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Universidade do Estado do Pará Centro de Ciências Sociais e da Educação Curso de Licenciatura em Matemática
EDIR ASSUNÇÃO PACHECO
Reflexões sobre as dificuldades no processo ensino e
aprendizagem de Álgebra: equação do 1º grau
Belém - Pará
2009
EDIR ASSUNÇÃO PACHECO
Reflexões sobre as dificuldades no processo ensino e
aprendizagem de Álgebra: equação do 1º grau
Belém - Pará
2009
Trabalho apresentado à Banca examinadora da
Universidade do Estado do Pará, como exigência
parcial para obtenção de grau de LICENCIADO
PLENO EM MATEMÁTICA, sob orientação da
Professora Msc. Acylena Coelho Costa.
Dados internacionais de publicação na catalogação (CIP)
Reflexões sobre as dificuldades no processo de ensino e aprendizagem de Álgebra. Edir Assunção Pacheco. Orientadora: Profª. Msc. Acylena Coelho Costa.__ 2009. Trabalho de Conclusão de Curso de (Graduação) – Universidade do Estado do Pará, Belém, 2009.
Palavras chave: Álgebra, Equação do 1° grau, Categorias de erros.
______________________________________________________________________
EDIR ASSUNÇÃO PACHECO
Reflexões sobre as dificuldades no processo ensino e
aprendizagem de Álgebra: equação do 1º grau
Data da aprovação:
Banca examinadora
___________________________________ - Orientadora
Professora Acylena Coelho Costa
Msc. em Educação Matemática – PUC-SP
Universidade do Estado do Pará
___________________________________
Prof° (a)
Eliane Alves de Oliveira
Universidade do Estado do Pará
___________________________________
Prof° (a)
José Messildo Viana Nunes
Universidade do Estado do Pará
Trabalho apresentado à Banca examinadora da
Universidade do Estado do Pará, como exigência
parcial para obtenção de grau de LICENCIADO
PLENO EM MATEMÁTICA, sob orientação da
Professora Msc. Acylena Coelho Costa.
AGRADECIMENTOS
A Deus primeiramente por me conceder a capacidade física e mental
para poder realizar este trabalho.
A minha querida orientadora e mentora, professora Msc. Acylena Coelho
Costa, por sua compreensão, dedicação, paciência e interesse.
À minha mãe, Lucinda Assunção Pacheco, por sua dedicação, carinho e
apoio.
À minha irmã, Marcilene Assunção Pacheco, por todo seu apoio, carinho
e, por sempre acreditar em minha capacidade de superação.
Aos meus tios, Ubirajara Melo Castelo Branco e Aurora Melo Castelo
Branco, pela confiança e incentivo ao meu empenho e determinação aos
estudos.
Aos meus amigos, Andreson Costa e Diego Lima, pela ajuda, força e
empenho para a realização deste trabalho.
RESUMO
PACHECO, Edir Assunção. Reflexões sobre as dificuldades no processo
ensino e aprendizagem de Álgebra: equação do 1º grau. 2009. 59f.
Trabalho de Conclusão do Curso (Licenciatura Plena em Matemática) –
Universidade do Estado do Pará, Belém, 2009.
Este trabalho de pesquisa foi elaborado com objetivo de verificar o
desempenho dos alunos da 8ª série do ensino fundamental ao resolverem
equação do 1º grau. O instrumento de coleta de dados foi um questionário, o
qual foi aplicado para 36 alunos da rede pública e particular do município de
Belém. Pela freqüência de erros presentes nos protocolos dos sujeitos
investigados os dados coletados foram organizados em categorias, as quais
foram escolhidas com base no trabalho de Freitas (2002). Os resultados
encontrados revelam que grande parte dos sujeitos investigados apresentou
dificuldades na resolução das equações aplicadas, tais como: realizar
operações algébricas corretamente, efetuar adequadamente as regras de
sinais e ignorar o sinal de igual durante os procedimentos de resolução da
equação.
Palavras Chaves: Álgebra, Equação do 1° grau, Categorias de erros.
ABSTRACT
PACHECO, Edir Assunção. Reflections on the difficulties teaching and
learning process of Algebra . 2009. 59pp. Curse Conclusion Work (Full
Licenciatura in Mathematics) – University of the State of Pará, Belém, 2009.
This research work was elaborated with objective of identifying the students' of
the 8th series main difficulties of the fundamental teaching to the they reveal
equation of the 1st degree. The instrument of collection of data was a
questionary, which was applied for 36 pupils of the public and particular net of
the city of Belém. By the frequency of errors gifts in the protocols of the
investigated citizens the collected data had been organized in categories, which
had been chosen on the basis of the work of Freitas (2002). The joined results
disclose that great part of the investigated citizens presented difficulties in the
resolution of the applied equations, such as: to carry through algebric
operations correctly, to effect the rules of signals adequately and to ignore the
signal of equation during the procedures of resolution of the equation.
Key – words: Algebra, equation of the 1° degree and teaching-learning.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Resposta do sujeito A4 .................................................................... 26
Figura 2: Resposta do sujeito A23 .................................................................. 26
Figura 3: Resposta do sujeito A2 .................................................................... 27
Figura 4: Resposta do sujeito A24 .................................................................. 28
Figura 5: Resposta do sujeito A26 .................................................................. 28
Figura 6: Resposta do sujeito A3 .................................................................... 29
Figura 7: Resposta do sujeito A3 .................................................................... 30
Figura 8: Resposta do sujeito A11 .................................................................. 30
Figura 9: Resposta do sujeito A33 .................................................................. 31
Figura 10: Resposta do sujeito A1 .................................................................. 31
Figura 11: Resposta do sujeito A29 ................................................................ 31
LISTA DE TABELAS
TABELA 01: Faixa etária dos sujeitos investigados.
TABELA 02: Sexo dos sujeitos investigados.
TABELA 03: Tipo de escola em que os sujeitos estudaram.
TABELA 04: Série em que o sujeito estudou pela primeira vez equação do 1°
grau.
