NR33- sucroalcooleiro

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PUBLICAO Referncia: Anais do IV Frum Ambiental da Alta Paulista Abrangncia do Evento: Nacional Instituio Organizadora: ANAP Associao Amigos da Natureza da Alta Paulista Perodo de Realizao do Evento: 21 a 24 de julho de 2008 Local do Evento: Estncia Turstica de Tup/SP TRABALHO Categoria do Trabalho: Acadmico / Artigo Completo Eixo Temtico: Relaes de Trabalho, Produo e Ambiente Forma de Apresentao: Oral Forma de Publicao: Eletrnica em CD-Rom PERIDICO DO ELETRNICO Nome: Frum Ambiental da Alta Paulista ISSN: 1980-0827 Pginas: Ser fornecida no CD-Rom Volume: IV Ano: 2008

ATENO MODELO DO CD-ROM A ADEQUAO DOS ESPAOS CONFINADOS DAS USINAS SUCROALCOOLEIRAS NOVA NR 33

Marcus Vinicius Gonalves Pimentel 1

RESUMO: Com a aprovao da nova Norma Regulamentadora no. 33 (NR 33), praticamente todas as usinas do setor sucroalcooleiro passaram a perceber como muitas de suas atividades so de alto risco para os trabalhadores e que muitos lugares existentes na planta so considerados espaos confinados, alm de explicar o motivo de muitos acidentes que j aconteceram sem nenhuma causa ou motivo aparente. Com isso, todas as obrigaes que a norma determina, esto gerando grandes mudanas e adaptaes nas atividades, nos procedimentos e nos equipamentos, alm de provocar a criao de medidas rpidas e eficientes que atingem desde os trabalhadores envolvidos nas atividades em espaos confinados at gerentes e diretores, forando a mudana da viso e do entendimento de normas e medidas de segurana com o objetivo de proteger a todos. Assim esse trabalho visa principalmente, pesquisar quais so essas1

Engenheiro Eletricista; Ps Graduando em Engenharia de Segurana do Trabalho pela UNILINS - Centro Universitrio de Lins; [email protected]

adaptaes e como elas podem ser implementadas nas empresas do setor sucroalcooleiro, buscando sempre atender a todas as determinaes da norma e tornar os trabalhos em espaos confinados mais seguros e com os riscos controlados, mostrando tudo isso de uma maneira prtica e objetiva.

Palavras-chave: Adequao. Espao confinado. Sucroalcooleiro.

1 INTRODUO

O trabalho em espaos confinados sempre existiu em todos os tipos de empresas, mas s a partir da publicao da Norma Regulamentadora n o. 33 (NR 33) essas atividades passaram a ser padronizadas e fiscalizadas atravs das determinaes da nova norma com o intuito de proteger os trabalhadores e prevenir acidentes. A partir da nova norma, muitas empresas e principalmente as usinas sucroalcooleiras passaram a perceber com maior clareza como muitas de suas atividades so realizadas em espaos confinados com vrios riscos para os trabalhadores. Com isso, todas essas regras e determinaes delimitadas pela NR 33 fizeram com que as usinas sucroalcooleiras se movimentassem para a realizao de mudanas e adaptaes profundas em sua estrutura organizacional, procedimentos, equipamentos e principalmente na conscientizao de todos os colaboradores, atingindo desde os operrios at os gerentes e diretores, delineando as obrigaes e responsabilidades de cada um dentro da usina para qualquer trabalho realizado nos espaos confinados, o que diferencia em muito a NR 33 das demais. Com isso, todas essas adequaes passaram a ter grande importncia no cotidiano das usinas, demonstrando o quanto difcil a identificao, a elaborao e a implantao de todas essas mudanas que vo desde os treinamentos de operrios, vigias e supervisores de entrada at a adequao dos acessos, equipamentos, instalaes, modificaes estruturais e a compra de aparelhos e dispositivos para a

eliminao ou controle dos riscos e a realizao dos trabalhos em espaos confinados com segurana s pessoas participantes. Assim, os objetivos do estudo so: pesquisar, avaliar e identificar as adequaes dos espaos confinados das usinas sucroalcooleiras com a finalidade de atender as determinaes da NR 33 e analisar como essas adequaes podem ser implantadas.

