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REESTRUTURAÇÃO DAS CADEIAS DE SUPRIMENTOS: VERTICALIZAÇÃO X HORIZONTALIZAÇÃO MARCOS JOSÉ CORRÊA BUENO - [email protected] UNIVERSIDADE BANDEIRANTES - UNIBAN CAIO FLAVIO STETTTINER - [email protected] FACULDADE DE TECNOLOGIA DE GUARULHOS LINCOLN NOGUEIRA MARCELLOS - [email protected] FACULDADE DE TECNOLOGIA DE ITAQUAQUECETUBA GIOVANA GAVIOLI RIBEIRO DA SILVA - [email protected] UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL - UNICSUL FÁTIMA GUARDA SARDEIRO - [email protected] CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Resumo: O OBJETIVO DESTE ARTIGO É ESTUDAR E EXPLORAR AS VÁRIAS FORMAS DE REARRANJO DOS ELOS DAS CADEIAS DE SUPRIMENTOS DE ALGUMAS EMPRESAS DO SETOR AUTOMOBILÍSTICO E DO SETOR CITRICULTOR, ALÉM DO AGRO ALIMENTÍCIO. FOI APLICADA A PESQUISA EXPLORATÓRRIA NAS EMPRESAS VOLKSWAGEN, FORD, GENERAL MOTORS, SADIA E CITROSUCO.EM PRINCÍPIO, DISCUTEM- SE AS VANTAGENS E DESVANTAGENS DE PROCESSOS ANTAGÔNICOS DE REESTRUTURAÇÃO DA CADEIA PRODUTIVA COMO A INTEGRAÇÃO HORIZONTAL E A VERTICAL. DEPOIS, A PARTIR DE CASOS DE SUCESSO DE EMPRESAS DE SETORES TAMBÉM DISTINTOS, APRESENTAM-SE SEUS RESULTADOS COM A REESTRUTURAÇÃO DE SUAS CADEIAS. POR FIM, CONSIDERA-SE QUE ESTAS REESTRUTURAÇÕES PODEM SIGNIFICAR FATOR DE COMPETITIVIDADE PARA MUITAS EMPRESAS, INDEPENDENTE DE SEU SETOR ECONÔMICO. Palavras-chaves: CADEIA DE SUPRIMENTOS; INTEGRAÇÃO VERTICAL; INTEGRAÇÃO HORIZONTAL Área: 1 - GESTÃO DA PRODUÇÃO Sub-Área: 1.3 - LOGÍSTICA E GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIÇÃO

Reestruturação Das Cadeias de Suprimentos Verticalização x Horizontalização (1)

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REESTRUTURAO DAS CADEIAS DE SUPRIMENTOS: VERTICALIZAO X HORIZONTALIZAO MARCOS JOS CORRA BUENO - [email protected] UNIVERSIDADE BANDEIRANTES - UNIBAN CAIO FLAVIO STETTTINER - [email protected] FACULDADE DE TECNOLOGIA DE GUARULHOS LINCOLN NOGUEIRA MARCELLOS - [email protected] FACULDADE DE TECNOLOGIA DE ITAQUAQUECETUBA GIOVANA GAVIOLI RIBEIRO DA SILVA - [email protected] UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL - UNICSUL FTIMA GUARDA SARDEIRO - [email protected] CENTRO UNIVERSITRIO SENAC Resumo:OOBJETIVODESTEARTIGOESTUDAREEXPLORARASVRIAS FORMASDEREARRANJODOSELOSDASCADEIASDESUPRIMENTOS DEALGUMASEMPRESASDOSETORAUTOMOBILSTICOEDOSETOR CITRICULTOR,ALMDOAGROALIMENTCIO.FOIAPLICADAA PESQUISAEXPLORATRRIANASEMPRESASVOLKSWAGEN,FORD, GENERALMOTORS,SADIAECITROSUCO.EMPRINCPIO,DISCUTEM-SEASVANTAGENSEDESVANTAGENSDEPROCESSOSANTAGNICOS DE REESTRUTURAO DA CADEIA PRODUTIVA COMO A INTEGRAO HORIZONTALEAVERTICAL.DEPOIS,APARTIRDECASOSDE SUCESSODEEMPRESASDESETORESTAMBMDISTINTOS, APRESENTAM-SESEUSRESULTADOSCOMAREESTRUTURAODE SUASCADEIAS.PORFIM,CONSIDERA-SEQUEESTAS REESTRUTURAESPODEMSIGNIFICARFATORDE COMPETITIVIDADEPARAMUITASEMPRESAS,INDEPENDENTEDE SEU SETOR ECONMICO. Palavras-chaves:CADEIA DE SUPRIMENTOS; INTEGRAO VERTICAL; INTEGRAO HORIZONTAL rea: 1 - GESTO DA PRODUO Sub-rea:1.3 - LOGSTICA E GESTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS E DISTRIBUIO XX SIMPSIO DE ENGENHARIA DE PRODUO Engenharia De Produo & Objetivos De