TABELA 05: Dificuldades dos sujeitos com o conteúdo envolvendo a equação
do 1° grau.
TABELA 06: Abordagem do professor de Matemática sobre o conteúdo
envolvendo equação do 1° grau.
TABELA 07: Desempenho geral dos alunos ao resolverem questões
envolvendo equação do 1° grau.
TABELA 08: Quantidade de erros por categorias.
TABELA 09: Erros cometidos entre as instituições com base nas categorias.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................... 9
1.1. Estrutura do Trabalho .................................................................... 10
2. TRAJETÓRIA DA PESQUISA ............................................................... 11
2.1. Objetivo da Pesquisa ..................................................................... 11
2.1.1. Objetivo Geral ....................................................................... 11
2.1.2. Objetivo Específico ............................................................... 12
2.1.3. Questão Norteadora ............................................................. 12
3. ÁLGEBRA E SUAS DIFICULDADES NO PROCESSO ENSINO E
APRENDIZAGEM: REFLEXÕES TEÓRICAS ........................................... 13
4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ADOTADOS .......................... 18
4.1. Elaboração do questionário ............................................................ 18
4.2. Aplicação dos questionários ........................................................... 19
4.3. Categorias de erros para análise dos resultados............................ 20
5. ANÁLISE DOS RESULTADOS ENCONTRADOS ................................. 21
5.1. Análise Quantitativa dos Resultados Alcançados ........................... 21
5.2. Análise Qualitativa dos Resultados Alcançados ............................. 25
5.3. Análise dos erros por categoria ...................................................... 25
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................... 34
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 36
APÊNDICES ............................................................................................. i
1. INTRODUÇÃO
As dificuldades apresentadas pelos estudantes no que se refere à
compreensão do conhecimento matemático parece ser um consenso entre os
educadores. Mas, vale destacar que a apresentação dos conteúdos desta
disciplina é feita de forma descontextualizada, sendo, portanto, pouco
significativa para os estudantes, os quais muitas vezes não conseguem fazer a
conexão entre o conhecimento matemático estudado em sala de aula e
algumas de suas ações na vida cotidiana.
Cruz (1998), apud Santos (2001, p.19) aponta que as pesquisas em
Educação Matemática nascem de duas necessidades:
(...) em primeiro lugar, a de melhorar a qualidade de ensino e da aprendizagem da Matemática, tendo assim um sentido pragmático; em segundo lugar, para explicar os fenômenos presentes no ensino e na aprendizagem da Matemática, portanto com características de campo de pesquisa com a tendência de ter um paradigma próprio.
Ao longo dos séculos e superando muitas dificuldades, os matemáticos
foram lentamente aprendendo a substituir as palavras por letras e por
pequenos sinais: =, +, -, :, etc., surgindo assim as noções da Álgebra – as
equações expressas totalmente em símbolos como as conhecemos hoje: a
Álgebra simbólica (TELLES, 2004). Hoje a Álgebra tem muitas aplicações se
mostrando muito útil como estratégia de resolução de problemas, mas assim
como os outros campos da Matemática, a sua aprendizagem apresenta
dificuldades.
Muitas dessas dificuldades giram em torno da maneira com que este
conteúdo é ministrado, na maioria das vezes de forma inadequada
ocasionando uma má assimilação deste conteúdo por parte do alunado. Além
disso, o conteúdo por ser introduzido nas séries iniciais, em que o aluno ainda
está habituado a desenvolver atividades apenas com números, ou seja, a
aritmética em si, não conseguindo lidar talvez com a introdução das letras nas
operações matemáticas. Segundo Usiskin (1995, p.9), “consideramos que os
alunos estão estudando álgebra quando encontram variáveis pela primeira
vez”.
Diante do exposto, decidimos por realizar uma investigação que buscará
diagnosticar por meio de uma pesquisa bibliográfica e de um trabalho de
campo em escolas públicas e particulares, as principais dificuldades no ensino
e aprendizagem da Álgebra. Nosso objetivo fora identificar os erros cometidos
com maior freqüência por alunos da 8ª série do ensino fundamental na
resolução de equações do 1° grau, analisando posteriormente os
procedimentos adotados por estes sujeitos na resolução de tais equações.
1.1. ESTRUTURA DO TRABALHO
O presente trabalho encontra-se estruturado da seguinte maneira:
a) Na seção 1 descrevemos uma breve apresentação sobre nosso
estudo, bem como a estrutura do presente trabalho;
b) Na seção 2 apresentamos a trajetória desenvolvida em nossa
pesquisa, os objetivos estabelecidos e a questão norteadora.
c) Na seção 3 registramos algumas pesquisadas já realizadas no
âmbito da Educação Matemática, sobre o conteúdo de álgebra,
especificamente equação do 1º grau e suas principais dificuldades no
processo ensino e aprendizagem.
d) Na seção 4 destacamos os procedimentos metodológicos adotados
em nossa pesquisa, a saber: elaboração do instrumento de coleta de
dados, aplicação do instrumento investigativo e escolha da categoria
de erros para análise dos resultados encontrados.
e) Na seção 5 realizamos a análise dos resultados obtidos em nossa
pesquisa, a qual foi conduzida por alguns estudiosos, tais como:
FREITAS (2002), RIBEIRO (2002), BOOTH (1995) e KIERAN (2002)
f) Na seção 6 apresentamos as considerações finais acerca deste
trabalho.
2. TRAJETÓRIA DA PESQUISA
Esse estudo foi iniciado por meio de um levantamento bibliográfico
acerca de pesquisas já realizadas, tais como: Booth (1995), Kieran (1995),
Usiskin (1995), Freitas (2002) e Ribeiro (2002).
Após esse levantamento bibliográfico decidimos pela escolha do
instrumento de coleta de dados. Para uma investigação a respeito das
dificuldades encontradas pelos alunos da 8ª série do ensino fundamental, com
relação ao ensino da álgebra; em particular; o conteúdo relacionado às
equações do 1° grau, em seguida foi elaborado e aplicado um questionário
(APÊNDICE I), contendo questões envolvendo equações do 1° grau.