2 AS ORIENTAES E DETERMINAES DAS NORMAS RELACIONADAS AOS ESPAOS CONFINADOS

Aps a publicao da nova NR 33, cujo ttulo Segurana e Sade nos Trabalhos em Espaos Confinados, muitas discusses foram iniciadas e mesmo sendo recentemente elaborada, j existem dvidas e at sugestes de alteraes e melhorias. Essa norma tem como objetivo determinar os requisitos mnimos para a identificao dos espaos confinados, o reconhecimento, a avaliao, o monitoramento e o controle dos riscos existentes, para garantir a segurana de todos os trabalhadores envolvidos nas atividades nesses locais. Outras normas que tambm orientam sobre os trabalhos em espaos confinados, mas que no tem o carter disciplinador da NR 33, so as Normas Brasileiras n o. 14787 e 14606 (NBR 14787 e NBR 14606), que tem como ttulos, Espao Confinado Preveno de Acidentes, Procedimentos e Medidas de Proteo; e Postos de Servio Entrada em Espao Confinado, respectivamente, foram analisadas e serviram de base tcnica para a elaborao da NR 33, pois j possuam importantes informaes e delimitaes que padronizam as atividades realizadas nos espaos confinados. Com isso o espao confinado ficou definido da seguinte maneira:

Espao confinado qualquer rea ou ambiente no projetado para ocupao humana contnua, que possua meios limitados de entrada e sada, cuja ventilao existente insuficiente para remover contaminantes ou onde possa existir a deficincia ou enriquecimento de oxignio. (MTE. NR 33, 2006, p.1).

Baseado nessa definio, vrios locais que antes no eram tratados com recomendaes especiais, passaram a ser classificados como espaos confinados, sendo exemplos tpicos como: caldeiras, tanques, poos, biodigestores, transportadores enclausurados, elevadores de canecas, silos, esgotos, tubulaes, torres, colunas de destilao, caixas de passagens, lavadores de gases, fornos, moinhos, secadores, prensas, entre outros, nas diversas indstrias, empresas, agropecurias e construes. No contexto da norma, tambm esto dispostos as responsabilidades tanto do empregador quanto do empregado, para delimitar claramente as obrigaes de cada um dentro das delimitaes da norma. Alm disso, a norma descreve vrias medidas de segurana divididas em tcnicas de preveno, administrativas e pessoais, envolvendo desde a administrao, a engenharia e por ultimo a sade dos trabalhadores. Em relao s medidas tcnicas de preveno, destacam-se alguns pontos como a identificao, isolamento e sinalizao; antecipao e reconhecimento dos riscos; previso de acessos, bloqueios, travas, etiquetagens, lacres e alvios; especificao de equipamentos apropriados para iluminao, ventilao, exausto e resgate; especificao de instrumentos de avaliao e monitoramento da atmosfera; avaliao e monitoramento da atmosfera dos espaos confinados durante a execuo de trabalhos; aferio, calibrao e testes de instrumentos. Outra determinao sobre a realizao da Anlise Preliminar de Risco (APR), com um estudo e implantao de medidas para eliminar ou controlar os riscos que possam afetar a segurana e sade dos trabalhadores. So obrigatrios, ainda, o desenvolvimento e a implantao de um Programa de Proteo Respiratria, de acordo com a anlise de riscos, considerando o local, complexidade e o tipo de trabalho a ser desenvolvido. J as medidas administrativas possuem como principais determinaes a elaborao de um procedimento para entrada e trabalho em espaos confinados, e o preenchimento da PET com as assinaturas dos supervisores de entrada entregue aos vigias para autorizao do incio das atividades. O procedimento de entrada e trabalho em espaos confinados composto pela guarda dos locais com sinalizaes e barreiras; isolamento do espao com travamento, bloqueio e etiquetagem; eliminao e controle de riscos existentes, inclusive com os