Desenvolvimento Do Milnio Bauru, SP, Brasil, 4 a 6 de novembro de 2013 2 RESTRUCTURING OF SUPPLY CHAINS: VERTICAL INTEGRATION X HORIZONTAL INTEGRATION Abstract:THEAIMOFTHISPAPERISTOSTUDYANDEXPLORETHEVARIOUS FORMSOFREARRANGEMENTOFTHELINKSOFSUPPLYCHAINSOF SOMECOMPANIESINTHEAUTOMOTIVESECTORANDINDUSTRY CITRICULTURISTS,BESIDESAGROFOOD.WASAPPLIEDTO EXPLORATORYRESEARCHIINCOMPANIESVOLKSWAGEN,FORD, GENERALMOTORS,SADIAANDCITROSUCO.INPRINCIPLE,WE DISCUSS THE ADVANTAGES AND DISADVANTAGES OF ANTAGONISTIC PROCESSESOFRESTRUCTURINGTHESUPPLYCHAINASTHE HORIZONTALANDVERTICALINTEGRATION.THEN,FROMSUCCESS STORIES OF COMPANIES ALSO DISTINCT SECTORS,WE PRESENT THE RESULTS OF THIS RESTRUCTURING THEIR SUPPLY CHAINS. FINALLY, ITISCONSIDEREDTHATTHISRESTRUCTURINGCANMEANA COMPETITIVEFACTORFORMANYCOMPANIES,REGARDLESSOF THEIR ECONOMIC SECTOR. Keyword:SUPPLY CHAIN, VERTICAL INTEGRATION, HORIZONTAL INTEGRATION XX SIMPSIO DE ENGENHARIA DE PRODUO Engenharia De Produo & Objetivos De Desenvolvimento Do Milnio Bauru, SP, Brasil, 4 a 6 de novembro de 2013 3 1.Introduo A Gesto da Cadeia de Suprimentos surgiu nos ltimos vinte anos no apenas como um novo modelo de gesto, mas sim como uma nova estratgia competitivacom uma ampla gama de mtodos e formas de parcerias a serem exploradas pelas empresas. Trata-sedeumestudoemergentequeoferecemuitosnovosdesenvolvimentosnas novas estruturas produtivas, de logstica, distribuio e parcerias.Nabuscaporreduodecustoseobtenodeganhosdecompetitividade,muitas empresas atualmente buscaram a horizontalizao de sua cadeia produtiva. No entanto, h um limiar nas propostas entre integrao horizontal e vertical. Para Martins e Alt (2006) existem vantagens e desvantagens a serem observadas nos dois processos de Gesto da Cadeia de Suprimentos e processos produtivos, conforme aponta a tabela 1. TABELA 1 Vantagens e desvantagens nos processos de verticalizao e horizontalizao. Fonte: Martins e Alt. (2006) Asempresasaquiestudadaslanaramumarcabouodecasosenvoltosemdiversas novasestruturasdenegciosapresentandoreestruturaesemseusmodosdeproduzir, comprar, terceirizar e vender seus produtos.Essasempresasnobuscaramsomenteaintegraohorizontalcomoumaformade competitividadeereestruturaoemsuaformadeproduzirecomprar.Asempresasaqui estudadas buscaram alinhar alguns elementos da integrao vertical com a horizontal. Embora ocasoVolkswagencaminhesemResendeRJapresenteumdirecionamentohorizontal,o mesmo no ocorreu com a Sadia, que insere processos verticais em alguns elos de sua cadeia, ressaltando que h uma forte integrao horizontal nessa mesma cadeia.2.Consrcio Modular e Condomnios Industriais HorizontalizaoVerticalizao Vantagens- reduo de custos -flexibilidadeparadefinir volumes de produo -engenhariasimultnea(know how dos fornecedores) -foconoprincipalprodutoda empresa - independncia de terceiros - maiores lucros - maior autonomia -domniosobretecnologia prpria Desvantagens- menor controle tecnolgico -deixardeauferirlucrosdo fornecedor - alta dependncia de terceiros - demisses na fase inicial -perdadovinculoparaecom o empregado - maior investimento -menorflexibilidade(perda de foco) -aumentodaestruturada empresa XX SIMPSIO DE ENGENHARIA