Os questionários Foram aplicados para 36 alunos do ensino
fundamental. Cada questionário continha algumas perguntas destinadas aos
alunos em seu próprio ambiente escolar, como: faixa etária, sexo, abordagem
utilizada pelo professor para ministrar o conteúdo e em qual série eles tiveram
os primeiros contatos com o assunto e o tipo de escola na qual estudam. A
outra parte do questionário continha 5 equações do 1° grau. Estes
questionários foram aplicados em uma escola pública e uma escola particular
do município de Belém. Vale ressaltar a diferença existente no ensino das
escolas investigadas, as condições de trabalho, o desempenho dos alunos e o
empenho dos professores.
2.1. OBJETIVO DA PESQUISA
2.1.1 OBJETIVO GERAL
Esse trabalho de pesquisa visa contribuir com o ensino de equações do
1º grau para tanto nos propusemos a identificar os erros cometidos com maior
freqüência por alunos da 8ª série do ensino fundamental na resolução de
equações do 1° grau, analisando posteriormente os procedimentos adotados
por estes sujeitos na resolução de tais equações.
2.1.2. OBJETIVO ESPECÍFICO
Verificar quais as principais dificuldades dos alunos na resolução de
questões envolvendo o conteúdo de equações do 1º grau.
2.1. QUESTÃO NORTEADORA
O desenvolvimento dessa pesquisa ocorreu mediante o seguinte
questionamento:
Qual o desempenho de alunos da 8ª serie do ensino fundamental em
uma escola pública e um particular do município de Belém ao
resolverem questões que envolvam equação do 1° grau?
Na seção a seguir prosseguiremos relatando acerca de pesquisas
desenvolvidas na área da Educação Matemática que apontam dificuldades no
processo ensino e aprendizagem da Álgebra. Tais pesquisas servirão de
suporte no momento de analisarmos os resultados encontrados em nossa
pesquisa.
3. ÁLGEBRA E SUAS DIFICULDADES NO PROCESSO ENSINO E
APRENDIZAGEM: REFLEXÕES TEÓRICAS
No âmbito educacional brasileiro o modelo de ensino que ainda vigora é
o modelo tradicional de ensino, o qual é apontado por muitos estudiosos como
o grande vilão pela crise no processo ensino e aprendizagem em diversas
etapas da escolaridade.
No entanto, as dificuldades existentes no ensino e aprendizagem não
são conseqüência apenas desse modelo tradicional. Muitos estudiosos
apontam a Matemática como uma das responsáveis por tais dificuldades. “A
crise do ensino da matemática se destaca no fracasso geral da educação (...)”
(IMENES, 1990, p. 21).
A matemática é uma ciência abstrata e de difícil entendimento. Isso se
dá muitas das vezes pela maneira como seus conteúdos são ministrados, ou
seja, a metodologia utilizada pelo professor, que vem tradicionalmente
veiculada na prática pedagógica, nos diferentes níveis de ensino, focalizando
incessantemente a memorização e repetição de fórmulas, como modo único de
aplicação dos conceitos matemáticos.
Esse mesmo cenário ocorre no processo de ensino e aprendizagem dos
conteúdos algébricos. Segundo Mac Lane e Garret Birkhoff (1967), apud
Usiskin (1995):
A álgebra começa como arte de manipular somas, produtos e potências de números. As regras para essas manipulações valem para todos os números, de modo que as manipulações podem ser levadas a efeito com letras que representam números. Revela-se então que as mesmas regras valem para diferentes espécies de números [...] e que as regras inclusive se aplicam as coisas [...] que de maneira nenhuma são números. Um sistema algébrico consiste em um conjunto de elementos de qualquer tipo sobre as quais operam funções como adição e a multiplicação, contanto que essas operações satisfaçam regras básicas. (p.1)
A álgebra muitas vezes é chamada de “aritmética generalizada”. Essa
expressão sugere que as operações aritméticas são generalizações das
expressões envolvendo variáveis. Assim, expressões como x+3 ou 2y+z são
consideradas no mesmo sentido de, por exemplo, 5+3 ou 2 x 7 + 8,uma vez
que x y z representam números (KIERAN,1992).
Na estrutura curricular do Ensino Fundamental, o estudo da Álgebra é
fundamental. É a partir da apropriação dos seus conceitos que podemos fazer
abstrações e generalizações e isso em um grau maior que o realizado no
estudo da Aritmética. É importante a compreensão da linguagem algébrica na
tradução de problemas reais para a linguagem matemática, a fim de resolvê-
los. É interessante lembrar que muito tempo foi necessário para que
chegássemos à álgebra simbólica utilizada atualmente. De acordo com esta
idéia, Schoen (1995) destaca que:
(...) o desenvolvimento histórico do simbolismo algébrico começou com um período de álgebra verbal ou retórica, que durou pelo menos três milênios. Ao período retórico surgiu-se um outro, de mais um milênio, em que o discurso algébrico caminhou gradualmente da fase retórica para a simbólica (p.138).
Então, é necessário que o trabalho de conceitos e procedimentos
algébricos também seja gradual, passando por uma fundamentação verbal, a
fim de que estes sejam apropriados pelo aluno de forma efetiva.
Por sua vez, Lins e Gimenes (1997) afirmam que a Álgebra consiste em
um conjunto de ações para os quais é possível produzir significado em termos
de números e operações. Mas, no entanto percebe-se que o trabalho com o
estudo algébrico não vai muito adiante de manipulações de símbolos que na
maioria das vezes não possuem nenhum significado, sendo o seu estudo
desenvolvido de forma mecânica.
