistemas testados permitiu a irrigação completa dos canais laterais

artificiais.

Partindo da premissa que a capacidade de penetração de um irrigante e

sua ação nas paredes do canal radicular favorece a desinfecção, CHEN et al.

(2014) examinaram qualitativamente, através de um modelo computacional de

dinâmica de fluidos, a dinâmica da irrigação utilizando seringa com diferentes

modelos de agulhas (abertura lateral ou na extremidade), PUI e o sistema

EndoVac. Os resultados indicaram que a agulha com abertura lateral promoveu

melhor ação sobre as paredes do canal em comparação com agulhas de

abertura na extremidade; contudo, sua ação ficou restrita à porções específicas

do canal radicular, aonde o irrigante foi diretamente projetado. A irrigação por

pressão apical negativa (EndoVac) favoreceu a penetração máxima apical do

irrigante, no entanto não gerou turbulência da solução irrigadora, apresentando

pouca interação entre o irrigante e a parede do canal radicular. A melhor ação

sobre as paredes do canal foi registrada quando empregada a PUI.

ADORNO et al. (2016) compararam in vitro a capacidade da irrigação

por pressão apical positiva (seringa e agulha) e negativa (EndoVac) de

distribuir uma solução de contraste até o CT e até o interior de canais laterais

simulados, bem como a influência da posição das pontas das agulhas ou

cânulas nos resultados. Para a mensuração da profundidade de penetração da

solução de contraste, uma imagem radiográfica digital foi realizada após os

procedimentos de irrigação. Os autores constataram que os procedimentos de

irrigação testados foram ineficazes para promover a penetração da solução de

Page 33: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

20

contraste nos canais laterais. Verificaram também que o diferencial de pressão

produzido pela irrigação por pressão apical positiva foi maior do que o do

sistema EndoVac. Assim, concluíram que a posição da ponta da agulha no

sistema de irrigação convencional poderia ser a 2 mm do CT, enquanto que no

sistema EndoVac deve estar posicionada no CT ou o mais próximo possível

dessa região.

Apesar da maioria dos estudos citados avaliarem a capacidade de

penetração e ativação de irrigantes, promovida por diferentes sistemas com

vistas a alcançarem a porção apical de canais curvos, pouco se sabe sobre a

penetração das soluções irrigantes em condições clínicas. Destaca-se,

portanto, um estudo in vivo usando o método radiográfico em que se comparou

a distribuição de um agente radiopaco (Iohexol) no SCR de raízes mesiais de

molares inferiores por meio da irrigação convencional, PUI e sistema EndoVac.

Os resultados demostraram melhor desempenho após o uso do EndoVac e da

PUI (MUNOZ & CAMACHO-CUADRA, 2012).

2.2.3 Remoção de Detritos Dentinários

O acúmulo de detritos dentinários após o preparo químico-mecânico é

mais acentuado em determinadas áreas do SCR como istmos, irregularidades

e ramificações (DE-DEUS et al., 2014). Estes detritos, provenientes da

instrumentação, quando se acumulam nestas regiões de complexidades

anatômicas, têm grande importância clínica. Primeiro porque podem impedir a

adequada desinfecção nestas regiões por dificultar a penetração do irrigante, e

por serem capazes de neutralizar os efeitos das substâncias químicas, devido

ao seu efeito tampão (HAAPASALO et al., 2012). Além disto, os detritos podem

Page 34: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

21

interferir na adequada obturação do SCR, impedindo o contato do material

obturador com as paredes do canal ou impedindo sua penetração nas áreas de

istmo (METZGER et al., 2010; ENDAL et al., 2011).

Partindo da constatação de que estudos prévios demonstraram

limitações dos métodos de irrigação em limpar a porção apical dos canais

radiculares, NIELSEN & BAUMGARTNER (2007) compararam a eficácia da

irrigação convencional com o sistema EndoVac, por meio de análise

histológica. Verificou-se que o sistema EndoVac promoveu melhor limpeza na

porção apical dos canais. Segundo os autores, a utilização prévia da

macrocânula no sistema EndoVac reduziria a possibilidade de haver bloqueio

da microcânula por detritos. Porém, quando os furos na microcânula eram

bloqueados, o desbloqueio se fazia a partir da pressão positiva na agulha ou

pela sua substituição. Além disto, observou-se que o volume de irrigante era

superior quando utilizado o EndoVac.

USMAN et al. (2004) compararam in vitro a eficácia da remoção de

detritos dos 3 mm apicais de canais radiculares quando a região era ampliada

até os diâmetros de 0,20 mm e 0,40 mm com instrumentos de níquel-titânio.

Foi constatada maior presença de detritos nos canais radiculares com

ampliações menores. Os autores concluíram que o tamanho da ampliação da

porção apical dos canais radiculares foi determinante para a efetiva ação da

solução irrigante e, consequentemente, para a remoção de detritos dentinários.

A influência da ampliação apical dos canais radiculares na eficácia da

remoção de detritos também foi avaliada por SHIN et al. (2010) comparando o

sistema EndoVac e a irrigação convencional. Neste experimento, o sistema

EndoVac foi mais eficaz na remoção de detritos na parte apical do canal

Page 35: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

22

radicular em comparação com a irrigação convencional com seringa e agulha.

O aumento do diâmetro apical não favoreceu a remoção de detritos. Os autores

relataram que uma das limitações do estudo foi a utilização de dentes com

canais amplos e retos, o que favoreceu a ação dos irrigantes na técnica

convencional.

Partindo da hipótese de que a ampliação das dimensões do canal

poderia favorecer a penetração de maior volume de irrigante, BRUNSON et al.

(2010) avaliaram os efeitos do diâmetro apical e da conicidade do canal sobre

o volume do irrigante inserido no canal utilizando o sistema EndoVac. Foi

observada uma relação direta entre preparos apicais mais amplos e cônicos

com o aumento do volume do irrigante. Segundo os autores, embora não exista

um consenso em relação ao preparo mínimo apical, o preparo com

instrumentos de diâmetros 0,35 mm ou 0,40 mm resultariam em volumes de

irrigantes adequados para a prática clínica, tanto em sistemas de pressão

positiva quanto negativa.

A influência do alargamento apical na limpeza de canais com curvatura

moderada foi estudada também por LORENCETTI et al. (2014), por meio de

microscopia eletrônica de varredura (MEV) após o PQM com instrumentos de

diferentes dimensões, utilizando-se irrigação por pressão apical negativa. Os

canais preparardos com instrumentos com diâmetro de ponta de 0,30 mm e

0,35 mm demonstraram maior quantidade de detritos dentinários. Apesar de

nenhuma das ampliações estudadas ter possibilitado a remoção completa dos

detritos e da smear layer, concluiu-se que o uso de instrumentos de maiores

dimensões foi mais efetivo na limpeza de canais radiculares com curvatura

moderada.

Page 36: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

23

SUSIN et al. (2010) compararam a eficácia na remoção de detritos

dentinários dos istmos de raízes mesiais de molares inferiores, utilizando a

ativação do irrigante com cone (irrigação dinâmica manual) e com o sistema

EndoVac. A comprovação da existência e similaridade dos istmos nos dois

grupos experimentais foi obtida por meio de exame microtomográfico, aonde

foram selecionadas raízes com istmos apresentando largura menor que 25%

do diâmetro do canal não instrumentado. Os dois grupos receberam o mesmo

protocolo de instrumentação e irrigação, sendo realizada distinção apenas no

momento da irrigação final, com o cuidado de se utilizar o mesmo volume da

solução irrigante. Nenhuma técnica foi capaz de remover completamente os

detritos dos istmos, sendo a irrigação por pressão negativa a mais eficaz. No

entanto, os autores consideraram que a morfologia dos istmos dificultou a

penetração de maior volume do irrigante, mesmo quando utilizado o EndoVac.

A eficácia in vivo da remoção de detritos em dentes vitais comparando o

EndoVac e irrigação convencional foi avaliada por SIU & BAUMGARTNER

(2010). Neste experimento, foi realizado o tratamento endodôntico de 22 pares

de dentes em sete pacientes, incluindo incisivos, caninos e pré-molares

unirradiculares. Em um mesmo paciente, enquanto em um dente foi utilizada a

irrigação convencional durante o preparo químico-mecânico, no outro foi usado

o sistema de pressão apical negativa. Após o tratamento, os dentes foram

extraídos e preparados para avaliação histológica. Foi verificado que na porção

final do canal (no nível de 1 mm) o EndoVac foi mais efetivo, porém nas

regiões mais cervicais (3 mm) não houve diferença entre os grupos.

ADCOCK et al. (2011) compararam a eficácia na remoção de detritos

dentinários de istmos de raízes mesiais de molares inferiores com irrigação

Page 37: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

24

convencional usando seringa e agulha e a irrigação ultrassônica contínua

(IUC). O critério de inclusão incluiu apenas molares com istmos estreitos, ou

seja, com diâmetro menor que 25% da largura do canal, previamente

selecionados por µTC. A análise microtomográfica demonstrou que não houve

diferença entre as técnicas em relação à remoção de detritos no canal

principal, sendo verificada maior a quantidade de detritos dentinários nas

porções mais apicais dos canais radiculares. Além disto, não houve diferença

na remoção dos detritos localizados nos segmentos médio e cervical, sendo a

IUC mais efetiva na região apical. No entanto, nenhuma técnica promoveu a

limpeza completa dos istmos.