DE PRODUO Engenharia De Produo & Objetivos De Desenvolvimento Do Milnio Bauru, SP, Brasil, 4 a 6 de novembro de 2013 4 Aindstriaautomobilsticaofereceuaomercadovriosexemplosdeprofunda reestruturao de sua cadeia de suprimentos, modificando tanto a forma de se produzir como de se comprar, a partir da realocao do posicionamento de das obrigaes de cada elemento de sua cadeia.Nesteartigoserapresentadooscasosdoconsrciomodularinstaladopela Volkswagen em Resende RJ para produzir caminhes e nibus e os condomnios industriais implementadospelaGeneralMotorsemGravataRSepelaFordemCamaariBA.A principaldiferenaentreosdoisconceitosestemquenoprimeiroaintegraomais prximaeaempresa-me,naverdade,scuidadaadministraogeraldoconsrcioeda aprovaofinaldosprodutos,enquantonoscondomniosindustriaishaparticipao produtiva da montadora e de seus fornecedores (COSTA NETO e CANUTO, 2010). 2.1 Consrcio modular da Volkswagen em Resende RJ Desenvolvido a partir de 1995, este empreendimento pode ser vislumbrado a partir do depoimento do controvertido executivo da empresa que o respaldou, Sr. Jos Incio Lpez de Arriorta: Qualificamosonossorelacionamentocomosfornecedoresderevoluo,masele, tambm, uma profunda parceria. Essa parceria clara para a Volkswagen, no momento, com ainstalaodanovafbricadecaminhesenibusque,pormeiodosistemaconsrcio modular,trarosfornecedoresparadentrodanossafbrica,comseusempregados,para montar nossos caminhes e nibus. O mesmo acontecer na futura fbrica de motores. Alm disso, estamos em um processo de engenharia simultnea com nossos fornecedores. Dentro de poucos meses, a Volkswagen comear um programa de projeto e desenvolvimento de peas denovosprodutos,numanovaeimportanteparceriacomseusfornecedores.AVolkswagen doBrasilacriadoradoprocessodeproduo"consrciomodular"eseraprimeira companhiadomundoaimplement-la.AunidadedeResendeseconverternaprimeira fbrica desta novagerao no processo de manufatura. Resende o novo "plat da terceira revoluoindustrial[....]Comoadventodo"ConsrcioModular,adiscussosobre produtividadevaiacabar.Nenhumprocessodefabricaosermaismodernoenohaver maior produtividade e qualidade quandoeste conceito for definitivamente aplicadoem todas as fbricas da Volks no mundo". ApesardeoprojetotersidolevadoadiantecalcadopeloespritoimpulsivodoSr. Lopez, o Consrcio Modular fora consolidado como modelo nico no mundo, sedimentando basesdereestruturaonacadeiadesuprimentoscomsuasdiversasvariantesemdiversos setores industriais.AfbricadecaminhesenibusdaVolkswageninstalou-senacidadedeResende, Rio de Janeiro, distante 280 km de So Paulo e 150 km da cidade do Rio de Janeiro, com 80 milmetrosquadradosdereaconstrudaemumterrenodemaisdeummilhodemetros quadrados. A Figura 1 ilustra a composio do consrcio. XX SIMPSIO DE ENGENHARIA DE PRODUO Engenharia De Produo & Objetivos De Desenvolvimento Do Milnio Bauru, SP, Brasil, 4 a 6 de novembro de 2013 5 Figura 1 - Modulistas e seus itens. Fonte: Bueno (2007) Com o seu prprio ferramental e empregados, as empresas participantes se encarregam detodasassuasatividades,noprocesso:transportedepeas,montagemdekits,estoquee controle de qualidade. No se estabelece umaassociao.No hcontrole acionrio entre as empresas e a Volkswagen. O que existe uma parceria entre a Volkswagen e as empresas.Deacordocomessafilosofiaouformadeorganizaraproduo,aempresatransfere aosfornecedoresaresponsabilidadepelamontagemdosveculos.Estaplantasignificaum tipodeexperinciapioneiranautilizaodoconceitopurodeconsrciomodular.