Esta forma de ensino tem sido limitadora, na qual o papel do aluno se
restringe a memorização de regras já que não propicia relação dos
procedimentos algébricos com situações reais. De acordo com os Parâmetros
Curriculares Nacionais - PCN‟s:
(...) para que a aprendizagem possa ser significativa é preciso que os conteúdos sejam analisados e abordados de modo a formarem uma rede de significados. Se a premissa de que compreender é apreender o significado, e de que para apreender o significado de algum objeto ou acontecimento é preciso vê-lo em suas relações com outros objetos ou acontecimentos, é possível dizer a idéia de conhecer assemelha-se a idéia de tecer uma teia. (BRASIL, 1998, p. 75)
Entende-se que o papel do professor é fundamental, pois é dele que
partem as tarefas que propiciam ao aluno estabelecer relações, ou seja,
produzir significado para aquele estudo. É do professor que partem as
intervenções, a fim de explorar situações em sala de aula que podem ser muito
proveitosas para a construção do conhecimento.
Por isso, inúmeras dificuldades apresentadas pelos alunos estão
diretamente relacionadas às abordagens do ensino de álgebra elementar
assumidas e trabalhadas pelos professores de matemática em sala de aula. Ou
seja, as dificuldades dos alunos giram em torno do ensino e da aprendizagem
proposta pela maioria dos professores, que de uma forma manipuladora
consegue mecanizar o estudo da álgebra. De acordo com Oliveira (2002), a
mecanização ocorre pelo fato de que,
quando se deparam com letras não usuais para representar incógnitas, isto lhes causa estranhamento, como se as relações entre as quantidades estivessem comprometidas. Há uma escravização às letras x, y, z como as únicas possíveis de estarem presentes enquanto incógnitas de uma equação (p.36).
Ou seja, os alunos não absorvem ou recebem a informação de que
existem variáveis e incógnitas que podem ser utilizadas para formulação de
qualquer equação, sem alteração do resultado. Caso o professor variasse as
suas aplicações, provavelmente o aluno se tornaria mais flexível e capaz de
resolver toda e qualquer equação que apresente como incógnita, letras
distintas, por exemplo: a, b, n, ...
Percebe-se que o aluno tem uma grande dificuldade em compreender os
procedimentos que fazem parte do estudo algébrico. Existem erros que se
repetem e persistem de um ano para outro. Estes conceitos que envolvem a
Álgebra são enfatizados a partir da 6ª e 7ª série do Ensino Fundamental.
Então, é importante que o aluno consiga apropriar-se deles para que possa
aplicá-los nas mais diversas situações.
Além disso, outro fator influente na apropriação do conceito algébrico
está a sua relação com a aritmética. Para Oliveira (2002), algumas barreiras se
configuram na Álgebra pelo fato do aluno trazer para o contexto algébrico,
dificuldades herdadas do aprendizado no contexto aritmético ou por
estenderem para o estudo algébrico, procedimentos aritméticos que não
procedem.
Uma dificuldade herdada no contexto aritmético, que se estende para o
algébrico é o uso de parênteses, os alunos tendem a pensar que é a seqüência
que determina a ordem que se deve resolver uma expressão. Como exemplo
de procedimento aritmético que não procede no contexto algébrico é a
justaposição que em Álgebra indica uma multiplicação, como mn, estaríamos
indicando a multiplicação de m por n, ou seja m x n. Já esta multiplicação, a
partir da justaposição, não se aplica ao contexto numérico no qual 23 não que
dizer 2 x 3. Grande parte da simbologia utilizada no contexto algébrico, já foi,
anteriormente utilizada no estudo da Aritmética, e em alguns casos, com
significados diferentes. Um erro bastante comum entre os alunos é de
simplificar uma expressão como 2a + 5b para 7ab. Percebe-se que o aluno não
aceita 2a + 5b como resposta válida, existindo a dificuldade em “aceitar a
ausência de fechamento” (COLLINS, 1975 apud BOOTH, 1995, p. 27).
Outra grande diferença entre Álgebra e Aritmética está no uso de letras
para indicar valores. “A letra m, por exemplo, pode-se ser utilizada em
aritmética para representar „metros‟, mas não para representar o número de
metros, como em álgebra.” (BOOTH, 1995, p.30).
Em seu trabalho, Ribeiro (2002) afirma que,
o professor de matemática deverá repensar sua metodologia para ensinar álgebra de modo a garantir que seus alunos saibam
expressar generalizações de relações e as propriedades das operações aritméticas por meio de escritas algébricas (p.26)
Mais um ponto complicador no uso das letras é a sua equivocada
interpretação, muitas vezes referidas como variáveis ou incógnitas, sem
diferenças, o que é incorreto. Para Usiskin (1995), muitas vezes se associa o
estudo de álgebra com o estudo de variáveis, que não está correto já que nem
sempre representações feitas por letras estão associadas à idéia de variação.
Para que a aprendizagem de Álgebra seja efetiva, é vital que o aluno
tenha a compreensão da idéia de variável. Segundo Klüsener (2001, p. 186):
“O uso de variáveis tende a confundir-se com o simples uso das letras x, y, z ...
manipulando-as naturalmente, sem chegar a valorar a sua complexidade, nem
os seus múltiplos significados”. A autora acredita que para que se adquira o
conceito de variável supõe-se a conjunção de dois processos: a generalização
e a simbolização. O primeiro é o que permite a passagem de situações
concretas para algo comum a todas elas, e o segundo é expressar de forma
abreviada essa característica comum em todas as situações.
Sobre o conceito de variável, Freitas (2002) considera que,
Outro aspecto que tem sido ressaltado no ensino da álgebra escolar diz respeito ao conceito de variável. Em particular, no processo de resolução em equações algébricas do tipo ax + b = cx + d, deve-se operar com a variável tanto da esquerda para a direita para a esquerda e nesse caso a igualdade é vista como uma equivalência dos termos e não mais como o prenúncio de um resultado numérico (p.7)
Diante disso, existem inúmeras pesquisas e trabalhos realizados em
Educação Matemática sobre o ensino e aprendizagem da Álgebra e, em sua
grande maioria, esses estudos não apresentam reflexões acerca da dificuldade
em definir a álgebra, mas sim, referências sobre a dificuldade dos alunos na
compreensão desta área da matemática. Muitas vezes ainda, a álgebra é
caracterizada ou considerada, como estudo de manipulações rotinizadas, e tem
contribuído para muitos insucessos, fortalecendo a idéia de que a matemática é
algo abstrato, mecanizado e descontextualizado do mundo fora da escola.