A eficácia de remoção de detritos em istmos de molares inferiores foi

também avaliada por HOWARD et al. (2011), que compararam os sistemas

EndoVac, PiezoFlow (IUC) e irrigação convencional com agulha (Max-i-Probe).

Para favorecer a visualização dos istmos, as porções apicais das raízes foram

mergulhadas em azul de metileno. Os dentes foram fixados em resina e

tiveram um fragmento entre 2 a 4 mm do comprimento de trabalho seccionados

para análise antes e após o preparo químico e mecânico. Os resultados

demonstraram que a utilização de protocolos de irrigação com os sistemas

PiezoFlow, EndoVac, ou Max-i-Probe, usando volume similar de irrigante,

melhorou significativamente a limpeza dos canais e dos istmos. Os autores

observaram ainda que a profundidade de penetração do irrigante e o volume

pareciam ser mais importantes na remoção de detritos e bactérias do que o

método de irrigação.

Para investigar o impacto dos procedimentos de irrigação sobre os

detritos acumulados nos diferentes níveis do SCR, PAQUÉ et al. (2011), por

Page 38: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

25

meio da µTC, avaliaram o preparo de canais mesiais de molares inferiores com

istmo e verificaram um efeito significativo da ativação do EDTA com a técnica

PUI na redução dos detritos. Contudo, cerca de metade dos detritos

acumulados durante a instrumentação ainda permaneceu no SCR após a

ativação do irrigante.

GADE et al. (2013) compararam a capacidade de remoção de detritos,

nos diferentes terços do canal, promovida por um sistema de irrigação

convencional com uma agulha de abertura lateral e o sistema EndoVac. Os

autores utilizaram 20 pré-molares que, ao final da instrumentação, foram

seccionados longitudinalmente e avaliados por meio de microscopia ótica. Os

autores não observaram diferença na remoção de detritos nos terços cervical e

médio, porém, no terço apical, a irrigação com o sistema EndoVac foi mais

eficaz.

YOO et al. (2013) avaliaram a eficácia da limpeza de canais radiculares

e áreas de istmo em molares inferiores promovida por diferentes protocolos de

irrigação final: irrigação convencional, EndoVac, VPro StreamClean (IUC) e

PUI. Os grupos EndoVac e VPro StreamClean foram mais eficazes na limpeza

da porção mais apical do canal e dos istmos, comprovando serem boas

escolhas para dentes com anatomia complexa como os molares inferiores.

Em outro estudo in vitro, CURTIS & SEDGLEY (2012) compararam a

limpeza da porção apical do canal radicular utilizando um aparelho ultrassônico

de irrigação contínua (VPro StreamClean) e a irrigação manual convencional

com seringa e agulha. A avaliação histológica demonstrou haver mais detritos

nos canais de dentes irrigados de maneira convencional. Segundo os autores,

os dispositivos que utilizam irrigação ultrassônica contínua têm a vantagem de

Page 39: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

26

possibilitar um fluxo contínuo do irrigante, favorecendo a renovação e,

consequentemente, promovendo melhor limpeza dos canais radiculares.

TAY et al. (2010) levantaram a hipótese de que alguns estudos

publicados que avaliaram a eficácia da limpeza de sistemas de irrigação

realizados in vitro poderiam não apresentar resultados fiéis à condição clinica

por não ter sido realizado o bloqueio do forame apical. Os autores avaliaram os

efeitos do uso de irrigantes usando canais radiculares em duas situações, em

sistema fechado ou aberto, tendo sido observada diferença entre os dois

modelos de estudo, com a formação do efeito de vapor lock no modelo

fechado. Considerando que o modelo fechado representaria melhor a condição

clínica, os autores levantaram dúvidas quanto à relevância dos resultados de

estudos prévios em que este tipo de procedimento não tenha sido realizado.

Procurando avaliar o efeito do modelo de estudo sobre a eficácia de

remoção de detritos promovida por dois métodos de ativação do irrigante,

PARENTE et al. (2010) compararam a agitação dinâmica manual (cone de

guta-percha) e o EndoVac em dois modelos de estudo, um bloqueando o

forame (sistema fechado) e outro deixando-o aberto. A eficácia da agitação

dinâmica manual foi pior no sistema fechado. O tipo de modelo de estudo não

influenciou o bom desempenho do EndoVac.

SABER & HASHEM (2011) compararam a capacidade de remoção da

smear layer em molares inferiores submetidos a diferentes técnicas de agitação

do irrigante com o sistema EndoVac, a PUI e a agitação dinâmica manual.

Após o procedimento experimental, os dentes foram seccionados

longitudinalmente e avaliados por MEV. Os resultados mostraram que o

Page 40: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

27

sistema EndoVac e a técnica de agitação dinâmica manual foram mais efetivos

na remoção da smear layer.

Utilizando o sistema de canal fechado, SARNO et al. (2012) compararam

a eficácia da irrigação convencional com uma agulha de abertura lateral e do

dispositivo de pressão negativa VPro na limpeza de canais e istmos estreitos,

especificamente no terço apical de raízes mesiais de primeiros molares

inferiores. O sistema VPro possui uma cânula maior que é colocada ao nível da

coroa dentária promovendo aspiração, enquanto uma agulha fina é inserida no

canal para irrigação, diferentemente do sistema EndoVac. Segundo os autores,

devido a esta característica, o VPro deveria ser considerado um sistema de

irrigação por pressão positiva. Os resultados revelaram que não houve

melhoria na limpeza dos istmos utilizando o VPro. Os autores ainda chamaram

atenção para os cuidados que deveriam ser tomados no uso do VPro devido ao

o risco de extrusão de solução irrigante quando de seu uso.

AL-ALI et al. (2012) avaliaram a eficácia da limpeza de detritos no canal

radicular e a remoção da smear layer em canais mesiovestibulares de molares

superiores e canais mesias de molares inferiores, utilizando o sistema

CanalBrushes, comparado com a PUI e agitação manual do irrigante. Além

disso, foi investigada a eficácia da alternância entre peróxido de hidrogênio e

NaOCl na remoção dos detritos. A remoção da smear layer foi avaliada por

meio de MEV, sendo a região do istmo analisada por microscopia ótica. Não foi

observada diferença entre o sistema CanalBrush e PUI na remoção de smear

layer e detritos em canais curvos, exceto no terço médio, onde o CanalBrush

foi mais eficaz. Os autores concluíram que o uso alternado de peróxido de

Page 41: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

28

hidrogênio e NaOCl proporcionou canais significativamente mais limpos que

com a agitação manual.

JIANG et al. (2012) compararam a eficácia na remoção de detritos

dentinários inseridos em irregularidades criadas artificialmente na porção apical

de dentes humanos pelas técnicas de irrigação com pressão apical positiva

com seringa e agulha, ativação manual com cone de guta-percha, irrigação

ultrassônica contínua e dois sistemas de pressão apical negativa (EndoVac e

Safety Irrigator). A irrigação ultrassônica contínua foi a mais efetiva e a

irrigação com pressão apical positiva apresentou os piores resultados. As

demais técnicas não apresentaram diferença estatisticamente significante.

A capacidade dos sistemas EndoActivator e EndoVac para remover

detritos da porção apical de canais curvos foi estudada por PEREIRA et al.

(2012). Em relação ao terço apical, os autores constataram que o protocolo de

irrigação sônica removeu significativamente mais detritos que o EndoVac. No

entanto, a 2 mm do comprimento de trabalho, o sistema EndoVac demonstrou

melhor desempenho.

TAMBE et al. (2014) avaliaram por meio de MEV a remoção de detritos

nos terços cervical, médio e apical das paredes dos canais radiculares usando

irrigação convencional, PUI e EndoVac. Concluiu-se que a irrigação

convencional resultou em paredes radiculares com mais detritos do que os

outros protocolos de irrigação, independente do terço radicular.

ÇAPAR & ARI AYDINBELGE (2014) avaliaram a remoção de detritos e

smear layer promovida pelo sistema SAF e diferentes protocolos de ativação

do irrigante em incisivos laterais superiores. Os resultados mais favoráveis

foram observados quando utilizado o sistema SAF, a PUI, o EndoActivator e o

Page 42: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

29

EndoVac, nesta ordem, em comparação com a irrigação convencional com

agulhas e seringas.

A capacidade de remoção de detritos do sistema EndoVac foi também

avaliada in vivo por KUNGWANI et al. (2014). Dentes unirradiculares com polpa

vital, indicados para extração, foram preparados e irrigados com o sistema

EndoVac (lado direito) e irrigação convencional com agulhas Max–I-Probe (lado

esquerdo). A escolha do tratamento de dentes homólogos pareados em cada

paciente buscou diminuir o viés da variação anatômica durante a seleção da

amostra. Após o preparo químico-mecânico, os dentes foram extraídos e os 3

mm apicais da raiz preparados para análise histológica. Os melhores

resultados foram observados no grupo preparado com o sistema EndoVac.

THOMAS et al. (2014) compararam histologicamente a eficácia da

remoção de detritos em istmos de molares inferiores utilizando a técnica

original e um protocolo modificado de irrigação final com EndoVac, a PUI e a

irrigação convencional. A técnica modificada com o EndoVac utilizou uma

combinação da agulha Max-I-Probe (com abertura lateral) com a macrocânula

do EndoVac. A avaliação histológica revelou que o protocolo modificado de

irrigação final com EndoVac apresentou resultados superiores na remoção de

detritos das regiões de istmo.

