REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA E TRABALHO: UM ESTUDO SOBRE UMA EMPRESA DO SETOR SUCROALCOOLEIRO, NA REGIÃO DO TRIÂNGULO MINEIRO, NA DÉCADA DE 2000

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    REESTRUTURAO PRODUTIVA E TRABALHO: UM ESTUDO

    SOBRE UMA EMPRESA DO SETOR SUCROALCOOLEIRO, NA

    REGIO DO TRINGULO MINEIRO, NA DCADA DE 2000

    Pablo G!l"#$%# Ma$l!'o P#$#!$aMestrando em Cincias Sociais/UFU e membro do Grupo de Pesquisa Trabalho Educao e Sociedade

    GPTES/!UPECS/UFU"#pablo$mps%&ahoo#com#br

    (ab!a'# Sa')a'a P$#*!)all!'ocente do 'epartamento de Cincias Sociais da Uni(ersidade Federal de Uberl)ndia e Coordenadora do

    Grupo de Pesquisa Trabalho Educao e Sociedade GPTES/!UPECS/UFU"#*abianesp%netsite#com#br

    R#+%o: Este arti$o ob+eti(a discutiro mundo do trabalho assalariado rural no conte,to dareestruturao produti(a do capital# -s mudanas introdu.idas no campo particularmente a*ormao dos comple,os a$roindustriais tm atin$ido um con+unto amplo de trabalhadoresque (m e,perimentando mudanas tanto de ordem tecnol0$ica quanto nas rela1es s0cio2culturais de trabalho# 3s moti(os en(ol(em a crescente mecani.ao de *ases do processo

    produti(o a adoo de insumos biotecnol0$icos as no(as rela1es inter*irmas bem comoa necessidade de reestruturao do setor (isando 4 conquista de mercados no 5rasil e noe,terior# 6nicialmente caracteri.amos o mundo do trabalho contempor)neo e seus

    desdobramentos de ordem or$ani.acional tecnol0$ica e sub+eti(a# Em um se$undomomento apresentamos a problem7tica da questo a$r7ria no 5rasil a permanncia departicularidades na sua *ormao econ8mica# E o processo de moderni.ao do campo quepelas pol9ticas de subs9dios dos di*erentes $o(ernos re(ela a import)ncia que o setorsucroalcooleiro tem assumido enquanto tendncia nas ultimas d:cadas# Em se$uidadiscutimos resultados parciais de um estudo de caso que (em sendo reali.ado em umaempresa sediada na cidade de Can7polis ; MG que comp1e a cadeia produti(a do setorsucro2acooleiro na

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    INTRODUO:

    - REESTRUTURAO PRODUTIVA E O MUNDO DO TRABALHO:

    'urante as >ltimas d:cadas as economias capitalistas desen(ol(idas e em

    desen(ol(imento (m so*rendo pro*undas trans*orma1es que esto associadas por umlado a um processo de reestruturao das *ormas de or$ani.ao do capital a n9(el

    internacional sob a in*luncia da ordem pol9tico2econ8mica neoliberal# Por outro lado

    esto associadas a uma no(a onda de di*uso de ino(a1es tecnol0$icas e/ou

    or$ani.acionais ao lon$o das mais di(ersas cadeias produti(as en(ol(endo

    transnacionali.ao das empresas e inte$rao dos mercados imprimindo um no(o padro

    nas rela1es inter*irmas e uma no(a din)mica na concorrncia intercapitalista

    P

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    se como racionalidade inconclusa e que o to&otismo desen(ol(e por mecanismos de

    comprometimento na dimenso sub+eti(a -@?ES ABBB"#

    !os n9(eis superiores da cadeia en(ol(endo a empresa2me contratante" e

    *ornecedores de primeira linha pode2se obser(ar a e,i$ncia por um trabalhador com

    maiores n9(eis de escolaridade *ormal maiores in(estimentos em treinamento e maior

