Reflexões - A Moda como Objeto de Estudo - Fashion Bubbles

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  • 8/9/2019 Reflexes - A Moda como Objeto de Estudo - Fashion Bubbles

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    Blog > Histria da Moda > Moda e Consumo: Reflexes A moda como objeto de estudo

    Manish Arora outono/inverno 2009/10

    Hoje vivemos a Era do Consumo. A contemporaneidade marcada fundamentalmente pelasrelaes entre indivduo, sociedade, signos e mercadorias. A nossa relao com os objetos hoje fruto da mudana dos valores funcionais para valores de signo, ou seja, a funcionalidade do objeto

    fica em segundo plano, nos interessa, no entanto, o que ele representa. A moda muito importantenesta dinmica porque funciona como um sistema. Muito mais do que lindos rostos na TV ouvitrines luxuosas, a moda participa do cotidiano de todos os indivduos, de forma contundente e demaneira a guiar-lhes todos os passos: alimentao, cultura, sade entre outros.

    O ciclo de vida dos produtos cada vez menor; na moda isso expresso mxima. Hojeprocuramos o novo a todo o momento e a qualquer custo, dessa forma, a moda, caracterizada pelociclo efmero de vida de produtos, torna-se categoria cultural e tambm objeto de estudo defilsofos e socilogos.

    Nas ltimas dcadas, principalmente com a contribuio de Gilles Lipovetsky, o assunto moda foielevado categoria nobre de objeto de estudo, a partir do momento que sua dinmica passa a serinteressante tambm para as outras indstrias de consumo.

    Para entender a dinmica da sociedade de consumo, Jean Baudrillard consagra o conceito degadget: por trs de cada objeto real h o objeto sonhado diz Baudrillard. Gadget a dinmica quepe em cena o esgotamento do valor instrumental do objeto, reala seu esplendor e seu valor designo. Hoje, o que guia nossos pensamentos a subjetividade, sonhamos em ter uma linda pea deroupa, em jantar em um restaurante bacana, o que comanda so produtos/signos que noscompletam, so almejados, procurados e sonhados: objetos que no tm significados em termos dematria e funo, mas sim na subjetividade e associaes dos signos. So estes os produtos que

    consumimos hoje, os signos.

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    Maninsh Arora semana de moda de Paris outono/inverno 2009/10

    As imagens do estilista indiano Manish Arora que ilustram este texto trazem essa atmosfera desonho, criam momentos mgicos e teatrais. Poderamos dizer que nesta atmosfera irreal que osdesejos dos consumidores flutuam, seja nas lojas, na internet, dentro de suas prprias casas, nasruas, nas relaes com amigos e famlia.

    Day Dream o conceito que o autorColin Campbelltrabalha em seu livro A tica Romntica e oEsprito do Consumismo Moderno o sonhar acordado, a constante espera de emoes, aansiedade permanente, so os indivduos diante da TV ou diante de uma vitrine na rua aguardandoque algum milagre acontea e que todas as maravilhas em forma de signos venham significar algode realmente relevante em suas vidas. Somos todos, na verdade, indivduos frustrados. medidaque colocamos nossas emoes nos produtos de consumo, conquistamos uma felicidade efmera: aocompr-lo estamos felizes, mas logo precisamos comprar novos produtos/objetos/signos, pois osnossos j so obsoletos. Sonhamos acordados e participamos de uma dinmica to engajada nonosso cotidiano que s vezes nem percebemos todo este movimento mental x real. Como diz ColinCampbell quanto mais hbil o indivduo como um artista do sonho, tanto maior ser,

    provavelmente, ento, este elemento de desencanto.

    Maninsh Arora semana de moda de Paris outono/inverno 2009/10

    A mdia faz a conexo desta dinmica. A TV a janela invertida, traz o mundo ao nosso lar.Atravs da mdia, da propaganda, o significado tem autonomia, e os signos esto livres devinculao com os objetos particulares e aptos a serem usados em associaes mltiplas, dizBaudrillard.

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    Este cenrio se apresenta como um enorme desafio para qualquer produto ou servio que sejalanado e oferecido aos consumidores. As caractersticas incertas e subjetivas so os pilares que oestilista de moda dever estar atento.

    Dentro desta perspectiva, o trabalho das empresas de Cool Hunting, que fazem o reconhecimento depadres de comportamento, muito procurado na atualidade. So empresas-observatrios que

    oferecem informaes preciosas sobre os potenciais compradores de moda ou qualquer outro tipode produto/servio, trabalhando sempre para descobrir o novo, mas este ser o assunto para oprximo post.

    Manish Arora e MAC

    Jean Baudrillardem Sociedade de Consumo diz que no compramos objetos para possu-los e simpara destru-los. A cada nova compra j estamos pensando na prxima. A efemeridade da modaacaba funcionando como antdoto para curar a ansiedade e saciar em pequenas pores a sede deemoes. A cada semana, uma nova coleo na vitrine, a cada dia um novo captulo na novela dasoito, a cada seis meses a nova verso do carro do ano, um novo restaurante imperdvel inaugurado. Somos todos, ento, atores no teatro do consumo.

    Coleo Swatch e Manish Arora

    Fontes e links:

    Imagens: Vogue UK

    BAUDRILLARD, Jean. A Sociedade de Consumo. Lisboa: Edies 70, 1981

    CAMPBELL, Colin. A tica Romntica e o Esprito do Consumismo Moderno. Rio de Janeiro:

    Rocco, 2001.

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