DE-DEUS et al. (2014) propuseram uma nova metodologia para avaliar

detritos acumulados após o preparo dos canais radiculares utilizando a µTC e

programas computacionais gratuitos para processamento a análise das

imagens. Além de validar a nova metodologia, o estudo constatou, como

esperado, que o percentual de detritos remanescentes foi maior nos canais não

irrigados (34,6%) e nos canais irrigados com água bidestilada (16%) do que

Page 43: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

30

quando usado o protocolo de irrigação convencional (NaOCl e EDTA), o qual

mostrou claramente menor percentual de detritos (11,3%). Do mesmo modo,

na área de istmo, o menor volume de detritos também foi observado quando os

canais foram irrigados com NaOCl e EDTA. Segundo os autores, a não

utilização de substância irrigadora apresentou mais detritos acumulados

certamente por causa da falta do efeito de fluxo e refluxo dos irrigantes.

Baseando-se nos resultados de estudos anteriores que constataram

menor risco de extrusão de detritos quando utilizado um sistema de irrigação

por pressão apical negativa, ALKAHTANI et al. (2014) avaliaram in vitro a

eficácia do sistema EndoVac em remover detritos e controlar a extrusão da

solução irrigadora. Os autores concluíram que o sistema EndoVac promoveu

menor extrusão apical, porém não apresentou superioridade para remover

detritos nos canais radiculares quando comparado com a irrigação

convencional com seringa e agulha, independentemente da localização da

abertura da agulha.

Buscando avaliar a influência de diferentes protocolos de irrigação na

profundidade de penetração do cimento endodôntico, KARA TUNCER & UNAL

(2014) questionaram se a remoção mais efetiva de detritos do SCR favoreceria

uma melhor penetração do cimento endodôntico. Os autores concluíram que a

melhor eficiência da irrigação favoreceu a obturação, uma vez que houve maior

penetração do material obturador em dentes irrigados com o sistema EndoVac

do que naqueles em que foi utilizada a irrigação convencional com agulha e

seringa.

FREIRE et al. (2015) compararam a capacidade de remoção de detritos

promovida pelos métodos de irrigação por pressão apical negativa (EndoVac) e

Page 44: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

31

PUI em canais curvos, verificando a influência destes métodos na obturação

endodôntica. Para isso, 24 molares inferiores foram submetidos a análise

microtomográfica antes e após a instrumentação, após a irrigação final e antes

da obturação. Foi constatado que os protocolos de irrigação testados foram

igualmente eficientes na remoção de detritos. Além disto, a qualidade da

obturação do canal radicular não foi influenciada pelo método de irrigação.

Page 45: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

32

Tab

ela

3.

Ca

pa

cid

ad

e d

e r

em

oção

de d

etr

ito

s d

o s

iste

ma

de c

ana

is r

adic

ula

res p

or

difere

nte

s s

iste

ma

s d

e irr

igaçã

o

rela

tad

a e

m e

stu

do

s p

révio

s

Page 46: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

33

Page 47: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

34

Page 48: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

35

Page 49: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

36

2.2.4 Desinfecção do Canal Radicular com EndoVac e Irrigação

Convencional

A influência da manutenção de micro-organismos no interior do SCR

após o preparo químico-mecânico em relação ao insucesso do tratamento

endodôntico já foi extensamente discutida em estudos prévios (RICUCCI &

SIQUEIRA, 2008; SIQUEIRA & RÔÇAS, 2008). Assim, vários autores têm

procurado testar novos protocolos de aplicação ou agitação das soluções

irrigantes a fim de otimizar a desinfecção do SCR (GU et al., 2009b). Cumpre

ressaltar que essa persistência microbiana é favorecida pela complexidade da

anatomia do canal radicular e pela limitação física dos protocolos de

instrumentação e irrigação, que não conseguem atingir determinadas regiões,

principalmente aquelas de menor diâmetros.

BURLESON et al. (2007) realizaram estudo clínico prospectivo,

randomizado e duplo cego para avaliar histologicamente a remoção de detritos

dentinários e biofilme bacteriano em canais mesiais de molares inferiores

necrosados, portadores de periodontite apical, a partir da ativação ultrassônica

passiva do irrigante por 1 min. Os resultados mostraram que a suplementação

da irrigação com o uso do ultrassom ao final do tratamento melhorou a limpeza

em toda a extensão do canal radicular e a limpeza dos istmos foi alcançada de

30% a 40% da área total na região apical (1-3 mm). Os autores afirmaram que

a remoção de bactérias e detritos nas regiões de istmos não poderia ser

alcançada com a irrigação convencional com agulha e seringa, havendo

melhora significativa apenas após o uso suplementar da irrigação ultrassônica.

Page 50: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

37

Tab

ela

4.

De

sin

fecçã

o p

rom

ovid

a n

o s

iste

ma d

e c

ana

is r

adic

ula

res p

or

dife

ren

tes s

iste

ma

s d

e irr

igaçã

o r

ela

tad

a

em

estu

do

s p

révio

s.

Page 51: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

38

BRITO et al. (2009) compararam a redução bacteriana promovida pelo

sistema EndoVac e pela irrigação convencional com agulhas Navitip

posicionadas a 3 mm do comprimento de trabalho, associada ou não à ativação

final por 60 s com o dispositivo EndoActivator.

Não houve diferença entre os

métodos testados, havendo significativa redução percentual no quantitativo de

células bacterianas (99,9%).

A partir da revisão de diferentes métodos de irrigação disponíveis em

Endodontia e objetivando fornecer uma análise crítica sobre sua eficácia na

limpeza dos canais radiculares, GU et al. (2009b) dividiram os sistemas de

irrigação em duas grandes categorias, as técnicas manuais de irrigação e os

dispositivos assistidos por máquinas. Em uma análise geral, eles observaram

que os sistemas de irrigação acionados por máquinas apresentaram melhores

resultados na limpeza dos canais do que a irrigação com agulha e seringa.

Sobre os efeitos antimicrobianos, os autores questionaram a metodologia

empregada na maioria dos estudos que avaliaram a redução microbiana após

os diferentes protocolos, tomando como referência o uso de contagens de

unidades formadoras de colônia (UFC). Para estes pesquisadores, a

descoberta da organização bacteriana em biofilme, que possibilita maior

resistência às bactérias do que quando estão em suas formas planctônicas,

levanta suspeita sobre a relevância de dados anteriores cuja avaliação teve

como base o crescimento bacteriano com técnicas de cultura. Os autores

concluíram que, apesar do grande número de estudos sobre a eficácia de

vários regimes de irrigação endodônticos, estudos clínicos bem controlados

ainda seriam necessários.

Page 52: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

39

Compreendendo que a redução das populações bacterianas a níveis

compatíveis com o reparo dos tecidos periradiculares seria o objetivo

microbiológico primário do tratamento endodôntico de dentes com periodontite

apical e que novos sistemas e substâncias têm sido propostos para melhorar a

desinfecção do canal radicular, SIQUEIRA & RÔÇAS (2011) realizaram uma

revisão sobre as abordagens suplementares ao PQM. Os autores concluiram

que algumas das abordagens propostas teriam o potencial para melhorar a

desinfecção em uma única visita, mas a maior parte dos resultados

apresentava baixo nível de evidência, não havendo provas clínicas

consistentes de que qualquer abordagem poderia reduzir a carga bacteriana

em canais radiculares infectados para níveis significativamente menores do

que os obtidos através do PQM, ao ponto de eliminar a necessidade da

medicação intracanal. Portanto, enquanto acelerar a desinfecção é um objetivo

que tem sido perseguido, existe uma necessidade adicional de se avaliar a

eficácia clínica dos protocolos atualmente propostos e de novos protocolos.

Como estudos in vitro utilizando o sistema EndoVac demonstraram

resultados promissores na produção de canais radiculares livres de detritos

(Tabela 3), prevenindo a extrusão de irrigantes para a região periapical,

PAWAR et al. (2012) realizaram um estudo clínico prospectivo randomizado

para determinar se o uso da irrigação com o EndoVac seria mais eficiente do

que a irrigação por pressão apical positiva na obtenção de canais livres de

bactérias. Esse foi o primeiro estudo clínico que avaliou especificamente a

eficácia antimicrobiana de um sistema de irrigação por pressão negativa apical

quando utilizado na rotina clínica. Não foi observada diferença estatisticamente

significativa na eficácia antimicrobiana entre os sistemas.

Page 53: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

40

No estudo de COHENCA et al. (2013), a eficácia da irrigação por

pressão apical negativa (EndoVac), PUI e da irrigação por pressão positiva

foram avaliadas quanto à redução do número de bactérias presentes nos

canais radiculares de dentes de cães com necrose pulpar e lesão periapical.

Todas as técnicas promoveram redução na quantidade de micro-organismos;

no entanto, o grupo EndoVac foi significantemente melhor que a irrigação

convencional na redução de bactérias Gram-negativas. Os autores concluíram

que os sistemas de irrigação EndoVac e PUI seriam métodos promissores,

uma vez que ambos promoveram redução bacteriana significativa.

