Reflexões do Poeta

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Os Reflexes do Lusadas PoetaFaa clique para editar o estilo

Brbara Gouveia & Marco Pinto

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Canto I

Estncias 105106

Canto V

Estncias 92100

Canto VI

Estncias 9599

Canto VII

Estncias 7984

5/1/12

Canto I

Os LusadasMas debaixo o veneno vem coberto; Que os pensamentos eram de inimigos, Segundo foi o engano descoberto. Oh! grandes e gravssimos perigos, Oh! caminho de vida nunca certo, Que aonde a gente pe sua esperana,

105 O recado que trazem de amigos,

106

Tenha a vida to pouca segurana!

No mar tanta tormenta, e tanto dano, Tantas vezes a morte apercebida! Na terra tanta guerra, tanto engano, Tanta necessidade avorrecida! 5/1/12 Onde pode acolher-se um fraco humano,

Ideias a reter sobre a anlise das estncias:

Canto I

Os Lusadas

Os primeiros quatro versos da primeira estncia referem que vm os naturais de Mombaa, enviados pelo respetivo rei, que j planeava a perdio dos Portugueses. Deve-se ter em ateno que o rei de Mombaa era aliado do deus Baco, que era contra os Portugueses. As exclamaes presentes nesta estncia tm como finalidade exprimir de forma grandiosa, nesta situao concreta, um princpio existencial de carcter universal, ou seja, a pequenez da vida. Existem dois adjetivos que contribuem para o tom hiperblico destes versos, sendo eles grandes e grandssimos. Existe um paralelismo de construo na estncia 106, nos versos 1 a 6, bem como, uma repetio de vrias palavras (exemplos: No mar, tanta tormenta, e tanto dano,/ 5/1/12 Tantas vezes a morte apercebida./ Na terra tanta guerra,

Canto Os Lusadas I As expresses fraco humano, curta vida e bicho da terra to pequeno, so utilizadas para referirem a frgil condio humana.Existe uma interrogao retrica, que tem como objetivo expressar que os perigos, o caminho da vida incerto, a pouca segurana, os tormentos do mar, as misrias da terra, a justia embora benigna de Deus, tornam o Homem um ser frgil, contingente e essencialmente inseguro. Estas estncias podem ser divididas em trs momentos: Introduo: versos 1 a 4 (estncia 105) o planear da perdio dos Portugueses; Generalizao: versos 5 a 8 (estncia 105) e versos 1 a 4 (estncia 106) generalizao Humanidade, ao Homem; Concluso: versos 5 a 8 (estncia 106) o Homem 5/1/12 frgil, a pequenez da vida.

92Quo doce o louvor e a justa glria 94Trabalha por mostrar Vasco da Gama Dos prprios feitos, quando so Que essas navegaes que o mundo soados! canta Qualquer nobre trabalha que em No merecem tamanha glria e memria fama Vena ou iguale os grandes j Como a sua, que o cu e a terra espanta. passados. Si; mas aquele Heri, que estima e As invejas da ilustre e alheia histria ama 93Fazem mil vezes feitos sublimados. 95Com dons, mercs,. favores e honra tanta Quem valerosas obras exercita, A lira Mantuana, faz que soe Louvor alheio muito o esperta e Eneias, e a Romana glria voe. incita. D a terra lusitana Cipies, Csares, Alexandros, e d Augustos; No tinha em tanto os feitos gloriosos Mas no lhe d contudo aqueles dois De Aquiles, Alexandro na peleja, 5/1/12 Cuja falta os faz duros e robustos. Quanto de quem o canta, os

Canto V

Os Lusadas

96Vai Csar, sojugando toda Frana, E as armas no lhe impedem cincia; Mas , numa mo a pena e noutra lana, Igualava de Ccero a eloquncia. O que de Cipio se sabe e alcana, nas comdias grande experincia. 97 Lia Alexandro a Homero de maneira Que sempre se lhe sabe cabeceira.

Canto V

Os Lusadas98Por isso, e no por falta de natura, No h tambm Virglios nem a Homeros; Nem haver, se este costume dura, a Pios Eneias, nem Aquiles feros. Mas o pior de tudo que a ventura To speros os fez, e to austeros, To rudos, e de engenho to remisso, Que a muitos lhe d pouco, ou nada 99disso.

As Musas agradea o nosso Gama o Muito amor da Ptria, que as obriga Enfim, no houve forte capito, A dar aos seus na lira nome e fama Que no fosse tambm douto e De toda a ilustro e blica fadiga: ciente, Que ele, nem quem na estirpe seu se chama, Da Lcia, Grega, ou Brbara nao, 5/1/12 Calope no tem por to amiga,

Canto V

Os Lusadas

100Porque o amor fraterno e puro gosto De dar a todo o Lusitano feito Seu louvor, pressuposto somente o

Das Tgides gentis, e seu respeito. Porm no deixe enfim de ter disposto Ningum a grandes obras sempre o peito, Que por esta, ou por outra qualquer via, 5/1/12 No perder seu preo, e sua valia.