    estabilidade de um $rupo central de trabalhadores altamente quali*icados e *le,9(eis dado

    o maior $rau de inte$rao e di*uso tecnol0$ica entre as partes en(ol(idas

    Pndio no 5rasil S6@?- ABBA"# - estrutura *undi7ria do pa9s nasce assim

    sob os pilares da $rande propriedade rural que numa economia a$r9cola a posse

    concentrada da terra si$ni*ica posse concentrada de renda e de poder FU

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    Primeira @ei de Terras promul$ada em =LB# Esta lei asse$ura(a um acesso restrito 4

    posse da terra e $arantia como conseqOncia a permanncia dos escra(os libertos e dos

    pobres como trabalhadores das *a.endas# 'etermina(a que somente mediante pa$amento

    em dinheiro : que seria le$ali.ada a propriedade pri(ada da terra# 'essa *orma os escra(os

    e os libertos permaneceram despossu9dos de seu principal meio de trabalho# !o 5rasil a

    consolidao do lati*>ndio enquanto base da produo a$r9cola do pa9s te(e como

    incenti(o a constituio da base le$al da propriedade da terra G3MES ABBAH S6@?-

    ="# Que dentre outras *ormas empre$adas buscou $arantir a manuteno da *uno

    colonialR

    !o seu con+unto e (ista no plano mundial e internacional a coloni.ao dos tr0picostoma o aspecto de uma (asta empresa comercial mais comple,a que a anti$a *eitoriamas sempre com o mesmo car7ter que ela destinada a e,plorar os recursos naturais de

    um territ0rio (ir$em em pro(eito do com:rcio europeu# I este o (erdadeiro sentido dacoloni.ao tropical de que o 5rasil : uma das resultantesH e ele e,plicar7 os elementos*undamentais tanto no social como no econ8mico da e(oluo e *ormao hist0ricados tr0picos americanos# Se (amos 4 essncia da nossa *ormao (eremos que narealidade nos constitu9mos para *ornecer a>car tabaco al$uns outros $nerosH maistarde ouro e diamanteH depois al$odo e em se$uida ca*: para o com:rcio europeu#

    !ada mais que isso# I com tal ob+eti(o e,terior (oltado para *ora do pa9s e semateno a considera1es que no *osse o interesse daquele com:rcio que se or$ani.aroa sociedade e a economia brasileira# ###"# E prolon$ar2se27 at: nossos dias em queapenas comeamos a li(rar2nos deste lon$o passado colonial P

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    de *ora para dentro# E s0 con*eriu autonomia econ8mica real aos estamentos senhoriais em

    um pontoR onde e na medida em que as posi1es de poder pol9tico que conquistaram

    representassem uma condio para a preser(ao do equil9brio do sistema econ8mico

    e,istente e portanto para a continuidade do suprimento do mercado e,terno#

    3 senhor a$r7rio brasileiro acabou sendo (9tima da situao heteron8mica da

    economia que ele $eria e e,plora(a# Mesmo quando a derrocada parecia iminente ele

    ainda ne$li$encia(a o ponto ne(r7l$ico e se *urta(a a atacar a or$ani.ao (i$ente das

    rela1es de produoR O senhor de escravo, por sua vontade e por suas mos,

    escravizava-se ao escravo e ordem social que se fundara na escravido, condenando-se

    a desaparecer quando esta fosse extinta.FE

    desen(ol(imento do capitalismo no 5rasil# - se$uir cumpre discutirmos em que medida o

    processo de moderni.ao do campo brasileiro : de(edor desse passado colonial#

    1- A /UESTO AGRRIA E O PROCESSO DE MODERNIAO

    -s primeiras medidas em busca de moderni.ar a economia brasileira podem ser

    obser(adas de *orma mais sistem7tica a partir do modelo de industriali.ao dependenteadotado em =NB diri$ido por Get>lio ?ar$as e pela bur$uesia industrial cu+a principal

    caracter9stica : a subordinao da a$ricultura 4 ind>stria# Em estudo recente de Carlos