testes dos riscos atmosfricos e identificao dos equipamentos necessrios para a realizao das tarefas; planejamento da atuao das emergncias e salvamentos; manuteno da comunicao e das tarefas de cada trabalhador participante dos servios e o monitoramento das atividades dentro e fora dos espaos confinados. A elaborao, preenchimento, organizao e arquivamento das PETs deve ser de acordo com as necessidades e riscos das empresas, sempre respeitando as determinaes da norma, e consistindo num sistema rpido e eficiente, que proporcione a realizao de todos os itens de segurana constantes nela, com o conhecimento, autorizao e comunicao dos trabalhadores autorizados, vigias e supervisores e principalmente a certeza de que nenhum trabalho ser realizado sem que exista uma PET. Por ltimo, s medidas pessoais esto diretamente relacionadas a sade, a informao, ao treinamento e a definio das funes dos trabalhadores nas atividades em espaos confinados. Em relao sade, a norma delimita que todos os trabalhadores que estejam envolvidos em atividades ligadas aos espaos confinados devero passar por exames mdicos convencionais e especficos de acordo com os riscos presentes em cada espao confinado que ele atue, buscando acompanhar o andamento da sade dos colaboradores e tambm identificar se alguma medida de proteo possa falhar e afetar os trabalhadores. No treinamento, todos os trabalhadores que atuam em espaos confinados devem receber capacitao a cada doze meses com carga horria mnima para trabalhadores autorizados e vigias de dezesseis horas e para supervisores de entrada de quarenta horas, sendo realizados durante o horrio de trabalho. O contedo do treinamento deve possuir informaes sobre definio e identificao de espaos confinados; reconhecimento e avaliao de riscos; indicao e uso de equipamentos; conhecimento de prticas seguras; legislao de segurana e sade; procedimento e utilizao da PET; noes e operaes de resgate e primeiros socorros; programa de proteo respiratria e rea classificada, sendo tambm fundamental, aliar todos esses conhecimentos a prtica, com o desenvolvimento de aula prtica no mesmo treinamento.

Alm do treinamento e da capacitao dos trabalhadores, a NR 33 tambm estabelece trs funes bsicas: a do supervisor de entrada, a do vigia e a do trabalhador autorizado. O supervisor tem o dever de emitir a PET antes do inicio das atividades, sendo que, cada vez que houver sada e antes do reingresso no espao, o trabalho reavaliado e emitida uma nova PET com todos os testes e a verificao se est tudo correto com os equipamentos e procedimentos previstos. O vigia o que fica fora e junto entrada do espao confinado, mantendo contato permanente com os trabalhadores autorizados, tendo a obrigao de manter a contagem exata de quantos esto no espao e de assegurar que todos retornem bem ao trmino da atividade. Se necessrio, ele quem aciona a equipe de salvamento e ordena o abandono do espao confinado. J o trabalhador autorizado o que ingressa em espaos confinados para realizar tarefas como manuteno, limpeza, pintura e instalao. Nas determinaes complementares da NR 33 so retratadas, as emergncias e salvamentos, em que as empresas devero assegurar que cada membro do servio de resgate tenha equipamento de proteo individual, respiratria e de resgate necessrios para operar em espaos confinados e sejam treinados no uso adequado dos mesmos e para desempenhar as tarefas de resgate designadas, atravs de treinamentos prticos e tericos. O sistema de resgate dever possuir movimentadores verticais e horizontais, rdios comunicadores e equipamentos de locomoo de vtimas que facilitem a retirada e o salvamento dos colaboradores que estiverem dentro dos espaos confinados.

3 OS ESPAOS CONFINADOS NAS USINAS SUCROALCOOLEIRAS

Baseado em todos os conhecimentos e informaes obtidas nos textos a respeito de espaos confinados, na NR 33, na NBR 14787, na NBR 14606 e fundamentalmente na pesquisa desenvolvida nas usinas sucroalcooleiras, foi traado uma srie de medidas e passos para se conseguir alcanar os objetivos almejados e encontrar as adequaes necessrias.

Primeiramente, o processo de adequao dos locais confinados deve iniciar com a apresentao, informao e conscientizao de todos os profissionais envolvidos, desde a gerncia at os trabalhadores autorizados, atravs de treinamentos e palestras que demonstrem o grau de importncia do assunto e o envolvimento de todos. Nesse momento tambm pode ser feita a definio do responsvel tcnico, dos supervisores de entrada, dos vigias e dos trabalhadores autorizados para receberem treinamentos e estarem habilitados e capacitados, sendo possvel tambm a parceria das usinas com empresas especializadas em segurana do trabalho e em treinamentos sobre o assunto. Outra medida inicial para o programa de preveno de acidentes em espaos confinados a identificao e sinalizao dos locais confinados junto com os responsveis pela produo, conforme a figura 1(A), com o objetivo de definir esses locais para a realizao da Anlise Preliminar de Riscos (APR) de cada um deles, promovendo a antecipao, reconhecimento e avaliao dos riscos. Baseado nisso, os principais espaos confinados existentes nas empresas do setor sucroalcooleiro esto relacionados na tabela 1, de acordo com cada setor pertencente produo de acar e lcool e exemplificado na figura 1(B).