O levantamento bibliográfico aqui realizado foi de grande relevância para
nossa pesquisa, pois o mesmo nos proporcionou subsídios importantes para as
análises dos resultados encontrados. Apresentaremos de forma detalhada na
próxima seção os procedimentos adotados para o desenvolvimento de nosso
trabalho.
4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ADOTADOS
Para realização dessa pesquisa optamos pela abordagem qualitativa,
fazendo uso de alguns procedimentos quantitativos para sistematizar os
resultados encontrados.
4.1. Elaboração do questionário
O instrumento de coleta de dados utilizado nessa pesquisa foi um
questionário (APENDICE I), o qual foi elaborado com base em nossa vivência
em sala de aula e nos trabalhos desenvolvidos por Ribeiro (2002) e Freitas
(2002) objetivando diagnosticar os principais erros dos sujeitos investigados,
bem como os procedimentos adotados pelos mesmos na resolução de
equações do 1° grau.
As equações do 1° grau elaboradas para a realização dessa
investigação foram:
a) – 5x = 10
b) 1= 3x + 2x
c) 6x + 2x= -9
d) -7x – 4 = x
e) 8 – 4x = -3x
Nota-se que por se tratar de equações do 1° grau, elas mantém as
mesmas estruturas, no entanto, as incógnitas estão dispostas de maneira
diferente. Isso foi feito, com propósito de garantir a discussão no que se refere
aos procedimentos de resolução dos sujeitos investigados.
Destacaremos a seguir os objetivos estabelecidos no momento da
elaboração de cada equação presentes no questionário aplicado:
a) – 5x = 10
Objetivo: O intuito de utilizarmos esse tipo de equação foi verificar se os
alunos investigados iriam proceder com a troca de sinal do coeficiente de x ao
utilizarem o método da transposição de termos.
b) 1= 3x + 2x
Objetivo: Com essa equação pretendíamos analisar como os alunos operam
com o coeficiente no 2° membro.
c) 6x + 2x= -9
Objetivo: Ao elaborarmos essa equação foi nossa intenção analisar como os
alunos operam com os termos em x.
d) -7x – 4 = x
e) 8 – 4x = -3x
Objetivo: O objetivo de elaborarmos essas duas equações foi verificar como os
alunos procedem para isolar a incógnita x. Pretendíamos ainda, observar se
esses sujeitos realizam cálculos mentais para os valores dos termos em x ou
se utilizam a transposição de termos.
4.2. Aplicação dos questionários:
O instrumento de coleta de dados foi aplicado para turmas da manhã
das 8ª séries do ensino fundamental de duas escolas, uma pública e uma
particular, localizadas no município de Belém, no período de 17/11 a 21/11 de
2008.
O contato com os alunos ocorreu em sala de aula, na presença do
professor das turmas investigadas. Os alunos responderam ao questionário de
forma voluntária, num tempo de 30 minutos. Orientamos aos sujeitos a
responder o questionário de forma individual, solicitando aos mesmos que se
por acaso não resolvessem as questões, que pelo menos escrevessem as
dificuldades encontradas ao tentar resolvê-las.
Acreditamos que a metodologia utilizada para o desenvolvimento dessa
pesquisa foi de grande relevância para o tratamento dos resultados
encontrados, auxiliando-nos a compreender de certa forma como o ensino da
Álgebra, em particular a equação do 1° grau, acontece nas escolas públicas e
particulares do município de Belém.
4.3 Categorias de erros para análise dos resultados:
Após corrigirmos os questionários aplicados consideramos em nossa
pesquisa 5 categorias de erros, pelo fato desses erros surgirem com freqüência
nas anotações feitas pelos sujeitos investigados. Tais categorias tiveram como
base o trabalho de Freitas (2002) que analisou os tipos de erros cometidos por
alunos ao resolverem equações aritméticas (a.x = b) e algébricas (a.x + b = c.x
+ d).
Descreveremos a seguir as categorias de erros utilizadas para análise
nessa pesquisa em relação aos procedimentos utilizados pelos alunos ao
resolverem as equações do 1° grau aplicadas.
CATEGORIA 1: Alteração do sinal do termo independente:
ax = - b x = _b_ a
CATEGORIA 2: Transformação de ax = b em x = b - a
CATEGORIA 3: Trocar a posição do coeficiente de x pela do termo
independente na divisão:
ax = b x = _a_ b CATEGORIA 4: Efetuar a transposição de termos independentes sem alterar o
sinal:
ax + b = c ax = b + c
CATEGORIA 5: Efetuar a soma entre o coeficiente de x e o termo
independente: ax + b = cx em (a + b)x = c.x
CATEGORIA 6: outros tipos de erros.
5. ANÁLISE DOS RESULTADOS ENCONTRADOS.
Os resultados apurados a partir da aplicação do instrumento de coleta
de dados serão apresentados a seguir por meio de uma análise quantitativa
dos resultados obtidos nos protocolos dos sujeitos investigados em seguida
será feita uma análise qualitativa levando em consideração os tipos de erros,
com as categorias identificadas por erros cometidos por tais sujeitos ao
resolverem as equações do 1° grau.
5.1. Análise Quantitativa dos Resultados Alcançados
Ao corrigir os protocolos dos alunos investigados os resultados
encontrados foram analisados de forma quantitativa no que se refere ao
sucesso e fracasso dos sujeitos na resolução das questões, sendo os mesmos
organizados em tabelas.