Segundo SIQUEIRA et al. (2013), a raiz mesial dos molares inferiores

apresenta alto grau de complexidade anatômica, o que dificultaria a

modelagem e a desinfecção do SCR. Estes autores verificaram que as áreas

de istmos presentes nas raízes mesiais de molares inferiores não eram

afetadas quando do preparo mecânico utilizando diferentes sistemas

automatizados e que provavelmente, também não sofreriam a ação das

substâncias irrigadoras, independentemente do método de irrigação utilizado, o

sistema SAF ou a irrigação convencional com seringa e agulha. Os autores

foram incapazes de correlacionar a remoção de detritos com a redução

bacteriana, no entanto alertaram para a limitação metodológica do estudo para

avaliar a presença de bactérias residuais nos istmos uma vez que a análise

microbiológica foi realizada utilizando coleta com cones de papel nos canais

principais.

COHENCA et al. (2015) compararam a eficácia da irrigação por pressão

apical negativa (EndoVac), PUI e irrigação por pressão apical positiva no

reparo da região periapical de dentes de cães com lesão periapical. Os autores

Page 54: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

41

concluíram que, embora os três sistemas de irrigação testados induziram

respostas teciduais semelhantes em relação a quase todos os parâmetros

avaliados, o uso do sistema EndoVac resultou em uma resposta inflamatória

mais suave, sugerindo uma vantagem sobre a irrigação convencional. Para

estes autores, pela relevância clínica da irrigação, as avaliações sobre sua

eficácia deveriam ser realizadas em modelos experimentais in vivo.

Page 55: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

42

3. JUSTIFICATIVA

Existem muitos estudos na literatura demonstrando a eficácia de

sistemas de irrigação acionados mecanicamente na remoção de detritos

dentinários do interior do SCR, porém, em regiões de anatomia complexa,

como istmos, seu desempenho ainda está aquém das expectativas. Diversos

problemas metodológicos, que incluem a padronização e pareamento das

amostras parecem influenciar esses resultados. Diante desta constatação, se

faz necessária a realização de um estudo que avalie comparativamente a

remoção de detritos inorgânicos de dentina promovida por um sistema de

irrigação por pressão apical negativa e um sistema de pressão apical positiva,

em amostras de canais radiculares rigorosamente selecionadas e pareadas,

por meio da análise por µTC.

Page 56: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

43

4. HIPÓTESE

A utilização de um sistema de irrigação com pressão apical negativa

(EndoVac) apresenta maior eficácia na diminuição da quantidade de detritos

dentinários acumulados nos canais radiculares e istmos de molares inferiores,

comparado à irrigação convencional com seringa e agulha (Navitip).

Page 57: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

44

5. OBJETIVO

Este trabalho teve como objetivo comparar ex vivo a redução de detritos

dentinários após o preparo químico e mecânico de canais radiculares de

molares inferiores, utilizando dois protocolos de irrigação: sistema EndoVac e

técnica manual convencional com seringa e agulha Navitip.

Page 58: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

45

6. ARTIGO PUBLICADO

Versiani MA, Alves FR, Andrade-Junior CV, Marceliano-Alves MF, Provenzano

JC, Rôças IN, Sousa-Neto MD, Siqueira JF Jr (2015). Micro-CT evaluation of

the efficacy of hard-tissue removal from the root canal and isthmus area by

positive and negative pressure irrigation systems. Int Endod J (in press). doi:

10.1111/iej.12559

Page 59: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

46

Page 60: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

47

Page 61: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

48

Page 62: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

49

Page 63: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

50

Page 64: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

51

Page 65: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

52

Page 66: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

53

Page 67: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

54

Page 68: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

55

7. DISCUSSÃO ______________________________________________________________

Muitos estudos têm revelado que os molares inferiores apresentam

desafios anatômicos para o profissional durante os procedimentos

endodônticos como a presença de canais múltiplos, canais laterais,

ramificações apicais e istmos, que dificulta a desinfecção e modelagem,

podendo comprometer o sucesso do tratamento (TEIXEIRA et al. 2003;

MANOCCI et al., 2005; NAIR et al., 2006; RICUCCI et al., 2011; SIQUEIRA et

al., 2013). Neste estudo foi avaliada a ação de dois protocolos de irrigação em

molares inferiores pela importância que estes dentes têm na prática clínica,

pois são dentes com anatomia complexa e frequentemente submetidos a

tratamento endodôntico (WAYMAN et al., 1994; KIRKEVANG et al., 2001;

HULL et al., 2003; BJØRNDAL et al., 2006), o que exige do profissional

conhecimento e técnica apurada.

A presença de istmo na raiz mesial dos molares inferiores foi investigada

por muitos autores utilizando as mais diversas metodologias (VERTUCCI,

1984; HSU & KIM, 1971; TEIXEIRA et al., 2003; VON ARX, 2005; MANNOCCI

et al., 2005; GU et al., 2009a; FAN et al., 2010; HARRIS et al., 2013;

MEHRVARZFAR et al., 2014; LIMA et al., 2014). A importância clínica desse

achado anatômico envolve a dificuldade na desinfecção, remoção ou

desorganização dos biofilmes e limpeza de detritos dentinários, podendo

contribuir para o fracasso do tratamento endodôntico (NAIR et al., 2005; CARR

et al., 2009; PÉCORA et al., 2013). Assim, todos os esforços devem se

concentrar no desenvolvimento de métodos que favoreçam a penetração

efetiva do irrigante nas áreas de istmos, visando atingir os objetivos de

Page 69: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

56

desinfecção, remoção de detritos dentinários e selamento adequado destas

regiões (FAN et al., 2008; DE PABLO et al., 2010; PÉCORA et al., 2013).

Após o preparo químico-mecânico há um acentuado acúmulo de detritos

em áreas irregulares do SCR, como nos istmos (DE-DEUS et al., 2014). O

acúmulo de detritos nessas regiões pode impedir a desinfecção por dificultar a

penetração do irrigante e pela possibilidade de neutralização dos efeitos das

substâncias químicas em virtude de seu efeito tampão (PAQUÉ et al., 2012;

HAAPASALO et al., 2012). Além disto, os detritos podem interferir na adequada

obturação do SCR, impedindo o contato do material obturador com as paredes

do canal ou impedindo sua penetração nas áreas de istmo (METZGER et al.,

2010; ENDAL et al., 2011; FREIRE et al., 2015).

Acredita-se que os detritos dentinários removidos pela ação dos

instrumentos rotatórios sobre a parede do canal radicular, se misturem a restos

de tecido pulpar e sejam projetados para áreas de difícil acesso, tornando-se

mais resistentes à remoção pela técnica de irrigação convencional com seringa

e agulha (PAQUÉ et al., 2009, PAQUÉ et al., 2012). Diante da importância

clínica da remoção dos detritos dentinários, muitos estudos avaliaram a

eficiência de diferentes protocolos de irrigação em removê-los tanto do canal

radicular (NIELSEN & BAUMGARTNER,2007; USMAN et al. 2004; SHIN et al.

2010; SIU & BAUMGARTNER, 2010; CURTIS & SEDGLEY, 2012; PEREIRA et

al., 2012; GADE et al., 2013; TAMBE et al., 2014; ÇAPAR & ARI

AYDINBELGE, 2014; KUNGWANI et al., 2014; FREIRE et al., 2015) quanto

das regiões de istmos (SUSIN et al., 2010; ADCOCK et al., 2011; HOWARD et

al., 2011; PAQUÉ et al. 2011; YOO et al., 2013; THOMAS et al., 2014; DE-

DEUS et al., 2014), durante e após o PQM.

Page 70: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

57

No geral, a principal conclusão desses estudos é que os procedimentos

sequenciais ou suplementares de irrigação, aplicados durante ou após o

preparo do canal radicular, resulta em menos detritos no canal radicular ou na

região de istmo. Usando análise por µTC, um estudo recente observou que a

percentual do volume de detritos reduziu de 4,10% para 2,12% (percentual de

redução de 53,65%) após um protocolo de irrigação final utilizando o sistema

EndoVac em raizes mesiais de molares inferiores (FREIRE et al., 2015), o que

está de acordo com os resultados deste estudo.

Os achados do presente estudo revelaram ainda que ambos os

protocolos de irrigação promoveram canais distais livres de detritos dentinários,

demonstrando que, no caso de raízes com um único canal, o regime de

irrigação convencional com seringa e agulha seria eficaz. No entanto, a

eficiência do regime de irrigação no canal distal também foi favorecida pelo

maior diâmetro de ampliação apical, uma vez que estes canais foram

preparados até o instrumento BR6 (50.04). Alguns autores afirmaram que o

tamanho da ampliação da porção apical seria determinante para ação efetiva

do irrigante e, consequentemente, para a remoção de detritos dentinários da

porção apical do canal radicular (USMAN et al., 2004; LORENCETTI et al.,

2014). Segundo BRUNSON et al. (2010), embora não exista um consenso em

relação ao preparo mínimo apical, a instrumentação com diâmetro mínimo

compatível com instrumentos com pontas de 0.35 mm ou 0.40 mm permitiria

irrigar as regiões mais apical com volumes clinicamente adequados de

irrigantes, tanto utilizando sistemas de pressão positiva quanto negativa. Por

outro lado, SHIN et al. (2010) concluíram que o aumento do diâmetro apical

não favoreceu a remoção de detritos. No entanto, os autores afirmaram que o

Page 71: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

58

estudo apresentava uma limitação importante em razão de ter utilizado dentes

com canais amplos e retos, o que favoreceu a ação dos irrigantes. Neste

contexto, novos estudos deveriam ser realizados para se avaliar a influência do

diâmetro da ampliação apical na remoção de detritos, especialmente em raízes

com canais únicos.