Ideias a reter sobre a anlise das estncias:

Canto V

Os Lusadas

O Poeta comea por mostrar como o canto, o louvor, incita realizao dos feitos; d exemplos do apreo dos Antigos pelos seus poetas, bem como da importncia dada ao conhecimento e cultura, que levava a que as armas no fossem incompatveis com o saber. No , infelizmente, o que se passa com os Portugueses: no se pode amar o que no se conhece, e a falta de cultura dos heris nacionais responsvel pela indiferena que manifestam pela divulgao dos seus feitos. Apesar disso, o Poeta, movido pelo amor da ptria, reitera o seu propsito de continuar a engrandecer com os seus versos, as grandes obras realizadas. Manifesta, desta forma, a vertente pedaggica da sua epopeia, na defesa da realizao plena do Homem, em todas as suas capacidades.5/1/12

95Por meio destes hrridos perigos,

97Mas com buscar com o seu foroso brao Destes trabalhos graves e temores, As honras, que ele chame prprias Alcanam os que so de fama amigos suas; Vigiando, e vestindo o forjado ao, As honras imortais e graus maiores: Sofrendo tempestades e ondas cruas; No encostados sempre nos antigos Vencendo os torpes frios no regao Troncos nobres de seus antecessores; Do Sul e regies de abrigo nuas; No nos leitos dourados, entre os Engolindo o corrupto mantimento, 96finos 98Temperado com um rduo sofrimento; Animais de Moscvia zebelinos; E com forar o rosto, que se enfia, No com os manjares novos e A parecer seguro, ledo, inteiro, esquisitos, Para o pelouro ardente, que assovia No com os passeios moles e ociosos, E leva a perna ou brao ao companheiro. No com os vrios deleites e infinitos, Destarte, o peito um calo honroso 5/1/12 cria, Que afeminam os peitos generosos,

Canto VI

Os Lusadas

Canto VI

Os Lusadas

99 Destarte se entendimento,

esclarece

o

Que experincias fazem repousado, E fica vendo, corno de alto assento, O baixo trato humano embaraado. Este, onde tiver fora o regimento Direito, e no de afeitos ocupado, Subir (como mando, deve) a ilustre

Contra vontade sua, e no rogando. 5/1/12

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Canto VI

Os Lusadas

O Poeta apresenta-nos o seu conceito de nobreza, recorrendo para isso oposio com o modelo tradicional. Desta forma, o Poeta nega a nobreza como ttulo herdado, manifestada por grandes luxos e ociosidade. Prope ento, como verdadeiro modelo de nobreza, aquele que advm dos prprios feitos, enfrentando dificuldades e ultrapassando-as com sucesso. S assim poder superiorizar-se aos restantes homens e ser dignamente considerado heri. O estatuto ser adquirido ao ver os seus feitos reconhecidos por outros e, mesmo contra a sua vontade, ver-se- distinguido dos restantes.

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79Olhai que cantando

que, E ainda, Ninfas minhas, no bastava 81 Que tamanhas misrias me cercassem, O vosso Tejo e os vossos Lusitanos, Seno que aqueles que eu cantando A Fortuna me traz peregrinando, andava Novos trabalhos vendo e novos Tal prmio de meus versos me tornassem: danos: A troco dos descansos que Agora o mar, agora experimentando esperava, Das capelas de louro que me Os perigos Mavrcios inumanos, 80 82honrassem, Qual Cnace, que morte se Trabalhos nunca usados me condena, inventaram, Na mo sempre a espada e noutra a Com que em to duro estado me deitaram. pena; Vede, Ninfas, que engenhos de senhores O vosso Tejo cria valerosos, Que assi sabem prezar, com tais favores,

Canto VII

Os Lusadash tanto tempo

Agora, com pobreza avorrecida, Por hospcios alheios degradado; 5/1/12 Agora, da esperana j adquirida,

Canto VII

Os Lusadas83 Pois logo, em tantos males, forado Que s vosso favor me no falea, Principalmente aqui, que sou chegado Onde feitos diversos engrandea: Dai-mo vs ss, que eu tenho j jurado Que no no empregue em quem o no merea, Nem por lisonja louve algum subido, 84 Sob pena de no ser agradecido.

Nem creiais, Ninfas, no, que fama desse A quem ao bem comum e do seu Rei Antepuser seu prprio interesse, Imigo da divina e humana Lei. 5/1/12 Nenhum ambicioso que quisesse

Ideias a reter sobre a anlise das estncias:

Canto VII

Os Lusadascritica os opressores e

Nestas estncias, Cames exploradores do povo.

Comea por uma retrospetiva da sua prpria vida, com etapas como a pobreza, a priso, o naufrgio, , fazendo destas um balano negativo. No entanto, para ele a maior desiluso continua a ser o facto de no ver a sua obra devidamente reconhecida. Alerta, portanto, para o facto de os escritores vindouros se poderem tambm sentir desta forma, desencorajando a escrita e a exaltao dos heris. Segue depois para uma crtica mais abrangente, afirmando que no louvar quem se aproxima do Rei tendo como intentos nicos a fama e o proveito prprio. No louvar tambm aqueles que se inserem nos meios reais de forma a conseguirem poder para explorar o povo.

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FIM

Brbara Gouveia & Marco Pinto

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