    =!utriam duas e,pectati(as que os impeliam para o setor monet7rio da economiaR =" Formar uma esp:cie deesp0lio que constituiria a *ortuna ou a rique.a pela qual seria premiados e recompensados pela aud7cia a

    persistncia e o talento# A" mero de opera1esresultados realmente compensadores e estimulantes FE

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    Eduardo Freitas ?ian e 'aniel 5ertoli Gonal(es sobre o setor dois so os *atores que

    desencadeiam as mudanas atuaisR

    ###" em primeiro lu$ar desde a d:cada de =LB (em ocorrendo o processo demoderni.ao da a$ricultura e da a$roind>stria com a mecani.ao da a$ricultura e aautomao industrial# Mais recentemente sur$iu uma crescente preocupao com ocumprimento da le$islao trabalhista e ambiental sendo que isto se de(e em parte amaior insero do setor no mercado internacional que est7 cada (e. mais e,i$entequanto 4 qualidade do produto e com o cumprimento de re$ras trabalhistas e ambientais?6-! e G3!-@?ES# ABB p# B"#

    -tualmente no(as *ormas de or$ani.ao do trabalho tm atin$ido um con+unto

    amplo de trabalhadores que tem e,perimentado mudanas tanto de ordem tecnol0$ica

    quanto nas rela1es s0cio2culturais de trabalho# -s mudanas em curso tm sido

    si$ni*icati(as nos chamados comple,os a$roindustriaisN particularmente a partir da

    se$unda metade da d:cada de =B# 3s moti(os en(ol(em a crescente mecani.ao de*ases do processo produti(o a adoo de insumos biotecnol0$icos que $arantem maior

    produti(idade as no(as rela1es inter*irmas que (isam inte$rar unidades produti(as e

    produtores rurais bem como a necessidade de reestruturao do setor (isando 4 conquista

    de mercados no 5rasil e no e,terior# Se$undo SC3P6!D3 =L"R

    !o 5rasil um dos ramos a$roindustriais mais anti$os : o cana(ieiro# - partir da d:cadade B esta ati(idade econ8mica tornou2se cada (e. mais e,pressi(a no Centro2Sul#'esde ento as a$roind>strias cana(ieiras classi*icaram2se entre as mais produti(as ee*icientes do Pa9s posio alcanada sempre aos pro$ramas de incenti(os e aos

    subs9dios $o(ernamentais que direta ou indiretamente impulsionaram o crescimento dosetor# SC3P6!D3 e ?-@-

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    se$unda *oi a menor demanda por mo de obra empre$ada para a reali.ao dessas tare*asH

    a terceira *oi a queda da necessidade de empre$ados residentes na propriedade e a quarta

    *oi a introduo de uma mudana qualitati(a na procura por trabalhadores ao utili.ar

    pessoas com maior $rau de especiali.ao tratoristas motoristas e operadores de

    m7quinas a$r9colas" em con+unto com as sem especiali.ao"# 6sso *e. com que redu.isse

    si$ni*icati(amente a demanda por mo de obra# Estima2se atualmente que uma destas

    m7quinas substitua cerca de =BB pessoas no campo ?6-! e G3!-@?ES ABB"# -

    F6GUcarR

    (IGURA 3 (ASES DO CULTIVO DA CANA4DE4A5CAR E INCORPORAO DE

    PROGRESSO TCNICO

    FonteR ?6-! e G3!-@?ES ABB"