Tabela 1: Principais espaos confinados das usinas sucroalcooleiras SETOR DA PRODUO Preparo de cana Tratamento de Caldo Filtros Evaporao Cozimento Centrifugao Secagem Armazenagem de Acar Fermentao EQUIPAMENTOS CONSIDERADOS ESPAOS CONFINDOS Nivelador de cana, Conjunto de facas e Martelos Cop 5, Desfibrador Cop 8, Espalhador de Cana, Rolo Alimentador do Desfibrador Caixas de Distribuio de Cal, Caixas de Caldo Dosado, Caixas de Preparo de Polmero, Decantadores de Caldo, Peneiras Rotativas Caixa de Preparo e Distribuio de Lodo, Tanques de Polmero, Filtros Rotativos, Tanque de Caldo Filtrado Caixa de Caldo Decantado, Caixa de Caldo Pr-Evaporado, Pr-Evaporadores, Evaporadores, Flotadores de Xarope, Tanque de Xarope Filtrado, Balo de Aerao dos flotadores, Balo de Condensao, Caixa de gua Condensada, Caixas de Depsito de Soda Cozedores de Acar, Cristalizadores, Caixas de Magma e Sementeira, Caixas de Mel Rico, Caixas de Mel Pobre, Caixas de Xarope Flotado Tanque Pulmo de Mel Pobre, Caixas de Mel Rico, Caixas de Mel Pobre, Caixas de Mel Final Secadores, Caixas de Lavagem de P, Silos de Acar Silos de Ensaque, Filtros Manga do Sistema de Exausto Tanques de Mel, Tanques de cido Sulfrico, Pr-Fermentadores, Dornas de Fermentao, Tanques de Antiespumante,

Destilaria Armazenagem de lcool Gerao de Vapor Tratamento de gua Bombeamento de Vinhaa

Caixas de Vinho e gua, Dornas Volante Colunas de Destilao, Tanques de Ciclohexano, Tanques de lcool, Tanques de leo Fsel, Caixas de Flegmassa, Caixa de gua Condensada, Dornas de Diluio de lcool, Caixas de lcool Diludo Tanques de Depsito de lcool, Tanques de leo Fsel Geradoras de Vapor (Caldeiras), Vasos de Presso, Tanques de Resina, Abrandadores de gua, Filtros de Carvo, Desaeradores de gua, Caixas de gua Condensada, Tanques de gua Tratada, Lavadores de Gases, Exaustores de Gases, Chamins Tanques de Floculante, Tanques de Hipoclorito de Sdio, Clarificadores, Filtros para Slidos, Filtros Anaerbicos, Tanques de gua Bruta, Tanques de gua Tratrada Vasos de Presso, Caixas de Depsito de Vinhaa

Aconfinado.

B

Figura 1 - (A) Sinalizao para identificao de um espao confinado. (B) Evaporador considerado espao

Durante a realizao das APRs, so encontrados desde os riscos mais comuns como deficincia de oxignio, falta de ventilao, problemas mecnicos e ergonmicos, presso sonora, vibrao, falta de iluminao e choque eltrico, existentes na maioria dos locais confinados. Alm disso, existem os riscos especficos como: a presena de produtos qumicos (ciclohexano, cido sulfrico, soda castica, enxofre, polmeros, cal virgem, metano, nitrognio), poeira de bagao e acar, atmosfera explosiva, ttano,