Apesar do desempenho significativamente melhor do sistema EndoVac

no presente estudo, nenhum dos protocolos de irrigação testados foi capaz de

eliminar completamente os detritos dentinários do SCR, incluindo as áreas de

istmo, corroborando os resultados de trabalhos prévios (SCHOEFFEL, 2008a;

SUSIN et al., 2010; ADCOCK et al., 2011; HOWARD et al., 2011; YOO et al.,

2013). Os resultados deste estudo mostraram que o percentual médio de

detritos dentinários foi significativamente menor nos canais irrigados com

pressão apical negativa (3,4%) quando comparado com a irrigação com

pressão apical positiva (11,48%), o que pode ser explicado pela penetração do

irrigante, em todo o comprimento de trabalho, como verificado em estudos

anteriores (SHIN et al. 2010, SIU & BAUMGARTNER, 2010).

É importante salientar que os grupos experimentais neste estudo

diferiram não só no modo de entrega do irrigante (pressão positiva versus

pressão negativa), mas também no protocolo de entrega, pois não foi possível

uniformizar o volume que efetivamente penetrou no canal radicular e a

profundidade de inserção da agulha/cânula. Na verdade, esta falta de

padronização é um problema comum em estudos usando o sistema EndoVac,

uma vez que o irrigante não é entregue no interior do SCR, e sim na câmara

pulpar (SCHOEFFEL, 2008b). No grupo de irrigação com seringa e agulha com

abertura na ponta, a agulha foi posicionado a 3 mm do comprimento de

Page 72: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

59

trabalho, já a macrocânula do sistema EndoVac foi posicionada no CT,

seguindo a recomendação do fabricante. O diferencial de pressão produzido

pela irrigação por pressão apical positiva é maior do que a do sistema

EndoVac, portanto agulha deve ser posicionada a 2 mm do CT, enquanto no

sistema EndoVac, a microcânula é posicionada no CT ou o mais próximo

possível dessa região (ADORNO et al., 2016). Além disso, para a técnica da

irrigação por pressão positiva deve-se ficar atento à escolha da agulha, que

deve ter tamanho compatível com o diâmetro do preparo apical, garantindo a

lavagem adequada da porção final do canal (ZEHNDER, 2006).

Neste estudo, optou-se pela agulha Navitip amarela (Ø = 0,30 mm) com

diâmetro compatível com instrumento ISO 30, considerando-se que os canais

mesiais foram instrumentados até a BR5 e assim a agulha pôde alcançar a

proximidade do CT sem grande dificuldade. Dessa forma, apesar dos

resultados apresentados refletirem verdadeiras diferenças entre os protocolos

testados, não é possível afirmar o quanto a diferença no protocolo de entrega

do irrigante possa ter interferido nos resultados. Mais estudos são necessários

para elucidar essa questão.

No caso da irrigação por pressão positiva, a agulha não deve ser

posicionada no CT, pois há um grande risco de extrusão do irrigante,

principalmente quando os canais são ampliados no diâmetro igual ou superior

ao compatível com um instrumento de tamanho ISO 50 (MITCHELL et al.,

2011). Nesta situação, dependendo da composição da solução irrigadora, os

tecidos perirradiculares podem ser agredidos. Para minimizar esse risco,

desenvolveu-se o conceito de irrigação por pressão apical negativa, em que se

favorece a penetração do irrigante com o mínimo risco de extrusão

Page 73: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

60

(FUKUMOTO et al. 2006; DESAI & HIMEL 2009; GONDIM et al., 2010;

ABARAJITHAN et al., 2011; YOST et al., 2015; ÍRIBOZ et al., 2015). Porém,

para que o sistema EndoVac possa fazer o irrigante alcançar todo o

comprimento do canal radicular, a microcânula precisa ser posicionada no CT,

tornando possível suprimir o efeito do vapor lock (SCHOEFFEL, 2008a; TAY et

al., 2010). No presente estudo, para se aproximar da condição clínica e

promover o efeito vapor lock, todos os dentes tiveram o forame apical cobertos

com resina epóxi.

A limpeza e desinfecção do SCR resultam da combinação dos efeitos

mecânicos da instrumentação aos efeitos químicos e físicos da irrigação. A

ação do fluxo do irrigante desempenha um importante papel na remoção de

detritos do interior do canal durante e após o preparo do canal radicular. No

presente estudo, a taxa de fluxo do irrigante foi fixada em 0,066 mL/s. Apesar

de alguns autores terem recomendado o uso de maiores taxas de fluxo nos

protocolos de irrigação por pressão positiva (BOUTSIOUKIS et al., 2007, KHAN

et al., 2013), foi determinado o fluxo de 0,066 mL/s neste estudo pela

impossibilidade de aplicar uma taxa de fluxo maior em sistemas de pressão

apical negativa (BRUNSON et al., 2010). Considerando que o volume da

solução irrigante é também um fator importante para remoção de detritos

(HOWARD et al., 2011) e bactérias (SEDGLEY et al., 2005), padronizou-se

neste experimento um volume total de 13 mL da solução irrigante em cada

canal mesial e 15 mL nos canais distais.

A ação mecânica dos instrumentos sobre as paredes do canal radicular

inclui a remoção de dentina infectada, promovendo a eliminação e/ou

desorganização do biofilme bacteriano (PAQUÉ & PETERS, 2011), o que pode

Page 74: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

61

favorecer o prognóstico do tratamento endodôntico. No presente estudo, o

percentual de paredes do canal não tocadas pelo instrumento foi expresso

como o percentual de voxel estático de superfície pelo número total de voxels

da área de superfície do canal (PETERS et al., 2001). Estudos anteriores

relataram que o percentual médio de áreas não tocadas após a preparo com

diferentes sistemas rotatórios variou de 59% a 79% em canais distais ovais

(PAQUÉ et al., 2010) e de 39% para 42%, em canais mesiais independentes

de molares inferiores (YANG et al., 2011). Estes valores percentuais elevados

foram associados com a cinemática dos instrumentos rotatórios e a presença

de áreas dos canais ovais que não foram incluídas no preparo de formato

circular criado pela rotação da maioria dos instrumentos. No presente estudo,

os valores percentuais médios de áreas não tocadas não foram diferentes entre

os grupos tanto nos canais distais (27,83% e 23,11%) quanto nos canais

mesiais (23,72% e 20,04), quando o istmo não foi incluído na análise. Estes

percentuais mais baixos em comparação aos descritos na literatura pode ser

explicado pelas diferenças no protocolo de instrumentação, tamanhos dos

instrumentos e configuração dos canais radiculares utilizados que, neste

estudo, foram selecionados por pareamento das medidas morfométricas.

O principal papel dos estudos laboratoriais é desenvolver condições bem

controladas para avaliar, de forma confiável, certas variáveis (VERSIANI et al.,

2013). Uma das variavés de confundimento mais importantes em estudos in

vitro é a anatomia do SCR dos dentes avaliados. Consequentemente, os

resultados podem sofrer influência dos efeitos da variabilidade anatômica das

amostras e alterar ou mascarar a importância da variável de interesse

(PETERS et al., 2001). No presente estudo, a distribuição pareada das

Page 75: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

62

amostras com base na configuração e morfologia (comprimento, volume e área

de superfície) dos sistemas de canais, tanto da raiz mesial quanto na distal,

provavelmente eliminou ou reduziu substancialmente as variações anatômicas

que poderiam interferir significativamente nos resultados. Portanto, nenhuma

diferença em relação ao volume, à área de superfície ou ao percentual de

voxels estáticos foram observadas antes e após o preparo dos canais

radiculares entre os grupos experimentais, nos quais o mesmo protocolo de

instrumentação mecânica foi utilizado.

Assim, a utilização da tecnologia da µTC, além de tornar possível uma

melhor seleção das amostras com base em dados morfométricos, o que reforça

a validade interna de experimentos in vitro (VERSIANI et al., 2013,

MARCELIANO-ALVES et al., 2015), traz a vantagem de ser uma técnica

reprodutível para a avaliação tridimensional e não invasiva dos sistemas de

canais radiculares, onde qualquer constatação de erro ou artefatos de imagens

pode ser corrigida repetindo a análise do dente, sendo possível avaliar uma

grande quantidade de secções por cada milímetro da raiz (MANNOCCI et al.,

2005; PLOTINO et al. 2006).

Novos estudos devem ser realizados buscando avaliar

comparativamente a redução microbiana e a remoção de detritos promovida

por um sistema de pressão apical negativa e um sistema de pressão apical

positiva, em amostras de canais radiculares rigorosamente selecionadas e

pareadas através da análise por µTC, a fim de se verificar uma possível

correlação entre a remoção de detritos dentinários e a descontaminação do

SCR (SIQUEIRA et al., 2013).