    Com isso as empresas conse$uiram maior poder de ne$ociao com os $re(istas do

    que possu9am antes (isto que no h7 mais risco de pre+u9.os ele(ados com a parada da

    usina e com a perda de sacarose da cana que esta(a queimada ou cortada# Se por um lado a

    mecani.ao da colheita retira os trabalhadores de um ser(io penoso e esta*ante por outro

    est7 desempre$ando de *orma permanente um $rande contin$ente de pessoas com bai,a

    quali*icao# 3 que acentuou o car7ter sa.onal da ati(idade a$r9cola aumentando a

    necessidade de trabalho tempor7rio e redu.indo o n>mero de contratos permanentes# Este

    processo contudo no se deu de *orma homo$nea mantendo enorme hetero$eneidade

    entre as re$i1es produtoras do comple,o como demonstra a T-5E@- = a se$uirR

    TABELA

    RENDIMENTO DA LAVOURA CANAVIEIRA NO BRASIL E REGI.ES

    SELECIONADAS 3 T6HECTARE

    REGIO 78068 79069 706 7;68 77670 77;678 77967 77677 777600 Va$< =

    BRASIL >2,> >8,21 ;9, ;9,08 ;8,>; 88,>7 87,2 8, 87,2; 81=

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    NO6NE >0,7; >2,>9 >8,92 >>,9 >1,7 >,87 ;,80 >,9 ;0,>9 21=

    C6SUL >1,>0 >,>8 8>, 81,00 80,71 91,>8 98,; 9>,20 9>,81 92=

    S ;,1 91,01 91,;9 92,01 99,>; 9,1 99,7 9,; >8=

    FonteR ?6-! e G3!-@?ES ABB"3 !ordeste cresceu a ta,as muito in*eriores 4s do Centro2Sul do 5rasil e : naquela

    re$io que se encontram tamb:m os piores sal7rios e condi1es de trabalho# 3 que se

    (eri*ica : uma di*erena re$ional na demanda por *ora de trabalho no Centro2Sul e no

    !ordeste# Enquanto no primeiro a demanda por trabalhadores mais quali*icados cresceu

    na se$unda a demanda ainda : por trabalhadores menos quali*icados e que recebem

    sal7rios menores ?6-! e G3!-@?ES ABB"#

    Mesmo nos locais em que este processo se deu de *orma mais e,itosa na re"io

    de #ibeiro $reto que"% mais conhecida como a &alifrnia 'rasileira SC3P6!D3

    =L p#L" em que se (eri*icou a di(ersi*icao de economia a e,panso a$roindustrial o

    aumento da populao e o consequente crescimento do terceiro setorR

    ###" a di(ersi*icao das ati(idades econ8micas que potenciali.a as oportunidades deempre$o no redundou em n9(eis salariais ele(ados e condi1es de (ida in(e+7(eis# -carestia e seus e*eitos deteriorantes da qualidade de (ida so os maiores problemasen*rentados pela populao# !a Cali*0rnia 5rasileira o custo de (ida situa2se entre osmais ele(ados dos re$istrados do Pa9s e JW da populao classi*icou2o como sendoruim ou p:ssimo Folha de So Paulo =N"# Com certe.a a

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    a$roind>stria# 3bser(a2se um processo de realocao $eo$r7*ica de empresas locali.adas

    em outras re$i1es do pa9s particularmente do interior estado de So Paulo para a re$io do

    Trian$ulo Mineiro assim como a implantao de no(as unidades produti(as com

    si$ni*icati(o n9(el de automao e mecani.ao as quais estabelecem estreita cooperao

    com as empresas locali.adas no interior de So Paulo P

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    Em (isita reali.ada em +ulho de ABB a empresa possu9a BB trabalhadores nesta

    unidade produti(a destes AJ so trabalhadores da usina e =B comp1em o corpo

    administrati(o e ser(ios $erais mais A#A trabalhadores ==B se,o *eminino e A#= se,o

    masculino" en(ol(idos em ati(idades desempenhadas no campo sendo que destes =#BB

    recebem por produti(idade e so mensalistas#

    =B

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    BIBLIOGRA(IA

    -5

    caso. 'issertao de mestrado# CampinasR 6FCD/U!6C-MP# =J#Pstriacana(ieira# 6!R Economia Ensaios# ?ol# AA# !# =# Uberl)ndiaR E'UFU ABB#

    ==

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