(FUSCO, 2004).Oresultadofoiumempreendimentonico,pioneiro,quesetornoubenchmark mundial. A Tabela 2 mostra os dados da produo at 2013. Tabela 2: Dados de produo da Volkswagen Resende Fonte: ANFAVEA, (2013) XX SIMPSIO DE ENGENHARIA DE PRODUO Engenharia De Produo & Objetivos De Desenvolvimento Do Milnio Bauru, SP, Brasil, 4 a 6 de novembro de 2013 6 ValeressaltarqueatualmenteaVolkswagenCaminhesestsobcontroledaMan Latin America, dado este que no invalida o estudo de caso feito. 2.2 Condomnio Industrial da General Motors em Gravata RS Comofoidito,noscondomnios,convivemamontadora(empresa-me)eseus fornecedores. A Figura 2 ilustra o presente caso.

Figura 2 - Condomnio da GM em Gravata. Fonte: Zawislak, Vieira e Irala, (2000) Os principais resultados observados at 2007 so: - O Celta o primeiro produto 100% brasileiro da GM, cujo processo produtivo uma evoluonaturaldasexperinciasprodutivasemandamentonasfbricasGM(menor distncia montadora-sistemistas); -ConformedadosdaANFAVEA,aGM,comoCelta,ultrapassouaVWemvendas de veculos leves, liderana esta que fora da VW durante dcadas; - A produo j atingiu em 2007 o nvel de 36 veculos produzidos por hora; -AproveitandoaflexibilidadedaplataformadeproduodoCelta,aGMlanouo Prisma em 2006, veculo que j atingiu 60.000 unidades produzidas a pouco mais de 6 meses de seu lanamento; -Em2004,foiultrapassadaaestimativadeproduode120.000veculosano projetada no incio de suas operaes; XX SIMPSIO DE ENGENHARIA DE PRODUO Engenharia De Produo & Objetivos De Desenvolvimento Do Milnio Bauru, SP, Brasil, 4 a 6 de novembro de 2013 7 -Agregouvalorcomunidade,absorvendoatividadesdemaisde800fornecedores entre 1 e 4 nveis oriundos do estado do Rio Grande do Sul; - So estimados para os prximos anos mais de US$ 250 milhes em investimentos; - A unidade de Gravata uma das plantas mais desenvolvidas tecnologicamente entre as demais plantas da General Motors no mundo. 2.3 Condomnio industrial da Ford em Camaari BA O Condomnio Industrial da Ford em Camaari apresenta um caso tambm peculiar de reestruturao da cadeia de suprimentos. Em Camaari esto alinhados os fornecedores de 1 e 2 camadas da Ford. Este desenho permite que a Ford agilize os processos de fornecimento entre os elos da cadeia e tambm reduza os estoques ao longo destes mesmos elos.Sparacitarumexemplodestealinhamento,temoscomoexemploaempresa fornecedoradebancosLeareadeespumasTWE.Assimqueopedidodeumveculo expedido por uma concessionria, a Ford j elabora seu mapa de produo e essa informao sincronizada entre os fornecedores de 1 e 2 camadas. Assim, a Lear j tem a definio da quantidadeexatadebancosaseremfabricadoseaTWEtambmjdispedainformao sobre a quantidade exata de espumas a serem fornecidas para a Lear. A Figura 3 ilustra este condomnio Figura 3: Condomnio Industrial Ford Camaari. Fonte: Ford (2013) Os principais resultados at 2007 so: -Atualmente,jtendosepassadoquasetrezeanosdaimplantaodeumadasmais modernasfbricasdaFordnomundo,oprocessodeparcerianocondomnioindustrial XX SIMPSIO DE ENGENHARIA DE PRODUO Engenharia De Produo & Objetivos De Desenvolvimento Do Milnio Bauru, SP, Brasil, 4 a 6 de novembro de 2013 8 ntidoquandoverificamosquetodososfornecedoresquelseinstalarampermanecemat hoje. - No que tange a qualidade, em uma comparao com a antiga parceria com a VW na Autolatina,ondicedefalhasem1997erade20%.SegundoEdsonMolina,Gerentede Logstica da Ford, esse ndice em 2005 atingiu o nvel zero. --SegundooWallStreetJournal,em1999,asubsidiriabrasileiradaFordestava lutandoparasobrevivertantoquantoaindstriaautomotivaamericanaestlutandohoje. Depoisdequatroanosconsecutivosdeprejuzos,aparticipaodemercadodaFordtinha cadonoBrasilparaapenas6,5%,ficandoem4lugar.OsdiretoresdaFordnosEUA estavamconsiderandoseriamentesairdaAmricadoSul.Seteanosmaistarde,aFordda AmricadoSulsetransformounomaiorcasodeviradadaempresae,em2005,adiviso respondeu por 20% do lucro da Ford no mundo, tendo inclusive dobrado sua participao de mercado brasileiro para 12%. Os dados da produo at 2006 so apresentados na Tabela 3. Tabela 3: Veculos produzidos na Ford Camaari. Fiesta Ecosport Total2002 79974 No produzido 799742003 96539 48093 1446322004 116346 81060 1974062005 155331 98026 2533572006 144380 100971 2453512007 151318 73514 2248322008 130526 69775 2003012009 140256 65136 2053922010 140832 66120 206952 Fonte: ANFAVEA (2013) 3.A Reestruturao da Cadeia de Suprimentos da Sadia e sua Integrao com Fornecedores ASadiaumaempresagenuinamentebrasileira,fundadaem07dejunhode1944, com um frigorfico e um pequeno moinho de trigo na cidade de Concrdia - SC. Atualmente, aunidadeproduz28toneladasderao/horaeabateaproximadamente2000sunos/dia, representa 60% da arrecadao de impostos no municpio (ROSEGHINI, 2003). Aprimeiraidiadeproduodesunoscomassistnciatcnicapelaempresainiciou naSadianadcadade60,maisprecisamenteem1964.ApartirdessemomentoaSadia estruturouumdepartamentoagropecurioparaatenderopequenoprodutorruralnosistema integrado. Osistemadeprodutoresintegradosvemsendoomeioencontradopelaempresa atender este objetivo, junto a este modelo de integrao, muitas outras atividades necessrias a produo foi desenvolvida, entre elas: a assistncia tcnica, comercial, logstica. A Sadia utiliza, para a tarefa decriar sunos eaves que serviro de insumo para seus processosdeagregaodevalor(corteseproduodealimentoselaborados),umagrande quantidadedecriadores,emgeral,pequenosemdiosproprietriosrurais,chamados "integrados", conforme a Figura 4, que recebem da Sadia os pequenos sunos e aves (a partir de originao geneticamente controlada por criadouros da prpria Sadia), a assistncia tcnica XX SIMPSIO DE ENGENHARIA DE PRODUO Engenharia De Produo & Objetivos De Desenvolvimento Do Milnio Bauru, SP, Brasil, 4 a 6 de novembro de 2013 9 necessria,asvacinas,muitasvezesaraoeoutrosinsumosecuidamparaqueosanimais cresam da forma especificada (CORREA, 2005). Figura 4: Integrados da Sadia (Fonte: Corra 2006) Quandoascurvasdecrescimentoassimrequerem,aSadia"chama"osdeterminados integrados para que eles entreguem os animais para abate