Page 76: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

63

8. CONCLUSÕES ______________________________________________________________

Nenhum protocolo de irrigação resultou em canais completamente livres

de detritos dentinários, porém, o sistema de irrigação por pressão apical

negativa (EndoVac) resultou em níveis significativamente menores de detritos

nas regiões de istmos das raízes mesiais de molares inferiores, comparado à

irrigação com agulha Navitip. Nos canais distais, ambos os protocolos testados

foram eficazes em prevenir o acúmulo de detritos dentinários.

Page 77: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

64

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Abarajithan M, Dham S, Velmurugan N, Valerian-Albuquerque D, Ballal S, Senthilkumar H (2011). Comparison of EndoVac irrigation system with conventional irrigation for removal of intracanal smear layer: an in vitro study. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod 12: 407-411.

Adcock JM, Sidow SJ, Looney SW, Liu Y, McNally K, Lindsey K (2011). Histologic evaluation of canal and isthmus debridement efficacies of two different irrigant delivery techniques in a closed system. J Endod 37: 544-548.

Adorno CG, Fretes VR, Ortiz CP, Mereles R, Sosa V, Yubero MF, Escobar PM, Heilborn C (2016). Comparison of two negative pressure systems and syringe irrigation for root canal irrigation: an ex vivo study. Int Endod J 49: 174-183.

Al-Ali M, Sathorn C, Parashos P (2012). Root canal debridement efficacy of different final irrigation protocols. Int Endod J 45: 898–906.

Alkahtani A, Al Khudhairi TD, Anil S. A comparative study of the debridement efficacy and apical extrusion of dynamic and passive root canal irrigation systems (2014). BMC Oral Health 11: 14-12.

American Association of Endodontists (2015). Glossary of endodontic terms. 8th ed. Disponível em: http://www.aae.org/clinical-resources/aae-glossary-of-endodontic-terms.aspx.

Bjørndal L, Laustsen MH, Reit C (2006). Root canal treatment in Denmark is most often carried out in carious vital molar teeth and retreatments are rare. Int Endod J 39: 785–790.

Bjørndal L, Carlsen O, Thuesen G, Darvann T, Kreiborg S (1999). External and internal macromorphology in 3D-reconstructed maxillary molars using computerized X-ray microtomography. Int Endod J 1999 32: 3-9.

Boutsioukis C, Lambrianidis T, Kastrinakis E, Bekiaroglou P (2007). Measurement of pressure and flow rates during irrigation of a root canal ex vivo with three endodontic needles. Int Endod J 40: 504–513.

Brito PR, Souza LC, Machado de Oliveira JC, Alves FR, De-Deus G, Lopes HP, Siqueira JF Jr (2009). Comparison of the effectiveness of three irrigation techniques in reducing intracanal Enterococcus faecalis populations: an in vitro study. J Endod 35: 1422-1427.

Brunson M, Heilborn C, Johnson DJ, Cohenca N (2010). Effect of apical preparation size and preparation taper on irrigant volume delivered by using negative pressure irrigation system. J Endod 36: 721-724.

Page 78: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

65

Burleson A, Nusstein J, Reader A, Beck M (2007). The in vivo evaluation of hand/rotary/ultrasound instrumentation in necrotic, human mandibular molars. J Endod 33: 782-787.

Çapar ID, Ari Aydinbelge H (2014). Effectiveness of various irrigation activation protocols and the self-adjusting file system on smear layer and debris removal. Scanning 36: 640-647.

Carr GB, Schwartz RS, Schaudinn C, Gorur A, Costerton JW (2009). Ultrastructural examination of failed molar retreatment with secondary apical periodontitis: an examination of endodontic biofilms in an endodontic retreatment failure. J Endod 35: 1303–1309.

Chen JE, Nurbakhsh B, Layton G, Bussmann M, Kishen A (2014). Irrigation dynamics associated with positive pressure, apical negative pressure and passive ultrasonic irrigations: A computational fluid dynamics analysis. Aust Endod J 40: 54–60.

Cohenca N, Romualdo PC, da Silva LA, da Silva RA, de Queiroz AM, De Rossi A, Nelson-Filho P (2015). Tissue response to root canal irrigation systems in dogs’ teeth with apical periodontitis. Clin Oral Invest 19: 1147–1156.

Cohenca N, Silva LAB, Silva RAB, Nelson-Filho P, Heilborn C, Watanabe E, Saraiva MCP (2013). Microbiological evaluation of different irrigation protocols on root canal disinfection in teeth with apical periodontitis: an in vivo study. Braz Dent J 24: 467-473.

Curtis TO, Sedgley CM (2012). Comparison of a continuous ultrasonic irrigation device and conventional needle irrigation in the removal of root canal detritos. J Endod 38: 1261-1264.

de Gregorio C, Estevez R, Cisneros R, Paranjpe A, Cohenca N (2010). Efficacy of different irrigation and activation systems on the penetration of sodium hypochlorite into simulated lateral canals and up to working length: an in vitro study. J Endod 36: 1216-1221.

de Gregorio C, Paranjpe A, Garcia A, Navarrete N, Estevez R, Esplugues EO, Cohenca N (2012). Efficacy of irrigation systems on penetration of sodium hypochlorite to working length and to simulated uninstrumented areas in oval shaped root canals. Int Endod J 45: 475–481.

de Pablo OV, Estevez R, Peix Sanchez M, Heilborn C, Cohenca N (2010). Root anatomy and canal configuration of the permanent mandibular first molar: a systematic review. J Endod 36: 1919–1931.

De-Deus G, Marins J, Neves A de A, Reis C, Fidel S, Versiani MA, Alves H, Lopes RT, Paciornik S (2014). Assessing accumulated hard-tissue debris using micro-computed tomography and free software for image processing and analysis. J Endod 40: 271-276.

Page 79: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

66

De-Deus G, Marins J, Silva EJ, Souza E, Belladonna FG, Reis C, Machado AS, Lopes RT, Versiani MA, Paciornik S, Neves AA (2015). Accumulated hard tissue debris produced during reciprocating and rotary nickel-titanium canal preparation. J Endod 41: 676-681. Degerness RA, Bowles WR (2010). Dimension, anatomy and morphology of the mesiobuccal root canal system in maxillary molars. J Endod 36: 985-989.

Demirbuga S, Sekerci AE, Dinçer AN, Cayabatmaz M, Zorba YO (2013). Use of cone-beam computed tomography to evaluate root and canal morphology of mandibular first and second molars in Turkish individuals. Med Oral Patol Oral Cir Bucal 18:e737-744.

Desai P, Himel V (2009). Comparative safety of various intracanal irrigation systems. J Endod 35:545-549.

Endal U, Shen Y, Knut A, Gao Y, Haapasalo M (2011). A high-resolution computed tomographic study of changes in root canal isthmus area by instrumentation and root filling. J Endod 37: 223-227.

Estrela C, Rabelo LE, de Souza JB, Alencar AH, Estrela CR, Sousa Neto MD, Pécora JD (2015). Frequency of root canal isthmi in human permanent teeth determined by cone-beam computed tomography. J Endod 41: 1535–1539.

Fan B, Gao Y, Fan W, Gutmann JL (2008). Identification of a C-shaped canal system in mandibular second molars: part II—the effect of bone image superimposition and intraradicular contrast medium on radiograph interpretation. J Endod 34: 160–165.

Fan B, Pan Y, Gao Y, Fang F, Wu Q, Gutmann JL (2010). Three-dimensional morphologic analysis of isthmuses in the mesial roots of mandibular molars. J Endod 36: 1866–1869.

Freire LG, Iglecias EF, Cunha RS, Dos Santos M, Gavini G (2015). Micro-computed tomographic evaluation of hard tissue debris removal after different irrigation methods and its influence on the filling of curved canals. J Endod 41: 1660-1666. Fukumoto Y, Kikuchi I, Yoshioka T, Kobayashi C, Suda H (2006). An ex vivo evaluation of a new root canal irrigation technique with intracanal aspiration. Int Endo J 39: 93-99.

Gade VJ, Sedani SK, Lokade JS, Belsare LD, Gade JR (2013). Comparative evaluation of detritos removal from root canal wall by using EndoVac and conventional needle irrigation: An in vitro study. Contemp Clin Dent 4: 432–436. Gondim E Jr, Setzer FC, Dos Carmo CB, Kim S (2010). Postoperative pain after the application of two different irrigation devices in a prospective randomized clinical trial. J Endod 36: 1295-1301.

Page 80: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

67

Grande NM, Plotino G, Gambarini G, Testarelli L, D'Ambrosio F, Pecci R, Bedini R (2012). Present and future in the use of micro-CT scanner 3D analysis for the study of dental and root canal morphology. Ann Ist Super Sanita 48: 26-34.

Gu L, Wei X, Ling J, Huang X (2009a). A microcomputed tomographic study of canal isthmuses in the mesial root of mandibular first molars in a Chinese population. J Endod 35: 353–356.

Gu LS, Kim JR, Ling J, Choi KK, Pashley DH, Tay FR (2009b). Review of contemporary irrigant agitation techniques and devices. J Endod 35: 791-804.

Haapasalo M, Shen Y, Qian W, Gao Y (2010). Irrigation in endodontics. Dent Clin North Am 54: 291-312.

Haapasalo M, Shen YA (2012). Current therapeutic options for endodontic biofilms. Endod Topics 22: 79–98.

Harris SP, Bowles WR, Fok A, McClanahan SB (2013). An anatomic investigation of the mandibular first molar using micro-computed tomography. J Endod 39: 1374-1378.