fungos, bactrias, presses anormais, temperaturas excessivas, grande quantidade de servios com corte e solda (a quente), dificuldade de acesso dos locais, dimenses pequenas e a falta de bloqueios, isolamentos, etiquetas e drenos nas tubulaes. Alm das APRs, o programa de preveno tambm deve contm os procedimentos de entrada, trabalho, emergncia e salvamentos nesses locais, inclusive prever a elaborao e definio de um modelo de PET que melhor se adapte aos servios que forem realizados nos espaos confinados e estrutura da usina, mas sempre respeitando a norma, a emisso de Ordem de Servio (OS), a criao das Instrues de Trabalhos (ITs) e os Procedimentos de Segurana e Sade (PSS) especficos para cada um dos espaos. Todo o gerenciamento e a organizao dos documentos pode ser feita atravs de softwares de arquivos especficos ou at mesmo por simples guarda de arquivos digitais, mas que possibilitem livre acesso aos trabalhadores e a fiscalizao. O procedimento de entrada deve conter requisitos essenciais como a abertura de uma OS a cada servio ou atividade nos espaos confinados, com as seguintes informaes e determinaes: Instrues de trabalho e segurana especficas do local; Equipamentos de proteo individual e coletivo necessrios; Medidas preventivas que precisam ser realizadas para aquele espao; Mtodos de inertizao, ventilao e exausto caso necessrio; Check-list contendo a identificao de todos os riscos relacionados na APR; Quais os bloqueios, etiquetas, travas, lacres e alvios de vlvulas e circuitos eltricos que precisam ser realizados antes do incio das atividades; Testes e vistoria dos equipamentos de monitoramento da atmosfera desses locais; Medio e avaliao de gases txicos e explosivos com os equipamentos de monitoramento da atmosfera; Preenchimento completo da PET pelo supervisor de entrada com o monitoramento e acompanhamento do tcnico ou engenheiro de segurana do trabalho; Verificao dos rdios comunicadores, com o aviso de realizao do servio para a equipe de emergncia e salvamento;

Instalao e disposio de iluminao prpria para esses trabalhos, equipamentos de resgate, movimentadores verticais e horizontais, cintos e meio de locomoo disponvel;

Organizao das ferramentas que forem necessrias; Informaes para todos os envolvidos sobre quais servios sero realizados e dos riscos existentes; Autorizao por escrito pelo supervisor de entrada na PET e pela equipe de segurana do trabalho na OS. Acompanhamento e monitoramento durante todo o perodo dos servios, pelo vigia; Encerramento da PET e da OS, quando terminar as atividades ou qualquer risco ou situao no identificados anteriormente ocorrer, com a comunicao de todos os envolvidos. Outro ponto muito discutido e importante a adequao fsica dos espaos

confinados e a aquisio de equipamentos e materiais fundamentais para a preveno de acidentes, pois exigem alm da compreenso dos gerentes e diretores das usinas, e investimentos que no eram planejados anteriormente. A mudana mecnica desses locais consiste na instalao de bloqueios, travas, etiquetas, lacres e alvios para os equipamentos e dispositivos como vlvulas e circuitos eltricos, prevendo inclusive a modificao de tubulaes que acessem os locais confinados com a instalao de vlvulas de bloqueio e drenos prximas a vlvulas de controle existentes. Atravs da figura 2, pode-se verificar a necessidade da instalao, j que caso a vlvula tenha algum problema, ela pode abrir e atingir os trabalhos que estiverem l dentro.

Figura 2 - Vlvulas automticas sem estarem bloqueadas por vlvulas manuais e dreno entre elas.

A melhoria dos acessos a esses equipamentos considerados espaos confinados tambm outro problema, pois quando so instalados no so considerados o layout, formas de acesso e nem mesmo o correto dimensionamento das bocas de entrada e visita para o fcil acesso dos trabalhadores e de dispositivos como macas e trips de movimentao vertical e horizontal, sendo observado na figura 3 (A). Com isso, a padronizao de bocas de visitas e patamares prximos esses equipamentos deve ser realizada para prevenir possveis problemas durante os trabalhos e emergncias, demonstrado na figura 3 (B).

A

B

Figura 3 (A) Lavador de Gases considerado espao confinado com a boca de visita original. (B) Boca de entrada e visita melhor dimensionada (1,0 x 1,5m) e sucessora das antigas, facilitando o acesso.