Tabela – 01: Faixa etária dos sujeitos investigados
Anos Porcentagem ( % )
12 – 14 58,8
15 – 17 41,2
18 – 20 Nenhum
Mais de 20 Nenhum
Fonte: Pesquisa de Campo
Podemos notar que entre os alunos entrevistados, a maioria 58,8%,
possui faixa etária entre 12 a 14 anos, 41,2% possuem idade entre 15 a 17
anos.
Tabela – 02: Sexo dos sujeitos investigados
Sexo Porcentagem ( % )
Feminino 56
Masculino 44
Fonte: Pesquisa de Campo
Percebemos entre os alunos entrevistados que a maior parte, ou seja,
56% são do sexo feminino enquanto que 44% são do sexo masculino.
Tabela – 03: Tipo de escola em que os sujeitos estudam
Escola Percentagem (%)
Privada 49,6
Outras 0
Municipal 0
Federal 0
Estadual 50,4
Cooperativa 0
Conveniada 0
Fonte: Pesquisa de Campo
Foi observado que, 49,6% dos entrevistados são oriundos de instituições
privadas, 50,4% são de instituições estaduais de ensino, e nenhum outro aluno
freqüenta outro tipo de instituição.
Tabela – 04: Série em que o sujeito estudou pela primeira vez equação do 1°
grau.
Série ou Ano Percentagem (%)
6ª Série 44,8
7ªSérie 47,6
8ªsérie 7,6
Fonte: Pesquisa de Campo
Com relação em que série o aluno estudou o assunto envolvendo o
conteúdo equação do 1° grau, dentre os alunos entrevistados foi possível
identificarmos que, 44,8% viram o assunto na 6ª série do ensino fundamental,
47,6% viram o assunto na 7ª série do ensino fundamental e 7,6% viram o
assunto equação do 1° grau na 8ª série do ensino fundamental.
Tabela – 05: Dificuldades dos sujeitos com o conteúdo envolvendo a equação
do 1° grau.
Percentagem (%)
Sim 84
Não 16
Fonte: Pesquisa de Campo
Verificamos que, a maioria dos alunos entrevistados 84%, responderam
que sim, que tiveram dificuldades nos conteúdos envolvendo equação do 1°
grau e 16%, responderam que não tiveram dificuldades no que diz respeito a
este assunto.
Tabela – 06: Abordagem do professor de Matemática sobre o conteúdo
envolvendo equação do 1° grau.
Abordagem Percentagem (%)
Partindo de definições, exemplos e exercícios. 95,2
Partindo de situações – problemas. 4,8
Modelando situações concretas. 0
Partindo de uma abordagem histórica. 0
Fonte: Pesquisa de Campo
Notamos que, grande parte dos alunos investigados, ou seja, 95,2%,
apontam que seus professores iniciam o assunto sobre equações do 1° grau
partindo da definição, com exemplos e posteriormente exercícios, 4,8%
notaram que seus professores iniciam o conteúdo partindo de situações –
problemas, e nenhum professor ministram sua aula modelando situações
concretas ou partindo de uma abordagem histórica.
Tabela – 07: Desempenho geral dos alunos ao resolverem questões
envolvendo equação do 1° grau.
ITENS ACERTOS (%) ERROS (%) EM BRANCO (%)
A 28 66,4 5,6
B 44.8 52,4 2,8
C 50,4 46,8 2,8
D 22,4 74,8 2,8
E 47,6 49,6 2,8
Fonte: Pesquisa de campo
Foi verificado que grande parte dos alunos investigados apresentou
dificuldades na resolução das questões. Isto pode ter ocorrido pelo fato do
aluno não ter lembrado o assunto ou ter tido dificuldade no aprendizado do
mesmo, como mostra a maioria dos protocolos que foram analisados. Também
é possível inferir que dos 5 itens os itens A e D , foram os que apresentaram
um resultado ainda mais insatisfatório, havendo um alto índice de erros nas
suas resoluções.
5.2. Análise Qualitativa dos Resultados Alcançados
Para uma análise qualitativa dos dados obtidos, adotamos como
referência as categorias de erros usadas no trabalho de Freitas (2002) que
ressaltam os erros mais freqüentes cometidos pelos alunos, e que podem ser
justificados. Destacamos algumas questões resolvidas pelos alunos nos
protocolos de pesquisa (ver APÊNDICE II) que exemplificarão tais erros.
TABELA -08: Quantidade de erros por categorias
CATEGORIAS DE ERROS REALCIONADAS A
RESOLUÇÕES DE EQUAÇÕES DO 1º GRAU
TOTAL DE ITENS PERCENTUAL
1. Alteração do sinal do termo independente:
ax = - b x = a/ b
11 15%
2. Transformação de ax = b em x = b – a 9 12%
3. Trocar a posição do coeficiente de x pela do
termo independente na divisão:
ax = b x = b / a
8 11%
4. Efetuar a transposição de termos
independentes sem alterar o sinal: ax + b = c
ax = b + c
2 3%
5. Efetuar a soma entre o coeficiente de x e o
termo independente: ax + b = cx em (a + b)x = c.x
6 8%
6. Outros tipos de erros 38 51%
TOTAL 74 100%
Fonte: Pesquisa de campo
5.3. Análise dos erros por categoria:
CATEGORIA 1: Alteração do sinal do termo independente: ax = - b x = _b_
a
Ao analisarmos os protocolos de pesquisa, verificamos em 11 questões
(TABELA 8) este tipo de erro, pois, o mesmo está relacionado com a má
interpretação das equações e de seus elementos. Ou seja, procuramos
analisar nesta categoria por que o aluno altera o sinal tanto do termo
independente, como o do coeficiente de x. Este erro pode ser percebido na
resolução de alguns sujeitos investigados, como por exemplo, os sujeitos A4
(apêndice II), e A23 (apêndice II):
Fonte: Pesquisa de campo
Figura 1: Resposta do aluno A4
Fonte: Pesquisa de campo
Figura 2: Resposta do sujeito A23
Como podemos constatar nos exemplos das resoluções das equações
mencionadas acima, os erros cometidos pelos alunos se configuram na medida
em que os mesmos transpõem o coeficiente de x para o segundo membro,
nesse momento o estudante altera o sinal do coeficiente de x ou do termo
independente.