e corte nas unidades de operao da Sadia.Interessantemente,umadasformasusadasparacomunicaoentreaSadiaeseus integradosumaestaoderdio,que,almdefazerpartedocotidianodospequenos criadores, acessvel praticamente em qualquer regio, por remota que seja. Paulatinamente, o sucesso desse empreendimento acaba por criar um novo paradigma naproduodeavesesunosnoBrasil.Naatualidade,osistemaintegradodecriaode frangos corresponde a 90% da produo brasileira, ao passo que para os sunos essa proporo de80%.ApsafaseexperimentalnoSul,aintegraorapidamenteseexpandiuparaa regioSudeste,tendochegadomaisrecentementeaoCentro-Oestebrasileiro,consideradaa nova fronteira agrcola nacional (SAES, 2008). A Sadia tem angariado novos fornecedores com o argumento de que a integrao pode serumaalternativainteressanteparaadiversificao,poroutro,evidenteadificuldadede seus parceiros mais antigos em aumentarem o leque de atividades econmicas.Alguns dados evidenciam um elevado grau de eficincia produtiva: i. a idade de abate de aves diminuiu de 105 dias, em 1930, para 49 dias em 1970, chegando a 42 dias em 2005; ii.Aconversoalimentarpassoude3,5kgderaoparaproduzir1kgdefrangoem1930 para1,8kgdemilhoparaproduzir1kgdefrangoem2005;iii.aaveestavaprontaparao abate com 1,5 kg em 1930 e em 2005, com 2,3 kg (BNDES, 2007). O fluxo desta nova cadeia de suprimentos da Sadia apresentado conforme a figura 5. XX SIMPSIO DE ENGENHARIA DE PRODUO Engenharia De Produo & Objetivos De Desenvolvimento Do Milnio Bauru, SP, Brasil, 4 a 6 de novembro de 2013 10 Figura 5: Cadeia de Suprimentos da Sadia (Fonte:Sadia 2010) Outras tendncias observadas nessa indstria esto ligadas a uma maior ateno com o meioambiente,principalmentenotratamentodeefluenteseconsumodegua,bemcomoa questes logsticas (BNDES, 2007). Na atualidade, a preferncia por uma aproximao entre abatedouros e granjas, sendo contnuo o fluxo de insumos entre uma ponta e outra. ParaCoutinhoeFerraz(1995),aevoluodapecuriabovinamostraafaltade integrao do setor industrial com o abastecimento de matria-prima, quando comparada com aves e sunos. O grau de autonomia e poder econmico que o setor primrio ainda mantm no caso de bovinos, tambm so um entrave maior integrao com os demais agentes da cadeia, emespecialosfrigorficos.Estaautonomiadosagentesviabilizaaexistnciade comportamentosoportunsticosporpartedeles,impedindoqueseestabeleamrelaesde confiana entre os agentes. Asoluodasazonalidadeeinstabilidadedefornecimentodematria-primaparaos abatedoresdeavesesunos,entreoutrosproblemas,passounecessariamentepelo estabelecimentodecontratosentreprodutoresprimrioseindstria.Outraimportante vantagem do sistema integrado no caso de aves foi a reduo de custos. A coordenao deste sistema,porpartedaindstria,fundamentalfacesdificuldadesdeestocagemnacadeia, seja de aves vivas, seja do frango abatido (FARINA, 1995). ASadiaapresentanestescasosumaintegraodacadeiaempartevertical,quando produz e fornece raes e matrizes para os integradores. E mantm uma integrao horizontal quandocontacomessesmesmosintegradoresparaaengordadoporcoedofrangoparasua produo.Mas a reestruturao da cadeia da sadia tambm no para por a. O integrador tambm participa de um