Outro ponto que tambm depende de investimento, a especificao e aquisio de instrumentos de deteco de gases txicos, explosividade, concentrao de oxignio e temperatura ambiente, chamados de Multi-Gases, Oxmetro, Explosmetro e Termmetro para a verificao inicial e o monitoramento durante a realizao dos trabalhos. Alm desses instrumentos, tambm so necessrios EPIs especficos para cada risco tanto para os trabalhos internos quanto para as emergncias, como mscaras, cilindros de ar respirvel; dispositivos para movimentao vertical e horizontal como trips, trava quedas, cintos e cordas; e equipamentos que possam realizar a ventilao, exausto ou refrigerao dos espaos confinados, conservando as condies aceitveis da atmosfera interna, como ventiladores e insulfladores. Os equipamentos de comunicao nesses locais devem ser especificados para operarem de acordo com os riscos existentes e serem intrinsicamente seguros, o que tambm deve acontecer com os equipamentos e dispositivos eltricos para utilizao interna, intrinsicamente seguros, alimentados em extra baixa tenso (menor que 50V), protegidos por um Disjuntor Residual (DR) e que no ofeream risco de choque eltrico e exploso. A realizao de exames de sade pertencentes ao Atestado de Sade Ocupacional (ASO), junto com exames mais especficos de acordo com os riscos existentes nos espaos confinados para todos os colaboradores envolvidos nesses espaos outra adequao que no s envolve os locais confinados como a estrutura corporativa das usinas. Assim, todas essas adequaes so resultados obtidos da juno da anlise e estudo de todas as delimitaes e determinaes da NR 33, com a pesquisa de campo nas usinas sucroalcooleiras, na busca de conseguir adequar todos os espaos confinados existentes na planta norma e tambm demonstrar como essas adaptaes podem ser implementadas de uma maneira clara e objetiva, pois consiste num sistema continuo de mudana e adaptao em que sempre necessrio a reavaliao e auditoria peridica de todo o sistema, indo desde o programa de preveno de acidentes, os procedimentos de segurana, as prticas de trabalho, as instalaes, os processos, os equipamentos, os instrumentos, as habilitaes, as capacitaes at o controle da sade todos os envolvidos nesse contexto.

4 CONCLUSO

A NR 33 foi elaborada com base nos vastos conhecimentos de seus idealizadores e nas informaes das NBR 14787 e NBR 14606 que tambm se referem aos espaos confinados. Muitas empresas brasileiras j possuam alguns procedimentos para trabalhos nesses locais antes mesmo da publicao da norma, como o caso de algumas petroqumicas, mas outras como as usinas sucroalcooleiras s tiveram algumas medidas de segurana depois que a norma foi publicada, com todas as determinaes. Com isso, as usinas passaram a ter inmeras adequaes para realizarem que atingiam desde os trabalhadores envolvidos at os gerentes e diretores com a indicao do responsvel tcnico e as obrigaes do empregador. Assim, muitos de seus equipamentos e reas da planta passaram a ser considerados espaos confinados, levando a adaptaes e mudanas grandes em seus acessos, a compra de equipamentos de monitoramento e a elaborao de procedimentos para trabalhos em locais confinados, contanto inclusive com a emisso e guarda das PET s, geradas antes de cada entrada e com a assinatura dos supervisores, como responsveis. Por isso, a adequao dos espaos confinados das empresas do setor sucroalcooleiro gerou vrias anlises especficas relacionadas aos seus equipamentos, pois muitos dos riscos existentes nos outros tipos de indstrias no existiam nas usinas e em contrapartida outros novos riscos, como a alta temperatura no interior desses locais, foram surgindo quando se comeou a implantao dessas adequaes, demonstrando como um setor industrial interessante em se pesquisar e analisar quando se refere as mudanas e adaptaes que as usinas esto sofrendo e outras que ainda sero implantadas, para se conseguir adequar a nova NR 33.

REFERNCIAS

ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR 14606:2000: postos de servio entrada em espao confinado. Rio de Janeiro, 2.000. _____________________________________________. NBR 14787:2002: espao confinado preveno de acidentes, procedimentos e medidas de proteo. Rio de Janeiro, 2.002. FUNDACENTRO - FUNDAO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANA E MEDICINA DO TRABALHO. Espaos Confinados Livreto do Trabalhador. So Paulo, 2.006. Disponvel em: . Acesso em: 05 nov. 2.007. MINISTRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Norma Regulamentadora no. 33: segurana e sade nos trabalhos em espaos confinados. Braslia, 2.006. NORMAS. Modelo de apresentao de artigo completo. Disponvel em: . Acesso em: 31 mar. 2.008. VIEGAS, C. Espaos Confinados Agora Lei. Proteo, ano 20, n. 183, p. 32-50, mar. 2.007.