Isso ocorre pelo fato dos alunos não compreenderem o “jogo de sinais”,
e também por interpretações errôneas na passagem de um membro para o
outro, por exemplo, achar que na divisão e multiplicação os sinais também
devem sofrer alteração, assim constatando a mecanização do processo de
ensino e aprendizagem.
CATEGORIA 2: Transformação de ax = b em x = b – a
Nota-se através dos resultados alcançados, que 9 questões (TABELA 8)
apresentaram o erro relacionado a esta categoria, ou seja, os alunos não
possuem a capacidade de fazer a distinção entre as operações, em vez de
passar dividindo, muitos passam somando ou subtraindo para o outro lado da
igualdade. Esta dificuldade foi também percebida por Kieran (1995, p.107) ao
evidenciar que “um erro cometido por alguns alunos do grupo da Álgebra foi a
supergeneralização do procedimento de transposição do segundo para o
primeiro membro ao lidarem com equações com duas incógnitas no primeiro
membro. Eles começavam com o termo do segundo membro e transpunham
do segundo para o primeiro membro.” Destacamos uma resolução que
caracteriza esta categoria, o caso do sujeito A2 (apêndice II):
Fonte: Pesquisa de campo
Figura 3: Resposta do sujeito A2
No exemplo acima percebemos que o erro cometido pelo sujeito A2,
mostra que ele não interpretou o número 8 como multiplicador da variável x,
dessa forma transpondo os mesmos para o segundo membro realizando a
alteração do sinal.
CATEGORIA 3: Trocar a posição do coeficiente de x pela do termo
independente na divisão:
ax = b x = _a_
b
Diante da análise dos protocolos investigados percebemos que este erro
foi comum em 8 questões (TABELA 8) resolvidas pelos sujeitos investigados.
Isso se deve talvez pelo fato do aluno não ter absorvido o conteúdo ministrado
pelo professor, ou por apresentar dificuldades em compreender o estudo dos
conjuntos numéricos e a dificuldade na resolução de operações com frações.
Segundo Booth (1995),
alguns alunos acham que a divisão, como a adição, é comutativa. Outros
não vêem necessidade de distinguir as duas formas, acreditando que o
maior número sempre deverá ser dividido pelo menor. Isso parece decorrer
da recomendação bem-intencionada feita pelo professor de matemática,
no início do aprendizado da divisão, e da própria experiência dos alunos,
pois, todos os problemas de divisão encontrados em aritmética elementar,
de fato, exigem que o número maior seja dividido pelo menor. (p.29-30)
Compartilhando das idéias de Booth (1995), foi possível verificar as
dificuldades que os estudantes encontraram nesta categoria, como por
exemplo, os sujeitos A24 (apêndice II) e A26 (apêndice II):
Fonte: Pesquisa de campo
Figura 4: Resposta do sujeito A24
Fonte: Pesquisa de campo
Figura 5: Resposta do sujeito A26
Nesses exemplos, ficam evidentes que esses alunos entendem o
método de resolução de uma equação do 1º grau do tipo, muda de lado, muda
a operação, no entanto, parece que não entendem a posição dos valores.
CATEGORIA 4: Efetuar a transposição de termos independentes sem alterar o
sinal: ax + b = c ax = b + c
De posse dos protocolos de pesquisa, podemos observar que poucos
sujeitos cometeram este tipo de erro, apenas 2 questões (TABELA 8) foram
encontradas. Nesta categoria de erro o aluno ao fazer a transposição do termo
independente de um membro da igualdade para o outro, ele não muda o sinal
do termo, abandonando a idéia comumente utilizada por ele, a de que “quando
passa para o outro membro passa com o sinal trocado”, e que é sempre
aplicada em situações adversas. Este erro pode-se constatar na resposta do
sujeito A3 (apêndice II):
Fonte: Pesquisa de campo
Figura 6: Resposta do sujeito A3
Neste exemplo fica claro que o aluno A3 ao fazer a transposição do
termo independente do primeiro membro para o segundo, ele não mudou o
sinal deste termo.
CATEGORIA 5: Efetuar a soma entre o coeficiente de x e o termo
independente: ax + b = cx em (a + b)x = c.x
Conforme os resultados obtidos, verificamos que 6 itens (TABELA 8)
apresentaram esta dificuldade. Isso se deve talvez pelo fato de que alguns
alunos possuem a idéia de que a letra tem sempre que ficar no primeiro
membro e ser positiva, porque muitos professores manipulam o aluno com
essa informação. Outro problema é operacionar letras com números, já que
eles não sabem identificar a diferença. Ao constatarmos tal erro, identificamos
nas idéias de Booth (1995) que,
uma das diferenças mais flagrantes entre a aritmética e a álgebra é, obviamente, a utilização, nesta última, de letras para indicar valores. As letras também aparecem em aritmética, mas de maneira bastante diferente (...). Nesse caso, as dificuldades que o aluno tem em álgebra não são tanto de álgebra propriamente dita mas de problemas em aritmética que não foram corrigidos (p.33)
Esta dificuldade foi encontrada nos protocolos de pesquisa dos sujeitos
A3 (apêndice II) e A11 (apêndice II) que foram destacados:
Fonte: Pesquisa de campo
Figura 7: Resposta do sujeito A3
Fonte: Pesquisa de campo
Figura 8: Resposta do sujeito A11
Pelas respostas apresentadas podemos observar que os alunos A3
(apêndice II) e A11 (apêndice II), efetuaram a operação entre os termos
semelhantes corretamente, porém, cometeram equívocos em relação ao sinal
na transposição do termo independente do segundo para o primeiro membro e
principalmente ao somar o termo independente com o coeficiente de x, neste
caso podemos dizer que o aluno não diferencia os termos algébricos.
CATEGORIA 6: Outros tipos de erros.