projeto de sustentabilidade ambiental e econmica atravs do programa 3S. Iniciadoem2005,oProgramaSuinoculturaSustentvelSadia(Programa3S),cujo processo pode ser visto na figura 6, foi criado com o objetivo de promover a sustentabilidade entreosmaisde3,5milprodutoresdesunosintegradosdaSadia,pormeiodavendade crditosdecarbono,comareduodasemissesdegasesdoefeitoestufa(DALMAZO, 2008). XX SIMPSIO DE ENGENHARIA DE PRODUO Engenharia De Produo & Objetivos De Desenvolvimento Do Milnio Bauru, SP, Brasil, 4 a 6 de novembro de 2013 11 Figura 6: Programa Suinocultura Sustentvel Sadia (Programa 3S), (Fonte:Sadia 2010) OProgramaintegraprincpiosambientais(preservaodosrecursosnaturais), econmicos(maiorretornodocapitalparaoinvestidoreaumentonoslucrosdo empreendedor) e sociais (cidadania e gerao de empregos).Adiminuiodaemissodepoluentesocorrepormeiodainstalaodebiogestores nas granjas de produtores integrados da Sadia. Com eles, os dejetos de sunos so fermentados porbactriasemtanquescobertos,evitandoaemissodemetano.Osequestrodestesgases causadores do efeito estufa revertido em crditos de carbono, que podem ser negociados no mercado externo com interessados em se adequar ao Protocolo de Kyoto.Atualmente o programa conta com biodigestores instalados em 1.086 propriedades de suinocultoresintegradosdaSadia,nasregiesdeTrsPassos(RS),Concrdia(SC),Toledo (PR), Uberlndia (MG) e Lucas do Rio Verde (MT), que equivalem a 38% dos suinocultores da Sadia.ArelevnciadoPrograma3Svaialmdeobjetivosligadosquestoambiental.O interessantedessainiciativaapossibilidadedegarantirapreservaodomeioambiente aliadaoportunidadedegeraoderenda.Nessesentido,trspotencialidadesvmsendo desenvolvidas: i. Gerao de crditos de carbono por meio do mecanismo de desenvolvimento limpo;ii.Utilizaodobiogsparaageraodeenergiaeltrica;iii.Utilizaodosdejetos tratados como fertilizantes. 4.A Integrao Vertical da Citrosuco A Citrosuco foi fundada em 1963, na cidade de Mato/SP pelo imigrante alemo Carl Fischer,emuniocomaPascoPackingCompany(grandeprodutoradesucosnaFlrida)e Eckes (importadora alem). a segunda maior exportadora de suco de laranja do pas, sendo que o Brasil domina mais de 80% das exportaes do produto congelado e concentrado e no concentrado. PossuifbricasnosmunicpiospaulistasdeMato,LimeiraeBebedouro,umaem Videira/ Santa Catarina, e uma fbrica na Flrida/ Estados Unidos. A Citrosuco possui viveiro prpriodemudas,comseuprprio"BancodeGermoplasmadeSementes",originriode plantas matrizes selecionadas, que assegura a qualidade da semente e do produto final. Nafigura7aseguirtemosumexemplosimplificadodacadeiadesuprimentosda Citrosuco, onde se percebe o considervel grau de verticalizao da empresa. XX SIMPSIO DE ENGENHARIA DE PRODUO Engenharia De Produo & Objetivos De Desenvolvimento Do Milnio Bauru, SP, Brasil, 4 a 6 de novembro de 2013 12 Figura 7: Modelo simplificado da cadeia de Suprimentos da sadia. Fonet: Autor (2013). ACitrosucocomandatodososprocessosprodutivos,desdeodesenvolvimentoda sementeatadistribuiodoprodutonoexterior.Aempresapossuifrotaprpriade100 caminhes-tanque para transporte at o Porto de Santos. A armazenagem no Porto de Santos feita em terminal prprio.Aps