Hess W (1925). The anatomy of the root canals of the teeth of the permanent dentition. London: John Bale, Sons and Danielson, Ltd.

Howard RK, Kirkpatrick TC, Rutledge RE, Yaccino JM (2011). Comparison of detritos removal with three different irrigation techniques. J Endod 37: 1301-1305.

Hsu YY, Kim S (1971). The resected root surface. The issue of canal isthmuses. Dent Clin North Am 41: 529–540.

Hull TE, Robertson PB, Steiner JC, del Aguila MA (2003). Patterns of endodontic care for a Washington state population. J Endod 29: 553–556.

Íriboz E, Bayraktar K, Türkaydın D, Tarçın B (2015). Comparison of apical extrusion of sodium hypochlorite using 4 different root canal irrigation techniques. J Endod 41: 380-384.

Jiang LM, Lak B, Eijsvogels LM, Wesselink P, van der Sluis LW (2012). Comparison of the cleaning efficacy of different final irrigation techniques. J Endod 38: 838-841.

Kara Tuncer A, Unal B (2014). Comparison of sealer penetration using the EndoVac irrigation system and conventional needle root canal irrigation. J Endod 40: 613-617.

Khan S, Niu LN, Eid AA, Looney SW, Didato A, Roberts S, Pashley DH, Tay FR (2013). Periapical pressures developed by nonbinding irrigation needles at various irrigation delivery rates. J Endod 39: 529-533.

Page 81: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

68

Kirkevang LL, Hörsted-Bindslev P, Ørstavik D, Wenzel A (2001). A comparison of the quality of root canal treatment in two Danish subpopulations examined 1974–75 and 1997–98. Int Endod J 34: 607–612.

Kungwani ML, Prasad KP, Khiyani TS (2014). Comparison of the cleaning efficacy of EndoVac with conventional irrigation needles in detritos removal from root canal. An in-vivo study. J Conserv Dent 17: 374–378.

Lima FJ, Montagner F, Jacinto RC, Ambrosano GM, Gomes BP (2014). An in vitro assessment of type, position and incidence of isthmus in human permanent molars. J Appl Oral Sci 22: 274-281.

Lorencetti KT, Silva-Sousa YT, Nascimento GE, Messias DC, Colucci V, Abi Rached-Junior F, Silva SR (2014). Influence of apical enlargement in cleaning of curved canals using negative pressure system. Braz Dent J 25: 430-434.

Liu W, Wu B (2016). Root Canal Surface Strain and Canal Center transportation Induced by 3 Different Nickel-Titanium Rotary instrument Systems. J Endod 42: 299-303.

Mannocci F, Peru M, Sherriff M, Cook R, Pitt Ford TR (2005). The isthmuses of the mesial root of mandibular molars: a micro-computed tomographic study. Int Endod J 38: 558–563.

Marceliano-Alves MF, Sousa-Neto MD, Fidel SR, Steier L, Robinson JP, Pécora JD, Versiani MA. (2015). Shaping ability of single-file reciprocating and heat-treated multifile rotary systems: a micro-CT study. Int Endod J 48: 1129–1136.

Marceliano-Alves M, Alves FR, Mendes Dde M, Provenzano JC (2016). Micro-Computed Tomography Analysis of the Root Canal Morphology of Palatal Roots of Maxillary First Molars. J Endod 42: 280-3. Markvart M, Darvann TA, Larsen P, Dalstra M, Kreiborg S, Bjørndal L (2012). Micro-CT analyses of apical enlargement and molar root canal complexity. Int Endod J 45: 273-281.

Mehrvarzfar P, Akhlagi NM, Khodaei F, Shojaee G, Shirazi S (2014). Evaluation of isthmus prevalence, location, and types in mesial roots of mandibular molars in the Iranian Population. Dent Res J (Isfahan) 11: 251-256.

Martin H (1976). Ultrasonic disinfection of the root canal. Oral Surg Oral Med Oral Pathol 42:92–99. Metzger Z, Zary R, Cohen R, Teperovich E, Paque´ F (2010). The quality of root canal preparation and root canal obturation in canals treated with rotary versus Self-adjusting Files: a three-dimensional micro-computed tomographic study. J Endod 36: 1569–1573.

Mitchell RP, Baumgartner JC, Sedgley CM (2011). Apical extrusion of sodium hypochlorite using different root canal irrigation systems. J Endod 37: 1677-1681.

Page 82: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

69

Munoz HR, Camacho-Cuadra K (2012). In vivo efficacy of three different endodontic irrigation systems for irrigant delivery to working length of mesial canals of mandibular molars. J Endod 38: 445-448.

Nair PN (2006). On the causes of persistent apical periodontitis: a review. Int Endod J 39: 249–281.

Nair PNR, Henry S, Cano V, Vera J (2005). Microbial status of apical root canal system of human mandibular first molars with primary apical periodontitis after ‘‘one-visit’’ endodontic treatment. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod 99: 231–252.

Nielsen BA, Baumgartner JC (2007). Comparison of the EndoVac system to needle irrigation of root canals. J Endod 33: 611-615.

Nielsen RB, Alyassin AM, Peters DD, Carnes DL, Lancaster J (1995). Microcomputed tomography: an advanced system for detailed endodontic research. J Endod 21:561-568. Nosrat A, Deschenes RJ, Tordik PA, Hicks ML, Fouad AF (2015). Middle Mesial Canals in Mandibular Molars: Incidence and Related Factors. J Endod 41: 28-32.

Ordinola-Zapata R, Bramante CM, Versiani MA, Moldauer BI, Topham G, Gutmann JL, Nuñez A, Hungaro Duarte MA, Abella F (2016). Comparative accuracy of the Clearing Technique, CBCT and Micro-CT methods in studying the mesial root canal configuration of mandibular first molars. Int Endod (in press). Paqué F, Al-Jadaa A, Kfir A (2012). Hard-tissue detritos accumulation created by conventional rotary versus selfadjusting file instrumentation in mesial root canal systems of mandibular molars. Int Endod J 45: 413–418.

Paqué F, Boessler C, Zehnder M (2011). Accumulated hard tissue detritos levels in mesial roots of mandibular molars after sequential irrigation steps. Int Endod J 44: 148–153.

Paqué F, Laib A, Gautschi H, Zehnder M (2009). Hard-tissue detritos accumulation analysis by high-resolution computed tomography scans. J Endod 35:1044-1047.

Paqué F, Peters OA (2011). Micro-computed tomography evaluation of the preparation of long oval root canals in mandibular molars with the self-adjusting file. J Endod 37: 517–521.

Parente JM, Loushine RJ, Susin L, Gu L, Looney SW, Weller RN, Pashley DH, Tay FR (2010). Root canal debridement using manual dynamic agitation or the EndoVac for final irrigation in a closed system and an open system. Int Endod J 43: 1001-1012.

Pawar R, Alqaied A, Safavi K, Boyko J, Kaufman B (2012). Influence of an apical negative pressure irrigation system on bacterial elimination during

Page 83: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

70

endodontic therapy: a prospective randomized clinical study. J Endod 38: 1177-1181.

Pécora JD, Estrela C, Bueno MR, Porto OC, Alencar AH, Sousa-Neto MD, Estrela CR (2013). Detection of root canal isthmuses in molars by map-reading dynamic using CBCT images. Braz Dent J 24: 569-574.

Pereira ES, Peixoto IF, Nakagawa RK, Buono VT, Bahia MG (2012). Cleaning the apical third of curved canals after different irrigation protocols. Braz Dent J 23: 351-356.

Peters OA, Laib A, Gohring TN, Barbakow F (2001). Changes in root canal geometry after preparation assessed by highresolution computed tomography. J Endod 27, 1–6.

Plotino G, Grande NM, Pecci R, Bedini R, Pameijer Ch, Somma F (2006). Three-dimensional imaging using microcomputed tomography for studying tooth macromorphology. JADA 137: 1555-1561.

Ricucci D, Russo J, Rutberg M, Burleson JA, Spångberg LS (2011). A prospective cohort study of endodontic treatments of 1,369 root canals: results after 5 years. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod 112: 825-842.

Ricucci D, Siqueira JF Jr (2008). Anatomic and microbiologic challenges to achieving success with endodontic treatment: a case report. J Endod 34: 1249-1254.

Saber Sel-D, Hashem AA (2011). Efficacy of different final irrigation activation techniques on smear layer removal. J Endod 37: 1272-1275.

Sarno MU, Sidow SJ, Looney SW, Lindsey KW, Niu LN, Tay FR (2012). Canal and isthmus debridement efficacy of the VPro EndoSafe negative-pressure irrigation technique. J Endod 38: 1631-1634.

Schoeffel GJ (2007). The EndoVac method of endodontic irrigation, safety first. Dent today 26: 92-96. Schoeffel GJ (2008a). The EndoVac method of endodontic irrigation, Part 2: efficacy. Dent today 27: 86-87. Schoeffel GJ (2008b). The EndoVac method of endodontic irrigation, Part 3: System components and their interaction. Dent today 27:108-111.

Sedgley CM, Nagel AC, Hall D, Applegate B (2005). Influence of irrigant needle depth in removing bioluminescent bacteria inoculated into instrumented root canals using realtime imaging in vitro. Int Endod J 38, 97–104.