Identificamos como outros tipos de erros, 38 itens (TABELA 8) de
situações em que o aluno não conseguiu encontrar a solução, cometendo
alguns erros que não se enquadram em nossa classificação das categorias
anteriores, por exemplo a resolução do sujeito A33 (apêndice II) que utilizou-se
da fórmula de Bháskara para encontrar a solução e os sujeitos A1 (apêndice II)
e A29 (apêndice II) que não conseguiram também encontrar uma solução,
como apresentado a seguir.
Fonte: Pesquisa de campo
Figura 9: Resposta do sujeito A33
Fonte: Pesquisa de campo
Figura 10: Resposta do sujeito A1
Fonte: Pesquisa de campo
Figura 11: Resposta do sujeito A29
Como podemos observar nas figuras dos sujeitos A33 (apêndice II), A1
(apêndice II) e A29 (apêndice II) que as resoluções apresentadas pelos
mesmos, são totalmentes inadequadas para se resolver uma equação do 1º
grau. O sujeito A33 (apêndice II) utilizou uma ferramenta que serve apenas
para resolver uma equação do 2º grau que é a fórmula de Bhaskára, talvez
este erro tenho ocorrido pelo fato do não saber diferenciar os conteúdos, já o
sujeito A1 (apêndice II) simplesmente não tentou resolver a equação,
colocando dois valores numéricos aleatórios, isso ocorreu devido à falta de
conhecimento de conteúdo por parte do aluno e o por último o sujeito A29
(apêndice II) além de ter feito a operação errada, multiplicou em vez subtrair
as partes literais da equação e também eliminou a igualdade da mesma. Esta
dificuldade pode ter sido ocasionada também pela ausência de conhecimento
do conteúdo.
Para finalizarmos nossa análise faremos um breve comparativo
quantitativo e qualitativo dos resultados encontrados nos protocolos de
pesquisa, entre as instituições pública e particular.
TABELA -09: Erros cometidos entre as instituições com base nas categorias.
Escolas particulares Escolas públicas
CATEGORIAS Total CATEGORIAS Total
1. Alteração do sinal do termo
independente: ax = - b x = a/
b
6 1. Alteração do sinal do termo
independente: ax = - b x = a/
b
5
2. Transformação de ax = b em
x = b – a
3 Transformação de ax = b em x
= b – a
6
3. Trocar a posição do
coeficiente de x pela do termo
independente na divisão:
ax = b x = b / a
3 3. Trocar a posição do
coeficiente de x pela do termo
independente na divisão:
ax = b x = b / a
6
4. Efetuar a transposição de
termos independentes sem
alterar o sinal: ax + b = c ax
= b + c
1 4. Efetuar a transposição de
termos independentes sem
alterar o sinal: ax + b = c ax
= b + c
1
5. Efetuar a soma entre o
coeficiente de x e o termo
independente: ax + b = cx em (a
+ b)x = c.x
2 5. Efetuar a soma entre o
coeficiente de x e o termo
independente: ax + b = cx em (a
+ b)x = c.x
4
6. Outros tipos de erros 7 6. Outros tipos de erros 31
Fonte: Pesquisa de campo
Como se pôde verificar na tabela (2) os erros cometidos pelos alunos de
escolas públicas são mais presentes comparados com os erros cometidos
pelos alunos das escolas particulares, sendo 53 itens classificados nestas
categorias de erros cometidos pelos alunos da instituição pública e menos da
metade, ou seja, 22 itens considerados com erros cometidos pelos alunos da
instituição particular. Esta disparidade pode ter ocorrido, além das justificativas
apresentadas anteriormente, talvez pela falta de estrutura das escolas
públicas, falta de incentivo aos alunos, falta de preparo e motivação de alguns
professores, entre outros.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Buscamos por meio das análises das amostras dos questionários,
aplicados aos alunos da 8ª série do ensino fundamental, explicitar as principais
dificuldades encontradas pelos mesmos no que diz respeito ao ensino-
aprendizagem de álgebra em particular equação do 1º grau.
Com relação aos resultados gerais da pesquisa que correspondem às
resoluções das cinco equações do 1º grau, podemos concluir que tivemos
entre acertos, erros e em branco, um pequeno número de questões em branco
e a grande maioria das resoluções das equações, foi resolvida de maneira
inadequada, ocasionando assim grandes quantidades de erros por parte dos
sujeitos investigados.
Diante disso, podemos fazer algumas indicações pedagógicas para um
trabalho que venha a superar as dificuldades e suas origens, pressupõe em
nosso entendimento, o desenvolvimento de atividades de ensino na tripla
dimensão: indivíduo, pequenos grupos e grupo-classe. Naquelas trabalhar-se-
iam: 1) o conceito de correspondência que na visão de Graça (1997), é o
germe do pensamento da equivalência e não está imediatamente no número;
2) os termos envolvidos nas operações de adição, subtração, multiplicação e
divisão, tanto na aritmética como na álgebra, bem como seus significados; 3) o
conceito de unidade como um número; 4) o pensamento de variação e de uma
representação matemática relativizando a um campo de variação 5) as
regularidades e generalizações como possibilitadoras do pensamento
algébrico.
A visão estática de número; a aritmética centrada quase que
exclusivamente em exercícios e exemplos com número físico, sem que exista
um trabalho com expressões que indicam variação quantitativa; expressões
abertas que não são definidas por uma igualdade entre números tornam
inacessível à compreensão do aluno a natureza da variável. Atividades que
solicitam a análise de variações e sua representação em linguagens
elaboradas pelo aluno podem contribuir para a diminuição das dificuldades e
para o entendimento de variável e respectiva representação algébrica.
Desse modo, procuramos contribuir para uma perspectiva de mudança
no atual modelo de ensino, fazendo esta relação entre a prática pedagógica e
as dificuldades em álgebra de modo a ampliar nossa contribuição para o ensino
da álgebra elementar. Consideramos também que o desenvolvimento deste
trabalho colaborou sensivelmente para nosso crescimento pessoal, profissional
e acadêmico.
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