o suco ser transportado at os tanques de Santos, uma carreta com mangotes deslocada at o cais e faz a ligao entre a ponta do sucoduto e os tanques de bordo.Osucodutofoidesenvolvidonadcadade80comoobjetivodeligarostanquesde suco diretamente aos navios. Odutopossuicontrolesdefluxoepressoevlvulasautomticasparaimpedira entrada de agentescontaminadores na tubulao. Localizado no armazm 29, considerado o maior terminal de escoamento de suco do mundo. O embarque feito em navios da prpria empresa com destino aos terminais prprios no exterior. So quatro navios no total. SegundoLavalle(1999),acadeiadesuprimentosdealimentostemexperimentado mudanassubstanciaisnadcadade90emrazodoaumentodacompetioimpostapela abertura do mercado interno e da estabilidade econmica vivida pelo pas. A manuteno do plantio em pomares prprios surge como uma possibilidade para que asempresascriemnovasoportunidadeseexploremseusprpriosrecursos.Naproduo ocorremganhosemvriosnveis:nainformao(apartirdototalconhecimentoda produo),nocusto,naqualidadeenoaspectoorganizacional(aempresapassaaterum volumedeproduodematria-primacontroladoporelamesma,ganhacapacidadede discernirentreanecessidadedefazercontratosdemaioroumenorprazoecapacidadede controlar mais facilmente os estoques de suco concentrado congelado (VIERA, 2003). ParaSantos(2011),comoaconfianaumfatorpreponderanteparaquetodosos fatorescitados funcionem adequadamente,foi encontrado um sentido de verticalizao nesta cadeia,cujoobjetivomaioreraasseguraramanutenodessascaractersticas.Valeressaltar que as cadeias do setor alimentcio e agrcola sofrem com os fatores de incertezas climticos e econmicos. XX SIMPSIO DE ENGENHARIA DE PRODUO Engenharia De Produo & Objetivos De Desenvolvimento Do Milnio Bauru, SP, Brasil, 4 a 6 de novembro de 2013 13 5.Consideraes Finais Asempresasquereestruturaramsuascadeiasdesuprimentosaquidescritasnose limitaramaumaremodelaoadministrativaoudefornecedores.Reorganizaram completamente seu modo de produzir ou adquirir bens e matrias primas. Esta reestruturao, feitapioneiramentepelaVolkswagenem1996,sesolidificoucomoumanovaformade produzirelogoinfluenciouasoutrasempresasautomobilsticascitadas,cadaumacomuma forma de reestruturao que se no idntica da Volkswagen, pelo menos em sua essncia. Emtodososcasosdescritosdehorizontalizao,essasempresasreaproximaram considerveiselosemsuascadeiasdesuprimentos,agilizandoseusprocessosprodutivose reduzindo estoques. importante analisar que mesmo as empresas que visaram uma integrao com maior tendnciavertical,apresentaramsuasjustificativasparatanto,comoocasodaCitrosuco. Outra empresa do setor agro alimentcio que apresentou um interessante caso foi o da Sadia, que combinou a integrao vertical com a horizontal em sua cadeia. Esteartigoprocuroudemonstrarqueasreestruturaeshorizontaiseverticaispodem ocorreremqualquersetorprodutivo,dadoqueosexemplosmostradosvariamdesdea indstria automobilstica, de alto valor agregado, at a indstria de setores primrios como o agropecurio e o ctrico. Referncias ANFAVEA. Anurio da Indstria Automobilstica Brasileira. So Paulo. 2013. ANFAVEA. Tabela estatstica. 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