Shin SJ, Kim HK, Jung IY, Lee CY, Lee SJ, Kim E (2010). Comparison of the cleaning efficacy of a new apical negative pressure irrigating system with conventional irrigation needles in the root canals. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod 109: 479-484.

Page 84: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

71

Siqueira JF Jr, Alves FR, Almeida BM, de Oliveira JC, Rôças IN (2010). Ability of chemomechanical preparation with either rotary instruments or self-adjusting file to disinfect oval-shaped root canals. J Endod 36: 1860-1865.

Siqueira JF Jr, Alves FR, Versiani MA, Rôças IN, Almeida BM, Neves MA, Sousa-Neto MD (2013). Correlative bacteriologic and micro-computed tomographic analysis of mandibular molar mesial canals prepared by self-adjusting file, reciproc, and twisted file systems. J Endod 39: 1044-1050.

Siqueira JF Jr, Rôças IN (2008). Clinical implications and microbiology of bacterial persistence after treatment procedures. J Endod 34: 1291-1301.

Siqueira JF Jr, Rôças IN (2011). Optimising single-visit disinfection with supplementary approaches: a quest for predictability. Aust Endod J 37: 92-98. Siu C, Baumgartner JC (2010). Comparison of the debridement efficacy of the EndoVac irrigation system and conventional needle root canal irrigation in vivo. J Endod 36: 1782-1785.

Susin L, Yoon JC, Liu Y, Parente JM, Loushine RJ, Ricucci D, Bryan T, Weller N, Pashley DH, Tay FR (2010). Canal and isthmus debridement efficacies of two irrigant agitation techniques in a closed system. Int Endod J 43: 1077–1090.

Tambe VH, Vishwas J, Ghonmode WN, Nagmode P, Agrawal GP, Balsaraf O (2014). Scanning electron microscopic analysis to compare the cleaning efficiency of three different irrigation systems at different root canal levels: an in vitro study. J Contemp Dent Pract 15: 433-437.

Tay FR, Gu LS, Schoeffel GJ, Wimmer C, Susin L, Zhang K, Arun SN, Kim J, Looney SW, Pashley DH (2010). Effect of vapor lock on root canal debridement by using a side-vented needle for positive-pressure irrigant delivery. J Endod 36: 745-750.

Teixeira FB, Sano CL, Gomes BP, Zaia AA, Ferraz CC, Souza-Filho FJ (2003). A preliminary in vitro study of the incidence and position of the root canal isthmus in maxillary and mandibular first molars. Int Endod J 36: 276–280.

Thomas AR, Velmurugan N, Smita S, Jothilatha S (2014). Comparative evaluation of canal isthmus debridement efficacy of modified EndoVac technique with different irrigation systems. J Endod 40: 1676-1680.

Usman N, Baumgartner JC, Marshall JG (2004). Influence of instrument size on root canal debridement. J Endod 30: 110-112. Vera J, Arias A, Romero M (2011). Effect of maintaining apical patency on irrigant penetration into the apical third of root canals when using passive ultrasonic irrigation: an in Vivo study. J Endod 37:1276-1278.

Versiani MA, Pécora JD, de Sousa-Neto MD (2012). Root and root canal morphology of four-rooted maxillary second molars: a micro-computed tomography study. J Endod 38:977-982.

Page 85: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

72

Versiani MA, Pécora JD, Sousa-Neto MD (2013). Microcomputed tomography analysis of the root canal morphology of single-rooted mandibular canines. Int Endod J 46: 800–807.

Vertucci FJ (1984). Root canal anatomy of the human permanent teeth. Oral Surg Oral Med Oral Pathol 58: 589–599.

Villas-Bôas MH, Bernardineli N, Cavenago BC, Marciano M, Del Carpio-Perochena A, de Moraes IG, Duarte MH, Bramante CM, Ordinola-Zapata R (2011). Micro-computed tomography study of the internal anatomy of mesial root canals of mandibular molars. J Endod 37: 1682-1686.

Von Arx T (2005). Frequency and type of canal isthmuses in first molars detected by endoscopic inspection during periradicular surgery. Int Endod J 38: 160–168.

Von Arx T, Steiner RG, Tay FR (2011). Apical surgery: endoscopic findings at the resection level of 168 consecutively treated roots. Int Endod J 44: 290-302.

Wayman BE, Patten JA, Dazey SE (1994). Relative frequency of teeth needing endodontic treatment in 3350 consecutive endodontic patients. J Endod 20: 399–401.

Weller RN, Niemczyk SP, Kim S (1995). Incidence and position of the canal isthmus. Part 1. Mesiobuccal root of the maxillary first molar. J Endod 21: 380–383.

Yang G, Yuan G, Yun X, Zhou X, Liu B, Wu H (2011). Effects of two nickel-titanium instrument systems, Mtwo versus ProTaper universal, on root canal geometry assessed by micro-computed tomography. J Endod 37: 1412–1416.

Yoo YJ, Lee W, Kim HC, Shon WJ, Baek SH (2013). Multivariate analysis of the cleaning efficacy of different final irrigation techniques in the canal and isthmus of mandibular posterior teeth. Restor Dent Endod 38: 154-159.

Yost RA, Bergeron BE, Kirkpatrick TC, Roberts MD, Roberts HW, Himel VT, Sabey KA (2015). Evaluation of 4 different irrigating systems for apical extrusion of sodium hypochlorite. J Endod 41: 1530-1534.

Zehnder M (2006). Root canal irrigants. J Endod 32: 389-398.

Page 86: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

73

10. ANEXOS

10.2. Anexo A – Figuras das fases do experimento

Figura 1- A- Microtomógrafo SkyScan modelo 1174 v.2. B- Suporte de resina acrílica para adaptação dos espécimes.

Figura 2- Imagens 3D do sistema de canais radiculares de molares inferiores com a

mensuração da posição dos istmos em relação ao forame apical.

Figura 3- A- Aplicação de adesivo epóxico (Araldite; Huntsman Advanced Materials, Salt Lake City, UT, EUA) para vedar o forame e simular o efeito de vapor lock. B- espécime inserido em silicona de condensação.

Page 87: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

74

Fig

ura

4:

Pro

tocolo

do p

repa

ro q

uím

ico

-me

cân

ico

co

m s

iste

ma

En

do

Va

c.

A-

Esq

ue

ma

para

os c

ana

is m

esia

is.

B-

Esq

uem

a

utiliz

ado

no

s c

ana

is d

ista

is.

C-

De

scrição d

os c

iclo

s d

e m

icro

irrig

açã

o d

o s

iste

ma E

ndo

Va

c®.

Page 88: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

75

Fig

ura

5:

Pro

tocolo

d

o p

rep

aro

q

uím

ico

-mecân

ico

co

m irrig

açã

o co

nve

ncio

na

l. A

- E

sq

ue

ma

p

ara

o

s

ca

na

is m

esia

is.

B-

Esq

ue

ma

utiliz

ado

no

s c

ana

is d

ista

is.

Page 89: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

76

10.3. Anexo C – Artigos publicados (ou aceitos para publicação)

Page 90: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

77

Artigo 02

Antunes HS, Gominho LF, Andrade-Junior CV, Dessaune-Neto N, Alves FR,

Rôças IN, Siqueira JF Jr (2015). Sealing ability of two root-end filling materials

in a bacterial nutrient leakage model. Int Endod J (in press).

Page 91: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

78

Page 92: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

79

Page 93: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

80

Page 94: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

81

Page 95: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

82

Page 96: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

83

Page 97: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

84

Artigo 03

Gonçalves LS, Rodrigues RCV, Andrade-Junior CV, Soares RG, Vettore, MV

(2016). The effect of sodium hypochlorite and chlorhexidine as irrigant solutions

for root canal disinfection: a systematic review of clinical trials. J Endod (in

press).

Page 98: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

85

Page 99: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

86

Page 100: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

87

Page 101: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

88

Page 102: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

89

Page 103: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

90

Page 104: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

91

Artigo 04

Andrade-Junior CV, Antunes HS, Carvalhal JCA, Dessaune-Neto N, Uzeda M

(2014). Os cistos radiculares podem curar após tratamento endodôntico? RBO

71: 99-101.

Page 105: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

92

Page 106: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

93

Page 107: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

94

Page 108: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

95

Page 109: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

96

10.4. Anexo D – Artigos submetidos para publicação

Page 110: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

97

Artigo 05

Andrade-Junior CV, Dessaune-Neto N, Rodrigues RCV, Antunes HS, Porpino

MTM, Carvalhal JCA, Armada L (2016). Incidence of deviation in simulated

curved canals after preparation with Twisted File Adaptive and BT-RaCe

instruments.

Page 111: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

98

Page 112: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

99

Page 113: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

100

Page 114: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

101

Page 115: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

102

Page 116: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

103

Page 117: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

104

Page 118: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

105

Page 119: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

106

Page 120: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

107

Page 121: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

108

Page 122: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

109

Page 123: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

110

Page 124: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

111

Page 125: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

112

Page 126: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

113

Page 127: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

114

Page 128: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

115

Page 129: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

116

Page 130: REDUÇÃO DE DETRITOS DENTINÁRIOS EM …portal.estacio.br/media/923310/carlos-vieira-andrade-junior-2016.pdf · Para tanto, deve-se eliminar todos os irritantes do SCR como micro-organismos

117